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SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS EMBRAPA MILHO E SORGO A Ciência das Plantas Daninhas na Sustentabilidade dos Sistema Agrícolas Palestras apresentadas no XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas e XVIII Congreso de la Asociación Latinoamericana de Malezas Ouro Preto, MG - Brasil 04 a 08 de maio de 2008 Editores Técnicos Décio Karam Embrapa Milho e Sorgo Maria Helena Tabim Mascarenhas Epamig João Baptista da Silva Servittech Sete Lagoas, MG, Brasil 2008

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SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DASPLANTAS DANINHAS

EMBRAPA MILHO E SORGO

A Ciência das Plantas Daninhas na Sustentabilidadedos Sistema Agrícolas

Palestras apresentadas no

XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das

Plantas Daninhas e

XVIII Congreso de la Asociación

Latinoamericana de Malezas

Ouro Preto, MG - Brasil

04 a 08 de maio de 2008

Editores Técnicos

Décio Karam

Embrapa Milho e Sorgo

Maria Helena Tabim Mascarenhas

Epamig

João Baptista da Silva

Servittech

Sete Lagoas, MG, Brasil

2008

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Promoção

Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas DaninhasRodovia MG 424- Km 65- C.P. 151 - CEP 35701-970 - Sete Lagoas, MGTelefax: (31) 3779 1086Home page: www.sbcpd.org E-mail: [email protected]

Asociación Latinoamericana de Malezas (ALAM)Dirección Postal: Dr. Bielinski M. Santos c/o ALAM, 14625 County Rd.672, Wimauma, Florida, USA 33598Teléfono: 1-813-634-0000 ext. 3133. Fax: 1-813-634-0001

RealizaçãoEmbrapa Milho e SorgoRodovia MG 424-Km 65-C.P. 151 - CEP 35701-970 - Sete Lagoas, MGTelefone: (31) 3779 1000 - Fax: (31) 3779 1088Home page: www.cnpms.embrapa.br E-mail: [email protected]

Normalização bibliográfica: Maria Tereza Rocha FerreiraEditoração eletrônica: Tânia Mara Assunção BarbosaArte final da capa: Leonardo Pedras

1ª edição

1ª impressão (2008): 700 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui

violação dos direitos autorais (Lei Nº 9.160).CIP. Brasil. Catalogação-na-publicação.

Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas (26).: 2008: Ouro Preto, MG. A ciência das plantas daninhas na sustentabilidade dos sistemas agrícolas: palestras apresentadas no XXVI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas e XVIII Congreso de la Asociación Latinoamericano de Malezas, Ouro Preto, MG, 04 a 08 de maio de 2008; editores técnicos, Décio Karam, Maria Helena Tabim Mascarenhas, João Baptista da Silva. Sete Lagoas: SBCPD: Embrapa Milho e Sorgo, 2008.

381 p.

ISBN 978-85-98410-03-6

1. Plantas Daninhas. I. Karam, Décio, ed. tec. II. Mascarenhas, Maria HelenaTabim, ed. tec. III. Silva, João Baptista da, ed. tec. IV. Congreso de la Asociaciónde Malezas (18. : Ouro Preto, MG). V. Título.

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SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHASGestão 2006 - 2008

DiretoriaPresidente: Décio Karam

1º Vice-Presidente: Maria Helena Tabim Mascarenhas2º Vice-Presidente:Francisco Affonso Ferreira

1º Secretário: Elifas Nunes de Alcântara2º Secretário: Tarcisio Cobucci

1º Tesoureiro: Nestor Gabriel da Silva2º Tesoureiro: João Baptista da Silva

Conselho ConsultivoRobert Deuber

Júlio Cézar DuriganDionísio Luís Pisa Gazziero

Ricardo Victoria FilhoMarcus Barifouse Matallo

Roberto José de Carvalho PerreiraLuis Lonardoni Foloni

Conselho FiscalEdson Begliomini

Edivaldo Luiz PaniniAntonio Alberto da Silva

SuplentesMaurílio Fernandes de Oliveira

Lino Roberto FerreiraNeimar de Freitas Duarte

Representantes RegionaisRegião Norte: Antonio Pedro da Silva Souza Filho

Região Nordeste: Francisco Cláudio Lopes de FreitasRegião Centro: Oeste: Eliane Regina ArchangeloRegião Sudeste: Cleber Daniel de Góes Maciel

Região Sul: Aldo Merotto Júnior

Relações IntenacionaisRobinson Antonio Pitelli

Ulisses Rocha AntuniasseJoão Baptista da Silva

Pedro Luis da Costa Aguiar Alves

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Apresentação

O crescimento mundial da população urbana e a re-dução da população rural têm estimulado a adoção detecnologias para o aumento da produção agrícola. Entre-tanto, os custos de produção têm, nos últimos anos, au-mentado substancialmente devido, principalmente, à utili-zação dos insumos, geralmente originados de produtos im-portados.

Dentre os fatores que contribuem para a baixa pro-dutividade das plantas cultivadas, as plantas daninhas po-dem ocasionar, através da competição, perdas de até 90%,quando nenhum método de controle for empregado. Nesteponto de vista, o gasto com o manejo de plantas daninhastem ultrapassado, em alguns casos, mais de 12% do custoda produção. Apesar do grande avanço no desenvolvimen-to de tecnologias para o manejo das infestantes nos últi-mos 50 anos, essas ainda continuam sendo um dos grandesproblemas na produção agrícola mundial.

A insuficiência de conhecimento básicos, tais comoa biologia, ecologia, e a dinâmica das plantas daninhas, asalternativas de controle, a dinâmica de herbicidas e impac-tos ambientais tem contribuido para o uso indiscriminado eo aumento significativo na probabilidade de contaminaçãoambiental e impacto na saude humana.

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A presente obra, elaborada de forma conjunta pelaSociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas -SBCPD, a Asociación Latino-Americana de Malezas – ALAM,a Embrapa Milho e Sorgo e a EPAMIG, teve como objetivocompilar as apresentações realizadas no XXVI CongressoBrasileiro da Ciência das Plantas Daninhas e o XVIII Congresode la Asociación Latino-Americana de Malezas,disponibilizando conhecimentos técnicos que contribuirãopara a implantação do Manejo Integrado. Esta publicaçãotraz o que há de mais atual e tecnicamente recomendadopara a sustentabilidade dos sistemas de produção quantoao Manejo Integrado de Plantas Daninhas, para que sejautilizado de forma ambientalmente e socialmente mais cor-reta.

Décio KaramPresidente SBCPDBiênio 2006-2008

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Sumário

Capítulo 1

A Ciência na Sustentabilidade dos SistemasAgrícolas ................................................................................ 13

Capítulo 2

Importância do Ensino da Disciplina de Plantas Daninhas naFormação dos Profissionais da Área Agrícola.............................. 27

Capítulo 3 - Biodiversidade de Plantas Daninhas

Biodiversidad de Malezas .......................................................... 47

Invasive Plants and Weed Biodiversity ...................................... 65

Modelos de Estudos da Biodiversidade de Plantas ........................ 75

Capítulo 4 - Plantas Daninhas Aquáticas

Manejo de Plantas Aquáticas em Reservatórios deHidrelétricas no Brasil ............................................................... 85

Manejo de Malezas Acuáticas en la Región Surde América Latina .................................................................... 93

Impacto Ambiental de Herbicidas no Meio Aquático ................... 107

Capítulo 5 - Manejo Integrado de Plantas Daninhas emCana-de-Açúcar

Manejo Integrado de Plantas Daninhas em Cana-de-Açúcar emGrandes Unidades de Produção - Visão Prática............................ 117

Dinâmica dos Herbicidas no Solo e as Recomendações em ÉpocaSeca x Úmida .......................................................................... 135

Reduced Tillage in Florida Sugarcane ......................................... 143

Uso de Maturadores na Cultura da Cana-de-Açúcar .................. 147

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Capítulo 6 - Manejo Integrado de Plantas Daninhas em Soja

Evolução no Manejo de Plantas Daninhas em Soja ...................... 153

Capítulo 7Variedades Resistentes a Herbicidas: Legislação e Liberação ....... 165

Capítulo 8 - Interação Herbicida-Ambiente

Lixiviação e Contaminação das Águas do Rio Corumbataí porHerbicidas ................................................................................ 181Fitorremediação de Solos com Residual de Herbicidas ............... 193

Modelagem da Bioconcentração de Herbicidas em Plantas .......... 201

Capítulo 9 - Resistência de Culturas e Plantas Daninhas aHerbicidas

Crop and Weed Resistance to Glyphosate: A Global Overview ... 211Manejo e Controle de Plantas Daninhas Resistentes aoGlifosato no Brasil .................................................................... 223

Capítulo 10

Potencial de Utilização e Manejo de Plantas Daninhas nasCulturas da Mamona, Girassol e Pinhão Manso .......................... 235

Capítulo 11 - Dinâmica Espacial e Temporal de Plantas Daninhas

Modelos Espaciales y Temporales de la Dinámica dePoblaciones de Malezas ............................................................ 243

Distribuição Espacial do Banco de Sementes de Plantas Daninhas 249

Técnicas de Sensoriamento Remoto para o Mapeamento daDistribuição Espacial de Plantas Daninhas .................................. 255

Risk Analysis for Weed Occurrence .......................................... 263

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Capítulo 13 - Manejo de Plantas Daninhas em SistemasAgroecológicos

Pontos de Vista da Extensão Rural sobre o Manejo de PlantasDaninhas em Sistemas Agroecológicos ...................................... 341

Alternativas de Controle de Plantas Daninhas em Grandes

Culturas................................................................................... 345

Manejo de Malezas Y Registro de Herbicidas para la Producción

de Hortalizas en Florida, Estados Unidos ..................................... 353

Capítulo 14 - Manejo de Plantas Daninhas em PovoamentosFlorestais

Sistema Agroflorestais - Manejo de Plantas Daninhas.................. 361

Efeito do Glyphosate na Severidade da Ferrugem(Puccinia psidii) do Eucalipto ..................................................... 371

Visão Empresarial do Manejo de Plantas Daninhas emPovoamentos Florestais ............................................................. 379

Capítulo 12 - Tecnologia de Aplicação de Herbicidas

Segurança das Condições de Trabalho com Herbicidas ............... 273

Controle de Qualidade na Aplicação de Herbicidas .................... 281

Métodos de Aplicação de Herbicidas para Pequenas Propriedadese Áreas Declivosas .................................................................. 291

Avanços Tecnológicos em Equipamentos para Aplicação deHerbicidas................................................................................. 331

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A Ciência na Sustentabilidade dos SistemasAgrícolas

Capítulo 1

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A Ciência na Sustentabilidade dos Sistemas Agrícolas

Sílvio Crestana1; José Eloir Denardin2; Ricardo Alamino Figueiredo3

1Pesquisador e Diretor-Presidente da Embrapa, Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária, [email protected] , Embrapa Sede, PqEB, Av.

W3 Norte, CP 040315, 70770-901, Brasília–DF; 2Pesquisador, EmbrapaTrigo, Rod. BR 285 - km 294, CP 451, 99001-970, Passo Fundo–RS; 3

Pesquisador e Assessor da Diretoria Executiva, Embrapa Sede,Brasília – DF.

Introdução

O debate sobre desenvolvimento sustentável tem re-percussões diretas sobre como o homem viverá e produziráde agora em diante, ou seja, trata da redefinição dos mode-los de consumo, da gestão empresarial do agronegócio, in-dustrial ou de serviços, bem como, da essencial contribui-ção da Ciência e da formulação e implementação de novaspolíticas públicas nacionais e internacionais. Isto se eviden-cia por ser fisicamente impossível, manter os atuais níveisde população e de riquezas sem que sejam utilizados recur-sos naturais não renováveis (CRESTANA, 2001), (HALL,2000).

Ciência e Revolução Verde

A Ciência, ao gerar e transferir tecnologias (C&T), alavancoua chamada primeira Revolução Verde que, partindo dos paí-ses desenvolvidos, possibilitou uma enorme expansão da pro-dução e da produtividade agrícola em países menos desen-volvidos, particularmente a partir da década de 1970. NoBrasil, durante esta “revolução”, a ciência por meio das insti-tuições de C&T (ex.: Embrapa, Sistema Nacional de PesquisaAgropecuária - SNPA, universidades e institutos de pesqui-sa) conquistou o conhecimento em Agricultura Tropical. Pormeio deste conhecimento associado a políticas públicas ade-quadas, ao trabalho do agricultor e do setor privado, foipossível reduzir expressivamente o período necessário paramelhoramentos e adaptações genéticas, bem como o ciclo

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de inovações no cultivo. Isto permitiu que fosse feito aqui,em três décadas, o que a Europa fez em três milênios (CAS-TRO, 2006). Foram, portanto, inegáveis os ganhos para asnações que conseguiram incorporar e adaptar novastecnologias e manejos em sua produção, possibilitando gera-ção de riquezas e equilíbrio de suas balanças comerciais,conquista de segurança alimentar e redução do preço dosalimentos. Em suma, trouxe bem-estar para o homem docampo e da cidade. Países como o Brasil e a Índia são fortesexemplos de beneficiados a partir deste fenômeno.

No entanto, se a agricultura foi a principal forma deutilização dos recursos naturais e de ocupação do ambientepelo homem, permitindo produzir em quantidade e qualida-de, alimentos e fibras para suas populações (TAVARES etal., 2008), esta foi e continua sendo uma das mais importan-tes fontes de impactos ao ambiente (CHIRAS, 1995; WHITE,1997). O intensivo uso de insumos derivados de petróleo,questões sociais como a dificuldade de incorporação dastecnologias e do modelo de gestão pela agricultura de menorescala, êxodo rural, poluição, riscos à biodiversidade, usoexaustivo de recursos naturais (ex.: solos, água e florestas),dentre outros, acabaram por descortinar um novo momento.Neste novo cenário, o setor agrícola é, por suas característi-cas, campo propício para se integrar o propósito dasustentabilidade ecológica com crescimento econômico so-cialmente desejável (ROMEIRO, 1998). Esta realidade que seapresenta é denominada por alguns de “Segunda RevoluçãoVerde”. Ignacy Sachs reforça que se desenvolva o mais bre-vemente possível uma “Revolução Duplamente Verde”. Con-siderado um “ecossocioeconomista” e defendendo ainteração destas dimensões desde os anos 1970, concebe odesenvolvimento como uma combinação do crescimentoeconômico, com aumento igualitário do bem-estar social epreservação ambiental. Desta forma, por meio de uma “Res-ponsabilidade ou Solidariedade Sincrônica”, cuidar-se-iaadequadamente do aspecto social da geração atual e poruma “Responsabilidade ou Solidariedade Diacrônica” traba-lhar-se-ia o social das gerações futuras, traduzidas na ges-

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tão do aspecto ambiental, hoje (SACHS, 1990). O aspectoeconômico, as políticas públicas e a C&T seriam então, asformas de sistematizar estes componentes.

Portanto, a percepção do limite dos recursos naturaissomada às demandas crescentes por alimentos, fibras eenergia, decorrentes da expansão do mercado interno eexterno, pelo crescimento de países emergentes (ex.:China,Índia, Rússia, Coréia do Sul, África do Sul, entre outros) eas expectativas de aumento no consumo mundial debiocombustíveis, traz consigo, o questionamento dasustentabilidade.

Sustentabilidade e Sistemas Agrícolas: Um Modelo Com-plexo

É bastante comum que o conceito de sustentabilidadeseja associado ao sentido do adjetivo “sustentável” ou doverbo “sustentar”. Porém, é preciso considerar o verdadeirosignificado do termo como algo a ser entendido num contex-

to sistêmico. Este discernimento pode ser percebido pelailustração que se segue (Figura 1).

Figura 1. Relações entre componentes de um sistema e con-seqüências da proposição: a) proposição sustentável e ob-jeto sustentado; b) objeto sustentável e proposição insus-tentável; e c) objetos sustentáveis e proposição sustentávelà emergência de sustentabilidade (D’AGOSTINI, 2004).

Verifica-se na representação que, alguns elementos,individualmente (Figura 1b), ou num sistema sem complexi-dade estrutural (Figura 1a), só podem ser sustentados, masnão se sustentam. Infere-se então que, quando se passa de

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sistemas apenas sustentáveis para sistemas de mínima com-plexidade organizacional entre seus componentes, o signifi-cado implícito no sustentável não trata apenas da possibili-dade de sustentar o sistema, mas também da possibilidadede fazer emergir sustentabilidade dele (Figura 1c).

Aplicando-se esta concepção sistêmica às questõesdo componente solo, percebe-se que o conceito da fertili-dade deste, restrito a fatores de natureza química, é insufi-ciente diante da complexidade das inter-relações envolvi-das. Desta forma, a gestão de sistemas agrícolas, baseadaapenas nas relações minerais de fertilidade do solo, não seinsere no equilíbrio dinâmico do agroecossistema e de seuentorno. A estrutura do solo, por exemplo, exerce papelpreponderante, já que a quantidade e a qualidade de carbo-no orgânico gerado, juntamente com o seqüestro de carbo-no orgânico e a prevenção de perdas de qualquer ordem(erosão, lixiviação, volatilização, eluviação, etc), são impor-tantes referências para a gestão de sistemas agrícolas. Por-tanto, os sistemas agrícolas e os modelos de produção sãopeças - chave para realçar a relevância da biodiversidade naprodução de carbono orgânico e na estruturação do solo.Menos visível, mas igualmente importante, é a miríade demicroorganismos do solo, polinizadores e inimigos naturaisde pragas e doenças que produzem papel regulatório essen-cial à produção agrícola (JARVIS et al., 2007). Assim, enten-de-se o sistema agrícola como a interação dos fatores ambi-ente (potencial energético), planta/animal (potencial gené-tico) e solo (fertilidade) que resultará na produtividade agrí-cola. Esse relacionamento de fatores pode ser evidenciadoem sistemas agrícolas extensivos, em que a qualidade e aquantidade de material orgânico gerado pelo fator genéti-co, em interação com o ambiente e o solo, faz emergirfertilidade do solo.

Já o modelo de produção dos sistemas agrícolas, con-fere qualidade, quantidade e periodicidade ao aporte de car-bono ao solo e, associado ao manejo aplicado aos resíduosculturais, também induz fertilidade ao solo. Isto poderá ocor-

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rer, por exemplo, com modelos de produção que integremespécies geneticamente melhoradas para característicascomportamentais e estruturais. Portanto, na busca porsustentabilidade, é fundamental a transdisciplinaridade dasCiências do Solo, da Genética, do Ambiente, da Mecânica,entre outras, estreitamente envolvidas nas complexas rela-ções dos sistemas agrícolas.

Ampliando este raciocínio para o agronegócio, a vi-são isolada da otimização de sistemas agrícolas, apoiadaapenas nos aspectos agronômicos, nos processos envolvi-dos na produção “dentro da porteira” ou mesmo de cadeiasprodutivas justapostas, também não mais abarcam as ne-cessidades atuais e futuras do homem e de seu habitat, aTerra. Observa-se que, a partir da interação social do ho-mem e de sua interação com o ambiente, considerado fon-te (insumos), meio (processo) e destino (contaminação) desua produção, são geradas uma série de respostas, que po-dem ser interpretadas a partir de suas inter-relações, em ummodelo matricial (Figura 2).

Fonte: Desenho da matriz adaptado de “Global Risks , World Economic Forum2007”Vários tópicos: Adaptados de SALATI et al. in: “Dossiê Brasil: O país nofuturo 2022, IEA-USP, 2006”

Figura 2. Matriz Ambiental-Sócio-Econômica da Agricultu-ra.

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Era do Conhecimento e Sustentabilidade

Portanto, no momento em que se vive uma onda dedesenvolvimento intitulada “Era do Conhecimento”, a C&Tse apresenta como um poderoso instrumento para forjaruma economia que contemple necessariamente o social e oambiental. É, assim, fundamental que o conhecimento setransforme efetivamente em benefícios para a sociedade epara o planeta. Para fazer frente ao grande desafio dasustentabilidade, novas demandas e ferramentas ampliam aagenda de C&T, como agroenergia, biotecnologia ebiossegurança, mudanças climáticas e monitoramentoterritorial por satélite, nanotecnologia e agricultura de pre-cisão, modelagem de sistemas complexos, entre outras. AEmbrapa junto ao SNPA e em parcerias com universidades,institutos de pesquisa e setor privado, tem trabalhado so-bre um modelo em matriz, que cubra os biomas brasileiros(Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica ePampa) sob três vertentes: 1) Ordenamento, Monitoramentoe Gestão do Território; 2) Manejo, Valorização e Valoraçãodos Recursos Naturais dos Biomas e, 3) ProduçãoAgropecuária e Florestal Sustentável em Áreas Alteradas ede Uso Alternativo.

As monoculturas, embora mais simples de seremimplementadas, tendem a manter os problemas originadospelas culturas anuais, principalmente milho, soja, trigo ealgodão (JORDAN et al., 2007). Deste modo, a associaçãodas tecnologias já existentes entre si e às novas descober-tas, na forma de sistemas tecnológicos e não apenas deprodutos ou processos isolados, pode trazer importantessoluções às necessidades atuais da sociedade e do ambien-te. Dentre estas, destacam-se os sistemas integrados sus-tentáveis como: produção de biomassa com múltiplas espé-cies, sistema plantio direto com rotação e consorciação deculturas, uso consorciado de espécies perenes, recuperaçãode áreas degradadas, cultivo de florestas de espécies nati-vas, manejo de áreas alagadas, integração da produção debioenergia e alimentos, controle biológico de pragas e do-

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enças, insumos agrícolas e rotas biológicas como comple-mento às químicas dependentes de material fóssil (ex.: lodode esgoto urbano e rural, resíduos da biomassa - bagaço,palha, torta, resíduos agroindustriais etc), entre outras. To-mando apenas resultados da integração lavoura–pecuária–floresta, na recuperação de áreas de pastagem degradadasno Cerrado, para cada hectare de pasto recuperado por estesistema, preserva-se 1,8 hectares de floresta nativa. Exerceainda um papel relevante, o acompanhamento dos produ-tos e processos gerados pelas instituições de C&T, sejampúblicas ou privadas, avaliando ex-ante e ex-post, os im-pactos econômicos e sócio-ambientais de suas tecnologias,conforme pode ser demonstrado por Magalhães et al. (2006),entre outros trabalhos. Para ser efetiva e eficaz na transfe-rência destas tecnologias e na geração de inovação, aEmbrapa faz parcerias estratégicas com grandes empresas eorganizações público-privadas (ex.: Bunge, Monsanto, Basf,Dow, Pioneer, Brasif, John Deere, Única, Jircas, Petrobrás,Infraero), bem como, com médias e pequenas, inserindo-seno setor produtivo para ações de grande impacto comerci-al. São parcerias em biotecnologia de sementes, melhora-mento genético animal e vegetal, máquinas, equipamentose processos agrícolas, sistemas de produção sustentáveis,que são colocados no mercado nacional e quando estraté-gicos tornam-se objeto de negociação internacional. Paraexecutar ações de grande impacto social, tendo como pú-blico alvo a agricultura familiar, assentados, comunidadestradicionais como indígenas e quilombolas, a Embrapa tam-bém faz parcerias institucionais com CONTAG, MST, SAF /MDA, INCRA, Sec. Inclusão Social - MCT, MMA, Min.Integração, MDIC, ANVISA / MS, Sec. da Pesca, ANA,FUNASA, DRS - Banco do Brasil, Petrobrás, SENAR, entreoutras. Pode-se assim, desenvolver diversas ações como Pro-grama de Sementes e Mudas, Projeto Barraginhas, Progra-ma Balde Cheio, Fossa Asséptica, Agregação de Valor àProdução Agroindustrial Familiar, Tecnologias para Produ-ção de Leite de Qualidade, Caprinos, Ovinos, Suínos, Aves,Piscicultura, Apicultura, Frutas, Hortaliças e Grãos. São usa-das para isto diversas ferramentas, dentre elas o Programa

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de Rádio Prosa Rural, Dias de Campo, Dias de Campo naTV, dentre outras. Na esteira destas inovações, a proteçãointelectual é trabalhada tanto com objetivos comerciais,quanto para finalidades sociais (ex.: proteção de sementespara uso na agricultura de menor escala).

Na esfera global, a busca por sustentabilidade dossistemas agrícolas, bem como, a da espécie humana pres-cinde do fortalecimento dos fóruns de discussão dos mode-los de desenvolvimento desejados para o planeta (ex.: Pro-tocolo de Kyoto, Eco Rio 92, IPCC – PainelIntergovernamental em Mudanças Climáticas) e do conse-qüente compromisso das nações com esta realidade (ex.:substituição gradual da matriz energética fóssil e reduçãoda emissão de gases de efeito estufa, investimentos emP&D de mudanças climáticas, como avaliação devulnerabilidades nos biomas, ações de mitigação dos efei-tos e de adaptação, entre outras). Na esfera nacional, éimprescindível a formulação e a integração de políticas pú-blicas à C&T para fazer frente à complexidade das deman-das (ex.: investimentos na produção agrícola atrelados aum claro modelo de desenvolvimento e ao mercado,zoneamento agro-econômico-ecológico, produção de etanole biodiesel com orientação social e ambiental, resoluçãodas áreas de vazios institucionais e tecnológicos, parceriaspúblico-públicas e público-privadas para C&T, rastreabilidadee certificação). Tendo em vista estas e outras complexasdemandas, a Embrapa prepara seu próximo Plano Diretor(PDE 2008 – 2011) considerando os cenários da pesquisaagrícola no horizonte dos próximos 15 anos (2008 – 2023),quando ela completará 50 anos de sua criação. E, reconhe-cendo a importância que a pesquisa agrícola teve e terá nodesenvolvimento sustentável do país, o Governo Federal,representado pelo presidente Lula, encomendou um Planode Fortalecimento e Crescimento da Embrapa (2008 – 2010),no qual também se inclui o SNPA. O retorno social destapesquisa pode ser comprovado no Balanço Social daEmbrapa em 2006, onde se verifica que para cada Real apli-cado, retornaram para a sociedade R$ 13,20 (lucro social

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de R$ 14 bilhões, 112.504 empregos gerados pelastecnologias e 582 ações de relevante interesse social).

Considerações Finais

Na primeira Revolução Verde, a C&T aliada às políti-cas públicas trouxe significativo desenvolvimento, porémbaseado particularmente na variável econômica (aumentode produção e produtividade com redução de custos). Jána esperada “Segunda Revolução”, a agricultura deverá pro-duzir produtos, serviços e conhecimento sob novos desafi-os e oportunidades. Neste contexto, políticas públicas eC&T devem permitir que se desenvolvam e se viabilizemsistemas agroindustriais integrados e sustentáveis que con-templem as dimensões econômica, social, ambiental, de re-dução das desigualdades regionais e da inserção global so-berana dos países menos desenvolvidos.

Palavras-Chave: Desenvolvimento Sustentável, Ciência &Tecnologia, Agricultura.

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Capítulo 2

Importância do Ensino da Disciplina de PlantasDaninhas na Formação dos Profissionais da

Área Agrícola

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Importância do Ensino da Disciplina de PlantasDaninhas na Formação dos Profissionais da

Área Agrícola

Edivaldo Domingues Velini

Faculdade de Ciências Agronônicas / UNESP – Campus de Botucatu

Décio Karam

Embrapa Milho e Sorgo

1. Justificativa para o estudo das plantas daninhas edos métodos utilizados para controla-las

O conhecimento se mostra mais complexo a cada dia.Um sistema de produção consiste em uma intrincada redede conhecimentos e tecnologias entre si dependentes e in-terligados. As plantas daninhas são importantes componen-tes dos sistemas de produção agrícolas, pecuários e flores-tais, mas também estão presentes, causando problemas,em áreas urbanas, industriais, rios e lagos, rodovias e ferro-vias.

Desse modo, os conhecimentos sobre plantas daninhasnão devem ser ministrados somente nos cursos diretamenterelacionados à produção e transformação da biomassavegetal (Engenharia Agronômica, Engenharia Agrícola,Zootecnia e Engenharia Florestal) mas também em cursosque lidam com sistemas de produção de natureza biológicaou com possíveis impactos de sistemas de produçãoindustriais sobre ecossistemas, como são os cursos debiologia e ecologia, por exemplo.

Os cursos com maior justificativa para o estudo dasplantas daninhas são aqueles relacionadas a agricultura? Ésabido que o crescimento populacional, principalmente nospaíses em desenvolvimento, vem estimulando a geração e aadoção de tecnologias para o aumento da produtividadeagrícola, sem as quais não seria possível a segurança

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alimentar. A introdução de fertilizantes, a mecanizaçãoagrícola, o conhecimento dos princípios da genética e ouso de defensivos agrícolas são apontadas como as principaistécnicas responsáveis pelo aumento da produção dealimentos no mundo (Zimdahl, 1999). De acordo cominformações da FAO, aproximadamente 30% do total daprodução ainda é perdida a cada ano pela infestação deinsetos, patógenos e competição por plantas invasoras,apesar do crescente aumento de uso de agroquímicos noscultivos. Somente no Brasil esta prática representaanualmente, o movimento de cerca de US$ 2,5 bilhões.

Dentre os fatores que contribuem para a baixaprodutividade das plantas cultivadas as plantas daninhaspodem ocasionar, através da competição, perdas médias deaproximadamente 15% na produção mundial de grãos(Walker, 1975; Labrada, 1992), podendo essas perdas, emalguns casos serem superiores a 90%. Com base nas perdasmédias mundiais decorrentes da interferência das plantasdaninhas nas culturas, a redução da produção de grãos, nasafra nacional de 2006/2007, foi estimada em 15 milhõesde toneladas.

Praticamente todas as informações apresentadas so-bre danos provocados por plantas daninhas limitam-se àspossíveis reduções de produtividade agrícola, mas há váriosoutros efeitos que devem ser considerados. Na agriculturamoderna, em que se buscam altas produtividades, não háespaço para o cultivo sem controle de plantas daninhas.Uma vez constituído o banco de sementes no solo, é certoque haverá a necessidade do uso de práticas de controle e,conseqüentemente, do gasto com as mesmas. As culturasestarão preservadas dos efeitos das plantas daninhas, maso sistema de produção foi penalizado com os custos decontrole. Em culturas anuais, os custos com controle po-dem variar bastante mas normalmente são superiores aR$100/ha.safra. Em culturas semi-perenes ou perenes, osvalores normalmente encontram-se entre R$100 e R$1.000/ha em cada ano ou safra, mas podem superar este valor

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máximo em locais de difícil acesso, como áreas dereimplantação de florestas em margens de rios e reservató-rios.

É oportuno comparar economicamente o controle deplantas daninhas ao controle de outros organismos que tam-bém promovem perdas de produtividade agrícola. A partici-pação dos herbicidas, em 2004, no mercado brasileiro dedefensivos agrícolas corresponde a 40% , enquanto quefungicidas corresponde a 31% e inseticidas 24% (Figura 1).O consumo de herbicidas tem crescido em termos de parti-cipação no mercado total de defensivos.

Figura 1. Participação das diferentes classes de defensivosagrícolas no mercado do Brasil de 2004.

Também há a preocupação com os efeitos dos agen-tes ou métodos de controle. As plantas daninhas são plan-tas, assim como as plantas cultivadas. Não é simples de-senvolver métodos de controle capazes de controlar umgrande número de espécies de plantas daninhas sem quehaja qualquer dano à cultura. Há sempre o risco de intoxi-cação da cultura, promovendo a morte ou a redução daprodutividade da mesma. Também podem ocorrer riscos aculturas que sucedem aquela em que o controle foi realiza-do. A preocupação dos produtores com a seletividade dos

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métodos de controle, com destaque para os herbicidas, écrescente e hoje é consenso que o melhor sistema de con-trole é, antes de tudo, o que preserva a capacidade de pro-dução da cultura. A seletividade é uma propriedade de umherbicida, aplicado em um determinado momento, em umadeterminada dose e cultura. Pode ser reduzida ou ampliadadependendo do tipo de solo, regime de chuvas, variedadeda cultura, dose e técnica de aplicação utilizada. O manejoda seletividade é tão complexo quanto o manejo do contro-le, mas tem recebido uma atenção muito menor em termosde ensino e, também, de pesquisa. Muito pouca atençãotem sido dada a este aspecto em nossos eventos e cursos.

Os danos provocados por plantas daninhas não selimitam a áreas agrícolas. Podem estar presentes e causarproblemas em áreas industriais, urbanas, rodovias, ferrovi-as, lagos, rios, linhas de transmissão de energia, oleodutose gasodutos, por exemplo. Em rodovias e ferrovias interfe-rem na sinalização, escoamento de água, aumentam o riscode incêndios e, especificamente para ferrovias, podem limi-tar a tração e frenagem das composições. Em linhas detransmissão, oleodutos e gasodutos o maior dano está as-sociado ao risco de incêndios na estação seca. Em rios elagos, as plantas aquáticas presentes em pequenas quanti-dades podem promover grandes benefícios, mas em gran-des infestações, podem interferir intensa e negativamenteno uso múltiplo das coleções de água, limitando atividadesde recreação, o uso para consumo animal ou humano, au-mentando as perdas de água por evapo-transpiração, redu-zindo a capacidade de geração de energia elétrica ou difi-cultando o transporte e reduzir a oxigenação da água. Emrodovias e ferrovias, os custos com controle podem alcan-çar R$2.000 / km.ano. O controle de plantas aquáticassubmersas ou flutuantes pode ter custos de até R$10.000/ha e o de plantas emergentes, como as taboas, pode alcan-çar R$120.000/ha.

O controle de plantas daninhas em cada um destesmercados tem se tornado cada dia mais complexo, deman-

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dando conhecimentos sobre biologia das plantas e tambémsobre eficácia, seletividade, características operacionais,custos e riscos ambientais dos métodos de controle. A pa-lavra de ordem em todas as atividades humanas ésustentabilidade. A sustentabilidade deve ser vista em seumodo mais amplo incluindo as vertentes ambiental, econô-mica e social. Planejar programas de controle de plantasdaninhas sustentáveis é um desafio que demanda diferen-tes tecnologias e conhecimentos várias áreas conhecimen-to humano.

Portanto, a ciência das plantas daninhas, onde é estu-dada a biologia incluindo taxonomia, ecologia e dinâmicapopulacional das plantas daninhas, torna-se fundamentalaos engenheiros agrônomos para que possam identificar ecaracterizar corretamente os problemas dos agricultores eassim recomendar técnicas de controle adequadas às con-dições de campo.

Atualmente, técnicas de manejo são requeridas naagricultura agroecológica dando sustentabilidade à produ-ção e ao meio ambiente. Para isso, os engenheiros agrôno-mos devem, além de possuírem os conhecimentos básicosdas espécies daninhas presentes no local, terem oembasamento técnico dos métodos de controle existentese passíveis de utilização. Com isso conhecer sistemas deprodução com as rotações e sucessões de culturas na dinâ-mica populacional das plantas daninhas é de extrema im-portância quando os técnicos forem elaborar recomenda-ção técnica de manejo.

Visto que 40% do valor comercializado com defensi-vos referem-se aos herbicidas, também se torna fundamen-tal o conhecimento desses compostos e a ação dos mes-mos no ambiente. A relação dos herbicidas com o solo, arelação dos herbicidas com as águas superficiais e subterrâ-neas, a relação do herbicida com as plantas e mesmo arelação dos herbicidas com as pessoas, são consideradosfundamentos essenciais para a sustentabilidade da produ-

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ção agrícola. Deve-se ressaltar que as plantas daninhas vêmcausando efeitos negativos não só para a produção de grãos,mas também para os sistemas agropastoris, agroflorestais,aquáticos, urbanos, produção de olerícolas e frutas alémdas áreas não agrícolas como ferrovias, rodovias e linhas detransmissão elétricas.

Além do efeito direto causado pelas plantas daninhasexistem também os efeitos indiretos dessas nas culturas,como hospedeiras alternativas de pragas, moléstias,nematóides e plantas parasitas. Como hospedeiras denematóides, as plantas daninhas podem inviabilizar os pro-gramas de controle através da rotação de culturas. Parailustrar este efeito, no Brasil já foram relatadas 57 espéciesde plantas daninhas como sendo hospedeiras alternativasdo nematóide Meloidogyne javanica, que é responsável porredução da produção de várias culturas, incluindo a soja.

O agronegócio tem sido um dos grandes alicerces daeconomia brasileira representando em torno de 27% do Pro-duto Interno Bruto Brasileiro. Desses a agricultura participacom aproximadamente 71% e a pecuária com 28% (Figura2). Também a agricultura é importante devido à necessida-de de produção de alimentos que deve ser sempre superiorà necessidade da demanda pela população. A produção degrãos do Brasil, em 2006, foi de aproximadamente, 100milhões de toneladas, o que contribui ao Produto InternoBruto (PIB) nacional, em 2005, com aproximadamente 45bilhões de dólares o equivalente a 25% do PIB da agricultu-ra.

A importância do agronegócio no Brasil, também podeser reconhecida através da criação de escolas especializadasem agricultura que se iniciaram ainda na época em que oBrasil era colônia de Portugal. Os primeiros cursos práticos,em agricultura, foram criados na Bahia, em 1812, e no Riode Janeiro, em 1814. Em 1818, o primeiro curso para for-mação de engenheiros agrônomos foi criado na Alemanha,enquanto que no Brasil, a Imperial Escola Agrícola da Bahia

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foi inaugurada em 15 de fevereiro de 1877, em São Francis-co do Conde, após dois anos de sua criação, com cursosdivididos em dois grupos: o elementar, que preparavam ope-rários e regentes agrícolas e florestais, e o superior, queformava os engenheiros agrônomos, engenheiros agrícolas,silvicultores e veterinários. Atualmente esta escola é deno-minada de Escola de Agronomia da Universidade Federal daBahia, tendo seu campus em Cruz das Almas.

Figura 2. Participação da agricultura e pecuária no ProdutoInterno Bruto (PIB) do Brasil.

Em 1883, na cidade de Pelotas, no Rio Grande doSul, começou a funcionar regularmente em 1833, a segun-da escola agrícola do país, denominada através de decretode Imperial Escola de Veterinária e Agricultura. Atualmenteno Rio Grande do Sul. Fundada, por decreto imperial, rece-beu o nome de Imperial Escola de Medicina Veterinária eAgricultura. Practica. Em 1909, muda-se o nome desta es-cola para Escola de Agronomia e Veterinária que em 1926passa-se a chamar Escola de Agronomia e Veterinária EliseuMaciel. Em 1934 os cursos de agronomia e veterinária tor-nam-se independentes e a escola passa a chamar Escola deAgronomia Eliseu Maciel. Fato que merece registro é que,em 1915, a primeira mulher diplomada em agronomia, noBrasil, pertenceu a esta escola.

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No Estado de São Paulo foi criada a primeira a Esco-la Politécnica que implantou em 1894 o curso de engenha-ria agronômica que em 1910, após seis anos de funciona-mento, com um total de 23 profissionais formandos, foidesativada. Através de decreto da Lei nº 683/A, de 29 dedezembro de 1900, foi criado a Escola Prática São João daMontanha, em Piracicaba. No ano seguinte, em 19/03/1901passa-se a ser denominada de Escola Agrícola Prática “Luizde Queiroz”, hoje conhecida como Escola Superior de Agri-cultura “Luiz de Queiroz”.

No estado de Minas Gerais, a Escola Superior de Agri-cultura e Veterinária - ESAV, criada através do Decreto6.053, de 30 de março de 1922, do então Presidente doEstado de Minas Gerais, Arthur da Silva Bernardes foi inau-gurada em 28 de agosto de 1926. Em 1948, o governo doEstado de Minas Gerais transformou esta escola em Univer-sidade Rural do Estado de Minas Gerais – UREMG, que eracomposta pela Escola Superior de Agricultura, Escola Su-perior de Veterinária, Escola Superior de Ciências Domesti-cas, Escola de Especialização (Pós-Graduação), do Serviçode Experimentação e Pesquisa e do Serviço de Extensão.Em 15 de julho de 1969, o Governo Federal assumiu o con-trole e denominou a universidade com o nome de Universi-dade Federal de Viçosa.

A partir da criação e instalação da primeira escolavoltada a atividades agrícolas, o número de instituições eestudantes tem crescido. No ano de 2005, 138 cursospresenciais de graduação em agronomia estavam aprova-dos e em funcionamento (Figura 3) com 34763 alunos ma-triculados (Figura 4) e 4475 formandos (Figura 5). Em 2006,as regiões do norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sulcontavam, respectivamente, com 14, 21, 34, 44 e 38 cur-sos presenciais de agronomia em funcionamento (Figura 6).

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Figura 3. Cursos presenciais de graduação em agronomia,em 2005, no Brasil.

Figura 4. Número de alunos matriculados, em 2005, noscursos presenciais de agronomia no Brasil.

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Figura 5. Número de alunos graduados em 2005 nos cursospresenciais de agronomia no Brasil.

Figura 6. Número de cursos presenciais, no Brasil, em agro-nomia no ano de 2006.

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Considerando a importância das plantas daninhas eda agricultura para o desenvolvimento do Brasil, fica claroque o conhecimento da ciência das plantas daninhas, comoa biologia, ecologia, dinâmica e métodos de controle dasmesmas, são imprescindíveis na formação dos engenheirosagrônomos e profissionais que exerçam atividades relacio-nadas à produção agrícola. A disciplina “Plantas Daninhas”,embora não conste, como conteúdo profissional essencial,das diretrizes curriculares nacionais publicadas no DOU de03 de fevereiro de 2006, muitas escolas tem adotado essadisciplina como fundamental para a formação de novos en-genheiros agrônomos. Em várias escolas e universidades,assuntos relacionados à ciência das plantas daninhas têmsido ministrados em disciplinas como fitotecnia oufitossanidade de forma superficial, muitas vezes não abor-dando todo o conteúdo necessário para que os futuros pro-fissionais tenham o discernimento da importância e da es-colha da melhor opção de manejo de invasoras. A grandequantidade de informações técnicas e cientificas continua-mente disponibilizadas, na área da ciência das plantas dani-nhas, e a necessidade de conhecimento dessas informa-ções pelos novos engenheiros agrônomos, justificam a ins-talação de disciplinas especificas neste tema.

2. Conteúdos que devem ser ministrados para que osprofissionais estejam aptos a elaborar programas sus-tentáveis de controle de plantas daninhas

A primeira unidade de conhecimento obrigatória refe-re-se à definição de plantas daninhas e à apresentação dosprincipais termos utilizados na área. É bastante importanteeliminar o conceito de que as plantas daninhas foram cria-das pelo homem, diferenciar os conceitos de competitividadee agressividade e caracterizar as plantas pioneiras, das quaisderivam a maior parte das espécies habitualmente daninhas,apresentando as suas características, evolução e importân-cia ecológica. Também nesta unidade, devem ser discuti-dos os sistemas de reprodução de plantas apresentandoquais deles estão presentes nas principais espécies. As im-

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plicações da reprodução vegetativa em termos de dificulda-de de controle devem se discutidas.

Uma segunda unidade de conhecimentos deve incluira identificação das principais espécies habitualmente dani-nhas. Mais do que aprender a identificar as principais espé-cies, o aluno deve ser conscientizado da importância de talidentificação para que os programas de manejo sejam efica-zes. Erros na identificação de espécies de Echinochloa,Digitaria, Bidens e convolvuláceas, por exemplo, podemcausar erros cruciais na seleção de herbicidas utilizados como objetivo de controlá-las. Muitas vezes, dependendo doestágio, a identificação ao nível de espécie é praticamenteimpossível. Os alunos devem ser conscientizados da neces-sidade de dispor do histórico da infestação da área paraque possam trabalhar com segurança. Esta é a primeira opor-tunidade para discorrer sobre a necessidade de planejar asatividades e sobre a importância do manejo integrado, bus-cando a sustentabilidade do controle, da produção e dalucratividade em médio e longo prazos.

Uma terceira unidade de conhecimento deve tratar dasinterferências de plantas daninhas em plantas cultivadas esobre os seus efeitos sobre o homem e suas atividades,destacando-se: a) competição; b) alelopatia; c) interferên-cia em tratos culturais e colheita; d) estudo das plantasparasitas; d) hospedando pragas, doenças e nematóides eoutros organismos; d) aumento do risco de incêndios; f)prejuízos a atividades não agrícolas associadas a rodovias,ferrovias, hidrovias, linhas de transmissão, oleodutos,gasodutos, armazenamento e fornecimento de água e gera-ção de energia, por exemplo; e) prejuízos e riscos associa-dos às práticas de controle; f) custos de controle e aumen-tos nos custos de produção. É importante enfatizar que opotencial de interferência em áreas agrícolas pode ser alte-rado por características da cultura, da comunidade de plan-tas daninhas, do meio e das práticas de manejo.

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A quarta unidade de conhecimentos deve discorrersobre os métodos de controle de plantas daninhas. Em ge-ral os cursos se limitam ou se concentram no estudo dosherbicidas mas este é um desvio que deve ser evitado. Nãoé fácil classificar as práticas de controle de plantas dani-nhas. Algumas práticas podem associar simultaneamenteefeitos físicos, químicos e biológicos tornando obrigatórioo seu isolamento das demais. Tentaremos apresentar as prin-cipais classes, com discussão obrigatória em qualquer cur-so sobre biologia e controle de plantas daninhas.

O principal agente de controle de plantas daninhasem áreas agrícolas é a própria cultura. As alterações noregime térmico, no balanço de radiação incidente e na dis-ponibilidade dos fatores de crescimento impostas pelas cul-turas são fundamentais para definir o potencial de cresci-mento e de interferência das plantas daninhas. A discussãodos períodos em que a cultura controla sozinha ou suportaa convivência com o mato é fundamental para que os pro-gramas de controle sejam adequadamente elaborados. Emtermos de importância e abrangência de uso, o segundoagente de controle em termos de relevância também é, emgeral, negligenciado. Trata-se da cobertura do solo, quepode ser fundamental para o sucesso ou insucesso dos pro-gramas de controle. Os processos pelos quais as culturas ea cobertura do solo limitam a germinação de plantas dani-nhas devem ser discutidos em detalhes e esta é uma segun-da oportunidade para conscientizar os alunos da necessida-de do manejo integrado. A capacidade de controle da cul-tura e da cobertura deve ser maximizada para que o manejocom herbicidas, por exemplo, seja mais simples, barato eseguro para a cultura. Devem ser evitadas frases do tipo “acultura é o principal herbicida que existe” pois colocam acultura em uma condição de inferioridade em termos deimportância para o manejo de plantas daninhas. Enfatizamos,em áreas agrícolas, o principal agente de controle de plan-tas daninhas é “sempre” a cultura. Na ampla maioria dasáreas o segundo agente é a cobertura do solo e apenas oterceiro mais relevante corresponde aos herbicidas. Dentro

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do controle exercido pelas culturas, inclui-se os adubos-verdes e as culturas de cobertura.

Em geral os controles tanto da cultura quando dapalhada são classificados como controles culturais. Em nossoentendimento, as duas práticas devem ser classificadas comopráticas biológicas de controle. No caso da cultura a classi-ficação é inquestionável considerando que os efeitos sobreas plantas daninhas são promovidas por um conjunto deorganismos vivos. Não há qualquer restrição a que o con-trole biológico seja exercido por outro vegetal. No caso dascoberturas de solo de origem vegetal, o efeito não decorresomente da presença dos resíduos sobre o solo, parte dosefeitos observados resultam da ocupação anterior do ambi-ente pelas plantas que produziram a cobertura, permitindoa sua classificação também como controle biológico. Por-tanto, a principal classe de métodos de controle de plantasdaninhas é controle biológico.

Mas o controle biológico vai além do controle pro-porcionado pela cultura e pela cobertura do solo. Devemser discutidos conceitos e exemplos de uso do controlebiológico utilizando patógenos, insetos e outros predado-res de plantas. A distinção entre as estratégias clássica einundativa (ou inoculativa) e as vantagens e limitações decada uma devem ser apresentadas.

A importância das práticas preventivas ao nível de pro-priedade, região ou país deve ser destacada citando-se exem-plos de problemas associados à falha destas medidas e pro-blemas que ainda poderão causar grandes prejuízos ao Bra-sil ou a cada uma de nossas propriedades. Neste tópico éinteressante discutir os riscos associados à introdução deplantas parasitas; os danos causados ao nível de proprieda-des pela introdução de biotipos resistentes a herbicidas oude espécies com reprodução vegetativa.

Uma outra importante classe de práticas de controlerefere-se ao controle manual ou mecânico. Estes dois tipos

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de práticas são, em geral, tratados em conjunto em funçãodo uso combinado no campo. Devem ser discutidos os prin-cipais equipamentos utilizados, as limitações (por exemploa presença de palha), os efeitos ambientais, custos e possi-bilidade de uso integrado com outros métodos.

O uso do controle físico, incluindo fogo, eletricidadee microondas deve ao menos ser citado considerando a suapossibilidade de uso no futuro. Também estão incluídas nocontrole físico, a solarização (aquecimento do solo com plás-ticos transparentes) e a redução da disponibilidade de luzcom uso de plásticos opacos.

Algumas práticas de controle, como a lâmina de água,comum em arroz, são de difícil classificação e devem serdiscutidas isoladamente.

O controle químico é o que demanda a maior cargahorária para ser discutido. Os seguintes itens são obrigató-rios: a) conceituação e terminologia; b) épocas de aplica-ção de herbicidas; c) absorção e translocação de herbicidas;d) grupos químicos e mecanismos de ação de herbicidas; e)características físicas e químicas, ativação e inativação deherbicidas no solo e nas plantas; f) seletividade de herbicidasa culturas; g) dinâmica dos herbicidas no solo e em palhadas;h) comportamento de herbicidas no ambiente; i) riscos as-sociados ao uso de herbicidas; j) tecnologia de aplicação; l)adjuvantes; m) custos associados ao uso de herbicidas.

Ao término da discussão dos métodos de controle,deve ser discutida a resistência das plantas daninhas aosmesmos. Os termos resistência e tolerância devem ser clara-mente diferenciados. Um dos maiores erros em termos deprogramação de disciplinas é discutir somente a resistênciaa herbicidas quando as plantas daninhas podem ser toleran-tes ou adquirir resistência a qualquer um dos métodos decontrole. Um exemplo é a clara seleção de espécies comsementes grandes em sistemas de produção com algum tipode resíduo (palhadas ou serapilheira) sobre o solo.

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Após a abordagem dos vários métodos de controle,deve ser apresentado o conceito de manejo integrado. Asua necessidade deve ser fundamentada nas limitações téc-nicas, sociais, ambientais ou econômicas de cada tipo deprática quando utilizada isoladamente. Deve ser enfatizadoque em áreas agrícolas, o manejo sempre usa a integraçãode técnicas (a cultura associada a uma ou mais técnicasvoltadas à supressão da germinação ou crescimento dasplantas daninhas). O manejo integrado também deve serdiscutido para áreas não agrícolas, em que também é possí-vel integrar as várias práticas de controle. Em áreas nãoagrícolas, o principal instrumento para o desenvolvimentode estratégias para a convivência ou o controle de plantasdaninhas é o monitoramento das mesmas, o que pode de-mandar elevados investimentos além do uso integrado dediversas tecnologias incluindo levantamentos convencionaise o sensoriamento remoto.

Finalmente, os conhecimentos devem ser exercitadoscom o desenvolvimento em sala ou a apresentação de exem-plos de programas de manejo integrado de plantas dani-nhas para culturas anuais, perenes e áreas não agrícolas. Éimportante incluir informações de custos de controle e pre-juízos provocados pelas plantas daninhas em cada uma dascondições.

Os conteúdos citados são de abordagem obrigatóriaem cursos como Engenharia Agronômica, Engenharia Flo-restal e Engenharia Agrícola. A inclusão de parte destesconteúdos pode ser importante em cursos como Zootecniae Biologia, dependendo da grande curricular e da ênfasedada ao conjunto de disciplinas.

3. Recomendações gerais

Para os cursos relacionados à produção vegetal, des-tacando-se a Engenharia Agronômica, Engenharia Florestale Engenharia Agrícola, apresentamos algumas considera-

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ções que podem orientar o desenvolvimento de cursos degraduação voltados ao estudo das plantas daninhas.

• Os conhecimentos referentes a plantas daninhas de-vem ser agrupados em uma disciplina do curso. Taisconhecimentos não devem ser incluídos como umaparte de disciplinas como Agricultura, Horticulturaou Silvicultura.

• As disciplinas relacionadas às plantas daninhas e aoseu controle devem ser ministradas por profissionaisque apresentem formação na área.

• As disciplinas devem incluir conhecimentos sobrebiologia e identificação de plantas daninhas; efeitosde plantas daninhas; métodos de controle; manejointegrado; custos e outros efeitos associados ao con-trole de plantas daninhas.

• Discutir a importância e o controle de plantas dani-nhas também em áreas não agrícolas.

• Incluir exercícios em que os alunos elaboram progra-mas de manejo integrado de plantas daninhas.

• Trabalhar com uma carga horária mínima de 60 horasaula mas o ideal seria trabalhar com mais de 90ho-ras.

• Estimular a inclusão de disciplinas de tecnologia deaplicação de defensivos nos currículos, simplifican-do o estudo dos herbicidas.

• Enfatizar que o manejo integrado de plantas dani-nhas já é empregado na ampla maioria das áreas agrí-colas e que esta é a chave para elaborar programasde controle sustentáveis do ponto de vista técnico,econômico, social e ambiental.

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Literatura Consultada

ARAUJO, N. de A. Da cadeia de agricultura ao anel de en-genheiro agrônomo: ciência, civilização e estado imperialno coração da produção açucareira baiana. In:  SIMPOSIONACIONAL DE HISTORIA, 24., 2007, São Leopoldo. Anais... Sao Leopoldo: Unisinos, 2007. Disponível em: < http://s n h 2 0 0 7 . a n p u h . o r g / r e s o u r c e s / c o n t e n t / a n a i s /Nilton%20de%20Almeida%20Ara%FAjo.pdf > Acesso em:28 set. 2007 

CONSELHO NACIONAL DE EDUCACAO (Brasil). Resoluçãon 1 de 2 fev. 2006. Diário Oficial [da] República Federativado Brasil, Brasília, DF, 3 fev. 2006. Seção 1, p. 31-32.

FLORENCANO, J. C. S.; ABUD, M. J. M. Histórico das pro-fissões de engenheiro, arquiteto e agrônomo no Brasil. Re-vista de Ciências Exatas, Taubaté, v. 5-8, p. 97-105, 1999-2002.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISA EDUCA-CIONAIS ANISIO TEIXEIRA. Censo da educação superior:sinopse estatística 2005.  Brasília, DF, jul. 2007. Disponívelem: < http://www.publicacoes.inep.gov.br/resultados.asp?subcat=6> Acesso em: 28 set. 2007.

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Biodiversidade de Plantas Daninhas

Capítulo 3

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Biodiversidad de MalezasCilia L. Fuentes; Clemencia Gómez de Enciso1

1Profesora Titular y estudiante de doctorado, respectivamente. Universidad Nacional de Colombia, Facultad de Agronomía.

Bogotá, D.C. Colombia. [email protected]

Resumen

El concepto de biodiversidad ha tenido variasinterpretaciones, sin embargo, desde el punto de vista delas ciencias ecológicas, se entiende como la conjunción delnúmero de especies (o riqueza) y su abundancia relativa. Seenfatiza aquí, la importancia de mantener la biodiversidadde los agroecosistemas, y en particular, de la biodiversidadde malezas. Ya que el reconocimiento de la diversidad demalezas implica la identificación de las especies, se destacala importancia de su correcto reconocimiento, recomendandoa los lectores sitios en la web y publicaciones.

Palabras claves: Flora de malezas, riqueza, diversidad.

Key words: Weed flora, richness, diversity.

Que se entiende por biodiversidad?

Biodiversidad es un término que hace referencia a lasdiferentes formas de vida y a los procesos naturales de loscuales todos los seres vivientes forman parte. Indica tambiénla manera como la vida está organizada y sus interacciones.Comúnmente se ha medido como el número de especiespresentes en un área dada (www.gardenorganic.org.uk/organicweeds/weed_information/weedtype.php?id=-3).

La biodiversidad o diversidad de la vida es lo queposibilita la vida en el planeta. Es la variedad total de lasentidades vivas, la cual tiene relación con sus genomas ycon los hábitats o ecosistemas donde ocurren (http://www.biodiv.org/. The Convention on Biological Diversity,2007). La enorme reserva genómica que el conjunto de

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especies vivientes posee, constituye la base de suevolución, su adaptación y protección contra agentesdeletéreos y, por consiguiente, de su permanencia sobre latierra. De otra parte, la biodiversidad permite el ciclaje denutrimentos y el flujo de energía a través de las cadenasalimenticias, otro pilar de la permanencia y la continuidadde la vida, en el que los organismos fotosintetizadores engeneral y las plantas en particular, desempeñan un papelprimordial.

Dentro del contexto de las ciencias ecológicas, eluso del término “diversidad” como actual precursor deltérmino “biodiversidad”, tiene unos claros antecedentescientíficos, derivados de teorías de la información (Shannon,1948, Wiener, 1961, y Shannon y Weaver, 1963). Usossecundarios del término “biodiversidad”, tales como losempleados por periodistas, políticos, otros contextoscientíficos y el publico en general, diferentes a las cienciasecológicas, emplean este término de una manera particulary a veces confusa (Büchs, 2003).

Ciñéndose al significado científico, (bio-)diversidadcomprende dos componentes: (1) el de riqueza (o númerodiferente de especies), y (2) la expresión de estructura de ladominancia (frecuencia o porcentaje de cada elemento dentrodel total del grupo considerado) (Stugren, 1978). De maneraque el mismo grado de diversidad puede logarse con unvalor alto de riqueza de especies, o con un menor valor deriqueza pero mayor abundancia de elementos o individuosde las diferentes especies. Sin embargo, el componente deabundancia y su interpretación matemática no es consideradoen los “usos secundarios”, de manera que el términobiodiversidad, actualmente es usado con mucha frecuenciapara expresar de una manera imprecisa, el número dediferentes elementos dentro de un conjunto, que a su vez,no está claramente definido (Büchs, 2003).

Interpretaciones más recientes del término“biodiversidad” no se restringen únicamente a expresar la

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riqueza o número de especies, sino también a variedades,razas, formas de vida y genotipos relacionados, o también aunidades del paisaje, tipos de hábitats, elementosestructurales (e.g. arbustos, cuerpos de agua), cultivos odiversidad de uso del suelo, entre otros. Finalmente, eltérmino (bio-)diversidad está siendo usado en áreas y/ocontextos con una relación muy lejana e indirecta a susignificado ecológico, tales como diversidad de profesiones,de estilos de construcciones, de tipos de vehículos al interiorde una región o comunidad definida (Büchs, 2003).

Como se indicaba anteriormente, a pesar que eltermino (bio) diversidad tiene un largo uso científico, no esampliamente reconocido, conocido o usado por el públicoen general. Soini y Aakkula (2007) realizaron una encuesta,y muchas personas consideraron este un concepto difícil, ono les era familiar. Solo una sola persona entre todas lasentrevistadas describió la biodiversidad en términoscientíficos. La percepción y el nivel conceptual fuerontambién muy diversos y heterogéneos entre losentrevistados. Igualmente, para el público en general, esdifícil imaginar el significado de biodiversidad dentro de uncontexto agrícola; este es más frecuentemente asociadocon el ambiente forestal, y más aún, el concepto a nivelgenético de biodiversidad está casi totalmente ausente(Yliskylä-Peuralahti, 2003).

Desde el punto de vista exclusivo del interés humano,la biodiversidad proporciona infinidad de recursos parasobrevivir (necesidades primarias) y para satisfacer unconjunto de necesidades secundarias. El medio ambienteprovee la mayor parte de tales recursos, que los sereshumanos obtenían en forma directa o manual, facilitandoasí su recuperación casi inmediata.

A partir de la evolución humana hacia el gregarismoy el posterior establecimiento de asentamientos ocomunidades sedentarias, se evidenció la necesidad deintervenir los ecosistemas originales, diversos y

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autosostenibles, para transformarlos en los homogéneos yno siempre autosostenibles agroecosistemas. Es la maneracomo puede incrementarse la productividad agrícola parasatisfacer las necesidades de pequeñas comunidades alprincipio y, en la actualidad, la demanda de los grandesmercados.

Un ecosistema original o no intervenido por el hombre,se caracteriza por la presencia de un número generalmentealto de especies biológicas en poblaciones relativamentepequeñas y poco densas, que conviven en equilibrio natural.En contraste, los agroecosistemas están constituidos porpoblaciones homogéneas y de alta densidad. Por lo mismo,exigen la supresión o exclusión de las poblaciones vegetalesespontáneas convertidas en un factor limitativo para efectosde la producción agrícola. El valor intrínseco de estasespecies en lo ecológico, lo económico y lo ornamental,pasa a un segundo plano y se rompe el equilibrio original dela vida.

El establecimiento de agroecosistemas privilegia aunas pocas especies de plantas en detrimento de las demás.Las primeras en razón de su utilidad práctica y económica,las segundas porque dificultan el desarrollo de aquéllas,incrementan los costos de producción y causan reducciónde los rendimientos de los cultivos.

El concepto de biodiversidad dentro de losagroecosistemas es específico tanto en tiempo como enespacio. El grado de biodiversidad de un agroecosistema,depende de la diversidad de la vegetación dentro y alrededordel mismo, de la permanencia de cultivos dentro, de laintensidad del manejo y el grado de aislamiento delagroecosistema de la vegetación natural (Altieri y Nicholls2004). La diversidad de un agroecosistema en el espacio sepuede expresar con base en la cantidad de sus constituyentesbióticos (cultivos, malezas, insectos, microorganismos, etc.)en proporción a la superficie que ocupan, mientras que la

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diversidad temporal se puede definir por la secuencia decultivos o condiciones de las distintas parcelas quecomponen un sistema.

En general, se puede tener en cuenta dos tipos debiodiversidad dentro de un contexto agropecuario: (1) Labiodiversidad planificada, la cual incluye a la variedad deplantas y de animales escogidos y situados dentro delsistema, por el agricultor. Esta biodiversidad se refiere aplantas de cultivos y animales de cría. (2) La biodiversidadasociada, la cual incluye a todas las otras especiesencontradas dentro del sistema, aparte de aquellas incluidasen los planes del agricultor. Ejemplos incluyen a la vidasilvestre, como aves y mamíferos, a los organismos del sueloy las malezas (Swift et al., 1996).

Aspectos cuantitativos de la medición de la diversidadde especies

La composición de las especies y la diversidad, sonrasgos característicos de la estructura de los ecosistemas yde sus funciones. Reflejan las interacciones abióticas ybióticas dentro y entre estos sistemas, en espacio y entiempo. Por otra parte, se ha determinado que labiodiversidad a nivel regional y mundial, decrece con elimpacto humano directo o indirecto, y la riqueza de especiesgeneralmente diminuye al incrementarse la intensidad deuso de los campos agrícolas (Dierssen, 2006).

Estrategias para desarrollar uso sostenible de loscampos agrícolas, y que son aplicables al caso de las malezasen los campos de cultivo, están basadas en preguntas talescomo (Dierssen, 2006):

(i) Como medir, estimar y monitorear la biodiversidad (o labiodiversidad de malezas)

(ii) Cual es el apropiado tamaño de muestra y de las

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dimensiones operacionales del sitio de muestreo, paracomparar diferentes tipos de ecosistemas, diferentes sitemasde cultivo o sistemas de manejo de malezas?

(iii) Que especies o grupos de especies deben considerarsecomo indicadoras para evaluar y monitorear la biodiversidad,o para evaluar la eficacia o el impacto de un sistema decontrol de malezas o de un herbicida?

(iv) Hay otras o más apropiadas características diferentes ala riqueza e índices de diversidad, que permitan desarrollardecisiones de manejo para el monitoreo o evaluación de laspoblaciones de malezas?

Otras características incluyen atributos como (Dierssen,2006):

(i) Si se trata de una especie nativa o introducida;

(ii) Estrategia de crecimiento, reproducción y forma de vida;

(iii) Estado hemeróbico (medida de la influencia humana enun ecosistema) que exprese el grado de impactoantropogénico;

(vi) la determinación de las características de especies rarasy/o de aquellas que decrecen su frecuencia, como principalindicador de la disminución de la riqueza de especies.

Riqueza y flora de especies de malezas

De las cerca de 350 mil especies conocidas de plantasvasculares, y que pertenecen a unas 450 familias botánicas(www.interaktv.com/botany/plantfams.asp), apenas se handomesticado y cultivado por el hombre unas 3 mil. Holm etal. (1997), estiman a nivel mundial, entre 5 a 50 mil especiesde plantas espontáneas asociadas con la actividad agrícola.Entre las obras mundialmente reconocidas como obras dereferencia clásicas de la diversidad de malezas a nivel

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mundial, están las magnificas publicaciones de Holm et al.(1977, 1979, 1997, “The World’s Worst Weeds”, “AGeographical Atlas of World Weeds”, y “World Weeds”,respectivamente). De acuerdo con estas publicaciones, unas200 especies son las más importantes por su nocividad ycarácter invasor, a nivel mundial.

La siguiente pregunta es, cual es la riqueza de malezaspor país, por región, por tipo de cultivo y por campocultivado? Muchas publicaciones se han producido pararesponder a esta pregunta, sin embargo, aún faltan muchosestudios de flora de malezas a nivel de los países en vías dedesarrollo. La siguiente pregunta se refiere a: como hacambiado la flora de malezas en el tiempo en las zonasagrícolas? Evidentemente han ocurrido cambios en lacomposición florística de malezas de los campos de cultivo,muchos de estos cambios se encuentran registrados en laliteratura. Por ejemplo, hace tres o cuatro décadas no seregistraban especies de la familia Brassicacea, que sonimportantes en el altiplano Cundiboyacense de Colombia(zonas altas de clima frío) comportándose como maleza enlas zonas arroceras del centro del país (tierras bajas de climacálido), y actualmente aparece con alguna frecuencia almenos una especie de esta familia. De manera similar, en elpasado la compuesta de género Galinsoga, especie frecuenteen cultivos de clima frio y medio, no estaba presente encultivos de caña de azúcar en el Valle del Cauca (regióncálida), y en la actualidad se ha registrado su presencia.

Al considerar la definición clásica de maleza como“Planta fuera de lugar”, el concepto de “maleza” es unconcepto antropocéntrico, es decir, que se origina en lasnecesidades de los seres humanos. En la naturaleza no haymalezas, como tampoco desde el punto de vista taxonómico.Es un concepto ligado netamente a la producción agrícola.Por lo tanto, desde punto de vista taxonómico, desde algashasta cualquier planta vascular podría comportarse y/oconsiderarse como una “maleza”, bajo circunstancias

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particulares. Se cita a continuación las divisiones en lasque se encuentran agrupadas las plantas vasculares (Hole,2007. http://www.interaktv.com/botany/plantfams.asp):Psi lotophyta (Pteridophytas) , Equisetophyta,Polypodiophyta, Pinophyta (Gimnospermas), Magnoliophyta(Angiopermas) Clases Liliopsida (Monocotiledóneas) yMagnoliopsida (Dicotiledóneas). La gran mayoría de plantasque interfieren o han interferido en algún momento con laactividad humana, pertenecen a las clases Liliopsida yMagnoliopsida de la división Magnoliophyta, y en particular,el mayor número de especies de malezas están concentradasen solo dos familias botánicas: Poaceae (monocotiledónea)y Asteraceae (dicotiledónea). Al revisar las publicaciones ybases de datos mundiales de floras de malezas o deidentificación de malezas de muchos países, siempre lasfamilias Poacea y Asteracea contienen el mayor número deespecies de malezas. Sin embargo, se han registrado nopocos casos de plantas que se comportan como plantasindeseables de todas las otras divisiones. Los pinos porejemplo, se constituyeron en plantas no deseadas en algunaslocalidades de las pampas Argentinas, o los helechos en lossuelos ácidos de la zona cafetera de Colombia.

La riqueza y diversidad de malezas también se puedeconsiderar desde otros puntos de vista, como los tipos deecosistemas que son invadidos por estas especies; así,además de la flora de malezas asociada con sistemas decultivos, otros sistemas tiene una flora de malezas particular,como los acuáticos, forestales, pastizales, urbanos, ruderalesy naturales, entre otros.

Para obtener información sobre una planta, esnecesario identificarla con su nombre científico, pues estaes la clave para encontrar la información que existe sobreella. Desafortunadamente, la identificación correcta deplantas constituye un gran esfuerzo aún para un botánicoprofesional. Son numerosas las publicaciones, bases de datosy sitios web actualmente disponibles a nivel mundial, en

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los que se encuentra información para el reconocimiento deestas plantas y/o de sus características biológicas yecológicas. A nivel internacional, está “A global compendiumof weeds” (http://www.hear.org/gcw/alpha_select_gcw.htm)(Randall, 2002). Randall (2002) recopiló cerca de 21,000entradas, que comprenden aproximadamente 18,000 taxade malezas y 2500 nombres alternos. Cada entradacomprende información como: Género, especie, autor,familia, nombres alternos (o sinónimos), nombre comunesen varios idiomas, estatus, referencias, forma de vida,toxicidad, origen, entre otros. Otra base de datos mundiales la base de datos de malezas de la FAO “Important WeedSpecies in Crops and Countries” (http://www.fao.org/AG/AGP/AGPP/IPM/Weeds/DB.htm). Recopila información demalezas de 59 países en vías de desarrollo. W3TROPICOS(http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html) es una basede datos del Missouri Botanical Garden, orientada a lanomenclatura de plantas, que permite verificar los nombrescientíficos. El sitio “Internet directory for botany: vascularplant families” (http://herba.msu.ru/mirrors/www.helsinki.fi/kmus/botvasc.html) permite encontrar numerosos sitiosrelacionados con descripción de familias, morfología,nomenclatura y otros aspectos de plantas vasculares-

En América Latina, sobresale la obra de Kissman (1991)y Kissman y Groth (1995), una obra formidable que recopilaen tres volúmenes la flora de malezas de Brasil, y el sitioweb en México “Malezas de México” (http://www.conabio.gob.mx/malezasdemexico/2inicio/home-malezas-mexico.htm); en este sitio, se encuentran fotografíasde aproximadamente 900 especie y descripciones para cercade 850 especies.

Beneficios de la flora de malezas

Deben tenerse en cuenta, además, los beneficios queeste tipo de plantas traen a la agricultura: la vegetaciónespontánea es la base de la biodiversidad en los

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agroecosistemas, ya que se constituyen en hospederas denumerosos enemigos naturales de las plagas, y ayudan ensu control. Facilitan así restablecer en parte el equilibrioecológico, roto al transformar el ecosistema original en unagroecosistema. Algunos ejemplos: la maleza Brassicacampestris (mostaza silvestre) aumenta la eficiencia yactividad de la avispa parásita Apanteles glomeratus, la cualrealiza un mejor control de la mariposa de la col (Pieris sp.).Las larvas de esta plaga son muy voraces y se alimentan delas hojas de otras crucíferas (coles, coliflores, etc.), a lasque causan daños económicos importantes (Haramoto yGalland, 2005).

Malezas comunes en los campos como Amaranthusretroflexus (amaranto, bledo, moco de pavo) y Chenopodiumalbum (cenizo), dan lugar también al aumento dedepredadores de plagas como crisopas, mariquitas o lossírfidos, que controlan numerosas plagas insectiles.

Otros beneficios que se les pueden atribuir a lasmalezas tienen que ver con la protección de las fuentes deagua y la conservación del suelo al reducir la erosión, mejorarla estructura y estimular la actividad biológica del suelo.Moderan las condiciones adversas del clima, sirven comoabono verde, aportando nutrientes y materia orgánica,proveen biodiversidad, albergando fauna benéfica (abejas,enemigos naturales de las plagas, etc.) y sirven de plantastrampa para algunas plagas. Con estas características,muchas especies de malezas son usadas en algunos campospara generar biodiversidad (Biodiversidad en Suiza, http://w w w . b i o d i v e r s i t y . c h / i n f o r m a t i o n /biodiversity_in_switzerland/).

No puede desconocerse la participación de la floraespontánea en general, en el secuestro y drenaje del carbonoatmosférico, con la consecuente contribución a reducir elefecto invernadero, uno de los problemas globales de mayorimpacto sobre la humanidad (Martínez, 2005).

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En principio y para áreas pequeñas, combatir lasplantas nocivas es función que puede ejercerse con métodosindividuales, puntuales y de bajo impacto, pero de pocaeficiencia en cultivos de extensiones industriales. Aparecióentonces la necesidad de desarrollar métodos masivos parael exterminio de especies indeseables: malezas, insectos ypatógenos. Entre aquellos, es visible la oferta de equipos ycompuestos químicos de alta efectividad inicial pero de granimpacto adverso sobre el suelo, el agua y las formas de vidaespontánea. El uso repetido de un mismo método en eltiempo, determina, además, la pérdida de su eficacia.Métodos más actuales como el uso de cultivos transgénicosresistentes a herbicidas, implican una mayor presión deselección y por su puesto una disminución de labiodiversidad en los agroecosistemas. (Rissler y Mellon,1996)

Al desechar especies originales por no encontrarlesutilidad económica inmediata, y combatir las especiesespontáneas consideradas nocivas se evidenció, en formapaulatina, la aparición de innumerables problemas colateralespoco o nada visibles al principio. Entre ellos cabe mencionarla pérdida de la biodiversidad, el surgimiento de plagas cadavez más difíciles de controlar y el empobrecimiento ydeterioro de los suelos. Estos, en particular, obligaron adesarrollar métodos de fertilización química, cuyos resultadosiniciales fueron también notorios pero que, de igual manera,pronto dejan ver sus limitaciones.

En la actualidad, en la medida en que tales problemascrecen, por fortuna crece también el conocimiento, igualque el nivel de concientización de la gente.

La mayoría de las zonas agrícolas son mosaicos decampos de cultivo, hábitats seminaturales, infraestructurashumanas (e.g. carreteras), y ocasionales hábitats naturales.Dentro de estas zonas, hátitats seminaturales linearesfrecuentemente definen los bordes de los campos de cultivos,que albergan elementos muy diversos desde acuáticos hasta

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ruderales y leñosos. Numerosos estudios han demostradouna gran variedad de interacciones entre los campos decultivo y sus márgenes. La operaciones agrícolas, tales comola fertilización y la aplicación de pesticidas, tienen efectosen la flora espontánea. Algunas especies de plantas quecrecen en los márgenes, pueden introducirse a los camposde cultivo y tornarse malezas. Igualmente, también una faunase encuentra asociada a estos márgenes, pero algunasespecies pueden convertirse en plagas, mientras que muchasotras son benéficas, ya sea como polinizadoras o predatoras.La biodiversidad de los márgenes puede ser de particularimportancia para el mantenimiento de especies a un altonivel trófico en las zonas agrícolas, notablemente de aves.Adicionalmente, los márgenes contribuyen a la sostenibilidadde la producción agrícola, acrecentando las especiesbenéficas en los campos de cultivo y eventualmente,reduciendo el uso de plaguicidas. En el noreste de Europa,se han introducido una variedad de métodos para incrementarla diversidad en los bordes de los lotes de cultivo, entreellos, la siembra en bandas de gramíneas y plantas con flores;el impacto de estas en la flora de malezas y en las poblacionesde artrópodos indican que los efectos son en generalfavorables; sin embargo los conflictos existen, notablementepara la conservación de especies de malezas agrícolas raras(Marshall y Moonen, 2002).

En resumen, la lista de los beneficios que aportan lasmalezas es larga, hecho que ya ha sido ilustrado por muchosautores.

Origen de las malezas

En cuanto al origen de las malezas presentes en paísesde América Latina, unas son nativas y otras son foráneas ointroducidas. Algunos ejemplos son los siguientes: De Asiatropical y de la India en particular, proceden entre otras, lassiguientes especies: Rottboellia cochinensis, Cyperusrotundus, Leptochloa sp.; Echinochloa colona y Eleusine

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indica. De Europa provienen algunas especies de los génerosDigitaria, y Setaria. Del Mediterráneo y Asia Menor procedeSorghum halepense. De África, Cynodon dactylon y Portulacaoleraceae. América tropical es sitio de origen de especiesde los géneros Ipomoea, Euphorbia, Amaranthus, entre otros(Rodríguez-Tineo, 2000). En algunas de las bases de datosque se encuentran en la Web, se incluyen el sitio de origende las especies.

Situación actual y algunas soluciones propuestas

Según estadísticas del año 2004, del total de la tierrase protege sólo el 6,1% (McNeely y Scherr, 2003); un 75%de las tierras arables están dedicadas a algún tipo deexplotación agropecuaria (Vandermeer y Perfecto. 2005),lo cual contribuye en una alta proporción a la pérdida de labiodiversidad. Sin embargo, en la actualidad se incorporadentro de los planes de protección de la biodiversidad,algunos ecosistemas agrícolas de bajo impacto ambientalbien implementados. Estos planes consisten en explotar uncierto porcentaje de la tierra con agricultura, y otro porcentajede hábitat prístino se mantenga protegido, entonces lapreservación de ambos usos de la tierra en combinación,puede contribuir a la capacidad del planeta para mantenernosa flote.

Con el fin de proteger la biodiversidad, se puedeargumentar que se necesita incorporar el manejo de laprotección ambiental a las áreas agrícolas. Porque si secontinua con el uso inapropiado de la tierra, los recursos sevan a agotar y se destruirá cada vez mas rápido labiodiversidad. El hecho de incorporar las tierras agrícolas enprogramas de preservación de la biodiversidad, es importanteya que algunas áreas agrícolas con árboles pueden protegertanta biodiversidad como los bosques aledaños y, a la vez,proveer otros beneficios necesarios para el funcionamientoapropiado de los ecosistemas (García-Barrios, 2003; Perfectoy Armbrecht, 2003).

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Los sistemas agrícolas que incluyen especies quedifieren en el número de plantas de cultivo y en la estructurade la vegetación, pueden ser puestos a lo largo de ungradiente de intensificación, desde áreas donde los cultivoscrecen bajo un dosel de bosque natural (agroforestería) hastaáreas manejadas intensamente con un solo tipo de planta(monocultivo) (Swift. et al, 1996).

Un objetivo importante a considerar, es evaluar yobtener datos, de la variabilidad espacialmente definida dela riqueza de especies de malezas dentro de, entre y en losmárgenes de los sistemas de cultivos, que permitan derivarpredicciones de la dinámica y funciones de los sistemas,con el fin de mejorar las decisiones, conceptos de manejo yestrategias, con base en programas informáticos (computer-based documentation -CBD- software) a nivel local y regional(Dierssen, 2006).

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Invasive Plants and Weed Biodiversity

Jerry Doll

University of Wisconsin, Department of Agronomy 1575 Linden Drive,Madison, WI 53706 USA.

ABSTRACT. Invasive plants often displace some or manyother species, decreasing the biodiversity of infested areas.Most consider the loss of biodiversity as a serious human,ecological, environmental and human loss and efforts tocurtail the spread of invasive plants should be encouragedworld wide. The impacts of the loss of biodiversity aredifficult at best to quantify but most people believe thatbiodiversity preservation is of great importance and anyspatial, or worse, temporal loss of one or more indigenousspecies is detrimental to a healthy and holistic environment.Globalization of trade and tourism has increased the risk ofexotic species reaching new territories. Weed scientistshave much to offer in the fight to prevent, contain andcontrol exotic species. We have well trained classroom andpublic educators, researchers and problem solvers for bothnatural and agricultural systems who can and are focusingattention on invasive plants. We can help those with greatenthusiasm, concern and energy regarding invasive plantsto make real-world plans and decisions that are practical,safe, economical and fruitful. We should strive to beengaged with others in this interesting dimension of weedscience and management.

A Brief Review of and Comments on Invasive Plants andWeed Biodiversity. Invasive plants are non-native speciesthat arrive in a new region, become established, adapt andspread into new areas, often displacing indigenous plantspecies. In addition to economic, environmental, healthand aesthetic impacts, invasive plants can cause biodiversitylosses. The USA has many thousand species of introducedplants. Of these, the great majority are used as food andfiber crops, ornamental and medicinal plants, forage species,

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etc. with great economic value. President Thomas Jefferson,our third president, was one of the early promoters of newplant introductions, saying “The greatest service which canbe rendered to any country is to add a useful plant to itsculture.” Parenthetically, does it then follow that thegreatest disservice one could do is to introduce a non-useful(such as invasive plants) into a country? We have learnedmuch about assessing risks and benefits of speciesintroduction since the early 1800s and one of the newerrisks it that of the loss of biodiversity.

The area of invasive plants is mew to many weed scientists.Anyone who wants an excellent presentation on thebackground, concepts, processes and impacts and more onplant invasion should read the chapter by this title in thebook, “Weed Ecology in Natural and Agricultural Systems”by Booth et al. (2003). It is comprehensive, current andvery readable and gives an excellent backdrop tounderstanding the issues of plant invasiveness.

While many agricultural weeds are exotic, we generally tendnot to associate the term “invasive” with the weeds foundin agricultural systems but rather to those invading plantsin forests, natural areas, roadsides, parks, preserves,wetlands, aquatic habitats, non-disturbed sites, etc.Invasive plants are not generally associated with croplandbecause the goal in these highly managed systems is thenear elimination of all but one (grain, fiber, fuel) or a few(forages and rangelands) species. In other words, the goalof agricultural weed management is precisely to reducebiodiversity. For example, in glyphosate resistant soybean(Glycine max) or maize (Zea mays) the weed managementgoal is to eliminate all species except the crop (interestinglysoybean and maize are non-native to both Brazil and theUSA), regardless of whether they are indigenous or foreignto our region. The use of highly effective and often multiplecontrol tactics over long periods of time by farmers willmost likely reduce biodiversity within these fields. Froud-Williams (1997) clearly saw this when he stated “Arable

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ecosystems are more likely to suffer reduced biodiversity asa consequence of agricultural intensification rather thaninvasion per se.” Barlow (2007) is even more emphatic onthis point. “The irony in the war on invasive plants is thatagrarian civilization has done more to displace native speciesthan any of the listed invasive plants could ever hope todo.”

Weed scientists have argued over the value, if any, ofmaintaining weed biodiversity in agricultural systems. Onone extreme is the view that “the only good weed is a deadweed” which would strive to permanently eliminate allweedy species from fields. Others believe that maintaininga mixture of species via seed or vegetative propagules inarable land is desirable, not for agricultural purposed perhaps,but for larger ecological and wildlife benefits. To that end,Storkey and Cussans (2007) attempted to maintain low weeddensities in winter wheat (Triticum aestivum) in the UnitedKingdom. Fifteen weed species were tested over two yearsin an attempt to achieve both in-field biodiversity (weedsand crop) and efficient wheat production. The risk ofsignificant crop yield loss obviously increases with thisstrategy and farmer acceptance of increased risk is mostunlikely unless the species with biodiversity value are alsorelatively poor competitors.

Another way to achieve the goal of biodiversity on thelandscape is to balance intensive agricultural productionwith designated wildlife areas rich in native plant species(Storkey and Westbury, 2007). Government subsidizedprograms to promote and protect wildlife habitat (highlydiverse habitats) are in place in several countries. In theUSA, the Natural Resource Conservation Service of the USDepartment of Agriculture manages several programs thatgive financial payments to land managers to achieveconservation goals. In recent years, this includes subsidizingefforts to restore wildlife habitats. In Wisconsin (northcentral USA), a key targeted invasive species is reedcanarygrass (Phalaris arundinacea), an introduced forage

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grass adapted to wet soils. In addition to being an importantforage grass, this species now infests 1000s of hectares ofstream bank and wetland habitats where it has displacednearly all other plant species. State and Federal agenciesare cooperating to develop comprehensive plans thatincorporate cultural, mechanical and chemical approachesto greatly reduce the canarygrass infestations and thenreestablish a mix of desired forbs, sedges and subsequentlygrasses that can regain their dominance in wetland habitats.

The impacts of the loss of biodiversity are difficult at bestto quantify but most people believe that biodiversitypreservation is of great importance and any spatial, or worse,temporal loss of one or more indigenous species isdetrimental to a healthy and holistic environment.Biodiversity losses include species reductions in fauna aswell as flora (Grice, 2006) and also encompass soil biota(Chen-Huili et al., 2005). We need to recognize that someof the associations between introduced plants and otherorganisms can be positive. A review and research by Altieriet al. (1977) noted numerous examples of beneficialinteractions between cropland weeds and insects andproposed exploring ways to incorporate weeds into pestmanagement strategies.

While Australian rangelands are extensive, they are alsofrequently monitored. Observations suggest than four nativeplant species are now extinct due to “environmental weed”invasion (Groves and Willis, 1999). These authors observedthat “Of the various threats to native plant biodiversity, weconclude that increasing fragmentation of natural areas is amajor factor that allows weeds to establish and dominateand thereby threaten still further the continued existenceof native plant species and the Australian ecosystems inwhich they occur.”

How rapidly do new invaders appear? Of course this varieswith a myriad of factors. Most believe that the globalizationof world trade and tourism has enhanced the movement of

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exotic species (both by design and accident). Thankfullymost countries no longer have an open door policy on plantintroductions. However, Mother Nature has her ownmechanisms to achieve benefits from species movement,regardless of the efforts of humans slow or halt the process.

An interesting review of new plant appearances in the stateof Illinois, central USA, found that between 1803 and 1978,an average of 4.6 new species per year were reported (Henryand Scott, 1981). From 1956 to 1978, the average was 9.4species per year, indicating an increase in the rate of exoticspecies introductions in modern times. Interestingly, 29%of the Illinois flora in 1980 was exotic and these speciescovered at least 80% of the land area, primarily as graincrops and pastures. On the Doll Family farm in southwesternIllinois, I observed the arrival of 10 new weed species duringa 50-year period (Doll, 2007).

Can biodiversity be regained? The answer is “yes, but….”Yes, we can do it. But do we have the human, economicand other resources available? Careful site-by-siteassessment is the starting point. When invasive speciesoccupy large areas of land, complete recovery of biodiversityis unrealistic. However, reversal of species loss in smallareas, particularly when the invasion is detected soon afterit happens, can be accomplished. Those who desire moreinformation on this should search the topic “restorationecology” and similar terms.

In the North Central region of the USA, the European invadergarlic mustard (Alliaria petiolata) is well beyond eradicationin the vast shaded areas of forests and woodlands where ithas displaced nearly all herbaceous species. However,dedicated volunteers working on public lands and diligentland owners have reclaimed many infested sites andreintroduced desired species. A personal example ofconverting land from an exotic species to native plantsoccurred in my lawn. We converted an area that waspredominately Kentucky bluegrass (Poa pratensis) to wild

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flowers, forbs and native grasses. The site had been a wellmaintained lawn for more than 20 years. Nevertheless, theabundance and diversity of invasive weeds was amazingand required hours of manual labor to ensure the successfulestablishment and dominance of desired species. After fouryears, the prairie grass area is nearly stable and desired speciesnow predominate. The wild flower and forb area requiresannual maintenance, suggesting either that we do not havethe right mix of native species or that the invasive plantseedbank is still so large that more time is needed beforethe desired species will predominate without my help.

You will find some who seriously question the wisdom oftrying to reverse the change from native to non-nativespecies. For example, Harvard University landscapearchitecture lecturer Del Tredici (2004) questions whetherrestoration is wise. “What’s striking about this so-calledrestoration process is that it looks an awful lot like gardening,with its ongoing need for planting and weeding. So thequestion becomes: Is “landscape restoration” really justgardening dressed up with jargon to simulate ecology, or isit based on scientific theories with testable hypotheses? Toput it another way: Can we put the invasive species genieback in the bottle, or are we looking at a future in whichnature itself becomes a cultivated entity?” As with anyissue, a variety of opinions certainly exist.

It amazes me to see how rapidly the weed science communityat large has embraced the issue of invasive plants. This isreflected in how often invasive plants are in the limelighttoday. Of course some have always fought “noxious” weedsand many countries have a long history of weed laws,prohibitions and quarantines. But now the issue is thecenter of attention in many circles. For example, the WeedScience Society of America (WSSA) recently teamed upwith the Ecological Society of America and hosted a majorsymposium on invasive plants in natural and managedsystem (the proceedings are published in Weed Technology,vol. 18, p. 1180-1587, 2004). The WSSA will launch a

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new journal on Invasive Plant Science and Management in2008 and the society’s January 2008 newsletter containedthe words “invasive” or “invasiveness” no less than 68 ti-mes. A similar search of the April 2005 Newsletter, found22 occurrences of these words.

Some question whether the significant focus on exoticplants is justified. They point out that native plants can beinvasive as well as imported species and that invasion issimply a normal aspect of nature. Perhaps the spread ofnot overly invasive exotic species actually enhancesbiodiversity and introduced plants might be better adaptedin certain habitats to prevent erosion, provide wildlife habitat,recycle nutrients, etc. than native species.

Nevertheless, most people who ponder the impacts of exoticplants in new areas believe the risk of negative impacts faroutweighs the likelihood of beneficial outcomes. For speciesknown to degrade environmental, human or social qualityof life, efforts should not only continue but increase tolimit their spread and to regain lost territory. For speciesthat still offer potentially significant benefits if introducedinto new areas, a risk-benefit assessment, test plantings,detailed monitoring, and appropriate interpretation of andresponse to plant behavior must be carefully planned andimplemented.

Weed scientists have much to offer in the fight to prevent,contain and control exotic species. We have well trainedclassroom and public educators, researchers and problemsolvers for both natural and agricultural systems who canand are focusing their attention on invasive plants. We canhelp those with great enthusiasm, concern and energyregarding invasive plants to make real-world plans anddecisions that are practical, safe, economical and fruitful.Funding opportunities are appearing to support activeresearch and outreach programs on invasive plants. Weshould strive to be engaged with others in this interestingdimension of weed science and management.

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Keywords: indigenous; native, non-native; restoration; weeds

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Modelos de Estudos da Biodiversidade de Plantas

Jeanine Maria Felfili1; Maria Cristina Oliveira2

1Universidade de Brasília-Laboratório de Manejo Florestal-Centro de Refe-rência em Conservação da Natureza e Recuperação de Áreas Degradadas.

CP 04357- Departamento de Engenharia Florestal, 70 919 970Brasília, DF, [email protected]; 2Pós-graduanda

Vegetações de natureza distinta requerem a adoçãode metodologias apropriadas que reflitam suas característi-cas morfológicas e estruturais (Felfili et al. 2001). Muitasdas variáveis utilizadas em inventários florestais foram de-senvolvidas para ambientes temperados de modo que setorna necessário decidir onde e como mensurar para obterresultados compatíveis com a base metodológica adotada.A grande maioria dos inventários tem sido realizada em ve-getação natural buscando quantificar o volume, biomassa,carbono e outros parâmetros de produção (Alder & Synnot1992) de modo que processos que ocorrem em nível espaci-al e temporal como a regeneração natural, a sucessão, têmsido, em geral, avaliados ou na escala temporal ou espacialde forma segmentada.

A natureza está sempre em mudança e mesmo den-tro de um mesmo tipo de vegetação, encontra-se um mo-saico sucessional que se alterna no tempo e espaço, apre-sentando características diferenciadas. A vegetação secun-dária que repovoa uma área após o abandono (regeneraçãonatural), pode percorrer qualquer caminho no sentido dematuridade, condicionada por fatores ou causa externas queinteragem para exercer um papel chave na recuperação deárea tais como: precipitação, altitude, uso anterior da terra,fertilidade do solo e proximidade da fonte de sementes(Howorth & Pendry 2006).

A matriz do entorno, com a presença de espéciesinvasoras exóticas é um fator que acelera o processo desucessão até mesmo provocando a conversão de uma áreaperturbada em uma colônia de vegetação exótica. No Brasilcentral, espécies de Poaceae como Brachiaria (Urocloa Para

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decunbens), Capim Meloso (Minutis minutifolia) estimula-das pela fragmentação da vegetação natural e pelo fogotransformam até mesmo unidades de conseração em “quei-jos suíços” ou seja, uma matriz de vegetação natural commuitas manchas completamente dominadas por vegetaçãoexótica invasora que se expandem pela abertura de trilhas eestimuladas pelas queimadas e pelas clareiras (Felfili 1997).Estes ambientes já estão se tornando parte da paisagem devastos territórios em nível mundial. Nesse contexto, umalarga matriz de vegetação natural com pequenas “ilhas devegetação exótica” é outra condição pouco considerada nosmétodos e modelos de amostragem de vegetação.

Na escala espacial, as amostragens para analisar adiversidade florística, a estrutura, os parâmetros de produ-ção da vegetação em geral, pautam-se pelo uso unidadesamostrais tanto de área fixa (mais comumente usado) comode área variável e por métodos que variam do aleatório aosistemático. Na escala temporal, são utilizados inventáriosrepetidos em parcelas permanentes (mais comumente usa-dos), em parcelas temporárias ou em um sistema misto ondeparte das parcelas são permanentes e parte são temporári-as. Em estudos de gradientes ou de diferentes estágios dedistúrbios, métodos estratificados onde amostras são dis-postas nas diferentes condições e comparadas aceleram oritmo das análises de dinâmica.

A eficiência na amostragem de uma vegetação é al-tamente dependente dos métodos empregados, por isso, otipo de amostragem deve ser determinado de acordo com anatureza dos organismos e o contexto da vegetação a seramostrada. Dentre os procedimentos é fundamental defi-nir: O universo amostral, ou seja, o espaço delimitado ouárea de interesse do estudo onde será realizada aamostragem e trecho para o qual os seus resultados podemser extrapolados; a amostra, ou seja, o conjunto de unida-des amostrais; a unidade amostral, que representa a fraçãomínima representativa de estudo e que pode ter área fixa –

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parcelas ou faixas, ou variável – pontos quadrantes, pontosde Bitterlich (Felfili et al. 2005).

Para as unidades amostrais de área fixa ou parcelas otamanho varia em função da estrutura da vegetação. Para aparcela ser representativa deve englobar as variaçõesflorísticas e estruturais da vegetação. Não deve ser muitogrande de modo que dificulte a existência de repetição e aorientação dentro da mesma, nem muito pequena de modoque não abranja a variação florístico-estrutural da vegeta-ção. Sua forma deve variar conforme o ambiente a seramostrado e o seu contexto relativo ao entorno. Em geral,as parcelas podem ser retangulares (maior efeito de borda,mais alongada, pode captar mais os efeitos dos gradientes,pode facilitar a orientação dos trabalhadores nas parcelas),quadradas (maior área interna protegida do efeito de borda)ou circulares (para um mesmo perímetro engloba maior área),Felfili et al. (2005). Na adoção de métodos de area variável,deve-se definir a distância entre pontos quadrantes pelomesmo princípio, esta pode ser calculada pela fórmula queconsidera o espaçamento entre plantas (Martins 1979, Sil-va-Júnior 1984).

Quanto ao método de amostragem, entre aamostragem aleatória simples, onde todas as unidadesamostrais tem a mesma chance de ocorrência e aamostragem sistemática onde a localização das parcelas édeterminada para cobrir gradientes ambientais existem mé-todos com alguma restrição a aleatorização como aamostragem estratificada onde é feito um zoneamento daárea de estudo, determinadas as diferenças possíveis deserem mapeadas, a área é dividida em porções homogênease a amostragem é feita em cada porção e posteriormente éfeita uma média ponderada para os resultados quantitati-vos. Outro método de interesse para amostragem de áreasem diferentes estágios sucessionais é o método em doisestágios ou conglomerados onde grandes áreas ou áreascomplexas podem ser divididas em blocos maiores e dentrodesses blocos faz-se uma subamostragem (Phillips 1994).

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Para amostragem de regeneração natural e de estrato her-báceo, componentes onde em geral se encontram as plan-tas invasoras, a amostragem sistemática, a amostragem emdois estágios e a amostragem estratificada tem sido utiliza-da com adaptações a cada condição.

Na amostragem de regeneração natural em matas degaleria esta amostragem comprovou-se eficiente para de-tectar padrões entre áreas perturbadas e não perturbadas.

Na amostragem do estrato herbáceo, Munhoz et al.2008. A cobertura pelo estrato herbáceo tem sido um im-portante parâmetro na avaliação da dinâmica da vegetaçãoherbácea e invasora (Yourkonis et al. 2005).

Dentre vários estudos com vegetação secundária ve-rifica-se uma adaptação dessas metodologias conforme acondição ambiental e os objetivos que podem sersumarizados na análise da diversidade e estrutura e na aná-lise de processos.

Para analisar diversidade e estrutura, a maioria dos mé-todos têm usado parcelas de áreas fixas, com subparcelasde diferentes tamanhos para analisar os diferentes estágiosde estabelecimento da vegetação arbórea (Felfili 1997) e avegetação herbácea (Filgueiras et al. 1998, Munhoz et al.2008). Para analisar processos, a maioria dos estudos tem-se utilizado de parcelas permanentes (Felfili 1997) ouamostrados áreas com histórico conhecido de pertubaçõescom diferentes idades de regeneração (Alves et al. 2006,Oliveira et al. 2006, Sampaio et al. 2007) ou diferentesimpactos (Howorth & Pendry 2006) e níveis de infestaçãopor espécies invasoras (Pegado et al. 2006) e suas interaçõesem várias escalas (Lake &Leishman 2004, Bellingham 2005).Além da medição de variáveis alométicas que indicam cres-cimento e da identificação de espécies, alguns mecanismoscomo modos de dispersão tem sido também analisados as-sim como comparações em escala temporal entre as comu-

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nidades adultas e de regeneração natural Medeiros et al.2007.

Agradecimentos

CNPq pelo apoio contínuo ao projeto de Inventário Contí-nuo e pelas bolsas.

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Palavras-chaves: Sucessão, diversidade, crescimento, inven-tário

key words: Succession, diversity, growth, inventory

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Capítulo 4

Plantas Daninhas Aquáticas

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Manejo de Plantas Aquáticas em Reservatórios de Hidrelétricas no Brasil

Robson Hitoshi Tanaka

CPFL Geração de Energia S/A. Rodovia Campinas - Mogi-Mirim km 2,5 -13088-900 - Campinas - SP

Introdução

A energia elétrica é um insumo fundamental paraprodução de grande parte dos bens produzidos em qual-quer economia desenvolvida. O setor elétrico brasileiro écaracterizado pelo predomínio da geração hidrelétrica: apro-ximadamente 75% de toda a energia elétrica produzida noBrasil é gerada por meio de usinas hidrelétricas. O restanteda produção é gerada por usinas termelétricas que utilizamgás natural, diesel, óleo combustível, carvão vegetal ou mi-neral, madeira ou combustível nuclear.

Em 2007, o Brasil possuía 1.673 empreendimentos degeração de energia elétrica em operação, num total de100.254.938 kW de potência. Considerando-se apenas osempreendimentos hidrelétricos (662), 214 eram CentraisGeradoras Hidráulicas (com até 1 MW de potência), 290eram Pequenas Centrais Hidráulicas (até 30 MW de potên-cia) e 158 Usinas Hidrelétricas (com mais de 30 MW), sen-do responsáveis por 12% da hidroeletricidade produzida doplaneta (Ministério de Minas e Energia, 2007).

As 116 usinas hidrelétricas em operação em opera-ção em 2005 possuíam área de reservatórios de 36.847,64km², o que representava 0,4% do território nacional. Se-gundo a previsão dos estudos do Plano Decenal 2006-2015,para a formação de reservatórios dos novos empreendimen-tos serão alagados 5.862,21 km².

Comparando a estrutura da oferta de eletricidade bra-sileira com a do resto do mundo, percebe-se que o país, porseu potencial hídrico, dispõe de uma vantagem comparati-

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va em relação aos demais, visto que essa fonte é significati-vamente mais econômica comparada com as outras.

No entanto, ainda que os projetos hidrelétricos utili-zem uma fonte renovável, não se podem ignorar os impac-tos significativos causados por alguns empreendimentoshidrelétricos, tanto do ponto de vista da sustentabilidadedos ecossistemas quanto da sustentabilidade social.

A criação de reservatórios altera substancialmenteos ecossistemas aquáticos, adicionando ainda novas áreaspara a colonização por organismos aquáticos. A invasão doespelho d’água por plantas aquáticas flutuantes, ainda du-rante a etapa de enchimento dos reservatórios ou mesmodurante os primeiros anos de operação das usinas, é fatocomum na maioria dos reservatórios, devido à maiordisponiblidade de nutrientes nestes períodos.

Porém, a proliferação de plantas aquáticas não se restringeapenas aos primeiros anos de operação dos reservatórios. Oincremento de nutrientes e sólidos suspensos nosecossistemas aquáticos, resultantes da ação antrópica(eutrofização artificial), também estimula o aumento daspopulações de plantas aquáticas.

Por ser um dos usuários da água, o setor de energia elétricatambém tem a responsabilidade e o dever de planejar autilização deste recurso de forma racional, otimizada e res-peitando os demais usuários do mesmo. Neste sentido, aprevisão da ocorrência de problemas com plantas aquáticasé um grande desafio que deve ser defrontado pelas empre-sas de geração de energia, antes que medidas de manejosejam adotadas. Diante da ocorrência de plantas aquáticas,é necessário avaliar se existe um problema potencial e se omanejo ou controle se faz necessário e, ainda, em que graueste deve ser empregado.

A dificuldade em avaliar corretamente se existe ounão a necessidade de controle de plantas aquáticas reside

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no fato de que estas são componentes importantes em corposhídricos (com papel fundamental no estoque de energia ecarbono nas bases das pirâmides alimentares, proporcionadohabitat adequado para muitos organismos), mas seudesenvolvimento excessivo prejudica a utilização dessescorpos hídricos para navegação, geração de energia em usinashidrelétricas e captação de água para a irrigação e consumohumano e animal (Pitelli, 1998). Embora uma quantidadeadequada de vegetação aquática nativa seja necessária comofonte de oxigênio, alimento e abrigo para a vida aquática,grandes massas destes vegetais podem dificultar anavegação, pesca, recreação e entupir as tomadas de águadas turbinas das usinas hidrelétricas e dificultar a própriavida no corpo da água.

Vários reservatórios de usinas hidrelétricas apresentaminfestações de plantas aquáticas com prejuízos à geraçãode energia elétrica. Uma das situações mais graves ocorrena Usina Hidrelétrica Eng. Souza Dias, que controla oreservatório de Jupiá. Neste reservatório, infestações dasespécies submersas Eger ia densa, Egeria najas eCeratophyllum demersum podem acumular-se nas gradesde proteção da tomada d’água das unidades geradoras,provocando o seu entupimento (Marcondes et al., 2002).

O trabalho de limpeza das grades da tomada d’águada usina é contínuo ao longo de todo o ano. Caso a limpe-za não seja feita em tempo, a obstrução das grades podegerar cavitação das turbinas, ruptura ou sucção de painéisdas grades de proteção.

A despeito da reconhecida importância ecológica dasplantas aquáticas, os estudos sobre sua biologia, ecologiae manejo em ecossistemas brasileiros aumentaram somentea partir da década de 80, quando começaram a aumentar oscasos de problemas decorrentes do desenvolvimento de plan-tas aquáticas em grandes reservatórios de usinas hidrelétri-cas.

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A maior quantidade de estudos também decorreu dapromulgação da Lei nº6.938/81, que instituiu a Política Na-cional de Meio Ambiente, pelo qual a implantação de usi-nas hidrelétricas passou a necessitar de licenciamentoambiental prévio por órgão competente, por ser considera-da atividade efetiva e potencialmente poluidora, capaz decausar degradação ambiental. Com isso, no processo delicenciamento ambiental, todos os impactos ambientais de-correntes da implantação dos empreendimentos - como aproliferação de plantas aquáticas - devem ser identificados,devendo-se prever as medidas de mitigação ou compensa-ção dos impactos negativos.

Nos últimos anos, a obrigatoriedade legal de avaliaçãodos impactos ambientais decorrentes da implantação deusinas hidrelétricas e a maior ocorrência de problemasprovocados por plantas aquáticas fizeram com que diversasempresas e instituições de pesquisa buscassem desenvolveralternativas de monitoramento e controle de plantasaquáticas que fossem ambiental e economicamente viáveise que também fossem adequadas à legislação ambientalbrasileira. Dentre os métodos de controle estudadosdestacam-se os físicos através da remoção mecânica;químicos pela utilização de herbicidas; e biológicos atravésda ação de agentes fitopatogênicos específicos.

O aumento da importância dada às plantas aquáticasnos últimos anos pode ser comprovado pelo grande númerode publicações ocorridas, na forma de livros, artigos deperiódicos ou anais de eventos.

Apesar deste grande aumento nas pesquisas,especialmente sobre a biologia, ecologia e técnicas dequantificação de plantas aquáticas (como o uso cada vezmais freqüente e confiável do sensoriamento remoto), nãohouve grande desenvolvimento de métodos de controle quefossem técnica, legal e economicamente viáveis. Atualmente,as ações de controle das plantas aquáticas vêm serestringindo aos métodos mecânicos e fisicos. No caso do

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controle químico, apesar dos diversos estudos publicadosnos últimos anos, houve o registro comercial de apenas umherbicida, o fluridone, para utilização em ambientesaquáticos, sendo específico para plantas aquáticassubmersas.

O controle mecânico é um método cuja eficiência éaltamente dependente de equipamentos adequados e deuma estrutura de apoio que maximize o rendimentooperacional dos equipamentos.

Os equipamentos para controle mecânico podem colher,dragar, empurrar, rebocar, picar, cortar ou realizar duas oumais destas funções conjuntamente. Os equipamentos dis-poníveis no país são, em sua maioria, equipamentos adap-tados para operação em ambientes aquáticos. O fato denão terem sido projetadas para este fim faz com que seurendimento operacional seja baixo.

Como o controle mecânico envolve não somente acoleta das plantas aquáticas, mas também seu tranporte edisposição final fora do corpo hídrico, várias alternativas deaproveitamento vem sendo estudadas, como a utilizaçãocomo fertilizante e condicionador de solo, como fonte dealimento para animais e outros usos. Em diversos casos, agrande limitação do método (além de seu custo elevado) éa inexistência de áreas para disposição das plantas colhidas.

Dentre os métodos físicos, a manipulação dos níveisd’água pode ser considerado o único com potencial paraser utilizado em grande escala, pois a totalidade da regiãolitorânea poderia ser atingida simultaneametne com essamanipulação. A alteração dos níveis do reservatório da UHESalto Grande, no rio Paranapanema, tem se mostrado umaalternativa eficiente para manejo da espécie submersa Egeriadensa.

Cabe ressaltar que no Brasil, diferentemente do quese observa em países da Europa ou América do Norte, os

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problemas registrados com o crecimento de plantas aquáti-cas são provocados em grande parte por espécies nativas,como Egeria densa (elódea) e Eichhornia crassipes (aguapé).O desenvolvimento excessivo dessas espécies de plantasaquáticas não ocorre em ambientes naturais, mas emecossistemas alterados pela ação do homem. Nos últimosanos, porém, têm sido relatadas ocorrências crescentes deespécies exóticas invasoras, tais como Hydrilla verticillata(espécie submersa originária da Ásia) e a Brachiariasubquadripara (espécie emersa originária da África,introduzida no Brasil como espécie forrageira para uso emáreas úmidas ou alagáveis). Espécies invasoras como estase outros tipos de oganismo como o mexilhão-dourado(Limnoperna fortunei) são motivos de grandes impactos nãoapenas à geração de energia, mas em todo o ambiente.

A velocidade com que as plantas aquáticas passam aprovocar impactos negativos aos usos da água torna neces-sário o monitoramento sistemático da ocorrência de plan-tas aquáticas nos reservatórios.

Além do monitoramento das plantas aquáticas, asempresas geradoras de energia também realizam outrasações, como o monitoramento da qualidade da água, quejuntamente com o Plano Ambiental de Conservação e Usodo Entorno de Reservatórios Artificiais (conforme a Resolu-ção nº 302 do Conselho Nacional de Meio Ambiente), per-mitem avaliar de forma mais consistente a necesidade ounão da adoção de medidas de controle. Essas ações inte-gradas vem permitindo observar que o desenvolvimento ex-cessivo de plantas aquáticas deve ser entendido como umsintoma, e não somente como a causa de problemas.

É nesta visão mais ampla que reside o grande desafiodo manejo de plantas aquáticas: buscar um equilíbrio naspopulações de plantas que permita os diversos usos da águamas que também mantenha suas funções ecológicas noecossistema.

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Bibliografia

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Manejo de Malezas Acuáticas en la Región Sur deAmérica Latina

Sabbatini M.R1., Irigoyen J.H. 1, Sidorkewicj N. 2 y Fernández O.A. 1

1Departamento de Agronomía y CERZOS, 2 Departamento de Biología,Bqca. y Farmacia, Universidad Nacional del Sur, 8000 Bahía Blanca,

Argentina.

Resumen

La típica taxa que genera perjuicios en losecosistemas acuáticos de la región está constituida pormacrófitas sumergidas y en menor medida por especiesflotantes, emergentes y cianobacterias causantes de ladegradación de la calidad del agua. Las experiencias másinteresantes de control biológico de malezas sumergidas encanales de drenaje del norte de la Patagonia argentina, sehan basado en el empleo de los peces Ctenopharyngodonidella (carpa herbívora) y Cyprinus carpio (carpa común).Los resultados obtenidos, ampliamente satisfactorios,indican que ambas especies podrían utilizarse en programasde manejo en sistemas de riego de la región. Es importantedestacar, sin embargo, que el potencial beneficio que seobtiene de manipular poblaciones de Cyprinus carpio a losefectos de controlar malezas acuáticas, deberácompatibilizarse con los perjuicios que este pez podría cau-sar a la fauna y flora de los ambientes acuáticos. El uso demaquinarias pesadas (retroexcavadoras, arrastre de cadenas)es un método ampliamente difundido en distritos de riego,que consiste tanto en labores de corte y/o cosecha de lasmacrófitas como en dragado del sedimento. Este métodopresenta el inconveniente de que debe repetirse varias vecespor temporada, ya que generalmente luego de lasoperaciones se produce la reinvasión y dispersión de lasmalezas en el canal. En cuanto al control químico, losherbicidas más utilizados en la región son la acroleína, sul-fato de cobre, diquat y paraquat para el control de malezassumergidas, y el 2,4-D amina, paraquat y glifosato para el

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control de especies emergentes. En canales artificiales dealto caudal el herbicida más utilizado es la acroleína, aunquesu eficiencia varía de acuerdo a la especie a controlar y adiferentes factores vinculados al ambiente acuático.

Palabras claves: malezas acuáticas, control biológico, controlmecánico, herbicidas.

Abstract- Aquatic Weed Management in Southern Latin-America

The typical taxa causing problems in the aquaticsystems of the region are submerged macrophytes and lessfloating, emergent and cyanobacteria, which produce waterquality degradation. The more interesting experiences forthe biological control of submerged weeds were attainedwith the fish Ctenopharyngodon idella (grass carp) andCyprinus carpio (common carp), showing that both speciescould be effectively used for the management of aquaticweeds in both drainage and irrigation channels of northernthe Patagonia Argentina. The manipulation of C. carpiowithin an aquatic weed control programme should, however,consider the possible negative effects that this fish couldproduce to the local fauna and flora. The use of heavymachine (excavators, heavy chains) to perform cutting,harvesting and dredging, is the more widely mechanicalmethod used in irrigation districts. This method has thedifficulty that usually needs to be repeated several timesduring the same season due the rapid regrowth of thevegetation. Herbicides commonly used in the region areacrolein, copper sulphate, diquat and paraquat forsubmerged weed control, and 2,4-D amine, paraquat andglyphosate for emergent weeds. Acrolein is the productmore extensively applied in artificial irrigation channels ofhigh water flow, but its efficiency varies according to thespecies and other factors related to water environment.

Keywords: aquatic weeds, biological control, mechanicalcontrol, herbicides.

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Introduccion

La típica taxa de macrófitas acuáticas que generaperjuicios en los ecosistemas lóticos y lénticos de todo elmundo, recientemente reseñada por Sidorkewicj et al.(2004), es similar a la que produce problemas enLatinoamérica. Mientras que en la región tropical las malezasflotantes son las más perjudiciales, en la región sur losmayores problemas los ocasionan las especies sumergidas(Sabbatini y Sidorkewicj, 1999). En varios países, los lagos,lagunas y reservorios suelen presentar durante la época cá-lida un denso crecimiento de diversas especies que dificultael normal empleo de las aguas. Sin embargo, los principalesinconvenientes se localizan en los distritos de riego. Existenvarios sistemas de riego en la Argentina, fundamentalmen-te cultivados con sistemas fruti-hortícolas o agrícola-ganaderos. Dos de los más importantes son los valles delrío Colorado (VIRC: 39°10´S, 62°55´O) y del río Negro(VIRN: 40°48’S, 63°05’O). En ellos, el uso de maquinariapesada (retroexcavadoras, arrastre de cadenas) es un méto-do costoso pero efectivo para mantener los canales de riegoy drenaje libres de malezas acuáticas.

Las especies sumergidas de mayor importancia enla región son Potamogeton (P. pectinatus, P. illinoensis, P.pusillus), Zannichellia (Z. palustris), Myriophyllum (M.elatinoides, M. aquaticum), Ceratophyllum (C. demersum),Elodea (E. callitrichoides, E. densa), Ruppia (R. maritima),Chara (C. contraria), y algas filamentosas (Cladophora,Enteromorpha, Rhizoclonium). Potamogeton constituye elprincipal problema en distritos de riego, implementándosediferentes estrategias para disminuir su abundancia.

Las malezas mencionadas anteriormente, junto conespecies de hábito emergente, tales como las pertenecientesa los géneros Typha, Scirpus, Phragmites o Zizaniopsis, en-tre otras, causan problemas también en lagunas, reservoriosy canales parcelarios. Un ejemplo lo constituyen diferenteslagunas localizadas en la provincia de Buenos Aires, donde

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el excesivo crecimiento de estas malezas conducefrecuentemente a la ocupación total del sistema, impidiendosu potencial aprovechamiento con fines recreativos y turís-ticos, tales como pesca o navegación. Algunas especiesemergentes, tales como Echinochloa crus-galli, tambiéncausan perjuicios al cultivo del arroz en el litoral de lasprovincias de Entre Ríos y Corrientes, ocasionando pérdidasde hasta un 70% en el rendimiento del grano (Sidorkewicjet al., 2004)

Si bien las especies flotantes no causan inconveni-entes relevantes en esta región, ocasionalmente, lasexcesivas poblaciones de Eichhornia crassipes,frecuentemente acompañadas por otras flotantes como E.azurea o Pistia stratiotes, pueden afectar el aprovechamientode algunos cuerpos de agua en diferentes provincias delnorte de la Argentina. Por ejemplo, en el río Paraná a menudose forman verdaderas islas de vegetación flotante denomi-nadas “camalotales”, que se trasladan aguas abajo y puedenocasionar daños a estructuras y dificultar la navegación. Seha encontrado que en algunas épocas del año más de cuatroha de camalotales pasan diariamente por la rivera de la ciudadde Paraná, transportando a menudo una rica fauna deinsectos, ofidios, caracoles y otros animales (Fernández etal., 1993).

En algunas situaciones, un crecimiento excesivode algas, cianobacterias o macrófitas en sistemas acuáticostales como reservorios o lagos se puede convertir en unfactor fundamental de la degradación de la calidad del agua.Una de las consecuencias más relevantes del crecimientoexcesivo de varias especies de cianobacterias es la producciónde toxinas que contaminan peligrosamente el agua destina-da al consumo del hombre y animales (Gangstad andCardelli, 1990). En estos casos, los métodos de control sebasan en la disminución del ingreso de nutrientes al cuerpode agua, lo que implica la adopción de medidas a nivel decuenca hidrográfica, tales como la reducción del uso defertilizantes en la agricultura o el tratamiento de desechos

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industriales o urbanos previo a su descarga al agua. Lapurificación del agua a un nivel aceptable puede en estoscasos demandar una serie de acciones de control costosas,tales como filtración o detoxificación. Un ejemplo recientesobre el impacto negativo del crecimiento excesivo decianobacterias fue la presencia en el año 1999 de Anabaenay Microcystis en el reservorio Paso Piedras que provee deagua potable a la ciudad de Bahía Blanca, Argentina. Laabundancia de dichas especies condujo a que, como medi-da de protección, durante varios meses se limitara del con-sumo de agua de red a la población (Fernández et al., 2006).

Control Biologico

Varios organismos se han experimentado a los fi-nes de su uso en programas de biocontrol de malezasacuáticas, tanto en ambientes lénticos como lóticos, siendolos más estudiados los artrópodos, peces herbívoros ypatógenos. El control de Eichhornia crassipes mediante laintroducción del curculiónido Neochetina bruchi en el di-que Los Sauces, al noroeste de la Argentina, es considera-do como uno de los más exitosos eventos de biocontrol delpaís (Cordo y Zapater, 1996).

El pez fitófago Ctenopharyngodon idella (carpaherbívora, sogyo o amur blanco) ha sido introducido enmás de 25 países como agente de biocontrol de malezassumergidas, con resultados satisfactorios en la mayoría delos casos (Murphy et al., 1993). En Argentina, la carpa her-bívora ha sido propuesta para el biocontrol de malezassumergidas en varios sistemas de riego del país, así comotambién en el delta existente en la desembocadura del ríoParaná en el océano Atlántico. Un proyecto de investigaciónpara el uso de este pez en el distrito de riego del VIRN,iniciado en 1993, arrojó resultados satisfactorios, dado queluego de dos meses de introducidos los peces bajocondiciones naturales, a una tasa de 100 Kg ha -1, se alcanzóun control efectivo de malezas sumergidas (Dall´Armellinaet al., 1999). A pesar de los buenos resultados obtenidos

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en esta investigación, hasta la fecha no se ha concretado laincorporación efectiva de C. idella al sistema de riego delVIRN como agente de biocontrol.

La carpa común, Cyprinus carpio, es un pez nativodel Asia oriental, que ha recibido mucha atención por elefecto ambiental negativo que causa luego de suintroducción en un cuerpo de agua fuera de su rango nati-vo. En efecto, dado que se alimenta principalmente de or-ganismos presentes en el sedimento, produce un disturbioque se traduce en un incremento de la turbiedad del agua,con la subsiguiente muerte de la vegetación sumergida yefectos colaterales sobre otros organismos acuáticos queviven asociados a la comunidad vegetal. La predación sobrealevines de otras especies (por ejemplo, pejerrey) es otra delas causas del empobrecimiento y alteración de lacomposición faunística del sistema. C. carpio ingresópresumiblemente en forma accidental al distrito de riegodel VIRC a mediados de los 80´, encontrándose actualmentecomo un constituyente natural de la fauna íctica de loscanales. Sobre fines de la década del ’80 se observó unadisminución notable del grado de enmalezamiento, funda-mentalmente en los canales de drenaje del sistema, encoincidencia con el incremento en la densidad de la carpacomún (Fernández et al., 1998). Como consecuencia deestas observaciones, se evaluó la posibilidad de utilizar aesta especie como un agente de biocontrol en los canalesdel sistema. Dichos estudios revelaron que una carga de500- 2000 juveniles ha -1 produjo una reducción en labiomasa de malezas sumergidas de entre 40 y 100%, e in-crementos de hasta un 200% en la turbiedad del agua(Sidorkewicj et al., 1998). Recientemente, se ha producidoel ingreso accidental de C. carpio en los canales de riego ydrenaje del VIRN (Bezic, comunicación personal), lo que haproducido un fenómeno similar al ocurrido 20 años atrás enel VIRC: el incremento en la turbiedad del agua de los dre-nes y la consiguiente disminución del problema de malezasacuáticas. Las observaciones y las experiencias realizadasindican que, más que considerar la presencia del pez como

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un problema, la manipulación de las poblaciones de C. carpiobajo condiciones controladas podría constituirse en unaherramienta eficaz del control de malezas acuáticas en losdistritos de riego del VIRC y VIRN.

Control Fisico

La remoción directa de la vegetación acuática através del uso manual de diferentes herramientas tales comoguadañas, rastrillos, tijeras, etc. es sólo utilizada para elcontrol de grupos aislados de plantas localizados enpequeños reservorios o cursos de agua, así como apoblaciones que crecen en las márgenes de lagos o canales.La eficiencia de estas operaciones es muy baja, además deexponer al operario a riesgos frecuentes tales comoaccidentes o contracción de enfermedades.

El VIRC provee riego a un área de 92000 ha a tra-vés de una red de canales de riego y drenaje de 9000 km deextensión. Con una red tan extensa de canales, el controlde malezas sumergidas en canales de alto caudal (red pri-maria y secundaria) se debe realizar necesariamente demanera sistemática, efectiva y previendo un alto costo deoperaciones. El uso de maquinarias pesadas resulta el mé-todo más práctico y eficiente, efectuándose labores de cortey/o cosecha y dragado.

El tipo de maquinarias más utilizadas son lasretroexcavadoras autopropulsadas con brazos hidráulicos,que circulan por la banquina de los canales. Se puedendividir en aquellas que poseen un rastrillo, y cuyo objetivoes únicamente cortar y extraer la vegetación sumergida, yaquellas que poseen un balde, que extraen parte del sedi-mento además de la vegetación. Las equipadas con rastrilloextraen aproximadamente un 70% de la vegetación y cubrencerca de 100 m de canal por hora, mientras que las debalde, si bien hacen un trabajo más completo, cubren apro-ximadamente 40 m de canal por hora (Fernández et al.,1993). Otro método muy utilizado en canales de riego de

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alto caudal es el del arrastre de cadenas pesadas, con sali-entes filosas, por medio de dos tractores que circulan porlas márgenes opuestas del canal, provocando el corte y pos-terior arrastre de la vegetación aguas abajo.

El empleo de métodos de control mecánico, funda-mentalmente corte y rastrillado, presenta el inconvenientede que luego de las operaciones sobreviven enterrados enel sedimento una alta proporción de propágulos (rizomas,tubérculos, bulbos) y fragmentos de vegetación querápidamente provocan la reinvasión y dispersión de lasmalezas en el canal (Dall´Armellina et al., 1996). Así, porejemplo, en el VIRN es necesario realizar en pocos meseshasta siete arrastres de cadenas pesadas en el mismo canalpara asegurar el abastecimiento normal del agua de riego alos agricultores (Murphy, 1995).

Una metodología alternativa utilizada en el distritode riego del río Dulce (27°25´S, 63°50´W), es la de reali-zar una interrupción temporaria de 4-5 días en el suministrode agua del canal durante la época de riego. Esteprocedimiento causa la desecación del follaje de las malezassumergidas debido a las altas temperaturas y baja humedaddel área, mejorando la circulación del agua. Esta operaciónes inevitablemente seguida del rápido rebrote de las malezas,por lo que debe ser repetido varias veces durante la estaciónde crecimiento.

Otra metodología alternativa para el control demalezas sumergidas es la de cubrir el fondo de los canalescon plástico negro, o paño geotextil, para evitar elcrecimiento de malezas enraizadas. En una experiencia rea-lizada en el VIRC en 1998, se colocó un plástico de 7 m deancho a lo largo de 20 km de un canal de riego. Aunquedurante los primeros meses el plástico evitó el crecimientode vegetación sumergida, el efecto a largo plazo fue nega-tivo ya que el sedimento se acumuló sobre el plástico y lavegetación colonizó el nuevo sistema expandiéndoserápidamente.

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Control Quimico

Los herbicidas ofrecen una alternativa de controlrápido y eficiente para el control de la mayoría de las malezasacuáticas. Estos compuestos son herramientas poderosas,pero requieren para su uso en ambientes acuáticos de unconocimiento y entrenamiento especial a los efectos de noocasionar daños a todos aquellos organismos que no seanblanco de las aplicaciones. Más allá del impacto negativoque estos productos puedan causar en el ambiente acuático,resulta importante aclarar que cuando son utilizados racio-nalmente, resultan efectivos para mejorar la calidad del aguaen muchos tipos de sistemas acuáticos, especialmentecuando no hay otras vías alternativas para el control demalezas. En general puede aseverarse que la vida media delos herbicidas en el agua es de apenas horas y son fijadosirreversiblemente en el hidrosuelo de los cuerpos de agua,por lo que resultan de muy baja persistencia.

Sólo un limitado espectro de herbicidas se encuentradisponible para el uso en ambientes acuáticos, y ninguna omuy poca investigación se realiza en el desarrollo de nuevosproductos (Madsen, 2000). En la región, los herbicidas másutilizados son la acroleína, sulfato de cobre, diquat yparaquat para el control de malezas sumergidas, y el 2,4-Damina, paraquat y glifosato para el control de malezas emer-gentes.

En el control de malezas sumergidas en canales dealto caudal, el herbicida más utilizado es la acroleína. Esteherbicida es muy tóxico y su aplicación debe efectuarlapersonal entrenado con un equipamiento especial, ya quesu incorporación al agua se realiza mediante inyección connitrógeno. Su uso es muy restringido debido a su altatoxicidad a plantas y animales, pero se utiliza aún en siste-mas acuáticos de varios países. En la región, la aplicaciónde acroleína ha encontrado su mayor difusión dentro deldistrito de riego del VIRC, donde se viene utilizando enforma discontinua desde hace más de 30 años. La eficiencia

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en el control de la vegetación sumergida varía entreaplicaciones, especialmente debido a diferentes factoresvinculados con el ambiente acuático, tales como turbiedad,pH, conductividad y temperatura del agua (Bentivegna etal., 1998). Los mejores resultados para el control de P.pectinatus se han obtenido combinando aplicaciones debaja concentraciones con alto tiempo de inyección, siendola óptima la de 2-5 mg l-1 en 24 horas de exposición(Fernandez et al., 1993).

En cuerpos de aguas tales como lagunas oreservorios, la aplicación sectorizada de herbicidas en bajasdosis, permite un muy buen control de malezas sin afectarla fauna íctica ni la vegetación circundante. Experienciasrealizadas en la laguna Mulitas, Provincia de Buenos Aires,con aplicaciones de paraquat desde un bote en formasectorizada tanto en tiempo como en espacio, permitieronla eliminación de las malezas en áreas en las que el canopeode Myriophyllum alcanzaba el nivel superficial, con profun-didades del agua de hasta 1,5 m. Si bien el herbicida produjouna leve desoxigenación inicial, luego de dos meses laconcentración de oxígeno disuelto en el agua exhibió valo-res superiores a los registrados con anterioridad a laaplicación del producto, sin cambios significativos en el pHy turbiedad (Irigoyen et al., 1999). La aplicación en formasectorizada evita que las bajas concentraciones de oxígeno,que se producen con posterioridad a las aplicaciones comoconsecuencia de la muerte de la vegetación, produzcanmortandad de peces.

Manejo Integrado de Malezas Acuaticas

El manejo integrado de malezas es recomendadocuando diferentes estrategias de control combinadas puedenmejorar los resultados obtenidos por un solo procedimiento,produciendo el menor daño al ambiente. La puesta en mar-cha de un programa de manejo integrado en un sistemaacuático requiere necesariamente de un cuidadoso estudio,ya que las diferentes medidas de control pueden no ser

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compatibles. Así por ejemplo, la implementación de un pro-grama de control biológico utilizando peces resultaráincompatible con la aplicación de herbicidas como laacroleína, letal para la fauna íctica. Asimismo, el potencialbeneficio de manipular poblaciones de Cyprinus carpio alos efectos de controlar malezas acuáticas, deberácompatibilizarse con el perjuicio que pudiera causar estepez a la fauna y flora de los ambientes acuáticos de laregión.

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Impacto Ambiental de Herbicidas no Meio Aquático

Luiz Lonardoni FoloniEngº Agrônomo, M.S., DR.,

Profº Colaborador do Curso de Pós Graduação emEngenharia Agrícola Feagri - Unicamp

Introdução

Em situações nas quais as macrófitas aquáticas es-tão presentes, tanto em lagos, rios, represas e usinas hidre-létricas, têm causado diversos problemas, que vão além deprejudicar a beleza da paisagem, como o abrigo de vetoresde várias doenças (ocasionando sérios problemas de saúdepública), prejudicam as atividades de lazer através da nave-gação, no funcionamento anormal de eclusas, e problemascomo a obstrução das grades de proteção e das turbinas.

As plantas aquáticas podem ser encontradas vegetandoas margens de rios e reservatórios ou dentro dos mais diver-sos ambientes aquáticos, empregando diferentes mecanis-mos de adaptação para sobrevivência e desenvolvimento.Enquanto algumas espécies apresentam-se enraizadas emcorpos d’água com fortes correntezas, outras somente po-dem viver em águas paradas ou estagnadas. Martins et al.,(2002).

Os ambientes aquáticos, de forma geral, são forma-dos por uma grande biodiversidade vegetal, que em situa-ção ecologicamente equilibrada, é essencial para a manu-tenção e desenvolvimento deste ecossistema. Nesses ambi-entes, as plantas aquáticas são responsáveis pela oxigenaçãoe depuração da água, servindo de alimento para peixes eaves que protegem as margens da ação erosiva da água.Tanaka (1998).

A desestabilização desses locais pode ter como conse-qüência, entre outras, um crescimento descontrolado deuma ou mais espécies, elevando sua população a níveis

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indesejáveis e prejudiciais, tornando necessária à adoçãode medidas de controle.

O fato de ambientes hídricos tornarem-se infestados porplantas aquáticas é uma indicação de que a água apresentaum problema de difícil solução: O excesso de nutrientes,provenientes de fontes como o esgoto doméstico, a erosãode terras agrícolas, os resíduos industriais e a decomposi-ção de plantas e de outros organismos. Patton & Starnes,(1970).

No Brasil, as plantas aquáticas representam grandes pro-blemas em três ambientes alterados pelos homens: lagos ereservatórios eutrofizados próximos a centros urbanos; re-presas rurais e canais de irrigação e de drenagem; reservató-rios de usinas hidrelétricas. Piteli, (1998).

Herbicidas e o Ambiente

Os trabalhos existentes na bibliografia abordam os gran-des reservatórios, mas devemos lembrar que existem inú-meros reservatórios pequenos, cujas principais característi-cas são a de ter pequeno volume d’água e pequena profun-didade (rasos). Dessa forma, propiciam o desenvolvimentode extensas comunidades de macrófitas aquáticas. Wetzel,(1975), ressalta que no final terminarão de desembocar nosgrandes rios e acabar por ocasionar os problemas já cita-dos.

O uso de herbicidas, é relatado por uma série de traba-lhos encontrados na literatura internacional e com menosintensidade, por limitações legais, na literatura brasileira,dentre estes, por exemplo, Velini et al. (2002) avaliaram oreservatório de Americana-SP através de imagens de satéli-te dos anos de 1985, 1990, 1995, 2000 e 2001 para mapeara ocorrência de macrófitas marginais e flutuantes, encon-trando um valor final de 260 t. ha-1, com taxa média mensalde 3,35%. A ocupação do reservatório evolui de 0,21%para 16%, de forma que em 1990 bastaria controlar 30,5

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há para a infestação voltar ao nível de 1985, já em 2001seria necessário controlar 7,5 há mês-1, durante 27 mesespara alcançar os mesmos resultados. Os autores concluemque este é apenas um exemplo dos muitos no Brasil, dasconseqüências entre a eutrofização do ambiente e o livrecrescimento de macrófitas por longos períodos, indicandoque tal situação não pode ser considerada parte integrantede um ecossistema em equilíbrio.

Carvalho et al. (2003) avaliaram o nível de infestação deplantas aquáticas no Rio Tietê, no reservatório de Barra Bo-nita (SP), em 335 pontos, resultando em 1.871 ha de áreainfestada, de uma área total de 27.718 ha. Encontraram 17espécies de macrófitas superficiais, sendo as mais impor-tantes: Brachiaria mutica; Brachiaria subquadripara;Eichhornia crassipes; Pistia stratiotes; Enida Sessilis;Polygonum lapatifolium; Echinochloa polystachya e Salvíniaauriculata.

Segundo Martins, (1998), dentre os métodos de contro-le existentes e recomendados têm-se os herbicidas, sendomundialmente mais utilizados os seguintes compostos: 2,4– D; diquat; endothal composto à base de cobre; fluridone;imazapyr e glyphosate.

Guimarães, et al. (2003) utilizaram uma metodologia paraavaliação do impacto ambiental causado pelo uso deherbicidas no controle de macrófitas. Para tanto, foramconstruídos mecanismos em alvenaria, com volume de 1080L., que apresentam entrada e saída da água pela superfície,com uma vazão média de 2,73 ml 5-1, resultando em umperíodo de renovação do volume d’água de 4,7 dias. Estetempo de renovação reflete aproximadamente a condiçãodo reservatório da Santana (Piraí-RJ), onde as macrófitassão abundantes e problemáticas.

O sistema avaliado possibilitava a inserção de lâminaspara coleta e medida da comunidade bentônica. O métodoutilizado foi o de fluxo contínuo, e vários parâmetros de

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qualidade de água foram medidos, além da determinaçãode resíduos na coluna d’água e no sedimento. A intençãode se utilizar um método de fluxo contínuo foi buscar umasituação mais próxima da realidade, afim de que os resulta-dos obtidos possam espelhar com maior exatidão os possí-veis riscos provenientes do uso de substâncias químicas nocontrole das macrófitas.

Avaliação dos impactos ambientais

A avaliação de um produto fitossanitário deve seranalisada como um produto que é colocado no mercado,após ter sido submetido á análise, regulamentada pordiretrizes internacionais e por legislações específicas decada país.

Avaliação ambiental envolve a necessidade de ferra-mentas seguras para o manejo de produtos fitossanitáriosem etapas para analisar o comportamento e destino no am-biente. (Wagenet e Rao, 1990). Utilizando para tanto demodelos matemáticos, a capacidade de predição de ummodelo é diretamente relacionada á disponibilidade de in-troduzir dados. No Brasil, este é o maior empecilho, por nãohaver banco de dados de resíduos disponíveis, fato queleva os pesquisadores testar diferentes modelos com umapequena quantidade de dados; A Utilização de Modelosmatemáticos pelo fato de que as propriedades físico-quími-cas dos produtos fitossanitários e as características do am-biente. Estes podem ser representadas por meio de núme-ros. Os modelos matemáticos indicam com relativa facilida-de, a tendência de distribuição ambiental e destino dosprodutos fitossanitários, em um ou mais compartimentosde risco, e a aproximação das concentrações em diversasmatrizes. Desta forma, tornam-se o melhor instrumentorealístico aplicável para o manejo de produtos fitossanitários.Vighi e DiGuardo,(1995).

Dentre os diferentes modelos existentes, o mais popularé o de GUS( groundwater ubiquity score ) proposto por

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Gustafson (1989), este pesquisador estudou a mobilidadeno solo, adotando como parâmetros, o coeficiente de car-bono orgânico ( Koc) e a meia vida, para compostos quepossam ou não ser lixiviados no solo. De forma geral indi-cam o grau de lixiviação da molécula.

Outro modelo é o da Fugacidade. O modelo matemáticoutilizando o conceito de fugacidade foi desenvolvido porMackay (1979), apresentando vários níveis de complexida-de de cálculos, dependendo das necessidades de modela-gem e disponibilidade de dados. A complexidade do mode-lo resulta do número de compartimentos, da inclusão ounão de reações de degradação e de advecção ou ainda deoutros parâmetros. Esta propriedade da fugacidade permitesua aplicação na análise termodinâmica de sistema, quecompreendem mais de uma fase, caracterizadas pelo movi-mento de substâncias entre fases, freqüente em sistemasambientais. O conceito da Fugacidade é dividido em 4 ní-veis, o mais simples é o nível I e o mais complexo o IV.Como exemplo, foi calculado o nível de fugacidade para osherbicidas mais utilizados no ambiente aquático, exceto paraglyphosate, que este modelo não permite fazê-lo.

Resultados

A seguir, são apresentados os resultados do cálculode qual ou quais comportamentos são mais vulneráveis aosherbicidas utilizados no controle de macrófitas aquáticas.O conceito de fugacidade Nível I é apresentado na Figura 1.

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Figura 1. Modelo de fugacidade Nível I.

Os dados de Guimarães et al. (2003) mostraram tam-bém que tanto os mesocosmos com herbicida, quanto àque-les nos quais se utilizou à morte das plantas por congela-mento, não mostraram diferenças de ordem geral para osparâmetros de impacto analisados.

Conclusões

No controle de macrófitas aquáticas deve ser consi-derado: - Aspecto dos danos e prejuízos imediatos (facil-mente percebidos), tais como nas Usinas hidrelétricas e paraos casos menos evidentes, como na saúde pública; - O im-pacto ambiental pode ser avaliado através de modelos ma-temáticos, os quais permitem prever em qual ou quais com-partimentos estes produtos apresentam maiorvulnerabilidade; - Efeitos ecológicos causados por produtosfitossanitários, resultantes da toxicidade e dos efeitos emorganismos não-alvos (salvo raras exceções são significati-vos sob o ponto de vista do ecossistema, se houver con-centrações consideráveis do produto); - Imperativo pensarem como controlar as macrófitas aquáticas em seus nichosou criadouros antes que atinjam os grandes cursos d’águaevitando toda sorte de problemas aqui resumidos.

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Capítulo 5

Manejo Integrado de Plantas Daninhas emCana-de-Açúcar

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Manejo Integrado de Plantas Daninhas em Cana-de-Açúcar em Grandes Unidades de Produção -

Visão Prática

Rogério A. B. Soares1, Pedro J. Christoffoleti2, Ramiro F. Lopez

Ovejero3, Marcelo Nicolai4, Saul J. P. Carvalho5,

Ana Carolina Ribeiro Dias6

Usina Jalles Machado - GO1 , ESALQ-USP2, Doutorando ESALQ-USP3,Doutorando ESALQ-USP4, Doutorando ESALQ-USP5, ,

Mestranda ESALQ-USP6

1. Introdução

A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum)tem exercido importante papel na economia brasileira, prin-cipalmente por conseqüência da grande produção alcançadanos últimos anos. Os elevados valores obtidos colocam oBrasil como líder mundial nas agroindústrias de açúcar eálcool. Nos últimos anos, a área produtiva, bem como aprodutividade total, tem aumentado continuamente, devi-do, principalmente, às boas perspectivas do mercado futu-ro.

Sabe-se que o plantio e a colheita da cana-de-açúcarsão rotinas agrícolas realizadas praticamente o ano todonas diferentes regiões produtoras do país, as quais apresen-tam características edafo-climáticas muito diferentes umasdas outras. Essa situação conflitante tem se apresentadocomo um grande desafio para o técnico responsável pelostratos culturais, principalmente na recomendação de estra-tégias de manejo de plantas daninhas.

O manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar nos sistemas de produção atualmente em uso nacanavicultura brasileira está baseado na integração de me-didas culturais, mecânicas, físicas e químicas. Dentre asmedidas culturais destacam-se manejo de variedades de altoperfilhamento e conseqüentemente sombreamento precocedo solo, redução de espaçamentos de plantio, condução de

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soqueiras para o rápido perfilhamento nas fases iniciais dedesenvolvimento da cultura. Como medidas físicas desta-ca-se a operação de cultivo de soqueiras e de “quebra-lom-bo” em cana-planta, que dentre suas finalidades de execu-ção está o manejo de plantas daninhas em pós-emergência.Como medidas físicas pode ser destacado a presença deresíduos da colheita da cana-de-açúcar sem queima deixadasobre a superfície do solo que além de outras implicaçõesno sistema de produção provoca a dormência e conseqüen-te supressão da infestação de algumas espécies de plantasdaninhas através de influências físicas, químicas e biológi-cas da palhada. No entanto, o principal métodos de contro-le das plantas daninhas empregado pelos produtores de cana-de-açúcar é o uso de herbicidas, aplicados em condições depré-emergência ou pós-emergência inicial ou eventualmen-te em condições de pós-emergência tardia em jato dirigidoá entrelinha da cultura, com as plantas daninhas em está-dio mais tardio de desenvolvimento.

Os objetivos principais do controle químico de plantasdaninhas é a obtenção de máxima eficácia de controle decontrole de plantas daninhas, com alta seletividade para acultura, de forma econômica e com a minimização dos efei-tos ambientais. No entanto, os herbicidas atualmente emuso na cultura da cana-de-açúcar apresentam variações es-pecíficas de eficácia de controle das espécies que com-põem a comunidade plantas daninhas infestantes das áreasonde são aplicados, como no grau de seletividade para acultura em função da dose, época de aplicação, condiçõesedáficas e climáticas e estádio fenológico e condições fisi-ológicas e bioquímicas da cultura e das plantas daninhas.Por outro lado, a gama de produtos disponíveis no mercadode produtos varia em suas características físico-químicas,que interagem com os aspectos climáticos, edáficos e cul-turas do sistema de produção. Esta interações permitemvariabilidade de aplicação e usos de herbicidas, posicionandoos herbicidas em diferentes nichos de aplicação na cultura,sendo que, para a correta seleção desta estratégia é neces-sário o conhecimento das interações mencionadas. Neste

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sentido é que descreve este artigo da publicação, especial-mente novas moléculas de herbicidas existentes no merca-do de cana-de-açúcar.

2. Biologia e interferência das plantas daninhas na cultu-ra de cana-de-açúcar

A infestação de plantas daninhas é um dos princi-pais fatores bióticos presentes no agroecossistema da cana-de-açúcar que têm a capacidade de interferir no desenvolvi-mento e na produtividade da cultura (Kuva et al., 2003).Estima-se que existam cerca de 1.000 espécies de plantasdaninhas que habitam este agroecossistema, distribuídasnas distintas regiões produtoras do mundo (Arévalo, 1979).A interferência negativa resultante da presença das plantasdaninhas nas áreas agrícolas produtoras de cana-de-açúcarpode causar reduções na quantidade e na qualidade do pro-duto colhido, diminuir o número de cortes viáveis além deaumentar os custos de produção em cerca de 30% paracana-soca e de 15% a 20% para cana planta (Lorenzi, 1988;Lorenzi, 1995). Assim, os objetivos almejados no controlede plantas daninhas são: evitar perdas devidas à interferên-cia; favorecer a condição de colheita; evitar o aumento dobanco de sementes; evitar problemas de seleção/resistênciae; evitar a contaminação do meio ambiente (redução daquantidade aplicada e resíduo no solo).

Dentre as plantas daninhas mais importantes nas áreascanavieiras encontram-se o capim-braquiária (Brachiariadecumbens), capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), ca-pim-colonião (Panicum maximum), capim-colchão (Digitariaspp.), capim-camalote (Rottboelia exaltata) e a grama-seda(Cynodon dactylon). Além das gramíneas, outras plantasdaninhas como corda-de-viola (Ipomoea spp), tiririca(Cyperus rotundus) e picão-preto (Bidens sp.) também sãocausadoras de grandes prejuízos a cultura. Ainda, na regiãoNordeste, outras espécies apresentam muita importânciacomo: capim-fino (Brachiaria mutica), capim-gengibre

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(Paspalum maritimum), erva-de-rola (Cróton lobatus) e bur-ra-leiteira (Chamaessyce hirta) (Procópio et al., 2003).

Sabe-se que as diferenças específicas e intrínsecasdos propágulos de plantas daninhas promovem adesuniformidade temporal do processo germinativo. Estadesuniformidade é decorrente, principalmente, da coexis-tência de inúmeros e complexos mecanismos de dormênciaem cada propágulo e da distribuição diferencial dospropágulos no perfil do solo (Pitelli & Pitelli, 2004). O re-crutamento das plântulas é conseqüência do sucesso nagerminação das sementes e subseqüente estabelecimentodos indivíduos, o que é determinado pelo número de se-mentes no perfil do solo e por condições ambientais direta-mente adjacentes às sementes (Boyd & Acker, 2003).

As sementes dispersas nos solos agrícolas têm suagerminação e dormência regida por fatores intrínsecos dasespécies e, também, por características do meio, tais como:disponibilidade de água, luz, temperatura e profundidadede semeadura. Caso as condições não sejam as ideais assementes podem permanecer viáveis nos solos por longosperíodos (Carmona, 1992; Kogan, 1992). Ainda, as semen-tes de plantas daninhas apresentam padrão de germinaçãoque pode ser classificado em contínuo ou em fluxos (Egley& Willians, 1991), o que complica seu manejo. Por exem-plo, o caruru apresenta germinação contínua (95% de ger-minação em 8 dias) e o capim-braquiária germinação emfluxos (85% de germinação em 25 dias), sendo assim, anecessidade de controle residual do herbicida é diferentespara cada caso.

O conhecimento dessa característica da planta dani-nha ajuda na escolha da dose para atingir o residual neces-sário. De forma geral, durante o período mais quente doano observa-se que os fluxos de plantas daninhas são maio-res e mais rápidos, já que existe temperatura, precipitação equantidade e qualidade de luz adequados para o estímuloda germinação-emergência dessas plantas.

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Segundo Pitelli (1985), a interferência das plantasdaninhas é influenciada por fatores ligados à própria cultu-ra (espécie ou variedade, espaçamento e densidade de plan-tio), à época e extensão do período de convivência e aosfatores característicos das plantas daninhas (composiçãoespecífica, densidade e distribuição). No caso da cana-de-açúcar, as características próprias da cultura favorecem oprolongamento do período de convivência, e conseqüentecompetição, quando comparados com as culturas de cere-ais, tais como milho ou soja. Trabalhos para a situação decana-planta, indicam que o período crítico de prevenção dainterferência (PCPI) situa-se, em média, entre 30 e 100 diasapós a deposição dos toletes (Rolim & Christoffoleti, 1982;Kuva et al., 2003). Poucos estudos foram realizados para acultura em condição de soqueira, contudo acredita-se queo PCPI localiza-se de 30 a 100 dias na soca-seca e de 30 a60 dias na soca-úmida após a emergência da cultura. Oconhecimento do PCPI é uma ferramenta fundamental paraa escolha do herbicida, da dose e residual do mesmo.

3. Manejo de plantas daninhas na cultura de cana-de-açúcar

Para evitar as perdas provocadas pelas plantas dani-nhas deve-se adotar medidas eficientes de manejo dessesagentes. As medidas de manejo devem ser feitas da formamais racional possível, integrando medidas culturais, mecâ-nicas e químicas, sendo esta última a que resulta em me-lhores índices de controle, tornando o método químico degrande utilização entre os produtores de cana. Entre asmedidas de manejo cultural, que objetivam tornar a culturamais competitiva em relação às plantas daninhas, pode-semencionar: escolha correta da variedade (perfilhamento,brotação, tempo de fechamento, suscetibilidade a herbicidasetc.); controle de pragas e nematóides (evitar interaçõesnegativas); adubação equilibrada da cultura; espaçamentosreduzidos entre outras. O controle mecanizado inclui opera-ções de preparo do solo, cultivos, roçadas e operações dereforma. Contudo, atualmente, o principal método de con-

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trole das plantas daninhas é o químico através da aplicaçãode herbicidas, tanto na condição de pré como de pós-emer-gência destas plantas (Hernandez et al., 2001). SegundoFreitas et al. (2003) o controle químico de plantas daninhasem áreas de cana-de-açúcar é uma prática bastante difundi-da em todo o país.

A eficácia de um herbicida depende de diversos fato-res como as características físico-químicas e dose doherbicida, a espécie a ser controlada (características estru-turais próprias), o estádio de desenvolvimento e a biologiada planta daninha, o estádio de desenvolvimento da cultu-ra, as técnicas de aplicação, os fatores ambientais no mo-mento e após a aplicação dos herbicidas, além das caracte-rísticas físico-químicas do solo para os herbicidas aplicadosem pré-emergência. Esses fatores interagem constantemen-te, provocando diferenças nos resultados observados.

Segundo alguns autores, quando um ou mais dosfatores citados não são satisfatórios, a eficácia de controledo herbicida aplicado pode ficar comprometida. Além dis-so, o balanço do efeito destes fatores é que irá determinara disponibilidade do herbicida no solo e conseqüentementesua eficácia no controle de plantas daninhas e seletividadepara a cultura da cana-de-açúcar.

Para a correta escolha da dose a ser aplicada é fun-damental o conhecimento da textura e matéria orgânica dosolo. As condições de umidade do solo, a pluviosidade etemperatura afetarão o período residual do herbicida, quedeve oscilar entre 60 e 150 dias, variando de acordo com amodalidade cultivo: cana planta de ano, cana planta de anoe meio e cana soca; e época de aplicação (úmida ou seca).

Para o controle químico, existem hoje mais de 40produtos registrados para a cultura da cana-de-açúcar que,dependendo de suas características, podem ser usados paracana-planta ou/e cana-soca nas épocas seca, semi-seca e/ou úmida, facilitando assim a logística de seu uso (independe

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das máquinas de aplicação).Nota-se que, para a correta es-colha de um produto a ser aplicado, é fundamental conhe-cer o balanço hídrico da região onde o princípio irá atuar(Tabela 1).

Tabela 1. Características pluviométricas de diferentes áreascanavieiras do Brasil.

3.1 Manejo de plantas daninhas na cana-planta

O plantio da cana é realizado principalmente entre osmeses de setembro-dezembro (cana-de-ano) e de janeiro aabril (cana-de-ano e meio). Nestas épocas do ano tem-setemperaturas adequadas para germinação-emergência dediferentes espécies de plantas daninhas e precipitações deregulares a muito boas que favorecem o funcionamentodos herbicidas.

Para ter sucesso no controle de plantas daninhas emcana-planta e nas sucessivas soqueiras devemos realizar omanejo do “Banco de Sementes” em pré-plantio da cultura.A densidade populacional potencial de plantas daninhasem uma área é determinada pelo número de sementes nosolo (banco de sementes), as quais podem permanecer vi-vas e dormentes nos solos agrícolas por muitos anos. Umamaneira de reduzi-la é evitar a adição de novos propágulos,através do controle da chuva de sementes (Braccini, 2001),já que, uma única planta de capim-colhão, por exemplo,pode produzir até 15 mil sementes, que podem germinarapós sua maturação (Lorenzi, 1988). Normalmente, o ban-co de sementes apresenta diversidade de sementes de plan-tas daninhas, no entanto, poucas espécies dominam entre70 a 90% do banco (Wilson, 1988).

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Na atualidade, tem-se várias estratégias de manejo dobanco de sementes em pré-plantio, no entanto, essa práti-ca esta estreitamente ligada ao período entre colheita dasoqueira e o novo plantio, da época do ano e das espéciesde plantas daninhas presentes na área. Nesta fase é muitoimportante utilizar culturas em rotação (adubo verde, amen-doim, soja), pois, além das melhorias nas condições físico-químicos do solo, tem-se a oportunidade de utilização deherbicidas alternativos. Caso não seja possível a adoção derotação de culturas, pode-se lançar mão de herbicidas alter-nativos para o manejo das espécies presentes, com ou semefeito residual,como por exemplo a aplicação de trifluralinaem áreas de preparo convencional com alta infestação degramíneas (expansão da cultura sobre área de pastagens); autilização de glifosato + imazapyr, entre 30 e 60 dias antesdo plantio, nas áreas de preparo reduzido com ; infestaçãode grama-seda; ou a aplicação de glifosato + imazapic emáreas de tiririca, glifosato + isoxaflutole em áreas degramíneas como capim-colchão e glifosato + carfentrazoneem áreas de corda-de-viola.

A escolha do herbicida para o controle de plantas dani-nhas no pós-plantio da cana-de-açúcar deve ser feita emfunção do custo, do efeito residual, da eficácia sobre fo-lhas largas e estreitas, da seletividade para a cultura e daflexibilidade de aplicação. Por outro lado, conhecer as dife-rentes fases de desenvolvimento da cultura é um requisitofundamental para assegurar a seletividade na cana-planta,já que cada fase pode diferir em sua resposta a um herbicidaem particular ou mesmo em tolerar a competição com aseventuais plantas daninhas presentes na área.

A fisiologia da cana-de-açúcar (Rochecouste, 1967),durante as fases iniciais de crescimento da planta, caracte-riza-se pela emissão de uma brotação inicial à partir do rizomanas soqueiras ou do colmo em cana-planta. Normalmenteesta brotação inicial é acompanhada da emissão de um sis-tema radicular proveniente dos rizomas ou colmos respecti-vamente para cana planta e soqueiras, que condiciona du-

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rante os 15-20 dias iniciais de crescimento alta tolerânciaaos herbicidas aplicados no solo. A primeira fase de desen-volvimento é chamada de “esporão” (estádio 1) e, nestafase, a planta é tolerante aos herbicidas foliares de contatoe de translocação, pois a grande espessura da cutícula dasfolhas que recobrem o “esporão” impedem a penetração deherbicidas; e mesmo que o herbicida consiga penetrar nes-sas folhas aciculadas, ele não consegue atingir as folhasinternas. Nesta fase a planta de cana-de-açúcar é tambémbastante tolerante a presença das plantas daninhas.

Caso os herbicidas residuais utilizados sejam eventual-mente absorvidos pela raiz da cana-de-açúcar, no estádiode esporão, a planta mostra-se tolerante, pois não existeuma ligação direta dos vasos do xilema da raiz com o cauleda brotação. Nesta fase podem ser utilizados herbicidas comoCombine (tebuthiuron), Gamit (clomazone)e Boral(sulfentrazone) que podem ser aplicados em solo com pou-ca umidade; e Advance (hexazinona + diuron), Krismat(trifloxisulfuron + ametrina), Sinerge (clomazone +ametrina), Sencor (metribuzin), ametrina, diuron, trifluralina,Herbadox (pendimenthalin) e suas misturas, que precisamde umidade, já que apresentam alta adsortividade ao solo.

Na fase de duas a três folhas (estádio 2) a planta decana é muito sensível aos herbicidas foliares, especialmen-te aos de contato, pois as folhas oferecem pequena resis-tência a penetração dos mesmos através de sua cutículafoliar, ainda fina. O herbicida foliar que atinge as folhasneste estádio pode ser translocado e provocar distúrbiosfisiológicos na planta como um todo ou causar injúrias dire-tas nas folhas. Como o crescimento inicial da planta decana-de-açúcar depende diretamente do colmo primário for-mado neste estádio, qualquer injúria severa na planta poderesultar em danos na produtividade final da cultura. A pre-sença das plantas daninhas nesta fase já pode exercer algu-ma interferência no desenvolvimento da cultura, conseqüen-temente, medidas de manejo já devem ser iniciadas ao finaldesta fase.

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Se um herbicida residual de baixa seletividade para acultura for lixiviado para a zona de emissão das raízes defi-nitivas, durante a fase de transição do sistema radicular(estádio 3), os danos para a planta podem ser severos. Apresença de plantas daninhas nesta fase irá sombrear asplantas de cana-de-açúcar, sendo que, este sombreamentoafeta diretamente a capacidade de perfilhamento da plan-ta.

Após três a quatro meses (estádio 4), em condiçõesnormais, a planta de cana já se encontra totalmenteentouceirada e com seu sistema radicular bem estabeleci-do. O número de colmos por metro linear já alcançou prati-camente o número final que permanecerá até a colheita dacultura. Nesta fase a planta de cana-de-açúcar é tolerante amaioria dos herbicidas de absorção foliar, bem como aosherbicidas residuais. É comum nesta fase a aplicação deherbicidas em jato dirigido à entrelinha da cultura, utilizan-do-se de herbicidas de baixa seletividade para a cultura,bem como a operação de “catação” de eventuais plantasdaninhas que não foram controladas anteriormente. Estainfestação tardia é constituída principalmente de plantasdaninhas perenes como o capim-braquiária (Brachiariadecumbens), capim-colonião (Panicum maximum), dentreoutras.

3.2 Manejo de plantas daninhas na cana-soca

Nas soqueiras de cana-de-açúcar, a formação do “es-porão” é muito rápida (estádio 1), pois a emissão do colmoprimário, à partir do segmento de colmo deixado pela co-lheita, é imediata, quando em condições favoráveis de umi-dade e temperatura, seguida pela emergência das primeirasfolhas jovens. Em situação de solo seco, sem irrigação apóso corte, a emissão do colmo primário pode ser retardada ematé uma ou duas semanas, faci l itando assim aoperacionalidade na aplicação de herbicidas residuais queapresentam também, absorção foliar e, poderíam assim, cau-sar eventuais sintomas de fitotoxicidade.

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A touceira de cana-de-açúcar, durante esta fase, apre-senta grande tolerância a herbicidas residuais, pois seu sis-tema radicular, é ainda, constituído por raízes que se de-senvolveram no ciclo anterior da cultura, e que, portanto,não estão ligados diretamente aos novos colmos formadosneste ciclo. Também, a fitotoxicidade de herbicidas residu-ais é menor nesta fase das soqueiras, quando comparadacom a observada com estádio equivalente da cana-planta(estádio 2), pois as raízes transitórias estão em grande quan-tidade e profundidade. Esta distribuição no perfil do solopermite que alguns herbicidas de alta solubilidade, os quaisnão são recomendados para cana-planta, possam ser apli-cados com segurança nas soqueiras, ou mesmo herbicidasresiduais que não são recomendados para solos arenososem cana-planta, possam ser aplicados neste tipo de soloem cana-soca, pois a maior lixiviação do herbicida no solonão atinge o sistema radicular da touceira.

A interferência das plantas daninhas presentes naárea, durante esta fase do ciclo das soqueiras é ainda pou-co significativa, pois o crescimento da cana neste momen-to depende dos nutrientes contidos nos segmentos de colmosdeixados da colheita e que originaram os colmos primáriosdas touceiras. Os herbicidas seletivos administrados em con-dição de pós-emergência inicial/contato para o controle dasplantas daninhas podem ser aplicados sem causar sintomasseveros de injúria para a parte aérea.

Durante esta fase é feito, normalmente, o cultivo e aadubação da cultura. Este cultivo, em condições normais,não afeta o crescimento da cana-de-açúcar, pois o corteeventual de raízes na entrelinha não reflete na absorção deágua do solo, dada a grande profundidade do sistemaradicular transitório. É importante ressaltar que existem con-trovérsias no meio científico e produtor sobre a necessida-de de realização deste cultivo.

A substituição do sistema radicular proveniente dociclo anterior da cana ocorre rapidamente pelas raízes pro-

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venientes dos perfilhos, emitidos para o novo ciclo da cul-tura (estádio 2). O perfilhamento é intenso nesta fase e aformação da touceira é, também, dependente dos mesmosfatores mencionados para o perfilhamento da touceira dacana-planta.

A interferência das plantas daninhas no crescimentoda cana-de-açúcar é intensa nesta etapa de desenvolvimen-to. No entanto, as perdas resultantes das infestações deplantas daninhas são menores que em cana-planta, poisnas soqueiras o desenvolvimento da mesma touceira e con-seqüentemente sombreamento da entrelinha é mais rápido.Embora menor, as perdas devido à interferência das plantasdaninhas em áreas infestadas são significativas.

Caso sintomas visuais de fitotoxicidade de herbicidasresiduais aplicados em pré-emergência ocorram, é nesta etapade desenvolvimento da soqueira que eles são observados.O cultivo das soqueiras durante esta fase pode ser prejudi-cial ao crescimento da cultura, pois a operação pode, me-canicamente, danificar as raízes definitivas provenientes doscolmos formados neste ciclo da cultura. Danos ao sistemaradicular definitivo de uma soqueira podem afetar o cresci-mento e conseqüentemente a produtividade final dassoqueiras.

Ao considerar o período de corte da cana observa-seque, aproximadamente 80% da safra ocorrem no períodoseco a semi-seco. As chuvas que ocorrem neste períodonão são suficientes para repor o volume de água necessáriopara o desenvolvimento da cultura. Assim, a aplicação deherbicidas neste período fica restrita aos produtos que te-nham propriedades que permitam sua aplicação nessas con-dições. Além dos herbicidas já mencionados para cana-planta,principalmente aqueles aplicados na época úmida (outubroa dezembro), o mercado tem oferecido novas moléculas,capazes de se adaptar à condição de solo seco ou semi-seco, entre elas: isoxaflutole, imazapic (S = 2150, kow =0,01), amicarbazone (S = 4600; Kow= 15 a 17) e clomazone

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(S = 1100, kow = 350) + hexazinona (S= 33.000, Kow= 11,3) (popularmente chamados de “herbicidas de seca”).O isoxaflutole é considerado um pró-herbicida (S = 6; Kow= 208), uma vez que rapidamente é convertido a ummetabólito (diquetonitrila – DKN, S = 326 Kow = 2,5),que é, de fato, a molécula biologicamente ativa no controlede plantas daninhas. A aplicação destes herbicidas está fun-damentada em aspectos importantes relacionados com suadinâmica no solo.

Desta forma, na época seca, as características relaci-onadas aos herbicidas que tem maior disponibilidade nosolo são: ausência de volatilidade, não degradação pela luzsolar, alta solubilidade, baixa adsorção aos colóides do solopara ficar disponível na solução deste e longo período decontrole (>120 dias). Esses herbicidas apresentam todasestas características desejáveis, além do fato de seremherbicidas cuja degradação no solo é condicionada princi-palmente pela presença de microrganismos. Como no perí-odo seco a atividade microbiana é baixa, devido à baixaumidade e temperatura, esses herbicidas podem ser aplica-dos em condições de seca e permanecer ativo, na soluçãodo solo, como herbicida, até que condições de umidadesejam adequadas para as planta daninhas se desenvolvereme conseqüentemente o herbicida desempenhar sua funçãono controle destas plantas. A característica dedegradabilidade dos herbicidas por microrganismo confereao produto a segurança de que não haja acúmulo de seusresíduos no solo em anos subseqüentes.

Sendo assim, os “herbicidas de seca” podem ser apli-cados durante os meses de menor precipitação pluvial comsegurança de alta seletividade por posicionamento, pois,além do produto permanecer nas camadas superficiais desolo, condicionado pela baixa disponibilidade de água noperfil; o sistema radicular proveniente do rizoma ou colmoencontra-se em profundidade, não havendo, portanto, con-tato do ingrediente ativo com o sistema radicular da planta.Desta forma, a seletividade de aplicação destes herbicidas

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em época seca é garantida pelo desenvolvimento inicial lentoda cultura da cana-de-açúcar que permite uma grande flexi-bilidade de aplicação dos produtos como “herbicida de seca”.

Se por um lado o herbicida deve ser seletivo para acultura, por outro precisa ser eficaz no controle das plantasdaninhas, com efeito residual suficiente para suprimir estasplantas até o “fechamento” do canavial. Nas soqueiras, cujaaplicação de herbicidas é feita na época seca, é fundamen-tal que o herbicida apresente características físico-químicasque permitam sua disponibilidade para o controle até queas precipitações se regularizem, consequentemente o pro-duto deve ter um efeito residual suficiente para suportar operíodo seco até o início das chuvas. Os herbicidas mencio-nados apresentam características que permitem sua aplica-ção no período seco sem perder sua eficácia de controle.

A aplicação de “herbicidas de seca” é uma estratégiade manejo que pode (e boa parte das vezes é) ser adminis-trada em grandes extensões de área, pois proporcionalogística mais adequada ao produtor. Dentre os aspectosfavoráveis da aplicação de “herbicidas de seca” destacam-se: a. Controle das condições de aplicação e independênciadas condições climáticas (chuvas); b. otimização da estru-tura de aplicação (ausência de picos de aplicação); c.Otimização da estrutura de máquinas, caminhões e apoioenvolvido no processo; d. redução do uso da mão-de-obra;e. disponibilização de máquinas para aplicações em cana-planta; f. planejamento da aplicação em função da áreacolhida; g. aplicações em pré-emergência, minimizando apossibilidade de fitotoxicidade e h. Eficácia de controle deplantas daninhas devido a melhor definição dos tratamen-tos (herbicidas e dose).

Todavia, há poucos anos, a colheita de cana-crua foiimplantada no Brasil. Nessas áreas, à presença da palha dacana-crua afeta a germinação de plantas daninhas e a dinâ-mica dos herbicidas. Por exemplo, a palha constitui-se ex-celente agente de controle de espécies de plantas daninhas

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gramíneas e dicotiledôneas de sementes pequenas. No en-tanto, pode limitar o uso de herbicidas de pré-emergência,o qual não atinge o solo (Velini et al., 2003). Desta forma,a aplicação de herbicidas pré-emergentes, nessas áreas, pre-cisa ser reestruturada e torna-se restrita ao uso de produ-tos que consigam atingir o solo, atravessando a palhadadeixada na superfície (Medeiros & Christoffoleti, 2001).

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Dinâmica dos Herbicidas no Solo e as Recomendações em Época Seca x Úmida

Pedro Jacob Christoffoleti1, Vanessa Camponez Cardinalli2,

Saul J. P. de Carvalho3, Marcelo Nicolai4, Ana Carolina Ribeiro Dias5

ESALQ - USP1, Mestranda em Fitotecnia/ESALQ-USP2, Doutorando emFitotecnia/ESALQ/USP3, Doutorando em Fitotecnia/ESALQ/USP4,

Mestrando em Fitotecnia/ESALQ-USP5

Os herbicidas pré-emergentes (residuais) representam a prin-cipal modalidade de aplicação na cultura da cana-de-açú-car, pois a cultura exige controle de plantas daninhas du-rante o período crítico de competição, o qual pode esten-der-se até 180 dias após o plantio ou 120 dias após o cortedas soqueiras. No entanto, existem no mercado diversasopções de herbicidas residuais, e a escolha do produto ade-quado deve estar fundamentada em critérios técnicos, quelevam em consideração fatores ligados aos atributos do solo,condições climáticas e propriedades físico-químicas dosherbicidas.

A eficácia de controle das plantas daninhas, aseletividade para a cultura da cana-de-açúcar e o impactoambiental decorrentes da utilização destes herbicidas de-penderá da interação entre estes fatores. Portanto, paraque o produtor de cana-de-açúcar obtenha sucesso nas pul-verizações de herbicidas residuais em cana-de-açúcar é ne-cessário o conhecimento sobre a interação destes produtoscom o ambiente.

O solo e seus atributos que afetam a eficácia dosherbicidas residuais

Didaticamente, o sistema solo está divido em trêsfases: (i) sólida (areia, silte, argila e matéria orgânica), (ii)líquida (água) e (iii) gasosa (CO

2, O

2 e N

2). No entanto, em

termos práticos a proporção entre as fases e a composiçãode cada uma delas irá variar de um solo para outro afetando

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diretamente o desempenho de um herbicida aplicado aosolo das lavouras canavieiras.

A fase sólida do solo é responsável pelo processo de reten-ção ou “captura” do herbicida, impedindo ou dificultandosua disponibilização do herbicida para controle da plantadaninha. Este processo de retenção pode ser em parteirreversível (parte do herbicida ficará indisponível para ocontrole das plantas daninhas - resíduo ligado) e parte po-derá voltar a ser disponível para o controle das plantas da-ninhas através do processo de desorção (remobilização). Aretenção do herbicida na fase sólida pode ocorrer tantopela argila como pela matéria orgânica do solo, porém afração orgânica é a principal responsável por sua “captura”através do estabelecimento de ligações químicas com asmoléculas dos herbicidas. Sob o ponto de vista prática istoquer dizer que solos com teores elevados de matéria orgâni-ca tendem a reter mais o herbicida, exigindo maiores dosespara o controle de planas daninhas e também dificultandoa degradação e movimentação dos herbicidas no solo.

É importante ressaltar que os solos brasileiros (solosde regiões tropicais) foram formados em clima quente e sobcondições de alta precipitação pluvial e por isso tendem aapresentar baixo teor de matéria orgânica, quando compa-rado com solos de países de clima temperado como os dosEstados Unidos e da Europa. Este fato deve-se a facilidadede degradação da matéria orgânica pela fauna microbianaem nossos solos. Assim, o baixo teor de matéria orgânicaapresentado pela maioria dos solos brasileiros retém meno-res quantidades de herbicidas de forma irreversível.

Da mesma forma, a textura do solo influênciagrandemente o processo de retenção dos herbicidas residu-ais no solo. Normalmente, solos que apresentam texturaargilosa tendem a reter muito mais as moléculas do quesolos de textura arenosa, pois os minerais de argila quepossuem capacidade sortiva, ao contrário dos solos areno-sos, que são compostos basicamente por grãos de sílica

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(quartzo), não apresentando capacidade de reter moléculasde herbicidas.

Em resumo, a recomendação da dose de um herbicidaresidual para a cultura da cana-de-açúcar deve estar funda-mentada em dois parâmetros edáficos: textura e teor dematéria orgânica. Porém, as recomendações oficiais de vari-ação de doses estão baseadas apenas na textura, ou sejaem função de três classes texturais: (i) textura arenosa, (ii)textura média e (iii) textura argilosa, sem no entanto levarem consideração o teor de matéria orgânica no solo. Estefato pode induzir a erros de recomendação, porém como namaioria das vezes solos argilosos contem maiores teores dematéria orgânica e solos arenosos são pobres em matériaorgânica, existe funcionalidade desta recomendação. Natabela 1 estão representadas as recomendações de algunsherbicidas aplicados na cultura da cana-de-açúcar de acor-do com a textura, indicando a grande variabilidade de do-ses em função da textura.

Outro parâmetro de grande importância, principal-mente para herbicidas que apresentam a capacidade de seionizar, é o pH do solo. Pelo fato dos solos apresentaremem sua grande maioria cargas negativas na superfície decolóides de argila e na matéria orgânica, a forma como amolécula do herbicida se encontra no solo será importantepara definir seu destino, ou seja, se ela será ou não retida.No entanto, nas recomendações oficiais este fator de influ-ência na dose do herbicida não é levado em consideração.

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Tabela 1. Recomendação de doses de alguns herbicidas re-siduais utilizados na cultura da cana-de-açúcar em funçãoda textura do solo, retirado de Lorenzi, 2006.

* Concentração da formulação em g/L ou g/kg.** Doses maiores são recomendadas para solos de textura argilosa e doses

menores para solos de textura arenosa, sendo que para solos de texturamédia doses intermediárias.

*** Soqueiras em época seca**** As atuais recomendações deste herbicida preconizam doses maiores

para a cana-de-açúcar

A umidade do solo é importante para permitir a ab-sorção pelas plantas daninhas, já que o herbicida, no casodos pré-emergentes, precisam ser lixiviados até atingir asestruturas da planta responsáveis pela absorção. Essa quan-tidade de água no solo irá determinar o espaço poroso dis-ponível para a difusão da fase gasosa, que também afeta ataxa de absorção do herbicida pela planta. Já a profundida-de de lixiviação do herbicida é dependente do equilíbrioentre a fração do herbicida adsorvida no solo e o herbicidapresente na solução do solo. Esse equilíbrio é governadopor alguns fatores como solubilidade, capacidade de reten-ção do herbicida e conteúdo de água no solo. A aplicaçãoem solos com umidade inadequada, pode causar baixa efi-ciência no controle das plantas daninhas, e por isso precisaser monitorada e corrigida, se necessário, antes de se reali-zar uma pulverização.

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As propriedades físico-químicas dos herbicidas residuaisinteragem com os atributos do solo e também afetam aeficácia no controle de plantas daninhas

Os herbicidas apresentam diversas características fí-sico-químicas que devem ser levadas em consideração jun-tamente com os atributos do solo antes de se realizar umaaplicação no campo. Dentre elas destaca-se a solubilidadedo herbicida em água. Se a solubilidade do herbicida emágua é moderada/alta, existe uma tendência de permanecerem maior concentração na água do solo (fase líquida) eportanto disponível para a absorção pelas plantas daninhas,degradação química ou biológica (microrganismos do solo),ou ainda pode ser lixiviado a maiores profundidades, quan-do em períodos mais chuvosos. O ideal é que o herbicidaseja solubilizado e lixiviado no perfil do solo onde o bancode sementes das plantas daninhas tenha potencial de que-bra de dormência, mas por outro lado é ideal que estejaacima da região de absorção da maioria das raízes da cana-de-açúcar (fenômeno chamado de seletividade de posição).

Outros parâmetros como volatil idade e foto-degradabilidade das moléculas de herbicidas também sãoimportantes. Situações em que a aplicação é feita em con-dições de alta temperatura e baixa umidade relativa do ardevem ser evitadas, principalmente quando herbicidas volá-teis e foto-degradáveis são utilizados. Agronomicamente, avolatilização pode ser minimizada com a incorporação me-cânica do herbicida ou irrigação logo após sua aplicação,sendo que nas situações onde não é feita a incorporação érecomendável um monitoramento das condições climáticas.A meia-vida (t

1/2) está relacionada à degradação do herbicida.

O conhecimento da meia-vida é importante para prever pos-síveis problemas em culturas subseqüentes que apresentemsensibilidade a determinado produto.

Portanto, para que um herbicida apresente eficáciaadequada nas lavouras de cana-de-açúcar é necessário queeste apresente algumas características fundamentais: Au-

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sência de volatilidade e foto-degradabilidade, baixaadsortividade aos colóides do solo e residual compatívelcom o período crítico de competição da cultura com asplantas daninhas (>120 dias). Estas características são ain-da mais importantes para os herbicidas que são aplicado noperíodo seco do ano. Na tabela 2 estão apresentadas algu-mas características físico-químicas de herbicidas residuaisutilizados em cana-de-açúcar, que podem auxiliar sua reco-mendação e entendimento da dinâmica destes herbicidasno solo.

Tabela 2. Comparação entre os parâmetros físico-químicosdos herbicidas aplicados em cana-de-açúcar. Retirado deChristoffoleti e Lopez-Ovejero, 2005.

1 Solubilidade do herbicida em água, 2 Constante de equilíbrio de ionização deum ácido fraco, que corresponde ao pH onde metade das moléculas estãoionizadas e metade não ionizadas, 3 Coeficiente de partição da molécula base-ado no teor de matéria orgânica, que mede a adsorçao da molécula, 4 Adsorçãoà partículas coloidais do solo (argila e matéria orgânica), 5 Tempo de perma-nência de pelo menos 50% da molécula de herbicida na forma original nosolo.

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Literatura Citada

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Reduced Tillage in Florida Sugarcane

C. Rainbolt1

1Everglades Research and Education Center-University of Florida/IFAS

In the United States, sugarcane was grown onapproximately 373,000 ha in 2005 of which about 164,000ha were produced in the state of Florida. In Florida, about75% was grown on high organic matter (>65%) Histosolsand the remainder was on low organic matter (<2%) sandsoils. When drained, Histosols release high amounts of Nand P due to microbial decomposition that can be utilizedby crops. However, this microbial degradation also resultsin subsidence or loss of the Histosols. Research hasindicated that frequent cultivation is one of the factorsthat can result in increased subsidence (Glaz, B. 1995). Highamounts of organic matter in soils can have a negativeimpact on the duration of weed control from soil-appliedherbicides (Koskinen and McWhorter 1986). Consequently,many Florida growers cultivate their fields as often as 10times per season. In addition to the costs associated withthese tillage operations, the excessive traffic in the fieldresults in compaction and possibly increases the rate of soilsubsidence.

The term “reduced tillage” can be used to describefarming systems that are completely no-till to those that inwhich the overall reduction in tillage is small. In the UnitedStates, reduced tillage is practiced on approximately 42million hectares or 36.6% of planted cropland (Anonymous2002). Conversion to reduced tillage systems in the UnitedStates has been primarily driven by concern over the long-term environmental and economic sustainability ofagricultural systems. Benefits often associated with reducedtillage cropping systems include conservation of moisture,reduced compaction, reduced soil loss, and lower input costs(Colwick and Barker 1975; Dick et al. 1991; Dick andVanDoren 1985). Conversion to reduced tillage and no-till

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in Australia was shown to reduce soil erosion in sugarcanefields (Glanville et al.1997).

Because of their historical reliance on tillage for weedmanagement, growers often list weed control as their largestconcern when considering adoption of reduced tillage(Koskinen and McWhorter 1986). In Florida, many growersalso believe that in-row cultivation of the plant-croppromotes increased tillering and higher stand counts.Although reduced tillage is a standard practice in manyU.S. cropping systems, concerns over reduced yields fromincreased weed pressure and lower stand counts have keptit from being adopted in Florida sugarcane. Researchers inCuba and Australia have reported no differences in sugarcaneyield between conventional and reduced tillage practices(Glanville et al. 1997, Pear et al. 1992). Research conductedin also Louisiana indicated that reduced tillage systems didnot impact yields. However, they found that net profitabilityof a conventional vs. reduced tillage approach dependedon the specific tillage practices and herbicide costs andapplication methods used (Judice et al. 2006).

Although many of the changes associated withreduced tillage systems are positive, removing tillage froma cropping system often has a major effect on weedpopulations (Buhler 1995; Gebhardt et al. 1985, Kegode etal. 1999). The severity of perennial infestations such asjohnsongrass (Sorghum halepense L. Pers.), bermudagrass(Cynodon dactylon L. Pers.), and purple nutsedge (Cyperus5 rotundus L.) increases after only a few years of reducedtillage (Triplett et al. 1983, Witt 1984). In order for a reducedtillage system to be sustainable, it is critical to developherbicide programs that can successfully control problemweeds (Halvorson et al. 2002). The ultimate long-termsuccess of reduced tillage in Florida sugarcane will dependon effectively and economically control weeds withoutrelying on tillage.

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Uso de Maturadores na Cultura da Cana-de-Açúcar

Antônio Marcos Iaia1, Pedro Jacob Christoffoleti2, Marcelo Nicolai3,

Murilo Sala Moreira4, Ana Carolina Ribeiro Dias5,

Saul Jorge Pinto de Carvalho6

Prof. Dr. Universidade Federal do Mato Grosso, Brasil1, Prof. Dr. - ESALQ -USP2, Doutorando em Fitotecnia - ESALQ - USP3, Mestrando em Fitotecnia

- ESALQ - USP4, Mestranda em Fitotecnia - ESALQ - USP5, Doutorando em Fitotecnia - ESALQ - USP6

O custo de produção do açúcar, álcool e demais deri-vados proveniente da cana-de-açúcar e a viabilidade econô-mica de sua industrialização estão intimamente relacionadocom a quantidade de açúcares presentes nos colmosindustrializáveis enviados para o processamento através daoperação de colheita. Os custos das operações de corte,carregamento, transporte e processamento da matéria pri-ma estão fortemente relacionados com a qualidade e quan-tidade do material transportado para a indústria necessáriopara produzir cada tonelada de açúcar, litro e álcool ouderivados (Morgan et al., 2007).

A colheita da cana-de-açúcar ocorre normalmentequando a quantidade de açúcares presente no colmo atingevalores máximos. Existem vantagens econômicas em iniciara colheita da cana-de-açúcar precocemente, pois o produ-tor pode disponibilizar açúcar álcool e derivados no merca-do em um momento de escassez, obtendo preços de vendamais compensadores.

Acúmulo de sacarose no como precocemente é umaforma de antecipar a colheita ou de se obter melhores ren-dimentos industriais a partir da matéria prima do inicio dasafra, sendo que isso é possível através da aplicação dematuradores. Os maturadores têm sido testados em váriosexperimentos em diversos países, desde 1920 (Gilbert et al.2002). No entanto a adoção da técnica de aplicação dessesprodutos foi praticamente insignificante até meados de1970, quando surgiu o ethephon e de compostos baseadosno glyphosate (Eastwood e Davis 1997).

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Nos dias de hoje, produtores da África do Sul(Donaldson 1999), Brasil (Resende et al. 2001), Indonésia(James et al. 2002), Guiana (Eastwood e Davis 1998), andMauritius (Soopaya e Nayamuth 2001) utilizam de formarotineira os maturadores, dentre o produtos mais utilizadosestão, ethephon, glyphosate e fluazifop-p-butil produtosestes, aplicados com o objetivo de melhorar a qualidade doproduto colhido.

O ethephon, ácido 2-cloro-etil fosfônico, tem-se reveladoeficiente agente maturador da cana-de-açucar, é um produ-to químico estável quando mantido em pH ácido, abaixo de3,5, que libera o etileno quando em contato com o tecidovegetal, que possui um pH mais elevado (Tomlin, 1994).Seu mecanismo de ação esta relacionado à paralisação tem-porária do crescimento vegetativo do meristema apical, comisso o açúcar produzido passa a ser armazenado, acarretan-do a elevação do seu teor nos colmos. A aplicação exógenade etileno ou a síntese de etileno endógeno, motivada poraplicações de reguladores vegetais, herbicidas ou estressesde qualquer natureza, estimula a atividade da enzima PAL(fenilalanina amônio-liase), o que leva a planta a aumentara síntese de compostos fenólicos, provocando ainda a ini-bição do crescimento do colmo e seu engrossamento, inibi-ção da florescência, restringe o volume do parênquima semcaldo, aumenta o teor da sacarose e antecipa a colheita seaplicado no inicio da diferenciação floral.

As mudanças impostas pela aplicação do ethephonpode persistir por 60 a 90 dias dependendo da variedade decana-de-açúcar em questão. Após este período a medidaque o crescimento da cana-de-açúcar se restabelece, o teorde sacarose pode ser reduzido, atingido o nível que normal-mente teria sem a aplicação do ethephon. Sendo assim érecomendável que a colheita da área que recebeu a aplica-ção seja feita até os 60 a 90 dias, para que os efeitos domaturador sejam compensados pelo incremento da qualida-de da matéria prima.

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Deuber, 1988, relata ainda que a eficiência da aplica-ção do ethephon esta associada as condições ambientais,de forma que em algumas situações as aplicações deehtephon tiveram uma produtividade menor que as áreassem aplicação do ethephon. As aplicações de ethephonmostram-se ser mais eficientes em ambientes com tempera-turas moderadas (23-28 C) e umidade relativa do ar entre50-70%, no entanto, aplicações em ambientes com tempe-raturas elevadas e baixa umidade relativa do ar a aplicaçãodo ethephon é comprometida (Klein et al., 1978). A impor-tância das condições ambientais pode justificar em muitoscasos os resultados de ineficácia do ethephon em diversostrabalhos de pesquisa (Morales, 1980; Salata et al.,1992),já no entanto, o trabalho de Morgan et al.,(2007), das 42variedades de cana-de-açúcar testadas 31 mostraram resul-tados positivos, os autores descrevem ainda que a eficáciado ethephon esta associada a variedade, a época de aplica-ção e ao intervalo entre a aplicação e a colheita.

Maynard e Swan, (1963) e Biddle et al., (1976) com-provam que a transformação do ethephon em etileno pro-cede apenas em pH acima de 4,5 e em altas temperaturas.Experimentos realizados com maturação em oliveiras, com-provou que as aplicações de ethephon em pH 7,0 forammais eficiente do que aplicações em pH baixo, segundo osautores isso pode estar associado com as altas taxas deliberação do etileno provocado pelo alto pH (Epstein et al.,1977; Ben-tal e Lavee, 1976).

Referências Bibliográficas

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Capítulo 6

Manejo Integrado de Plantas Daninhas em Soja

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Evolução no Manejo de PlantasDaninhas em Soja

Dionísio L.P.Gazziero1; Elemar Voll1; Fernando S. Adegas1

1Embrapa Soja Rodovia Carlos João Strass / Orlando Amaral, CP 231,Londrina, PR, CEP 86001-970. [email protected]. Palestra

apresentada no XXVI CBCPD/XVIII ALAM

Introdução

Manejar plantas daninhas significa gerenciar ou ad-ministrar o “problema planta daninha” e não apenas contro-lar plantas daninhas. No manejo de plantas daninhas umconjunto de técnicas podem ser empregadas, que vão alémda aplicação de herbicidas. Entre as alternativas disponíveispara o controle das espécies infestantes, encontra-se o con-trole químico, cultural, manual, mecânico, e o biológico,além da erradicação e da prevenção. Porém, quando se pensaem manejar essas espécies, especificamente na cultura dasoja, as alternativas se tornam ainda mais limitadas. Por seruma alternativa prática e de rápida execução, o controlequímico tornou-se o método mais utilizado, em detrimentodas demais técnicas. Com o tempo, em muitas áreas deprodução, e a despeito da evolução das moléculas deherbicidas disponibilizadas ao mercado brasileiro, consta-tou-se maiores dificuldades de controle das espéciesinfestantes, de modo que foi preciso aumentar o númerode produtos utilizados e o número e aplicações. Ainda as-sim, em muitas situações as lavouras eram colhidas no mato.Aprendemos que não se pode pensar apenas no controleem soja. As plantas daninhas que ocorrem na cultura dasoja devem ser motivo de preocupação o ano todo. Ao lon-go da história do manejo de plantas daninhas em soja, im-portantes modificações aconteceram em relação ao uso daterra e práticas culturais adotadas, o que influenciou naseleção das espécies. Muitas delas se adaptaram às condi-ções de cultivo e ao clima. Plantas com características deinverno, como a Raphanus raphanistrum (nabiça), ou de

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verão, como Bidens spp (picão-preto) e Euphorbiahetherophylla (amendoin-bravo), começaram a germinar ese estabelecer durante todo o ano. Boa parte das lavourasde soja adota técnicas de manejo que podem ser considera-dos exemplares e a planta daninha é apenas mais um item aser considerado no sistema de produção. Enquanto isso,em outras propriedades, a planta daninha além de ser umfator que onera significativamente os custos de produção,é também a responsável por consideráveis perdas de rendi-mento e da qualidade do produto. Para muitas dessas pro-priedades, a soja geneticamente modificada resistente aoglyphosate representou uma nova oportunidade para con-trolar as plantas daninhas, porém é preciso ter em menteque mesmo com a soja transgênica é fundamental que osconceitos sobre o manejo integrado continuem a ser utiliza-dos, para evitar que essa nova solução também se tornetemporária.

As Alternativas de Controle

Algumas alternativas de controle são difíceis de se-rem adotadas na cultura da soja, como é o caso do controlebiológico. Embora tenha sido bastante estudado, não foipossível até o momento adotar esse método como umaprática de controle. Experimentalmente bons resultados fo-ram obtidos com o uso de Helminthosporium euphorbiaepara o controle amendoin-bravo. Esporos do fungo foramformulados e aplicados, com sucesso, da mesma forma prá-tica que um herbicida qualquer. No entanto, um ambientede soja é um ambiente constantemente alterado, o que porsi só dificulta a implantação do controle biológico. Algunsfatores contribuíram para a descontinuidade do programa,entre eles a dependência do patógeno por fatores climáti-cos, as dificuldades para encontrar formulações que pudes-sem solucionar esse problema, a manifestação de biótiposresistentes ao fungo e ao fato das plantas daninhas vive-rem em comunidades, o que exige produtos de amplo es-pectro. Associado a todos esse fatores, produtos químicoseficientes para a. bravo e outras espécies foram lançados

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no mercado, diminuindo ainda mais o interesse por estetipo de alternativa.

Outra alternativa citada para o controle de plantasdaninhas é a erradicação. Erradicar plantas daninhas emlavouras que utilizam áreas de grande extensão, como é ocaso da soja, é uma tarefa difícil e cara de ser executada.Quase impossível, dependendo da espécie. Por isso, é maisfácil ter como meta a convivência. Porém, nesses casos, odomínio deve ser do homem e não da planta daninha. Sefor difícil erradicar, o mais fácil é prevenir. A prevenção éuma ferramenta extremamente eficaz, mas que sempre foimuito pouco considerada pelos agricultores e técnicos noBrasil. Quando da abertura de novas áreas de produção nosul do país, assim como nas áreas de expansão da soja naregião central do Brasil, poucos se preocuparam em preve-nir a disseminação das espécies infestantes. Foi igualmentepossível constatar o baixo grau de importância atribuído àprevenção, assim que registrada a resistência das plantasdaninhas a herbicidas no Brasil. Observou-se que a preven-ção na introdução desses biótipos em novas áreas não foiconsiderada como deveria, e o crescimento desse problemaaconteceu muito mais rapidamente do que poderia ser es-perado. Sabe-se que existem diversos meios que permitema contaminação de novas áreas, mas sem duvida, ascolhedeiras assumiram importante papel nesse caso. De certaforma a disseminação via colhedeiras pode ser explicadapelo modelo agrícola. Especialmente a região sul do paíscontempla um grande número de pequenas propriedades,cuja renda não permite a compra da máquina própria. As-sim, o aluguel tornou-se uma prática comum. Máquinaalugada circula de uma propriedade para outra sem tempopara ser devidamente limpa, de modo que tal prática tor-nou-se um potencial contaminador.

No passado, o controle mecânico foi muito utilizado emsoja, porém caiu em desuso. Além de difícil aplicação, éineficaz para controlar plantas daninhas na linha de semea-dura, mas isso não significa que deva ser abolido. Para de-

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terminadas condições tem utilidade reconhecida, especial-mente nos cultivos orgânicos e nas pequenas propriedades.Já a capina manual é uma alternativa tida como muito efi-caz, mas que tem sido evitada devido não só a limitação damão de obra, mas principalmente pelos problemas traba-lhistas que envolvem essa alternativa.

Tudo isso contribuiu para adoção em larga escala docontrole químico. Apesar da reconhecida eficiência, o con-trole de plantas daninhas em soja não pode estar baseadoapenas nesse método. Por si só ele pode não ser suficientepara resolver o problema das plantas infestantes em soja.Poderá ser por um período, mas no médio e longo prazo osproblemas aparecem. A experiência ao longo dos anos com-prova essa afirmação. A necessidade da mistura deherbicidas, do uso de misturas tríplice, a redução do nívelde controle, a seleção de espécies e a manifestação debiótipos tolerantes e resistentes são provas contundentesde que o controle não pode estar baseado em apenas umaalternativa. Indiscutivelmente a combinação do controlequímico com o controle cultural tem sido o caminho parasolução dos problemas com plantas daninhas em soja. Ométodo chamado cultural contempla várias alternativas quepodem ser utilizadas como importantes ferramentas no ma-nejo das plantas daninhas, a exemplo da rotação de cultu-ras, do uso de espécies para produção cobertura morta e daadoção de técnicas que permitam o rápido e vigoroso cres-cimento da cultura, como a adubação adequada, a escolhade variedade adaptada, época de semeadura e manejo dosolo. A menor incidência de plantas daninhas de folha largae estreita foi observada ainda nos anos 90 ao se associar arotação de culturas com a semeadura direta. A influênciado manejo do solo sobre a emergência de plantas deBrachiaria plantaginea (capim marmelada) foi observada aose comparar a semeadura direta da soja sobre palha deaveia e de trigo com semeadura convencional.

Lamentavelmente, constata-se que nos últimos anoshouve significativa redução na rotação de culturas e no uso

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de aveia e outras espécies para a formação de coberturamorta. As vantagens da rotação de culturas e do sistema desemeadura foram amplamente comprovadas em experimen-tos de longa duração. Para manejar é necessário analisarquais práticas são possíveis de serem utilizadas. Cabe aoEngenheiro Agrônomo o papel de convencer o agricultordas vantagens e da necessidade da integração de métodosde controle que permitam o manejo de plantas daninhas.Também é preciso considerar que o custo na prevenção, nocontrole, na ocupação da área e na redução do banco desementes são investimentos com retorno garantido. Ao longodos anos foi possível verificar que em algumas proprieda-des o controle das plantas daninhas ficou praticamente in-sustentável na soja. Para o manejo não existe uma receitapronta. Cada caso, ou cada tipo de problema, exige umaanalise própria e diferenciada. Uma vez encontrada a solu-ção é preciso considerar que não será definitiva e que asplantas daninhas tem uma dinâmica que exige constanteacompanhamento.

Fatos da história

1) Sobre os herbicidas:

Aretite, Premerge, Vernan, Surflan, Treflan, Iloxan,Basagran, Lexone, Sencor, Afalon, Lorox, Herbadox,Grasmat, Bladex, Tackle, Dual, Laço e Fist fazem parte doprimeiro grande grupo de marcas comerciais de herbicidasutilizados em soja. Alguns desses produtos continuam nomercado por possuírem características ainda aceitáveis, eparte deles são desconhecidos ou foram descontinuadospor terem perdido a finalidade. Treflan foi durante muitosanos o produto mais aplicado. Seu uso estava associado aosistema convencional de semeadura da soja e exigia a in-corporação com grade niveladora, o que muito contribuiupara a erosão dos solos. Iloxan foi o primeiro pós-emergen-te graminicida, mas devido sua ação limitada ao estágio dainvasora perdeu rapidamente o mercado para o Poast.

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Premerge e Aretite controlavam o amendoin-bravo, porémcausavam severa fitointoxicação e foram excluídos do mer-cado. Nos anos 70, muitos herbicidas utilizados em outrasculturas foram testados para a soja, um mercado em francaexpansão. Gramoxone e Reglone competiam com Roundup,que apesar de reconhecidamente eficiente, tinha o incon-veniente de custar U$ 25 por litro. Gramocil veio para subs-tituir Reglone e o 2,4-D foi lançado no mercado para redu-zir custo e aumentar a eficiência das dessecações em pré-semeadura. Cada um desses herbicidas representa uma par-te da história do manejo de plantas daninhas. Um segundogrande grupo de herbicidas da soja surgiu nos anos 80.Poast e Scepter tiveram ampla e rápida aceitação por per-mitirem o controle de espécies então consideradas como osgrandes problemas da soja, o capim-marmelada e oamendoin-bravo. Classic e Pivot consolidaram essa geraçãoque tinha como característica o uso de baixas doses e pro-dutos menos agressivos ao ambiente e ao homem. Cobra,que a princípio era rejeitado devido a fitointoxicação quecausava, acabou tendo ampla aceitação e uso pelo fato decontrolar amendoin-bravo, que a essa altura já manifestavaresistência ao uso de Scepter. A manifestação da resistên-cia no Brasil esta claramente associada ao uso inadequadodos herbicidas. Não havia a preocupação com rotação demecanismos de ação. Utilizavam-se frequentemente dosesabaixo das recomendadas e a mistura de Classic e Pivot,inibidores da ALS, passou a ser usual. Quanto à tecnologiade aplicação, apenas mais recentemente é que esta come-çou a ser considerada como fundamental para o uso dosagrotóxicos. Ainda assim, não recebe a necessária atençãoe lamentavelmente a grande maioria dos pulverizadores noBrasil apresentam algum tipo de problema. Muitos erros fo-ram cometidos nas aplicações, o que contribuiu para redu-zir a performance do controle. Finalmente surgiu a tecnologiada soja geneticamente modificada para a resistência aoglyphosate. Uma solução para muitas áreas, mas se não forutilizada corretamente, com o tempo poderá perder as van-tagens que hoje motivam a adoção.

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2) Sobre a semeadura direta:

A história também foi marcante em relação a evolu-ção do sistema de semeadura, e por conta disso ocasiona-ram grandes mudanças na comunidade infestante. Em 1971,aconteceram as primeiras experiências com o plantio dire-to, que cresceu rapidamente nos anos que se seguiram.Apesar das vantagens, até o final da década de 70, mais de60% dos agricultores que não adotavam ou que abandona-vam o sistema atribuíam o fato ao custo e ineficiência dosherbicidas e as dificuldades com o manejo das plantasinfestantes. Nos anos 80, o plantio direto começou a ternovo impulso com o desenvolvimento de novas técnicas,como o aperfeiçoamento de discos de corte nas semeadeiras,que revolviam menos o solo, e pela entrada de novosherbicidas no mercado, como o glyphosate e os graminicidaspara uso em pós-emergência na soja. Da mesma forma, odesenvolvimento de espécies para produção de palha e co-bertura do solo contribuiu com o sistema e ajudava no con-trole das plantas daninhas. Se no princípio controlar plan-tas daninhas em áreas de plantio direto era um desafiointransponível, para a maioria dos agricultores a mudançafoi tão grande que hoje se trata simplesmente de mais umaoperação a ser feita. Atualmente a semeadura direta temcontribuído para a implantação de sistemas que integramlavoura e pecuária. Essa prática, entre tantas vantagens ebenefícios, tem ajudado no manejo das plantas daninhas esem dúvida é uma importante alternativa para a solução deproblemas com plantas infestantes.

3) Sobre as plantas daninhas:

Quanto à comunidade infestante, a maioria das es-pécies relatadas como problemas no início do cultivo dasoja no Brasil, continuam na lista das invasoras da cultura,mas observou-se uma grande mudança no grau de impor-tância que cada espécie assume. Brachiaria plantaginea(capim-marmelada) teve sua presença e importância reduzi-da ao longo dos anos, especialmente nas áreas de semea-

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dura direta. No entanto, durante muito tempo era tida comoa principal infestante da soja. Nesta mesma época já seobservava a presença de Digitaria insularis (capim-amargoso)e Conyza spp (buva), mas estava longe de ser o problemaque é hoje. A buva, considerada um sério problema porapresentar biótipos resistentes ao glyposate, no passado,da mesma forma que aparecia em alguns anos desapareciaem outros. Já naquela época sabia-se que ocorrência debuva era significativamente reduzida com a ocupação daárea por culturas como trigo e aveia. Em áreas do cerrado,Acanthospermum australe (carrapicho rasteiro) aparecia comfreqüência e hoje sua importância é relativamente pequena.Essa espécie estava associada à abertura de novas áreas eas condições de fertilidade do solo, que bem manejado aju-dava no seu controle. Commelina bengalensis (trapoeraba)era mais comum em locais quentes, úmidos e em solos dealta fertilidade. Hoje é problema em todo o Brasil e no RioGrande do Sul, onde começa a ser citada apesar das condi-ções de clima e solo daquele estado. Ao longo da históriaobservou-se a ocorrência surtos de infestação de algumasespécies, como o caso do Desmodium (carrapicho beiço-de-boi), que foi levado pelas colhedeiras da região do cer-rado e disseminados no norte do Paraná. Esse surto desapa-receu com a adoção técnicas adequadas de controle. Asmudanças na comunidade infestante ocorreram não só pelouso dos herbicidas, mas também pelo sistema de semeadu-ra e práticas culturais adotadas. Mais recentemente, asmudanças aconteceram em função do cultivo das chama-das culturas de safrinha, caracterizadas pelo milho, sorgo eoutras. Devido ao risco inerente dessas culturas, durantepelo fato de serem cultivadas a partir de fevereiro, os pri-meiros anos com essa nova sistemática de plantio, pratica-mente não se utilizava herbicidas, e assim como acontecenas áreas de pousio, tornaram-se locais de multiplicação,aumentado rapidamente o banco de sementes, com refle-xos na safra da soja. As plantas daninhas adaptaram-se asnovas condições e onde antes um ou dois herbicidas eramsuficientes para resolver o problema passou a ser necessá-

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rio aplicações de tríplice mistura. E mais, onde antes seutilizava uma aplicação passaram a ser feitas duas a trêsaplicações de produtos em mistura e, em certos casos, atéquatro aplicações, pois o banco de sementes foipotencializado devido ao manejo inadequado da área. Issoajuda explicar a corrida para a soja RR que aconteceu noRio Grande do Sul e em parte das lavouras das demais regi-ões produtoras de soja. A soja RR representou para muitosprodutores uma nova oportunidade de reverter uma situa-ção quase que incontornável em relação as plantasinfestantes. Muitas áreas de produção estavam técnica eeconomicamente se inviabilizando devido ao problema comas plantas daninhas. Estas ganharam uma nova chance decontinuar na produção de soja. No entanto, a pergunta so-bre qual o destino dessas áreas super infestadas se nãofosse a alternativa da soja RR, ainda se mantém. Certamen-te só teriam uma solução, voltar a utilizar técnicas de ma-nejo da área, das culturas e das plantas daninhas. Por ou-tro lado, aqueles agricultores que sempre adotaram a filo-sofia de manejar as plantas daninhas, nunca tiveram pressanem necessidade de mudar do cultivo da soja convencionalpara a transgênica. O manejo de plantas daninhas na sojatransgênica incorporou um novo herbicida no sistema deprodução, o glyphosate, que representa mais uma ferra-menta no manejo e a oportunidade de rotacionar um produ-to com diferente mecanismo de ação para controlar plantasresistentes. Mas esse produto também poderá ser vulnerá-vel, pois os mecanismos de seleção aos herbicidas e a dinâ-mica das populações de plantas daninhas estão na depen-dência dos níveis de pressão seletiva que vem sendoadotados no decorrer do tempo. Fica o alerta ao se observarque algumas áreas que cultivam a soja transgênica continu-am a manejar inadequadamente as plantas daninhas comomanejavam na soja convencional.

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Capítulo 7

Variedades Resistentes a Herbicidas: Legislação e Liberação

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Variedades Resistentes a Herbicidas:Legislação e Liberação

Aluízio Borém1; Fabrício R. Santos2

1Eng. Agrônomo, M.S., Ph.D. e Professor da Universidade Federal deViçosa. E-mail: [email protected]; 2Biólogo, M.S., Ph.D. e Professor daUniversidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected]

A biotecnologia, com as suas várias subáreas, como acultura de tecidos, marcadores moleculares e engenhariagenética, tem como meta o desenvolvimento de produtos eserviços úteis à sociedade moderna. A importância e contri-buição de cada uma dessas subáreas para a agricultura atu-al é indiscutível. A cultura de tecidos na preservação degermoplasma, os marcadores no mapeamento de genes eno estudo da diversidade genética e a engenharia genéticano desenvolvimento de variedades geneticamente modifi-cadas são exemplos claros da utilização desta tecnologiano setor agrícola.

Algumas das perguntas mais comuns no meio das ci-ências agrárias durante a década de 80 e início da de 90eram: seria a biotecnologia a solução para a fome no mun-do? Ela substituiria o melhoramento genético convencio-nal? Para os que se aventuravam nesta nova ciência, asperguntas soavam como estímulo e desafio. Para os quenão se sentiam parte dela, as perguntas soavam como umaameaça de se perder o bonde da história. Décadas se passa-ram, e as previsões feitas podem, hoje, ser comparadas coma realidade do produtor rural no campo.

Embora na maioria dos fóruns de debate haja pessoas afavor da biotecnologia, também existem os contras. Os ris-cos e benefícios desta tecnologia biológica continua aque-cendo calorosos debates. Vários filósofos acreditam que apolarização da sociedade tem vários aspectos benéficos,pois sinaliza para os cientistas que há necessidade de seestar vigilante, atentando, constantemente, para os possí-veis riscos do novo.

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Se muitos fizeram previsões de que a biotecnologiaresolveria os problemas da agropecuária e acabaria com afome no mundo, outros céticos acreditavam que ela nãoseria capaz de gerar produtos comerciais que fossem com-petitivos no mercado mundial. Talvez a avaliação mais equi-librada destas primeiras décadas da biotecnologia aplicadaà agropecuária seja de que tanto as previsões dos mais oti-mistas quanto as dos mais céticos estavam erradas.

Hoje, a sociedade é testemunha de que abiotecnologia desenvolveu produtos e serviços com impac-to na vida do produtor rural e dos consumidores em váriospaíses. Os organismos geneticamente modificados (OGMs),tais como as variedades transgênicas de soja, milho, algo-dão, canola, mamão, arroz, tomate e várias outras espécies,vêm conquistando a preferência de agricultores desde quea primeira variedade transgênica, o tomate “Flavr Savr” lan-çado em 1994, atingiu o mercado. Até 2007, a área cultiva-da com transgênicos havia atingido a marca de 102 milhõesde hectares, plantados em 22 países, caracterizando umcontínuo aumento da adoção desta tecnologia pelos pro-dutores. Na cultura da soja, cerca de 36% da área mundialplantada é composta de variedades transgênicas. A áreacultivada com transgênicos continua crescendo anualmen-te no mundo. A expectativa do Departamento de Agricultu-ra dos Estados Unidos (USDA) é de que a área de plantiocom transgênicos aumente gradativamente. Portanto, deacordo com o USDA, a controvérsia em torno do plantio detransgênicos aparentemente não diminuiu o desejo dosprodutores americanos plantarem as variedades genetica-mente modificadas.

Na produção animal, as primeiras l inhagenstransgênicas estão chegando mais lentamente. O primeiroanimal transgênico a ser disponibilizado comercialmente emlarga escala foi o salmão. O salmão transgênico foi liberadono mercado norte-americano em 2001, após rígida avalia-ção da sua segurança para a alimentação humana e para omeio ambiente.

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Mesmo com vários transgênicos no mercado, não res-ta dúvida de que a biotecnologia não resolveu todos osproblemas da agropecuária nem acabou com a fome nomundo. Conhecendo a complexidade da agropecuária e asvárias nuanças do problema da fome, acredita-se que abiotecnologia seja apenas mais uma das tecnologias quepodem contribuir para o bem-estar da sociedade, constitu-indo apenas parte integrante da solução dos vários desafiosdo produtor rural em produzir alimentos de elevada qualida-de e em quantidade adequada para suprir a demanda mun-dial, sem agredir o meio ambiente.

Aspectos Econômicos

A agropecuária é o maior setor da economia mundi-al. A produção e comercialização de alimentos, fibras e ou-tros produtos da agropecuária movimentam direta ou indi-retamente o maior volume de recursos do mundo. Oagribusiness tem impacto na vida de todos os habitantesdo planeta, pois nenhum ser humano pode se alimentar ouvestir de forma independente da agropecuária.

As aplicações da biotecnologia na agropecuária têmmercado potencial estimado de U$67 bilhões por ano. Des-sa forma, não é surpresa que existam interesses econômi-cos de vários grupos multinacionais nesta nova ciência.

A competição por este mercado tem motivado asempresas a dedicarem grande parte de suas receitas à pes-quisa e ao desenvolvimento de novos produtos. Vários des-ses grupos estão trabalhando no desenvolvimento de ani-mais e plantas transgênicos com maiores produtividade, re-sistência a doenças e insetos, qualidade nutricional, tole-rância a estresses do meio ambiente etc.

Transgênicos na Agricultura

A população mundial ultrapassou seis bilhões de ha-bitantes, o que significa sua duplicação nos últimos 40 anos.

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Enquanto não se observa uma iniciativa global de reduçãopopulacional, a expectativa é de que a população mundialdeva atingir nove bilhões de habitantes próximo a 2040,gerando uma demanda por alimentos 250% superior à atu-al.

O aumento na oferta de alimentos pode vir, em par-te, da expansão das áreas cultivadas, com a incorporaçãode novas áreas ao sistema produtivo. Essa opção é extre-mamente pequena ou inexistente em vários países desen-volvidos, onde toda a área disponível já vem sendo utiliza-da pela agricultura. No Brasil, a expansão da fronteira agrí-cola ainda é possível, uma vez que existem grandes áreasagricultáveis que ainda não estão sendo exploradas, embo-ra isso possa significar enorme prejuízo ambiental. O au-mento da oferta de alimentos pode também vir da reduçãodas perdas na produção, quer sejam elas causadas pela inci-dência de pragas e doenças, quer por problemas na colhei-ta. As perdas no transporte e no armazenamento tambémcontribuem para uma menor oferta de alimentos. Finalmen-te, o incremento na produção pode advir do aumento daprodutividade das variedades plantadas. A biotecnologiapode contribuir em todos esses três aspectos para aumen-tar a oferta de alimentos. No que diz respeito à expansãoda fronteira agrícola, a biotecnologia pode contribuir com odesenvolvimento de variedades especialmente adaptadas aáreas marginais, por exemplo mais Resistentes à seca ou asolos com baixa fertilidade.

As pragas, doenças e plantas daninhas não somentereduzem a produtividade agrícola, como também contribu-em para elevação do custo de produção, pois demandamdos produtores a aplicação de defensivos agrícolas. Outrogrande inconveniente associado aos defensivos agrícolas éa poluição ambiental e a presença de resíduos químicos nosalimentos. Existem cerca de 40.000 espécies de microrga-nismos que causam doenças nas plantas e aproximadamen-te 30.000 espécies de plantas daninhas que competem comas culturas por nutrientes, água, espaço físico e luz, redu-

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zindo a produtividade. As primeiras variedades transgênicasplantadas em larga escala foram desenvolvidas para facili-tar o controle de plantas daninhas, como é o caso da sojaResistente ao herbicida glifosato.

Variedades de Plantas Resistentes a Herbicidas

A dificuldade no controle de plantas daninhas pormeio de herbicidas está no fato de não existir um produtoquímico que seja eficiente contra um amplo espectro deplantas daninhas e que não cause injúrias à cultura. Nor-malmente, quando o herbicida controla bem as espécies defolhas estreitas, como as gramíneas (capins, gramas, milhoetc.), ele tende a não ser eficiente em espécies de folhaslargas (caruru-de-porco, soja, feijão etc.). O desenvolvimen-to de variedades Resistentes aos herbicidas tem sido umdos grandes esforços empreendidos pelas empresas debiotecnologia, e hoje existem variedades de espécies vege-tais que são Resistentes a herbicidas não-seletivos, isto é,que controlam quase todos os tipos de plantas daninhas.

Variedades Roundup Ready

Uma das primeiras características transgênicas a se-rem incorporadas às variedades de soja e algodão foi tole-rância a herbicidas. Comercialmente, cultivares de soja RRe de algodão RR estão disponíveis desde 1996 e 1997 nosEUA, respectivamente.

As primeiras variedades transgênicas Resistentes aherbicidas foram desenvolvidas pela Monsanto. Estas vari-edades são conhecidas como Roundup Ready, uma vez quesão Resistentes ao herbicida glifosato, cujo nome comerci-al é Roundup. O herbicida glifosato bloqueia a síntese deaminoácidos aromáticos nas plantas ao se ligar e inativar aenzima EPSP, essencial na rota bioquímica da síntese des-ses aminoácidos.

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O efeito do glifosato em plantas susceptíveis deve-se à competição com o substrato fosfoenolpiruvato (PEP)pelo sítio de ligação à enzima 5-enolpiruvil-chiquimato-3-fosfato sintetase (EPSPS), que converte PEP e chiquimato-3-fosfato em 5-enolpiruvilchicamato-3-fosfato. Essa com-petição resulta na inibição da síntese dos aminoácidos aro-máticos triptofano, tirosina e fenilalanina (Siehl, 1997). Atolerância nas plantas geneticamente modificadas é devidaà introdução do gene cp4 epsps, originalmente presente naestirpe CP4 de Agrobacterium spp. Este gene codifica asíntese da enzima CP4 EPSPS, cuja ação não é bloqueadapelo glifosato. Quando expressa em níveis adequados, aCP4 EPSPS é capaz de prover a planta com 5-enolpiruvilchicamato-3-fosfato em quantidade suficientepara suprimir a inibição da síntese dos aminoácidos aromá-ticos (Singh e Shaner, 1998). Variedades RR estão disponí-veis em soja, milho, algodão e canola.

Variedades Roundup Ready Flex

A segunda geração da tolerância ao hericida glifosato,conhecida como RR Flex, foi comercialmente usada pelaprimeira vez nos EUA em 2006. No Brasil, não há pedido deliberação comercial protocolado na CTNBio até a presentedata.

Variedades RR e RR Flex têm mostrado como principal van-tagem a maior facilidade no manejo de plantas invasoras.Contudo, para cultivares RR, o glifosato somente pode seraplicado diretamente sobre as plantas até determinado es-tádio de desenvolvimento, sob pena de injúria e redução naprodutividade. A limitação da aplicação do glifosato emárea total após esse estádio deve-se à abscisão de estrutu-ras reprodutivas e menor viabilidade do pólen induzidas peloacúmulo do glifosato em altas concentrações nas estrutu-ras reprodutivas (Pline et al., 2001) e à baixa concentraçãoda enzima CP4-EPSPS nas estruturas florais (Pline et al.,2002; PLINE-SRNIC et al., 2004). Além do gene cp4 epsps,as variedades RR contêm também os genes nptII e aad,

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cujas expressões conferem tolerância aos antibióticoscanamicina e estreptomicina, respectivamente.

As variedades RR Flex foram desenvolvidas pelaMonsanto devido às limitações na época de aplicação doherbicida nas variedades RR. Nestas variedades RRFlex, duascópias do gene cp4-epsps foram introduzidas. A primeiracópia está sob regulação do promotor quimérico FMV/TSF1,que contem o promotor do gene tsf1 de A. thaliana e aseqüência enhancer do promotor 35S proveniente do FigwortMosaic Virus. A expressão da segunda cópia é reguladapelo promotor P-35S/ACT8, que contém o promotor do geneact8 de A. thaliana, combinado com a seqüência enhancerdo promotor 35S de CaMV. Toda a construção foi inseridaem um loco, que segrega mendelianamente e em bloco,como um único gene, sendo as plantas hemizigotas ehomozigotas Resistentes ao glifosato na mesma intensida-de (Burns, 2004).

Variedades RR Flex permitem que o glifosato sejaaplicado durante todo o ciclo da cultura. Isso aumenta aschances de controle das espécies daninhas, reduzindo apossibilidade de perda de produtividade devido a aplica-ções após o estádio crítico de sensibilidade. Assim o con-trole de plantas daninhas se torna mais simples, eficiente eseguro.

Os produtores rurais têm demonstrado grande inte-resse no plantio de variedades Resistentes a herbicidas, umavez que elas lhes permitem fazer o controle eficiente dasplantas daninhas com a aplicação de um único herbicida ede forma mais econômica. Com a possibilidade de utilizarum único herbicida de ação efetiva contra a grande maioriadas plantas daninhas, os produtores reduzem o número deaplicações necessárias do defensivo agrícola.

Considerando que variedades Resistentes a herbicidasreduzem a quantidade de químicos aplicados na lavoura,elas deveriam ser preferidas também pelo consumidor final.

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Entretanto, acredita-se que uma falha na comunicação dasvantagens dessas variedades não só para o produtor rural,mas também para o meio ambiente e para o consumidorfinal, permitiu que a opinião pública se polarizasse, geran-do questionamentos sobre a segurança dessas variedades.Embora essas variedades, como todos os demais organis-mos geneticamente modificados, passem por uma rigorosaavaliação de biossegurança, em que são analisados seusriscos para a saúde humana e animal e para o meio ambien-te (testes de impacto ambiental), muitos ainda continuamcéticos em relação aos transgênicos.

Apenas recentemente (2005) foi permitido o plantiolegal da soja transgênica no Brasil, entretanto em outrospaíses ela ocupa grandes áreas. Nos EUA, 63% da áreatotal é cultivada com uma variedade transgênica e na Ar-gentina a soja GM ocupa mais de 95% da área plantada.

Variedades Resistentes a outros herbicidas tambémforam desenvolvidas por outras empresas, como variedadesresistentes ao glufosinato de amônio (Bayer), à sulfoniluréia(DuPont) e ao bromoxil (Calgene), dentre outras.

Considerações Finais

As variedades de plantas transgênicas já estão dispo-níveis em vários países, e os primeiros animais transgênicostambém começam a chegar ao mercado. Os benefícios des-ses produtos para a sociedade têm sido enfatizados pelosdefensores da biotecnologia. O potencial até agora vislum-brado é pequeno em relação àquele que poderá ser realiza-do no futuro próximo. No entanto, os contrários àbiotecnologia têm apresentado uma lista de preocupaçõesque evidenciam forte apelo para a sociedade. Algumas dascríticas aos transgênicos incluem:

• só atendem a interesses das multinacionais,

• não favorecem a agricultura auto-sustentável,

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• são direcionados ao grande produtor,

• criam dependência de outros produtos das multinacionais e

• os estudos de impacto ambiental dos transgênicos sãoprecários.

Entretanto, os mais de 10 anos de plantio comercial econsumo pela população, sem qualquer problema de efeitoadverso, demonstram que as analises de Biossegurança sãoadequadas para a identificação de produtos seguros para asaúde humana e animal, além de benéficos para o meioambiente.

A atual Lei de Biossegurança do Brasil, Lei 11.105 de2005, é considerada moderna e eficaz, estabelecendo quetoda análise de biossegurança deva ser realizada caso-a-caso e com base em fundamentação científica, de forma aprevenir riscos a saúde humana, saúde animal e ao meioambiente.

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Ag Biotech Infonet: http://www.biotech-info.net

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Biodiversity Information Network: http://www.binbr.org.br

Bioethics Net: http://www.med.upenn.edu/bioethic

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Celera Genomics: http://www.celera.com

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Centro de Bioética: http://www.bioethics.umn.edu

Cold Spring Harbor Laboratory: http://vector.cshl.org

Conselho de Informação sobre Biotecnologia: http://www.cib.org.br

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CTNBio: http://www.ctnbio.gov.br

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Greenpeace: http://www.greenpeace.org

Information System for Biotechnology: http://www.nbiap.vt.edu

International Service for the Acquisition of AgribiotechApplications: http://www.isaaa.org

Nanobiotecnologia: http://www.jnanobiotechnology.com

Nano-seqüenciamento: http://www.454.com

Nanotecnologia: http://www.voyle.net

National Centre for Biotechnology Education: http://www.ncbe.reading.ac.uk

Projeto Biota: http://www.biota.org.br

Projeto Genoma Brasileiro: http://www.brgene.lncc.br

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Revista Ciência Hoje: http://www.ciencia.org.br

Roslin Institute: http://www.ri.bbsrc.ac.uk

Science Magazine: http://www.sciencemag.org

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SBPC -http://www.sbpcnet.org.br

The Center for Bioethics and Human Dignity: http://www.cbhd.org

The World Conservation Union: http://www.iucn.org

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Union of Concerned Scientists: http://www.ucsusa.org

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Capítulo 8

Interação Herbicida-Ambiente

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Lixiviação e Contaminação das Águas do RioCorumbataí por Herbicidas

Regina Teresa Rosim Monteiro1; Eduardo Dutra de Armas2;

Sônia Claudia Nascimento de Queiroz3

1CENA/USP, Lab. Ecologia Aplicada, C. Postal 96, 13400-970,Piracicaba, SP; 2BioGeoTec Pesquisa e Soluções Ambientais, 13418-120,

Piracicaba, SP; 3Embrapa Meio Ambiente, Lab. Resíduos de Pesticidas,Rodovia SP 340 km 127,5, 13820-000, Jaguariúna, SP

Resumo

A avaliação, em corpos hídricos, de resíduos de herbicidasempregados em áreas agrícolas para controle de plantasconsideradas daninhas, tem encontrado uma grande varia-ção na concentração dos produtos originais e de seusmetabólitos. Tem sido sugerido que estas variações são de-vidas às propriedades químicas dos compostos, somadas àscondições hidrogeológicas e climáticas locais e aos siste-mas de cultivo, uma vez que são condições que influenci-am o comportamento de lixiviação. Em estudo na baciahidrográfica do rio Corumbataí, que abastece principalmen-te as cidades de Rio Claro e Piracicaba-SP, foramquantificados sazonalmente por CG/NPD e HPLC, os resí-duos de herbicidas em amostras de água e sedimentos emdiversos locais, durante os anos de 2004-2005. A área écultivada principalmente com cana-de-açúcar, citrus e pas-tagens. A escolha dos herbicidas baseou-se em trabalho delevantamento dos herbicidas mais utilizados e época de apli-cação na região. Dos 63 produtos registrados, foram anali-sados 24 i.a.. Os herbicidas que apresentam alto risco delixiviação, como ametrina, atrazina e simazina foram os en-contrados em concentrações superiores aos níveis do pa-drão de 2 µg L-1 da Portaria do Ministério da Saúde MS -518/2004. A freqüência e nível de concentração foram mai-ores na época do início das chuvas intensas.

Palavras-chave: triazinas, resíduos, águas, sedimentos,herbicidas.

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ABSTRACT – Herbicide contamination of Corumbataíriver.

The evaluation of herbicides residues, in water bodies,applied to agricultural areas for weed control has been foundin a wide range of detected concentrations. This range ofconcentrations suggests that, the variation is due to chemicalproperties of the compound, hydrogeological, pedo-agronomic, and climatic conditions which are conditionsinfluencing their leaching behavior. The Corumbataiwatershed is of great importance for Rio Claro and Piracicabacities for drinking water supply. Samples of water andsediment were analyzed for herbicide residue by gas andhigh performance liquid chromatography, in different seasonsand locals, in the period of 2004-2005. The region iscultivated mainly with sugarcane, citrus and pasture. From63 a.i. registered for the use in sugar-cane, 24 were selectedfor the residue analyses based on the seasonal trends ofconsumption. The great concentrations of residues foundwere from high potential risks of leaching herbicides suchas ametryne, atrazine and simazine, and they were foundabove the limit of de 2 µg L-1 established in MS – 518/2004. Their level and frequency of occurrence were mainlyin the early rain season.

Keywords: triazines, residues, water, sediment, herbicides

Introdução

A qualidade de vida está condicionada ao meio ambienteem que vivemos: ar limpo, água potável e alimentos comboa qualidade e em quantidades suficientes. A exploraçãodo solo para produção de alimentos expõe este meio à açãoda água da chuva ou de irrigação e/ou vento, que podemcarrear partículas para os rios, reservatórios, lagos e águassubterrâneas, ocasionando prejuízos à qualidade de vida dosseres que dependem desta fonte para atender às suasnecessidades de água (Peres; Moreira, 2007). No geral osdepósitos de água subterrânea são bem mais resistentes

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aos processos poluidores dos que os de água superficial,pois a camada de solo sobrejacente atua como filtro físicoe químico. Entretanto, os aqüíferos subterrâneos possuem,em sua extensão, diferentes camadas, que podem serimpermeáveis, pouco permeáveis ou permeáveis. Uma zonade aeração impermeável ou pouco permeável é uma barreiraà penetração de poluentes no aqüífero, enquanto que asáreas de maior permeabilidade atuam como zona de recargae podem sofrer interferência com o que ocorre na superfíciedo solo. A permeabilidade também vai depender da matériaorgânica presente sobre o solo e tipos de óxidos e mineraisde argila, sendo que estes podem possuir grupos químicosbastante reativos e adsorver fortemente os compostosempregados, como fertilizantes e pesticidas, o que não ocorreem solos arenosos, pobres em matéria orgânica. Outrapossibilidade de contaminação das águas subterrâneas é aexistência de poços que podem facilitar a entrada departículas ou água de enxurrada, como também podemalterar a direção do fluxo ou aumentar sua velocidade. Osrios ou cursos d´água também interagem com a águasubterrânea havendo locais onde as águas do rio se infiltramem direção ao aqüífero e outros onde ocorre o inverso(Ribeiro et al., 2007).

A expansão do uso de pesticidas nas áreas agrícolas detodo planeta está sendo acompanhada do aumento da quan-tidade de resíduos encontrados nos corpos hídricos superfi-ciais e subterrâneos. Uma variedade de moléculas, na suaforma original e/ou seus metabólitos, com distintas proprie-dades físicas, químicas e biológicas têm sido encontradanas águas subterrâneas, de superfície e de chuva. Ospesticidas com solubilidade em água e os de maior persis-tência no solo são os encontrados em maiores concentra-ções nas análises de elementos contaminantes das águas.Em programa de incentivo ao monitoramento de pesticidasem águas subterrâneas pela EPA-USA em vigor desde 1979,foi constatada em 1985 a presença de 70 diferentes molé-culas em avaliações de águas subterrâneas em 38 Estadosamericanos, mostrando a tendência de contaminação pelas

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atividades agrícolas (Ritter, 1990). O Brasil é um dos trêsmaiores consumidores mundiais de pesticidas (ANVISA,2007). O comprometimento da qualidade das águas super-ficiais ocasionado pelas práticas agrícolas e outras ativida-des, como mineração, levou a criação dos Comitês de Baci-as Hidrográficas – CBH como unidade básica do SistemaIntegrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRHdo Estado de São Paulo, por determinação da Lei Estadual7.663/91 (COMITÊ... 1996). Ficou estabelecido que as ati-vidades desenvolvidas dentro de uma área, cujos limitessão definidos pela divisão de águas, são as principaiscondicionantes da quantidade e qualidade da água. Poste-riormente, o Governo Federal instituiu a Política Nacionalde Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos por meio da Lei 9.433/97 (BRASIL, 2006). Desde então, análises de resíduos depesticidas têm constatado a presença de diversos gruposquímicos em águas como os trabalhos de Sparovek et al.(2001), Rissato et al. (2004), Corbi et al. (2006), Gomes etal., (2001), Filizola et al. (2002), Laabs, et al. (2002), Silvaet al, 2003, Primel et al. (2005) e Armas et al. (2007). NoEstado de São Paulo, estudos matemáticos de estimaçãoapontam para o risco de contaminação de águas subterrâ-neas, como os de Rodrigues et al. (1997), Pessoa et al.(2003) e Armas (2006). O objetivo deste trabalho foimonitorar a qualidade da água do principal manancial utili-zado para servir a população da cidade de Piracicaba, SP,por meio de monitoramento de resíduos de herbicidas emsedimento e água do rio Corumbataí e dois de seus princi-pais afluentes.

Material e Métodos

A sub-bacia do rio Corumbataí (Bacia do rio Corumbataí,http://ceapla.rc.unesp.br/atlas/atlas.html) abrange uma áreade 1.710 km2, sendo o rio Corumbataí o principal mananci-al, com 170 km de extensão, nascendo no município deAnalândia e sua foz no rio Piracicaba, no município dePiracicaba, com uma vazão média diária de 10 a 50 m3 s-1

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nos meses de agosto e fevereiro, respectivamente. As prin-cipais culturas são a cana-de-açúcar (25,6% da área), citrus(2,8% da área) e pastagens (IPEF, 1999). Primeiramente, foirealizada análise de inseticidas persistentes como: endrim,dieldrim, alfa, beta e sulfato de endosulfam e os herbicidastrifluralina e glifosato, em amostras de sete pontos diferen-tes ao longo da bacia. Não foi encontrado nenhum dosprodutos em nível de ppm (mg kg-1) nos sedimentos e deppb (µg L-1) na água. Foi realizado um levantamento dospesticidas utilizados na bacia (Armas, et al. 2005) e foramselecionados 24 herbicidas para análises de resíduos, base-ados na freqüência, quantidade aplicada e tendência delixiviação. Amostras de água foram coletadas com auxíliode balde de aço inoxidável, armazenadas em frascos depolietileno (3 L), devidamente identificadas e mantidas emcaixas de isopor, com gelo, para o transporte até o labora-tório, onde foram mantidas congeladas a -20ºC até o inícioda análise de resíduos. A descontaminação do equipamen-to de coleta foi efetuada antes de cada amostragem comálcool etílico p.a., seguido de enxágüe exaustivo com águadestilada. Os frascos para armazenamento das amostras fo-ram previamente lavados, mantidos em solução detergentesem fósforo 2% (v/v) por 24 h e, posteriormente, em solu-ção de ácido nítrico 10% (v/v) por 24 h, enxaguados exaus-tivamente com água destilada e com acetona p.a. para se-cagem rápida, sendo mantidos fechados para evitar conta-minação. Os herbicidas analisados por método multiresíduosforam: simazina, ametrina, atrazina, trif lural ina,pendimetalina, isoxaflutol, acetocloro e clomazona porcromatografia gasosa, com detector seletivo para Nitrogê-nio e Fósforo e os herbicidas halossulfurom metílico,picloram, tebutiurom, hexazinona, 2,4-D, metribuzim,diurom, tr if loxissulfurom, imazapir, imazapique esulfentrazona por cromatografia líquida com detecção porultravioleta. Análises de glifosato e ampa foram realizadasisoladamente, extraídos em resina de complexação e anali-sados por HPLC e detector de fluorescência comderivatização pós-coluna.

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A localização dos pontos amostrados, metodogiasutilizadas para coleta e análises estão descritas em Armas,et al. 2005, Armas, 2006, Armas et al. 2007 e no sitewww.cena.usp.br/SOSCorumbatai.

Resultados e Discussão

Inicialmente, foram analisados resíduos na água e nosedimento. Como no sedimento foram encontrados níveisquantificáveis somente de ametrina em um ponto e glifosatoem níveis abaixo do limite de quantificação, em várias épo-cas e locais e por ser bastante arenoso (ao redor de 98%)passou-se a analisar os resíduos somente na água. As con-centrações de triazinas encontradas na água são as quecausam maior preocupação, estando em níveis muito acimado permitido pela legislação, como a CONAMA 357 de 2005,que coloca o limite para as triazinas de 2 µg L-1. A concen-tração de atrazina ultrapassou este limite no ponto de cole-ta do rio Corumbataí situado próximo a sua nascente(Analândia), e ametrina está acima em todos os pontosamostrados, sendo máxima no afluente principal (Rio PassaCinco) chegando a mais de dez vezes a concentração limite(Tabela 1). A ametrina é o herbicida do grupo das triazinasque apresenta maior solubilidade em água. As triazinas es-tão presentes nas águas superficiais e subterrâneas do mundotodo, vindo a representar 80,7% do total encontrado emmais de 100 mil amostras de águas superficiais e subterrâ-neas analisadas na Alemanha (Beitz et al, 1994). Acetocloronão foi observado em nenhumas das amostras, mas houvedificuldade na metodologia de sua detecção por LC-ESI-MS-MS, bem como para o 2,4-D e molinato. O uso deacetocloro tem sido incentivado em substituição a atrazina,devido a menor tendência de lixiviação e persistênciaambiental. Clomazona tem baixa mobilidade em solos, en-tretanto foi observada com freqüência, ao longo da bacia.Hexazinona é citada na literatura com um índice LEACHbastante elevado e foi encontrada nas coletas em concen-trações variando de 0,05 a 0,504 µg L-1, mesmo em perío-dos de seca, quando o seu uso é mais intenso. Glifosato e

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seu metabólito AMPA, sendo bastante utilizado na região,principalmente de setembro a junho, foi a molécula de mai-or freqüência de ocorrência, sendo que o limite dequantificação para 500 mL de amostra de água foi de 0,04µg L-1. A freqüência de ocorrência e concentrações maiselevadas foram encontradas em coletas de novembro, maioe dezembro, coincidindo com o período de chuva forte nos10 dias antecedentes à data de coleta (Tabela 2). Ospesticidas utilizados na bacia do Corumbataí podem entãoser detectados nas águas de seu principal manancial. Sabe-se que o potencial de contaminação de um produto utiliza-do na agricultura está diretamente associado as suas pro-priedades de solubilidade em água, mobilidade no solo esua persistência. Está também associado as propriedadesdo solo e relevo e bastante associado a freqüência e quanti-dade utilizada. O solo predominante nesta bacia é do tipoarenoso, relevo acidentado e a cultura de cana-de-açúcar épredominante há vários anos, sendo empregados vários pro-dutos que podem alcançar os corpos hídricos. Foram estu-dados 24 ingredientes ativos empregados na área, dentreos 63 registrados para a cultura de cana. O alto custo dosprocessos analíticos de monitoramento e a baixa probabili-dade de êxito da real estimativa das concentrações, devidoà ocorrência destes resíduos em picos restringe a expansãode programas de monitoramento. No entanto, os resulta-dos evidenciam a necessidade de medidas enérgicas deconscientização sobre a importância de um ambiente semcontaminação por substâncias que afetam o frágil equilí-brio e agravam a saúde dos organismos vivos.

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Tabela 1. Concentração de herbicidas (µg L—1) em coletasde 2004 e 2005 de amostras de água do rio Corumbataí eseus principais afluentes.

Ponto 1 – Analândia, Ponto 2 – Corumbataí, Ponto 3 – Rio Claro montante,Ponto 4 - Rio Claro Jusante, Ponto 5 – Ribeirão Claro, Ponto 6 – Assistên-cia, Ponto 7 – Rio Passa Cinco, Ponto 8 - Piracicaba. Obs. Herbicidas nãodetectados em algum ponto amostrado não são mostrados;D=Detectado; ND=Não detectado; LOQ= Limite de quantificação.

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Tabela 2. Ocorrência de chuvas e datas de coletas de amos-tras de água.

Agradecimentos

Apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado de São Paulo – FAPESP (Processo 01/0295-4). Osautores agradecem a especialista em resíduos Dra. DéboraRenata Cassoli de Souza pelas análises realizadas.

Literatura Citada

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Fitorremediação de Solos com Residual de Herbicidas

José Barbosa dos Santos1; Sergio de Oliveira Procópio2;

Fábio Ribeiro Pires3; Antonio Alberto da Silva4

1Universidade Vale do Rio Doce - Faculdade de Agronomia; 2EmbrapaTabuleiros Costeiros - CPATC; 3Universidade Federal do Espírito Santo -Centro Universitário Norte do Espírito Santo; 4Universidade Federal de

Viçosa - Departamento de Fitotecnia.

Atividade Residual de Herbicidas

A sustentabilidade passou a ser umas das palavrasmais importantes para designar a modificação do enfoquedos sistemas agrícolas brasileiros. “Manejo Integrado de Pra-gas, Doenças e Plantas Daninhas”, “Manejo Ecológico dePragas, Doenças e Plantas Daninhas”, “Agricultura Orgâni-ca”, “Agricultura Alternativa”, “Produção Integrada de Fru-tas”, “Aproveitamento de Resíduos Orgânicos”, “Racionali-zação no Uso de Insumos Agrícolas”, são expressões cadavez mais presentes nos projetos de pesquisa e nas diretrizesdos programas de extensão rural das instituições responsá-veis pelo desenvolvimento, agora “sustentável”, doagronegócio do País.

Problemas resultantes dos processos de poluição edegradação dos recursos naturais por herbicidas têm rece-bido atenção especial, principalmente em sistemas agríco-las que necessitam utilizar esses produtos no manejo inte-grado de plantas daninhas.

Herbicidas que apresentam atividade residual no solo,impedindo ou reduzindo a emergência de plantas daninhas,são importantes insumos para a garantia da produtividadedas culturas comerciais, principalmente para aquelas queapresentam extenso período total de prevenção da interfe-rência das plantas daninhas (PTPI). Contudo, após o térmi-no desse período, que muitas vezes coincide com o fecha-mento do dossel da cultura presente, o resíduo do herbicidano solo passar a ser indesejável, podendo resultar em con-

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taminação de plantios seqüenciais, de mananciais de águasubterrânea pela lixiviação e/ou superficiais, toxicidade aorganismos não-alvos, podendo até, dependendo darecalcitrância do composto, acumular-se na cadeia alimen-tar.

Remediação, Biorremediação e Fitorremediação

A remediação de uma área contaminada consiste naaplicação de diferentes medidas de contenção e tratamen-to do material contaminado para o saneamento da área. Elapode ser química (quelatos, reagentes), física (retirada dacamada contaminada; injeção de ar) ou biológica (micror-ganismos e plantas). O termo remediação tem sido associa-do normalmente a técnicas não biológicas que promovem aremoção ou atenuação do contaminante.

A biorremediação consiste no emprego de organis-mos vivos (microrganismos e plantas, principalmente) ca-pazes de se desenvolverem em meio contendo o materialpoluente, para remediação, normalmente in situ, de áreascontaminadas, reduzindo-o ou até mesmo eliminando seusresíduos. Normalmente, o termo biorremediação é utilizadopara denominar a descontaminação desempenhada por mi-crorganismos, os quais, no processo de biorremediação insitu dito “tradicional” (particularmente as bactérias), sãoestimulados a degradar os contaminantes, seja por utiliza-ção da molécula como fonte de nutrientes ou por co-meta-bolismo. As condições necessárias para essa degradaçãoincluem a existência de receptores de elétrons, de nutrien-tes e de substrato, incluindo compostos químicos aplica-dos para as diferentes atividades agrícolas.

Quando se uti l iza plantas como agentesdespoluidores, dá-se o nome de fitorremediação. Essa téc-nica consiste no uso de plantas e sua comunidademicrobiana associada para degradar, seqüestrar ou imobili-zar poluentes presentes no solo. Ainda, de acordo com

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Accioly & Siqueira (2000), envolve o emprego de amenizantes(corretivos, fertilizantes, matéria orgânica etc.) do solo, alémde práticas agronômicas que, se aplicadas em conjunto,removem, imobilizam ou tornam os contaminantes menostóxicos ao ecossistema.

Histórico

A fitorremediação não é recente. O que é novo é ainvestigação sistemática, científica de como podem ser usa-das plantas para descontaminar terra e água. Entre outros,relatos descrevem que na Alemanha, há mais de 300 anos,plantas já eram utilizadas no tratamento de esgotos(Cunningham et al., 1996). Todavia, o uso do termophytoremediation (phyto = vegetal + remediation =remediação) é muito mais recente, tendo sido estabelecidoem 1991 para definir o uso de vegetais e dos microrganis-mos a eles associados, como instrumento para contenção,isolamento, remoção ou redução das concentrações decontaminantes em meio sólido, líquido ou gasoso (US EPA,2000). Para inúmeras fontes de pesquisa, o termofitorremediação foi cunhado pelo Dr. Ilya Raskin, professorde biologia vegetal da Rutgers University, EUA, em 1989(Black, 1995). Mas, o que também pode ser consideradoatual são as inúmeras aplicações dessa técnica e o crescen-te interesse de pesquisadores de diversas áreas.

No Brasil, o termo fitorremediação ainda parece des-conhecido para grande parte da comunidade científica. En-tretanto, significativo tem sido o avanço nas pesquisas queutilizam plantas e microrganismos a elas associados paradespoluição de agroecossistemas. O número ainda peque-no, porém crescente, de trabalhos publicados nos últimosanos reflete igualmente o elevado número de projetos emexecução. Provavelmente, os primeiros artigos oriundos doestudo da fitorremediação no Brasil foram os de Courseuilet al. (2001) e Moreno & Courseuil (2001), investigando opotencial do chorão (Salix babylonica), na fitorremediação

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de aqüíferos contaminados por gasolina. Envolvendoherbicidas, as publicações tiveram seu início com Scramimet al. (2001).

Mecanismos de Descontaminação

A fitorremediação é baseada na seletividade/tolerân-cia que algumas espécies de plantas apresentam acontaminantes e pode ser resultante: 1) da assimilação di-reta dos contaminantes e subseqüente acumulação e, ou,metabolização a compostos não tóxicos nos tecidos vege-tais, como componentes estruturais; 2) do estímulo da ati-vidade microbiana provocada pela liberação de exsudatosque favorecem o aumento da mineralização do contaminantena região da rizosfera. Didaticamente a fitorremediação édividida em seis processos (extração, transformação,volatilização, estimulação; rizofiltração e estabilização) osquais ocorrem em função das característicasmorfofisiológicas de cada espécie. Eles não são exclusivose podem ocorrer simultaneamente.

Potencialidades e Limitações

A fitorremediação apresenta elevado potencial deutilização devido às vantagens que apresenta em relação àsoutras técnicas de remediação de contaminantes do solo.Todavia, tem igualmente limitações que podem dificultarsua aplicação (Quadro 1).

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Quadro 1. Sumário das potencialidades e limitações dafitorremediação.

Projetos Desenvolvidos no Brasil

No Brasil, principalmente nos últimos cinco anos, di-versas pesquisas têm sido conduzidas, mostrando a viabili-dade de se utilizar plantas na remediação dos herbicidastebuthiuron (Pires et al., 2005; 2006; Belo et al., 2007b),trifloxysulfuron-sodium (Procópio et al., 2005; 2006; 2007;e Santos et al., 2004; 2007; Belo et al., 2007a) e trabalhospreliminares com picloram (Ferreira et al., 2006; Carmo,2007), identificados como de elevada persistência em áreasagrícolas. Para os dois primeiros herbicidas, as espécies demelhor desempenho foram a Stizolobium aterrimum(mucuna-preta) e Canavalia ensiformis (feijão-de-porco). Parao picloram, os estudos apontam Brachiaria brizantha, Eleusinecoracana (capim-pé-de-galinha-gigante) e Panicum maximumJacq. cv. Tanzânia-1 (tanzânia) como espécies potencial-mente remediadoras. Esses trabalhos têm demonstrado quealém de um efeito ambiental, de redução dos níveis tóxicosdessas moléculas ao ambiente, tem-se um benefício agro-

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nômico, pois em áreas onde a fitorremediação foi utilizada,pôde-se abreviar o plantio de espécies suscetíveis a taisherbicidas, cultivadas em sucessão. Esse enfoque é inéditona pesquisa internacional.

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Palavras-chave: remediação, descontaminação, xenobióticos.

Key words: remediation, decontamination, xenobiotics.

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Modelagem da Bioconcentração de Herbicidas emPlantas*

*Trabalho financiado pelo projeto: “Absorção de herbicidas por cana-de-açúcar” 2007/02824-0-FAPESP

Lourival Costa Paraíba1; Antonio Luiz Cerdeira1

1Embrapa Meio Ambiente, CxP. 69, 13820-000, Jaguariúna, São Paulo,Brasil. [email protected]

Resumo

Propriedades físico-químicas de herbicidas e propri-edades fisiológicas de plantas foram utilizadas para apre-sentar um modelo que simula a bioconcentracão e calcula ofator de bioconcentração de herbicidas em plantas. A mo-delagem supõe que o herbicida na solução do solo é absor-vido pela planta no processo de transpiração da solução dosolo. Utilizamos o modelo para estimar o fator debioconcentração dos herbicidas 2,4-D, acetochlor, ametryn,atrazine, clomazone, diuron, hexazinone, imazapyr,metribuzin, pendimethalin, picloram, simazine, sulfentrazone,tebuthiuron e trifluralin em cana-de-açúcar. A modelagemsugere que existe uma correlação negativa entre o fator debioconcentração e o coeficiente de sorção de herbicidas nocarbono orgânico do solo.

Palavras-chave: Cana-de-açúcar, Pesticida, Absorção, Mo-delo.

Abstract - Herbicide bioconcentration modeling for plants

Chemical propert ies of herbicides and plantphysiological properties were used to develop a model thatsimulates the plant herbicide uptake and bioconcentrationfactor of herbicides in plants. The model considers that theherbicide uptake occurs with water following thetranspiration process. We have used the model to estimatethe uptake of the herbicides 2,4-D, acetochlor, ametryn,

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atrazine, clomazone, diuron, hexazinone, imazapyr,metribuzin, pendimethalin, picloram, simazine, sulfentrazone,tebuthiuron and trifluralin in sugar cane. The model of BCFhas shown a negative correlation between the herbicidebioconcentration factor in plant and herbicide sorptioncoefficient in soil organic carbon.

Keywords: Sugarcane, Pesticide, Uptake, Model.

Introdução

Modelos matemáticos podem prever concentraçõese sugerir que substâncias devem ser monitoradas em plan-tas. Diversos modelos simulam a absorção de substânciaspor plantas (Trapp & Matthies, 1995; Fujisawa et al., 2002;Trapp et al., 2003; Paraíba, 2006; Trapp, 2007). Algunsforam elaborados para simular a absorção da substância porfolhas (Trapp & Matthies, 1995), outros por raízes (Trapp etal., 2003; Paraíba, 2006) e outros por folha e raízes (Fujisawaet al., 2002; Trapp, 2007). A bioconcentração de uma subs-tância em um organismo de um meio é definida como oacumulo da substância no organismo em relação à concen-tração da substância no meio. O fator de bioconcentracão(BCF) é um coeficiente de partição estimado pelo quocien-te entre a concentração da substância no organismo e aconcentração da substância no meio de um sistema emestado de equilíbrio químico. O BCF pode ser usado paraestimar a ingestão diária da substância por meio do consu-mo do organismo, permite estabelecer limites seguros dasubstância no meio e auxilia no estudo do destino ambientalda substância. O objetivo deste trabalho foi modelar abioconcentração em plantas de herbicidas na solução dosolo e utilizar esse modelo para estimar o BCF de herbicidasem cana-de-açúcar.

Material e Métodos

Na modelagem da bioconcentração foi suposto quea degradação do herbicida no solo, o metabolismo e a dilui-

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ção do herbicida na planta são descritos por equaçõescinéticas de primeira ordem e que a absorção do herbicidana solução do solo pela planta ocorre através da transpiraçãoda planta. Foi suposto também que o herbicida está diluídona solução do solo em concentração disponível para serabsorvido e transportado pelo fluxo de transpiração paratodos os compartimentos da planta. O fator debioconcentracão foi obtido pelo estado de equilíbrio quími-co estimado pelo limite no tempo do quociente entre aconcentração do herbicida na planta e a concentração doherbicida na solução do solo. O balanço total damassa do herbicida na planta foi calculado por:

onde (kg ha-1) é a biomassatotal fresca das plantas, (L dia-1 ha-1) é a taxa de transpiraçãode água pela planta, é o fator de concentração doherbicida no fluxo de transpiração da solução do solo, (mgL-1) é a concentração do herbicida na solução do solo, (dia-

1) é a taxa de transformação do herbicida na planta, (dia-

1) é a taxa de crescimento da planta, (mg kg-1) é a concen-tração do herbicida na planta e (L kg-1) é o coeficiente departição planta-água do herbicida. O foi estimado apartir do coeficiente de partição octanol-água do herbicidautilizando a equação de Burken & Schnoor (1998) dada por:

, onde é o logaritmo do coeficiente departição octanol-água do herbicida e TSCF é o coeficienteda concentração no fluxo de transpiração da soluçãonutriente sem interferentes do solo (solução hidropônica).O foi calculado por: , onde (L kg-1) é ocoeficiente de sorção do herbicida no carbono orgânico dosolo, (g g-1) é a fração volumétrica de carbono orgânicodo solo, (kg L-1) é a densidade total do solo e (g g-1) é oconteúdo volumétrico de água no solo. O valor do coefici-ente de partição planta-água foi estimado a partir docoeficiente de partição octanol-água do herbicida, usandoa expressão de Trapp et al. (2001) dada por

. Foi suposto que a concentração do herbi-cida na solução do solo descreve uma equação cinética deprimeira ordem dada por: , onde (mg L-1),

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onde (mg L-1) e (dia-1) são a concentração inicial doherbicida na solução do solo, a concentração do herbicidana solução do solo e a taxa de degradação do herbicida nosolo, respectivamente. A equação que descreve a concen-tração do herbicida na planta é dada por: ,onde e . O fator de bioconcentração foicalculado para o estado de equilíbrio do quociente entre aconcentração do herbicida na planta e a concentração doherbicida na solução do solo resultando em: ,onde (L kg-1) é o fator de bioconcentração do herbicidana planta e (dia-1) é a taxa de dissipação doherbicida no sistema solo-planta. Selecionamos os herbicidas2,4-D, acetochlor, ametryn, atrazine, clomazone, diuron,hexazinone, imazapyr, metribuzin, pendimethalin, picloram,simazine, sulfentrazone, tebuthiuron e trifluralin para ilus-trar a estimativa do fator de bioconcentração destesherbicidas em um cultivo hipotético de cana-de-açúcar. Ocoeficiente de partição octanol-água, o coeficiente de sorçãoe a meia-vida em dias de cada um dos herbicidas estãoapresentados na Tabela 1. Os valores do tempo de meia-vida e do coeficiente de sorção foram obtidos da compila-ção realizada por Hornsby et al. (1995) ou por Nicholls(1994). O tempo de meia-vida foi utilizado para estimar ovalor da taxa fazendo . Foi assumido um cultivode cana-de-açúcar em um solo com 0,012 g g-1 de carbonoorgânico, 1,3 kg L -1 de densidade total e 0,28 g g -1 de água.A biomassa total fresca de plantas foi estimada em 80.000kg ha-1, com uma taxa de transpiração média de 32.000 Ldia-1 ha-1, com uma taxa de crescimento médio de 0,05 dia-

1 e com uma taxa de metabolismo dos herbicidas nas plan-tas de 0,0462 dia-1, estimada a partir da média dos valoresdos tempos de meia-vida de compostos orgânicos em vege-tação apresentados em Cousins & Mackay (2001).

Resultados e Discussão

Considerando os valores do BCF da Tabela 1, temosque os herbicidas 2,4-D, hexazinone, atrazine e metribuzinsão os herbicidas mais prováveis de serem encontrados em

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cana-de-açúcar seguidos por acetochlor, tebuthiuron esimazine. Pode-se observar pela Figura 1, na qual é apresen-tado o gráfico da regressão linear entre a variável indepen-dente logK

OC e a variável dependente logBCF, que existe

uma correlação negativa entre o BCF de herbicidas em cana-de-açúcar e o do herbicida no solo. Os herbicidas picloram,imazapyr, pendimethalin e trifluralin são os que têm os me-nores valores de BCF. Esses últimos herbicidas têm em co-mum ou (Tabela 1), acarretando baixosvalores de K

PW e de TSCF

solo ou acarretando altos valores de

KOC

e baixos valores de TSCFsolo

. Os herbicidas que conjun-tamente têm os menores K

PW, os menores K

OC e os maiores

TSCFsolo

são os herbicidas com os maiores valores de BCF,logo os que podem bioconcentrar em plantas. Caux et al.(1997), encontraram resíduos de tebuthiuron em plantas decana-de-açúcar cultivadas em solos tratados comtebuthiuron.

Tabela 1. Características físico-químicas e BCF de herbicidasem cana-de-açúcar.

(a)Hornsby et al. (1998); (b)Nicholls (1994).

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Figura 1. Gráfico da regressão linear entre logKOC

e logBCFde herbicidas em cana.

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Capítulo 9

Resistência de Culturas e Plantas Daninhas aHerbicidas

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Crop and Weed Resistance to Glyphosate: A Global Overview

Chris M. Boerboom1

1Dept. of Agronomy, University of Wisconsin – Madison, Madison, WI 53706

Abstract

The goal of weed management is to protect cropyield and the use of glyphosate in glyphosate-resistant cropsis a cost effective method to control weeds. Glyphosate’shigh efficacy and other benefits to growers fueled the glo-bal adoption of glyphosate-resistance crops, which hasexceeded 80 million hectares in 12 years. Glyphosate-resistant weeds did not evolve resistance during the first22 years that glyphosate was used, but 13 weeds havesubsequently become glyphosate-resistant in conventionaland glyphosate-resistant cropping systems because of thescale and intensity of glyphosate use. Glyphosate-resistantweeds may reduce the value of glyphosate or glyphosate-resistant crops in many scenarios, especially when individu-al species are resistant to multiple modes of action or whenmultiple glyphosate-resistant species exist in the same field.To preserve the benefits of glyphosate-based technologies,growers need to improve their stewardship of glyphosateby maintaining herbicide diversity. Initially, growers needto be aware of the potential for glyphosate-resistant weedsto evolve. Next, education is needed about practices tolessen the selection intensity. However, a primary barrier toimproving glyphosate stewardship is the cost of additionalherbicides or management practices. This cost may be lowerthan the increased cost of controlling glyphosate-resistantweeds in the future or may improve overall weedmanagement and crop yield protection. Industry and growersare encouraged to work collectively to increase glyphosatestewardship.

Keywords: corn, cotton, soybean, stewardship.

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Introduction

The goal and principles of weed management forprofitable crop production are simple in concept, but oftenchallenging to implement and sustain over time. The goalof weed management is to protect a crop’s yield potentialin an environmentally safe and economic manner. To achievethis goal, management practices are employed based onintegrated principles such as the knowledge of field-specificweed populations, critical periods of weed control, andeconomic thresholds. However, it may be challenging toimplement and sustain theses concepts when newtechnologies such as glyphosate-resistant crops are availableand perceived to be “simple” and used without regard tothese principles.

Glyphosate and glyphosate-resistant crops are one setof the inputs or technologies that have significantly affectedweed management. A major benefit of glyphosate’s usehas been the potential and adoption of no-tillage systems,which protect soil resources (Cerdeira and Duke, 2006). Incontrast, glyphosate-resistant crops do not have an inherentbenefit such as increased crop yield potential. Rather, thisresistance technology only allows the selective use ofglyphosate, which offers excellent broad-spectrum efficacy,excellent crop safety, and no rotational limitations at afavorable price. However, two negative issues that mayoccur with the use of glyphosate in glyphosate-resistantcrops are 1) suboptimal weed management and 2)glyphosate-resistant weeds. The principle cause ofsuboptimal weed management may occur whenpostemergence applications of glyphosate are delayedbeyond the critical period of weed removal (e.g. Hall et al.,1992; Mulugeta and Boerboom, 2000). Hence, the cropyield’s potential is compromised. Suboptimal weed controlmay also occur with delayed applications becauseglyphosate’s efficacy may be reduced if the weed’s size istoo large when treated. The second concern with theextensive use of glyphosate is the continued evolution of

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glyphosate-resistant weeds, which may erode the value ofboth glyphosate and glyphosate-resistant crops. This articlewill focus primarily on glyphosate-resistant weeds, but willaddress suboptimal weed management within this context.

A Brief Chronicle of Glyphosate Developments

The history of glyphosate is traced to 1970 whenthe herbicidal activity of glyphosate was first discovered(Alibhai and Stallings, 2001). Glyphosate was first marketedin 1974, but its use was limited to spot, selective, andburndown applications for over 2 decades because of itsnonselective activity. During this time, the evolution andidentification of glyphosate-resistant weeds was limited.Although at least one glyphosate-tolerant biotype (e.g. fieldbindweed, Convolvulus arvensis) was described within adecade of commercial use (DeGennaro and Weller, 1984),the first glyphosate-resistant weed to evolve under fieldconditions was rigid ryegrass (Lolium rigidum) in 1996 inAustralia (Powles et al., 1998) followed by goosegrass(Eleusine indica) in 1997 in Malaysia (Lee and Ngim, 2000).The development and marketing of glyphosate-resistantsoybean in 1996 allowed the first selective use of glyphosatein-crop. Despite the contention that weeds would be unlikelyto evolve glyphosate resistance (Bradshaw et al., 1997),glyphosate-resistant horseweed (Conyza canadensis) wasreported within a glyphosate-based soybean cropping systemin 2000 (VanGessel, 2001). Since the commercialintroduction of glyphosate, a glyphosate-resistant weed didnot evolve resistance for 23 years, which supports thecontention that resistance is a rare event. However,horseweed evolved resistance by 5 years after theintroduction of glyphosate-resistant soybean, whichsuggests that increased glyphosate use and reduced use ofalternative control practices significantly increased theselection intensity for resistance.

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Current Status of Glyphosate Traits and Resistance

The current status of global glyphosate use,glyphosate-resistant crops, and expanding frequency ofglyphosate-resistant weeds are interrelated. Estimates ofglyphosate-resistant corn, soybean, cotton, and canola for2007 were projected to total 84 million hectares (Table 1,Monsanto 2007). In the U.S., glyphosate-resistant soybeanhad previously dominated the percentage of hectaresplanted, but the adoption of glyphosate-resistant corn hasincreased rapidly. Consequently, about 52 million hectaresof glyphosate-resistant crops were projected to be plantedin the U.S. in 2007. A high percentage of soybean in Ar-gentina (approximately 15.8 million ha) are planted withglyphosate-resistant varieties whereas the percentage in Brazilhas increased rapidly in the last 4 years and accounts forapproximately 9.3 million hectares.

Table 1. Hectares of glyphosate-resistant soybean, corn,cotton, and canola planted in major growing regions from1996 to 2006 with forecasted hectares for 2007 (Adaptedfrom Monsanto 2007).

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The relationship of glyphosate-resistant crops andglyphosate use is inevitable as nearly all fields planted withglyphosate-resistant crops will be treated with glyphosateand a significant percentage of fields will be treated morethan once. The consequence of the wide-scale applicationof glyphosate greatly increases the selection intensity forglyphosate-resistant weeds. Of course, the ultimatefrequency of glyphosate application to a given field willdepend on the cropping system. It is obvious that amonoculture of a glyphosate-resistant crop will increase thefrequency of glyphosate applications. However, a similarintensity of use can exist within a crop rotation. For instance,growers in the American state of Minnesota planted 92%glyphosate-resistant soybean in 2007 and 60% of theplanted corn hybrids had either a single herbicide-resistancetrait or a stacked gene trait (USDA-ERS, 2007). As aconsequence, it is highly probable that a majority of cornplanted in rotation after soybean in 2008 will be aglyphosate-resistant hybrid and will be treated withglyphosate. A similar situation exists in the southern U.S.where cotton and soybean are grown in rotation. Theintensity of glyphosate use can be increased furtherdepending on the tillage system such as when glyphosateis used both as a burndown herbicide prior to planting andas a postemergence herbicide in-crop. The intensity of usemay also be greater in non-competitive crops like glyphosate-resistant sugar beets where three glyphosate applicationshave been recommended.

After the initial selection of glyphosate-resistant rigidryegrass, Powles et al. (1998) stated “It is prudent to acceptthat resistance can occur to this highly valuable herbicideand to encourage glyphosate use patterns within integratedstrategies that do not impose a strong selection pressurefor resistance.” Unfortunately, glyphosate use patterns havenot been effectively integrated with other managementstrategies and the number and distribution of glyphosate-resistant weeds have continued to increase. Currently, 13glyphosate-resistant weed species are reported globally

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(Table 2, Heap, 2008). Table 2 is arranged to show thenumber of states in the U.S. with glyphosate-resistantspecies and glyphosate-resistance in other countries. Theintent of this arrangement is to highlight that nearly asmany glyphosate-resistant weeds occur in the U.S. (eight)as the total of all other countries (nine). Brazil has the secondmost glyphosate-resistant species with four. Also, thedistribution of glyphosate-resistant weeds is wide spreadfor some species in the U.S. as indicated by the number ofstates infested. With certain species like Palmer amaranth(Amaranthus palmeri), the number of infested states is underreported based on personnel communications. Overall, itappears that a strong relationship exists between theevolution of glyphosate-resistant weed species and adoptionof glyphosate-resistant crops (Figure 1). Although some ofthese species evolved resistance in cropping systems thatwere not based on glyphosate-resistant crops, the overallrelationship is still apparent.

Table 2. Summary of glyphosate-resistant weeds confirmedin the United States and in other countries (Adapted fromHeap 2008).

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Figure 1. Relationship of number of hectares planted toglyphosate-resistant crops and the occurrence of glyphosateresistant weed species (not all species evolved resistance inglyphosate-resistant cropping systems).

Implications of Glyphosate-Resistant Weeds

A legitimate question to ask is whether or notglyphosate-resistant weeds are of concern or if theysignificantly affect the value and utility of glyphosate andglyphosate-resistant crops. A survey by Scott and VanGessel(2007) reports that a majority soybean growers in theAmerican state of Delaware believe that glyphosate-resistanthorseweed reduces the value of glyphosate-resistantsoybean and decreases the rental values of infested fields.In some situations, it is argued that the impact is not greatbecause the glyphosate-resistant weed could be easilycontrolled by mixing a second herbicide with glyphosate(Green, 2007). It is also argued that other herbicides suchas atrazine retained their utility after triazine-resistancedeveloped. While both of these contentions are true, someof the benefits of these glyphosate technologies may stillbe lost. For instance, the cost of control will increase, the

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risk of crop injury may increase with the second herbicide,and the simplicity of the system is reduced. In general, Iwould concur that a single species with glyphosateresistance is a situation that can be managed. However,glyphosate-resistance species that develop multipleresistance will be challenging to control in certain croppingsystems. Five glyphosate-resistant species are resistant toone or two other modes of action (Heap, 2008). Of thesespecies, waterhemp (Amaranthus rudis) with resistance toglyphosate, ALS-inhibitors, and PPO-inhibitors and giantragweed (Ambrosia trifida) with glyphosate and ALS-inhibitor resistance are major threats in U.S. soybean.Another challenging management problem will occur whenmultiple species with glyphosate resistance develop withinthe same field. One field in the U.S. has glyphosate-resistanthorseweed and giant ragweed and glyphosate “tolerant”common lambsquarters (Chenopodium album). Managementoptions in such scenarios will be challenging as mixing onesingle herbicide with glyphosate may not control all of thedifferent glyphosate-resistant species.

Glyphosate Stewardship

Globally, the total impact of glyphosate-resistantweeds is still minimal, which is to our collective advantagebecause time exists to improve glyphosate stewardship.Improved glyphosate stewardship begins with greater growerawareness. Even with awareness, growers may lack sufficientconcern. In 2004, a majority (65%) of corn and soybeangrowers in the American state of Indiana had either a lowor moderate concern about the development of glyphosate-resistant weeds despite educational efforts (Johnson andGibson, 2006). Misconceptions also persist that newherbicides with a different mode of action will be marketedto control resistant weeds (Scott and VanGessel, 2007).Other growers may believe solutions reside in crops withnew herbicide-resistant traits (Green, 2007). Although somegrowers may lack concern, many growers understand thatrepeated herbicide use selects for resistant weeds (Johnson

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and Gibson, 2006). One challenge appears to be increasingthe grower’s level of concern so they consider improvingtheir management practices. A major barrier to increasingthe level of stewardship is that the cost of control isfrequently increased. However, the cost can be modeled todetermine if proactive management more cost efficient thanreacting after glyphosate-resistance evolves (Mueller et al.,2005). In a case study of waterhemp, more costly proactivemanagement was profitable in the long-term even ifglyphosate-resistance did not evolve in this weed for 20years.

Although a grower’s proactive management may avoidor delay financial penalties associated with a glyphosate-resistant weed, growers are resistant to change to preventa future, unpredictable problem. The proactive options toreduce selection pressure are no different now than thoseproposed years ago. Simply, weed management programsshould maintain herbicide diversity through rotations,sequential applications, and tank mixtures and should beintegrated with other control practices. Many extensionweed scientists in the U.S. have promoted the other benefitsthat proactive or integrated weed management practicesoffer, which include resistance management as a secondarybenefit. A common strategy that is promoted is to use apreemergence, residual herbicide in sequence before apostemergence glyphosate application. This has an excellentfit in corn production. For resistance management, thislessens the selection pressure by introducing a secondherbicide with a different mode of action and it reducesthe number of individuals that are exposed to selection(Stoltenberg, 2008). A key feature to the success of thisstrategy is that the preemergence herbicide(s) has anoverlapping spectrum of control as glyphosate. Otherwise,species not controlled by the preemergence herbicide wouldonly be controlled by glyphosate and the selection intensitywould not be reduced. The agronomic benefits of sequentialherbicide applications are minimizing early-season weedcompetition, greater glyphosate efficacy because smaller

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weeds are treated, greater flexibility in timing postemergenceglyphosate applications, and reduced risk of crop yield loss.These agronomic benefits become economic benefits thatcan be promoted to growers.

The U.S. has planted the most hectares of glyphosate-resistant crops in the world and consequently has theunfortunate distinction of having the greatest number andarea infested with glyphosate-resistant weed species. I hopethat lessons from the U.S. experience are observed and notrepeated in other crops or regions of the world as the useof these glyphosate technologies are either introduced,continued, or increased. Industry acknowledgement of thepotential and negative impacts of glyphosate-resistantweeds, education of growers on this issue, and groweradoption of glyphosate stewardship practices will extendthe value of these glyphosate technologies. A coordinatedand collaborative effort is encouraged to achieve this goal.

Literature Cited

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Manejo e Controle de Plantas Daninhas Resistentesao Glifosato no Brasil

Mario Antônio Bianchi1; Leandro Vargas2 ; Mauro Antônio Rizzardi31Fundacep. RS 342, km 149, 98005-970, Cruz Alta-RS,

[email protected];2Embrapa Trigo. BR 285, Km 294, 99001-970, Passo Fundo-RS

[email protected];3Universidade de Passo Fundo. BR 285, Km 171, 99001-970, Passo

Fundo-RS. [email protected].

Palavras-chave: Buva, azevém, herbicida, mecanismo deação.

Os herbicidas são uma importante ferramenta de con-trole de plantas daninhas, sendo, em muitos casos, a me-lhor opção disponível. O manejo e os herbicidas utilizadosprovocam alterações na flora daninha. Isso se explica pelofato dos herbicidas não controlarem igualmente as diferen-tes espécies existentes numa área, com isso algumas aca-bam sendo beneficiadas e se multiplicam. Nessas situações,plantas de baixa ocorrência podem se multiplicar e se tor-nar um grave problema para o produtor.

A história recente do controle químico de plantas da-ninhas em soja no Brasil mostra que espécies tolerantes eresistentes foram selecionadas pelo uso de herbicidas. Noinício da década de 1980, o leiteiro (Euphorbia heterophylla)foi selecionado devido à ineficiência dos herbicidas dispo-níveis. Pelo mesmo motivo, no início da década de 1990,surgiu o balãozinho (Cardiospermum halicacabum). O pri-meiro caso de resistência de plantas daninhas aos herbicidasno Brasil foi identificado em 1992, quando foi constatada aresistência de biótipo de leiteiro aos herbicidas inibidoresda enzima ALS (Heap, 2008). Logo em seguida, foram cons-tatados biótipos de picão-preto (Bidens pilosa) resistentesaos herbicidas deste mesmo mecanismo de ação. A intro-dução de cultivares de soja resistente ao herbicida glifosatopermitiu que biotipos de leiteiro e picão-preto resistentesaos herbicidas inibidores de ALS e o balãozinho fossem

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controlados com o glifosato, tornando-se uma solução efi-ciente e barata para a resistência e plantas de difícil contro-le.

O uso do glifosato no manejo de plantas daninhasantes da semeadura no “sistema plantio direto” combinadocom a adoção de cultivares de soja resistente a esse herbicidavem exercendo forte pressão de seleção sobre as espéciesdaninhas. Atualmente se nota que espécies daninhas comocorriolas (Ipomoea spp.), poaia-branca (Richardia brasiliensis)e trapoeraba (Commelina spp.) permanecem nas lavouras.Como exemplo, a corriola tinha freqüência de 36% nas la-vouras de soja do RS na safra 1994/95 e a buva (Conyzabonariensis) praticamente não era observada; já, na safra2005/06, a corriola esteve presente em 94% das lavouras ea buva em 30% (Bianchi, 2007). Dessa forma, o uso contí-nuo e repetido de um mesmo herbicida ou de herbicidascom mesmo mecanismo de ação, torna a seleção de espéci-es tolerantes e/ou resistentes inevitável.

Há mais de 20 anos, o glifosato é utilizado pelos agri-cultores brasileiros, principalmente no controle de plantasdaninhas antes da semeadura no “sistema plantio direto”.A introdução de cultivares de soja resistente ao glifosatofez com que o uso desse herbicida fosse ampliado no nú-mero de aplicações, na dose utilizada e na área aplicada,situação resulta em maior pressão de seleção e na reduçãodo tempo de aparecimento de um biótipo resistente.

Recentemente, no Brasil, foram identificados biótiposresistentes ao glifosato (inibidor da EPSPS) em azevém(Lolium multiflorum) (Roman et al., 2004; Vargas et al.,2004), em buva (Conyza bonariensis e Conyza canadensis)(Vargas et al., 2006; Moreira et al., 2007) e em leiteiro(Heap, 2008). Esses fatos restringem o uso do glifosato nasáreas onde ocorre o problema, resultando no aumento docusto de controle das plantas daninhas.

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Medidas gerais de controle

Para evitar o agravamento da seleção de espécies re-sistentes e para prolongar o tempo de utilização eficienteda tecnologia de culturas com resistência ao glifosato, re-comenda-se a adoção das seguintes práticas: a) Arrancar edestruir plantas suspeitas de resistência; b) Não usar maisdo que duas vezes consecutivas herbicidas com o mesmomecanismo de ação em uma área; c) Alternar o uso deherbicidas com diferentes mecanismos de ação; d) Realizaraplicações seqüenciais de herbicidas com diferentes meca-nismos de ação; e) Praticar a rotação de culturas; f) Monitorara população de plantas daninhas identificando o início doaparecimento da resistência; g) Evitar que plantas resisten-tes ou suspeitas produzam sementes; h) Usar práticas paraesgotar o banco de sementes.

Azevém resistente ao glifosato

O azevém é uma espécie anual, de estação fria, utili-zada principalmente como forrageira e para fornecimentode palha para o sistema plantio direto. Caracteriza-se peladispersão fácil das sementes, tanto pelo gado como pelohomem (troca de sementes entre agricultores). Seu contro-le para formar a palhada no “sistema de plantio direto” eem pomares, é realizado geralmente com o glifosato.

O glifosato era considerado um produto com baixorisco para seleção de biótipos resistentes. Este conceitotem mudado. No RS, Vargas et al. (2007) identificarambiótipos de azevém resistentes ao glifosato nos municípiosde Vacaria, Lagoa Vermelha, Tapejara, Bento Gonçalves,Ciríaco, Carazinho e Tupanciretã.

A rotação de culturas é uma prática que oportunizao uso de herbicidas com mecanismos de ação diferentes eeficientes sobre o azevém resistente ao glifosato. Nessesentido, a presença do milho em sistemas de rotação deculturas que incluem ainda soja e trigo, reduziu em mais de

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85% a população de azevém na cultura de trigo (Bianchi eTheisen, 2006a). Outra prática de manejo importante é uti-lizar cultivares de trigo com elevada capacidade competiti-va para exercer forte supressão do crescimento de plantasde azevém (Lemerle et al., 2001; Bianchi e Theisen, 2006b).

Como medida de controle químico de biótipos deazevém resistente ao glifosato podem ser utilizados, emgeral, os herbicidas inibidores da ACCase (ex.: cletodim,stoxidim). Esses produtos controlam com eficiência oazevém, se constituindo em alternativas para manejo antesda semeadura das culturas de trigo e milho. Como comple-mento a esse controle, herbicidas a base de paraquate,paraquate+diurom e amônio glufosinato podem ser utiliza-dos logo antes da semeadura para eliminar plantas de azevémque emergiram após a primeira aplicação de herbicida (Vargaset al., 2007). Além disso, após a emergência das culturas,controlam o azevém resistente e sensível ao glifosato, osherbicidas à base de iodossulfurom, diclofope e clodinafope,na cultura de trigo; foramsulfurom+iodosulfurom,nicosulfurom e atrazina, na cultura do milho e inibidores deACCase em soja.

Buva resistente ao glifosato

Nos últimos quatro anos observou-se controleinsatisfatório da buva com uso do herbicida glifosato naregião noroeste do RS e no oeste do PR. No RS, estudosconfirmaram a ocorrência de biótipo resistente ao glifosato(Vargas et al., 2006), cujas plantas sobreviveram a dosesduas a três vezes maiores do que a dose máxima recomen-dada para o controle (1440 g e.a. ha-1). No estado de SãoPaulo também foram identificados biótipos de buva resis-tentes ao glifosato (Moreira et al., 2007).

A buva, espécie anual que produz mais de 100 milsementes por planta, possui propágulos facilmente trans-portados pelo vento e que germinam a temperaturas de 15a 25oC em solo com boa umidade. Em C. canadensis a

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germinação é aumentada na presença da luz direta, e quan-do as sementes estiverem na superfície do solo (Nandula etal., 2006).

Atualmente, mais de 90% das lavouras do RS emque cultivam cereais de inverno, milho e soja se caracteri-zam pela adoção do “sistema plantio direto” e pelo uso decultivares de soja resistente ao glifosato. Durante a estaçãofria, lavouras com pastagem anual mal manejada, com ata-que do coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) aos cere-ais ou sob pousio, possuem pouca cobertura do solo compalha, o que facilita o intenso estabelecimento desta espé-cie, especialmente devido a maior incidência de luz sobre asuperfície do solo.

Além da cobertura vegetal deficiente, é necessárioconsiderar que mudou o controle químico de plantas dani-nhas adotado na cultura de soja. Até o final da década de1990, o controle de espécies dicotiledôneas basicamenteera realizado em pré-emergência com herbicidas a base deimazaquim. Essa modalidade de controle foi substituída pelouso do glifosato em cultivares resistentes a este produto.

Especula-se que a substituição do imazaquim, eficazsobre ambas as espécies de buva quando aplicado em pré-emergência (Lorenzi, 2006), tenha contribuído para o au-mento da população de buva na região noroeste do RS.Essa hipótese se reforça pelo fato do primeiro biótipo debuva resistente ao glifosato, ter sido encontrado emTupanciretã, um dos primeiros municípios a adotar em grandeescala cultivares resistentes ao herbicida glifosato.

A cobertura do solo com adubos verdes, pastagensmanejadas adequadamente ou trigo, conduz à redução dadensidade de plantas de buva (Tabela 1), o que facilita ocontrole dessa espécie antes da semeadura da soja. Porém,devido a grande produção e fácil dispersão das sementes ea necessidade de temperaturas amenas para germinação, seespera fluxo de germinação após a emergência de culturas

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como milho e soja no “sistema plantio direto”. Nesses ca-sos, indica-se usar em pré-emergência os herbicidas atrazinaem milho e imazaquim, diclosulam, sulfentrazone em soja,e em pós-emergência o 2,4-D em milho e lactofem,fomesafem, imazetapir, cloransulam e clorimurom em soja.

Tabela 1. Influência do tipo de cultivo no outono/invernosobre a população de buva (Conyza bonariensis) presenteantes da semeadura da soja. Fundacep, Cruz Alta, RS, 2007.

1Valores entre parêntesis indicam o erro padrão da média. 2 Médias seguidaspela mesma letra não diferem pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade doerro. Fonte: Bianchi, 2007 (Dados não publicados).

Recomenda-se manejar as áreas infestadas com buva(resistente e suscetível ao glifosato) de forma a evitar aprodução de sementes. O controle manual, as aplicaçõeslocalizadas de herbicidas e a instalação de culturas paracobertura do solo são algumas alternativas. O controle dosbiótipos resistentes é mais eficiente quando realizado du-rante o inverno com metsulfurom ou 2,4-D, devido ao pe-queno porte das plantas.

No manejo antes da semeadura do milho ou da soja,geralmente, as plantas de buva são mais desenvolvidas (30a 40cm de estatura), sendo o controle eficiente obtido com2,4-D (1005g a 1340g e.a. ha-1) ou clorimurom (15 a 20 gha-1) associados ao glifosato (1080 g e.a. ha-1) ou o usoisolado de amônio glufosinato (Rizzardi et al., 2007). Apli-cações seqüenciais apresentam melhores resultados. Nessecaso, a primeira com glifosato associado ao 2,4 D ou aoclorimurom sucedida por outra, 15 a 20 dias depois (logoantes da semeadura), com paraquate+diurom (150g + 300gha-1) (Vargas et al., 2007).

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Leiteiro resistente ao glifosato

O leiteiro é uma espécie anual com propagação porsementes, sendo as mesmas arremessadas a curta distânciada planta-mãe devido à deiscência explosiva do fruto. Assementes germinam em grande quantidade quando a tem-peratura fica entre 25 a 30ºC.

O primeiro biótipo de leiteiro resistente ao glifosatono Brasil é resistente também aos herbicidas inibidores deALS (Heap, 2008). Considerando a soja resistente aoglifosato, isso pode se tornar um grande problema para ocontrole, visto que os herbicidas eficazes sobre o leiteiropertencem a esses dois mecanismos de ação (inibidores deEPSPS e ALS).

Considerando-se a resistência múltipla do leiteiro, ocontrole químico em soja se limita a herbicidas inibidoresde Protox, como sulfentrazona, lactofem, fomesafem eacifluorfem. A rotação de culturas com milho é uma opor-tunidade de controle, desde que sejam utilizados herbicidascom mecanismos de ação diferentes, como inibidores defotossistema II (ex.: atrazina), auxinas sintéticas (ex.: 2,4-D) e inibidores de HPPD (ex.: mesotriona). No caso do usode cultivares transgênicas de milho (resistentes ao glifosatoou ao amônio glufosinato), o glifosato deverá ser aplicadoassociado com herbicida eficiente sobre leiteiro e de outromecanismo de ação. Os cultivares resistentes ao amônioglufosinato se constituirão numa ferramenta importante parao controle dos biótipos de leiteiro com resistência múltipla.

Considerações finais

A resistência de espécies daninhas ao glifosato no Brasilse constitui num problema sério considerando a área deabrangência no caso do azevém e da buva e a deficiênciade herbicidas com mecanismos de ação alternativos e efici-entes no caso do leiteiro. Além disso, o custo do controle

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tende a se elevar devido à substituição parcial ou total doglifosato do sistema de controle adotado.

Devido ao uso extensivo no Brasil, o glifosato exerceforte pressão de seleção, podendo num curto espaço detempo selecionar biótipos resistentes de outras espéciesdaninhas, bem como transformar plantas daninhas toleran-tes de importância regional em plantas daninhas problemano âmbito nacional.

É necessário redimensionar o sistema de utilizaçãodas lavouras anuais, dando prioridade para sistemas de ro-tação de culturas associados a adubação verde que propici-em cobertura do solo durante o ano todo. As culturas co-merciais nesse sistema devem ser entendidas como oportu-nidades para alternar ou utilizar herbicidas com mecanis-mos de ação diferentes e eficientes sobre os biótipos resis-tentes.

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Capítulo 10

Potencial de Utilização e Manejo de PlantasDaninhas nas Culturas da Mamona, Girassol e

Pinhão Manso

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Potencial de Utilização e Manejo de Plantas Daninhas nas Culturas da Mamona , Girassol

e Pinhão Manso

Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão; Gibran da Silva Alves Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, 58.107-720 –Campina Grande, Paraíba e Universidade Federal da Paraíba, Campus II –

Centro de Ciências Agrárias, respectivamente.

Resumo: Nos agroecossistemas um dos passos tecnológicosmais importantes na composição dos sistemas de produçãorefere-se ao manejo das plantas daninhas, que quando nãocombatidas com eficiência e eficácia podem reduzir até to-talmente a produtividade de qualquer cultura, bem a quali-dade global dos produtos obtidos. O manejo das plantasdaninhas se constituem assim, em um elemento chave parao sucesso da agricultura, seja ela empresarial ou familiar, edo mundo todo muita energia é gasta para se fazer o com-bate das plantas infestantes, em mais de um bilhão de hec-tares plantados anualmente. O combate às plantas dani-nhas envolve diversos métodos de controle, a prevenção ea erradicação, sendo que no manejo deve-se levar emconta o período crítico de competição das culturas com ocomplexo florístico daninho e pelo menos dois dos diver-sos métodos existentes, tais como o químico, o mecânicoe o cultural, alem do integrado e o biológico. Alem do óleoe da torta, resíduo da extração do óleo das sementes, ricaem proteínas, as oleaginosas de um modo geral, estão sen-do cultivadas aqui no Brasil e em diversos países do mundotambém para a produção de óleo para energia, via biodiesel,que ao lado do álcool combustível se constitui em impor-tante componente, os biocombustíveis para reduzir o con-sumo dos derivados do petróleo, que são bem maispoluentes, devido a não ter oxigênio nas suas moléculas,pois são hidrocarbonetos e ter aromáticos e outras substân-cias tóxicas , alem de produzir muito mais dióxido de car-bono , um dos gases causadores do efeito estufa . Entre asoleaginosas que poderão compor a malha produtora de óle-os para a fabricação de biodiesel, via diversos processos,

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em especial do da transesterificação, destacam-se em ter-mos reais, o girassol (Helianttus annuus L.), famíliaasteraceae e a mamona (Ricinus communis L.), famíliaeuforbiaceae e em termos potencias, o pinhão manso(Jatropha curcas L.), também outra espécie da família daseuforbiáceas, que reúne mais de sete mil espécies, aindanão domesticado, e requerendo muito estudo e pesquisa ,apesar de já ter aqui no Brasil forte demanda de agriculto-res de diversos Estados do Brasil, nas mais variadas regiões,em especial Nordeste e Centro-Oeste.

Palavras-chaves: Sistemas de produção, controle de plan-tas, oleaginosas

Introdução

O combate às plantas daninhas é uma das princi-pais atividades relacionadas aos sistemas de produção daagricultura a nível mundial, sendo uma das que mais conso-me energia, em termos de trabalho e também de insumos esua fabricação e assim uma das mais importantes. A popu-lação humana não para de crescer, já sendo de mais de 6,5bilhões de habitantes, e a demanda de alimentos, fibra eenergia também estão em constante crescimento, o queconduz ao homem cada vez mais procurar o incremento dasprodutividades das culturas, e ainda da qualidade dos pro-dutos derivados. As plantas daninhas, representam um dosmais importantes fatores de produção, junto com o seucontrole, pois na composição dos custo de produção dasculturas, este item assume papel de destaque, em virtudedos preços atuais dos serviços, como mão –de –obra e dosprodutos para o controle, os chamados herbicidas, no casodo controle químico, um dos mais utilizados na atualidadee que quando não devidamente controladas as plantas da-ninhas podem reduzir ou até mesmo anular a produção dasculturas e reduzir significativamente a sua qualidade. Entreas culturas que produzem proteínas e principalmente óleosque quantidades elevadas , e que são utilizadas para aalimentação humana , animal ou outros usos , como fertili-

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zantes orgânicos, destacam-se o girassol (Helianthus annuusL.) e a mamoneira (Ricinus communis L.) e mais recente-mente, requerendo ainda muitos estudos, o pinhão manso(Jatropha curcus L.) .

Neste trabalho, que se constitui a base de umapalestra, reúne-se informações sobre tais espécies, o seuestado de arte em termos de P&D&I de um modo geral, eem particular no tocante ao manejo de plantas daninhas.

Considerações Gerais

As culturas do girassol e da mamona já estão con-solidadas a nível mundial, sendo que a asteraceae apresen-ta como produto principal um dos melhores óleos para aalimentação humana e a euforbiaceae, um óleo singular,não comestível, porem com dezenas de aplicações industri-ais, sendo base para fabricação de diversos produtos, comdestaque para o vidro a prova de bala, lentes de contato,óleo lubrificante para motores e reatores de elevadas rota-ções, sabões metálicos, feitura de próteses, tecidos, courosartificiais e outros e ambos podem ser utilizados para aprodução de energia, via fabricação de biodiesel, que sãoésteres de ácidos graxos, ou seja um produto derivado dire-tamente da mistura de um óleo ou gordura, com um álcool,em geral metanol ou etanol. Considerando o pinhão man-so, muito há ainda a ser feito, não somente na sua ecolo-gia e ecofisiologia, mas também no melhoramento genéti-co e a definição dos passos tecnológicos para a composi-ção de sistemas de produção deste oleaginosas tanto paracondições de sequeiro, quanto para áreas irrigadas. Elaainda esta na fase inicial de domesticação e quase que nãose tem informações científicas escritas e publicadas em pe-riódicos sobre o combate as plantas daninhas aqui e forado Brasil . O girassol, por outro lado já esta bem estudado,tendo híbridos, cultivares e sistemas de produção definidospara pequenos e grandes produtores, sendo originário dasAméricas, em especial do Norte ( DAll’ AGNOL ; VIEIRA eLEITE, 2005 ). A mamona esta um patamar intermediário ,

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em termos de conhecimento, entre o pinhão manso e ogirassol, porem já se tem aqui no Brasil e em outros paísesdo mundo , em especial a China, a Índia (Principal produ-tor) e a Rússia, varias tecnológicas definidas, cultivares ehíbridos e se tem informações, embora, ainda limitadas,sobre o combate as plantas daninhas .

Pinhão Manso (Jatropha curcas L.)

As plantas daninhas interferem sobre as culturasagrícolas reduzindo-lhes, principalmente, o rendimento.Apesar de se tratar de uma planta rústica, recomenda-semanter o terreno livre de plantas daninhas, principalmenteem volta das plantas, pois a concorrência daquelas em água,ar, luz e nutrientes e pela inibição química, afeta a germina-ção e o crescimento e o desenvolvimento do pinhão, alémde abrigar pragas e/ou insetos transmissores de doenças, edificultar os trabalhos de colheita e depreciar a qualidadedo produto colhido. O espaçamento permite que sejamfeitas capinas mecanizadas ou com tração animal, até mes-mo quando em consórcio com outras culturas, o que deveser feito com a finalidade de reduzir custos com a culturaprincipal (Arruda, 2004), considerando os controles culturale mecânico.

Girassol (Helianthus annuus L.)

Dentre os principais motivos que favorecem paradiminuir a produtividade da cultura do girassol destaca-se ainterferência causada pelas plantas invasoras. A presençadessas espécies durante as primeiras etapas do ciclo de cul-tivo do girassol, resultando em plantas cloróticas, de menorporte, com diminuição severa da área foliar, do diâmetro decaule e do capítulo ( Leite, 2005).

Dentre as alternativas para o controle eficiente dasplantas daninhas em girassol, está o uso de compostos quí-micos, denominados herbicidas. Suas principais vantagenssão a eficiência do controle, a economia de recursos huma-

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nos e a rapidez na aplicação. Em contrapartida esse métodoexige técnica apurada, pessoal capacitado e bem treinado,cuidados com a saúde do aplicador e com o meio ambiente.Para se obter sucesso com o controle químico, devem serconsiderados alguns fatores, tais como: tipo de solo (argi-loso ou arenoso), teor de matéria orgânica do solo, qualida-de da água de aplicação, condições de clima no momentoda aplicação, equipamentos e, principalmente, o aspectoeconômico Leite, 2005). Há alguns herbicidas registradosno Brasil para esta cultura e vários já foram testados e comboa performace.

Mamona (Ricinus communis L.)

A mamoneira é tradicionalmente considerada comoplanta daninha em várias culturas, onde como infestante,suas folhas grande pode sombrear diferentes espécies culti-vadas, ocasionando perdas de produtividade. Do ponto devista fisiológico, por apresentar eficiência fotossintética re-lativamente baixa (metabolismo C3), a mamoneira pode serqualificada como espécie de alta sensibilidade à competi-ção com plantas daninhas por água, luz e nutrientes. Entre-tanto, são quase inexistentes informações recentes envol-vendo recomendações de cultivares e a definição do perío-do crítico de competição da infestação nas diferentes regi-ões produtoras do país. Algumas informações disponíveisna literatura nacional sobre período crítico de competiçãocom plantas daninhas indicam para cultivares de porte mé-dio a alta em plantio convencional e de baixa tecnologia,devem ser mantida no limpo principalmente na fase inicialde crescimento, até atingir 60 a 70 dias do ciclo vegetativo.Azevedo et al. (2001), utilizando a cultivar Sipeal 28 eespaçamento de 2 x 1 m, no nordeste do Brasil, identifica-ram que o Período Crítico de Prevenção da Interferência(PCPI) das plantas daninhas apresentou-se entre a 3ª e 8ªsemana após a emergência da mamoneira, ou seja, o inter-valo de tempo em que a cultura deverá ficar livre da compe-tição para que não ocorra redução na produtividade.

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Referencias Bibliográficas

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Capítulo 11

Dinâmica Espacial e Temporal de PlantasDaninhas

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Modelos Espaciales y Temporales de la Dinámica dePoblaciones de Malezas

José Luis González-Andújar Instituto de Agricultura Sostenible (CSIC). Dpto. Protección de cultivos.,

Apdo. 4084, 14080 Córdoba, España.

Resumen

La modelización matemática es una herramienta usa-da comúnmente para estudiar la dinámica de las poblacionesde malezas en agricultura. Las poblaciones de malezas sondinámicas en el tiempo y en el espacio. Sin embargo, lamayoría de los modelos poblacionales han consideradoúnicamente la dinámica temporal. Actualmente, existe ungran interés en el desarrollo de modelo espaciales de dinámicade poblaciones como consecuencia del desarrollo de nuevossistemas de producción (e.j. agricultura de precisión) y nuevasherramientas estadísticas y matemáticas. El objetivo de estacomunicación es presentar un revisión de los modelosespaciales de la dinámica de poblaciones de malezas y suuso para explorar escenarios de manejo.

Palabras claves: modelos espaciales, modelosintegrodiferenciales, autómatas celulares, dinámica depoblaciones, manejo de malezas.

Abstract - Spatio-temporal models of the populationdynamic of weeds.

Mathematical modelling is a commonly used tool forstudying the long-term dynamics of weed populations inagriculture. Weed populations are dynamic in time and inspace. However, the main body of weed population modelshave considered only the dynamic in time. Actually, thereis a growing up interest in the development of spatial weedpopulation models as consequence of the development ofnew production systems (e.j. precision farming) and newmethodological tools in statistics and mathematics. Theobjective of this communication is present a brief review of

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the spatial weed population dynamic models and itsapplications.

Keywords: spatial weed model, integro-difference model,cel lular automaton, population dynamics, weedmanagement.

Introducción

El origen del uso de modelos de dinámica depoblaciones en Malherbologia se remonta a los años 70(Sagar and Mortimer, 1976; Mortimer et al., 1978). Estosautores utilizaron modelos relativamente sencillos quedescribían y cuantificaban el ciclo biológico de las malezascon el fin último de predecir la evolución de las poblacionesbajo diferentes escenarios de control. Progresivamente, otrosestudios fueron añadiendo mas complejidad a los modelosdesarrollados: dependencia de la densidad (Watkinson,1980),distribución vertical de las semillas en el suelo (Cousens &Moss, 1990), edad de las semillas (Wilson et al., 1985),presencia de varias cohortes (Debaeke,1988; GonzálezAndújar & Fernández-Quintanilla, 1991), etc.

Los modelos matemáticos se han establecidosólidamente en Malherbologia como herramientas predictivasde la evolución temporal de las poblaciones y su aplicaciónal estudio de escenarios de control (Holst et al., 2007). Sinembargo, la validez de dichos modelos es limitada al estudiode la dinámica temporal de las poblaciones de malezas,careciendo de una capacidad predictiva espacial.

Actualmente, se está produciendo un incremento delinterés por el estudio de la dinámica espacial de laspoblaciones como consecuencia de diversos factores comoson el desarrollo de nuevos sistemas de producción (p. ej.la agricultura de precisión) y la existencia de nuevosdesarrollos computacionales, estadísticos y matemáticos quefacilitan la modelizacion espacial (González-Andujar & Perry,2000).

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El objetivo de esta comunicación es presentar unavisión actual de los modelos espaciales de la dinámica depoblaciones en Malherbología y su uso para explorarescenarios de manejo.

Modelos Espaciales

El desarrollo de modelos dinámicos espaciales requiereuna mayor complejidad que los modelos no espaciales, peropermiten la integración de factores esenciales para entenderla evolución natural de las poblaciones, como son laconsideración de efectos locales bióticos y abióticos(interacción con las plantas vecinas, heterogeneidad espacial,etc.). Lo que añade más realismo en relación con losmodelos no espaciales.

Tipos de modelos

Los modelos espaciales desarrollados enMalherbologia han considerado en líneas generales elespacio como una variable continua o discreta. Los mode-los que consideran el espacio de forma continua se hanbasado principalmente en ecuaciones integro-diferenciales(Mortimer et al., 1996, Woolcock & Cousens, 2000), como:

donde Nt+1

(x) representa la densidad de la población en laposición x en el tiempo t+1, N

t+1(y) representa la densidad

de la población en la posición y. K(x,y) es la probabilidad deque la población disperse desde la posición x a la y. f [N

t(y)]

es la función de crecimiento de la población y L representael tamaño del hábitat. Gonzalez-Andujar y Saavedra (1999)utilizan este tipo de modelos para simular la evolución es-pacial y estimar la velocidad de expansión de varias especiesde malas hierbas (Hordeum sp., Lolium rigidum, Bromusdiandrus, y Bromus madritensis) en el olivar. Estos autoresconsideran que el modelo de dispersión [K(x,y)] de semillas

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sigue una distribución Normal (Gaussiana), y que el modelode crecimiento de la población (f[N

t(y)] ) es logístico. Bajo

esas dos condiciones el modelo vendría expresado por,

donde λ es la tasa reproductiva de la población, k es lacapacidad de carga del sistema y D es dos veces la varianzade la distribución Normal.

Los modelos que consideran el espacio como unavariable discreta son los más populares por sercomputacionalmente más sencillos, pueden integrarfácilmente los factores bióticos y abióticos y no requierenmuchos conocimientos matemáticos. Estos modelos,llamados autómatas celulares, dividen el espacio en celdasdonde crecen las malezas y simulan la dispersión entre lasceldas que lo componen (Perry & González Andújar, 1993).Gonzalez-Andujar & Perry (1995) utilizan un modelo celular,donde definen el espacio con celdas hexagonales (Fig. 1)que soportan poblaciones de avena loca (Avena sterilis ssp.ludoviciana). El modelo fue utilizado para estudiar elcomportamiento espacial de poblaciones de avena loca bajodiferentes escenarios de control, la velocidad de colonizaciónde un campo de cereal, así como la existencia y perdurabilidadde las manchas de malezas.

Figura 1. Ejemplo de un modelo celular de 8x8 hexágonostomado de González-Andujar y Perry (1995). Las ocho filasson identificadas por la coordenada j, y las ocho columnaspor la coordenada k.

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Distribuição Espacial do Banco de Sementesde Plantas Daninhas

Spatial distribution of weed seedbanks

José Roberto Antoniol Fontes1; Luciano Shozo Shiratsuchi2;

Marina de Fátima Vilela2

1 Embrapa Amazônia Ocidental, Rodovia AM 010, km 29, C. Postal 319, CEP 69010-970, Manaus, AM;

2 Embrapa Cerrados, Rodovia BR 020, km 18, Caixa Postal 08223, CEP 73310-970, Planaltina, DF.

Nas áreas agrícolas a distribuição espacial das plantasdaninhas é heterogênea, em manchas de infestação, oureboleiras, de composição específica, densidades e estádi-os de crescimento variados. Esta característica, sempre foipercebida por agricultores e por pesquisadores, que enten-diam ser possível, por exemplo, fazer o manejo localizadopois muitas destas reboleiras podem ser estáveis no espaçoe no tempo (Clay et al., 2006; Heijting et al. 2007).

As plantas daninhas emergidas são principal referên-cia para o estabelecimento de um programa de manejo inte-grado racional, considerando as espécies, o estádio de cres-cimento das plantas daninhas e das culturas e a densidadede infestação. A estas se soma o banco de sementes dasplantas daninhas no solo, principal fonte de propágulos paranovas infestações (Voll et al., 2003), e que pode ser forma-do por poucas ou muitas sementes, algumas vezes bilhõesem um hectare (Baskin & Baskin, 2006). A emergência deplantas a partir dessas sementes depende de inúmeros fato-res atuando em conjunto, e o estado fisiológico (viabilida-de) das sementes, as condições ambientais e o sistema decultivo são considerados os três grandes grupos que reú-nem esses fatores (Buhler et al., 1997), e são eles que vêmsendo utilizados para a geração de modelos de predição daemergência para fins de manejo (Ambrosio et al., 2004;Myers et al., 2004; Norsworthy et al., 2006).

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Em anos recentes o emprego da geoestatística, dainformática e do sensoriamento remoto na experimentaçãoagrícola possibilitou compreender melhor a distribuição es-pacial de plantas daninhas, e a caracterização desta distri-buição tem despertado o interesse dos pesquisadores noBrasil. A maioria dos trabalhos vem sendo conduzida para aavaliação da distribuição espacial da flora emergente e autilização de sensoriamento remoto para a geração de ma-pas de distribuição espacial (Fontes & Shiratsuchi, 2005;Shiratsuchi et al., 2005; Vilela et al., 2005) e da relação daocorrência de populações de plantas daninhas com a distri-buição espacial de fatores ambientais, principalmente aquelesrelacionados ao solo (Shiratsuchi et al, 2005). Isso tem per-mitido a adoção de novos enfoques na pesquisa científica,resultando em avanço considerável no campo da ecologiadas plantas daninhas, com inúmeras aplicações. A geraçãode mapas de distribuição espacial de plantas daninhas éuma delas, que vem sendo avaliada quanto à possibilidadede utilização para elaboração de mapas de prescrição paraaplicação localizada de herbicidas, com impactos positivossobre os custos de controle e sobre o ambiente (Lamb &Weedon, 1998; Vilela et al.; 2005).

Como as plantas emergidas, o banco de sementes deplantas daninhas ocorre em reboleiras, e pode ter a suadistribuição espacial avaliada, além de ser muito mais está-vel no espaço e no tempo (Wiles & Schweizer, 2002;Ambrosio et al., 2004; Wiles & Brodahl, 2004; Shiratsuchiet al., 2005). Para Rew & Cousens (2001), é crucial quesejam identificados os fatores responsáveis pela criação dospadrões de agregação espacial do banco de sementes e oconhecimento de como as reboleiras originadas destes ban-cos persistem ou mudam de tamanho, forma e densidadecom o passar do tempo, levando ao desenvolvimento demétodos de amostragem e de menor custo e, ou de maioracurácia (fidedignidade) para a elaboração de mapas para omanejo localizado, sendo a acurácia um dos pontos-chavepara a aplicabilidade dos mapas para fins de manejo locali-zado, por exemplo. O desenvolvimento e ajustes de esque-

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mas de amostragem, bem como a definição do tamanhodas amostras tem sido objeto de alguns estudos (Ambrosioet al, 2004; Wiles & Brodahl, 2004). Wiles & Brodahl (2004)verificaram que a densidade de sementes no solo, o manejogeral das culturas, o tamanho, a dormência e as caracterís-ticas de dispersão natural das sementes, as espécies(gramíneas ou dicotiledôneas) e os atributos físicos e quí-micos dos solos são os principais fatores determinantes dodesenvolvimento dos padrões de agregação. Para Paice etal. (1998) e Shiratsuchi et al. (2003), o preparo do solo e acolheita são fatores que também têm que ser consideradosnesta análise. Shiratsuchi et al. (2003), avaliaram a influên-cia do tráfego de máquinas durante cinco anos num únicosentido em uma área de cultivo de milho e concluíram quea distribuição espacial da flora emergente e a do banco desementes de B. plantaginea foram afetadas por esta condi-ção. Ao mesmo tempo, poderá ser possível prever as impli-cações das estratégias de manejo localizado e otimizar asua eficácia, ou identificar as oportunidades para interferirna dinâmica espacial do banco de sementes de alguma es-pécie considerada problema.

Em se tratando da distribuição espacial do banco desementes foi realizado no Brasil um trabalho, no bioma Cer-rado, no qual Shiratsuchi et al. (2005), avaliaram a influên-cia da distribuição espacial de atributos de fertilidade dosolo sobre a distribuição espacial do banco de sementes deplantas daninhas. Verificaram que sementes das espéciesBrachiaria plantaginea, Commelina benghalensis e Cyperusrotundus tiveram sua distribuição influenciada pela distri-buição espacial da saturação por bases (onde maior, menoro número de sementes) e da saturação por alumínio (ondemaior, maior o número de sementes).

Outros trabalhos foram desenvolvidos avaliando adistribuição espacial de fatores que podem condicionar aocorrência de plantas daninhas e, portanto, de grande inte-resse para os estudos de sua distribuição espacial. OliveiraJr. et al (1999) e Oliveira et al. (2004) caracterizaram a

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variabilidade espacial da sorção de herbicidas em função dopH e da matéria orgânica do solo, e verificaram que estavariabilidade resultou em comportamento diferenciado dosherbicidas no solo, afetando a sua sorção e, portanto, a suadisponibilidade.

Em face da importância e do interesse crescente pelaadoção de novos enfoques e de técnicas aplicadas à pes-quisa científica no campo da agropecuária, a caracterizaçãoda distribuição espacial dos bancos de sementes de plantasdaninhas no solo e da flora emergida, bem como dos fato-res condicionantes de suas ocorrências, pode, e deve, sermais contemplada nas atividades de pesquisa para o estudoda ecologia das plantas daninhas no Brasil e suas aplica-ções no contexto do manejo integrado.

Palavras-chave: ciência das plantas daninhas, pesquisa, se-mentes no solo, ecologia de plantas daninhas, manejo inte-grado.

Key words: weed science, research, seeds in soil, weedecology, integrated wed management.

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Técnicas de Sensoriamento Remoto para oMapeamento da Distribuição Espacial

de Plantas Daninhas

Marina de Fátima Vilela 1; José Roberto Antoniol Fontes 2; Luciano

Shozo Shiratsuchi 11Embrapa Cerrados, BR 020 km 18, Rod. Brasília /Fortaleza –73310-970, Planaltina/DF, Brasil. [email protected];

2Embrapa Amazônia Ocidental, Rodovia AM-010, km 29, Caixa postal319–69011-970, Manaus/AM, Brasil. [email protected]

Introdução

A distribuição espacial de plantas daninhas em áreasagrícolas é heterogênea, podendo ocorrer em agregados ouem reboleiras (GERHARDS et al., 1997; LAMB e BROWN,2000). Esses agregados podem apresentar tamanho, formae densidade variados, características importantes do pontode vista de manejo (JOHNSON et al., 1995).

Uma das implicações decorrentes dessa característicade distribuição espacial é a possibilidade de realizar a apli-cação localizada de herbicidas, que poderá permitir a redu-ção da quantidade desses produtos sem comprometer a efi-cácia de controle das plantas daninhas, e em alguns casosaté mesmo aumentá-la (BROWN e STECKLER, 1995; LAMBe WEEDON, 1998). Porém, ainda não existe uma forma prá-tica e rápida para mapear a distribuição e o nível de infestaçãopor plantas daninhas em tempo hábil às tomadas de deci-sões relacionadas ao manejo integrado destas (ANTUNIASSI,2000; TIAN et al., 1999).

Nos últimos anos instrumentos e técnicas desensoriamento remoto têm sido utilizados para mapear áre-as infestadas por plantas daninhas (EVERITT et al., 1992;BROWN e STECKLER, 1993; BROWN et al., 1994; CHANGet al., 2004; KOGER et al., 2004), dentre as quais cita-se ouso de fotografias aéreas (LAMB e BROWN, 2000).

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Este pequeno roteiro tem como objetivo apresentaralgumas técnicas de sensoriamento remoto comumenteempregadas no mapeamento da distribuição espacial de plan-tas daninhas, utilizando como base de dados imagens desatélites e fotografias aéreas.

Imagens de satélites no mapeamento de plantasdaninhas

Muitos são os sensores em atividade e cada um delesapresenta características específicas de resolução espacial,espectral, temporal e radiométrica.

A opção por determinado sensor depende, sobretudo,dos objetivos a serem alcançados e dos recursos disponí-veis.

Independente do tipo de sensor definido para a obten-ção da base de dados empregada no mapeamento da plan-tas daninhas, uma série de procedimentos devem serefetuados. O primeiro refere-se à correção geométrica ouregistro da imagem conforme um sistema de coordenadas eprojeção cartográfica definido pelo analista, o qual permitea localização de pontos de interesse, sobreposição de ima-gens de uma mesma área obtida por diferentes sensores e,ou data, sobreposição de imagem a um mapa ou fusão des-tes a uma base de dados geográficos (KARDOULAS etal.,1996) além de medição de áreas e distancias.

O segundo procedimento refere-se à análise dos dadospara a obtenção de informações necessárias aos objetivosdo trabalho. Esta análise torna-se possível em virtude dosfenômenos e materiais superficiais apresentarem comporta-mentos específicos ao longo do espectro eletromagnético.O método mais freqüentemente utilizado para analisar da-dos e extrair informações diz respeito à classificaçãomultiespectral (JENSEN, 1996).

No processo de classificação, cada píxel é tratado comouma unidade individual composta de valores em várias ban-

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das espectrais (CAMPBELL, 1987). O valor numérico de cadapíxel, definido como valor de brilho, está associado areflectância dos materiais presentes na superfície imageada,podendo ser comparado a valores numéricos de outros píxelsde identidade conhecida. Durante o processo de classifica-ção, esta comparação em função das reflectâncias espectraissemelhantes possibilita o agrupamento de píxels em classesmais ou menos homogêneas, conforme o interesse do usu-ário.

Existem basicamente duas abordagens na classifica-ção de imagens multiespectrais: classificação não supervi-sionada e classificação supervisionada, além da classifica-ção visual que leva em conta a experiência do analista e oseu conhecimento e sua interação com a área e feições aserem mapeadas.

A classificação supervisionada utiliza amostras de fei-ções com identidade conhecida para classificar píxels deidentidade desconhecida. Na classificação não supervisio-nada não são empregadas amostras de identidade conheci-da para treinamento do algoritmo de classificação, os píxelscom reflectância espectral semelhantes são agrupados emn classes, conforme critério estabelecido pelo analista.

O último procedimento refere-se obtenção da exati-dão da imagem classificada e do mapa gerado. A formamais comum de expressar a precisão de mapas é obter aporcentagem da área corretamente mapeada por meio dacomparação com os dados de referencia ou verdade de cam-po. A relação entre os dois planos de informação écomumente resumida em uma matriz de erros (JENSEN,1996) também denominada matriz de confusão ou tabelade contingência (LILLESAND e KIEFER, 1994).

A matriz de erros ou de confusão identifica o erro glo-bal da classificação de cada categoria (BRITES, 1996) mos-trando também os erros de comissão e de omissão de cadacategoria ou classe (CAMPBELL, 1987), permitindo o cálcu-

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lo dos índices de Exatidão Global e Kappa para uma classifi-cação definida.

Na literatura encontram-se índices variando de 70% a97% (CAMPBELL, 1987; SOARES, 1994; BRITES, 1996;VALENTE e VETTORAZZI, 2003; COSTA e BRITES, 2004;GANAN, 2005; LOBÃO et al., 2005).

Fotografias aéreas mapeamento de plantas daninhas

Fotografias aéreas apresentam alta resolução espectrale espacial, e ao contrário dos sensores orbitais não apresen-tam restrições quanto a resolução temporal, entretanto apre-sentam distorções relacionadas à projeção cônica, aoposicionamento da aeronave e ao relevo da superfície ter-restre.

A projeção cônica de fotografias, onde todos os raiosprojetantes se interceptam em um ponto, promove um des-locamento radial do centro para as extremidades de foto-grafias verticais. A projeção cônica aliada às diferenças dorelevo e as alterações no posicionamento da aeronave pro-movem deslocamentos ainda maiores em fotografias aére-as, como conseqüência, os objetos não aparecem na foto-grafia em suas posições reais, acarretando variações de es-cala, fato particularmente grave em áreas montanhosas(CARVER, 1988).

Reconhecidamente as distorções são maiores em foto-grafias aéreas não convencionais, ou seja, obtidas porcâmeras não métricas embarcadas em aviões de pequenoporte quando comparadas às fotografias aéreas convencio-nais. Entretanto, a facilidade e a possibilidade de obtençãode fotografias não convencionais tem justificado estudosobjetivando conhecer as potencialidades da utilização defotografias não convencionais na geração de mapas de dis-tribuição espacial e de níveis de infestação de plantas dani-nhas.

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A exemplo das imagens orbitais, o emprego de foto-grafias aéreas como base de dados também necessita umasérie de procedimentos. O primeiro refere-se ao planejamentodo vôo e definição da escala, altura de vôo, recobrimentolateral e longitutinal. Obtidas as fotografias torna-se neces-sário a confecção de um mosaico e posterior correção geo-métrica do mesmo.

O mosaico corrigido geometricamente deve ser classi-ficado, podendo-se empregar para tanto a classificação vi-sual, a classificação supervisionada ou não supervisionada.

Também a exemplo das imagens de satélite é necessá-rio verificar a exatidão do mapa gerado, para tal emprega-sea metodologia já descrita.

Considerações finais

Imagens de satélite e fotografias aéreas constituembases de dados bastante adequadas ao mapeamento da dis-tribuição de plantas daninhas, entretanto a escolha entreuma ou outra base de dados depende dos objetivos do tra-balho e dos recursos disponíveis.

A alta resolução espectral e espacial das fotografiasaéreas e, possivelmente, de algumas imagens orbitais, su-gere a possibilidade de discriminação de grupos de espéciesde plantas daninhas.

Palavras- Chaves: Fotografias aéreas, imagens de satélite,correção geométrica, classificação, exatidão.

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Risk Analysis for Weed Occurrence

Vilma A. Oliveira1; G. M. Bressan1; M. Boaventura2; D. Karam3

1USP, Depto Engenharia Elétrica, 13566-590 São Carlos, SP, Brazil;2UNESP, Depto Ciências de Computação e Estatística, 15054-000 SãoJosé do Rio Preto, Brazil; 3Embrapa Milho e Sorgo, 35701-970 Sete

Lagoas, MG, Brasil.

Abstract: This talk presents a fuzzy system for the analysisof the risk of infestation by weeds in agricultural zonesconsidering the weeds’ variability. The inputs of the systemare attributes of the infestation extracted from estimatedmaps by Kriging for the weed seed production and weedcoverage, and from the competitiveness, inferred fromnarrow and broad-leaved weeds. Results for the risk inferencein a corn-crop field are presented and evaluated by theestimated yield loss.

Keywords: Kriging, fuzzy rules, Bayes rules, risk inference.

Introduction

Usually, herbicides are spread uniformly over the whole fieldaiming the control of the weeds. However, the weedinfestation does not occur all over the field and the amountof herbicide can be reduced by spraying only on the weedpatches (Wallinga, et al., 1998). The prediction of thedispersion of weeds can efficiently be used in the preventionof infestations with the application of herbicides only inspecific regions (Jurado-Expósito et al., 2003). There are afew modeling formalisms that can be used for theclassification of the risk of weed infestation in a crop field(Primot et al., 2006). Fuzzy rule based inference systemswhich assigns non fuzzy input vectors to one of a givenset of classes have often been used because boundariesamong classes are not always clearly defined (Yang et al.,2003). In the literature, Bayesian based methods have alreadybeen used for modeling a few similar problems (Hughesand Madden, 2003; Banerjee et al., 2005). The main goal of

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this talk is to present a methodology to classify the risk ofweed infestation in agricultural zones considering thevariability of weeds using both fuzzy and Bayesian inferences.The risk of weed infestation of regions of the crop, isanalyzed from the combination of weed coverage, weedseed production, weed seed patches, obtained fromestimated maps by Kriging, and weed-crop competitiveness.Results for the classification of the risk of infestation of acorn-crop are given.

Material and Methods

Map Objects

Let represent the entire map region with thespatial coordinate of the intensities in the map. The clustersdetected in associated to the weed maps provide theattributes to infer the weed infestation risk. Aiming at abetter division of the intensities levels, the clusters in aredescribed by connected objects obtained as follows. First,to obtain encoded objects 0, 1, 2 and 3, the intensities

of are quantized into four levels associated to ranges equally apart of by an encoder.Then, a map with pixels given by coded intensities

0, 1, 2 or 3 is formed. The pixels in may represent thesame intensity range but may belong to different clusterswithin the image. Connected objects are thus obtained byimage analysis using a 4-connected model. In this model,two pixels in the 4-neighbors are connected if they havethe same value. The 4-connected model is implemented bygenerating a binary matrix .Finally, connected objects arelabeled and organized in a matrix. The pixels labeled 0 formthe first connected object, the pixels labeled 1 form thesecond connected object, and so on.

Modeling of the Fuzzy System

A classification fuzzy system contains rules characterizedas follows:

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(1)

Where , and ,

with the number of classes and ,with the number of attributes (Pedrycz and Gomide, 1998).

Attributes of the infestation were evaluated per regions ofsize not exceeding the spatial dependence of the data sets.

Let denote sub region of , be the

pixels of in , the pixels with label in

, the number of cells occupied by the connected

object and the number of connected objects in a

region . The attributes per region were established asfollows (Bressan et al. 2008).

: Weed coverage attribute. Indicates the percentage ofsurface infested by emergent weeds in each region. It isobtained as follows:

(2)

: Weed seed production attribute. Characterizes thelocations of seeds which can germinate and is associatedwith the weed seed production. It is obtained in the same

way as attribute .

: Weed seed patches attribute at life-cycle t. Represents

how the seeds contribute to weed proliferation in thesurroundings of each region. It is obtained as follows:

(3)

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: Competitiveness attribute. Reflects the high level of

competitiveness of certain species of weeds and theirproliferation.

The attributes are derived from estimated maps

and image analysis and are obtained per region. The attribute

can not be directly inferred and it is obtained from a

neurofuzzy system. The neurofuzzy inputs are chosen asthe total density of weeds per parcel, that is, the numberof weeds per m2, and the corresponding proportions ofnarrow and broad-leaved weeds. The output is the weedbiomass, which is defined as the amount of dry materialper m2 of the aerial part of the weeds. To evaluate the

attributes by region, the crop is divided into regions ofp x p cells not exceeding the data sets spatial dependence.

Modeling of the Bayesian Networks

A Bayesian network can be viewed as a form of probabilisticgraphical model used for knowledge representation andreasoning about data domains. Instead of encoding a jointprobability distribution over a set of random variables, asdone by a Bayesian network, a Bayesian classifier aims tocorrectly predict the value of a discrete class variable giventhe value of a vector of attributes (predictors). SinceBayesian classifiers are a particular type of Bayesian networksthe concepts and results described in this section are validfor both.

As formally stated in Cheng, et al. (2002), a Bayesian networkis represented by , where is a directed

acyclic graph - each node represents adomain variable (corresponding perhaps to a databasefeature) and each between nodes represents aprobabilistic dependency between the associated nodes.

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Associated with each node there is a conditionalprobability distribution (CPtable), collectively represented

by , which quantifies how much a node depends onits parents. The conditional independence assumption(Markov condition) allows the calculation of the jointprobability distribution function over the variables based on the background knowledge (BK), as

(4)

Where , is the i-th node or variable, and is the

set of parents of . The learning of a Bayesian network canbe divided into two steps: the network structure learningand the conditional probability tables learning. The learningof these tables can be carried out using empirical conditionalfrequencies from data (Cheng, et al., 2002). When buildinga Bayesian network based on human expert knowledge, themajor problem is the conditional distribution probabilitydefinition. To avoid this difficulty it is possible to use expertknowledge to build only the Bayesian network structureand then use learning algorithms to induce from data.

In a Bayesian network structure, with as the set of children

of node and as the set of parents of node ,the subset

of nodes containing , and the parents of is called the

Markov blanket of . In a Bayesian network the only nodesthat have influence on the conditional probability distributionof a given node are the nodes that belong to the Markov

blanket of . Thus, after learning a Bayesian networkclassifier from data, the Markov blanket of the node thatrepresents the class can be used as a attribute subsetselection method, in order to identify, from all the nodesthat define the network, those that influence the class node.

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The knowledge represented by a Bayesian classifier is notas comprehensible as some other forms of knowledgerepresentation, as for instance, classification rules. However,the method named BayesRule (Hruschka, et al. 2007), afterinducing the Bayesian classifier yields a set of if-then rulesprobabilistically qualified of the form

(5)

where the condition is called antecedent and F is apercentage value. Let be the sets of linguistic

variables values for and , respectively. Also, let

and . A linguistic probabilistic if-then rulecan be characterized as:

(6)

Where , and . Considering aparticular situation where the Markov blanket of the class

variable is the set , the a posteriori probability of

class given the values of the variables in the Markovblanket of class for a particular instantiation of indexes

is

(7)

with .

The a posteriori probability can be translated into a linguisticprobabilistic if-then rule as:

where index with the number of rules given bythe BayesRule method.

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Discussions and Conclusions

A classification fuzzy system to analyze infestations by weedin regions of a field was presented. Important attributesincluding weed seed production, weed coverage, weed seedpatches and competitiveness were used. For comparisonpurposes, a hybrid approach, which articulates Bayes andlinguistic rules, was used to improve the modelunderstandability by extracting classification rules from theBayesian network. Further work includes the use of extensivesimulations and experiments to analyze the sensibility ofthe solution to the membership function intervals andattributes.

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Capítulo 12

Tecnologia de Aplicação de Herbicidas

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Segurança das Condições de Trabalho comHerbicidas

Joaquim Gonçalves Machado NetoUNESP/FCAV – Câmpus de Jaboticabal – Depto. de Fitossanidade. Via de

Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, sn.14994-9000. Jaboticabal - SP.

Introdução

Os herbicidas são compostos químicos rigorosamen-te selecionados por períodos de oito a dez anos pela capa-cidade de intoxicar e serem letais às plantas daninhas. Divi-do à toxicidade, os herbicidas podem intoxicar também ou-tros organismos vivos que entrarem em contato íntimo, in-clusive os trabalhadores expostos. Portanto, nas atividadesrealizadas com os herbicidas, como com qualquer agrotóxico,existe um determinado risco de intoxicação do trabalhador.De acordo com a legislação atual, a norma regulamentadoran. 31 (BRASIL, 2007), se existe risco de intoxicação há anecessidade da realização da avaliação do risco e, se neces-sário, utilizar medidas de segurança do trabalho.

A NR 31 tem por objetivo estabelecer os preceitos aserem observados na organização e no ambiente de traba-lho, de forma a tornar compatível o planejamento e o de-senvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvi-cultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurançae saúde e meio ambiente do trabalho (BRASIL, 2007). Estanorma determina que cabe ao empregador rural ou equipa-rado, entre outras, garantir adequadas condições de traba-lho, higiene e conforto para todos os trabalhadores, segun-do as especificidades de cada atividade. Portanto, é deverdo empregador realizar a avaliação dos riscos de intoxica-ção existem nas condições de trabalhos. Com base nos re-sultados destas avaliações, adotar medidas de prevenção eproteção para garantir que todas as atividades, lugares detrabalho, máquinas, equipamentos, ferramentas e proces-sos produtivos sejam seguros e em conformidade com as

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normas de segurança e saúde. Após a realização das avalia-ções dos riscos existentes nas condições de trabalho, oempregador é obrigado a informar aos trabalhadores os ris-cos decorrentes do trabalho e as medidas de proteção im-plantadas, inclusive em relação a novas tecnologias adotadase os resultados das avaliações ambientais realizadas noslocais de trabalho.

Gestão do Risco de Intoxicação no Trabalho comHerbicidas

As medidas de gestão dos riscos adotadas pelo em-pregador, de acordo com a NR 31, devem seguir a seguinteordem de prioridade:

1. Eliminação dos riscos.

2. Controle de riscos na fonte.

3. Redução do risco ao mínimo através da introdu-ção de medidas técnicas ou organizacionais e de práticasseguras inclusive através de capacitação.

4. Adoção de medidas de proteção pessoal, sem ônuspara o trabalhador, de forma a complementar ou caso aindapersistam temporariamente fatores de risco.

Estas obrigações dos empregadores seguem uma or-dem lógica de atividades que se inicia com a avaliação dorisco que suas condições de trabalho oferecem aos traba-lhadores, determinar a segurança das suas condições detrabalho, adoção e avaliação da eficácia das medidas desegurança implementadas. Finalmente, divulgação para osempregados os resultados das avaliações e a eficácia dasmedidas de segurança adotadas.

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O processo de avaliação do risco e da segurança das condi-ções de trabalho

O processo de avaliação do risco ocupacional inicia-se com a identificação das condições de trabalho especifi-cas do empregador. Isto porque, o risco de intoxicação équantificado com base na toxicidade do agrotóxico em usoe na exposição proporcionada pela condição de trabalho aoempregado.

Após a identificação das condições de trabalhoquantificam-se as exposições dérmicas e respiratórias emcondições reais de campo. As exposições dérmicas sãoquantificadas em vestimentas amostradoras que cobremtodas as partes do corpo do trabalhador e a respiratória, emcassetes, com filtros específicos, conectados a bombas pes-soais de fluxo de ar contínuo, conforme se observa na Figu-ra 1.

Geralmente são avaliadas as exposições potenciais,sem nenhuma medida de segurança, e com as medidas desegurança em uso ou que poderiam ser utilizadas. Para ava-liar a eficácia das vestimentas de proteção individual asvestimentas amostradoras são usadas em baixo das mes-mas e em condições normais de trabalho. Desta forma, de-termina-se o risco potencial de cada condição de trabalhoe, por diferença das avaliações, a eficácia das medidas desegurança.

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276 XXVI CBCPD/ XVIII Congreso ALAM- 2008

Figura 1. Vestimentas e amostradores da exposição dérmicae bombas individuais de fluxo de ar contínuo paraamostragem da exposição respiratória.

A determinação da segurança das condições de tra-balho com os agrotóxicos é realizada com o cálculo da mar-gem de segurança (MS), por meio da formula proposta porSevern (1989), modificada por Machado Neto (1997), queé a seguinte:

MS = (NOEL x Peso) / (QAE x FS), onde:

NOEL = nível de efeito não observável, estabelecidopara cada agrotóxico em testes de avaliação da toxicidadecrônica com animais de laboratório, e expresso em mg/kg/dia. Este é o parâmetro da toxicidade do agrotóxico quesubstitui o limite de tolerância (TL) estabelecido na NR 15 –Atividades e operações insalubres (ATLAS, 2003). È impor-tante ressaltar que a NR 15 apresenta os princípiosnorteadores que permitem a implantação de um programade higiene ocupacional.

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A quantidade de produto resultante da multiplicaçãodo NOEL pelo peso corpóreo do trabalhador é denominadade dose segura, ou seja, uma quantidade do produto consi-derada como sem significado toxicológico.

QAE = quantidade absorvível da exposição, ou seja,quanto da exposição dérmica e respiratória que pode serabsorvido, entrar na corrente sanguínea do trabalhador, atin-gir o sitio de ação e causar intoxicação. Nos casos dosagrotóxicos que não existem estudos da absorção dérmica,a absorção dérmica pode ser considerada como 5, 10 ou20% da exposição quantificada durante uma jornada diáriade trabalho. Na via respiratória, a absorção é de 100% daexposição avaliada. Entretanto, nas condições de campo asexposições respiratórias são têm sido avaliadas e classifica-das como toxicologicamente insignificantes (Machado Neto,1997).

FS = fator de segurança: utilizado para compensar aextrapolação do valor do NOEL, obtido em animais de labo-ratório, para o homem. Este valor pode ser: 10, 25 ou 100.Para os agrotóxicos em geral utiliza-se o valor de 10 (Ma-chado Neto, 1997).

Critério de aceitabilidade do risco no trabalho com osherbicidas

O critério de aceitabilidade do risco, ou de segurançadas condições de trabalho, com esta abordagem, de acordocom Machado Neto (1997), é o seguinte:

A condição de trabalho é classificada como segurase o valor do MS for maior ou igual a 1 (MS = ), o risco deintoxicação é aceitável e a exposição tolerável. Neste caso,do ponto de vista toxicológico, não há necessidade de seutilizar qualquer medida de segurança, pois a condição detrabalho não oferece risco de intoxicação do trabalhador.

A condição de trabalho é classificada como insegurase o valor da MS calculada for inferior a 1 (MS < 1 ), o

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risco de intoxicação é inaceitável e a exposição intolerável.Nestas condições há a necessidade de se adotar medidasde segurança, pois há a possibilidade de intoxicação dotrabalhador com os agrotóxicos em exposição. Nestas situ-ações surge a seguinte pergunta: quanto que se deve con-trolar das exposições para se tornar estas condições de tra-balho seguras? Este parâmetro pode ser calculado com for-mula proposta por Machado Neto (1997), que é a seguinte:

NCE = (1- MS<1

) x 100, onde NCE = necessidadede controle da exposição (%).

A partir deste calculo é que seleciona as medidas desegurança que proporcionem eficácia suficiente para aten-der a NCE calculada.

Medidas de segurança

As medidas de segurança devem utilizadas nas con-dições de trabalho classificadas como inseguras e de riscoinaceitáveis para torná-las seguras e com riscos aceitáveis(Machado Neto, 1997). As medidas de segurança no traba-lho podem ser agrupadas em medidas preventivas e de pro-teção.

As medidas preventivas são as que eliminam ou re-duzem os riscos e são agrupadas em: Medidas administrati-vas; como as normas regulamentadoras (NRs) de segurançae de medicina do trabalho (PPRA, PCMSO, NR 31 etc,)(ATLAS, 2003); higiene, limpeza e manutenção; educacio-nais (capacitação e treinamento dos trabalhadores), e psi-cológicas.

Medidas de proteção ou técnicas são as que isolamou neutralizam os riscos e são agrupadas em coletivas eindividuais. As coletivas são aquelas relativas ao ambientede trabalho e atuam na fonte e no percurso. Controlam orisco na fonte (geração), no percurso (propagação ou traje-tória) ou no trabalhador (receptor) (POSSEBON, s.d.). As

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individuais são as relativas ao indivíduo e atuam diretamen-te no corpo do trabalhador.

As medidas de proteção coletiva atuam na reduçãoda toxicidade e ou das exposições proporcionadas pelascondições de trabalho. O controle da toxicidade é realizadopor meio da seleção de agrotóxicos menos tóxicos e daexposição por meio da alteração dos elementos e compo-nentes do meio de trabalho. Dos elementos ambientais, ovento no momento das pulverizações de agrotóxicos podeser utilizado como fator de segurança ou de risco, quandoaproxima ou afasta as gotas de pulverização para o corpodo trabalhador, respectivamente. Este efeito vai dependerda observação do posicionamento do trabalhador em rela-ção ao deslocamento da névoa de gotas de pulverização.Outros fatores do meio de trabalho que também podemafetar a intensidade da exposição são: tipo de cultura, deequipamento de aplicação, etc.

As medidas de proteção individual são aplicadas comuso de equipamentos de proteção individuais – EPIs, queficam posicionados sobre o corpo do trabalhador exposto eimpedem o contato direto do agrotóxico com a superfíciedo corpo. Os EPIs atuam reduzindo a exposição respiratóriapor meio da filtragem do ar contaminado que o trabalhadorrespira e a dérmica, por meio de dois princípios de prote-ção: impermeabilização - com materiais plásticos, napas eemborrachados em geral, e hidrorrepelência - com tecidosleves de algodão tratados com teflon (óleo fobol),. A super-fície dos tecidos fica lipofílica e repelente às gotículas deágua das caldas de pulverização dos agrotóxicos.

A exigência de eficácia dos tecidos e materiaishidrorrepelentes utilizados para confeccionar os EPIs, avali-ada em condições de laboratório, foi estabelecida na normaISO 6529 (ISO, 2001). Com os resultados de repelência, osmateriais são classificados nas classes: - Classe 3 = índicede repelência > 95%; Classe 2 = índice de repelência >90%; Classe 1 = índice de repelência > 80%. Com os

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resultados de penetração, nas classes: Classe 3 = índice depenetração < 1%; Classe 2 = índice de penetração < 5%;Classe 1 = índice de penetração < 10%.

Palavras-chaves: exposição ocupacional; risco de intoxica-ção; segurança no trabalho.

Bibliografia Citada

ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. In : EQUIPEATLAS. Manuais de legislação Atlas. 52. ed. São Paulo:Editora Atlas, 2003. 715 p.

BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Portaria N.86, de 03-03-2005. Anexo I – Norma Regulamentadora 31.Disponível em < http://www.mte.gov.br/legislacao/ porta-rias/2005/p20050303 86.pdf > Acesso em: 12 jul. 2007.

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. 6529:Protective clothing - protection against chemicals - determination ofresistance of protective clothing materials to permeation by liquids andgases. Geneva, 2001. 21 p.

MACHADO NETO, J. G. Estimativas do tempo de trabalhoseguro e da necessidade de controle da exposiçãoocupacional dos aplicadores de agrotóxicos. Jaboticabal,1997. 83 f. Tese (Livre Docência em Agronomia) – Faculda-de de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidades Esta-dual Paulista.

POSSEBON, J. Pós-graduação “Lato Senso” Especialização – Engenha-ria de Segurança do Trabalho –V. Ribeirão Preto: Centro UniversitárioMoura Lacerda, s.d.. 41 p. Apostila.

SEVERN, D. J. Use of exposure data for risk assessment. In: SIEWIERSKI,M. (Ed.) Determination and assessment of pesticide exposure. New York:Elsevier, 1984. p. 13-19. (Studies in Environment Science, 24).

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Controle de Qualidade na Aplicação de Herbicidas

Mauri Martins Teixeira1; Renato Adriane Alves Ruas1

1Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Agrícola,Viçosa, MG, Cep.: 36570-000.

Importância do controle de qualidade na aplicação deagrotóxicos

O conceito de qualidade tem sido empregado parademonstrar tudo aquilo de bom que um produto pode apre-sentar, de tal forma a superar as expectativas de satisfaçãodas pessoas. O controle de qualidade dos produtos agríco-las deve levar em consideração as expectativas e necessida-des dos produtores, funcionários, fornecedores, clientes,comunidades e sociedade em geral.

No caso de produtos agrícolas o conceito de qualida-de mudou-se radicalmente nos últimos anos. Devido ao gran-de avanço, dos meios de comunicação, os consumidorespassaram por um acentuado processo de informação queresultou na exigência por melhores padrões de qualidade.

Até bem pouco tempo exigia-se, apenas, uma boa apa-rência do produto. Hoje o padrão de qualidade foi radical-mente alterado, pois além da aparência passou-se a exigirprodutos mais seguros, com maior qualidade nutricional e,ainda, que ao longo da cadeia produtiva tenham sido consi-derados os aspectos ambientais, trabalhistas, agrícolas e decomercialização.

Tem-se observado uma cobrança acentuada da socie-dade por produtos agrícolas de qualidade, principalmente,quanto à presença de resíduos. Nestes casos, os produto-res, interessados em atender a estes consumidores, procu-ram como forma de qualificar os seus produtos, os progra-mas de certificação da qualidade.

Considerando todos os agrotóxicos utilizados, apro-ximadamente 60 % destes são herbicidas. Assim, dentre as

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boas práticas agrícolas necessárias ao processo derastreabilidade, a aplicação de herbicidas requer atençãoespecial.

Controle de qualidade das aplicações

A utilização de agroquímicos nas lavouras é uma pre-ocupação constante de agricultores e técnicos, tendo emvista a possibilidade de contaminação do aplicador, do con-sumidor, do ambiente e devido ao alto custo das aplica-ções. Dentre as diferentes técnicas de aplicação deagrotóxicos disponíveis, as que se baseiam na pulverizaçãohidráulica, são as mais difundidas, graças à flexibilidadeque oferecem em distintas aplicações.

Com intuito de oferecer uma relação das medidas parao controle da qualidade das aplicações de herbicidas, apre-senta-se a seguir, uma relação dos principais fatores a se-rem considerados em um programa de controle de qualida-de ou para a certificação dos diversos produtos agrícolas.

Uniformidade de distribuição de líquido

Durante as aplicações de agrotóxicos, é importanteassegurar a uniformidade de aplicação do produto na la-voura, o que significa baixos coeficientes de variação dadistribuição volumétrica superficial de líquido, tanto no sen-tido longitudinal ou do deslocamento do pulverizador, comono transversal ao longo da faixa aplicada. A uniformidadetransversal depende, sobretudo, das características do jorroproduzido pelas pontas de pulverização, da sobreposiçãodesses jorros, da posição relativa das pontas em relação aoplano de tratamento e da estabilidade da barra de pulveriza-ção (BARTHELEMY et al., 1990).

A ponta é um dos dispositivos mais importantes nospulverizadores hidráulicos, visto que permite o controle dovolume de aplicação, produz gotas e as distribui de formamais homogênea possível durante os tratamentos, segundoTeixeira (1997) e Delgado (1996).

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Para se avaliar uma ponta de pulverização individual-mente ou em conjunto, quanto à uniformidade de distribui-ção, sob condições pré-determinadas de altura e pressão detrabalho, mede-se o perfil de distribuição da ponta. Paraisto utiliza-se uma bancada de ensaios, a partir do qual,mediante cálculos matemáticos, determina-se o coeficientede variação com distintos níveis de sobreposição; ou semede diretamente o perfil de distribuição de um conjuntode pontas em uma bancada de ensaios apropriada.

Figura 1. Uniformidade de distribuição de líquido de doisconjuntos de pontas. Fonte: Teejet.

É importante avaliar os dados de uniformidade de dis-tribuição levando-se em conta que, no caso específico doComitê Europeu de Normalização, por exemplo, o coefici-ente de variação máximo admitido para um conjunto depontas de pulverização hidráulica é de 7,0 %, quando utili-zando a altura de barra e pressão indicada pelo fabricante,e 9,0 % para as demais alturas e pressões (ECS, 1997).

População e espectro das gotas de uma pulverização

A população de gotas produzidas por uma ponta de-pende de fatores tais como a pressão de trabalho, do tipode ponta e da vazão nominal da ponta. Assim, se há produ-ção de gotas grandes não se obtém uma boa coberturasuperficial nem boa uniformidade de distribuição, podendoocorrer, ainda, a perda do produto devido ao escorrimento.

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Por outro lado, com gotas muito pequenas, embora se con-siga boa uniformidade de distribuição, têm-se problemas dederiva e evaporação.

Na Figura 2, observa-se que sempre quando dividimoso diâmetro da gota pela metade multiplica-se o número degotas por oito, ou seja dividindo uma gota grande de 400mm de diâmetro, em gotas de 200 mm, se obtém 8 gotascom a mesma quantidade de água. Isto demonstra que épossível obter uma maior cobertura e maior eficiência ematingir o alvo mesmo trabalhando com pequenas doses deproduto.

Figura 2. Equivalência entre os tamanhos das gotas.

Número de gotas a aplicar

A população de gotas produzidas por pontas duran-te a pulverização determina muitas vezes, a eficácia de umtratamento fitossanitário, a segurança para o aplicador e opossível impacto ambiental. Dependendo da planta a sertratada e do produto a ser utilizado é necessário o controledo número de gotas aplicadas por unidade de superfície.

De acordo com o tipo de produto a aplicar é possíveldefinir um número mínimo de gotas por unidade de superfí-cie, durante as pulveriizações.

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No que se refere à aplicação de herbicidas Ruas (2007),observou que a aplicação do glyphosate com gotas de 340µm, densidade de 50 gotas cm-2 e porcentagem de cobertu-ra de 5%, proporcionou controle de B. decumbens superiora 91%, com redução de até 33 % da dose recomendada.

Cobertura das gotas

A área ocupada pelas gotas durante uma aplicação namaioria das vezes está diretamente associada à eficácia dostratamentos. Em muitos casos dependendo das caracterís-ticas do alvo e do produto utilizado há que se escolher aponta que propiciará a cobertura adequada, sem a qual nãohaverá possibilidade de atingir o alvo a ser controlado.

Tabela 1. Recomendações mínimas das populações de go-tas para os diferentes tratamentos com herbicidas em cul-turas de porte baixo. (BARTHELEMY et al.,1990)

Figura 3. Etiquetas amostradoras usadas na avaliação dacobertura das gotas.

Como exemplo, tem-se o caso da utilização deherbicidas de contato que requer uma boa cobertura paraque se alcance uma boa eficácia.

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A cobertura proporcionada pelas gotas é determina-da considerando a área ocupada pelas gotas pulverizadasem relação a área total.

Independente do método utilizado para análise tem-se que considerar o aspecto prático das avaliações. Nestecaso com a intensificação dos sistemas de controles inte-grados de produção agrícola uma das preocupações é exa-tamente determinar, a nível de campo, qual a população eo tamanho de gotas mais adequadas para um tratamentoagrotóxico. Portanto a possibilidade de utilização de umasimples etiqueta amostradora de gotas de uma pulverizaçãoreveste-se de uma grande importância prática.

Formas de expressar o tamanho das gotas

A caracterização das populações de gotas produzi-das por uma ponta específica, a uma determinada pressão,permite avaliar a possibilidade, durante uma aplicação, deque se produza deriva (gotas com diâmetro muito reduzido)ou escorrimento (gotas com diâmetro muito grande).

Figura 4. Diagrama do diâmetro da mediana volumétrica(DMV). Fonte: Teejet.

A partir das informações fornecidas pelos fabrican-tes de pontas de pulverização, na forma de diagramas decurvas do diâmetro da mediana volumétrica (VMD) versus

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pressão de trabalho das pontas de pulverização é possívelidentificar aquela que propiciará uma melhor população degotas, durante a pulverização. Desta forma será possívelminimizar o impacto ambiental e obter melhor eficácia dostratamentos fitossanitários.

Segundo Lefebvre (1989) para aplicações deagrotóxicos deve-se trabalhar com gotas com dimensõesentre 100 e 800 mm. Gotas com diâmetros abaixo de 100mmproduzem deriva e gotas com diâmetros acima de 800mmocasionam escorrimento da calda aplicada, gerando nos doiscasos impactos ambientais e prejuízo econômico.

Volumes de pulverização dos tratamentos fitossanitários

Quando se pensa em aplicar um produto agrotóxicoem uma planta à primeira idéia que surge é a de molharcompletamente a superfície das folhas. No entanto, é fácilperceber que, desta forma, grande parte do produto aplica-do é desperdiçado ao cair diretamente no solo.

Atualmente, aplicando-se as técnicas disponíveis épossível obter um tratamento das plantas com maior eficá-cia, baixo custo e menor impacto ambiental. Uma dessastécnicas é denominada de aplicação a baixos volumes. Estatécnica requer algumas condições básicas, como equipa-mento adequado, controle das condições climáticas e trei-namento da mão-de-obra utilizada.

Controle da deriva durante as pulverizações

A deriva pode ocorrer pelo arraste das gotas pelovento ou pela evaporação das gotas, sendo que, essas duasformas de derivas contribuem susbtancialmente, para aredução da eficácia dos tratamentos. Cerca de 60% dovolume de agrotóxicos comumente aplicados, não atingemo alvo, com isso, torna-se necessário a aplicação de maioresvolumes de pulverização com o objetivo de se compensaras perdas (LAW 2001). Para a aplicação correta de um

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agrotóxico é muito importante a escolha do tamanho dasgotas adequado às condições climáticas principalmente, atemperatura, a velocidade e a direção do vento e a umidaderelativa do ar no momento da pulverização. Espera-seque os melhores resultados da pulverização sejam obtidosquando a mesma é realizada de acordo com as seguintescondições ambientais:

√ Umidade relativa do ar: mínima de 70%;

√ Velocidade do vento: 3 a 10 km/h;

√ Temperatura: abaixo de 25º C.

O tamanho das gotas produzidas pelas pontas temrelação direta com a deriva. Escolher a ponta que produzagotas de tamanho adequado ao produto, ao alvo a seratingido, e ao momento da pulverização é de fundamentalimportância para a qualidade dos tratamentos.

A fim de se monitorar essa característica daspulverizações, torna se necessário o conhecimento daamplitude relativa do espectro de gotas produzidas pelaponta hidráulica.

Figura 5. Amplitudes relativas de diferentes pulverizações.(Fonte: Ozeki, 2006).

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Normalmente, os fabricantes de pontas possuemcatálogos que informam apenas o tipo de pulverizaçãogerado pelas pontas quanto ao tamanho das gotasproduzidas (muito fina, fina, média, grossa, muito grossa),nas diferentes pressões recomendadas. Isso permite que otécnico avalie o grau de risco de deriva e evaporação quepoderão ocorrer durante a pulverização. Porém, para umaanálise mais acurada a respeito da qualidade da ponta depulverização selecionada, seria necessário que os catálogosdos fabricantes também fornecem os valores de amplitudesrelativas.

Palavras-chaves: Pulverizadores, tecnologia de aplicação,rastreabilidade.

Literatura Citada

BARTHELEMY, P.; BOISGOINTER, D.; JOUY, L.; LAJOUX,P. Choisir les outilis de pulverisation. Paris: Institut Techniquedes Céréales et des Fourrages, 1990. 160 p.

ECS - European Committee for Standardization. Agriculturaland forestry machinery : Sprayers and liquid fertilizerdistributors – Environmental protection. Brussels: CEN, 1997.Part 2: Low crop sprayers., p. 12761-12762.

LAW, S. E. Agricultural electrotatic apray application: areview of significant research and development during the20th century. Journal of Electrostatics, Amsterdam, v. 51/52, p. 25-42, 2001.

LEFEBVRE, A. H. Atomization and sprays . New York:Hemisphere, 1989. 421 p. (International Series:Combustions).

OZEKI, Y. Manual de Aplicação Aerea. São Paulo. Ed. doautor. 2006. 101 p.

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RUAS, R. A. A. Tecnologia de aplicação do glyphosate paracertificação de produtos. agrícolas 2007. 107 f. Tese (Dou-torado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal deViçosa. Viçosa, MG.

TEIXEIRA, M. M. Influencia del volumen de caldo y de launiformidad de distribución transversal sobre la eficacia dela pulverización hidráulica. 1997. 310 f Tese (Doutoradoem Agronomia) – Universidad Politécnica de Madrid, Madrid.

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Métodos de Aplicação de Herbicidas para PequenasPropriedades e Áreas Declivosas

Francisco Cláudio Lopes de Freitas1; Lino Roberto Ferreira2; Paula

Gracielly Morais Lima do Nascimento3

1Universidade Federal Rural do Semi-Árido; 2Universidade Federal deViçosa; 3Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Introdução

No Brasil, aproximadamente 85% das propriedadesrurais pertencem a grupos familiares, que corresponde a77% da população ocupada na agricultura. Cerca de 60%dos alimentos consumidos pela população brasileira vêmdesse tipo de produção rural e quase 40% do Valor Brutoda Produção Agropecuária são produzidos por agricultoresfamiliares. Vêm das pequenas propriedades, cerca 70% dofeijão consumido no país, 84% da mandioca, 54% dabovinocultura de leite, 49% do milho e 40% de aves e ovos(INCRA citado por Toscano, 2003). Todavia, a indústria demáquinas e implementos agrícolas não fez, no passado, gran-des investimentos no sentido de desenvolver e/ou adaptarequipamentos apropriados para atender a essa demanda,principalmente, no que se refere aos pulverizadores paraaplicação de agrotóxicos.

Além das pequenas propriedades, as áreas declivosas,que dificultam ou impossibilitam o trânsito de máquinas,especialmente as de maior porte, passaram pelo mesmo pro-blema. Nestas áreas, destacam-se os setores ligados ao re-florestamento, à cafeicultura, à fruticultura, à cana-de-açú-car e áreas ocupadas com pastagens. Nas ultimas décadas,com o avanço do sistema de plantio direto, novas áreas,anteriormente consideradas impróprias à agricultura, comoas que apresentam solos rasos e sensíveis à erosão, comafloramento de rochas e com declividade que dificulta amecanização, foram também incorporadas às agricultáveis(Agnes et al., 2005), com cultivos, inclusive, de culturasanuais, como milho e feijão.

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Contudo, nos últimos anos, alguns setores ligados àpesquisa e à indústria têm se empenhado para desenvolvere adaptar tecnologias e equipamentos destinados a operarem pequenas propriedades e áreas com declividade acentu-ada. Dentre os quais, destaca-se o desenvolvimento de téc-nicas e equipamentos que tornaram menos árdua e maissegura a aplicação de agrotóxicos, especialmente herbicidas,nessas condições.

Dentre os principais componentes no custo de pro-dução da maioria dos produtos agrícolas, destacam-se osrelacionados ao manejo das plantas daninhas, que são res-ponsáveis por grandes perdas no rendimento e na qualida-de do produto comercializado, além de dificultar a realiza-ção de determinados tratos culturais. Na maioria das áreasagrícolas, principalmente as de grande porte, o controle deplantas daninhas é realizado através a adoção de medidasquímicas de controle, com o uso de herbicidas. Entretanto,com a mão-de-obra cada vez mais escassa e diante da ne-cessidade de se reduzir custos de produção, nos últimosanos, têm si verificado aumento da área manejada com usode herbicidas, também, nas pequenas propriedades.

Os herbicidas representam mais de 40% de todoagrotóxico comercializado no Brasil (SINDAG) e são molé-culas químicas que quando aplicadas em determinada dose,promovem a redução da taxa de crescimento ou morte dasplantas daninhas. No entanto, quando aplicados em quan-tidades inferiores à recomendada, produzem controle insu-ficiente e em quantidades superiores, causam perdas finan-ceiras, intoxicação nas culturas e danos ao meio ambiente.

Uma vez constatada a necessidade do uso deherbicidas, estes devem ser aplicados de forma correta, vi-sando a máxima eficácia biológica e o mínimo dano às cul-turas vizinhas, ao meio ambiente e ao homem. Essa eficáciaserá tanto melhor, quanto mais adequado for o equipamen-to e a técnica empregados. Nesse sentido, a tecnologia deaplicação de defensivos agrícolas consiste no emprego de

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todos os conhecimentos científicos, que proporcionem acolocação correta do produto biologicamente ativo no alvo,em quantidade necessária, de forma econômica e com omínimo de contaminação ambiental (Matuo et al., 2002).

No caso específico deste capítulo, os agrotóxicos aserem considerados serão os herbicidas e os alvos a serãoas plantas daninhas. Considerando os herbicidas aplicadosem pós-emergência, os alvos serão as folhas ou os caulesdas plantas daninhas. Para os produtos aplicados em pré-emergência, o alvo também serão as plantas daninhas, po-rém, antes, o herbicida tem de atingir o solo para depoischegar até elas, através das sementes, raízes, caulículos,etc. Percebe-se que, tanto na aplicação em pós quanto empré-emergência, boa parte dos herbicidas não atinge o alvocorreto. Com isso, têm se ressaltado a necessidade detecnologia mais acurada para aplicação do produto químicono alvo, requerendo procedimentos e equipamentos maisadequados à maior proteção ao trabalhador e ao ambiente,especialmente, no caso da aplicação em pequenas proprie-dades e áreas declivosas, cujos equipamentos usados, ape-sar dos avanços, não são tão evoluídos se comparados aosusados em grandes áreas como os pulverizadoresautopropelidos, que possuem ajustes finos, controlados porcomputadores, que permitem reduzir perdas e a mão-de-obra, normalmente, é menos qualificada.

Eficiência na Aplicação de Herbicidas

As perdas na aplicação dos agrotóxicos são eleva-das. Do total aplicado, uma parte vai diretamente para osolo, outra parte é perdida por deriva e evaporação e ape-nas uma pequena quantidade do agrotóxico é depositadadireta ou indiretamente sobre o alvo biológico. Diretamen-te, quando se coloca o produto em contato com o alvo nomomento da aplicação e indiretamente, no caso dosherbicidas, quando o produto é aplicado no solo, para serabsorvido pelo sistema radicular e/ou pelas sementes oupelo processo de redistribuição. Essa redistribuição poderá

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se dar por meio da translocação sistêmica ou pelo desloca-mento superficial do depósito inicial do produto.

A eficiência da aplicação é a relação entre a doseteoricamente requerida para o controle e a dose efetiva-mente empregada, geralmente expressa em porcentagem.

E = (dt/dr)100

Onde, E = eficiência de aplicação (%); dt = dose teóricarequerida e dr = dose real empregada.

Diversos fatores podem influenciar na eficiência dosherbicidas, como por exemplo, se o herbicida é aplicado empré ou pós-emergência, variando com o tipo de solo, o ta-manho das plantas daninhas, a arquitetura da planta,morfologia e cerosidade das folhas, condições climáticas edistribuição das plantas daninhas no campo. Quando oalvo é de grandes dimensões e a coleta do produto aplicadoé favorável, essa eficiência pode ser relativamente alta, comoé o caso da aplicação de um herbicida sistêmico, em pós-emergência, numa área com boa cobertura de plantas dani-nhas, sob condições climáticas favoráveis à aplicação. Poroutro lado, quando se faz aplicação foliar de um herbicidade contato, com translocação via apoplasto, esta eficiênciapode atingir valores muito mais baixos, pois, normalmente,são utilizadas gotas menores, com o intuito de elevar acobertura do alvo, o que aumenta a probabilidade de per-das por deriva. Também, na aplicação de herbicidas em pré-emergência, tem-se eficiência reduzida, porque, antes deser absorvido pelas plantas daninhas, ele pode ser adsorvidopelos colóides do solo, lixiviado, volatilizado ou degradadoou, até mesmo, absorvido pelas culturas.

A melhoria nessa eficiência poderá ser alcançada pormeio da evolução no processo, nos seus mais variados as-pectos. O melhor treinamento do homem que opera o equi-pamento de aplicação é, sem dúvida, um dos pontos maisimportantes. No entanto, devem-se desenvolver novos equi-

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pamentos capazes de cumprirem essa tarefa com maior efi-ciência, especialmente, no caso da aplicação em pequenaspropriedades e áreas declivosas, cujos equipamentos usa-dos, apesar dos avanços, ainda não são tão evoluídos, secomparados aos usados em grandes áreas como os pulveri-zadores autopropelidos, que possuem ajustes finos, contro-lados por computadores, que permitem reduzir as perdas.

Métodos de Aplicação de Herbicidas

Os métodos de aplicação dos agrotóxicos podem seragrupados em aplicação via sólida, líquida e gasosa, depen-dendo do estado físico do material a ser aplicado. Para apli-cação de herbicidas a via líquida, utilizando a água comodiluente, é o método mais empregado. Neste caso, aplica-ção é feita, normalmente, na forma de gotas (pulverização),podendo em alguns casos, ser feita por meio de pincelamentona “cepa/toco” de árvores e arbustos, logo após o cortetronco, como é o caso do picloram, em pastagens.

Na aplicação via líquida, a formulação do herbicida édiluída em água, recebendo o nome de calda, que deve tera concentração adequada para aplicação. A concentraçãovaria em função da dose recomendada para o herbicida edo volume de calda aplicado.

A distribuição da calda é realizada, normalmente, pormeio de pulverização hidráulica, que é definida como “pro-cesso mecânico de geração de gotas” (Cordeiro, 2001;Matuo, et al. 2002). As gotas são produzidas pelas pontasde pulverização que, também, determinam a vazão e a dis-tribuição do líquido pulverizado, sendo, portanto, o equipa-mento mais importante do pulverizador (Bauer e Raetano,2004).

A aplicação pode ser feita em área total ou dirigida.Em área total, quando se deseja controlar todas as espéciespresentes, como é o caso da dessecação para plantio diretoou quando se pretende controlar plantas daninhas numa

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cultura, com herbicida seletivo. Por outro lado, a aplicaçãodirigida é empregada quando se aplica herbicidas não sele-tivos, visando atingir apenas a planta daninha e protegen-do a cultura. Esse processo é muito usado em culturas pe-renes como café, eucalipto e fruteiras. A aplicação dirigidapode, também, ser feita na forma de “catação”, que consis-te em aplicar o herbicida, seletivo ou não, apenas nas plan-tas daninhas, normalmente, em áreas com baixa infestação.A “catação” é muito empregada no controle de arbustosem pastagens e de rebrota de “cepas” de eucalipto, emáreas de reflorestamento.

Outro processo comum é a aplicação em faixa. Nes-se caso, pode-se aplicar herbicidas seletivos ou não seleti-vos, em aplicação dirigida, apenas na linha de plantio. Pro-cesso esse, muito empregado em culturas perenes comocafé, eucalipto e fruteiras, com grande espaçamento entrefileiras. O controle das plantas daninhas nas entrelinhas podeser feito por métodos mecânicos, como a roçada ou agradagem, ou por meio de aplicação de herbicidas não sele-tivos, na forma de jato dirigido.

Equipamentos para Aplicação de Herbicidas

Como este capítulo se refere a aplicação de herbicidasem pequenas propriedades e em áreas declivosas, será dadoprioridade aos pulverizadores hidráulicos, como os costaismanuais e pressurizados e os de arrasto, tracionados porhomens ou animais.

Na escolha do pulverizador, deve-se levar em contadiversos fatores como: tamanho da área; topografia; cultu-ra; estádio de desenvolvimento da cultura; modalidade deaplicação (jato dirigido ou área total); capacidade de inves-timento; disponibilidade de mão-de-obra qualificada e dis-ponibilidade de assistência técnica.

Existem equipamentos capazes de fazer aplicaçõesde herbicidas com alto grau de eficiência, mesmo para situ-

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ações com baixa capacidade de investimento. Neste caso,o principal fator para o sucesso é a capacitação das pesso-as envolvidas no processo, desde os técnicos que fazem asrecomendações dos herbicidas e monitoramento dos equi-pamentos e da aplicação, passando pelas revendas, paraque possam disponibilizar equipamentos de boa qualidadee pelos produtores, para que possam ter acesso às informa-ções, até chegar os operadores dos equipamentos, que irãofazer a aplicação propriamente dita.

É comum, dar muita importância ao herbicida a seraplicado e pouca, à técnica de aplicação.

Pulverizador Costal Manual

O pulverizador costal manual (Figura 1A) é compostopor um tanque, normalmente com capacidade para 20 litrosde calda, uma bomba de pistão ou êmbolo, acionada manu-almente por meio de uma alavanca. Pode apresentar umúnico bico ou barra com dois ou mais bicos. De todos ospulverizados disponíveis para os produtores, este é o queapresenta maior grau de dificuldade de operação, devido,principalmente, o baixo nível de instrução dos operadores eà falta de controles refinados, como: pressão de trabalho,velocidade de operação e altura de barra.

Os pulverizadores costais manuais apresentam baixorendimento operacional em conseqüência do tamanho doreservatório reduzido e da pequena faixa de aplicação. Autilização de barras com dois ou três bicos, associadas àspontas de pulverização com maior ângulo de abertura, queaplicam faixas mais largas, são alternativas para aumentar afaixa aplicada. No entanto, se a vazão e a pressão requeridapela ponta de pulverização forem altas, o operador não con-segue dar pressão necessária. Nesse sentido, têm sepriorizado pontas de pulverização de baixa vazão e comgrandes ângulos de abertura do jato e que operam a baixaspressões, como as Turbo Teejet TT 11002, que segundoFreitas et al. (2005), podem operar com pressões a partir de

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1,0 bar (14,22 lb pol-2), espaçadas de 1,0 metro, à altura de0,5 m do alvo com excelente distribuição, produzindo bai-xo volume de calda (Tabela 2). Com isso, têm-se adotadobarras, preferencialmente de alumínio, por serem mais le-ves, com duas pontas de pulverização espaçadas de 1,0 m(Figura 1B), que pulverizam uma faixa de 2,0 m de largura,com volume de calda inferior a 100 L ha-1, aumentando acapacidade operacional e reduzindo a distância percorridapelo operador.

Adotando-se esta estratégia, o operador gasta em tor-no de cinco pulverizadores para fazer um hectare e caminhaapenas 5,0 km. Enquanto que, utilizando pontas tradicio-nais, que cobrem uma faixa de 0,5 m, é necessário cami-nhar 20 km para fazer a mesma área e com um número deparadas para reabastecimento bem maior, em conseqüênciao dobro do volume de calda empregado.

A falta de uniformidade de pressão é um dos maioresproblemas verificados em aplicações realizadas com o pul-verizador costal manual, haja vista que a bomba desse equi-pamento é composta por apenas um pistão, ocasionandooscilação na pressão nos seus diferentes ciclos e, conse-qüentemente, variação na vazão e dose aplicada doherbicida. Este problema pode ser contornado mediante ouso de controladores de vazão, também conhecidos, comoválvulas reguladoras de pressão, os quais serão discutidosadiante. Esse sistema permite ao operador manter a pressãoconstante durante toda a aplicação, evitando variações nadosagem com o tempo e, também, oscilações que ocorremnos diferentes ciclos do pistão.

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Figura 1. Pulverizador costal manual (A); barra de alumíniopara pulverizador costal com duas pontas de pulverizaçãoespaçadas de 1,0 m (B).

Pulverizador Costal Pressurizado

O pulverizador costal pressurizado possui reservató-rio metálico com capacidade para 16 litros de calda. O de-pósito é pressurizado com ar comprimido, antes do abaste-cimento, à pressão 40 lb/pol². A calda, previamente prepa-rada em outro depósito, com capacidade que normalmentevaria de 2000 a 5000 litros, é injetada no tanque do pulve-rizador por uma bomba. Uma vez pressurizado, o depósitopode ser reabastecido várias vezes. Após o abastecimento,a pressão no tanque chega a 120 lb/pol².

Quanto maior a quantidade de calda dentro do tanquedo pulverizador maior é a pressão e, à medida que o tanquevai sendo esvaziado, também a pressão vai reduzindo; comisso, é imprescindível o uso da válvula reguladora, que per-mite manter a pressão de trabalho constante, aumentandoa uniformidade de aplicação.

Trata-se de um equipamento de alto custo, que en-volvendo equipe de trabalho com pelo menos 10 aplicadores,pois requer também um trator ou caminhão tanque paratransporte e injeção da calda no tanque dos pulverizadores.É usado em grandes áreas canavieiras, de eucalipto e emcafezais, com topografia irregular.

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Como a aplicação de herbicidas não requer pressõeselevadas, superiores a 40 lb/pol², esse equipamento nãovem sendo muito usado, pois o pulverizador costal manual,se usado adequadamente apresenta a mesma eficiência, comcustos muito mais baixos.

Pulverizadores acoplados sobre rodas

Nos últimos anos, foram desenvolvidos pulverizado-res acoplados sobre rodas. Estes equipamentos são de bai-xo custo em relação aos tratorizados e adequados para pe-quenas áreas, podendo ser tracionados pelo homem ou poranimais.

Os pulverizadores tracionados pelo homem são com-postos por um pulverizador costal adaptado sobre uma ouduas rodas, que acionam a bomba de pistão, gerando apressão (Figura 2A), tendo recebido a denominação de “ci-clo–jet” (Ferreira et al., 2007). A pressão pode ser alterada,para mais ou para menos, aumentando-se ou diminuindo-seo curso do pistão.

Esse tipo de pulverizador reduz o esforço do opera-dor que não carrega o peso nas costas, além de realizar aoperação com maior rendimento operacional, com uma fai-xa aplicada de até quatro metros por passada. No entanto,as duas maiores vantagens desse equipamento são a redu-ção da exposição do operador, que caminha cerca de trêsmetros adiante da barra de pulverização e a manutenção dovolume de calda aplicado, mesmo com a alteração da velo-cidade, pois a variação da velocidade apresenta uma rela-ção direta com a pressão, como conseqüência da variaçãodos giros da roda, fazendo com que o volume de caldapulverizado não sofra grandes variações. A estes pulveriza-dores podem ser adaptados acessórios para aplicação deherbicidas na forma de jato dirigido, os quais serão discuti-dos mais adiante.

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Figura 2. Pulverizador “ciclo jet” acoplado com barra dequatro pontas de pulverização espaçadas de 1,0 m (A); pul-verizador acoplado sobre rodas, tracionado por animal(“carroçajet”) com barra de seis pontas de pulverizaçãoespaçadas de 1,0 m (B).

Um outro pulverizador também adaptado sobre rodasé o “carroça-jet” (Ferreira et al., 2007), construída de modosemelhante “ciclo–jet”, porém com depósito maior etracionado por animal (Figura 2D). É encontrado no merca-do com tanque com capacidade de armazenamento de até200 litros e autonomia para até 3,0 ha, dependendo daponta de pulverização e da configuração empregada(espaçamento entre bicos e vazão). Este equipamento per-mite operar com barra de até seis metros de largura, comtopografia plana a ligeiramente inclinada.

Pulverizador “burrojet”

O “burrojet” é um equipamento de pulverização comum depósito com capacidade para 90 litros de calda (Figura2 A), adaptado para ser transportado no lombo de um ani-mal. A pressão é dada por uma bomba elétrica adaptada noequipamento, alimentada por uma bateria de automóvel,que é recarregada durante a noite e tem autonomia para 12horas de trabalho.

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Figura 3. Pulverizador “Burro Jet” em detalhe (A) e acopladocom barra para aplicação em área total (B).

O “burrojet” possui duas mangueiras de saída, nasquais podem ser adaptados bicos ou barras de pulveriza-ção. A Figura 3B ilustra uma barra com seis pontas de pul-verização TT110 02 espaçadas de 1,0 m, pulverizando umafaixa de 6 m, sendo conduzida por duas pessoasposicionadas nas extremidades da barra. Esta adaptaçãopermite aplicar herbicidas em áreas inclinadas com alto ren-dimento, devido à redução do volume de calda em funçãoaumento do espaçamento entre as pontas de pulverizaçãoe com boa uniformidade de altura de barra.

Componentes Importantes nos Pulverizadores

Os componentes básicos do circuito hidráulico damaioria dos pulverizadores usados em pequenas proprieda-des e regiões declivosas são: tanque, bomba, mangueiras,filtros, manômetro, barra com pontas de pulverização e vál-vulas controladoras de pressão. . Embora, outros compo-nentes importantes possam estar disponíveis em algunsmodelos, alguns destes componentes serão descritos commais detalhes, devido à maior importância na eficiência daaplicação.

Manômetro

Os manômetros são instrumentos que indicam a pres-são de trabalho. As normas técnicas definem que os

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manômetros devem ser dimensionados para leitura na faixade 25 a 75% de sua escala. Isto indica que um manômetrode 0 a 500 lb pol-2 é indicado para leituras entre 100 e 400lb pol-2. Como a maioria das pontas de pulverização utiliza-das na aplicação de herbicidas operam nas pressões entre20 e 60 lb pol-2, os manômetros mais indicados para estacondição são aqueles com leituras entre 0 e 100 lb pol-2.

Reguralores de pressão

Existem no mercado, dois tipos de reguladores depressão, as válvulas reguladoras e os reguladores do tiporegistro. As Válvulas reguladoras (Figura 4A) consistem emuma válvula de diafragma que se abre à pressão pré-estabelecida e um pistão que restringe o fluxo quando apressão excede à preestabelecida, funcionado também, comosistema antigotejante, evitando a saída de calda após ofechamento da válvula do gatilho do pulverizador, ou quan-do, por qualquer outro motivo, a pressão do sistema caiaabaixo da desejada. Sendo fixada, normalmente, na extre-midade da lança, junto à ponta de pulverização.

Figura 4. Válvula reguladora de pressão com molas amarela(1 bar / 14,22 lb pol-2) e azul (2 bar / 28,44 lb pol-2) (A);regulador do tio registro (B).

Este sistema permite ao operador manter a pressãoconstante durante toda a aplicação, evitando variações nadosagem com o tempo e, também, oscilações que ocorremnos diferentes ciclos do pistão. É muito importante para ospulverizadores costais.

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As pressões de trabalho das válvulas reguladoras sãopré-estabelecidas pelo fabricante, devendo-se selecionar amais adequada para cada tipo de pulverização e ponta(“bico”) utilizada. Para facilitar a identificação, as mesmasseguem um código de cores:

• Amarelo – 1 bar ou 100 kPa ou 14,22 lb pol-2

• Azul – 2 bar ou 200 kPa ou 28,44 lb pol-2

Os reguladores do tipo registro (Figura 4B), são forma-dos por um registro montado, normalmente, próximo à vál-vula do gatilho, que funcionam restringindo ou aumentan-do o fluxo de líquido que chega à ponta de pulverização.Atualmente, esses registros estão sendo comercializadoscom um manômetro acoplado ao sistema, de modo a seobservar a pressão de trabalho. Apresentam a vantagem depoder selecionar, em um único dispositivo, diferentes pres-sões de trabalho. No entanto, são mais caros e pesadosque as válvulas reguladoras, permitem a alteração acidentalda pressão de trabalho e limitam apenas a vazão máxima,isto é, pode aplicar o agrotóxico abaixo da pressão reco-mendada.

Protetores para aplicação de herbicidas em jato dirigido

A aplicação de herbicidas não seletivos na forma dejato dirigido é muito empregada em culturas perenes comocafé, eucalipto e fruteiras. Entretanto não é uma tarefa fá-cil, principalmente quando o herbicida é sistêmico, porque,ao atingir parte da planta, ocorre a absorção e redistribuiçãopara os demais órgãos, podendo causar sérios danos à cul-tura. Para que esta aplicação seja segura é necessário queo operador seja uma pessoa bem treinada e que o equipa-mento possua condições adequadas, como válvulas regula-doras de pressão, no caso dos pulverizadores costais, pon-tas que produzam gotas pouco propensas à deriva (grossasou muito grossas) e, preferencialmente, de ar induzido. Alémde todos esses cuidados, muitas vezes é imprescindível o

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uso de estruturas que protejam a cultura, como o chapéude Napoleão (Figura 5 A), “mão-baixa” (B) e sistemas antederiva adaptados para o “ciclojet” (Figuras 5 C e D)

Figura 5. Equipamentos para aplicação dirigida de herbicidas:chapéu de Napoleão (A); “mão-baixa” (B); pulverizador “ci-clo jet” com protetor para aplicação dirigida (C e D).

Filtros

Na maioria dos pulverizadores, estes devem ser colo-cados na boca do tanque, antes da bomba, na linha depulverização e nos bicos. Nos costais devem ser colocadosna boca do tanque, e nos bicos. Eles apresentam quatrofunções muito importantes:

a) Garantir maior uniformidade nas aplicações, nãopermitindo que o entupimento das pontas de pulverizaçõescause a distribuição desuniforme da calda.

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b) Garantir maior capacidade operacional dos pulve-rizadores, diminuindo o tempo parado para desentupir aspontas de pulverização, tratando assim maior área por dia.

c) Garantir segurança ao trabalhador, não o expondoao trabalho de desentupir as pontas de pulverização, evi-tando-se assim o contato direto com a calda, ficando otrabalhador com a função de apenas conduzir o conjuntopulverizador.

d) Garantir maior durabilidade às pontas de pulveri-zação, diminuindo as impurezas e, assim, a abrasão, alémde evitar o uso de material não recomendado, como obje-tos metálicos para desentupir as pontas de pulverização.

As malhas dos filtros devem ser escolhidas em fun-ção da formulação do herbicida a ser aplicado. Pó molhávele seus derivados (suspensão) devem usar filtros com malha50. Para as formulações pó solúveis, solução-aquosa e con-centrados emulsionáveis podem ser usadas malhas 80 ou100. O modelo e tamanho das pontas de pulverização tam-bém influenciam a escolha da malha do filtro. As pontascom orifícios menores exigem filtros mais finos (malha 100)e nas de maior vazão as malhas podem ser mais grossas(malha 50). É importante seguir as recomendações dos ca-tálogos.

Pontas de pulverização

Habitualmente o termo “bico de pulverização” éutilizado como sinônimo de “ponta de pulverização”,entretanto, correspondem a estruturas diferentes. O bico écomposto por todo o conjunto com suas estruturas defixação na barra (corpo, filtro, ponta e capa), conformeilustrado na Figura 6, enquanto que ponta corresponde aocomponente do bico responsável pela formação e distribuiçãodas gotas. Sendo, portanto, a parte mais importante dopulverizador.

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CORPO FILTRO PONTA CAPA

Figura 6. Componentes de um bico de pulverização.

O uso de pontas de pulverização inadequadas,desgastadas ou danificadas é uma das principais causas dabaixa eficiência na aplicação dos agrotóxicos, pois elasdeterminam o tamanho da gota, a vazão e a distribuição dacalda pulverizada.

Existem vários modelos de pontas de pulverizaçãodisponíveis no mercado. Cada uma produz tamanho de gotase padrão de deposição diferentes. Portanto, é muitoimportante saber escolher a ponta mais adequada ao trabalhoa ser realizado. Cada modelo de ponta de pulverizaçãoapresenta algumas características peculiares que asdiferenciam, devendo ser selecionada em função do produtoque se deseja aplicar, da superfície a ser tratada e do volumede calda necessário.

Os principais modelos de pontas de pulverização parabicos hidráulicos são:

a) Pontas de jato plano: que podem ser do tipo ‘leque’ ou‘de impacto’, produzem jato em um só plano e o seu usoé mais indicado para alvos planos.

Nas pontas de impacto, o líquido é lançado em umplano inclinado e se abre na forma de leque. O padrão dedeposição das pontas de impacto convencionais é muitoirregular. Podem trabalhar em baixa pressão e têm ângulosgrandes (130o). São mais adequadas para aplicação deherbicidas em pré-emergência ou sistêmicos em pós-emer-gência. Entretanto, algumas pontas defletoras mais moder-nas, como as Turbo Floodjet - TF-VS (Figura 7A) e Turbo

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Teejet – TT (Figura 7B), que produzem gotas maiores que asdefletoras normais, formando ângulo de até 145°, são ade-quadas para compor barras de aplicação em área total, comexcelente distribuição e baixo coeficiente de variação aolongo da barra.

Figura 7. Pontas de jato leque de impacto: turbo Floodjet -TF (A), turbo Teejet - TT (B) e corte da turbo Teejet comindução de ar – TTI (C).

Segundo Freitas et al. (2005), a ponta TT 11002 éuma alternativa para redução de volume de calda atravésdo aumento do espaçamento entre bicos, mantendo boauniformidade de distribuição com maior capacidadeoperacional do equipamento de aplicação (Tabelas 1 e 2).Outra característica interessante das pontas TT, é a possibi-lidade de produzir vazões baixas, gerando gotas grossas,quando operando à pressão igual ou inferior a 28,44 lb pol-2 (200 kPa), o que reduz a propensão à deriva. Entre 2,5 e 5bar, as gotas geradas são de tamanho médio (SprayingSystems CO, 2006), podendo, nesse caso, ser utilizada paraaplicação de herbicidas de contato.

Recentemente, foram lançadas as pontas TTI, comcaracterísticas semelhantes às TT, porém, com o sistema dear induzido (Figura 7C), através de um orifício para injetarar no interior das gotas, produzindo gotas grandes cheiasde ar, possibilitando melhor controle de deriva que as pon-tas convencionais, e também, promovendo uma boa cober-tura no alvo.

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As pontas do tipo leque podem ser de deposiçãocontínua ou descontínua. A ponta com deposição continua(“Even”) pulveriza uma faixa uniforme (Figura 6A), sendoindicada para pulverização em faixas, sem haversobreposição com os bicos vizinhos, como é o caso deherbicidas seletivos, como o oxyfluorfen, aplicado apenassobre a linha de plantio em mudas de café e eucalipto.

Tabela 1. Uniformidade de distribuição da ponta de pulveri-zação TT 11002 nas pressões de 100, 200, 300 e 400 kPa,a 50, 40 e 30 cm de altura de altura de barra, espaçados de40, 50, 80, 100, 120 e 150 cm na barra de pulverização(Adaptada de Freitas et al., 2005).

* 100 kPa = 1,0 bar = 14,22 lb pol-2

As pontas com perfil de deposição descontínua pro-duzem um padrão de deposição desuniforme, também cha-mada de distribuição normal, decrescendo do centro paraas extremidades (Figura 8B). São recomendadas para traba-lhar em barras, com sobreposição. Deve-se observar nãosomente o padrão de deposição de uma ponta de pulveriza-ção isolada, mas a somatória da aplicação. O coeficiente devariação da somatória da aplicação não deve exceder a 10%.

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Figura 8. Ponta de pulverização com perfil contínuo (A),para aplicação em faixa, sem sobreposição e ponta depulverização.com perfil descontínuo (B), para uso embarra, com sobreposição.

As pontas do tipo leque (Figura 9) são comercializadascom diferentes ângulos, sendo os mais comuns os de 80o e110o, embora alguns modelos, principalmente as defletorasapresentem ângulos maiores, chegando a 1400. Quanto àvazão, as pontas, normalmente, apresentam código de co-res que facilita a visualização, seguindo o seguinte padrão:a cor laranja indica vazão de 0,10 galão por minuto; asverdes, 0,15 galão por minuto; as amarelas, 0,20 galão por

Tabela 2. Volume de calda, em L ha-1, obtido a partir dasvazões médias verificadas para as pressões de 100, 200,300 e 400 kPa, para os espaçamentos de 40, 50, 80, 100 e120 cm, nas velocidades de 4 e 6 km h-1 (Adaptada deFreitas et al., 2005).

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minuto; as azuis, 0,30 galão por minuto; e as vermelhas,0,4 galão por minuto, isto se estiverem trabalhando a 40 lbpol-2. Cada galão equivale 3,785 litros.

Os tamanhos de gotas produzidas pelas pontas depulverização são variáveis e dependentes do tamanho doorifício, da pressão de trabalho e da característica do líqui-do. Como já foi discutido, o tamanho da gota tem relaçãodireta com a deriva, evaporação e cobertura do alvo. Por-tanto, escolher uma ponta que produza uma gota de tama-nho adequado ao produto a ser utilizado e ao alvo a seratingido é de fundamental importância.

As pontas de jato plano ‘leque’ podem aindaapresentar outras características como:

• leque duplo (Figura 9B): possui dois orifícios idênticosproduzindo um leque voltado para frente e outro para trásem relação à vertical, visando aumentar a cobertura do alvo.São pouco utilizadas para aplicação de herbicidas, a menosque se deseje alta cobertura do alvo, como na dessecação,uti l izando herbicida de contato, como paraquat.Recentemente, alguns fabricantes têm disponibilizado nomercado pontas de leque duplo com ar induzido, quepermitem melhorar a cobertura do alvo, com uso de gotasmaiores, sem elevar muito a vazão.

• Injeção de ar (Figura 9C): possui uma câmara onde a caldaé misturada ao ar succionado por um sistema venturi,proporcionando gotas mais grossas e reduzindo o númerode gotas pequenas. Este tipo de ponta é mais adequadapara produtos com alta capacidade de redistribuição naplanta como os herbicidas sistêmicos, principalmente, emaplicações dirigidas, por evitar a deriva. São adequadastambém para aplicação de herbicidas em pré-emergência.

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Figura 9. Pontas de jato leque (A), leque duplo (B) e lequecom indução de ar (C).

b) Pontas de jato cônico: são tipicamente compostas pordois componentes denominados de ponta (disco) e núcleo(difusor, caracol, espiral ou core).

São mais freqüentemente encontradas como peçasseparadas, mas também, podem ser encontradas incorporadasem uma única peça. O núcleo possui um ou mais orifíciosem ângulo, que fazem com que o líquido ao passar por elesadquira um movimento circular ou espiral. Após tomar essemovimento, o líquido passa através do orifício circular dodisco e então se abre em um cone.

Taxas variadas de fluxo, de ângulos de deposição ede tamanhos de gotas podem ser obtidas através decombinações entre o tamanho do orifício do disco, númeroe tamanho dos orifícios do núcleo, tamanho da câmaraformada entre o disco e o núcleo e a pressão do líquido. Emgeral, pressões mais elevadas com orifícios menores nonúcleo e maiores no disco proporcionam ângulos dedeposição mais amplos e gotas menores.

As pontas do tipo cone podem ser de basicamentedois tipos: “cone vazio” e “cone cheio” (Figura 10).

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Figura 10. Pontas de jato cônico vazio (A) e cone cheio (B)

A formação de gotas nas pontas cone vazio, somenteocorre na periferia do cone, proporcionando perfil dedeposição contínuo (Figura 8A). Nas pontas de cone cheio,o núcleo possui também um orifício central, que preenchecom gotas o centro do cone, proporcionando um perfil dedeposição descontínuo (Figura 8B), com maior acúmulo devolume aplicado no centro do bico, sendo mais recomendadoem pulverizações com barras.

As pontas de jato cônico são utilizadas na pulverizaçãode alvos irregulares, pois como as gotas se aproximam doalvo de diferentes ângulos, proporcionam uma melhorcobertura das superfícies e penetração no dossel da planta.

Em geral, as pontas de jato plano são mais utilizadasna aplicação de herbicidas, embora as pontas de jato cônicotambém possam ser empregadas, desde que possuam boauniformidade de distribuição e espectro de gotas adequado.

Tamanho das Gotas

O tamanho das gotas produzidas varia em função daponta de pulverização e da pressão utilizada, podendo serclassificadas em: muito finas, finas, médias, grossas, muitogrossas e extremamente grossas, em função do diâmetroda gota que divide o volume pulverizado em duas partesiguais, denominado de Diâmetro Mediano Volumétrico(DMV).

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Existem duas classificações de tamanhos de gotas:uma realizada pelo Conselho Britânico de Proteção de Cul-turas (British Crop Protection Council - BCPC) e outra pelaAssociação dos Engenheiros Agrícolas Americanos (ASAE).Esta última, mais simples e prática, tem sido utilizada porvários fabricantes de pontas de pulverização para descreveros diferentes tamanhos de gotas de pulverização e facilitara escolha certa do tipo de ponta por parte do usuário. Algu-mas empresas fabricantes de agrotóxicos introduziram a clas-sificação da ASAE de recomendação de classe de tamanhode gotas a serem produzidas em seus rótulos. Na Tabela 3encontram-se as classes de tamanho de gotas proposta pelaASAE e os respectivos códigos de cores.

Tabela 3. Classes de gotas propostas segundo norma daASAE e suas aplicações na pulverização agrícola.

Fonte: Spraying Systems CO (2006)

Há algumas diferenças fundamentais entre as classi-ficações BCPC e ASAE. Ambos fornecem um código decores e uma letra para indicar o tamanho das gotas. Noentanto, o foco da norma BCPC, desenvolvida por Doble etal. (1985), foi baseado na pulverização necessária para mai-

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or eficácia dos produtos fitossanitários, determinada poronde a maioria do espectro de gota é depositada.

A norma ASAE tem como foco o potencial de deriva,com a eficiência sendo um conceito secundário. Essa nor-ma estabelece o limite de uma classe como a curva do diâ-metro acumulado da ponta de referência mais o desvio-padrão; o BCPC não considera o desvio-padrão. Com isso,como resultados gerais, as pontas tendem a ser classifica-das como (gotas) mais finas na norma ASAE.

As gotas com maiores diâmetros são menos arrastadaspelo vento e apresentam menores problemas com aevaporação no trajeto da ponta ao alvo. Por outro lado,proporcionam menor cobertura da superfície a ser tratada,possuem baixa capacidade de penetração no dossel dacultura e elevam a possibilidade de escorrimento. Enquantoque as gotas de menor diâmetro são mais facilmentearrastadas pelo vento e com maior probabilidade deevaporação durante a aplicação. Porém, sob condiçõesclimáticas adequadas, proporcionam melhor cobertura doalvo, maior capacidade de penetração no dossel da culturae reduzem a possibilidade de escorrimento.

O tamanho ideal das gotas a ser usado depende dascondições ambientais (vento, umidade relativa e tempera-tura) e da cobertura desejada. Por outro lado, a coberturadesejada depende do tipo de produto a ser aplicado, se ésistêmico ou de contato (Tabela 4). Não existem pontas depulverização que produzem todas as gotas uniformes, po-rém, existem pontas com menores variações.

Normalmente, os fabricantes informam o tipo de gotagerado pelas pontas (muito fina, fina, média, grossa, muitogrossa), nas diferentes pressões recomendadas, para permitira avaliação da cobertura do alvo, do risco de deriva eevaporação.

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Cobertura do Alvo

A cobertura do alvo é calculada pela fórmula deCourshee (1967):

C = 15(VRK2)/AD

Onde, C = cobertura (% da área); V = volume aplicado (L/ha); R = taxa de recuperação (% do volume aplicado cap-tado pelo alvo); K = fator de espalhamento de gotas; A =superfície vegetal existente por hectare e D = diâmetro degotas.

Segundo essa fórmula, para se conseguir elevadascoberturas deve-se manter altos os valores do numeradorou baixos os do denominador. Em aplicações a alto volumese consegue elevada cobertura, mesmo com gotas grandes.O aumento da taxa de recuperação (R) se consegue utili-zando tamanho de gotas que atinge eficientemente o alvo.O aumento do fator de espalhamento de gotas (K) pode serconseguido com adição de agentes tensoativos que dimi-nuem a tensão superficial, permitindo melhor espalhamentoda gota. Quanto aos fatores do denominador, observa-seque o aumento da área foliar implica em redução da cober-tura, caso os demais fatores permaneçam constantes. Emáreas foliares grandes normalmente aumenta-se o volumepulverizado. O tamanho da gota também é fator importan-tíssimo, gotas menores proporcionam maior cobertura, po-rém, apresentam também, tempo de vida menor e maiorcapacidade de deriva.

Uso de Surfatantes

Os surfatantes são adjuvantes adicionados à calda como objetivo de reduzir a tensão superficial, melhorando oespalhamento e molhamento das gotas na superfície pulve-rizada. Nota-se sua importância analisando a fórmula paracalcular a cobertura, proposta anteriormente.

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A tensão superficial é responsável pela força de coe-são entre as moléculas da superfície de um líquido e variade acordo com a substância, assim, o etanol, por exemplo,apresenta tensão superficial de 22,5 dinas cm-1 e a água de72 dinas cm-1, a 25oC. Ao se adicionar surfatantes à água,sua tensão pode cair a valores de 30 a 35 dinas cm-1, de-pendendo do surfatante, aumentando seu espalhamento nasuperfície.

O surfatante adicionado à calda, principalmente,quando a aplicação é sobre superfícies cerosas, com tensãosuperficial elevada, facilita o uso de gotas maiores, reduzin-do perdas por deriva e, ainda, com boa cobertura, devidoao maior espalhamento das gotas, conforme ilustrado naFigura 11.

Figura 11. Área de contato da gota na superfície pulveriza-da, sem uso de surfatante (esquerda) e com uso de surfatante(direita).

Deriva – Causas e Controle

Na aplicação de agrotóxicos, a deriva de pulveriza-ção é o termo usado para aquelas gotas que não foramdepositadas no alvo. Estas gotas provavelmente são peque-nas, com diâmetro menor que 100 µm, e facilmente movi-das para fora do alvo pela ação do vento, associado àsoutras condições climáticas.

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A deriva pode causar a deposição de produtos quími-cos em áreas não desejadas, com sérias conseqüências como:

• danos nos cultivos sensíveis que ficam em áreas adja-centes;

• contaminação de reservatórios e cursos de água; e

• riscos à saúde de animais e pessoas.

As causas da deriva são muitas e estão relacionadascom os equipamentos de aplicação, as formulações e ascondições meteorológicas. As principais são:

a) Tamanho da gota – quanto menor a abertura doorifício do bico e maior a pressão, menores serão as gotasproduzidas e, portanto, maior a tendência de perda por de-riva. Gotas menores que 100 µm são facilmente derivadas.

b) Altura da ponta de pulverização – à medida queaumenta a distância entre a ponta de pulverização e a área-alvo, maior será a influência da velocidade do vento sobreas gotas e maior a tendência de deriva.

c) Velocidade de operação – velocidade mais altacontribui para que as gotas sejam arrastadas para trás elevadas pela corrente de vento ascendente, formando umturbilhão sobre o pulverizador, arrastando as gotas peque-nas e aumentando a deriva. Normalmente, a velocidade deaplicação dos equipamentos propostos para pequenas pro-priedades e áreas declivosas é baixa e não chega a serpreocupante com relação às perdas por deriva.

d) Velocidade do vento – é o fator de maior impactoentre os fatores meteorológicos. A deriva aumenta linear-mente com a velocidade do vento. No entanto, não é deinteresse a ausência de vento no momento da aplicação.

e) Temperatura e umidade do ar – temperaturas am-bientes acima de 25 oC e baixa umidade relativa tornam as

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gotas pequenas propensas à deriva e à volatilização. Porisso, em condições de temperatura muito alta deve-se au-mentar o tamanho da gota ou suspender a aplicação, paraevitar grandes perdas por deriva e, ou volatilização.

f) Volume de aplicação – quando se usa volume deaplicação muito pequeno, existe uma tendência ao uso degotas pequenas. Nessas condições, deve-se ter atenção es-pecial com a deriva. Embora, algumas pontas de pulveriza-ção, mais modernas, permitam a obtenção de baixo volumede calda com gotas grandes ou até mesmo muito grandes,como as defletoras e de ar induzido, associando baixa va-zão e grandes ângulos de abertura do jato.

h) Formulação utilizada – se esta apresentar alta pres-são de vapor, devem-se adotar todas as medidas possíveispara minimizar a volatilização (ex.: aplicar em condições demenor temperatura e maior umidade relativa do ar).

Qualidade de Distribuição da Pulverização

Um dos fatores que mais influenciam a eficiência deum herbicida é a uniformidade de distribuição da pulveriza-ção, tanto no sentido do deslocamento do pulverizador,que pode ser prejudicada pela variação na velocidade doequipamento, quanto ao longo da barra ou faixa de aplica-ção.

A uniformidade de distribuição ao longo da barra éafetada por diversos fatores como:

• Pontas danificadas

• Uso de pontas de pulverização imprópria para aplica-ção em barra

• Pressão de trabalho inadequada

• Altura de barra inadequada

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• Oscilação na barra

• Espaçamentos entre bicos

Na Figuras 12A e 12B, observa-se Baixa uniformida-de de distribuição ao longo da barra devido ao uso de pon-tas de pulverização com padrão de deposição descontínuona da barra, com sobreposição e ao espaçamento inadequa-do entre bicos e/ou barra baixa, respectivamente. O queimplicará em excesso de dosagem nos intervalos de maioracúmulo e subdosagem nos intervalos com menor acúmulo,podendo causar ineficiência no controle ou, até mesmo,intoxicação na cultura pelo excesso de dosagem do herbicida.Enquanto que na Figura 10C, verifica-se excelente unifor-midade de distribuição, com uso de pontas com padrão dedeposição descontínuo, com sobreposição e altura de barraadequada.

Uma boa uniformidade de distribuição, quando seusa pulverizadores costais, é muito difícil de ser alcançada,principalmente, pela dificuldade de se manter a uniformida-de de velocidade de caminhamento e altura de barra porparte do aplicador, enquanto que a uniformidade de pres-são é facilmente alcançada através do uso de válvula regu-ladora de pressão. Para melhorar a eficácia desse equipa-mento é necessário investir em treinamento da mão-de-obra.

Pressão de Trabalho

A pressão de trabalho pode ser expressa em diversasunidades (1 bar =100 kPa = 15 psi = 14,22 lb pol-2),sendo a unidade internacionalmente aceita a kPa. Embora,as pressões expressas em lb pol-2 e bar são mais usadas noBrasil, a nível de produtores.

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Figura 12. Baixa uniformidade de distribuição devido ao usode pontas de pulverização com padrão de deposição contí-nuo na da barra, com sobreposição(A); baixa uniformidadede distribuição em função da falta de sobreposição (B); uni-formidade de distribuição adequada (C).

A pressão de trabalho usada na aplicação de herbicidaspor meio de pulverização deve ser em função da recomen-dação do fabricante da ponta de pulverização utilizada, quenormalmente, é 200 a 400 kPa , embora algumas pontaspossam trabalhar à pressões menores ou maiores. O aumen-to da pressão de trabalho resulta no aumento da vazão.Entretanto, esse não é um bom artifício para aumentar ovolume de calda aplicado, pois para dobrar a vazão de uma

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ponta de pulverização é necessário quadruplicar a pressão,o que significa reduzir muito o tamanho das gotas, tornan-do-as mais propensas à deriva e evaporação.

Infelizmente, têm se observado que a pressão utiliza-da, na maioria das vezes, excede à necessária, causandoperdas por deriva e evaporação e danos ao meio ambiente eà saúde do homem. É comum encontrar pulverizadores semsistemas de reguladores e medidores de pressão, outras ve-zes o pulverizador tem o manômetro, mas, ele não funcio-na.

A pressão de pulverização deve ser a especificada nocatálogo do fabricante da ponta de pulverização, exceto sehouver alguma indicação complementar por trabalho depesquisa.

Volume de Calda

O volume de calda ou volume de aplicação dependede vários fatores interligados, como a cobertura desejada,tipo de produto a ser aplicado, tipo de alvo, tamanho degotas e equipamento utilizado para aplicação. A tendênciaatual é a utilização de menor volume de calda, devido aoalto custo do transporte de água ao campo e a perda dotempo representada pelas constantes paradas para reabas-tecimento do pulverizador, principalmente, em áreas mon-tanhosas e quando se utiliza pulverizadores cujos tanquespossuem baixa capacidade de armazenamento. Também, omenor volume de calda é importante quando a água não éde boa qualidade (presença de sais minerais). Nesse caso,quanto maior o volume de calda, maior será a quantidadede sais minerais e, conseqüentemente, maior será a interfe-rência negativa na qualidade da aplicação.

Para herbicidas sistêmicos aplicados em pós-emer-gência e herbicidas aplicados em pré-emergência, que nãonecessitam de grande cobertura, o uso de pontas de pulve-rização de baixa vazão associada grandes ângulos de aber-

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tura do jato, que produzem gotas grossas, é uma alternati-va para a redução do volume aplicado, reduzindo perdaspor deriva e aumentando o rendimento, através da reduçãodo número de reabastecimentos e do aumento da faixa apli-cada.

Furlanetti et al. (2001), avaliando combinações depontas de pulverização em barra de aplicação dirigida parao herbicida glyphosate, verificaram que arranjos que pro-porcionaram volumes de calda reduzidos, inferiores a 100 Lha-1, destacaram-se como mais eficientes. Outros trabalhoscom volumes de calda menores têm proporcionado maioreficácia do glyphosate no controle de plantas daninhas(Carlson & Burnside, 1984; Mcwhorter & Hanks, 1993). Lima& Machado Neto (2001) verificaram que o herbicidafluazifop-p-butil foi igualmente eficiente no controle degramíneas anuais na cultura da soja quando aplicado nosvolumes de calda de 100 e 200 L ha-1

Na aplicação da mistura de ametryn + sulfentrazoneem pré-emergência na cultura da cana de açúcar com diver-sas pontas de pulverização, em diferentes pressões eespaçamento entre bicos, não foi verificada nenhuma dife-rença na eficiência da aplicação com volumes de calda en-tre 65 e 300 L ha-1 (Tabela 4).

Já para os herbicidas de contato, aplicados em pós-emergência, que necessitam de maior cobertura, o volumede calda tende a ser maior. É recomendado usar pontas queproduzem gotas médias, mais propensas à deriva, ou fazeruso de gotas maiores, com adição de surfatantes à calda,melhorando o espalhamento. Lembrando, que para aplica-ção de herbicidas não é recomendado usar gotas finas nemmuito finas.

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Souza & Dorneles (1995), avaliando os volumes decalda de 75, 150 e 250 L ha-1 na aplicação de misturas debentazon com os herbicidas acifluorfen, lactofen, fomesafen,imazethapyr, chlorimuron-ethyl, imazaquin e, também, damistura chlorimuron-ethyl + acifluorfen, aplicados em pós-emergência na cultura da soja, constataram que não houveefeito do volume de calda no controle do leiteiro (Euphorbiaheterophylla) e de guanxuma (Sida sp.). No entanto, me-lhores respostas foram verificadas a 75 e 150 L ha-1 para ocontrole do picão-preto (Bidens pilosa).

A quantidade de herbicida a ser colocada no tanquedo pulverizador deverá ser em função da dose recomendadapelo técnico que prescreveu a receita e do volume de caldaaplicado, que é definido através da calibração do pulveriza-dor.

Tabela 4. Volume de calda e nível de controle de plantasdaninhas em aplicação de ametryn + sulfentrazone em pré-emergência na cultura da cana-de-açúcar utilizando pontasde pulverização em diferentes condições operacionais (Da-dos do autor)

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Condições Ambientais na Aplicação de Defensivos Agrí-colas

Muitos são os fatores que podem contribuir para osucesso ou fracasso na aplicação dos herbicidas. Dentreesses fatores, a observação das condições climáticas é fun-damental para a decisão de iniciar ou paralisar uma pulveri-zação.

A ocorrência de chuva após a aplicação pode com-prometer a eficácia de alguns herbicidas. O intervalo neces-sário entre a aplicação e ocorrência de chuvas, varia de umproduto para outro, podendo, inclusive, variar de uma for-mulação para outra para um mesmo ingrediente ativo. As-sim, antes de iniciar uma aplicação, deve-se verificar nabula do produto se há alguma recomendação com referên-cia à ocorrência de chuvas.

O vento é o fator meteorológico mais importante naaplicação de herbicidas. O aumento da velocidade do ventoaumenta a deriva, portanto as pulverizações devem ser, pre-ferencialmente, realizadas em horários com menos vento,geralmente no início da manhã e final da tarde. A condiçãomais segura para pulverização é com o vento de 3,2 a 6,5km/h, que corresponde a uma brisa leve, capaz de movi-mentar apenas levemente as folhas. A direção do ventodeve ser considerada mesmo se a velocidade estiver dentrodo aceitável, de modo a evitar danos causados às culturasvizinhas, ao meio ambiente e ao operador.

A temperatura e umidade do ar, também, influenci-am a eficácia das pulverizações. Em condições de tempera-turas acima de 25 oC, com baixa umidade relativa, as go-tas pequenas são propensas à deriva, devido ao efeito davolatilização. Nestas circunstâncias, deve-se aumentar otamanho da gota ou suspender a aplicação, para evitar gran-des perdas por evaporação.

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Tabela 5. Tempo de “vida” e distância percorrida pela gotade água na queda, em duas condições de temperatura eumidade relativa.

Fonte: Matuo et al (2002)

A rápida evaporação da água afeta em muito a quali-dade da pulverização. O tempo de “vida” de uma gota de-pende do seu tamanho e das condições ambientais (Tabela5), conforme pode ser observado na fórmula:

onde, t = tempo de “vida” da gota (seg); d = diâmetro dagota (µm); = diferença de temperatura (oC) entre ostermômetros de bulbo seco e bulbo úmido de psicrômetro.

De modo geral, os períodos da manhã, bem cedo, nofinal da tarde e início da noite são os mais indicados para aaplicação de herbicidas, apresentando condiçõessatisfatórias de ventos, temperatura e umidade relativa doar. No entanto, não é a hora que influi na eficiência daaplicação, sim as condições ambientais.

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Avaliação dos Pulverizadores antes do Início das Opera-ções

Os pulverizadores devem ser avaliados visandoidentificar todos os componentes que não estejamatendendo aos parâmetros de operação, como pontas depulverização desgastadas, danificadas ou entupidas,mangueiras furadas, dobradas ou localizadas entre a projeçãodo jato de pulverização e o alvo, filtros obstruídos oudanificados, funcionamento do comando regulador depressão, do manômetro e outros componentes.

Referências Bibliográficas

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Avanços Tecnológicos em Equipamentos para Aplicação de Herbicidas

Ulisses R. Antuniassi1

1FCA/UNESP - Departamento de Engenharia Rural - R. José Barbosa deBarros 1780 - Fazenda Lageado - Botucatu/SP - Brasil - CEP 18610-307.

[email protected]

Introdução

Nos últimos anos, o avanço tecnológico no setor deequipamentos para aplicação de herbicidas se concentrounas áreas de eletrônica embarcada e tecnologia de aplica-ção. Os sistemas eletrônicos desenvolvidos na interface en-tre a tecnologia de aplicação e a agricultura de precisãorepresentam uma tendência tecnológica para racionaliza-ção de doses e redução global das quantidades de herbicidasaplicados. No caso da tecnologia de aplicação, grande des-taque tem sido dado às questões de redução de deriva emelhoria da eficiência na distribuição das gotas sobre osalvos.

Aplicação localizada de herbicidas

A aplicação localizada de herbicidas compreende trêsetapas: coleta de dados (mapeamento), interpretação dosmapas (sistemas para suporte a decisão) e aplicação locali-zada. No caso do controle de plantas daninhas, o sistemapode ser iniciado pelo mapeamento dos fatores ligados àsplantas daninhas, à cultura e ao solo. Nesta etapa são utili-zados coletores de dados dotados de um sistema deposicionamento global (GPS). A seguir, utilizando-se umsistema de informações geográficas (SIG) e os conceitosbásicos da geoestatística, estas informações são transfor-madas em mapas de atributos, os quais fornecem umavisualização espacial da variabilidade dos fatores que irãointerferir na decisão quanto às características do métodode controle a ser utilizado. Na segunda etapa ocorre o pla-nejamento da aplicação dos herbicidas, baseando-se na in-

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terpretação dos mapas de atributos. Nesta fase, torna-semuito importante a análise da evolução e do comportamen-to desses fatores ao longo do tempo (variabilidade tempo-ral), além do profundo conhecimento agronômico para asrecomendações de aplicação. Tal planejamento resulta nosmapas de aplicação (mapas de tratamentos), os quais serãointerpretados pelos controladores eletrônicos das máquinasde aplicação na terceira fase (aplicação localizada dosherbicidas). Durante a aplicação, o GPS fornece a posiçãodas máquinas no campo e, de acordo com os mapas deaplicação, as mesmas aplicam somente a quantidade ne-cessária dos produtos de acordo com os locais planejados.

Conceitualmente, duas metodologias podem ser uti-lizadas para a determinação do posicionamento dos alvos.A primeira opção considera a detecção do alvo e controleda aplicação em um sistema “on-line”, onde o equipamentose desloca sobre o campo de aplicação, os alvos vão sendoidentificados através de sensores e a aplicação é realizadasomente sobre as áreas desejadas, em uma única operação.A outra opção compreende a coleta de informações para aelaboração de mapas georeferenciados dos alvos, os quaissão processados com o auxílio de sistemas de suporte adecisão, gerando os mapas de tratamento. Na seqüência,tais mapas são utilizados pelo sistema de controle do equi-pamento aplicador para comandar a distribuição localizadados herbicidas.

A detecção instantânea (“on-line”) das plantas é umdos conceitos propostos para a aplicação localizada dosherbicidas. Duas são as possibilidades para a detecção dasplantas. A primeira tecnologia utiliza sensores óticos queidentificam as diferenças na reflexão da luz pelas diversassuperfícies encontradas nas áreas agrícolas, como as plan-tas daninhas, a cultura, os restos vegetais, o solo, etc. Atra-vés de sistemas de controle eletrônico, a aplicação é varia-da onde esta reflexão indicar a presença de determinadosalvos. Outra opção para a detecção e identificação dos al-vos é a análise instantânea de imagens. Neste caso, ima-

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gens de uma câmera de vídeo são processadas para possibi-litar a identificação imediata de alvos, informando ao siste-ma de controle do pulverizador sobre sua presença e locali-zação. Esta tecnologia está sendo utilizada como base parao desenvolvimento de sistemas robóticos com deslocamen-to autônomo no campo para aplicação localizada dosherbicidas.

Se a opção tecnológica for o mapeamento préviodos alvos, a coleta dos dados pode ser realizada em diferen-tes fases da cultura, através do levantamento da infestaçãoe suas características, utilizando-se um coletor de dadosacoplado ao GPS. O mapa das plantas daninhas ou de ou-tros atributos é processado posteriormente para a elabora-ção dos mapas de tratamentos, os quais representam asrecomendações de controle distribuídas espacialmente nocampo. Durante a aplicação, o computador de bordo dopulverizador determina o posicionamento atual da máquina(via GPS) e identifica no mapa o tratamento recomendadopara esta posição, controlando e variando a dose ao longodo deslocamento pelo campo.

Diversas tecnologias foram desenvolvidas no que serefere à coleta dos dados sobre as plantas daninhas. O sis-tema mais comum corresponde ao uso de um palm-topacoplado ao GPS. Este conjunto permite o levantamentode informações qualitativas e quantitativas da infestaçãoatravés do caminhamento prévio nas áreas de aplicação.Apesar de adequado e preciso para pequenas áreas, o siste-ma de caminhamento autônomo pode se tornar inviável paragrandes áreas de produção. Nestes casos, a coleta de infor-mações pode ser realizada em conjunto com outras ativida-des mecanizadas, como a colheita, por exemplo. Assim,enquanto a máquina se desloca pelo campo na operação decolheita, um observador postado na máquina pode ir regis-trando os eventos relacionados ao mapeamento dainfestação. Este sistema tem grande utilidade para omapeamento das manchas de plantas daninhas que infes-tam sistematicamente a cultura. A análise e processamento

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de imagens é outra opção que pode ser usada como basede dados para a elaboração de mapas plantas daninhas.Para tanto, imagens podem ser obtidas através de proces-sos usuais de fotografia aérea, ou ainda pelo uso deaeromodelos radiocontrolados, balões ou ultraleves. A ima-gem, que pode ser convencional, infra-vermelho,multiespectral, etc, é usada como base para a análise dainfestação e elaboração dos mapas das manchas de plantasdaninhas em diferentes etapas da cultura.

Dependendo dos objetivos e do planejamento da apli-cação de herbicidas, os mapas de tratamentos podem serelaborados levando-se em conta aspectos quantitativos equalitativos da infestação. De maneira geral, a elaboraçãode um mapa de tratamentos (aplicação) baseado em mapasde plantas daninhas deve considerar inúmeros fatores. Alémdo histórico e evolução da infestação na área ao longo dotempo, fatores como variabilidade espacial do solo, cober-tura vegetal, matéria orgânica, entre outros, devem ser es-tudados criteriosamente. Ainda, o processo de tomada dedecisão na criação de um mapa de aplicação deve levar emconta os erros do sistema de posicionamento, a acurácia domapeamento dos alvos, a movimentação das manchas deplantas ao longo do tempo e as características de desempe-nho do equipamento de aplicação (tempo de resposta, ve-locidade, tamanho da barra, etc.).

Os pulverizadores usados na aplicação localizada deherbicidas são equipamentos que apresentam elevado graude sofisticação. O sistema de pulverização precisa ser con-trolado por um computador central, onde estão armazena-das as informações sobre os locais nos quais devem serrealizadas as aplicações, além das doses recomendadas (ma-pas de tratamentos). Além conter e interpretar o mapa, acentral de controle deve ser capaz de processar em temporeal (instantaneamente) os dados de posicionamento geo-gráfico recebidos do DGPS. Isto permite a definição precisada posição atual do pulverizador no campo, para que se

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possa realizar a aplicação localizada e a variação de dosesou produtos.

A aplicação localizada de defensivos pode contem-plar a variação tanto da dose de defensivo quanto do volu-me de calda aplicada. A variação da dose de maneira inde-pendente do volume aplicado (variação da concentração dacalda) é realizada através do uso de sistemas de injeção dedefensivos. O princípio básico destes sistemas está relacio-nado ao armazenamento do defensivo e do diluente emrecipientes separados, realizando-se a mistura somente nomomento da aplicação, através da injeção do defensivo natubulação que leva a calda aos bicos. Nestes equipamen-tos, a definição da quantidade de defensivo injetado podeser realizada, entre outras maneiras, através do controle darotação das bombas de injeção. A intensidade do fluxo deinjeção leva em consideração fatores como velocidade dedeslocamento, largura das barras ativas, volume de caldaaplicada, dose desejada, etc. Esta tecnologia permite varia-ções na dose (litros ou kg/ha) mantendo-se constante ovolume total da aplicação. Cabe ressaltar que o uso de sis-temas de injeção apresenta outras vantagens, principalmenteno que se refere à segurança ambiental. A inexistência damistura no tanque reduz consideravelmente os riscos decontaminação do operador e do próprio ambiente, pois asoperações de preparo da calda, lavagem e descontaminaçãodo tanque são simplificadas ou eliminadas. De maneira ge-ral, as características técnicas dos equipamentos de injeçãopossibilitam grande versatilidade de uso para agricultura deprecisão e serviços de terceirização de aplicação. Assim, aaplicação pode ser planejada para a utilização de dois oumais tipos de herbicida ao mesmo tempo, quando o pulveri-zador possui mais de uma linha de injeção. Outra caracterís-tica importante é a rapidez e a segurança na troca do pro-duto que está sendo aplicado, facilitando a logística daaplicação e do deslocamento da máquina no campo.

A opção de variação da quantidade de defensivo apli-cado, através da variação de volume total de calda (man-

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tendo-se a concentração constante), dispensa o uso dossistemas de injeção. Para se garantir certo padrão de quali-dade da aplicação (tamanho das gotas), a simples variaçãoda pressão em bicos hidráulicos pode resultar numa flexibi-lidade de no máximo 20% do volume aplicado. Assim, tor-na-se indispensável a utilização de outros recursos para per-mitir a variação do volume total aplicado, como, por exem-plo, o uso de múltiplos bicos ou barras de pulverização.Nestes sistemas, na medida em que o pulverizador vai sedeslocando no campo, a variação do volume aplicado érealizada pela utilização isolada ou em conjunto de bicoscom diferentes vazões, o que possibilita a variação do volu-me total aplicado.

Tecnologia de aplicação

O avanço no desenvolvimento da tecnologia de apli-cação vem permitindo, atualmente, o uso de aplicações comvolumes cada vez menores, sem que haja prejuízo ao de-sempenho do controle das plantas daninhas. As diversasfamílias de pontas hidráulicas oferecem opções variadasdentro das classes de tamanho de gotas, desde aquelasdirecionadas ao controle do risco de deriva (indução de ar epré-orifício) até aos modelos cujo objetivo é maximizar acobertura dos alvos (jato plano duplo ou cone). Ainda, osacessórios que permitem a aplicação simultânea com maisde uma ponta em cada posição na barra (tipo Twin Cap)oferecem a flexibilidade necessária para a adequação dotamanho de gotas às necessidades de cada momento daaplicação, aliada a angulação das pontas para obtenção demelhor distribuição da calda. Os pulverizadores de barraspodem ser também equipados com sistemas eletrostáticos,assistência de ar ou mesmo atomizadores rotativos, aumen-tando ainda mais a disponibilidade de opções para a melhoradequação da técnica de aplicação com os requisitos decada tipo de trabalho.

A escolha de um sistema de aplicação deve ser pau-tada na avaliação das características de cada alvo e nos

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parâmetros de desempenho esperado de cada tecnologia.Como exemplos, a aplicação de herbicidas pós-emergentesde grande ação sistêmica (como o glifosate) pode ser reali-zada com pontas de indução de ar ou pré-orifício, buscan-do-se reduzir ao máximo o risco de deriva, enquanto osjatos planos duplos podem ser utilizados para as aplicaçõesde gotas finas no caso de produtos que necessitem de mai-or cobertura dos alvos.

A aplicação eletrostática é uma opção para aviabilização de baixos volumes, reduzindo o risco de derivade gotas mais finas e melhorando a deposição destas gotasnas folhas das plantas. No caso das barras com assistênciade ar, seu uso possibilita a aplicação de gotas finas oumuito finas em condições climáticas menos favoráveis, re-duzindo o risco de deriva. Ainda, quando a vegetação en-contra-se com grande enfolhamento, a assistência de arpode ajudar na capacidade de penetração da pulverização ena redistribuição das gotas por entre as folhas. A aplicaçãocom pulverizadores de barras em baixo volume também foibeneficiada com o desenvolvimento dos atomizadoresrotativos para equipamentos terrestres, os quais proporcio-nam espectro de gotas com menor variação do que os bicoshidráulicos convencionais, melhorando ainda mais o desem-penho quando da utilização de volumes reduzidos.

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Capítulo 13

Manejo de Plantas Daninhas em SistemasAgroecológicos

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Pontos de Vista da Extensão Rural sobre o Manejode Plantas Daninhas em Sistemas Agroecológicos

Fernando Cassimiro Tinoco França ¹¹Emater MG – Av. Raja Gabáglia 1626 Luxemburgo – 6º andar –

30350-540, Belo Horizonte, MG.

Introdução

Agroecologia é uma ciência que fornece os princípi-os ecológicos básicos para estudar, desenhar e manejaragroecossistemas produtivos, que conservem os recursosnaturais, que sejam culturalmente apropriados, socialmentejustos e economicamente viáveis”.

Para sintetizar, podemos dizer que a Agroecologia é umenfoque científico que oferece os princípios e asmetodologias para apoiar a transição do atual modelo dedesenvolvimento rural e de agriculturas convencionais, paraestilos de desenvolvimento rural e de agricultura sustentá-veis, buscando, num horizonte temporal, a construção denovos saberes socioambientais que alimentem um processode transição agroecológica.

Esta transição da agricultura convencional para agri-culturas sustentáveis ocorre mediante um processo gradualde mudanças, nas formas de manejo dos agroecossistemas,num processo que será contínuo e multilinear, no qual vãosendo apropriados e incorporados novos princípios, méto-dos, práticas e tecnologias, que levem à construção de agri-culturas de base ecológica e ao redesenho dosagroecossistemas, para assegurar patamares mais adequa-dos de sustentabi1idade em todas as suas dimensões. Nãoobstante, na prática cotidiana podemos encontrar situaçõesmuito diferenciadas, inclusive em relação a especificidadesétnicas, sociais, de gênero, de raça, econômicas, etc., pre-sentes em uma certa realidade, o que pode levar à necessi-dade de relativizar certos caminhos e adotar rumos maisapropriados para esta situação real, sem perder de vista que

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o caminho deve levar à construção de agriculturas susten-táveis.

Práticas agroecológicas

A Agroecologia concretiza um esforço de constru-ção de modelos de agriculturas e de sociedade onde nãohaja custos socioculturais, ambientais e econômicos ocul-tos. Dessa forma, a Agroecologia se constitui numa realida-de concreta de construção de um novo conhecimento queparte da integração entre a biodiversidade ecológica e asociedade sociocultural local, dos saberes dos agricultorese dos técnicos envolvidos no processo de desenvolvimen-to. Compreendida dessa forma, a Agroecologia supera oconceito de extensão na medida em que as ações dos téc-nicos se dá pelo diálogo, respeito a cultura e a visão demundo dos agricultores.

Portanto, visando o manejo de plantas daninhas, aAgroecologia tem o propósito de buscar alternativas sus-tentáveis e ecologicamente corretas para as mais diversasculturas visando manter a biodiversidade, a redução e, atémesmo a eliminação do uso de agrotóxicos. Como práticasalternativas sustentáveis no controle de plantas daninhaspodemos citar:

Consórcio cultura x plantas daninhas com manejo mecâni-co (roçadeiras - manual e tratorizada); uso de leguminosas eseus efeitos alelopáticos; uso de herbicidas de forma locali-zada em culturas perenes e, com o tempo há a formação decobertura morta, que poderá eliminar o uso dessesherbicidas; utilização de cobertura morta, proveniente davegetação local e/ou introdução de palhadas; uso desecantes naturais.

Utilizando-se as plantas existentes na localidade e/ou introduzindo novas espécies, à exemplo das leguminosas,consequentemente, teremos a curto e médio prazo, umaboa produção de biomassa (palhadas), proporcionado uma

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melhor proteção do solo à incidência dos raios solares, au-mentando a umidade do solo e o abastecimento do lençolfreático, diminuição da perda de solo pela ação das chuvase, oferta de uma boa adubação química e orgânica, dimi-nuindo assim os custos de produção. A formação de palhadatambém traz um aumento de pH e da CTC – efetiva. Dimi-nui o Al tóxico, devido à adsorção do H+ (mineralização daM.O.) e aumenta a vida microbiana, equilibrando os fungose as bactérias benéficas do solo. Além do mais, a produçãode palhada trará uma maior eficiência no uso dos fertilizan-tes, pôr termos uma maior formação de raízes no sistema euma melhor absorção dos macro e micro nutrientes. O solopassa assim a ter uma textura mais leve, se tornando menosdenso.

Especial atenção deve ser dada às leguminosas, quejunto com a vegetação nativa, irá promover o fornecimentodo Nitrogênio, além de outros nutrientes, através da fixa-ção biológica, melhorando o aspecto físico e químico osolo.

Em resumo, podemos concluir que, nos sistemas deprodução Agroecológicos, um bom manejo do mato e damatéria orgânica, irão proporcionar:

• Regeneração e preservação do solo;

• Menor utilização de herbicidas e até mesmo a sua elimi-nação;

• Formação contínua de camadas de Matéria Orgânica;

• Aumento da vida microbiana (principalmente bactériase fungos) do solo;

• Melhoria da fertilidade do solo e nutrição das plantas,devido à maior absorção dos macro e micronutientes;

• Aumento da produção de massa seca;

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• Controle do pH na rizosfera;

• Melhoria da eficiência da calagem superficial (a M.O.proporciona maior mobilidade de calcário - Ca e Mg -até a profundidade de 60 cm);

• Maior benefício químico (diminuição da pH, da CTC-efetiva e do Al);

• Maior eficiência dos fertilizantes químicos, principalmentepela maior formação de raízes superficiais;

• Diminuição das perdas de solo por lixiviação e erosão;

• Redução da evaporação da umidade do solo pela forma-ção da biomassa;

• Melhoria do sistema de defesa da planta;

• Diminuição do custo de produção

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Alternativas de Controle de Plantas Daninhas emGrandes Culturas

Alexandre Magno Brighenti1; Gustavo Martins Stroppa2

1Pesquisador Embrapa Gado de Leite, Rua Eugênio do Nascimento, nº 610,Bairro Dom Bosco, Juiz de Fora, MG. [email protected]

2Estagiário Embrapa Gado de Leite / Graduando do Curso de CiênciasBiológicas do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora- Campus Estrela

Sul: Av. Luz Interior nº 345, Bairro Estrela Sul, Juiz de Fora, MG.

As práticas intensivas de manejo empregadas na agri-cultura convencional têm levado, de modo geral, a obten-ção de altas produtividades. Porém, alguns qüestionamentostêm sido levantados, principalmente no que diz respeito apreservação ambiental e a produção de alimentos saudáveis(Kathounian, 2001; Garcia, 2003). Nesse contexto,tecnologias alternativas de manejo dos agroecossistemassão bem aceitas a fim de garantir a sustentabilidade dossistemas de produção de alimentos, tendo como conseqü-ência a redução dos custos de produção e do impactoambiental da cadeia produtiva.

Um dos maiores desafios na produção de alimentos éo manejo de espécies daninhas, sendo a prática mais co-mum de eliminação dessas espécies o emprego do controlequímico por meio da aplicação de herbicidas. Contudo, vá-rios aspectos devem ser levados em consideração tais comoo impacto desses produtos ao meio ambiente, o efeito de-les sobre a saúde humana, em função dos prováveis resídu-os nos alimentos, a segurança do aplicador, a contamina-ção do solo e da água. Esse fato incita a pesquisa em de-senvolver novos estudos que venham contribuir na mitigaçãoou, até mesmo, na eliminação dos efeitos nocivos do con-trole químico.

O uso da cobertura do solo com o intuito de reduzir adensidade de plantas daninhas é conhecido desde os impé-rios chinês e romano. Eram utilizadas pedras, galhos de ár-vores e de arbustos e folhas como cobertura dos solos no

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intuito de evitar a emergência e o estabelecimento das po-pulações de plantas daninhas. O controle manual e o mecâ-nico de plantas daninhas foram utilizados no passado epermanecem até os dias atuais, porém quando grandes áre-as são cultivadas, são pouco eficazes e de baixo rendimen-to. Os estudos voltados à alelopatia e ao controle biológicode plantas daninhas também merecem destaque, porém sãomuito específicos para determinadas espécies infestantes eainda incipientes no que tange a sua praticabilidade emgrande escala. O uso de coberturas mortas no sistema desemeadura direta também promovem resultados satisfatórios,pois reduz de forma substancial a infestação de plantasdaninhas, principalmente as espécies anuais (VIDAL et al.,1998).

Outra prática que vem ganhando espaço é o controlecultural de espécies daninhas, ou seja, dar condições paraque a própria planta cultivada exerça supressão da comuni-dade de espécies daninhas e sobressaia na competição. Nacultura do milho e do girassol, por exemplo, os espaçamentosentrelinhas dessas culturas mais empregados variam de 0,70a 1,0 m. Porém, espaçamentos menores como 0,45 - 0,50m têm sido empregados. Nessa condição, há um fechamen-to mais rápido das entrelinhas, sombreando o solo e dificul-tando a germinação e o estabelecimento das espécies dani-nhas. Também a opção por cultivares mais bem adaptadas,de maior arranque inicial de crescimento, maior produçãode fitomassa, maior índice de área folhear, maior porte emelhor arquitetura da parte aérea possibilita o melhor esta-belecimento da plantas cultivadas em detrimento ao da po-pulação de espécies daninhas, garantindo uma melhorcompetitividade.

A integração lavoura-pecuária-floresta também é umaferramenta potencial na redução da população de espéciesdaninhas. Áreas de lavouras onde se introduzem espéciesforrageiras e além delas o componente arbóreo há uma re-dução significativa da população de espécies daninhas.

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Estudos recentes foram desenvolvidos pela EmbrapaSoja a fim de avaliar alternativas de manejo de plantas da-ninhas na cultura da soja. O controle mecânico dessas es-pécies foi avaliado no sistema de semeadura direta da sojaem Londrina, PR, utilizando um equipamento denominadoroçadeira articulada (Figura 1).

Figura 1. Roçadeira articulada eliminando as plantas dani-nhas nas entrelinhas da cultura da soja.

Esse implemento agrícola possui seis linhas, sendo cadalinha composta por uma pequena roçadeira, com três facas,que elimina as espécies daninhas somente nas entrelinhasdas culturas (Figura 2).

As espécies daninhas de folhas largas avaliadas nesseestudo (picão-preto e amendoim-bravo), por terem o pon-tos de crescimento em locais capazes de serem eliminadospor esse implemento, foram controladas de forma eficaz,dificultando a rebrota. Contudo, as espécies de folhas es-treitas presentes, principalmente o capim-marmelada, foieliminado acima do ponto de crescimento da espécie, oque facilitou a rebrota e o estabelecimento da populução.Assim, em situações de predominância de espécies dani-nhas gramíneas (B. plantaginea e Digitaria ssp) a roçadeiraarticulada não é eficaz; por outro lado, em situações onde

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há predominância de espécies dicotiledôneas (Bidens spp.,e Euphorbia heteropylla) e, em densidades de infestaçãomédia a baixa, o equipamento realiza controle satisfatório(Brighenti et al., 2007a).

Figura 2. Componente da roçadeira articulada comacoplamento das três facas.

Outros estudos foram desenvolvidos também pelaEmbrapa Soja, no município de São Miguel do Iguaçu, PR,com o objetivo de avaliar o controle de plantas daninhas nacultura da soja por meio de descarga elétrica. O equipamen-to testado é acoplado à tomada de força do trator, gerandoeletricidade (Figura 3).

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Figura 4. Campânulas de aplicação, dispostas em uma bar-ra, acoplada perpendicularmente à parte central do trator.

Figura 3. Equipamento capaz de produzir descarga elétricaa partir da rotação da tomada de força do trator e eliminaras espécies daninhas. Barra na dianteira para dessecaçãopré-semeadura (A). Área não dessecada-testemunha (esquer-da) e área dessecada (direita) (B).

A descarga elétrica, ao atingir as espécies daninhas,provoca alteração na fisiologia das plantas de formairreversível, as quais murcham e morrem em pouco tempo.O equipamento também possui campânulas de aplicação,dispostas em uma barra, acoplada perpendicularmente àparte central do trator, de forma a facilitar o balizamentopelo operador (Figura 4).

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O controle das plantas daninhas é realizado apenasnas entrelinhas das culturas (Figura 5).

Figura 5. Linha central não aplicada (infestação de picão-preto) e laterais direita e esquerda aplicadas.

Nesses estudos fixou-se as voltagens do equipamentoem 4400 e 6800 voltz, variando apenas a rotação do motordo trator. O emprego de descarga elétrica foi eficiente nocontrole das plantas espontâneas da cultura da soja. A ro-tação 2200 rpm proporcionou o melhor controle (Figura 6)e, conseqüentemente, a maior produtividade da cultura (Ta-bela 1) (Brighenti et al., 2007b).

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Tabela 1. Percentagem de controle de plantas daninhas a 1(um) e 20 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT),fitomassa seca de plantas daninhas (g/0,25 m2) e produtivi-dade da cultura da soja (kg/ha), em função dos tratamen-tos.

Figura 6. Controle de plantas daninhas na cultura da sojautilizando a rotação 2200 rpp e voltagem de 6800 voltz (A)e testemunha sem capinada (B).

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A utilização de um único método de controle de plan-tas daninhas, por si só, não possibilita um manejo eficazdessas espécies. Entretanto, a busca por novas técnicas e aagregação dessas práticas, ou seja o manejo integrado deplantas daninhas, aplicado corretamente aos sistemas deprodução, resultará em manejos mais eficientes, garantin-do a preservação ambiental e a produção de alimentos maissaudáveis.

Palavras-chave: cultura da soja, controle mecânico, descargaelétrica, agroecologia

Referências

BRIGHENTI, A. M.; GAZZIERO, D. L. P.; VOLL, E.; ADE-GAS, F. S. Controle de plantas daninhas em soja orgânicacom uso da roçadeira articulada. In: REUNIÃO DE PESQUI-SA DE SOJA DA REGIÃO CENTRAL DO BRASIL, 29., 2007,Campo Grande. Resumos... Londrina: Embrapa Soja p. 202-204. (Embrapa Soja. Documentos, 287)

BRIGHENTI, A. M.; SOUZA SOBRINHO, F.; MARTINS, C.E.; ROCHA, W. S. D.; GAZZIERO, D. L. P.; VOLL, E. Manejode plantas espontâneas em cultivos orgânicos de soja pormeio de descarga elétrica. In: CONGRESSO BRASILEIRODE AGROECOLOGIA, 5., 2007, Guarapari. Agroecologia eterritórios sustentáveis. [S.l.]: Aba Agroecologia, 2007. CDROM

GARCIA, A. Cenário da soja orgânica no Brasil. In: CORRÊA-FERREIRA, B. S. Soja Orgânica: Alternativas para o manejode insetos-pragas. Londrina: Embrapa Soja, 2003. 83 p.

KATHOUNIAN, C. A. A reconstrução ecológica da agricul-tura. Botucatu: Agroecológica, 2001. 348 p.

VIDAL, R. A.; THEISEN, G.; FLECK, N. G.; BAUMAN, T. T.Palha no sistema de semeadura direta reduz a infestaçãode gramíneas anuais e aumenta a produtividade da soja.Ciência Rural, Santa Maria, v. 28, n. 3, p. 373-377. 1998.

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Manejo de Malezas y Registro de Herbicidas para laProducción de Hortalizas en Florida, Estados Unidos

Bielinski M. Santos, Ph.D.Gulf Coast Research and Education Center, University of Florida, 14625

CR 672, Wimauma, Florida 33598, [email protected]; http://gcrec.ifas.ufl.edu/SantosHortProgram/index.htm.

Control de Malezas para la Producción de Hortalizas

En Florida, EE.UU., se siembran anualmente alrededorde 60 mil ha de tomate (Lycopersicon esculentum), pimiento(Capsicum annuum), sandía (Citrullus lanatus), pepino(Cucumis sativus), calabazas y calabacines (Cucurbita pepo),melones (Cucumis melo) y fresas (Fragaria x ananassa). Estoscultivos representan más de US$1000 millones en ventasbrutas. Estas especies de hortalizas son sembradasmayormente bajo tres sistemas de producción: a) siembrasen camellones o camas de siembra abiertas, b) camas concoberturas plásticas (“mulch”), y c) siembras en invernaderosy túneles. En los tres casos, malezas gramíneas, ciperáceasy hojas anchas compiten por recursos esenciales decrecimiento (agua, nutrientes, luz y espacio) pudiendo causarpérdidas severas de rendimiento. Sin embargo, la naturalezade la competencia de las malezas en los tres sistemas deproducción es diferente debido a los cambios ambientales,edáficos y ecológicos que originados en cada sistema deproducción.

En la producción con camas desnudas, donde no seutilizan coberturas plásticas en más de 10 mil ha, el usointegrado de métodos de control de malezas juega un papelesencial en el manejo de las mismas durante la temporadade siembra. Por ejemplo, en la producción de sandías seacostumbra a preparar el suelo de manera que no se remuevan

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los bancos de semillas de malezas que se encuentran a másde 20 cm de profundidad para evitar aumentos en laspoblaciones de malezas. A seguidas, se aplican herbicidaspreemergentes que proveen control efectivo de la mayoríade las especies problemáticas, y finalmente durante latemporada se puede recurrir a dar un paso de cultivadoraconjunto con la fertilización.

Cuando se usan coberturas plásticas, el suelo seinyecta con fumigantes de suelo en forma líquida o gaseosapara inhibir la germinación de semillas y otros órganosreproductivos de malezas. Hasta hace 10 años, el bromurode metilo era el fumigante preferido para este método yproveía control efectivo de la mayoría de las malezas sinnecesidad de usar herbicidas adicionales. Sin embargo, estematerial destruye el ozono atmosférico y ha sido sustituidopor otros fumigantes como metam sodio, metam potasio, yla mezcla de 1,3-dicloropropeno y cloropicrín (1,3-D + Pic).Desgraciadamente, las alternativas al bromuro de metilo nocontrolan las malezas tan efectivamente, especialmente loscoquillos (Cyperus spp.), los cuales son las malezas másproblemáticas en cultivos con “mulch” debido a éstospueden traspasarlo. Por esta razón, se recurre a complementarlas fumigaciones con herbicidas preemergentes puedanayudar en el control de malezas. En la tabla 1, se resumenlos programas de control de malezas recomendados paraalgunos cultivos de importancia con “mulch” de altaretención en Florida.

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Tabla 1. Resumen de programas de fumigación y herbicidaspreemergentes para el control de malezas en hortalizas enFlorida.

Por otro lado, las malezas normalmente no revistenproblemas de consideración en la producción de hortalizasen invernaderos. Sin embargo, en túneles con plantassembradas en suelo, los herbicidas recomendados paracampo abierto están normalmente disponibles para losproductores.

Registro de Herbicidas para Hortalizas

En los EE.UU., el uso de pesticidas esta en parteregulado por la “Ley Federal para el Uso y Manejo deInsecticidas, Fungicidas y Rodenticidas” (FIFRA, en inglés),la cual establece los procedimientos para autorizar ymonitorear el uso de plaguicidas en todo el país. En Florida,existen cuatro procedimientos a través de los cuales seobtienen para el uso de herbicidas en vegetales:

a) Etiquetas de fabricantes: El más convencional detodos los registros son las etiquetas de herbicidas de alcancenacional, las cuales contienen las reglas para el manejo yuso del producto, incluyendo dosis, volúmenes de

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aplicación, riesgos de toxicidad, especies controladas,cultivos a aplicar y potenciales mezclas.

b) Permisos de emergencia bajo el artículo 18 deFIFRA: Estos autorizan a la Agencia de Protección Ambiental(EPA, en inglés) a otorgar permisos temporales de uso deherbicidas no registrados a estados o localidades específicasdonde se ha determinado que hay una situación deemergencia con determinada maleza. Las asociaciones deproductores son vitales para la consecución de estospermisos porque las mismas necesitan someter evidenciade que el uso de un herbicida determinado no causaría dañosexcesivos a los productores y de que el uso del mismo nosería una amenaza para el ambiente o la población. Esteproceso puede tomar alrededor de 6 meses ya que la peticióntiene que estar suficientemente documentada con estudiosde tolerancia de cultivos, consideraciones de salud ambientaly humana, impacto económico y control de las malezasproblema.

c) Permisos para necesidades locales bajo el artículo24c de FIFRA: Estos autorizan a la EPA a expandir el uso dela etiqueta de ciertos herbicidas registrados para usosadicionales en ciertas localidades específicas. En este caso,se debe demostrar que el herbicida solicitado llenara unanecesidad local, pero no requieren todos los estudiospresentados en el caso anterior, ya que el producto estáregistrado para usos similares.

d) Registros a través de Terceras Partes (TPR, eninglés): Estos registros se deben a que frecuentemente unfabricante no desea asumir la obligación legal de registrarun producto para un área de siembra pequeña y sólo permitenel uso del producto bajo el entendido que el productor se

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hace responsable del manejo del mismo. El primer paso eneste proceso es normalmente la identificación del usopotencial del herbicida a través de los investigadores yextensionistas, quienes prueban el producto y verifican suefectividad contra la maleza problema. Cuando se tienesuficiente evidencia de eficacia, entonces se procede aestudiar la tolerancia residuos, seguido por la confecciónde la etiqueta de TPR del producto. Este método se haconvertido en una salida rápida para obtener permisos parausos de herbicidas en cultivos específicos, que de otra manerafueran extremadamente caros y poco rentables de registrarpor los fabricantes.

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Capítulo 14

Manejo de Plantas Daninhas em PovoamentosFlorestais

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Sistemas Agroflorestais - Manejo dePlantas Daninhas

Sílvio Nolasco de Oliveira Neto1; Leonardo David Tuffi Santos1*;

Lino Roberto Ferreira2; Francisco Affonso Ferreira2

1Universidade Federal de Viçosa – Departamento de Engenharia Florestal,

Av. P.H. Rolfs, s/n. Viçosa, MG, CEP: 36570-000, [email protected] Federal de Viçosa – Departamento de Fitotecnia

(*Bolsista recém doutor), Av.P.H. Rolfs, s/n. Viçosa, MG,

CEP: 36570-000, [email protected], [email protected], [email protected]

Introdução

Os sistemas agroflorestais são tecnologias de produ-ção que buscam o uso mais eficiente dos recursos naturais,visando o aproveitamento das interações ecológicas e eco-nômicas resultantes da combinação de árvores, ou arbus-tos, com culturas agrícolas, e, ou, pastagens e animais. Nasúltimas décadas, estes sistemas têm despertado o interessede técnicos e produtores rurais, tanto pelas interações eco-lógicas positivas possíveis de se alcançar, bem como pelapossibilidade de diversificar a produção no meio rural. De-pendendo dos objetivos do modelo de produção desejado,a diversificação através dos sistemas agroflorestais podegerar diferentes composições estruturais, permitindo queos sistemas sejam classificados em sistemas agrissilvicultural(culturas agrícolas e árvores), silvipastoril (pastagem/animale árvores) ou agrissilvipastoril (culturas agrícolas, pastagem/animal e árvores).

Estas diferentes composições, aliadas aos diferentesarranjos temporais e às diferentes espécies que podem com-por cada um dos componentes dos sistemas agroflorestais,tornam estes sistemas, na maioria das vezes, diferenciadosum dos outros e mais complexos que as monoculturas. Esta

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condição pode, em determinados casos, dificultar o manejodos mesmos e justifica a constante necessidade de se bus-car informações que permitam melhor conhecer as variadasinterações resultantes das composições dos sistemasagroflorestais de modo a auxiliar o planejamento, o manejo(Rao et al., 1998; García-Barrios & Ong, 2004) e a difusãode tecnologias agroflorestais (Montoya, 2004).

Além da busca de informações para compreensão dasinúmeras interações conseqüentes da diversidade dos siste-mas agroflorestais, também devem ser conduzidos estudosno sentido de se conhecer possíveis pragas e doenças(Schroth et al., 2000; Silva et al., 2006), bem como a inter-ferência de plantas daninhas (Sousa et al., 2003; Silva Netoet al., 2004; Reis & Magalhães, 2006), que podem compro-meter a implantação e a produção dos mesmos.

Neste sentido, propõe-se apresentar uma abordagemsobre as práticas de manejo de plantas daninhas em siste-mas agroflorestais, visando colaborar com aqueles que bus-cam informações para o seu manejo, bem como para defini-ção de temas a serem incluídos e fortalecidos em futuraspesquisas.

O conhecimento atual

A exemplo das monoculturas agrícolas e florestais,os sistemas agroflorestais podem apresentar limitações, prin-cipalmente na fase de implantação, decorrentes da interfe-rência das plantas daninhas, mesmo diante a menor dispo-nibilidade de espaço disponível para seu estabelecimentoem relação às monoculturas (Sousa et al., 2003). Esta me-nor disponibilidade de espaço para desenvolvimento de plan-tas daninhas tem sido, inclusive, uma estratégia de manejoutilizada nos sistemas de produção florestal, ou seja, na

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fase inicial da cultura florestal é realizado o plantio de cul-turas agrícolas, compondo um sistema agroflorestal que,dependendo dos objetivos da produção, poderá ser manti-do até a idade final de corte. Outra possibilidade foi anali-sada por Couto et al. (1994) que avaliaram um sistema al-ternativo de controle de plantas daninhas através de umsistema silvipastoril alternativo com eucalipto e pastoreiode bovinos e ovinos. Como parte dos resultados os autoresobservaram que, apesar da condição física superficial dosolo ser afetada em alguns tratamentos com maior cargaanimal, a presença de bovinos e ovinos foi eficaz no con-trole das plantas daninhas.

Entretanto, mesmo com a ocupação mais eficaz dosespaços nos sistemas agroflorestais o aparecimento de plan-tas daninhas pode comprometer o estabelecimento do mes-mo, bem como o crescimento de seus componentes (SilvaNeto et al., 2004).

Apesar do avanço das pesquisas relacionadas aos sis-temas agroflorestais nos últimos anos, ainda são poucasaquelas relacionadas ao manejo das plantas daninhas, sen-do a maioria conduzidas, principalmente, com o objetivo deverificar o potencial do uso de cobertura morta (Carvalho &Torres, 1994; Alley et al., 1999; Kamara et al., 2000), bemcomo do sombreamento proporcionado pelas árvores (Jamaet al. 1991; Rao et al., 1998; Staver et al., 2001; Rosário etal., 2004). Estas estratégias de manejo das plantas dani-nhas, de um modo geral, estão associadas à busca de siste-mas agroflorestais propostos para desenvolvimento de sis-temas de produção alternativos àqueles com uso de insumosindustrializados, muitas vezes associados à agricultura desubsistência e à produção orgânica.

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Todavia, nos últimos anos tem crescido o interessede produtores rurais pelos sistemas agroflorestais maneja-dos para uma produção mais intensiva, principalmente demadeira, diante o aumento dos programas de fomento flo-restal estabelecidos pelas empresas do setor florestal (Pas-sos, 1996; Bernardes et al. 2004), bem como por órgãosgovernamentais. Estes sistemas permitem a obtenção doproduto florestal, mantendo-se atividades agrícolas no iní-cio do desenvolvimento do plantio florestal e, ou, a ativida-de pastoril até a exploração da cultura florestal, respeitan-do-se, assim, princípios básicos de manejo sustentável. Aoapresentarem uma revisão sobre estes sistemas, Reis & Ma-galhães (2006) comentam sobre a carência de informaçõescientíficas sobre a capina, entre outras atividades. Para es-tes sistemas de produção o controle químico das plantasdaninhas, associado ou não a outros métodos de controle,pode ser a forma mais adequada, diante a maior eficiência,menor custo/área e rapidez.

Porém, mesmo diante a disponibilidade de tecnologiade aplicação de herbicidas, são escassas as informaçõessobre o controle químico de plantas daninhas em sistemasagroflorestais. Além da demanda de informações a este res-peito, destaca-se, também, a necessidade de regularizaçãode registros de uso de herbicidas em sistemas agroflorestaisjunto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimen-to - MAPA; adequando-os às conformidades do uso deherbicidas de acordo com a classe toxicológica, ou seja,rever questões referentes aos registros de uso agrícola eflorestal, considerando inclusive as exigências dos progra-mas de certificações florestais.

Juntamente com estas providências, para que o ma-nejo de plantas daninhas em sistemas agroflorestais seja

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mais eficiente sugere-se a realização de novas pesquisas,conforme temas apresentados a seguir.

Temas a serem incluídos ou fortalecidos em futuras pesqui-sas sobre o manejo de plantas daninhas em sistemasagroflorestais

√ Efeito de herbicidas agrícolas e florestais: Avaliação doefeito dos herbicidas agrícolas sobre o componente flores-tal, bem como dos herbicidas florestais sobre as culturasagrícolas e, ou, pastagens. Os herbicidas utilizados nos plan-tios de eucalipto são pouco móveis no solo, entretanto al-guns produtos utilizados no setor agrícola e, principalmen-te, em pastagens, apresentam mobilidade. Deste modo, acompreensão destas possíveis interações pode ser útil, porexemplo, na definição da distância das linhas de plantioflorestal com as culturas agrícolas e, ou, pastagens, e demétodos alternativos ao uso de herbicidas.

√ Composição de métodos de manejo: Dependendo da com-posição estrutural, dos arranjos espaciais e temporais dosistema agroflorestal, bem como do estágio de desenvolvi-mento do componente agrícola, florestal e, ou, pastagem,os métodos de manejo tradicionais dos sistemas emmonocultura devem ser revistos e, ou, adaptados. Alémdestas informações, devem-se considerar, também, aquelasreferentes às condições topográficas, de disponibilidade demão-de-obra, tamanho da área de plantio e condições desolo.

√ Revisão dos conceitos do Período Anterior à Interferência- PAI, do Período Total de Prevenção à Interferência – PTPIe do Período Anterior ao Dano no Rendimento Econômico– PADRE: Estas informações ainda são escassas, senãoinexistentes, para sistemas agroflorestais, onde as interações

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se tornam mais complexas diante o maior número de com-ponentes e espécies do sistema. A este respeito, por exem-plo, pode ser necessário definir a condição a ser ocupadapelas gramíneas, como aquelas do gênero Brachiaria ePanicum, comumente consideradas daninhas em plantiosflorestais, ou seja, em qual situação são competidoras oucomponentes de um sistema agrissilvipastoril.

√ Efeito da morfologia da parte aérea e do sistema radiculardo componente arbóreo, das práticas silviculturais (desramae desbaste) e do espaçamento de plantio florestal: As varia-ções da arquitetura da parte aérea e do sistema radiculardas espécies florestais são bem pronunciadas. Em relação àparte aérea, a forma, o tamanho e a densidade das copaspodem influenciar a quantidade e a qualidade da luz, e atemperatura do solo, durante o período de desenvolvimen-to do sistema agroflorestal, influenciando a germinação e odesenvolvimento de plantas daninhas. Em relação ao siste-ma radicular, cujas informações são relativamente escas-sas, o conhecimento da arquitetura poderia auxiliar nas ques-tões de possíveis efeitos residuais da aplicação de herbicidas,bem como de danos causados pelo controle mecânico. Es-tas informações podem auxiliar no planejamento dos arran-jos espaciais dos componentes dos sistemas agroflorestais,assim como o manejo das plantas daninhas. O espaçamentode plantio do componente florestal e a realização de desramase desbastes também podem alterar a quantidade e a quali-dade da luz e a temperatura do solo. Além disto, podeminterferir na mecanização das operações de manejo das plan-tas daninhas.

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√ Extensão do uso de herbicidas para outras espécies flo-restais comerciais: Atualmente, existe registro de uso deherbicidas para as espécies florestais do gênero Eucalyptus,Pinus e Hevea (seringueira), comumente utilizadas tambémem sistemas agroflorestais. Entretanto, outras espécies flo-restais de interesse comercial que têm sido utilizadas emsistemas agroflorestais, tais como Acacia mearnsii (acácianegra), Tectona grandis (teca), Mimosa scabrella (bracatinga),Bactris gasipaes (pupunha), Grevillea robusta (grevílea),Toona ciliata (cedro australiano) e Schizolobium amazonicum(paricá) não possuem registros de uso no MAPA, que deve-riam ser providenciados.

Palavras-Chaves: sistema agrossilvipastoril, matocompetição,herbicidas.

Literatura Citada

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Efeito do Glyphosate na Severidade da Ferrugem(Puccinia psidii) do Eucalipto

Leonardo David Tuffi Santos1; Franscisco Affonso Ferreira; Acelino

Couto Alfenas; Rodrigo Neves Graça1Universidade Federal de Viçosa, Campus Universitário, Viçosa – MG.

CEP: 36570-000.

O setor florestal vem procurando aperfeiçoar as prá-ticas de aplicação de herbicidas, como forma de reduzirdespesas e diminuir os impactos negativos advindos do con-tato indesejado de produtos não seletivos para o eucalipto.Na eucaliptocultura o uso do glyphosate tem sido relacio-nado não só aos efeitos diretos sobre as plantas, comotambém ao aumento da severidade de doenças, a distúrbi-os nutricionais das plantas e a efeitos negativos sobre amicrobiota do solo.

O glyphosate é um produto sistêmico e não seletivodevendo ser usado em aplicações dirigidas evitando-se atin-gir as plantas de eucalipto. Apesar da baixa volatilidade doglyphosate e de sua característica de produto sistêmico,que permite o uso de pontas de pulverização que produzamgotas grossas, é comum ocorrer o contato indesejado desseherbicida com a cultura. Dentre as formas de contato doglyphosate com plantas de eucalipto podem-se citar: 1- apli-cação da calda com herbicida diretamente sobre os ramos;2- contato com gotas arrastadas pelo vento (deriva); 3- con-tato com plantas daninhas recém tratadas; e 4- exsudaçãoradicular do glyphosate por plantas daninhas tratadas e sub-seqüente absorção do produto pelas raízes do eucalipto.

Atualmente, tem-se levantado à hipótese de que aderiva de glyphosate seja a responsável pelo o aumento daincidência e severidade da ferrugem do eucalipto. Essa hi-pótese é embasada por estudos que avaliam os efeitos doglyphosate em plantas, uma vez que seu mecanismo deação interfere na rota do ácido chiquímico, principal pre-cursor de substâncias envolvidas na defesa de plantas à

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patógenos, destacando-se: taninos, antocianinas, ácidosalicílico, lignina, flavonas, isoflavonas e cumarinas(Buchanan et al., 2000). Assim o herbicida pode estar favo-recendo a infecção do eucalipto por patógenos, devido àqueda das defesas da planta pelo comprometimento ou in-terrupção da síntese de lignina, fitoalexinas (Lévesque eRahe, 1992; Rizzardi et al., 2003) e de outros compostos.

A ferrugem causada por Puccinia psidii Winter é atu-almente uma das principais doenças do eucalipto no Brasil,causando prejuízos em viveiro e no campo. Seu controlebaseia-se principalmente no uso de espécies, clones e pro-gênies resistentes. O uso de alguns fungicidas e o plantioem épocas desfavoráveis ao patógeno também são práticasutilizadas para o controle da doença (Alfenas et al., 2004).A herança da resistência a P. psidii em Eucalyptus grandis écondicionada por um gene de efeito principal, denominadoPpr-1, cujo conhecimento possibilitou a identificação e se-leção de genótipos homozigóticos e heterozigóticos pararesistência, bem como de genótipos suscetíveis (Junghanset al., 2003).

Os efeitos da deriva do glyphosate sobre a severida-de da ferrugem em clones de eucalipto resistentes e susce-tíveis a doença foram avaliados por Tuffi Santos et al. (2007).Não foram observadas pústulas nos clones resistentes à ferru-gem, UFV01 e UFV02, independentemente da aplicação ounão de glyphosate e da época de realização do ensaio (Ta-bela 1). Esses resultados indicam que a deriva de glyphosatenão modificou a resistência à ferrugem dos clones resisten-tes testados (UFV01 e UFV02). Entre os clones UFV03 eUFV04, suscetíveis à ferrugem, foram atribuídas notas S2 eS3 de severidade tanto para plantas expostas ao glyphosatequanto para a testemunha sem herbicida (Tabela 1). As ava-liações de severidade da doença foram realizadas seguindoa escala de notas proposta por Junghnas et al. (2003). Nosdois ensaios realizados – verão e outono/inverno - obser-vou-se diminuição da severidade da doença nos dois clonessuscetíveis com o aumento das subdoses de glyphosate.

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Plantas expostas à deriva do glyphosate apresentaram me-nor área foliar afetada por ferrugem, menor número deurediniósporos/pústula e menor número de urediniósporos/área foliar, em comparação com as plantas testemunhas.

Acredita-se também que o herbicida na superfícieepidérmica da folha do eucalipto pode influenciar os pro-cessos de infecção e sobrevivência dos esporos de P. psidii.Berner et al. (1991) observaram que aplicações deglyphosate, em formulações com ou sem surfatante, inibi-ram o crescimento micelial de Calonectria crotalariae. A pre-sença de diferentes substâncias químicas na formulação doherbicida, como solventes, surfatantes e agentes molhantes,podem modificar e, provavelmente, potencializar os efeitosnegativos dos herbicidas em microrganismos (Malkones,2000).

Resultados de pesquisas mais recentes (Tuffi Santoset al., dados não publicados) demonstram que existe efeitonegativo do glyphosate sobre P. psidii em tecidos não tra-tados diretamente com o herbicida e inoculados com opatógeno, indicando o efeito sistêmico deste produto. Agerminação e formação de apresório de urediniósporos deP. psidii avaliados em folhas de eucalipto submetidas à apli-cação direta de glyphosate no limbo foliar ou na base dopecíolo, em algodão embebido pela calda herbicida, é me-nor que a testemunha, que não recebeu aplicação doherbicida. A redução da germinação dos urediniósporos quan-do da aplicação de 691,2 g ha -1 de glyphosate no limbofoliar ou na base da folha alcança, respectivamente, 50 e52%. Na maior dose a redução na formação de apresóriofoi de, aproximadamente, 42% independentemente do lo-cal de aplicação do herbicida. Isso sugere que o efeito inibi-tório do glyphosate sobre P. psidii ocorre nas fases iniciaisde desenvolvimento de P. psidii, seja a forma de contato doherbicida com o patógeno direta ou indireta (via translocaçãonos tecidos foliares do eucalipto).

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Tabela 1. Severidade da ferrugem (Puccinia psidii), avaliadapor escala diagramática com quatro classes de severidade(S0, S1, S2 e S3) proposta por Junghnas et al. (2003), emclones de híbridos de E. grandis submetidos à deriva deglyphosate

1Subdoses correspondentes a 0 (testemunha), 2, 4, 6 e 8% da dose de1440 g ha-1 de glyphosate, respectivamente. * 100% das plantasapresentaram morte dos ponteiros.S0 e S1 são resistentes à ferrugem e S2 e S3 são suscetíveis.Extraído de Tuffi Santos et al. (2007).

O caráter biotrófico de Puccinia psidii somado à ca-racterística desse patógeno de infectar e se desenvolverbem em tecidos jovens e sadios possivelmente explica amenor severidade da doença em plantas expostas à deriva,haja visto os distúrbios fisiológicos, anatômicos e estrutu-rais verificados em plantas intoxicadas por glyphosate. Oglyphosate atua na rota do ácido chiquímico sobre a ativi-dade enzimática da 5-enol-piruvil shiquimato-3-fosfatosintase (EPSPS), inibindo a síntese dos aminoácidos aromá-ticos triptofano, tirosina e fenilalanina em plantas. Conse-qüentemente, plantas tratadas com glyphosate apresentemdeficiência na síntese protéica e de vários outros compos-tos aromáticos importantes, como vitaminas (K e E),hormônios (auxina e etileno), alcalóides, lignina, antocianinae outras substâncias ligadas a defesa dos vegetais. Entre-

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tanto, é válido ressaltar que essa rota metabólica tambémestá presente em fungos e bactérias, indicando que efeitosnegativos do glyphosate sobre estes microrganismos sejamesperados, no caso do contato com este herbicida.

Deficiências e desequilíbrios nutricionais, mudançasmorfoanatômicas e bioquímicas na planta podem predisporcertos materiais genéticos a maior severidade de doenças.Os efeitos fisiológicos do glyphosate em eucalipto podemcausar distúrbios bioquímicos e, conseqüentemente, odesbalanço entre os compostos orgânicos e inorgânicos daplanta. Teores foliares de Ca, Mg, Fe, Mn e B superiores,em comparação com a testemunha sem herbicida, foramobservados em plantas que receberam doses de 345,6 e691,2 g ha-1 de glyphosate, em deriva simulada, não haven-do relação entre os sintomas provocados pelo glyphosatecom a deficiência de nutrientes (Siqueira et al., 2004). Emeucalipto plantas tratadas por meio de fertirrigação com N,K e Cu, e por meio de asperssão com silicato de potássio eácido salicílico não diferiram da testemunha, apesar da ten-dência de plantas que não receberam N apresentarem me-nor número de urediniósporos de P. psidii por unidade deárea (Silva et al., 2006).

Efeitos preventivos e curativos do glyphosate na inci-dência de ferrugem do trigo e de soja resistente ao herbicidaforam observados em condições controladas e no campo(Feng et al. 2005). Folhas de trigo pré-inoculadas comPuccinia triticina e protegidas do contato com o glyphosatepulverizado no restante da planta apresentaram menor inci-dência de ferrugem que nas plantas testemunha (semglyphosate), ressaltando o efeito sistêmico do herbicida nadiminuição da severidade desta doença.

A aplicação de glyphosate em plantas de trigo reduziua infecção por P. triticina e por P. graminis em genótipos detrigo resistentes a esse produto (Anderson e Kolmer, 2005).Entretanto não foi observado efeito curativo do herbicidana ferrugem do trigo, uma vez que sua aplicação não afe-

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tou o desenvolvimento de pústulas de Puccinia sp. pré-estabelecidas, sugerindo o efeito inibitório do herbicida ocor-ra nos estádios iniciais de infecção. A germinação deaeciósporos de Puccinia lagenophora, usado no biocontrolede Senecio vulgaris, é significativamente menor quando daadição de 0,1125 e 0,0565 mg ml-1 de glyphosate no meiode cultura, quando comparado à adição de água (Wyss eMuller-Scharer, 2001).

Considerações Finais

Nas pesquisas até aqui realizadas pode-se concluir queo glyphosate não altera a resistência de genótipos deeucalipto a ferrugem (P. psidii) e que em clones suscetíveiso contato com o herbicida ocasiona a diminuição da severi-dade da doença, por afetar os processos iniciais de infec-ção do fungo. Na literatura encontram-se resultados emque o glyphosate, bem como outros herbicidas, aumentaou diminui a severidade e incidência de doenças em plan-tas. Neste sentido torna-se relevante a realização de novaspesquisas envolvendo o contato do glyphosate com plan-tas de eucalipto e suas relações com outros fitopatógenose microrganismos benéficos.

Agradecimentos

Agradecemos à Suzano Papel e Celulose e ao CNPqpelo apoio financeiro e suporte na realização dessa pesqui-sa.

Palavras-chave: Puccinia psidii, herbicida, doença de plan-tas, Eucalyptus spp.

Keywords : Puccinia psidii, herbicide, disease, Eucalyptusspp.

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Visão Empresarial do Manejo de Plantas Daninhasem Povoamentos Florestais

Fernando Palha Leite 1; Rinaldo Costa Félix 11Celulose Nipo-brasileira S.A. – CENIBRA. [email protected];

[email protected]

Como em qualquer outro tipo de empreendimento, oprocesso de produção comercial de madeira, para ser sus-tentável, deve apresentar viabilidade econômica, ambientale social. No Brasil a área plantada com florestas (pinus eeucaliptus) até 2001 era de 4,8 milhões de hectares (SBS,2001). Somente em 2005 foram plantados e reformadosmais 553.000,0 hectares. Para a viabilização destes investi-mentos é necessário a manutenção e aumento da produtivi-dade destas florestas.

A principal causa dos ganhos de produtividade dasflorestas plantadas de eucalipto no Brasil e em outros paí-ses como a África do Sul, pode ser atribuída ao manejoadequado dos fatores de produção, principalmente nutrien-tes e água. Uma das formas de melhorar a disponibilidadedestes fatores, para as plantas de interesse comercial, temsido por meio do manejo eficiente das plantas daninhaspresentes nos povoamentos florestais. Além de competirpelos fatores de produção, a presença de plantas daninhas,em determinados níveis, compromete a eficiência e aumen-ta os custos de várias atividades (preparo de solo, controlede formigas, corte e baldeio da madeira), além depotencializar os danos causados pelos incêndios florestais.

Uma informação básica para o estabelecimento dasestratégias de manejo é o conhecimento do impacto daconcorrência por plantas daninhas na produtividade das flo-restas. Para povoamentos de eucalipto na região centro-leste de MG a redução de produtividade pode variar de 42 a1 % (Quadro 01), dependendo do período de convivênciadas plantas daninhas com o povoamento florestal. Conhe-cendo este impacto, podemos definir quanto pode ser in-

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vestido no manejo das plantas daninhas. Este valor poderáser no máximo o valor correspondente ao preço da madeiraque deixaria de ser produzida no período onde não houveum controle adequado dessas plantas.

Definido este limite, ações devem ser tomadas nabusca de melhorias contínuas no manejo das plantasdaninhas. Dentro dessas ações várias foram tomadas pelasempresas de base florestal, tais como: definição de períodosde convivência e controle; monitoramento dos níveis deinfestação; definição de produtos e de doses mínimas;adequação de equipamentos de aplicação; treinamentos (deaplicadores e supervisores); realização de “vistorias”periódicas da equipe técnica as frentes de aplicação;realização dos controles de qualidade da atividade; realizaçãode auditorias independentes a todas as partes envolvidasna atividade (equipe técnica e operacional). Ou seja, açõesestão sendo realizadas conjuntamente nas áreas de manejo,de tecnologia de aplicação, de qualidade e de capacitaçãode pessoal.

As principais empresas do setor de base florestal op-taram por trabalhar dentro de padrões de sistemas decertificação de qualidade (ISO 9000), ambiental (14000) ecertificação florestal (FSC e CERFLOR). Desse modo as ati-vidades relacionadas ao controle de plantas daninhas tive-ram que se adaptar as “exigências” destes sistemas, estefato também contribuiu para ganhos consideráveis no ma-nejo de plantas daninhas em povoamentos florestais nosaspectos técnicos, ambientais e sociais.

Palavras-chave: eucalipto, herbicida, tecnologia de aplica-ção, qualidade

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Quadro 1. Redução de crescimento do eucalipto aos 84meses em função da competição com plantas daninhas.

* Obs.: Produção de plantios de eucalipto esperada aos 84 meses de idadenas condições de manejo adequado das plantas daninhas: Belo Oriente (233,0m3/ha), Santa Bárbara (276,0 m3/ha) e Guanhães (330 m3/ha).