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SISTEMAS DE AERONAVES REMOTAMENTE PILOTADAS E O CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO: UMA ANÁLISE GEOPOLÍTICA. Leonardo Haberfeld 1 RESUMO A proliferação dos Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS) no espaço aéreo, comumente denominados como drones, tem apresentado questionamentos e demandas cujas magnitudes envolvem diversos setores da sociedade. Nesse contexto e à luz dos conceitos de hard e soft power das relações internacionais, o Brasil não apresenta a adoção de políticas de Estado que fomentem o desenvolvimento dos sistemas de aeronaves remotamente pilotadas (RPAS) nos eixos militar, político e econômico. Tal ausência de ações políticas impede o Estado brasileiro de utilizar essa nova tecnologia aeronáutica como ferramenta de influência nas relações internacionais, sendo essa a conclusão do presente trabalho. Utilizando-se da análise estruturalista qualitativa, ao conceber modelos explanatórios, para a modelagem do cenário brasileiro no segmento aeronáutico não tripulado; o presente artigo buscou analisar a atuação política do Estado brasileiro relacionada aos RPAS `luz dos conceitos de hard e soft power por intermédio da revisão bibliográfica e documental. Por fim, o presente artigo desenvolve-se na análise da inserção dos RPAS como ferramenta possível de ser utilizada nas relações internacionais, das atuações dos Estados Unidos da América, da China e da União Europeia, as quais têm sido proeminentes e influenciadoras dos rumos técnicos e operacionais dos RPAS; e do cenário brasileiro no segmento aeronáutico não tripulado. Palavras-Chave: Espaço Aéreo. Drone. Hard Power. Soft Power. Sistema de Aeronaves Remotamente Pilotadas. ABSTRACT The proliferation of Remotely Aircraft Aircraft Systems (RPAS) in the airspace, commonly known as drones, has presented questions and demands whose magnitudes involve several sectors of society. In this context and considering the concepts of hard and soft power in international relations, Brazil does not present the adoption of State policies that foster the development of remotely piloted aircraft systems (RPAS) in the military, political and economic axes. This absence of political actions prevents the Brazilian State from using this new aeronautical technology as a tool of influence in international relations, which is the conclusion of the present work. Using qualitative structural analysis, when designing explanatory models, to model the Brazilian scenario in the unmanned aeronautical segment; the present article sought to analyze the political action of the Brazilian State related to RPAS considering the concepts of hard and soft power through the bibliographical and documentary revision. Finally, the present article has developed in the analysis of the insertion of the RPAS as a possible tool to be used in international relations, the actions of the United States of America, China and the European Union, which have been prominent and influenced the 1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeronáuticas da Universidade da Força Aérea (PPGCA- UNIFA). E-mail para contato: [email protected]

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SISTEMAS DE AERONAVES REMOTAMENTE PILOTADAS E O

CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO: UMA ANÁLISE GEOPOLÍTICA.

Leonardo Haberfeld1

RESUMO

A proliferação dos Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS) no espaço aéreo,

comumente denominados como drones, tem apresentado questionamentos e demandas cujas

magnitudes envolvem diversos setores da sociedade. Nesse contexto e à luz dos conceitos de

hard e soft power das relações internacionais, o Brasil não apresenta a adoção de políticas de

Estado que fomentem o desenvolvimento dos sistemas de aeronaves remotamente pilotadas

(RPAS) nos eixos militar, político e econômico. Tal ausência de ações políticas impede o

Estado brasileiro de utilizar essa nova tecnologia aeronáutica como ferramenta de influência

nas relações internacionais, sendo essa a conclusão do presente trabalho. Utilizando-se da

análise estruturalista qualitativa, ao conceber modelos explanatórios, para a modelagem do

cenário brasileiro no segmento aeronáutico não tripulado; o presente artigo buscou analisar a

atuação política do Estado brasileiro relacionada aos RPAS `luz dos conceitos de hard e soft

power por intermédio da revisão bibliográfica e documental. Por fim, o presente artigo

desenvolve-se na análise da inserção dos RPAS como ferramenta possível de ser utilizada nas

relações internacionais, das atuações dos Estados Unidos da América, da China e da União

Europeia, as quais têm sido proeminentes e influenciadoras dos rumos técnicos e operacionais

dos RPAS; e do cenário brasileiro no segmento aeronáutico não tripulado.

Palavras-Chave: Espaço Aéreo. Drone. Hard Power. Soft Power. Sistema de Aeronaves

Remotamente Pilotadas.

ABSTRACT

The proliferation of Remotely Aircraft Aircraft Systems (RPAS) in the airspace, commonly

known as drones, has presented questions and demands whose magnitudes involve several

sectors of society. In this context and considering the concepts of hard and soft power in

international relations, Brazil does not present the adoption of State policies that foster the

development of remotely piloted aircraft systems (RPAS) in the military, political and

economic axes. This absence of political actions prevents the Brazilian State from using this

new aeronautical technology as a tool of influence in international relations, which is the

conclusion of the present work. Using qualitative structural analysis, when designing

explanatory models, to model the Brazilian scenario in the unmanned aeronautical segment; the

present article sought to analyze the political action of the Brazilian State related to RPAS

considering the concepts of hard and soft power through the bibliographical and documentary

revision. Finally, the present article has developed in the analysis of the insertion of the RPAS

as a possible tool to be used in international relations, the actions of the United States of

America, China and the European Union, which have been prominent and influenced the

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeronáuticas da Universidade da Força Aérea (PPGCA-

UNIFA). E-mail para contato: [email protected]

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technical directions and operational aspects of the RPAS; and the Brazilian scenario in the

unmanned aeronautical segment.

Keywords: Airspace Control. Drone. Hard Power. Soft Power. Remotely Piloted Aircraft

Systems.

INTRODUÇÃO

Qualquer atividade que possa impactar nas operações aéreas ao redor do mundo, causa

grande preocupação e envolvimento por parte da Organização de Aviação Civil Internacional

(ICAO, do inglês International Civil Aviation Organization) no intuito de se mitigar essa

possibilidade e de manter os níveis de segurança e do fluxo da navegação aérea mundial nos

mais altos patamares de eficiência. Com esse objetivo, a ICAO institui para as diversas áreas

relacionadas à aviação recomendações e procedimentos padronizados internacionalmente,

denominados SARP (do inglês, Standards And Recommended Procedures), os quais atuam para

a promoção da padronização dos requisitos operacionais, da segurança e do desenvolvimento

eficiente do transporte aéreo, segundo a ICAO (2015a).

Em paralelo, a crescente demanda pelo emprego de Sistemas de Aeronaves Não

Tripuladas (UAS, do inglês Unmanned Aircraft Systems) ou Remotamente Pilotadas (RPAS,

do inglês Remotely Piloted Aircraft Systems), comumente conhecidos como drone, tem

preocupado Estados e Organizações quanto à segurança das operações no espaço aéreo, sejam

relacionadas aos possíveis impactos nas navegações aéreas ou às operações nas cercanias dos

aeródromos.

Esses novos vetores aéreos, em virtude das suas características, envolvem contingências

técnicas e operacionais que necessitam do envolvimento de várias entidades. Governos,

fabricantes, instituições acadêmicas e Organizações Não Governamentais, envolvem-se na

realização de testes, delineamento de concepções e desenvolvimento de tecnologias que

favoreçam a integração segura dos RPAS no espaço aéreo, não os segregando das aeronaves

tripuladas.

Na linha dessa evolução, os Estados Unidos da América (EUA), a China e a União

Europeia (UE) têm atuado de forma proeminente e investido tanto na fabricação de drones

militarizados quanto no desenvolvimento de concepções operacionais e de tecnologias que

permitam a interação dos drones com as aeronaves tripuladas e emprego em diversos segmentos

econômicos da sociedade civil. Tal investimento, ao se buscar o consentimento de uma

organização supranacional, como a ICAO, e influenciar a adoção de parâmetros técnicos e

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operacionais concebidos por suas indústrias, ensejam, intrinsecamente, a constante busca por

poder, seja no campo tecnológico ou militar, permeando os conceitos de hard e soft power das

relações internacionais (RI)

Nesse contexto, surge o seguinte questionamento: qual o posicionamento político do

Estado brasileiro em relação a esse segmento aéreo, de forma a utilizar tal tecnologia, como

ferramenta de influência no seu entorno estratégico, na América do Sul, em relação aos

conceitos de hard e soft power?

Para tal, buscou-se a elucidação desse questionamento a partir da elaboração de três

Questões Norteadoras (QN):

QN1: Qual a relação existente entre os sistemas de aeronaves remotamente pilotadas e os

conceitos de hard e soft power das relações internacionais?

QN2: Como as principais potências mundiais têm tratado o assunto?

QN3: Como se encontra o cenário dos RPAS no Brasil?

Nesse contexto, o presente trabalho propôs-se, como objetivo geral, analisar a atuação

política do Estado brasileiro relacionada aos RPAS `luz dos conceitos de hard e soft power. Por

conseguinte, foram definidos os seguintes Objetivos Específicos (OE):

OE1: relacionar os RPAS com conceitos das relações internacionais;

OE2: discriminar as ações adotadas em relação aos RPAS por EUA, UE e China; e

OE3: discriminar as ações adotadas pelo Estado brasileiro em relação ao OE2.

Após a consecução dos OE, realizou-se análise da interação entre os OE para se atingir o

objetivo geral.

A relevância do presente trabalho reside na proposição de uma análise da necessidade da

adoção de políticas estatais para o fomento do segmento RPAS pelo Estado brasileiro no intuito

de se posicionar no cenário internacional, influenciando decisões técnicas no âmbito da ICAO e

delineando o emprego dos RPAS na América do Sul.

Outrossim, o presente artigo não esgota as possibilidades das análises supracitadas por,

ainda, se tratar de trabalho inicial para o desenvolvimento de uma pesquisa mais aprofundada no

assunto.

1. DESENVOLVIMENTO

1.1 METODOLOGIA

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No presente artigo, realizou-se uma pesquisa descritiva, segundo Gil (2002), por ter

como objetivo descrever as características que relacionam os RPAS com os conceitos da teoria

realista das relações internacionais (RI) e as políticas adotadas por EUA, UE e China na

implementação do segmento aeronáutico não tripulado. Ademais, como pesquisa documental,

pois se utilizou de manuais técnicos e operacionais, da documentação utilizada pela ICAO e de

agências especializadas para tratar dos assuntos afetos aos RPAS. Outrossim, uma pesquisa

exploratória, pois buscou propiciar maior familiaridade com as tecnologias dos RPAS e seus

possíveis impactos nas relações internacionais.

Para a construção dos modelos representativos e o da relação entre as variáveis

estabelecidas e analisadas, utilizou-se da teoria do estruturalismo da pesquisa qualitativa, de

acordo com Thiry-Cherques (2006). O estruturalismo procura enfocar as resultantes da

atividade do campo observado, seno que uma vez reconhecidas estas resultantes, identifica-se

as operações que as produzem.

Entretanto, as tecnologias e os conceitos operacionais que envolvem o segmento em foco

são bastante diversos, caracterizando uma amplitude que prejudicaria a pesquisa. Dessa forma,

pretende-se limitar a pesquisa somente às ações que propiciem inferências acerca da relação entre

as políticas e ações adotadas inerentes a esse novo segmento aeronáutico e a correlação com os

conceitos de hard e soft power nas relações internacionais.

Nesse contexto e para consecução do OE1, buscou-se estruturar modelo que abrangesse

as características inerentes às tecnologias aeronáuticas do segmento não tripulado e sua relação

de influência no cenário global. Pois, “a cooperação em C&T2, além de avançar a fronteira do

conhecimento, possui potencial para fortalecer as relações entre os países” (DOMINGUES,

2015) e os significados dos conceitos, como segurança, soberania e poder, podem ser alterados

com os avanços tecnológicos, segundo Haas e Keohane (1993 apud WEISS, 2005. Tradução

nossa).

Afeto ao OE2, estruturou-se modelo com as principais ações adotadas por EUA, UE e

China para o provimento de capacidades para a operação dos RPAS em seus espaços aéreos e

de influência dos RPAS em suas economias . Buscou-se, assim, correlacionar tais ações com

aspectos inerentes à teoria realista e inferir as intenções de influência global desses três atores

2 C&T – Ciência e Tecnologia.

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no segmento RPAS. Ademais, buscou-se a consecução do OE3 pela análise das atividades

desenvolvidas no Brasil correlacionados ao modelo constituído no OE2.

Por fim, analisou-se a correlação entre os modelos, permeando as ações adotadas,

delineando as possibilidades de aplicação dos conceitos das RI com a tecnologia dos RPAS,

utilizando-se da análise estruturalista, a qual “não revela a origem dos elementos nem o modo

como operam, mas as condições, as formas de relações, que se definem por sua sintaxe, isto é,

pelas leis de concordância, de subordinação e de ordem a que estão sujeitos os elementos, sendo

a prova do modelo a sua eficácia explicativa” (THIRY-CHERQUES, 2006, p.144), denotando

possibilidades para a análise qualitativa do cenário existente.

1.2 A EVOLUÇÃO DA AVIAÇÃO MUNDIAL E OS SISTEMAS DE AERONAVES

REMOTAMENTE PILOTADAS (RPAS)

O crescimento do segmento aeronáutico, a longo tempo, tem atuado como indicador

econômico, podendo causar impactos positivos ou negativos nas riquezas dos Estados.

Segundo a ICAO (2016), o segmento aeronáutico mundial emprega 58,1 milhões de pessoas,

direta ou indiretamente, e contribui com mais de US$ 2,4 trilhões para o Produto Interno Bruto

global. Dessa relação, entende-se que a inserção de novos sistemas aéreos, que possam vir a

impactar na segurança e no desenvolvimento da aviação mundial, carece de meticulosa

apreciação e análise.

Segundo O’Brien (2013), o crescente interesse na utilização de sistemas aéreos não

tripulados (Unmanned Aircraft Systems – UAS) tem gerado uma considerável preocupação

acerca da atuação no espaço aéreo desses equipamentos em relação às demais aeronaves. De

acordo com ICAO (2015b), preocupada com o desenvolvimento desse segmento na aviação

mundial, a ICAO estabeleceu o Grupo de Estudos para os Sistemas Aéreos Não Tripulados

(Unmanned Aircraft Systems Study Group – UASSG) em 2007, para prover marcos regulatórios

metaconstitucionais que auxiliassem os Estados signatários no trato desse novo usuário do

espaço aéreo. Em 2014, com os trabalhos desenvolvidos pelo UASSG e a crescente demanda

da utilização dos UAS, estabeleceu-se na ICAO o Remotely Piloted Aircraft Systems Panel

(RPASP), responsável por reunir representantes dos diversos Estados Signatários da ICAO,

Organizações Não Governamentais e de empresas multinacionais representativas na aviação

mundial para debaterem acerca da inclusão de recomendações regulatórias dos, agora

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denominados, Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS) nos Anexos e

documentos da ICAO. Ademais, a ICAO estabeleceu, conforme a ICAO (2016), orientações

acerca do desenvolvimento dos RPAS e sua interação com os demais usuários no espaço aéreo.

Em relação à evolução do segmento aeronáutico global e sua interação com o espaço

aéreo, diversos Estados criaram programas com o intuito de proverem meios e tecnologias para

a inserção dos novos conceitos e dos marcos regulatórios desenvolvidos pela ICAO. Como

exemplos desses programas para o aperfeiçoamento da navegação aérea e do uso do espaço

aéreo, tem-se o SESAR da EUROCONTROL na União Europeia, o NEXTGEN da FAA

(Federal Aviation Administration) nos EUA, o CAAMS (China’s Strategy for Modernizing Air

Traffic Management) da China, o SIRIUS do DECEA (Departamento de Controle do Espaço

Aéreo, Brasil), dentre outros atores globais, os quais “mapearam seu planejamento [...], a fim

de garantir a interoperabilidade global de curto e longo prazo de suas soluções para a navegação

aérea” (ICAO, 2016. Tradução nossa). Outrossim, todos os Estados detentores de tais

programas possuem representações no RPASP, com o objetivo de influenciarem a

determinação dos SARP e, dessa forma, estabelecerem parâmetros de forma global nesse

segmento. baseados nos interesses industriais dos respectivos Estados.

1.3 OS RPAS E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

De acordo com Posen (2003), a propriedade do espaço aéreo pertence ao país cujo

território é subjacente a esse volume de ar, contudo pouquíssimos Estados são capazes de negar

o uso de seus espaços aéreos acima de 15.000 ft. Essa afirmativa nos traz à tona a questão da

tríade força-poder-interesse, a qual segundo Castro (2012) compreende o entendimento da

criação do poder dos atores internacionais associada aos componentes da força e do interesse.

Podendo ser a variável força entendida como a capacidade dissuasória do Estado por uso da

violência material ou imaterial, segundo Castro (2012), e o interesse, pode-se inferir na

literatura, como o reflexo imaterial dos desejos precípuos do Estado.

Dessa correlação de poder, força e interesse, verificamos que a teoria realista das

relações internacionais nos apresenta justamente tais variáveis, mediante o desejo, ou interesse,

do Estado em sobreviver, pois “no caso do realismo clássico, [...], temos a recorrente abordagem

da segurança, da sobrevivência e da lógica de poder para tais fins na esfera interativa humana”

(CASTRO, 2012, p.315).

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Ademais, Castro (2012) pontua que as forças armadas necessitam de serem bem

equipadas com armas de alto grau tecnológico e capacidade de destruição para a defesa da

soberania. Verifica-se, assim, que o interesse do Estado no aparelhamento tecnológico de suas

forças armadas advém da concepção realista da manutenção do poder no cenário político

internacional ou, em uma menor escala, no seu entorno estratégico, por intermédio do hard

power nas relações internacionais.

Em relação aos RPAS, pode-se perceber o investimento na produção desse vetor para a

aplicação militar na segurança nacional ou na projeção de poder sobre o espaço aéreo de nações

em conflito, alinhado com o hard power, pois

Durante a última década, as aeronaves remotamente pilotadas (RPA) tornaram-se um

componente crítico na aplicação do poder aéreo e uma das plataformas mais “sob

demanda” que a Força Aérea fornece à força combinada. A RPA acentua os princípios

fundamentais de persistência, flexibilidade e versatilidade da missão. Juntamente com

a coleta de informações e capacidades de ataque, elas têm um histórico comprovado

como multiplicadoras de força durante as operações de contingência da última década

(USAF, 2014, p. 11. Tradução nossa).

Entretanto, o aparelhamento tecnológico apresenta um custo, estando esse relacionado

à economia. Segundo Castro (2012), a economia, a geopolítica e a geoestratégia são

logicamente indissociáveis na determinação das esferas de influência e da gravitação de poder

em torno de um Estado. Sendo, assim, nem sempre é vantajoso ao Estado valer-se somente do

hard power e, por isso, muitas nações poderosas buscam por intermédio do soft power atuar na

modelagem das preferências do outro, influenciando o processo decisório, de acordo com

Owens e Nye (1996 apud WEISS, 2005. Tradução nossa). Nessa transição do hard para o soft

power, o desenvolvimento tecnológico tem lugar de destaque, “devido à atratividade e

influência que a C&T3 exercem, elas podem servir como um ativo nacional de poder global que

logra transcender os interesses nacionais” (DOMINGUES, 2015).

Nesse contexto, ao se perceber que

Os Sistemas de Aeronaves Não Tripuladas (UAS), mais especificamente os Sistemas

de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS), estão se tornando rapidamente parte

do dia a dia de nossas vidas. O vasto campo de possibilidades de utilização está

criando uma nova indústria com um largo potencial econômico. Os desenvolvimentos

3 C&T - Ciência e Tecnologia

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tecnológicos estão acontecendo em um ritmo muito mais rápido do que houve com a

aviação tripulada. O desafio reside na integração entre os mundos das aeronaves

tripuladas e não tripuladas de forma segura e eficiente em virtude do uso do mesmo

espaço aéreo por ambas (EUROCONTROL, 2017. Tradução nossa).

verifica-se, desse modo, um nicho de influência e adaptação do soft power no segmento

tecnológico aeronáutico e que os investimentos em RPAS podem atuar como um ativo da nação

desenvolvedora dessa tecnologia, posicionando-a como polo de tecnologia inovadora e atraindo

interesse externo para o país, pois “a comprovada liderança em tecnologia de ponta com

pesquisas nas áreas de [...], indústria aeroespacial e cibernética, por exemplo, revela um

aumento da formação do capital intelectual que acaba atraindo interesse externo, gerando maior

magnetismo para o país” (CASTRO, 2012).

1.4 EUA, UNIÃO EUROPEIA, CHINA E OS RPAS

De acordo com O’Brien (2013), a demanda americana pela utilização dos RPAS na

segurança nacional e na segurança pública demandou intensos debates em como acomodar

esses equipamentos no espaço aéreo nacional americano (NAS, do inglês National AirSpace).

Com isso, o Congresso americano em 2003 incluiu no texto do documento Vision 100 – The

Century of Aviation Reauthorization Act (P.L. 108-176), que o gerenciamento do tráfego aéreo

americano deveria “acomodar um vasto campo de operações de aeronaves, incluindo [...]

veículos aéreos não tripulados” (O’BRIEN, 2013, p. 7. Tradução nossa).

Outra forma de se perceber a importância dada ao assunto pelos EUA é a atenção

dispensada pelo Congresso americano, o qual, por intermédio do PL 112-95, estabeleceu que a

FAA deverá implementar um plano para o provimento da integração dos RPAS no espaço aéreo

nacional americano a partir de 2025, segundo O’Brien (2013). Segundo a USAF (2014), o

Congresso estabeleceu, no National Defense Authorization Act for FY09, ser vital para o

Departamento de Defesa americano (DoD) e para a FAA trabalharem em conjunto para prover

o acesso ao espaço aéreo nacional americano aos RPAS em apoio às requisições militares.

Nesse quesito, o DoD em sua concepção operacional de integração do espaço aéreo

prevê “ uma estrutura comum para a prática, procedimentos e padrões de voo dos UAS no

espaço aéreo nacional e internacional” (USAF, 2014, p.80. Tradução nossa). Corrobora com

essa posição a questão de que, segundo Brasil (2017), em 2015 o DoD operava mais de 7.000

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drones no âmbito internacional, em locais como Afeganistão e Iêmen, e nacional, fronteira

EUA-México.

Em 2016, a FAA implementou o regulamento acerca do voo de pequenos RPAS

(denominado SUAS, do inglês Small Unmanned Aircraft Systems) e aeromodelos no espaço

aéreo americano, o Small Unmanned Aircraft Regulations (Part 107). Na sequência em 2017, a

FAA lança a concepção do LAANC (Low Altitude Authorization and Notification Capability),

sistema que pretende processar em tempo real a autorização de acesso ao espaço aéreo

requeridas pelos operadores de drones4. Como medida do mercado de drones nos EUA, a FAA

marcou em janeiro de 2018 o número de 1.000.000 de drones registrados, sendo

aproximadamente 88% para uso recreativo e os outros 22% para uso comercial5.

A União Europeia, por sua vez, por intermédio da sua agência para o controle do espaço

aéreo (EUROCONTROL) estabeleceu um plano estratégico para a implementação dos RPAS

nos céus europeus, de forma a prover a “interoperabilidade e a harmonização do gerenciamento

do tráfego aéreo em escala Pan-europeia” (EUROCONTROL, 2015, p. 9. Tradução nossa).

No âmbito político europeu, a “Declaração de Varsóvia”6 estipula como urgente o

desenvolvimento das potencialidades dos drones em suporte à liderança global e à

competitividade da UE. Busca, também, estimular a criação de um mecanismo de coordenação

entre as diversas agências europeias, incluindo a de defesa, para o estabelecimento de estrutura

regulatória que considere as necessidades da indústria e de projetos fundamentais para a

integração dos drones.

Segundo Brasil (2017), o mercado europeu de drones tem chamado a atenção de

investidores globais, em especial para países que apresentam um quadro regulamentar,

operacional e tecnológico bem fundamentado.

Atinente a essa linha de pensamento, em junho de 2018, o Parlamento Europeu, no

intuito de padronizar as iniciativas nacionais independentes, aprovou legislação que tem por

objetivo “dar resposta ao desenvolvimento do setor dos drones e aos problemas que estes podem

colocar a nível da aviação civil” (NADKARIN; SOONE, 2018. Tradução nossa).

4 https://www.faa.gov/uas/. Acesso em: 10/08/2018. 5 https://www.transportation.gov/briefing-room/faa-drone-registry-tops-one-million. Acesso em 20/07/2018 6https://www.easa.europa.eu/sites/default/files/dfu/Warsaw%20Declaration%20on%20Drones_24%20Nov%202

016_final_EN.PDF. Acesso em 10/08/2018.

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Com relação ao emprego militar, segundo Brasil (2017b), os projetos sobre RPAS

militarizados são conduzidos basicamente por França e Reino Unido, apesar da Europa possuir

diversas empresas fortes no segmento aeronáutico. Outrossim, com o objetivo de competir com

os EUA nesse segmento, foi instituído o “programa MALE 2020, que reuniu a Airbus Defence

and Space, a Dassault Aviation e a Finmeccanica” (BRASIL, 2017b), fabricantes aeronáuticas

reconhecidas, para a produção de um RPAS do tipo MALE7 militarizado europeu.

No cenário asiático, a China estabeleceu em 2006, o Plano “Made In China 2025” que

estabelece o mercado de desenvolvimento de drones como o motor essencial da economia

chinesa para os próximos 15 anos, de acordo com Pereira (2016). Outrossim,

A China tem desenvolvido um dos maiores e mais complexos programas de drones

no mundo e está se aproximando rapidamente dos Estados Unidos na corrida pelo

desenvolvimento da tecnologia, redefinindo as condições da concorrência global na

área. Este programa inclui um enorme projeto militar-industrial, centros de pesquisa

universitários e militar, financiamento, infraestrutura e um número crescente de

drones operacionais espalhados por todos os ramos das forças armadas chinesas

(PEREIRA, 2016, p.62)

De acordo com Weinberger (2018), a política americana de exportação de drones

armados favoreceu a venda de drones militarizados chineses no Oriente Médio, pois

a China enfrenta uma baixa competição para a venda desses equipamentos (drones),

pois muitos dos países que os produzem estão restritos na venda dessa tecnologia por

serem signatários do Regime de Controle da Tecnologia de Misseis (MTCR) [...],

além de submeter as exportações dessa tecnologia a um maior escrutínio do que a

China (USA, 2017, p.21. Tradução nossa).

Em adição, pesquisas realizadas no mercado de drones para uso civil, segundo Joshi

(2017), apresentam quatro empresas chinesas entre as seis maiores fabricantes do segmento,

sendo a DJI a “[...] líder mundial na manufatura de drones civis, absorvendo uma participação

de 70% do mercado de drones” (JOSHI, 2017. Tradução nossa). A influência e a disseminação

dos SUAS chineses, em especial os da DJI, é tão grande que o Exército dos EUA teve de emitir

um memorando proibindo a utilização pelas unidades militares desses equipamentos com receio

7 MALE – Medium Altitude Long Endurance. https://www.defensenews.com/unmanned/2018/05/25/europes-

first-male-drone-hits-the-skies-using-space-based-tech/. Acessado em: 10/08/2018.

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da possibilidade de espionagem cibernética chinesa por intermédio dos drones8. Cenário, este,

em que se verifica a influência da indústria chinesa no mercado consumidor.

1.5 O CENÁRIO BRASILEIRO

[...] embora o país apresente grande potencial para o uso civil de drones e apesar da

crescente pressão de fabricantes, operadores e distribuidores de produtos importados

e das apropriadas iniciativas do DECEA, no que toca a regras e procedimentos para o

acesso ao espaço aéreo, o esclarecimento da sociedade e mercado brasileiros, a

capacitação, a base industrial e a regulamentação da operação e da exploração

comercial de serviços aéreos baseados em drones são ainda incipientes

(VASCONCELLOS, 2016)

No Brasil, no que tange a aplicação civil desses equipamentos, observa-se que o

segmento aeronáutico não tripulado tem sido tratado de forma particularizada pelas entidades

envolvidas com o segmento aeronáutico. A Secretaria de Aviação Civil (SAC), enquanto

ministério, buscou fomentar um grupo de estudos interagência para o desenvolvimento de um

marco regulatório, inclusive lançando um programa de conscientização denominado “Drone

Legal”9. Tal grupo foi descontinuado em 2017 em função do marco legal civil ter sido instituído

por intermédio do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC-E94) da Agência Nacional

de Aviação Civil (ANAC), a qual trata o assunto abordando somente os aspectos inerentes a

sua área de competência em consonância com a Lei nº 11.182/2005.

Em relação ao uso do espaço aéreo, o Comando da Aeronáutica, por intermédio do

DECEA, tem tratado de fomentar e coordenar o crescimento do setor, buscando mitigar os

possíveis impactos que possam vir a prejudicar a aviação tripulada nos céus brasileiros, desde

de 2010 com a emissão da AIC 21/10, e a partir de 2015 por intermédio da norma ICA 100-40,

de acordo com Brasil (2016), e das Circulares de Informação Aeronáutica AIC-N 17, 23 e 24.

Bem como, com a criação do sistema SARPAS, em 2016, para a solicitação de acesso ao espaço

aéreo com RPAS pelos operadores de pela internet e agilização da análise de impacto ao tráfego

aéreo pelos analistas do DECEA10. O segmento aéreo não tripulado no Brasil apresenta “[...]

8 https://www.usatoday.com/story/news/2017/08/04/report-army-bans-dji-drones-because-concerns-cyber-

vulnerabilities/540720001/. Acessado em: 20/07/2018. 9 http://www.transportes.gov.br/drone-legal.html. Acessado em: 10/05/2018. 10 http://www.decea.gov.br/drone. Acessado em: 15/04/2018

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atualmente cerca de 34.000 RPAS civis registrados na ANAC, 65% dos quais são para fins

recreativos e 35% para uso comercial, sendo o SUAS utilizado amplamente em diversas

aplicações da sociedade civil, segundo BRASIL (2017), e “a maioria das operadoras registradas

são pessoas físicas, com apenas 6% delas sendo empresas ou entidades legais”

(VASCONCELLOS; HABERFELD, 2018. Tradução nossa).

No âmbito político, apesar do Brasil ser signatário da Convenção de Chicago e ter

promulgado em sua estrutura jurídica as tratativas acordadas, de acordo com Brasil (1946), o

Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), Lei nº 7.565/86, não aborda a questão das aeronaves

remotamente pilotadas. Apesar da existência de uma comissão para reforma do CBA no Senado

(CEAERO, Comissão Especial destinada a examinar o PLS 258/2016)11, parece não haver um

prazo para a conclusão dos trabalhos e os temas relacionados à aviação não tripulada aparentam

ser bastante incipientes. Muitas iniciativas de Projetos de Lei foram apresentadas em câmaras

estaduais para regulação do uso do espaço aéreo por veículos aéreos não tripulados (VANT)12

e foram vetados devido a serem inconstitucionais, pois o artigo 21 da Constituição Federal

brasileira em vigor, estabelece que a exploração do uso do espaço aéreo cabe à União. Nessa

esfera, existem os projetos PL9425/201713 e PL8751/201714, os quais tratam, respectivamente,

do uso de drones por órgãos de segurança pública e uso próximo a escolas, igrejas, residências,

entre outras estruturas e sua relação com direitos à privacidade e à segurança. Contudo, não se

encontra nenhum projeto de fomento da indústria no segmento não tripulado ou relacionado ao

desenvolvimento de estruturas para a integração dos RPAS ao espaço aéreo não segregado.

No âmbito militar, o Ministério da Defesa, em 2004, publicou a Portaria Normativa nº

606/MD, a qual dispôs acerca da obtenção de veículos aéreos não tripulados com diversas

orientações normativas, dentre as quais destaca-se o artigo 5º item X, o qual estipula “[...] fim

de manter o estímulo continuado à indústria de defesa, conscientizando, assessorando,

fomentando seu desenvolvimento e abrindo a possibilidade de sua participação competitiva nas

oportunidades comerciais, industriais e tecnológicas decorrentes da implementação desta

Diretriz[...]” (BRASIL, 2004). Em consonância, a Estratégia Nacional de Defesa, segundo

11https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao;jsessionid=BDD586A1368839589194095690A6455A?0&codc

ol=2031. Acessado em: 10/08/2018. 12 O termo VANT é considerado obsoleto pela ICAO, de acordo com ICAO (2015b). 13 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2166867. Acessado em:

10/08/2018. 14 http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2153688. Acessado em:

10/08/2018.

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Brasil (2012) aponta para o emprego de aeronaves não tripuladas no aperfeiçoamento das

capacidades de alerta, vigilância e monitoramento das Forças Armadas. A END estipula como

segunda diretriz para evolução da Força Aérea o “[...] avanço nos programas de Aeronaves

Remotamente Pilotadas, primeiro de vigilância e depois de combate [...]” (BRASIL, 2012),

contudo o Brasil ficou ausente na “Declaração Conjunta sobre Exportação e Uso Subsequente

de Veículos Aéreos Não Tripulados Armados ou de Ataque”, conforme USA (2017). Contudo,

programas de fomento para a inserção do segmento não tripulado no Brasil, como o projeto

VANT da Polícia Federal15 e a empresa HARPIA16, joint venture conduzida pela EMBRAER

para exploração desse segmento, foram descontinuados por questões, aparentemente,

orçamentárias.

Por fim, no mercado brasileiro, estudos apontam “[...] 15 empresas atuando como

fabricantes de VANT no Brasil. Mas nem todas as aeronaves em uso no País foram produzidas

aqui. Boa parte vem da China, da Europa e dos EUA” (BRASIL, 2017, p.57), denotando a

influência externa e o possível mercado consumidor para o desenvolvimento da indústria

nacional.

1.6 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE

A análise dos referenciais possibilitou verificar a importância dada ao segmento

aeronáutico não tripulado em virtude das potencialidades de aplicação nos âmbitos militar e

civil, bem como à preocupação acerca de possíveis impactos às aeronaves tripuladas quando da

integração ao espaço aéreo não segregado, pois a “introdução de aeronaves remotamente

pilotadas [...] não deve de maneira alguma aumentar os riscos na segurança das aeronaves

tripuladas” (ICAO, 2015b. Tradução nossa).

Ademais, podemos perceber que os RPAS por serem “uma tecnologia emergente”

(ICAO, 2015b. Tradução nossa) atuam na vanguarda do desenvolvimento tecnológico. Dessa

forma, pode-se inferir que os RPAS possuem representatividade na condução das relações

internacionais, pois “[...] tecnologia e relações internacionais afetam uma a outra. [...] A

15 https://epocanegocios.globo.com/Brasil/noticia/2017/07/pf-abandona-operacao-com-veiculos-aereos-nao-

tripulados-para-combate-ao-crime-organizado.html. Acessado em: 10/08/2018.

16 https://exame.abril.com.br/negocios/embraer-defesa-seguranca-encerra-atividades-da-harpia-sistemas/.

Acessado em: 10/08/2018.

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influência mútua da ciência, tecnologia e relações internacionais são tão importantes e

penetrantes que as áreas deveriam ser reconhecidas como subdisciplinas” (WEISS, 2005.

Tradução nossa).

Inerente às teorias de hard power e soft power, verificou-se a relação do hard power

com a aplicação militar dos RPAS, expandindo as capacidades da projeção do poder

aeroespacial de algumas nações, tendo os RPAS “entregado todos os dias um poder aeroespacial

de combate disciplinado e efetivo” (USAF, 2014, p.11. Tradução nossa). Com relação ao soft

power, verificou-se a viabilidade da tecnologia inerente ao segmento não tripulado influenciar

decisões no âmbito político (as decisões adotadas pela ICAO na construção dos SARP e pelo

parlamento europeu em padronizar ações nas nações signatárias) e econômico (como a

influência mercadológica de empresas chinesas no setor). Cabe ressaltar nesse contexto a

percepção a influência no mercado consumidor americano da indústria chinesa, no emprego de

SUAS chineses pelo Exército americano, levando ao Estado-Maior americano emitir um

memorando para que fosse banida a utilização desse equipamento nas unidades dessa força.17

Nesse contexto, pode-se perceber a influência e a relação existente entre os RPAS e as

relações internacionais no âmbito das C&T e de projeção do poderio militar, em atenção ao

OE1, cujas características estão apresentadas no modelo estruturado constante no quadro 1.

SEGMENTO CARACTERÍSTICAS CONCEITO

RPAS

Desenvolvimento tecnológico;

Projeção de poder aeroespacial;

Projeção industrial.

Hard Power

Influência nas relações internacionais;

Influência em regulamentações;

Influência em decisões governamentais;

Influência no mercado consumidor externo;

Ampliação do mercado laboral interno.

Soft Power

17 https://www.usatoday.com/story/news/2017/08/04/report-army-bans-dji-drones-because-concerns-cyber-

vulnerabilities/540720001/. Acessado em: 20/07/2018.

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Quadro 1 – Modelo da relação RPAS e Relações Internacionais (Fonte: o autor)

Com relação às ações adotadas por EUA, UE e China, pode-se verificar que os

interesses desses países, na manutenção da projeção de poder por intermédio do uso de RPAS

em conflito, na busca por domínio no comércio de drones e na influência exercida no processo

de constituição de regulamentações desse segmento aeronáutico, denotam a atuação em três

eixos bastante nítidos ao se analisar o referencial teórico, sendo esses eixos o militar, o político

e o econômico.

No âmbito militar, verificou-se um interesse no desenvolvimento e no emprego desses

vetores, na medida em que se percebe que

Progressivamente, os drones estão se tornando uma parte fundamental das operações

militares, [...], sendo previstos, na próxima década, gastos de US$ 30 bilhões em

pesquisas sobre VANTs militares. Em 2012, o Instituto Internacional de Estudos

Estratégicos (IISS) identificou 11 países (Estados Unidos, França, Alemanha, Itália,

Turquia, Reino Unido, Rússia, China, Índia, Irã e Israel) como tendo drones militares

armados (BRASIL, 2017b, p.25).

O envolvimento do congresso americano, o estabelecimento de uma constituição pelos

Estados da EU com a participação de representantes da ICAO “[...] para ações bem coordenadas

para o desenvolvimento de um ecossistema de drones europeu [...]” como a “Declaração de

Varsóvia”18 e o Plano “Made in China 2025” denotam o eixo político relacionado ao segmento

não tripulado.

Em adição, o impacto gerado pelos drones no setor econômico, segundo Mazur e

Wiśniewski (2016), é da ordem de U$ 127 bilhões, “esse é o valor dos atuais serviços e mão de

obra de negócios que têm um alto potencial de substituição em um futuro muito próximo por

soluções com drones” (MAZUR; WIŚNIEWSKI, 2016, p.1. Tradução nossa), sendo esse

mercado tão expressivo economicamente e dominado pela indústria chinesa em torno de 70%

conforme mencionado anteriormente.

18https://www.easa.europa.eu/sites/default/files/dfu/Warsaw%20Declaration%20on%20Drones_24%20Nov%202

016_final_EN.PDF. Acesso em 10/08/2018.

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Nesse ínterim, pode-se perceber as ações adotadas por EUA, UE e China com relação

aos eixos militar, político e econômico, em atenção ao OE2, cujas características seguem

apresentadas no modelo constante no quadro 2.

EIXO ATOR CARACTERÍSTICA

MILITAR

EUA Desenvolvimento de drones militarizados;

Projeção do poder aeroespacial.

UE Projeto de fabricação de drone MALE militarizado;

Emprego pela França e Reino Unido.

CHINA

Desenvolvimento de drones militarizados;

Ampliação do emprego de drones militarizados nas

Forças Armadas chinesas.

POLÍTICO

EUA

Atuação do Congresso americano;

Regulamentação consolidada;

Projetos de agências governamentais para o

desenvolvimento do setor.

UE

Atuação do Parlamento Europeu na unificação de

parâmetros;

“Declaração de Varsóvia”.

CHINA Plano “Made in China 2025”;

Política de exportação de drones militarizados.

ECONÔMICO

EUA

Investimentos no desenvolvimento de drones;

Marco regulatório;

Influência em padronizações técnicas.

UE

Investimentos no desenvolvimento de drones;

Marco regulatório;

Influência em padronizações técnicas.

CHINA

Investimentos no desenvolvimento de drones;

Domínio do mercado dos SUAS;

Exportação de drones militarizados.

Quadro 2 – Modelo da atuação dos EUA, UE e China no segmento RPAS (Fonte: o autor)

Com relação ao Estado brasileiro, verificou-se na citação de Vasconcellos (2016) a

adoção de ações ainda incipientes para o fomento do segmento não tripulado. Apesar, de

iniciativas independentes de agências e órgãos governamentais, como o marco regulatório civil

RBAC-E94, o qual “estabelece as condições para a operação de aeronaves não tripuladas no

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Brasil considerando o atual estágio do desenvolvimento desta tecnologia” (BRASIL, 2017a,

p.3). Bem como, a atuação do DECEA em possibilitar o acesso ao espaço aéreo.

Outra ação interessante foi a implementação do sistema SARPAS, sistema inovador no

segmento, o qual em abril de 2018 já havia processado 37.000 requisições de acesso ao espaço

aéreo por RPAS, segundo Vasconcellos e Haberfeld (2018).

Contudo, mesmo com a Portaria Normativa 606/MD e com a END, não houve o fomento

da indústria nacional de RPAS, bem como não há politicas consolidadas no âmbito da nação

para o desenvolvimento de concepções operacionais e técnicas.

Desse modo, percebe-se que as ações adotadas pelo Brasil com relação aos eixos de

atuação apresentados no OE2, em atenção ao OE3, adotam as seguintes características

constantes no modelo abaixo.

ATOR EIXOS CARACTERÍSTICA

BRASIL

MILITAR

Plano de aquisição de drone militarizado;

Descontinuidade de projetos;

Inexistência de indústria de drones militarizados.

POLÍTICO

Marco regulatório;

Ausência de políticas públicas de fomento do setor;

Proposições equivocadas de regulamentação;

Ausência de políticas de exportação de drones brasileiros.

ECONÔMICO

Marco regulatório;

Mercado incipiente;

Ausência de grandes industrias de RPAS.

Quadro 3 – Modelo da atuação do Brasil no segmento RPAS (Fonte: o autor)

Por fim, ao se correlacionar os modelos estruturados para os OE, verifica-se a ausência

da atuação do Estado brasileiro atinente ao conceito de hard power e uma atuação muito

modesta relacionada ao soft power, somente considerada pela existência de um marco

regulatório, conforme nota-se no modelo constante no quadro 4.

SEGMENTO CARACTERÍSTICAS CONCEITO BRASIL

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RPAS

Desenvolvimento tecnológico. Hard Power Não apresentou

Projeção de poder aeroespacial. Hard Power Não apresentou

Influência nas relações internacionais. Soft Power Não apresentou

Influência em regulamentações. Soft Power Apresenta

Influência em decisões governamentais. Soft Power Não apresentou

Influência no mercado consumidor

externo

Soft Power Não apresentou

Ampliação do mercado laboral interno. Soft Power Apresenta

Quadro 4 – Modelo de correlação da atuação no Brasil e RI no segmento RPAS (Fonte: o autor)

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um primeiro momento, percebeu-se a relação do segmento aeronáutico não

tripulado, seja pelo seu emprego bélico, seja pela inovação tecnológica pertinente aos RPAS,

com conceitos das relações internacionais de uso de poder, hard power, ou de uso de influência,

soft power.

Ademais, foi perceptível a atuação do EUA e UE, por intermédio de suas organizações

políticas e regulatórias de uso do espaço aéreo no provimento de concepções e testes

operacionais com os RPAS, na busca por influenciar o desenvolvimento de marcos normativos.

Além disso, vislumbrou-se ações para o desenvolvimento de drones militares e o amplo uso

desses ao redor do mundo. Verificou-se, também, a atuação da China na busca por hegemonia

no mercado mundial de venda dos SUAS e de drones militarizados para comporem seu

empoderamento armamentista no continente asiático. Em consequência, a análise dessas

percepções possibilitou o delineamento de características das ações adotadas por esses atores

tão proeminentes no cenário global em relação aos RPAS.

Por fim, verificou-se a atuação do Estado brasileiro em relação às características

anteriormente delineadas acerca do segmento RPAS e, ao se correlacionar a atuação do Brasil

nesse segmento com os conceitos das relações internacionais, percebeu-se a ausência de um

posicionamento ativo no que tange às ações correlatas aos conceitos de hard e soft power.

Desta feita, conclui-se que o Estado brasileiro necessita de investimentos em políticas

públicas para o fomento do segmento aéreo não tripulado, seja civil ou militar, acrescentando

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capacidade ao país para atuar de forma efetiva no cenário internacional e em especial no seu

entorno estratégico, seja influenciando decisões ou seja dissuadindo intenções.

Em função da relevância do tema para o Estado brasileiro, novos trabalhos poderão ser

realizados para identificar outros fatores que contribuam para a concepção de políticas públicas

de fomento do segmento RPAS nacional. Poderão, também, ser avaliadas as possibilidades de

mitigação às contingências que impedem o investimento na indústria de drones militarizados. Em

uma pesquisa com mais recursos e tempo disponíveis, poder-se-ia verificar não só as correlações

citadas no trabalho, mas, também, determinar as potencialidades dessas correlações de forma

mais aprofundada que possibilitassem futuramente a estruturação das políticas necessárias aos

RPAS no espaço aéreo brasileiro e que fortalecessem o Brasil como ator proeminente nas relações

internacionais.

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