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AVM FACULDADE INTEGRADA CLÓVIS ROBÉRIO CAVALCANTE LOPES SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇO - SRP Celeridade e economicidade nas contratações públicas com o uso do SRP. Professor Orientador: Mário Luiz FORTALEZA Agosto 2014

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AVM FACULDADE INTEGRADA

CLÓVIS ROBÉRIO CAVALCANTE LOPES

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇO - SRP

Celeridade e economicidade nas contratações públicas com o uso do SRP.

Professor Orientador: Mário Luiz

FORTALEZA

Agosto 2014

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CLÓVIS ROBÉRIO CAVALCANTE LOPES

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇO - SRP

Celeridade e economicidade nas contratações públicas com o uso do SRP.

Monografia apresentada à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista emGestão de Pública.

FORTALEZA

Agosto 2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, honrosamente, à minha esposa Nadla Monteiro (in memoria), minha companheira, estrela que iluminou minha vida por 27 anos, e aos meus queridos filhos Clóvis, Bárbara e Vitória, minhas fontes de inspiração.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre estar presente em minha vida, abençoando e iluminando minhas decisões.

Agradeço aos meus queridos filhos Clóvis, Bárbara e Vitória, pelos incentivos, respeito e carinho que sempre dedicaram a mim.

E por fim agradeço aos ilustres professores e orientadores Sra. Glória Jesus e Sr. Mário Luiz, pelas orientações prestadas, de fundamental importância para a conclusão deste trabalho.

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RESUMO

Este trabalho foi realizado com o objetivo de demonstrar que o uso do Sistema de Registro de Preços, imprime mais celeridade e proporciona maior economicidade aos processos de contratação na Administração Pública. Para isso foi citado de forma contundente no art. 37, inciso XXI da CF/88, que dispõe sobre a obrigatoriedade de licitar, quando das contratações públicas. Foi explorado o conceito de licitação, fazendo-se um breve relato sobre as modalidades de licitação taxadas na Lei 8.666/93, abordando a morosidade e onerosidade com que são tratados os processos de contratação da Administração Pública, quando utilizadas simplesmente essas modalidades, principalmente a concorrência. Saindo do contexto da Lei 8.666/93, foi feita uma rápida análise da modalidade de licitação instituída pela Lei 10.520/2002, o pregão, dando maior ênfase a sua forma eletrônica. E, entrando no foco do trabalho, realizou-se um estudo do Sistema de Registro de Preços (SRP), onde foram apresentados alguns conceitos, as vantagens do seu uso nas contratações da Administração Pública, a importância de uma pesquisa de mercado bem feita para licitar o SRP e as consequências da admissibilidade do uso do pregão, sobretudo na sua forma eletrônica, para licitar o Sistema de Registro de Preços. Ao final, concluiu-se que o uso do Sistema de Registro de Preços proporciona maior celeridade e economicidade aos processos de contratações públicas, representando significativo ganho para a Administração Pública.

Palavras-chaves: Contratações Públicas. Licitação. Sistema de Registro de Preços. Celeridade. Economicidade

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SUMÁRIO

Introdução........................................................................................................07

Capítulo I

1 A obrigatoriedade de licitar..................................................................09

1.1 Conceitos de licitação..........................................................................10

1.2 Princípios da licitação.........................................................................12

Capítulo II

2 Modalidades de licitação.............................................,........................17

2.1 Pregão: presencial e eletrônico...........................................................23

Capítulo III

3 Sistema de Registro de Preço (SRP)...................................................26

3.1 Vantagens do Sistema de Registro de Preços...................,...............31

3.2 A importância da pesquisa de mercado para licitar o SRP...............38

Conclusão.........................................................................................................41

Bibliográfias.....................................................................................................43

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INTRODUÇÃO

Este trabalho visa mostrar a importância que vem assumindo o tema

Sistema de Registro de Preços (SRP), dando oportunidade de reflexão a

respeito das mudanças que o uso do SRP acarretou no âmbito da

Administração Pública.

A Constituição Federal de 1988 (CF/88) em seu art. 37, inciso XXI,

estabelece que as obras, serviços, compras e alienações, salvo os casos

especificados em lei, serão contratadas mediante processo de licitação pública

que assegure igualdade de condições entre os concorrentes.

Para regulamentar o que estabelece o citado inciso da CF/88, foi

sancionada a Lei 8.666/93 (Lei de Licitações) que institui as normas para

licitações e contratos da Administração Pública.

Nesse sentido, os órgãos da Administração Pública direta e indireta no

âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,

subordinam-se a essa lei, sendo obrigados, quando das contratações, a

obedecer às suas disposições.

A princípio, as únicas modalidades de licitação existentes eram as

constantes do art. 22 da Lei 8.666/93, quais sejam: concorrência, tomada de

preços, convite, concurso e leilão.

Com a publicação do Decreto 3.931/2001 a Administração conseguiu

impor mais eficácia nas suas contratações, visto que com a adoção do Sistema

de Registro de Preços, agora regulamentado, os processos de contratação

tornaram-se mais céleres e menos onerosos.

Esses benefícios alcançados com a adoção do SRP se tornam possíveis

por este procedimento ser bastante flexível, conforme as seguintes

características: permite à Administração comprar de acordo com suas

necessidades diretas, não meramente estimativas, não ferindo assim o

princípio da economicidade; não gera obrigatoriedade de contratar; permite que

várias compras sejam realizadas com uma só licitação; desobriga a

Administração da necessidade de ter dotação orçamentária disponível para

poder licitar, passando esta a ser obrigatória somente no ato da contratação.

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Nesse sentido, afinado com o que dispõe o art. 14 do Decreto

3.931/2001, surge o Decreto 5.450/2005, que regulamenta o pregão em sua

forma eletrônica, possibilitando dar mais celeridade aos processos de

contratação que se utilizam do SRP.

Nesse contexto, este trabalho acadêmico surge de uma pesquisa

bibliográfica onde serão analisadas as seguintes questões: os processos de

contratações da Administração Pública têm sofrido alguma mudança com a

adoção do Sistema de Registro de Preços? Qual a relação custo/benefício que

o SRP traz para essas contratações?

A escolha do tema dessa pesquisa se justifica por ser um assunto com o

qual tenho familiaridade e que está diretamente relacionado com a minha

atividade profissional.

Ademais, a pesquisa contribuirá bastante para um melhor entendimento

dos benefícios trazidos com a adoção do Sistema de Registro de Preços nas

contratações públicas, sobretudo no que se refere à celeridade e a redução dos

custos com licitações.

Para a realização deste trabalho formulou-se a seguinte hipótese: o uso

do Sistema de Registro de Preços tem proporcionado maior economia e

celeridade para as contratações públicas.

Esta serviu como base para se chegar ao objetivo geral da pesquisa:

demonstrar que o Sistema de Registro de Preços imprime mais celeridade e

proporciona maior economicidade aos processos de contratação na

Administração Pública.

Foram também definidos como objetivos específicos: identificar o

conceito de licitação e de Sistema de Registro de Preços; analisar os princípios

que norteiam os procedimentos licitatórios; analisar as consequências da

admissibilidade do uso do pregão, principalmente em sua forma eletrônica,

para licitar o Sistema de Registro de Preços; analisar as vantagens do uso do

SRP; analisar a redução geral dos preços de contratação em médio prazo e

dos custos com licitação com o uso do SRP e; analisar a importância da

pesquisa de mercado para o Sistema de Registro de Preços.

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CAPÍTULO I

OBRIGATORIEDADE DE LICITAR

A Administração Pública, segundo o princípio da indisponibilidade, não

tem o poder de dispor de seus bens ou serviços, pois estes não as pertencem.

A Administração e seus agentes públicos têm apenas o dever de geri-los em

prol da coletividade, atendendo aos interesses públicos.

O administrador não pode impor seu modo de agir e de gerir os bens e

serviços públicos, seus atos têm que estar em consonância com a lei,

obedecendo ao que ela determina, não podendo ir de encontro ou além do que

ela dispõe.

Nesse sentido, a Constituição Federal, em seu art. 37, inciso XXI, dispõe

que a Administração Pública, antes de celebrar contratos em geral, tem a

obrigatoriedade de realizar licitação, exceto nos casos previstos em lei.

É a seguinte a redação do art. 37, inciso XXI, apud Paulo e Alexandrino

(2008: 377):

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômicas indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

A Administração, para contratar, por não dispor da coisa pública, deve

dar oportunidade, de oferecer propostas, a todos quantos queiram com ela

firmar contratos, em iguais condições, e dentre as apresentadas, escolher a

proposta mais vantajosa para a Administração, de forma transparente e

segundo critérios objetivos.

Os critérios e normas que regulamentam as licitações e contratos

administrativos estão reunidos na Lei 8.666/93 (Lei Geral de Licitações), a qual

traz em seu art. 2º, apudJacoby (2010: 15):

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Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.

Todos os órgãos e entidades da Administração Pública estão subordinados a esta lei, conforme parágrafo único de seu art. 1º, apud Paulo e Alexandrino (2008: 378):

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

É um dever da Administração Pública, em todas as esferas, Federal,

Estadual, Distrital e Municipal, realizar licitação quando for firmar contratos,

sejam de prestação de serviços, fornecimento de bens, obras, alienações e

locações, ressalvados os casos em que a Lei Geral de Licitações dispuser o

contrário.

1.1 CONCEITOS DE LICITAÇÃO

Como se observa, o ato de licitar é um procedimento obrigatório,

expressamente previsto no próprio texto constitucional.

Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2007: 430), a doutrina

conceitua licitação como:

Um procedimento administrativo, de observância obrigatória pelas entidades governamentais, em que, observada a igualdade entre os participantes, deve ser selecionada a melhor proposta dentre as apresentadas pelos interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, uma vez preenchidos os requisitos mínimos necessários ao bom cumprimento das obrigações a que eles se propõem.

Como se extrai do conceito exposto, a licitação é um procedimento legal

obrigatório, exceto nos casos previstos em lei, quando das contratações com

os órgãos da Administração Pública, no qual se objetiva selecionar a proposta

mais vantajosa para a Administração, respeitando-se o tratamento isonômico

entre os proponentes e obedecendo a critérios objetivos de escolha.

A licitação sempre objetiva a escolha da proposta mais vantajosa para a

Administração. No entanto, para que esta seja selecionada, o poder público

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deve estabelecer, previamente, os critérios ou padrões a serem adotados pelos

interessados em com ela contratar, critérios estes que deverão constar nos

editais de licitação, e segundo os quais, após disputa isonômica, será

selecionada a proposta que melhor atender às necessidades da Administração.

Já o conceituado doutrinador José do Santo Carvalho Filho (2010: 256)

conceitua licitação como:

O procedimento administrativo vinculado por meio do qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela controlados selecionam a melhor proposta entre as oferecidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.

A licitação é considerada um procedimento vinculado porque suas

regras são preestabelecidas e devem ser seguidas rigorosamente pelo

administrador, a fim de que sejam resguardados os direitos dos interessados e

garantida à probidade na realização do certame.

Para a boa gestão dos bens e serviços públicos, a Administração adota

este procedimento para que sempre haja transparência em suas contratações.

Sayagués Lasoapud Carvalho Filho (2010: 256), referindo-se a licitação,

diz que - “sendo um procedimento anterior ao próprio contrato, permite que

várias pessoas ofereçam suas propostas, e, em consequência, permite

também que seja escolhida a mais vantajosa para a Administração”.

Trata-se de um procedimento administrativo, pois para realizá-lo é

necessário seguir uma sequência de atividades, devidamente formalizadas,

pela Administração e pelos interessados, para alcançar o objetivo desejado.

Conforme consta no art. 3º da Lei 8.666/93:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. ¹

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Como se observa, a licitação é regida por princípios básicos, os quais

sempre devem ser observados para um fiel atendimento aos preceitos da Lei

8.666/93.

1.2 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO

O procedimento licitatório é orientado por alguns princípios, os quais

sempre devem ser considerados quando da condução dos certames, pois

estes serão observados para a verificação da validade dos atos dos

administradores nas licitações.

Alguns desses princípios estão expressos no art. 3º da Lei 8.666/93, e

são considerados pelo próprio Estatuto como princípios básicos dos

procedimentos licitatórios. São os seguintes os princípios arrolados: da

legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da

probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do

julgamento objetivo.

Dos princípios apontados, a maior parte é relacionada a todas as

atividades administrativas, porém, os princípios da vinculação ao instrumento

convocatório e o do julgamento objetivo podem ser considerados como

específicos dos procedimentos licitatórios.

Existem outros princípios que derivam dos princípios básicos e que com

eles têm uma correlação, por também tratarem de licitações, no entanto, serão

abordados neste trabalho apenas os princípios expressos no art. 3º da Lei

8.666/93.

O princípio da legalidade é à base de toda a atividade administrativa. É

ele que impõe ao administrador os limites de atuação, privando-o de exercer

suas atividades segundo suas vontades pessoais.

Segundo este princípio, os administradores não podem agir além do que

a lei determina, só podem exercer um ato se assim estiver permitido em lei.

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Diferente dos particulares, que podem fazer tudo o que a lei não proíbe,

o poder público só pode agir segundo a lei.

Nas licitações, o princípio da legalidade impõe que, durante todo seu

procedimento, sejam observadas as regras dispostas na Lei 8.666/93 e

legislação pertinente, sob pena de anulação dos atos ilegais praticados. Essa

anulação pode ser decretada pela própria Administração, no exercício da

autotutela administrativa, ou pelo Poder Judiciário.

Segundo Carvalho Filho (2010: 264):

É a aplicação do devido processo legal, segundo o qual se exige que a Administração escolha a modalidade certa; que seja bem clara quanto aos critérios seletivos; que só deixe de realizar a licitação nos casos permitidos na lei; que verifique, com cuidado, os requisitos de habilitação dos candidatos, e, enfim, que se disponha a alcançar os objetivos colimados, seguindo os passos dos mandamentos legais.

O princípio da impessoalidade, traz a idéia de que todos os atos dos

administradores deverão ter com fim a satisfação do interesse público. Todo

ato público que não tem esse fim, será considerado nulo por desvio de

finalidade.

Nas licitações, consiste o dever da Administração de dispensar o mesmo

tratamento a todos os concorrentes, não podendo existir preferências ou

interesses pessoais por parte dos agentes públicos.

Princípio da moralidade, este princípio exige que os agentes públicos

adotemconceitos éticos em suas condutas.

De acordo com Paulo e Alexandrino (2008: 334):

A moral administrativa liga-se à ideia de probidade e boa fé. A Lei nº 9.784/1999, no seu art. 2º, parágrafo único, refere-se a ela nestes termos: “nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa fé”.

Dessa forma exige-se que, em todas as etapas do procedimento

licitatório, os administradores se pautem de uma atuação ética e moral.

Princípio da probidade administrativa, como já dito, o princípio da

Probidade administrativa, está diretamente ligado ao da moralidade.

Como bem enfatiza Carvalho Filho (2010: 266):

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Exige o princípio que o administrador atue com honestidade para com os licitantes, e, sobretudo para com a própria Administração, e, evidentemente, concorra para que sua atividade esteja de fato voltada para o interesse administrativo, que é o de promover a seleção mais acertada possível.

Caso o administrador não atue segundo este princípio, e venha a

prejudicar o objetivo da licitação, será responsabilizado civil, penal e

administrativamente.

A Lei 8.429/1992 disciplina os atos de improbidade administrativa,

relacionando os atos ímprobos e estabelecendo as sanções previstas para

aqueles que os praticarem.

Princípio da igualdade, a Constituição Federal de 1988 (CF), em seu

art.5º, define como direito fundamental, o tratamento idêntico que deve

serdispensado pela Administração aos administrados, que se encontrem

namesma situação jurídica.

Já no art. 37, inciso XXI, da CF, o legislador determinou que os

procedimentos licitatórios devem assegurar igualdade de condições a todos os

concorrentes.

Citando o mestre Carvalho Filho (2010: 265):

A igualdade na licitação significa que todos os interessados em contratar com a Administração devem competir em igualdade de condições, sem que a nenhum se ofereça vantagem não extensiva a outro. O princípio, sem dúvida alguma, está intimamente ligado ao da impessoalidade: de fato, oferecendo igual oportunidade a todos os interessados, a Administração lhes estará oferecendo também tratamento impessoal.

Esse princípio confere dupla obrigação à Administração Pública: a de

tratar isonomicamente todos os licitantes, vedando-se qualquer tipo de

discriminações ou tratamentos diferenciados; e a de oportunizar a participação

da licitação a todos quantos tenham interesse em contratar com a

Administração.

O § 1º do art. 3º da Lei 8.666/93 é esclarecedor, quando veda aos

agentes públicos a prática de qualquer ato que possa ferir a igualdade e a

competitividade nos processos licitatórios.

É a seguinte a redação desse dispositivo legal (Jacoby, 2010: 16):

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§ 1o É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato (...);

II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere à moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agências internacionais (...).

Princípio da publicidade, este princípio dispõe que a licitação deve ter

seu instrumento convocatório publicado, a fim de que um maior número

possível de pessoas possa tomar conhecimento das regras do procedimento,

possibilitando assim uma maior concorrência e melhores propostas para a

Administração.

Determina também, que todos os atos realizados no decorrer do

processo licitatório, não sejam sigilosos, devendo ser acessíveis ao público,

salvo o conteúdo das propostas, até o momento de sua abertura.

Reforçando o entendimento, Paulo e Alexandrino (2007: 432) trazem o

seguinte posicionamento sobre o princípio da publicidade, relacionando-o às

licitações:

O objetivo evidente do princípio da publicidade, no que respeita às licitações, é permitir o acompanhamento e controle do procedimento não só pelos participantes como também, quiçá principalmente, pelos administrados em geral. Estes podem sustar ou impugnar quaisquer atos lesivos à moralidade administrativa ou ao patrimônio público, representar contra ilegalidades ou desvios de poder etc.

Como se observa, o objetivo principal desse princípio é permitir um

maior controle e acompanhamento dos atos dos administradores, através do

acesso aos processos.

Princípio da vinculação ao instrumento convocatório,o edital e a carta-

convite são os instrumentos convocatórios da licitação. São neles onde se

dispõem todas as regras do certame. Constituem-se na lei interna da licitação.

A Administração, quando publica o edital, vincula-se totalmente às

regras ali dispostas, não podendo descumpri-las.

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A Lei 8.666/93, em seu art. 41, traz expressa essa exigência de

vinculação ao instrumento convocatório.

Segundo Carvalho Filho (2010: 266):

O princípio da vinculação te extrema importância. Por ele, evita-se a alteração de critérios de julgamento, além de dar a certeza aos interessados do que pretende a Administração. E se evita, finalmente, qualquer brecha que provoque violação à moralidade administrativa, à impessoalidade e à probidade administrativa.

O princípio do julgamento objetivo está intimamente relacionado com o

da vinculação ao instrumento obrigatório.

Ele parte do princípio de que, todas as regras e critérios definidos no

edital da licitação serão utilizados no momento do julgamento pela

Administração, descartando-se a subjetividade e o discricionarismo na escolha

da proposta vencedora.

O art. 45 da Lei 8.666/93 reforça a obrigatoriedade do julgamento

objetivo (Jacoby, 2010: 57):

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

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CAPÍTULO II

MODALIDADES DE LICITAÇÃO

A Lei 8.666/93, em seu art. 22, relaciona as cinco diferentes

modalidades de licitação, vedando, no § 8º deste mesmo artigo, a criação de

outras modalidades de licitação ou o uso combinado das ali enumeradas.

Essas modalidades são a concorrência, tomada de preços, convite,

concurso e leilão.

Cada uma dessas modalidades possuem suas características próprias, o

que as distinguem umas das outras.

As modalidades de concorrência, tomada de preços e convite são

utilizadas, pela Administração, para licitar os contratos de execução de obras

públicas, prestação de serviços e compras de bens. Essas três modalidades

são implicitamente hierarquizadas com base nos valores a serem contratados e

na complexidade de seus procedimentos.

Nesse sentido, Paulo e Alexandrino (2007: 471) ponderam que:

A existência de uma hierarquia entre as três modalidades acima citadas decorre da letra do § 4º do art. 23 da Lei, segundo o qual “nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência”.

O que determina qual modalidade de licitação será utilizada pela

Administração, conforme disposto nos incisos I e II do art. 23 da Lei 8.666/93, é

o valor do contrato a ser celebrado (Jacoby, 2010: 34):

Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da contratação:

I - para obras e serviços de engenharia:

a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);

c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais);

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II - para compras e serviços não referidos no inciso anterior:

a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);

b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais);

c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).

A Concorrência é a mais complexa das modalidades de licitação,

podendo ser utilizada para qualquer contrato a ser celebrado pela

Administração, sem limite de valores.

Por tratar de contratações de grande vulto, que dispõem de recursos

financeiros mais elevados, essa modalidade é a que: apresenta maior rigor

formal, exigindo uma fase inicial de habilitação preliminar, autônoma em cada

certame, na qual são conferidas as condições dos participantes e; exige maior

divulgação, permitindo a participação do maior número possível de

concorrentes.

Dispõe-se para as contratações de compras, obras e serviços de

quaisquer valores.

Além disso, ela também pode ser exigida em situação em que se

considera a natureza do contrato a ser celebrado, no lugar do valor da

contratação.

Nesse sentido, segundo Paulo e Alexandrino (2007: 472), é a

modalidade obrigatória para licitar os contratos de concessão de serviços

públicos, das parcerias público-privadas, para as compras de imóveis,

alienação de imóveis públicos, para as concessões de direito real e nas

licitações internacionais.

O § 1º do art. 22, da Lei de Licitações, define concorrência como “a

modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de

habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de

qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto”.

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Segundo Paulo e Alexandrino (2007: 472), a doutrina aponta como

princípios da concorrência: universalidade, ampla publicidade, habilitação

preliminar e julgamento por comissão.

A universalidade caracteriza-se por ser permitida a participação de

quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovar

possuir os requisitos exigidos para habilitação ao certame. Ampla publicidade

no Diário Oficial da União, do Estado ou do Distrito Federal, dependendo do

caso, além da publicação em jornal diário de grande circulação no Estado e no

Município, e, conforme o vulto da contratação, em outros meios de divulgação,

tudo em prol da ampliação da área de competição. Na concorrência ocorre uma

habilitação preliminar ao julgamento, porém posterior à publicação do edital. E,

por fim, todo o procedimento da licitação é realizado por comissão de licitação,

cabendo a esta a análise dos documentos habilitatórios e o julgamento das

propostas.

Estes princípios não são exclusivos da concorrência, pois outras

modalidades também os adotam, como exemplo: a tomada de preços, o

pregão, o concurso e o leilão também observam a ampla divulgação etc.

Já a Tomada de Preços, o art. 22, § 2º, da Lei 8.666/93 define a tomada

de preços como (Jacoby, 2010: 33):

§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

Nessa modalidade o legislador procurou simplificar um pouco o

procedimento da licitação, incumbindo à comissão de licitação a tarefa de

examinar a documentação de habilitação apenas dos participantes que não

estiverem previamente cadastrados.

A permissão, para participar da licitação, extensiva aos interessados

que, não cadastrados previamente, apresentem a documentação exigida para

cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,

ampliou o universo de competição, aumentando também a possibilidade da

Administração escolher a proposta que melhor lhe convir.

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Esta modalidade é menos formal e complexa que a concorrência, visto

que se destina a contratações de vulto médio.

Ainda comparando à concorrência, a tomada de preços exige menor

círculo de divulgação, pois, só podem participar do certame aqueles que já

estiverem previamente cadastrados e os que se cadastrarem, atendendo aos

requisitos do edital, antes da data limite prevista para recebimento das

propostas. É essa habilitação prévia, através do cadastramento dos

interessados nos registros cadastrais da Administração, que diferencia a

tomada de preços da concorrência.

A vantagem dos cadastros consiste em que os interessados em

contratar com o poder público, no momento do cadastramento, já apresentam

toda a documentação necessária para habilitação, dispensando, dessa forma,

sua reapresentação quando da convocação por edital.

Vale salientar que, os documentos exigidos para habilitação dos ainda

não cadastrados, não podem ir além dos que foram exigidos dos cadastrados,

correspondendo esses documentos aos constantes nos arts. 27 a 31 da Lei

8.666/93.

Pelo descrito, temos como características da tomada de preços

(Carvalho Filho, 2010: 298):

a) Inscrição ou possibilidade de inscrição do interessado nos registros cadastrais. Cuida-se de condição necessária à participação nessa modalidade. b) Habilitação prévia. Enquanto na concorrência a habilitação constitui uma fase autônoma em cada certame, na tomada de preços a aferição, em sua maior parte, se faz com antecipação, ao momento da inscrição nos registros cadastrais. c) O fator substituição. Ainda que o vulto do futuro contrato comporte a tomada de preços, pode o administrador optar por realizar concorrência (art. 23, § 4º da Lei 8.666/93).

O convite, é a modalidade de licitação implicitamente hierarquizadas,

conforme se entende do § 4º, art. 23 da Lei 8.666/93, a que a Administração

utiliza para as contratações de menor valor, e por isso, a de procedimento mais

simplificado.

O formalismo dessa modalidade é bastante diminuto, pois a

documentação exigida para habilitação é bem reduzida, e o prazo mínimo entre

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a emissão da carta-convite e o recebimento das propostas é de 5 (cinco) dias,

permitindo maior mobilidade e celeridade na seleção.

A simplicidade do seu procedimento se observa pela flexibilização do

disposto no art. 51, § 1º, da Lei Geral de Licitação:

§ 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

Segundo Paulo e Alexandrino (2007: 473):

Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas.

No convite o instrumento convocatório utilizado é a carta-convite, a qual

é enviada diretamente aos interessados do ramo pertinente ao objeto a ser

contratado.

Nessa modalidade não há a exigência de publicação do resumo do

instrumento convocatório, sendo necessário que a carta-convite seja enviada

aos interessados, cadastrados ou não, e que a mesma seja afixada em local

apropriado para dar oportunidade de participação aos demais cadastrados, que

não foram inicialmente convidados. Esses últimos terão até a vigésima quarta

hora que anteceder o prazo final para apresentação das propostas, para

habilitar-se ao certame.

Ressalte-se que a participação dos não cadastrados somente é possível

se estes forem convidados pela Administração.

Outra peculiaridade da modalidade convite é que, havendo limitações do

mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, impossibilitando a

obtenção do número mínimo de 3 (três) licitantes, a Administração pode enviar

a carta-convite a menos de três interessados, desde que justifique tais

circunstâncias no processo.

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Na hipótese contrária, o § 6º, do art. 22 da Lei 8.666/93 dispõe (Jacoby,

2010: 34):

§ 6o (...) existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Dessa forma o legislador procurou evitar atos de improbidade, com o

favorecimento de somente algumas empresas, permitindo que outras

empresas, que também estejam cadastradas, tenham a chance de participar do

certame.

O Concurso,essa modalidade, assim como o leilão, é de pouca

importância para o estudo em questão, sendo assim, será abordada de forma

superficial.

O § 4º, do art. 22, da Lei de Licitação define o concurso como (Jacoby,

2010: 33):

§ 4o Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Nessa modalidade a Administração não tem a intensão de contratar,

mas apenas selecionar um trabalho de cunho técnico, artístico ou científico, e

ao seu autor, se este ceder à Administração os direitos patrimoniais relativos

ao trabalho, e a ela permitir a utilização de acordo com sua conveniência,

conceder um prêmio ou remuneração.

O Leilão, o § 5º, art. 22, da Lei 8.666/93 define essa modalidade como:

§ 5o Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis previstos no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Para permitir a participação de quaisquer interessados, deve ser dada

ampla divulgação ao certame, obedecendo ao princípio da publicidade, e, para

preservação patrimonial dos bens públicos, é necessário que os bens a serem

leiloados sejam avaliados antes da realização do processo.

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O leilão pode ser conduzido por servidor designado pela Administração

ou por leiloeiro oficial.

2.1 PREGÃO: PRESENCIAL E ELETRÔNICO

Apesar da determinação do § 8º, do art. 22 da Lei Geral de Licitação, o

Governo Federal, através da Medida Provisória nº 2.026/2000, posteriormente

convertida na Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão), criou uma nova modalidade de

licitação denominada pregão.

A nova modalidade tem disciplina e procedimentos próprios, no entanto,

nos casos omissos, subsidiariamente são utilizadas as normas da Lei 8.666/93.

A Lei do Pregão foi editada com o intuito de dar mais celeridade aos

processos licitatórios e possibilitar, à Administração, uma maior redução nos

preços das contratações.

O pregão inicialmente, quando da vigência da Medida Provisória

2.026/2000, que após inúmeras reedições foi convertida na Lei 10.520/2002, só

era aplicável à União, porém, com a edição da lei, essa nova modalidade de

licitação se estendeu aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

Sua utilização é limitada à aquisição de bens e serviços comuns,

conforme art. 1º da Lei 10.520/2002.

No parágrafo único, do art. 1º, da Lei do Pregão, o legislador definiu o

que seriam os bens e serviços comuns:

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

Dessa forma, a Administração Pública deverá definir precisamente as

especificações do objeto a ser contratado, as quais deverão constar no edital

de convocação, a fim de possibilitar sua perfeita identificação no mercado e

ampliar a competição.

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Diferente das outras modalidades de licitação, previstas na Lei 8.666/93,

o pregão pode ser utilizado para qualquer valor a ser contratado, permitindo

que os órgãos da Administração Pública adotem procedimentos menos

burocráticos quando realizarem uma licitação.

Essa desburocratização dos procedimentos licitatórios se deve as

seguintes características do pregão (Jacoby, 2009: 409):

a) Limitação do uso a compras e serviços comuns; b) Possibilidade de o licitante reduzir o valor da proposta durante a sessão; c) Inversão das fases de julgamento da habilitação e da proposta; d) Redução dos recursos a apenas um, que deve ser apresentado no final do certame.

No pregão, o licitante tem a possibilidade de, durante a sessão, reduzir o

valor de sua proposta inicial, através da oferta de lances sucessivos e inferiores

aos seus últimos valores ofertados. Além dos lances, a Administração pode

negociar com o licitante vencedor da etapa de lances, com o intuito de reduzir

ainda mais o valor da proposta.

Nas outras modalidades o julgamento se inicia pelos envelopes de

documentação, onde se verifica o atendimento aos pré-requisitos habilitatórios,

e, após habilitação dos licitantes, se examina o conteúdo das propostas, com a

seleção da mais vantajosa para a Administração. No pregão essas fases são

invertidas, primeiramente são conferidas as propostas, onde se classificam as

que atenderem às especificações do objeto, constantes do edital, e

posteriormente verifica-se a habilitação, somente do licitante que tiver ofertado

o menor preço.

Já em relação aos recursos, na licitação convencional existem pelo

menos duas fases recursais. No pregão só existe uma, que ocorre no final do

certame, após o julgamento da habilitação do licitante vencedor.

Nesse sentido, observam Paulo e Alexandrino (2007: 477):

O pregão, em razão de suas características procedimentais, traz uma série de vantagens para a Administração contratante, especialmente por constituir-se em uma modalidade de licitação pouco complexa, possibilitando maior celeridade na contratação de bens e serviços comuns. Além disso, mediante a utilização do pregão, o valor final dos contratos tende a ser mais vantajoso para a Administração

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comparativamente àquele que ela obteria com a utilização das outras modalidades de licitação.

Por esse motivo, o Decreto 5.450/2005, que regulamenta o pregão em

sua forma eletrônica, em seu art. 4º, determina como obrigatória a modalidade

pregão, dando preferência à forma eletrônica, sempre que a Administração, no

âmbito da União, visar contratar bens e serviços comuns.

Conforme descreve o art. 2º, do Decreto 5.450/2005:

Art. 2o O pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor preço, realizar-se-á quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet.

A outra forma de realização do pregão é a presencial, porém menos

utilizada pela Administração, visto a maior celeridade e economia que são

proporcionados pela modalidade na forma eletrônica.

José dos Santos Carvalho Filho (2010: 331) destaca algumas vantagens

do pregão eletrônico em relação ao presencial:

Primeiramente, reduz o uso de papel, já que os atos se produzem pela Internet. Depois, há menor sobrecarga para o pregoeiro, já que há menos documentos para analisar. Ainda: o pregão eletrônico é mais célere e eficaz quando se trata de licitação por itens ou lotes. Por fim, os recursos da tecnologia da informação aproximam as pessoas e encurta as distâncias, permitindo atuação com maior eficiência por parte da Administração.

A nova modalidade substitui a Comissão de Licitação pelo pregoeiro, o

qual, assessorado pela equipe de apoio, preferencialmente formada pelo

quadro permanente de servidores da Administração, dirigirá os trabalhos,

conduzindo-o desde o recebimento das propostas até a adjudicação do objeto

da licitação ao licitante vencedor.

Ainda para dar mais celeridade e proporcionar maior economia ao

procedimento licitatório, trazendo mais benefícios à Administração, a Lei

10.520/2002, em seu art. 11, admitiu que fosse empregado o pregão para as

compras de bens e contratações de serviços comuns, quando processadas

pelo sistema de registro de preços, previsto no art. 15 da Lei 8.666/9

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CAPÍTULO III

SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP)

A busca pela eficiência é um dos impulsionadores que levam os

administradores e os próprios legisladores a idealizarem modificações nos

processos de contratações públicas.

O Decreto Federal 2.743/98 foi editado para atender a uma disposição

do art. 15, § 3º, da Lei 8.666/93, que faz referência à regulamentação do

sistema de registro de preços por decreto. Esse regulamento traçou as

diretrizes do sistema, definindo seu procedimento.

Segundo Jacoby (2009: 30):

Sistema de Registro de Preços é um procedimento especial de licitação que se efetiva por meio de uma concorrência ou pregão sui generis, selecionando a proposta mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia, para eventual e futura contratação pela Administração.

É um procedimento especial porque não obriga a aquisição do produto

ou serviço e é realizado para atender às contingências do orçamento a alguns

tipos de contratações com dificuldade de planejamento e demandas

imprevisíveis, permitindo à Administração contratar de acordo com suas

necessidades, meramente estimativas, sem nenhuma referência segura.

Com as mudanças ocorridas nas regras que regem sobre licitação,

sobretudo com a criação de uma nova modalidade, denominada pregão, e

posteriormente, com a regulamentação do pregão em sua forma eletrônica,

utilizando recursos eletrônicos de comunicação à distância, gerando uma

revolução no anacrônico processo de licitação, observou-se a necessidade de

atualização do sistema de registro de preços, a fim de acompanhar as

evoluções ocorridas e dar mais celeridade aos processos licitatórios.

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), antigo

Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE), responsável pela

supervisão setorial e coordenação da Administração Pública Federal, diante do

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sucesso da instituição do pregão, percebeu a necessidade de revisão do

Decreto 2.743/98.

Essa revisão, que gerou inúmeras modificações no decreto, resultou na

edição do Decreto 3.931/2001, que revogou o anterior e passou a ser a norma

regulamentadora do Sistema de Registro de Preços. O novo regulamento

passou por algumas alterações impulsionadas pela edição do Decreto

4.342/2002, porém ainda continua vigente.

Dentre as modificações ocorridas com a edição do Decreto 3.931/2001,

e com sua posterior alteração, as principais são:

a) A ampliação dos objetos passíveis de licitação pelo Registro de

Preços. O Decreto anterior, 2.743/98, previa a utilização do SRP

apenas para as contratações para aquisição de bens. O Decreto

atual ampliou sua utilização para a contratação de serviços, locações

de equipamentos e imóveis, além das aquisições de bens. Porém,

com a alteração sofrida após a publicação do decreto 4.342/2002,

excluiu-se a possibilidade do uso do SRP para contratos de locação,

passando a ser permitido somente para contratações de serviços e

aquisição de bens;

b) Criação do órgão gerenciador, órgão participante e gestor do

contrato. Essa inovação possibilitou uma melhor distinção entre os

sujeitos do processo, definindo o papel que cada um exerce,

conforme se observa dos §§ 2º, 3º e 4º, do art. 3º, do Decreto

3.931/2001. Para melhor identificar esses sujeitos, o Decreto

3.931/2001, em seu art. 1º, parágrafo único, incisos III e IV, define

(Jacoby, 2010: 110):

III - Órgão Gerenciador - órgão ou entidade da Administração Pública responsável pela condução do conjunto de procedimentos do certame para registro de preços e gerenciamento da Ata de Registro de Preços dele decorrente; e

IV - Órgão Participante - órgão ou entidade que participa dos procedimentos iniciais do SRP e integra a Ata de Registro de Preços.

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c) Possibilidade do uso, na modalidade concorrência, do tipo técnica e

preço. O Decreto anterior só permitia a utilização do tipo menor

preço, o qual continua sendo adotado pela atual regulamentação;

d) Possibilidade de prorrogação da Ata de Registro de Preços por mais

de um ano. O Decreto vigente, em seu art. 4º, dispõe que o prazo de

validade da Ata não poderá exceder um ano. Esta também, era a

disposição do Decreto revogado, permitindo a prorrogação, desde

que fosse a vontade das partes contratantes, que não ultrapassasse

o prazo máximo de um ano, e que esta possibilidade estivesse

prevista no edital de convocação. Com as inovações trazidas pela

edição do novo Decreto, passou-se a admitir a prorrogação da Ata

por até um ano, desde que a proposta continue sendo mais vantajosa

para a Administração, mantenham-se os demais requisitos do

Decreto e que haja concordância das partes envolvidas;

e) Esclarecimento da regra do parcelamento das contratações. Essa

regra permite uma ampliação da competitividade, visto que, com a

divisão das contratações em lotes menores, possibilita a participação

de empresas com pequena capacidade de produção ou de

atendimento; melhor aproveitamento dos recursos do mercado,

viabilizando a participação/contratação de fornecedores locais,

reduzindo os custos da contratação e diminuindo os prazos de

fornecimento dos bens ou execução dos serviços; e, em uma visão

diferente, nos casos de parcelamentos em grandes lotes, proporciona

uma maior economia de escala, posto o volume das contratações;

f) Possibilidade de registrar preços diferentes para um mesmo produto

de qualidade diferente, superior à do primeiro colocado. Essa

flexibilidade veio prevista no parágrafo único, do art. 6º do Decreto

3.931/2001, que ampliou a regra constante do art. 6º do Decreto

2.743/98, o qual só permitia que fossem registrados outros

fornecedores, para atingir a quantidade total estimada pela

Administração, se fosse ao preço do primeiro colocado. Pela redação

do novo Decreto, o órgão gerenciador poderá registrar preços

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diferentes do primeiro colocado, desde que: a quantidade cotada pelo

primeiro colocado não atenda à demanda estimada; o acréscimo no

preço seja justificado pela superioridade na qualidade ou

desempenho do objeto ofertado; os preços, mesmo superiores ao do

primeiro colocado, estejam abaixo do máximo estimado pela

Administração; e seja do interesse da Administração Pública, que

deverá justificar a adoção de preço superior ao do primeiro colocado;

g) Possibilidade de utilização da Ata de Registro de Preços por outros

órgãos da Administração Pública, que não tenham participado do

Sistema de Registro de Preços, os chamados caronas. Essa

utilização, pelos caronas, só é possível se o órgão gerenciador da

Ata for previamente consultado, permitindo o uso, e se for

comprovada a vantagem da utilização. As contratações pelos

caronas não poderão exceder, por órgão não participante do

certame, a cem por cento das quantidades registradas na Ata.

Jacoby (2009: 373) aponta as vantagens da admissão de caronas em

Ata de Registro de Preços:

Primeiro, porque motiva o uso do SRP por outros órgãos, aumentando a credibilidade do sistema; segundo, porque motiva a participação: quem tiver preços registrados e suportar novas demandas será contratado sem licitação por outros órgãos e entidades. Terceiro, o procedimento é desburocratizante (...).

Com essa abertura aos caronas, o SRP se mostra conveniente, por

facilitar os trâmites das contratações, dando mais celeridade ao

processo. Ressalte-se que a participação dos caronas também só é

possível se houver a aceitação pelo fornecedor, o qual deverá

considerar sua capacidade de suportar as novas demandas, desde

que não haja prejuízo aos compromissos assumidos na Ata de

Registro de Preços;

h) Melhor definição das regras para revisão dos preços registrados.

Com isso o legislador imprimiu maior flexibilidade ao SRP, permitindo

que os preços registrados acompanhem as variações da economia

de mercado e as mudanças dos produtos, garantindo o equilíbrio

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econômico-financeiro estabelecido na Ata de Registro de Preço. O

art. 12, do Decreto 3.931/2001, estabelece o procedimento a ser

adotado no caso de alterações na Ata (Jacoby, 2010: 117):

Art. 12. A Ata de Registro de Preços poderá sofrer alterações, obedecidas as disposições contidas no art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993.

§ 1º O preço registrado poderá ser revisto em decorrência de eventual redução daqueles praticados no mercado, ou de fato que eleve o custo dos serviços ou bens registrados, cabendo ao órgão gerenciador da Ata promover as necessárias negociações junto aos fornecedores.

§ 2º Quando o preço inicialmente registrado, por motivo superveniente, tornar-se superior ao preço praticado no mercado o órgão gerenciador deverá:

I - convocar o fornecedor visando a negociação para redução de preços e sua adequação ao praticado pelo mercado;

II - frustrada a negociação, o fornecedor será liberado do compromisso assumido; e

III - convocar os demais fornecedores visando igual oportunidade de negociação.

§ 3º Quando o preço de mercado tornar-se superior aos preços registrados e o fornecedor, mediante requerimento devidamente comprovado, não puder cumprir o compromisso, o órgão gerenciador poderá:

I - liberar o fornecedor do compromisso assumido, sem aplicação da penalidade, confirmando a veracidade dos motivos e comprovantes apresentados, e se a comunicação ocorrer antes do pedido de fornecimento; e

II - convocar os demais fornecedores visando igual oportunidade de negociação.

§ 4º Não havendo êxito nas negociações, o órgão gerenciador deverá proceder à revogação da Ata de Registro de Preços, adotando as medidas cabíveis para obtenção da contratação mais vantajosa.

i) Admissibilidade do uso do pregão para licitar o registro de preços. O

Decreto 2.743/98 só previa a realização de licitação para Sistema de

Registro de Preços, através da modalidade concorrência. No entanto,

esta é uma modalidade bastante complexa, que torna o processo de

contratação mais caro e moroso. Com a Lei 10.520/2002, que

instituiu o pregão como nova modalidade de licitação, o modo de

licitar evoluiu bastante, ganhando mais celeridade e economicidade,

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dando mais eficiência às contratações públicas. Posteriormente, foi

regulamentada, pelo Decreto 5.450/2005, a forma eletrônica do

pregão, prevista no art. 2º, § 1º, da Lei 10.520/2002. Dessa forma

tornou-se necessária a ampliação da forma de licitar o SRP,

possibilitando também o uso do pregão, para que o sistema, que já

tem como características principais a economicidade e celeridade

nas contratações, se tornasse mais eficiente. O Decreto 3.931/2001

trouxe essa modificação, dispondo no caput do seu art. 3º, que “a

licitação para registro de preço será realizada na modalidade de

concorrência ou pregão”. (Jacoby, 2010: 111). Já o artigo 14 do

Decreto prevê a possibilidade do uso do pregão, também, em sua

forma eletrônica. A possibilidade do uso do pregão para licitar o

sistema de registro de preços também está prevista no art. 11, da Lei

10.520/2002.

O resultado do Decreto 3.931/2001, segundo Jacoby (2009: 73), “é uma

norma atual que permite alargar perspectivas de seu uso e responder com

rapidez às novas exigências. Respeitando os limites da lei, ousa em favor da

eficiência”.

3.1 VANTAGENS DO SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

O Sistema de Registro de Preços, sem dúvidas, trouxe mudanças

marcantes para os processos de contratação da Administração Pública. Com

sua adoção, as contratações ganharam mais eficiência, pois se tornou possível

reduzir os custos do processo e imprimir mais celeridade, devido à

desburocratização e simplificação dos procedimentos licitatórios.

Os administradores públicos têm aderido em massa ao SRP, pois ele

tem se mostrado uma ferramenta com enormes vantagens para os órgãos

públicos. (grifo nosso)

Segundo Jacoby (2009: 87), “é unânime entre os administradores

públicos, após conhecer as vantagens do Sistema de Registro de Preços, o

interesse em proceder à implantação”.

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Dentre as principais vantagens que o sistema apresenta, podemos listar:

desnecessidade de dotação orçamentária, atendimento de demandas

imprevisíveis, redução de volume de estoques, eliminação dos fracionamentos

de despesa, redução do número de licitações, tempos recordes de aquisição,

atualidade dos preços de aquisição, participação de pequenas e médias

empresas, vantagens para os licitantes, transparência das aquisições, redução

dos custos da licitação e maior aproveitamento de bens.

A Desnecessidade de dotação orçamentária é uma exigência

constitucional e está previsto no art. 7º, § 2º, inciso III e art. 14º, caput, da Lei

8.666/93, que as obras, serviços e compras da Administração Pública só

poderão ser realizados se houver previsão de recursos orçamentários que

garantam o seu pagamento.

No entanto, tem sido uma constante o contingenciamento do orçamento,

pelo Governo, o qual só libera os recursos aos poucos, deixando as maiores

parcelas de liberação para o final do ano.

Esse contingenciamento acaba resultando em um mau aproveitamento

dos recursos orçamentários, pois os administradores acabam devolvendo aos

cofres públicos enormes parcelas do orçamento, que realmente eram

necessárias para o bom desempenho dos serviços, visto que o atraso na

liberação dos recursos acaba por impossibilitar, em um curto espaço de tempo,

a realização do processo licitatório, obrigatório nas contratações, e bastante

burocrático.

Essa regra, de só poder licitar se houver previsão de dotação

orçamentária, é predominante nos processos convencionais de licitação.

Porém, o Sistema de Registro de Preços tem a peculiaridade de dispensar a

necessidade de prévia dotação orçamentária para realizar o processo

licitatório.

No Sistema de Registro de Preço a Administração não tem a

obrigatoriedade de contratar o objeto que foi licitado, por isso não é necessário

que haja o empenho prévio de dotação.

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Na licitação para o SRP será feita apenas a seleção da proposta mais

vantajosa, sem garantia de contratação, para em uma necessidade futura da

Administração, ser realizada a contratação, momento este em que deverá

existir dotação orçamentária disponível.

A desnecessidade de dotação orçamentária para realização de licitação

para o SRP destaca-se como enorme vantagem, com a adoção do sistema, por

agilizar as contratações, desburocratizando o procedimento licitatório, e por

quebrar o paradigma do contingenciamento do orçamento por parte do

Governo.

Atendimento de demandas imprevisíveis,os gestores públicos,

responsáveis pelas contratações, nem sempre dispõem de ferramentas ou

informações necessárias para realizar uma fiel estimativa de consumo dos

bens e de execução de serviços.

Dessa forma, muitas vezes a estimativa de consumo calculada não

condiz com a real necessidade dos órgãos públicos. Isso ocorre porque as

demandas são imprevisíveis, sendo afetadas por diversos fatores.

Essas demandas imprevisíveis resultam em desperdício por parte do

poder público, pois muitas vezes são adquiridas quantidades de produtos ou

contratados serviços além do que realmente é necessário, ocasionando gastos

desnecessários. Outras vezes a quantidade contratada não atende às

necessidades de consumo, necessitando realizar outra licitação para adquirir a

quantidade faltante, resultando em mais custos e mais tempo, o que nem

sempre se dispõe, ou realizar a contratação direta sem licitação, fora das

previsões legais.

Nesse contexto, o Sistema de Registro de Preços se mostra bastante

vantajoso, pois tolera as margens de consumo imprevisível, tendo em vista que

o objeto que for licitado não necessariamente terá que ser contratado, não

havendo desperdício, e caso não seja suficiente a quantidade licitada, ainda há

a possibilidade de aditar essa quantidade em até 25% (vinte e cinco por cento).

No SRP, para resolver o problema das demandas imprevisíveis, ainda

há a possibilidade de utilização da Ata de Registro de Preços de órgãos que

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tenham promovido licitação, por qualquer órgão que não tenha participado do

certame.

Redução de volume de estoques e maior aproveitamento de bens, o

Sistema de Registro de Preços apresenta enorme vantagem quando se trata

de administração de estoques.

Níveis elevados de estoque geram aumento nas despesas com espaço,

pessoal e recursos financeiros mal aproveitados.

O ideal para as empresas e, principalmente, para os órgãos públicos, é

manterem níveis reduzidos de estoques, suficientes para atender em curto

espaço de tempo as demandas apresentadas.

O SRP permite essa redução no volume de estoques, possibilitando

ainda o pronto atendimento das demandas. Isso se torna possível porque no

SRP, todo trâmite burocrático da licitação se realiza antes de surgirem as

demandas. O administrador já deixa a proposta mais vantajosa registrada,

sendo necessário somente realizar a contratação, no momento que a demanda

surgir.

Ele permite também um melhor aproveitamento dos bens, evitando, com

a redução dos estoques, os desperdícios dos produtos perecíveis, pois o

controle da validade e qualidade dos produtos torna-se bem mais simples.

Eliminação do fracionamento das despesas, tem se tornado uma prática

comum entre os administradores públicos, a realização de várias licitações de

valores pequenos, para um mesmo objeto, com enquadramento em

modalidades de licitação menos complexas e burocráticas, como o convite, a

fim de evitar o enquadramento em modalidades mais morosas e onerosas.

Essa prática ilegal, que se constitui em uma tentativa de burlar a Lei

8.666/93, a qual define as faixas de valores para cada modalidade de licitação,

é conhecida como fracionamento de despesas.

O fracionamento ocorre por falta de planejamento dos administradores e

falta de controle das demandas, fazendo com que uma concorrência seja

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dividida, por exemplo, em vários convites, ou até mesmo, nos casos mais

graves, ao invés de licitar, procede-se com várias dispensas de licitação.

Com a adoção do Sistema de Registro de Preços, segundo Jacoby

(2009: 91), “o problema do fracionamento da despesa deixa de existir, porque

se faz uma ampla concorrência ou pregão de tudo que se quer comprar no

exercício e o que faltar poderá ser então enquadrado na modalidade pertinente

de licitação ou de dispensa de licitação”.

Redução do número de licitações e redução dos custos da licitação,a

implantação do Sistema de Registro de Preços necessita bastante dedicação

por parte das pessoas envolvidas com o processo, pois é necessário que seja

realizado um estudo apurado de todo consumo nos exercícios anteriores para

que se possa chegar à estimativa ideal de contratação.

Para isso é preciso planejar todas as etapas do processo, desde a

definição das características do objeto, até a realização da pesquisa de

mercado e a definição das quantidades do objeto. Tudo isso se exige bastante

prática e experiência, o que faz com que os servidores envolvidos no processo

desenvolvam habilidades e conhecimentos suficientes para a implantação do

sistema.

Isso posto, quanto maior for o esforço dispendido no planejamento e

implantação do SRP, menor será o número de licitações realizadas, pois mais

próxima estará a quantidade estimada da quantidade demandada, sendo

desnecessário que se façam outras licitações para completar a quantidade

demandada.

Do mesmo modo, com a redução do número de licitações realizadas, se

reduz os custos com licitação, pois serão utilizados menos recursos

financeiros, humanos e materiais no processo.

Tempo recorde de aquisição, nas contratações realizadas fora do

Sistema de Registro de Preços, o atendimento às demandas normalmente é

bastante demorado, pois necessita de bastante planejamento para se poder

licitar um objeto. E esse tempo necessário para se licitar, na maioria das vezes

não é disponível.

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Porém, no Sistema de Registro de Preços o administrador público reduz

bastante o tempo de aquisição, isto porque, segundo Jacoby (2009: 93), “os

fornecedores com preços registrados podem ser informados imediatamente ao

pedido e, enquanto a Administração providencia o empenho da despesa, a

mercadoria é preparada para ser entregue”.

É a eficiência do Sistema de Registro de Preços à prova da

Administração Pública, trazendo mais celeridade aos processos de

contratação.

Atualidade dos preços de aquisição,o sistema convencional de licitação,

para fornecimento contínuo, é inflexível em relação à atualização dos preços,

sendo obrigados, Administração e fornecedor, a manterem os preços

contratados.

O Decreto 3.931/2001, em seu art. 12º, prevê a possibilidade de o

administrador realizar alterações nos preços registrados, para manter o

equilíbrio econômico-financeiro do contrato, quando mudanças no mercado

assim o exigirem.

Para isso é necessário que sejam realizadas periódicas pesquisas de

mercado para aferir a compatibilidade dos preços registrados com os

praticados no mercado.

Essa flexibilidade do SRP se destaca como grande vantagem do uso do

sistema, pois permite que a Administração pública aproveite as sazonalidades

dos preços e as promoções do mercado.

Participação de pequenas e médias empresas e vantagens para os

licitantes, segundo entendimento do Tribunal de Contas da União, assentado

na Decisão nº 393/1994, proferida no processo nº TC – 007.759/94.0, apud

Jacoby (2009: 94):

É obrigatória a admissão, nas licitações para a contratação de obras, serviços e compras, e alienações, onde o objeto for de natureza divisível, sem prejuízo do conjunto ou complexo, da adjudicação por itens e não pelo preço global, com vistas a propiciar a ampla participação dos licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento, ou aquisição da totalidade do objeto, possam, contudo, fazê-lo com referência a itens ou unidades

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autônomas, devendo as exigências de habilitação adequarem-se a essa divisibilidade.

Essa possibilidade de adjudicação por itens, conhecida como

parcelamento das compras, é uma prática constante no SRP e permite a

participação de empresas médias e de pequeno porte, as quais não teriam

condições de participar do certame se esse fosse realizado pelo preço global.

Isso se deve ao fato de, com a divisão do objeto em lotes de menor

quantidade, essas empresas possuírem capacidade produtiva compatível com

a demanda licitada.

Com isso a Administração amplia a competitividade, aumentando as

possibilidades de escolher uma proposta mais vantajosa.

Os licitantes também ganham com isso, pois com a ampliação da

competitividade, um maior número de empresas terão a oportunidade de

contratar com os órgãos públicos, podendo ainda estender seus contratos a

outros órgãos que, não tendo participado do certame, utilizem a Ata de

Registro de Preços dos órgãos gerenciadores.

Segundo Jacoby (2009: 95), “ao conseguir registrar seu preço, os

fornecedores abrem, assim, uma extraordinária porta de acesso às

contratações com o serviço público”.

A Transparência das aquisições, no Sistema de Registro de Preços, os

preços contratados são acessíveis ao público e sofrem periódicas atualizações.

Essa característica do SRP, que também é uma vantagem do sistema,

possibilita que outros órgãos, quando da realização da pesquisa de mercado,

principal etapa para se licitar o SRP, tenham acesso aos preços praticados

pelos demais órgãos da Administração Pública, dando mais transparência às

contratações.

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3.2 A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA DE MERCADO PARA LICITAR O

SRP

A realização da ampla pesquisa de mercado é a principal etapa da fase

interna do procedimento licitatório, quando se trata de Sistema de Registro de

Preços. Na licitação convencional ela também é necessária, porém não tem a

mesma importância que na licitação para o SRP.

Segundo Jacoby (2009:187):

A ampla pesquisa é requisito essencial de validade do SRP. A ausência desta pode ensejar a nulidade do SRP ou a obrigatoriedade de demonstrar a regularidade dos preços contratados. A primeira consequência é inexorável quando não tiver sido realizada pesquisa; a segunda, quando essa foi realizada, mas não abrangeu determinado item.

A pesquisa de mercado é atribuição do órgão gerenciador da Ata de

Registro de Preços, e é obrigatória na licitação para SRP. Nesse sentido dispôs

o art. 3º, § 2º, inciso IV, do Decreto 3.931/2001 (Jacoby, 2010: 111):

Art. 3º A licitação para registro de preços será realizada na modalidade de concorrência ou de pregão, do tipo menor preço, nos termos das Leis nos 8.666, de 21 de julho de 1993, e 10.520, de 17 de julho de 2002, e será precedida de ampla pesquisa de mercado.

§ 2º Caberá ao órgão gerenciador a prática de todos os atos de controle e administração do SRP, e ainda o seguinte:

(...)

IV - realizar a necessária pesquisa de mercado com vistas à identificação dos valores a serem licitados;38

Como se observa, a pesquisa de mercado é o ponto de partida da

licitação, pois é a partir dela que a Administração define os preços a serem

contratados, os quais devem ser um reflexo dos que estão sendo praticados no

mercado. Sua ausência pode culminar na anulação da licitação, sendo esta

considerada ilegal.

A pesquisa pode ser realizada em campo, diretamente, pela própria

Administração, ou indiretamente, de forma terceirizada, através da utilização de

bancos de dados como referência, em mercados semelhantes e através de

questionários, fax, telefone, internet ou consultas em terminais on-line, desde

que sejam documentadas.

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A pesquisa de mercado não somente é obrigatória previamente às

licitações para o Sistema de Registro de Preços, como também é de

fundamental importância para a manutenção da atualidade dos preços

registrados. Conforme dispõe o art. 12 do Decreto 3.931/2001, há a

possibilidade dos preços registrados sofrerem alterações de acordo com as

variações do mercado. Essas variações são detectadas através da pesquisa de

mercado. Dessa forma, é fundamental que se realize a pesquisa

periodicamente para que seja mantido o equilíbrio econômico-financeiro do

contrato.

Ainda em decorrência da pesquisa de mercado, há a hipótese de

cancelamento dos preços registrados, no caso da não aceitação da redução

dos preços pelo fornecedor. Sobre isso dispõe o art. 13, inciso III, do Decreto

3.931/2001 (Jacoby, 2010: 117):

Art. 13. O fornecedor terá seu registro cancelado quando:

(...)

III - não aceitar reduzir o seu preço registrado, na hipótese de este se tornar superior àqueles praticados no mercado;

Nesse contexto, a pesquisa de mercado se mostra como peça de

fundamental importância para a realização da licitação para o SRP, no entanto,

para um melhor resultado, alguns requisitos devem ser atendidos:

a) Ter generalidade, pois nem todos os fornecedores do mercado

devem ser abrangidos pela pesquisa, mas somente aqueles que

estiverem aptos a negociar com a Administração;

b) Ser atualizada. A pesquisa deve considerar somente dados recentes,

desprezando aqueles que, por serem de uma época não muito

recente, não reflitam a realidade dos preços praticados no mercado;

c) Efetividade. A pesquisa só deve considerar os preços daquelas

empresas que efetivamente possam vir a serem fornecedores da

Administração. Essa condição é fundamental para garantir a

isonomia nas licitações, pois empresas que, por estarem com

pendências no recolhimento de alguns tributos, por exemplo, não

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podendo contratar com a Administração Pública, provavelmente

teriam mais condições de ofertar menores preços, devido à

sonegação;

d) Parametrização do objeto. A Administração deve estabelecer

parâmetros que possam diferenciar um produto do outro, ou seja, ela

não pode estabelecer uma média de preços baseada em orçamentos

obtidos de produtos de qualidades diferentes. Um exemplo prático é

estabelecer como parâmetro da pesquisa a marca de um produto,

assim só serão consideradas válidas as propostas que tenham

produtos com qualidade equivalente àquela marca;

e) A pesquisa deve ser documentada. Toda informação que for obtida

através da pesquisa deve ser formalizada, documentada. Essa

exigência é necessária para que os agentes públicos possam provar,

quando solicitado pelos órgãos de controle, a regularidade dos atos

que praticarem na licitação, assim como dos preços contratados.

Com atenção a esses requisitos a Administração estará se munindo de

uma pesquisa eficaz, proporcionando mais economia nas contratações

públicas, além de atender aos dispositivos legais.

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CONCLUSÃO

O estudo realizado, mostra que trabalhar diante da hipótese de uso do

Sistema de Registro de Preços tem proporcionado maior economia e

celeridade para as contratações públicas. Procurou-se também responder aos

seguintes objetivos específicos: identificar o conceito de licitação e de Sistema

de Registro de Preços; analisar os princípios que norteiam os procedimentos

licitatórios; analisar as consequências da admissibilidade do uso do pregão,

principalmente na forma eletrônica, para licitar o Sistema de Registro de

Preços; analisar as vantagens do uso do SRP; analisar a redução geral dos

preços de contratação em médio prazo e dos custos com licitação com o uso

do SRP e; analisar a importância da pesquisa de mercado para o Sistema de

Registro de Preços.

Observou-se que a simples aplicação da Lei 8.666/93 não é o remédio

para o bom desempenho das atividades administrativas, pois ela traz normas

que regulamentam as licitações e contratações da Administração Pública, mas,

se aplicada de forma isolada, torna o processo burocrático, oneroso e moroso.

Dessa forma, a aplicação das normas do Decreto 3.931/2001, que

regulamentou o Sistema de Registro de Preços, trouxe bastantes benefícios

para a Administração Pública, sobretudo no que diz respeito à economia e à

celeridade proporcionadas aos processos de contratações.

Acrescendo a isso, a regulamentação do pregão, sobretudo em sua

forma eletrônica, permitindo que esse fosse utilizado para licitar o Sistema de

Registro de Preços, deu mais ênfase aos benefícios trazidos para as

contratações públicas com o uso do SRP, pois possibilitou que os processos

licitatórios, conseguintemente as contratações, fossem realizados em menos

tempo e com menores custos.

Observou-se também, que a pesquisa de mercado, realizada

previamente às licitações, é uma obrigação da Administração quando licitar

para o Sistema de Registro de Preços, sendo esta de fundamental importância

para a realização do certame, pois é a partir dela que se definem os preços

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praticados, e com sua prática constante, os órgãos públicos garantem uma

redução nos preços de contratação.

Portanto, com as enormes vantagens que o SRP apresenta, dentre elas,

desnecessidade de dotação orçamentária, redução do número e dos custos

das licitações realizadas, ampliação da competitividade, tempos recordes de

aquisição; podemos concluir que o uso do Sistema de Registro de Preços

imprimiu maior celeridade e economicidade aos processos de contratações da

Administração Pública.

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