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○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ARTIGO DE REVISÃOActa Med Port 2010; 23: 677-688

SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA

E sua Modulação Farmacológica

Recebido em: 28 de Janeiro de 2009Aceite em: 30 de Agosto de 2009

O sistema-renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) é um sistema neuroendócrino com-plexo responsável pela modulação do equilíbrio hidroelectrolítico e regulação da pressãoarterial. Através das suas múltiplas interacções contribui para a protecção do tecidoendotelial, cardíaco, cerebral e renal. Adicionalmente, regula ainda a resposta do endotélioà inflamação e lesão. A sua activação crónica/desregulação induz hipertensão e perpetu-ação de uma cascata pró-inflamatória, pró-trombótica e aterogénica, que está na base dalesão de vários órgãos-alvo (coração, cérebro, rim, endotélio). Consequentemente, o SRAAconstitui um alvo terapêutico importante nestas situações. O artigo aborda a fisiologia,patofisiologia e mecanismos de modulação farmacológica do SRAA.

RENIN-ANGIOTENSIN-ALDOSTERONE SYSTEM (RAAS)And its Pharmacologic Modulation

The renin-angiotensin-aldosterone system (RAAS) is a neuroendocrine complex systemthat regulates the modulation of salt and water homeostasis, and regulation of bloodpressure. Through its multiple interactions it protects the endothelium, heart, brain andkidney. In addition, the RAAS regulates the vascular response to injury and inflammation.Chronic activation/dysregulation of the RAAS leads to hypertension and perpetuates acascade of proinflammatory, prothrombotic and atherogenic effects associated with end-organ damage (heart, brain, kidney, endothelium). Consequently, the RAAS is an importanttherapeutic target in these situations. This article presents an overview of physiology,pathophysiology and pharmacologic modulation of the RAAS.

R E S U M O

S U M M A R Y

A.G., I.P., M.H.R.: Serviço deEndocrinologia, Diabetes eMetabolismo. Hospital de San-to António (CHP). Porto

© 2010 CELOM

Anabela GIESTAS, Isabel PALMA, Maria Helena RAMOS

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Angiotensina IECA 2ECA

Ang.(1-7)Ang.II

Aumenta pressão

Reduz pressão

ECA 2

Receptor MAS

Receptor tipo 1 Ang.II

Anabela GIESTAS et al, Sistema renina-angiotensina-aldosterona e sua modulação farmacológica, Acta Med Port. 2010; 23(4):677-688

INTRODUÇÃO

O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) éuma cascata hormonal envolvida no controlo da pressãoarterial, volemia e equilíbrio hidroelectrolítico. A desregu-lação do SRAA desempenha um papel importante na pato-génese de doenças renais, cardiovasculares e na hiper-tensão arterial (HTA).

Em 1898, Robert Tigerstedt e Per Bergman publicaramum estudo onde mostraram um aumento da tensão arterialao injectarem extractos de córtex renal em coelhos, e suge-riram que este aumento tensional se devia a uma proteínasolúvel produzida pelos rins que designaram de renina1.Levou mais meio século até que fossem identificados osoutros elementos deste complexo sistema e articuladosnum modelo que tem servido de base à compreensão dafisiopatologia da HTA2.

FisiologiaOs principais elementos da cascata englobam o angio-

tensinogénio, a renina, a angiotensina I (Ang.I), a enzimaconversora de angiotensina (ECA) e a angiotensina II(Ang.II).

O angiotensinogénio consiste numa α-2 globulina de411 aminoácidos segregada pelo fígado e cuja produção éestimulada em resposta aos glicocorticoides, estrogéniose citocinas inflamatórias (interleucina-1, factor de necrosetumoral)3. Circula no plasma como um péptido biologica-mente inactivo, servindo de substrato à renina.

A renina regula a etapa limitante do SRAA ao clivar aporção N-terminal do angiotensinogénio para formar odecapéptido inactivo Ang.I e é sintetizada por célulasjustaglomerulares como uma preprohormona. A renina ac-tiva forma-se apartir da remoção proteolítica de um seg-mento péptido na região N-terminal da prorenina, o pre-cursor da renina. A secreção da renina activa é reguladaprincipalmente pelos seguintes factores:

a) Alterações na concentração de cloreto de sódio(NaCl) detectadas pela mácula densa do tubo distal (quejuntamente com as células justaglomerulares formam oaparelho justaglomerular);

b) Mecanismo baroreceptor renal na arteríola aferentesensível a alterações da pressão de perfusão renal;

c) Estimulação nervosa simpática via receptoresadrenérgicos β-1;

d) Feedback negativo por acção directa da Ang.I nascélulas justaglomerulares4.

A secreção de renina é estimulada por reduções dapressão de perfusão ou do conteúdo de NaCl e por au-mento da actividade simpática.

A enzima conversora de angiotensina (ECA), descritaem 1956, é uma dipeptidil-carboxilase que activa um vaso-constritor potente ao converter a Ang.I (10 aminoácidos)em Ang.II (8 aminoácidos). Exerce ainda um efeito anti-vasodilatador ao inactivar o sistema das cininas (bradici-nina, substância P)5. Está presente no endotélio vascularsistémico (60%), sendo mais abundante no endotélio vas-cular pulmonar (40%).

A angiotensina II (Ang.II) circula no plasma como umoctapéptido [Ang.(1-8)] biologicamente activo1. Tem ori-gem no pulmão e localmente em vários tecidos (rins, cora-ção, cérebro, adrenais e vasos). O seu tempo de semividaé curto (≈ 2 min) devido à rápida clivagem em Ang.III e IV,através da remoção de aminoácidos da porção N-terminalpelas aminopeptidases. Existe ainda um heptapéptido[Ang.(1-7)] formado a partir da Ang.I ou da clivagem daporção C-terminal da Ang.II, por acção de carboxipep-tidases, uma das quais possui homologia estrutural com aECA, designando-se ECA2 (figura 1). Ao contrário da ECA,esta enzima leva à formação de péptidos com efeitos pre-dominantemente vasodilatadores, nomeadamente, aAng.(1-7), a qual actua em receptores específicos (recep-tor Mas) que exercem uma acção vasodilatadora ecardioprotectora6.

Os efeitos vasoconstritores da Ang.II devem-se à sualigação aos receptores tipo 1, porém, já foram identifica-dos até à data quatro tipos diferentes de receptores deangiotensina (quadro 1)7.

Os receptores tipo 1 (AT1-R) medeiam a maioria dosefeitos fisiológicos e patofisiológicos atribuídos à Ang.II.A ligação a estes receptores, amplamente distribuídos peloorganismo, resultam em vasoconstrição, inflamação, stressoxidativo, transcrição de factores de crescimento respon-sáveis pela proliferação celular, efeitos cardiovasculares

Fig.1 – Angiotensina (1-7) e receptor MAS

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(aterogenicidade; aumento da contractibilidade miocárdica;hipertrofia venticular; remodeling; aumento das arritmias),estimulação da actividade do sistema nervoso simpático(SNS), efeitos renais (aumento da reabsorção de sódio notubo proximal; inibição da libertação da renina; vasocons-trição arteriolar renal, preferencialmente da arteríola efe-rente, com consequente aumento da taxa de filtração glo-merular e redução do fluxo sanguíneo renal), libertação dahormona antidiurética (ADH) na hipófise posterior, efei-tos no córtex da suprarenal com libertação de aldosteronana zona glomerulosa e retenção de sódio e água a nível dotubo distal5,8.

Os receptores tipo 2 (AT2-R) são abundantes em vári-os tecidos durante o período fetal, mas o seu número dimi-nui após o nascimento. A activação destes receptores pro-duz efeitos benéficos, como vasodilatação, anti-prolifera-ção (fibroblastos, endotélio, miócitos), melhoria da fun-ção cardíaca e diminuição da reabsorção de sódio no tuboproximal9.

A função dos receptores tipo 3 (AT3-R) não está bemesclarecida, mas os receptores tipo 4 (AT4-R) induzem alibertação do inibidor do activador de plasminogénio 1(IAP-1) através da ligação da Ang.II e seus péptidos N-terminais (Ang. III e IV)7.

A Ang. II pode ainda interferir com toda a sinalizaçãointracelular dos receptores de insulina, impedindo adeslocação dos receptores de glicose, sendo assim umadas bases fisiopatológicas da insulinoresistência.

Estudos recentes identificaram a presença de recepto-res de membrana angiotensina independentes específicospara a renina e prorenina em vários tecidos (placenta, cé-rebro, coração, endotélio vascular e rim)10. Estes recepto-res têm uma acção pró-fibrótica e pró-inflamatória, estimu-lam a proliferação celular e poderão contribuir para o de-senvolvimento de nefropatia diabética experimental.

Existe ainda evidência de produção local de Ang.II emvários tecidos (cardíaco, renal, encefálico, endotélio vas-cular, tecido adiposo). A desregulação deste SRAA local

Quadro 1 – Subtipos de receptores da angiotensina II

AT1-R (Receptor Tipo 1 de Angiotensina)·• Vasoconstrição• Inflamação• Stress oxidativo• Proliferação celular• Efeitos cardiovasculares: ↑aterogenicidade; ↑contractibilidade miocárdio; ↑HVE, remodeling; ↑arritmias; ↑acti-vidade SNS• Efeitos renais: ↑ reabsorção Na+ no tubo proximal; Inibe libertação renina• Vasoconstrição arteriolar (+eferente)• Efeitos cortex SR (zona glomerulosa): libertação aldosterona• Efeitos SNC: libertação ADHAT2-R (Receptor Tipo 2 de Angiotensina)• Desenvolvimento tecido fetal• Vasodilatação• Inflamação• Apoptose• Anti-proliferação (fibroblastos, endotélio, miócitos)• Composição MEC• Melhoria função cardíaca e ↓efeito cronotrópico• ↓ reabsorção Na+ no tubo proximalAT3-R (Receptor Tipo 3 de Angiotensina).• ?AT4-R (Receptor Tipo 4 de Angiotensina)• Libertação IAP-1 através Ang.II e péptidos N-terminais (Ang.III e IV)

ADH – Hormona Anti-diurética; IAP-1 – Inibidor do activador de plasminogénio 1; HVE - Hipertrofia Venticular Esquerda; MEC –Matriz Extracelular; SNS – Sistema Nervoso Simpático; SNC Sistema Nervoso Central; SR – Supra-Renal; ↓ /↑ – Diminuição/Aumento

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também contribui para a patogénese de doenças cardio-vasculares e renais11.

A síntese de Ang.II depende em grande parte da renina.A renina é libertada em resposta à restrição de sódio, esti-mulação do sistema nervoso simpático, hipotensão arteri-al e outras situações de hipoperfusão renal (ex. insuficiên-cia cardíaca, desidratação, hemorragia, diarreia). A reninacirculante converte o angiotensinogénio em Ang.I. Na viaclássica (figura 2) a ECA é responsável pela conversão de60% do decapéptido inactivo Ang.I no octapéptido activoAng.II. A conversão dos restantes 40% de Ang.II proces-sa-se através de uma via alternativa (figura 2) pela acçãode outras enzimas (quimase, catepsina G e outras proteasesserinas)12.

PatofisiologiaA activação excessiva do SRAA tem sido reconhecida

como elemento de importância na progressão de lesõesde órgãos-alvo, como hipertrofia ventricular esquerda,insuficiência cardíaca congestiva, hipertrofia vascular,remodeling ventricular após enfarto do miocárdio e doen-ças renais.

A síndrome metabólica (SM) está associada à esti-mulação do SRAA e ao risco de doença cardiovascular erenal crónica. Os componentes clínicos que constituem oSM incluem a obesidade central, hipertensão arterial, dis-lipidemia, insulinorresistência e microalbuminúria. Estes

vão induzir um estado destress oxidativo com dis-função endotelial, causan-do activação da Ang.II lo-calmente, que por sua vez,através da ligação aos di-ferentes receptores vai in-duzir um estado pró-infla-matório, pró-trombótico epró-fibrótico, contribuin-do assim para o desenvol-vimento de lesões cardio-vasculares e renais13 (figu-ra 3).

A desregulação doSRAA também está envol-vida na patogénese de vá-rias doenças hiperten-sivas. A relação entreSRAA, hipertensão arteri-al e lesão de órgãos-alvo éexplicada pelo papel doSRAA na homeostase hi-

droelectrolítica e na resposta vascular à lesão. O aumentoda tensão de cisalhamento causado pela elevação da ten-são arterial causa lesão no endotélio e activação do SRAA.A activação do SRAA contribui para o aumento da tensãoarterial e estimulação de uma resposta inflamatória localpara reparar a lesão. A agressão mantida e repetida leva adisfunção endotelial e doença microvascular. As progres-sivas alterações patofisiológicas resultam nas manifesta-ções clínicas das lesões dos órgãos-alvo, incluindo enfartedo miocárdio, insuficiência cardíaca, trombose, doençaarterial periférica e doença renal14.

Modulação Farmacológica do SRAAO envolvimento do SRAA em lesões cardiovasculares

e renais prova que os aumentos de renina e angiotensinaII exercem feitos deletérios em vários órgãos.

O tratamento com agentes moduladores do SRAA vaipermitir uma protecção cardio-renal resultante da activa-ção patológica do SRAA. A abordagem terapêuticafarmacológica sobre o SRAA pode ser efectuada em vári-as etapas da sua cascata (quadro 2).

Bloqueadores BetaO bloqueio dos receptores simpáticos β1 justaglo-

merulares inibe a libertação da renina, havendo uma redu-ção de 75% dos níveis de renina no plasma. Há ainda evi-dência que o bloqueio beta impede a conversão intrarenal

Angiotensinogénio

Renina

Ang.I (1-10)

ECA inactivo

inactivos Ang.II (1-8) Ang.III (2-8) Ang.IV (3-8)

Ang.(1-7)

Mas-R AT1-R AT2-R AT3-R AT4-R

CP

AP AP

Via alternativa

Catepsina G

Calicreina-like (tonina)

Quimase

ECA2

Via clássicaNaClHipotensão arterialHipoperfusão renal

S.N.S.

Passo limitante

Subst.P

Bradicinina

Fig. 2 – Sistema-renina-angiotensina-aldosterona

AT1-R – Receptor Tipo 1 de Angiotensina; AT2-R – Receptor Tipo 2 de Angiotensina; AT3-R –Receptor Tipo 3 de Angiotensina: AT4-R – Receptor Tipo 4 de Angiotensina; AP –Aminopeptidases; CP – Carboxipeptidases; ECA - Enzima Conversora de Angiotensina; Mas-R –Receptor Mas; NaCl – Cloreto de sódio; S.N.S. – Sistema Nervoso Simpático; Subst.P – Substância P

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da prorenina em renina15. Apesar do seu efeito preferenci-al na hipertensão essencial com renina alta, há evidênciados benefícios dos bloqueadores beta (particularmente opropranolol) em doentes hipertensos com renina baixa16.

Estão indicados na insuficiência cardíaca após enfartedo miocárdio. Nestas situações, e em associação com diuré-ticos e IECA, melhoram a função ventricular esquerda,reduzem o tónus simpático (taquicardia, vasoconstrição),diminuem a incidência de disritmia, isquemia e fibrose domiocárdio, aumentando desse modo a sobrevida destesdoentes.

Causam vários efeitos secundários cardiovasculares(bradicardia, alteração da condução auriculoventricular,hipotensão), gastrointestinais (náuseas, vómitos), respi-ratórios (broncoespasmo), endócrinos (agravamento dahipoglicemia em doentes com medicação hipoglicemiante,hipertrigliceridemia) e a nível central (fadiga, depressão).

São contra-indicados emdoentes com asma brônqui-ca, doença pulmonar obs-trutiva crónica, fenómenode Raynaud grave, bradicar-dia severa, bloqueio auricu-loventricular e insuficiênciacardíaca congestiva instá-vel17.

Inibidores da EnzimaConversora de Angioten-sina (IECA)

A descoberta, nos anos60, de um péptido (tepro-tide) extraído do veneno deuma cobra (Bothrops jara-raca) capaz de inibir a ECA,permitiu o primeiro grandedesenvolvimento da tera-pêutica moderna na modu-lação do SRAA8.

O bloqueio da ECA a curto prazo leva à redução dosníveis de Ang.II, aldosterona e actividade do SNS, maspor perda do mecanismo de feedback negativo vai haverum aumento da renina e da Ang.I. No entanto, a longoprazo, as concentrações plasmáticas de Ang.II e aldos-terona normalizam devido ao escape à ECA através da viaalternativa18.

Os IECA induzem vários efeitos protectores cardio-vasculares, como a diminuição da precarga e poscarga;redução do remodeling cardíaco, da hipertrofia ventricularesquerda e da resistência vascular periférica; e ainda dimi-nuição da tensão arterial sistólica e diastólica. Melhorama sobrevida na insuficiência cardíaca e após enfarte domiocárdio.

Os efeitos renais incluem redução da resistênciavascular renal (predominantemente na arteríola eferente),aumento do fluxo renal, aumento da excreção de sódio e

Stress oxidativo

Dislipidemia TabacoHTA

Disfunção endotelial

DiabetesObesidade

NO - Mediadores locais - ECA tecidular – Ang.II

Catecolaminas

Vasoconstrição

IAP-1, agregação plaquetar

Trombose

Proteólise

Inflamação

Ruptura placa

Citocinas

InflamaçãoFactores de crescimento

Lesão vascular

Remodeling

Fig. 3 – Papel do SRAA no desenvolvimento das lesões cardiovasculares e renais

ECA - Enzima Conversora de Angiotensina; IAP-1 – Inibidor do activador de plasminogénio 1,NO – Óxido Nítrico

oãçcAedsomsinaceM solpmexE

ocitápmisosovrenametsisodoieuqolB ateBserodaeuqolB

)ACEI(anisnetoignaedarosrevnocamizneadserodibinI …,lirponisil,lirpimaR

)IIARA(IIgnAed1opitrotpecerodoãçibinI …,natraslav,natasoL

anoretsodlaedserotpecermocovititepmocomsinogatnA anonerelpe,anotcalonoripsE

anineradatceridoãçibinI onerecsilA

Quadro 2 – Fármacos usados no bloqueio do SRAA

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água, diminuição da microalbuminúria e proteinúria, e re-dução da progressão para insuficiência renal crónica.

Não causam alterações do metabolismo lipídico eglicídico, reduzem a insulinoresistência permitindo a pre-venção da diabetes mellitus (DM) tipo 219. Ao inibir a ECAnão há degradação das cininas, havendo efeitos benéfi-cos adicionais resultantes do aumento da bradicinina,como vasodilatação, efeito antitrombótico, antiaterogénicoe antiproliferativo20.

A monoterapia com IECA reduz os valores de pressãoarterial em 40 a 60% dos doentes com hipertensão leve amoderada21.

Geralmente são eliminados por via renal e a duração deacção varia com os diferentes IECA, logo, aqueles commaior duração de acção podem ser administrados uma vezpor dia22, enquanto que os restantes são administradosduas vezes dia (ex. enalapril) ou três vezes dia (ex. captopril).

De um modo geral são bem tolerados, embora hajamenor sensibilidade aos seus efeitos em indivíduos daraça negra23. Um dos efeitos secundários mais frequentesé a tosse seca, que ocorre até 20% dos casos e tem sidoatribuída á acumulação de bradicinina (que normalmente édegradada pela ECA)24. Outros efeitos secundários inclu-em hipotensão, hipercaliémia, agravamento da função re-nal e muito raramente angioedema (0,1-0,2%). Podem tam-bém causar efeitos tóxicos raros (principalmente com ocaptopril), tais como sabor metálico, rash, neutropenia etoxicidade hepática25. Os IECA são contra-indicados naestenose bilateral das artérias renais ou estenose com rimúnico e na gravidez devido ao seu potencial teratogéneo.

Os IECA estão indicados na hipertensão arterial (HTA),insuficiência cardíaca (IC) congestiva, disfunção sistólica,doença renal crónica proteinúrica (de etiologia diabéticaou não-diabética) e após enfarte do miocárdio.

O Collaborative Study Group26 foi um dos primeirosestudos a avaliar a eficácia dos IECA no tratamento delesões dos órgãos-alvo. Neste estudo, o captopril, com-parado com placebo, reduziu a perda da função renal em409 doentes com DM tipo 1. Os estudos CONSENSUS(Cooperative North Scandinavian Enalapril Survival Stu-dy)27, SOLVD (Studies of Left Ventricular Dysfunction)28,AIRE (Acute Infarction Ramipril Efficacy)29, TRACE(Trandolapril Cardiac Evaluation)30 e SAVE (Survival andVentricular Enlargement)31 mostram benefícios dos IECAem doentes com IC e disfunção do ventrículo esquerdo(VE), com redução da mortalidade e morbilidade nessescasos. Os estudos HOPE (Heart Outcomes PreventionEvaluation)32, EUROPA (European Trial on Reduction ofCardiac Events with perindopril in Stable Coronary ArteryDisease)33, PROGRESS (Perindopril Protection Against

Recurrent Stroke Study)34 e PEACE (Prevention of Eventswith Angiotensin-Converting Enzyme Inhibition)35 mos-tram benefícios dos IECA para além da diminuição da pres-são arterial em doentes sem disfunção do VE e com tensãoarterial (TA) controlada. Vários ensaios mostram ainda aredução da incidência de diabetes de novo com os IECA,como é o caso do estudo HOPE (Heart Outcomes Preven-tion Evaluation)32, SOLVD (Studies of Left VentricularDysfunction)28 e PEACE (Prevention of Events withAngiotensin-Converting Enzyme Inhibition)35.

Antagonistas dos Receptores da Angiotensina II (ARA II)Os receptores da Ang.II tipo 1 medeiam a maioria dos

efeitos deletérios da Ang.II, responsáveis pela lesão dosórgãos-alvo. Os ARAII, desenvolvidos desde o início dosanos 908, actuam como antagonistas selectivos destes re-ceptores, sem afectar os outros subtipos de receptores, epermitem estimulação adicional dos receptores tipo 2 atra-vés do aumento da Ang.II com efeitos benéficos cardíacos,renais e do endotélio vascular. Tal como os IECA, há perdado mecanismo de feedback negativo com consequente au-mento da renina e Ang.I. Apresentam vantagem sobre osIECA porque ultrapassam o fenómeno de escape da ECA alongo prazo18 e estudos recentes mostram que o telmisartané um agonista partial dos receptores PPAR-g (peroxisomeproliferator-activated receptor gamma)36, o que contribuipara a redução da insulinoresistência37.

À semelhança dos IECA a monoterapia com ARAIIreduz os valores de pressão arterial em 40 a 60% dos doen-tes com hipertensão leve a moderada21.

As contra-indicações e efeitos secundários são prati-camente os mesmos dos IECA, à excepção da tosse eangioedema, visto que não interferem com o sistema dascininas38,39.

Os ARAII também têm as mesmas indicações que osIECA em doentes com hipertensão arterial, hipertrofiaventricular esquerda, enfarte do miocárdio e nefropatia. Oestudo IRMA2 (Irbesartan in Patients with type 2 Diabe-tes Mellitus and Microalbuminuria)40, DETAIL (DiabeticsExposed to Telmisartan and Enalapril)41, RENAAL(Reduction of End-points in Non-Insulin Dependent Dia-betes Mellitus With Angiotensin II Antagonist Losartan)42

e IDNT (Irbesartan Diabetic Nephropathy Trial)43 mos-tram benefícios dos ARAII na renoprotecção. Existem tam-bém vários ensaios clínicos a evidenciar a eficácia dosARAII na protecção vascular em doentes com HTA edisfunção do VE. São exemplos o estudo LIFE (LosartanIntervention for Endpoint Reduction in Hypertension)44,VALUE (Valsartan Antihypertensive Long-term Use Evo-lution)45, OPTIMAAL (Optimal Trial in Myocardial In-

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farction with Angiotensin II Antagonist Losartan)46 e Val-HeFT (Valsartan Heart Failure Trial)47. Os ensaios clínicosRENAAL (Reduction of Endpoints in NIDDM with theAngiotensin II Antagonist Losartan)42, IDNT (IrbesartanDiabetic Nephropathy Trial)43, IRMA II (IRbesartanMicroAlbuminuria type 2 diabetes mellitus in hypertensivepatients)40 e DETAIL (Diabetics Exposed to Telmisartanand Enalapril)41, entre outros, estudaram os benefícios dosARAII em diabéticos. As conclusões destes estudos re-velam que os ARAII comparativamente aos IECA, blo-queiam de um modo mais completo o SRAA (ao impediremo fenómeno de escape da ECA a longo prazo), possuemeficácia semelhante na nefropatia diabética mas apresen-tam melhor perfil de tolerância48. Podem ser usados, à se-melhança dos IECA, como fármacos de primeira linha notratamento da microalbuminúria e nefropatia diabética. Aeficácia na redução do risco de diabetes melllitus comARAII é semelhente aos IECA, como demonstram os es-tudos VALUE45, LIFE44 e CHARM-Added49.

A hipótese de que a terapêutica combinada com IECAe ARAII melhorava os resultados comparativamente commonoterapia foi testada em vários estudos clínicos. Verifi-cou-se maior redução da mortalidade cardiovascular coma associação IECA e ARAII nos estudos CHARM-Added(Candesartan in Heart Failure Assessment of Reductionin Mortality and Morbidity)49 e VALIANT (Valsartan inAcute Myocardial Infartion Trial)50. Os ensaios clínicosCALM (Candesartan and Lisinopril Microalbuminuria)51,COOPERATE (Combination Treatment of angiotensin-IIreceptor blocker and angiotensin-converting-enzyme inhi-bitor in Non Renal Disease)52 e IMPROVE (Irbesartan inthe Management of Proteinuric Pacients at High Risk forVascular Events)53 mostraram melhor efeito renoprotectorcom associação IECA e ARAII em relação à monoterapia.Recentemente surgiram os resultados do estudo ONTAR-GET (Ongoing Telmisartan Alone and in Combination withRamipril Global Endpoint)54, o maior ensaio clínico (n =25620) que avaliou a não inferioridade de um ARAII (tel-misartan), comparado a um IECA (ramipril) e ainda se aassociação de ambos era superior ao uso do ramipril isola-do, como tratamento para prevenir eventos vasculares emdoentes com alto risco cardiovascular. As conclusões fo-ram as seguintes: o telmisartan teve eficácia equivalenteao ramipril em todos os end-points; houve maior tolera-bilidade com o telmisartan, embora fossem registados maiscasos de hipotensão com o ARAII; a combinação de tel-misartan mais ramipril, quando comparado ao ramipril iso-ladamente, foi associada a uma maior incidência de efei-tos colaterais (hipotensão, lesão renal) e não trouxe ne-nhum benefício adicional.

Inibidores da AldosteronaA aldosterona ao ligar-se aos seus receptores distri-

buídos no organismo (miocárdio, vasos arteriais, rim) vaipromover retenção de sódio e água contribuindo para aformação de edema em casos de hiperaldosteronismo. Fa-vorece também a excreção de potássio e magnésio, o queaumenta a probabilidade de arritmias em situações dedesregulação do SRAA e estimula ainda a deposição decolagéneo causando fibrose do miocárdio e dos vasos55.

A espironolactona exerce um efeito antagonista com-petitivo sobre o receptor de aldosterona56. Está indicadano hiperaldosteronismo primário e secundário (ex. síndro-me nefrótico, cirrose, IC congestiva). Melhora a sobrevidana IC congestiva, conforme demonstra o estudo RALES(Randomized ALdactone Evaluation Study)57, em que háuma redução de 30% da mortalidade. A hipercaliemia é umdos principais efeitos colaterais. A espironolactona pos-sui uma acção antiandrogénica e progestativa fraca55, cau-sando ginecomastia e impotência no sexo masculino e ir-regularidades menstruais na mulher, está contra-indicadana gravidez devido ao risco de feminização dos fetos mas-culinos.

Recentemente tem surgido evidência da implicação daaldosterona, além da Ang.II, como factor patogénico im-portante na progressão de doença renal e IC58. Os estu-dos CALM51, COOPERATE52 e IMPROVE53 mostrarammelhor efeito renoprotector com bloqueio duplo (IECA eARAII) em relação à monoterapia, pelo que o bloqueioadicional da aldosterona (bloqueio triplo) poderá consti-tuir uma estratégia terapêutica racional na abordagem dadoença renal58. A eficácia do bloqueio triplo do SRAAcom IECA, ARAII e espironolactona foi avaliado porFurumatsu et al59 num ensaio de 32 doentes com nefropatianão diabética e proteinúria (> 0.5g/dia). Durante 12 sema-nas os doentes estiveram medicados com enalapril 5 mgmais losartan 50 mg (bloqueio duplo). Depois foram divi-didos em dois grupos com 16 doentes cada. Foi adiciona-da espironolactona 25 mg a um dos grupos (bloqueio tri-plo), enquanto no grupo controlo foi adicionado umdiurético. Um ano após constatou-se uma redução signifi-cativa da proteinúria em cerca de 58% no grupo com blo-queio triplo (p < 0,05) permanecendo inalterado no grupocontrolo. Os valores de tensão arterial, potássio ecreatinina não apresentaram alterações significativas nosdois grupos. Neste ensaio clínico o bloqueio triplo doSRAA foi eficaz no tratamento da proteinúria em doentescom nefropatia não diabética e proteinúria que não res-ponderam ao bloqueio duplo.

A eplerenona distingue-se da espironolactona por blo-quear selectivamente o receptor de aldosterona, não se

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verificando com este fármaco efeitos anti-androgénicosnem progestativos56.

No estudo EPHESUS (Eplerenone Post-AMI HeartFailure Efficacy and Survival Study)60, comparou-se o efei-to da adição de eplerenona (25-> 50 mg/d) versus placeboem 6632 doentes com enfarte do miocárdio, disfunção doventrículo esquerdo e insuficiência cardíaca (IC) tratadoscom IECA/ARAII. O end-point primário era a mortalidadecardiovascular e hospitalização por IC, enfarte do mio-cárdio, acidente vascular cerebral ou arritmia ventricular.Além do aumento da sobrevida (p = 0,008), a adição daeplerenona reduziu a ocorrência do end-point primário(RRR: 13%, p = 0,002). O estudo EPHESUS confirma que amonitorização rigorosa da concentração plasmática depotássio, devido ao risco acrescido de hipercaliemia coma associação de poupadores de potássio.

Inibidores Directos da ReninaRecentemente surgiu uma nova classe de bloqueadores

do SRAA, os inibidores directos da renina, representadospelo aliscireno e que foi aprovado para uso clínico pelaFDA (Food and Drug Administration) em Março de 2007no tratamento da hipertensão. Este novo fármaco, ao con-trário dos IECA e ARAII, diminui a actividade da reninaplasmática e ainda as concentrações de Ang.I e II. Oaliscireno inibe o SRAA através de dois mecanismos: liga-ção ao lugar activo da renina e prorenina impedindo oacesso do angiotensinogénio à enzima e, redução da ex-pressão do receptor de renina e prorenina. O tempo desemi-vida do aliscireno é de 40 horas (eficaz com uma ad-ministração diária) e por ser pouco absorvido pelo tubodigestivo é essencialmente eliminado inalterado nas fe-zes. A dose diária recomendada é de 150 a 300 mg. O alis-cireno mostrou ser eficaz na hipertensão leve a moderada,sendo bem tolerado em monoterapia ou combinado comoutros anti-hipertensores. Não influencia o perfil lipídiconem a glicemia. Os efeitos adversos incluem diarreia (2%),cefaleias, nasofaringite, exantema e raramente angioedema.Existe risco acrescido de hipercaliemia se associado a ou-tros moduladores do SRAA ou quando administrado emdoentes com insuficiência renal. Não há dados sobre asua segurança na insuficiência renal grave ou estenoseda artéria renal, e está contra-indicado na gravidez.

A combinação desta nova substância com outros fár-macos que interferem no SRAA foi testada com sucessopor alguns investigadores, na tentativa de conseguir umamaior modulação do sistema com efeitos clínicos maisevidentes61.

Estão em curso vários estudos clínicos para avaliaçãoda eficácia do aliscireno na protecção de órgãos-alvo (pro-

grama ASPIRE HIGHER). Salienta-se o estudo ALOFT(Aliskeren Observation of Heart Failure Treatment)62 quemostra os efeitos benéficos neurohormonais da adição doaliscireno em 302 doentes com insuficiência cardíaca ouhipertensão medicados com IECA/ARAII ou beta bloquea-dores. Com o estudo AVOID (Aliskeren in the Evaluationof Proteinuria in Diabetes Trial)63 outro passo foi dado aosugerir-se que os efeitos renoprotectores do aliscirenopoderiam ser independentes da sua actividade anti-hipertensora.

Vacina Angiotensina IINos últimos anos tem havido muita investigação no

sentido de desenvolver uma vacina anti-hipertensora.A eficácia de uma vacina dirigida contra a Ang.II foi

avaliada num estudo randomizado caso-controlo de 72doentes com hipertensão leve a moderada. Foram admi-nistradas três injecções subcutâneas de vacina anti-Ang.II(CYT006-AngQb) nas semanas 0, 4 e 12, tendo-se consta-tado uma redução da tensão arterial sistólica de 9 mmHg ediastólica de 4 mmHg comparativamente ao placebo. Asíndrome influenza-like transitório foi o efeito adverso maiscomum (20%)64,65.

CONCLUSÃO

O SRAA desempenha um papel preponderante nahomeostase cardiovascular, principalmente mantendo con-trole dinâmico da volemia e da resistência vascular perifé-rica. Contudo, a desregulação deste complexo sistema estáenvolvida na génese, manutenção e agravamento da HTA,IC e esclerose glomerular. Os fármacos que bloqueiam oSRAA em diferentes passos da sua cascata impedem aprogressão da patologia cardiovascular e renal.

O bloqueio do SRAA está indicado no tratamento daHTA, HVE, IC ou na disfunção ventricular esquerda pós-enfarto do miocárdio, aumentando a sobrevida em doen-tes com alto risco cardiovascular. Diminuem a progressãoda doença renal, a proteinúria e a microalbuminúria emdoentes com nefropatia diabética. Alguns estudos mos-tram ainda a redução da incidência de diabetes de novocom estes fármacos.

No entanto, o bloqueio do SRAA é incompleto com osIECA e ARAII, devido ao aumento compensatório darenina, tendo recentemente surgido um novo fármaco(aliscireno) que impede este fenómeno66.

Os IECA não bloqueiam toda a produção de Ang.II(devido à via alternativa), colocando-se a hipótese de queos ARAII seriam mais eficazes, porém não existem estu-dos randomizados que mostrem a superioridade dos ARAII

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sobre os IECA. Alguns estudos mostraram benefícios daterapêutica de combinação ARAII/IECA em doentes cominsuficiência cardíaca, disfunção ventricular esquerda eproteinúria crónica18, mas os resultados do estudoONTARGET revelam que em doentes com alto risco car-diovascular esta associação, além de não trazer benefíci-os adicionais relativamente à monoterapia, está associadaa uma maior taxa de efeitos adversos.

No futuro a investigação clínica irá dirigir-se a novosalvos terapêuticos da cascata do SRAA, como é o casodos outros péptidos [Ang. III, IV, (1-7)] e subtipos de re-ceptor da Ang.II.

Conflito de interesses:Os autores declaram não ter nenhum conflito de interesses relati-vamente ao presente artigo.

Fontes de financiamento:Não existiram fontes externas de financiamento para a realizaçãodeste artigo.

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Hospital Santo António (CHP). Porto