sobre o comunismo final
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25 de junho de 2010
Hugo Eduardo Azevedo Fialho
OS PORQUÊS
DE HOJE EM DIA SOBRE O COMUNISMO FINAL
“Antes de qualquer coisa, é importante salientar que esta aspiração a ensaio não se
trata de um manifesto de ideais comunistas, mas de uma análise sua no meu contexto
familiar.” Esse período composto já introduz o temor que muitas vezes rondou o comunismo
em terras tupiniquins, até a aprovação da Constituição da República Federativa do Brasil, em
1988, mas que, como herança de costumes dum período que se estendeu da Era Vargas ao
Regime Militar, ainda persiste. Persiste, portanto, explicavelmente, mas muito
disfarçadamente; tanto é que para a elaboração desse ensaio foram-me necessários surtos de
memória em meio à amnésia típica, bem como uma análise persistente que muitas vezes me
levou a reflexões profundas. Assim, posso confirmar a veracidade do que está escrito aqui.
Minha família materna, com a qual tenho contato íntimo mais intenso por estar esta
mais próxima do mim, foi que me objetivou esta análise, a partir das opiniões e comentários
de meus avós, que deixavam escapar certo repúdio ao comunismo, fato que se estendia aos
demais. Descobri o motivo do repúdio ao comunismo: não somente aquela ojeriza que
normalmente tem-se contra os ideários abruptos de enfretamentos diretos entre burguesia e
proletariado, a ditadura proletária ou a equalização inerentes do comunismo, mas também o
temor de serem compreendidos também como comunistas.
Meu avô e minha avó sempre foram muito ativos no cenário político de Lago da Pedra,
mas ascenderam num período de caça legalizada aos ideários comunistas; logo, tinham
sempre de se policiar para não caírem na lábia comunista tampouco sofrerem consequências
disso. Entretanto, esse período histórico já se passou, o que teoricamente forçaria meus avós a
terem quaisquer posturas sem necessário medo do comunismo; mas não é o que acontece: a
idade avançada, que os impõe mais firmemente suas ideias, por mais retrógadas que sejam, os
faz se comportarem como clássicos para com nosso tempo atual. E ser clássico, nesse caso, é
ruim, pois significa conviver com um temor do passado que hoje inexiste.
Meus avós são assim, e se tentar anular esse comportamento, mais se comportarão
assim, pois, como dito, mais clássicos e coerentes se achariam. É esse temor que ainda persiste
em meus avós maternos, e que se expandiu para todos os próximos, que justifica algumas
grosserias, as quais só vem à tona quando surgem da minha boca ou da minha irmã ou de
qualquer outrem palavras de apoio à classe proletária – como engajamento à causa proletária,
financiamentos de bens ou o simples dó destes.
Pelo que observo, e que é verossímil, esses pensamentos, essas atitudes e esses
discursos que compõem um estilo de vida que elucida os resquícios da ilegalidade comunista
são bem mais comuns, também acontecendo a muito. Certamente, somente isso explica o
porquê da ojeriza de nossos antepassados quando suas gerações póstumas falam sobre o
proletariado como quem quer cooperar com este.