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SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO DIMENSIONAMENTO DE TANQUE SÉPTICO FILTRO ANAERÓBIO WETLANDS EXERCÍCIO XIII PROFESSOR DANIEL COSTA DOS SANTOS DHS/UFPR 12/06/2017
ENUNCIADO: Dimensionar uma configuração de tratamento de esgoto a qual
composta por tanque séptico, filtro anaeróbio e wetlands. Esta configuração compõe um
sistema descentralizado de esgotamento sanitário. Por fim, elaborar um croqui do
sistema completo, conforme ilustrações apresentadas.
RESOLUÇÃO
1 Descrição da Área
1.1 Dados:
- Considerar 05 pessoas por residência na área a ser atendida;
- Considerar 40 residências a serem atendidas;
- Contribuição per capita de esgoto (C): Tabela 01 da NBR 7229;
- Média do mês mais frio na região t=12o C;
- Intervalo entre limpezas do tanque séptico é considerado de 01 ano;
- Ca = concentração afluente de DBO = 431,55 mg/l;
- Ce = concentração efluente esperada de DBO = 50,00 mg/l.
1.2 Condições de Contorno:
- Terreno argiloso com baixa permeabilidade;
- Lençol freático com nível alto;
- Pequena área disponível para a construção do sistema de tratamento.
2 Resolução
2.1 Dimensionamento do Tanque Séptico
2.1.1 Volume: V = 1000 + N (C .T + K . Lf)
V: volume útil, em Litros;
N: número de pessoas ou unidades de contribuição;
C: contribuição per capita de esgoto, em L / pessoa .dia; (Tabela 01)
T: tempo de detenção, em dias; (Tabela 02)
K: taxa de acumulação do lodo digerido, em dias; (Tabela 03)
Lf: contribuição do lodo fresco, em L / pessoa dia; (Tabela 01)
C = 100 L/hab.dia (Tabela 4.1)
Td : Observar Tabela 4 ; Td = 12h
Lf = 1 ; Tabela 4.1 ; k = 65 ; Tabela 4.3
Contribuição (Vazão) diária Q = 200 x 100 = 20.000 L/dia = 20 m3/dia;
V = 24.000 L = 24m³
2.1.2 Altura útil: A altura h é função do volume útil, conforme tabela 04.
Tabela 4.4 ; Altura útil h de 1,80 a 2,80 m;
Adota-se 2,80 m e A = V/ h ; A = 8,57 m².
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2.1.3 Definição da Geometria e Número de Câmaras do Tanque Séptico
(conforme NBR 7229):
Sendo que o tanque cilíndrico ocupa menor área disponível que o tanque retangular e
que este, por sua vez, pode requerer menor profundidade, logo a forma adotada é a
circular dado o fato de ter-se pouca área disponível.
2.1.4 Área e Largura ou Diâmetro ( conforme NBR 7229 ):
Área A = V / h (m2)
Largura Mínima: 0,80 m; Compr./Larg.:Máx. 4:1 , Mín. 2:1 ; Diâmetro Mínimo: 1,10 m
Tanque Prismático:
C x L = A = 8,57 ;C/L varia de 2,0 a 4,0 ;
Adota-se C/L = 4,0 ;4L x L = 8,57 ; L = 1,46 m ; C = 5,87 m
Tanque Circular: D 2h ;A = 8,57 = x R²; R = 1,65m ; D = 3,3 < 5,6 (2h) ; confere !
Observar as Tabelas da NBR 7229/93.
TABELA 1: CONTRIBUIÇÃO DIÁRIA DE ESGOTO (C) E DE LODO FRESCO (LF) POR TIPO
DE PRÉDIO E DE OCUPANTE
Prédio Unidade Contribuição, de esgotos (C) e
lodo fresco (Lf)
Ocupantes Permanentes:
- Residência
Padrão alto
Padrão médio
Padrão baixo
- Hotel
- Alojamento provisório
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
160
130
100
100
80
1
1
1
1
1
Ocupantes temporários
Fábrica em geral
Escritório
Edifícios públicos ou comerciais
Escolas e locais de longa permanência
Bares
Restaurantes e similares
Cinemas, teatros e locais de curta permanência
Sanitários públicos
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
pessoa
70
50
50
50
6
25
2
480
0,30
0,20
0,20
0,20
0,10
0,10
0,02
4,0
TABELA 2: PERÍODO DE DETENÇÃO DOS DESPEJOS, POR FAIXA DE
CONTRIBUIÇÃO DIÁRIA
Contribuição diária (L) Tempo de detenção
Dias Horas
Até 1500 1,00 24
1501 - 3000 0,92 22
3001 – 4500 0,83 20
4501 – 6000 0,75 18
6001 – 7500 0,67 16
7501 – 9000 0,58 14
Mais que 9000 0,50 12
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TABELA 3: TAXA DE ACUMULAÇÃO TOTAL DE LODO (K), EM DIAS, POR
INTERVALO ENTRE LIMPEZAS E TEMPERATURA DO MÊS MAIS FRIO
Intervalo entre limpezas (anos) Valores de K por faixa de temperatura ambiente (t), em °C
t 10 10 t 20 t > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
TABELA 4: ALTURA ÚTIL MÍNIMA E MÁXIMA
Volume útil
(m³)
Altura útil h mínima
(m)
Altura útil h máxima
(m)
Até 6,0 1,20 2,20
6,0 – 10,0 1,50 2,50
Mais que 10,0 1,80 2,80
As dimensões dos tanques sépticos são apresentadas nas Figuras 01 a seguir.
Figura 01: Vistas lateral e em planta de tanque séptico
a 5 cm; b 5 cm ; c = 1/3 h; h = altura útil; h = altura interna útil
L = comprimento interno total; W = largura interna total ( 80 cm) ; Relação L/W: entre 2:1 e 4:1
h
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2.2 Filtro Anaeróbio
Volume: V = 1,6 . N .C . T ; Área: A = V/ h
V: volume útil, em litros; A= área transversal; h: altura útil.
N: número de pessoas ou unidades de contribuição;
C: contribuição per capita de esgoto, em L / pessoa .dia; (Tabela 01)
T: tempo de detenção, em dias; (Tabela 02)
Td = 0,5 d; C = 100 L/hab.dia; N = 200 pessoas
V = 1,6 x N x C x Td ; V = 1,6 x 200 x 100 x 0,5 ; V = 16.000L = 16m³
A = 16/1,8 = 8,9 m² ; 8,9 m²= x R² ; D = 3,37 m
Observar a Figura 02.
Figura 02: Vistas laterais do filtro anaeróbio
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2.3 Wetlands
Para esta unidade, as características adotadas são as seguintes:
. fluxo sub-superficial;
. escoamento em pistão;
. meio filtrante composto por brita;
. macrófita: Typha spp. (Taboa).
Observar a Figura 03 a seguir:
: Fluxo do esgoto
Figura 03: Perspectiva de um wetlands.
A área superficial do sistema wetlands é estimada pela seguinte equação:
Sendo,
As = área superficial, m2;
Q = vazão de projeto, m3/d;
Ca = concentração afluente de DBO, mg/l;
Ce = concentração efluente esperada de DBO, mg/l;
K = coeficiente de remoção de DBO (1/d) para a temperatura do líquido, ºC;
Hliq = altura do liquido no interior do leito filtrante, m;
n = porosidade do meio filtrante, %.
Admitindo que o conjunto tanque séptico – filtro anaeróbio tenha eficiência de 80,00 %
na remoção de DBO, a DBO afluente Ca ao wetlands é de 431,55 x 0,2 = 86,31 mg/l.
Como já apresentado, a DBO efluente Ce é de 50 mg/l.
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Conforme CONLEY; DICK; LIOW (1991) apud SEZERINO et. al. (2015), o
coeficiente K20 de remoção de DBO para 20º C pode variar de 0,21 a 2,92/d. Portanto,
conforme MELO & LINDNER (2013), é adotado o valor de 1,1/d para 20º C. Para
adequar a estimativa de K para outra temperatura, 12º C no caso, utiliza-se a seguinte
conversão:
K = K20 (1,07) (t – 20º C)
; K = 1,1 (1,07) (12 – 20º C)
= 0,64/d para 12o C.
Quanto à geometria SEZERINO et. al. (2015) observam que a altura H máxima do leito
filtrante registrada em pesquisas brasileiras é de 1,5 m. Já o valor da altura do líquido
Hliq no meio filtrante deve ser inferior ao H de maneira a evitar a presença deste líquido
na superfície do mesmo. Assim, neste dimensionamento serão adotadas as alturas H =
1,00 m e Hliq = 0,70 m, adaptado de MELO & LINDNER (2013). Já a porosidade n
adotada para o meio filtrante de brita é de 35 %, sendo a porosidade a relação entre o
volume dos poros entre as britas e o volume total do meio filtrante.
Dadas às considerações anteriores, destacando a vazão estimada de 20 m3/d, a área
superficial é estimada em As = 69,63 m2. Para esta área e para a altura útil de Hliq =
0,70 m, o volume é de 48,74 m3.
Estimados a área e o volume, cumpre verificar o tempo de detenção, o qual dado pela
seguinte expressão:
Td = (n . V) / Q
sendo
Td: tempo de detenção, d;
V: volume do meio filtrante, m3.
Em decorrência, Td = 0,85 dias.
SEZERINO et. al. (2015) registram que os valores de Td variam entre 0,5 e 12,3 dias,
conforme levantamento em estudos nacionais.
Supondo 02 wetlands em paralelo, cumpre definir geometria de cada unidade. Os
autores da Costa et al. (2013), apud SEZERINO et. al. (2015), adotaram a relação de
forma Comprimento (C) / Largura (L) C / L igual a 8,0, em seu estudo. Não obstante,
MELO & LINDNER (2013) utilizaram C/L = 3,0. O importante, ressalta-se, é garantir o
fluxo em pistão. Assim, neste estudo C/L é admitido igual a 4,0. Logo, sendo em cada
wetlands a área A1 = As / 2 , tem-se:
A1 = C . L = 34,82 m2 ; C / L = 4,0. Resolvendo, C = 11,80 m; L = 2,95 m;
Para concluir o exercício, aplicar as eficiências esperadas de um wetlands na remoção
de fósforo, nitrogênio e coliformes termotolerantes e estimar tais concentrações para o
esgoto efluente ao mesmo.