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CETICISMO x CONTEXTUALISMO Jonas Muriel Backendorf

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CETICISMO x CONTEXTUALISMO

Jonas Muriel Backendorf

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Introdução

Apresentaremos, nas linhas que se seguem, duas possíveis respostas à pergunta sobre a possibilidade ou não de atingirmos um conhecimento verdadeiro sobre as coisas do mundo.

Inicialmente, e com maior ênfase, abordaremos a resposta cética à questão.

Posteriormente, traçaremos um breve resumo da concepção Contextualista de Stewart Cohen.

Por fim, tentaremos estabelecer algumas comparações entre ambas.

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CETICISMO

Sexto Empírico: organizador das ideias céticas desde Pirro.

Ceticismo Pirrônico é uma das três formas gerais de se posicionar em relação ao conhecimento, as outras duas são a forma dogmática positiva (diz ser possível conhecer a verdade) e a escola dogmática negativa (é impossível conhecer a verdade).

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CETICISMO

O ceticismo possui comportamento negativo e positivo em relação à realidade:

a) Negativo: suspensão de juízo frente às contradições que se apresentam ao agente epistêmico. b) Positivo: comportamento voltado para os fenômenos do “mundo comum”. (algo como descer das nuvens contemplativas da verdade para a vida humana terrena. “Enquanto os teóricos estão vivendo no “mundo real” do movimento e da geração, as pessoas comuns continuam a caminhar e fazer filhos.”)

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CETICISMO

Ataraxia: tranquilidade ou repouso da alma. Resulta da eliminação das perturbações causadas pela presunção de conhecimento absoluto das coisas.

A igual probabilidade de correção de argumentos antagônicos frente a uma dada proposição leva o cético a suspensão de juízo, que resulta finalmente na ataraxia.

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CETICISMO

Tropos: são modos de pensar, de ver as coisas, por meios dos quais o cético é forçado a suspender o juízo.

Trataremos dos 10 tropos atribuídos a Enesidemo e dos 5 tropos de Agripa.

Os primeiros visam a estabelecer a dúvida a respeito de atingir a verdade, demonstrando a relatividade da interpretação dos sentidos e das ideias. Já os 5 tropos de Agripa são muito mais destinados a negar (logicamente) todo tipo de conhecimento.

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CETICISMO

10 TROPOS:

1) O funcionamento dos sentidos e o raciocínio são diferentes em cada animal. Não se pode ter certeza de que a percepção humana é a mais realista.

2) Os homens sentem e pensam diferente. Há quem sinta frio no sol e quem não sinta sede no deserto.

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CETICISMO

10 TROPOS

3) Cada sentido percebe um mesmo objeto de formas diversas. Se tivéssemos um sentido a mais, o objeto se apresentaria diferente.

4) As condições do corpo influenciam diretamente a capacidade de perceber dos sentidos. Se estou com fome, a mesma maçã é mil vezes mais saborosa. Se estou com sono, a cama é mais confortável. Se estou sonhando, vivo em outro mundo.

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CETICISMO

10 TROPOS5) Um mesmo objeto aparece de modos

diversos de acordo com a luz, a posição, a distância, etc.

6) As impressões sensitivas vêm até nós por meio de misturas, sejam de misturas de iluminação, temperatura, densidade do ar, da água, sejam de misturas resultantes dos diferentes humores do corpo.

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CETICISMO

10 TROPOS

7) As coisas aparecem diferente quando vistas isoladamente e em grupo. Um grão de areia isolado em cima da mesa é diferente de um grão de areia na praia.

8)Resume os anteriores

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CETICISMO

10 TROPOS9) As coisas são mais ou menos valorizadas de acordo

com a frequencia com que aparecem ou acontecem. O por do sol é menos valorizado que o aparecimento de um cometa. Nossos julgamentos são influenciados por tais inclinações.

10) Em si mesmo nada é bom ou mau. As divergências antagônicas de religiões e escolas filosóficas demontram que não é possível por meio do pensamento atingir uma verdade absoluta sobre os valores morais.

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CETICISMO

TROPOS DE AGRIPA A discordância O regresso ao infinito Relação O hipotético O Circulus in Probando

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CETICISMO

TROPOS DE AGRIPASegundo o primeiro, todas as coisas em questão são sensíveis

ou inteligíveis, e ao tentar julgá-las, seja na vida, praticamente, seja “entre os filósofos”, desenvolve-se uma posição a partir da qual é impossível chegar a uma conclusão. De acordo com o segundo, toda prova requer uma outra prova, e assim por diante, até o infinito; e não existe nenhum ponto de vista a partir do qual começar o raciocínio. De acordo com o terceiro, todas as percepções são relativas, pois o objeto é colorido pela condição daquele que julga e pela influência das outras coisas que o cercam. De acordo com o quarto, é impossível escapar do regressus in infinitum fazendo de uma hipótese o ponto de partida, como os dogmáticos tentam fazer. E o quinto, ou circulus in probando, surge quando aquilo que deveria ser a prova precisa ser confirmado pela coisa a ser provada.

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Contextualismo

Propõe que a posse de justificação, e consequentemente a atribuição de verdade a uma proposição, dependem de uma série de fatores que variam de acordo com o contexto.

Dizer que sei a hora que parte o ônibus pode ser verdadeiro se meus ouvintes não tem interesse em embarcar em tal ônibus; mas pode ser falso para alguém que depende dele para participar de uma seleção de emprego, p. ex..

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Contextualismo

Por que o valor de verdade de uma proposição varia de tal modo?

Cohen responde que essa variação se deve especialmente ao nível de exigência justificacional que se impõe à proposição.

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Contextualismo

Essas exigências podem ser maiores ou menores em grau de força, a depender dos propósitos de quem afirma o conhecimento, bem como das expectativas de quem avalia tal afirmação, das pressuposições de ambos e do espaço físico-temporal em que é realizada.

Afirmações feitas em uma mesa de bar tem peso diferente de afirmações feitas em um congresso científico.

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Contextualismo

Dizer os livro, 3 quilo, dez real não parece errado dentro de um super-mercado, onde as pessoas passeiam de bermuda e chinelo.

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Contextualismo

Uma forma de entender as variantes contextualistas é associá-las a expressões imprecisas como alto, baixo, grande, etc., ou termos indexicais como eu, aqui, ontem.

Afirmar que alguém é alto em meio a pessoas comuns é mais facilmente verdadeiro que afirmar o mesmo em meio a jogadores de basquete.

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Ceticismo x Contextualismo

Pontos fortes:1.Ceticismo: a proposta cética parece bastante relevante na medida em que, desde sua origem, contribuiu inestimavelmente para o aprimoramento dos métodos de busca de conhecimento. Além disso, a ideia cética parece ter uma importante função moral, na medida em que é capaz de argumentar contra a comum prepotência de ideias compartilhadas pelas pessoas, lembrando-nos sempre de que não devemos nos afastar muito do mundo comum sob a ilusão de estarmos acessando uma realidade verdadeira ou um mundo absolutamente ordenado.

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Ceticismo x Contextualismo

Pontos fortes:

2. Contextualismo: aparece como uma teoria bastante coerente na medida em que não nega que em alguns casos não se tem conhecimento, mas que simplesmente as exigências feitas pelos céticos é exagerada. Além disso, parece dar um resposta mais completa (segundo penso) ao problema da possibilidade de conhecer, quando comparada a teorias como o fundacionismo e coerentismo, p. ex..

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Ceticismo x Contextualismo

Pontos fracos:1- Ceticismo: o ceticismo tem como um de seus pontos fracos o sempre criticado problema da auto-anulação. Na medida em que propõe que não consegue formular crenças verdadeiras, também não poderia afirmar que lhe essa dificuldade lhe é presente. Além disso, tem-se críticas como a feita pelo contextualista, que diz serem as exigências céticas absurdas e não condizentes com as necessidades humanas justificação.

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Ceticismo x Contextualismo

Pontos fracos:2. Contextualismo: o contextualismo merece críticas na medida em que resolve o problema para fins pragmáticos, mas deixa a desejar em sua resposta sobre a possibilidade ou não de um agente atingir uma crença verdadeiramente justificada. Ou seja, apesar de ser verdade que num contexto podemos estar justificados em relação a nossos ouvintes, não é verdade que estamos justificados sob uma ótica imparcial e estritamente preocupada com a conceito de justificação.

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Conclusão

Enquanto o cético suspende o juízo frente às dificuldades que encontra na atitude epistêmica, o contextualista diz que essas dificuldades na maior parte dos casos não são condizentes com as exigências realmente necessárias, de modo que não há motivo para parar cessar a busca pela verdade, posto que ela é atingida na maioria das situações.