social de forros mariana, minas gerais, c. 1735 c. 1750 · a metodologia empregada consiste na...

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“Estando em meu perfeito juízo”: testamentos, ritos fúnebres e estratégia de mobilidade social de forros Mariana, Minas Gerais, c. 1735 c. 1750 FELIPE TITO CESAR NETO Introdução Esta comunicação tem como objetivo analisar as práticas fúnebres empreendidas por forros, dentre os anos de 1735 e 1750, em Mariana, Minas Gerais. O estudo empírico desta pesquisa compõe de testamentos oriundos do Acervo da Casa Setecentista de Mariana e, temos enquanto hipótese, que a prática testamentária empreendida pelos forros era utilizada para intentar obter a salvação da alma e mobilidade social. A historiografia referente à mobilidade social de escravos e forros muito contribuiu ao estudar as diferentes estratégias empreendidas por eles, de modo a almejar melhores condições de vida. Entretanto, pouco se sabe a respeito de suas ações de ascensão social, no momento de suas últimas vontades, diante da proximidade com a morte. Com esta proposta, os testamentos desses negros são fundamentais para compreender a importância dos ritos fúnebres e as demais disposições testamentais, neste último ritual social, que tem seu início em vida e fim com a morte. A metodologia empregada consiste na coleta e fichamento destes documentos, permitindo traçar o perfil dos testadores e as suas estratégias de mobilidade social na hierarquia mineira. Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os apontamentos inerentes ao trabalho são provisórios e não necessariamente serão corroborados no fim de nosso estudo. O quadro teórico desta pesquisa consiste no conceito e a noção de “estratégia” proposta pelo antropólogo Frederick Barth. Por meio deste, torna-se possível compreender as ações dos sujeitos, na medida em que cada indivíduo age em função de uma situação que lhe é própria e com os recursos que detém, dentro de uma sociedade fraturada por suas incoerências, a partir do seu universo de possíveis. (BARTH, 2000) e (ROSENTAL, 1998). No desenrolar deste trabalho, pretendemos mostrar de forma breve a respeito das hierarquias e mobilidade social nas sociedades de Antigo Regime e o diálogo referente à morte e hierarquia nas práticas de bem morrer, tendo a bibliografia e uma pequena amostragem de fontes como base. Esperamos, no fim desta comunicação, conseguir ter Mestrando do curso de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES. Orientador: Prof. Dr. Carlos Leonardo Kelmer Mathias. E-mail: [email protected].

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“Estando em meu perfeito juízo”: testamentos, ritos fúnebres e estratégia de mobilidade

social de forros – Mariana, Minas Gerais, c. 1735 – c. 1750

FELIPE TITO CESAR NETO

Introdução

Esta comunicação tem como objetivo analisar as práticas fúnebres empreendidas por

forros, dentre os anos de 1735 e 1750, em Mariana, Minas Gerais. O estudo empírico desta

pesquisa compõe de testamentos oriundos do Acervo da Casa Setecentista de Mariana e,

temos enquanto hipótese, que a prática testamentária empreendida pelos forros era utilizada

para intentar obter a salvação da alma e mobilidade social.

A historiografia referente à mobilidade social de escravos e forros muito contribuiu ao

estudar as diferentes estratégias empreendidas por eles, de modo a almejar melhores

condições de vida. Entretanto, pouco se sabe a respeito de suas ações de ascensão social, no

momento de suas últimas vontades, diante da proximidade com a morte. Com esta proposta,

os testamentos desses negros são fundamentais para compreender a importância dos ritos

fúnebres e as demais disposições testamentais, neste último ritual social, que tem seu início

em vida e fim com a morte. A metodologia empregada consiste na coleta e fichamento destes

documentos, permitindo traçar o perfil dos testadores e as suas estratégias de mobilidade

social na hierarquia mineira.

Por se tratar de uma pesquisa em andamento, os apontamentos inerentes ao trabalho

são provisórios e não necessariamente serão corroborados no fim de nosso estudo. O quadro

teórico desta pesquisa consiste no conceito e a noção de “estratégia” proposta pelo

antropólogo Frederick Barth. Por meio deste, torna-se possível compreender as ações dos

sujeitos, na medida em que cada indivíduo age em função de uma situação que lhe é própria e

com os recursos que detém, dentro de uma sociedade fraturada por suas incoerências, a partir

do seu universo de possíveis. (BARTH, 2000) e (ROSENTAL, 1998).

No desenrolar deste trabalho, pretendemos mostrar de forma breve a respeito das

hierarquias e mobilidade social nas sociedades de Antigo Regime e o diálogo referente à

morte e hierarquia nas práticas de bem morrer, tendo a bibliografia e uma pequena

amostragem de fontes como base. Esperamos, no fim desta comunicação, conseguir ter

Mestrando do curso de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bolsista

da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES. Orientador: Prof. Dr. Carlos

Leonardo Kelmer Mathias. E-mail: [email protected].

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mostrado os estreitos laços entre hierarquia e morte, entendendo que olhar sob esta

perspectiva, possibilita frutíferas análises tanto para a História da Morte, quanto das relações

entre livres e alforriados, em uma sociedade com característica estamental e escravista.

Hierarquia e Mobilidade Social

Conforme salienta Júnia Furtado, a sociedade setecentista procurava se organizar de

forma hierárquica e excludente. Todavia, tanto no reino português e em sua colônia na

América portuguesa, essas exigências estavam distantes da premissa dos modelos rígidos que

deveriam ser seguidos. Com a grande diversidade na Colônia, com seus hábitos e costumes

diferentes da Metrópole e, a escravidão tendo como marco importante e fundamental na

distinção social desta sociedade, era criado um novo cenário para além mar. Era uma

“sociedade colonial fluida, que se movimentava com mais facilidade, misturava brancos,

índios e negros, incorporava novas culturas, e criava uma sociedade que, se por um lado, tinha

Portugal como referência, por outro, era diferente” (FURTADO, 2001: 1).

Para nossa análise, não atribuímos a riqueza enquanto fator decisivo para a

movimentação na hierarquia, a respeito da mobilidade social. “Enriquecer ou empobrecer não

era um fato social decisivo, do ponto de vista da categorização” (HESPANHA, 2009: 122).

Antes disso, nas sociedades de Antigo Regime, a reputação social tem sua primazia de

destaque. No que tange aos escravos e forros, concebemos a mobilidade social por meio da

mudança jurídica – de cativo a forro - e o constante afastamento do passado escravo, através

de suas estratégias de ação que permitissem meios de inserção no mundo livre e branco

(GUEDES, 2006: 399). Assim, as relações de sociabilidade durante a trajetória de vida são

fundamentais para galgar melhores posições dentro da hierarquia.

A historiografia referente a escravos e forros chama a atenção para determinadas

formas de mobilidade social. Podemos destacar as seguintes: inserção pela via militar (as

milícias); a prática de concubinato; a construção de família; pelo trabalho; o batismo; as

relações de compadrio; pela via eclesiástica, etc.1 Nesta variedade de possibilidades, a

1 Para mais informações sobre estas práticas de mobilidade social sugerimos as seguintes leituras: RAMINELLI,

Ronald. “Fradaria dos Henriques. Conflitos e mobilidade social de pretos no Recife c.1654-1744”. In:

MONTEIRO, Rodrigo; CALAINHO, Daniela Buono; FEITLER, Bruno e FLORES, Jorge. (org.). Raízes do

Privilégio: Mobilidade Social no mundo ibérico do Antigo Regime. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011,

pp. 387-421; REIS, Adriana Dantas. “Luzia Jeje, O Capitão Manuel de Oliveira Barroso e seus filhos pardos:

Quando as fronteiras de gênero interferem nas hierarquias sociais Bahia, 1780-1822”. In: TAVARES, Célia

Cristina da Silva e RIBAS, Rogério de Oliveira (org.). Hierarquias, raça e mobilidade social: Portugal, Brasil e o

3

historiografia mostra a inserção desses negros, consoante o afinamento as práticas do mundo

livre e branco, sobretudo inserido no conjunto de símbolos da fé católica.

Deste modo, levantamos o seguinte questionamento: e no momento da morte, como

acontecia a integração as práticas de bem morrer, para os alforriados? Buscamos compreender

como a feitura do testamento e as disposições de últimas vontades, foram importantes ao

moribundo obter a salvação da alma e, por meio desta, como os ritos fúnebres, mostravam as

intenções dos forros que conseguiam deixar suas disposições testamentais. Não cabe a este

trabalho comprovar, contudo, reitero a importância de nossa hipótese de pesquisa, a

considerar tais elementos como importante na mobilidade social desses alforriados no

momento da morte.

Prática testamentária

O testamento é a ferramenta por excelência para iniciar as práticas com o intuito de

obter a salvação da alma. Na maioria das vezes, estando de proximidade com a morte, que a

produção do mesmo era feita (FURTADO, 2009). Por se tratar de uma sociedade de Antigo

Regime, o morrer era cercado de importantes ritos necessários com o principal intuito de obter

a salvação da alma ou uma curta estadia no Purgatório – evitando, claro, a condenação eterna

no Inferno.2

Os moribundos - e posteriormente os mortos - por meio das práticas de bem morrer,

possuíam vínculos estreitos com os vivos. Essas interações nos permitem observar a dinâmica

Império colonial português (séculos XVI – XVIII). Rio de Janeiro: Conta Capa/Companhia das Índias, 2010. pp.

151-166; FURTADO, Júnia Ferreira. “Pérolas negras: mulheres livres de cor no distrito diamantino”. In:

FURTADO, Júnia Ferreria (org). Diálogos oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do

Império ultramarino Português. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, pp. 81-119; GUEDES, Roberto. Egressos

do Cativeiro: Trabalho, família, aliança e mobilidade social. (Porto Feliz, São Paulo, c.1708 – c.1850). Rio de

Janeiro: Mauad X : FAPERJ, 2008; FRAGOSO, João. “Elite das senzalas e nobreza de terra numa sociedade

rural do Antigo Regime nos trópicos: Campo Grande (Rio de Janeiro), 1704-1741”. In: FRAGOSO, João e

GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). Coleção o Brasil Colonial 1720-1821. Vol.3. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 2014. pp. 241-305; FURTADO, Júnia Ferreira. “Mulatismo, mobilidade e hierarquia nas Minas

Gerais: os casos de Simão e Cipriano Pires Sardinha.” In: MONTEIRO, Rodrigo; CALAINHO, Daniela Buono;

FEITLER, Bruno e FLORES, Jorge. Raízes do Privilégio: Mobilidade Social no mundo ibérico do Antigo

Regime. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, pp. 355-386; OLIVEIRA, Anderson José Machado de.

“Padre José Maurício: “dispensa da cor”, mobilidade social e recriação de hierarquia na América portuguesa”.

In: GUEDES, Roberto (org.). Dinâmica Imperial no antigo Regime Português: escravidão, governos, fronteiras,

poderes e legados: séc. XVII - XIX. Rio de Janeiro: Mauad X, 2011. pp. 51-66; entre outros autores. 2 Para maior aprofundamento sobre a temática do Purgatório e do Inferno, sugerimos as seguintes leituras: Le

GOFF, Jacques. O nascimento do Purgatório. Lisboa: Editora Estampa, 1993; VOVELLE, Michel. As almas do

Purgatório: ou o trabalho de luto. São Paulo: Editora Unesp, 2010 e ARIÈS, Philippe. O homem diante da morte.

São Paulo: Editora Unesp, 2014.

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social entre eles, marcada pela hierarquia, distinção e pompa fúnebre. Essa relação entre

ambos, da mesma forma que era importante para aqueles que partiam – afinal, dependiam dos

vivos para que suas últimas vontades fossem realizadas –, também era fundamental para os

vivos, sobretudo aqueles encarregados de realizar as disposições solicitadas pelo testador.

Consoante Van Gennepe, o benefício era para ambos os lados:

Os indivíduos para os quais não foram executados os ritos fúnebres, assim como as

crianças não batizadas ou que não receberam nome, ou não foram iniciadas, são

destinadas a uma existência lamentável, sem poder jamais penetrar no mundo dos

mortos nem se agregarem à sociedade aí constituída. São os mortos mais perigosos,

porque desejariam reagregar-se ao mundo dos vivos, mas não podendo fazê-lo

conduzem-se como estrangeiros hostis. Não dispõem dos meios de subsistência que

os outros mortos encontram em seu mundo, e por conseguinte devem procurá-los à

custa dos vivos. Além disso, estes mortos sem lar nem lugar sentem frequentemente

um amargo desejo de vingança. Deste modo, os ritos dos funerais são ao mesmo

tempo ritos utilitários de grande alcance, que ajudam a livrar os sobreviventes de

inimigos eternos (GENNEPE, 2011: 138).

Destarte, ao realizar os pedidos solicitados pelos mortos, os vivos escapavam de sua

ira. E, também poderiam vir a nutrir, que ao chegar seus últimos momentos, receberia o

mesmo tratamento; mostrando a imagem de um bom cristão, preocupando-se tanto consigo,

quanto às almas dos demais. Na maioria das vezes, cabia ao testamenteiro escolhido pelo

testador, cuidar das premissas para a salvação de sua alma e partilha de seus bens materias. A

proximidade nas relações entre vivos e mortos, são características das sociedades de Antigo

Regime, na hora da morte. Todavia, para além das garantias de realizações das disposições em

testamento, à prática testamentária e ritos fúnebres neles contidos, possibilita ampliarmos o

nosso olhar de análise.

As Ordenações Filipinas, legislações que vigoraram no Império Português e em suas

colônias, regulavam a prática testamentária na América Portuguesa. Nelas continham alguns

limites ao direito de testar. Não era permitido que os homens menores de 14 anos; as mulheres

abaixo de 12 anos; os furiosos ou loucos; os mentecaptos ou idiotas; os hereges; os apóstatas;

o pródigo ou gastador; os religiosos professos; os escravos, etc., solicitassem suas últimas

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vontades em testamentos.3 Por si só, o ato de testar, funcionava como uma espécie de “filtro

social” daqueles que poderiam lograr e ter condições de almejar uma boa morte. Dos poucos

alforriados que conseguiram realizara a feitura do testamento, as suas últimas vontades eram

importantes meios de intentar a salvação, bem como demonstração de poder que o morto

possuía enquanto vivo no interior do próprio grupo.4

Adiante, com o intuito de embasar a discussão que trouxemos até aqui, analisaremos

uma pequena amostragem de testamentos, chamando atenção para os ritos, enquanto

importante meio de obter a salvação da alma, e também, fundamental na análise da hierarquia

e ascensão social, levando em consideração as atitudes diante da morte.

Ritos fúnebres e hierarquia

A preta forra Maria Fontoura, moradora no termo de Mariana, em 7 de maio de 1744

registrou o seu testamento:

[...] Em nome da santíssima Trindade Padre Filho e Espírito Santo três pessoas e

um só Deus Verdadeiro Saibam quanto este instrumento virem que no ano de

nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e quarenta e quatro e

aos sete dias do mês de maio do dito ano eu Maria Fontoura preta forra estando em

meu perfeito juízo e entendimento que nosso Senhor me deu (...) desejando por a

minha alma no caminho da salvação por não saber o que Deus Nosso Senhor de

mim quer fazer [...].

3 As legislações das Ordenações Filipinas encontram-se on-line:

http://www1.ci.uc.pt/ihti/proj/filipinas/ordenacoes.htm. As questões referentes ao testamento podem ser

conferidas no livro IV, do Título LXXX, até o Título LXXXVI. 4 Estudos recentes a respeito da mobilidade social, sobretudo em sociedades com características estamentais,

consideram que a mobilidade social não deve ser entendida meramente como apêndice do enriquecimento. Antes

disso, nestas sociedades, a reputação social tem sua primazia de destaque. O enriquecimento podia ou não,

colaborar, porém o prevalecimento deve-se a imagem que o mesmo tinha no grupo que estava inserido. Cf.

GUEDES, Roberto. “Ofício mecânico e a mobilidade social: Rio de Janeiro e São Paulo (Sécs. XVII-XIX)”. In:

Topói. Vol. 7, n° 3, jul-dez, 2006, pp. 379-423. Partindo deste pressuposto, que a mobilidade social dava-se no

interior do próprio grupo, salientamos a importância daqueles que conseguiam legar as suas últimas vontades,

levando em consideração o meio em que estavam inseridos. No momento da morte, o moribundo podia mostrar

aos demais, seu perfil de bom cristão e os ritos fúnebres que viria a receber. Especificamente no caso dos

alforriados, dos poucos que conseguiam deixar testamentos, tal atitude mostra a distinção que o mesmo possuía

em relação aos outros, neste grupo social de escravos e forros. Ou seja, alcançar o ato de testar, tanto para livres

e alforriados, nesta sociedade com símbolos do catolicismo na cosmogonia da época, era um importante

instrumento de poder, na hora da morte. Apesar dos gastos referentes à feitura do testamento, - não tornando o

poder como dependente da economia - chamamos atenção para o ato de testar, por si só, inserido nos sistemas de

significações das sociedades de Antigo Regime; bem como os ritos pedidos em testamento, que apesar das

solicitações serem mais ou menos suntuosas, o importante era estar afinado a este meio social.

6

Apesar das variações nos modelos de testamentos do século XVIII, a premissa e o

interesse do mesmo eram deixando claro em todos eles, que o principal intuito era colocar a

alma no caminho da salvação.5 A prática testamentária garantia após a morte de Maria

Fontoura, que suas solicitações seriam atendidas pelo seu testamenteiro, possibilitando a sua

boa passagem ao mundo de além-túmulo.

Continuando no testamento da preta forra Maria Fontoura:

[...] Primeiramente encomendo a minha alma à santíssima Trindade que a criou e

rogo ao Padre eterno pela morte e Paixão de seu Unigênito filho (...) Peço e rogo a

gloriosa virgem Maria Senhora Nossa Madre de Deus e a todos os santos da Corte

do Céu particularmente aos anjos da minha guarda e a Nossa Senhora do Rosário a

que tenho particular devoção e a todos os Santos da Corte Celestial queiram por

mim interceder e rogar quando a minha alma deste corpo sair por que como

verdadeiro cristão protesto de viver e morrer em a Santa Fé Católica e crer o que

crer a Santa fé Católica e nesta fé espero salvar a minha alma não por meus

merecimentos mas pelos da santíssima paixão do seu unigênito filho de Deus [...].6

O reconhecimento de seus pecados, as atitudes de simplicidade perante a fé cristã, a

solicitação dos santos, as santas e os anjos que intercedessem pelo testador, etc.,

demonstravam o reconhecimento em vidas dos atos falhos e arrependimento dos pecados,

tornando possível almejar o alívio da sua consciência e salvação da alma (MATHIAS, 2015).

A preta forra Maria de Meira, estando “doente na cama e temendo me da morte”, fez o

seu testamento “desejando por a minha alma no caminho da salvação”. A mesma informa

como deve proceder a respeito do seu cortejo fúnebre:

[...] Meu corpo será sepultado na Igreja desta cidade ou da freguesia donde quer

que eu falecer e me acompanhará meu corpo a sepultura o meu reverendo vigário

(...) com mais quatro sacerdotes e este dará (...) costumadas (...) missas de corpo

presente os que me acompanharem lhe darão as oitavas a cada um [...].

O cortejo fúnebre era considerado grande espetáculo referente ao barroco mineiro,

neste momento que o corpo era conduzido à sepultura. Segundo Adalgiza Campos a pompa

fúnebre antes de ser vista pela grandiosidade do funesto, requer ser entendida no sentido de

viabilizar a eternidade para os mortos (CAMPOS, 1987). Contudo, para aqueles que

presenciavam este momento, a pompa fúnebre remetia a condição social do morto e a

afirmação social do mesmo enquanto vivo, de acordo com Júnia Furtado (FURTADO, 2001). 5 Sobre as variações do testamento católico no século XVIII, Cf. RODRIGUES, Claudia e DILLMANN, Mauro.

Desejando pôr a minha alma no caminho da salvação: modelos católicos de testamentos no século XVIII. In:

Unisinos – doi: 10.413/htu. 2013.171.01. Janeiro/Abril, 2013. 6 ACSM. Livro de testamento 62, f. 66-66v.

7

Deste modo, podemos perceber, que a prática testamentária tanto com suas premissas

primordialmente espirituais, mas também materias, em conjunto, torna-se possível analisar e

estudar a respeito das hierarquias dessa sociedade por meio da documentação testamental.

Na continuidade com a exposição do testamento da preta forra Maria de Meira, a

mesma informa os tratamentos a ser dado a seu corpo:

[...] será amortalhado no hábito de São Francisco e não havendo em um lençol e me

levarão a tumba das almas com a Irmandade e lhe darão as esmolas costumeiras

[...].7

Dos testamentos das mulheres forras analisados neste trabalho, todos informaram as

mortalhas aos quais seriam envolvidos, após a alma de cada uma partir. Todas elas, também

solicitavam as mortalhas vinculadas aos seus santos de proteção. A necessidade desta veste,

conforme Claudia Rodrigues é devido à crença que durante a passagem para o além, os

mortos deveriam estar convenientemente vestidos. Ainda com a autora, em sua análise

referente à primeira metade do século XIX no Rio de Janeiro, as mortalhas de santos eram as

mais solicitadas pelos moribundos, pois representava um apelo aos santos para ajudá-los a

partir do momento que estiverem vestidos (RODRIGUES, 1997:146-147).

Igualmente a Maria de Meira, a preta forra Eugênia de Souza solicitou em seu

testamento o acompanhamento do cortejo fúnebre até o sepultamento de seu corpo, da

seguinte forma:

[...] Meu corpo será sepultado na matriz desta freguesia ou donde quer que eu

falecer amortalhado em hábito de São Francisco em falta desta em um lençol será

acompanhado pelas Irmandades das Almas (...) acompanhar o meu Reverendo

vigário e este dará costumas missas de corpo presente [...].8

Similarmente a estas, a preta forra Joana Ferras solicitou em seu testamento, após a sua

morte:

[...] Meu corpo será sepultado na capela de Nossa Senhora do Rosário da

irmandade das Almas de quem sou irmã e amortalhado em um lençol a irmandade

(...) missas por minha alma na capela de Nossa Senhora da Glória [...].9

Os testamentos das pretas forras analisados neste recorte, todos eles, com exceção de

dois que não foi possível verificar, solicitaram o acompanhamento e missas pela sua alma

para as Irmandades das Almas. Tais irmandades, conforme Júnia Furtado era específica para

7 ACSM. Livro de testamento 71, f. 122. 8 ACSM. Livro de testamento 63, f. 13. 9 ACSM. Livro de testamento 71, f. 99v.

8

brancos, de acordo com sua análise referente ao arraial de Tejuco. Apesar das restrições em

que estas confrarias pretendiam se organizar, foi possível a essas forras tornarem-se irmãs

dessas instituições e solicitarem as suas disposições espirituais (FURTADO, 2001).

A inserção de negros em irmandades era importante para estes conseguirem adentrar

nas relações sociais no meio que estavam inseridos. Consoante Cacilda Machado, os registros

de óbitos na região estudada por ela - o planalto paranaense - na primeira metade do século

XVIII, tornou possível compreender o momento da morte enquanto importante oportunidade

para expressar o prestígio social do moribundo (MACHADO, 2010: 178-180).

A preta forra de sobrenome Pinha solicitou em seu testamento que seja “feito missas

de corpo presente”, na presença do seu reverendo vigário e de sua Irmandade das Almas. A

mesma ainda solicitou que fosse feita para a sua alma, “trinta missas de meia oitava de ouro”,

por meio de seu revendo vigário.10 Igualmente, para a sua alma, Eugênia de Souza deixou

“cinquenta missas de meia oitava”.11

As missas eram um dos principais elementos que compunham os pedidos de últimas

vontades do testador. Nela estava a crença, conforme Adalgisa Campos, de manter o bem da

própria alma e ajudava nas remissões do pecado daqueles que estavam no Purgatório,

aguardando para a sua salvação (CAMPOS, 1996). As missas solicitadas tanto poderiam ser

para seu proveito ou como caridade e compaixão para a alma de entes queridos, ex-senhores,

e para as almas do Purgatório. Mesmo também solicitando missas para outrem, comumente o

moribundo tinha por interesse também beneficiar a si, no qual a caridade tinha sua

importância na imagem que o testador queria deixar dele mesmo. São atitudes que tanto

demonstram a imagem de bom cristão, preocupado com os caminhos que sua alma irá seguir

e, com a alma de outros mortos, que ao ajudá-los, poderia contribuir no momento de seu

julgamento final.12

Os testamentos aqui analisados, todos eles, solicitaram as tradicionais missas de corpo

presente, nas quantias de costume, com o intuito de remissões de seus pecados. Durante as

missas, também solicitaram a presença de seus vigários e das irmandades aos quais faziam

10 ACSM. Livro de testamento 63, f. 94. 11 ACSM. Livro de testamento 63, f. 13-13v. 12 Para saber mais a respeito da imagem de bom cristão e o perfil criado em testamento, Cf. PAIVA, Eduardo

França. “Usos e costumes da terra: o viver e o sentir nos relatos testamentais e nos inventários post-mortem das

Minas Gerais setecentistas”. In: RODRIGUES, Claudia e WANDERLEY, Marcelo da Rocha (org.). Últimas

Vontades: testamento, sociedade e cultura na América Ibérica – séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Mauad X,

2015, pp. 75-106.

9

parte, aumentando tanto as chances de obter a sua salvação e a pomposidade fúnebre de seus

cortejos. As pretas forras Pinha e Eugênia, além das tradicionais solicitações, pediram missas

para sua alma, doando esmolas para o seu vigário e para a sua irmandade, respectivamente.

Por fim, chamamos atenção aos laços de sociabilidade que o moribundo demonstrava

no momento de preparo de sua morte, em que nesta ocasião, era possível expor os laços que

tinham durante a vida. Em seu testamento, a preta forra Maria de Meira informa ter sido

alforriada pelo seu ex-senhor. O mesmo foi escolhido por ela para ser seu testamenteiro:

[...] Declaro que fui cativa de Manoel de Marquez (...) meu testamenteiro Santo a

minha carta de alforria que suposta a dita carta está passada gratuitamente não

devo nada ao dito meu senhor como tenho dito [...]

A participação de Manoel de Marquez, neste momento tão importante na condução

das solicitações de Maria de Meira, mostra a permanência de laços entre eles e a proximidade

em que os mesmos se encontram, para que seja seu testamenteiro.

Com intuito de ajudar sua família, e assim mostrar generosidade com os demais e

evidenciar seus recursos no que tange ao quesito material de seu testamento, Maria de Meira

solicitou as seguintes instruções:

[...] Declaro que sou natural da Costa da Mina e que nunca fui casada nem tive

filhos alguns e intitulo a minha alma por minha herdeira (...) depois de pagar as

minhas dividas e satisfeitos os meus legados (...) Deixo ao meu irmão Felipe

escravo de Manoel de Marques para ajuda de sua liberdade vinte oitava [...].13

Sua ação mostra a importante relação com seu familiar, o irmão Felipe, ao deixar para

ele determinado valor para que conseguisse comprar a sua liberdade. Deste modo, nos

mostrando as relações sociais no qual o testamento nos permite analisar.

Em 20 de outubro de 1735, o homem branco e livre José, morador do termo de Mariana,

fez o seu testamento “estando enfermo temendo me da morte” e nele buscou pelos “Santos

Sacramentos” encaminhar a sua “alma para a Santíssima Trindade”. O mesmo solicitou que

seu corpo fosse “sepultado na matriz de Nossa Senhora do Monte do Carmo”, e seu corpo

amortalhado, em hábito de Nossa Senhora do Carmo.14 Igualmente, Luis da Silva Pinto,

também morador da cidade de Mariana, em 1752, solicitou que seu corpo fosse “sepultado na

catedral da cidade de Mariana” no “hábito de São Francisco” e pediu a presença de quatro

13 ACSM. Livro de testamento 71, f. 122-122v. 14 ACSM. Livro de Testamento 65, f. 1-1v.

10

padres e de seu reverendo para acompanhar seu corpo até o sepultamento, solicitando a missa

de corpo presente. O mesmo também informou que é irmão da Irmandade de Nossa Senhora

do Rosário e pediu para que a mesma acompanhe-se seu corpo e que fosse feita vinte missas

por sua alma.15

Os testamentos das pretas forras são semelhantes às disposições testamentais dos

brancos e livres da sociedade ao qual estão inseridas. Os pedidos solicitados com intuito a

alívio da consciência e salvação da alma mantêm os mesmos interesses de ambos os grupos;

todavia, as formas de preparação para o momento da morte são subjetivas a cada testamento

devido às inquietações pessoais de cada consciência, os recursos que cada um detém e as

formas concebidas na produção do perfil em testamento.

.

Conclusão

A pesquisa que esta comunicação pretendeu expor, se encontra em fase inicial. Assim,

ainda temos um caminho longo a percorrer no levantamento de fontes dos testamentos dos

alforriados, bem como dos livres, possibilitando tecer comparações desses distintos grupos

sociais.

Também é de nosso interesse observar as possíveis alterações nas disposições –

sobretudo nos legados espirituais – por causa do impacto do auge e declínio do ouro na

Capitania mineira - tendo em vista o maior número de testamento de alforriados para a

segunda metade do século XVIII – bem como as demais mudanças que estavam acontecendo

neste período. 16

Acreditamos que o estudo das atitudes diante da morte empreendidas pelos forros,

permita melhor compreensão da relação desse grupo com a morte, bem como a inserção

desses forros numa sociedade com característica estamental e escravista. Deste modo, o

estudo da morte fomenta tanto o conhecimento acerca deste momento último e derradeiro,

bem como das relações entre os vivos e os mortos.

15 ACSM. Livro de Testamento 70, f. 10-11. 16 Em recente artigo, Claudia Rodrigues aponta sobre as transformações que estavam circulando no século XVIII

europeu com influência do iluminismo, bem como as transformações na prática testamentária feitas pelo Pombal,

na segunda metade do século XVIII. Cf. RODRIGUES, Claudia. “Intervindo sobre a morte para melhor regular a

vida: significados da legislação testamentária no governo pombalino”. In: RODRIGUES, Claudia e FALCON,

Francisco (org.). A “Época Pombalina” no mundo luso-brasileiro. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2015, pp. 307-

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