sobre registros e patentes

4
NEGÓCIOS Franquia & Negócios | ABF JUN/JUL 2012 | www.franquiaenegocios.com.br 36 Registrar uma marca ou obter patente de algum produto ou pro- cesso deixou de ser exclusividade das grandes empresas há muito tempo. Empresários do segmento de franquias já perceberam a im- portância do uso e da produção ex- clusivos de logos e produtos. “Os empresários ganham exclusivida- de de mercado, podendo impedir terceiros contra o uso indevido. No caso das paten- tes, além da exclusividade, a empresa que não inovar corre o risco de ficar fora do mercado, pois hoje ganha quem sai na frente”, explica Ednéa Pinheiro, sócia da consultoria Nova Marca, especializada em patentes e registro de marca. Registros e patentes A atenção com a marca, processos e produtos criados pelo empreendedor impede prejuízo e protege contra usos indevidos e concorrência desleal A preocupação com o registro não é à toa. Criar um item inédito representa investimentos para além dos custos de produção e que envolvem benefícios intangíveis que podem aumentar o va- lor do negócio. O registro da marca é pré-requisito para iniciar um empreen- dimento e, no caso das franquias, asse- gura aos franqueados o uso de logoti- pos e nomes exclusivos. A patente de produtos ou proces- sos garante não apenas segurança, como evita concorrências desleais no mercado. “Aquilo que você inventa e expõe sem proteção pode ser copiado por ter- ceiros que não investiram tempo e re- ajudam franquias a cr escer POR CAMILA MENDONÇA franqabf#43_montagem.indd 36 05/06/2012 20:36:39

Upload: camila-mendonca

Post on 16-Mar-2016

255 views

Category:

Documents


5 download

DESCRIPTION

Revista Franquia & Negócios

TRANSCRIPT

Page 1: Sobre registros e patentes

NEGÓCIOS

Franquia & Negócios | AbF JUN/JUL 2012 | www.franquiaenegocios.com.br36

Registrar uma marca ou obter patente de algum produto ou pro-cesso deixou de ser exclusividade das grandes empresas há muito tempo. Empresários do segmento de franquias já perceberam a im-portância do uso e da produção ex-clusivos de logos e produtos.

“Os empresários ganham exclusivida-de de mercado, podendo impedir terceiros contra o uso indevido. No caso das paten-tes, além da exclusividade, a empresa que não inovar corre o risco de ficar fora do mercado, pois hoje ganha quem sai na frente”, explica Ednéa Pinheiro, sócia da consultoria Nova Marca, especializada em patentes e registro de marca.

Registros e patentes

A atenção com a marca, processos e produtos criados pelo empreendedor impede prejuízo e protege contra usos indevidos e concorrência desleal

A preocupação com o registro não é à toa. Criar um item inédito representa investimentos para além dos custos de produção e que envolvem benefícios intangíveis que podem aumentar o va-lor do negócio. O registro da marca é pré-requisito para iniciar um empreen-dimento e, no caso das franquias, asse-gura aos franqueados o uso de logoti-pos e nomes exclusivos.

A patente de produtos ou proces-sos garante não apenas segurança, como evita concorrências desleais no mercado.

“Aquilo que você inventa e expõe sem proteção pode ser copiado por ter-ceiros que não investiram tempo e re-

ajudam franquias a crescer

Por cAmilA mendonçA

franqabf#43_montagem.indd 36 05/06/2012 20:36:39

Page 2: Sobre registros e patentes

www.franquiaenegocios.com.br | JUN/JUL Franquia & Negócios | AbF 37

cursos na criação, permitindo fabricação sem autorização, resultando em prejuízo ao em-presário”, avalia Júlio Castelo Branco, diretor de patentes do INPI (Instituto Nacional da Pro-priedade Industrial), órgão res-ponsável pelos registros.

Além de R$ 500 mil, o empre-sário Ricardo Cruz, sócio-funda-dor da Nação Verde, franquia de produtos naturais, investiu tem-po na criação dos seis produtos patenteados que têm.

“Gastamos cerca de R$ 20 mil para patentear esses itens, mas o custo de uma patente não se resume a isso. São pes-quisas com fornecedores, pro-duto e embalagens que você es-traga fazendo testes. Você passa por uma seara que outros não passaram”, conta. “Você coloca a sua vida nisso, sacrificando o seu lado social e familiar”.

A rede que hoje tem duas unidades em São Paulo e abri-rá outras seis neste ano tem a patente de seis produtos, entre eles o suco da Vida, suplemen-to nutricional; a Batata Box, batata orgânica recheada; o E = MC², energético natural;

e o Beauty & Fly, chá natu-ral com função calmante. São esses produtos, diz Cruz, que elevam o interesse dos candi-datos a franqueados.

“É importante para o fran-queado saber que ele está in-vestindo em uma marca com produtos que ninguém tem. A patente agrega o patrimônio da empresa e passa a ser um ati-vo”, avalia.

Cândida Caffé, sócia do escri-tório Dannemann Siemsen, es-pecializado no tema, concorda.

“Do ponto de vista do fran-queado, a patente garante

“Se o negócio dele se baseia no

produto que criou, ele deve proteger antes mesmo de

comercializar. Quanto mais cedo ele fizer o pedido,

melhor”

Ricardo Cruz, sócio-fundador da Nação Verde,

franquia de produtos naturais

MARCATodo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. Após a concessão, o registro tem vigência por dez anos. Ao final desse período, o empresário pode renovar a vigência indefinidamente.

PATENTETítulo de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade. É considerada invenção a solução técnica para um problema técnico que seja uma novidade mundial e que seja aplicável na indústria. Modelo de utilidade é algo que já existe, mas que foi dado um uma forma e disposição nova que resulta em um efeito técnico novo. A patente de invenção tem vigência de 20 anos e o modelo de utilidade de 15 anos. Após esses períodos, os registros caem em domínio público.

DESENhO INDUSTRIALEm alguns negócios, tão importante quanto a marca ou a tecnologia é o design (a forma) que o produto apresenta. Nestes casos, é necessário o registro de Desenho Industrial, para evitar a cópia. O registro é válido por dez anos, prorrogável por três períodos de cinco anos.

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

franqabf#43_montagem.indd 37 05/06/2012 20:36:44

Page 3: Sobre registros e patentes

que a concorrência não imite a criação e mostra que a franquia tem um diferencial inovador”, afirma. Para Clóvis Silveira, sócio--diretor da C&S InterPatents, con-sultoria de serviços especializados em propriedade intelectual, a pa-tente deve ser a primeira preocu-pação do empresário.

“Se o negócio dele se baseia no produto que criou, ele deve prote-ger antes mesmo de comercializar. Quanto mais cedo ele fizer o pedi-do, melhor”, recomenda.

Foi o que fez a rede Number One, franquia de cursos de inglês que tem 35 mil alunos em 160 uni-dades em 14 estados. Desde o iní-cio da expansão da rede, por meio do sistema de franquias, em 1990, a rede já tinha o registro do méto-do de ensino e do material didático na Fundação Biblioteca Nacional, conta Mateus Freitas Rocha, advo-gado da rede. A marca ainda con-ta com a patente de software que sistematiza e facilita a gestão das unidades franqueadoras.

O pedido de patente do progra-ma foi feito em 2009 e a concessão saiu em 2011. Ao todo, a rede in-vestiu cerca de R$ 3 mil ao longo do processo.

“O custo do registro específico não é tão elevado frente aos benefícios. Quando você registra, você protege os investimentos que a empresa fez

contra a utilização indevida. Para desenvolver o programa, investimos R$ 100 mil”, conta Rocha.

Ainda que a empresa não tenha criado os produtos que comerciali-za, ela deve se preocupar com ou-tro registro, o da marca – um dos valores intangíveis mais importan-tes para qualquer negócio. É a mar-ca que atrai os consumidores, gera credibilidade e reconhecimento.

“O registro da marca vale a pena sempre que o empresário buscar no mercado um diferencial para os seus produtos e serviços em relação aos dos seus concorrentes, pois as-sim que os produtos ou serviços fo-rem divulgados no mercado, serão reconhecidos pelos consumidores que poderão confiar neles”, explica Ednéa Pinheiro, da Nova Marca.

“As marcas reconhecidas e res-peitadas passam a valer mais do que o patrimônio físico da própria empresa”, completa.

O nome é um dos fatores que dá força ao negócio e é incorpora-do ao dia a dia dos consumidores sem mesmo que eles percebam. Quem não conhece o bicho de pé, por exemplo? O doce é conhe-cido e vendido por muita gente, mas o nome é de uma única rede, a Amor aos Pedaços, que tem hoje mais de 60 unidades no País. A re-ceita é anterior à marca e hoje é responsável pela venda de cerca de uma tonelada do doce por ano. “É o carro chefe da rede”, afirma a sócia-diretora da marca, Silvana Abramovay Marmonti.

O registro do nome do doce é de 1989 e virou sinônimo do bri-gadeiro rosa.

“A gente faz de 10 a 20 pedi-dos para retirada do nome por uso indevido por mês. Notifica-mos as empresas, mas nunca chegamos a ir à Justiça. Damos um prazo de 24 a 48 horas para a retirada das referências. Os ga-nhos são a proteção e o poder da marca”, avalia a executiva.

Silvana Abramovay Marmonti, sócia-diretora da Amor aos Pedaços

Div

ulga

ção

(11) 2359-1120www.redenossobar.com.br

Saiba mais:

PARA QUEM QUERMUDAR DE VIDA.

Há muitas razões para automatizar os negócios...

...A melhor de todas é reduzir os custos na

ZIPautomação.

SP: (11) 4063-5873RJ: (21) 4063-7190MG: (31) 4063-9228

Televendas

[email protected]

www.zipautomacao.com.br

Entregamos em todo o Brasil os melhores produtos

com os melhores preços.

franqabf#43_montagem.indd 38 06/06/2012 11:27:34

Page 4: Sobre registros e patentes

NEGÓCIOS

Franquia & Negócios | AbF JUN/JUL 2012 | www.franquiaenegocios.com.br40

As pedras no caminho

Ao entrar com pedido de regis-tro de marca ou patente, empre-sários se deparam com algumas armadilhas que podem protelar a concessão dos pedidos ou mesmo prejudicar o negócio. O principal erro que os empresários cometem ao longo do processo é não espe-cificar de maneira clara e detalha-da sua criação, afirma Júlio Caste-lo Branco, do INPI.

“Falta informação nos projetos apresentados, talvez até por re-ceio de revelar o todo da inven-ção. Mas é preciso estar tudo bem discriminado. Por isso, é melhor não arriscar a tentar fazer sozi-nho”, aconselha.

Ricardo Cruz, da Nação Verde, resolveu arriscar e deu entrada em todos os pedidos de patente sem a ajuda de consultores especializa-dos, seguindo um modelo padrão disponibilizado no próprio site do instituto (www.inpi.gov.br).

“O primeiro pedido saiu mais caro porque cometemos erros. Para quem vai fazer pela primei-ra vez, sendo uma pessoa leiga, sempre há erros de interpretação”, conta. Após seis meses, o primeiro projeto depositado no instituto foi devolvido. “Tivemos de refazer.” Com o tempo, a rede conseguiu minimizar as falhas e conseguiu as demais patentes com mais agilida-de e sem auxílio de especialistas.

Thiago Carvalho, advogado e sócio diretor da Khaddour e Carvalho Advogados

“Se tivéssemos de legalizar a marca, teríamos um

investimento muito maior e teríamos de aplicar

recursos que foram usados para outros fins, para obter a mesma meta.”

Para Thiago Carvalho, advo-gado especialista em direito pro-cessual civil, direito do trabalho e sócio diretor da Khaddour e Car-valho Advogados, a maior pedra no caminho dos pequenos empre-sários é a falta de informação.

“O principal erro é não fazer o registro ou fazê-lo de maneira ina-dequada”, avalia. A agilidade com a qual grandes empresas conseguem os registros deve-se, segundo Car-valho, ao acompanhamento de pro-fissionais qualificados.

“Não há preferência para a grande empresa, mas ela tem a in-formação e sabe como fazer”, diz.

Ednéa, da Nova Marca, ressal-ta os cuidados que empresários devem ter ao tentar registrar qual-quer elemento relacionado à mar-ca, como grafia, nome e logotipo. “A falha é abrir a empresa, investir no desenvolvimento das marcas, fachadas dos estabelecimentos, ma-terial publicitário sem saber se a expressão utilizada é um sinal re-gistrável como marca ou se já existe marca na mesma área de negócios registrada anteriormente”, ressalta.

A falta de renovação do regis-tro resulta em problemas, avalia Carvalho, da Khaddour e Carvalho Advogados. Foi ela que deu dor de cabeça ao franqueado máster da Gymboree, rede de franquia focada em desenvolvimento infantil com mais de 800 unidades em 50 países. A rede iniciou a operação no Brasil em 2010 e sem o registro da marca.

De acordo com Nuno Simões, só-cio da Gymboree Brasil, a demora em conseguir o registro motivou o início imediato. “Foram necessários um ano e 10 meses para concluir-mos o projeto”, conta.

O prazo poderia ter sido menor não fosse pela falta de renovação do registro. A Gymboree Corpora-tion já havia vendido o máster do Gymboree Brasil há mais de dez anos a outro consórcio, que não chegou a operar. Quando a Fran-quia Brasil adquiriu os direitos em 2010, o direito do uso da marca já havia expirado. No Brasil, após a concessão do registro, o empresá-rio tem a exclusividade de uso por dez anos. Após esse período, ele precisa renovar o registro – o que não foi feito no caso da rede.

“A casa-mãe americana consta-tou que o registro tinha deixado de ter efeitos legais. E, por incrível que pareça, o principal problema que ti-vemos foi anular o registro anterior e fazer um novo”, conta Simões. Além disso, diz, algumas dúvidas foram levantadas e o processo foi alterado várias vezes. Após quase dois anos e cerca de U$ 7 mil, a marca conseguiu ser registrada.

“A marca é a peça-chave, que conduz o negócio. Com ela, a em-presa ganha reconhecimento e no-toriedade, potenciais parceiros no mercado brasileiro, confiança dos consumidores, constantes pedidos de informação e manifestações de interesse de franqueados. Além dis-so, ela aumenta o poder de negócio com a banca de fornecedores e o in-teresse das escolas privadas brasilei-ras e internacionais”, avalia Simões.

Para a marca, o apoio da casa--mãe foi fundamental para que o processo não demorasse ainda mais.

“Se tivéssemos de legalizar a marca pelos nossos próprios meios, teríamos um investimento muito maior e teríamos de aplicar recur-sos que foram usados para outros fins, para obter a mesma meta.”

Div

ulga

ção

01_ANUNCIO_B2B_REVISTA_FRANQ_NEGOCIOS_21X28CM_impar.indd 1 04/06/2012 18:54:12franqabf#43_montagem.indd 40 06/06/2012 11:29:29