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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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SISTEMATRIBUTÁRIO NACIONAL

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Ministério da Fazenda Ministério da Educação

Escola de Administração Fazendária

SISTEMATRIBUTÁRIO NACIONAL

Brasília2004

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Copyright© 2004 Ministério da Fazenda. Ministério da Educação. Todos os direitos reservados

Série Educação Fiscal. Caderno 3

COORDENAÇÃO GERAL

Escola de Administração Fazendária - Esaf

CONCEPÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICODiretoria de Atendimento e Coordenação de Programas – Dirat/EsafGerência do Programa de Educação Fiscal – Geref/Esaf

ELABORAÇÃO DOS TEXTOS

Comissão de Elaboração de Material para Capacitação:Conceição Teodora Baptista – EsafEdson Luis da Silva – Secretaria de Estado de Finanças – RondôniaEdwiges Rosália Ferreira – Secretaria de Estado da Educação – Rio de JaneiroEugênio Celso Gonçalves – Secretaria da Receita Federal – SRRF 6ª RFIngrid Lílian Fuhr Raad – Ministério da EducaçãoIvany Ehrhardt – EsafMárcia Valéria Ayres Simi de Camargo – Secretaria de Estado da Fazenda – Distrito FederalMargarete Iara Franco Moreira – Secretaria de Estado de Receita e Controle – Mato Grosso do SulMaria Lúcia da Silva Guimarães – Ministério da Educação

COLABORAÇÃO

Maria Neli Ramalho SerenoZilpa de Sousa

DIAGRAMAÇÃO E ILUSTRAÇÃOPoliedro Informática, Consultoria e Serviços Ltda.

NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Junia Lessa França – UFMG

ENDEREÇO:Escola de Administração Fazendária – EsafGerência do Programa de Educação Fiscal – GerefBloco B, salas BM 8 a 12Estrada de Unaí, Km 4 – BR 25171.686-900 – Brasília – DF

INTERNET: E-mailwww.esaf.fazenda.gov.brwww.educacaofiscal.gov.breduc-fiscal.df.esaf@fazenda.gov.br

Programa Nacional de Educação Fiscal (Brasil)Sistema tributário nacional / Programa

Nacional de Educação Fiscal. – Brasília, 2004.88 p. : il. (Série Educação Fiscal. Caderno 3)

Participação do Ministério da Fazenda e Ministé-rio da Educação.

1. Sistema Tibutário - Brasil. I. Título II. Série

CDD 336.200981

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S U M Á R I O

APRESENTAÇÃO 07OS SINOS 091 INTRODUÇÃO 112 O ESTADO 143 SERVIÇOS PÚBLICOS 173.1 As necessidades públicas 173.2 Serviços públicos e serviços de utilidade pública 184 A ORIGEM DOS TRIBUTOS 204.1 Idade Antiga 204.2 Idade Média 224.3 Idade Moderna 254.4 Idade Contemporânea 285 A HISTÓRIA DO TRIBUTO NO BRASIL 315.1 Época das descobertas e das primeiras expedições (1500 - 1532) 315.2 Época das Capitanias Hereditárias (1532 - 1548) 315.3 Época do Governo - Geral (1548 - 1763) 325.4 Época da Corte Portuguesa e do Reino Unido (1808 - 1822) 325.5 Brasil independente (1822...) 336 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 346.1 Função da Constituição 346.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar 346.3 Princípios do direito tributário 376.4 Outros princípios, garantias e limitações constitucionais

ao poder de tributar 387 TRIBUTO 407.1 Conceito de tributo 407.2 Características dos tributos 417.3 Classificação dos tributos 417.4 Espécie de tributos 447.4.1 Impostos 457.4.2 Taxas 467.4.3 Contribuição de melhoria 487.4.4 Contribuições especiais ou parafiscais 497.4.5 Empréstimos compulsórios 518 ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 529 CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS QUANTO AO ENTE TRIBUTANTE 559.1 Impostos da União 559.2 Impostos dos Estados e do Distrito Federal 619.3 Impostos dos Municípios e do Distrito Federal 6710 REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS 7010.1 Repartição indireta 7010.2 Repartição direta 7111 IMPORTÂNCIA DOS DOCUMENTOS FISCAIS 7411.1 Sonegação fiscal 7912 FUNÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS TRIBUTOS 8113 IGUALDADE E JUSTIÇA NO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 84REFERÊNCIAS 85SITES 86

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A P R E S E N T A Ç Ã O

“Ter consciência fiscal é fazer-se presente, desenvol-ver espírito crítico e participativo, comprometer-se eentender que, ao exercermos nossos direitos e deve-res, temos nossa cidadania garantida.”

A Escola de Administração Fazendária – Esaf, com o intuito de oferecer à socie-dade em geral e, em especial, aos educadores, instrumentos que possam colaborarno desenvolvimento da cidadania, vem apresentar a coleção pedagógica elaboradapor uma comissão nacional do Grupo de Trabalho de Educação Fiscal – GEF. Ostemas trabalhados neste material fazem parte do Programa Nacional de EducaçãoFiscal – PNEF.

O PNEF visa a provocar mudanças culturais na relação entre o Estado e o cida-dão e, ao mesmo tempo, busca contribuir para uma sociedade comprometida comas suas garantias constitucionais.

Nesse sentido, a Educação Fiscal pode ser entendida como uma nova práticaeducacional que tem como objetivo o desenvolvimento de valores e atitudes, com-petências e habilidades necessárias ao exercício de direitos e deveres na relaçãorecíproca entre o cidadão e o Estado. Fundamenta-se na conscientização da socie-dade sobre a estrutura e o funcionamento da Administração Pública; a função soci-oeconômica dos tributos; a aplicação dos recursos públicos; as estratégias e osmeios para o exercício do controle democrático.

Os quatro cadernos abordam os seguintes temas: Educação Fiscal no ContextoSocial; Relação Estado-Sociedade; Sistema Tributário Brasileiro; Gestão Democráti-ca dos Recursos Públicos.

O propósito deste material é oferecer informações básicas para que os envolvi-dos neste processo de transformação social alcancem os objetivos propostos epossam atuar como cidadãos participantes.

Reynaldo FernandesDiretor-Geral da Escola de Administração FazendáriaCoordenador Nacional do PNEF

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OS SINOS

Plangei, sinos! A terra ao nosso amor não basta...Cansados de ânsias vis e de ambições ferozes,Ardemos numa louca aspiração mais casta,Para transmigrações, para metempsicoses!

Cantai, sinos! Daqui por onde o horror se arrasta,Campas de rebeliões, bronzes de apoteoses,Badalai, bimbalhai, tocai a esfera vasta!Levai os nossos ais rolando em vossas vozes!

Em repiques de febre, em dobres a finados,Em rebates de angústia, ó carrilhões, dos cimosTangei! Torres da fé, vibrai os nossos brados!

Dizei, sinos da terra, em clamores supremos,Toda a nossa tortura aos astros de onde vimos,Toda a nossa esperança aos astros aonde iremos!

Olavo Bilac(Tarde, 1919.)

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1 INTRODUÇÃOSistema Tributário Nacional: instrumento para distribuição de renda

No entanto, para conferirmos ao siste-ma tributário esse papel constitucional es-sencial à construção de um Estado Demo-crático de Direito, é imprescindível que olegislador seja capaz de dar efetividade aosprincípios constitucionais que balizam aconstrução do Sistema Tributário Nacional.Nesse sentido, urge que sejam discutidasentre nós as distorções presentes no siste-ma.

Não se trata, no entanto, de uma dis-cussão restrita aos limites dos agentes po-líticos e econômicos. Pelo contrário, essatemática diz respeito aos direitos de todos

O tributo é aprincipal fonte de recursos

para financiamento dosserviços públicos

no Brasil.

Se levarmos em consideraçãoo elevado grau de endividamento e o risco de

financiamento do Estado por meio da emissão de moeda,por ter efeito inflacionário devastador, constatamos que a

única fonte de financiamento do Estado fundada emregras econômicas socialmente justas é a de

natureza tributária.

nós, cidadãos brasileiros, e, portanto, a dis-cussão deve alçar a condição de uma polí-tica de Estado. Nesse sentido, a contribui-ção do Programa Nacional de EducaçãoFiscal, por sua abrangência, alcance sociale capilaridade pode ser decisiva.

Os educandos e a comunidade emgeral têm o direito de saber que o tribu-to que pagam é a principal fonte de fi-nanciamento da máquina pública e é res-ponsável pela consecução das políticassociais de saúde, educação, previdênciae assistência social, segurança e aplica-ções em infraestrutura.

Os serviços públicos abrangem os serviços de segurança pública (polícia, bom-beiros, defesa civil, vigilância sanitária e ambiental, forças armadas, etc.), de regula-mentação, fiscalização, fomento e seguridade social básica (Sistema Unificado deSaúde, previdência social, auxílio-desemprego, etc.).

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Pela ótica do gasto público, sabemosque a quantidade e principalmente aqualidade e eficácia das políticas públi-cas no Brasil ainda deixam muito a dese-jar. Isso se explica, em parte, porqueparcela crescente da arrecadação tribu-tária vem sendo destinada ao pagamen-to da dívida pública, subtraindo recursosessenciais à realização das políticas pú-blicas.

Dívida pública: encargos do Estado.

Noutro giro, a maior parte das recei-tas públicas advém do pagamento de im-postos indiretos (que incidem sobre oconsumo), desrespeitando princípios tri-butários de nossa República, como o dacapacidade contributiva, que se materia-liza nos corolários da progressividade(quem ganha mais deve pagar mais,Constituição Federal, art. 153, § 2º, I) eseletividade (quanto mais essencial à so-brevivência humana, menor deverá ser acarga de impostos indiretos que gravam de-terminado produto (CF, art. 153, § 3º, I).1

A efetividade dos princípios da pro-gressividade e seletividade é fundamen-tal para propiciar ao Sistema TributárioNacional que cumpra uma de suas fun-ções essenciais no Estado moderno: serinstrumento de distribuição de renda, ob-jetivando o alcance do bem comum.

Daí, a necessidade de maior participa-ção da sociedade organizada no contro-le democrático e na fiscalização do gastopúblico, combatendo e denunciando asonegação, a corrupção e a malversaçãodo dinheiro público.

1 Para as citações extraídas da Constituição Federal foi adotada a abreviatura CF, acompanhada dorespectivo artigo, parágrafo e inciso.

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A cidadania é um dos objetivos fundamentais da República (CF, art. 1º, § 2º): aigualdade e a justiça são valores supremos da sociedade. Para que alcancemos taisobjetivos, é fundamental que o sistema tributário seja utilizado como instrumentode distribuição de renda e riqueza. Para isso, é imprescindível a participação popu-lar nas decisões políticas, definindo quem vai pagar a conta e como será aplicado odinheiro arrecadado com os tributos.2

2 FORUM BRASIL CIDADÃO, 2003.

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2 O ESTADO

Aristóteles, filósofo grego (384-322a.C), disse que o Estado existe para pro-ver a boa qualidade de vida, não sim-plesmente a vida.

A sociedade constitui o Estado para que, por seu intermédio, possa ter: a garantia dos direitos coletivos e individuais; a ordenação das relações de trabalho e emprego; a organização do espaço territorial terrestre, aéreo e marítimo; a base de sustentação para as transações financeiras, patrimoniais,

comerciais e para as relações internacionais.

A fonte genuína do poder reside nasociedade, pois, de acordo com a CF, art.1º, § único, “todo poder emana do povo,

que o exerce por meio de representanteseleitos ou diretamente, nos termos destaConstituição.”

Podemos conceituar Estado como umainstituição que tem por objetivo organi-zar a vontade do povo politicamenteconstituído dentro de um território defi-nido, tendo como uma de suas caracte-rísticas o exercício do poder coercitivosobre os membros da sociedade, objeti-vando o bem comum.

Aristóteles

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Enquanto o Estado é permanente, ogoverno é transitório, pois os que ocu-pam cargos eletivos (presidente da Re-pública, governadores, prefeitos, sena-

dores, deputados e vereadores) nas de-mocracias são substituídos periodica-mente de acordo com a vontade dopovo.

A finalidade do Estado é a realização do bemcomum, como, por exemplo, a garantia dos “di-reitos sociais, da educação, saúde, trabalho,moradia, lazer, segurança, previdência social,proteção à maternidade e à infância, assistênciaaos desamparados”, de acordo com a CF, art. 6º.

O Estado desempenha atividades que, por suanatureza específica, só podem ser realizadas por ele.

Dificilmente poderíamos conceber que a de-fesa nacional, a defesa pública ou a cobrança detributos pudessem ser de outra competência quenão do Estado.

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Dessa forma, as funções primordiais do Esta-do estão pautadas pela manutenção da ordem eda segurança interna, pela garantia da defesa ex-terna, pelo estabelecimento do ordenamento ju-rídico que regule o convívio social, pela cobran-ça de tributos e manutenção de um quadro ad-ministrativo que possibilite execução dos servi-ços públicos.

O Estado tem por finalidade a rea-lização do bem comum por meio daadministração pública, que executaráas políticas públicas, planos de açãopara que o Estado funcione tendocomo referência a sociedade.

O Estado, nas suas diversas esferas(União, Estados-Membros, Distrito Fede-ral e Municípios), no âmbito de suas com-petências e no exercício de sua autono-mia, exerce uma atividade financeira.

Essa atividade financeira traduz-se naprocura de meios que possam satisfazeras necessidades públicas, que são mui-tas: saúde, educação, segurança, justiça,saneamento, reforma agrária, entre ou-tras.

Contudo, as atividades estatais nãosão auto-sustentáveis, e é uma impor-tante função do Estado estabelecer ecobrar tributos para o financiamentodas políticas públicas, visando ao bemcomum.

Políticas públicas: condução dos negóciosdo Estado relativos ao povo em geral.

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3 SERVIÇOS PÚBLICOS

3.1 As necessidades públicas

Não se pode negar que a humanida-de, de modo geral, melhorou suas con-dições de vida, fato este manifestado peloaumento da perspectiva de longevidade.

Pode-se dizer que esse resultado é de-corrente do progresso da ciência, no en-tanto não teria sido alcançado sem a de-cisiva participação do Estado.

Entretanto, a aspiração a uma vida dig-na, inerente a qualquer ser humano, im-pele o Poder Público continuamente aaumentar a oferta de bens e serviços queproporcionem a melhoria do padrão devida da população.

A finalidade do Estado é a realizaçãodo bem comum e para atingir esse fim oEstado deve propiciar serviços públicos.

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Os serviços públicos particulares ouespeciais são aqueles que o cidadão soli-cita ao Poder Público ou que este coloca àsua disposição. Esses serviços, por benefi-ciar apenas determinadas pessoas, são fi-nanciados pelas taxas, cujo pagamento nãoé exigido de todos, mas apenas de quemrecebe determinado serviço ou daqueles aquem o serviço é destinado.

Exemplos:

Coleta de lixo colocado à sua disposição mesmo que

dele não queira se servir;

Carteira de identidadeo cidadão solicita quando necessita;

Licença para publicidade obrigado a solicitar.

3.2 Serviços públicos e serviços de utilidade pública

O atendimento às necessidades públi-cas é realizado pela prestação dos servi-ços públicos, que podem ser gerais ouparticulares.

Os serviços públicos gerais ou uni-versais, por beneficiar toda a coletivida-de, são atividades próprias do Estado, fi-nanciadas principalmente pelos impostos.

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Os serviços de utilidade públicasão aqueles realizados ou subsidiadospelo Estado porque são relevantes paraa sociedade ou condição para o exer-cício da cidadania.

Nada impede que serviços desse

tipo sejam também oferecidos pelainiciativa privada, sem a finalidadede lucro; em caso contrário, isto é,quando auferem lucro, deixam de tera característica de utilidade pública,não podendo ser subsidiados peloEstado.

Há alguns anos, o consumidor brasilei-ro vem adquirindo o hábito de reclamarquando não está satisfeito com o produtoadquirido ou com o serviço contratado.

As queixas têm sido apresentadas àspróprias empresas e aos órgãos de defe-sa dos consumidores, especialmente osProcons estaduais.

Somente ainda não se fixou, no cida-dão brasileiro, o hábito de reclamar paraos órgãos competentes sobre serviçospúblicos com os quais não tenha ficadosatisfeito. Talvez isso se deva à mentali-dade generalizada de que os serviços pú-blicos são gratuitos, quando, na verda-de, eles são custeados com os tributospagos pelos cidadãos. Infelizmente, a ten-dência do cidadão insatisfeito com os

serviços que lhe são prestados pelo Esta-do é revoltar-se contra o pagamento detributos .

A saída, entretanto, não é essa; é recla-mar com o prestador do serviço, e nestemomento isso vem sendo facilitado pelosórgãos públicos, que têm instituído suasouvidorias para receber as reclamações dosclientes e encaminhá-las aos setores com-petentes para solução.

Os serviços de utilidade públicanão são exclusivos do Estado, po-dendo ser oferecidos por: organi-zações não-governamentais, entida-des filantrópicas, instituições de tra-balho voluntário, universidades,escolas técnicas, centros de pesqui-sa, hospitais, museus, etc.

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4 A ORIGEM DOS TRIBUTOS

4.1 Idade Antiga

O tributo tem origem remota e certa-mente acompanhou a evolução do ho-mem, a criação das primeiras sociedades,o surgimento de líderes tribais ou chefesguerreiros e políticos.

Após essa época, começou a cobran-ça pelos chefes de Estado de parte dacontribuição dos súditos, sob a forma detributos.

Estudos indicam ter sido voluntária a primeira manifesta-ção tributária, em forma de presentes ou ofertas destinadasaos líderes ou chefes, por seus serviços ou sua atuação emfavor da comunidade.

Depois as contribuições passaram a ser compulsórias, quan-do os vencidos de guerra eram forçados a entregar parte ou atotalidade de seus bens aos vencedores.

Compulsório: que compele; obrigatório.

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O texto mais antigo encontrado e que retrataa cobrança de tributos na Antiguidade é umaplaca de 2.350 a.C., em escrita cuneiforme, quedescreve as reformas empreendidas pelo reiUrukagina na cidade-estado de Lagash, localiza-da na antiga Suméria, entre os rios Tigre e Eufra-tes. O documento relata a cobrança de impostosextorsivos e leis opressivas, exploração de funci-onários corruptos e confisco de bens para o rei.

Também entre os egípcios encontramos um texto, dosegundo milênio a.C., que retrata as dificuldades encontra-das por um camponês para pagar ao escriba do faraó osimpostos sobre a colheita.

Na Grécia (século VII a.C.), instituiu-se o tributo admi-nistrado pelo Estado, como o conhecemos hoje. À custado trabalho escravo e dos tributos pagos pelos cidadãos,os gregos construíram uma das maiores civilizações domundo antigo.

Os romanos conseguiram conquistaros gregos, mas não foram capazes desubmetê-los à sua cultura. Assim, desco-briram que poderiam dominar outros

povos sem impor a eles suas crenças ecostumes. Dessa forma, os romanos con-seguiram sustentar e alargar seu impériorespeitando a liberdade e cultura dos

Escrita cuneiforme: escrita antiga em forma decunha, da época dos assírios, persas e medas.

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conquistados, mas utilizando a cobran-ça de tributos como meio de fortalecerseus exércitos e conquistar mais terras.

Em Roma, cobrava-se imposto pela im-portação de mercadorias (portorium) e

pelo consumo geral de qualquer bem(macelum). Os tributos pagos pelas pro-víncias anexadas ao império e o paga-mento de impostos pelos cidadãos foramessenciais à formação e manutenção doimpério.

4.2 Idade Média

A queda do Império Romano marcou o inícioda Idade Média, período da História que vai doano 476 a 1453. O grande império foi divididoem vários pedaços de terra chamados feudos.Perdeu-se completamente a noção de Estado naEuropa medieval. Cada feudo possuía um se-nhor. Eram os chamados senhores feudais, queeram os nobres.

Idade Média

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Nessa época, a maioria das pessoasvivia nos campos. Os camponeses, entãochamados servos, eram obrigados a pa-gar tributos aos senhores feudais. Comonão havia Estado, a circulação de moe-das era escassa. Desse modo, os servospagavam os tributos devidos ao senhorentregando-lhes a melhor parte de suascolheitas.

O que restava era suficiente ape-nas para a sobrevivência do campo-nês e de sua família. A vida nos cam-pos era difícil e trabalhosa, o servoestava preso à terra do senhor, sualiberdade era muito restrita. Os ser-vos estabeleciam com seus senhoresuma relação hereditária de dependên-cia conhecida como vassalagem. Emtroca de proteção, ofereciam seu tra-

balho e pagavam pesados impostos.Nesse período os senhores de terrapossuíam ainda direito de vida e demorte sobre os seus vassalos. Quemnão pagasse o tributo devido podiaser preso ou morto. A vida das pes-soas estava voltada para atender àsvontades e às necessidades dos se-nhores feudais. O povo vivia misera-velmente.

A religião católica era muito forte e ossenhores feudais, convencidos pela Igre-ja, começaram a participar das cruzadas,as chamadas guerras santas, que tinhampor objetivo reconquistar a Palestina, lu-gar sagrado para os cristãos. Para recu-perar os territórios da Terra Santa, gasta-vam cada vez mais e cobravam cada vezmais tributos. Nada era feito em favordo povo.

Servo: indivíduo cujo bem e pessoa dependiam do senhor feudal.Vassalagem: termo ligado ao feudalismo, em que o indivíduo em condiçãode servo é ligado ao Senhor por juramento de fé em sua submissão.Vassalo: aquele que dependia do senhor feudal, na Idade Média.

Cruzadas

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Na Inglaterra, nessa época, RicardoCoração de Leão deixou seu povo sen-do governado por um parente, João Sem-Terra, para comandar seus exércitos nascruzadas.

Enquanto Ricardo viajava em guerra,João Sem-Terra aproveitou para formarseu próprio exército e com isso cobravaduas vezes mais tributos. Uma parte dodinheiro ia para sustentar as cruzadas eoutra, para sustentar o novo exército deJoão Sem-Terra, que pretendia não de-volver o trono a Ricardo. Os nobres re-voltaram-se contra essa cobrança abusivae em 15 de junho de 1215, João foi obri-gado a assinar a MAGNA CARTA, um tra-tado de direitos, mas principalmente dedeveres, do rei para com os seus súdi-tos. Portanto, esse foi um documento degrande importância histórica, por ser aprimeira limitação legal ao poder dos reisde instituir tributos.

O fim das cruzadas marcou também oenfraquecimento crescente do poder dos

senhores feudais. Exércitos inteiros foramdestruídos e muitos dos senhores de ter-ra morreram nas guerras santas. Os cam-poneses, então, foram se libertando aospoucos do poder feudal. Cansados davida de exploração e penúria, grande nú-mero de camponeses migrou para as ci-dades.

No final da Idade Média , as ci-dades estavam reflorescendo emtoda a Europa. O contato com acultura oriental trouxe para os eu-ropeus novos hábitos de consumo.Os produtos orientais – as especia-rias – eram muito valiosos. Surgiuuma nova classe social, a dos co-merciantes, industriais e banqueiros– chamada burguesia – palavra de-rivada de burgo, que significa cida-de. O comércio cresceu e diversifi-cou-se. Esse movimento atraiu cadavez mais pessoas para as cidades.Mas não era fácil adquirir especia-rias, porque a rota do Oriente eradominada pelos árabes, inimigosmortais dos europeus desde a épo-ca das cruzadas.

Especiaria: substância aromática para temperarcomida, como: cravo-da-índia, canela, pimenta-do-reino, noz-moscada.

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As cidades que mais se beneficiaramdo comércio das especiarias na Europaforam, principalmente, Gênova e Vene-za, por causa de sua localização geográ-fica privilegiada. Os hábeis comerciantesitalianos conseguiram manter acordos co-merciais com os árabes, que lhes permi-

tiram praticamente monopolizar o comér-cio com o Oriente. Isso gerou grande pro-gresso material para toda a região, crian-do condições para o surgimento de umanova era da história da humanidade: oRenascimento, que marca o fim da Ida-de Média.

4.3 Idade Moderna

Na Idade Moderna, que vai do ano1453 (tomada de Constantinopla pelosturcos otomanos) a 1789 (Revolução Fran-cesa), os feudos foram transformados emreinos. Os pequenos reinos foram cres-cendo e se unindo, dando origem aosEstados Nacionais.

Renascimento

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O monopólio árabe-italiano sobre ocomércio com o Oriente fazia com que opreço das especiarias permanecesse mui-to elevado. Para o restante da Europa, eranecessário conseguir uma nova rota co-

mercial com o Oriente, que possibilitassebaratear o custo daqueles produtos tãocobiçados. Para isso, não havia outro ca-minho senão navegar pelo tenebroso edesconhecido oceano Atlântico.

Navegação tão perigosa exigia aconstrução de verdadeiras esquadrasde caravelas, o que era muito caro. Sóo rei, já então fortalecido pela criaçãodos Estados Nacionais, o que lhe pos-sibilitava cobrar tributos de seus súdi-tos, podia reunir tamanha fortuna emmoedas de ouro e prata que permitis-se financiar as grandes viagens. Assim,nessa época se generalizou a cobran-ça de tributos em moeda e não maisem mercadorias, como ocorrera aolongo de toda a Idade Média.

Devido à sua posição geográficaprivilegiada e ao notável desenvolvi-mento da navegação, Portugal e Es-panha foram os primeiros reinos a lan-çar grandes expedições marítimas.Descobriram as rotas para a África eÁsia e chegaram às Américas, entãodensamente habitadas por povos deculturas completamente diferentes daeuropéia.

Caravela

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A descoberta de metais preciosos nas Américas mudoutotalmente a face da Europa, financiou a Revolução Indus-trial e proporcionou a ascensão da burguesia como classesocial rica e influente. Enquanto isso, as colônias, como oBrasil, eram exploradas e tinham suas riquezas extraídas emandadas para a Europa, sem gerar nenhum benefíciopara seus habitantes. Os reis foram se tornando cada vezmais fortes e acumulando enorme poder. Surgia o Estadoabsolutista.

No absolutismo a sociedade estruturava-se em castas.As classes dominantes eram a nobreza e o clero, que nadapagavam. O Estado era sustentado exclusivamente pelospesados tributos pagos pelos comerciantes (burgueses) etrabalhadores (camponeses e artesãos). Nobreza e cleroeram classes sociais absolutamente parasitárias.

O exemplo histórico mais notório darealidade econômica e social dessa erafoi o Estado Nacional na França, de LuísXIV. O sistema tributário imposto por eleé famoso por seu despotismo “L’Etat c’estmoi” 3 e tinha por lema:

Absolutismo: sistema político em que a auto-ridade soberana não tem limites constitucio-nais.Castas: grupo social fechado cujos membros so-ciais levam vida social diversa separada do res-to da sociedade; gozam de importância políticae social contando com inúmeros privilégios.Despotismo: poder arbitrário e absoluto. Sinôni-mo de tirania,ditadura, autocracia.

“Quero que o clero reze,que o nobre morra pela pátriae que o povo pague”.

Luiz XIV

3 “O estado sou eu”.

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4.4 Idade Contemporânea

Onerado pelasconstantes majorações

tributárias que visavam àmanutenção do fausto da corte,

o povo acabaria por reagirviolentamente, deflagrando

a Revolução Francesa(1789).

A Revolução Francesa constitui o mar-co inicial da Idade Contemporânea. A Re-volução teve como objetivo instaurar a re-pública. Seu lema foi Liberdade, Igualda-de e Fraternidade. Surge em 1789 a Decla-ração dos Direitos do Homem e do Cida-

dão, que é um marco na história do serhumano, porque foi o primeiro documen-to que definiu claramente os direitos fun-damentais e inalienáveis da pessoa huma-na. Em 1791 foi aprovada a Declaraçãodos Direitos da Mulher e da Cidadã.

Ainda nessa época, osEstados Unidos tornaram-se independentes

da Inglaterra. Uma das principais causas da guerrade independência americana foram os pesadosimpostos que a Coroa Britânica cobrava de suas

colônias na América.

Revolução Francesa

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Esses movimentos de libertação inspi-raram várias revoltas importantes ocorri-das no Brasil nos fins do século XVIII einício do século XIX. Tais movimentostinham por objetivo declarar nossa inde-pendência de Portugal e criar a Repúbli-ca. Entre essas revoltas, a principal foi aConjuração Mineira, mais conhecidacomo Inconfidência Mineira.

Uma das principais causas da Conjuração Mineira foi exatamente a cobrança dochamado quinto do ouro, ou seja, a quinta parte de todo o ouro extraído nosgarimpos, que deveria ser pago à Coroa Portuguesa como tributo.

No final do século XVIII, as minas deouro começaram a se exaurir e a produ-ção caiu muito. Mas o governo português,endividado, não admitia receber menos.Desconfiava que a produção do ouro quechegava às casas de fundição estava cain-do porque havia muita sonegação. Por isso,a rainha de Portugal, conhecida como D.Maria, a Louca, determinou que, se a pro-dução anual de ouro que cabia à coroanão fosse atingida, a diferença seria cobra-da de uma vez por meio da derrama.

Conjuração: conspiração; trama.

Inconfidência Mineira

D. Maria, a Louca

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A proximidade do dia da derrama ater-rorizava o povo de Vila Rica, cidade dasMinas Gerais. Tiradentes e os demais in-confidentes perceberam que esse seria odia certo para anunciarem o movimento,pois contavam com o apoio e a partici-pação da população de Vila Rica, revol-tada com a derrama. No entanto, antesque isso acontecesse, foram delatados porJoaquim Silvério dos Reis. A derrama foisuspensa. Apesar de derrotado, o movi-mento mineiro inspirou, anos mais tarde,a independência do Brasil.

Hoje em dia, nossa Constituição, como a detodos os países democráticos, garante os direitosdos contribuintes impondo limites ao poder doEstado de tributar.

O tributo tem hoje grande significado social,por ser o maior responsável pelo financiamentodos programas e ações do governo nas áreas dasaúde, previdência, educação, moradia, sanea-mento, meio ambiente, energia e transporte, en-tre outras.

No entanto, é preciso zelar sempre para queos princípios constitucionais sejam observados eque os recursos arrecadados possam ser aplica-dos em obras e serviços que atendam às necessi-dades da população, como um todo, principal-mente da parcela mais pobre.

Tiradentes

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5 A HISTÓRIA DO TRIBUTO NO BRASIL5.1 Época das descobertas e das primeiras expedições (1500-1532)

O primeiro ônus fiscal suportado peloBrasil foi na indústria extrativa (extraçãodo pau-brasil),e a Coroa Portuguesa, des-de o início, considerou o pau-brasil comomonopólio real, autorizando sua extra-ção mediante o compromisso de que oextrator erguesse fortificações ao longoda costa, iniciasse a colonização e pa-gasse o quinto do pau-brasil (quinta par-te do produto da venda da madeira).

5.2 Época das Capitanias Hereditárias (1532-1548)

Posteriormente, com o propósito deresguardar as terras recém-descobertas, oentão soberano português D. João III re-solve povoar o Brasil servindo-se dosnobres e fidalgos portugueses.

Em 10 de março de 1534, a parte litorâ-nea do Brasil foi dividida em quinze partes,atribuídas a donatários (capitão, chefe su-perior), com direito de sucessão e por issodenominadas capitanias hereditárias.

Nessa época os tributos eram divididos da seguinte forma:

a) Rendas do Real Erário (Portugal): monopólio do comércio do pau-brasil;especiarias e drogas; direitos régios cobrados nas alfândegas reais sobreimportação e exportação de mercadorias (em geral 10% do valor); quinto (20%) dos metais e pedras preciosas (ouro, cobre, prata, coral, pérola,chumbo, estanho, etc.); dízimo (10%) do pescado e das colheitas de todos os produtos da terra,colhidos ou fabricados e um imposto cobrado sobre cada índio tornado escravo;

Erário: dinheiro público; bens oficiais.

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b) Rendas do donatário (capitão-mor e governador): monopólio das explorações de moendas d’água e de quaisquer outros engenhos; direitos de passagem dos rios (barcagem); quinto (20%) do produto do pau-brasil, especiarias e drogas;dízimo do quinto (2%) dos metais e pedras preciosas que se encontrassem nacapitania; redízima (ou seja, 10% da dízima, ou ainda 1%) de todas as rendas da Coroa.

5.3 Época do Governo-Geral (1548-1763)

Nessa época não existia nenhuma organização fiscal e os tributos eram pagos in natu-ra, em espécie, sendo enviados para Portugal.

Os tributos continuavam sendo co-brados pelos “rendeiros” (cobradores derendas), que possuíam poderes em de-masia, inclusive para prender qualquercontribuinte remisso e com atraso emsuas obrigações fiscais. Esses tributos

eram pagos em produtos in natura, ser-vindo de moeda subsidiária vários pro-dutos, como açúcar, tabaco, cravo, panode algodão, farinha, carne salgada, cou-ro, pau-brasil, para citar somente alguns.

A moeda que corria no Brasil era a portugue-sa (o “real” ou o “cruzado”), que não era utiliza-da para pagamento de tributos. Nessa época nãoexistia o que se poderia chamar de um sistematributário ou mesmo uma organização fiscal.

5.4 Época da Corte Portuguesa e do Reino Unido (1808-1822)

Quando as tropas de Napoleão in-vadiram Portugal, a família real portu-guesa fugiu para o Brasil, iniciando umnovo período histórico na colônia: o

Brasil passa a ser, de fato e de direito,a sede da monarquia portuguesa(1808-1815). Nessa época, numerosasleis são criadas.

Page 33: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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O Príncipe D. João VI, ao chegar àBahia, em 24 de janeiro de 1808, abre osportos do Brasil às nações amigas, libe-rando a atividade comercial do país com

5.5 Brasil independente (1822...)

Foi somente após a decretação do AtoAdicional de 12 de agosto de 1834 queforam traçados os limites e os fundamen-tos do Direito Tributário Nacional. A par-tir de então, sucederam-se as disposiçõesque criaram, alteraram e suprimiram tri-butos, modificando as competências tri-butárias.

outros países (o que até então não erapermitido). A partir desse momento, per-mitiu-se o ingresso no Brasil de todos osprodutos estrangeiros cuja importação,até então, era proibida.

A mudança da família real para o Brasiltrouxe grandes despesas para os cofres pú-blicos. Assim, a instituição de novos servi-ços no país exigia o aumento dos tributosjá existentes ou a criação de novos.

A tributação foi aumentando, e cadaserviço que se instituísse no país impu-nha a criação de um novo tributo, namodalidade que hoje denominamos taxa.

Com a evolução dasconcepções de Estado e a

criação de novas cartas constitucionais,os tributos passaram a ser definidostendo em vista o bem-estar social.

Cada vez mais, foram sendocriadas leis para definir a aplicação

social dos recursos arrecadadoscom os tributos.

D. João VI

Grito da Independência

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6 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

6.1 Função da Constituição

A Constituição não cria tributo. No entanto, cumpre papel essencial na constru-ção do sistema ao definir as competências tributárias dos entes políticos da Federa-ção (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), consagrar os princípios e nor-mas gerais de direito tributário, instituir limitações ao poder de tributar, estabelecer arepartição das receitas tributárias e vinculações compulsórias.

A ConstituiçãoFederal, fonte primária de

toda ordem jurídica, institui oSistema Tributário Nacional

em seus artigos145 a 162.

É importante lembrar que toda ativi-dade estatal é regulamentada por nor-mas jurídicas. Ao cidadão comum é per-mitido fazer tudo aquilo que a lei nãoproíbe, ao passo que, ao administradorpúblico, só é permitido fazer o que a leiexpressamente autoriza.

Entretanto, a instituição, a arrecada-ção e a fiscalização dos tributos pelaUnião, pelos Estados, pelo Distrito Fe-deral e pelos Municípios é limitada. AConstituição Federal assegura ao cida-dão garantias contra a ação do Esta-do.

6.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar

Para evitar conflitos entre o Estado e o cida-dão, as sociedades organizadas criaram regras paralimitar o poder de tributar dos governantes. A evo-lução histórica do direito constitucional alçou es-sas limitações à condição de princípios gerais dedireito tributário. A Constituição de 1988 consa-gra uma série desses princípios, a saber:

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Art.150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado àUnião, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - exigir ou aumentar tributos sem lei que os estabeleça;

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrarem em situação equiva-lente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

III - cobrar tributos:

a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houverinstituído ou aumentado;

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumen-tou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiuou aumentou, observado o disposto na alínea b;

IV - utilizar tributo, com efeito de confisco;

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduaisou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelopoder público;

VI - instituir impostos sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;b) templos de qualquer culto;c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades

sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrati-vos, atendidos os requisitos da lei;

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III – renda e proventos de qualquer natureza;

IV – produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

VI – propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostossobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de trans-

porte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações seiniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I – propriedade predial e territorial urbana;

II - transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por naturezaou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão dedireitos a sua aquisição;

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei com-plementar.

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público mu-nicipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o plenodesenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habi-tantes.

§ 4º É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica, para a área incluída noplano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,subutilizado ou não utilizado que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessiva-mente, de:

I – parcelamento ou edificação compulsórios;

II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

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6.3 Princípios do direito tributário

Os princípios constantes do texto constitucional podem ser assim enunciados:

Tem por finalidade garantir os di-reitos e os deveres individuais e cole-tivos, uma vez que, nos Estados de-mocráticos, não apenas os indivíduossão subordinados à lei, mas também aprópria Administração Pública (CF, art.150, I). A legalidade, como princípiofundamental do Estado de Direito, nãose restringe a vedar ou proibir a tribu-tação sem lei, mas, fundamentalmen-te, garantir a todo cidadão segurançajurídica, econômica e social.

Princípio da legalidade

Princípio daanterioridade da lei

Proíbe a exigência de tributo ou seuaumento “no mesmo exercício em quehaja sido publicada a lei que o instituiu”,a fim de evitar que o contribuinte sejasurpreendido pela majoração da carga tri-butária (CF, art. 150, III,b). É um coroláriodo princípio da não-surpresa.

Princípio deirretroatividade da lei

Esse princípio é também um princípiogeral de Direito. Visa a impedir que de-terminada lei produza efeitos sobre fatosocorridos antes de sua vigência. A leinão retroage, a menos que seja benignaao contribuinte (CF, art. 150, III, a).

Princípioda isonomia

Trata-se da igualdade de todos peran-te a lei. Esse princípio aparece no caputdo art. 5º da CF como um dos cinco di-reitos fundamentais.

Princípio da uniformidadeda tributação

“É vedado à União instituir tributo quenão seja uniforme em todo o território

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nacional ou que implique distinção oupreferência em relação a Estado, ao Dis-trito Federal ou a Município” (CF, art. 151,I). A Constituição Federal permite, entre-tanto, que a União exerça uma políticade incentivos fiscais para promover oequilíbrio entre as regiões do País.

Princípio dacapacidade

contributiva

Visa à justiça fiscal e social, exigindomais de quem tem mais condição econô-mica e isentando ou reduzindo a incidên-cia tributária para os contribuintes commenor capacidade econômica e financeira(CF, art. 145, § 1º). Esse princípio atende oimperativo da redistribuição de renda. Em

Princípio daProibição de Confisco

Está estabelecido na CF, art. 150, IV.Busca proteger o contribuinte contra apossibilidade de o ente tributante vir atomar totalmente o seu patrimônio ou asua renda. A análise de cada caso é quepermitirá dizer se há ou não confisco,uma vez que tributos com característicasdiferentes comportam parâmetros diferen-tes.

respeito ao princípio, a legislação tributáriadeve aplicar alíquotas diferenciadas e efe-tuar redução parcial ou total da base decálculo, objetivando conformar o tributo omais próximo possível da real capacidadede pagamento de cada contribuinte.

6.4 Outros princípios, garantias e limitações constitucionais ao poder de tributar

outros impostos, “desde que não-cumulativos e que não te-nham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discrimi-nados na Constituição;” (CF, art. 154, I)

“impostos extraordinários, na iminência ou em caso de guer-ra externa, compreendidos ou não em sua competência tri-butária, os quais serão suprimidos gradativamente, cessadasas causas de sua criação.” (CF, art. 154, II)

A Constituição prevê, exaustivamente, quais são os im-postos de competência de cada ente político da Federa-ção. Assim, nenhum outro imposto poderá ser criado, alémdaqueles expressamente previstos no texto constitucional.Essa garantia admite apenas uma exceção. Trata-se da com-petência residual da União para instituir (CF, art. 154):

Ente político: nocaso do Brasil, aUnião, os Estadose os Municípios.

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Nenhum tributo pode ser utilizado para restringir oulimitar o “tráfego de pessoas ou bens, com exceção dacobrança de pedágio pela utilização de vias conservadaspelo poder público” (CF, art. 150, V).

“A lei determinará medidas para que os consumidoressejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobremercadorias e serviços” (CF, art. 150, § 5º). Trata-se doprincipio da transparência tributária. Todos nós somos con-tribuintes e temos o direito de saber qual o montante dostributos que está contido no valor das mercadorias e servi-ços que adquirimos. Trata-se de dispositivo pendente deregulamentação.

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7 Tributo

7.1 Conceito de tributo

De acordo com o Código Tributário Nacional:

A palavra “tributo”deriva do latim tributum.Diz respeito àquilo que,por dever, é entregue

ao Estado.

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, emmoeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não cons-titua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada medi-ante atividade administrativa plenamente vinculada.” (CTN)4

Explicando melhor o que é tributo:

4 Para as citações extraídas do Código Tributário Nacional foi adotada a abreviatura CTN.

todo pagamento obrigatório ao Estado;“toda prestação pecuniáriacompulsória”

“em moeda ou cujo valor nelase possa exprimir”

“que não constitua sanção deato ilícito”

“instituído em lei”

o pagamento é efetuado em dinheiro, mas a leipoderá admitir que ele seja feito por meio de algode valor equivalente à moeda, ou nela conversível;

tributo não é penalidade por infração; multa, sim,constitui sanção pecuniária decorrente de ato ilícito;

sem lei que o institua não existe tributo; princípioda legalidade;

a cobrança deve ser realizada conforme determinaa lei, não comportando discricionariedade do ad-ministrador público.

“cobrado mediante atividadeadministrativa plenamente vin-culada”

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7.2 Características dos tributos

7.3 Classificação dos tributos

são devidos a um entepúblico (União, Estadoou Município);

1

têm fundamento jurí-dico no poder soberanodo ente tributante ;

2

sua finalidade é servirde meio para o atendi-mento às necessidadesfinanceiras do Estado demodo que este possa re-alizar sua função social.

3

Ente tributante: o ente político (União, Esta-do, Município) na sua condição de cobrar im-postos.Poder soberano: poder conferido pela Cons-tituição.

Os tributos classificam-se em vinculados e não-vinculados.

Veja na páginaseguinte a explicação

sobre cada um.

Page 42: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

42

Tributos vinculados

Os tributos vinculados são aqueles cuja cobrança se justifica pela existência deuma determinada atividade do Estado, voltada diretamente para o particular quepagou o tributo, beneficiando-o de alguma forma. Ou seja, exigem uma contra-prestação estatal.

Enquadram-se neste caso astaxas e as contribuições de

melhoria.O Estado poderá cobrar

uma taxa ou uma contribuição demelhoria caso um determinado serviço

público, como a coleta de lixo, ofornecimento de água tratada, aemissão de um passaporte ou arealização de uma obra pública,

resultar em vantagem diretapara o particular.

Tributos não-vinculados

Os tributos não-vinculados são os impostos. Para cobrar esse tipo de tributo,o Estado não precisa oferecer nenhuma contraprestação de serviços ou obras para ocontribuinte. Se o contribuinte receber alguma vantagem, ela será indireta, decor-rente da realização do bem comum.

Page 43: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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COMPETÊNCIA PRIVATIVA

Cada imposto é de competênciaespecífica de um ente tributante.

Dessa forma, por exemplo, se aosEstados compete instituir e arrecadaro Imposto sobre a Propriedade deVeículos Automotores – IPVA, a suaomissão não autoriza a União ou osMunicípios a instituí-lo.

Os tributos podem ser de competência comum ou privativa.

TAXAS ECONTRIBUIÇÃODE MELHORIA

Tributos que estãovinculados a uma prestação

de serviço concreto.

COMPETÊNCIA COMUM

Podem ser instituídas pelaUnião, pelos Estados, pelo DistritoFederal e pelos Municípios.

IMPOSTOSTributos que nãoestão vinculadosa uma prestação

de serviço específica

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7.4 Espécies de tributos

Conforme dispõem os artigos 145da Constituição Federal e 5º do Có-digo Tributário Nacional - CTN, asespécies tributárias são:

os impostos;as taxas;as contribuições de melhoria.

Na Constituição Federal, contudo,são previstas duas outras figuras tributárias que

se encaixam perfeitamente na definição de tributoanteriormente descrita e que são tratadas da

mesma forma que os tributos, comose tributos fossem.

São elas: os empréstimos

compulsórios (art. 148) e; as contribuições especiais

ou parafiscais (art. 149).

Importante notar que, para a na-tureza jurídica do tributo, o relevanteé o seu fato gerador (CTN, art. 4º),sendo de menor importância o seunome ou a destinação do produtode sua arrecadação.

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7.4.1 Impostos

O cidadão comumcostuma designar por imposto toda e qualquer

exigência vinda do poder público. Entretanto, impostopossui um conceito mais restrito, sendo uma das espécies

de tributos previstos pela Constituição.

DiretoÉ aquele em que a pessoa que

paga (contribuinte de fato) é a mes-ma que faz o recolhimento aos co-fres públicos (contribuinte de direi-to).

Exemplo: IRPJ, IRPF, IPVA, IPTU.

ProgressivoÉ aquele cujo percentual aumenta

de acordo com a capacidade econômi-ca do contribuinte. Existem alíquotas di-ferenciadas que aumentam à medidaque os rendimentos ficam maiores.

Exemplo: IRPF, IRPJ.

IndiretoÉ aquele em que o contribuinte de

fato não é o mesmo que o de direito. Oexemplo clássico é o ICMS. É falsa a idéiade que o comerciante é sempre quempaga esse imposto; em geral, ele simples-mente recebe do consumidor e recolheao Estado o imposto que está embutidono preço da mercadoria vendida.

Exemplo: ICMS, IPI, ISS.

RegressivoÉ aquele que não considera o poder

aquisitivo nem a capacidade econômicado contribuinte. Com isso, quem gastapraticamente tudo o que ganha no con-sumo de produtos, como é o caso demuitos assalariados, proporcionalmentecontribui mais do que aqueles que têmpossibilidade de poupar ou de investir.

Exemplo: ICMS.

Imposto

Os impostos podem ser diretos ou indiretos, progressivos ou regressivos.

O imposto é a quantia em dinheirolegalmente exigida pelo Poder Público, que deverá ser

paga pela pessoa física ou jurídica a fim de atender às despesasfeitas no interesse comum, sem levar em conta vantagens

de ordem pessoal ou particular.

Segundo o CTN, art. 16,“imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador

uma situação independente de qualquer atividadeestatal específica, relativa ao contribuinte.”

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Os impostos podem ser diretos ouindiretos, progressivos ou regressi-vos.

O ICMS e o IPI são tributos indiretose regressivos. Isso significa que, propor-cionalmente, quem ganha menos pagamais. Independentemente da capacida-de contributiva, todos pagam o mesmoimposto, que está embutido no preço deum produto.

7.4.2 Taxas

“A taxa tem por fato gerador o exercício regular do po-der de polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, deserviço público específico e divisível, prestado ao contri-buinte ou posto à sua disposição.” (CTN, art. 77).

Como se observa, as taxas exigem uma atuação estatal direta em relação ao contribuin-te e o seu valor deverá limitar-se ao custo do serviço, sob pena de seu excesso configurarimposto.

Serviços públicos específicos sãoaqueles que estão estruturados espéciepor espécie (por exemplo: o serviço derecolhimento de lixo, originando a taxade coleta de lixo).

Fica vedada, assim, a cobrança de umataxa de “serviços gerais”, na qual se torneimpossível para o particular a identificaçãodo serviço que lhe está sendo prestado. Éo caso, por exemplo, de uma rua possuirrede de esgoto e um dos moradores não outilizar porque possui fossa particular. Comoo serviço foi potencialmente colocado àsua disposição, a taxa é exigível.

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Serviços públicos divisíveis

Não é necessário, contudo, que o particular faça uso de fato do serviço (utilizaçãoefetiva) para que dele seja cobrada a taxa. Basta simplesmente que o serviço seja postoà sua disposição (utilização potencial).

são aquelesque podem ser utilizados

separadamente, individualmente,por cada um dos

usuários.

O artigo 77 do CódigoTributário Nacional admite a

existência de duas modalidadesdistintas de taxas:

“Taxas de fiscalização:decorrem do exercício do poder depolícia pelo ente estatal. Exemplo:

taxas de publicidade, de localizaçãode estabelecimento comercial e taxa de

licença para construção de imóveis,cobradas pelo Município.”

“Taxas de serviços:são aquelas que têm como fato

gerador a utilização de determinadosserviços públicos. Exemplos: taxa deemissão de passaporte, taxa de coletalixo, taxa de iluminação pública, taxa

para emissão de certidão debons antecedentes.”

Poder de polícia: poder que o Estado tem de fiscalizar e limitar a liberdade dos particulares tendo em vistao interesse público. Trata-se de um poder disciplinador, que lhe permite intervir nas atividades dos seuscidadãos para garantir a ordem e a segurança, de sorte a tornar viável a vida em sociedade.

Page 48: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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7.4.3 Contribuição de melhoria

A contribuição demelhoria é instituída para fazer

face ao custo de obras públicas de quedecorra valorização imobiliária, tendocomo limite total a despesa realizada e

como limite individual o valor queda obra resultar para cada

imóvel beneficiado.

Sua justificativajurídica está no princípio da

vedação ao enriquecimento sem causa.

Não é tarefa do Estado patrocinar avalorização de imóveis particulares e,conseqüentemente, o enriquecimentoeconômico de determinado cidadão,

em detrimento dos outros.

Por esse motivo, sempreque a obra pública realizada

proporcionar a valorização do imóveldo particular, é lícito ao Estado

“recuperar o enriquecimento ganho”por meio da contribuição

de melhoria.

Tem em comum com as taxas o fato de ser tributo vin-culado a uma prestação estatal. No entanto, dessas difereem dois pontos expressivos: pressupõem a realização deobra pública e não serviços públicos e dependem de umfator intermediário, que é a valorização do imóvel.

A contribuição de melhoria pode ser instituída e cobra-da por quaisquer dos entes tributantes, desde que, porevidente, seja realizada a obra pública que dá sustentaçãoao fato gerador desse tributo.

Ente tributante: o entepolítico (União, Estado,Município) na sua con-dição de cobrar impos-tos.

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Interesse decategorias

Sociais

Interesse decategoriaseconômicas

Interesse decategorias

profissionais

Sociais

7.4.4 Contribuições especiais ou parafiscais

A competência para a instituiçãode tais contribuições é exclusiva daUnião (CF, art. 149, caput), ressalva-da a possibilidade de Estados-Mem-bros e Municípios “instituírem con-

tribuição social, descontada de seusservidores, para custeio, em benefí-cio destes, de sistemas de previdên-cia e assistência social” (CF, art. 149,§ 1o).

Essas contribuições se desdobram em (CF, art. 149):

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Trata-se de contribuições instituídas no interesse de categorias que possuem profissõeslegalmente regulamentadas, destinadas a custear as atividades de controle, fiscalização edisciplina do exercício profissional.

Enquadram-se aqui as anuidades cobradas pelos Conselhos Federais que registram,regulam e fiscalizam o exercício de profissões (ex: engenheiros, advogados, médicos,corretores, etc.).

Contribuições sociais

A contribuição social é a fonte de financiamento do sistema de seguridade social,responsável pelos serviços prestados pelo Estado em decorrência dos direitos sociaispresentes no texto constitucional (CF, art. 194 - 195).

No conceito de seguridade social estão compreendidas as previdências sociais, a assis-tência à saúde e a assistência social.

Contribuições de interesse de categorias profissionais

Entre as contribuições sociais existentes em nosso país, temos:

PREVIDENCIÁRIA Contribuição de empregados, empregadores e autônomospara o INSS, calculada sobre a respectiva remuneração

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

PIS Programa de Integração Social

Pasep Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

Cofins Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

CPMF Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira

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Contribuições de interesse de categorias econômicas

Trata-se de contribuições compulsórias cobradas deempregadores e empregados para a entrega a órgãos dedefesa de seus interesses, (sindicatos e entidades de en-sino e de serviço social – Senai, Sebrae, Sesi, entre ou-tros).

Enquadram-se nesse conceito o imposto sindical (DL2.377, de 8.7.1940), descontado de todo trabalhador eempregador em favor dos sindicatos respectivos.

7.4.5 Empréstimos compulsórios

O aspecto mais relevante ediferenciador desta espécie tributária é o

de que é restituível, isto é, deve ser devolvido aocontribuinte. No entanto, também requer

capacidade contributiva e lei complementarque o estabeleça.

Somente a União pode instituirempréstimos compulsórios (CF, art.148, caput) e, ainda assim, numadas seguintes hipóteses previstas naConstituição Federal:

a) “atender despesas extraordi-nárias, decorrentes de calamidadepública, de guerra externa ou suaiminência” (CF , art. 148, I);

b) “no caso de investimento pú-blico de caráter urgente e de relevan-te interesse nacional”, sendo que nes-te caso somente pode ser exigido noexercício seguinte ao da publicaçãoda respectiva lei (CF, art. 148, II).

Como a Constituição Federal não indicou explicitamente o fato gerador doempréstimo compulsório, poderá a lei eleger um fato específico ou escolher amesma base de imposição de outros tributos.

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8 ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃOTRIBUTÁRIA

A obrigação tributária divide-se em principal e acessória.

A obrigação principal surgecom a ocorrência do fato gerador,tem por objeto o pagamento de tri-buto ou penalidade pecuniária e ex-tingue-se com o crédito dela decor-rente.

A obrigação acessória decorreda legislação e tem por objetivo mu-niciar a administração tributária deinformações de interesse da arreca-dação ou da fiscalização dos tribu-tos. Ex: apresentação da declaraçãode imposto de renda ou da decla-ração de isentos.

Fato gerador: O fato gerador é uma situação ou eventoprevisto na lei e que, quando se realiza no mundo real,provoca o nascimento da obrigação tributária.

A ocorrência do fatogerador faz nascer o direito do credor

ou sujeito ativo (ente estatal) de recebero tributo (obrigação tributária principal) devido

pelo devedor ou sujeito passivo (pessoa obrigadaao pagamento do tributo ou penalidade pecuniária)

ou ver cumpridos os deveres formais instituídos(obrigação tributária acessória).

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Lançamento: É o procedimento administrativo que ve-rifica a ocorrência do fato gerador, determina a matériatributária, calcula o montante do tributo devido, identificao sujeito passivo e, quando for o caso, propõe a penalida-de pecuniária cabível.

Sujeito ativo: É a pessoa jurídica de direito públicotitular da competência para exigir o cumprimento da obri-gação tributária. São entes tributantes ou sujeitos ativos emnossa República Federativa a União, os Estados, o DistritoFederal e os Municípios.

Sujeito passivo: É a pessoaobrigada ao pagamento de tributoou penalidade pecuniária. Pode ser:

Contribuinte – quando tem re-lação pessoal e direta com a situa-ção econômica que constitua o fatogerador da obrigação tributária;

Responsável – quando suaobrigação decorre de disposição ex-pressa de lei, mesmo sem revestir acondição de contribuinte. Ex: otransportador de mercadorias, o lei-loeiro, o empregador em relação aoimposto de renda retido devido pe-los seus empregados.

Crédito tributário – Decorre da obrigação principal.Compete privativamente à autoridade administrativa cons-tituí-lo pelo lançamento. Extingue-se com o pagamentoou quaisquer das outras modalidades previstas no artigo156 do Código Tributário Nacional.

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Base de cálculo: É uma grandeza referencial, instituídapela lei e geralmente expressa em dinheiro, cujas princi-pais funções são dimensionar o fato jurídico passível detributação e possibilitar a apuração da importância devidapelo contribuinte ou responsável.

Alíquota: É a fração, parte ou percentual da base decálculo que pertence ao Estado. Além de possibilitar a quan-tificação do tributo, ela é um instrumento de justiça fiscal,pois por meio de sua gradação o legislador busca efetivaros princípios da igualdade tributária e da capacidade con-tributiva.

Competência tributária

Competência Tributária é o poder específico de instituirtributos. Todos os três níveis possuem competências tribu-tárias, ou seja, estão autorizados pela Constituição Federala criar tributos de acordo com as normas gerais de DireitoTributário.

Alíquota é umpercentual, definido em

lei, a ser aplicado sobre a basede cálculo para determinar

o valor do tributoa ser pago.

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9 CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOSQUANTO AO ENTE TRIBUTANTE

9.1 Impostos da União

É o critério adotadopela Constituição Federal, que

agrupa os diversos impostos do paísconforme o campo de competência

de cada ente federativo.

II – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

IE – IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO

IPI – IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS

IR – IMPOSTO DE RENDA

ITR – IMPOSTO TERRITORIAL RURAL

IOF – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS

IGF – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS

IMPOSTOSDA

UNIÃO

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Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros – II

Características:

Fato Gerador É a entrada de produto estrangeiro em território nacional.

Contribuinte É o importador (ou o arrematante, quando se tratar de produtosapreendidos ou abandonados).

Base de cálculo É o preço normal do produto, quando da importação.

Alíquotas Podem ser alteradas a qualquer tempo, pelo Poder Executivo,desde que respeitados os limites e as condições fixados em lei.

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O Imposto de Exportação é um tributocom finalidade reguladora, somente utilizado quando

o país tem interesse em desestimular a exportaçãode determinado produto nacional.

Os impostos do comércioexterior (II e IE) não têm finalidade arrecadatória,

eles destinam-se a regular o fluxo comercial do país com osoutros países. Como instrumento de política econômica,eles podem ser utilizados para assegurar o abastecimento

interno, produzir superávit na balança comercialou estimular a concorrência interna.

Características:

Fato gerador É a saída de produto do território nacional.

Contribuinte É o exportador.

Base de cálculo É o preço normal do produto, quando da exportação.

Alíquotas Podem ser alteradas a qualquer tempo, pelo Poder Executivo,desde que respeitados os limites e as condições fixados em lei.

Imposto sobre a Exportação de Produtos Nacionais ou Nacionalizados – IE

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Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR

Características:

Fato gerador É a renda, ou seja, o produto do capital, do trabalho ou dacombinação de ambos, e os proventos de qualquer natureza,assim entendidos os acréscimos patrimoniais nãocompreendidos no conceito de renda.

Contribuinte É o titular da renda ou dos proventos.

Base de cálculo É o montante da renda ou dos proventostributáveis.

Alíquotas São progressivas e variáveis para aspessoas físicas e para as pessoas jurídicas.

O Imposto deRenda Pessoa Física incide

basicamente sobre os vencimentospercebidos pelos trabalhadores e a

renda dos profissionais liberais.O Imposto de Renda PessoaJurídica tem como base o

lucro das empresas.

O Imposto de Rendadescontado do rendimento do

servidor público estadual fica parao respectivo Estado, e do servidor

público municipal fica para orespectivo Município.

O IR é o mais representativotributo direto da União, pois incide sobre todas

as rendas e proventos, de acordo com a capacidadeeconômica dos contribuintes. É progressivo, na

medida em que há alíquotas diferenciadas. Incidesobre a renda ou os proventos de

qualquer natureza.

Page 59: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI

O IPI é o impostocobrado sobre a

industrialização de produtos.Na realidade, quem o suporta éo consumidor final, embora suaincidência ocorra na etapa deindustrialização. É só olharna nota fiscal que o valor

do IPI vem destacado.

Características:

Fato gerador É a industrialização, assim entendida qualquer operaçãoque modifique a natureza ou a finalidade de um produto, ou oaperfeiçoe para o consumo. Também incide sobre aimportação de produtos industrializados.

Contribuinte É o industrial ou quem a ele a lei equiparar, bem como oimportador ou quem a ele for equiparado.

Base de cálculo É o valor da operação que está modificando o produto.No caso da importação – é o valor da operação acrescidodo imposto de importação e demais despesas.No caso de produtos apreendidos ou abandonados – é o valorda arrematação dos produtos.

Alíquotas No caso das alíquotas, o IPI pode ser considerado um impostoseletivo, pois suas alíquotas variam em função da essencialidadedo produto, isto é, se o produto for supérfluo, sua alíquota serámaior e, se o produto for essencial, sua alíquota será menor.Ex: carros de luxo, bebidas, cigarros e perfumaria têm asalíquotas mais altas.

Page 60: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros, ou Relativasa Títulos ou Valores Mobiliários – IOF

A principal função do IOF é servir de instrumento

de política econômica.

Características:

Fato gerador Varia conforme a espécie de operação feita:nas operações de crédito – é a efetiva entrega (total ouparcial) do valor do objeto da operação;nas operações de câmbio – é a troca de moedas ou de docu-mentos que as representem;nas operações de seguro – é a emissão da apólice ou do docu-mento equivalente, ou o recebimento do prêmio seguro;nas operações relativas a títulos imobiliários – é a emissão, atransmissão, o pagamento ou o resgate desses títulos, confor-me a lei.

Contribuinte É quem se beneficia da operação financeira.

Base de cálculo É o valor da operação.

Alíquotas Podem ser alteradas administrativamente em razão da políticaeconômica do Governo Federal, não estando sujeitas aoprincípio de anterioridade.

Page 61: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR

Com a Constituição de1988, o produto da arrecadaçãodo ITR passou a ser repartido

igualmente entre União e Município,permanecendo, no entanto, na competênciatributária federal. As alíquotas são variáveisem função de critérios, como a localização,a área total da propriedade, o percentualde utilização da área, e incidem sobre

o valor da terra nua.

O ITR é o impostocobrado sobre apropriedade rural

Imposto Sobre Grandes Fortunas - IGF

A Constituição Federal de 1988 atribuià União competência para instituir im-posto sobre grandes fortunas, nos termosda lei complementar (art. 153, inc. VII).

Não obstante, até agora esse imposto nãofoi instituído, nem editada a lei comple-mentar para definir o que se deve enten-der como grande fortuna.

Características:

Fato gerador É a propriedade de imóvel localizado fora da zona urbana doMunicípio.

Contribuinte É o proprietário.

Base de cálculo É o valor da terra nua, a ser fornecido pelo contribuinte em suadeclaração.

Alíquotas São variáveis conforme o percentual de utilização da proprieda-de, em escala constante na lei e que leva em consideraçãotambém a área total do imóvel e sua localização geográficano Brasil.

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9.2 Impostos dos Estados e do Distrito Federal

IMPOSTOS

DOSESTADOS E

DO DISTRITOFEDERAL

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadoriase prestações de Serviço de transporte interestadu-al e intermunicipal e de comunicação

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veícu-los Automotores

ITCMD – Imposto sobre Transmissão CausaMortis e Doação de quaisquer bens ou direitos

Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestaçõesde Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS

Características:

Fato gerador É a circulação de mercadoria (inclui minerais, combustíveis eenergia elétrica), a prestação de serviços de transporteintermunicipal e interestadual e a prestação de serviços decomunicação (somente quando a comunicação for onerosa).

Contribuinte É aquele que promover a operação ou a prestação objetode incidência do imposto.

Base de cálculo É o valor da operação de circulação de mercadoria ou daprestação de serviço.

Alíquotas Têm limites fixados pelo Senado Federal e suas reduções sãocondicionadas à aprovação de todos os Estados medianteconvênio; variam conforme as regiões do país e de acordo coma natureza do produto.

Page 63: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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O ICMS é o mais importante impostoestadual porque representa a mais expres-siva fonte de receita tributária e podechegar a 90% do total arrecadado.

A arrecadação do ICMS é controladapor meio de documentos fiscais. Existemdiversas modalidades de documentos fis-cais, além de variantes de um mesmo tipo.

Os mais conhecidos pelo público consu-midor são a Nota Fiscal de Venda ao Con-sumidor (nota fiscal) e o cupom fiscal(FIG. 1).

É importante lembrar que, sem os docu-mentos fiscais, fica muito difícil para o go-verno saber quanto vai arrecadar de ICMSe quem está sonegando esse imposto.

A nota fiscalpor favor !

Page 64: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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A sonegação doICMS e o desvio desse

imposto para fins não-sociais poderão ser evitados pormeio do efetivo exercício

da cidadania.

Cabe ao cidadãocobrar o documento fiscal

comprovante da compra da mercadoriae/ou do serviço prestado, assim como

exercer o controle social sobre a gestãodos recursos públicos.

O ICMS é um impostoseletivo, ou seja, não é igual para

todas as mercadorias, incidindo mais sobrealguns produtos e menos sobre outros.O grau de incidência, ou a isenção do

ICMS depende de a mercadoria serconsiderada essencial, necessária

ou supérflua.

Além da sonegação, outro fator que tam-bém impossibilita a aplicação social doICMS é o desvio do dinheiro arrecadadopara outros fins. O governante, em vez deusar o dinheiro arrecadado para educação,saúde, moradia, segurança e outros bene-fícios sociais, realiza obras e/ou serviçosque não beneficiam a coletividade.

A sonegação do ICMS, ou seja, o não-recolhimento desse imposto, assim comoo não-pagamento de qualquer outro im-posto, constitui um ato grave com conse-qüências diretas para a coletividade, quedeixa de usufruir os benefícios sociais ad-vindos da sua correta arrecadação e apli-cação.

Page 65: SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

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No quadro a seguir, encontram-se alguns dos produtos que são considerados essenci-ais, necessários, e a diferença de tributação quanto ao consumo em Mato Grosso do Sul.A relação desses produtos pode ser diferente em outros Estados do Brasil.

PRODUTO ALÍQUOTA INTERNA

VESTUÁRIO 17%ARROZ 7%

FEIJÃO 7%LEITE TIPO C isento

ÁGUA Isento até 30m2

ENERGIA ELÉTRICA 17% até 200 kw20% de 201 a 500 kw25% acima de 500 kw

TELEFONE 25%

PÃO 12%OVOS isento

CARNE 3%MACARRÃO 17%CADERNO 17%

LÁPIS 17%

CANETA 17%

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Embora se trate de imposto de competência estadual, o produto da arrecadaçãodo IPVA é dividido igualmente entre o Estado e o Município em que o veículo foiemplacado.

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de QuaisquerBens ou Direitos – ITCMD

O ITCMD é um imposto sobre heranças, legados ou doações. Paga quem recebea herança ou o legado e quem recebe a doação, e as alíquotas incidem sobre ovalor venal dos bens ou direitos.

Características:

Características:

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA

É a propriedade de veículo automotor dequalquer espécie (aeronaves, embarcações,automóveis, caminhões, motocicletas,enfim, qualquer veículo cuja propulsãodependa de motorização).

É o proprietário do veículo.

É o valor venal do veículo.

Diferem conforme a espécie de veículo.

Fato gerador

Contribuinte

Base de cálculo

Alíquotas

Fato gerador É a transmissão por morte ou por doação de quaisquer bens oudireitos.

Contribuinte É o herdeiro ou o legatário, ou seja, quem recebe a herança ouo legado, no caso de transmissão causa mortis, e o donatário,no caso de doação.

Base de cálculo É o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.

Alíquotas Variam de 2% a 4%.

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Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU

9.3 Impostos dos Municípios e do Distrito Federal

IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial eTerritorial Urbana

ISS – Imposto Sobre Serviços

ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens InterVivos

IMPOSTOS

DOSMUNICÍPIOS EDO DISTRITO

FEDERAL

Fato gerador É a propriedade de imóvel situado na zona urbana do Município.

Contribuinte É o proprietário do imóvel.

Base de cálculo É o valor venal do imóvel.

Alíquotas São estabelecidas pela lei municipal, em geral maiores para osimóveis não-construídos (terrenos).A Constituição Federal/1988 admite três formas deprogressividade: no tempo, para punir a especulação imobiliáriaem propriedades urbanas não edificadas, não utilizadas ousubutilizadas(art.182, § 4º, II); em razão do valor do imóvel (art.156,§ 1º, I); em razão da localização do imóvel (art.156, § 1º, II).

Características:

A Constituição Federal admite a utilização de alíquotas progressivas com o obje-tivo de fazer com que a propriedade atenda a sua função social.

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Fato gerador É o serviço prestado, exceto os de comunicação e os detransporte estadual e interestadual, que são tributados pelo ICMS.

Contribuinte É o prestador de serviços.

Base de cálculo É o valor do serviço prestado.

Alíquotas São fixadas pela legislação municipal.

Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS(Não compreendidos na área de incidência do ICMS)

Características:

Estão sujeitos a pagamento do ISS os serviços prestados pormédicos, dentistas, psicólogos, costureiras, cabeleireiros,esteticistas, massagistas, advogados, contadores, barbeiros, cor-retores, tradutores, e os serviços relacionados com revelação defilmes e fotografia, estabelecimentos de ensino, lavanderia, co-brança, secretaria, transportes intermunicipais, hotelaria, jardina-gem e outros.

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Imposto sobre Transmissão Intervivos, a qualquer título, por ato oneroso debens móveis, por natureza ou por acessão física, e de direitos reais sobre imó-veis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos e sua aquisição - ITBI

Características:

Fato gerador É a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso.

Contribuinte Pode ser qualquer das partes na operação tributada.

Base de cálculo É o valor venal do imóvel.

Alíquotas São estabelecidas por lei de cada município.

A diferença fundamental entre o ITBI, de competência municipal, e o ITCMD, decompetência estadual, está no fato de que o ITBI incide sobre transmissão intervivos, por ato oneroso – compra e venda-, enquanto o ITCMD incide sobre a doaçãoe a transmissão causa mortis

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10 REPARTIÇÃO DAS RECEITASTRIBUTÁRIAS

O atual sistema tributário concentraa arrecadação dos tributos na União enos Estados. A União reparte um per-centual de suas receitas tributárias comos Estados e Municípios. Os Estados,por sua vez, também repartem parte

de suas receitas com os Municípios. AConstituição Federal prevê um meca-nismo para a repartição das receitas.

A repartição das receitas pode serfeita de forma direta ou indireta.

10.1 Repartição indireta

Quando são formados fundos e a repartição depende de roteirosprevistos na legislação.

ICMS: 25% do ICMS arrecadado pelos Estados pertence aos Muni-cípios; o principal critério para distribuição é o movimento econô-mico do Município.

IR e IPI: 47% do produto da arrecadação desses impostos pelaUnião é dividido da seguinte forma:

21,5% para o Fundo de Participação dos Estados-FPE, que é divi-dido entre as unidades federadas, observando-se critérios da le-gislação;

22 ,5% para o Fundo de Participação dos Municípios-FPM, que édistribuído aos Municípios, observados alguns critérios da legisla-ção; essa constitui a principal fonte de arrecadação da maioriados Municípios do Brasil;

3,0% para os programas de financiamento do setor produtivo dasRegiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Do total que cabe aoNordeste, 50% é destinado à região semi-árida;

existe ainda um fundo de compensação aos Estados e Municípiospor suas exportações isentas do ICMS. Para isso, a União repassa10% do IPI aos Estados, proporcionalmente às suas exportaçõesde produtos industrializados. Esse valor limita-se a 20%, no máxi-mo, para cada Estado. Por sua vez, cada Estado repassa 25% doque recebe da União aos Municípios, obedecendo aos mesmoscritérios de roteiro do ICMS.

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10.2 Repartição direta

Além das formasde repartição das receitastributárias por meio de

transferências obrigatórias ou voluntárias, já citadas nesta

unidade de estudo, a EmendaConstitucional 14/96instituiu o Fundef.

O Fundo é ummecanismo de redistribuição

das receitas tributárias federais eestaduais para Estados e Municípios.

A EC 14/96 estabeleceu a subvinculaçãode 60% dos recursos vinculados à educação

e criou o Fundef com o objetivo degarantir eqüidade na capacidade

financeira dos Estados eMunicípios de atendimento

ao ensino fundamentalobrigatório.

Quando um percentual do imposto arrecadado pela União ou pelo Estadoé repartido entre os entes tributantes.

IR: Aos Estados eMunicípios cabe o pro-duto da arrecadação doImposto de Renda Reti-do na Fonte (IRRF) so-bre os rendimentos pa-gos, a qualquer título,por eles, suas autarqui-as e fundações;

ITR: 50% do produ-to de sua arrecadação,que é de competênciada União, cabe aosMunicípios em cujo ter-ritório está localizado oimóvel;

IPVA: 50% do que oEstado arrecadar comesse imposto é reparti-do com o Municípioonde foi emplacado oveículo.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental eValorização do Magistério – Fundef

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O Fundef foi regulamentado pela Leinº 9.424, de 24 de dezembro do mesmoano, e pelo Decreto nº 2.264, de 27 dejunho de 1997. Sua implantação deu-se

em 1º de janeiro de 1998, quando pas-sou a vigorar em todo o País, exceto noPará, onde a implantação ocorreu emjulho de 1997, por força de lei estadual.

O Fundo é composto por recursos dos próprios Estados e Municípios, ori-ginários de fontes já existentes, sendo constituído de 15% do: Fundo de Participação dos Estados (FPE); Fundo de Participação dos Municípios (FPM); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – incluindo os recur-sos relativos à desoneração de exportações, de que trata a Lei Complementar nº87/96; e Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (Iplexp).

Outro recurso que entra na composi-ção do Fundef é a complementação doGoverno Federal, que assegura aos go-

vernos estaduais e municipais parcela derecurso federal onde o valor mínimo poraluno/ano não seja alcançado.

O Fundef possibilita significativa distribuição dos recur-sos vinculados à educação, de forma a contemplar os mu-nicípios mais carentes, avançando-se na direção da redu-ção das desigualdades regionais (CF, art. 3º, III) e da uni-versalização do atendimento do ensino fundamental.

Os Conselhos de Acompanhamentoe Controle Social do Fundef devem sercriados tendo a participação das enti-dades de classe na indicação de seusmembros, de modo a dar legitimidade

e transparência ao colegiado. O Con-selho nos municípios deve ser com-posto pelo mínimo de quatro membrosrepresentativos dos seguintes segmen-tos:

Secretaria Municipal de Educação; professores e diretores das escolas públicas do ensino funda-mental;

pais de alunos; servidores das escolas públicas do ensino fundamental.

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Se houver no Município um Conselho Municipal de Edu-cação, um de seus membros também deverá integrar o Con-selho do Fundef. A escolha dos representantes deve ser reali-zada pelos próprios segmentos que representam.

São três as atribuições básicas do Con-selho:

acompanhar e controlar a repartição,transparência e aplicação dos recursos doFundef; supervisionar o censo escolar anual; e acompanhar e controlar a aplicação dosrecursos do programa RECOMEÇO – PRO-GRAMA SUPLETIVO (Educação de Jo-vens e Adultos).

Para o bom exercício de suas atribuições, o Conse-lho deve: informar-se sobre todas as transações de natureza finan-ceira envolvendo recursos do Fundef; acompanhar a elaboração e o fiel cumprimento do

Plano de Carreira e Remuneração do Magistério; reunir-se periodicamente para examinar os relatórios edemonstrativos elaborados pelo Poder Executivo; ter acesso e/ou manifestar-se sobre os quadros e demons-trativos a serem encaminhados ao Tribunal de Contas; exigir dos dirigentes das escolas e da Secretaria de Edu-cação o cumprimento das normas e critérios de uso dosrecursos e dos prazos de atendimento das exigências re-lacionadas ao censo escolar.

No momento encontra-se em fasede conclusão a proposta de transfor-mar o Fundo de Desenvolvimento daEducação Fundamental em Fundo deDesenvolvimento da Educação Básica– Fundeb.

O acesso às informações sobre recursosdo Fundef pode ser feito por meio do Ban-

co do Brasil ( conta específica do Fundef ),nas agências dos correios ( cartazes comos valores repassados mensalmente), nainternet ( www.mec.gov.br/seif/fundef), noSistema Integrado de Administração Finan-ceira do Governo Federal/Siafi ou no MEC,pelo telefone 0800-616161/CoordenaçãoGeral de Acompanhamento do Fundef (61)2104 8648 e 2104 9270.

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11 IMPORTÂNCIA DOSDOCUMENTOS FISCAIS

Os documentos fiscais têm larga im-portância no combate à sonegação detributos.

Os documentos fiscais com que as pes-soas geralmente têm mais contato no dia-a-

dia são as notas fiscais e os cupons fiscais.

Cada imposto exige uma espécie de do-cumento fiscal que deve ser utilizado pelocontribuinte, e alguns impostos servem-sede documentos já exigidos por outros.

São exemplos de documentos fiscais:

NF – Nota Fiscal de Venda ao Consumidor (FIG. 3); Cupom Fiscal (FIG. 1); Nota Fiscal de Serviço (FIG. 1); IRPF – Declaração Simplificada (FIG. 2); DSI – Declaração Simplificada de Importação (FIG. 3); ITR – Declaração do Imposto Territorial Rural (FIG. 2).

A nota fiscal e ocupom fiscal não devem ser

confundidos com outros documentosemitidos no comércio varejista, como

comandas, orçamentos, pedidos,controle interno, etc., já que essesdocumentos não são válidos para

a fiscalização do pagamentode tributos.

Quando os documentos fiscais sãodevidamente emitidos pelo contribuinte,reduz-se a possibilidade de evasão dosvalores dos tributos incidentes sobre asoperações que lhes dão origem.

É importante lembrar, ainda, que aexigência e a guarda dos documentos fis-cais por parte do consumidor facilitarãoo exercício de seus direitos asseguradosno Código de Defesa do Consumidor.

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FIGURA 1 - NotaFiscal de Serviço eCupom Fiscal

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FIGURA 2 - Imposto de Renda Pessoa Física - IRPF (declaração simplificada)

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FIGURA 3 - Imposto Territorial Rural - ITR

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FIGURA 4 - Declaração Simplificada de Importação - DSI

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11.1 Sonegação fiscal

De forma geral, pode-se conceituar a sonegaçãofiscal como o ato de reduzir ou não pagar tributos. NoBrasil, só recentemente se começou a discutir seria-mente o problema da evasão fiscal.

São formas de sonegação fiscal:

A elisão fiscal, que consistenuma ação lícita de economia fis-cal, ou seja, é uma forma legal dese evitar a obrigação tributária oupagar menos tributo;

A evasão fiscal, que ao contrá-rio, consiste na lesão ilícita do fisco.É o não-pagamento total ou parcial(inadimplência) do tributo devido,infringindo a legislação tributária.

Durante muitotempo, em face das características

de nosso sistema tributário, calcadonos tributos indiretos, prevaleceu a idéia

de que o sonegador, ao deixar de recolherao erário o valor devido, estaria apenasenganando o Governo e, talvez até por

isso mesmo, era visto com certasimpatia por grande parte

da sociedade.

Essa é umaconcepção errônea, pois o

tributo arrecadado é o financiadordos serviços públicos que atendem asnecessidades da população. Assim,a sonegação fiscal prejudica não

apenas o governo, mastoda a sociedade.

Pagoou não?

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Não se trata de uma luta fá-cil, pois os valores envolvidossão astronômicos e o sonega-dor já se habituou a embolsaro valor subtraído da sociedadecomo se fosse seu.

Daí a importância de se con-jugarem esforços no sentido decombater, sem tréguas, essadoença social. Esse combatedeve envolver os agentes doFisco, da Polícia, do Ministério Público,do Poder Judiciário, passando por maiorconscientização por parte da populaçãoe pela efetiva punição aos infratores dasleis tributárias, inclusive no aspecto pe-nal.

Não se pode olvidar, no entanto, quea compreensão do ilícito penal, em ma-téria tributária, requer a compreensão do

Além disso, algunsimpostos já estão embutidos

no preço do produto, e quando ocomerciante deixa de recolher esses

impostos aos cofres públicos, eleestá se apropriando do valor pago

pelo contribuinte defato (consumidor).

ilícito tributário, pois a ilicitude (penal)da conduta só será compreendida pormeio da interpretação e integração dasleis tributárias, que definem os deveres edireitos que devem ser observados.

Combater a sonegação fiscal não éapenas um exercício de cidadania, masum dever do Estado e de toda a socieda-de organizada.

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12 FUNÇÃO SOCIOECONÔMICADOS TRIBUTOS

O Brasil vive hoje as conseqüênci-as de sucessivos erros na administra-ção de nossa dívida pública, o queresultou em um nível de endividamen-to preocupante, que está a prejudicaro próprio crescimento econômico dopaís, a geração de empregos , a cons-trução de políticas públicas que possi-bilitem a universalização dos direitossociais e os investimentos inadiáveisem infra-estrutura.

tro econômico, isto é, que não se façaem proporção ao crescimento da cir-culação de bens e serviços no merca-do, conduz, inevitavelmente, à perdade seu valor e, portanto, desencadeiaum processo inflacionário que preju-dica toda a sociedade, mas principal-mente a parcela da população que nãodetém os meio de produção e vive davenda de sua força de trabalho, a cha-mada classe trabalhadora.

Pode meemprestar?

Existem basicamente três formas definanciar as atividades de um Estado.A primeira delas seria por meio da emis-são de moeda. No entanto, a funçãoprimordial da moeda é a de possibili-tar a dinâmica das trocas entre os agen-tes econômicos. Assim, a simples emis-são de moeda que não encontre las-

A segunda forma de financiarmosas funções estatais é por meio de em-préstimos. No entanto, todos nós sa-bemos o que pode acontecer conoscoquando contraímos muitas dívidas enossos rendimentos próprios não sãosuficientes para pagar essas dívidas: fi-camos insolventes, sem crédito no mer-cado e somos obrigados a reduzir dras-ticamente nossos gastos, pois, do con-trário, corremos o risco de sermos exe-cutados e perdermos nossos bens. Como Estado ocorre o mesmo.

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O financiamento das funções esta-tais por meio de uma política fiscaldesequilibrada, na qual o gasto públi-co supera as receitas públicas, geran-do sucessivos déficits nominais, podeser uma estratégia válida por um de-terminado período de tempo,comoforma, por exemplo, de o país vencerum processo recessivo. Nesse caso, aelevação do gasto público tem o con-dão de estimular o consumo, garantira redução da capacidade ociosa e ele-var o nível de emprego, minimizandoas mazelas sociais e econômicas de-correntes da recessão.

Mas a manutenção dessa política emlongo prazo conduz à necessidade deredução drástica no nível dos gastospúblicos para viabilizar o pagamentodos encargos financeiros e a amortiza-ção dos empréstimos, resultando emforte impacto social.

Portanto, as duas fontes citadas definanciamento do Estado (emissão demoeda e endividamento) são muitoperigosas e conduzem a conseqüênci-as sociais indesejáveis. Assim, a for-ma mais sadia de financiarmos as ati-vidades estatais é promovermos a ge-ração de receitas próprias. Essas po-dem ser classificadas em receitas ori-ginárias e receitas derivadas.

As receitas derivadasdecorrem da capacidade do

Estado de auferir receitas provenientesdo patrimônio dos particulares soba forma de tributos. Constituem aprincipal fonte de financiamento

das atividades estatais emnossos dias.

As receitasoriginárias decorrem

da administração do própriopatrimônio público (venda oulocação de bens públicos eexercício de monopólios

estatais, por exemplo). Nos Estadoscontemporâneos, essa forma de

obtenção de receita vem setornando cada vez menosimportante, em razão dasignificativa redução da

presença do Estadona economia.

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Esse poder singular é conferido pe-las Constituições aos entes estatais, sen-do conhecido como poder de impé-rio. Com efeito, na sociedade contem-porânea, somente o Estado Nacionalsoberano e constitucionalmente orga-nizado por meio dos seus entes políti-cos tem o direito de instituir e cobrartributo dos cidadãos.

O Brasil é um país de fortes con-trastes econômicos e sociais. Emborasejamos atualmente a 15ª economia domundo (já fomos a 8ª economia), os-tentamos a quarta pior distribuição derenda do planeta. Pois bem, o SistemaTributário é o principal instrumento empoder do Estado para promover a redis-tribuição da renda. Isso se faz de duasformas.

A gestão democrática dos recursospúblicos será objeto do módulo 4 des-te curso.

Pelo lado dogasto público, por meio da

democratização dos orçamentos,incentivando-se a participação

popular na gestão pública.

Pelo lado da obtençãodas receitas públicas, tributando-sede forma justa, com respeito aosprincípios tributários consagrados

na Constituição.

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13 IGUALDADE E JUSTIÇA NO SISTEMATRIBUTÁRIO NACIONAL

Para que alcancemos a igualdade e ajustiça é indispensável que o Sistema Tri-butário Nacional seja utilizado como ins-trumento de distribuição de renda e re-distribuição de riqueza e tenha comoobjetivos o crescimento econômico, a cri-ação de empregos, a redução da depen-dência de capitais externos, a eliminaçãoda pobreza, a justiça fiscal, a justiça soci-al e o desenvolvimento sustentado.

A essência do direito é a sua aplica-ção prática - dever das autoridades pú-blicas. Os princípios constitucionais nãopodem ser meras declarações de boas in-

tenções. A regra jurídica existe para agirsobre a realidade social. Portanto, já nãobasta a igualdade formal. É tempo deconcretizar os direitos fundamentais es-tabelecidos pela Constituição. É precisobuscar a igualdade material, na sua acep-ção ideal, humanista, que significa aces-so aos bens da vida.

O problema atual dos direitos do ho-mem não é mais justificá-los ou enunciá-los, mas protegê-los, buscar as condições,os meios para realizá-los e, efetivamen-te, desfrutá-los. Trata-se, portanto, de pas-sar à ação.

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www.camara.gov.br

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