situacoes e funcoes
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Situações e funções
BIDER, D. “Situations and functions”. In Variation across speech and writing. Cambridge: Cambridge University Press, 1988.
• Descrever as componentes de uma situação de comunicação
• Fornecer uma revisão breve das funções comunicativas
Componentes da situação de comunicação
I. Características e papéis dos participantesII. Relações entre os participantesIII. CenárioIV. TópicoV. PropósitoVI. Avaliação socialVII.Relação dos participantes VIII.Canal
I. Características e papéis dos participantes
A. Papéis comunicativos dos participantes1. Emissor (quem emite a mensagem)2. Receptor (a quem se dirige a mensagem)3. Audiência (escuta mas não se dirige a mensagem)
B. Características pessoais (poucos estudos)1. Estáveis: personalidade, interesses, crenças2. Temporárias: estado de ânimo, emoções, etc.
C. Características do grupo (vários estudos)1. Classe social, grupo étnico, género, idade, ocupação,
educação, etc.
II. Relações entre os participantes
A. Relações de papéis sociais: poder social relativo, status, etc.
B. Relações pessoais: simpatia, respeito, etc.C. Extensão do conhecimento partilhado
1. Conhecimento cultural do mundo (dif. culturas)2. Conhecimento pessoal específico (amigos)
D. Pluralidade dos participantesÉ diferente dirigir-se a uma pessoa ou a um grupo
III. Cenário
A. Contexto físicoB. Contexto temporalC. Tipo de actividadesD. Extensão de espaço e tempo partilhados
IV. Tópico
A. Objectivos convencionais 1. negociação de um contrato
B. Objectivos pessoais 1. fazer um amigo, aprofundar nos interesses
próprios
V. Propósito
cenário + tópico + propósito cenacontexto psicológico da comunicação
VI. Avaliação social
A. Avaliação do evento comunicativo1. Valores partilhados por toda a cultura2. Valores de uma subcultura ou individuais
B. Atitudes dos falantes com relação ao conteúdo1. Sentimentos, juízos, disposição2. Código: tom ou maneira de falar (sério, sarcástico)3. Grau de entrosamento com o conteúdo, (até que
ponto o remetente está certo da veracidade da mensagem)
O escritor pode escrever tão lento e cuidadosamente quanto desejar
O leitor pode ler tão rápido ou lentamente quanto desejar
Quem fala e quem escuta tem que compreender no momento, sem tempo para interactuar com o texto
VII. Relação dos participantes com o texto
VIII. Canal
• Escrita / Oralidade (tipicamente)– (tambores, língua de sinais, telégrafo…)
• Subcanais– Léxico / sintáctico– Prosódico– Paralinguístico (gestos)
Análise das componentes da situação de comunicação
Variação na situação de comunicação
Funções de traços linguísticos
Funções dos traços linguísticos
I. Funções ideacionaisII. Funções textuaisIII. Funções pessoaisIV. Funções interpessoaisV. Funções contextuaisVI. Funções de processamentoVII.Funções estéticas
I. Funções ideacionaisManeira na qual se usa uma forma linguística
para expressar conteúdo proposicional ou referencial
II. Funções textuaisMarcar a estrutura da informação (passivas, coordenação,
subordinação)Marcar coesão (referencia pronominal, demonstrativos,
substituição lexical e elipse)
III. Funções pessoaisMarcas de pertença a um grupo, estilo pessoal e
atitudes com relação ao evento comunicativo ou o conteúdo da mensagem
IV. Funções interpessoaisPapéisAtitudes com relação aos participantesConhecimento partilhadoPossibilidades de interacção
V. Funções contextuaisA. Tempo e espaço partilhadosB. Propósito da comunicaçãoC. Percepção da cena (psicológica)
VI. Funções de processamentoDemandas para a produção e a compreensão do acto
comunicativo.
VII. Funções estéticasAtitudes pessoais ou culturais por determinadas formas
da língua (noções individuais do “bom estilo”)
Diferenças funcionais e situacionais entre a fala e escrita “típicas”
I. Os modos mais frequentesII. Modos com características estereotípicas
Fala EscritaCaracterísticas situacionais
Interactiva, dependente do espaço, tempo e conhecimento partilhado
Características opostas
Características linguísticas
Estrutura simples, fragmentado, concreto, dependente da situação
Características opostas
Diferenças situacionais
I. Canal físicoII. Uso culturalIII. Relação comunicativa entre os participantesIV. Relação comunicativa dos participantes com
o contexto externoV. Relação comunicativa dos participantes com
o textoVI. Propósito primário da comunicação
I. Canal físico
Fala EscritaCanal Oral
AuditivoEscritaVisual
Subcanais ProsódiaGestos
Léxico / sintáctico
porém Conversa no escurogravação
Sublinhar, negrito, itálico
II. Uso cultural
Fala EscritaAquisição Casa Escola (formal e
descontextualizada )Avaliação social
Menos valor Mais valor (forma correcta da língua)
Manter o status social
Resistência às mudanças por parte das classes socioeconómicas altas, dos falantes em situações formais e dos escritores para manter a distância social
III. Relação comunicativa entre os participantes
Fala EscritaInteracção Resposta imediata
(opinião, esclarecer, mostrar interesse)
Não há possibilidade de resposta imediata
Conhecimento partilhado
Conhecem-se: destinatário, personalidade, crenças, interesses
Mínimo ou irrelevante
III. Relação comunicativa entre os participantes
Fala EscritaNegociação Negociação contínua
do propósito e o tópicoImpossibilidade de negociação
Esforço A comunicação depende do estabelecimento e manutenção de uma relação social
Não existe necessariamente
Conhecimento cultural partilhado
Pela interacção conhece-se a bagagem cultural
Dirigida para diferentes bagagens culturais
IV. Relação comunicativa dos participantes com o contexto externo
Fala EscritaEspaço partilhado
Partilha-se o contexto físico
Não se partilha o contexto físico
Tempo partilhado
Partilha-se o contexto temporal
Separação por um certo período
V. Relação comunicativa dos participantes com o texto
Fala EscritaGrau de permanência Natureza
temporalNatureza permanente (permite uma inspecção prolongada do texto)
Velocidade de:
produção mais rápida menos rápida
compreensão Deve compreender-se no momento
O leitor pode compreender ao seu próprio ritmo
VI. Propósito
Fala EscritaPessoalInterpessoalPropósitos contextuais
Propósito de ideaçãoExpressar informação proposicional
Diferenças funcionais
Chafe (1982, 1985) propõe quatro noções funcionais: Integração Fragmentação Entrosamento Afastamento
I. IntegraçãoNa escrita, muita informação está concentrada em, relativamente, poucas palavras. O leitor aproveita esta informação para ler ao seu próprio ritmo. (adjectivos, coordenação, subordinação, escolha cuidadosa das palavras)
II. FragmentaçãoCaracterísticas linguísticas de textos produzidos com limitações de tempo. Na fala não se pode incorporar informação cuidadosamente. Estrutura mais laxa ou fragmentada (uso de conjunções simples ou sem conjunções)
III. EntrosamentoNa fala, interacção entre falante e ouvinte. O falante faz referencias directas ao ouvinte (pronome de segunda pessoa, perguntas, imperativos)Preocupação com a expressão dos pensamentos e sentimentos (formas afectivas ou empáticas)Carácter não informativo e impreciso
IV. AfastamentoEscritor e leitor não interactuam, normalmente.