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    SOCIEDADE ANÔNIMA - XI

    1.  Noções sobre a evolução histórica:

    - Comumente vamos encontrar nos grandes empreendimentos econômicos, como forma

     jurídica societária, as sociedades anônimas, as quais têm por características a limitação dasresponsabilidades dos sócios e a negociabilidade da participação societária, propiciando ointeresse dos investidores e a formação de grandes capitais. Geralmente nosempreendimentos menores é mais comum as sociedades formadas por pessoas, cominteresses e habilidades voltados à natureza da atividade, como nas sociedades limitadas,onde os sócios possuem aptidões para as atividades a ser desenvolvidas nesta forma desociedade;

    - A sociedade anônima constitui a forma mais adequada de conjugar os interesses daobtenção de um aporte maior de capital, para os grandes empreendimentos, e dos seus

    investidores que procuram resultados satisfatórios para a aplicação do seu dinheiro, semque necessariamente tenham conhecimento e ou aptidão para a atividade a serdesenvolvida, estimulados pela segurança e liquidez do investimento, em razão daconfiabilidade do empreendimento e da limitação da responsabilidade;

    - Historicamente vamos encontrar as precursoras das sociedades anônimas, em razão danecessidade do desenvolvimento de algumas atividades, como nas cidades italianas, noRenascimento, as quais emitiram títulos, para obterem recursos financeiros, a fim dedesenvolver as suas atividades estatais, cujo pagamento era garantido pela arrecadação dostributos, passando os credores destes títulos a exercerem a fiscalização desta arrecadação,

     para garantir o pagamento, mediante a formação de organizações que tinham estafinalidade, e mesmo em momentos de conflitos bélicos, quando tais cidades necessitavamde grandes aportes financeiros, surgindo a associação dos credores, denominada OfficiumProcuratorum Sancti Georgii –  Casa de São Jorge, uma instituição financeira que perdurouaté o século XIX. As companhias de colonização, também, constituem um exemplo deformação desta forma de sociedade, organizadas pelos Estados, nos séculos XVII e XVIII,as denominadas Companhias das Índias Orientais, que tinham por objetivo desenvolver ocomércio, bem como implementar os empreendimentos de conquistas e manter as colônias;

    - Inicialmente as sociedades anônimas constituíam-se por um ato de outorga  do poderestatal, sendo assim um ato legislativo, através do qual os soberanos concediam um

     privilégio aos investidores, com o objetivo de garantir o retorno do investimento, medianteo monopólio sobre o comércio de determinadas localidades ou colônias. Observa-se queneste período iniciou-se a noção de sociedade como pessoa jurídica, com direitos eobrigações distintas dos seus membros, proporcionando aos investidores da sociedade umalimitação das suas perdas;

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    - Com a evolução do capitalismo, a outorga estatal para a formação de sociedadesanônimas, não mais representava a garantia de monopólio, tornando-se instrumento decontrole da captação de recursos, através da concessão ou autorização estatal, para aconstituição e obtenção de recursos dos investidores, deixando de ser um ato legislativo,

     próprio da outorga estatal, para ser um ato administrativo de autorização para aconstituição das sociedades anônimas. Posteriormente este sistema de autorização foisubstituído, em meados do século XIX, pelo de liberdade de constituição de taissociedades, o chamado sistema de regulamentação, onde não mais se exigia a préviaautorização estatal para a constituição e funcionamento de todas as sociedades anônimas,dependendo tão somente de um registro efetuado segundo as diretrizes legais existentes;

    - No Brasil, ocorreram estes estágios, no de outorga, com a chegada da família real naentão colônia, como por exemplo a criação do Banco do Brasil, constituído em 1808. Comum decreto imperial, em 1849, incorporado ao Código Comercial em 1850, passou-se para

    o regime de autorização, vindo posteriormente a ser substituído pelo regime deregulamentação, onde o ato de autorização passou a ser necessário somente para algumasatividades, como para bancos, seguradoras e sociedades estrangeiras. A captação derecursos públicos, com a constituição das sociedades anônimas abertas, também se faznecessário à autorização. Em 1965, com a reforma do mercado de capitais, a leideterminou que somente poderiam ser negociados em bolsa de valores as ações e papéisdas sociedades anônimas registradas no Banco Central. Com a reformulação da lei doanonimato em 1976, foi criada a Comissão de Valores Mobiliários –  CVM, agência estatalespecializada para o assunto. Assim, atualmente pelo Direito Societário brasileiro existemdois sistemas, ou sejam, o de regulamentação para as companhias fechadas e o de

    autorização para as abertas;2.  Conceito, características e constituição:

    - As sociedades por ações têm o seu capital dividido por frações, representado por títulosdenominados ações, e são de duas espécies: sociedade anônima e sociedade em comandita

     por ações, formando o gênero sociedade por ações, sendo as duas regidas pela Lei nº 6.404,de 15.12.1976, e pelo Código Civil, através dos arts. 1.088; 1089; 1.090 a 1.092, de formasupletiva;

    - O art. 1º estabelece um conceito de sociedade anônima, ao indicar os seus elementos: “Acompanhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e aresponsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço da emissão das açõessubscrita ou adquirida.”. O art. 1.089 do Cód. Civil, em termos semelhantes, também aconceitua. Deste conceito podemos estabelecer as suas características:

    a)  capital social dividido em ações; b)  responsabilidade dos sócios limitada ao preço de emissão das ações subscritas;

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    - A exemplo de qualquer outra sociedade comercial, a sociedade anônima forma-se, nomínimo, através de dois sócios, que chamamos de acionista. Possui fim lucrativo, sujeita-seàs normas de licitude, e sempre será comercial, mesmo que o seu objeto seja civil. Asexpressões sociedade anônima e companhia são equivalentes;

    - A constituição da sociedade anônima deve observar as regras estabelecidas na Lei. Se osseus fundadores tiverem como objetivo a criação de uma companhia aberta é necessárioobter o seu registro junto à CVM, devendo, para a constituição da companhia aberta oufechada, serem observadas três condições (art. 80/LSA):

    a)  subscrição de todo o capital por mais de uma pessoa. Se a sociedade anônima aser constituída é fechada, o mínimo de subscritores da totalidade das ações em quese divide o capital social é dois, podendo ser pessoa jurídica ou física. Se aberta,exige-se no mínimo 3 (três) acionistas pessoas físicas subscritores das ações, umavez que a composição do Conselho de Administração exige a participação de nomínimo três acionistas pessoas físicas (arts. 138, § 2º, 140 e 146/LSA);

     b) 

    pagamento de no mínimo 10% da emissão das ações subscritas em dinheiro.Deve ser observado que as ações podem ser integralizadas através de três formasdistintas: dinheiro, bens ou crédito. Assim este requisito diz respeito às açõesintegralizadas em dinheiro e a prazo, sendo que esta primeira prestação não poderáser inferior a 10% do preço;

    c)  depósito bancário dos valores pagos a título de subscrição do capital social;

    3. 

    Objeto e capital social:

    - Constitui o objeto social  o fim comum ao qual todos os acionistas aderem e a ele se

    vinculam, com o objetivo de organizar a atividade da companhia para obter a finalidadealmejada. Deverá, nos termos do § 2º, do art. 2º, ser definido no estatuto de modo preciso ecompleto, pois, além de dar direção à sociedade, limita o poder discricionário deadministradores e acionistas majoritários, uma vez que o seu desvio poderá configurar oabuso de poder. O objeto social determina a capacidade da sociedade, fazendo com queesta se obrigue dentro dos seus limites, e uma vez ultrapassados estes limites, pelos seusadministradores, os atos decorrentes serão passíveis de anulabilidade;

    - Para que uma companhia possa iniciar as suas atividades é necessário que a mesma seja provida de recursos materiais e pessoais, como máquinas, equipamentos, trabalho e outrosmeios afim de que possa desenvolver as suas atividades definidas no objeto social. Assimcabe aos acionistas prover estes recursos, transferindo do seu patrimônio pessoal para a

     pessoa jurídica, dinheiro, bem ou crédito, recebendo em troca ações emitidas pelasociedade, em valor correspondente. O mesmo acontece quando a sociedade, nodesenvolvimento das suas atividades, vem a necessitar de mais recursos. Estes aportes sãoregistrados, na contabilidade da sociedade como capital social;- O capital social, pode ser aumentado com a emissão de novas ações, para proporcionar oingresso de mais recursos na companhia, com recursos provenientes de lucros e

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    reservas, fruto do desenvolvimento da empresa, ou seja, com recursos da própria empresa,e não de aportes dos sócios, e pela conversão de valores mobiliários em ações;

    - Há uma distinção entre capital subscrito e integralizado, uma vez que aquele constitui omontante de recursos prometidos pelos sócios para a sociedade, a titulo de capitalização, e

    este corresponde aos recursos transferidos pelos sócios para o patrimônio social. Aintegralização do capital social da companhia poderá ser efetuada por três formas: emdinheiro, bens ou crédito;

    - A integralização do capital social constitui uma obrigação do acionista, mediante o pagamento do preço de emissão das ações que possui (art. 106/LSA). As condiçõesresultantes desta obrigação, como valor e vencimento, deverão constar no boletim desubscrição, instrumento este assinado pelo subscritor e pela companhia emissora, porocasião da constituição ou do aumento do capital social, ou ficar definido no estatuto ascondições da integralização, ou se for omisso o boletim de subscrição e o estatuto,

    relativamente ao montante devido a titulo de integralização ou ao prazo, a companhiadeverá proceder à chamada de capital, mediante publicações na imprensa (§ 1º, art.106/LSA). Incorre em mora o acionista que não paga a parcela do preço das ações por elesubscritas, nas condições estipuladas, ficando devedor de juros, correção monetária e demulta estatuaria não superior a 10%, e por ser considerado remisso poderá vir a serexecutado judicialmente pela companhia, uma vez que a norma adjetiva define o boletimde subscrição ou o aviso de chamada de capital, como titulo executivo extrajudicial, ou

     poderá a sociedade promover a venda das suas ações em bolsa, por sua conta e risco,através de leilão especial, podendo ambas as providencias serem simultâneas (§ 3º, art.107/LSA);

    - Poderá ser reduzido o capital social  por perda, devido aos insucessos nodesenvolvimento da atividade empresarial, ou por excesso, neste caso se o mesmo nãoestava totalmente integralizado e o montante a ser reduzido coincide com o valor nãointegralizado, a sociedade deverá tomar as providencias cabíveis, de forma a alterar osestatutos e o registro das ações, porém, se está totalmente integralizado, os recursoscorrespondentes podem permanecer na sociedade, como reserva de lucro, ou ser restituídoaos acionistas;

    4.  Ação e acionista:

    - A ação é o valor mobiliário, representativo de uma parcela do capital social dacompanhia, que concede ao seu titular a condição de sócio;

    - O valor nominal da ação corresponde à divisão do capital social da companhia pelonúmero de ações que ela emitiu, independentemente da espécie ou classificação. O Direito

     brasileiro admite as ações sem valor nominal, cabendo ao estatuto social definir se as açõesterão ou não valor nominal. O valor patrimonial da ação é a parcela do patrimônio líquido

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    da companhia correspondente a cada ação, e é obtido pela divisão do valor real do patrimônio líquido pelo número de ações, observando que se considera patrimônio bruto (ativo), o montante constituído pelos bens e direitos a ela pertencente, e patrimôniolíquido, a dedução do montante correspondente às obrigações devidas pela sociedade(passivo) do patrimônio bruto;

    - As ações classificam-se de acordo com três critérios:a)  espécies: por este critério leva-se em conta a extensão dos direitos e vantagens

    conferidos aos acionistas, contemplando três categorias, as ordinárias que todas ascompanhias emitem, e as de emissão facultativas, denominadas preferenciais e defruição:

    -  ações ordinárias: confere ao acionista os direitos de um sócio comum, comoo direito a voto na assembléia geral, sendo que o acionista detentor de maisda metade desta categoria, é chamado de acionista controlador da sociedadeanônima, e os demais acionistas que não estão nesta condição são chamado

    de minoritários;-  ações preferenciais:  atribui aos seus titulares vantagem em relação àordinária, atribuído um tratamento diferenciado, cuja diferença é estabelecidano estatuto da companhia, como a garantia de um dividendo mínimo ou fixo.Entretanto se o estatuto for omisso quanto à vantagem do acionista

     preferencialista, a lei confere um dividendo diferencial, ou seja, deve ser pago aos seus titulares o montante de dividendo de pelo menos 10% superiorao atribuído aos da ordinária. Quando o estatuto for omisso em relação aodireito de voto dos preferencialistas, estes poderão votar do mesmo modoque os ordinaristas. Para que eles não tenham este direito é necessário a

    expressa previsão estatutária. Observa-se que mesmo existindo esta previsãoe não recebendo os dividendos, que pelo estatuto têm direito, por trêsexercícios consecutivos, adquirem o direito a voto até o pagamento (§1º, art.111/LSA);

    -  ações de fruição:  são as que resultam, se assim dispuser o estatuto oudeterminar a assembléia geral extraordinária, da amortização das açõesordinárias ou preferenciais. A amortização constitui a antecipação ao sóciodo valor que ele provavelmente teria direito a receber, na hipótese deliquidação da companhia. O art. 44, § 5º, estabelece que as açõesintegralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, comas restrições contidas no estatuto ou determinadas pela assembléia quedeliberar sobre a amortização. As ações de fruição decorrentes daamortização das ações, devolvem ao acionista o valor do seu investimento.São ações despidas de capital. A estas ações são conferidos os direitosestabelecidos no art. 109/LSA;

     

     b)  forma: este critério de classificação das ações determina o ato pelo qual se transferea sua titularidade. Contempla duas categorias:

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    as ações nominativas:circulam por meio de registro no Livro de Ações Nominativas da companhia (§§ 1º e 2º, art. 31/LSA). Os atos anteriores a esteregistro que as partes praticam na compra e venda da ação, como a assinaturado contrato, não operam a transferência da sua titularidade ou a circulação dovalor mobiliário;

    as ações escriturais: são mantidas em conta de depósito  abertas em umainstituição financeira autorizada pela CVM, em nome de cada acionista e sãodesprovidas de certificado. O acionista prova a titularidade destas ações pelaexibição do extrato fornecido pelo banco. A sua circulação opera-se nostermos do § 1º, art. 35/LSA, através de lançamento feito pelo banco a débitoda conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente;

     

    -  deve ser observado que uma mesma sociedade poderá adotar a formanominativa e escritural. Com o advento da Lei 8.021/90 aboliu-se a forma deações endossáveis, transferidas por endosso no certificado correspondente, eas ao portador, circuláveis pela tradição deste documento ao acionista

    comprador; 

    c)  classe: este critério de classificação faz distinguir as classes das ações, em razão dosdiferentes interesses que motivaram os acionistas a ingressarem na sociedade.Assim o estatuto deve agrupar as ações que conferem os mesmos direitos emclasses, designando-se por uma letra. As ações preferenciais sempre podem serdividas em classe, enquanto que para as ordinárias, só se admite a divisão emclasses na sociedade fechada.

    5. 

    Outros títulos ou valores mobiliários:- Os valores mobiliários são os instrumentos de captação de recursos, para financiamentoda empresa explorada pela companhia, a qual os emite, para quem irá subscrever ouadquirir, como uma alternativa de investimento. Estes títulos poderão ser a ação, as partesbeneficiárias e as debêntures:a) ação:  pela emissão de ações a sociedade capta recursos, e o investidor que assubscrevem torna-se sócios dela ou aumenta a sua participação acionária;b) partes beneficiárias e debêntures: a sociedade anônima emite estes valoresmobiliários, através dos quais o investidor passa a ser titular, perante a companhia, dealguns direitos:

    1. 

    Partes beneficiárias (art. 46/LSA): são emitidas somente pelas companhiasfechadas (§ Único, art. 47/LSA), assegurando, ao seu titular, direito a eventualcrédito contra a companhia emissora, por ocasião do lucro da mesma. Assim se estanão vier a ter lucro, o seu titular não terá direito à participação a que teria direito,caso o mesmo viesse a ocorrer. Os certificados das partes beneficiárias conterão osrequisitos enumerados no art. 49/LSA. O máximo que a companhia pode

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    comprometer no pagamento, do resgate da parte beneficiária ou da participação, é10% de seus lucros (§ 2º, art. 46/LSA);

    2. 

    As debêntures: conferem aos seus titulares direitos de créditos estipulados na  escritura de emissão e certificado (art. 53/LSA), onde são estipulados os valores, asgarantias, os prazos e as obrigações das partes. A doutrina tem rotulado a emissão

    de debêntures como uma operação de empréstimo . Possuem valor nominal, o qual,na maioria das vezes, corresponde ao montante do investimento despendido porocasião da subscrição, podendo, no entanto, ser fixado preço superior ou inferior aovalor nominal, de acordo com o mercado. No vencimento este valor mobiliário é

     pago ao investidor pela companhia emissora, acrescido de juros e correçãomonetária, podendo haver antecipações deste pagamento, através de amortizações,e, eventualmente, poderá ser acrescido de outros prêmios e participação no lucro(art. 56/LSA), previstos por ocasião da emissão. A debênture pode, nos termos doart. 57/LSA, ser conversível em ações nas condições, também, estipuladas naescritura de emissão. O agente fiduciário é o representante da comunhão de

    interesses dos debenturistas, sendo a sua nomeação obrigatória, nas emissões dedebêntures destinados ao mercado de capital, e facultativo nas privadas. A emissãoatenderá as seguintes formalidades:- em sendo pública, no caso de emissão por companhia aberta, deverá haver préviaautorização da CVM, e em sendo particular a simples comunicação a este órgão;- registro na Junta Comercial e publicação posterior, da ata da assembléia geral e doconselho de administração em que foi aprovada;- inscrição da escritura de emissão na Junta Comercial;- constituição das garantias reais ou de outras garantias se houver;

    6.  Órgãos societários:

    a) 

    Administração: conselho de administração e diretoria:

    -  A assembléia geral é tida como órgão superior da sociedade anônima, constituída pelos acionistas com direito a voto, que tem o poder de eleger e destituir osmembros do conselho de administração, cujo número de componentes édeterminado pelo estatuto, exigindo-se no mínimo três conselheiros, devendo,ainda, o estatuto regular a escolha do seu presidente; prazo de gestão, o qual não

     poderá ser superior a três anos, permitida a reeleição; formas de convocação, bemcomo conterá regras sobre a instalação, funcionamento, deliberação. A competênciado conselho de administração está disciplinada no art. 142/LSA. Nos termos do §2º,art. 138/LSA, as companhias abertas e as de capital autorizado terão,obrigatoriamente, conselho de administração;

    -  A diretoria, também, como órgão de administração, será composta por dois oumais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo conselho de

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    administração, ou se inexistente, pela assembléia geral, devendo o estatutoestabelecer: a) o número de diretores, ou o máximo e o mínimo permitido; b) omodo de sua substituição; c) o prazo de gestão, que não poderá ser superior a trêsanos, permitida a reeleição; d) as atribuições e poderes de cada diretor (art.143/LSA). No silêncio do estatuto e inexistindo deliberações do conselho de

    administração, competirá a qualquer diretor a representação da sociedade e a práticados atos necessários ao seu funcionamento regular (art. 144/LSA);

     Nos termos do art. 145/LSA, as normas relativas a requisitos, impedimentos,investidura, remuneração, deveres e responsabilidade dos administradores aplicam-se a conselheiros e diretores, sendo que os deveres e responsabilidades dos mesmosestão disciplinados nos arts. 153 a 158/LSA, prevendo o art. 159 a ação deresponsabilidade civil contra o administrador, pelo prejuízo causado à companhia;

    7.  Assembléia geral dos acionistas:

    -  A assembléia geral é a reunião de acionistas, convocada e instalada na forma da leie do estatuto , com poderes para decidir sobre todos os negócios pertinentes aoobjeto da companhia e tomar as resoluções que julgar convenientes à sua defesa edesenvolvimento (art. 121/LSA). A assembléia é soberana para tomar qualquerdecisão, nos limites do objeto social, do estatuto e da lei. A decisão que venha acontrariar estes limites é passível de nulidade, através de ação judicial adequada;

    Estabelece o art,. 131/LSA que a assembléia geral é ordinária  quando tem porobjetivo as matérias elencadas no art. 132/LSA, e extraordinária nos demais casos;

    Para que as deliberações da assembléia geral sejam válidas se faz necessário que aconvocação siga rigorosamente o formalismo imposto pela lei, para garantia dosacionistas. A sua convocação cabe ao conselho de administração, com a indicaçãodas matérias a serem tratadas, e na sua ausência esta incumbência passa para adiretoria, observado o que estabelece o estatuto. Havendo o retardamento daconvocação da assembléia geral ordinária por mais de um mês, e em caso deassembléia geral extraordinária, sempre que ocorrerem motivos graves ou urgentes,o conselho fiscal poderá convocá-la. Se o retardamento da convocação, prevista emlei ou no estatuto, for superior a sessenta dias, poderá qualquer acionista fazê-lo. Osacionistas que representando no mínimo 5% do capital social, podem requerer aosadministradores a convocação da assembléia geral extraordinária, para seremdiscutidos determinados assuntos, e caso não sejam atendidos, no prazo de oito dias,

     poderão diretamente convocar a assembléia;

    -  A convocação será efetuada mediante anúncio publicado por três vezes, no mínimo,contendo, além do local, data e hora da assembléia, a ordem do dia, e no caso dereforma do estatuto, a indicação da matéria (art. 124/LSA), completando o art.

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    289/LSA por dizer que as publicações ordenadas pela lei especial serão efetuadas noórgão oficial da União ou do Estado, conforme o lugar em que esteja situada a sededa companhia, e em outro jornal de grande circulação, editado na mesma localidade,sendo que, para as sociedades fechadas, a primeira convocação deverá ser feita com8 (oito) dias de antecedência, no mínimo, contando o prazo do primeiro anúncio, e a

    segunda convocação com uma antecedência mínima de 5 (cinco) dias. No caso decompanhia aberta, os prazos aumentam para 15 (quinze) dias de antecedência para a

     primeira convocação e 8 (oito) dias de antecedência na segunda convocação;

    -  O local de instalação da assembléia geral será o da sede da companhia, e por forçamaior poderá ser realizada em outro local. Nos termos do § 4º, art. 124/LSA, ocomparecimento unânime dos acionistas supre a falta de qualquer formalidade legal,na convocação da assembléia;

    -  O quorum de instalação (art. 125/LSA), é o número mínimo de ações para a

    reunião legal da assembléia em primeira convocação. Conforme a matéria a serdecidida a lei impõe quorum especial de instalação, como por exemplo o de doisterços de ações com direito a voto e em outros casos a unanimidade. O quorum deinstalação normal é o de um quarto, para a primeira convocação e em segundaconvocação com qualquer número. Uma vez comprovada a existência do quorum, o

     presidente da mesa declara instalada a assembléia, e não havendo quorum é aassembléia encerrada pelo presidente, determinando a publicação da segundaconvocação. O quorum de deliberação, observadas as exceções previstas em lei,será constituído pela maioria absoluta das ações, com direito a voto, dos acionistas,não se computando os votos em branco. O § 2º do art. 129/LSA, estabelece a regra

    em caso de empate;8.  Conselho fiscal:

    - Nos termos do art. 161/LSA a companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporásobre o seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que forinstalado, a pedido do acionista. Será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5(cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pelaassembléia geral (§ 1º, art. 161/LSA). Os seus membros e suplentes exercerão os seuscargos até a primeira assembléia geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e

     poderão ser reeleitos (§ 6º, art. 161/LSA) A sua competência está disciplinada no art.163/LSA;

    9.  Exercício social:

    - O exercício social é o período que se destaca da vida da sociedade , para verificação doresultado econômico e financeiro de sua atividade, para aferição do resultado do fimsocial. Em principio o exercício social é de 12 meses, não sendo necessário coincidir

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    com o exercício civil de 1º de janeiro a 31 de dezembro, devendo o estatuto fixar otérmino do exercício social. A companhia faz o levantamento do seu balanço, com basenos levantamentos apurados no exercício social;

    10. 

    Sociedade de economia mista:

    - A Lei das Sociedades Anônimas rege as sociedades de economia mista (art.235/LSA), por se tratar de uma das espécies de sociedade anônima, onde os capitais

     públicos se aliam ao capital particular, para o atendimento do objetivo social de maiorinteresse público. O Decreto-lei nº 200, alterado pelo Decreto-lei nº 900, de 29.11.1969,assim definiu este tipo de sociedade: “a entidade dotada de personalidade jurídica dedireito privado, criada por lei para o exercício de atividade de natureza mercantil, sob aforma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em maioria, à

    União ou à entidade de administração indireta”, assim o controle destas sociedades pertence ao Estado. As sociedades anônimas de economia mista, podem ser abertas oufechadas, e em sendo abertas, também, se sujeitam à fiscalização e às normas expedidas

     pela CVM;

    - Como principais características desta sociedade, podemos apontar: a) dependem, nasua constituição, de prévia autorização legislativa, sendo que atualmente os Estados eMunicípio podem criar este tipo de sociedade; b) ser relevante ao interesse coletivo,conforme definido em lei; c) sujeitar-se às normas de direito público, nas licitações,contratações de serviços e compras, e também se reger pelas regras da sociedade por

    ações; d) sujeitar-se ao controle governamental; e) a formação do seu capital temorigem híbrida: público e particular; f) o seu controle é exercido pela pessoa jurídica dedireito público;

    - Terá obrigatoriamente conselho de administração, assegurado à minoria o direito deeleger um conselheiro. Os deveres e responsabilidades dos seus administradores são osmesmos dos administradores da companhia aberta. O funcionamento do conselho fiscalserá permanente, sendo que um dos seus membros, e respectivo suplente, serão eleitos

     pelos titulares das ações ordinárias minoritárias e outro pelos titulares das ações preferenciais, se houver.