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SOBREVIVENCIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS EM UM PROJETO DE RECUPERAÇAO DE ÁREAS DEGRADADAS DE LONGO PRAZO NO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA - PARANÁ Werner Hermann Meyer Junior (PPGA/CAPES), João Ronaldo Freitas de Oliveira (PPGA), Vanessa Silva Moreira (PPGA), Luciano Farinha Watzlawick (orientador), Cristiano André Pott (co-orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/ Laboratório de Ciências Florestais e Forrageiras/Guarapuava – PR. Ciências Agrárias – Recursos Florestais – Conservação da Natureza – Recuperação de Áreas Degradadas Palavras-chave: espécies nativas, adubação mineral, adubação orgânica, RAD Resumo: O presente trabalho tem por objetivo avaliar os níveis de sobrevivência, após seis anos de plantio de mudas de oito espécies florestais nativas utilizadas na recuperação de uma área degradada, sob diferentes adubações de plantio. O experimento foi delineado em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, onde as adubações realizadas representam as parcelas, e as espécies representam as sub-parcelas. Os resultados mostraram não haver influência das adubações realizadas em relação à sobrevivência das espécies ou interações entre espécies e tipos de adubação. Houve efeito do tratamento espécies, destacando-se a aroeira, o branquilho e a pitangueira como sendo as que atingiram maior nível de sobrevivência. Introdução A intensidade das degradações ambientais ocorridas desde o último século foram muito significativas. Em razão disso existe hoje um consenso na sociedade sobre a importância em se recuperar áreas degradadas, seja através da exploração extrativista inadequada, grandes obras da construção civil, pela ação da mineração ou qualquer outra atividade antrópica que interfira de maneira mais profunda no equilíbrio ambiental. De qualquer modo, a recuperação dessas áreas depende da eficiência em se consolidar espécies nativas, já adaptadas, que darão início ao processo de repovoamento. Em uma mesma dimensão de importância está a recuperação do solo, que na maioria das situações encontra-se esgotado, ou não tem condições de dar suporte ao desenvolvimento seja de mudas ou sementes. Sendo assim, a escolha das espécies é de grande importância em um projeto de Recuperação de Área Degradada (RAD), assim como é relevante adequar o solo proporcionando melhores condições ao desenvolvimento das espécies, reduzindo custos e tempo de recuperação. Segundo Capanezzi, (2006), são abundantes os fracassos nas atividades de recuperação através do plantio de mudas, que muitas vezes não são produzidas segundo os conceitos técnicos. Dessa forma foi concebido o presente trabalho, com intuito de alargar o conhecimento a respeito do uso de espécies nativas e sua capacidade de estabelecimento e resposta à melhoria das condições do solo. Que consiste da avaliação de diferentes adubações visando Anais da III SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 24 a 26 de setembro de 2013, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – 2236-7098

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SOBREVIVENCIA DE ESPÉCIES FLORESTAIS NATIVAS EM UM PROJETO DE RECUPERAÇAO DE ÁREAS DEGRADADAS DE LONGO PRAZO NO M UNICIPIO

DE GUARAPUAVA - PARANÁ

Werner Hermann Meyer Junior (PPGA/CAPES), João Ronaldo Freitas de Oliveira (PPGA), Vanessa Silva Moreira (PPGA), Luciano Farinha Watzlawick (orientador),

Cristiano André Pott (co-orientador), e-mail: [email protected]

Universidade Estadual do Centro-Oeste/ Laboratório de Ciências Florestais e Forrageiras/Guarapuava – PR.

Ciências Agrárias – Recursos Florestais – Conservaç ão da Natureza – Recuperação de Áreas Degradadas

Palavras-chave: espécies nativas, adubação mineral, adubação orgânica, RAD

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo avaliar os níveis de sobrevivência, após seis anos de plantio de mudas de oito espécies florestais nativas utilizadas na recuperação de uma área degradada, sob diferentes adubações de plantio. O experimento foi delineado em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, onde as adubações realizadas representam as parcelas, e as espécies representam as sub-parcelas. Os resultados mostraram não haver influência das adubações realizadas em relação à sobrevivência das espécies ou interações entre espécies e tipos de adubação. Houve efeito do tratamento espécies, destacando-se a aroeira, o branquilho e a pitangueira como sendo as que atingiram maior nível de sobrevivência.

IntroduçãoA intensidade das degradações ambientais ocorridas desde o último século foram muito significativas. Em razão disso existe hoje um consenso na sociedade sobre a importância em se recuperar áreas degradadas, seja através da exploração extrativista inadequada, grandes obras da construção civil, pela ação da mineração ou qualquer outra atividade antrópica que interfira de maneira mais profunda no equilíbrio ambiental. De qualquer modo, a recuperação dessas áreas depende da eficiência em se consolidar espécies nativas, já adaptadas, que darão início ao processo de repovoamento. Em uma mesma dimensão de importância está a recuperação do solo, que na maioria das situações encontra-se esgotado, ou não tem condições de dar suporte ao desenvolvimento seja de mudas ou sementes. Sendo assim, a escolha das espécies é de grande importância em um projeto de Recuperação de Área Degradada (RAD), assim como é relevante adequar o solo proporcionando melhores condições ao desenvolvimento das espécies, reduzindo custos e tempo de recuperação. Segundo Capanezzi, (2006), são abundantes os fracassos nas atividades de recuperação através do plantio de mudas, que muitas vezes não são produzidas segundo os conceitos técnicos. Dessa forma foi concebido o presente trabalho, com intuito de alargar o conhecimento a respeito do uso de espécies nativas e sua capacidade de estabelecimento e resposta à melhoria das condições do solo. Que consiste da avaliação de diferentes adubações visando

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determinar sua eficiência sobre oito diferentes espécies florestas nativas recomendadas para recuperação florestal em uma área degradada no município de Guarapuava, Paraná.

Materiais e métodosO experimento foi realizado no Campo Experimental do Departamento de Agronomia da UNICENTRO, localizado no Campus CEDETEG em Guarapuava, município da região Centro-Sul do Estado do Paraná, com altitude de aproximadamente 1033 metros acima do nível do mar, e as coordenadas geográficas são: 25º 23'15" S e 51º 29'24" W. Trata-se de uma área anteriormente utilizada para produção pecuária caracterizando-se basicamente como pastagem degradada. Anterior à implantação do experimento, foi realizado análise de solo na profundidade de 0-20 cm, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Análise de solo de rotina da área a ser recuperada.

pH CaCl2

0,01MCarbono orgânico

P(Mehlich-1)

Al3+ H++Al3+ Ca2+ Mg2+ K+ V

g/dm3 mg/dm3 --------------- cmolc/dm3 ------------ %

4,4 24,9 2,6 0,2 6,96 2,2 2,0 0,14 38,4

Além da análise de solo, também foi realizada uma roçada mecânica e uma aração na linha de plantio antes da introdução das mudas no campo. O experimento foi conduzido em blocos ao acaso com parcelas subdivididas e quatro repetições, onde foram conduzidos os seguintes tratamentos nas parcelas: a) Sem adubação (testemunha), b) Calagem para correção da acidez do solo baseado no método de Saturação por Bases à 60% e adição de fertilizantes minerais na dose de 15 kg/ha de N, 80 kg/ha de P2O5 e 30 kg/ha de K2O (Calagem + NPK), c) Adubação com esterco bovino curtido na dose de 10 Mg/ha (Esterco), d) Adubação com esterco bovino curtido na dose de 10 Mg/ha e adubação com pó de rocha de basalto na dose de 5 Mg/ha (Esterco + Pó de Rocha). Os fertilizantes foram aplicados no sulco, seguidos de revolvimento manual e nivelamento do terreno. Cada parcela foi formada por cinco linhas de plantas no espaçamento de 2,5 m e oito plantas por linha (espaçadas em 2,0 m). As sub-parcelas consistiram em oito espécies florestais nativas da região Centro-Sul do Estado do Paraná sendo quatro espécies pioneiras: Schinus terebinthifolia Raddi, (aroeira vermelha), Mimosa scabrella Benth, (bracatinga), Sebastiania commersoniana (Baill.), L.B. Sm & Downs (branquilho) e Bauhinia forficata Link (pata-de-vaca); e quatro espécies secundárias: Cedrela fissilis Vell (cedro), Ocotea porosa (Ness) Barroso (imbuia), Ceiba speciosa (A. St.-Hill.) Ravenna (paineira) e Eugenia uniflora L. (pitangueira). Para escolher as espécies levou-se em consideração as recomendações de IAP (2006) e Lorenzi (2000). Utilizou-se o princípio de recuperação de matas ciliares, com distribuição cruzada das mudas, fazendo com que toda espécie secundária ficasse cercada por espécies pioneiras, e vice-versa Martins, (2001), conforme Figura 1. Na implantação do experimento, foi realizado controle de formigas utilizando pasta antiaderente Formifu® numa faixa de 2 cm em torno do caule das mudas. A análise estatística foi realizada através do programa Assistat (versão 7.6 beta) 2013.

Resultados e Discussão

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Dentre as oito espécies, destacaram-se a aroeira, o branquilho e a pitangueira, entre os que obtiveram os maiores índices de sobrevivência, seguidos pela bracatinga e a pata de vaca em mais de seis anos pós plantio. O cedro e a imbuia tiveram altos índices de mortalidade. A paineira teve um índice de mortalidade de 99,2% impossibilitando sua participação na análise estatística. Dentre as espécies que obtiveram melhor resultado, com exceção da pitangueira, todas as outras pertencem ao grupo de espécies pioneiras. Houveram diferenças muito significativas entre as médias de sobrevivência dentro das espécies, conforme mostra a Tabela 02.

Tabela 02 – Média das porcentagens de sobrevivência das espéciesEspécie nativa % de sobrevivênciaAroeira 17,50 AB*Bracatinga 13,13 BBranquilho 20,00 APata de vaca 14,06 BCedro 4,68 CImbuia 1,87 CPitangueira 15,94 AB

* Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si a 99% de significância.

Os dados mostram não haver diferenças significativas nos tratamentos com adubação e tampouco efeito dos blocos, mostrando não existir limitação quanto à fertilidade química do solo. Os resultados também mostraram, não haver interação entre as adubações e as espécies plantadas. Os dados estatísticos mostraram não existirem diferenças entre as médias das parcelas, referente à adubação utilizada, mostrando pouca efetividade de uma única adubação no momento do plantio em relação à sobrevivência das espécies utilizadas. A Figura 2 mostra a situação da área em recuperação após 6 anos.

Figura 1 - Área antes do plantio Figura 2 – Área em recuperação (fonte: MEYER JR, 2013) (fonte: MEYER JR, 2013)

Conclusões

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Dentre as espécies utilizadas e dentro das condições deste experimento, baseado no nível de sobrevivência, as espécies recomendadas para o plantio são em ordem de importância: branquilho, aroeira vermelha, pitangueira, pata-de-vaca e bracatinga. Dentre as espécies que obtiveram melhor resultado, com exceção da pitangueira, todas as outras pertencem ao grupo de espécies pioneiras.

ReferênciasCARPANEZZI, A.A.; CARPANEZZI, O.T.B. Espécies nativas recomendadas para recuperação ambiental no estado do Paraná, em solos não degradados. Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 57 p. (Embrapa Florestas. Documentos, 136).Instituto Ambiental do Paraná. [Online] Programa Mata Ciliar. Homepage: http://www3.pr.gov.br/mataciliar. Acesso em 30 de julho de 2013.LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. v.1, 3ed., Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2000. 367p.MARTINS, S.V. Recuperação de Matas Ciliares. Viçosa: Aprenda fácil, 2001. 146p.Sidol – Sistema de Identificação Dendrológica Online – Floresta Ombrófila Mista. Homepage: http://www.florestaombrofilamista.com.br/sidol/?menu=species acessado em 30 de julho de 2013.

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