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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA EMESCAM ELISANGELA DA SILVA ALVES DE ALMEIDA ZÍBIA BRUM DE OLIVEIRA SILVA SOBRE A DOR E A DELÍCIA DE PARTICIPAR DA PRÁTICA COTIDIANA DO PARTO HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA VITÓRIA - ES 2018

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE

VITÓRIA – EMESCAM

ELISANGELA DA SILVA ALVES DE ALMEIDA

ZÍBIA BRUM DE OLIVEIRA SILVA

SOBRE A DOR E A DELÍCIA DE PARTICIPAR DA PRÁTICA COTIDIANA DO

PARTO HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

VITÓRIA - ES

2018

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ELISANGELA DA SILVA ALVES DE ALMEIDA

ZÍBIA BRUM DE OLIVEIRA SILVA

SOBRE A DOR E A DELÍCIA DE PARTICIPAR DA PRÁTICA COTIDIANA DO

PARTO HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola

Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de

Vitória no formato de artigo científico, como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem.

Orientador (a): Solange Rodrigues da Costa

VITÓRIA - ES

2018

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Sobre a dor e a delícia de participar da prática cotidiana do parto hospitalar: relato de

experiência.

Elisangela da Silva Alves de Almeida1; Zíbia Brum de Oliveira Silva1; Solange Rodrigues da

Costa2.

1 Graduadas em Enfermagem pela da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de

Vitória – EMESCAM.

2 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Docente do curso de graduação

em Enfermagem da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória -

EMESCAM).

RESUMO

Objetivo: Descrever as experiências de extensão vivenciadas por acadêmicos de enfermagem durante

o acompanhamento de parturientes em uma maternidade filantrópica de Vitória/ES. Método: Trata-se

de relato de experiência sobre a vivência de acadêmicos de enfermagem no acompanhamento do

trabalho de parto enquanto participantes e observadores da assistência prestada pela equipe de saúde.

Resultados: A experiência no centro obstétrico permitiu assistir, envolver-se e experimentar a prática

do parto institucionalizado com abordagem de uma assistência humanizada à parturiente, entretanto, não

foram raras as circunstâncias em que a gestante foi submetida a atos desrespeitosos e intervenções

desnecessárias, sendo muitas vezes praticados de forma não intencional. Considerações finais: Para a

melhoria da assistência obstétrica e neonatal sugere-se maiores investimentos em ações como: educação

permanente, auditoria, uso de protocolos clínicos para parto normal e cirúrgico, e o emprego de equipes

transdisciplinares na assistência ao trabalho de parto e parto (Incluindo obstetriz/enfermeiro(a)

obstétrico(a), obstetra, fisioterapeuta e doula).

Descritores: Trabalho de parto; Parto Humanizado; Humanização da Assistência; Saúde da Mulher;

Enfermagem.

ABSTRACT

Objective: To describe the experiences of extension experienced by nursing students during the follow-

up of parturients in a philanthropic maternity hospital in Vitória / ES. Method: This is an experience

report about the experience of nursing students in the follow-up of labor as participants and observers

of the care provided by the health team. Results: The experience at the obstetrical center allowed the

attendance, involvement and experience of institutionalized childbirth with the approach of a humanized

assistance to the parturient; however, the circumstances in which the pregnant woman was subjected to

disrespectful acts and unnecessary interventions were not uncommon. often unintentionally. Final

considerations: In order to improve obstetric and neonatal care, it is suggested that greater investments

be made in actions such as: permanent education, auditing, use of clinical protocols for normal and

surgical delivery, and the use of transdisciplinary teams to assist labor and delivery (Including

obstetrician / obstetrician, obstetrician, physiotherapist and doula).

Keywords: Labor; Humanized birth; Humanization of Assistance; Women's Health; Nursing.

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RESUMEN

Objetivo: Describir las experiencias de extensión vivenciadas por académicos de enfermería

durante el acompañamiento de parturientes en una maternidad filantrópica de Vitória / ES.

Método: Se trata de relato de experiencia sobre la vivencia de académicos de enfermería en el

acompañamiento del trabajo de parto como participantes y observadores de la asistencia

prestada por el equipo de salud. Resultados: La experiencia en el centro obstétrico permitió

asistir, involucrarse y experimentar la práctica del parto institucionalizado con enfoque de una

asistencia humanizada a la parturienta, sin embargo, no fueron raras las circunstancias en que

la gestante fue sometida a actos irrespetuosos e intervenciones innecesarias, siendo a menudo

practicados de forma no intencional. Consideraciones finales: Para la mejora de la asistencia

obstétrica y neonatal se sugieren mayores inversiones en acciones como: educación

permanente, auditoría, uso de protocolos clínicos para parto normal y quirúrgico, y el empleo

de equipos transdisciplinares en la asistencia al trabajo de parto y parto (parto, Incluyendo

obstetricia / enfermero (a) obstétrico (a), obstetra, fisioterapeuta y doula).

Descriptores: Trabajo de parto; Parto Humanizado; Humanización de la Asistencia; Salud de

la Mujer; Enfermería.

INTRODUÇÃO

O parto e o nascimento são fenômenos significativos na vida da mulher e na vida das

pessoas envolvidas. A gestação e o parto nos primórdios da humanidade eram entendidos como

um momento íntimo e familiar, processo cultural em que predominava um modelo de

protagonismo da mulher, onde a única interferência era da parteira. A presença de profissionais

especializados não era comum, ocorrendo somente em caso de intercorrência. [1,2]

A assistência ao parto era apoiada por mulheres líderes de família ou do círculo de

amizade da parturiente que possuía conhecimento empírico e acompanhava todo processo desde

pré-parto até o puerpério, dava suporte a família e auxiliava nos afazeres domésticos. Com o

surgimento de novos saberes sobre a fisiologia do parto e inclusão de procedimentos e

tecnologias que visam a segurança da mulher e da criança, sobreveio um modelo

hospitalocêntrico que inseriu a figura médica e masculina na assistência ao parto e abstraiu a

presença da parteira. [3]

A partir da institucionalização do parto ocorreu uma redução da morbidade e

mortalidade materna e perinatal, visto que se iniciou a implementação de práticas que garantiam

a segurança e melhoria da assistência. Entretanto, isso resultou no distanciamento de princípios

essenciais relacionados ao processo, onde a mulher deixou de ser o sujeito e passou a ser o

objeto, foi privada de suas referências e submetida ao domínio da instituição de saúde. [4]

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Durante o parto institucional se faz uso de diversas tecnologias e práticas para tornar o

parto mais seguro para a gestante e para o seu filho. Mesmo assim são expostos a procedimentos

desnecessários sem evidência cientificas que podem trazer danos, tais como, o uso

indiscriminado de ocitocina, episiotomia de rotina, cesariana sem indicação, entre outros.

Procedimentos esses que deveriam ser utilizadas de forma ponderada somente em situações de

necessidade, são rotineiros abarcando um quantitativo elevado de mulheres. [4]

De acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, o excesso de

intervenções deixa de levar em consideração os aspectos humanos, emocionais e culturais da

mulher durante o parto e puerpério envolvidos no processo. Essas ações podem ser vivenciadas

como uma experiência traumática, na qual a mulher sente-se agredida, desrespeitada e

violentada pelos profissionais que deveriam lhe prestar assistência segura e acolhedora. [5]

Alguns procedimentos, como a dilatação manual do colo, mesmo proscritos, continuam

sendo praticados de forma errônea para acelerar o trabalho de parto. Além disso, os toques

vaginais repetitivos, o uso de ocitocina de forma indiscriminada, as episiotomias de rotina, as

manobras de Kristeller aparecem como as principais queixas de mulheres durante o trabalho de

parto. Ainda vale destacar que os próprios profissionais de saúde reconhecem que alguns

procedimentos e manobras, como a de Kristeller são proibidos e mesmo assim continuam a

executá-los, apesar de não fazerem o registro delas no prontuário da paciente. [6]

A vivência com parturientes durante as aulas práticas da disciplina Enfermagem em

Saúde da Mulher e na participação em um projeto de humanização do parto em um Hospital de

Ensino do Espírito Santo motivou o estudo sobre o evento do parto normal hospitalar. Esta

pesquisa tem como objetivo descrever as experiências de extensão vivenciadas por acadêmicos

de enfermagem durante o acompanhamento de parturientes em uma maternidade filantrópica

de Vitória/ES. Espera-se que este estudo contribua para ampliar o conhecimento e a reflexão

da equipe de saúde sobre suas práticas cotidianas.

MÉTODO

Trata-se de relato de experiência sobre a vivência de duas acadêmicas do Curso de

Enfermagem no acompanhamento do trabalho de parto enquanto observadores da assistência

prestada pela equipe de saúde às parturientes. Tendo elas participado durante um ano do

cotidiano do Centro Obstétrico cenário desse estudo. A observação do participante se

caracteriza pela promoção de interatividade entre o pesquisador, o elemento observado e o

contexto no qual estão inseridos. Ela obriga o pesquisador a lidar com o “outro”, num

verdadeiro exercício constante de respeito à alteridade. Pressupõe convívio e intercâmbio de

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experiências primordialmente através dos sentidos humanos: olhar, falar, sentir, vivenciar,

experimentar. [7]

Acredita-se que todos os dados obtidos pela observação participante advêm da

conjugação da tríade participação do pesquisador, ação dos sujeitos observados e situação

contextual. A presença do pesquisador no campo, por mais discreta que seja sua observação, é

participação. [7]

O estudo foi desenvolvido em uma maternidade pública do Espírito Santo no período

de novembro a dezembro de 2017. Esse hospital conta com uma equipe multiprofissional,

composta por médicos e residentes, equipe de enfermagem, assistente social, acadêmicos dos

cursos de medicina, enfermagem, serviço social e fisioterapia, dentre outros. Trata-se de uma

instituição composta por 67 leitos de puerpério e cinco de pré-parto, realizando em média 500

procedimentos mensais, sendo eles em torno de 400 partos e 100 atendimentos clínicos.

RELATO DA EXPERIÊNCIA

A extensão universitária é um método educacional que favorece a articulação entre o

conhecimento acadêmico e as situações reais e cotidianas. A participação de estudantes em

projetos proporciona a oportunidade de aperfeiçoar os conhecimentos científicos e também

estabelecer relacionamento com pacientes e com a equipe de saúde.

As ações extensionistas que envolvem o projeto de extensão de humanização do parto

são aquelas relacionadas com a assistência direta à mulher e ao acompanhante com o objetivo

de apoiar as parturientes, puérperas e familiares para que ambos vivenciem o processo de

parturição de forma positiva, tanto por meio de parto normal, como pela cesariana.

Os acadêmicos do Curso de Enfermagem, após cursarem dois semestres da disciplina

Enfermagem em Saúde da Mulher, recebem treinamento para atuarem como acompanhantes de

parto. Eles realizam ações que envolvem o acolhimento das parturientes e seus familiares,

fornecendo orientações, esclarecendo dúvidas, estimulando a utilização de métodos não

farmacológicos para o alívio da dor, e principalmente se colocando disponíveis para auxiliá-los

em suas necessidades durante o trabalho de parto. Eles também apoiam o casal durante o

aleitamento materno e o contato pele a pele entre a mãe e o bebê, na primeira hora após o parto.

As experiências dos estudantes participantes desse projeto são positivas em relação à

arte do encontro com a gestante e o acompanhante. Porém, relatam não serem raros os

momentos em que eles se sentem incomodados devido ao grande número de intervenções

desnecessárias dos profissionais de saúde para as parturientes, uma prática que ocorre com

frequência significativa.

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Para esse relato foram observados pelas acadêmicas, quinze atendimentos à parturientes

durante o período do estudo, sendo eles realizados por obstetras, pediatras, anestesistas,

residentes, internos de medicina, enfermeiros, acadêmicos de enfermagem, técnicos de

enfermagem e assistente social. Ressalta-se que o acompanhamento da gestante se deu tanto

para aquelas que tiveram parto normal, quanto para aquelas que evoluíram para o parto

cirúrgico.

As acadêmicas utilizaram um diário de campo, onde foram registradas suas percepções

e impressões sobre o atendimento acompanhado. Elas também utilizaram um roteiro

semiestruturado (Apêndice A) para suas observações com itens que deveriam ser contemplados

durante a assistência à mulher, baseados nas evidências científicas para a assistência ao parto.

A rotina dos estudantes que participam desse projeto de extensão inicia com a chegada

deles ao Centro Obstétrico, onde se apresentam à equipe de plantão para posteriormente

realizarem a abordagem à gestante, conforme o relato abaixo:

Relato 1: “Parturiente foi admitida com 7 cm de dilatação, grávida do segundo filho,

estava bem tranquila. Vieram um residente e um interno de medicina que realizaram

as avaliações (ausculta fetal, contrações e toque) sem nenhuma intercorrência(...)

parturiente estava tão tranquila que ficou conversando com a equipe, dançando e

fazendo crochê. Cerca de uma hora depois (aproximadamente) queriam colocar

ocitocina para acelerar o trabalho de parto, porém ao avaliar, optaram para colocar

‘mais tarde’. Enquanto isso a bolsa rompe, e o parto foi realizado no pré-parto mesmo,

sem nenhuma intercorrência/intervenção”.

Relato 2: “Gestante chegou ao pré-parto em uma cadeira de rodas acompanhada pelo

esposo, relatando sentir muita dor. O casal é portador de necessidades especiais, ele

surdo conversando apenas por meio de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) ou

leitura labial e ela também com acuidade auditiva bem reduzida, porém conseguia

ouvir e transmitir para o marido o que falávamos. (...) Orientamos sobre os exercícios,

ela aceitou sentar na bola suíça e também no cavalinho, enquanto isso fazíamos

massagens (...) algum tempo depois ela pediu para deitar e então ajudamos (...). Assim

que saímos do quarto o esposo dela foi nos chamar e percebemos que o bebê estava

coroando, logo em seguida a obstetra veio e fez o parto ali mesmo sem intercorrência.

Feito o contato imediato pele a pele entre mãe e bebê”.

Relato 3: “Gestante multípara chegou ao pré-parto por volta das 23h00min

acompanhada de uma amiga. Ao chegar ao BOX me apresentei (...) e orientei alguns

exercícios. Porém, a única posição que ela se sentia confortável para ficar era de pé e

fazendo puxo sem ninguém orientar. Durante esse período apenas a interna de

medicina estava acompanhando a gestante, mais a todo o momento atendia às suas

necessidades (...). Por volta das2h00min o bebê nasceu, sem intervenções (...)”.

Foi possível observar que o atendimento humanizado tem sido praticado na maternidade

em questão, porém, não são raras as ocorrências de ações desrespeitosas para com as

parturientes, práticas que estão na contramão das políticas voltadas para a saúde da mulher

vigentes no país, bem como com as evidências científicas, conforme evidenciados nos

fragmentos abaixo:

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Relato 4: “ (...) gestante do segundo filho, deu entrada na maternidade as 02:00hs da

madrugada com 4 cm de dilatação. O médico obstetra disse que ela não estava em

trabalho de parto ativo ainda, orientou que induzisse ao parto com ocitocina e

exercícios. Em nenhum momento ele perguntou se a paciente tinha se alimentado. A

mesma queixou-se que estava sentindo-se tonta, e questionou comigo como iria fazer

os exercícios se já havia passado muitas horas desde a última refeição, ela não estava

conseguindo nem se levantar da cama. Procurei o obstetra, porém não o encontrei.

Depois veio a interna de medicina, conversei com ela, ela foi até o obstetra e ele

liberou o café da manhã. Mais tarde, o médico residente veio realizar a ausculta fetal

e realizar o exame de toque. Em menos de 20 minutos veio outra vez para fazer as

mesmas avaliações. Com mais 30 minutos o interno de medicina veio avaliar e tocar

novamente, porém a paciente disse que não ia deixar realizar o exame de toque, pois

já havia sido tocada duas vezes seguidas”.

Relato 5 “(...) a gestante não queria que colocasse o ‘sorinho’, ela começou a

chorar, e falava que ninguém tinha perguntado se ela queria que colocasse o soro e foi

logo colocando(...)”.

A partir das vivências dos estudantes em um cotidiano hospitalar obstétrico foi possível

perceber a existência de muitos atendimentos adequados nesse ambiente, porém, são frequentes

práticas da violência obstétrica, sejam elas conscientes ou não. Acredita-se que muitas vezes os

profissionais não percebem a prática da violência no parto, adotando condutas rotineiras, sem

reflexão científica aprofundada. Por se tratar de hospital de ensino isso fica mais evidente, uma

vez que muitos deles ainda estão em processo de formação na profissão que irão exercer durante

a vida, como no caso dos residentes.

Sabe-se que esse problema não é uma realidade específica do Espírito Santo, mas sim

do Brasil, haja vista os investimentos que têm sido feito pelo Ministério da Saúde em prol do

movimento da humanização do parto e nascimento.

A HUMANIZAÇÃO DO PARTO E A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA

Visando a redução do número de intervenções desnecessárias e proporcionar uma

assistência de qualidade, foi lançada em 2003 a Política Nacional de Humanização (PNH) a fim

de efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), estimular o diálogo entre usuários,

gestores e trabalhadores, garantindo assim a inclusão de diferentes processos e formas de

cuidar.

A partir disso, têm aumentado os estudos e investimentos na área de humanização na

assistência ao parto, que compreende as boas práticas e saberes elencados na evolução saudável

e natural do desenvolvimento do trabalho de parto e nascimento. Práticas que visam garantir o

respeito e a assistência de forma individualizada de acordo com a necessidade da mulher, seja

ela física, emocional, social e psicológica, assegurando o protagonismo da gestante durante o

processo de parturição. [8]

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Um investimento político do Ministério da Saúde (MS) importante para esse processo é

a Rede Cegonha que visa à implementação de um conjunto de ações e condutas para as mulheres

durante todo o processo reprodutivo que engloba uma assistência humanizada durante a

gravidez, parto e puerpério. Essa rede inclui também a garantia de nascimento e crescimento

seguro e desenvolvimento saudável da criança até os primeiros dois anos de idade. [9]

Com o objetivo de reduzir os índices elevados de intervenções desnecessárias o MS,

atualizou as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal em 2017, baseado em

evidências científicas que fornecem um instrumento para auxiliar os profissionais em relação

às condutas no que diz respeito à assistência ao parto e nascimento.

Com essas Diretrizes, o MS, propõe diminuir procedimentos desnecessários como, por

exemplo: uso indiscriminado de ocitocina, episiotomia, cesariana de rotina e sem indicação

clínica, que deveriam ser aplicados somente em casos comprovadamente necessários. Sabe-se

que essas práticas têm sido utilizadas de forma rotineira em muitos serviços de saúde do Brasil

deixando de levar em consideração os aspectos que permeiam o desenvolvimento do parto. A

assistência inadequada e insegura ao parto põe em risco o bem-estar físico e emocional do

binômio. [4]

A realização desses procedimentos é considerada violência no parto ou violência

obstétrica, que se caracteriza pela apropriação indevida do corpo da mulher causando-lhe danos.

[10]

Esse tipo de violência pode ser classificado em cinco formas, sendo elas: violência

física, psicológica, institucional, material e midiática. Várias práticas realizadas nos serviços de

saúde podem ser elencadas como violência obstétrica, exemplo delas são: as intervenções com

fins didáticos, intervenções de verificação e aceleração do parto, falta de esclarecimento para a

paciente, restrição quanto à posição e escolha do local para o parto, restrição de alimentação.

[11]

Algumas violências obstétricas se apresentam de forma evidente, como as agressões

verbais cometidas por profissionais de saúde. No entanto, outros procedimentos caracterizados

como de rotina, que incluem as cesárias eletivas e intervenções médicas no parto fisiológico,

dificilmente são reconhecidos como uma atitude violenta. Esses procedimentos muitas vezes

não são vistos como atos violentos e nem entendidos como episódios que podem ocasionar

traumas para o binômio. [12]

Nesse estudo foi possível identificar a realização de práticas que podem ser consideradas

violência obstétrica, dentre elas as que mais se destacaram pela prevalência, conforme

evidenciado nos fragmentos, foram: deslocamento da membrana corioaminiótica da parede do

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colo do útero e do segmento inferior do útero, amniotomia, manobra de kristeller, toques

repetitivos, e realização de procedimentos sem consentimento ou sem informar à parturiente.

Relato 6: “ (...) multípara (3º filho, todos cesáreas), queria ter parto normal para poder

acompanhar o bebê nas primeiras horas de vida e amamentá-lo, pois, nos partos

anteriores isso não foi possível. Orientamos sobre os exercícios (...) logo depois

chegou a interna de medicina para avaliar a parturiente, primeiro fez a ausculta dos

batimentos cardiofetais (BCF) e estava tudo certo, depois foi verificar a dilatação

uterina, e enquanto verificava orientava a gestante a fazer força (puxo), massageando

o colo e fazendo toques repetitivos para tentar acelerar o processo de dilatação.

Algumas horas depois a obstetra foi fazer uma nova avaliação e resolveu encaminha-

la para cesárea, alegando que a mesma estava há muito tempo em trabalho de parto e

que o útero dela poderia não suportar (...) A gestante chorou muito dizendo que

planejou um parto normal e que não queria cesárea, mas, infelizmente, ela foi

encaminhada para o centro cirúrgico”.

O descolamento das membranas foi inicialmente sugerido em 1810, por James Hamilton

para acelerar o trabalho de parto, é uma técnica simples, ainda muito utilizada, mas sobre a qual

não existem evidências científicas. Corresponde à separação digital, por meio do exame de

toque vaginal, das membranas ovulares da porção inferior do segmento uterino, por um

movimento circular. [13]

No decorrer do atendimento prestado observou-se que a massagem realizada no colo

com o objetivo de acelerar a dilatação era realizada com a inserção do dedo do profissional no

colo do útero. Uma técnica que causa dor e desconforto na mulher, trata-se de procedimento

não recomendado, pois não possui evidência científica para sua realização.

A realização de toques repetitivos, como evidenciado no fragmento acima, não é

incomum em Hospitais de Ensino uma vez que internos e residentes na busca pela

aprendizagem muitas vezes acabam se precipitando em relação a alguns procedimentos,

principalmente este. Ao agirem dessa forma deixam de observar o que é preconizado pela

Organização Mundial da Saúde em relação às boas práticas na atenção ao parto.

Uma das formas de verificar o progresso e evolução do trabalho de parto, é a realização

do toque vaginal que tem a finalidade de avaliar, também a integridade das membranas e a

apresentação fetal. Por ser um ato um tanto constrangedor e apresentar riscos de infecção para

mãe e bebê, o toque deve ser minimizado e realizado somente em momentos realmente

necessário, sendo uma frequência adequada sua realização de quatro em quatro horas, ou antes

disso, se houver alguma modificação no progresso do trabalho de parto ou por solicitação da

mulher. [4]

Sendo assim, a evolução clínica da gestante determinará os exames vaginais e os

intervalos entre eles. Por ser um exame traumatizante para a gestante, recomenda-se a não

realização frequente, pois pode provocar uma série de danos, incluindo edema e aumento do

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risco de infecção. Durante a realização desse exame deve ser preservada a privacidade e

integridade da mulher, respeitando as regras de antissepsia a fim de evitar danos à gestante.

Outro procedimento observado durante esse estudo, conforme evidenciado no

fragmento abaixo, é a ruptura das membranas que é recomendada somente quando há alguma

indicação clínica, como a necessidade de finalizar o parto, nas distócias funcionais, na avaliação

do líquido amniótico na variação de posicionamento ou parto operatório programado (em casos

de cardiopatia). [14]

Relato 7: “ (...) quando chegamos ela já estava com ocitocina. O residente

realizou amniotomia (ruptura artificial da placenta) para acelerar o trabalho

de parto. Depois, na sala de parto o residente tocava o colo da parturiente

para reduzir e falava que ela tinha que fazer força para baixo, se não bebê

ia ficar agarrado. O obstetra subiu no banquinho e foi empurrado a barriga

dela de forma delicada e conversava com ela, dizendo que ela estava indo

muito bem”.

A prática da amniotomia evidenciada no relato acima, quando feita de rotina também é

uma intervenção muito praticada nas maternidades brasileiras. A justificativa para essa

realização é a redução do tempo de trabalho de parto. Porém, ela pode estar agregada com

algumas possíveis adversidades, como o aumento na ocorrência de desacelerações da

frequência cardíaca fetal e infecção, visto que a membrana amniótica garante a proteção da

cavidade uterina e do feto dos microrganismos presentes na vagina transportados da cérvix

pelos exames vaginais. [4]

Os prós e contras da amniotomia de rotina devem ser analisados à luz das evidências

atuais, pois esse procedimento pode ser realizado somente quando houver indicação de

interrupção da gestação antes do desencadeamento do trabalho de parto espontâneo. Há

evidências que essa ruptura artificial feita de forma rotineira também aumenta a incidência de

cesariana desnecessária. [14]

A prática da manobra de Kristeller também foi um procedimento recorrente nesse

estudo, o relato abaixo evidencia tal prática,

Relato 8: “ (...) a obstetra pediu para a gestante fazer força, enquanto fazia

massagem no colo do útero dela, mesmo fora das contrações pedia para a

paciente fazer força, o que durou cerca de 10 minutos, a gestante disse que

estava com vontade de urinar, mas não estava conseguindo, a obstetra pediu

uma sonda de alívio e sem explicar o procedimento e sem lubrificar a

sonda introduziu na uretra, a paciente queixou-se de dor. (...) O bebê ainda

não havia coroado e a obstetra decidiu fazer a manobra de Kristeller. Foi

feita então por diversas vezes sem sucesso, a obstetra então solicitou um

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fórceps e sem explicar o procedimento introduziu na vagina da mulher que

gritava dizendo que a estavam machucando, depois de diversas tentativas

sem sucesso, fizeram episiotomia, conseguiram retirar o bebê e a mãe foi

levada para o centro cirúrgico (...)”.

Observa-se que nesse relato, além dessa manobra é evidente várias intervenções

desnecessárias, desumanas e práticas negligentes realizadas em única paciente. A manobra de

Kristeller é muito usada com o objetivo de reduzir o tempo do parto e facilitar a saída do feto.

Consiste em um ato de desrespeito e violação da integridade da mulher, onde tal intervenção

pode provocar graves lesões na criança e na gestante além de resultar em violência psicológica,

física e traumas emocionais. [10]

Para a realização dessa manobra, um profissional qualificado utiliza mãos, braços e

antebraço, joelho e em alguns casos podem subir em cima do abdome da parturiente. Esse

procedimento foi abandonado por resultar em consequências graves e se caracteriza como uma

prática totalmente prejudicial. [10, 15]

Essa prática é usada em casos como sofrimento fetal, trabalho de parto demorado e até

mesmo quando a gestante está exausta devido o tempo prologado do parto. Porém, esse ato é

danoso para a mulher e não deveria ser realizada em hipótese alguma. [16]

Ainda em relação às intervenções que objetivam acelerar o progresso do trabalho de

parto, fica evidenciado nos fragmentos acima o uso do fórcipe e de ocitocina. O uso

indiscriminado de ocitocina sintética ainda é uma prática também muito comum nos hospitais

brasileiros. A ocitocina é um hormônio produzido pelo próprio corpo durante o parto, no

entanto, a ocitocina artificial é muito usada para acelerar as contrações e reduzir o tempo de

parto. [10]

O uso desse hormônio no primeiro estágio do trabalho de parto está muito associado ao

modelo de prática dos profissionais que assistem a mulher durante esse processo e eleva o índice

de partos realizados por indução. A infusão da ocitocina sintética deve ser reduzida e limitada

pois, além de aumentar a veemência das contrações, pode causar um considerável aumento das

dores podendo resultar também em sérias complicações para a mãe e para o bebê. [16, 10]

Em relação ao fórcipe, trata-se de instrumento médico utilizado desde a antiguidade com

o objetivo de capturar a cabeça do feto e extraí-la através do canal do parto. Tem sua utilização

restrita, devendo levar em consideração as indicações maternas e fetais e a perícia do médico.

Quando utilizado de forma adequada tem eficácia em evitar a hipóxia fetal e abreviar o período

expulsivo minimizando os riscos de sequelas neurológicas. [17]

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Outro tipo de intervenção considerada violência obstétrica é a episiotomia, prática

pouco observada nos atendimentos prestados às parturientes atendidas no período do estudo na

referida instituição e que coincide com os dados estatísticos desse hospital. Segundo dados

obtidos no setor de qualidade dessa maternidade as taxas desse procedimento estão em torno de

1%, algo muito importante em se tratando de hospital de ensino, onde os alunos tendem a

indicá-la, seja por inexperiência, seja pelo desejo de aprendizagem, por ser um procedimento

cirúrgico.

A episiotomia é uma incisão cirúrgica na região da vulva, com um instrumento cortante

bisturi ou tesoura constituindo um corte mediano (perineotomia) ou mediolateral. Realizada no

período expulsivo do trabalho de parto, sendo uma indicação na obstetrícia para prevenir ou

minimizar o trauma dos tecidos no canal do parto, proporcionar a descida do concepto e impedir

lesões secundárias do polo cefálico submetido à pressão sofrida em contato com o períneo. Ao

final, esse procedimento necessita de uma reparação por sutura. [18, 19]

Essa intervenção é uma das mais usadas durante o período expulsivo do trabalho de

parto e está relacionada às causas de morte materna durante o puerpério. Esse procedimento

quando realizado rotineiramente acarreta uma série de adversidades, como disfunção sexual

associado à dispareunia, incontinência urinária, risco de infecção e hemorragias, além da

exposição da mulher, muitas vezes sem solicitar permissão ou explicar o motivo do

procedimento. [20]

Esse procedimento deve ser evitado e cabe à mulher decidir sobre a realização do

mesmo, visto que será realizado em seu corpo e muitas vezes são supérfluos, causando

mutilação e ainda resultando em danos emocionais e psicológicos. [21]

O fragmento abaixo evidencia o respeito à decisão da mulher em relação à episiotomia.

Entretanto, é sabido que as mulheres que frequentam maternidades públicas são em sua maioria,

carentes em todos os sentidos, dessa forma, quando um médico oferece um procedimento, a

tendência delas é aceitar, pois entende que se ele sugeriu é porque é realmente necessário. Ainda

assim, não se pode deixar de observar que a ela foi dada uma opção, um gesto educado e

humano do profissional que a estava atendendo.

Relato 9: Gestante chegou ao pré-parto ansiosa e preocupada ela disse que

estava sangrando e estava com medo pois o bebê era pré termo(...). Após

algumas horas a obstetra de plantão fez o toque e resolveu levá-la para a sala

de parto. Durante o parto a paciente sentia as contrações e fazia força (puxos),

porém a cabeça do bebê não coroava, a obstetra então perguntou a

paciente se podia fazer um corte (episiotomia) para facilitar a saída do

bebê e a paciente aceitou, logo em seguida a paciente fez força e o bebê

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nasceu e como estava com esforço respiratório (segundo a fala da pediatra)

foi levado para a UTIN. No momento que foi levado para a UTIN a mãe

ainda estava na sala de parto, pois a médica estava fazendo a sutura e a todo

o momento ela perguntava onde estava o bebê e o que havia acontecido,

mas ninguém explicou. Enquanto permaneci na sala nenhum profissional

apareceu para explicar o porquê de ele ter ido para a UTIN.

As justificavas para o uso de episiotomia de rotina variam desde o fato das parturientes

serem primíparas, ausência de partos anteriores, síndromes hipertensivas, diminuir compressão

da cabeça fetal, feto grande, dentre outras. [22, 10]

Evidências cientificas comprovam que esse procedimento não reduz o risco de

complicações como uma possível incontinência urinária, muito menos protege o recém-nascido

e sim o aumento do risco de extensão para o reto quando realizada mediana, além de afetar o

esfíncter externo anal, laceração de terceiro e quarto grau e consequentemente incontinência

fecal tardiamente. Além disso, pode ocasionar o aumento do desconforto e dor durante o ato

sexual (dispareunia). Sendo assim, somente pode ser indicada em situações maternas e fetais,

para agilizar o parto com complicações. [19]

Ainda em relação ao relato acima fica evidenciado que a obstetra foi educada com a

gestante, e possivelmente houve uma indicação para a episiotomia, porém, ela foi desumana

(ainda que não tenha sido de forma intencional) com a parturiente em relação ao recém-nascido,

pois, não forneceu ou providenciou informações sobre o bebê para a mãe. O direito à

informação da maneira correta e de forma objetiva deve ser efetuado em qualquer situação

durante um atendimento em âmbito hospitalar.

Durante a prática hospitalar e a coleta de dados foi possível perceber que muitas

mulheres e seus familiares desconhecem seus direitos e que em algumas situações a instituição

não dá a devida importância ao direito de escolha do acompanhante principalmente em

situações onde a escolha é o esposo, usando como justificativa a falta de estrutura para atender

a necessidade da parturiente, ou mesmo adotando rotinas que dificultam o acesso. Um exemplo

disso é a questão de ter horário rígido de troca do acompanhante. Assim, uma vez que ele sai

por algum motivo, não pode mais retornar se o horário for ultrapassado. O relato abaixo

evidencia a violência institucional que ocorre em muitas instituições de saúde,

Relato 10: (...)A gestante foi internada as 08h00min da manhã e desde

cedo o esposo estava acompanhando ela, sem alimentação e sem tomar

banho. Por volta das 20h30min ele se sentiu cansado e com fome e

decidiu ir para a casa tomar banho e comer alguma coisa para voltar e

me perguntou se poderia voltar para continuar acompanhando a esposa,

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orientei que ele procurasse a recepção, na recepção ele foi informado que

deveria procurar a enfermeira e pedir autorização, a enfermeira não autorizou

e disse que era responsabilidade da recepção autorizar ou não, nesse

momento a parturiente chorou muito junto com o esposo, pois ela se sentia

sozinha e insegura e ele queria muito assistir o parto e acompanhar a esposa.

Diante disso a única solução foi o pai pedir a cunhada (irmã da paciente)

para entrar. Por volta das 01h50min da madrugada a paciente foi

encaminhada para o centro cirúrgico para fazer cesárea.

O jogo de empurra evidenciado no relato acima realizado entre a enfermeira e o

recepcionista, não resolveu o problema do esposo da paciente em questão, foi somente um ato

desumano, que determinou a violência institucional. Mesmo a parturiente tendo o direito de ter

um acompanhante de sua escolha durante o parto, muitas instituições restringem, dificultam ou

retardam esse direito, causando descaso, abandono e deixando a gestante a mercê da instituição

de saúde.

A violência obstétrica institucional é cometida por profissionais de saúde que prestam

assistência à mulher no Centro Obstétrico. Pode ser expressa de forma física, psicológica, verbal

e sexual, além de omissão, negligência, e má prestação de serviço por parte da instituição. [23]

A Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005 respalda às mulheres o direito ao acompanhante

de sua escolha durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, nas instituições públicas do

Sistema Único de Saúde - SUS.24 Porém, devido à desinformação da população e as questões

relacionadas à rotina dos hospitais, ela permanece sendo descumprida nos hospitais brasileiros.

Em relação ao parto cesáreo, como o ocorrido com a paciente sujeito dessa pesquisa, ele

deve ser indicado quando não existe possibilidade do parto natural, onde existe o risco de danos

para a gestante e o concepto a fim de salvar a vida de ambos. Todavia, por ser um ato cirúrgico,

expõem a mãe e o recém-nascido ao risco de complicações e infecções. Em muitas instituições

brasileiras ocorre o excesso de realização deste tipo de cirurgia. De acordo com a OMS, a

cesárea realizada sem indicação ou de forma eletiva é considerada um ato de violência. [10, 25]

Em relação ao relato da paciente participante do estudo não foi possível verificar a

indicação do parto, uma vez que a paciente foi acompanhada pelas acadêmicas de enfermagem

somente até a saída do acompanhante. Não sendo possível ter acesso ao prontuário

posteriormente. Sendo assim, é preferível acreditar que houve uma indicação adequada, sendo

essa a melhor forma de cuidar dessa mulher e do recém-nascido.

No entanto, é importante salientar que o Brasil vive uma epidemia de operações

cesarianas, nas últimas décadas, a taxa nacional desse tipo de cirurgia tem aumentado

progressivamente, tornando-se o modo mais comum de nascimento no País, sendo sua taxa em

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torno de 56%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que taxas populacionais de

operação cesariana superiores a 10% não contribuem para a redução da mortalidade materna,

perinatal ou neonatal. [26]

Destaca-se que iniciativas tem sido tomada para a redução das taxas de cesarianas

desnecessárias, aquelas consideradas violência obstétrica e também para melhorar o

atendimento ao parto e nascimento com foco na humanização da assistência. Dentre elas

destaca-se a Rede Cegonha e o projeto Apiceon. Sendo este último um projeto articulado entre

os Ministérios da Educação e da Saúde para estimular melhorias na formação que acontece nos

Hospitais de Ensino com o intuito de aprimorar e inovar o cuidado e o ensino em obstetrícia e

neonatologia. [27]

Esse relato descreve a participação de duas acadêmicas do nono período do Curso de

Enfermagem em um projeto de extensão sobre humanização do parto em que elas vivenciaram

a dor e a delícia do cotidiano de um Centro Obstétrico de uma maternidade de baixo risco. Essa

experiência permitiu assistir, envolver-se e experimentar a prática do parto institucionalizado

com abordagem de uma assistência humanizada à parturiente, entretanto, houve circunstâncias

em que a gestante foi submetida a atos desrespeitosos e intervenções desnecessárias, que não

favorecem o desenvolvimento do trabalho de parto, portando sendo considerados violência

obstétrica, tornando o momento do nascimento um processo doloroso e danoso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os aspectos abordados, percebe-se que a violência obstétrica é praticada

no cotidiano de trabalho das equipes de saúde dessa instituição e que intervenções a nível

institucional precisam ser realizadas para reduzir esse tipo de violência.

Para a melhoria da assistência obstétrica e neonatal sugere-se maiores investimentos em

ações como: educação continuada por meio de simulações, educação permanente, auditoria

interna, monitoramento das taxas de operação cesariana, uso de protocolos clínicos para parto

normal e cirúrgico, bem como o parto normal após cesariana e o emprego de equipes

transdisciplinares na assistência ao trabalho de parto e parto (Incluindo obstetriz/enfermeiro(a)

obstétrico(a), obstetra, fisioterapeuta e doula).

É necessário uma mudança real no modelo de assistência ao parto, vislumbrando efetiva

participação da mulher e da família nesse processo. Ações educativas para gestantes no sentido

de prepará-las para o parto normal também revestem-se de importância.

REFERÊNCIAS

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1. Cunningham FG; Leveno KJ, Bloom SL, Hauth JC, Rouse DJ, Spong CY.

(Org.). Obstetrícia de Williams. 23. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. 1385 p. ISBN

9788563308696.

2. Ricci SS, Enfermagem materno-neonatal e saúde da mulher. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2015. p.712.

3. SANTOS NCM. Assistência de enfermagem materno-infantil. 3. ed. rev. atual. São Paulo

2012.

4. Brasil. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão

e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

5. Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal (Publicação

online) Distrito Federal; 2017. (acesso em 20 maio de 2017) Disponível em:

http://portalarquivos.saude.gov.br

6. Santos RCS, Souza NF. Violência institucional obstétrica no Brasil: revisão sistemática:

Estação Científica (UNIFAP); 5(1): 57-68 Macapá, 2015.

7. Fernandes FMB, Moreira MR, Considerações metodológicas sobre as possibilidades de

aplicação da técnica de observação participante na Saúde Coletiva. Revista de Saúde

Coletiva; 23 (2): 511-529 São Paulo, 2013.

8. Diretrizes para o cuidado Multidisciplinar. Assistência ao Parto e Nascimento 2015.Belo

Horizonte 2015.

9. Rede Humaniza SUS [website] 2016 [acesso em 25 mai 2018 ] disponível em:

http://redehumanizasus.net/94558-rede-cegonha-pratica-de-atencao-a-saude/

10. Sauaia ASS, Serra MCM. Uma Dor Além do Parto: Violência Obstetrica em Foco.

Revista de Direitos Humanos e Efetividade. 2016 Jan/Jun: p. 128-147.

11. Rattner D. Humanização na atenção a nascimentos e partos: ponderações sobre políticas

públicas. Interface (Botucatu). 2009; 13(1 supl):759-768

12. Estumano VKC, Melo LGS, Rodrigues PB, Coelho ACR. Violência obstétrica no Brasil:

casos cada vez mais freqüentes. Revista Científica de Enfermagem; 7(19): 83-91 São

Paulo, 2017

13. Boulvain M. Kelly A. Lohse C. Stan C.; Irion, O. Mechanical methods for induction of

labour (Cochrane Review). Cochrane Database. Syst. Rev. 2001;4.

14. Montenegro CA, Filho JR. Parto: Estudo Clinico e Assistência. In Montenegro CAB,

Filho JR. Obstetrícia Fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014.

15. Guariento A, Cardoso MMSC. Assistência ao Parto. In Obstetrícia Normal. Barueri, São

Paulo: Manole Ed atualizada 2011.

16. Sousa AMM, Souza KV, Rezende EM, Martins EF, Campos D, Lansky S. Práticas na

assistência ao parto em maternidades com inserção de enfermeiras obstétricas, em

Belo Horizonte, Minas Gerais. Escola Anna Nery 2016; 20(2):324-331.

17. Montenegro CA, Filho JR. Operações Obstétricas (Tocurgia) Fórceps. In Montenegro

CAB, Filho JR. Obstetrícia Fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014.

18. Santos RCS, Santos Gd. Fatores relacionados com a prática da episiotomia no Brasil:

revisão de literatura. Estação Científica (UNIFAP). 2016 Mai/Ago: p. 43-52.

19. Montenegro CA, Filho JR. Parto: Estudo Clinico e Assistência. In Montenegro CAB,

Filho JR. Obstetrícia Fundamental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014.

20. Guimarães NN, Silva LS, Matos , Douberin A. Análise de Fatores Associados á Prática

da Episiotomia. Revista de Enfermagem UFPE on line. 2018 Abr; 12(4).

21. Garrett A, Oselame B, Neves B. O Uso da Episiotomia no Sistema Único de Saúde

Brasileiro:A Percepção das Parturiente. Revista Saúde e Pesquisa. 2016 Set/Dez: p.

453-59.

22. Santos RCS, Santos G. Fatores relacionados com a prática da episiotomia no Brasil:

revisão de literatura. Estação Científica (UNIFAP). 2016 Mai/Ago: p. 43-52

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23. Cardoso FJC, Costa ACM, Almeida , Santos S, Oliveira BM. Violência obstétrica

institucional no parto: percepção de profissionais da saúde. Revista de Enfermagem

UFPE on line. 2017 Setembro.

24. Brasil. Lei n. 11.108, de 7 de abril de 2005. Altera a Lei no 8.080, de 19 de setembro de

1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o

trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde

- SUS. Diário Oficial da União. 08 abr 2005.

25. Oliveira RR, Melo EC, Novaes ES, Ferracioli PLRV, Mathias TAF. Fatores associados

ao parto cesárea nos sistemas públicos e privado de atenção à saúde. Rev Esc Enferm

USP. 2016;50(5):733-740.

26. Ministério da Saúde, Portaria no 306, de 28 de março de 2016 Aprova as Diretrizes de

Atenção à Gestante: a operação cesariana. Secretaria de Atenção à Saúde. 28 mar

2016. 27. Ministério da Saúde, Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e

Neonatologia 2017. Secretaria de Atenção à Saúde. Distrito Federal 2017.

APÊNDICE A - ROTEIRO ESTRUTURADO DE COLETA DE DADOS

Turno:

Vespertino ( ) Noturno ( )

*Todas as questões abertas devem ser preenchidas obrigatoriamente, caso tenha sido assinaladas

pelas menos uma das questões fechadas

TIPO DE PARTO: Normal ( ) Cesárea: ( )

LEGENDA: (O) Obstetra - (I) Interno de Medicina - (R) residente - (E) Enfermeiro - (A)

Acadêmico de Enfermagem - (T.E) Técnico de Enfermagem.

Violência Obstétrica: Caráter Físico Profissional: ( )

( ) Restrição da Alimentação | Dieta.

( ) Restrição da posição da parturiente.

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( ) Manobra de Kristeller

( ) Uso de ocitocina (sem o consentimento da mulher | sem esclarecimento)

( ) Não indicação de analgesia (quando clinicamente indicado).

*Descreva o contexto em que ocorreu a V.O física acima, bem como as motivações para tal,

de acordo com o seu ponto de vista.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

Violência Obstétrica: Caráter Psicológico

( ) Houve ameaça à mulher

( ) Chacotas/ Piadas

( ) Omissão de informações

( ) Mentiras

( ) Humilhação

( ) Informações prestadas com linguagem pouco entendível.

( ) Incentivo ao comando de puxo insinuando a morte do bebê caso a mulher não faça.

*Descreva o contexto em que ocorreu a V.O psicológica acima, bem como as motivações

para tal, de acordo com o seu ponto de vista.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

Violência Obstétrica: Caráter Sexual

( ) Episiotomia

( ) Toques constantes

( ) Cesariana sem consentimento informado

( ) Imposição da posição supina para dar a luz

*Descreva o contexto em que ocorreu a V.O sexual acima, bem como as motivações para tal,

de acordo com o seu ponto de vista.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

Violência Obstétrica: Caráter Institucional

( ) Atendimento negado a gestante

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( ) Impedimento da amamentação

( ) Omissão ou violação dos direitos da mulher durante a gestação, parto e puerpério.

( ) Restrição de escolha do local de parto

( ) Intervenções com finalidades didáticas

*Descreva o contexto em que ocorreu a V.O institucional acima bem como as motivações

para tal, de acordo com o seu ponto de vista.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

Violência Obstétrica: Caráter Material

( ) Cobranças de taxas indevidas

( )Indução de contratação de plano de Saúde

( ) Restrição de acompanhante

*Descreva o contexto em que ocorreu a V.O material acima, bem como as motivações para

tal, de acordo com o seu ponto de vista.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

*No seu ponto de vista porque esse profissional de saúde praticou essa V.O?

Violência Obstétrica: Caráter Midiático

( ) Apologia à cesariana

( ) Ridicularização do parto normal

( ) Incentivo ao desmame precoce

( ) Merchandising de fórmulas de substituição de detrimento ao aleitamento materno.

*Descreva o contexto em que ocorreu a V.O midiático acima, bem como as motivações para

tal, de acordo com o seu ponto de vista.

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

O trabalho de parto foi induzido? ( ) SIM ( ) NÃO. Se sim, por quê?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

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Fonte: Adaptado do Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência

Contra as Mulheres

ANEXO - PREPARAÇÃO DO MANUSCRITO – REVISTA SALUS

Título e Autores. O título do trabalho, em português, inglês e espanhol, deve ser conciso e

informativo. Devem ser fornecidos os nomes completos dos autores, titulação e vinculação

institucional de cada um deles.

Resumo, Resumen e Abstract. O resumo deve ser estruturado em quatro seções: Objetivo,

Métodos, Resultados e Conclusão. O Abstract ou Resumen (versão literal, em inglês e espanhol,

do Resumo em português) deve seguir a mesma estrutura do Resumo em português. Devem ser

evitadas abreviações. O número máximo de palavras deve seguir as recomendações da tabela

(Limites por tipo de artigo). Nos artigos tipo Relatos de Casos, o resumo não deve ser

estruturado (informativo ou livre). As Correlações clínico-cirúrgicas e seções Multimídia

dispensam resumo.

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Descritores e Descriptors: Também devem ser incluídos de três a cinco descritores (palavras-

chave). Os descritores podem ser consultados no endereço eletrônico http://decs.bvs.br/, que

contém termos em português, espanhol e inglês ou www.nlm.nih.gov/mesh, para termos

somente em inglês, ou nos respectivos links disponíveis no sistema de submissão da revista.

Corpo do manuscrito. Os Artigos Originais e Trabalhos Experimentais devem ser divididos nas

seguintes seções: Introdução, Método, Resultados, Discussão, Conclusão e Agradecimentos

(opcional). Os Relatos de Caso devem ser estruturados nas seções: Introdução, Relato do Caso

e Discussão; e as Correlações clínico-cirúrgicas em Dados Clínicos, Eletrocardiograma,

Radiograma, Ecocardiograma, Diagnóstico e Operação. A seção Multimídia deve apresentar as

seguintes seções: Caracterização do Paciente e Descrição da Técnica Empregada. Os Artigos

de Revisão e Artigos Especiais podem ser estruturados em seções a critério do autor.

As Cartas ao Editor, em princípio, devem comentar, discutir ou criticar artigos publicados na

SALUS, mas também podem versar sobre outros temas de interesse geral. Recomenda-se

tamanho máximo de 1000 palavras, incluindo referências, que não devem exceder a cinco,

podendo ou não incluir título. Sempre que cabível e possível, uma resposta dos autores do artigo

em discussão será publicada junto com a carta.