sistema de transformações lundu - modinha - fado

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    Para uma Antropologia Histrica das Relaes Musicais Brasil/Portugal/frica: OCaso do Fado e de sua Pertinncia ao Sistema de Transformaes Lundu-

    Modinha-Fado

    Rafael Jos de Menezes Bastos

    2007

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    Antropologia em Primeira Mo uma revista seriada editada pelo Programa de Ps-Graduao emAntropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Visa publicao de

    artigos, ensaios, notas de pesquisa e resenhas, inditos ou no, de autoria preferencialmente dosprofessores e estudantes de ps-graduao do PPGAS.

    Universidade Federal de Santa Catarina

    Reitor: Lcio Jos Botelho. Diretora do Centro de Filosofia e Cincias Humanas: MariaJuracy Toneli. Chefe do Departamento de Antropologia: Antonella M. ImperatrizTassinari. Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Antropologia Social: OscarCalvia Sez. Sub-Coordenadora: Snia Weidner Maluf.

    Editor responsvel

    Rafael Jos de Menezes Bastos

    Comisso Editorial do PPGAS

    Carmen Slvia Moraes RialMaria Amlia Schmidt DickieOscar Calvia SezRafael Jos de Menezes Bastos

    Conselho Editorial

    Alberto GroismanAldo LitaiffAlicia CastellsAna Luiza Carvalho da Rocha

    Antonella M. Imperatriz TassinariDennis Wayne WernerDeise Lucy O. MontardoEsther Jean LangdonIlka Boaventura LeiteMaria Jos ReisMrnio Teixeira PintoMiriam HartungMiriam Pillar GrossiNeusa BloemerSilvio Coelho dos Santos

    Snia Weidner MalufTheophilos Rifiotis

    ISSN 1677-7174

    Solicita-se permuta/Exchange Desired

    As posies expressas nos textos assinados so deresponsabilidade exclusiva de seus autores.

    CopyrightTodos os direitos reservados. Nenhum extrato destarevista poder ser reproduzido, armazenado ou

    transmitido sob qualquer forma ou meio, eletrnico,mecnico, por fotocpia, por gravao ou outro,sem a autorizao por escrito da comisso editorial.

    No part of this publication may be reproduced,stored in a retrieval system or transmitted in anyform or by any means, electronic, mechanical,photocopying, recording or otherwise without thewritten permission of the publisher.

    Toda correspondncia deve ser dirigida Comisso Editorial do PPGASDepartamento de Antropologia

    Centro de Filosofia e Humanas CFHUniversidade Federal de Santa Catarina

    88040-970, Florianpolis, SC, Brasilfone: (0.XX.48) 3721. 9364 ou fone/fax (0.XX.48) 3721.9714

    e-mail: [email protected]

    www.pos.ufsc.br/antropologia

    mailto:[email protected]://www.pos.ufsc.br/antropologiahttp://www.pos.ufsc.br/antropologiamailto:[email protected]
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    Catalogao na Publicao Daurecy Camilo CRB-14/416

    Antropologia em primeira mo / Programa de PsGraduao em Antropologia Social, UniversidadeFederal de Santa Catarina. , n.1 (1995)- .Florianpolis : UFSC / Programa de Ps Graduao emAntropologia Social, 1995 -

    v. ; 22cm

    Irregular

    ISSN 1677-7174

    1. Antropologia Peridicos. I. Universidade Federal deSanta Catarina. Programa de Ps Graduao emAntropologia Social.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

    ANTROPOLOGIA EM PRIMEIRA MO

    2007

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    Para uma Antropologia Histrica das Relaes Musicais Brasil/Portugal/frica:

    O Caso do Fado e de sua Pertinncia ao Sistema de Transformaes

    Lundu-Modinha-Fado1

    Comunicao apresentada ao Congresso Internacional

    Fado: Percursos e Perspectivas (Lisboa, 18 a 21 de junho de 2008)

    Rafael Jos de Menezes Bastos2

    Resumo

    A comunicao objetiva a formulao de um modelo, de natureza histrico-antropolgica, para a compreenso das relaes musicais envolvendo o Brasil, Portugale a frica Atlntica lusfona durante os sculos XVIII e XIX. O modelo toma comoponto de partida a constituio do Atlntico lusfono como um espao de intensas e

    contnuas relaes scio-culturais em geral e especificamente musicais at as primeirasdcadas do sculo XIX e mesmo depois. As relaes musicais a includas estoassentadas na existncia de um vasto sistema transatlntico de gneros musicais grande parte deles, danantes -, conectados atravs de transformaes histricas eestruturais. Como integrantes desse sistema, salientam-se o lundu e a modinha (em suasverses brasileira e portuguesa) e o fado, este ltimo envolvendo a dana brasileira e ocantar lisboeta. A comunicao elabora o conceito de gnero musical com base nanoo de gnero de discurso, de Bakhtin, e a de transformao a partir das formulaesde Lvi-Strauss e de Sahlins.

    Palavras chave: relaes musicais Brasil/Portugal/frica Atlntica lusfona; sculosXVIII e XIX; lundu, modinha, fado; transformaes histrico-estruturais

    1 Este texto de minha inteira responsabilidade. Seus eventuais acertos, porm, so devidos ao perodoem que, de setembro a dezembro de 2007, passei como Pesquisador-Professor Visitante no INET.Obrigado a Salwa Castelo Branco, Susana Moreno Fernndez, Susana Sardo, Jorge Freitas Branco, AnaFilipa Carvalho, Hugo Silva, Leonor Losa e Rui Cidra pela acolhida. Pelo mesmo motivo, agradeo aoscolegas do ISCTE/CEAS/CRIA onde no mesmo perodo tambm estive como Pesquisador-ProfessorVisitante -, especialmente a Joo Leal, Graa ndias Cordeiro, Lorenzo Ibrahim Bordonaro e PauloRaposo. Obrigado por fim a Joo de Pina Cabral e Joo Vasconcelos, do Instituto de Cincias Sociais, e aJoaquim Pais de Brito, do Museu de Etnologia. Pelo financiamento da viagem e estadia em Lisboa noperodo do congresso, obrigado aos seus organizadores, especialmente a Salwa Castelo Branco.2 Professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina, onde coordena

    o Ncleo de Estudos Arte, Cultura e Sociedade na Amrica Latina e Caribe (http://musa.ufsc.br).Pesquisador do CNPq. Contato: [email protected] ou [email protected].

    https://webmail.cfh.ufsc.br/imp/message.php?index=192http://musa.ufsc.br/mailto:[email protected]:[email protected]://musa.ufsc.br/https://webmail.cfh.ufsc.br/imp/message.php?index=192
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    interessante constatar como o desinteresse ou a incapacidade em construirteoricamente um objecto de estudo, com a delimitao de seu campo de anlisee a colocao de questes que permitiriam conduzi-la, no tm deixadodescobrir em manifestaes semelhantes no nacionais paralelos que melhorajudassem a formular modelos ou hipteses interpretativos. As rarssimas

    referncias s canes de Aristide Bruant ou das cidades fabris francesas, aotango argentino, ao samba brasileiro - formas em que se inturam certassemelhanas com o fado, no chegaram a desenvolver-se na procura doselementos comuns que partilhavam e eventualmente se tornavamexpresses diversificadas de um mesmo fenmeno.

    (Brito 2003: 15, negritos meus)

    Meu texto procura levar a srio sua epgrafe, extrada de um escrito do comeo

    dos anos 1980 (exatamente, 1982) de autoria do fundador dos modernos estudos

    histrico-antropolgicos sobre o fado e ilustre conferencista deste conclave, o distinto

    colega Prof. Joaquim Pais de Brito. Recordo que a epgrafe em considerao trata-se do

    ponto talvez culminante da breve e seminal introduo que Brito escreveu para a

    reedio que fez da clebreHistria do Fado, de 1903, de Tinop (veja Carvalho 2003).

    Muito para longe de aprisionar o fado nos limites estreitos da nao e do

    nacionalismo do discurso ideolgico, como to bem ele ali denuncia -, e de congelar

    sua problemtica na discusso sobre suas origens, Brito ali aponta para o outro lado do

    Atlntico. Acena para o Brasil, atravs do samba e, no, como seria mais bvio, da

    dana brasileira do fado (veja Tinhoro 1994) -, e para a Argentina, atravs do tango, o

    que de forma alguma um trusmo. Assim fazendo, livra-se, Brito, da banalidade to

    a gosto das posturas histrico-culturalistas at ento imperantes nos estudos sobre o

    fado (Nery s/d) -, conduzindo a sua investigao para o campo da sria inquirio

    histrico-estrutural.

    Mas no s. Nessa breve passagem, Brito tornando ainda mais claro que est

    a pensar o fado efetivamente dentro de uma abrangente matriz de natureza a um s

    tempo histrica e estrutural - aponta tambm para as cidades fabris francesas e para a

    Paris de Aristide Bruant (1851-1925), o cantor de origem burguesa (dir-se-ia o

    equivalente frances de um marialva de origem) que em sua poca mais profundamente

    soube encarnar o gosto do populacho - mas tambm da vanguarda artstica (com seuestilo de vida bomio [veja Franck, 1998]) - parisienses, segmentos estes que

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    constituam o fulcro das audincias dos cafs-concerto de Montmartre (entre os quais o

    famosoLe Chat Noire oLe Mirliton), desde as duas ltimas dcadas do sculo XIX at

    a primeira metade dos anos 1920 (Menezes Bastos 2005a, no prelo).

    H cerca de doze anos, minhas prprias pesquisas tm partido do princpio

    terico-metodolgico, profundamente compatvel com o esprito de minha epgrafe, de

    que a msica popular, no caso, a brasileira mas note-se que exatamente como caso,

    pois estou convencido da aplicabilidade deste princpio ao estudo de toda e qualquer

    msica popular nacional, no contexto evidentemente inter-nacional das relaes entre os

    Estados-naes modernos , somente pode ser bem compreendida dentro de uma

    moldura cujos nexos simultaneamente tenham pertinncia local, regional, nacional e

    global, e que aborde as msicas erudita, tradicional e popular como universos, no,

    isolados mas comunicantes (veja Menezes Bastos 2005b, no prelo).

    Recordo que esse princpio demonstrou ter rendimento nas investigaes que

    tenho realizado sobre a fase inaugural da msica popular brasileira ento, quando o

    prprio estado brasileiro ainda no existia (e, ento, como eu j disse uma vez, a msica

    brasileira anterior ao Brasil, o que recorda uma clebre marcha de Lamartine Babo) -,

    a da modinha e do lundu, que passei a divisar como dois dos gneros musicais que

    constituram, no sculo XVIII, um dos primeiros casos de globalizao no mbito da

    moderna msica popular do Ocidente. As conexes europias desses gneros teriam

    sido o romance vocal e a ria de corte franceses, o belcanto italiano e outros universos

    cancionais da regio (Bhague 1968). A modinha e o lundu, com suas variantes

    brasileira e portuguesa, teriam constitudo o nodo luso-brasileiro do sistema, um nodo

    entre tantos outros nodos postulveis, euro-latino-americanos. Essas variantes

    evidenciavam-se como verses locais vigentes no Estado luso-brasileiro, logo vindo aestabelecerem-se, entretanto, como emblemas das identidades nacionais respectivas.

    Domingos Caldas Barbosa (Rio de Janeiro 1738- Lisboa 1800) foi o demirgico ponto

    de aglutinao de todos esses encontros na formalizao dos gneros luso-brasileiros.

    O princpio em considerao tem tambm se evidenciado frtil o que eu creio

    - nas investigaes que tenho realizado sobre o samba, e isto abrangendo desde a poca

    em que o rtulo como o de tango (Sandroni, 1996, p. 140) indicava os eventosmsico-danantes latino-americanos de extrao africana, do Mxico e Cuba regio

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    platina (Menezes Bastos, 2005b) at os cruciais anos 1930, quando os sambas de

    primeiro e segundo tipos convivem dentro de um campo, no sentido que Bourdieu d a

    este termo.

    Entendo, por fim, que tambm o estudo que fiz sobre a passagem do clebre

    conjunto musical carioca Os Oito Batutas, sob a direo de Pixinguinha e contando

    entre seus integrantes com monstros como Donga, o autor da letra de Pelo Telefone

    (1917), trouxe evidncias importantes no sentido de consolidar o princpio ora em tela:

    foi na Cidade Luz dos anos 1920 cidade mundial, ainda ento capital cultural do

    mundo e sede de um universo de encontros musicais inter-nacionais (e plurilocais) de

    grandes dimenses que a musicalidade dOs Batutas pde se desenvolver na direo

    da inveno de uma brasilidade musical que somente na dcada de 1930 seria

    consagrada. Quer dizer, se a modinha e o lundu brasileiros se consagram na Lisboa do

    ltimo quartel do sculo XVIII, o maxixe (tanto quanto o tango, a rumba e o jazz) vai

    encontrar sua consagrao em Paris, entre os anos 1920 e 1930 (veja Menezes Bastos

    2005a e no prelo).

    Por fim, tem sido minha posio quanto aos estudos sobre a msica popular

    posio que por certo tambm fortemente compatvel com a de Brito na epgrafe a este

    texto que a esfera internacional das relaes musicais envolvidas no engendramento

    dos gneros da msica popular, tomada como superveniente na imensa maioria dos

    estudos sobre a msica popular, absolutamente congnita em relao aos referidos

    gneros, tudo parecendo apontar para o fato de que o contato intermusical (como o

    contato intercultural em geral), ao contrrio de se estabelecer como cenrio apenas

    especial da gnese musical (e cultural em geral), parece constituir-se em um de seus

    cenrios tpicos.

    O presente texto tem como finalidade ensaiar a formulao de um modelo, de

    natureza histrico-antropolgica, adequado para a compreenso das relaes musicais

    envolvendo o Brasil, Portugal e a frica Atlntica lusfona durante os sculos XVIII e

    XIX. Ele toma como ponto de partida a constituio do Atlntico lusfono como um

    espao de intensas e contnuas relaes scio-culturais em geral e especificamente

    musicais at o final do sculo XIX e adiante, relaes essas no seio das quais ossegmentos amerndios e africanos que compem o citado espao desempenharam papis

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    ativos igualmente importantes na gnese scio-cultural que aqueles exercidos pelos

    segmentos europeus3. Note-se que as relaes musicais includas nesse espao estavam

    assentadas na existncia de um vasto sistema transatlntico de gneros musicais

    grande parte deles, danantes -, conectados atravs de transformaes histricas e

    estruturais. Como integrantes desse sistema, abordarei aqui o subsistema integrado pelo

    lundu, pela modinha e pelo fado, em suas verses brasileira e portuguesa.

    Alm do princpio terico-metodolgico sobre o qual discorri acima de teor

    por assim dizer internacionalista e interculturalista - quanto ao estudo da msica popular

    (que, no caso da modinha, evoca o clssico de Mrio de Andrade sobre este gnero,

    quando ele ironiza o nacionalismo das fontes brasileiras e portuguesas sobre o gnero),

    gostaria, antes de propriamente trabalhar o meu tema central neste texto o sistema de

    transformaes histrico-estruturais lundu-modinha-fado -, rapidamente considerar os

    seguintes outros:

    1. Sobre a noo de msica popular: a concepo de msica popular com a qual

    tenho trabalhado em minhas investigaes constitui-se a partir daquela de Carlos Veja

    (1997 [1966]) que prefere rotul-la de meso-msica ou msica de todos -, de sua

    apropriao pela escola inglesa dos Popular Music Studies (envolvendo autores como

    Philip Tagg, John Shepherd e Charles Hamm) e das minhas prprias elaboraes sobre

    a matria (veja meu texto de 2005b). Brevemente falando, compreendo a msica

    popular (no caso, Ocidental) como uma tradio musical to antiga quanto aquela

    constituda pela chamada msica erudita. Neste contexto, a fonografia se manifesta,

    no, como uma caracterstica exclusivamente sua (conforme as anlises mais

    consuetudinrias sobre a msica popular propem), mas como um fenmeno que a

    captura a partir dos finais do sculo XIX, tanto quanto captura os demais mundosmusicais (erudito, folclrico e, mesmo, primitivo). Isto , a fonografia captura, constitui

    e constri (e, ento, ela no se define meramente como um veculo, mas como um

    processo) toda a musicalidade do planeta e no somente, portanto, aquilo que hoje

    chamamos de msica popular (Menezes Bastos 1996a).

    3

    Para o caso dos segmentos africanos, conforme Naro, Sansi-Roca & Treece (2007). Para aquele dosamerndios, veja Albert e Ramos (2002). Em ambos o caso, note-se que o plo colonizado das relaescom o colonizador abordado como pleno de agentividade.

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    2. Sobre as relaes existentes entre os diversos nveis de constituio scio-

    cultural (global, nacionais, regionais, locais): elas so aqui pensadas muito para longe

    daquilo que emana da famigerada teoria da dependncia, que supe a existncia de uma

    nica e poderosa lgica global que orquestra as demais, que, ento, seriam lgicas

    simplesmente perifricas, dependentes ou subsidirias em relao primeira. No, a

    posio, como disse internacionalista e interculturalista, que esposo supe exatamente

    que a localidade o cerne do mundo do sentido, cada uma delas sendo definida como

    ponto de vista, pleno de agentividade, que constitui a totalidade. As matrizes histrico-

    estruturais dos fenmenos msico-culturais, portanto, muito pelo contrrio de cancelar a

    pertinncia das localidades, so por estas e somente por estas edificadas, para cada

    localidade resultando uma totalidade prpria (veja Menezes Bastos 1996b). O mapa

    geral dessas totalidades evoca a figura do arquiplago.

    3. Sobre o conceito de gnero de discurso: tenho partido em minhas pesquisas

    das elaboraes seminais de Mikhail Bakhtin (1986) e de Oswald Ducrot e Tzvetan

    Todorov (1972) e das adaptaes para o campo musical pois, como se sabe, os dois

    autores citados trabalham originalmente com a literatura propostas por Piedade (1997,

    2004). Recordo que para Bakhtin a linguagem produzida atravs de enunciados - orais

    ou escritos - proferidos pelos indivduos que tomam parte das vrias esferas de atividade

    da sociedade. Os enunciados tm trs dimenses, a saber: estrutura composicional,

    contedo temtico e estilo. Observe-se que cada esfera da linguagem engendra seus

    tipos estveisde enunciados, os gneros de discurso. esta concepo de Bakhtin que

    est na base daquela que Piedade elabora para a de gneros musicais, tomando-os como

    tipos estveis de msicas do ponto de vista da estrutura composicional, do contedo

    temtico e do estilo.

    Um nmero importante de estudos sobre a msica popular e tradicional

    (incluindo aqueles sobre as msicas indgenas das terras baixas da Amrica do Sul)

    evidencia que os gneros musicais so construes culturais nativas e que as fronteiras

    existentes entre eles so flexveis, cambiantes e abertas. Isto muito claro

    particularmente no mbito da msica popular, na qual os rtulos dos gneros musicais

    na imensa maioria das vezes so do tipo guarda-chuva, abrangendo, assim, muitos

    deles. Por outro lado, gneros novos com rtulos novos sempre podem surgir nodomnio da msica popular. dentro deste contexto que podem existir gneros musicais

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    emergentes ainda sem rtulos, como tambm acontece na literatura, tudo apontando

    para a idia fundamental de que no se deve confundir gnero com rtulo e vice-versa

    (Ducrot e Todorov 1972, 147).

    4. O princpio anterior leva a outro que tambm tem orientado minhas pesquisas

    sobre a msica como um todo, no somente a popular, mas as msicas indgenas. Trata-

    se do princpio de que a anlise antropolgica da msica deve estar assentada no estudo

    das estruturas sonoras da msica, fonolgicas e sinttico-gramaticais isto mesmo, a

    antropologia da msica uma antropologia musical (Menezes Bastos 1995). Estou

    seguro de que somente assim possvel realizar o estudo dos gneros musicais como

    domnios que encontram sua estabilidade exatamente na estrutura composicional, no

    estilo e no contedo temtico. Essa posio estabelece os horizontes das investigaes

    musicais em termos holsticos, abarcando, no caso da cano, pelo menos a letra, a

    msica e a voz - desde Frith (1988) sabe-se que as duas ltimas no so a mesma coisa

    , o arranjo e a interpretao, para no falar nos seus componentes visuais.

    5. Por fim, quanto ao conceito de transformao e ao seu par inseparvel, o de

    estrutura -, tenho-os trabalhado em minhas pesquisas (desde pelo menos Menezes

    Bastos 1990) com base inicialmente em Lvi-Strauss (1952 [veja 1980]), entendendo, a

    noo de estrutura, assim, como construo abstrata do observador que evidencia as

    regras de constituio de um dado universo de fenmenos. Esse universo de fenmenos,

    entretanto, pode ter seus elementos constituintes dispostos em vrios arranjos ou

    transformaes -, para tanto bastando que os citados elementos sejam operados, atravs

    de operaes como inverso, oposio, justaposio, transposio e outras. A tetralogia

    dasMythologiques um magnfico exemplo da fertilidade desse modelo, originalmente

    voltado para o plano estrutural dos universos scio-culturais. Procurandosimultaneamente abarcar tambm o plano histrico desses universos, tenho usado a

    contribuio de Sahlins (veja especialmente 1990, 2004). Isto aponta para a idia de que

    os dois planos da estrutura e da histria esto necessariamente conectados,

    tipicamente no caso do encontro envolvendo sociedades e culturas diferentes.

    Que o lundu e a modinha constituem um sistema no parece haver dvida. A

    literatura sobre os dois gneros muito clara a este respeito, sintomaticamente tratandode um dos gneros atravs do outro e vice-versa. Brevemente falando, os gneros em

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    considerao caracterizam-se pela existncia de um ego masculino que se dirige a um

    alterfeminino, o tema de seus enunciados sendo o amor (Sandroni 2001). No caso do

    lundu, as relaes entre os dois plos do discurso muito freqentemente

    personificados como negrinho e sinh (ou iai) so assimtricas, verticais, a

    jocosidade sendo o seu thos caracterstico. Quanto modinha, essas relaes, por outro

    lado, so simtricas, horizontais, seu thos sendo o da austeridade.

    No caso do Brasil, as transformaes que o sistema binrio em comentrio veio

    a conhecer tiveram lugar no sculo XIX e alcanam as primeiras dcadas do sculo

    seguinte, quando a modinha tornou-se um gnero musical extremamente espalhado por

    todo o pas, nele atualizando um lugar discursivo muito importante, o da expresso

    pblica e austera (e no jocosa) da voz masculina em relao s mulheres, objeto de seu

    amor. A modinha assim constituda era cultivada nos campos popular e erudito,

    especialmente em saraus - pblicos e particulares - e em serenatas domsticas ou nas

    ruas, pouco a pouco vindo a sofrer transformaes. Entre estas, uma das mais marcantes

    foi a reduo do canto a duas vozes freqentemente em teras e sextas paralelas - para

    a forma solo-acompanhamento. Limitando as referncias ao domnio da msica popular,

    os nomes mais importantes ligados ao gnero na poca foram: Joaquim Manoel da

    Cmara (Rio, 1780 [?] -1840 [?]) [Vasconcelos, 1977: 65-66], que teve 20 de suas

    modinhas publicadas em Paris em 1824, com harmonizaes de Sigismund Neukomm,

    discpulo de Haydn que viveu no Rio de 1816 a 1821; Cndido Incio da Silva (Rio,

    1800 - 1838), Gabriel Fernandez da Trindade (Rio, 1800 [?] - 1854), Laurindo Rabelo

    (Rio, 1826 - 1864), Xisto Bahia (Salvador, 1841 - Minas Gerais, 1894) e Catulo da

    Paixo Cearense (So Lus, 1866 - Rio, 1946) [veja Menezes Bastos 2005b). Observe-se

    que com este ltimo autor, estamos plenamente no sculo XX, poca em que a modinha,

    enquanto rtulo mas no como gnero musical o que penso se transforma, noencontro com o samba-cano e o bolero e depois com aquilo que passou-se a chamar

    de msica brega, tematizada pioneiramente por Araujo (1987).

    Assim como aconteceu com a modinha, no sculo XIX o lundu tambm se

    tornou muito popular no Brasil, nos domnios erudito e popular. Ao encontrar-se com a

    valsa e a polca, que aportaram no pas em 1840, e com o tango brasileiro e a habanera,

    comuns desde 1870, ele passou por transformaes que resultaram num novo gnero demsica de dana, o maxixe. Da, chegou-se ao samba de primeiro e, logo, de segundo

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    tipos, o primeiro filiando-se ao paradigma do tresillo (332 colcheias), o segundo ao do

    Estcio (2232223 colcheias) [Sandroni 2001].

    Se assim se passou no Brasil, o que aconteceu com o ramal portugus do sistema

    binrio luso-brasileiro do lundu-modinha? Sabe-se que somente a partir de em torno de

    1870 o termo fado, rotulando um gnero musical, passou a ser usado em Portugal. Antes

    disto, ele apontava to somente a idia de destino. Sugiro, baseado no que antes

    apresentei quanto a Ducrot e Todorov, que a ausncia de rtulo no implica

    necessariamente na no existncia de um gnero de discurso no caso, musical (tanto

    quanto a existncia de rtulo simplesmente no decreta a existncia de gnero. Enfim,

    um gnero musical no to somente um rtulo, podendo bem ter vida sem este).

    O ramal portugus de desenvolvimento do sistema lundu/modinha parece

    inverter o brasileiro, ambos sendo, assim, mutuamente transformaes. No caso do

    Brasil, conforme o estudo j clssico de Sandroni (2001), o sistema em tela, na

    confluncia do sculo XIX para o XX ou seja para o maxixe e logo para o samba -,

    caracteriza-se pela profuso de rtulos: polca-lundu, polca-tango, habanera-tango-lundu,

    tanguinho, tango brasileiro, fado idem e outros mais. Recordo que a interpretao que

    Sandroni oferece para essa profuso a de que haveria no Brasil, nessa poca de

    transio, uma inconcluso substantiva, inconcluso esta que eu acrescento aponta

    para o fato de que os gneros musicais envolvidos estavam exatamente em processo,

    no tendo, pois, estabilidade maior. minha sugesto que algo similar estava a

    acontecer em Portugal, uma inconcluso substantiva, marcada, entretanto, pelo oposto

    da profuso terminolgica brasileira. A reforar minha sugesto, recordo o apontamento

    de Nery (sd) de que na poca ora em estudo muitas das modinhas portuguesas seriam

    pr-fados. Em Portugal, tanto quanto no Brasil, portanto, estar-se-ia tambm vivendo ainconcluso substantiva, que somente depois ser por assim dizer resolvida, atravs da

    transio para o fado enquanto gnero musical estvel. Acompanhando as reflexes de

    Nery sobre a situao dos estudos acerca do fado (op. cit.), minha posio que

    somente a sria anlise de gnero como to bem faz Sandroni (2001) para o caso

    brasileiro e que Brito em minha epgrafe a este texto admiravelmente postula4 -, de

    4 Conforme Brito, org. (1994) e Pais e outros, org. (2004) para contribuies de alto interesse na direoassinalada.

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    carter simultaneamente histrico e estrutural, poder avanar de maneira efetivamente

    substancial o conhecimento sobre ele.

    Bibliografia

    Albert, Bruce e Alcida Ramos. 2002. Introduo, Pacificando o Branco: Cosmologiasdo Contato no Norte Amaznico, B. Albert e A. Ramos, orgs., So Paulo: Editora daUNESP, pp. 9-21.

    Araujo, Samuel. 1987.Brega: Music and Conflict in Urban Brazil. Illinois: Universityof Illinois at Urbana-Champaign. Dissertao de Mestrado em Msica,Etnomusicologia.

    Bakhtin, Mikhail M. 1986. The Problem of Speech Genres, C. Emerson and M.

    Holquist (eds.), Speech Genres and Other Later Essays. Austin: University of TexasPress, 60-102.

    Bhague, Gerard. 1968. Biblioteca da Ajuda (Lisbon) MSS 1595/1596: TwoEighteenth-Century Anonymous Collections of Modinhas, Yearbook of the

    Interamerican Institute for Musical Research 4: 44-81.

    Brito, Joaquim Pais de. 2003 (1982). Sobre o Fado e a Histria do Fado, in Carvalho(2003: 9-20).

    Brito, Joaquim Pais de, org. 1994. Fado: Vozes e Sombras. Lisboa: Museu Nacional deEtnologia.

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    Ducrot, Oswald e Todorov, Tzvetan. 1972. Dicionrio Enciclopdio das Cincias daLinguagem. So Paulo: Perspectiva.

    Franck, Dan. 1998. Bohmes. Paris: Calmann-Lvy.

    Frith, Simon. 1988. Why do Songs Have Words?,Music for Pleasure: Essays in theSociology of Pop, New York: Routledge, pp. 105-128.

    Lvi-Strauss, Claude. 1980 (Original de 1952). A Noo de Estrutura em Etnologia,in Os Pensadores: Lvi-Strauss, M. Chau, org., So Paulo: Abril, pp. 1-43.

    Menezes Bastos, Rafael Jos de. 1990.A Festa da Jaguatirica: Uma Partitura Crtico-interpretativa. So Paulo: Universidade de So Paulo (tese doutoral em AntropologiaSocial).

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    Antropolgico 1993: 9-73.

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    --------------------------------------. No prelo. Brazil in France, 1922: An AnthropologicalStudy the Congenital International Nexus of Popular Music, Latin America Music

    Review.

    Naro, Nancy Priscilla, Roger Sansi-Roca & David H. Treece. 2007. Introduction: TheAtlantic Between Scylla and Charybdis, in Naro, Nancy Priscilla, Roger Sansi-Roca& David H. Treece, eds., Cultures of the Lusophone Black Atlantic, New York:Palgrave-Macmillan, pp. 1-16.

    Nery, Rui Vieira. s/d. Para uma Histria do Fado, edio revista e aumentada. Lisboa:

    Pblico, Comunicao Social, AS.Pais, Jos Machado e outros, orgs. 2004. Sonoridades Luso-Afro-Brasileiras. Lisboa:

    Imprensa de Cincias Sociais.

    Piedade, Accio Tadeu de Camargo. 1997. Msica Yepamasa: Por uma Antropologiada Msica no Alto Rio Negro. Florianpolis: Universidade Federal de Santa Catarina.Dissertao de Mestrado em Antropologia Social.

    -------------------------------------------. 2004. O Canto do Kawok: Msica, Cosmologia eFilosofia entre os Wauja do Alto Xingu. Florianpolis: Universidade Federal deSanta Catarina. Tese de Doutorado em Antropologia Social.

    Sahlins, M. 1990.Ilhas de Histria. Rio de Janeiro: Zahar.---------------. 2004. Cultura na Prtica. Rio de Janeiro: Editora da Universidade Federal

    do Rio de Janeiro.

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    Vega, Carlos. 1997 (1966). Mesomsica: Un Ensayo sobre La Msica de Todos,Revista Musical Chilena 51 (188): 75-96.

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    ANTROPOLOGIA EM PRIMEIRA MO

    Ttulos publicados

    1. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. A Origem do Samba como Inveno do Brasil: Sobre o "Feitio de Oraco " deVadico e Noel Rosa (Por que as Canes Tm Musica?), 1995.

    2. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de & MENEZES BASTOS, Hermenegildo Jos de. A Festa da Jaguatirica:Primeiro e Stimo Cantos - Introduo, Transcries, Tradues e Comentrios, 1995.

    3. WERNER, Dennis. Policiais Militares Frente aos Meninos de Rua, 1995.

    4. WERNER, Dennis. A Ecologia Cultural de Julian Steward e seus desdobramentos, 1995.

    5. GROSSI, Miriam Pil lar. Mapeamento de Grupos e Instituies de Mulheres/de Gnero/Feministas no Brasil, 1995.

    6. GROSSI, Miriam Pillar. Gnero, Violncia e Sofrimento - Coletnea, Segunda Edio 1995.

    7. RIAL, Carmen Silvia. Os Charmes dos Fast-Foods e a Globalizao Cultural, 1995.

    8. RIAL, Carmen Silvia. Japons Est para TV Assim como Mulato para Cerveja: lmagens da Publicidade no Brasil,1995.

    9. LAGROU, Elsje Maria. Compulso Visual: Desenhos e Imagens nas Culturas da Amaznia Ocidental, 1995.

    10. SANTOS, Slvio Coelho dos. Lideranas Indgenas e Indigenismo Of icial no Sul do Brasil, 1996.

    11. LANGDON, Esther Jean. Performance e Preocupaes Ps-Modernas em Antropologia 1996.

    12. LANGDON, Esther Jean. A Doena como Experincia: A Construo da Doena e seu Desafio para a PrticaMdica, 1996.

    13. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Antropologia como Crtica Cultural e como Crtica a Esta: Dois MomentosExtremos de Exerccio da tica Antropolgica (Entre ndios e Ilhus), 1996.

    14. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Musicalidade e Ambientalismo: Ensaio sobre o Encontro Raoni-Sting, 1996.

    15. WERNER, Dennis. Laos Sociais e Bem Estar entre Prostitutas Femininas e Travestis em Florianpolis, 1996.

    16. WERNER, Dennis. Ausncia de Figuras Paternas e Delinqncia, 1996.

    17. RIAL, Carmen Silvia. Rumores sobre Alimentos: O Caso dos Fast-Foods,1996.

    18. SEZ, Oscar Calavia. Historiadores Selvagens: Algumas Reflexes sobre Histria e Etnologia, 1996.

    19. RIFIOTIS, Theophilos. Nos campos da Violncia: Diferena e Positividade, 1997.20. HAVERROTH, Moacir. Etnobotnica: Uma Reviso Terica. 1997.

    21. PIEDADE, Accio Tadeu de Camargo. Msica Instrumental Brasileira e Frico de Musicalidades, 1997

    22. BARCELOS NETO, Aristteles. De Etnografias e Colees Museolgicas. Hipteses sobre o Grafismo Xinguano,1997

    23. DICKIE, Maria Amlia Schmidt. O Milenarismo Mucker Revisitado, 1998

    24. GROSSI, Mirian Pillar. Identidade de Gnero e Sexualidade, 1998m

    25. SEZ, Oscar Calavia. Campo Religioso e Grupos Indgenas no Brasil, 1998

    26. GROSSI, Miriam Pillar. Direitos Humanos, Feminismo e Lutas contra a Impunidade. 1998

    27. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Ritual, Histria e Poltica no Alto-Xingu: Observao a partir dos Kamayur eda Festa da Jaguatirica (Yawari), 1998

    28. GROSSI, Miriam Pillar. Feministas Histricas e Novas Feministas no Brasil, 1998.

    29. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Msicas Latino-Americanas, Hoje: Musicalidade e Novas Fronteiras, 1998.

    30. RIFIOTIS, Theophilos. Violncia e Cultura no Projeto de Ren Girard, 1998.

    31. HELM, Ceclia Maria Vieira. Os Indgenas da Bacia do Rio Tibagi e os Projetos Hidreltricos, 1998.

    32. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Apap World Hearing: A Note on the Kamayur Phono-Auditory System andon the Anthropological Concept of Culture, 1998.

    33. SEZ, Oscar Calavia. procura do Ritual. As Festas Yaminawa no Alto Rio Acre, 1998.

    34. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de & PIEDADE, Accio Tadeu de Camargo: Sopros da Amaznia: Ensaio-Resenha sobre as Msicas das Sociedades Tupi-Guarani, 1999.

    35. DICKIE, Maria Amlia Schmidt. Milenarismo em Contexto Significativo: os Mucker como Sujeitos, 1999.

    36. PIEDADE, Accio Tadeu de Camargo. Flautas e Trompetes Sagrados do Noroeste Amaznico: Sobre a Msica doJurupari, 1999.

    37. LANGDON, Esther Jean. Sade, Saberes e tica Trs Conferncias sobre Antropologia da Sade, 1999.

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    38. CASTELLS, Alicia Norma Gonzles de. Vida Cotidiana sob a Lente do Pesquisador: O valor Heurstico da Imagem,1999.

    39. TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz. Os povos Indgenas do Oiapoque: Produo de Diferenas em ContextoIntertnico e de Polticas Pblicas, 1999.

    40. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Brazilian Popular Music: An Anthropological Introduction (Part I), 2000.

    41. LANGDON, Esther Jean. Sade e Povos Indgenas: Os Desafios na Virada do Sculo, 2000.

    42. RIAL, Carmen Silvia & GROSSI, Miriam Pillar. Vivendo em Paris: Velhos e Pequenos Espaos numa Metrpole,2000.

    43. TASSINARI, Antonella Maria Imperatriz. Misses Jesuticas na Regio do Rio Oiapoque, 2000.

    44. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Authenticity and Divertissement: Phonography, American Ethnomusicologyand the Market of Ethnic Music in the United States of America, 2001.

    45. RIFIOTIS, Theophilos. Les Mdias et les Violences: Points de Repres sur la Rception, 2001.

    46. GROSSI, Miriam Pillar e RIAL, Carmen Silvia. Urban Fear in Brazil: From the Favelas to the Truman Show, 2001.

    47. CASTELLS, Alicia Norma Gonzles de. O Estudo do Espao na Perspectiva Interdisciplinar, 2001.

    48. RIAL, Carmen Silvia. 1. Contatos Fotogrficos. 2. Manezinho, de ofensa a trofu, 2001.

    49. RIAL, Carmen Silvia. Racial and Ethnic Stereotypes in Brazilian Advertising. 2001

    50. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Brazilian Popular Music: An Anthropological Introduction (Part II), 2002.51. RIFIOTIS, Theophilos. Antropologia do Ciberespao. Questes Terico-Metodolgicas sobre Pesquisa de Campo

    e Modelos de Sociabilidade, 2002.

    52. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. O ndio na Msica Brasileira: Recordando Quinhentos anos deesquecimento, 2002

    53. GROISMAN, Alberto. O Ldico e o Csmico: Rito e Pensamento entre Daimistas Holandeses, 2002

    54. MELLO, Maria Ignez Cruz. Arte e Encontros Intertnicos: A Aldeia Wauja e o Planeta, 2003.

    55. SEZ, Oscar Calavia. Religio e Restos Humanos. Cristianismo, Corporalidade e Violncia, 2003.

    56. SEZ, Oscar Calavia. Un Balance Provisional del Multiculturalismo Brasileo. Los Indios de las Tierras Bajas en elSiglo XXI, 2003.

    57. RIAL, Carmen Silvia. Brasil: Primeiros Escritos sobre Comida e Identidade, 2003.

    58. RIFIOTIS, Theophilos. As Delegacias Especiais de Proteo Mulher no Brasil e a Judiciarizao dos ConflitosConjugais, 2003.

    59. MENEZES BASTOS, Rafael Jos. Brazilian Popular Music: An Anthropological Introduction (Part III), 2003.

    60. REIS, Maria Jos; CATULLO, Mara Rosa & CASTELLS, Alicia Norma Gonzlez de. Ruptura e Continuidade como Passado: Bens Patrimoniais e Turismo em duas Cidades Relocalizadas, 2003.

    61. MXIMO, Maria Elisa. Sociabilidade no "Ciberespao": Uma Anlise da Dinmica de Interao na Lista Eletrnicade Discusso 'Cibercultura'", 2003.

    62. TEIXEIRA PINTO, Mrnio. Artes de Ver, Modos de Ser, Formas de Dar: Xamanismo e Moralidade entre os Arara(Caribe, Brasil), 2003.

    63. DICKIE, Maria Amlia Schmidt, org. Etnografando Pentecostalismos: Trs Casos para Reflexo, 2003.

    64. RIAL, Carmen Silvia. Guerra de Imagens: o 11 de Setembro na Mdia, 2003.

    65. COELHO, Lus Fernando Hering. Por uma Antropologia da Msica Arara (Caribe): Aspectos Estruturais das

    Melodias Vocais, 2004.

    66. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Les Batutas in Paris, 1922: An Anthropology of (In) discreet Brightness, 2004.

    67. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Etnomusicologia no Brasil: Algumas Tendncias Hoje, 2004.

    68. SEZ, Oscar Calavia. Mapas Carnales: El Territorio y la Sociedad Yaminawa, 2004.

    69. APGAUA, Renata. Rastros do outro: notas sobre um mal-entendido, 2004.

    70. GONALVES, Cludia Pereira. Poltica, Cultura e Etnicidade: Indagaes sobre Encontros Intersocietrios, 2004.

    71. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. "Cargo anti-cult" no Alto Xingu: Conscincia Poltica e Legtima Defesatnica, 2004.

    72. SEZ, Oscar Calavia. Indios, territorio y nacin en Brasil. 2004.

    73. GROISMAN, Alberto. Trajetos, Fronteiras e Reparaes. 2004.

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    87. RIAL, Carmen Silvia. Jogadores Brasileiros na Espanha: Emigrantes, porm... 2006.

    88. SEZ, Oscar Calavia. Na Biblioteca: Micro-ensaios sobre literatura e antropologia. 2006.

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    90. TEIXEIRA PINTO, Mrnio. Sociabilidade, Moral e Coisas Afins: Modelos Sociolgicos e Realidade Amerndia.2006.

    91. TEIXEIRA PINTO, Mrnio. Disfarce Ritual e Sociabilidade Humana entre os Arara.(Karib, Par), 2006.

    92. LANGDON, Esther Jean. Shamans and Shamanisms: Reflections on Anthropological Dilemmas of Modernity.2006.

    93. GROISMAN, Alberto. Interlocues e Interlocutores no Campo da Sade: Consideraes sobre Noes,Prescries e Estatutos. 2007.

    94. LANGDON, Esther Jean. Performance e sua Diversidade como Paradigma Analtico: A Contribuio da Abordagemde Bauman e Briggs. 2007.

    95. LANGDON, Esther Jean. The Symbolic Efficacy of Rituals: From Ritual to Performance. 2007.

    96. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. As Contribuies da Msica Popular Brasileira s Msicas Populares doMundo: Dilogos Transatlnticos Brasil/Europa/frica (Primeira Parte). 2007.

    97. LANGDON, Esther Jean. Rito como Conceito Chave para a Compreenso de Processos Sociais. 2007.

    98. DICKIE, Maria Amlia Schmidt. Religious Experience and Culture: Testing Possibilities. 2007.

    99. MALUF, Sonia Weidner. Gnero e Religiosidade: Duas Teorias de Gnero em Cosmologias e ExperinciasReligiosas no Brasil. 2007.

    100. MALUF, Sonia Weidner. Peregrinos da Nova Era: Itinerrios Espirituais e Teraputicos no Brasil dos Anos 90.2007.

    101. SEZ. Oscar Calavia. Alimento Humano: O Canibalismo e o Conceito de Humanidade. 2007.

    102. MENEZES BASTOS, Rafael Jos de. Para uma Antropologia Histrica das Relaes MusicaisBrasil/Portugal/frica: O Caso do Fado e de sua Pertinncia ao Sistema de Transformaes Lundu-Modinha-Fado.2007.

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    ANTROPOLOGIA EM PRIMEIRA MO

    uma publicao do Programa de

    Ps-graduao em Antropologia Social da UFSC

    Correspondncia para aquisio ou intercmbio

    PPGAS/CFH/UFSC

    Florianpolis/SC - CEP 88.040-970

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