sistema elétrico brasileiro e marco regulatório das ... · sistema elétrico brasileiro e marco...

30
Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco 1/7/2016

Upload: trandieu

Post on 08-May-2018

217 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis

Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco 1/7/2016

Page 2: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Sumário

Sumário ....................................................................................................................................................1

Apresentação ...........................................................................................................................................5

SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO ..............................................................................................................6

Evolução histórica do Sistema: ...........................................................................................................6

Instituições do SEB - Composição e Atribuições .................................................................................7

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética ...........................................................................7

MME – Ministério de Minas e Energia .............................................................................................7

EPE – Empresa de Pesquisa Energética ............................................................................................7

CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico .....................................................................7

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica .................................................................................7

ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico ................................................................................8

CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica ..................................................................8

ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A. .............................................................................8

Concessionárias e outros agentes setoriais .....................................................................................9

Agente Registrado ........................................................................................................................9

Autoprodutor de Energia Elétrica (APE) .......................................................................................9

Concessionária de serviço público de geração.............................................................................9

Produtor Independente Autônomo (PIA).....................................................................................9

Agentes de Transmissão ..................................................................................................................9

Agentes de Distribuição ..................................................................................................................9

Permissionária ..............................................................................................................................9

Consumidores Livres ........................................................................................................................9

Agentes Importadores e Agentes Exportadores ............................................................................9

Agente Comercializador da Energia de Itaipu ............................................................................. 10

Regimes para prestadores de serviços: concessão, autorização e permissão ............................... 10

Os esforços internacionais em direção às Fontes Renováveis de Energia ..................................... 10

Desenvolvimento sustentável x fontes renováveis de energia. ................................................. 10

Ações internacionais contra as mudanças climáticas ................................................................. 11

As Conferências das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas ............. 11

Conferência de Estocolmo (Suécia, 1972) .................................................................................... 11

Conferência de Toronto (Canadá, 1988) ...................................................................................... 11

Conferência de Genebra (Suíça, 1990) ......................................................................................... 11

Conferência no Brasil (Rio de Janeiro, 1992) ............................................................................... 11

COP-1 Berlim (Alemanha, 1995) ................................................................................................... 11

COP-2 Genebra (Suíça, 1996) ....................................................................................................... 12

Page 3: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

COP-3 Kyoto (Japão, 1997) ........................................................................................................... 12

COP-4 Buenos Aires (Argentina, 1998) ........................................................................................ 12

COP-5 Bonn (Alemanha, 1999) ..................................................................................................... 12

COP-6 Haia (Holanda, 2000) ......................................................................................................... 12

COP-6, Parte II, Bonn (Alemanha, 2001) ...................................................................................... 13

COP-7 Marrakesch (Marrocos, 2001) ........................................................................................... 13

Cop-8 Nova Délhi (Índia, 2002) .................................................................................................... 13

COP-9 Milão (Itália, 2003) ............................................................................................................ 13

COP-10 Buenos Aires (Argentina, 2004) ...................................................................................... 13

COP-11 Montreal (Canadá, 2005) ................................................................................................ 13

COP-12 Nairóbi (África, 2006) ...................................................................................................... 13

COP-13 Bali (Indonésia, 2007) ...................................................................................................... 14

COP-14 Poznan (Polônia, 2008) .................................................................................................... 14

COP-15 Copenhague (Dinamarca, 2009) ...................................................................................... 14

COP-16 Cancún (México, 2010) .................................................................................................... 14

COP-17 Durban (África do Sul, 2011) ........................................................................................... 15

COP -18 Doha (Catar, 2012) .......................................................................................................... 15

COP-19 Polônia (Varsóvia, 2013) ................................................................................................. 15

COP-20 Lima (Peru, 2014) ............................................................................................................. 15

COP-21 Paris (França, 2015) ......................................................................................................... 16

Fontes de Energias Renováveis ........................................................................................................ 16

Energia solar ................................................................................................................................. 16

Energia solar fotovoltaica ......................................................................................................... 16

Energia termossolar .................................................................................................................. 17

Energia solar termoelétrica ...................................................................................................... 17

Biomassa para a produção de eletricidade e co-geração ............................................................ 18

Matérias-primas ....................................................................................................................... 18

Queima conjunta ...................................................................................................................... 18

Queima em usinas dedicadas à biomassa ............................................................................... 18

Gaseificação .............................................................................................................................. 19

Digestão anaeróbica ................................................................................................................. 19

Hidroeletricidade .......................................................................................................................... 19

Energia eólica ................................................................................................................................ 20

Energia geotérmica ....................................................................................................................... 20

Energia dos oceanos ..................................................................................................................... 20

Marco regulatório das fontes renováveis de energia no setor elétrico brasileiro ............................. 22

Marco regulatório Constitucional. ................................................................................................... 22

Marco regulatório infraconstitucional. ............................................................................................ 22

Page 4: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Normas federais. .......................................................................................................................... 22

Lei federal nº 5.655, de 20 de maio de 1971 ........................................................................... 22

Lei federal 9.427, de 26 de dezembro de 1996, ....................................................................... 22

Lei federal nº 9.074, de 7 de julho de 1995, ............................................................................ 22

Lei federal nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, ......................................................................... 22

Lei federal nº 9.648, de 27 de maio de 1998, .......................................................................... 23

Lei federal nº 9.991, de 24 de julho de 2000, .......................................................................... 23

Lei federal nº 10.438, de 26 de abril de 2002 .......................................................................... 23

Lei federal nº 10.847, de 15 de março de 2004, ...................................................................... 23

Lei federal nº 10.848, de 15 de março de 2004, ...................................................................... 23

Lei federal nº 11.488, de 15 de junho de 2007, ....................................................................... 23

Lei federal nº 11.977, de 7 de julho de 2009, .......................................................................... 23

Lei federal nº 12.111, de 9 de dezembro de 2009, .................................................................. 24

Lei federal nº 12.490, de 16 de setembro de 2011. ................................................................. 24

Lei nº federal nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013. ................................................................ 24

Lei federal nº 13.169, de 6 de outubro de 2015. ..................................................................... 24

Decretos federais .......................................................................................................................... 24

Decreto federal nº 5.163, de 30 de julho de 2004, .................................................................. 24

Resoluções ANEEL ......................................................................................................................... 24

Resolução Normativa ANEEL nº 077/2004 .............................................................................. 24

Resolução Normativa ANEEL nº 109/2004 .............................................................................. 24

Resolução Normativa ANEEL nº 235/2006. ............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 247/2006 .............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 376/2009: ............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 391/2009 .............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010 .............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 481/2012 .............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 .............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 506/2012 .............................................................................. 25

Resolução Normativa ANEEL nº 583/2013 .............................................................................. 26

Resolução Normativa ANEEL nº 687/2015 .............................................................................. 26

Resoluções ANP ............................................................................................................................ 26

Resolução ANP nº 08/2015 ...................................................................................................... 26

Resoluções CONAMA .................................................................................................................... 26

Resolução CONAMA nº 279/2001 ............................................................................................ 26

Resolução CONAMA nº 436/2011 ............................................................................................ 26

Resolução CONAMA nº 462/2014 ............................................................................................ 26

Ajustes SINIEF ............................................................................................................................... 27

Page 5: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Ajuste SINIEF nº 02 de 22 de abril de 2015 .............................................................................. 27

ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT) .......................................................... 27

NBR – 10004:2004 ..................................................................................................................... 27

NBR – 14461:2000 ..................................................................................................................... 27

NBR – 14462, 14463, 14465:2000 ............................................................................................ 27

NBR – 15526:2012 ..................................................................................................................... 27

NBR – 17503-1:2013 ................................................................................................................. 27

INMETRO ....................................................................................................................................... 27

Portaria INMETRO nº 17 de 14 de janeiro de 2016 ................................................................. 27

Normas estaduais - PARANÁ ........................................................................................................ 28

Lei estadual nº 17.188/2012, ................................................................................................... 28

Decreto estadual nº 11.671/2014 ............................................................................................ 28

Resolução CEMA - PR .................................................................................................................... 28

Resolução CEMA nº 090/2013 ................................................................................................. 28

Normas técnicas COPEL ................................................................................................................ 28

NTC 905100 - Acesso de Geração Distribuída ao Sistema da Copel (com comercialização de

energia) ..................................................................................................................................... 28

NTC 905200 - Acesso de Micro e Minigeração Distribuída ao Sistema da Copel (com

compensação de energia) ........................................................................................................ 28

NTC 903105 - Geração Própria - Operação em Paralelismo Momentâneo ............................ 28

NTC 903107 - Geração Própria - Operação Isolada em Emergência ....................................... 29

Normas Municipais. ...................................................................................................................... 29

LEI Nº 2.171, de 25 de junho de 2014 do Município de Toledo – Pr. ...................................... 29

Page 6: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Apresentação

A Câmara Técnica de Energias é corresponsável tanto pela identificação e aproveitamento das

oportunidades quanto pelo enfrentamento dos obstáculos encontrados pela Cadeias Produtivas que

compõem o programa Oeste em Desenvolvimento.

Como forma de contribuir para a identificação e aproveitamento das oportunidades e enfrentamento

aos gargalos que se apresentam na atuação das Cadeias Produtivas, bem como disseminar

informações para a sociedade, apresentamos este material denominado – Sistema Elétrico Brasileiro

e Marco Regulatório das Energias Renováveis – que dará suporte à estratégia de fornecer uma

apresentação sucinta acerca do Sistema Elétrico Brasileiro, das fontes renováveis de energia e do

arcabouço regulatório vigente neste setor.

Esta publicação cumpre a tarefa assumida pelo Grupo de Estudos e Prática em Direito Ambiental –

GEPA, integrante do Núcleo de Prática Jurídica do Curso de Direito da PUCPR campus Toledo, de trazer

informação pública de referência para a sociedade civil organizada.

O GEPA é formado por estudantes dos cursos de Direito e Engenharia Ambiental da PUCPR - Campus

Toledo, orientados pelo professor Dr. Cezar Augusto de Oliveira Franco. Participaram da produção

deste material: Andréia da Paz Schiller, Juliano Maziero, Renan Rotmund, Thais Polyana Ghirardi

Flamia, Thiago Bana Schuba.

Page 7: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

Evolução histórica do Sistema:

O início da regulamentação do setor elétrico brasileiro se deu pelo Código de Águas, Decreto nº 26.234, em 10 de julho de 1934, promulgado no governo de Getúlio Vargas. Ele foi seguido do Decreto-Lei nº 852/38, que estabeleceu a necessidade de “autorização ou concessão federal” para a construção de linhas de transmissão e redes de distribuição. Em 1940, criou-se a exigência de autorização para aproveitamentos de potenciais hidroelétricos e implantação de usinas termelétricas. Surge ainda a atribuição do poder público para fiscalizar técnica, financeira e contabilmente as empresas do setor, visando garantir a adequada prestação de serviços, mediante tarifas razoáveis e o equilíbrio financeiro das empresas. O Decreto-Lei n°1.284/39 criou o Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica – CNAEE, ligado diretamente à Presidência da República, com atribuições de manter estatísticas, organizar a interligação dos sistemas, regulamentar o Código de Águas e tratar dos tributos referentes à energia elétrica. O CNAEE regulamentou o Código de Águas por meio do Decreto nº 41.019/57. Em 1969, esse Conselho veio a ser extinto pelo Decreto-Lei n°689/69, sendo substituído pela já existente Divisão de Águas do Departamento Nacional da Geração Mineral, que passou a ser denominada pelo Decreto nº 63.951/68, Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica – DNAEE, ficando responsável pelo planejamento, coordenação e execução dos estudos hidrológicos em todo o território nacional, pela supervisão, fiscalização e controle do aproveitamento das águas que alteram o seu regime, bem como pela supervisão, fiscalização e controle dos serviços de eletricidade, onde se incluem diversas outras atribuiçõesi.

O setor elétrico brasileiro teve grande impulso na década de 70, a partir da publicação da Lei nº 5.655/71, que implantou o regime tarifário denominado “custo do serviço”, cujas premissas consistiam em fixar tarifas de energia elétrica que suportassem os respectivos custos de geração, transmissão e distribuição, bem como uma remuneração garantida específica ao ano.

Até 1995, o modelo do setor elétrico considerava empresas verticalizadas, predominantemente estatais, que englobavam as atividades de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, sendo os recursos financeiros para construção de usinas, linhas de transmissão e sistemas de distribuição obtidos em função de financiamentos através de recursos públicos.

Nesse modelo, toda atividade relacionada à energia elétrica era um monopólio. A promulgação da Lei nº 9.074/95 trouxe estímulos à participação da iniciativa privada no setor de geração de energia elétrica com a criação da figura do Produtor Independente de Energia (PIE), sendo estabelecida a possibilidade de uma empresa privada produzir e comercializar energia elétrica, atividade que antes era prerrogativa exclusiva de concessionárias estatais de geração.

Em 1996, foi implantado o Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (Projeto RE-SEB). As principais conclusões do projeto foram a necessidade de implementar a desverticalização das empresas de energia elétrica, ou seja, dividi-las nos segmentos de geração, transmissão e distribuição, incentivar a competição nos segmentos de geração e comercialização e manter sob regulação os setores de distribuição e transmissão de energia elétrica, considerados como monopólios naturais.

Foi também identificada a necessidade de criação de um órgão regulador (Agência Nacional de Energia Elétrica –ANEEL), de um operador para o sistema elétrico nacional (Operador Nacional do Sistema Elétrico –ONS) e de um ambiente para a realização das transações de compra e venda de energia elétrica (Mercado Atacadista de Energia Elétrica –MAE), entidades constituídas por meio das Leis nº 9.427/96 e nº 9.648/98, dos Decretos nº 2.335/97 e nº 2.655/98 e da Resolução ANEEL nº 351/98.

Page 8: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Instituições do SEB - Composição e Atribuiçõesii

CNPE – Conselho Nacional de Política Energética O CNPE é um órgão interministerial de assessoramento à Presidência da República, tendo como

principais atribuições formular políticas e diretrizes de energia, assegurar o suprimento de insumos

energéticos às áreas mais remotas ou de difícil acesso no país, rever periodicamente as matrizes

energéticas aplicadas às diversas regiões do país, estabelecer diretrizes para programas específicos,

como os de uso do gás natural, do álcool, de outras biomassas, do carvão e da energia termonuclear,

além de estabelecer diretrizes para a importação e exportação de petróleo e gás natural. (Lei nº

9.478/97, art. 2º; art. 8, XIV; art. 60, parágrafo único; art. 73, parágrafo único; e art. 77).

MME – Ministério de Minas e Energia O MME é o órgão do Governo Federal responsável pela condução das políticas energéticas do país.

Suas principais obrigações incluem a formulação e implementação de políticas para o setor energético,

de acordo com as diretrizes definidas pelo CNPE. O MME é responsável por estabelecer o

planejamento do setor energético nacional, monitorar a segurança do suprimento do Setor Elétrico

Brasileiro e definir ações preventivas para restauração da segurança de suprimento no caso de

desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda de energia. (Lei nº 3782/1960, Lei n° 10.683/2003,

Decreto n° 7.798, de 12 de setembro de 2012)

EPE – Empresa de Pesquisa Energética Instituída pela Lei nº 10.847/04 e criada pelo Decreto nº 5.184/04, a EPE é uma empresa vinculada ao

MME, cuja finalidade é prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o

planejamento do setor energético. Suas principais atribuições incluem a realização de estudos e

projeções da matriz energética brasileira, execução de estudos que propiciem o planejamento

integrado de recursos energéticos, desenvolvimento de estudos que propiciem o planejamento de

expansão da geração e da transmissão de energia elétrica de curto, médio e longo prazo, realização de

análises de viabilidade técnico-econômica e sócioambiental de usinas, bem como a obtenção da

licença ambiental prévia para aproveitamentos hidrelétricos e de transmissão de energia elétrica. (Lei

nº 10.847/04 e Decreto nº 5.184/04)

CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico O CMSE é um órgão criado no âmbito do MME, sob sua coordenação direta, com a função de

acompanhar e avaliar a continuidade e a segurança do suprimento elétrico em todo o território

nacional. Suas principais atribuições incluem: acompanhar o desenvolvimento das atividades de

geração, transmissão, distribuição, comercialização, importação e exportação de energia elétrica;

avaliar as condições de abastecimento e de atendimento; realizar periodicamente a análise integrada

de segurança de abastecimento e de atendimento; identificar dificuldades e obstáculos que afetem a

regularidade e a segurança de abastecimento e expansão do setor e elaborar propostas para ajustes e

ações preventivas que possam restaurar a segurança no abastecimento e no atendimento elétrico. (Lei

10.848/04, e Decreto 5.175/04)

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica A ANEEL foi instituída pela Lei nº 9.247/96 e constituída pelo Decreto nº 2.335/97, com as atribuições

de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica,

zelando pela qualidade dos serviços prestados, pela universalização do atendimento e pelo

estabelecimento das tarifas para os consumidores finais, preservando a viabilidade econômica e

financeira dos Agentes e da indústria. As alterações promovidas em 2004 pelo modelo vigente do setor

estabeleceram como responsabilidade da ANEEL, direta ou indiretamente, a promoção de licitações

na modalidade de leilão, para a contratação de energia elétrica pelos Agentes de Distribuição do

Sistema Interligado Nacional (SIN). (Lei nº 9.427/96, Decreto nº 2.335/97 e Portaria MME nº 349/97)

Page 9: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico O ONS foi criado pela Lei nº 9.648/98, e regulamentado pelo Decreto nº 2.655/98, com as alterações

do Decreto nº 5.081/04, para operar, supervisionar e controlar a geração de energia elétrica no SIN, e

administrar a rede básica16 de transmissão de energia elétrica no Brasil, com o objetivo principal de

atender os requisitos de carga, otimizar custos e garantir a confiabilidade do sistema, definindo ainda,

as condições de acesso à malha de transmissão em alta-tensão do país. As alterações implantadas a

partir de 2004 trouxeram maior independência à governança do ONS, através da garantia de

estabilidade do mandato de sua diretoria. (Lei nº 9.648/98, Decreto nº 2.655/98, Decreto nº 5.081/04)

CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica A CCEE, instituída pela Lei nº 10.848/04 e criada pelo Decreto nº 5.177/04, absorveu as funções e

estruturas organizacionais e operacionais do MAE. Entre suas principais obrigações estão: a apuração

do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), utilizado para valorar as transações realizadas no mercado

de curto prazo; a realização da contabilização dos montantes de energia elétrica comercializados; a

liquidação financeira dos valores decorrentes das operações de compra e venda de energia elétrica

realizadas no mercado de curto prazo e a realização de leilões de compra e venda de energia no ACR

por delegação da ANEEL. (Lei nº 10.848/04 e Decreto nº 5.177/04)

ELETROBRÁS - Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Criada em 1962 para promover estudos e projetos de construção e operação de usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações, destinadas ao suprimento de energia elétrica do País, a Eletrobrás adquiriu características de holding, controlando empresas de geração e transmissão de energia elétrica. As empresas do Grupo Eletrobrás produzem cerca de 60% da energia elétrica consumida no país. São elas: Chesf, Furnas, Eletronorte, Eletronuclear e CGTEE. A Eletrobrás detém ainda 50% da Itaipu Binacional. Também integram o Grupo Eletrobrás a Lightpar, o Cepel, bem como a Eletrosul, empresa transmissora de energia elétrica.

Page 10: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

A Eletrobrás é uma empresa de economia mista e de capital aberto, com ações negociadas nas Bolsas de Valores. O Governo Federal possui mais da metade das ações ordinárias e preferenciais (52,45%) da Eletrobrás e, por isso, tem o controle acionário da empresa. As políticas e diretrizes adotadas são definidas pelo Conselho Superior da Eletrobrás (CONSISE), formado pelos presidentes das empresas do grupo. (Lei nº 5.899/73)

Concessionárias e outros agentes setoriais Agente titular de concessão, permissão ou autorização, outorgada pelo Poder Concedente, para fins de geração de energia elétrica e prestação de serviços auxiliares. Dentre estes, podem ainda ser conceituados:

Agente Registrado: agente proprietário de aproveitamento de potencial hidráulico, igual ou inferior a 1.000 kW, ou de usina termelétrica de potência igual ou inferior a 5.000 kW, que está dispensado, por lei, de concessão, permissão ou autorização, e que deve apenas comunicar os dados técnicos e características do respectivo empreendimento ao Poder Concedente. (Lei nº 9.074/95, art. 8º)

Autoprodutor de Energia Elétrica (APE): pessoa física ou jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização para produzir energia elétrica destinada ao seu uso exclusivo. (Lei nº 9.074/95, arts. 5º, III, 7º, I e II, e Decreto nº 2.003/96, art. 2º, II)

Concessionária de serviço público de geração: são pessoas jurídicas ou consórcio de empresas titulares de delegação (concessão), feita pelo Poder Concedente da União, mediante licitação, na modalidade de concorrência, para prestação de serviço público de geração de energia elétrica, para o qual tenha demonstrado capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. São eles agentes titulares de concessão federal para explorar a prestação de serviço público de geração de energia elétrica. (Lei nº 8.987/95, art. 2º, II; Lei nº 9.074, art. 1º, V, e Capítulo II, Seção I).

Produtor Independente Autônomo (PIA): o produtor independente tem essa condição quando sua sociedade, não sendo ela própria concessionária de qualquer espécie, não é controlada ou coligada de concessionária de serviço público ou de uso do bem público de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica, nem de seus controladores ou de outra sociedade controlada ou coligada com o controlador comum (Lei nº 10.438/02, art. 3º, § 1º)

Agentes de Transmissão: agentes detentores de concessão para transmissão de energia elétrica, com instalações na rede básica. (A Lei nº 9.074/95, art. 17, define rede básica, a Lei nº 10.438/02, art. 13, V, § 7º, diz quando e como instalações de transporte de gás natural são consideradas integrantes da rede básica)

Agentes de Distribuição: operam um sistema de distribuição na sua área de concessão, permissão ou de atuação da cooperativa. Podem estar em sistemas elétricos isolados ou no SIN. Os que acessam diretamente a Rede Básica participam do SIN e contratam serviços de transmissão de energia elétrica e serviços auxiliares do ONS. Há casos em que um agente de distribuição acessa a Rede Básica por intermédio de outro.

Permissionária: agente titular de permissão federal para prestar o serviço público de distribuição de energia elétrica. É, em geral, cooperativa regularizada mediante processo administrativo no qual se constatou que exercia, em situação de fato ou com base em permissão anteriormente outorgada, atividade de comercialização de energia elétrica a público indistinto localizado em sua área de atuação. (Lei nº 9.074/95, art. 23)

Consumidores Livres: consumidores que têm a opção de escolher seu fornecedor de energia elétrica, conforme definido na legislação e em resolução da ANEEL (Ver Lei nº 9.074/95, arts. 15 e 16)

Agentes Importadores e Agentes Exportadores: são agentes titulares de autorização e, a partir de 01/01/2011, de concessão para implantação de sistemas de transmissão associados à importação ou à exportação de energia elétrica. As instalações outorgadas até 31/12/2010 poderão ser equiparadas, para efeitos técnicos e comerciais, aos concessionários, porém, fica vedada a esses agentes a celebração de novos contratos de importação ou exportação. (Lei nº 9.074/95, art. 17, §§ 6º a 8º)

Page 11: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Agente Comercializador da Energia de Itaipu: Itaipu é uma entidade binacional, pertencente ao Brasil e ao Paraguai. O relacionamento entre os dois países segue tratados internacionais específicos. “A usina de Itaipu é, atualmente, a maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece 18,9% da energia consumida no Brasil e abastece 77,0% do consumo paraguaio”. A comercialização dessa energia no Brasil é coordenada pela Eletrobrás. (Ver Lei nº 5.899/73, art. 3º e 4º)

Regimes para prestadores de serviços: concessão, autorização e permissão A concessão de serviços públicos, bem como a permissão, constitui-se em forma pelas quais se descentraliza a execução de serviços públicos. São instrumentos a serviço do Estado para ofertar serviços que venham de encontro às expectativas dos cidadãos. A legitimidade para a utilização de ambos decorre de texto expresso da Constituição de 1988, especificamente em seu artigo 175.

A Lei Federal nº 8.987/95, dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços públicos previstos no artigo 175 da Constituição, estabelecendo que os entes federativos promoverão a revisão e as adaptações necessárias de suas legislações às prescrições desta lei, buscando atender às peculiaridades das diversas modalidades de seus serviços e definindo o conceito de concessão e permissão. Posteriormente, foi editada a Lei nº 9.074/95, dispondo quais serviços são objetos de delegação e concessão. Nela encontra-se em seu Capítulo II, a disposição e os serviços de energia elétrica.

Os esforços internacionais em direção às Fontes Renováveis de Energia Em um cenário onde as preocupações com a segurança energética e as mudanças climáticas adquirem relevância, as fontes renováveis se tornam alternativas importantes.

Perdas de energia, custos ambientais, a distância dos grandes potenciais hidrelétricos e a necessidade de se manter a matriz limpa estimulam, cada vez mais, a regulamentação e os investimentos em geração de fontes alternativas e próxima dos consumidores.

Em relação à segurança energética, a produção de energia renovável a partir de fontes locais contribui para minimizar a exposição causada pela dependência da matriz energética baseada nos combustíveis fósseis, que tem sua política de preços regulada a nível internacional.

A matriz energética do planeta é extremamente poluente, frágil e de rendimento questionável, pois é dependente de matérias primas finitas. A mudança climática proveniente do lançamento de gases de efeito estufa na atmosfera, pode ser mitigada com a geração de energia a partir de recursos naturais provenientes de fontes renováveis.

Além desses benefícios, as fontes de energia renováveis, se implantadas apropriadamente, podem também contribuir para o desenvolvimento social e econômico, para a universalização do acesso à energia e para a redução de efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde (IPCC, 2011).

Desenvolvimento sustentável x fontes renováveis de energia. Por desenvolvimento sustentável, convencionou-se chamar aquele desenvolvimento que satisfaz as

necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias

necessidades. Tal modelo de desenvolvimento possui três componentes principais, que são o

desenvolvimento econômico, a equidade social e a proteção ambiental (ONU, 2010).

A partir desses conceitos, verifica-se que, para a obtenção do desenvolvimento sustentável, torna-se

essencial a utilização de fontes renováveis de energia, uma vez que as fontes fósseis não possuem os

requisitos necessários para se enquadrarem nessa definição. As fontes renováveis podem contribuir

para o desenvolvimento social e econômico, acesso à energia, segurança energética, mitigação das

mudanças climáticas e redução de problemas ambientais e de saúde causados pela poluição do ar,

alcançando, assim, todas as dimensões do desenvolvimento sustentável.

Page 12: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Ações internacionais contra as mudanças climáticas Desde 1988, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgãos vinculados à ONU, realizam os chamados Painéis Intergovernamentais sobre Mudanças Climáticas (IPCC), com o propósito de fornecer aos governos do mundo uma visão científica sobre o comportamento do clima global por meio de relatórios periódicos de avaliação sobre o clima.

Os Acordos para a diminuição das emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE) vêm formalizando as decisões globais de reduzir os níveis de emissão atuais, visto que a manutenção dos níveis atuais poderá levar a mudanças climáticas de grande magnitude, excedendo, no longo prazo, nossa capacidade de adaptação, bem como a dos ecossistemas naturais.

Aberta para assinaturas durante a Rio 92, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), entrou em vigor em 1994, ratificada por 195 países. O principal objetivo da convenção foi atingir uma estabilização das concentrações de gases de efeito estufa em níveis que prevenissem perigosas interferências no sistema climático. A convenção estabelecia, ainda, que esse nível deveria ser alcançado em prazo suficiente para permitir aos ecossistemas adaptarem-se naturalmente à mudança no clima; assegurar que a produção de alimentos não fosse ameaçada; e possibilitar que o desenvolvimento econômico prosseguisse de maneira sustentável (ONU, 1992).

As Conferências das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas

Conferência de Estocolmo (Suécia, 1972) A primeira conferência da ONU para o meio ambiente aconteceu na Suécia, em 1972. Nela, foram criados os 26 princípios que iriam direcionar os indivíduos de todo o mundo a melhorar e preservar o meio ambiente. Nesse ano também houve a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Conferência de Toronto (Canadá, 1988) A Conferência de Toronto foi a primeira a se preocupar com o clima. Houve uma reunião de cientistas alertando sobre a redução dos gases que aumentam o efeito estufa. Assim, foi criado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que seria um medidor das mudanças climáticas ocasionadas pelas atividades humanas.

Conferência de Genebra (Suíça, 1990) Foi discutido, nessa conferência, sobre a produção de um tratado internacional do clima, que seria criado em 1992. Para produzi-lo foi necessário criar o Comitê Intergovernamental de Negociação para uma Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas. Nesse ano, o IPCC mostra sinais de aumento da temperatura do planeta terra.

Conferência no Brasil (Rio de Janeiro, 1992) Uma das maiores conferências para a discussão de questões ambientais foi a chamada Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida também como Rio-92 ou Eco-92. Nessa reunião foi criada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, cujo objetivo era estabilizar a concentração de gases estufa na atmosfera, que ocorre anualmente para que os países pudessem debater sobre as mudanças climáticas. Os principais documentos criados nessa conferência foi a agenda 21 e um acordo chamado Convenção da Biodiversidade.

COP-1 Berlim (Alemanha, 1995) A primeira COP aconteceu entre 28 de março e 7 de abril de 1995, em Berlim, Alemanha e ali iniciou-se o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de missões de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos. Os países em desenvolvimento não foram incluídos na conferência.

Page 13: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

COP-2 Genebra (Suíça, 1996) A segunda conferência realizou-se em Genebra, Suíça, de 9 a 19 de/julho de 1996 e nela, os países participantes decidiram pela criação de obrigações legais de metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Além disso, ficou acordado que os países em desenvolvimento receberiam apoio financeiro da Conferência das Partes para desenvolver programas de redução de gases.

COP-3 Kyoto (Japão, 1997) A COP-3 realizou-se na cidade de Kyoto, no Japão, de 1º a 10 de dezembro de 1997. Daí surgiu o Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução para gases de efeito estufa para os países desenvolvidos apenas. Em linhas gerais, as metas de redução de emissões ficaram em 5,2 sobre as emissões de 1990. Japão, Estados Unidos e União Europeia assumiram reduções maiores: respectivamente 6%, 7% e 8%. Entretanto, os Estados Unidos não ratificaram o acordo, cuja entrada em vigor estava condicionada à ratificação de 55 países que somassem 55% das emissões globais, o que só aconteceu só em 16 de fevereiro de 2005. Não só isso: abandonou o acordo em 2001. Com a criação do protocolo surge o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e os certificados de carbono.

COP-4 Buenos Aires (Argentina, 1998) A reunião, que se realizou na capital argentina entre 2 e 13 de novembro de 1998, girou em torno da implementação e ratificação do Protocolo de Kyoto. Foi elaborado um programa de metas voltado para alguns itens do como a análise de impactos das mudanças climáticas e alternativas de compensação, que deveriam ser colocadas em prática com a adoção de mecanismos de financiamento e transferência de tecnologia.

COP-5 Bonn (Alemanha, 1999) Entre 25 de outubro a 5 de novembro de 1999, a conferência realizada na cidade alemã de Bonn destacou a execução das metas estabelecidas na COP anterior e debates sobre o uso da terra, da mudança no uso da terra e das florestas (em inglês, Land Use, Land Use-Change and Forestry – LULUCF) o impacto das atividades humanas e o papel desempenhado pelas florestas e o uso da terra na redução das emissões de gases de estufa.

COP-6 Haia (Holanda, 2000) Durante a COP-6, aumentam conflitos entre Estados Unidos e União Europeia durante as negociações. Em 2001, os EUA (um dos maiores emissores de gases estufa), o presidente George W. Bush afirmou que o país não ratificaria o protocolo e não participaria do acordo alegando que haveriam custos muito altos para a redução desses gases.

A COP-6 precisou ser dividida em duas partes: a Parte I aconteceu entre 13 e 24 de novembro de 2000, em Haia, Países Baixos e como as negociações foram suspensas, um ano depois ela foi retomada em Bonn, em julho de 2001. Os mecanismos de flexibilização, como o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) foram os temas centrais da conferência. Criados pelo Protocolo de Kyoto para que os países desenvolvidos pudessem cumprir parte de suas obrigações de emissão de gases de estufa em pelo menos 5% entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990, tais mecanismos permitiriam aos países ter certa flexibilidade no estabelecimento de medidas para a redução das emissões e no cálculo dessas reduções e foram assim denominados: (1) Execução Conjunta (em inglês: Joint Implementation - JI), que permitem a execução de projetos de redução de emissões apenas entre países industrializados; (2) Comércio de Emissões ( em inglês: Emissions Trade - ET), permitirá a comercialização de créditos de emissão entre países industrializados; (3) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL (em inglês: Clean Development Mechanism, ou CDM) originado de uma proposta brasileira, único que permitirá transferência de recursos e tecnologia de países industrializados para países em desenvolvimento.

Entretanto, não houve acordo sobre a definição da inclusão de projetos relacionados ao uso do solo, alterações de uso do solo e florestas (LULUCF), relativos à absorção de carbono pelo processo de fotossíntese (sumidouros) ou a emissões evitadas pela conservação de florestas nativas, e as negociações foram suspensas.

Page 14: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

COP-6, Parte II, Bonn (Alemanha, 2001) De 16 a 27 de julho de 2001, realizou-se em Bonn, Alemanha, a segunda parte da COP-6, depois que os Estados Unidos abandonaram o Protocolo de Kyoto. Retomadas as negociações, foram incluídos os sumidouros para cumprimento de metas de emissão, foram debatidos os limites de emissão para países em desenvolvimento e a assistência financeira dos países desenvolvidos. Marrakesh (Marrocos, 2001) na COP-7, os países industrializados diminuíram os conflitos.

COP-7 Marrakesch (Marrocos, 2001) Entre 29 de outubro e 9 de novembro de 2001, realizou-se em Marraqueche, Marrocos, a COP-7. Daí saíram os Acordos de Marraqueche que trouxeram a definição dos mecanismos de flexibilização, a decisão de limitar o uso de créditos de carbono gerados de projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e o estabelecimento de fundos de ajuda a países em desenvolvimento voltados a iniciativas de adaptação às mudanças climáticas.

Cop-8 Nova Délhi (Índia, 2002) A Cop-8 foi realizada em Nova Déli, Índia, entre 23 de outubro e 1º de novembro de 2002. No mesmo ano realizava-se em Durban, África do Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), iniciava a discussão sobre uso de fontes renováveis na matriz energética dos países que faziam parte da Convenção Quadro do Clima. O encontro também marcou a adesão da iniciativa privada e de organizações não governamentais ao Protocolo de Kyoto e apresentou projetos para a criação de mercados de créditos de carbono.

COP-9 Milão (Itália, 2003) A COP-9 ocorreu de 1º a 12 de dezembro de 2003, em Milão, Itália. O tema central dos debates foi a regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, estabelecendo regras para a condução de projetos de reflorestamento, que se tornaram condição para a obtenção de créditos de carbono.

COP-10 Buenos Aires (Argentina, 2004) De 6 a 17 de dezembro de 2004, a capital argentina, Buenos Aires, foi a sede da COP-10. Nessa conferência foram aprovadas regras de implementação do Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor no início do ano seguinte, após a ratificação pela Rússia. Vale destacar que outros temas foram a definição dos Projetos Florestais de Pequena Escala (PFPE) e a divulgação de inventários de emissão de gases do efeito estufa por alguns países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.

COP-11 Montreal (Canadá, 2005) A COP-11 aconteceu em Montreal, Canadá, de 28 de novembro a 9 de dezembro de 2005, juntamente com a Primeira Conferência das Partes do Protocolo de Kyoto (depois da entrada em vigor do protocolo). A questão das emissões provenientes do desmatamento tropical e a das mudanças no uso da terra foram aceitas oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção.

Nessa conferência foi constatado que os países em desenvolvimento (Brasil, China e Índia) passaram a ser importantes emissores de gases estufa. Durante ela, o Brasil propõe duas formas de negociações, a primeira seria após o Protocolo de Kyoto e a segunda para os grandes emissores, como os EUA. Nessa reunião aconteceu a primeira Conferência das Partes do Protocolo de Kyoto (COP/MOP1), em que instituições europeias defendem a redução de 20% a 30% de gases até 2030 e de 60 a 80% até 2050.

COP-12 Nairóbi (África, 2006) A COP-12 ocorreu na África entre 6 e 17 de novembro de 2006. A cidade de Nairóbi, no Quênia, foi a sede da conferência, que teve como principal compromisso a revisão de itens do Protocolo de Kyoto. Por ele, as 189 nações participantes se comprometeram a realizar processos internos de revisão. Também, foram estabelecidas regras para o financiamento de projetos de adaptação às mudanças climáticas em países pobres. Ainda nesse ano, houve uma ampla divulgação do Relatório Stern (Inglaterra) sobre um estudo detalhado dos efeitos do aquecimento global. O governo brasileiro propôs a criação de um mecanismo que promova efetivamente a redução de emissões de gases de

Page 15: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

efeito estufa originadas a partir de desmatamentos em países em desenvolvimento, o chamado Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).

COP-13 Bali (Indonésia, 2007) Contrariando as expectativas mais pessimistas, a COP-13, realizada em Bali, na Indonésia, entre de 3 e 15 de dezembro de 2007, terminou com a elaboração do Mapa do Caminho de Bali (Bali Action Plan), um road map até 2009, com metas de emissão e, principalmente, a inclusão de florestas no texto da decisão final. Foram estabelecidos compromissos verificáveis para a redução de emissões causadas por desmatamento das florestas tropicais para o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. Pela primeira vez a questão de florestas foi incluída no texto final. Os países em desenvolvimento teriam até 2009 para definir as metas de redução de emissões oriundas do desmatamento depois de 2012, quando o Protocolo de Kyoto se encerra. Também foi aprovada a implementação efetiva do Fundo de Adaptação, para que países mais vulneráveis à mudança do clima possam enfrentar seus impactos e ainda as Ações de Mitigação Nacionalmente Adequadas (Namas), uma proposta de modelo para os países em desenvolvimento na diminuição das emissões.

COP-14 Poznan (Polônia, 2008) Em Poznan, na Polônia, a COP-14, entre 1º e 12 de dezembro de 2008, discutiu um possível acordo climático global, uma vez que na COP-13 foi estabelecido que um novo acordo deveria substituir Kyoto. A conferência deu continuidade às negociações iniciadas com o Mapa do Caminho, em 2007 e foi uma preparação para COP-15. O destaque foi a participação do vice-presidente americano Al Gore – os EUA ficaram de fora do Protocolo de Kyoto ao não ratificá-lo em 2005 - e a mudança de posição dos países em desenvolvimento. Haviam muitas discussões, mas poucas decisões para um acordo pleno em Copenhague em razão das expectativas de resolução na COP 15, com as eleições americanas e o novo presidente Barack Obama. O Brasil criou o Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) com metas de redução do desmatamento e também expôs o Fundo Amazônia (fundo de captação de recursos para projetos que reduzem os desmatamentos e a divulgação da conservação e desenvolvimento sustentável na região). Os países em desenvolvimento (Brasil, China, Índia, México e África do Sul) assumiram um compromisso não obrigatório sobre a redução dos gases.

COP-15 Copenhague (Dinamarca, 2009) A COP-15 foi realizada em Copenhague, Dinamarca, entre 7 e 19 de dezembro de 2009, consolidou o tema climático nas agendas pública, corporativa e da sociedade civil. Mas não conseguiu fechar um acordo global entre os países para diminuir as emissões após 2012. Entretanto, embora a COP tivesse gerado muitas expectativas pois seu objetivo era fechar um acordo que substituísse o Protocolo de Kyoto (que expiraria em 2012) isso não aconteceu. O Acordo de Copenhague, obtido após as discussões entre Brasil, África do Sul, China, Índia, Estados Unidos e União Europeia (os países líderes), reconheceu que promover reduções de emissões resultantes de desmatamento e degradação florestal (Redd) era fundamental para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Mas questões como o impasse que se estabeleceu entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre metas de redução de emissões, por exemplo, ficaram no meio do caminho sem nada de concreto. Durante a COP-15 ficou acordada uma meta de limitar ao máximo de 2ºC, o aumento da temperatura média global, em relação aos níveis pré-industriais.

O documento estima que os países desenvolvidos deverão cortar 80% das emissões até 2050 e 20% até 2020, mas esse último corte não está de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, além de contribuir com a doação de US$ 30 bilhões anuais até 2012 para o fundo de luta contra o aquecimento global.

COP-16 Cancún (México, 2010) De 29 de novembro a 11 de dezembro de 2010 aconteceu a COP-16, em Cancún, México, na qual uma série de acordos foram fechados. Entre eles, a criação do Fundo Verde do Clima, para administrar o dinheiro que os países desenvolvidos se comprometeram a dar para deter as mudanças climática. Estavam previstos para o período 2010-2012, US$ 30 bilhões. A partir de 2020, mais US$ 100 bilhões anuais. Para o período 2010-2012 e mais US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020. Foi reiterada a meta fixada na COP-15 de limitar a um máximo de 2°C a elevação da temperatura média em relação aos

Page 16: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

níveis pré-industriais. Mas a decisão sobre o futuro do Protocolo de Kyoto ficou para Durbán, África do Sul, no ano seguinte. Kyoto termina em 2012 e obriga 37 países ricos a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa. Nessa COP, o Brasil lançou sua Comunicação Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa e anunciou a regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em decreto assinado pelo presidente Lula em 9 de dezembro. Assim, o Brasil assume o compromisso - independentemente de acordo entre todos os países e de fixação de metas - de reduzir no máximo 2,1 bilhões de dióxido de carbono até 2020.

COP-17 Durban (África do Sul, 2011) Realizada de 28 de novembro a 11 de dezembro de 2011, a COP-17 aconteceu países em Durban, na África do Sul. Os mais de 190 países que compõem a Convenção-Quadro das Partes da ONU se comprometeram a empreender ações para conter o aumento da temperatura no mundo, limitada em 2ºC, e reconheceram a necessidade de minimizar os problemas decorrentes das mudanças climáticas. A Plataforma de Durban, documento que resultou da conferência, estabeleceu que os países devem definir metas até 2015 nesse sentido para serem colocadas em prática a partir de 2020. Assim, um novo acordo substituiria Kyoto num prazo de oito anos. E seguindo o mapa do caminho, estabelecido em 2007, um acordo finalmente seria adotado em 2015, reunindo grande emissores de gases de efeito estufa como Estados Unidos e China. Entretanto, embora a expectativa fosse prorrogar o protocolo de Kyoto, que expira em 2012, isso não aconteceu. As discussões em torno de transferência de tecnologia e financiamento para que os países mais pobres consigam fazer frente às mudanças climáticas globais ainda continuam. Outros assuntos debatidos foram o funcionamento do Fundo Verde Climático, a aprovação da criação de um Centro de Tecnologia do Clima.

COP -18 Doha (Catar, 2012) A cidade de Doha, no Catar, foi a sede da COP-18, realizada entre 26 de novembro e 7 de dezembro de 2012. Com a participação de representantes de 190 países as negociações se encerraram com um acordo fechado às pressas de combate ao aquecimento global até 2020. Para evitar o fracasso da conferência, o Catar apresentou um texto de compromisso. Entre os pontos acordados está estender o prazo do Protocolo de Kyoto, como o único a implicar obrigações legais para enfrentar o aquecimento global, embora valha apenas para os países desenvolvidos que emitam gases de estufa, em nível mundial, abaixo de 15%.

Questões como a segunda fase do Protocolo de Kyoto e o auxílio financeiro aos países pobres para adaptação e mitigação em função do aquecimento global ficaram de fora e são motivo de impasse entre países do Hemisfério Norte e Sul.

COP-19 Polônia (Varsóvia, 2013) De 11 de novembro a 22 de novembro de 2013, aconteceu em Varsóvia, Polônia, a COP-19. O desafio dessa conferência foi antecipar questões e debates a serem levados para a COP-21, em Paris, em 2015, para que não seja um fracasso como a COP-15, de Copenhague. E que daí resultasse um documento de redução de emissões para substituir o Protocolo de Kyoto.

O Brasil pôs em pauta na COP-19 a necessidade de se estabelecer um novo ordenamento financeiro internacional baseado em uma economia de baixo carbono. Uma das ideias é a criação de uma espécie de "moeda-carbono", que remuneraria os países que reduzirem as emissões de gases de efeito estufa, equivalendo diferentes ações de compensação.

COP-20 Lima (Peru, 2014) Realizada na capital peruana, de 1º a 14 de dezembro de 2014 (a data de término era 12/12, mais foi estendida até 14/12) a COP-20 tinha como objetivo definir as bases para um acordo geral sobre o clima a ser aprovado na COP-21, em Paris, em substituição ao Protocolo de Kyoto. O documento final intitulado Chamamento de Lima para a Ação sobre o Clima, também conhecido por “rascunho zero” traz os elementos básicos para o novo acordo global que entrará em vigor em janeiro de 2021. A última versão, de 9 de fevereiro de 2015, tem109 páginas e 221 artigos que incorporam as diversas opções sobre a mesa.O documento também define os parâmetros mínimos para a apresentação das Contribuições Intencionais Nacionalmente Determinadas (INDCs sigla em inglês para Intended

Page 17: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

National Determinate Contributions) para mitigação e adaptação, a serem propostas no pelas partes e que servirão também de base para o futuro acordo de Paris. Mas foi considerado tímido pelos especialistas. Outros temas como financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e transparência para ações estão incluídos.

COP-21 Paris (França, 2015) Reunidos em Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro, os responsáveis dos 195 países presentes à convenção do clima concordaram reduzir as emissões de gases com efeitos estufa. Após duas semanas de negociações, os políticos chegaram ao consenso, assumindo um compromisso ambicioso: limitar a subida da temperatura a 1,5 graus, em relação à era pré-industrial.

O Acordo de Paris envolve, pela primeira vez, todos os países do mundo na luta contra as alterações climáticas e o aquecimento global. No compromisso, juridicamente vinculativo, comprometem-se a reduzir significativamente o uso de combustíveis fósseis para apostar nas energias renováveis. Sobre a questão do financiamento climático, ou seja, quem irá pagar a conta das ações necessárias para o sucesso do acordo, acertou-se que países desenvolvidos irão bancar US$ 100 bilhões por ano em medidas de combate à mudança do clima e adaptação em países em desenvolvimento. Eventuais injeções adicionais de recursos ficaram para 2025, quando será feita a revisão do acordo de Paris.

Fontes de Energias Renováveisiii

Energia solar As três principais tecnologias para o aproveitamento da energia solar para a produção de energia são a fotovoltaica, a termossolar e a solar termoelétrica.

Energia solar fotovoltaica Os sistemas fotovoltaicos transformam, diretamente, a energia solar em energia elétrica. A célula fotovoltaica é o componente básico do sistema, sendo constituída de material semicondutor que converte a energia solar em eletricidade em corrente contínua. As células fotovoltaicas são interconectadas para formar um módulo, ou painel fotovoltaico, cuja capacidade típica situa-se entre 50 e 200 watts (W).

Esses painéis são então combinados com outros componentes, como inversores e baterias, de acordo com a aplicação desejada. São extremamente modulares, podendo formar sistemas de alguns watts até dezenas de megawatts (MW) (IEA, 2010a).

Os módulos fotovoltaicos utilizam, basicamente, duas tecnologias: silício cristalino e filmes finos.

Os de silício cristalino, que podem ser mono ou multicristalinos, detêm de 85% a 90% do mercado anual atualmente (IEA, 2010a). Entre os comercialmente disponíveis, os painéis de silício monocristalino são os que apresentam maiores rendimentos, entre 15% e 20% de conversão da luz solar em eletricidade. Os de silício multicristalino, por sua vez, apresentam rendimento médio de 14%, apresentando, porém, menores custos de produção que os monocristalinos (IEA, 2011d).

Os de filme fino representam 10% a 15% das vendas anuais de módulos fotovoltaicos (IEA, 2010a) e são fabricados aplicando-se finas camadas de materiais semicondutores sobre um material de suporte, como vidro, plástico ou aço inoxidável, podendo formar módulos flexíveis. Os painéis de filme fino apresentam rendimentos inferiores, entre 7% e 13%, mas possuem a vantagem de apresentarem menores custos de fabricação. Apesar de mais baratos, requerem maior área para a obtenção de uma determinada potência elétrica (IEA, 2011d).

Células com concentradores de energia solar são as que apresentam as maiores eficiências (até 40% de conversão), estando a tecnologia próxima de tornar-se comercialmente disponível (IEA, 2011e).

Os sistemas fotovoltaicos apresentam a vantagem de utilizarem, além da luz solar direta, também a componente difusa, para a produção de eletricidade, permitindo seu funcionamento em dias em que o céu não está completamente limpo.

Page 18: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Energia termossolar Em um sistema de aquecimento solar, o coletor transforma a radiação solar em calor e, por meio de um fluido, como a água, o transfere para armazenamento em reservatório termicamente isolado, para posterior utilização. As principais tecnologias utilizadas nos coletores para aquecimento de água são os coletores planos, envidraçados ou não envidraçados, e os coletores de tubos a vácuo.

Os coletores planos envidraçados são construídos de tubos condutores de água (metálicos pintados de preto ou de material plástico) instalados no interior de uma caixa isolada termicamente, com cobertura transparente. Com esses coletores, podem ser atingidas temperaturas de até 80ºC, com uma eficiência de conversão entre 50% e 60% (IEA, 2010b).

Os coletores planos não envidraçados, por sua vez, são confeccionados como um único painel absorvedor de calor e condutor de água, sem isolamento, e são aplicados para a obtenção de temperaturas mais baixas, como para o aquecimento de piscinas. Já os coletores de tubos a vácuo são constituídos de tubos transparentes de vidro, a vácuo, em cujo interior é montado o absorvedor. Esses tubos são montados em fileiras paralelas e conectados por meio de uma tubulação, que contém o fluido que absorverá o calor das extremidades aquecidas dos tubos. O vácuo é utilizado para reduzir as perdas de calor, aumentando assim as temperaturas máximas que podem ser atingidas por meio desse sistema, que podem superar os 100ºC. Esse desempenho permite que sejam também utilizados para algumas aplicações industriais. Os sistemas domésticos para aquecimento de água, além dos coletores, utilizam um reservatório isolado termicamente para armazenamento da água quente, que pode ser instalado junto ao coletor ou separadamente. A montagem normalmente é feita de modo que o fluxo da água entre coletores e reservatório ocorra naturalmente, em razão da diferença de densidade entra a água fria e a aquecida. Os reservatórios de água aquecida podem contar com um sistema alternativo de aquecimento, como uma resistência elétrica, para as situações em que a insolação não seja suficiente para produzir o aquecimento desejado.

Os coletores solares, além do uso residencial, podem também ser dimensionados para aplicações comerciais e industriais. Estima-se que entre 30% e 40% da demanda industrial por calor possa ser atendida por meio de sistemas de aquecimento solar comerciais (IEA, 2010b).

Energia solar termoelétrica As usinas solares termoelétricas funcionam concentrando a radiação solar direta para aquecimento de um receptor, que, por sua vez, aquece um fluido. O calor absorvido pelo fluido é então transformado em energia mecânica, por meio de turbinas a vapor, por exemplo, e então convertido em energia elétrica. Trata-se, portanto, de um processo semelhante ao utilizado para a produção de energia termelétrica convencional, como a obtida a partir de gás natural, carvão ou energia nuclear.

A diferença principal é a forma de obtenção do calor que aquecerá o fluido de trabalho. As usinas solares termoelétricas utilizam, basicamente, quatro tecnologias: sistemas de calhas parabólicas, sistemas de refletores Fresnel lineares, torres solares e discos parabólicos. Sistemas de calhas parabólicas consistem em fileiras de espelhos refletores, curvados em uma dimensão, que focalizam os raios solares sobre tubos absorvedores de calor isolados a vácuo do meio externo por intermédio de tubos de vidro.

No interior dos tubos absorvedores, circula o fluido que transferirá o calor captado para o sistema composto de turbina a vapor e gerador elétrico. Os espelhos refletores acompanham o movimento do sol em torno de um eixo, normalmente orientado no sentido norte-sul. Centrais que utilizam essa tecnologia podem ser construídas com sistemas de armazenamento térmico, para a produção de eletricidade em momentos em que a radiação solar não esteja disponível, como à noite. Sistemas de refletores Fresnel lineares são constituídos por longas fileiras de espelhos planos, ou quase planos, que refletem a radiação solar sobre um único receptor horizontal fixo, alinhado com as fileiras de espelhos. Esse sistema tem a vantagem de apresentar menor custo por área, sendo, porém, menos eficiente que o sistema de calhas parabólicas (IPCC, 2011).

Os sistemas de torres solares, ou sistemas de receptores centrais, utilizam centenas, ou milhares de espelhos planos para concentrar os raios do sol sobre um receptor central situado no topo de uma

Page 19: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

torre (Figura 4.9 c). Alguns sistemas comerciais utilizam sal derretido como fluido que fará a transferência de calor, podendo realizar também o armazenamento dessa energia, de modo que a central possa operar em horários em que não ocorra a incidência de radiação solar. Os espelhos refletores devem possuir sistema para acompanhar o sol com movimentação em dois eixos, o que os torna mais complexos e dispendiosos. Todavia, esse tipo de central solar é capaz de atingir elevadas temperaturas, o que eleva a eficiência da conversão de calor para eletricidade e reduz os custos de armazenamento térmico (IEA, 2010c).

Já o disco parabólico concentra os raios de sol no ponto focal situado acima de seu centro. Todo o sistema acompanha o sol, movendo-se em dois eixos. A maioria dos discos possui um conjunto individual motor-gerador no ponto focal, que utiliza, por exemplo, motores Stirling ou microturbinas. Os discos parabólicos oferecem o melhor desempenho na conversão de energia solar para elétrica entre todos os sistemas de concentração (IEA, 2010c).

A capacidade típica dos sistemas que utilizam motores Stirling situa-se entre 10 kW e 25 kW de energia elétrica (IPCC, 2011). As plantas solares termoelétricas podem ser também equipadas com sistema de produção de energia a partir de combustíveis, como gás natural, por exemplo, compartilhando um único conjunto turbina-gerador. Nessa configuração híbrida, podem se comportar como usinas de base. Como somente a radiação solar direta pode ser concentrada, as plantas de concentração precisam ser instaladas em locais de grande insolação, como regiões áridas e semiáridas. Assim, os sistemas de concentração solar necessitam de sistemas de transmissão para transportar a energia elétrica dos locais de produção até os centros de consumo.

Biomassa para a produção de eletricidade e co-geração Várias matérias-primas e tecnologias estão disponíveis para a produção de energia elétrica a partir da biomassa.

Matérias-primas As fontes de matéria-prima para a produção de energia a partir da biomassa são muito diversas e incluem (IEA, 2007): ▪ resíduos agrícolas; ▪ dejetos de animais; ▪ resíduos das indústrias florestais, de papel e celulose e alimentícia; ▪ resíduos urbanos (lixo); ▪ matéria orgânica de esgotos sanitários; ▪ culturas energéticas, como as provenientes de rotação de cultura, florestas energéticas (eucalipto e pinus), gramíneas (capim elefante), culturas de açúcar (cana-de-açúcar e beterraba), culturas de amido (milho e trigo) e oleaginosas (soja, girassol, colza, sementes oleaginosas, pinhão-manso e óleo de palma). Todavia, verifica-se que os resíduos orgânicos, urbanos, industriais e rurais, são, em geral, as principais fontes para a produção de eletricidade e co-geração. Isso porque os produtos primários das culturas energéticas, normalmente, possuem custo mais elevado, sendo utilizados para a produção de biocombustíveis, como etanol e biodiesel, ou como redutores e fontes de calor na indústria siderúrgica, como o carvão vegetal proveniente de plantações de eucalipto.

As principais tecnologias aplicadas para a produção de eletricidade e co-geração são a queima conjunta; queima em usinas dedicadas à biomassa; gaseificação; e digestão anaeróbica.

Queima conjunta O processo de queima conjunta consiste em utilizar biomassa sólida e carvão mineral em usinas termelétricas a carvão mineral. Essa forma de geração faz uso das usinas a carvão já existentes, exigindo baixos investimentos iniciais, realizados na preparação da biomassa para queima e na adaptação de sistemas de alimentação de combustível. Esse método tem a vantagem de aproveitar a maior eficiência de grandes plantas de geração a carvão mineral. Entretanto, o percentual de biomassa que pode ser usado para mistura direta com o carvão mineral limita-se a 10%, acima do qual são requeridos maiores investimentos para adaptação da usina.

Queima em usinas dedicadas à biomassa Em usinas dedicadas à biomassa, esse material é queimado para produção de eletricidade, ou de eletricidade e calor (co-geração), por intermédio de sistemas que utilizam caldeira, turbina a vapor e gerador elétrico. A capacidade típica dessas plantas – de 1 a 100 MW – é cerca de dez vezes menor que a potência de grandes usinas a carvão, em razão da disponibilidade de matéria-prima e para evitar

Page 20: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

maiores custos de transporte. Essa tecnologia é usada com o objetivo de aproveitar grandes quantidades de resíduos, como o bagaço de cana, por exemplo. A menor dimensão das unidades praticamente dobra os investimentos por quilowatt e resulta em menor eficiência elétrica, em comparação com as usinas a carvão (IEA, 2007).

A produção de eletricidade a partir da queima de resíduos sólidos urbanos apresenta custos mais elevados, pois exige rígido controle da emissão de poluentes, provenientes da grande diversidade de materiais presentes no lixo das cidades. Assim, em consequência dos elevados custos de capital e de operação, semelhantes usinas são viáveis apenas quando o responsável pelos resíduos assume parte dos custos. Portanto, são aplicáveis somente em locais onde outra forma de disposição é impossível ou muito dispendiosa (IEA, 2011e). Porém, esse tipo de tratamento de resíduos sólidos tem a vantagem de apresentar balanço de emissão de gases de efeito estufa mais favoráveis que outras alternativas, como os aterros sanitários (IEA, 2007).

Gaseificação A gaseificação é um processo termoquímico em que a biomassa é transformada em gás combustível. O gás combustível, em princípio, pode ser queimado diretamente em motores de combustão interna ou turbinas a gás para mover um gerador elétrico. A energia elétrica pode também ser obtida em usinas de ciclo combinado, que alcançam maiores eficiências, e utilizam turbinas a gás e a vapor (IEA, 2011e).

Digestão anaeróbica A digestão anaeróbica é o processo de degradação biológica da biomassa por bactérias, na ausência de oxigênio, produzindo biogás. Esse gás pode então ser usado para a produção de energia elétrica, tipicamente, por meio de sua combustão em motores estacionários. A digestão anaeróbica é particularmente adequada para o aproveitamento de matérias-primas com alto teor de umidade, como dejetos de animais, lodo decorrente do tratamento de esgotos sanitários, resíduos agrícolas úmidos e a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos. A digestão anaeróbica também ocorre naturalmente no interior de aterros sanitários, que podem conter sistema de capitação e transporte do biogás com a finalidade de produção de energia elétrica (IEA, 2011e). A produção de eletricidade a partir do biogás originado de resíduos orgânicos apresenta também grande vantagem sob o aspecto ambiental, pois evita que esses resíduos sejam descartados no ambiente sem tratamento, poluindo, especialmente, os recursos hídricos. Um exemplo de experiência de sucesso no tratamento de resíduos animais é o programa desenvolvido por Itaipu no Sul do Brasil, que estimula e apoia a produção de biogás por criadores de suínos, o que trouxe melhora da qualidade da água dos corpos hídricos que desaguam no lago da usina hidrelétrica.

Hidroeletricidade A hidroeletricidade é proveniente da energia da água dos rios que flui de elevações mais altas para mais baixas (REN21, 2011). Nessas usinas, a energia potencial da água é transformada em energia cinética, que, na turbina, é convertida para energia mecânica, por sua vez transformada em energia elétrica no gerador. A quantidade de energia produzida depende da vazão e da queda, o desnível vertical do aproveitamento. O processo de conversão de energia é altamente eficiente nas modernas centrais hidrelétricas. A eficiência é normalmente superior a 90% nas turbinas e mais de 99% nos geradores, levando o fator de conversão total a mais de 90% (IPCC, 2011). É, portanto, a forma mais eficiente de produção de energia elétrica disponível. Os três principais tipos de aproveitamento são usinas com reservatório de acumulação, usinas a fio d’água e usinas com bombeamento.

Nas usinas com reservatório de acumulação, é construída uma barragem para o represamento da água do curso d’água, criando um reservatório que permite a formação do desnível necessário para o armazenamento da água em volume adequado para a regularização da vazão dos rios, que varia devido a períodos de chuva ou estiagem. No caso das usinas a fio d’água, não são construídos reservatórios de acumulação e a energia gerada depende da vazão do rio. São aproveitamentos que reduzem as áreas de alagamento, mas não permitem que seja estocada água para regularizar a produção de eletricidade. Já as usinas com bombeamento possuem dois reservatórios, sendo a água bombeada do

Page 21: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

inferior para o superior em momentos de baixa demanda, utilizando-se a energia da rede elétrica. Nos momentos de maior demanda, essa água é então liberada, gerando energia elétrica.

A hidroeletricidade é uma tecnologia madura e plenamente comercial, apesar de existirem possibilidades de redução de custos e aumento de eficiência, especialmente para o caso de projetos de pequena capacidade ou de baixa queda. A hidroeletricidade é também uma fonte de energia renovável que apresenta grande flexibilidade, podendo operar como usina de base ou para atender o pico da demanda, permitindo ainda o armazenamento de energia (IEA, 2011e).

Energia eólica A energia eólica provém da energia cinética do ar em movimento (o vento), captada por turbinas, cujo rotor está ligado a um gerador elétrico, seja diretamente ou por intermédio de uma caixa de engrenagens. As turbinas modernas de grande porte utilizam um rotor horizontal, no topo de uma torre, com uma hélice de três pás, que podem ter o ângulo de ataque ajustado de acordo com a velocidade do vento. O rotor pode ser conectado a um gerador elétrico por meio de uma caixa de engrenagens multiplicadora de velocidade. O eixo do rotor pode também ser ligado diretamente ao gerador, sem a necessidade de caixa de engrenagens, utilizando-se, para tanto, geradores elétricos de maior diâmetro, de múltiplos polos e com excitação por ímãs permanentes. Os sistemas eólicos podem ser instalados em terra (onshore) ou sobre o mar (offshore).

Os sistemas sobre o mar apresentam a vantagem de aproveitarem ventos normalmente mais favoráveis e utilizam as grandes turbinas para instalação em terra com adaptações, como maior proteção à corrosão. As turbinas eólicas produzem energia com ventos a partir de 15 quilômetros por hora (km/h) até 90 km/h (IEA, 2009a). As maiores turbinas eólicas atuais são de 5 MW a 6 MW de potência por unidade, com um diâmetro de rotor de 126 metros. As turbinas comerciais típicas têm capacidade entre 1,5 MW e 3 MW. As turbinas têm aumentado de tamanho muito rapidamente, mas é esperada uma diminuição desse ritmo de crescimento para as turbinas em terra, devido a restrições estruturais, de transporte, e de instalação (IEA, 2011e).

Energia geotérmica A energia geotérmica consiste no aproveitamento da energia térmica armazenada no interior da terra, em rochas ou a partir de água aprisionada no estado líquido ou de vapor, para a produção de eletricidade ou calor. São utilizados poços para a produção de fluidos aquecidos, que movimentam turbinas a vapor para a produção da energia mecânica, que será convertida em eletricidade por meio de geradores elétricos. Atualmente são utilizadas três tecnologias para a exploração desses recursos.

Plantas de vapor rápido, que utilizam vapor originado da redução da pressão da água proveniente de reservatórios hidrotermais de alta temperatura. Esse tipo de usina representa dois terços da capacidade hoje instalada em energia geotérmica (IEA, 2011e).

Plantas de vapor seco, quando se dispõe de reservatórios que produzem vapor seco, isto é, sem água líquida, que pode ser enviado diretamente para as turbinas a vapor.

Plantas binárias, que podem utilizar recursos geotérmicos de baixas para médias temperaturas, que vaporizam fluidos de baixo ponto de ebulição por meio de trocadores de calor.

Energia dos oceanos A energia dos oceanos é a que apresenta menor grau de maturidade, com limitada aplicação comercial, mas com uma ampla gama de dispositivos ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento (REN21, 2011). Para o aproveitamento dos recursos energéticos dos oceanos, cinco alternativas tecnológicas são consideradas.

Energia das marés, extraída a partir da construção de barragens em locais que apresentam grandes diferenças de nível entre a alta e a baixa maré.

Energia das correntes de maré e marinhas, derivada da energia cinética associada às correntes das marés e correntes marinhas, aproveitada por meio da instalação de turbinas que aproveitam o fluxo da água, sem a necessidade de construção de barragens.

Page 22: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Energia das ondas, que aproveita a energia cinética ou potencial associada às ondas do mar para a produção de energia elétrica, por meio de grande variedade de dispositivos em desenvolvimento.

Energia de gradientes de temperatura, obtida a partir da utilização da diferença de temperatura entre a superfície e o fundo dos oceanos, por meio de diferentes processos de conversão de energia térmica dos oceanos (IEA, 2011e).

Energia de gradientes de salinidade, que aproveita a diferença de salinidade entre a água do mar e a água doce dos rios em estuários, explorando a diferença de potencial químico ou a diferença de pressão osmótica entre as duas soluções.

Page 23: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Marco regulatório das fontes renováveis de energia no setor elétrico

brasileiroiv

Marco regulatório Constitucional. Inicialmente, cabe examinar, as previsões constitucionais acerca do tema. A Constituição de 1988 estabelece os potenciais de energia hidráulica como bens da União (artigo 20, inciso VIII). Determina ainda que compete à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água (artigo 22, inciso XII, alínea b). O artigo 175 dispõe que incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos, entre os quais inclui-se o de distribuição de energia elétrica. O artigo 22 da Constituição Federal, por sua vez, traz que compete exclusivamente à União legislar sobre energia.

Marco regulatório infraconstitucional.

Normas federais. Lei federal nº 5.655, de 20 de maio de 1971, e alterações, que prevê a destinação de recursos da Reserva Global de Reversão (RGR) encargo pago pelas empresas de energia elétrica para instalações de produção a partir de fontes eólica, solar, de biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas. Essa lei também determina que a Eletrobrás institua programa de fomento para a utilização de equipamentos, de uso individual e coletivo, destinados à transformação de energia solar em energia elétrica.

Lei federal 9.427, de 26 de dezembro de 1996, que inclui diversas disposições que favorecem as fontes alternativas renováveis. Permite a utilização do regime de autorização para o aproveitamento de potencial hidráulico de potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinado a produção independente ou autoprodução, mantidas as características de pequena central hidrelétrica. Essa regra simplifica os procedimentos de autorização em relação aqueles aplicados às concessões, que são outorgadas mediante licitação. Seu artigo 26 institui descontos nas tarifas de transmissão e distribuição, não inferiores a 50%, para as pequenas centrais hidrelétricas, para os empreendimentos hidroelétricos com potência igual ou inferior a 1.000 kW e para aqueles com base em fontes solar, eólica, biomassa e co-geração qualificada cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição seja menor ou igual a 30.000 kW. Isenta ainda as PCHs do pagamento da compensação financeira pela exploração dos recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica. Além disso, estabelece que as PCHs, os empreendimentos hidroelétricos com potência igual ou inferior a 1.000 kW e aqueles com base nas fontes solar e eólica, na biomassa e na co-geração qualificada cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou distribuição seja menor ou igual a 50.000 kW poderão comercializar energia elétrica com consumidor ou conjunto de consumidores, cuja carga seja maior ou igual a 500 kW, se atendidos pelo Sistema Interligado Nacional – SIN, ou maior ou igual a 50 kW quando o consumidor ou conjunto de consumidores estiverem situados em áreas atendidas por sistemas isolados.

Lei federal nº 9.074, de 7 de julho de 1995, estabelece que o aproveitamento de potenciais hidráulicos, iguais ou inferiores a 1.000 kW, e a implantação de usinas termelétricas de potência igual ou inferior a 5.000 kW estão dispensados de concessão, permissão ou autorização, devendo apenas ser comunicados ao poder concedente. Seu artigo 10 atribui à ANEEL, poder de declarar a utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, das áreas necessárias à implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados de energia elétrica.

Lei federal nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, que em seu artigo 1º incluiu entre os objetivos da política energética nacional a utilização de fontes alternativas de energia, mediante o aproveitamento econômico dos insumos disponíveis e das tecnologias aplicáveis. O artigo 2º, atribui ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a tarefa de rever periodicamente as matrizes energéticas aplicadas às diversas regiões do país, considerando as fontes convencionais e alternativas e as

Page 24: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

tecnologias disponíveis, bem como de estabelecer diretrizes para programas específicos, como os de uso da energia solar, da energia eólica e da energia proveniente de outras fontes alternativas.

Lei federal nº 9.648, de 27 de maio de 1998, prevê que a geração de energia elétrica a partir de PCHs ou de fontes eólica, solar, de biomassa e de gás natural, que venha a ser implantada em sistema elétrico isolado e substitua a geração termelétrica que utilize derivado de petróleo ou desloque sua operação para atender ao incremento do mercado poderá receber recursos da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), destinada a ressarcir os custos adicionais de geração de eletricidade nos sistemas isolados. Cabe aqui observar que a redação do inciso I do § 4º dessa lei não incluiu entre os beneficiários da subrogação do direito de recebimento de recursos da CCC os empreendimentos hidroelétricos com potência igual ou inferior a 1.000 Kw.

Lei federal nº 9.991, de 24 de julho de 2000, cria incentivo às fontes alternativas pela isenção da obrigação de investir um montante mínimo correspondente de 1% da receita operacional líquida concedida às empresas que gerem energia a partir das fontes eólica, solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

Lei federal nº 10.438, de 26 de abril de 2002. Seu artigo 3º instituiu o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, enquanto o artigo 13 criou a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que tem como um de seus objetivos aumentar a competitividade da energia produzida a partir de fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa nas áreas atendidas pelos sistemas interligados.

Lei federal nº 10.847, de 15 de março de 2004, que autorizou a criação da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, é de se ressaltar que, entre as competências dessa empresa pública, estão várias atribuições relacionadas às fontes alternativas de energia, como identificar e quantificar os potenciais de recursos energéticos; desenvolver estudos de impacto social, viabilidade técnico-econômica e socioambiental para os empreendimentos de energia elétrica e de fontes renováveis; desenvolver estudos para avaliar e incrementar a utilização de energia proveniente de fontes renováveis; elaborar e publicar estudos de inventário do potencial de energia elétrica proveniente de fontes alternativas. (link)

Lei federal nº 10.848, de 15 de março de 2004, que estabeleceu dois ambientes de contratação distintos: o livre e o regulado, também chamado de mercado cativo. É a principal norma que disciplina a contratação de fontes de energia elétrica para suprimento do mercado nacional. A norma prevê, em seu artigo 2º, a participação de fontes alternativas nas licitações para suprimento das distribuidoras atendidas pelo Sistema de Interligação Nacional - SIN e permite que essas empresas adquiram energia elétrica proveniente de geração distribuída. A lei prevê também a contratação de reserva de capacidade de geração (artigos 3º e 3º-A), mecanismo que tem sido utilizado para a contratação de fontes alternativas de energia. (link)

Lei federal nº 11.488, de 15 de junho de 2007, que cria o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infra-Estrutura – REIDI. Seu artigo 2º estabelece que é beneficiária do Reidi a pessoa jurídica que tenha projeto aprovado para implantação de obras de infra-estrutura nos setores de transportes, portos, energia, saneamento básico e irrigação. (link)

Lei federal nº 11.977, de 7 de julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida, em seu artigo 82, autoriza o custeio, no âmbito do programa, da aquisição e instalação de equipamentos de energia solar para o aquecimento de água. Ressalte-se que o principal mecanismo utilizado internacionalmente para promover a expansão de aquecimento solar de água são exigências de implantação desses sistemas por meio de normas de edificação. No Brasil, entretanto, semelhantes medidas envolvem normas de caráter local, cuja legislação é de competência municipal, de acordo com a Constituição Federal (artigo 30, inciso I). Portanto, para incentivar essa fonte limpa e viável economicamente no país, a legislação federal precisará adotar outros instrumentos, como a oferta de financiamento para aquisição dos equipamentos, além de outros incentivos, como, por exemplo, a concessão de descontos nas tarifas de energia elétrica, pelos benefícios que os aquecedores solares trazem para o sistema elétrico. (link)

Page 25: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Lei federal nº 12.111, de 9 de dezembro de 2009, estabelece, para os sistemas isolados, sistemática de contratação de energia semelhante à prevista para o sistema interligado, que poderá incluir as fontes renováveis, de acordo com diretrizes do Ministério de Minas e Energia. (link)

Lei federal nº 12.490, de 16 de setembro de 2011. Altera a Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, visando garantir o fornecimento de biocombustíveis em todo o território nacional, incentivar a geração de energia elétrica a partir da biomassa e de subprodutos da produção de biocombustíveis, em razão do seu caráter limpo, renovável e complementar à fonte hidráulica; promover a competitividade do País no mercado internacional de biocombustíveis; atrair investimentos em infraestrutura para transporte e estocagem de biocombustíveis; fomentar a pesquisa e o desenvolvimento relacionados à energia renovável; mitigar as emissões de gases causadores de efeito estufa e de poluentes nos setores de energia e de transportes, inclusive com o uso de biocombustíveis. Altera também a Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, para estabelecer que qualquer empresa ou consórcio de empresas constituídas sob as leis brasileiras com sede e administração no País poderá obter autorização da ANP para exercer as atividades econômicas da indústria de biocombustíveis destinadas a permitir a exploração das atividades econômicas em regime de livre iniciativa e ampla competição. (link)

Lei nº federal nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013. Dispõe sobre a possibilidade de prorrogação das concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, sobre a redução dos encargos setoriais e sobre a modicidade tarifária. (link)

Lei federal nº 13.169, de 6 de outubro de 2015. Seu artigo 8º estabelece que ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre a energia elétrica ativa fornecida pela distribuidora à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica ativa injetada na rede de distribuição pela mesma unidade consumidora com os créditos de energia ativa originados na própria unidade consumidora no mesmo mês, em meses anteriores ou em outra unidade consumidora do mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de Energia Elétrica para microgeração e minigeração distribuída, conforme regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. (link)

Decretos federais Decreto federal nº 5.163, de 30 de julho de 2004, definiu a geração distribuída como a produção de energia elétrica proveniente de empreendimentos conectados diretamente no sistema elétrico do agente de distribuição comprador. Essa energia, porém, não poderá ser produzida em empreendimento hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW ou termelétrico, inclusive de co-geração, com eficiência energética inferior a setenta e cinco por cento. Todavia, os empreendimentos termelétricos que utilizem biomassa ou resíduos de processo como combustível não estarão limitados a esse percentual de eficiência energética. A contratação de energia elétrica proveniente de empreendimentos de geração distribuída deverá ser precedida de chamada pública promovida diretamente pelo agente de distribuição. O valor máximo de remuneração para os geradores que comercializarem energia nessa modalidade é o Valor Anual de Referência previsto no artigo 34 do Decreto nº 5.163, de 2004, que corresponde à média do custo da energia adquirida por meio dos leilões de contratação de energia elétrica para suprimento das distribuidoras do Sistema Interligado Nacional. (link)

Resoluções ANEEL

Resolução Normativa ANEEL nº 077/2004 De 19/08/2004: Estabelece os procedimentos vinculados à redução das tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição, para empreendimentos hidrelétricos de geração, caracterizados como Pequena Central Hidrelétrica, e aqueles com fonte solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, com potência instalada menor ou igual a 30.000 kW; Revoga o art. 22 da Resolução 281 de 01.10.1999 e Revoga a Resolução 219 de 23.04.2003. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 109/2004 Institui a Convenção de Comercialização de Energia Elétrica, estabelecendo a estrutura e a forma de funcionamento da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE. (link)

Page 26: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Resolução Normativa ANEEL nº 235/2006. Estabelece requisitos para o reconhecimento da qualificação de centrais termelétricas co-geradoras, com vistas a participação nas políticas de incentivo ao uso racional dos recursos energéticos. De acordo com o art. 8º, as centrais termelétricas que utilizam exclusivamente a biomassa como fonte primária de energia não necessitam de qualificação para fazer jus aos benefícios previstos na legislação, respeitadas as respectivas condições de aplicação. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 247/2006 Estabelece as condições para a comercialização de energia elétrica, oriunda de empreendimentos de geração que utilizem fontes primárias incentivadas, com unidade ou conjunto de unidades consumidoras cuja carga seja maior ou igual a 500 kW, no âmbito do Sistema Interligado Nacional – SIN. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 376/2009: Estabelece as condições para contratação de energia elétrica, por Consumidor Livre, no âmbito do Sistema Interligado Nacional - SIN; altera e revoga dispositivos das Resoluções ANEEL 281 de 1999 e 665 de 2002; altera dispositivos da Resolução Normativa 247 de 2006; revoga dispositivo da Resolução Normativa 345 de 2008 e a Resolução 264 de 1998. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 391/2009 Estabelece os requisitos necessários à outorga de autorização para exploração e alteração da capacidade instalada de usinas eólicas, os procedimentos para registro de centrais geradoras com capacidade instalada reduzida e dá outras providências. Define usina eólica como instalação de produção de energia elétrica a partir da energia cinética do vento; define ainda Usina eólica com capacidade instalada reduzida, aquela usina eólica com potência instalada igual ou inferior a 5.000kW. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 414/2010 Estabelece as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e consolidada. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 481/2012 Altera a Resolução Normativa nº 77, de 18 de agosto de 2004, instituindo redução das tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição para empreendimentos de fonte solar. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 Se refere à produção de energia elétrica de forma descentralizada por instalações de pequeno porte, e cria sistema de compensação de energia elétrica. Por meio desse mecanismo, os consumidores que instalarem pequenas unidades de produção de energia elétrica, de até 1.000 kW de capacidade, utilizando fontes renováveis ou co-geração qualificada, poderão abater a energia que injetarem na rede elétrica da energia que dela absorverem, sendo que o excedente não compensado gerará créditos válidos por até 36 meses. A norma prevê, portanto, a adoção de um sistema de medição diferencial de energia, denominado de net-metering na bibliografia internacional. No sistema adotado pela Aneel, os custos de adequação do sistema de medição serão imputados aos consumidores e cada fatura mensal deverá apresentar um valor positivo mínimo, correspondente a um custo de disponibilidade.

De acordo com o art. 1º ficam adotadas as seguintes definições: - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 100 kW e que utilize fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras; minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW para fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 506/2012 Estabelece as condições de acesso ao sistema de distribuição por meio de conexão a instalações de propriedade de distribuidora a serem seguidas pelos acessantes e pela acessada. (link)

Page 27: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Resolução Normativa ANEEL nº 583/2013 Estabelece os procedimentos e condições para obtenção e manutenção da situação operacional e definição de potência instalada e líquida de empreendimento de geração de energia elétrica. (link)

Resolução Normativa ANEEL nº 687/2015 Altera a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, e os Módulos 1 e 3 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST. Segundo as novas regras, que começaram a valer a partir de 1º de março de 2016, está permitido o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração qualificada, denominando-se microgeração distribuída a central geradora com potência instalada até 75 quilowatts (KW) e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW (sendo 3 MW para a fonte hídrica), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.

Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas em outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos créditos foi denominado “autoconsumo remoto”.

Outra inovação da norma diz respeito à possibilidade de instalação de geração distribuída em condomínios (empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Nessa configuração, a energia gerada pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores. A ANEEL criou ainda a figura da “geração compartilhada”, possibilitando que diversos interessados se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem uma micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados. (link)

Resoluções ANP

Resolução ANP nº 08/2015 Estabelece a especificação do Biometano de origem nacional oriundo de resíduos orgânicos agrossilvopastoris destinado ao uso veicular e às instalações residenciais e comerciais a ser comercializado em todo o território nacional, bem como as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam produto em todo o território nacional. (link)

Resoluções CONAMA

Resolução CONAMA nº 279/2001 Estabelece procedimentos e prazos ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos: I - Usinas hidrelétricas e sistemas associados; II - Usinas termelétricas e sistemas associados; III - Sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações). IV - Usinas Eólicas e outras fontes alternativas de energia. (link)

Resolução CONAMA nº 436/2011 Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas ou com pedido de licença de instalação anteriores a 02 de janeiro de 2007. Os limites são fixados por poluente e por tipologia de fonte. (link)

Resolução CONAMA nº 462/2014 Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fonte eólica em superfície terrestre, altera o art. 1º da Resolução CONAMA n.º 279, de 27 de julho de 2001, e dá outras providências. (link)

Page 28: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Ajustes SINIEF

Ajuste SINIEF nº 02 de 22 de abril de 2015 Dispõe sobre os procedimentos relativos às operações de circulação de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia Elétrica de que trata a Resolução Normativa nº 482, de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.

Prevê que o domicílio ou estabelecimento consumidor que, na condição de microgerador ou de minigerador, promover saída de energia elétrica com destino à empresa distribuidora, sujeita a faturamento sob o Sistema de Compensação de Energia Elétrica: (i) ficará dispensado de se inscrever no Cadastro de Contribuintes do ICMS e de emitir e escriturar documentos fiscais quando tais obrigações decorram da prática das operações em referência; e (ii) tratando-se de contribuinte do ICMS deverá, relativamente a tais operações, emitir, mensalmente, Nota Fiscal eletrônica -NF-e, modelo 55.

Até 31 de julho de 2016, abriram mão da arrecadação os seguintes estados: Rio Grande do Norte, Roraima, Ceará, Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Acre, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás, Pernambuco, São Paulo e o Distrito Federal. O Paraná trata do assunto em audiências públicas, existindo claro posicionamento do setor produtivo no sentido de que o executivo assine o Convênio de adesão. (link)

ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT)

NBR – 10004:2004 Esta Norma classifica os resíduos sólidos quanto aos seus potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente. (link)

NBR – 14461:2000 Esta Norma estabelece os critérios para manuseio, transporte, armazenagem e instalação em obra de tubos e conexões de polietileno PE 80 e PE 100, destinados à execução de redes enterradas de distribuição de gás combustível, por método destrutivo (vala a céu aberto). (link)

NBR – 14462, 14463, 14465:2000 Esta Norma fixa as condições exigíveis para tubos de polietileno PE 80 e PE 100, destinados à execução de redes enterradas de distribuição de gás combustível, com máxima pressão de operação até 700 kPa (PE 100/SDR 11) para temperatura entre 0ºC e 25ºC. (link)

NBR – 15526:2012 Esta Norma estabelece os requisitos mínimos exigíveis para o projeto e a execução de redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais que não excedam a pressão de operação de 150 kPa (1,53 kgf/cm2) e que possam ser abastecidas tanto por canalização de rua (conforme ABNT NBR 12712 e ABNT NBR 14461) como por uma central de gás (conforme ABNT NBR 13523 ou outra norma aplicável), sendo o gás conduzido até os pontos de utilização através de um sistema de tubulações. (link)

NBR – 17503-1:2013 Define os termos utilizados e as disposições gerais aplicáveis às Partes 2,3,4,5,6 e 7 da ABNT NBR 17505 define os termos utilizados e as disposições gerais aplicáveis às Partes 2, 3, 4, 5, 6 e 7 da ABNT NBR 17505, que tem como objetivo geral estabelecer os requisitos exigíveis para os projetos de instalações de armazenamento, manuseio e uso de líquidos inflamáveis e combustíveis, incluindo os resíduos líquidos, contidos em tanques estacionários e/ou em recipientes. (link)

INMETRO

Portaria INMETRO nº 17 de 14 de janeiro de 2016 Conforme essa Portaria, serão aceitos somente Inversores para Sistema de Energia Fotovoltaica até 10 kW, conforme lista de modelos etiquetados no INMETRO, sendo necessário apresentar o número do registro no momento da Solicitação de Acesso. (link)

Page 29: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

Normas estaduais - PARANÁ Lei estadual nº 17.188/2012, de 13 de junho de 2012, que Institui a Política Estadual de Geração Distribuída com Energias Renováveis – GDER no Estado do Paraná.

Seu Art. 2º, inciso I – define Energias Renováveis como aquelas produzidas por fontes regeneráveis em curto prazo e que não geram emissões de carbono ou são carbono-neutras. Incluem-se neste campo as fontes hidráulicas, cinética (eólica e oceânica), solar, biomassa, biomassa residual, gravitacional (marés) e geotérmica; seu Inciso II, estabelece como sendo Geração Distribuída a energia proveniente do gerador de pequeno porte, cujos limites de potência estão definidos no art. 14, do Decreto Federal nº 5163/2004, e que se conecta ao sistema local de distribuição de energia. (link)

Decreto estadual nº 11.671/2014 Este Decerto prevê medidas de incentivo à produção e uso de energia renovável. Seu Art. 1º, define o como objetivo do Programa Paranaense de Energias Renováveis - Iluminando o Futuro, promover e incentivar a produção e o consumo de energia de fontes renováveis através de pequenas indústrias produtoras de energia, contribuindo com o desenvolvimento sustentável no âmbito do Estado do Paraná, com prioridade para as regiões de menor desenvolvimento humano.

Para fins deste Programa, entende-se por energia renovável a energia elétrica de fonte solar, eólica, biomassas, biogás e hidráulica gerada em Centrais de Geração Hidrelétrica - CGHs e Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs. (link)

Resolução CEMA - PR

Resolução CEMA nº 090/2013 Estabelece condições, critérios e dá outras providências, para empreendimentos de compostagem de resíduos sólidos de origem urbana e de grandes geradores e para o uso do composto gerado no estado do Paraná. Para a finalidade desta Resolução são considerados empreendimentos de compostagem todos aqueles que em sua produção utilizarem qualquer quantidade de matéria-prima oriunda de resíduos sólidos compostáveis de origem urbana e de grandes geradores, resultando em um composto de utilização segura. (link)

Normas técnicas COPEL

NTC 905100 - Acesso de Geração Distribuída ao Sistema da Copel (com comercialização de energia) Esta norma fornece os requisitos para acesso de geradores de energia elétrica ao sistema elétrico de distribuição da Copel em Média Tensão - MT (13,8 e 34,5 kV) e em Alta Tensão - AT (69 e 138 kV), excluindo as Demais Instalações de Transmissão – DIT pertencentes às transmissoras e os casos de adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica (Micro e Minigeradores).

Aplica-se aos geradores de energia elétrica que pretendem implantar empreendimentos de geração conectando-se ao sistema de distribuição da Copel para comercialização da energia. (link)

NTC 905200 - Acesso de Micro e Minigeração Distribuída ao Sistema da Copel (com compensação de energia) Esta norma técnica fornece os requisitos para acesso de geradores de energia elétrica conectados através de unidades consumidoras optantes pelo Sistema de Compensação de Energia Elétrica, instituído pela Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012.

Aplica-se às centrais geradoras com potência instalada de geração até 5 MW que façam a adesão ao Sistema de Compensação de Energia Elétrica e que acessem o sistema elétrico através de unidades consumidoras. (link)

NTC 903105 - Geração Própria - Operação em Paralelismo Momentâneo A unidade consumidora poderá possuir sistema de geração própria, destinado a operar nos casos emergenciais ou a critério do consumidor, com a possibilidade de operação em paralelismo momentâneo com o sistema de fornecimento da Copel. A instalação deverá ser precedida da aprovação do projeto elétrico por parte da Copel, e a sua operação será liberada após a aprovação do projeto e da respectiva vistoria das instalações por parte da Copel. (link)

Page 30: Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das ... · Sistema Elétrico Brasileiro e Marco Regulatório das Energias Renováveis Organizador: Cezar Augusto de Oliveira Franco

NTC 903107 - Geração Própria - Operação Isolada em Emergência A unidade consumidora poderá possuir sistema de geração própria, destinado a operar nos casos emergenciais ou a critério do consumidor, sem a possibilidade de operação em paralelo com o sistema de fornecimento da Copel. A solicitação para uso desta modalidade de geração deverá atender as prescrições da NTC 903107, e a sua operação será liberada após a aprovação da vistoria das instalações por parte da Copel. (link)

Normas Municipais.

LEI Nº 2.171, de 25 de junho de 2014 do Município de Toledo – Pr. Institui, no Município de Toledo, o Programa de Incentivo à Geração e à Utilização do Biogás e de Biometano (PIGUBB), enquanto fonte de energia renovável. (link)

i Ganim, Antônio. Setor elétrico brasileiro: aspectos regulamentares, tributários e contábeis. - Rio de Janeiro: Sinergia: Canal Energia, 2009. ii Rosa, Victor Hugo da Silva. Org. Fundamentos Básicos e Legislação do Setor Elétrico Brasileiro. Apostila, 2010 iii Energias renováveis: riqueza sustentável ao alcance da sociedade/relator: Pedro Uczai; equipe técnica: Wagner Marques Tavares (coord.), Alberto Pinheiro de Queiroz Filho [recurso eletrônico]. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2012. iv Energias renováveis: riqueza sustentável ao alcance da sociedade/relator: Pedro Uczai; equipe técnica: Wagner Marques Tavares (coord.), Alberto Pinheiro de Queiroz Filho [recurso eletrônico]. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2012. ANEEL. Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração SFG MANUAL DE FISCALIZAÇÃO DA GERAÇÃO. 2004. GASTALDO, Marcelo Machado. Os agentes do mercado de energia elétrica. O Setor Elétrico/março de 2009. OLIVEIRA, Maria Ângela. Histórico das Cop’s. Disponível em: http://www.slideshare.net/ mariaangelaoliveiraoliveira1. Tavares, Wagner Marques (coord.), Queiroz Filho, Alberto Pinheiro. Energias renováveis: riqueza sustentável ao alcance da sociedade/relator: Pedro Uczai. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2012.