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  • Sociedade, Segurana e Cidadania

    Livro II Paz no Trnsito

  • Sociedade, Segurana e Cidadania

    Universidade do Sul de Santa CatarinaNcleo de Estudos da Segurana, Sociedade e Cidadania

    Livro II Paz no Trnsito

    Palhoa2017

    OrganizadorJos Onildo Truppel Filho

  • Copyright UnisulVirtual 2017.Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prvia autorizao desta instituio.

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

    U51

    Universidade do Sul de Santa Catarina. Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cida-

    dania. Sociedade, segurana e cidadania : livro II - paz no trnsito / Organizador Jos Onil-

    do Truppel Filho ; [design instrucional Lis Air Fogolari]. Palhoa : UnisulVirtual, 2017.229 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia.ISBN 978-85-8019-191-2

    1. Segurana pblica. 2. Educao para segurana no trnsito. 3. Segurana no trnsito. 4. Cidadania. I. Truppel Filho, Jos Onildo. II. Fogolari, Lis Air. III. Ttulo.

    CDD (21. ed.) 363.1

    Universidade do Sul de Santa Catarina Unisul

    ReitorMauri Luiz Heerdt

    Vice-ReitorLester Marcantonio Camargo

    Pr-Reitor de Ensino, Pesquisa, Ps-graduao, Extenso e InovaoHrcules Nunes de Arajo

    Pr-Reitor de Administrao e OperaesHeitor Wensing Jnior

    Assessor de Marketing, Comunicao e RelacionamentoFabiano Ceretta

    Diretor do Campus Universitrio de TubaroRafael vila Faracor

    Diretor do Campus Universitrio da Grande FlorianpolisZacaria Alexandre Nassar

    Diretora do Campus Universitrio UnisulVirtualAna Paula Reusing Pacheco

    Crditos

    OrganizadorJos Onildo Truppel Filho

    ColaboradoresAloisio Jose Rodrigues(Coordenador do curso Tecnlogo em Servios Penais)

    Dilsa Mondardo(Coordenadora do curso de Direito)

    Itamar Pedro Bevilaqua(Coordenador do curso Tecnlogo em Segurana Pblica)

    Jose Onildo Truppel Filho(Coordenador do curso Tecnlogo em Segurana no Trnsito)

    Marciel Evangelista Cataneo(Coordenador do Curso de Filosofia)

    Regina Panceri(Coordenadora do Curso de Servio Social)

    Moacir Heerdt(Gerente de Ensino, Pesquisa, Ps-Graduao, Extenso e Inovao)

    Designer instrucionalLis Air Fogolari

    Projeto editorial e capaFrederico Trilha

    CapaFoto: Avenida Beira-Mar Norte | Florianpolis, SC | Frederico Trilha

    DiagramaoFrederico Trilha

    Professores RevisoresProfa. Ctia Melissa Silveira Rodrigues Msc.Prof. Giovani de Paula Dr.Profa. Helena Iracy Cerquiz Santos Neto Dra.Prof. Horcio Dutra Mello Msc.Prof. Joo Schorne de Amorim Msc.Prof. Jos Onildo Truppel Filho Msc.

    ISBN978-85-8019-191-2

  • Sumrio

    A IMPORTNCIA DA EDUCAO PARA O TRNSITO POR MEIO DA IMPLANTAO DA ESCOLA PBLICA DE TRNSITO NO MUNICPIO DE JARAGU DO SUL 11

    Anderson Andrey da SilvaCristiane Goulart Cherem

    Introduo 11Desenvolvimento 12

    O trnsito em nmeros do municpio de Jaragu do Sul 12A importncia da educao para o trnsito 14A Escola Pblica de Trnsito 16A implantao da escola pblica de trnsito em Jaragu do Sul 18

    Consideraes finais 19

    CARACTERSTICAS DAS CAMPANHAS EDUCATIVAS DE TRNSITO REALIZADAS PELOS RGOS PBLICOS EM JARAGU DO SUL/SC 23

    Antonio Benda Da RochaCarla Giovana Dagostin

    Introduo 23Educao para o Trnsito no Brasil 24Aes Educativas para o Trnsito As Campanhas Educativas 26Legislao de Trnsito e as Campanhas Educativas 27

    Tipos de aes educativas para o trnsito em Santa Catarina 28Caractersticas do Municpio e do Trnsito de Jaragu do Sul 29Metodologia 31Analise e discusso de resultados 32Consideraes finais 36

    AES EDUCATIVAS DE TRNSITO DESENVOLVIDAS PELA ESCOLA PBLICA DE TRNSITO - EPTRAN DE JOINVILLE NOS ANOS DE 2015 E 2016 41

    Rogilson da Silva Carla Giovana Dagostin

    Introduo 41A Educao para o Trnsito 42Aes educativas para o Trnsito 44A Educao no contexto da Legislao 45

    A Educao para o Trnsito no Estado de Santa Catarina e no municpio de Joinville 46Metodologia 46Resultados e Discusso 47Consideraes finais 50

    A DISPENSA DO CERTIFICADO DE LICENCIAMENTO ANUAL NA FISCALIZAO DO TRNSITO DE JARAGU DO SUL 55

    Alexandre Klehm de JesusJos Onildo Truppel Filho

    Introduo 55A disponibilidade de acesso aos pronturios dos veculos 56

    O Sistema Informatizado para fornecimento de dados 57A possibilidade de acesso ao Sistema Informatizado 58

    O acesso ao sistema de dados do DENATRAN 58O acesso ao sistema de dados do DETRAN/SC 59

    A Anlise dos dados obtidos na consulta 61O dever do Agente em consultar o Sistema Informatizado 62Da anlise de dados quanto ao licenciamento 63

    Consideraes finais 64

  • 6 Livro II -Paz no Trnsito

    OS IMPACTOS CAUSADOS ADMINISTRAO PBLICA PELA APLICAO DO ARTIGO 90 DO CDIGO DE TRNSITO BRASILEIRO NO MUNICPIO DE JARAGU DO SUL 67

    Daniela Angela Lenzi de AlmeidaJoo Schorne de Amorim

    Introduo 67Cdigo de Trnsito e Administrao Pblica: da legislao realidade 68Consideraes finais 75

    OS LIMITES DA F PBLICA ANTE O AUTO DE INFRAO DE TRNSITO 79Dencio Francisco RosaJoo Schorne de Amorim

    Introduo 79A fiscalizao de Trnsito como atividade do Estado e seu Poder de Polcia 80F Pblica 81A garantia do contraditrio e da ampla defesa 82Anlise da quantidade de notificaes aplicadas, anuladas e/ou canceladas em Balnerio Cambori-SC 83Consideraes finais 86

    ASPECTOS SOBRE A RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURDICA NO CRIME DE TRNSITO PREVISTO NO ART. 310 DO CTB 89

    Geancarlo CamargoJoo Schorne de Amorim

    Introduo 89Aspectos sobre a pessoa no universo jurdico 90

    Classificao das pessoas jurdicas 90Responsabilidade Penal da pessoa jurdica 91A responsabilidade administrativa da pessoa jurdica no Cdigo de Trnsito Brasileiro 92

    A estrutura delitiva do Art. 310 do CTB 94Prtica do crime mediante omisso 95As Infraes Administrativas da entrega e permisso de veculo a pessoas nas condies do art 162 do CTB 96

    Consideraes finais 97

    A RELEVNCIA DO RGO MUNICIPAL DE TRNSITO PARA O MUNICPIO DE JARAGU DO SUL 101

    Marcia Evelise JamoskiJos Onildo Truppel Filho

    Introduo 101O rgo Executivo de Trnsito Municipal do Municpio de Jaragu do Sul 102

    Diretoria de trnsito e transportes 102Estrutura prevista para os rgos de trnsito 104

    Percepo do Gestor Pblico Municipal 106Sujeitos da pesquisa 106

    Questes da pesquisa 106Resultados obtidos dos respondentes 107

    Proposta de uma nova estrutura administrativa para o rgo Executivo Municipal de Trnsito de Jaragu do Sul 108Consideraes finais 109

    O PRINCPIO DA FLAGRNCIA E A POSSIBILIDADE DE FISCALIZAO POR VIDEOMONITORAMENTO 111

    Vinicius Ribeiro A. de AndradeJos Onildo Truppel Filho

    Introduo 111O flagrante no Ordenamento Jurdico Ptrio 112

    Espcies de flagrante 113A Resoluo n 471 do CONTRAN 117A viabilidade da fiscalizao por videomonitoramento 118Consideraes finais 120

  • 7Sociedade, Segurana e Cidadania

    ANLISE DE VIABILIDADE DE FUTURA IMPLANTAO DE POLO GERADOR DO TIPO HIPERMERCADO ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE JARAGU DO SUL/SC 123

    Ana Maria BaduraMayara Orlandi da Silva

    Introduo 123Supermercados como polos geradores de viagens 124

    Classificao 124Metodologias para estudo de PGV 125

    Estudo de Caso 128Descrio da rea de estudo 128Impactos do PGV 130

    Consideraes finais 136

    A CAMINHABILIDADE NO BAIRRO VILA NOVA EM JARAGU DO SUL 139Ana Paula Freitas KlafkeMayara Orlandi da Silva

    Introduo 139Caminhabilidade 139

    Instrumento de auditoria e avaliao 140Descrio da rea de estudo 144Resultado da avaliao 146Consideraes finais 147Apndice A Resultado detalhado da avaliao 149Apndice B Mapa da rea 153Apndice C Grficos 154

    ANLISE DA ESCOLHA DO MODAL DE TRANSPORTE DOS SERVIDORES PBLICOS MUNICIPAIS: ESTUDO DE CASO NO CENTRO ADMINISTRATIVO DE JARAGU DO SUL/SC 161

    Laurita Dallmann de CastroMayara Orlandi da Silva

    Introduo 161Referencial terico 162Estudo de caso 167

    Descrio da rea de estudo 167Levantamento de dados 167Resultados Obtidos 168

    Consideraes finais 173Apndice A Questionrio Aplicado 176

    A PIONEIRA ESQUECIDA: UM OLHAR CRTICO SOBRE A CICLOVIA DA RUA VENNCIO DA SILVA PORTO JARAGU DO SUL 179

    Monalisa MaurissensJos Onildo Truppel Filho

    Introduo 179A importncia das ciclovias e ciclofaixas 180

    Bicicleta: uma inveno que mudou o mundo 180Mobilidade urbana e sade 182Uso da bicicleta como meio alternativo de transporte urbano 183

    A estrutura cicloviria da rua Venncio da Silva Porto 184Como proteger o ciclista e atrair novos usurios? 187Consideraes Finais 189

  • 8 Livro II -Paz no Trnsito

    ACIDENTES DE MOTOCICLETA NO MUNICPIO DE JARAGU DO SUL: CARACTERSTICAS E TENDNCIAS 193

    Alessandra Sugawara PrudenciatiValnei Carlos Denardin

    Introduo 193Jaragu do Sul 194

    Frota de Veculos 195Materiais e mtodos 202Resultados 203Consideraes finais 207

    A ATIVIDADE DE INTELIGNCIA DE SEGURANA DE TRNSITO, NO MBITO DA POLCIA MILITAR DE SANTA CATARINA 211

    Fernando Jair de Paula GrittenGiovani de Paula

    Introduo 211Evoluo da Frota 211

    Desenvolvimento 212Conceito de Trnsito e o Direito ao Trnsito Seguro 212Polcia Militar e o Trnsito 213Conceito de Inteligncia 215Inteligncia de Segurana Pblica e Inteligncia de Segurana de Trnsito 215Inteligncia de Segurana de Trnsito pela Polcia Militar de Santa Catarina 217Anlise Estatstica de Inteligncia 218Falta de Cultura de Inteligncia e Oportunidade 220Tecnologia da Informao e a Identificao Automtica de Veculos 220Fiscalizao OCR em Apoio a Atividade de Inteligncia 221Sistema ALERTA BRASIL 223Sistema SINIVEM 224

    Consideraes finais 224

  • 9Sociedade, Segurana e Cidadania

    ApresentaoNa qualidade de Comandante do 14 Batalho de Polcia Militar (14 BPM) da cidade de Jaragu do Sul, sinto-me extremamente orgulhoso de poder prefaciar esta obra que trata dos Trabalhos de Concluso de Curso (TCC) da ps-graduao em Gesto Operacional de Trnsito, atividade realizada no perodo de novembro de 2015 a abril de 2017, nesta cidade.

    Tal orgulho se deve em razo do 14 BPM ter realizado todas as tratativas para a realizao do curso, desde os contatos iniciais com a Prefeitura Municipal de Jaragu do Sul e Polcia Civil, passando pela busca de faculdades interessadas (e capacitadas), pelas aes junto Diretoria de Ensino da PMSC e Prefeitura Municipal, alm da realizao do curso no prprio Batalho, bem como na apresentao dos TCCs e entrega dos certificados.

    Agora, ao finalizar o curso e realizar esta obra, cabe um momento de reflexo.

    Temos observado com espanto as estarrecedoras notcias que, diariamente, tratam dos inmeros aci-dentes de trnsito por todo pas. Talvez ainda mais estarrecedora do que as notcias seja a forma como nossos administradores e mesmo a populao tem encarado essa situao: que os acidentes so quase como uma interveno divina, ou, num linguajar mais simplista, que aconteceu uma fatalidade.

    No! Os acidentes no so obra do acaso. Acreditar nisso fazer roleta russa com os automveis. jogar o nosso bem mais precioso, a vida, prpria sorte. No podemos ser resilientes com a ocorrncia de acidentes de trnsito. necessrio dar um basta a essa barbrie!

    Contudo, para que isso ocorra necessrio que efetivamente o trinmio do trnsito seguro (educao, engenharia de trnsito e esforo legal) seja empregado em toda a sua plenitude, de forma rotineira e, acima de tudo, de forma tcnica.

    Nesse norte, o estudo do trnsito por profissionais envolvidos diretamente nessa atividade de suma importncia para que consigamos mesmo que em doses homeopticas iniciar a mudana do triste qua-dro que temos hoje.

    E foi justamente isso que o Comando do 14 BPM se props a fazer na apresentao da sugesto Prefeitura e Polcia Civil de Jaragu do Sul, no incio de 2015: Realizar um curso objetivando atender os profissionais da Polcia Militar, Polcia Civil e Prefeitura Municipal, com vistas a termos profissionais ainda mais capacitados.

    Realizada a apresentao dos TCCs, temos certeza de que o primeiro objetivo j foi alcanado e que diz respeito qualidade dos trabalhos. Seja pelo tema abordado, pela relevncia e construo do trabalho, no deixam dvida de que nossos profissionais saem com uma bagagem muito boa para fazer frente s demandas existentes.

    Alm disso, o comprometimento demonstrado pelos alunos das entidades envolvidas aliado bels-sima conduo do curso pelo Prof. Msc. Jos Onildo Truppel Filho, da Universidade do Sul de Santa Catarina, tambm nos permite asseverar que o curso foi um sucesso.

    Assim, ao findar o curso de ps-graduao em Gesto Operacional de Trnsito, temos que agradecer a toda equipe da seo de logstica do 14 BPM; Prefeitura Municipal de Jaragu do Sul; Polcia Civil de Jaragu do Sul e Unisul.

    Que os conhecimentos adquiridos pelos nossos especialistas se materializem em aes, projetos e pro-gramas que permitam promover a to necessria mudana que as pessoas de bem anseiam e que nos-sas comunidades necessitam.

    A vida passa pelo trnsito. Cuidemos do trnsito para zelar pela vida.

    Gildo Martins de ANDRADE FilhoTenente-Coronel PM Comandante do 14 BPM | Jaragu do Sul SC

  • 11Sociedade, Segurana e Cidadania

    A IMPORTNCIA DA EDUCAO PARA O TRNSITO POR MEIO DA IMPLANTAO DA ESCOLA PBLICA DE TRNSITO NO MUNICPIO DE JARAGU DO SULAnderson Andrey da Silva

    Cristiane Goulart Cherem

    Resumo: O presente trabalho visa a analisar a implantao da escola pblica de trnsito no municpio de Jaragu do Sul, com fito de incentivar a educao para o trnsito, tendo como pblico alvo as crianas e adolescentes integrantes da rede de ensino pblico e privado do municpio. Assim, buscando-se fomen-tar aos futuros usurios do sistema de trnsito a observncia e cumprimento integral das normas gerais de circulao e conduta previstas no Cdigo de Trnsito Brasileiro. Para tanto, utilizou-se na pesquisa o mtodo indutivo, de cunho bibliogrfico e exploratrio. Quanto aos objetivos propostos, fora realizada uma abordagem qualitativa, procurando demonstrar a importncia da educao para o trnsito, por meio da implantao de escola pblica de trnsito no municpio. No decorrer da pesquisa, embora haja previ-so no Cdigo de Trnsito Brasileiro que os rgos ou entidades executivos de trnsito devero promo-ver, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convnio, o funcionamento de Escolas Pblicas de Trnsito, nos moldes e padres estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trnsito, verificou-se a ausncia no municpio de Jaragu do Sul de uma Escola Pblica de Trnsito, apta a fomentar a educao, nessa rea, aos futuros usurios do sistema trnsito. Dessa forma, torna-se importante a implantao de uma escola de trnsito no municpio de Jaragu do Sul.

    Palavras-chave: Educao para o trnsito. Escola Pblica de Trnsito. Municpio de Jaragu do Sul.

    Introduo

    O trnsito catico tornou-se um dos grandes problemas vivenciados diariamente pelos brasileiros, principalmente nos grandes centros urbanos, fruto do aumento exponencial da frota veicular nas lti-mas dcadas, associado com o aumento do nmero de condutores habilitados, uma grave ausncia de infraestrutura viria apta a suportar a demanda da atual sociedade e, ainda, pela falta de educao dos usurios do trnsito, no sentindo de observar e respeitar na sua integralidade as normas gerais de cir-culao e conduta previstas na legislao de trnsito.

    Esse trnsito catico ocasiona graves problemas na sade, no meio ambiente e, principalmente, na segurana pblica, uma vez que os acidentes de trnsito, em regra, alm de resultar em danos mate-riais, esto acompanhados de leses corporais e/ou bito dos envolvidos.

    O presente trabalho busca incentivar a educao para o trnsito, tendo como pblico alvo as crianas e adolescentes integrantes da rede de ensino pblico e privado do municpio de Jaragu do Sul, futuros condutores e usurios do sistema de trnsito, no sentido de fomentar a observncia e o cumprimento integral das normas gerais de circulao e conduta previstas no Cdigo de Trnsito Brasileiro, objeti-vando, a mdio ou longo prazo, um trnsito mais seguro.

    Assim, constitui-se objetivo geral analisar a implantao da escola de trnsito no municpio de Jaragu do Sul e como objetivos especficos: analisar o trnsito em nmeros do municpio de Jaragu do Sul; descrever a importncia da educao para o trnsito; demonstrar a escola pblica de trnsito e, por fim, propor a implantao da escola pblica de trnsito no municpio de Jaragu do Sul.

  • 12 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    A pesquisa aplicada ter como mtodo indutivo para elaborao, que caracterizado como: um pro-cesso mental, por intermdio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, no contida nas partes examinadas. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 68).

    Quanto aos objetivos propostos, utilizar-se- da pesquisa exploratria, para analisar a implantao da escola de trnsito no municpio de Jaragu do Sul. Para tanto, realizar-se- um estudo bibliogrfico, elaborado com base no material publicado em relao ao tema, tais como, doutrinas, legislaes, regu-lamentos e matrias disponibilizadas na internet. (GIL, 2010). Por fim, quanto abordagem, ser utili-zada a pesquisa qualitativa, descrevendo as informaes obtidas durante a pesquisa.

    Por derradeiro, o presente estudo se justifica pela relevncia e atualidade do tema, eis que a problem-tica a ser levantada requer uma reflexo do rgo executivo de trnsito do Municpio de Jaragu do Sul, no sentido de realizar aes para a implantao de uma escola pblica de trnsito, objetivando fomen-tar a educao para o trnsito dos futuros usurios desse meio.

    Desenvolvimento

    A primeira seo abordar sobre o trnsito em nmeros do municpio de Jaragu do Sul. Por sua vez, na segunda seo, ser demonstrada a importncia da educao para o trnsito. Na terceira seo, ser analisada a escola pblica de trnsito. E, por fim, na quarta seo, ser proposta a implantao da escola pblica de trnsito no municpio de Jaragu do Sul.

    O trnsito em nmeros do municpio de Jaragu do Sul

    Para quem morador antigo de Jaragu do Sul, no resta dvida que nos ltimos anos a frota de veculos que trafegam nas vias do municpio cresceu consideravelmente. Concomitantemente, ineg-vel que a populao do municpio tambm aumentou, bem como o nmero de acidentes de trnsito e suas terrveis consequncias.

    No que pese aos nmeros, destaque se o trabalho desenvolvido pelo Setor de Trnsito do 14 Batalho de Polcia Militar de Santa Catarina, sediado no municpio de Jaragu do Sul, o qual vem confeccionan-do, nos ltimos anos, anurios estatsticos de acidentes de trnsito do Municpio, com base em todas as ocorrncias geradas pela Central Regional de Emergncia, por meio do nmero 190, e pelos policiais militares, nesse caso, considerados como agentes de trnsito.

    Da anlise dos dados registrados no ltimo Anurio Estatstico de Acidente de Trnsito de Jaragu do Sul, ano base 2015, observa-se que a frota de veculos emplacados no municpio de Jaragu do Sul, no ano de 2012, era de 98.161 (noventa e oito mil e cento e sessenta e um) veculos, ao passo que no ano de 2015 a quantidade de veculos emplacados foi de 112.812 (cento e doze mil e oitocentos e doze), um aumento de 12,99%. (SANTA CATARINA, 2016).

    Assim, em Jaragu do Sul, no ano de 2015, registrou-se 3.407 (trs mil e quatrocentos e sete) acidentes de trnsito, sendo que 2.564 (dois mil e quinhentos e sessenta e quatro) resultaram apenas em danos mate-riais, ao passo que 843 (oitocentos e quarenta e trs) foram relacionados com pessoas lesionadas. No que tange s vtimas desses acidentes, registrou-se 927 (novecentos e vinte e sete) pessoas diretamente lesionadas e 7 (sete) pessoas mortas no local dos acidentes, desconsiderando, neste clculo, os acidentes ocorridos nas rodovias estadual e federal que cortam o municpio. (SANTA CATARINA, 2016).

    Frisa-se que a Polcia Militar registra, em seu boletim de ocorrncia de acidente de trnsito (BOAT), apenas bitos ocorridos no local do acidente, sendo que as vtimas que posteriormente venham a bito nos hospitais em decorrncia de leses sofridas nos acidentes de trnsito no so registradas no refe-

  • 13Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    rido BOAT e nem integram o anurio estatstico de trnsito, em razo disso, presume-se que o nmero de bitos por consequncia de acidente de trnsito no municpio de Jaragu do Sul em 2015 deve, ine-vitavelmente, ultrapassar o nmero supracitado.

    Sobre a natureza dos acidentes ocorridos no ano de 2015, denota-se que 2.598 (dois mil e quinhentos e noven-ta e oito) foram do tipo coliso, 646 (seiscentos e quarenta e seis) do tipo choque, 57 (cinquenta e sete) foram atropelamentos, 20 (vinte) foram capotamentos e 9 (nove) tombamentos. (SANTA CATARINA, 2016).

    Desse total, registrou-se, ainda em 2015, o envolvimento nos acidentes de trnsito de 3.973 (trs mil e novecentos e setenta e trs) automveis, 750 (setecentos e cinquenta) motocicletas e congneres, 627 (seiscentos e vinte e sete) camionetas e caminhonetas, 490 (quatrocentos e noventa) caminhes, 92 (noventa e duas) bicicletas, 115 (cento e quinze) nibus e 2 (dois) trens. (SANTA CATARINA, 2016).

    Ademais, destaque se que dos 6.360 (seis mil e trezentos e sessenta) veculos envolvidos em aciden-te de trnsito, 4.250 (quatro mil e duzentos e cinquenta) eram conduzidos por homens, ao passo que, 1.821 (um mil e oitocentos e vinte e um) eram conduzidos por mulheres. (SANTA CATARINA, 2016).

    Percebe-se que, em anlise apurada dos dados do Anurio de Acidente de Trnsito de Jaragu do Sul (SANTA CATARINA, 2016), cinco so as principais vias do municpio que resumem a maioria dos aci-dentes de trnsito, ou seja, 26,85% dos acidentes de trnsito registrados no ano de 2015, no municpio de Jaragu do Sul, ocorreram nas seguintes vias: Waldemar Grubba, com 336 (trezentos e trinta e seis) registros, Jos Teodoro Ribeiro, com 159 (cento e cinquenta e nove) registros; Epitcio Pessoa com 156 (cento e cinquenta e seis) registros; Walter Marquardt com 135 (cento e trinta e cinco) registros e Procpio Gomes de Oliveira com 129 (cento e vinte e nove) registros.

    Vale observar que, nos termos do Anurio Estatstico, as principais causas presumveis dos acidentes de trnsito foram: a) falta de ateno do condutor com 2.740 (dois mil e setecentos e quarenta) regis-tros; b) desobedincia da sinalizao com 170 (cento e setenta) registros; c) embriaguez ao volante com 106 (cento e seis) registros; d) velocidade incompatvel com a via com 90 (noventa) registros e, por fim, e) ultrapassagem indevida com 79 (setenta e nove) registros. (SANTA CATARINA, 2016).

    No que tange fiscalizao de trnsito realizada pela Polcia Militar, em 2015 foram lavrados 24.438 (vin-te e quatro mil e quatrocentos e trinta e oito) autuaes de infrao de trnsito, sendo que 21.408 (vinte e um mil quatrocentos e oito) foram autos fsicos registrados diretamente pelo agente de trnsito e 3.030 (trs mil e trinta) realizados pelos radares mveis. Ao passo que a Prefeitura Municipal lavrou 90.160 (noventa mil e cento e sessenta) autuaes de infrao de trnsito, sendo 43.128 (quarenta e trs mil e cento e vinte e oito) por meio dos fotossensores, 35.705 (trinta e cinco mil setecentos e cinco) por sem-foro e 11.327 (onze mil e trezentos e vinte e sete) por conta do estacionamento rotativo. Tanto a Polcia Militar quanto a Prefeitura Municipal, somando-se as autuaes realizadas, totalizaram 114.598 (cento e catorze mil e quinhentos e noventa e oito), somente no ano de 2015. (SANTA CATARINA, 2016).

    Das infraes de trnsito mais cometidas no ano de 2015, destaque se o excesso de velocidade, o qual representa 40,28%, avanar o sinal vermelho de semforo (fiscalizao eletrnica) que representou 31,16% e, por fim, estacionar em desacordo com a sinalizao (estacionamento rotativo) com 9,88%. (SANTA CATARINA, 2016).

    Embora o municpio de Jaragu do Sul possua 163.735 mil (SANTA CATARINA, 2016, p. 19) habitan-tes, os nmeros supracitados refletem um trnsito violento, em razo dos acidentes de trnsito que resultaram, alm de danos materiais, leses corporais com consequncias imensurveis e lamentavel-mente bitos.

    Vale destacar que para alterar esse quadro to alarmante do trnsito, com reduo dos acidentes com vtimas, faz-se necessrio uma ao efetiva do Estado.

  • 14 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    No campo da fiscalizao, verifica-se dos dados extrados no Anurio de Trnsito que a Polcia Militar vem atuando forte no municpio, buscando identificar e notificar a conduta infracional de trnsito dos condutores que insistem em desrespeitar as normas e regras de circulao e conduta previstas no Cdigo de Trnsito Nacional.

    Ainda, denota-se a necessidade de investimento considervel em infraestrutura viria, no sentido de melhorar a trafegabilidade dos veculos e pedestres, evitando, assim, acidentes ocasionados por ausncia de sinalizao, ausncia de estradas e rodovias asfaltadas, ausncia de acostamentos, vagas para deficientes especiais etc.

    Por derradeiro e essencialmente importante para mudar o comportamento agressivo no trnsito, deve-se aumentar expressivamente o investimento em educao para o trnsito, com foco na preser-vao da vida e da integridade fsica dos usurios do trnsito, buscando a reduo dos acidentes de trnsito nos municpios brasileiros, em especial, no municpio de Jaragu do Sul.

    A importncia da educao para o trnsito

    A Constituio Federal ensina que a educao direito de todos e dever do Estado e da famlia, deven-do ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. (BRASIL, 1988).

    O Socilogo mile Durkheim (1952 apud ALMEIDA SOBRINHO, 2012, p. 248) define educao como sendo:

    A ao exercida, pelas geraes adultas, sobre as geraes que no se encontram ainda

    preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criana, certo nmero

    de estados fsicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade poltica, no seu conjunto, e

    pelo meio especial a que a criana, particularmente, se destine.

    O educador Paulo Freire (2013), por sua vez, entende a educao como o ato de interveno no mundo, que pode agir tanto para gerar mudanas quanto para imobilizar a histria.

    Nos termos do Cdigo de Trnsito Brasileiro, institudo pela Lei Federal n 9.503, de 23 de setembro de 1997, considera-se trnsito a utilizao das vias por pessoas, veculos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou no, para fins de circulao, parada, estacionamento e operao de carga e descarga (BRASIL, 1997).

    Em suma, a educao para o trnsito , segundo o doutrinador Almeida Sobrinho (2012, p. 248), a ao exercida pelos educadores sobre os indivduos em geral, cujo objeto desenvolver nos educandos comportamentos conscientes que resultem no uso seguro dos meios de circulao terrestres.

    Cumpre ressaltar que a Constituio Federal de 1988 definiu a competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios em estabelecer e implantar poltica de educao para a segurana do trnsito. (BRASIL, 1988). Oportunamente, o Cdigo de Trnsito Brasileiro define que a educao para o trnsito direito de todos e constitui dever prioritrio para os componentes do Sistema Nacional de Trnsito. (BRASIL, 1997).

    De igual sorte prev, embora revogada pela Resoluo n 514, de 18 de dezembro de 2014, do Conselho Nacional de Trnsito (Contran), a ento Resoluo n 166, de 15 de setembro de 2004, define as dire-trizes da Poltica Nacional de Trnsito, que a educao para o trnsito um direito de todos e constitui dever prioritrio dos componentes do Sistema Nacional de Trnsito. (BRASIL, 2004).

    Nesse sentido, oportuna a transcrio do conceito de educao para o trnsito elencada no anexo da Resoluo n 166 do Contran, quando discorre brilhantemente consideraes sobre a importncia da educao para o trnsito, como instrumento essencial da poltica nacional de trnsito:

  • 15Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    A educao para o trnsito deve ser promovida desde a pr-escola ao ensino superior, por

    meio de planejamento e aes integradas entre os diversos rgos do Sistema Nacional de

    Trnsito e do Sistema Nacional de Educao. A educao para o trnsito tem como mola mestra

    a disseminao de informaes e a participao da populao na resoluo de problemas,

    principalmente quando da implantao de mudanas, e s considerada eficaz na medida em

    que a populao alvo se conscientiza do seu papel como protagonista no trnsito e modifica

    comportamentos indevidos. Uma comunidade mal informada no reage positivamente a aes

    educativas. (BRASIL, 2004).

    Ainda nas consideraes da Resoluo n 166 do Contran (BRASIL, 2004):

    A educao para o trnsito ultrapassa a mera transmisso de informaes. Tem como foco o ser

    humano, e trabalha a possibilidade de mudana de valores, comportamentos e atitudes. No se

    limita a eventos espordicos e no permite aes descoordenadas. Pressupe um processo de

    aprendizagem continuada e deve utilizar metodologias diversas para atingir diferentes faixas

    etrias e clientela diferenciada.

    Sobre o tema Rizzardo (2013, p. 190) defende que:

    A educao envolve a formao da personalidade, a mudana de mentalidade (mais para os adultos),

    a conscientizao dos perigos do trnsito, seja na conduo do veculo o animal, seja enquanto

    pedestre a pessoa. Impe, mais que tudo, o volver para a ao, de modo a agir com ateno enquanto

    se encontra na direo ou se transita pelas vias, percebendo a situao na qual dirige ou caminha.

    Enseja, tambm, o tratamento com cortesia, prudncia e cautela para com os demais motoristas e

    transeuntes, jamais subestimando o risco natural de estar dirigindo e nem supondo que os outros

    se cuidam, no se interponham frente do veculo ou pratiquem leviandades.

    Outrossim, Jos Almeida Sobrinho (2012, p. 249) alerta que:

    Educar para o trnsito [...] no se resume apenas e to somente a criar e aplicar programas que

    visem ensinar regras e smbolos utilizados para orientao e fiscalizao aos alunos do ensino

    fundamental, mas constitui sim uma ao ampla e completa que busca a conscientizao e mudana

    de comportamento de toda uma populao. O objetivo principal de educar para o trnsito criar

    uma nova conscincia e cultura da mobilidade social, que se refletida nos comportamentos seguros

    e responsveis de cada um enquanto usurio das vias de circulao terrestres.

    Nota-se, portanto, a importncia da educao para o trnsito como instrumento essencial na mudana de comportamento dos usurios do sistema trnsito.

    Nesse raciocnio, ainda de forma incipiente, porm inovador, o Departamento de Trnsito do Paran DETRAN-PR disponibiliza em sua pgina oficial, vide figura 01, para o pblico em geral, contedo diver-so e variado sobre temas relacionados ao trnsito.

  • 16 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Figura 1 - Sobre Educao para o Trnsito

    Fonte: , PARAN, 2017.

    A misso da pgina oficial de educao para o trnsito do DETRAN-PR :

    Promover a mudana cultural e comportamental no trnsito, estimulando a cooperao

    entre todos os usurios da via, o respeito s leis e a humanizao no trnsito, educando para

    a cidadania e garantindo a segurana no exerccio pleno do direito de ir e vir. (PARAN, 2017).

    Este um exemplo de fomentao da educao para o trnsito, uma vez que a pgina oficial do DETRAN-PR disponibiliza ao usurio materiais variados, orientaes gerais, cursos e palestras, aes, projetos e campanhas, contedo diretamente relacionado com a educao para o trnsito. (PARAN, 2017).

    Por fim, observa-se a importncia da educao para o trnsito a todos os usurios do sistema trnsito, em especial, as crianas e adolescentes, futuros motoristas, ciclistas, pedestres, passageiros, enfim, buscando-se uma mudana de comportamento consciente que venha resultar em um trnsito mais seguro para as futuras geraes.

    A Escola Pblica de Trnsito

    A luz do Diploma de Trnsito Brasileiro, a educao para o trnsito direito de todos e constitui dever prioritrio para os componentes do Sistema Nacional de Trnsito. Ademais, os rgos ou entidades executivos de trnsito devero promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante con-vnio, o funcionamento de Escolas Pblicas de Trnsito, nos moldes e padres estabelecidos pelo Contran. (BRASIL, 1997).

    O doutrinador Almeida Sobrinho (2012, p. 250) explica que a Escola Pblica de Trnsito o instrumen-to que os rgos executivos de trnsito devem possuir para promover o ensino localizado para o trnsi-to, ministrar cursos e promover aes que desenvolvam o sentimento de cidadania.

    Conforme dispe a Resoluo n 514, de 18 de dezembro de 2014 do Contran, a Escola Pblica de Trnsito destina-se a promover a Poltica Nacional de Trnsito, bem como a execuo de aes e cursos voltados para o exerccio da cidadania, mobilidade e segurana no trnsito. (BRASIL, 2014).

    Ainda, a Escola Pblica de Trnsito, em suas atividades, priorizar o desenvolvimento do convvio social no espao pblico, promovendo princpios de equidade, de tica, visando a uma melhor compreenso do sistema de trnsito, com nfase na segurana e no meio ambiente. (BRASIL, 2014).

    http://www.educacaotransito.pr.gov.br/

  • 17Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    Nesta esteira, Almeida Sobrinho (2012, p. 251) assevera:

    Cabe Escola Pblica de Trnsito atuar na rea de educao paralela formao, promovendo

    a conscientizao da sociedade para a cidadania no trnsito e, [...], contribuindo efetivamente

    para a formao do comportamento desejado de todos em relao a segurana e civilidade.

    Ainda sobre o papel da escola na educao para o trnsito:

    As regras de trnsito devem ser disseminadas e apreendidas nas escolas, eis que, mais cedo ou

    mais tarde, os alunos, na sua maior parte, iro conduzir veculos. De outra parte, na infncia

    e na adolescncia que se verifica maior aceitao de ensinamentos e de condutas. Tanto que

    simplesmente obedece-se, sem questionamentos. Um exemplo est no uso obrigatrio do conto

    de segurana. As crianas e jovens se adaptaram facilmente, criando um hbito, sendo frequente

    v-lo usando-o, enquanto o pai ou a me simplesmente ignoram a sua existncia. (RIZZARDO,

    2013, p.181, grifo nosso).

    Dessa feita, buscando a conscientizao da sociedade, em setembro de 2015 a Prefeitura Municipal de Curitiba, capital do Estado do Paran, inaugurou a Escola Pblica de Trnsito da Secretaria Municipal de Trnsito, oferecendo treinamentos e cursos de qualificaes aos usurios de trnsito. (CURITIBA, 2016).

    Segundo informaes da pgina oficial da Secretaria Municipal de Trnsito de Curitiba (SETRAN), os cursos oferecidos so destinados aos condutores de todos os modais, isto , motoristas do transporte coletivo, taxistas, motofrentistas, ciclistas, motoristas do transporte escolar. Ainda, esto previstas as capacitaes dos monitores de eventos, da Operao Escola e da Operao Igreja, e as atividades do projeto Trnsito com Educao, destinado a escolas da rede municipal de ensino. (CURITIBA, 2016).

    Figura 2 - Pista destinada ao ensino de crianas e adolescentes

    Fonte: Elaborada pelo autor, 2016.

    Denota-se na Figura 2 que a Escola Pblica de Trnsito da Secretaria Municipal de Trnsito de Curitiba, alm da rea interna destinada s aulas tericas, possui uma rea externa onde se construiu um circui-to que simula vias pblicas com semforos, faixas de pedestres, travessias elevadas, ciclovias e, ainda, possibilita o uso de minicarros eltrico ou no. O referido circuito ou escolinha de trnsito apresenta--se como instrumento importante de educao ldica para as crianas e adolescentes.

  • 18 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Frisa-se que a implantao da Escola Pblica de Trnsito atende ao Cdigo de Trnsito Brasileiro, o qual, no pargrafo segundo do artigo 74, determina que os rgos ou entidades executivos de trnsito devero promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convnio, o funcionamento de Escolas Pblicas de Trnsito, nos moldes e padres estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trnsito.

    Posto isso, verifica-se que a Escola Pblica de Trnsito tem um papel essencial como instrumento de educao para o trnsito, pois sua atuao na educao para o trnsito das crianas, adolescentes e adultos usurios do sistema trnsito, propicia uma formao complementar de cidadania e respeito s normas e regras do trnsito, resultando, assim, em um trnsito mais seguro para o municpio.

    A implantao da escola pblica de trnsito em Jaragu do Sul

    Aps discorrer sobre a importncia da educao para o trnsito, por intermdio da Escola Pblica de Educao, constata-se que a educao, principalmente para o trnsito, no vem recebendo a devida ateno dos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito.

    Importante ressaltar que o municpio de Jaragu do Sul no possui em sua estrutura organizacional a Escola Pblica de Trnsito, dificultando, sobremaneira, a fomentao da educao para o trnsito para os usurios, restando apenas o investimento em campanhas de publicidade e na fiscalizao.

    Diante de tal descaso, compreende-se a afirmao da professora Carla Giovana Dagostin (2014), ou seja, infelizmente, no Brasil, a educao no ainda prioridade e muito menos a educao no trnsito.

    Nesse mesmo sentido, Rizzardo (2007, p. 189) relata que desde h muito tempo se tenta implantar a educao para o trnsito no Brasil, dadas as propores cada vez maiores que assume a problemtica dos acidentes na maior parte das vias nacionais. Porm, at o presente momento temos apenas aes isoladas de educao para o trnsito.

    O municpio de Jaragu do Sul necessita de uma Escola Pblica de Trnsito, com estrutura fsica para ministrar cursos, palestras, sediar seminrios, campanhas publicitrias, sediar comits de trnsito, bem como construir um circuito ou escolinha de trnsito para simular as vias de uma cidade, aos moldes do municpio de Curitiba, para fomentar a educao para o trnsito e buscar complementar a formao do futuro pedestre, ciclista e motorista.

    Destaque que o Cdigo de Trnsito Brasileiro define que a educao para o trnsito ser promovida na pr-escola e nas escolas de ensino fundamental, mdio e superior, por meio de planejamento e aes coordenadas entre os rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito e de Educao, da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, nas respectivas reas de atuao. (BRASIL, 1997).

    Nesse contexto, cumpre ressaltar que a Polcia Militar, instituio integrante do Sistema Nacional de Trnsito, ciente de sua responsabilidade prevista em lei, buscou, no ano de 2014, aprovar e concreti-zar, junto Prefeitura de Jaragu do Sul, um projeto de implantao da escolinha de trnsito do 14 Batalho de Polcia Militar, sediado em Jaragu do Sul. O referido projeto constava com fundamen-tao jurdica, sugesto de estrutura interna e externa, custo de implantao, tambm previa como fonte de recurso o convnio de trnsito firmado entre a Polcia Militar de Santa Catarina e a Prefeitura Municipal de Jaragu do Sul. (SANTA CATARINA, 2014).

  • 19Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    Figura 3 - Layout da escolinha de trnsito prevista no projeto do 14BPM

    Fonte: SANTA CATARINA, 2014.

    O referido projeto previa a construo da escolinha de trnsito em frente ao 14 Batalho de Polcia Militar, situado na Rua Gustavo Hagedorn, numeral 880, bairro Nova Braslia, Jaragu do Sul. (SANTA CATARINA, 2014). Lamentavelmente, o projeto no foi posto em execuo at o presente momento, resultando na ausncia de uma escolinha de trnsito no municpio.

    Destaque que o projeto, embrio de uma Escola Pblica de Trnsito, poder e/ou dever ser retomado, eis que sua implantao no municpio contribuir, sobremaneira, na educao para o trnsito de vrias crianas e adolescentes.

    Refora-se a necessidade de parceria da Polcia Militar de Santa Catarina com a Prefeitura Municipal, no sentido de unir foras para concretizar a criao e execuo da Escola Pblica de Trnsito. A Polcia Militar, como agente de trnsito, tem plenas condies de ministrar as aulas tericas e prticas aos alu-nos da rede de ensino pblico e privado do municpio, nos temas relacionados ao trnsito.

    A Escola Pblica de Trnsito um instrumento essencial para a fomentao da educao para o trnsito no municpio de Jaragu do Sul e sua implantao deve ser realizada.

    Consideraes finais

    No presente artigo, analisou-se o trnsito em nmeros do municpio de Jaragu do Sul, por intermdio do Anurio Estatstico de Acidente de Trnsito, produzido pelo Setor de Trnsito do 14 Batalho de Polcia Militar de Santa Catarina, sediado no municpio, dando-se nfase no aumento da frota de vecu-los e nos registros de acidentes de trnsitos ocorridos em Jaragu do Sul, bem como as consequncias nefastas, tais como, danos materiais, leses corporais e os bitos dos envolvidos.

    Estudou-se, ainda, a importncia da educao para o trnsito previsto no Cdigo de Trnsito Brasileiro, o qual declara que a educao para o trnsito um direito de todos e constitui dever prioritrio dos componentes do Sistema Nacional de Trnsito. Devendo, portanto, a educao para o trnsito ser pro-movida desde a pr-escola at o ensino superior, por meio de planejamento e de aes integradas entre os diversos rgos do Sistema Nacional de Trnsito e do Sistema Nacional de Educao.

  • 20 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Constatou-se, tambm, que nos termos do Cdigo de Trnsito Brasileiro, os rgos ou entidades exe-cutivos de trnsito devero promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convnio, o funcionamento de Escolas Pblicas de Trnsito, nos moldes e padres estabelecidos pelo Contran. Ainda, foi exemplificado o modelo de criao da Escola Pblica de Trnsito da Secretaria Municipal de Trnsito de Curitiba, Paran.

    Diante do estudo, sugere-se a criao de uma Escola Pblica de Trnsito no municpio, propondo ainda uma parceria entre a Polcia Militar e a Prefeitura de Jaragu do Sul na implantao da referida Escola, buscando, no sentido de fomentar a educao para o trnsito na regio, tendo como pblico alvo as crianas e adolescentes do ensino pblico e privado de Jaragu do Sul.

    Portanto, conclui-se que a efetiva implantao da Escola Pblica de Trnsito no municpio de Jaragu do Sul, com fito de fomentar a educao para o trnsito, principalmente de forma ldica para as crianas e adolescentes do ensino pblico e privado do municpio de Jaragu do Sul, faz-se necessrio, uma vez que a educao para o trnsito um instrumento importante e eficiente para formar os futuros usu-rios do trnsito, enraizando assim o conhecimento essencial das condutas e regras do trnsito brasilei-ro, criando uma nova cultura para a sociedade, qual seja, mais respeito e menos violncia no trnsito.

    THE IMPORTANCE OF EDUCATION FOR TRAFFIC THROUGH IMPLEMENTATION OF THE PUBLIC SCHOOL OF TRANSIT IN THE MUNICIPALITY OF JARAGU DO SUL

    Abstract: The present work aims at analyzing the implementation of the traffic school in the city of Jaragu do Sul, in order to encourage traffic education, with the target audience being the children and adolescents of the public and private education network of the city of Jaragu do Sul, future users of the transit system, in order to foster compliance and full compliance with the general rules of circulation and conduct provided for in the Brazilian Traffic Code. In order to do so, the inductive method was used in the research, with a bibliographic and exploratory character. With regard to the proposed objectives, a qualitative approach was carried out to demonstrate the importance of traffic education through the implementation of a public traffic school in the municipality. In the course of the research, although there is provision in the Brazilian Traffic Code that transit agencies or entities should promote, within their organizational structure or through an agreement, the opera-tion of Public Transit Schools, according to the standards and standards established by Contran, the absence in the Municipality of Jaragu do Sul of a Public School of Traffic, able to foment the education for the transit to the future users of the transit system. Therefore, it is concluded, given the importance of education for traffic, by the implementation of the public traffic school in the city of Jaragu do Sul.

    Keywords: Education for traffic. Public School of Traffic. Municipality of Jaragu do Sul.

    Referncias

    ALMEIDA SOBRINHO, Jos. Comentrios ao cdigo de trnsito brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

    BRASIL. Cdigo de trnsito brasileiro. Lei 9.503, de 23 de Setembro de 1997. Disponvel em: . Acesso em: 10 fev. 2017.

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    ______. Conselho Nacional de Trnsito (Contran). Resoluo n 514, de 18 de dezembro de 2014. Disponvel em: . Acesso em: 15 fev. 2017.

    ______. Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 05 de Outubro de 1988. Disponvel em: . Acesso em: 10 fev. 2017.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htmhttp://www.denatran.gov.br/index.php/resolucoeshttp://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/Resolucao5142014.pdfhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

  • 21Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    CURITIBA. Agncia de notcia da prefeitura de Curitiba. Escola pblica de trnsito oferece cursos e capacitaes para os condutores de Curitiba. Atual. 18 jan. 2016.

    Disponvel em: . Acesso em: 10 fev. 2017.

    DAGOSTIN, Carla Giovana. Psicologia do trnsito. Palhoa: UnisulVirtual, 2014.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. 45. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

    MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia cientfica. 7. ed. So Paulo: Atlas, 2010.

    PARAN (ESTADO). Departamento de Trnsito do Paran (DETRANPR). Educao para o trnsito. Disponvel em: .

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    RIZZARDO, Arnaldo. Comentrios ao cdigo de trnsito brasileiro. 9. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

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    ______. Secretaria de Estado da Segurana Pblica. Polcia Militar de Santa Catarina. Projeto para implantao da escolinha de trnsito do 14 Batalho de Polcia Militar de Jaragu do Sul. Jaragu do Sul, 2014.

    http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/escola-publica-de-transito-oferece-cursos-e-capacitacoes-parahttp://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/escola-publica-de-transito-oferece-cursos-e-capacitacoes-parahttp://www.educacaotransito.pr.gov.br/http://14bpm.com.br/downloads/anuario_transito_2015.pdf

  • 23Sociedade, Segurana e Cidadania

    CARACTERSTICAS DAS CAMPANHAS EDUCATIVAS DE TRNSITO REALIZADAS PELOS RGOS PBLICOS EM JARAGU DO SUL/SCAntonio Benda Da Rocha

    Carla Giovana Dagostin

    Resumo: Este artigo tem como objetivo identificar as caractersticas das campanhas de trnsito (2015 e 2016) dos rgos pblicos ligados ao assunto em Jaragu do Sul/SC. Trata de pesquisa bibliogrfi-ca, documental, exploratria e descritiva, sendo analisadas as aes desenvolvidas pela Polcia Militar, CIRETRAN e Prefeitura quanto s categorias: foco, estilo, pblico, meio, material, frequncia, rgos, objetivos, patrocnio, execuo, investimento e possveis resultados. O nvel de acidentalidade no municpio promove campanhas dentro da perspectiva de educao para o trnsito, exigindoque se estude e analise seu desenvolvimento. A concluso indica no existir nos rgos competentes uma for-matao atualizada e definida nvel nacional para construir, executar, acompanhar e avaliar as campa-nhas de trnsito, o que tambm reflete nos municpios. Observou aspectos positivos ao engajamento da iniciativa pblica e privada no desenvolvimento das campanhas, no entanto, preciso que as aes educativas, como as campanhas, tenham continuidade para um trnsito mais seguro.

    Palavras-Chave: Educao, Trnsito, Campanhas Educativas, rgos Pblicos.

    Introduo

    O trnsito apresenta hoje nvel nacional uma celeuma muito grande quanto mobilidade e acidentali-dade. visvel que uma multido de sequelados e vtimas fatais so consequncias do trgico compor-tamento de infratores nas vias brasileiras.

    Como forma de agir diante desse grave e assustador problema vrias frentes so atacadas pelos rgos competentes, desde o recrudescimento na legislao at aes educativas de trnsito, na tentativa de baixar esses ndices estatsticos que geram grande passivo sociedade brasileira.

    Verifica-se concernente s aes educativas que elas se tornaram sinnimo de campanhas de trnsi-to e que em todas as formas de aes efetivamente executadas inexiste um carter de continuidade e de permanncia, com fundamentalmente uma ideia de poltica pblica, algo socialmente sistmico, na tentativa de enfrentamento desse problema.

    Vrias so as aes possveis para melhorias no trnsito, como Campanhas Educativas, com participao de toda sociedade na tentativa de mudana do comportamento de todos, buscando conscientizar todos os atores do trnsito que ocupam os espaos pblicos e devem fazer dele um local seguro e humano, at aes mais incisivas e tcnicas, com a criao e fortalecimento de programas contnuos para um Trnsito mais Seguro. Sobre as campanhas, tem-se observado que no pas somente no ms de Setembro de cada ano h uma tentativa de se falar, educar e prevenir com a semana nacional de trnsito.

    Para tanto, o Conselho Nacional de Trnsito (CONTRAN) subscreveu sobre as Campanhas Educativas a Resoluo n 314, de 08 de maio de 2009, a qual estabelece procedimentos para sua execuo.

    Em janeiro de 2017, quase duas dcadas aps, o rgo mximo normativo de trnsito, CONTRAN, em sua Resoluo n 654, criou, em um mtodo novo e contnuo, um cronograma nacional de onze temas de Campanhas Educativas de Trnsito para todo o ano de 2017, porm, verifica-se que o trnsito deve contemplar tambm tratamento diferenciado localmente.

  • 24 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Em Jaragu do Sul, os nmeros do trnsito na cidade, com uma frota de mais de 114 mil veculos para uma populao de 167.300 habitantes e 2.980 sinistros em 2016 conduziram vrios segmentos da sociedade, desde a imprensa at o setor pblico e privado, a agirem, s vezes isoladamente e sem conhecimento de causa, na tentativa de amenizar o problema, no entanto, as estatsticas demonstram que as aes esparsas no surtem os efeitos desejados.

    Nesse sentido, o objetivo principal do presente artigo consiste em identificar as caractersticas das campanhas educativas de trnsito realizadas pelos rgos pblicos no municpio de Jaragu do Sul/SC, nos ltimos dois anos. Sendo que os objetivos especficos ficaram em: acessar os bancos de dados dos rgos pblicos referentes aos documentos sobre as Campanhas Educativas de Trnsito, realizadas com envolvimento da Polcia Militar, Polcia Civil e Prefeitura Municipal; levantar, por meio das mdias sociais, internet, jornais, revistas e meios de comunicao digital e impresso as Campanhas Educativas de Trnsito realizadas por rgos pblicos; descrever as Campanhas Educativas de Trnsito com seus aspectos como: foco (assunto), objetivo (o que deseja com a campanha), estilo (como ser transmitida), pblico (alvo), meio (forma de comunicao), material (tipo de material usado), frequncia (periodicida-de), rgos ou pessoas responsveis pela elaborao, patrocnio, execuo da campanha, investimento e possveis resultados; e sugerir a formulao de novas Campanhas de Trnsito para o municpio.

    Na tentativa de contribuir com estudos sobre a educao para o trnsito no pas, esta pesquisa aborda assuntos relacionados s aes educativas em destaque s campanhas, legislao vigente e as cam-panhas, tipos de aes no Estado de Santa Catarina, as caractersticas do municpio e do trnsito de Jaragu do Sul e, por fim, a anlise das campanhas do municpio.

    Educao para o Trnsito no Brasil

    Inicialmente, constata-se que em nosso pas h uma crise na Escola, especialmente com uma confuso da edu-cao e escolarizao, o processo formal de ensino. A educao a formao de um indivduo dentro de um espao mais amplo e escolarizao somente um pedao da educao. Portanto, a escola ajuda a famlia na educao dos filhos e no o contrrio.1

    Assim, a educao torna-se o ato de instruir, o disciplinamento para uma vida social, oriundo de vrias fontes com vrios modelos mentais dentro da sociedade, em que a escola produz o conhecimento (saber) e a famlia e demais agentes que cercam o indivduo promovem a educao.

    Importante destacar que a educao formal no Brasil se estrutura regida pela lei de diretrizes e bases da educao brasileira(LDB n 9394/96), que a legislao a qual regulamenta o sistema educacional (pblico ou privado) do Brasil (da educao bsica (infantil, fundamental e mdio) ao ensino superior (BRASIL, 1996).

    Para tanto, vrias so as formas de educar o cidado. Concernente ao trnsito, prima pela observncia e desenvolvimento de um processo de aprendizagem, com uma adequada tcnica de ensino que de fato leve aos participantes distintos do ambiente social uma metodologia de ensino adaptada cultura local das necessidades, valores e demais aspectos regionais, at como forma de poltica pblica, com aes contnuas (permanentes) e que produzam reflexes e atitudes de comportamento cidado.

    Assim, a concepo do ato de educar para o trnsito no pode unicamente se restringir possibilidade de aes no meio escolar, mas na sociedade como um todo, desde eventos festivos, bares, empresas, escolas, representaes de classes, rgos pblicos afetos ou no ao trnsito, enfim, todos os atores do espao pblico para uma verdadeira sinergia de um trnsito responsvel e seguro.

    1 CORTELLA, Mrio Sergio. Educao x Escolarizao. Disponvel em: https://goo.gl/HauFE9. Acesso em: 05mar17.

  • 25Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    O Cdigo de Trnsito Brasileiro (CTB), promulgado em 1997, trouxe um espao todo dedicado sobre a Educao para o Trnsito no Captulo VI, do artigo 74 ao artigo 79 (PORTO, 2013).

    De acordo com Rozestratem (2004), o trnsito por si um objeto interprofissional, interdisciplinar, ou melhor, talvez transprofissional, levando a refletir que o comportamento no trnsito pertence a um grande nmero de reas, por isso, muito alm das salas de aulas.

    Segundo a doutrina, pouco se evoluiu desde ento sobre educao no trnsito, pois h muito tempo se tenta implantar a educao para o trnsito no Brasil, dadas as propores cada vez maiores que assume a problemtica dos acidentes na maior parte das vias nacionais (RIZZARDO, 2013, p. 180).

    Os rgos nacionais normativos e executivos de trnsito na tentativa de efetivar aes educativas edi-taram desde a origem do CTB vrios instrumentos legais para promoverem um trnsito seguro, con-tudo, h uma sensao que somente ficaram no campo terico e nada de prtico e efetivo de fato criou forma como ao educativa desde o novo cdigo, assim:

    Os legisladores j fizeram sua parte. O CONTRAN j editou a Res. 30/98 [...] Res. 265/07, que

    institui a formao terico-tcnica do processo de habilitao de condutores [...]; Res. 314/09,

    estabelece os procedimentos para a execuo das campanhas educativas de trnsito a serem

    promovidas pelos rgos e entidades do SNT e a Res. 515/14 [...] estabeleceu critrios de

    padronizao para o funcionamento das Escolas Pblicas de Trnsito. Agora, resta aos demais

    rgos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Trnsito cumprirem seu papel

    (GOMES, 2015, p.70). (Grifo nosso)

    Assim, para Correa (2013, p.106), a educao de trnsito, soluo para todos os males do trnsito, pos-sivelmente um dos maiores fracassos do CTB, pois trouxe uma grande expectativa por ocasio de sua reforma em 1997 e dezenove depois ainda apresenta muitos desafios a serem alcanados. s vezes, parece que ainda nem se comeou a educar.

    O conceito de educao para o trnsito bastante escasso na literatura, entretanto, pode-se busc-lo na j revogada Resoluo n 166/2004 do Conselho Nacional de Trnsito (CONTRAN) a qual, substituda pela Resoluo n 514/2014, delibera sobre a Poltica Nacional de Trnsito (PNT). Para tanto descreveu:

    A educao para o trnsito pode ser definida como uma ao para desenvolver, no ser humano,

    capacidades de uso e participao consciente do espao pblico, uma vez que, ao circular,

    os indivduos estabelecem relaes sociais, compartilham os espaos e fazem opes de

    circulao que interferem direta ou indiretamente na sua qualidade de vida e daqueles com

    quem convivem nesse espao. Essa afirmao permite-nos refletir sobre a complexidade de

    conceitos e contedos que compem o estudo da circulao e nos permite ainda afirmar que,

    fazer educao para o trnsito, vai muito alm do estudo das regras, smbolos e convenes

    estabelecidas no sistema de trnsito (CONTRAN, 2004).

    Sobre a definio dada pela antiga resoluo, ainda pode-se acrescentar, inclui a percepo da reali-dade e a adaptao, assimilao e incorporao de novos hbitos e atitudes frente ao trnsito enfati-zando a corresponsabilidade governo e sociedade, em busca da segurana e bem-estar (LIMA, 2009, p. 21). Na viso de Rozestratem (2004), a Educao para o Trnsito, dentro do mtodo formal, encontra--se inserida com uma concepo de mtodo transversal, ou seja, sua abordagem atualmente discutida com outras disciplinas como a matemtica, fsica, cincias etc.

    O artigo 74 do CTB revela que a educao para o trnsito um direito de todos e constitui um dever prioritrio para os componentes do Sistema Nacional de Trnsito (SNT), obrigando coordenao edu-cacional em cada rgo ou entidade (BRASIL, 1997).

    So vrias as aes passveis de serem contempladas como educao para o trnsito e a mais em evi-dncia sempre se manteve como a campanha de trnsito que prima por uma reflexo sobre o compor-tamento dos agentes envolvidos nos espaos pblicos e de forma rpida pode atingir um pblico maior e tornar-se assim a mais fcil de existir e ser executada.

  • 26 Livro II - Paz no Trnsito

    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Por fim, infelizmente, no Brasil, somente as campanhas ganham destaque como aes de educao para o trnsito, deixando de lado vrias alternativas e iniciativas que, se permanentes e dentro de uma concepo de poltica pblica, podem congregar e fazer um chamamento da sociedade para promoo de um trnsito com segurana e qualidade de vida.

    Aes Educativas para o Trnsito As Campanhas Educativas

    Entre as aes educativas para o trnsito no pas, quanto s campanhas, criou-se a cultura que somen-te no ms de setembro de cada ano, por ocasio da semana nacional de trnsito se que se aborda o assunto trnsito.

    Observa-se ainda que as aes so fragmentadas nas mais variadas esferas do poder pblico e da inicia-tiva privada, prevalecendo uma sensao de que h falta de continuidade em suas proposies. Assim:

    fato que reside grande convico da importncia de aes educativas permanentes, planejadas

    e desenvolvidas com conhecimento, sem concorrncia desproporcional da publicidade

    comercial que oportunistas usam do tema, s vezes de forma irregular, como estratgia de

    venda e causando um grande mal as boas intenes da busca de difuso de um trnsito seguro

    (PEDROSA, 2013, p. 109).

    Importante trazer que no contexto das aes educativas de trnsito algumas iniciativas so denomi-nadas programa, enquanto outras, projeto, cuja distino merece destaque, pois aos programas tem-se uma estrutura, esforo, durao e benefcio muito mais encorpados que a formatao dos projetos.2

    De acordo com Lima (2009), possvel concluir que, quando se trata de desenvolvimento de metodo-logias que possibilitem a categorizao e avaliao das campanhas, h poucos estudos no pas. E para essas aes educativas torna-se necessrio a observao de um mtodo que atenda a construo, exe-cuo e acompanhamento das campanhas educativas.

    Na pesquisa efetuada para compreenso e anlise da temtica em estudo, foi adotada a classificao da proposta por Lima (2009), adaptando-se realidade local, visto que no existe uma metodologia defi-nida pelos rgos normativos e executivos de trnsito (ex. Contran e Denatran) sobre a categorizao e avaliao das campanhas, seno a proposta que toda campanha educativa de trnsito deve ser cuida-dosamente planejada, conforme orientaes de pesquisa, elaborao, pr-teste e ps-teste.

    Assim sobre a sistematizao das campanhas, adaptando-se os estudos j realizados ao ambiente da pre-sente pesquisa, excepcionalmente com a inovao publicitria trazida h pouco tempo, com o advento das mdias sociais, pode-se descrever sobre as campanhas as caractersticas com as seguintes categorias:

    1) rgos ou pessoas responsveis: Autores da elaborao da campanha.

    2) Foco: Est relacionado ao assunto que ser tratado na campanha educativa, pode ter a classificao sobre: legislao, infrao, dados estatsticos, mortalidade/morbidade, socializao, acessibilidade e mobilidade sustentvel. Exemplo: Falta de ateno.

    3) Objetivo: Mesmo com o foco definido, h necessidade de se traar qual objetivo deseja alcanar com o assunto estabelecido. Exemplo: reduo do nmero de acidentes com condutores mais atentos.

    4) Estilo: Trata-se de como a campanha ser divulgada, podendo ser: chocante (agres-siva), choque implcito (no to agressiva), potica/positiva (lado sentimental das pessoas), cmica (irnica), emotivo (comoo), racional (informativo), mobilizadora (vrios atores do trnsito) e infantil (pblico infantil).

    2 STAKEHOLDER. A diferena entre programas e projetos. Disponvel em: https://goo.gl/3zav7K. Acesso em: 05mar17.

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    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    5) Pblico: Procura atingir um pblico especfico entre os vrios atores do trnsito. o alvo, como: pedestres, motociclistas, ciclistas, motoristas, taxistas etc.

    6) Meio: Trata-se da forma de comunicao a ser difundida a campanha. Exemplo: corpo--a-corpo, rdio, televiso, palestra, internet e mdias sociais.

    7) Material: Por meio de que tipo de material a campanha ser divulgada. Exemplo: pan-fleto, vdeo, outdoor, banner, camisa etc.

    8) Frequncia: a periodicidade com que divulgada a campanha.

    9) Patrocnio: Trata-se da fonte de recursos que subsidia o investimento.

    10) Execuo: a definio de quais rgos ou entidades de trnsito com incluso de de-mais organismos pblicos e privados que iro difundir a campanha.

    11) Investimento: Ser o valor que compreender os gastos da campanha.

    12) Possveis resultados: Avaliao peridica ou final da campanha.

    Por fim, com esse detalhamento, torna-se possvel construir uma adequada anlise de como est a construo, execuo e quais possveis resultados as campanhas que foram promovidas no municpio de Jaragu do Sul/SC trouxeram ao municpio.

    Legislao de Trnsito e as Campanhas Educativas

    O CTB completou 19 anos de edio e vigncia. Ao todo so 31 leis que mudaram sua essncia, com complementos, entre outros, de ainda 659 Resolues do Conselho Nacional de Trnsito (CONTRAN) e com a possibilidade de ser revogado e substitudo pelo projeto de novo CTB, em tramitao na Cmara dos Deputados (PL n. 8.085/14) (JULYVER, 2017).

    De qualquer forma, como j referenciado, existe no CTB um Captulo exclusivo para a Educao no Trnsito, sendo considerado pela doutrina como uma das mais relevantes inovaes do Cdigo, quan-do esse foi editado, assim:

    Aplauda-se a educao preconizada, imposta e exigida neste captulo, que ir da pr-escola

    Universidade (art. 77), ministrada em disciplina regular, sistemtica e obrigatria, da criana

    ao adulto; na escola e nos cursos promocionais, nas campanhas educativas (art. 76), toda uma

    estrutura no Pas, equipada e municiada de recursos financeiros (art. 79, nico) para a grande obra,

    a salvadora arrancada, a renhida batalha da Educao para o Trnsito (SILVA, 2014, p. 200-201).

    Diante da busca de interpretar a extenso do termo educao para o trnsito, extrai-se a abordagem sobre as campanhas, articuladas primariamente no artigo 75 do CTB, o qual descreve que o CONTRAN estabelecer de forma anual e permanente os temas e cronogramas das campanhas nacionais, com des-taque que os rgos ou entidades do Sistema Nacional de Trnsito (SNT) devero promover outras cam-panhas no mbito de sua circunscrio e de acordo com as peculiaridades locais (RIZZARDO, 2013).

    Aos mandamentos do citado art. 75 se junta duas importantes resolues do CONTRAN, a de n 314/09, a qual versa sobre os procedimentos na execuo e a Resoluo n 654, essa, criou um mtodo novo e contnuo com um cronograma de temas de Campanhas Educativas de Trnsito para o pas, em todo o ano de 2017.

    A Resoluo n 314/09 trouxe um breve ensaio sobre o conceito de campanha educativa, como sen-do toda a ao que tem por objetivo informar, mobilizar, prevenir ou alertar a populao ou segmento da populao para adotar comportamentos que lhe tragam segurana e qualidade de vida no trnsito (CONTRAN, 2009).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Em seu anexo, a resoluo busca realizar orientao que as campanhas de trnsito devem ser cuidado-samente planejadas com pesquisa qualitativa e/ou quantitativa, servindo para a elaborao da campa-nha e aps ser exposta ao grande pblico para pr-teste, ao trmino, haver avaliao da veiculao com um ps-teste (CONTRAN, 2009).

    Embora o art. 75 do CTB (1997) estabelea que o CONTRAN deva anualmente criar temas e cronogra-mas de campanhas de mbito nacional, somente em 2007 (Resoluo n 240) e em 2017, por meio da Resoluo n 654/17, o rgo mximo normativo descreveu um detalhamento para as campanhas de trnsito, e assim assinalou:

    a) Tema para as Campanhas Educativas de Trnsito para 2017:MINHA ESCOLHA FAZ A

    DIFERENA NO TRNSITO b) Cronograma 2017 das Campanhas Educativas de Trnsito de

    mbito nacional: Janeiro e Fevereiro - Aes de apoio Campanha RODOVIDA do Governo

    Federal; Maro - Campanha de volta s aulas; Abril - Campanha de conscientizao sobre o uso

    de motocicletas e ciclomotores; Maio - Aes de apoio ao Maio Amarelo [...]; Junho - Campanha de

    conscientizao sobre o respeito ao pedestre e ciclista; Julho - Campanha de orientao para as

    frias escolares; Agosto - Campanha de conscientizao sobre uso do celular ao volante; Setembro

    - Campanha da Semana Nacional de Trnsito [...]; Outubro - Campanha de conscientizao sobre

    consumo de lcool e direo; Novembro - Campanha do Dia Mundial em Memria s Vtimas do

    Trnsito; Dezembro - Aes de apoio Campanha RODOVIDA do Governo Federal.

    c) Mensagens a serem veiculadas em toda pea publicitria destinada divulgao ou promoo,

    nos meios de comunicao social, de produtos oriundos da indstria automobilstica ou afins, no ano

    de 2017: Minha escolha faz a diferena no trnsito; Escolha viver. Decida pelo trnsito seguro;

    Pela famlia. Escolha o trnsito seguro; e Pela vida. Escolha o trnsito seguro (CONTRAN, 2017).

    Destaca-se que em 1998 a Resoluo n 30 props que o rgo executivo e normativo nacional de trn-sito (DENATRAN e CONTRAN) promovesse campanhas permanentes de segurana do trnsito, no mbito nacional com temas especficos relacionados com fatores de risco (acidentes com pedestres, ingesto de lcool, excesso de velocidade, segurana veicular, equipamentos obrigatrios etc.) e com produo de acidentes (CONTRAN, 1998).

    Cabe destacar que existe pelo CTB, art. 320, uma previso de investimento em aes educativas de trnsito com a receita arrecadada da cobrana de multas de trnsito, onde o valor ser aplicado, exclu-sivamente, em sinalizao, engenharia de trfego, de campo, policiamento, fiscalizao e educao de trnsito, embora ainda sem regulao das consequncias da no aplicao, do mnimo e mximo (Resoluo 638/2016, CONTRAN).

    Para tanto, para Pinto (2015), perceptvel que a falta de continuidade das aes quanto s campanhas geram uma sensao de que campanhas pontuais de Educao para o Trnsito mais deseducam que ensinam, pois passam a ideia errnea, subliminarmente, de que existem alguns perodos do ano nos quais se deve cumprir mais as regras de trnsito, tomar cuidado com os riscos ou se interessar mais pelo assunto.

    Tipos de aes educativas para o trnsito em Santa Catarina

    De forma muito modesta se observa algumas aes educativas no estado de Santa Catarina. Parte-se da premissa que as iniciativas sejam de fato de origem de rgos pblicos, pois o ideal que sejam primeira-mente difundidas como polticas pblicas, pelos rgos e entidades de trnsito. Assim, no estado de Santa Catarina, o Departamento Estadual de Trnsito DETRAN/SC criou um programa de bastante relevn-cia, em 2012, recebendo um prmio nacional pela sua importncia diante da educao no trnsito. Assim:

  • 29Sociedade, Segurana e Cidadania

    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    O programa Capacitao de Professor Multiplicador em Educao para o Trnsito - Se Essa

    Rua Fosse Minha, desenvolvido desde 2006 pelo Detran de Santa Catarina, acaba de receber

    a terceira colocao, na categoria Educao no Trnsito-Projetos e Programas, no IX Prmio

    Denatran de Educao no Trnsito. A entrega do prmio, em nvel nacional,ser no dia 17 de

    dezembro, s 9 horas [...].3

    Um projeto que foi premiado nacionalmente sobre aes educativas de trnsito foi o do Departamento municipal de Educao para o Trnsito da Secretaria de Educao para o Trnsito, Defesa Social e Trnsito de So Jos/SC, o qual foi vencedor do XII Prmio de Educao no Trnsito, promovido pelo Departamento Nacional de Trnsito (Denatran) com a Gincana Cultural de Trnsito, que em 2011 mobilizou 1500 estudantes das turmas do 9 ano.4

    Tem-se ainda como exemplo a cidade de Blumenau/SC, contemplada duas vezes pela Federao Nacional da Distribuio de Veculos Automotores - FENABRAVE, com o 4 Prmio de Educao para o Trnsito, um na categoria acadmica, intitulado Diretrizes e bases de um programa de humanizao do trnsito para a cidade de Blumenau/SC, e outro na Campanha Movimento Maio Amarelo de Santa Catarina.5

    Por fim, verifica-se uma carncia muito grande de aes educativas para o trnsito em nvel estadu-al, tanto que no site do DETRAN/SC, no link Educao, encontram-se apenas referncias a Cursos de Capacitao, Condutores e a Distncia, Apostilas e Detran Junior.

    Caractersticas do Municpio e do Trnsito de Jaragu do Sul

    A emancipao poltico-administrativa da cidade de Jaragu do Sul foi em 1943, pelo Decreto n. 941. Jaragu, que em tupi-guarani significa o Senhor do Vale,cresceu e constitui hoje um parque industrial forte e diversificado, commalharias e confeces, metal-mecnica,parapentese produtos alimentcios. Por meio da industrializao, do trabalho e da cultura se identificam as atividades das etnias formadoras de seu povo, desde negros, alemes, italianos, hngaros e poloneses (JARAGU DO SUL, 2017).

    O municpio uma cidade com um diferenciado desenvolvimento econmico, isso a torna a terceira com maior concentrao de bilionrios do pas, segundo ranking, contando com trs bilionrios, con-tra 20 em So Paulo e 8 no Rio de Janeiro. Os trs nomes de Jaragu do Sul so de acionistas da WEG, companhia que fabrica motores, compressores industriais e geradores eltricos. A crise econmica no Brasil, que foi acompanhada da desvalorizao do cmbio, reduziu o patrimnio dos catarinenses em quase 40%, mas eles se mantiveram na lista com um valor de US$ 1 bilho (GAZETA DO POVO, 2016).

    A cidade torna-se a 5 maior economia de Santa Catarina, sendo conhecida como a capital nacional da malha, devido a importantes empresas do setor txtil como Malwee e Marisol e ainda possui a sede da WEG, a principal fabricante de motores eltricos do Brasil. Dessa forma, ostenta ndices invejveis de desenvolvimento social, at dentro do aspecto Segurana Pblica, pois em 2015 a cidade apresentou um baixo ndice de crimes violentos, revelando apenas dois homicdios naquele ano e apontando que a qualidade de vida, as questes geogrficas, econmicas e culturais, conjugadas com aes integradas entre poder pblico e sociedade se traduzem em respeitveis nmeros dentro do cenrio nacional e estadual (A NOTICIA, 2016).

    3 DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRNSITO (DETRAN/SC). Programa Educativo do DETRAN recebe prmio nacional. Disponvel em: . Acesso em: 04 mar. 17.

    4 DIRIO CATARINENSE. Educao no Trnsito: Trabalho de Educao para o Trnsito de So Jos premiado. Disponvel em: . Acesso em: 04 mar. 17.

    5 PEREIRA, Moacir. Fenabrave anuncia vencedores do Prmio Educao para o Trnsito. Disponvel em: . Acesso em: 04 mar. 17.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    No entanto, concernente ao trnsito, possvel afirmar, segundo levantamentos oficiais, que alguns nmeros apresentam preocupao no municpio, especialmente aos ndices de acidentalidade, com bitos, morbidades e comportamentos que demandam de interveno fiscalizatria e de educao para o trnsito.

    Assim, Jaragu do Sul conta com uma frota de 114.746 veculos para uma populao de 167.300 habi-tantes e 2.980 sinistros em 2016, resultando tudo isso em 838 pessoas feridas e 15 mortes no local dos fatos, cujo custo estimado no referido ano foi em mais de 22 milhes de reais. So 107 mil autua-es, com destaque ao excesso de velocidade (Fotossensor), que representou 44 mil autos. Em cinco logradouros, cerca de vinte quilmetros da malha viria, tem-se quase 25% dos acidentes e, por fim, entre as causas presumveis apura-se que 72% dos sinistros foram em decorrncia da falta de ateno (POLICIA MILITAR, 2016). Ressalta-se que os dados sobre a acidentalidade diz respeito a episdios de sinistros ocorridos somente nos logradouros municipais, excetuando as rodovias estaduais e federais que compem ainda a malha viria local.

    A mortalidade no trnsito em Jaragu do Sul chama ateno quando eleva o municpio ao ranking de 3 cidade com mais de cem mil habitantes no Estado, com maior ndice de mortalidade, pelo Sistema nico de Sade (SUS), cujas vtimas sejam de residentes no municpio. Assim o quadro demonstra:

    Tabela 1 Taxa de mortes por frota de veculos em municpios catarinenses com mais de 100 mil habitantes 2016

    2016 Municpio Taxa de Mortalidade Mortes Populao

    1 Lages 20,17 32 158.620

    2 Tubaro 19,29 20 103.674

    3 Jaragu do Sul 17,33 29 167.300

    4 Chapec 16,70 35 209.553

    5 Brusque 14,31 18 125.810

    6 Itaja 13,88 29 208.958

    7 Joinville 11,59 66 569.645

    8 So Jos 9,74 23 236.029

    9 Florianpolis 9,63 46 477.798

    10 Balnerio Cambori 8,35 11 131.727

    11 Blumenau 8,14 28 343.715

    12 Cricima 7,65 15 209.153

    13 Palhoa 3.72 6 161.395

    Fonte: Medeiros, 2016, p. 8.

    Como forma de combater essa triste realidade do municpio, os rgos pblicos afetos ao trnsito, nos ltimos anos, desenvolveram aes que se resumiram em campanhas na semana nacional do trnsito, marcha do silncio e do maio amarelo, alm de palestras e estmulos sociedade em geral para cons-cientizao desse triste cenrio vivido pela cidade.

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    Ncleo de Estudos Sociedade, Segurana e Cidadania

    Na iniciativa privada, Comisso Interna de Preveno de Acidente de Trabalho (CIPA), de empresas conveniadas Associao Comercial e Industrial de Jaragu do Sul (ACIJS-APEVI), por meio do Ncleo de Segurana e Sade no Trabalho, deu, no ano de 2016, uma ateno diferenciada ao trnsito. Tanto que o tema no 7 Encontro do ncleo foi acidentes de trajeto, assim como o trnsito na cidade, os nmeros sobre acidentes e causas e ainda o perigo do motorista trafegar sem ser consciente dos atos.6

    No ano de 2016, ocorreu a 8 edio do movimento Marcha do Silncio na cidade, o qual tem a fina-lidade de homenagear as vtimas da violncia no trnsito e conscientizar a populao em geral. O movimento chama a ateno para os familiares que foram vtimas, em que os participantes volunt-rios carregam cruzes e placas com mensagens representando atitudes educativas. Diante dos nme-ros alarmantes de mortes em consequncia da violncia no trnsito no mundo, a ONU (Organizao das Naes Unidas), em 2005, estabeleceu que todo o terceiro domingo do ms de novembro o Dia Mundial em Memria s Vtimas de Trnsito.7

    O Maio Amarelo, somente em 2016, teve a sua primeira edio na cidade, cujo movimento, tambm promovido pela ONU, gerou a proposta que a partir de maio de 2011 houvesse a dcada de aes para a segurana viria, com meta de reduo no Brasil de 23 para 11 bitos fatais para um grupo de 100 mil habitantes. A denominao do maio se d em razo do ms de criao do movimento internacional e do amarelo em face de ser a cor universal da segurana no trnsito e tornar-se o alerta e a ateno para um trnsito seguro.8

    O Programa Trnsito + Seguro foi uma das grandes inovaes dos ltimos anos no municpio, o qual foi criado em 2016 a partir da necessidade de aes permanentes de educao e implementao de solues voltadas reduo de acidentes e mortes no trnsito em uma unio de esforos entre Polcia Militar, Polcia Civil (CIRETRAN) e Prefeitura, com cerca de 30 entidades, que unidos formam um comi-t para d