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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X SOFRIMENTO PSÍQUICO E COMPORTAMENTO SUICIDA EM UMA PÁGINA DO FACEBOOK: QUESTÕES DE GÊNERO Larissa Vasques Tavira 1 Resumo: O presente trabalho avaliou o sofrimento psíquico e o comportamento suicida expresso em uma página do Facebook. Visou-se identificar e analisar elementos das interações virtuais que podem estar associados ao risco de suicídio. Por meio da análise hermenêutica e de conteúdo, foram avaliadas 198 postagens e 12136 interações virtuais. Identificou-se que o público interativo da fanpage é constituído, sobretudo, por adolescentes e jovens do sexo feminino. Ademais, constatou-se que os conteúdos publicados fazem referência, principalmente, a questões que atravessam o universo de constituição simbólica da feminilidade em nossa cultura. A análise das interações virtuais estabelecidas revelou o potencial de difusão dos conteúdos publicados e seu papel no reforço e influência de comportamentos disfuncionais e mal adaptativos. O conteúdo identificado na fanpage indica que publicações nas redes sociais podem servir como indicadores úteis para o rastreamento de indivíduos suicidas. Palavras-chave: Gênero. Sofrimento Psíquico. Comportamento Suicida. Internet. Redes Sociais. Introdução Uma das complexidades da Internet reside no grau de intensidade e velocidade com que ela tem interferido nas relações humanas. Na atualidade, ela tem reconfigurado dinâmicas de interação social e práticas de comunicação a tal ponto que se identifica a emergência de um novo tipo de cultura: virtual e global (BELLONI; GOMES, 2007). A cibercultura tem resgatado elementos típicos de toda e qualquer dinâmica cultural, se estabelecendo como um lócus de efervescência social que traz consigo novas formas de sofrer e manifestar sofrimento. Infelizmente, o acesso às mídias digitais pode vir acompanhado de inúmeras situações de risco, que incluem o contato com publicações que fomentam ou encorajam o suicídio (FERREIRA, 2007). Pesquisas internacionais indicam que, em contraste com a população geral, as buscas na web por termos associados ao suicídio estão correlacionadas à auto-lesão e o suicídio de adolescentes, sugerindo uma maior vulnerabilidade no uso da Internet por esta população (GUNN ; LESTER, 2013; YANG; TSAI; HUANG ; PENG, 2011). Atualmente, do ponto de vista global, o suicídio é a segunda principal causa de morte de jovens com idade entre 15 e 29 anos (WHO, 2014). No Brasil, entre 2000 e 2012, o aumento de suicídio de adolescentes na faixa-etária entre 10 e 19 anos fora maior do que o identificado em todas as outras idades (WAISELFISZ, 2014). Diante deste cenário, é imprescindível que sejam realizadas pesquisas com a finalidade de mapear o uso que os jovens fazem da Internet na própria rede, uma vez que são considerados grupos mais vulneráveis à influência midiática (LOUREIRO; MOREIRA; SACHSIDA, 2013). O presente trabalho visou traçar reflexões em torno do sofrimento psíquico e do comportamento suicida 1 Psicóloga Clínica (CRP: 01/18327), Mestre em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (PPG/PsiCC/UnB), atualmente é graduanda em Filosofia pela UnB, Brasília-DF, Brasil.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),

Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

SOFRIMENTO PSÍQUICO E COMPORTAMENTO SUICIDA EM UMA PÁGINA DO

FACEBOOK: QUESTÕES DE GÊNERO

Larissa Vasques Tavira1

Resumo: O presente trabalho avaliou o sofrimento psíquico e o comportamento suicida expresso em uma página do

Facebook. Visou-se identificar e analisar elementos das interações virtuais que podem estar associados ao risco de

suicídio. Por meio da análise hermenêutica e de conteúdo, foram avaliadas 198 postagens e 12136 interações virtuais.

Identificou-se que o público interativo da fanpage é constituído, sobretudo, por adolescentes e jovens do sexo feminino.

Ademais, constatou-se que os conteúdos publicados fazem referência, principalmente, a questões que atravessam o

universo de constituição simbólica da feminilidade em nossa cultura. A análise das interações virtuais estabelecidas

revelou o potencial de difusão dos conteúdos publicados e seu papel no reforço e influência de comportamentos

disfuncionais e mal adaptativos. O conteúdo identificado na fanpage indica que publicações nas redes sociais podem

servir como indicadores úteis para o rastreamento de indivíduos suicidas.

Palavras-chave: Gênero. Sofrimento Psíquico. Comportamento Suicida. Internet. Redes Sociais.

Introdução

Uma das complexidades da Internet reside no grau de intensidade e velocidade com que ela

tem interferido nas relações humanas. Na atualidade, ela tem reconfigurado dinâmicas de interação

social e práticas de comunicação a tal ponto que se identifica a emergência de um novo tipo de

cultura: virtual e global (BELLONI; GOMES, 2007). A cibercultura tem resgatado elementos

típicos de toda e qualquer dinâmica cultural, se estabelecendo como um lócus de efervescência

social que traz consigo novas formas de sofrer e manifestar sofrimento. Infelizmente, o acesso às

mídias digitais pode vir acompanhado de inúmeras situações de risco, que incluem o contato com

publicações que fomentam ou encorajam o suicídio (FERREIRA, 2007).

Pesquisas internacionais indicam que, em contraste com a população geral, as buscas na web

por termos associados ao suicídio estão correlacionadas à auto-lesão e o suicídio de adolescentes,

sugerindo uma maior vulnerabilidade no uso da Internet por esta população (GUNN ; LESTER,

2013; YANG; TSAI; HUANG ; PENG, 2011). Atualmente, do ponto de vista global, o suicídio é a

segunda principal causa de morte de jovens com idade entre 15 e 29 anos (WHO, 2014). No Brasil,

entre 2000 e 2012, o aumento de suicídio de adolescentes na faixa-etária entre 10 e 19 anos fora

maior do que o identificado em todas as outras idades (WAISELFISZ, 2014).

Diante deste cenário, é imprescindível que sejam realizadas pesquisas com a finalidade de

mapear o uso que os jovens fazem da Internet na própria rede, uma vez que são considerados grupos

mais vulneráveis à influência midiática (LOUREIRO; MOREIRA; SACHSIDA, 2013). O presente

trabalho visou traçar reflexões em torno do sofrimento psíquico e do comportamento suicida

1 Psicóloga Clínica (CRP: 01/18327), Mestre em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília

(PPG/PsiCC/UnB), atualmente é graduanda em Filosofia pela UnB, Brasília-DF, Brasil.

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expresso por adolescentes em uma página do Facebook. Tinha-se como objetivos identificar e

analisar elementos das interações virtuais que pudessem se configurar como potencializadores ou

atenuadores do risco de suicídio2.

Método

Nesta pesquisa optou-se por fazer análise de conteúdos publicados em uma página do

Facebook, pois desde 2010 este é considerado o site mais popular da Internet (HARVEY, 2010). No

Brasil, em 2013, a taxa de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos que possuíam um perfil no

Facebook era de 77% (BARBOSA, 2013, p. 123). Este estudo fez uso de dados postados em uma

página aberta, com conteúdos de acesso público e universal. Por meio dos mecanismos de busca

desta rede social e através de descritores associados ao suicídio, foram identificadas páginas

brasileiras voltadas a este tipo de publicação3.

Optou-se por focar especificamente em uma página, Cortes de um Anjo Negro4, pois era a de

maior popularidade dentre as pesquisadas5. Com mais de 31 mil seguidores, essa fanpage publica

conteúdos suicidas que são reproduzidos e compartilhados na rede por dezenas (às vezes centenas)

de usuários. Foram analisadas todas as postagens e interações virtuais realizadas durante um

período de dois meses. Esses dados foram colhidos, registrados e sistematizados. A avaliação dos

dados contou com a analise das frequências de registro de postagens e interações virtuais (reações,

compartilhamentos e comentários) de todas as publicações da amostra. A análise qualitativa foi feita

com base no processo de categorização da Análise de Conteúdo.

Resultados e Discussão

Essa pesquisa compreendeu a análise de 198 publicações e 12136 interações virtuais,

incluindo-se reações de curtida, comentários e compartilhamentos estabelecidos na fanpage “Cortes

de um Anjo Negro”. Esta fanpage se manteve ativa durante a fase de coleta dos dados, apresentando

uma média de três postagens e 195 interações virtuais por dia. O nome da página faz referência a

práticas de automutilação, mas o foco se dá na publicação de conteúdos suicidas e que fazem alusão

ao sofrimento psíquico. Do ponto de vista imagético, prevalecem postagens que fazem referência à

2 O presente trabalho apresenta, a partir de questões de gênero, desdobramentos de uma pesquisa mais ampla, referente

à dissertação de mestrado da autora. A obra está disponível online em: << http://repositorio.unb.br/handle/10482/22579>> 3 A busca por páginas que publicassem conteúdos suicidas no Facebook fora realizada por meio das seguintes palavras-

chaves, em português: mensagem suicida; mensagens suicidas; suicida; e suicidas. Para este trabalho, foram levados em

consideração somente sítios eletrônicos brasileiros. 4 https://www.Facebook.com/cortes.de.um.anjo.negro 5 A coleta de dados desta pesquisa fora realizada entre os meses de julho e agosto de 2016.

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tristeza ou ao sofrimento e, do ponto de vista textual, predominam as mensagens que apresentam

conteúdos suicidas.

A fanpage tem como público interativo jovens e adolescentes. Identificou-se que a maioria

de seus usuários, seguidores que interagem virtual e ativamente nela, são do sexo feminino (89%); e

que as representações imagéticas e textuais retratam e se referem, sobretudo, ao público feminino.

Esses fatores, em conjunto, parecem indicar que os conteúdos dessa fanpage façam referência,

principalmente, a questões que atravessam o universo de adolescentes e mulheres jovens.

Os sentidos e significações possíveis das publicações foram investigados em toda a estrutura

da fanpage, o que inclui o conjunto de todas as imagens, textos e interações virtuais (reações,

compartilhamentos e comentários). Após a coleta e sistematização desses dados6, foram

identificadas cinco categorias de análise: 1) Morte e Suicídio; 2) Manifestações Sintomáticas; 3)

Fatores Estressores; 4) Fatores de Proteção; e 5) Cibercultura. A Tabela 01 apresenta a lista de todas

as categorias e subcategorias de análise, seguidas da quantidade de registros identificados (em

imagens, Gifs, vídeos, textos e comentários) associadas a cada área temática.

Tabela 01:

Categorias de Análise do Conteúdo (frequências de registro) Interações

Imagem

Gif/Vídeo

(n=165)

Mensagem

(Texto)

(n=198)

Comentários

(n=136)

1.1) Referências à morte 4 (2,5%) 7 (3,5%) --

1.2) Conteúdos Suicídas 7 (4,2%) 56 (28%) 2 (1,5%)

2.1) Tristeza e Sofrimento 36 (21,8%) 26 (13,1%) 6 (4,4%)

2.2) Pessimismo e Desesperança -- 25 (12,6%) 5 (3,7%)

2.3) Solidão e Isolamento 2 (1,2%) 16 (8,1%) 2 (1,5%)

2.4) Desajuste -- 18 (9,1%) 2 (1,5%)

2.5) Esgotamento 2 (1,2%) 11 (5,6%) 3 (2,2%)

2.6) Transtorno Mentais e Uso de

Substâncias 12 (7,3%) 4 (2%) --

2.7) Esquiva 1 (0,6%) 10 (5%) 2 (1,5%)

2.8) Automutilação 7 (4,2%) 4 (2%) 1 (0,7%)

3.1) Amor e Relacionamentos 5 (3%) 23 (11,6%) 18 (13,2%)

3.2) Abandono e Rejeição 2 (1,2%) 17 (20,2%) 5 (3,7%)

3.3) Ideais Estéticos 7 (4,2%) 10 (5%) --

4) Fatores de Proteção 4.1) Suporte e Acolhimento 4 (2,4%) 15 (7,6%) 8 (5,9%) 27 (5,4%)

5.1) Cultura Pop 74 (45%) 9 (4,5%) 25 (18,4%)

5.2) Simulacro 7 (4,2%) 21 (10,6%) 1 (0,7%)

Categorias Subcategorias Total

(N=499)

1) Morte e Suicídio 76 (15,2%)

Postagens

2) Manifestações

Sintomáticas195 (39,1%)

3) Fatores Estressores 87 (17,4%)

5) Cibercultura 137 (27,4%)

6 É possível acessar as tabelas de sistematização dos dados bem como as publicações que fizeram parte da análise de

conteúdo no seguinte endereço eletrônico: << http://repositorio.unb.br/handle/10482/22579>>

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Na categoria Morte e Suicídio estão incluídas as postagens e interações que fazem menções

à morte, ao processo de morrer e aos comportamentos suicidas (ideações, planejamentos, métodos e

tentativas). Na página, a morte não é representada como um término da existência, mas sim a

passagem para um outro estado, mais prazeroso do que a vida na Terra. O processo de extinção da

morte, é substituído pela noção de entrada numa outra vida, idealizada. Nesses discursos, a

idealização do pós-morte envolve o reconhecimento alheio das boas características do morto, como

expresso nas seguintes mensagens: “Todo mundo vai te amar quando o coveiro dizer: 5 minutos

para fecharmos o caixão.” (P407); e “quando você morre, é como se tivessem sido melhores

amigos” (P143).

Na fanpage, a morte representa a ida para um mundo paradisíaco, regulado pelo princípio do

prazer, sem sofrimentos: “(...) Eles tentam se matar para retornar ao paraíso. Eles são muito

sensíveis à dor do outro e deles mesmo” (P75). Nessa seção, o desejo de fuga é algo que se destaca:

“Única coisa que eu queria era morrer, fugir desse mundo hipócrita, pessoas falsas e sentimentos

que não são reais” (P18). Esse comportamento de fuga é uma manifestação sintomática que revela

não só a presença afetos intoleráveis e estados limites de sofrimento, mas também a ausência de

recursos para se lidar com os conflitos: “suicidas falam para outros suicidas que o suicídio não é a

solução” (P168), “quem diz que quer morrer, na verdade, quer ajuda” (P171).

Quanto aos conteúdos suicidas, do ponto de vista textual e imagético, há uma prevalência de

publicações com ideações suicidas e os métodos de suicídio. Essas manifestações expressam o

quanto o desejo de morte e de se matar está presente e o quanto a divulgação desses conteúdos é

acessível e compartilhável, de forma livre nesta página. Há postagens fazendo alusão a queda de

altura, superdosagem de medicamentos, lesão por arma de fogo, enforcamento e afogamento.

Reconhece-se, portanto, que a fanpage aborda e promove o comportamento suicida livremente,

independentemente de este tema ser ainda carregado de mitos e tabus na maioria das sociedades.

O que predomina nas categorias de análise é a publicação de Manifestações Sintomáticas,

que se referem a processos de: Tristeza e Sofrimento; Pessimismo e Desesperança; Solidão e

Isolamento; Desajuste; Esgotamento; Transtornos Mentais e Uso de Substâncias; Esquiva e

Automutilação; elementos presentes em 39% dos registros (Ver Tabela 01). De modo conjuntural,

essas manifestações apontam para estados depressivos (APA, 2014). Na fanpage, esses conteúdos

fazem referência, principalmente, a questões que atravessam o universo de constituição simbólica

7 Essa sistematização corresponde ao número da postagem associada à Análise de Conteúdo, por exemplo P1

corresponde à postagem de número um e assim por diante, para mais informações sobre o processo de sistematização

dos dados acesse: << http://repositorio.unb.br/handle/10482/22579>>

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da feminilidade em nossa cultura, ou seja, trazem à tona formas típicas pelas quais mulheres em

nossa sociedade tendem a vivenciar, expressar e enfrentar o sofrimento psíquico. Reconhecendo que

os critérios diagnósticos dos quadros depressivos se coadunam mais com vias privilegiadas de

subjetivação do feminino do que do masculino em nossa cultura, faz sentido que essas expressões

apontem para transtornos cuja incidência é maior em mulheres (CANETTO, 2008; HAWTON;

HEERINGEN, 2009; WHO, 2002).

Os estudos epidemiológicos revelam que há um claro predomínio desses transtornos em

mulheres e, uma alta correlação entre o comportamento suicida e variáveis como gênero e

depressão (ANDRADE; VIANA; SILVEIRA, 2006; BRAGA; DELL’AGLIO, 2013). Nesse

sentido, vislumbra-se que a inevitável experiência de engendramento promova, em homens e

mulheres, formas diferenciadas expressar e enfrentar o sofrimento psíquico. Mulheres são

socializadas de maneira que apresentem maior tendência a internalizar o distress, enquanto nos

homens predominam processos de externalização. Esses fatores contribuem para que haja uma

maior prevalência de transtornos associados à depressão, ansiedade e ideação suicida nas mulheres

e, comportamentos antissociais, abuso de substâncias e suicídio entre os homens. Em relação a

fatores protetivos e estratégias de coping, as mulheres tendem a buscar mais ajuda e suporte social

do que os homens, culturalmente é mais bem aceito que elas sejam representadas em posições de

fraqueza e sofrimento (CANETTO, 2008; RABASQUINHO; PEREIRA, 2007).

A tristeza e a anedonia foram conteúdos bastante relatados, através da retratação de

episódios que envolvem choro e intenso sofrimento emocional, evidências comportamentais de

estados depressivos, como revelam as postagens: “E de repente você chora, sem ter motivos...”

(P8) e “Às vezes, você está tão triste, que não tem forças nem para chorar. ” (P37). O senso de

esgotamento é o que distingue um simples episódio de tristeza do estado deprimido que acomete

indivíduos suicidas. Os fatores que realmente discriminam suicidas dos demais são de ordem

subjetiva, associados à intensidade do sofrimento (MALTSBERGER, 2006). Na fanpage, o humor

deprimido apresenta manifestações de afetos intoleráveis, estados limites que denotam a potência de

um sofrimento insuportável: “meus olhos pedem socorro” (P18); “Acho que vou enlouquecer”,

(P152); “Eu não aguento mais minha mente me torturando. Sério não aguento mais! ” (P79).

As postagens da subcategoria Pessimismo e Desesperança estão associadas à distorções

cognitivas, pensamentos catastróficos, à percepção de que os conflitos vividos são obstáculos

definitivos e intransponíveis. Esse sentimento está associado à habilidade reduzida de vislumbrar

um futuro positivo e extrema sensibilidade frente à reprovação social (Duailibi & Silva, 2014). O

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senso de desamparo, na subcategoria Solidão e Isolamento, compreende evidências

comportamentais do retraimento social, que pode estar associado ao senso de incompreensão alheia,

às vivências de conflitos relacionais, às estratégias de enfrentamento disfuncionais e à ausência de

recursos para se lidar com os conflitos, como revela a seguinte postagem: “Provavelmente ninguém

percebe, mas quando eu me afasto, é quando eu mais preciso de companhia” (P157).

As manifestações de ódio a si e autodepreciação (subcategoria Desajuste) expressavam os

sensos de inutilidade, desimportância e fracasso, e, na fanpage estavam vinculadas ao não

cumprimento de expectativas alheias (“não me encaixo nessa família deveria fugir e não voltar

mais”, P18; “Não repara se eu sumir. Estou te livrando desse desastre que eu sou.”, P48).

Associadas à extrema sensibilidade frente à reprovação social, essas expressões adquirem o tom de

uma autocrítica cruel e punitiva, que sugere a introjeção de pulsões agressivas. Quanto maior a

contenção desta agressividade, maiores são as tendências de um indivíduo volta-la contra si (Prieto,

2007).

Uma vez que o suicídio apresenta componentes inerentemente destrutivos e agressivos, o

manejo da agressividade tem sido apontado como importante indicador do comportamento suicida

(GVION; APTER, 2011; GIEGLING ET AL., 2009). Outro comportamento associado à isso é a

automutilação, presente nas postagens. Aqui ela representa a busca por alívio com a substituição da

dor psíquica pela dor física (“agora td faz sentido, um desabafo nunca será melhor que uma lamina

no pulso...”, P79).

Na subcategoria Transtornos Mentais e Uso de Substâncias, há referências à anorexia,

bulimia, depressão e ao tabagismo (Ver Tabela 01). A representação de personagens com estes

transtornos; fumando; os comentários que propagandeiam o corpo anoréxico como ideal de beleza;

ou as mensagens que incentivam o consumo de tabaco, não servem como garantia de que estes

elementos sejam de fato identificáveis nos usuários da fanpage. Contudo, não se pode negar o

potencial de influência desses conteúdos. Os seguidores podem se dar conta de uma vivência

patológica a partir das representações que são estabelecidas na página e, com isso buscar ajuda. Do

mesmo modo como podem ser incentivados a desenvolver hábitos em torno do uso de substâncias,

da automutilação ou dietas e práticas da anorexia e bulimia.

Foram apontados como Fatores Estressores, motivadores de sofrimento e potenciais

precipitadores de estados suicidas vivências associadas à frustrações e/ou idealizações em torno do

amor e outros relacionamentos; experiências de abandono e rejeição; e a não correspondência com

ideais de beleza. Conteúdos associados ao Amor e Relacionamentos, presentes em 10% dos

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registros, foi o tema que mais evocou comentários. Ideais Estéticos, presente em 5% das postagens,

foi o tema que mais evocou participação por meio das reações de curtida e compartilhamentos (o

que denota identificação com o conteúdo). Esses achados da fanpage, de modo geral, se coadunam

com o que as pesquisas em torno da análise de mensagens suicidas têm apontado em relação às

diferenças de gênero. É comum se atribuir como principal motivação suicida das mulheres conflitos

de relacionamento amoroso e familiar, sendo este o principal tema evocado em suas mensagens

(BLACK; LESTER, 2003; CANETTO, 2008; LESTER; HEIM, 1992).

Algumas autoras, identificam a incidência de uma tecnologia de gênero que institui e molda

a feminilidade hegemônica em torno do casamento e da maternidade. O chamado ‘dispositivo

amoroso’ demarca, no amor e em sua busca, a razão de ser e viver das mulheres, estabelecendo-se

como um fundamento identitário. Esse dispositivo estrutura a feminilidade centralizando

pensamentos e comportamentos na busca do amor ideal, sendo seu encontro necessário ao projeto

de realização pessoal das mulheres (SWAIN, 2011, 2013; VANNUCHI, 2010; MONTEIRO;

ZANELLO, 2014; ZANELLO, 2014).

Na fanpage, frustrações amorosas são colocadas como uma grande fonte de sofrimento

(“Entre tantas desepçoês hoje em dia, ó amor e só mais uma merda”, P72; “Ja sofri tanto na vida

por causa de amor”, P79). Aqui esses elementos não apenas se estabelecem como fonte de

sofrimento, como adquirem uma dimensão existencial, é que dá sentido à vida (“Ele era a pessoa

que me fazia seguir em frente, a única pessoa que fazia meu coração acelerar ... Agora ele foi e eu

não sei o que fazer para continuar. ”, P99; “Você me disse Adeus. Meu mundo desabou. Por que

partir dali. Eu não sabia como viveria sem você”, P103). Reproduzindo características do feminino

como meigo, doce e devotado, o dispositivo amoroso modela mulheres para serem amáveis e

cuidadoras, colocando-as num lugar marcado pela bondade e abnegação, tudo em nome do cuidado

com o outro (SWAIN, 2013; ZANELLO, 2014), conforme expressam as postagens: “Já tomei tanto

cuidado para não magoar certas pessoas, e no fim, elas que me magoaram. ” (P81); “eu acho q eu

sirvo so pra ajudar as pessoas... eu sirvo pra passar pela vida delas, viver a fase ruim com elas, e

depois que a pessoa está bem? Simplesmente me jogam fora e eu fico aqui. ” (P100).

Na subcategoria Ideais Estéticos, foram identificadas mensagens que fazem alusão ao

sofrimento advindo do senso de não enquadramento nos padrões de beleza (“Odeio o fato de não

ser bonita o suficiente. Odeio o fato de não ser magra o suficiente. Odeio nunca ser o suficiente em

nada. ”, P158). Essa mensagem é bastante sintomática por trazer à tona um aspecto central do

dispositivo amoroso: o ideal de beleza. A postagem que dizia “Eu só queria ser bonita para ele

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gostar de mim” (P124) foi a que apresentou em reações de curtida e compartilhamentos, o maior

número de interações virtuais de todas as publicações analisadas (685, ao total). Esse anúncio deixa

claro que o processo de eleição amorosa se dá pela via da beleza, fator que se estabelece como

grande fonte de sofrimento.

Como Fatores de Proteção foram identificadas mensagens de acolhimento e suporte;

mensagens positivas ou motivacionais; e mensagens de aconselhamento. Tratam-se de postagens e

interações que podem representar fatores protetivos, pois indicam tentativas de se oferecer apoio.

Na fanpage, todas as mensagens positivas ou de cunho motivacional faziam apelo a questões

estéticas (“escute Christina Aguilera dizendo que você é lindo, não importa o que os outros dizem”,

P123). Além disso, identificou-se também que, a maioria das dicas e conselhos operavam em torno

dos relacionamentos (“Só porque alguém te machucou uma vez, não significa que tem que excluir

totalmente de sua vida. As coisas mudam, pessoas crescem. ”, P57; “Preciso me amar antes de

amar outro alguém. Caso contrário, continuarei fazendo merda”, P190).

Em geral, as mensagens identificadas na categoria de Fatores de Proteção adquirem um

caráter ambivalente pois reforçam e legitimam um processo de realização pessoal feminino que se

dá pelo reconhecimento da centralidade da beleza e dos relacionamentos interpessoais, elementos

do dispositivo amoroso associados ao tipo de sofrimento manifestado na fanpage. Por vezes as

mensagens de apoio refletiam empatia e acolhimento, porém outras vezes também reproduziam

sofrimento, além de representarem convites ou um conluio com ideações suicidas. Isso pode ser

perigoso e potencialmente disfuncional para indivíduos suicidas que carecem de uma rede de apoio

qualificada a protegê-los (essas são mensagens que conectam pessoas suicidas, havendo risco de

suicídio coletivo).

Na fanpage, foram identificadas duas subcategorias associadas à Cibercultura: Cultura Pop

e Simulacro, presentes em quase 30% dos registros. Grande parte das postagens (45%) fazem

referência à elementos da cultura popular (filmes, séries televisivas, músicas, pessoas famosas, etc.).

sendo a maioria composta por figuras femininas em sofrimento. Uma postagem desta seção chama

atenção, uma mensagem motivacional que se utiliza da letra de músicas de diversos artistas

populares como fonte de inspiração (“escute Christina Aguilera dizendo que você é lindo, não

importa o que os outros dizem. Taylor Swift falando que você são se acha bonita, mas ela te

conhece.”, P98). Os mesmos sujeitos que são representados como ícones de beleza pelo mercado de

consumo, são também colocados para anunciar uma mensagem de empoderamento estético.

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Quanto ao papel da fanpage enquanto veículo de comunicação, tem-se que a difusão de

elementos de uma cultura popular mundial traz à tona, para a estrutura da página, os intercâmbios

existentes entre a cibercultura e a mídia de massa mundial. Além disso, foram identificadas

publicações e interações que fomentam comportamentos típicos do mundo digital: o simulacro, a

representação imagética do espetáculo e as referências recorrentes à atuação ou simulação da

felicidade (“É só fingir que não ta doendo colocar uma droga de sorriso no rosto e dizer a todo

momento que estou bem. Ninguém irá perceber que minha alma está gritando por socorro. ”,

P156).

As posturas supracitadas, fomentadas no meio cibernético e identificadas na fanpage,

revelam uma estratégia de enfrentamento que diminui a chance de se obter ajuda externa, é um

incentivo a um comportamento de risco, ainda mais quando se reconhece que pessoas suicidas

tendem a suprimir suas emoções e ter dificuldades na identificação de seus sentimentos, tendência

que a fanpage reforça. Além de exacerbar o sofrimento psíquico, traços de personalidade

disfuncionais e déficits nos estilos cognitivos, esses comportamentos podem promover rupturas nos

vínculos sociais, sendo que a literatura já identifica que estejam associados maior reatividade,

impulsividade e tendência à introjeção da agressividade (MCGIRR ET AL., 2008; TINGEY ET

AL., 2014).

Considerações Finais

A incidência de manifestações suicidas na fanpage analisada, de acesso é público e

universal, serve como exemplo do quanto a Internet e as mídias sociais têm servido como um

espaço aberto para a discussão deste tema. Nesta página, tem-se a reunião de jovens que se

identificam com conteúdos associados ao sofrimento psíquico e comportamentos suicidas. As

interações virtuais (compartilhamentos) revelam o potencial de difusão desses conteúdos, seu papel

no reforço e influência de comportamentos disfuncionais e mal adaptativos: isolamento, retraimento

social, automutilação, mascaramento das emoções, consumo de tabaco ou outras substâncias, a

indução à dietas e práticas restritivas da bulimia e anorexia.

Em suma, a análise das postagens, do tipo de conteúdo que é publicado, do modo como seus

seguidores interagem e reagem diante das publicações, revelam mecanismos de reforço e

legitimação dos discursos da fanpage, de modo que se pôde identificar algum tipo de um incentivo

e/ou engajamento em comportamentos suicidas. Do mesmo modo, também foram identificadas

expressões de empatia, acolhimento e suporte àqueles que manifestavam sofrimento e ideações

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suicidas. Tem-se com isso tanto indicadores de risco quanto de proteção ao suicídio e que estas

podem exercer efeitos ambivalentes e potencialmente nocivos a depender de cada pessoa.

A análise feita nesse trabalho revela a complexidade de se desenvolver políticas públicas

voltadas à prevenção do suicídio por meio de ferramentas on-line. Estas estratégias devem ser

capazes de distinguir os elementos que operam como risco ou proteção ao suicídio. A incidência

dessas manifestações indica que as publicações das redes sociais podem servir como indicadores

úteis para o rastreamento de indivíduos suicidas. Esta é uma informação relevante de ser levada em

consideração por profissionais da clínica psicológica, sobretudo quando se reconhece que o meio

virtual tem sido um espaço central de socialização dos adolescentes. Desse modo, fomenta-se a

importância de que futuras pesquisas na àrea levem em consideração o potencial de influência da

sociabilidade virtual no comportamento suicida.

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Psychic Suffering and Suicidal Behavior on a Facebook Page: Gender Issues

Abstract: The present study examined the psychological suffering and suicidal behavior expressed

in a Facebook page. It was aimed to identify and analyze the elements of virtual interactions that

may be associated with the suicide risk. Through hermeneutics and content analysis, it was

evaluated 198 posts and 12,136 virtual interactions. It was identified that the interactive public of

the fanpage consists, mostly, in adolescents and youths of the female gender. Furthermore, it was

found that the content published refer mainly to issues that cross the universe of symbolic

constitution of femininity in our culture. The analysis of virtual interactions showed the potential

for dissemination of published content and their role in strengthening and influence of dysfunctional

and maladaptive behaviors. The content identified in the fanpage indicates that publications on

Social Medias can serve as useful indicators for tracking suicidal individuals.

Keywords: Gender. Psychic Suffering. Suicide Behavior. Internet. Social Medias.