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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO MINISTRO DA FAZENDA PEDRO SAMPAIO MALAN SECRETÁRIO-EXECUTIVO AMAURY BIER SECRETÁRIO-ADJUNTO LUIZ TACCA JÚNIOR DIRETORA-GERAL DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA-ESAF MARIA DE FÁTIMA PESSOA DE MELLO CARTAXO SECRETÁRIO-EXECUTIVO DO GRUPO DE TRABALHO EDUCAÇÃO FISCAL – GEF JOÃO GOMES GONÇALVES INTERNET: [email protected] http://www.esaf.fazenda.gov.br ENDEREÇO: Escola de Administração Fazendária Secretaria Executiva do GEF Estrada para Unaí km 4 – BR 251 71.686-900 – Brasília - DF PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISCAL 1

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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

MINISTRO DA FAZENDAPEDRO SAMPAIO MALAN

SECRETÁRIO-EXECUTIVOAMAURY BIER

SECRETÁRIO-ADJUNTOLUIZ TACCA JÚNIOR

DIRETORA-GERAL DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA-ESAFMARIA DE FÁTIMA PESSOA DE MELLO CARTAXO

SECRETÁRIO-EXECUTIVO DO GRUPO DE TRABALHO EDUCAÇÃO FISCAL – GEFJOÃO GOMES GONÇALVES

INTERNET: [email protected]://www.esaf.fazenda.gov.br

ENDEREÇO: Escola de Administração FazendáriaSecretaria Executiva do GEFEstrada para Unaí km 4 – BR 251

71.686-900 – Brasília - DF

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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

Prezado leitor (a):

Este módulo foi elaborado com três finalidades básicas:

oferecer subsídios para a reflexão e o debate acerca das questões tributárias e o Estado brasileiro, pela sociedade;

dar suporte aos cursos de formação de capacitadores do Programa Nacional de Educação Fiscal;

servir como material de referência para educadores em todo o País.

No contexto dos direitos e deveres de cidadania, são apresentadas informações acerca da origem e da evolução dos tributos, da sua sistemática de instituição e cobrança nos três níveis de governo, assim como sobre a distribuição dos recursos arrecadados.

Esperamos que, com auxílio do conteúdo aqui tratado, você possa contribuir para a disseminação do Programa Nacional de Educação Fiscal no Brasil.

Bom trabalho!

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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – ORIGEM DOS TRIBUTOS

CAPÍTULO 2 – SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

2.1 – Competência Tributária

2.2 – Obrigação Tributária

2.3 – Fato Gerador da Obrigação Tributária

2.4 – Sujeitos da Obrigação Tributária

2.5 – Base de Cálculo, Alíquota e Lançamento Tributário

CAPÍTULO 3 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

3.1 – Vigência da Norma Tributária

3.2 – Aplicação da Legislação Tributária

3.3 – Princípios Gerais de Direito Tributário

CAPÍTULO 4 – ESPÉCIES DE TRIBUTOS

4.1 – Imposto

4.2 – Taxa

4.3 – Contribuição de Melhoria

4.4 – Impostos Diretos ou Indiretos, Progressivos ou Regressivos

CAPÍTULO 5 – TRIBUTOS DA UNIÃO, DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS

5.1 – Impostos

5.1.1 – Impostos da União

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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

5.1.1.1 – Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros - II

5.1.1.2 – Imposto sobre Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou

Nacionalizados – IE

5.1.1.3 – Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR

5.1.1.4 – Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI

5.1.1.5 – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a

Títulos ou Valores Mobiliários - IOF

5.1.1.6 – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR

5.1.1.7 – Imposto sobre Grandes Fortunas – IGF

5.1.1.8 – Outros Impostos

5.1.2 – Impostos dos Estados

5.1.2.1 – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens

ou Direitos – ITDMC

5.1.2.2 – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação – ICMS

5.1.2.3 – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA

5.1.3 – Impostos dos Municípios

5.1.3.1 – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU

5.1.3.2 – Imposto sobre Transmissão Inter Vivos, a Qualquer Título, por Ato

Oneroso de Bens Imóveis, por Natureza ou por Acessão Física, e de

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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

Direitos Reais sobre Imóveis, exceto os de Garantia, bem como Cessão de

Direitos a sua Aquisição – ITBI

5.1.3.3 – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (não compreendidos na área de incidência do ICMS) – ISS

5.2 – Taxas

5.3 – Contribuição de Melhoria

5.4 – Outras Espécies Tributárias

5.4.1 – Empréstimo Compulsório

5.4.2 – Outras Contribuições

5.4.2.1 – Contribuições Sociais

5.4.2.2 – Contribuição de Interesse de Categorias Profissionais

5.4.2.3 – Contribuições de Interesse de Categorias Econômicas

CAPÍTULO 6 – IMPORTÂNCIA DOS DOCUMENTOS FISCAIS

CAPÍTULO 7 – DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA

CAPÍTULO 8 – REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

8.1 – Repartição Indireta

8.2 – Repartição Direta

CAPÍTULO 9 – O FUNDEF

CAPÍTULO 10 – VINCULAÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

CAPÍTULO 11 – CONCLUSÃO

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1. ORIGEM DOS TRIBUTOS

A origem dos tributos é muito antiga. Supõe-se que as primeiras manifestações tributárias foram voluntárias e feitas em forma de presentes aos líderes tribais por seus serviços prestados à comunidade.

Os tributos passaram a ser compulsórios quando os vencidos de guerra foram forçados a entregar a totalidade ou parte de seus bens aos vencedores. Após essa época, começou a cobrança, pelos chefes de Estado, de parte da produção dos súditos.

Na Grécia, instituiu-se o tributo administrado pelo Estado como se conhece hoje.

Em Roma, cobrava-se imposto pela importação de mercadoria (portorium) e pelo consumo geral de qualquer bem (macellum).

Na Idade Média, os tributos eram cobrados como se fossem obrigações ou dádivas dos servos para com os seus senhores.

Na França de Luís XIV, o povo, onerado pelas constantes majorações tributárias, acabou por reagir violentamente, na Revolução Francesa (1789).

Os tributos tiveram origem com a evolução do homem, com a criação das primeiras sociedades.

Com a evolução das concepções de Estado, os tributos passam a ter o objetivo de propiciar o bem-estar social.

Nos primórdios, o produto da arrecadação de tributos geralmente era utilizado para armar exércitos ou para promover festas.

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O tributo hoje desempenha papel fundamental como instrumento de justiça social e de diminuição das diferenças econômicas entre classes.

Na época colonial, Portugal cobrava o “quinto” sobre as pedrarias, as “dízimas” de todos os produtos e os “direitos alfandegários” que incidiam sobre toda mercadoria importada ou exportada.

A forma mais típica de imposto no País surgiu na época das Capitanias Hereditárias, quando se iniciou a cobrança do Imposto de Consumo. Foi, entretanto, apenas com a decretação do Ato Adicional, em 12/8/1834, que se traçaram os limites e os fundamentos do Direito Tributário Nacional. Desde então, sucederam-se as disposições que criaram, alteraram e suprimiram tributos, modificando as competências tributárias.

A receita pública sempre esteve ligada aos regimes econômicos que predominaram na história da humanidade. Com o advento do capitalismo, as receitas públicas derivadas passaram a ser a principal fonte de recursos do Estado.

Por receitas derivadas entendem-se aquelas cobradas por força de lei, assim chamadas porque derivam do poder do Estado de instituir o tributo. São os tributos e as penalidades pecuniárias.

Há ainda as receitas originárias, aquelas produzidas por bens e empresas de propriedade pública. São assim chamadas porque têm origem no patrimônio do Estado.

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2. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 2.1 – Competência Tributária

Os três níveis de governo estão autorizados pela Constituição Federal – CF a instituir e cobrar tributos. Essa autorização compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações estabelecidas na própria Constituição.

Três são as espécies tributárias previstas na Constituição Federal: impostos, taxas e contribuição de melhoria.

A competência para instituir taxas e contribuição de melhoria é comum aos três níveis de governo. A instituição de imposto, entretanto, é privativa. Dessa forma, por exemplo, se aos Estados compete instituir e arrecadar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, a sua omissão não autorizaria a União ou os Municípios a instituí-lo.

Taxas e contribuição de melhoria podem ser instituídas e cobradas pelos três entes políticos, desde que promovam a atuação estatal nas hipóteses a seguir:

a)taxas: prestação de serviço ou exercício do poder de polícia;

b) contribuição de melhoria: realização de obra pública que beneficie propriedade imobiliária.

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2.2 – Obrigação Tributária

Juridicamente, uma obrigação consiste no fato de que determinada pessoa (devedora) está obrigada a satisfazer outra (credora) de uma prestação correspondente a entregar alguma coisa ou a praticar certo ato ou, ainda, a se abster de certo ato ou fato (fazer ou não fazer), sob pena de sanção.

As obrigações tributárias são de duas espécies:

a) a obrigação principal surge com o fato gerador, diz respeito ao pagamento de tributo, penalidade pecuniária ou ambos, além dos acréscimos, e cessa com a extinção do crédito tributário;

b) a obrigação acessória é uma exigência da legislação para que o sujeito passivo faça ou deixe de fazer algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos; se não cumprida, transforma-se em obrigação principal em razão da multa aplicável.

2.3 – Fato Gerador da Obrigação Tributária

Fato gerador é um evento, previsto em lei, que, no momento de sua ocorrência, faz surgir a obrigação de pagar tributo ou de fazer ou deixar de fazer algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributo.

Alguns exemplos: circulação de mercadoria é fato gerador do ICMS; ser proprietário de automóvel é fato gerador do IPVA; auferir renda é fato gerador do Imposto de Renda.

Uma obrigação tributária tem quatro elementos:a) fato gerador é a causa da obrigação tributária;b) sujeito ativo é o credor (Estado); c) sujeito passivo é o devedor; d) objeto é a prestação a ser cumprida (dar, fazer ou

não fazer).

Exemplos de obrigação tributária:

a) obrigação principal: pagar imposto, multa e juros;

b) obrigação acessória: emitir nota fiscal, escriturar livros fiscais, prestar informações ao fisco.

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2.4 – Sujeitos da Obrigação Tributária

Na relação jurídico-tributária, o sujeito ativo será, sempre, uma das pessoas jurídicas de direito público interno: União, Estado, Distrito Federal ou Município; estes são os titulares da competência conferida pela Constituição Federal para instituir, arrecadar e fiscalizar tributo.

O sujeito passivo da relação jurídico-tributária é a pessoa física ou jurídica – contribuinte ou responsável, que está obrigada a satisfazer a obrigação tributária.

Aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação tributária é chamado de contribuinte.

Há também o responsável tributário, que, por disposição expressa em lei, mesmo sem ser contribuinte, tem a obrigação de satisfazer o objeto da relação jurídico-tributária. Um exemplo desse tipo acontece com o imposto de renda retido na fonte, do qual o contribuinte é o assalariado; contudo, a fonte pagadora, por disposição expressa em lei, é responsável por reter o imposto, devendo efetuar o recolhimento à União.

2.5 – Base de Cálculo, Alíquota e Lançamento Tributário

A base de cálculo corresponde ao valor tributável na operação considerada.

A alíquota é um percentual, definido em lei, a ser aplicado sobre a base de cálculo para determinar o valor do tributo.

O lançamento tributário é um procedimento que faz nascer o crédito tributário. É atividade privativa da administração. Quando declarado pelo contribuinte, fica sujeito a homologação.

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3 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

A expressão “legislação tributária” compreende todas as fontes formais do direito tributário: leis, tratados e convenções internacionais, decretos e normas complementares.

As leis constituem o ordenamento jurídico aprovado pelas casas legislativas. Há leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas e medidas provisórias.

A lei complementar é exigida em determinados assuntos previstos na Constituição, e sua aprovação depende de número mínimo de votos favoráveis, de acordo com o regimento da casa legislativa.

As leis ordinárias têm elaboração e tramitação simplificada. A aprovação se dá por maioria simples. São elas que criam e majoram tributos.

As leis delegadas, características de regime parlamentarista de governo, são normas editadas pelo Executivo por delegação do Legislativo.

Com a CF/88, surgiram as medidas provisórias, que são normas editadas pelo Poder Executivo, com força de lei, mas que devem ser submetidas ao legislativo em trinta dias para conversão definitiva em lei; caso não apreciadas nesse prazo, perdem a validade desde a edição.

Um tributo somente poderá ser instituído se previsto na Constituição Federal e, mesmo assim, sem lei que o institua, não é possível a cobrança.

A legislação tributária compõe-se de:a) tratados e convenções internacionais;b) leis;c) decretos;d) normas complementares.

Os regulamentos dos impostos (Regulamento do ICMS – RICMS, Regulamento do Imposto de Renda – RIR, etc.) são baixados por decreto do chefe do Poder Executivo e têm a função de explicar a execução da lei que instituiu essa espécie tributária.

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Tratados e convenções internacionais são atos firmados pelo Presidente da República ou pelo Ministro das Relações Exteriores. Precisam ser referendados pelo Congresso Nacional e, após ingressar no ordenamento jurídico por meio de decreto legislativo, passam a ter força de lei ordinária. Revogam ou modificam a legislação interna, devem ser observados pela legislação posterior e não podem contrariar as disposições constitucionais.

Os decretos são regulamentares, quando disciplinam determinada lei, ou autônomos, quando tratam de atos normativos da administração. Não criam obrigações não previstas em lei nem podem contrariar texto expresso de lei ou da Constituição. Não criam nem alteram tributos; somente podem regulamentar o que já estiver previsto em lei.

Decretos regulamentam, por exemplo, obrigações acessórias, como a inscrição de contribuinte no cadastro, modelos e forma de escrituração de livros fiscais, modelos e forma de preenchimento de documentos fiscais, modelos e forma de entrega de declarações e informações para uso das repartições fiscais e outras.

Hierarquicamente inferiores a tratados e convenções, leis e decretos, as normas complementares, como portarias, resoluções, instruções normativas e outras, também tratam de tributos.

Decreto Legislativo é uma norma editada pelo Poder Legislativo que não é submetida à sanção do Presidente da República.

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O Código Tributário Nacional – CTN, instituído pela Lei n.º 5.172, de 25.10.66, corresponde à primeira codificação de Direito Tributário no Brasil e vigora desde 1º.1.67.

3.1 – Vigência da Norma Tributária

Vigência é o atributo de validade formal da lei que a torna apta a exigir o seu cumprimento pela sociedade.

A regra geral é que a própria norma fixe o início da sua vigência. Se isso não constar no texto legal, a norma começará a vigorar 45 dias após a data de sua publicação, conforme Lei de Introdução ao Código Civil. O mais usual tem sido a publicação de normas com a expressão: "Esta(e) lei, decreto, portaria, etc. entra em vigor na data de sua publicação.".

É possível, também, que a vigência seja previamente estabelecida pelo legislador, com termo fixo, condicionamento a fato ou a acontecimento futuro, ou, ainda, com subordinação da norma a situação provisória (eficácia temporária).

Quanto à vigência no espaço, a regra geral é que a norma tenha validade no território do ente tributante que a edite (União, Estado ou Município). Para que uma legislação seja válida fora de seu território (extraterritorialidade), há necessidade de que os entes firmem tratados ou convênios ou de que assim disponham normas gerais editadas pela União.

Exemplo de vigência extraterritorial da legislação tributária são as normas aplicáveis, no caso do ICMS, aos substitutos tributários (fabricantes, industriais, distribuidores, atacadistas) de produtos como cigarros, cerveja, chope, veículos, cimento, pneus, medicamentos, combustíveis e outros, por força de convênios firmados entre os Estados.

Empresas de outros Estados recolhem o imposto incidente nas operações praticadas com o Estado em cujo território a mercadoria é consumida.

Celebrado o convênio, cada unidade da federação decide aderir ou não a essa sistemática de tributação; aderindo, edita decreto para ratificar o convênio.

3.2 – Aplicação da Legislação Tributária

A incidência da legislação sobre os fatos concretos produz efeitos jurídicos, ou seja, direitos e obrigações para os envolvidos. A isso se chama aplicação da legislação, no caso, tributária.

Em matéria tributária, é fundamental o momento da ocorrência do fato gerador. Salvo alguma hipótese prevista no Código Tributário Nacional, uma norma tributária aplica-se a fatos geradores futuros ou que estejam pendentes.

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Se ficar constatado que o contribuinte, fiscalizado hoje, infringiu norma tributária há, por exemplo, três anos, a legislação aplicável ao caso é aquela que vigorava na época da infração.

Exemplo de vigência extraterritorial da legislação tributária são as normas aplicáveis, no caso do ICMS, aos substitutos tributários (fabricantes, industriais, distribuidores, atacadistas) de produtos como cigarros, cerveja, chope, veículos, cimento, pneus, medicamentos, combustíveis e outros, por força de convênios firmados entre os Estados.

Empresas de outros Estados recolhem o imposto incidente nas operações praticadas com o Estado em cujo território a mercadoria é consumida.

Celebrado o convênio, cada unidade da federação decide aderir ou não a essa sistemática de tributação; aderindo, edita decreto para ratificar o convênio.

3.2 – Aplicação da Legislação Tributária

A incidência da legislação sobre os fatos concretos produz efeitos jurídicos, ou seja, direitos e obrigações para os envolvidos. A isso se chama aplicação da legislação, no caso, tributária.

Em matéria tributária, é fundamental o momento da ocorrência do fato gerador. Salvo alguma hipótese prevista no Código Tributário Nacional, uma norma tributária aplica-se a fatos geradores futuros ou que estejam pendentes.

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3.3 - Princípios Gerais de Direito Tributário

Os princípios mencionados a seguir estão expressos na Constituição Federal, no Código Tributário Nacional ou em ambos.

a) Princípio da legalidade. Tem por finalidade garantir os direitos e os deveres individuais e coletivos, uma vez que, nos Estados democráticos, não apenas os indivíduos são subordinados à lei, mas também a própria Administração Pública.

b) Princípio da anterioridade da lei. Proíbe a exigência de tributo ou seu aumento no mesmo exercício em que publicada a lei, para evitar que o contribuinte seja surpreendido por tributação de última hora. Não se aplica a alguns impostos federais que têm finalidade reguladora, como IPI, Imposto de Importação, Imposto de Exportação, nem a Contribuições Sociais.

A legislação tributária poderá ser aplicada retroativamente em algumas hipóteses previstas no Código Tributário Nacional. Por exemplo, quando for expressamente interpretativa ou quando, tratando-se de ato não definitivamente julgado, deixar de definir alguma falta como infração ou impuser penalidade menos severa que a vigente na época da ocorrência do fato gerador.

Princípios gerais de direito tributário:

a) legalidade;b) irretroatividade da lei;c) anterioridade da lei;d) isonomia;e) uniformidade da tributação;f) capacidade contributiva;g) proibição de confisco;h) não-cumulatividade;i) imunidade recíproca.

O princípio da legalidade garante às pessoas a segurança de que somente terão de contribuir se a lei assim o estabelecer.

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c) Princípio da irretroatividade da lei. A lei não retroage, a menos que seja benigna ao contribuinte.

d) Princípio da isonomia. Aparece na Constituição de 1988 como um dos cinco direitos fundamentais. Trata-se da igualdade de todos perante a lei. Esse princípio deve ser interpretado utilizando-se a lição de Aristóteles, para quem "A verdadeira igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, à medida que se desigualam.".

e) Princípio da uniformidade da tributação. Proíbe tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção e preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município. A Constituição Federal permite, entretanto, que a União exerça política de incentivos fiscais para promover o equilíbrio entre as regiões do País. A Constituição refere-se apenas à União; esse princípio, todavia, aplica-se também aos demais entes tributantes.

f) Princípio da capacidade contributiva. Visa à justiça fiscal e social, exigindo mais de quem tem maiores condições econômicas e aliviando os contribuintes com menor capacidade de contribuição. Em respeito a esse princípio, a legislação tributária deve utilizar alíquotas progressivamente diferenciadas e redução parcial ou total de base de cálculo.

A uniformidade recai sobre o objeto, diferindo da isonomia que recai sobre as pessoas. Não admite diferenciação de tratamento tributário entre bens e serviços em razão de procedência ou de destino.

A capacidade contributiva tem como parâmetro o patrimônio, os rendimentos e a atividade econômica do contribuinte e, não, sua disponilidade financeira.

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g) Princípio da proibição de confisco. Somente a análise de cada caso permitirá dizer se há ou não confisco, uma vez que tributos com características diferentes comportam parâmetros diferentes.

h) Princípio da não-cumulatividade. Estabelece que o imposto (ICMS ou IPI) pago em etapas anteriores pode ser compensado no momento do cálculo do montante devido.

i) Princípio da imunidade recíproca. Um ente tributante não pode exigir imposto dos demais. Essa vedação não alcança as taxas e a contribuição de melhoria.

A proibição de confisco busca proteger o contribuinte contra a possibilidade de o ente tributante vir a tomar totalmente o seu patrimônio ou a sua renda.

Pela não-cumulatividade, o comerciante varejista, por exemplo, deduz, do ICMS devido pela venda de um produto, o ICMS que lhe foi cobrado pelo fabricante na ocasião da compra.

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4 – ESPÉCIES DE TRIBUTOS

A palavra “tributo” vem do latim “tributum”. Diz respeito àquilo que, por dever, se entrega ao Estado.

Características dos tributos:

a) são devidos a um ente público (União, Estado ou Município);

b) têm fundamento jurídico no poder soberano do ente tributante;

c) sua finalidade é obter meios para o atendimento das necessidades financeiras do Estado.

De acordo com o Código Tributário Nacional:

"Tributo é toda prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada."

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Explicando melhor o que é tributo:

a) “toda prestação pecuniária compulsória” – aquilo que é obrigatório dar, pagar ao Estado;

b) “em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir” – o pagamento é em dinheiro ou a lei poderá admitir que ele seja feito em algo equivalente, em moeda, ou nela conversível;

c) “que não constitua sanção de ato ilícito” – tributo não é multa; esta, sim, constitui sanção pecuniária decorrente de ato ilícito;

d) “instituído em lei” – sem lei que o institua não existe tributo;

e) “cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada” – a cobrança deve ser realizada conforme determina a lei, não comportando discricionariedade do administrador público.

A Constituição federal prevê três espécies de tributo:

a) os impostos;b) as taxas;c) a contribuição de melhoria.

De acordo com alguns doutrinadores, há ainda duas outras espécies de tributos: os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais ou parafiscais.

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4.1 – Imposto

Imposto é a quantia em dinheiro, legalmente exigida pelo poder público, que a pessoa - física ou jurídica - deverá pagar para atender às despesas feitas no interesse comum, sem levar em conta vantagens de ordem pessoal ou particular. Destina-se a cobrir as necessidades públicas gerais.

4.2 – Taxa

Taxas são cobradas em razão de serviços públicos prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição, para seu uso particular ou por interesse individual específico.

4.3 – Contribuição de Melhoria

Contribuição de melhoria pode ser cobrada dos proprietários de imóveis beneficiados pela construção de obras públicas.

4.4 – Impostos Diretos ou Indiretos, Progressivos ou Regressivos

Imposto direto é aquele em que a pessoa que paga (contribuinte de fato) é a mesma que faz o recolhimento aos cofres públicos (contribuinte de direito). Por exemplo, Imposto de Renda, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, Imposto Predial e Territorial Urbano.

Imposto indireto é aquele em que o contribuinte de fato não é o mesmo que o de direito. O exemplo clássico é o ICMS. É falsa a idéia de que o comerciante é sempre quem paga esse imposto; em geral, ele simplesmente recebe do consumidor e recolhe ao Estado o imposto que está embutido no preço da mercadoria vendida.

Os tributos devem ter eficiência e simplicidade. Devem servir para o custeio da máquina pública e para investimento, não, para complicar a vida do cidadão.

No Brasil, a carga tributária é constituída principalmente de impostos indiretos e regressivos, o que dificulta uma distribuição de renda socialmente justa.

Os impostos diretos tributam o patrimônio e a renda. Em tese, quanto maior a riqueza, maior a tributação.

Em algumas situações, como a importação de bens, a incorporação de equipamentos ao patrimônio da empresa e outras, é o comerciante ou o industrial quem paga o ICMS.

A remuneração dos serviços públicos decorrentes de concessão (água, energia elétrica, esgoto, telefone e outros) dá-se pelo pagamento de tarifas, que não estão sujeitas às normas legais do Sistema Tributário, ou seja, não são tributos.

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Imposto progressivo é aquele cujo percentual vai aumentando conforme a capacidade econômica do contribuinte. O Imposto de Renda é o típico imposto direto e progressivo: existe uma faixa de rendimentos isentos, acima da qual as alíquotas aumentam à medida que os rendimentos ficam maiores.

Imposto regressivo é aquele que não considera o poder aquisitivo nem a capacidade econômica do contribuinte. Com isso, quem gasta praticamente tudo o que ganha no consumo de produtos, como é o caso de muitos assalariados, proporcionalmente contribui mais do que aqueles que têm possibilidade de poupar ou de investir.

O ICMS e o IPI são tributos indiretos e regressivos. Isso significa que, proporcionalmente, quem ganha menos paga mais. Independentemente da capacidade contributiva, todos pagam o mesmo imposto, que está embutido no preço de um produto.

A carga tributária no Brasil nem está elevada para os padrões mundiais, como geralmente enfatizam os empresários, nem vem caindo como é alegado pelo governo. De fato, o que ocorre é sua má distribuição.

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5 – TRIBUTOS DA UNIÃO, DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS

5.1 – Impostos

5.1.1 – Impostos da União

Cabem à União os seguintes impostos:

5.1.1.1 – Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros – II

Possui as seguintes características:

fato gerador: é a entrada de produto estrangeiro em território nacional;

contribuinte: é o importador ou o arrematante quando se tratar de produtos apreendidos ou abandonados;

base de cálculo: é o preço normal do produto, quando da importação;

alíquotas: podem ser alteradas a qualquer tempo, pelo Poder Executivo, desde que respeitados limites e condições fixados em lei.

5.1.1.2 – Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou Nacionalizados – IE

Possui as seguintes características:

fato gerador: é a saída de produtos do território nacional;

contribuinte: é o exportador;

base de cálculo: é o preço normal do produto quando da exportação;

alíquotas: podem ser alteradas a qualquer tempo, pelo Poder Executivo, desde que respeitados limites e condições fixados em lei.

O Imposto de Importação tem a finalidade de regular o comércio exterior. Quando se quer estimular a importação de determinado produto, sua alíquota é reduzida ou zerada; quando se deseja o contrário, sua alíquota é aumentada.

O Imposto de Exportação é um tributo com finalidade regulatória, somente utilizado quando o país tem interesse em desestimular a exportação de determinado produto nacional.

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MÓDULO III - SISTEMA TRIBUTÁRIO BRASILEIRO

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO FISCAL 23

5.1.1.3 – Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza – IR

Possui as seguintes características:

fato gerador: é a renda, ou seja, o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, e os proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda;

contribuinte: é o titular da renda ou dos proventos;

base de cálculo: é o montante da renda ou dos proventos tributáveis;

alíquotas: são progressivas e variáveis para as pessoas físicas e para as pessoas jurídicas.

O Imposto de Renda é o mais importante dos tributos diretos. É progressivo, na medida em que há alíquotas diferenciadas, além da faixa de isenção.

5.1.1.4 – Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI

Possui as seguintes características :

fato gerador: o desembaraço aduaneiro, quando o produto for de

procedência estrangeira;

a saída dos produtos industrializados de estabelecimento importador, industrial, comerciante ou arrematante;

a arrematação de produto, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão;

O Imposto de Renda Pessoa Física incide basicamente sobre os vencimentos percebidos pelos trabalhadores e a renda dos profissionais liberais. O Imposto de Renda Pessoa Jurídica é baseado no lucro das empresas.

O IPI é um imposto sobre o consumo, pois quem suporta o seu encargo, em última análise, é o consumidor final.

O Imposto de Renda é o mais representativo tributo direto da União. É progressivo, na medida em que há alíquotas diferenciadas. Incide sobre a renda ou os proventos de qualquer natureza.

O Imposto de Renda descontado dos rendimentos dos servidores públicos dos Estados e dos Municípios constitui receita dessas esferas.

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contribuinte:

o importador ou quem a lei a ele equiparar;

o industrial ou quem a lei a ele equiparar;

o comerciante de produtos sujeitos ao imposto;

o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados;

base de cálculo:

o valor da operação, acrescido do imposto de importação e demais despesas;

o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria do estabelecimento importador, industrial ou arrematante; na falta desse valor, o preço corrente da mercadoria ou sua similar no mercado atacadista da praça do remetente;

o preço da arrematação de produtos apreendidos ou abandonados;

alíquotas: variam em função da essencialidade dos produtos;

não-cumulatividade: ao final de cada período de apuração, o contribuinte, por mecanismo de débito e crédito, deduz do imposto referente aos produtos saídos o imposto pago relativamente aos produto entrados.

O IPI é não-cumulativo; o montante devido resulta da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o imposto pago relativamente aos produtos nele entrados.

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5.1.1.5 – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF

Possui as seguintes características:

fato gerador: depende da espécie de operação financeira; nas operações de crédito, é o valor objeto da operação; nas operações de câmbio, é a efetivação da operação (troca de moedas); nas operações de seguro, é a emissão da apólice; nas operações relativas a títulos e valores mobiliários, é a emissão, a transmissão, o pagamento ou os resgates desses títulos, na forma da legislação específica;

contribuinte: é quem se beneficia da operação financeira;

base de cálculo: é o valor da operação;

alíquotas: podem ser alteradas administrativamente em razão da política econômica do governo federal, não estando sujeitas ao princípio da anterioridade.

5.1.1.6 – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR

Possui as seguintes características: fato gerador: é a propriedade de imóvel localizado fora

da zona urbana do Município;

contribuinte: é o proprietário;

base de cálculo: é o valor da terra nua, a ser fornecido pelo contribuinte em sua declaração;

alíquotas: são variáveis, conforme o percentual de utilização da propriedade, em escala constante na lei e que leva em consideração também a área total do imóvel e sua localização geográfica no Brasil.

A principal função do IOF é servir de instrumento de política econômica.

Com a Constituição de 1988, o produto da arrecadação do ITR passou a ser repartido igualmente entre União e Município, permanecendo, no entanto, na competência tributária federal. As alíquotas são variáveis, em função de critérios como localização, área total da propriedade, percentual de utilização da área, e incidem sobre o valor da terra nua.

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5.1.1.7 – Imposto sobre Grandes Fortunas - IGF

Apesar de autorizado constitucionalmente, esse imposto ainda não foi instituído pela União. Sua instituição depende de lei complementar.

5.1.1.8 – Outros impostos

A União poderá, ainda, instituir impostos extraordinários, em caso de guerra externa ou sua iminência, e impostos residuais, desde que sejam criados por lei complementar, sejam não- cumulativos e que não tenham fato gerador ou base de cálculo própria de quaisquer dos impostos já previstos na Constituição.

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5.1.2 – Impostos dos Estados

Aos Estados e ao Distrito Federal cabem os seguintes impostos:

5.1.2.1 – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos - ITCMD

Incide sobre a transmissão de quaisquer bens ou direitos, desde que decorrentes de causa mortis ou a título gracioso (doação).

Possui as seguintes características: fato gerador: é a transmissão por morte ou por doação de

quaisquer bens ou direitos;

contribuinte: é o herdeiro ou o legatário, ou seja, quem recebe a herança ou o legado, no caso de transmissão causa mortis, e o donatário, no caso de doação;

base de cálculo: é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos;

alíquotas: variam de 2% e 4%.

5.1.2.2 – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS

Possui as seguintes características: fato gerador: é a circulação de mercadoria (inclui minerais,

combustíveis e energia elétrica), a prestação de serviços de transporte intermunicipal e interestadual e a prestação de serviços de comunicação (somente quando a comunicação for onerosa);

contribuinte: é aquele que promover a operação ou a prestação objeto de incidência do imposto;

O ITCMD é um imposto sobre heranças, legados ou doações. Paga quem recebe a herança ou o legado e quem recebe a doação, e as alíquotas incidem sobre o valor venal dos bens ou direitos.

Para facilitar a arrecadação e o controle, no caso de produtos como cerveja, chope, refrigerantes, medicamentos, pneus, cimento, tinta, cigarros, etc., o ICMS é recolhido por substituição tributária, sendo responsável pelo recolhimento o industrial/ fabricante. A tributação não ocorre, portanto, no comércio varejista.

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base de cálculo: é o valor da operação de circulação de mercadoria ou da prestação de serviço;

alíquotas: têm limites fixados pelo Senado Federal e suas reduções são condicionadas à aprovação de todos os Estados mediante convênio; variam conforme as regiões do país e de acordo com a natureza do produto;

não-cumulatividade: ao final de cada período de apuração, o contribuinte, por mecanismo de débito e crédito, deduz do imposto relativo às operações que praticou o imposto já pago em operações ou prestações anteriores.

5.1.2.3 – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA

Possui as seguintes características: fato gerador: é a propriedade de veículo automotor de

qualquer espécie (aeronaves, embarcações, automóveis, caminhões, motocicletas, enfim, qualquer veículo cuja propulsão dependa de motorização);

contribuinte: é o proprietário do veículo;

base de cálculo: é o valor venal do veículo;

alíquotas: diferem conforme a espécie de veículo.

Energia elétrica, telefonia, TV por assinatura e transporte intermunicipal e interestadual são tributados pelo ICMS.

Embora se trate de imposto de competência estadual, o produto da arrecadação do IPVA é dividido igualmente entre o Estado e o Município em cujo território o veículo é emplacado.

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5.1.3 – Impostos dos Municípios

Aos Municípios cabem os seguintes impostos:

5.1.3.1 – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana - IPTU

Possui as seguintes características:

fato gerador: é a propriedade de imóvel situado na zona urbana do Município;

contribuinte: é o proprietário do imóvel;

base de cálculo: é o valor venal do imóvel;

alíquotas: são estabelecidas pela lei municipal, em geral maiores para os imóveis não construídos (terrenos).

5.1.3.2 – Imposto sobre a Transmissão Inter Vivos, a Qualquer Título, por Ato Oneroso, de Bens Imóveis, por Natureza ou por Acessão Física, e de Direitos Reais sobre Imóveis, exceto os de Garantia, bem como Cessão de Direitos e sua Aquisição - ITBI

Possui as seguintes características: fato gerador: é a transmissão inter vivos, a qualquer título,

por ato oneroso;

contribuinte: pode ser qualquer das partes na operação tributada;

base de cálculo: é o valor venal do imóvel;

alíquotas: são estabelecidas pela legislação de cada Município.

Em vários Municípios, a arrecadação do IPTU está muito aquém das possibilidades. Há administradores que não o arrecadam por temer a reação da população.

A diferença fundamental do ITBI, de competência municipal, em relação ao ITCMD, de competência estadual, está no fato de o ITBI incidir sobre transmissão inter vivos, por ato oneroso – compra e venda, enquanto o ITCMD incide sobre doação e transmissão causa mortis.

Com relação ao IPTU, a Constituição admite o uso de alíquotas progressivas com o objetivo de que a propriedade atenda à sua função social.

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5.1.3.3 – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (não compreendidos na área de incidência do ICMS) - ISS

Possui as seguintes características:

fato gerador: é a prestação de serviços que não estejam compreendidos na área de incidência do ICMS;

contribuinte: é o prestador do serviço;

base de cálculo: é o valor do serviço prestado;

alíquotas: são fixadas pela legislação municipal.

5.2 - Taxas

A taxa é um tributo que exige a atuação estatal direta em relação ao contribuinte; seu pagamento representa a contrapartida de determinado serviço prestado pelo poder público.

Taxas podem ser cobradas pela União, pelos Estados e pelos Municípios. Classificam-se em:

a) taxas de polícia, quando decorrem do exercício do poder de polícia pelo ente estatal ( ex.: fornecimento de alvará de licença de localização e funcionamento, alvará de construção, etc.);

b) taxas de serviços, quando decorrem de serviço público específico e divisível utilizado pelo contribuinte ou posto à sua disposição (ex.: coleta de lixo).

Entre as muitas atividades sujeitas ao ISS, encontram-se os serviços prestados por: médicos, dentistas, psicólogos, hospitais, alfaiates, costureiros, engenheiros, arquitetos, barbeiros, cabeleireiros, esteticistas, massagistas, contadores, advogados, corretores, secretários, tradutores, fotógrafos, estabelecimentos de ensino, lavanderia, setores de cobrança, transportadoras intramunicipais, hotéis, etc.

O valor da taxa está limitado ao custo do serviço.

As taxas podem ser instituídas e cobradas por quaisquer dos entes tributantes, desde que efetuada a prestação de serviço que dá sustentação ao seu fato gerador.

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5.3 – Contribuição de Melhoria

A Contribuição de Melhoria é um tributo que decorre de atuação estatal indiretamente relacionada com o contribuinte. Sua cobrança é possível sempre que, em decorrência de realização de obra pública, for beneficiada a propriedade imobiliária.

Pode ocorrer que, em relação a uma mesma obra pública, o contribuinte esteja sujeito a pagar contribuição de melhoria às três esferas (União, Estados e Municípios), na hipótese de ela ter sido realizada conjuntamente, com cada nível estatal utilizando-se de seus próprios recursos orçamentários.

5.4 – Outras Espécies Tributárias

5.4.1 – Empréstimo Compulsório

Somente à União cabe instituir empréstimos compulsórios, que poderão ser exigidos:a) nas hipóteses de despesas extraordinárias decorrentes de

calamidade pública, de guerra externa ou de sua iminência, sem que seja observado o princípio da anterioridade da lei;

b) para investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observando-se nesse caso o princípio da anterioridade.

A contribuição de melhoria pode ser instituída e cobrada por quaisquer dos entes tributantes, desde que realizada a obra pública que dá sustentação ao fato gerador desse tributo.

O empréstimo compulsório é restituível; deve ser devolvido ao contribuinte.

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5.4.2 – Outras Contribuições

Outras contribuições, exigidas compulsoriamente da sociedade, classificam-se em:

a) contribuições sociais;b) contribuições de interesse de categorias profissionais;c) contribuições de interesse de categorias econômicas.

5.4.2.1 – Contribuições Sociais

A contribuição social é a fonte de financiamento do sistema de seguridade social, responsável pelos serviços prestados pelo Estado em decorrência dos direitos sociais inseridos na Constituição Federal.

Entre as contribuições sociais existentes no País, encontram-se: FGTS, PIS, PASEP, FUNRURAL, COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), etc.

A competência para instituição de contribuições sociais ou parafiscais é exclusiva da União, ressalvada a possibilidade de Estados e Municípios instituírem contribuição social, descontada de seus servidores, para custeio de sistemas de previdência e assistência social.

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5.4.2.2 – Contribuição de Interesse de Categorias Profissionais

São contribuições instituídas no interesse de categorias profissionais com profissões legalmente regulamentadas, destinadas a custear as atividades de controle, fiscalização e disciplina do exercício profissional.

Classificam-se aqui as anuidades cobradas pelos Conselhos Federais, por meio dos Conselhos Regionais, de categorias profissionais como: advogados, engenheiros, contabilistas, assistentes sociais, médicos, corretores de imóveis e outros.

5.4.2.3 – Contribuições de Interesse de Categorias Econômicas

Trata-se de contribuições compulsórias cobradas de empregadores e empregados para entrega a órgãos de defesa de seus interesses, como sindicatos e entidades de ensino ou de serviço social - SESI, SENAI, SESC, SENAC, SENAR, SEBRAE.

A contribuição de intervenção no domínio econômico é exigida como contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado grupo ou coletividade.

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6 – IMPORTÂNCIA DOS DOCUMENTOS FISCAIS

A legislação prevê uma diversidade de documentos, utilizáveis conforme o tipo de operação realizada pelo contribuinte.

Os documentos fiscais com que as pessoas geralmente têm mais contato no dia-a-dia são as notas fiscais e os cupons fiscais.

Com respeito aos impostos indiretos, cujo pagamento, em última análise, recai sobre o consumidor final, os documentos fiscais que o contribuinte de direito – aquele que efetua o recolhimento do tributo, deve emitir nas operações sujeitas à incidência têm fundamental importância para o controle da arrecadação e para a apuração de valores sonegados ao Estado.

Cada imposto estabelece as espécies de documento fiscal que devem ser utilizadas pelo contribuinte, sendo que alguns impostos se servem de documentos já exigidos por outros.

A nota fiscal e o cupom fiscal não devem ser confundidos com documentos emitidos, principalmente no comércio varejista (mercados, restaurantes, bares, padarias, farmácias, comércio de material de construção e outros), com características semelhantes às dos documentos fiscais e que recebem nomes como comanda, orçamento, pedido, controle, controle interno, nota de controle, romaneio, senha, uso interno, conferência ou, simplesmente, nenhuma denominação.

Os documentos exigidos pela legislação do ICMS também são utilizados pela legislação do IPI.

Os documentos exigidos pelo ICMS e pelo ISS servem de base para a apuração de tributos federais que tomam por base o faturamento (PIS e COFINS), assim como para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e para o Imposto de Renda, pois estes dois últimos, embora não incidindo diretamente sobre o faturamento, têm nele o ponto de partida, tanto quando o recolhimento é feito com base no lucro real, como na hipótese de pagamento com base no lucro presumido.

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O cupom fiscal é emitido por equipamentos autorizados pelo Fisco, como as máquinas registradoras com memória fiscal e os Emissores de Cupom Fiscal – ECF.

Esse documento fiscal é facilmente identificável, pois nele sempre está impressa a expressão “Cupom Fiscal”. O documento emitido por ECF, além da designação “Cupom Fiscal”, traz impresso um símbolo estilizado, que é chamado de logotipo fiscal, “BR” , e descreve a mercadoria vendida.

Outra característica do equipamento ECF é que ele deve possuir visor integrado para possibilitar a visualização, pelo consumidor, da descrição e do preço da mercadoria que está sendo registrada.

Quando os documentos fiscais são devidamente emitidos pelo contribuinte, reduz-se a possibilidade de evasão dos valores dos tributos incidentes sobre a operação.

É importante lembrar, ainda, que a exigência e a guarda dos documentos fiscais por parte do consumidor facilitarão o exercício de seus direitos assegurados no Código de Defesa do Consumidor.

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7 – DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA

Algumas situações, em que determinado fato jurídico não está alcançado pela tributação, constituem as chamadas hipóteses de desoneração tributária:

a) não-incidência: ocorre quando algum elemento essencial a que o fato gerador se configure está ausente; por exemplo, a prestação de serviço de transporte no âmbito intermunicipal, que é fato gerador do ICMS, não está no campo de incidência do ISS porque não consta na “Lista de Serviços” publicada em lei complementar;

b) imunidade: a Constituição Federal expressamente enumera as hipóteses de imunidade, que é uma espécie de não-incidência artificial; trata-se de situações ou fatos que em princípio ensejariam a ocorrência do fato gerador, mas que, por razões várias, foram retiradas pelo legislador constituinte do campo de abrangência do tributo;

c) isenção: é a dispensa legal do tributo devido, por parte do ente que detém o poder de instituí-lo; ocorre o fato gerador, mas, mediante lei específica, o ente tributante dispensa o pagamento que seria devido;

d) suspensão: ocorre o fato gerador; o pagamento do imposto não é dispensado, mas adiado para momento posterior e a responsabilidade por esse pagamento continua com o mesmo contribuinte;

e) diferimento: ocorre o fato gerador; o imposto não tem o pagamento dispensado, mas, sim, adiado para momento posterior, com transferência de responsabilidade.

Livros, jornais, periódicos e papel destinado à sua impressão têm imunidade constitucional, que não se estende aos que os fabricam ou comercializam. ¼

A imunidade prevista na Constituição Federal refere-se somente a impostos, não, aos demais tributos.

A expressa determinação contida na CF/88 de que União, Estados, Distrito Federal e Municípios estão proibidos de instituir impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços uns dos outros é um exemplo de imunidade.

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8 – REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

O atual sistema tributário, em razão das peculiaridades dos principais impostos, concentra a arrecadação na União e nos Estados. Assim sendo, a União reparte um percentual de suas receitas com os Estados e com os Municípios e parte das receitas dos Estados são divididas com os Municípios.

A Constituição Federal prevê mecanismo para repartição das receitas.

A repartição dá-se de forma direta ou indireta. Direta, quando um percentual de um imposto arrecadado pela União ou pelo Estado é repartido com outro ente em uma relação simples, determinada pela Constituição. Indireta, quando são formados fundos, e a repartição depende de rateios previstos na legislação.

8.1 – Repartição Indireta

ICMS: 25% do ICMS arrecadado pelos Estados pertence aos Municípios; o principal critério para distribuição é o movimento econômico do Município;

IR e IPI: 47% do produto da arrecadação desses impostos pela União é dividido da seguinte forma:

21,5% para o Fundo de Participação dos Estados-FPE, que é dividido entre as Unidades Federadas, observando-se critérios da legislação;

A chamada “Lei Kandir” - Lei Complementar 87/96, ampliou a desoneração tributária na exportação de mercadoria e serviços para o exterior do País, provocando perdas de arrecadação para todos os Estados e, conseqüentemente, para os Municípios. Para compensar parte dessas perdas, a Lei Kandir previu critérios de ressarcimento.

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22,5% para o Fundo de Participação dos Municípios-FPM, que é distribuído aos Municípios, observados alguns critérios da legislação; essa constitui a principal fonte de arrecadação da maioria dos Municípios do Brasil;

3,0% para os programas de financiamento do setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.; do total que cabe ao Nordeste, 50% são destinados à região semi-árida;

IPI: 10% do produto da arrecadação desse imposto pela União é distribuído aos Estados, proporcionalmente às suas exportações de produtos industrializados, limitado a 20%, no máximo, para cada Estado; por sua vez, cada Estado entrega 25% do que recebe aos Municípios, obedecidos os critérios, de competência estadual, de repartição do ICMS.

8.2 – Repartição Direta

IR: Aos Estados e Municípios cabe o produto da arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRPF) sobre os rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e fundações;

ITR: 50% do produto da arrecadação do ITR, de competência da União, cabe aos Municípios em cujo território está localizado o imóvel;

IPVA: 50% do que o Estado arrecadar com o IPVA, é repartido com o Município onde estiver licenciado o veículo;

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9 – O FUNDEF

A Emenda Constitucional 14/96 estabeleceu outra forma de repasse referente aos recursos arrecadados com impostos, criando, no âmbito de cada Estado, um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério, conhecido pela sigla FUNDEF e composto por 15% (quinze por cento) dos recursos:

a) destinados ao FPE;

b) destinados ao FPM;

c) do fundo de ressarcimento às exportações (10% do IPI);

d) do fundo de ressarcimento pela desoneração decorrente da LC 87/96;

e) do ICMS que cabe aos Estados;

f) do ICMS que cabe aos Municípios.

O rateio do FUNDEF é feito entre o Estado e os seus Municípios, proporcionalmente ao número de alunos matriculados no ensino de 1º grau, sendo que, aos valores recebidos, deverão ser acrescidos:

a) pelo Estado, 15% da parte da arrecadação que lhe cabe no IPVA e 15% do que arrecadar com o ITCMD;

b) pelo Município, 15% do que arrecadar com os impostos municipais (ISS, Inter Vivos e IPTU) e 15% da parte que receber do IPVA.

O objetivo do FUNDEF é corrigir disparidades regionais e sociais, permitindo a ampliação da oferta de ensino de 1º grau e ao mesmo tempo a valorização do magistério, pois impõe que 60% de seus recursos sejam destinados ao pagamento de professores do ensino fundamental em efetivo exercício no magistério.

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10 – VINCULAÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS

A Constituição Federal impede que a lei do orçamento ou qualquer outra vincule percentuais ou volume de arrecadação de impostos a qualquer órgão, fundo ou despesa, ressalvando apenas vinculações constitucionais estabelecidas, como, por exemplo, a de que a União deve aplicar nunca menos que 18% e os Estados e Municípios, nunca menos que 25% da receita com impostos, inclusive transferências recebidas em razão de impostos repartidos, na Educação. 11 – CONCLUSÃO

O tributo é cobrado porque ele é o custo do contrato social, da vida em sociedade. Infelizmente, muitos parecem pensar e agir como se os benefícios sociais fossem gratuitos; na verdade, os bens e serviços públicos são custeados pelos tributos pagos pelo cidadão.

Diretamente, os tributos revertem para a sociedade em forma dos bens e serviços públicos, tais como: segurança pública, saúde, educação, justiça, sistemas de transportes, etc.

Indiretamente, seu retorno para a vida social está nos efeitos na distribuição de renda (em tese, ao arrecadar dinheiro de quem tem para distribuir a quem não tem, os tributos potencialmente reduzem as desigualdades sociais), no incentivo ao desenvolvimento regional ou setorial, na regulação do comércio interno e externo.

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BIBILIOGRAFIA

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. A questão fiscal e os trabalhadores. 1993.

FONTANELLA, Francisco Ricieri. Finanças Públicas: Lições introdutórias destinadas aos docentes do Programa de Educação Fiscal. Estado de Santa Catarina. Versão 6.9. junho de 2000.

GAMA, Heleny Uccello e Cássio R. Junqueira de Souza. Cidadania, Educação e Finanças Públicas. Folha do Fazendário – Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo. janeiro de 2000.

SANTOS, Márcia Cristina Vaz e Antônio Luiz Pinto de Toledo. Código Tributário Nacional – 28° ed. São Paulo. Editora Saraiva. 1999.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO E FAZENDA. Vitória – ES. A História dos Tributos: Uma Conquista do Homem. 1993.

SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA DE SERGIPE. Trabalhando a Educação Fiscal como Tema Transversal – A Função Social dos Tributos. 2000.

SENADO FEDERAL, Subsecretaria de Edições Técnicas. Constituição da República Federativa do Brasil. 2000.

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COORDENAÇÃO GERAL

SECRETARIA EXECUTIVA DO GEF

CONCEPÇÃO E REDAÇÃO

HELENY UCCELLO GAMA – Escola Fazendária do Estado de São Paulo

MÁRCIA TEREZINHA JERÔNIMO OLIVEIRA – Secretaria de Estado da Fazenda de Sergipe

ODENOR AQUINO DA SILVA – Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso

WANDERLEY PERES DE LIMA – Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina

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