sistemas produtivos de rondônia

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I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003  SISTEMAS PRODUTIVOS DE RONDÔNIA Newton de Lucena Costa Chefe Geral Embrapa Rondônia 1. Diagnóstico Rondônia representa a mais dinâmica fronteira agrícola da Amazônia. Sua população passou de 36.935 habitantes em 1970 para 1.377.793 em 2000. Cerca de 40% da população concentra-se na zona rural, que conta com cerca de 72.887 propriedades rurais com menos de 200 ha. Apesar da desaceleração do processo migratório e das restrições ecológicas à abertura de novas áreas de florestas, permanece no Estado um potencial produtivo instalado muito grande. A capacidade de respostas aos estímulos governamentais ou não, visando a melhoria da produtividade agropecuária, tem sido excepcional. Conciliar o desenvolvimento agrícola usando racionalmente os recursos naturais deve ser o principal objetivo de todas as instituições responsáveis pelo processo produtivo. A importância setor agropecuário para a economia estadual pode ser constatada analisando-se os dados do Produto Interno Bruto de Rondônia. No período 1985/1995, a participação da agropecuária passou de 22,2 para 30,0%. No período 1975/1995, Rondônia foi o Estado da região Norte que apresentou a maior evolução, importância relativa e taxas de crescimento da produção, no setor de lavouras (Tabela 1). TABELA 1. Evolução, importânci a relativa e taxas de crescimento da produção, setor de lavouras. 1970/1995. Evolução (Base 1970 = 100 1 ) Estados 1975 1980 1985 1995 Acre 75,00 77,94 67,78 130,24 Amazonas 113,48 124,07 126,88 123,53 Amapá 84,13 56,46 52,38 50,34 Pará 140,14 163,47 199,71 157,62 Roraima 160,28 361,40 393,86 707,02 Rondônia 424,20 713,09 1.787,65 1.700,99 FONTE: Vicente et al. (2001) 1. Os dados referem-se às Classes/Grupos de Atividade Econômica Agricultura e Agropecuária (1970 a 1985) ou Lavouras Temporárias, Lavouras Permanentes e Produção Mista (1995). 1.1 Culturas anuais As culturas alimentares anuais (arroz, feijão, milho, mandioca e f eijão-caupi), tradicional mente, destinam-se ao consumo próprio e o excedente é comercializado. Geralmente, estas culturas são implantadas em sistema de derrubada e queima, aproveitando a fertilidade natural do solo durante um período de dois a três anos. Os cultivos sucessivos em uma mesma área resultam na perda da fertilidade e degradação do solo, com o surgimento de plantas invasoras. A utilização de tecnologias inadequadas pode inviabilizar economicamente as explorações, determinando o abandono e a incorporação de novas áreas ao processo produtivo, o que contribui para aceleração do desmatamento. Além disso, a carência de mão-de-obra e a comercialização e armazenamento deficientes são os fatores que mais contribuem para a elevação dos custos de produção, reduzindo a competitividade dos produtores no mercado nacional. Apesar destas limitações, o estado vem se firmando como um grande produtor de grãos. Em 1995, a produção estadual foi da ordem de 713 mil toneladas (arroz, milho e feijão), o que representa um acréscimo de 77% em relação à produção verificada em 1985. Outra cultura anual que vem apresentando uma grande expansão nos últimos anos é a do algodão herbáceo. Esta cultura é favorecida pela baixa infestação de pragas, o que lhe confere um preço competitivo, em relação às regiões tradicionais da cotonicultura nacional.

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I Encontro de Secretários Municipais de Agricultura do Estado de Rondônia Porto Velho – Rondônia – 01.08.2003  

SISTEMAS PRODUTIVOS DE RONDÔNIA

Newton de Lucena CostaChefe Geral Embrapa Rondônia

1. Diagnóstico

Rondônia representa a mais dinâmica fronteira agrícola da Amazônia. Sua população passou de36.935 habitantes em 1970 para 1.377.793 em 2000. Cerca de 40% da população concentra-se nazona rural, que conta com cerca de 72.887 propriedades rurais com menos de 200 ha. Apesar dadesaceleração do processo migratório e das restrições ecológicas à abertura de novas áreas deflorestas, permanece no Estado um potencial produtivo instalado muito grande. A capacidade derespostas aos estímulos governamentais ou não, visando a melhoria da produtividadeagropecuária, tem sido excepcional. Conciliar o desenvolvimento agrícola usando racionalmente osrecursos naturais deve ser o principal objetivo de todas as instituições responsáveis pelo processo

produtivo. A importância setor agropecuário para a economia estadual pode ser constatadaanalisando-se os dados do Produto Interno Bruto de Rondônia. No período 1985/1995, aparticipação da agropecuária passou de 22,2 para 30,0%. No período 1975/1995, Rondônia foi oEstado da região Norte que apresentou a maior evolução, importância relativa e taxas decrescimento da produção, no setor de lavouras (Tabela 1).

TABELA 1. Evolução, importância relativa e taxas de crescimento da produção, setor delavouras. 1970/1995.

Evolução (Base 1970 = 1001)Estados 1975 1980 1985 1995Acre 75,00 77,94 67,78 130,24Amazonas 113,48 124,07 126,88 123,53Amapá 84,13 56,46 52,38 50,34Pará 140,14 163,47 199,71 157,62Roraima 160,28 361,40 393,86 707,02Rondônia 424,20 713,09 1.787,65 1.700,99

FONTE: Vicente et al. (2001)1. Os dados referem-se às Classes/Grupos de Atividade Econômica Agricultura e

Agropecuária (1970 a 1985) ou Lavouras Temporárias, Lavouras Permanentes e ProduçãoMista (1995).

1.1 Culturas anuaisAs culturas alimentares anuais (arroz, feijão, milho, mandioca e feijão-caupi), tradicionalmente,destinam-se ao consumo próprio e o excedente é comercializado. Geralmente, estas culturassão implantadas em sistema de derrubada e queima, aproveitando a fertilidade natural do solodurante um período de dois a três anos. Os cultivos sucessivos em uma mesma área resultamna perda da fertilidade e degradação do solo, com o surgimento de plantas invasoras. Autilização de tecnologias inadequadas pode inviabilizar economicamente as explorações,determinando o abandono e a incorporação de novas áreas ao processo produtivo, o quecontribui para aceleração do desmatamento. Além disso, a carência de mão-de-obra e acomercialização e armazenamento deficientes são os fatores que mais contribuem para aelevação dos custos de produção, reduzindo a competitividade dos produtores no mercadonacional. Apesar destas limitações, o estado vem se firmando como um grande produtor degrãos. Em 1995, a produção estadual foi da ordem de 713 mil toneladas (arroz, milho e feijão), oque representa um acréscimo de 77% em relação à produção verificada em 1985. Outra culturaanual que vem apresentando uma grande expansão nos últimos anos é a do algodão herbáceo.Esta cultura é favorecida pela baixa infestação de pragas, o que lhe confere um preçocompetitivo, em relação às regiões tradicionais da cotonicultura nacional.

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Os dados gerais da produção agrícola de Rondônia demonstram que a diversificação da produção já excluiu o Estado da fase de mera agricultura de subsistência, gerando excedentes exportáveis,como é o caso do milho, arroz, feijão e soja. As causas da falta de expansão da produção agrícola,

nos últimos anos, podem ser atribuídas às questões relacionadas à inexistência ou deficiênciasnas ações de crédito, do fomento, preços não atrativos e outros fatores conjunturais comoarmazenagem e transporte. As restrições impostas aos produtores rurais, em consonância com apolítica do Governo Federal para o meio ambiente, como, por exemplo, a Medida Provisória 2166,que limita os percentuais de áreas desmatadas, tenham sido responsáveis pela estabilização ouredução na produção agrícola, visto que os custos para o plantio em áreas recém-desmatadas émuito inferior aos praticados em áreas de desmatamento antigo, que requerem mecanização emais mão-de-obra nos tratos culturais (FIERO, 1999).

TABELA 2. Área colhida, produção e produtividade das principais culturas anuais de Rondônia.

Cultura Área (mil ha) Produção (mil t) Produtividade (kg/ha)1985 1995 2000 1985 1995 2000 1985 1995 2000

Arroz 147,8 148,6 96,5 219 262 154 1.482 1.763 1.595Feijão 59,6 123,6 86,2 36 81 50 604 655 580Milho 90,8 198,8 130,0 147 370 204 1.619 1.861 1.570Mandioca 28,8 41,8 16,2 487 708 245 16.910 16.938 15.123Soja 1,3 4,5 11,8 1,6 9 36 1.230 2.000 3.051Algodão -- 19,1 0,7 -- 27 6 -- 1.413 857

1.2 Olericultura

Na produção de olerícolas, o Estado enfrenta grandes problemas devido ao excesso de chuvas noverão e as altas temperaturas anuais. O manejo inadequado concorre para o surgimento de pragase doenças que contribuem para a baixa produtividade. As culturas do tomate e do pimentão são

severamente infectadas pela murcha bacteriana e a do pepino pela antracnose. Mesmo assim, ashortas comerciais vêm produzindo tomate, cenoura, repolhos e folhosas em maior intensidade noscinturões verdes das cidades mais populosas do Estado, tais como Porto Velho, Ji-Paraná eCacoal. Apesar desta produção, cerca de 80% desses produtos são importados de outros Estados.Com a instalação do Pólo Hortícola de Vilhena, concomitantemente com um efetivo apoio técnico ecreditício, o cultivo de hortaliças em estufas plásticas, durante o período chuvoso, está sendoviabilizado com bastante sucesso. Mais recentemente, a criação do Programa Porto Verde, em2001, em Porto Velho, será mais um pólo para a produção de hortaliças no Estado. Abrem-se,ainda, novas perspectivas com a implantação de outros projetos em Porto Velho, através daprodução de alface pelo processo de hidroponia, com custos acessíveis, visando ao atendimentodo mercado de Manaus.

1.3 Culturas Perenes 

As culturas perenes são estabelecidas em áreas recém-desmatadas ou em substituição às culturasanuais e, em menor proporção no reaproveitamento de capoeiras. Em geral, a exploração destasculturas tem por base a mão-de-obra familiar. O café (200.000 ha), o cacau (34.591 ha) a banana(30.963 ha), além de fruteiras regionais ou exóticas (15.000 ha), conferem a Rondônia a maiorárea com cultivos perenes da Amazônia. Os estímulos às pesquisas e ao fomento com cultivos deciclo longo deverão tornar ainda mais atrativa esta opção de exploração agrícola, com tendênciaspara o aumento das áreas cultivadas com guaraná, urucum, mamão, acerola, pimenta-do-reino,palmáceas (palmito e frutos), desde que o mercado seja viabilizado. Além disso, há grande ênfasena implantação de sistemas multiestratos, que inclui espécies de banana, cupuaçu, seringueira,castanha-do-Brasil, café, cacau e diversas essências florestais.

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TABELA 3. Área colhida, produção e produtividade das principais culturas perenes de Rondônia.

Cultura Área (mil ha) Produção (mil t) Produtividade (kg/ha)1985 1995 2000 1985 1995 2000 1985 1995 2000

Café 62 6 137 8 203 2 74 1 175 213 1.183 1.270 1.048Cacau 37,6 34,6 16,2 22,7 15,6 6,8 604 451 419Banana 24,2 30,9 7,9 21,7 25,9 5,8 897 838 734Guaraná -- 0,4 0,2 -- -- -- -- 436 343Laranja -- 1,6 0,9 -- -- -- -- 66.418* 70.062*Manga -- 0,8 0,2 -- -- -- -- 18.889* 20.837*Coco -- 2,7 0,4 -- -- -- -- 2.177* 4.979*Mamão -- 0,9 0,1 -- -- -- -- 14.278* 13.631*

* Frutos/hectare.

Rondônia ocupa, atualmente, o quarto lugar como produtor de café no país e o segundo comoprodutor de café do tipo Robusta. Predominam na região pequenos e médios produtores, comsistemas de produção similares aos utilizados nas regiões produtoras tradicionais do país. Estima-

se que aproximadamente 44.000 produtores tenham a cultura do café como base econômica desuas propriedades. As cultivares mais plantadas são Kouillou (Conilon), da espécie Coffea canephora (Café Robusta), Catuaí e Mundo Novo de Coffea arábica . Essas duas últimas cultivaresapresentam maturação bastante precoce no Estado, com início em fevereiro e março, em plenaestação chuvosa, prejudicando as operações de colheita e pós-colheita do produto.

Quanto ao palmito de pupunha, dados levantados pelo ITERON, em 1996, mostram que a extraçãodo palmito ocorreu em 21 municípios de Rondônia e alcançou um volume de 820.300 estirpes, oque correspondeu aproximadamente a 230 t de produto final líquido. A indústria de conserva dopalmito apresenta uma estrutura tecnológica relativamente simples que não demanda elevadosinvestimentos e depende da eficiência de operações manuais de corte e acondicionamento doproduto. Segundo o ITERON, em 1996, operaram 11 unidades de produção em situação jurídicaregular, embora existam pequenas unidades clandestinas nas áreas de maior produção. Aprodução de conserva de palmito em Rondônia está estimada em torno de 300t/ano de pesolíquido. A relação produto bruto industrializado/palmito natural varia bastante em função daqualidade das estirpes. A média geral do Estado é de 3.585 estirpes para produzir uma toneladade palmito (peso líquido), com uma variação entre extremos de 2.297 a 4.000 estirpes (SUFRAMA,2001).

Para o cupuaçu, torna-se bastante difícil prever no momento qual seria o mercado potencial. A suaexpansão deve ficar condicionada às pressões da demanda regional e nacional, que deverácrescer em função do crescimento da população e pelo rebaixamento dos preços, consideradosaltos em relação a outras frutas, dada a sua baixa oferta. A conquista de novos mercados exigecompetência, agressividade, apresentação de um produto confiável, higiênico e garantia de oferta.

As tentativas de cultivo de mamão não se têm mostrado viáveis, devido principalmente aproblemas fitossanitários. Embora não se tenha o índice médio de consumo deste produto,

presume-se que toda a sua produção é destinada ao mercado interno. O abacaxi apresentacaracterísticas promissoras. Sendo o Estado praticamente auto-suficiente. Sua produção estásendo destinada ao consumo in natura , com possibilidades de aproveitamento de polpas econcentrados.A produção de melancia está apenas iniciando mas já começa a abastecer parte domercado interno. Face à boa aptidão agrícola dos solos das áreas ribeirinhas, o Estado tende a serauto-suficiente a curto prazo e, inclusive, exportar a produção excedente para as demais regiõesdo país (FIERO, 1999).

1.4 Pecuária

Os primeiros dados registrados pelo IBGE sobre a pecuária em Rondônia datam de 1973,revelando um efetivo bovino total de 20.249 cabeças, no então território. Nos anos seguintes,

registrou-se uma taxa geométrica de crescimento de 35,1% ao ano, sendo constatado já em 1979

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no levantamento realizado pelo mesmo órgão, um total de 176.221 cabeças de bovinos no estado.Os anos 70, em especial 78 e 79, foram marcados pela injeção de significativo volume de créditoatravés dos programas especiais PROTERRA (Programa de Redistribuição de Terras e de

Estímulo à Agricultura do Norte e Nordeste) e POLAMAZÔNIA (Programa de Desenvolvimento dePólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia), que repassaram recursos para investimentos ecusteio a juros médios de 7% ao ano, sendo esta a forma esperada para incentivar umcrescimento mais rápido da pecuária, com vistas a suprir a demanda interna em níveis deexpansão cada vez mais elevados, em virtude do intenso fluxo migratório experimentado peloterritório.

A partir do ano de 1979, com a decisão do Conselho Monetário Nacional de retirar gradativamenteos subsídios ao Crédito Rural, o volume de recursos emprestados aos pecuaristas pelas àsinstituições financeiras evoluiu negativamente, registrando-se no ano de 1983, em valoresdeflacionados, um volume de apenas 11% daquele tomado pelo produtor no ano de 1978. A somados recursos tomados nos quatro últimos anos (1980/83) foi de 42% do total dos recursosconcedidos nos dois anos iniciais (1978/79).

Apesar de penalizada com taxas de juros elevadas, a bovinocultura de Rondônia continuou acrescer nos anos 80, registrando-se, segundo estimativas do IBGE (Acompanhamento Conjunturalde Agropecuária de Rondônia, 1984) um rebanho de 653.000 cabeças em 1984, com uma taxageométrica de crescimento de 27% ao ano, a partir de 1980. Este crescimento que, se por um ladonão foi devido à concessão de crédito subsidiado pelas autoridades monetárias, por outro, deve-secreditar parte ao Governo estadual e ressaltar o trabalho desenvolvido pela Secretaria deAgricultura com a promoção de atividades de incentivo (Exposições Agropecuárias e leilões),procurando facilitar a integração e troca de experiência entre os produtores e agilizar acomercialização e a introdução de matrizes e reprodutores de melhor padrão genético, visando,com tais medidas, a melhoria dos índices zootécnicos do rebanho estadual. Também o Programade Inseminação Artificial, implantado nesta época (Comissão Estadual de Planejamento Agrícola,1983) contribuiu decisivamente neste sentido.

É importante ressaltar ainda que uma parcela do crescimento do rebanho bovino em Rondôniadeve ser creditada à tendência natural de expansão da atividade, na medida em que o fluxomigratório tornou-se mais intenso, mais produtores dedicaram-se à pecuária e, conseqüentemente,novas áreas foram formadas com pastagens.

A escassez de mão-de-obra, descapitalização do produtor e os baixos preços dos produtosagrícolas têm induzido o Estado a um acelerado processo de pecuarização. A bovinocultura é amais expressiva, tendo-se expandido a uma taxa de 22% ao ano, na última década. O efetivobovino estadual está estimado em 7.200 mil cabeças, representando o 8º rebanho bovino do País.As pastagens cultivadas, mais de cinco milhões de hectares, constituem a principal fonte dealimentação dos rebanhos. No entanto, a utilização de práticas de manejo inadequadas,principalmente nos solos de baixa fertilidade natural, tem contribuído decisivamente para ainstabilidade técnica, econômica e ecológica do processo produtivo adotado. Atualmente, pelo

menos 40% das pastagens cultivadas apresentam algum estágio de degradação. Isto refletediretamente nos baixos índices de desempenho animal e na necessidade de novosdesmatamentos ou a transformação de áreas cultivadas em pastagens. Este aumento de área temcomo finalidade de alimentar satisfatoriamente os rebanhos, além de comportar o seu crescimentovegetativo.

A bovinocultura de corte tem se desenvolvido, em maior escala, nas grandes propriedadeslocalizadas nas regiões sul e sudeste do Estado, apresentando rebanhos com bom padrão racial.Atualmente existem 11 frigoríficos instalados, dos quais quatro têm aparelhagem para desossar oanimal e prepará-lo com destino à exportação. Os frigoríficos de Ariquemes, Jarú, Rolim de Mourae Vilhena possuem qualificação e estão autorizados pela Inspeção Federal para exportar oproduto. Nos projetos de colonização, onde as áreas variam entre 33 e 100 ha, predomina abovinocultura mista, caracterizada por rebanhos de baixo padrão zootécnico. Nas proximidadesdos municípios localizados ao longo do eixo da BR 364, predomina a pecuária leiteira, a qual

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apresenta baixos índices de produtividade: cerca de 1,6 milhões de litros leite/dia; média de 3,5litro/vaca/dia e lactação média de 197 dias. Atualmente, existem no Estado 62 unidades debeneficiamento e industrialização de leite, com uma capacidade instalada para a industrialização

de 1,8 milhão de litros de leite. A maior parte destas unidades estão localizadas na região centro-sul do estado. O efetivo bovino deverá continuar crescendo em índices significativos, dado ointeresse do produtor rural em eliminar seus problemas de mão-de-obra e assegurar uminvestimento de capital com alto nível de liquidez. Em geral, a pecuária de leite tem-sedesenvolvido nas áreas de pequenas e médias propriedades, atuando como fator de agregação derenda aos agricultores tradicionais. A expansão do gado leiteiro apresentou um incremento de19,15% ao ano, no período 1985/95. A produção de leite em Rondônia é alta, apesar da média serem torno de 45 litros/produtor/dia (Tabelas 4 e 5). A produção de leite do Estado passou de 158milhões de litros em 1990 para 409 milhões de litros em 1999, o que representou um acréscimo de259%. Concomitantemente, a produtividade (litros/vaca/ano) também foi incrementada, passandode 602 em 1990 para 920 em 1999 (Zoccal, 2001). No período 1990/2000, Rondônia foi o Estadoque apresentou a maior taxa de crescimento na produção de leite (10,35%), a qual foi semelhanteapenas à registrada no Distrito Federal (10,38%) (Gomes, 2001). Em 1999 Rondônia foi o 11°produtor nacional de leite, com um total anual de 408.749 bilhões de litros.

TABELA 4. Efetivo bovino de Rondônia – 1985/95 (Em cabeças)

Discriminação 1985 1995 Variação (%)Total estadual 770.531 4.440.967 476,35Bovinos de Corte 634.656 3.178.451 400,81Bovinos de Leite 113.226 1.262.516 1.115,04FONTE: SUFRAMA (2001)

Tabela 5. Desempenho da pecuária de leite e valor da produção total em Rondônia. 1995 Efetivo do rebanho bovino para leite 1.262.516 cabeçasProdução anual de leite 235.097.982 litros

Preço médio anual recebido pelo produtor R$ 0,26 por litroValor total da produção de leite R$ 61.125.475,32FONTE: SUFRAMA (2001)

Os tipos de exploração agropecuária estão diretamente relacionados com os níveis de fertilidadenatural dos solos. Nas regiões onde predominam solos de baixa fertilidade, o arroz e a mandiocasão as culturas mais freqüentes. O extrativismo vegetal ainda ocupa um lugar de destaque com aexploração de seringais nativos e castanha-do-Brasil. Na região central do Estado, onde os solossão de baixa a alta fertilidade, a utilização das terras se intensificam e diversificam com o uso deculturas de subsistência (arroz, milho, feijão e mandioca), perenes (café, cacau, guaraná, pimenta-do-reino etc.) e frutíferas (banana, abacaxi, cupuaçu, citros etc). Nestas regiões, a grande maioriados agricultores adota baixo nível tecnológico nos sistemas de uso da terra, caracterizando umaagricultura itinerante, onde procede-se ao desmatamento da floresta ou da capoeira, queima e

plantio. Normalmente, a área desbravada é utilizada com culturas de subsistência, cedendo lugarpara pastagens, café ou outras culturas perenes, quando não ficam em descanso, após três anosde uso intensivo. Os principais modelos de produção utilizados são os que associam culturasanuais, café e pastagens; culturas anuais e pastagens, ou, formação de pastagens logo após aderruba e queima da floresta, o que concorre para que a pecuária represente a principal atividadedo setor primário estadual. Em geral, os sistemas de produção das diversas regiões do estado seassemelham, uma vez que as dificuldades são comuns a todos. Assim sendo, as contribuiçõespara o melhoramento genético dos rebanhos têm sido bastante restritas principalmente pelaslimitações de crédito e pela falta de incentivos governamentais que impedem a aquisição dereprodutores e matrizes de boa linhagem leiteira em outros pontos do país. Geralmente, ocorre aentrada de animais de baixo padrão zootécnico provenientes de outros estados, o que afetanegativamente a produtividade dos rebanhos. Com raras exceções, os criadores fazem seleção norebanho, predominando os cruzamentos entre animais mestiços.

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A alimentação é constituída quase que exclusivamente de pastagens cultivadas. Dependendo donível de fertilidade do solo, as espécies forrageiras mais comuns são: capim-Colonião (Panicum maximum cvs. Comum, Mombaça, Vencedor, Centenário, Tanzânia-1); braquiarias (Brachiaria 

decumbens, B. humidicola, B. ruziziensis, B. mutica, B. brizantha cv. Marandu, B. radicans ), capim-estrela (Cynodon nlenfuensis ), para solos de média a alta fertilidade natural e, B. humidicola, B.ruziziensis  e B. brizantha cv. Marandu e, mais recentemente o capim-andropogon (Andropogon gayanus cv. Planaltina), para solos de baixa fertilidade natural. Na maioria dos casos as pastagenssão formadas em áreas não destocadas, sendo comum a utilização de práticas de manejoinadequadas (sistema de pastejo contínuo e altas pressões de pastejo). Não é comum o uso deconcentrados. A utilização de capineiras é uma prática bastante generalizada, notadamente paraàs vacas em lactação durante o período de estiagem; no entanto, o manejo adotado é inadequado,o que proporciona efeitos pouco significativos na produtividade animal. O capim-elefante(Pennisetum purpureum cvs. Cameroon e Napier) é a espécie mais utilizada para a formação decapineiras no Estado. A mineralização do rebanho é deficiente; por não atender as exigênciasminerais dos animais, por ser descontínua e por se restringir, na maioria dos casos, aofornecimento de sal comum.

Quanto à sanidade do rebanho, são mínimos os cuidados dispensados aos animais. O controle àsprincipais doenças infecto-contagiosas, restringe-se à vacinação contra a aftosa, que na maioriados casos não é sistemática. No caso da febre aftosa, com a criação do Fundo de Erradicação daFebre Aftosa (FEFA), nos anos de 2001 e 2001, mais de 99% do rebanho estadual foi vacinado. Ébastante elevada a incidência de brucelose no rebanho, chegando a atingir, em média 10% dasvacas em produção. A falta de higiene, principalmente durante a realização das ordenhas temcontribuído significativamente para o aumento dos casos de mamite. As helmintosesgastrintestinais são responsáveis em grande parte pela mortalidade de animais jovens (± 15%) epela baixa produtividade leiteira; isso reflete a falta de vermifugações sistemáticas. Apneumoenterite em bezerros é muito freqüente sendo uma das doenças que mais dizimam essacategoria. As moléstias transmitidas pelo carrapato são preocupantes. Em área de pastagens“sujas”, onde a ocorrência de plantas invasora é generalizada, ou naquelas estabelecidas em solosarenosos, são bastante freqüentes mortes causadas por plantas tóxicas e por doenças carenciais.

A reprodução, geralmente, se dá através da monta natural a campo, sem controle e sem critério denatureza genética. A inseminação artificial já está sendo adotada por um considerável número depecuaristas. O sistema de criação adotado é o semi-extensivo. Na quase totalidade dos casos,realiza-se apenas uma ordenha e a duração de lactação das vacas é em média de 180 dias. Aindautiliza-se o bezerro para apojar a vaca. A ausência de um manejo animal faz com que fêmeasainda muito jovens sejam cobertas, prejudicando assim o desenvolvimento ponderal e a vida útil doanimal.

As instalações usadas são rústicas, porém, na maioria dos casos, atendem às necessidadesprincipalmente levando-se em conta as práticas de manejo utilizadas. Em geral, constam de umestábulo (tamanho variável em função do rebanho) cobertos com telhas amianto ou cavacos demadeiras, piso de cascalho batido, pedras ou cimentado, cocheiras de alvenaria, divisões com

réguas de madeira e curral anexo construído em madeira lavrada. Em muitos casos apresentamum brete rústico. Vale ressaltar que as madeiras de lei são abundantes na região.

O efetivo bovino do Estado deverá continuar crescendo a índices representativos, considerando-seduas tendências de significativa importância: 1) formação de uma área de pastagem sempre quese dá a ocupação de um lote e 2) crescente substituição de áreas de lavoura por pastagens,devido aos freqüentes insucessos na exploração agrícola (solos de baixa fertilidade, pragas edoenças, mão-de-obra escassa e de elevado preço, altos custos de produção, baixa lucratividadena comercialização, falta de crédito, dificuldade no escoamento da produção, etc.), concorrendopara uma pecuarização, com a aquisição de maior número de bovinos, via lucro das lavouras.Dentre os fatores que limitam à produção de gado de corte e que são de interesse às instituiçõesde pesquisa, extensão rural e fomento, destacam-se: a) pastagens mal manejadas e de baixo valornutritivo; b) manejo inadequado do solo e dos rebanhos; c) suplementação alimentar deficiente ou

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inexistente durante a seca; d) suplementação mineral e controle sanitário precários ou ausentes. 1.5 Sistemas agroflorestais

A utilização de Sistemas Agroflorestais (SAF’s) em Rondônia é uma prática relativamente bemdifundida nas diferentes regiões do Estado. No entanto, a sua efetiva adoção tem sido limitada pordiversos fatores, dentre os quais destacam-se: a tendência dos agricultores à monocultura; a faltade uma política de desenvolvimento agroflorestal e a ausência de instrumentos de convencimentotécnico-econômico-ecológico, que permitam uma atuação mais incisiva na redução da pressãoantrópica sobre a cobertura vegetal original. Apesar desses obstáculos, experiências exitosas comSAF’s são constatadas nas localidades de Vila Nova Califórnia e Vila Extrema, ambas no municípiode Porto Velho, onde estão instalados os Projetos RECA (Reflorestamento EconômicoConsorciado e Adensado) e PREPAM (Projeto de Reflorestamento Econômico para Ajuda Mútua).Estes projetos foram viabilizados a partir de 1989, graças aos recursos financeiros obtidos junto aoGoverno da Holanda, entidades católicas da Itália e da Irlanda, IBAMA (Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis), DENACOOP (Departamento Nacional deCooperativismo) e PMACI (Projetos para o Meio Ambiente e Culturas Indígenas). Tanto no RECAquanto no PROPAM foram utilizados diversos modelos de consórcios envolvendo castanha-do-Brasil, cupuaçu e pupunha. Atualmente existem cerca de 44.000 ha de SAF´s no Estado, incluindoa lavoura cacaueira. Outro fato que merece destaque é o incentivo para a adoção de SAF’srealizado pelo Governo de Rondônia, através das Secretarias de Agricultura, Produção e doDesenvolvimento Econômico Social (SEAPES) e de Desenvolvimento Ambiental (SEDAM). De1987 até o momento foram produzidas e distribuídas mais de dez milhões de mudas de espéciesfrutíferas e de essências florestais, que em grande parte foram utilizadas para o estabelecimentode SAF’s.

1.6 Florestas

As indústrias madeireiras em Rondônia vem utilizando 4,7 milhões de m3 de madeira/ano paraabastecer suas necessidades de matéria-prima. Estima-se que nas florestas remanescentes do

estado é extraído, anualmente, uma média de 15 m3 /ha, numa área de aproximadamente 313 milha. Portanto, 60% dos 24,3 milhões de ha da área territorial de Rondônia já sofreram alteraçõesantrópicas, tanto com a implantação de pastagens como pela exploração seletiva de madeira. Asunidades de conservação compostas por florestas representam 24% da área do estado. Nos 16%restantes, correspondentes a 3,8 milhões de ha de reservas florestais, com uma exploração anualde 313 mil ha/ano, estima-se que a matéria-prima disponível será suficiente para abastecer asindústrias madeireiras, somente por mais 12 anos. De acordo com a Legislação em vigor, Portarianº 1282 de 19/10/94, que regulamenta a política florestal da Amazônia, ficou estabelecido que éobrigatório a reposição de seis mudas para cada m3 de madeira consumida. Com base nesta Lei,as indústrias madeireiras deveriam plantar cerca de 28,2 milhões de mudas/ano (consumo de 4,7milhões de m3 /ano), utilizando uma área equivalente a 17 mil ha/ano. Nos últimos três anos foramreflorestadas cerca de 14 milhões de árvores, enquanto que, neste período, deveriam ter sidorepostas 84 milhões de árvores. Em parte, esta baixa reposição pode ser justificada pela incerteza

de retorno dos investimentos aplicados pelas empresas madeireiras. Os fatores mais importantesque contribuíram para este fato foram a falta de sementes florestais de espécies nativas, emqualidade e quantidade, e o desconhecimento de técnicas silviculturais para espécies florestaisnativas.

Como na Amazônia existe um grande número de espécies de comprovado valor silvicultural quepodem participar ativamente dos programas de reflorestamento, torna-se necessário odesenvolvimento de tecnologias, através da implantação de experimentos de crescimento deespécies, de espaçamentos e desbastes para dar suporte a um bom programa de produção dematéria-prima e sementes.

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1.7 Extrativismo

A extração do látex em seringais nativos é a atividade predominante. O processamento do látex é

realizado por diferentes métodos, em função do nível tecnológico e a disponibilidade de mão-de-obra e insumos. Os tipos de borracha natural obtidos são cernambi virgem prensado, cernambivirgem cocho (borracha de baixa qualidade), prancha defumada e folha fumada.

A coleta da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa ), em termos financeiros, é mais rentável que aextração de látex da seringueira nativa (Hevea brasiliensis ). O manejo efetuado consiste apenasna limpeza das áreas sob as castanheiras para facilitar a coleta de ouriços.

A potencialidade de recursos madereiros existente na região amazônica é indiscutível Há registrosde que há mais de 3.500 espécies florestais localizadas em áreas de terra firme e várzeas. Destas,somente 90 espécies são utilizadas pela indústria madereira em Rondônia. A exploração atual dafloresta se faz sem qualquer preocupação com o potencial inicial de regeneração natural. O critériopara extração da madeira é puramente a conveniência econômica das serrarias, as quais compramas toras de intermediários que fazem a extração tradicional. Um problema típico da atividade é adificuldade de extração durante o período chuvoso. Dentre as espécies de madeiracomercializáveis destacam-se: angelim (Dinizia spp.), cedro (Cedrella spp.), freijó-louro (Cordia alliodora ), freijó-cinza (Cordia goeldiana ), cerejeira (Amburana cearensis ) e mogno (Swietenia macrophylla ).

2. Prognóstico

Rondônia representa uma situação privilegiada dentro da Amazônia, pois sua estrutura viária e seusistema fundiário permitem respostas rápidas às políticas de fomento para as produções agrícola,pecuária, florestal e agroflorestal, desde que viabilizadas as estruturas necessárias para oarmazenamento, beneficiamento e comercialização. A proximidade com os mercados dos PaísesAndinos, aliadas às perspectivas de abertura viária para o Pacífico, colocam Rondônia em umasituação privilegiada, sendo promissores os resultados destes esforços, desde que estas

alternativas sejam incluídas num futuro próximo.

O cenário atual sinaliza um grande ciclo de desenvolvimento para a Amazônia e Oeste de MatoGrosso e por extensão, para todo o Brasil, com a existência da hidrovia do Rio Madeira, que abreum grande corredor de exportação para os países da Ásia e Europa, tornando os produtosagropecuários estaduais mais competitivos no mercado Exterior.

Quanto às grandes propostas de infra-estrutura para a Amazônia, destacam-se as definições doseixos nacionais de desenvolvimento, em particular do Oeste, Madeira-Amazonas e Araguaia-Tocantins os três sinalizando uma nova realidade para o desenvolvimento da Amazônia. Com adefinição do transporte intermodal se viabiliza condições de competitividade internacional paramuitos dos produtos da região, estimula-se novas opções; e, em todas as situações, a demandapor tecnologia é intensa e urgente. O cenário atual sinaliza um grande ciclo de desenvolvimento

para a Amazônia e Oeste de Mato Grosso e por extensão, para todo o Brasil, com a existência dahidrovia do Rio Madeira, que abre um grande corredor de exportação para os países da Ásia eEuropa, tornando os produtos agropecuários estaduais mais competitivos no mercado Exterior.Em Rondônia, as perspectivas de desenvolvimento são ainda maiores com a instalação do portograneleiro em Porto Velho, trazendo consigo maiores facilidades de escoamento, estímulo àprodução e incremento nos programas de incentivos governamentais. Em fim, para um Estado que

 já possui uma agricultura emergente, este ciclo terá um grande impacto na sua economia.

A iniciativa privada, com suporte do governo estadual, implementou projeto para a exportação desoja a granel através de Porto Velho. As alternativas presentes residem no aproveitamento daestrutura do porto existente e construção de unidades para o armazenamento e transferência dosgrãos para as balsas de transporte, além da construção de um novo porto jusante ao antigo, cujoprojeto foi aprovado pela SUDAM. Com este sistema hidroviário, os grãos produzidos,principalmente, em Mato Grosso e sul de Rondônia serão escoados para Itacoatiara (AM) e daí

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para o exterior. É prevista uma grande movimentação de soja através deste porto. No período1999/2001, estima-se em mais de 3 milhões de toneladas o volume de grãos, notadamente a soja,exportada através de Porto Velho.