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Solicite nosso catálogo completo, com mais de 300 títulos, onde você encontra as melhores opções do bom livro espírita: literatura infantojuvenil, contos, obras biográficas e de autoajuda, mensagens espirituais, romances palpitantes, estudos doutrinários, obras básicas de Allan Kardec, e mais os esclarecedores cursos e estudos para aplicação no centro espírita – iniciação, mediunidade, reuniões mediúnicas, oratória, desobsessão, fluidos e passes.

E caso não encontre os nossos livros na livraria de sua preferência, solicite o endereço de nosso distribuidor mais próximo de você.

Edição e distribuição

Editora EMECaixa Postal 1820 – CEP 13360 ‑000 – Capivari – SP

Telefones: (19) 3491 ‑7000/3491 ‑[email protected] – www.editoraeme.com.br

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Capivari-SP— 2012 —

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Ficha catalográfica elaborada na editora

Pinheiro, Luiz Gonzaga, 1948- A pequena flor do campo / Luiz Gonzaga Pinheiro. – 1ª ed. abr. 2012 – Capivari, SP : Editora EME. 216 p.

ISBN 978-85-7353-483-2

1. Espiritismo. 2. Desobsessão. 3. Obsessão infantil.4. Reencarnação. I. Título

CDD 133.9

© 2012 Luiz Gonzaga Pinheiro

Os direitos autorais desta obra são de exclusividade do autor.

A Editora EME mantém o Centro Espírita “Mensagem de Esperança”, colabora na manutenção da Comunidade Psicossomática Nova Consciência (clínica masculina para tratamento da dependência química), e patrocina, junto com outras empresas, a Central de Educação e Atendimento da Criança (Casa da Criança), em Capivari-SP.

CAPA | André StenicoDIAGRAMAÇÃO | João Ricardo Cefali AlmeidaREvISÃO | Editora EME

1ª edição – abril/2012 – 6.000 exemplares

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SUMÁRIO

Introdução ................................................................................ 9A obsessão em crianças ........................................................ 13O passado recente de Hortência ......................................... 17A lança do centro espírita .................................................... 23Substituindo velhas frases ................................................... 27A falange dos espedaçados .................................................. 31As avós quimbandeiras ........................................................ 47O guerreiro da lua ................................................................. 61O estranho e compreensível sentimento materno ............ 71Ogum – a força avassaladora da lei .................................... 85A batalha dos polvos voadores ........................................... 97Conversa entre guerreiros ................................................. 109Mulheres atormentadas ..................................................... 115Homens de luz ..................................................................... 127

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Tecnologia de ponta ............................................................ 149Visita ao cemitério ............................................................... 161Devolvendo o coração ........................................................ 167Evitando choques futuros .................................................. 179Guerreiros não atacam mulheres ...................................... 189Recanto de paz ..................................................................... 203Conclusão ............................................................................. 209Fragmento de biografia ...................................................... 213Coleção “Túnel de Luz” ..................................................... 215

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DEDICATÓRIA

Para meu neto Luan.Que seja tão forte e sábio

Quanto o guerreiro da lua.

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INTRODUÇÃO

Não há quem não se enterneça diante de uma flor solitá‑ria no campo, principalmente quando ameaçada por ervas que a sufocam. A tendência natural de qualquer caminhan‑te é protegê‑la, chegando mesmo a limpar o terreno ao seu redor, a fim de que este divino espetáculo da natureza se prolongue por mais tempo.

Assim também nos sentimos diante de Hortência, um lindo bebê, quando sua mãe, Margarida, a trouxe ao Cen‑tro Espírita Grão de Mostarda para que lhe ministrássemos um passe.

Serena, Margarida sentou‑se à nossa frente e passou a contar sua estranha história. Seu sofrimento fora anuncia‑do há alguns anos. Sua mãe, frequentadora e trabalhadora de um Centro Espírita em Fortaleza, havia sido informada

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de que seu pai, já desencarnado, voltaria à carne na condi‑ção de filha de sua filha, ou seja, a neta receberia o avô para dar‑lhe a devida educação, cuja falta o tornara um déspota familiar.

Além de tirano dentro de casa, revelou Margarida, seu avô considerava toda mulher uma vagabunda e todo ne‑gro um marginal. Contudo, forçou mulheres a fazer sexo com ele e depois as desprezou. Sua opinião era de que mu‑lher só servia para esta finalidade.

“Seu Flores”, como era conhecido, pois seu nome era Armando Flores, fez inimigos mesmo entre os familiares. Segundo Margarida, ele só tinha, dentre os de sua parente‑la, uma réstia de afinidade com ela, sendo os demais fami‑liares, afastados através da costumeira intolerância.

O fato é que quando a pequena Hortência nasceu, a vida de todos na família sofreu profunda alteração. Bri‑gas e inimizades se instalaram no lar; espíritas e católi‑cos, pois a família tinha preferências díspares no terre‑no religioso, partiram para hostilidades; figuras sinistras oriundas do mundo invisível passaram a ser vistas pelos cômodos e a criança sentia dificuldade para adormecer e se alimentar.

A gravidez fora dificultosa e o pós-parto doloroso. Margarida passou a ter pesadelos. Em um deles, uma

figura aterradora lhe cortou os seios. O trauma foi tão mar‑cante que seus seios, antes generosos na alimentação da pequena, secaram por completo.

Do diálogo que mantive com ela guardei uma frase que bem demonstra sua fibra de mãe dedicada: Sei que meu avô tem muitos inimigos. Mas quero educá-lo para que respeite a to-dos, principalmente a Deus.

Margarida sabia que um Espírito em débito com a Lei

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poderia optar por um pagamento embasado no trabalho ho‑nesto e no amor aos mais sofridos. Este era o seu plano para a pequena Hortência. Educá-la, sobretudo, moralmente, para que ela suportasse os golpes dos inimigos, conquistando‑os pelo exemplo de fé e de amor aos sofredores.

Um belo plano como este certamente terá apoio inte‑gral da parte dos bons Espíritos. Foi o que lhe disse no final de nossa conversa. Naquela noite a reunião de deso‑bsessão, emergencialmente, foi toda dedicada à pequena Hortência.

Este livro narra o processo de desobsessão de uma ga‑rotinha com apenas 45 dias de nascimento, acossada por cruéis inimigos que, a todo custo, pretendiam levá‑la à de‑sencarnação.

Seus agressores, escravos bantos, sempre se referiam a ela como “o assassino”, ignorando totalmente a condi‑ção atual que a fragilizava. Vendo-o apenas como o antigo algoz que ceifara seus filhos, mães e pais transformados em insistentes verdugos a agrediam a chicotadas, transfor‑mando o pequeno apartamento em verdadeiro espetáculo de magia negra.

A linguagem, que neste caso poderia ser chula e bas‑tante agressiva, foi adaptada pelos médiuns, que tolhiam a agressividade e repassavam o pensamento, vestindo‑o com suas próprias palavras, sem, contudo, alterar a essên‑cia da comunicação. O chefe banto agora seria escravo, di‑ziam seus antigos e atuais perseguidores.

Mas Deus é pai de infinita misericórdia. Vejamos como Ele, através do amor extremado dos bons Espíri‑tos, atendeu a todos, propiciando‑lhes oportunidades de esclarecimento e de recomeço nas abençoadas sendas do progresso.

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OBSESSÃO EM CRIANÇAS

Muitas pessoas se admiram diante do sofrimento das crian‑ças. Perguntam-se entre dúvidas e lamentos por que Deus não espera que elas cresçam para então permitir que a Lei faça suas cobranças. Deus é misericórdia, mas é também justiça. É Pai do agressor e do agredido. Em meio às tem‑pestades coloca sempre abrigos de salvação. Encarnada ou desencarnada, uma criança é um Espírito velho, e quando não tem méritos, foi esta a conclusão a que cheguei através de muitas reuniões de desobsessão, podem ser apanhadas por cruéis obsessores.

O que sentimos, espíritas ou não, quando uma criança, cheirando cola, vem em nossa direção? Fugimos dela, mes‑mo que tenha apenas cinco anos de idade. Quantas crian‑ças, sem nenhuma chance de defesa são assassinadas por

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abortos no Brasil? Quantas morrem de fome neste vasto mundo? Quantas são mutiladas e mortas em guerras en‑gendradas por adultos? O que fazem com elas os pedófi‑los? De onde parte a maioria das agressões a elas senão da própria família que a abriga sob seu teto?

Recentemente li um relatório da Confederação Inter‑nacional de Crédito Agrícola, dando conta de que se che‑ga a gastar oitocentos bilhões de dólares em armamen‑tos por ano, em período de paz, enquanto trinta crianças morrem de fome, em apenas um minuto, no mundo. Que milionários gastam milhões de dólares em tacos para jogar golfe enquanto a morte cava covas cada vez mais profundas.

O mundo material gasta boa parte da sua violência em atormentar crianças. O mundo espiritual inferior, do qual a Terra é cópia grosseira deveria ser diferente? Claro que há casos e casos, e que em todos eles devemos observar atenuantes e agravantes, mas negar que crianças passam por obsessões, não há como. Mesmo os apóstolos, não foram carinhosos, afastando‑as de Jesus, que interferiu a favor delas (Então lhe apresentaram uns meninos para que os tocasse; mas os discípulos ameaçavam os que lho apresenta-vam... Marcos, 10: 13-16).

Não mandou Herodes, segundo consta relato bíblico, matar todas as crianças inferiores a dois anos de idade? O mesmo não faziam os egípcios periodicamente, para que a população de escravos não se tornasse dispendiosa? Por‑tanto, a agressão vem de longe e em todas elas há de se analisar imparcialmente o histórico, sobretudo, moral do espírito agredido.

Todavia, por conta de ser um espírito velho e compro‑metido com a lei, jamais se deve ficar impassível diante do

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sofrimento de quem quer que seja, principalmente, de uma criança. Jesus tinha especial carinho por elas (... E abraçan-do-os e pondo as mãos sobre elas, as abençoava).

Mas voltemos às obsessões. Vejamos o comentário de Kardec em complemento à resposta 199 a de O Livro dos Espíritos relacionada ao destino das crianças depois da morte: Não é racional, aliás, considerar a infância como um es-tado normal de inocência. Não se vê crianças dotadas dos piores instintos em idade na qual a educação não pôde, ainda, exercer sua influência? Algumas não há que parecem trazer do berço a astúcia, a felonia, a perfídia, o instinto mesmo para o roubo e o homicídio, não obstante os bons exemplos dados pelos que com ela convivem?

Fui tocado por imensa emoção enquanto conversava com a mãe da garota, ao me lembrar daquele pai abraçado ao filho, ajoelhado diante de Jesus (sempre me enterneço com ele) rogando: Senhor! Tem compaixão do meu filho, que é lunático e padece muito; porque muitas vezes cai no fogo, e mui-tas na água. E tendo-o apresentado aos teus discípulos, eles não o puderam curar. O mínimo que posso fazer por Hortência é dar o máximo de mim na resolução desse drama. Foi o que prometi ao meu coração.

Conversei demoradamente com Margarida, sua mãe. Pessoa lúcida, espírita consciente. Enquanto conversava, a imagem de Maria, e a dor imensa que sofreu ao ver seu filho, Jesus, torturado, ensanguentado, olhos semimortos, mas cheios de esperança, não me saía da cabeça. Estaria aquela mãe, sentada a minha frente, preparada para en‑frentar inimigos do passado com as armas da fé e da ora‑ção? Adiantando‑se ao meu pensamento ela própria se propôs fazer o Evangelho no lar, trazer Hortência para to‑mar passes, fluidificar a água através de orações e trazer

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para a evangelização infantil, sua filha, logo que esta reco‑nhecesse as primeiras letras.

Ainda por muito tempo as crianças terrenas terão fan‑tasmas a enfrentar. Em um planeta cuja maioria da popu‑lação não tem respeito pelos passarinhos, regatos e flores, dificilmente a criança é amada como merece.

Todavia, casos envolvendo criança são alvos de intenso cuidado por parte de nossos instrutores. Tibiriçá se empe‑nharia ao máximo, já que não tolera qualquer desagrado feito às crianças. Tapuinha1, a nossa médica‑guerreira, muito menos. Certamente meus amigos índios não pou‑pariam esforços para livrar Hortência da ameaça que se instalara em sua vida.

“Seu Flores” seria auxiliado por todos nós, jardineiros a serviço do Senhor dos mundos; rosas com mais espinhos que pétalas, mas na sua função de perfumar o ambiente com o suave aroma da caridade.

Pensando assim dirigi‑me ao abençoado salão de diálo‑gos, ou seja, para a reunião de desobsessão…

1 Índia que auxilia a uma potente médium em Tabatinga, no interior do Ceará, realizando importantes trabalhos de cura, de materialização e de transporte. Em local pobre, sem assistência médica, Tapuinha é o recurso que Deus co-locou entre os esquecidos, para aliviar suas dores. Sua atuação é descrita no projeto “Janelas para a outra vida”, que gerou os livros: Mediunidade - Temas indispensáveis para os espíritas e Mediunidade - Aprendizado fundamental so-bre desobsessão, publicados pela Editora EME. O objetivo deste projeto foi abrir 10 janelas para o mundo espiritual a fim de estudar temas relevantes para a mediunidade, a obsessão e a desobsessão.

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O PASSADO RECENTE DE HORTÊNCIA

A história do Espírito que ora se chama Hortência é bem peculiar. Diria mesmo bem estranha, pois sua encarnação foi anunciada várias vezes, por mais de uma fonte. Mar‑garida, a atual mãe, foi sua neta e pouco conviveu com ele. Dos diálogos que tive com ela transcrevo aqui alguns fragmentos, logicamente mudando nomes e datas a fim de manter o anonimato dos envolvidos.

Tais informações são necessárias para que o leitor possa compreender o contexto no qual Seu Flores, “atual Hortência”, veio ao mundo dos encarnados, na cidade cea rense de Itapipoca no ano de 1908, desencarnando em Fortaleza em 1988.

do envolvimento com mulheres: Durante sua vida se envolveu com várias mulheres casadas, pois tinha grande ape-

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tite sexual, inclusive, pegando algumas à força. Na mulher com quem casou gerou nove filhos, mas adultérios eram comuns em sua vida.

do seu jeito de ser: Era um comerciante totalmente anal-fabeto, pois nunca entrou em uma escola. Acredito que isso tenha contribuído para os arraigados preconceitos que nutriu durante a encarnação. Rejeitava negros, deficientes físicos e considerava a mulher uma criatura inferior, cuja função era apenas procriar. Não tolerava visitas porque, segundo ele, estas só serviam para lhe roubar a paz e se servirem do alimento que lhe pertencia. Eis alguns pensamentos seus: Não se deve ensi-nar negro a ler porque ele vai escrever indecências nas paredes; se você ensinar uma cunhã a ler, a primeira coisa que ela vai fazer é escrever uma carta para um caboclo, querendo se enros-car com ele. Sabendo que uma pessoa tinha má vida, se afastava dela sob o argumento de que era um cidadão, e assim sendo, não deveria se contaminar com a ralé. Na verdade era orgulhoso e preconceituoso.

Sobre a missão de pai: Não foi um bom pai. Em uma discussão banal quis matar um dos filhos com uma foice. Este, se desvencilhando, foi embora e jamais voltou. De outra feita, sabendo que uma filha estava grávida de um homem com defi-ciência, correu atrás dela para matá-la com uma faca. Quando a criança nasceu, também quis matá-la, por ser filho de um de-ficiente. Posteriormente, quando este neto já era adulto e ocu-pando um cargo de destaque, “seu Flores” necessitou de seus préstimos para acelerar sua aposentadoria. Recorreu a ele e lhe disse: Se você me ajudar eu o perdoo pelo fato de ser filho de deficiente.

Sobre sua desencarnação: Sua saúde foi sendo minada por uma série de doenças, dentre as quais, câncer de próstata, cirurgias mal sucedidas de catarata e mal de Parkinson. Era

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dependente de álcool, cigarros e jogos de azar. Levou consigo muito ódio e desejo de vingança de pessoas estranhas e de familiares. Minha avó, inclusive, já lhe rogou muitas pragas, pois na última briga que teve com ele foi cuspida, amarrada e violentada sob a mira de um revólver apontado para sua ca-beça. Sua mágoa maior é porque acabava de ter saído de um aborto espontâneo.

Sobre minha história: Minha mãe levou ao conhecimento de sua família que iria se casar com um homem negro. Recebeu de cara do “seu Flores” a seguinte advertência: Prefiro vê-la morta por atropelamento e totalmente estraçalhada do que casa-da com um negro. Minha mãe, com medo, desistiu do casamen-to e iniciou outro relacionamento que não foi bem-sucedido. Mi-nha mãe estava grávida de mim, quando meu pai se foi. Minha avó, prevendo represálias por parte do marido, “seu Flores”, inventou que minha mãe estava grávida de um homem que ha-via sofrido um acidente e que agora era um inválido. Então ele me registrou como sua filha legítima, pois jamais aceitaria um inválido na família. Dessa maneira fiquei sendo filha e neta ao mesmo tempo.

Contaram-me que ele sempre me acolheu bem, desde o ventre da minha mãe. Fui crescendo e quando completei oito anos de idade ele desencarnou. A partir de então, sempre que ia passar por grandes dificuldades, sonhava com ele. Era como uma adver-tência para que eu me preparasse para enfrentá-la. Passei a sentir um amor inexplicável e um desejo arrebatador de ajudar meu avô a pagar as dívidas que ele contraiu. Quero que ele pague à Lei Divina, com amor, através do Evangelho de Jesus.

Na minha família sempre me contaram várias versões sobre minha origem. Nenhuma que me fizesse feliz. Diziam que mi-nha mãe era uma mulher promíscua e abortadeira, coisa que não acredito. Cresci com muitos problemas. Como tive formação re-

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ligiosa no catolicismo era lá que tentava me livrar do desejo de pôr fim à minha vida. Hoje venci este impulso e melhorei meu comportamento rebelde, revoltado, infeliz, que me acompanha-va desde a infância.

Atualmente estudo a doutrina espírita e estou conseguindo mudar muita coisa em minha vida.

Sobre a anunciação: Minha mãe trabalha em um Centro Espírita e lá um Espírito chamado José do Nascimento, o Dragão do Mar2, dirigindo-se a ela no dia 9 de outubro de 1997 disse-lhe que “seu Flores” voltaria à carne como filho de sua neta. Segundo ele, o moço se arrependera profundamente ao constatar a extensão dos seus erros e pedira uma oportunidade, em caráter imediato, para reparar parte do mal que praticara. Essa informação foi con-firmada no nosso Evangelho no lar e em outras oportunidades. Acredito que era uma espécie de aviso para que nos preparásse-mos para recebê-lo.

Sobre a gravidez e o nascimento de Hortência: Minha gravidez não foi das piores. Tive alguns cistos no ovário que me obrigaram a uma intervenção cirúrgica. Também tive descola-mento de placenta. No mais, graças as minhas preces e a ajuda dos amigos espirituais ela nasceu bem.

2 Em 1884, o Ceará tornou-se a primeira província brasileira a abolir a escravi-dão. O Movimento Abolicionista Cearense, surgido em 1879 contribuiu, em-bora não decisivamente, para essa abolição pioneira.

As ações repercutem em todo o Brasil e os abolicionistas, gente de elite, brava e culta, são ovacionados pela imprensa nacional. Entre eles há, porém, uma pessoa humilde, de cor parda, trabalhador do mar: Chico da Matilde. Chefe dos jangadeiros, ele e seus colegas se engajaram na luta já em 1881, recusan-do-se a transportar para os navios negreiros, os escravos vendidos para o Sul do País.

Assim, Chico da Matilde é levado para corte com sua jangada, desfila pelas ruas, recebe chuvas de flores da multidão e ganha novo nome, mais pom-poso e mítico: Dragão do Mar. De lá escreve à mulher: “seu velho está tonto com tanta festa e cumprimentos de tanta gente importante”.

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Margarida é uma pessoa consciente de suas responsa‑bilidades. No momento participa de um curso básico de Espiritismo, embora demonstre conhecimentos além dos que ora estuda. Acredito que esteja preparada para a tarefa que lhe confiaram: Educar “seu Flores” dentro da doutrina espírita para que ele comece a extensa subida em direção à luz divina.