sÍndrome de menkes - scielo · do soro 5,8g/dl; globulinas gama 0,58g/dl (10%). imunoeletroforese...

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SÍNDROME DE MENKES REVISÃO DA PATOGENIA A PROPÓSITO DE UM CASO ΑΝΑΤΟΜΟ CLÍNICO UMBERTINA C. REED * SERGIO ROSEMBERG ** ARON J. DIAMENT *** MILBERTO SCAFF *** HORACIO M. CANELAS **** ANTONIO Β. LEFÈVRE **** A síndrome de Menkes (ou tricopoliodistrofia) é uma heredodegeneração do sistema nervoso central (SNC), de herança recessiva ligada ao sexo, que foi descrita pela primeira vez em 1962, por Menkes e col.30. Trata-se de um erro inato do metabolismo do cobre, que se caracteriza clinicamente por: aspecto peculiar do cabelo (p/7/ torti), grave retardo do desenvolvimento neuropsico- motor, síndrome convulsiva, alterações ósseas e alterações arteriais. Estudos realizados na Austrália 4 revelaram que a incidência em Melbourne é de 1:35.000 nascidos vivos, porém, como freqüentemente as crianças acometidas apresentam septicemia e outros processos agudos, alguns pacientes poderiam morrer sem diagnóstico, sendo então a síndrome mais freqüente do que a lite- ratura sugere. Acreditamos que o presente caso seja o primeiro diagnosticado no Brasil. OBSERVAÇÃO E.O.S., 15 meses de idade, branco, brasileiro, internado na Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP em 11-09-1980 (Registro HC-2141024-D). Segundo a mãe, o paciente foi aparentemente normal até os 4 meses de idade, quando passou a apresentar involução do desenvolvimento neuropsicomotor, perda de contato com o am- biente e crises convulsivas tônicas generalizadas, diárias, de difícil controle medica- mentoso. Quanto a antecedentes familiares, havia o dado de um irmão mais velho ter falecido aos 6 meses com quadro semelhante. Ao exame físico, encontrava-se extre- mamente distrófico θ descorado (Pig. 1), chamando a atenção o aspecto do cabelo (Fig. 2), que era encrespado, áspero, espesso, quebradiço e de cor clara. Ao exame Trabalho dos Departamentos de Neuropsiquiatria e de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP): * Professor Assistente, Depar- tamento de Neuropsiquiatria; ** Professor Livre-Docente, Departamento de Pato- logia; *** Professor Livre-Docente, Departamento de Neuropsiquiatria; **** Professor Titular, Departamento de Neuropsiquiatria.

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Page 1: SÍNDROME DE MENKES - SciELO · do soro 5,8g/dl; globulinas gama 0,58g/dl (10%). Imunoeletroforese qualitativa das proteínas séricas: diminuição de IgG. Eletrencefalograma: atividade

SÍNDROME DE MENKES

REVISÃO D A P A T O G E N I A A PROPÓSITO D E UM CASO ΑΝΑΤΟΜΟ CLÍNICO

UMBERTINA C. REED *

SERGIO ROSEMBERG **

ARON J. DIAMENT ***

MILBERTO SCAFF ***

HORACIO M. CANELAS ****

ANTONIO Β. LEFÈVRE ****

A síndrome de Menkes (ou tricopoliodistrofia) é uma heredodegeneração do sistema nervoso central (SNC), de herança recessiva ligada ao sexo, que foi descrita pela primeira vez em 1962, por Menkes e col.30. Trata-se de um erro inato do metabolismo do cobre, que se caracteriza clinicamente por: aspecto peculiar do cabelo (p/7/ torti), grave retardo do desenvolvimento neuropsico-motor, síndrome convulsiva, alterações ósseas e alterações arteriais. Estudos realizados na Austrália 4 revelaram que a incidência em Melbourne é de 1:35.000 nascidos vivos, porém, como freqüentemente as crianças acometidas apresentam septicemia e outros processos agudos, alguns pacientes poderiam morrer sem diagnóstico, sendo então a síndrome mais freqüente do que a lite­ratura sugere.

Acreditamos que o presente caso seja o primeiro diagnosticado no Brasil.

OBSERVAÇÃO

E.O.S., 15 m e s e s de idade, branco, brasi le iro, internado na Clínica Neuro lóg ica do

Hospi ta l das Cl ínicas d a F M U S P e m 11-09-1980 (Reg i s tro HC-2141024-D). Segundo a

mãe, o paciente foi aparentemente normal até os 4 m e s e s de idade, quando passou a

apresentar involução do desenvolv imento neuropsicomotor, perda d e contato com o am­

biente e cr ises convuls ivas tônicas general izadas , diárias, de difícil controle medica­

mentoso . Quanto a antecedentes famil iares , hav ia o dado de u m irmão mai s ve lho

ter falecido aos 6 m e s e s com quadro semelhante . Ao e x a m e f ís ico, encontrava-se extre­

mamente distróf ico θ descorado (P ig . 1), chamando a atenção o aspecto do cabelo

(F ig . 2) , que era encrespado, áspero, espesso , quebradiço e de cor clara. Ao e x a m e

Trabalho dos Depar tamentos d e Neurops iquiatr ia e d e P a t o l o g i a da Facu ldade de Medicina da Univers idade de São P a u l o ( F M U S P ) : * P r o f e s s o r Ass i s tente , Depar­tamento de Neurops iquiatr ia; ** Profes sor Livre-Docente , Departamento de P a t o ­log ia; *** Profes sor Livre-Docente , Departamento de Neurops iquiatr ia; **** Professor Titular, Departamento d e Neuropsiquiatr ia .

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neurológico, a criança e s tava vigi l , porém s e m esboçar qualquer contato com o am­

biente, com choro inart iculado e pos tura descort icada (F ig . 1) . Notava - se tetraparesia

espást ica, pers is tência d e ref lexos arcaicos, severa hipotrofia general izada, midríase

e abolição do ref lexo fotomotor bi lateralmente , embora os fundos oculares apresen­

tassem aspecto normal. Ceruloplasmina no soro: 5 U / L (normal 27,9 ± 5,2 U / L ) . Dosa­

g e m de cobre sér ico: 45^g/dl (normal d e 70 a 14Dμg/âl). Radiograf ia de ossos l o n g o s :

desmineral ização di fusa e esporões ó s seos metaf isár ios bi laterais (F ig . 3) . Pan-ang io -

grafia cerebral: a longamento e tortuos idade d a s artérias , a lém de coleções l íquidas

extracerebrais , secundárias a atrofia córt ico-subcortical (F ig . 4) . Tomograf ia computa­

dorizada d o encéfa lo: in tensa atrof ia córtico-subcortical difusa, predominantemente

cortical (F ig . 5) . Bletromiograf ia normal. Urograf ia excretora normal. Pro te ínas tota i s

do soro 5 ,8g /dl ; g lobul inas g a m a 0,58g/dl (10%). Imunoele troforese qual i tat iva das

prote ínas sér icas : d iminuição de IgG. Ele trencefa lograma: at iv idade irritativa difusa.

Além dos aspectos relat ivos ao SNC, foram anal isados f ios d e cabelo (F ig . 6) , que

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mostraram pili torti ( torção d o cabelo- ao longo d e s e u e ixo ) , moniletrix (variação

do diâmetro do fio ao longo do comprimento) e trichorrexis nodosa (pequenos nódulos

a intervalos var iáveis ) . O paciente evoluiu com múlt ip los processos infecciosos res i s ten­

t e s à antibioticoterapia, ocorrendo o óbi to em 08-01-1981.

O exame anátomo-patológico geral revelou, a lém de e x t e n s a broncopneumonia bi la­

teral, pronunciada e conseqüente dep leçâo l infocitária em l infonodos e no baço. Os

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Fig. 6 — Caso E.O.S.: estudo histoló-gico do cabelo: pili torti e moni-letrix.

grandes vasos da base não foram es tudados his to logicamente , porém, as artérias do

pol ígono de Wil l i s não mostraram alterações macro o u microscópicas. Exame neuropa-

tológioo - Estudo macroscópico: o encéfalo pesou 550g (normal para a idade l.OOOg).

Ao e x a m e externo notou-se pronunciada atrofia d i fusa dos hemisfér ios cerebrais , apre­

sentando-se os g iros es tre i tos e os su lcos amplos e profundos. Aos cortes vértico-frontais

havia di latação dos ventr ículos laterais discreta, e moderada do I I I ventrículo . Tronco

cerebral e cerebelo não mostraram al terações macroscópicas. Estudo microscópico: con­

firmou ao nível dos hemisfér ios cerebrais a atrofia observada macroscopicamente . En­

tretanto, a desipopulação neuronal do c ó r t e x cerebral reve lou-se menos pronunciada que

o grau de atrofia macroscópica permi t ia antever. A perda neuronal d i fusa era muito

discreta nos lobos frontais , parietais e occipitais e m a i s conspícua, porém ainda apenas

moderada, nos lobos temporais . E s t a despopulação in teressava mai s part icularmente as

camadas mediocorticais n a s reg iões d a s paredes laterais das c ircunvoluções e dos fundos

dos sulcas . O alocórtex hipocampal achava-se indene, inc lus ive o s e tor d e Sommer. A

subs tânc ia branca dos hemisfér ios cerebrais n ã o m o s t r o u a l terações e s e u padrão de

miel inização correspondia a o da idade d o paciente . Os núcleos d a b a s e não revelaram

alterações h i s to log ica l . Os talamos, porém, mostraram-se in tensamente compromet idos:

em seus d iversos núcleos a despopulação neuronal era ex tremamente importante , à s

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vezes completa, restando, cá e acolá, apenas a lguns neurônios i so lados em pequenos

grupos . In tensa g l iose reacional es tava presente nes tas estruturas . Mesencéfalo, tronco

cerebral e m e d u l a espinal mostraram-se h i s to log icamente normais . O cerebelo era sede

de lesões intensas e part iculares em nível cort ical: numerosos microcistos es tavam

presentes (F ig . 7) , in teressando sobretudo a camada das cé lulas de P u r k i n j e e, mai s

raramente, as camadas modecular e granular. E s t e s microcistos , desprovidos de qual­

quer material em seu interior, rompiam focalmente o tecido nervoso, s e m provocar

reação gl ial adjacente . Muitas vezes , e s tas cavitações s e formavam em redor de v m a

célula de Purkinje , que permanecia intacta em seu interior. N ã o raramente, es tes

microcistos confiuíam para formar cavidades de maior diâmetro. N ã o s e observou de-

pleção das cé lulas de P u r k i n j e ou dos grãos . Apenas esporadicamente, e a p ó s busca

exaust iva , consegu iu- se evidenciar, através de coloração pe la prata, cé lu las de Pujrkinje

do t ipo distrófico, com arborização dendrít ica e spes sa e curta. N ã o s e evidenciaram

dendritos part indo d ire tamente do corpo celular.

COMENTÁRIOS

Os dados clínicos e os resultados dos exames complementares observados neste caso estiveram perfeitamente condizentes aos referidos na literatura. A doença acomete invariavelmente crianças do sexo masculino, e freqüentemente há o dado de que irmãos mais velhos faleceram com quadro semelhante. No entanto, em 1979 foi descrito no Japão 25 o caso de menina, irmã de paciente com síndrome de Menkes comprovada, a qual faleceu aos 14 meses com intenso retardo do desenvolvimento neuropsicomotor, síndrome convulsiva e alterações radiológicas, bem como dos cabelos, semelhantes às encontradas no irmão. Apesar destes aspectos clínicos tão sugestivos, o diagnóstico da síndrome, nesta

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criança do sexo feminino, não pôde ser confirmado, devido à falta de dosagem do cobre sérico e ceruloplasmina, e por não ter sido autorizada a necrópsia. A aparência peculiar dos cabelos, conforme foi descrita no paciente em questão, pode estar evidente já ao nascimento, mas em geral começa a ser notada por volta dos 3 meses de idade. Em alguns casos é descrito clareamento gradativo dos cabelos, que vão adquirindo coloração castanho-avermelhada. Os supercílios podem mostrar as mesmas alterações. Danks e col.3 relatam presença de pili torti em alguns dos cabelos da mãe e da irmã de um dos pacientes por eles descritos, lamentando que o achado de cabelo normal não possa ser usado para excluir portadores heterozigotos. Segundo estes mesmos autores, as crianças doentes exibem semelhança fisionômica, não somente pelo aspecto dos cabelos, mas também pela palidez, falta de expressão e formato redondo do rosto (queru-binismo). As crianças acometidas geralmente desenvolvem-se normalmente nos primeiros três meses, assim como o paciente aqui relatado, superando as etapas mais precoces do desenvolvimento. Entre três e cinco meses ocorrem as pri­meiras crises convulsivas, focais ou generalizadas, que se vão tornando cada vez mais freqüentes, apesar do tratamento instituído. Há relatos de espasmos infantis com hipsarritmia ao EEG n . 33, 39 Paulatinamente, a criança perde as aquisições recentes, passa a contactar pouco com o meio, estabelecendo-se quadro de retardo neuropsicomotor intenso, hipertonia, hiperreflexia, hiperirritabilidade e tendência ao opistótono. Intensificam-se os distúrbios metabólicos e em poucos meses a criança permanece em estado vegetativo, com descerebração. Desde o início do quadro são comuns déficit de crescimento, septicemia e hipotermia 3, 36. Também é relatada a prematuridade e ocasionalmente as manifestações clínicas ocorrem mais precocemente, até mesmo ao nascimento 1 7.

As alterações ósseas observadas neste caso são as habitualmente descritas e consistem de esporões metafisários bilaterais simétricos, reação periostal diafi-sária e anormalidades na inserção anterior das costelas 4 4 . A arteriografia cerebral pode evidenciar malformações arteriais, sendo os vasos de aspecto tortuoso e localização anômala, existindo vasos supranumerários 4 4 . Tais aspectos foram verificados em nosso paciente, não sendo considerados secundários à degene-ração cerebral. A tomografia computadorizada do encéfalo mostra, geralmente, coleções subdurals e lesões multifocals do tipo isquêmico e, como neste caso, atrofia cortical e subcortical !3» 38.

As anomalias encontradas ao exame neuropatológico na síndrome de Menkes são basicamente de três tipos: lesões anóxico-isquêmicas, alterações mielínicas, e aspectos dismórficos neuronals. Estes aspectos podem estar todos presentes em um mesmo caso!»!5» 26» 30, associarem-se dois a dois 4 0 , 4 1 0 u acharem-^ isolados 4 , 21 , 29, 48. As lesões anóxico-isquêmicas (predominantes em nosso caso) são, com certeza, devidas às sucessivas crises convulsivas apresentadas por estas crianças, bem como às alterações distróficas das paredes das artérias de grande e médio calibres. Estas alterações geralmente dizem respeito ao com­prometimento da elástica e a um espessamento da íntima. Infelizmente, em nossa observação, os vasos da base não foram estudados microscopicamente, sendo que as artérias do polígono de Willis e as das meninges achavam-se normais,

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Se, na maioria dos casos em que se encontram presentes, as lesões da substância branca dos hemisférios cerebrais são sem dúvida secundárias à necrose neuronal cortical, em raras observações este aspecto predomina nitidamente, sugerindo um quadro leucodistrófico primário 2». 40. Finalmente, quase sempre estão pre­sentes aspectos neuronals malformativos, geralmente interessando as células de Purkinje, caracterizados por ectopias celulares, dendritos espessados e defor­mados, expansões que se originam diretamente do corpo celular ("somai sprouts"). A existência de múltiplos microcistos interessando o córtex cerebelar de maneira extremamente conspícua em nossa observação não foi relatada na literatura. Pequenos e dispersos cistos são descritos na substância branca cere­bral na observação de Menkes e col.30. A presença de artefatos postmortem impediu o estudo ultrastrutural destas lesões cerebelares inusitadas. Como men­cionado adiante, a razão da multiplicidade dos aspectos morfológicos na sín­drome de Menkes não está esclarecida. Se os aspectos dismórficos parecem relacionados com uma perda precoce das aferências celulares 48, sua relação com o ou os distúrbios metabólicos ocorrentes nesta doença é desconhecida. Igual­mente, a razão da predominância ora das lesões anóxico-isquêmicas, ora das leucodistróficas, é matéria puramente especulativa

O encontro de ceruloplasmina e cobre sérico baixos neste paciente vem chamar a atenção para a fisiopatogenia da doença, aventada pela primeira vez em 1972, por Danks e colA Estes estudaram o metabolismo do cobre em crianças com a síndrome de Menkes, devido à semelhança das alterações arteriais e do tipo de pelo, com os encontrados em ovelhas cuprodeficientes. Verifi­caram de início que o cobre sérico e a ceruloplasmina, assim como o cobre hepático, apresentavam níveis extremamente baixos, quando comparados com os de crianças do mesmo grupo etário, mesmo se submetidas a dietas com pouco cobre. Administrando-se cobre radioativo par enter almente ( 6 4CuCl 3) a estes doentes, os níveis de ceruloplasmina rapidamente alcançavam os valores normais, e a persistência desta elevação era justamente a esperada, em vista da vida média normal da ceruloplasmina. Concluíram, portanto, que o cobre adminis­trado parenteralmente se convertia normalmente em ceruloplasmina. Por outro lado, a administração prolongada de cobre por via oral (sulfato de cobre) não causava modificações bioquímicas significativas, permanecendo baixos os níveis de cobre sérico e ceruloplasmina, mostrando a não utilização do cobre por via oral. Estes achados foram corroborados em 1973 por Bucknall e col.2, após exaustivo estudo do metabolismo do cobre num doente de três meses submetido à administração oral e parenteral deste elemento. Em vista dos resultados ini­ciais, Danks e col.5 passaram a estudar a absorção intestinal do cobre, reali­zando biopsia de mucosa duodenal em alguns doentes, após a administração do cobre radioativo por via oral. Essas pesquisas permitiram concluir a exis­tência de um defeito na absorção intestinal do cobre, sendo normal a captação do metal pelas células da mucosa, porém anormal o transporte do cobre dentro das células, ou através da membrana no lado seroso. O mecanismo exato da absorção intestinal do cobre ainda não está definitivamente esclarecido, havendo evidências de que se trate numa primeira fase de transporte passivo, mediante a formação de complexos cobre-proteinas, sobretudo metalotioneínas, que tam-

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bém se ligam ao zinco e ao cádmio. Por isso, Danks e colA 7, e outros poste­riormente 22,36 j sugeriram que pudesse haver, por determinação genética, alte­rações na formação destes complexos ou mesmo avidez excessiva do cobre por algum tipo de proteína, permanecendo sem explicação porque também o zinco e o cádmio não se encontram alterados. Há também relatos de que o déficit de absorção do cobre estaria ligado à formação de complexos anômalos cobre-aminoácidos ou cobre-compostos inorgânicos 8 ,9 ,28, mas alguns destes trabalhos foram contestados por outros pesquisadores 14,36,37, os quais suge­riram que o defeito de transporte possa ser variável de paciente para paciente, ou em parte dependente da maturação celular. À medida que novas descrições de casos foram sendo feitas, o encontro de instalação da doença ao nascimento, a ocorrência de estigmas múltiplos ao exame físico, a detecção de heterotipias neuronals, micropoligirias e outras alterações sugerindo malformações, levaram à suposição de que a moléstia se manifestasse em fase intra-uterina 17, 36, 39, 45. Foram realizadas dosagens de cobre em tecidos de recém-nascidos, em placenta, cordão umbilical, líquido amniótico, bem como em fetos masculinos abortados de mães que anteriormente haviam dado à luz crianças com a doença 17. 23, 31. Estas dosagens mostraram que existem níveis elevados de cobre praticamente em todos os tecidos, exceto no fígado e no cérebro 13,17, 31. Além disso, culturas de fibroblastos desses doentes acumulam mais cobre do que os controles 16. Estes dados, associados à possibilidade de reproduzir a síndrome em cepas mutantes de ratos, com 5 genes alelos para o locus em questão 24, permitem supor que na síndrome de Menkes ocorra um distúrbio seletivo na captação, retenção e utilização do cobre por determinados tecidos 1 7 . É possível que tal distúrbio seletivo possa manifestar-se de diferentes formas, de acordo com o mecanismo genético de alelos e penetrância 22, 36. De fato, já existem descrições de casos com longa evolução e retardo menos acentuado, ausência de pili torti e alterações ósseas, bem como cobre sérico e ceruloplasmina apenas modera­damente reduzidos 20,33,36. Recentemente, Labadie e col.27 verificaram que as metalotioneínas encontram-se aumentadas em culturas de fibroblastos de paci­entes com a síndrome de Menkes. Interrogam se isto constituiria um defeito primário na síndrome ou seria secundário ao metabolismo anormal do cobre.

Do que foi exposto, conclui-se que a fisiopatogenia da síndrome de Menkes ainda não está devidamente elucidada, sabendo-se apenas que se trata de um erro inato do metabolismo do cobre, primário ou secundário à avidez excessiva das metalotioneínas pelo cobre. Sass-Kortsak & B e a r n 3 6 aventam que as meta­lotioneínas poderiam ser anormais em sua constituição ou normais, porém produzidas em excesso, ou ainda ser induzidas a ter maior avidez pelo cobre em conseqüência de um aumento da disponibilidade deste metal. Outro meca­nismo implicado poderia ser a falta de alguma enzima necessária para desfazer a ligação cobre-proteína. Segundo Danks e col.3, Holtzman22, bem como Sass-Kortsak & Beam 36, os aspectos principais da síndrome derivam da for­mação defeituosa de enzimas vitais que contêm cobre em sua composição. Assim, os pili torti ocorreriam porque as pontes dissulfídricas entre as cadeias polipep-tídicas da ceratina necessitam de cobre; as alterações arteriais estariam ligadas

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ao déficit da aminoxidase do tecido conectivo, que entra na formação do colá-geno e da elastina; as alterações ósseas dependeriam da deficiência da oxidase do ácido ascórbico, e o clareamento dos cabelos da falta de tirosinase; as alterações do SNC seriam conseqüentes a deficits múltiplos, principalmente da dopamina-j8-hidroxilase e citocromo-oxidase para o metabolismo neuronal e da superóxido-dismutase para o metabolismo lipídico e mielinização. Para a pro­dução das alterações cerebrais também contribui a isquemia provocada pelas alterações arteriais. A anormalidade do metabolismo lipídico na síndrome de Menkes já havia sido aventada antes das pesquisas de Danks e col. e poste­riormente reproduzida em animais de experimentação 10,32,35. Prohaska e Wells 35, em ratos cuprodeficientes, encontraram as seguintes semelhanças com a síndrome de Menkes: comportamento anormal, déficit do crescimento, redução da mielinização, provável diminuição do cobre encefálico e alteração das enzimas responsáveis pela cadeia oxidativa e pelo metabolismo lipídico.

A suposição de que a moléstia tem início no período intra-uterino pode constituir uma justificativa para os maus resultados obtidos após inúmeras tenta­tivas de tratamento utilizando cobre por via intravenosa, subcutânea ou intra­muscular 7, 8, 9,11,12, 13,17,18 ,19 , 28, 31, 42, 45, 46, 47. Alguns autores referem escure-cimento do cabelo, bem como melhora das alterações ósseas e arteriais, não ha­vendo, porém, aumento significativo dos níveis de cobre cerebral 7 ,17 ,18 ,19,46 ,47.

Williams e col.4? administraram cobre por via subcutânea, durante 427 dias, a um paciente com síndrome de Menkes iniciada aos 4 meses. Não obtiveram nenhuma melhora a não ser quanto às alterações metafisárias. Posteriormente, tais autores 4 6 compararam os resultados obtidos neste mesmo paciente, falecido aos 42 meses, e em outro, não tratado, que faleceu aos 8 meses e meio. Os níveis de cobre hepático e cereoral permaneceram baixos em ambos os doentes, demonstrando a má distribuição do cobre nestes casos, não corrigível através de tratamento.

Conclui-se que o único tratamento possível para a síndrome de Menkes é preventivo, através de aconselhamento genético. Recentemente Nooijen e col.3i realizaram o diagnóstico pré-natal de um teto de 19 semanas com síndrome de Menkes (cuja mãe já havia dado à luz uma criança doente) através da determinação do cariótipo masculino e da anormalidade do metabolismo do cobre na cultura de células do líquido amniótico.

RESUMO

É relatado um caso de síndrome de Menkes, que acreditamos ser o primeiro descrito no Brasil. O paciente, menino de 15 meses, apresentava, desde o quinto mês de vida, pili torti, grave involução do desenvolvimento neuropsi¬ comotor e síndrome convulsiva. Os exames complementares evidenciaram ceru¬ loplasmina e cobre séricos baixos, alterações arteriais e intensa atrofia cerebral difusa. O exame necroscópico confirmou este último aspecto, obser­vando-se despopulação neuronal nas camadas mediocorticais do cérebro, no

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tálamo e sobretudo no cerebelo, sede de lesões intensas e particulares em nível cortical.

Acredita-se que a síndrome de Menkes, de herança recessiva ligada ao sexo, seja devida a um erro inato do metabolismo do cobre, primário ou secun­dário a alterações variáveis das proteínas que permitem o transporte de cobre aos diferentes tecidos. Os autores revisam os principais aspectos etiopatogê¬ nicos referidos na literatura.

SUMMARY

Menkes' syndrome: a review of the pathogenesis and report of a clinico--pathologic case.

The authors report a case of Menkes' syndrome, probably the first one described in Brazil. The patient, a 15-month-old boy, showed pili torti, early progressive psychomotor deterioration and seizures. Serum levels of ceruloplas¬ min and copper were very low. Neuroradiological and roentgenological exami­nations revealed diffuse cerebral atrophy, arterial changes and bone abnorma­lities. At the post-mortem examination the more consistent findings were cerebral atrophy, neuronal loss in the thalamus and above all cerebellar cortical lesions. The disease has a sex-linked recessive inheritance and is believed to be caused by an inborn error of copper metabolism, perhaps subordinated to changes of proteins which carry copper to different tissues. The relevant literature in relation to the pathogenesis is reviewed.

R E F E R Ê N C I A S

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