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DANILO JOS PEREIRA DA SILVA
SISTEMA DE GESTO AMBIENTAL PARA A INDSTRIA DE LATICNIOS
Tese apresentada Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincia e Tecnologia de Alimentos, para obteno do ttulo de Doctor Scientiae.
VIOSA MINAS GERAIS BRASIL
2011
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DANILO JOS PEREIRA DA SILVA
SISTEMA DE GESTO AMBIENTAL PARA A INDSTRIA DE LATICNIOS
Tese apresentada Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias do Programa de Ps-Graduao em Cincia e Tecnologia de Alimentos, para obteno do ttulo de Doctor Scientiae.
APROVADA: 6 de maio de 2011.
Prof. Cludio Mudado Silva Prof. Cludio Furtado Soares
Prof. Vanessa Riani Olmi Silva Prof. Nlio Jos de Andrade (Co-orientador)
Prof. Frederico Jos Vieira Passos (Orientador)
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ii
A Deus.
minha filha Jlia.
minha esposa Rosria.
Aos meus pais Elias e Maria do Carmo.
Aos meus irmos Sinval e Eni.
minha av Geraldina.
Dedico.
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iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que sempre ilumina o meu caminho e me concede
sade, paz, serenidade e fora para realizar meus projetos de vida.
Universidade Federal de Viosa, especialmente ao Departamento de
Tecnologia de Alimentos, pela excelente formao e oportunidades concedidas.
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
(CAPES), pela concesso da bolsa de estudos.
A Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)
pelo financiamento do projeto de pesquisa.
Ao professor Frederico Jos Vieira Passos, pela oportunidade, amizade,
dedicao, ensinamentos durante os cinco anos de orientao, tima convivncia
e valiosa colaborao na realizao desse trabalho.
Ao professor Nlio Jos de Andrade, pela amizade, convivncia e valiosos
ensinamentos e sugestes.
Ao professor Cludio Mudado Silva, pela contribuio e valiosas sugestes
na realizao desse trabalho.
Ao Professor Ismael Maciel de Mancilha, pelas sugestes, conselhos e
colaborao na realizao desse trabalho.
Ao professor Jos Lus Braga, pelas sugestes e contribuio na
realizao desse trabalho.
professora Vanessa Riani Olmi Silva, pela colaborao na realizao
desse trabalho.
A todos os professores do Departamento de Tecnologia de Alimentos,
pelos ensinamentos e amizade.
Aos professores do Departamento de Engenharia Agrcola, Antnio
Teixeira Matos e lison Borges, pela amizade e ensinamentos.
Aos amigos, Arthur, Breno, Gustavo, Marcel, Pedro e Saulo, pela
convivncia e valiosa contribuio na realizao deste trabalho.
equipe de desenvolvedores da CEAD: Edson, Eduardo, Joo, Lucas,
Mrcio, Roberto, Tiago, Timteo, Ueverson, pela amizade e valiosa colaborao
na execuo desse trabalho.
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iv
Aos estagirios do laboratrio e da CEAD, Ana Paula, Amanda, Betnia,
Caio, Daniela, Deyse, Eridan, Mara, Rafaela, Robson, Tiago, Vincius, Viviane, e
Wesley, pela valiosa contribuio na realizao desse trabalho.
Aos companheiros da ps, Silvane, Orlando, Thais, pela amizade,
sugestes e incentivo.
A todos os funcionrios do Laticnio Funarbe e em especial ao Adalto,
Adilson, Aristides, Ernestro, Geraldo, Jos Carlos, Jos Silvrio, Luiz, Maria
Helena, Nlio e Setenta, pela valiosa colaborao.
Aos proprietrios e colaboradores dos laticnios onde foram realizados os
estudos: Ademir, Antnio Valente, Antnio Ventura, Carlos, Geraldo Maciel,
Gerardo, Joo Bosco, Mauro, Rafael, Ricardo e Warley, que cederam o espao e
seu valioso tempo, sendo fundamentais para a realizao desse trabalho.
Aos Laticnios Casa do Queijo, Chapada, Cocatrel, Funarbe, Godiva, Mais
Vida, Minas Colonial e Sabor de Minas, por conceder o espao para o
levantamento das informaes.
Aos avaliadores do programa, pelas sugestes e pela valiosa contribuio
na realizao deste trabalho.
A todos os funcionrios do Departamento de Tecnologia de Alimentos, em
especial a Geralda, Vaninha, Ado e Juarez.
equipe da Gesto Lctea: Breno, rica, Juliano, Karina, Letcia, Raquele
e Sinval.
amiga Luciana e ao amigo Rodrigo, pela amizade e pelos incentivos
nessa longa caminhada que partiu da graduao.
minha filha Jlia, que me renova a cada dia o prazer de viver e me d
fora para lutar por dias melhores.
minha esposa Rosria, pelo carinho, amor, convivncia e compreenso
incondicional, compartilhando os momentos agradveis e difceis.
Aos meus pais, Elias e Maria do Carmo, pelo amor, oportunidade, estmulo
e formao, que foram fundamentais em minha vida acadmica e social.
Aos meus irmos Sinval e Eni pela amizade, estmulos e apoio constantes.
minha av, Geraldina, pelo incentivo, apoio e ensinamentos.
A todos que, direta ou indiretamente, contriburam para o xito deste
trabalho.
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v
Biografia
Danilo Jos Pereira da Silva, filho de Elias Pereira da Silva e Maria do
Carmo Sant Ana Silva, nasceu em Ervlia, Minas Gerais, no dia 1 de dezembro
de 1978.
Em janeiro de 2004, graduou-se como Engenheiro de Alimentos pela
Universidade Federal de Viosa, Viosa-MG.
Em maro de 2004, iniciou o curso de Mestrado em Cincia e Tecnologia
de Alimentos na Universidade Federal de Viosa, concentrando seus estudos na
rea de Biotecnologia e Fermentaes Industriais, obtendo o ttulo de mestre em
maio de 2006.
Iniciou, em maio do mesmo ano, o curso de Doutorado em Cincia e
Tecnologia de Alimentos na Universidade Federal de Viosa, concentrando seus
estudos na rea de Biotecnologia e Fermentaes Industriais.
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vi
CONTEDO
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................ x
RESUMO .......................................................................................................... XIII
ABSTRACT ...................................................................................................... XV
1- INTRODUO ............................................................................................... 1
2- REVISO DE LITERATURA .......................................................................... 4
2.1- CARACTERIZAO DA INDSTRIA DE LATICNIOS ............................................... 4
2. 2- CARACTERSTICAS DOS RESDUOS GERADOS NA INDSTRIA DE LATICNIOS ........ 5
2.2.1- Efluentes lquidos ............................................................................... 6
2.2.2- Resduos slidos .............................................................................. 14
2.3- RECUPERAO E PROCESSAMENTO DE SUBPRODUTOS ................................... 15
2.4- GERENCIAMENTO DE RESDUOS NA INDSTRIA DE LATICNIOS .......................... 17
2.5- REDUO DO CONSUMO E REUSO DA GUA NA INDSTRIA DE ALIMENTOS ........ 18
2.6- USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAO E COMUNICAO (NTIC)...... 21
CAPTULO 1: RECIRCULAO E REUSO DE GUAS RESIDURIAS, COM E
SEM REGENERAO, NA INDSTRIA DE LATICNIOS ............................ 26
1- INTRODUO ........................................................................................... 26
2- OBJETIVOS ............................................................................................... 27
2.1- OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 27
2.2- OBJETIVOS ESPECFICOS: ............................................................................. 27
3- METODOLOGIA ........................................................................................ 27
3.1- CARACTERSTICAS DAS LINHAS ..................................................................... 28
3.1.1- Linha de pasteurizao de leite ........................................................ 28
3.1.2- Linha de envase de leite pasteurizado ............................................. 29
3.2- PROCEDIMENTO DE PREPARO E CORREO DA SOLUO CIDA ...................... 32
3.3- AVALIAO DAS SOLUES DE ENXGUE ...................................................... 33
3.4- AVALIAO DAS SUPERFCIES DOS EQUIPAMENTOS ........................................ 33
3.5- MTODOS ANALTICOS.................................................................................. 33
3.5.1- Anlises fsico-qumicas para qualidade de gua ............................ 33
3.5.2- Anlises microbiolgicas .................................................................. 34
-
vii
4- RESULTADOS E DISCUSSES ............................................................... 35
4.1- PARMETROS FSICO-QUMICOS .................................................................... 35
4.1.1- Variao da alcalinidade e acidez das solues CIPs e de seus
respectivos enxgues ................................................................................. 35
4.1.2- Variao da condutividade eltrica das solues CIP e de seus
respectivos enxgues ................................................................................. 43
4.1.3- Variao do pH das solues CIP e de seus respectivos enxgues 45
4.1.4- Valor de DQO das solues CIP e de seus respectivos enxgues .. 48
4.1.5- Valor de slidos totais das solues CIP e de seus respectivos enxgues
................................................................................................................... 52
4.1.6- Valor de turbidez das solues CIP e de seus respectivos enxgues56
4.1.7- Valor de dureza das solues CIP e de seus respectivos enxgues 60
4.1.8- Valor de cloreto das solues CIP e de seus respectivos enxgues 64
4.2- PARMETROS MICROBIOLGICOS .................................................................. 69
4.2.1- Avaliao das superfcies de equipamentos e tubulaes ............... 69
4.2.2- Avaliao microbiolgica das solues ............................................ 70
5- CONCLUSO ............................................................................................ 74
6.0- SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS ..................................... 75
CAPTULO 2: ELABORAO DE BALANO DE MASSA DO CONSUMO DE
GUA, VAPOR E GERAO DE RESDUOS DOS PROCESSOS DA INDSTRIA
DE LATICNIOS ............................................................................................. 76
1- INTRODUO ........................................................................................... 76
2- OBJETIVOS ............................................................................................... 77
2.1- OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 77
2.2- OBJETIVOS ESPECFICOS: ............................................................................. 77
3- METODOLOGIA ........................................................................................ 77
3.1- DIAGNSTICO AMBIENTAL NA INDSTRIA DE LATICNIOS E BALANO DE MASSA . 78
3.2- TESTES EXPERIMENTAIS EM UM LATICNIOS E NO LABORATRIO ....................... 78
4.0- RESULTADOS E DISCUSSO .............................................................. 79
-
viii
4.1- LINHA DE RECEPO E PASTEURIZAO DE LEITE ........................................... 79
4.2- LINHA DE PRODUO DE IOGURTE E BEBIDA LCTEA ...................................... 84
4.3- LINHA DE PRODUO DE MANTEIGA ............................................................... 89
4.4- LINHA DE PRODUO DE QUEIJO MUSSARELA ................................................ 92
4.5- LINHAS DE PRODUO DE QUEIJO MINAS FRESCAL, PRATO E PADRO ............ 96
4.6- LINHA DE PRODUO DE RICOTA................................................................. 103
4.7- LINHA DE PRODUO DE REQUEIJO ........................................................... 107
4.8- LINHA DE PRODUO DE DOCE DE LEITE ...................................................... 111
4.9- PROCESSO DE HIGIENIZAO ...................................................................... 113
5- CONCLUSO .......................................................................................... 115
CAPTULO 3: DESENVOLVIMENTO DE FERRAMENTAS DE APOIO A
IMPLANTAO DE UM SISTEMA DE GESTO AMBIENTAL NA INDSTRIA DE
LATICNIOS ................................................................................................. 116
1- INTRODUO ......................................................................................... 116
2- OBJETIVOS ............................................................................................. 118
2.1- OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 118
2.2- OBJETIVOS ESPECFICOS: ........................................................................... 118
3- MATERIAL E MTODOS ........................................................................ 118
3.1- AQUISIO DE INFORMAES ..................................................................... 118
3.2- ELABORAO DOS MDULOS INSTRUCIONAIS .............................................. 119
3.3- RECURSOS DE MDIA E INFORMTICA UTILIZADOS NA ELABORAO DOS MDULOS E DA
WEB SITE .......................................................................................................... 120
3.4- AVALIAO DO SISTEMA MULTIMDIA E DO SOFTWARE DE DIAGNSTICO AMBIENTAL E
SIMULAO ...................................................................................................... 121
4.0- RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................ 122
4.1- APRESENTAO DA INTERFACE DE ACESSO E ORGANIZAO DOS CONTEDOS122
4.2- MDULO EDUCAO AMBIENTAL ................................................................ 125
4.3- MDULO SISTEMA DE GESTO AMBIENTAL - SGA ....................................... 127
4.4- MDULO RESDUOS ................................................................................... 128
4.5- MDULO PROGRAMA DE TREINAMENTO SOBRE BPA ................................... 129
-
ix
4.6- MDULO APROVEITAMENTO DE SUBPRODUTOS ........................................... 131
4.7- FERRAMENTA DE EDITOR DE MENSAGEM ...................................................... 132
4.8- CONSIDERAES GERAIS SOBRE OS RECURSOS DE MDIA UTILIZADOS PARA
ELABORAO E DISPONIBILIZAO DOS MDULOS INSTRUCIONAIS. ...................... 132
4.9- SOFTWARE DE DIAGNSTICO AMBIENTAL E SIMULAO ............................... 134
4.10- AVALIAO DO SISTEMA MULTIMDIA ......................................................... 137
4.10.1- Aspectos gerais do ambiente multimdia, apresentao e organizao
dos mdulos ............................................................................................. 137
4.10.2- Aspectos especficos sobre apresentao e organizao de cada mdulo
no ambiente multimdia............................................................................. 141
4.11- AVALIAO DO SOFTWARE DE DIAGNSTICO E SIMULAO ......................... 150
4.12- QUESTES COMPLEMENTARES SOBRE AVALIAO DO AMBIENTE MULTIMDIA E DO
SOFTWARE DE DIAGNSTICO E SIMULAO ......................................................... 156
5- CONCLUSES ........................................................................................ 163
CONCLUSO GERAL ................................................................................. 164
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................ 167
ANEXO I: Modelo da ficha de avaliao do sistema multimdia e do software
..................................................................................................................... 172
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x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Etapas de processamento com os principais pontos de gerao de resduos em uma planta de laticnios (SILVA, 2006). ..................................... 13
Figura 2 Linha de pasteurizao onde foram feitos os testes de reuso das solues CIPs ................................................................................................ 29
Figura 3 Linha de envase de leite pasteurizado onde foram feitos os testes de reuso das solues CIPs ............................................................................... 30
Figura 4 Variao da concentrao de soda ao longo de sucessivos usos e correes para a linha de envase de leite e a linha de pasteurizao. .......... 37
Figura 5 Variao da concentrao do cido ao longo de sucessivos usos e correes para a linha de envase de leite e a linha de pasteurizao. .......... 40
Figura 6 - Variao da concentrao de alcalinidade das solues de enxgue da soda e mistura dos enxgues da soda e da soluo cida ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e linha de envase. ............... 42
Figura 7 - Variao da concentrao de acidez das solues de enxgue cido ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e linha de envase .. 42
Figura 8 - Comportamento do parmetro condutividade eltrica obtido para a soluo de soda e soluo cida ao longo dos sucessivos usos e correes para as linhas de pasteurizao e envase. .................................................... 44
Figura 9 - Comportamento do parmetro condutividade eltrica obtido para as solues de enxgue e suas respectivas misturas ao longo dos sucessivos usos das solues CIPs para as linhas de pasteurizao e envase. ............ 45
Figura 10 Variao do valor de pH obtido para a soluo de soda e soluo cida ao longo dos sucessivos usos e correes para as linhas de pasteurizao e envase.................................................................................. 46
Figura 11 Valores de pH para as solues de enxgue da soda, enxgue cido e mistura dos enxgues ao longo de sucessivos usos para a linhas de pasteurizao e envase.................................................................................. 48
Figura 12 Variao da concentrao de DQO da soluo de soda ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ............................. 49
Figura 13 Variao da concentrao de DQO da soluo cida ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ............................. 50
Figura 14 Variao da concentrao de DQO das solues de enxgue e suas respectivas misturas ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase.................................................................................. 51
Figura 15 Variao da concentrao de slidos totais da soluo de soda ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. .............. 53
Figura 16 Variao da concentrao de slidos totais da soluo cida ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ........................ 54
Figura 17 Variao da concentrao de slidos totais das solues de enxgue e suas respectivas misturas ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase.................................................................................. 55
Figura 18 Variao da turbidez da soluo de soda ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ........................................................ 57
Figura 19 Variao da turbidez da soluo cida ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ........................................................ 58
Figura 20 Variao da turbidez das solues de enxgue e suas respectivas misturas ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ....................................................................................................................... 59
-
xi
Figura 21 Variao da dureza da soluo de soda ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ........................................................ 61
Figura 22 Variao da dureza da soluo cida ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ........................................................ 62
Figura 23 Variao da dureza das solues de enxgue e suas respectivas misturas ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ....................................................................................................................... 64
Figura 24 Variao do teor de cloretos da soluo de soda ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ............................. 66
Figura 25 Variao do teor de cloretos da soluo cida ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase. ............................................... 67
Figura 26 Variao do teor de cloretos das solues de enxgue e suas respectivas misturas ao longo de sucessivos usos para a linha de pasteurizao e envase.................................................................................. 69
Figura 27 Fluxograma da linha de recepo e pasteurizao de leite com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......... 82
Figura 28 Fluxograma das etapas de produo de iogurte, com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......................... 85
Figura 29 Fluxograma das etapas de produo de bebida lctea com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......... 86
Figura 30 Fluxograma das etapas de produo de manteiga, com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......................... 90
Figura 31 Fluxograma das etapas de produo de queijo mussarela com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......... 94
Figura 32 Fluxograma das etapas de produo de queijo Minas Frescal com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......... 97
Figura 33 Fluxograma das etapas de produo de queijo Prato com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......... 98
Figura 34 Fluxograma das etapas de produo de queijo Minas Padro com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. .......... 99
Figura 35 Fluxograma das etapas de produo de ricota enformada com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. ........ 103
Figura 36 Fluxograma das etapas de produo de ricota em pote com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. ........ 104
Figura 37 Fluxograma das etapas de produo de requeijo a partir da coagulao cida da massa com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. ....................................................................... 108
Figura 38 Fluxograma das etapas de produo de requeijo a partir da coagulao enzimtica da massa com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. ............................................................. 109
Figura 39 Fluxograma das etapas de produo de doce de leite com os principais pontos de consumo de gua, vapor e gerao de resduos. ........ 112
Figura 40 Diagrama do processo de higienizao, representando as principais entradas e sadas que contribuem para os aspectos ambientais relevantes dessa operao. ........................................................................................... 114
Figura 41 Tela inicial do site direcionado ao pblico alvo. .............................. 123 Figura 42 Tela de apresentao do mdulo SGA (comum a todos os mdulos)
contendo o resumo dos objetivos, pblico alvo e contedo disponvel. ....... 125 Figura 43 Interface de acesso aos vdeos no Mdulo Programa de Treinamento
sobre BPA. .................................................................................................. 130
-
xii
Figura 44 Ilustrao da forma de apresentao dos contedos de cada tpico utilizando os recursos do Flash. ................................................................... 133
Figura 45 Pgina inicial de acesso ao programa de diagnstico ambiental e simulao. .................................................................................................... 135
Figura 46 Interface de simulao dos impactos na reduo da carga de poluio aps aplicao das aes corretivas por linha de processamento. .............. 136
Figura 47 Frequncia de respostas de todos os avaliadores (grupo 1 e 2) para os escores 9, 8, 7 e menores ou igual a 6, em relao avaliao dos diferentes atributos relacionados aos aspectos gerais do ambiente multimdia, apresentao e organizao dos mdulos. .................................................. 141
Figura 48 Resultado da avaliao geral (todos os avaliadores) dos cinco mdulos instrucionais em relao aos atributos: quantidade de informao disponvel, recursos multimdia utilizados e organizao dos tpicos para o entendimento do assunto. ............................................................................ 143
Figura 49 Resultado da avaliao, pelo pblico alvo, dos cinco mdulos instrucionais em relao aos atributos: quantidade de informao disponvel, recursos multimdia utilizados e organizao dos tpicos para o entendimento do assunto. ................................................................................................... 144
Figura 50 Resultado da avaliao dos cinco mdulos instrucionais, por todos os avaliadores (grupo 1 e 2), em relao ao atributo adequao do contedo ao pblico alvo. ................................................................................................. 146
Figura 51 Resultado da avaliao dos cinco mdulos instrucionais, pelo pbico alvo, em relao ao atributo adequao do contedo ao pblico alvo. ...... 146
Figura 52 Resultado geral da avaliao (todos os avaliadores) em relao avaliao geral dos mdulos instrucionais. .................................................. 148
Figura 53 Resultado da avaliao, pelo pblico alvo, em relao avaliao geral dos mdulos instrucionais. .................................................................. 148
Figura 54 Frequncia de resposta para as principais sugestes de alteraes no ambiente multimdia, de acordo com os diferentes grupos de avaliadores. . 150
Figura 55 Resultado da avaliao geral (todos os avaliadores) em relao aos atributos especficos do software. ................................................................ 152
Figura 56 Resultado da avaliao pelo pblico alvo em relao aos atributos especficos do software. ............................................................................... 152
Figura 57 Resultado da avaliao geral de cada uma das interfaces do software pelos diferentes grupos de avaliadores. ....................................................... 154
Figura 58 Resultado da avaliao geral de cada uma das interfaces do software pelo pblico alvo. .......................................................................................... 155
Figura 59 Resultado da avaliao pelos diferentes grupos de avaliadores em relao ao questionamento: Quais benefcios esse material pode proporcionar como suporte para a gesto ambiental na indstria de laticnios? ..................................................................................................................... 157
Figura 60 Resultado da avaliao pelos diferentes grupos de avaliadores em relao ao questionamento: Assinale os possveis obstculos que voc espera na utilizao deste material pelo pblico alvo (proprietrios, gerentes, tcnicos e colaboradores da indstria de laticnios). ................................... 159
-
xiii
RESUMO
SILVA, Danilo Jos Pereira da,Universidade Federal de Viosa, maio de 2011. Sistema de gesto ambiental para a indstria de laticnios. Orientador: Frederico Jos Vieira Passos. Co-orientadores: Nlio Jos de Andrade e Ismael Maciel Mancilha.
O aumento do rigor da legislao ambiental aliado s exigncias do
mercado tem impulsionado a aplicao de prticas preventivas, como o uso
eficiente dos recursos naturais, o reuso de gua e a adequao dos sistemas de
tratamento e disposio final dos resduos. No entanto, a aplicao de prticas
preventivas para uso racional da gua e controle ambiental na indstria de
laticnios ainda incipiente em relao a outros setores. Nesse contexto, o
objetivo geral desse trabalho foi avaliar processos e procedimentos e desenvolver
ferramentas de apoio a implantao de um sistema de gesto ambiental para a
indstria de laticnios. Para tal, o estudo foi dividido em trs fases. Na primeira
fase objetivou-se caracterizar e avaliar procedimentos de reuso das solues
CIPs e seus respectivos enxgues, sendo os testes realizados em uma linha de
envase de leite pasteurizado e uma linha de pasteurizao. Foram testados
quatro reusos para a soluo alcalina e dois reusos para a soluo cida.
Avaliaram-se parmetros fsico-qumicos e microbiolgicos das solues ao longo
dos reusos, alm de parmetros microbiolgicos da superfcie dos equipamentos.
A segunda fase teve como objetivo elaborar um balano de massa de gua, vapor
e resduos de onze linhas de processamento da indstria de laticnios, e avaliar a
influncia da tecnologia em relao aos aspectos ambientais. Os estudos foram
realizados a partir do diagnstico ambiental dos processos em oito laticnios.
Foram realizados testes laboratoriais para caracterizao de alguns resduos
especficos do processo. Na terceira fase, a partir das informaes coletadas nas
fases anteriores, desenvolveram-se duas ferramentas de apoio a implantao de
um sistema de gesto ambiental na indstria de laticnios. Uma refere-se a um
sistema multimdia, que tem como principal objetivo oferecer um material de apoio
para o treinamento e conscientizao dos proprietrios, gerentes, tcnicos e
demais colaboradores da indstria, em relao aplicao de um sistema de
gesto ambiental. A outra ferramenta refere-se a um software para diagnstico
ambiental e simulao de alteraes no processo, com avaliao dos impactos
ambientais e dimensionamento de diferentes sistemas de tratamento de efluentes
-
xiv
com anlise de custo. Em relao avaliao dos procedimentos de regenerao
e reuso das solues CIPs concluiu-se que a aplicao da tcnica mostrou-se
adequada e suficiente para garantir a higienizao dos equipamentos e
tubulaes, visto que apesar das alteraes nos parmetros fsico-qumicos das
solues, no ocorreram alteraes microbiolgicas nas solues e nas
superfcies dos equipamentos. A tcnica tambm mostrou-se economicamente
vivel pela reduo do consumo de produtos qumicos alm dos benefcios
ambientais que pode proporcionar. No que se refere aos resultados do balano de
massa e influncia da tecnologia nos aspectos ambientais da indstria de
laticnios, concluiu-se que: I) A tecnologia adotada nos processos produtivos
exerce grande influncia nos aspectos ambientais da indstria de laticnios, sendo
o nvel de conscientizao dos colaboradores um fator decisivo para as indstrias
de menor porte; II) As indstrias de pequeno porte e com menor nvel de
automao tendem a apresentar, relativamente, maiores impactos ambientais,
principalmente, pela falta de adaptao do layout e conscientizao dos
colaboradores; III) Nas linhas de produo de queijos, requeijo e ricota, a
tecnologia adotada na separao do soro exerce grande influncia nos aspectos
ambientais da indstria; e IV) Independente do tamanho da indstria e da
tecnologia adotada, possvel, com medidas simples e viveis, reduzir o
consumo de gua e o volume e carga de poluio dos efluentes gerados. Na
organizao do sistema multimdia optou-se por cinco mdulos instrucionais: I)
Educao ambiental; II) Sistema de gesto ambiental; III) Resduos; IV) Programa
de treinamento sobre Boas Prticas Ambientais; e V) Aproveitamento de
Subprodutos, contendo ainda o mdulo Itens de Apoio com Saiba Mais,
Legislao e Glossrio. O software para diagnstico ambiental e simulao na
indstria constitudo por quatro interfaces que incluem: empresa, produto,
relatrio e dimensionamento, alm da pgina inicial para cadastro do usurio e do
mdulo tutorial que auxilia no uso do programa. De acordo com o resultado da
avaliao observou-se uma tima aceitao pelas duas ferramentas
desenvolvidas (sistema multimdia e software), sendo identificado um grande
potencial para aplic-las como suporte para a implantao de um sistema de
gesto ambiental na indstria de laticnios. A forma de disponibilizao das
ferramentas e a orientao para seu uso adequado podem ser fundamentais para
potencializar o alcance dos objetivos pretendidos.
-
xv
ABSTRACT
SILVA, Danilo Jos Pereira da, D.S., Universidade Federal de Viosa, May, 2011.
Environmental management system for dairy industry. Adviser: Frederico Jos Vieira Passos. Co-advisers: Nlio Jos de Andrade and Ismael Maciel Mancilha.
The higher severity of environmental legislation coupled with market
demands have driven the implementation of preventive practices, such as the
efficient use of natural resources, water reuse and adequacy of treatment and final
disposal of the leavings. However, the application of preventive practices for water
conservation and environmental control in the dairy industry is still incipient in
relation to other sectors. In this context, the meaning of this study was to evaluate
processes and procedures and develop tools to support the implementation of an
environmental management system for the dairy industry. To this purpose, the
work was divided into three phases. The first one aimed to characterize and
evaluate procedures for reuse of CIP's solutions and their respective rinses, to get
this results tests were performed on a filling line of pasteurized milk and
pasteurization line. We tested four reuses for the alkaline solution and two reuses
for the acid solution. Were assessed physicochemical parameters as well as
microbiological of the solutions over the defendants, and also, the microbiological
parameters of the surface equipment. The second phase aimed to develop a mass
balance of water, steam and leavings of eleven processing lines of the dairy
industry, and evaluate the influence of the technology in environmental aspects.
The studies were conducted from the environmental analyses of the processes of
eight dairy industries. Laboratory tests were performed to characterize some
specific processs leavings. In the third phase, from the information collected on
the first and second ones, were developed two tools to support the implementation
of an environmental management system in the dairy industry. One refers to a
multimedia system, which has as main objective to provide material to awareness,
and at the same time prepare, the owners, managers, technicians and other
employees of the industry about an implementation of an environmental
management system. The other tool refers to a software for environment diagnosis
and simulation of changes in the process capable of evaluating the environmental
impact assessment and scaling various wastewater treatment systems with cost
-
xvi
analysis. Regarding the evaluation of procedures for regeneration and reuse of
solutions CIP's, its possible to conclude that the technique was adequate and
sufficient to ensure the sanitation of equipment and piping. Despite changes in
physicochemical parameters of solutions, there were no microbiological alterations
in the solutions and equipment surfaces. The technique also proved to be
economically viable by reducing the consumption of chemicals beyond the
environmental benefits it can provide. With regard to the results of mass balance
and influence of the technology on environmental aspects of the dairy industry we
concluded that: I) The technology used in the production process has great
influence on the environmental aspects of the dairy industry, and the level of
awareness of the employees cast a decisive factor on the smaller industries, II) the
small scale industries and with lower levels of automation tend to have relatively
higher environmental impacts, mainly due to the lack of adaptation of the layout
and awareness of employees; III) In the production lines of cheese, cream cheese
and ricotta, the technology adopted in the separation of the whey has a profound
influence on the environmental aspects of the industry, and IV) Regardless of the
size of industry and technology that can be adopted, its possible, with simple and
viable measures, to reduce the water consumption and its volume as well as the
pollution load of the generated wastewater. In organizing the multimedia system
we chose five instructional modules: I) Environmental education; II) Environmental
management system; III) Leavings; IV) Training program on Good Environmental
Practices, and V) Utilization of by-products, still containing the module "Items of
Support" linked to Learn More, Legislation and Glossary. The environmental
assessment software and industry simulation consists of four interfaces that
include: company, product, report and dimensioning, yet the home page for user
registration and module tutorial that helps the utilization of the software. According
to the assessment result, it could be observed that there was a great acceptance
of the two developed tools (multimedia system and software). There was identified
a great potential to apply them as a support to the implementation of an
environmental management system in the dairy industry. The tools and guidance
for their proper use can be critical to enhance the achievement of intended goals.
-
1
1- INTRODUO
Em todo o mundo, a preocupao com o consumo de gua e a gerao de
efluentes no ambiente industrial tem sido cada vez mais constante. A
regularizao da cobrana pelo uso da gua no Brasil irradia um cenrio de
aumento nos custos de produo. Sendo assim, a aplicao de prticas
preventivas como o uso eficiente dos recursos naturais, o reuso de gua e a
adequao dos sistemas de controle ambiental so cada vez mais necessrios.
Grandes e pequenas empresas esto se adequando a esse novo cenrio,
marcado por uma rgida legislao ambiental, pelo alto custo da produo e pela
acirrada competio. No ramo da agroindstria no diferente. A preocupao
com o meio ambiente e o aumento da produtividade passou a orientar a busca por
novas tecnologias, que, incorporadas aos processos tradicionais, otimizam a
capacidade competitiva de forma sustentvel.
Esses fatos conduzem a uma mudana no comportamento das empresas,
que cada vez mais priorizam a implantao de um sistema de gesto ambiental
integrado.
Um sistema de gesto ambiental integrado tem como foco principal o
controle preventivo dos aspectos ambientais dos processos produtivos, o que
pode ser sinnimo de investimento e aumento da competitividade e dos lucros.
Para perceber essa realidade basta considerar que quase todo o resduo que a
empresa descarta foi comprado a preo de matria prima embalagens ou
insumos, como gua, energia, produtos qumicos, trabalho, entre outros. Dessa
forma, um programa de controle preventivo que tenha como princpio agir nas
fontes geradoras para minimizar a gerao dos resduos, reaproveit-los e,
apenas em ltimo caso, trat-los e disp-los de maneira segura, trar grandes
benefcios para a empresa.
Diante desse cenrio, o foco do controle ambiental tem se deslocado do
controle final de linha para o controle do processo, ou seja, tem evoludo seguindo
a mesma tendncia do controle de qualidade. As empresas esto adotando
tcnicas preventivas para evitar a gerao de resduos na fonte, racionalizando o
uso de matrias primas e insumos, sendo incorporada tambm a preocupao
com os impactos que o uso e descarte desse produto podem causar ao meio
-
2
ambiente. Aliado a isso, as empresas tm desenvolvido produtos que podem ser
facilmente reciclados aps o uso, retornando-os ao ciclo econmico.
No entanto, a aplicao de prticas preventivas para uso racional da gua
e tratamento dos efluentes na indstria de laticnios ainda incipiente em relao
a outros setores, sendo que a maioria das indstrias no consegue cumprir a
legislao ambiental vigente. De acordo com os resultados do diagnstico da
indstria de laticnios no Estado de Minas Gerais (SEBRAE/SILEMG/UFV, 2006)
84% dos mais de mil laticnios formalmente constitudos descartam seus efluentes
nos corpos receptores sem qualquer tipo de tratamento. Atualmente a questo
ambiental tem sido um dos principais fatores de competitividade dessas indstrias
em funo dos elevados custos para tratamento e disposio adequada dos
resduos gerados nos processos produtivos, alm de se constituir em uma
barreira para o acesso ao crdito e a novos mercados. Como fator agravante,
essas indstrias so caracterizadas pela falta de padronizao dos processos
produtivos, falta de controle do consumo de gua, somadas a uma mo de obra
pouco qualificada e ausncia de especialistas na rea de gerenciamento e
tratamento de resduos em sua equipe tcnica, o que dificulta a aplicao de
alternativas para uso racional da gua, reuso e tratamento de efluentes.
Nesse contexto, a elaborao de um programa de gesto ambiental
adaptado realidade das micro, pequenas e mdias indstrias de laticnios pode-
se constituir em uma ferramenta importante para auxili-las na implantao de um
sistema de controle ambiental menos oneroso, garantindo assim sua
competitividade e um desenvolvimento sustentvel.
Esse trabalho teve como principal objetivo avaliar processos e
procedimentos e desenvolver ferramentas de apoio implantao de um sistema
de gesto ambiental para a indstria de laticnios, visando reduo do consumo
de gua e da gerao de resduos. Para isso, o estudo foi dividido em trs fases.
Na primeira, objetivou-se caracterizar guas residurias geradas em etapas
especficas de processamento da indstria de laticnios (anlises fsico-qumicas e
microbiolgicas) e avaliar alternativas de reuso ou recirculao, com e sem
regenerao, visando minimizao do consumo de gua e da gerao de
resduos.
A segunda fase teve como objetivo elaborar balano de massa de gua,
vapor e resduos de 11 linhas de processamento da indstria de laticnios,
-
3
considerando aspectos de tecnologia, de forma a propor alternativas de ajustes
nos processos para aumentar a eficincia produtiva e reduzir a gerao de
resduos.
Na terceira fase, a partir das informaes coletadas nos procedimentos
anteriores, desenvolveu-se um Sistema de Gesto Ambiental para a indstria de
laticnios, constitudo de duas ferramentas. Uma se refere a um sistema
multimdia, que tem como principal objetivo oferecer um material de apoio para o
treinamento e a conscientizao dos proprietrios, gerentes, tcnicos e demais
colaboradores da indstria de laticnios, quanto aplicao de um sistema de
gesto ambiental.
A outra ferramenta um software para diagnstico ambiental e simulao
de alteraes no processo, considerando 11 linhas de processamento. As
simulaes permitem avaliar os impactos ambientais das alteraes nos
procedimentos operacionais e mudanas na tecnologia, alm de fornecer uma
anlise de custo para implantao das principais alternativas de tratamento de
efluentes da indstria de laticnios, considerando cenrios distintos.
-
4
2- REVISO DE LITERATURA
2.1- Caracterizao da indstria de laticnios
O Brasil o quinto produtor mundial de leite. Sua produo, estimada em
2010, foi da ordem de 30,5 bilhes de litros, volume que representa cerca de 5%
da produo mundial (EMBRAPA, 2011; IBGE, 2010).
Entre os maiores produtores de leite do mundo, o Brasil apresentou uma
taxa de crescimento acumulada nos ltimos cinco anos em torno de 24% - a
segunda maior, atrs apenas da ndia, que apresentou uma taxa acumulada em
torno de 27,1%. A taxa brasileira foi 300% maior que a dos EUA, enquanto que as
produes da Rssia, da Alemanha e da Frana apresentaram taxas de
decrescimento (USDA, 2009).
No perodo de 2005 a2010, a produo brasileira aumentou, em mdia,
4,42% ao ano. As regies Sudeste e Sul responderam, em 2009, por 66,63% da
produo nacional. Na regio Sudeste est concentrada a maior produo, os
maiores centros de consumo e as maiores indstrias laticinistas. Quanto
produtividade, foram tambm essas duas regies que apresentaram os mais
elevados ndices. O estado de Minas Gerais ocupa o primeiro lugar na produo
de leite, sendo responsvel por 76% da produo da regio Sudeste e 27% da
produo nacional. No entanto, no ano de 2009 foram as regies Nordeste e Sul
que apresentaram o maior crescimento, correspondente a 14,5% e 8,6%,
respectivamente, seguido da regio Sudeste, com 2,8% (IBGE, 2010).
No estado de Minas Gerais, a liderana da agroindstria do leite histrica.
O Estado foi sede da primeira indstria de laticnios do Brasil e da Amrica do Sul.
Alm disso, a representatividade do setor na economia mineira mais expressiva
que no cenrio nacional. Este um setor de grande significado econmico,
poltico e social para Minas Gerais, principalmente porque est disseminado por
todo o estado, colaborando de forma significante para a interiorizao do
desenvolvimento, limitando o xodo rural e diminuindo as desigualdades regionais
(INDI, 2003).
Nos estados que lideram a produo nacional de leite e derivados
prevalecem as micro e pequenas empresas. Em Minas Gerais, por exemplo,
-
5
72,5% delas processam at 5 mil litros de leite por dia; 24,0% processam de 5 a
50 mil litros e somente 3,5% processam mais de 50 mil litros dirios
(SEBRAE/SILEMG/UFV, 2006).
Estima-se que, em 2010, cerca de 30% do leite produzido no Brasil foram
consumidos e/ou processados sem a fiscalizao dos Servios de Inspeo. Essa
informao indica a existncia de muitas indstrias que operam na ilegalidade.
Esse ndice j foi muito maior, mas para um pas que deseja competir no mercado
internacional, ainda muito grande. Em Minas Gerais, possivelmente, a situao
seja at pior, devido sua tradio na produo dos chamados queijos
artesanais, feitos sem inspeo do Ministrio da Agricultura ou do Instituto Mineiro
de Agropecuria-IMA (EMBRAPA, 2011).
Minas Gerais, por liderar a produo nacional de leite e derivados, abriga
um parque industrial com as maiores e mais modernas empresas do pas, tais
como Nestl, Embar, Danone, Itamb, Porto Alegre, Perdigo, Barbosa &
Marques, Vigor, entre outras. Tambm esto instaladas no estado inmeras
empresas de pequeno porte, desprovidas de condies bsicas necessrias
exigidas pelas fiscalizaes federal e estadual, colocando no mercado produtos
de qualidade duvidosa e sem padronizao, o que dificulta sua sobrevivncia
comercial (INDI, 2003).
No entanto, com a abertura da economia brasileira, a indstria de laticnios
nacional vem passando por um processo de modernizao, diversificao,
aumento da escala de produo e melhoria da qualidade de seus produtos,
principalmente aquelas ligadas aos produtos mais sofisticados. As indstrias que
operam nos setores produtivos menos sofisticados, tais como queijos tradicionais,
manteiga e doce de leite, tambm precisam despertar para a modernizao.
Somente com profundas transformaes em todos os elos da cadeia
agroindustrial do leite ser possvel conseguir escala de produo, qualidade e
preos baixos, elementos indispensveis para maior competitividade (INDI, 2003).
2. 2- Caractersticas dos resduos gerados na indstria de laticnios
A indstria de laticnios gera efluentes lquidos, resduos slidos e
emisses atmosfricas passveis de contaminao ao meio ambiente. Os
efluentes lquidos industriais so despejos lquidos oriundos de diversas
-
6
atividades desenvolvidas na indstria, que contm leite e produtos derivados do
leite, detergentes, desinfetantes, areia, lubrificantes, acar, pedaos de frutas,
essncias e condimentos diversos, os quais so diludos nas guas de lavagem
de equipamentos, tubulaes, pisos e demais instalaes da indstria
(MACHADO et al., 2002).
2.2.1- Efluentes lquidos
Os efluentes lquidos das indstrias de laticnios abrangem os efluentes
industriais gerados no setor de produo e unidades de apoio e os esgotos
sanitrios gerados nos sanitrios, vestirios e refeitrios. O efluente lquido
considerado um dos principais responsveis pela poluio causada pela indstria
de laticnios (MACHADO et al., 2002). De acordo com a Lei 9.605 (BRASIL, 1998)
constitui crime ambiental descartar o soro, direta ou indiretamente, nos cursos
dgua. Entretanto, em muitos laticnios o soro de leite ainda descartado junto
aos efluentes lquidos, sendo considerado um forte agravante devido ao seu
elevado potencial poluidor (DBO entre 30.000 a 50.000 mg O2/L). Uma fbrica
com produo mdia de 300 mil litros de soro por dia polui o equivalente a uma
cidade com 150 mil habitantes (MACHADO et al., 2002).
O soro de leite o subproduto da indstria de laticnios, resultante da
precipitao e remoo da casena do leite durante a produo de queijo
(KOSIKOWSKI, 1979). Nos ltimos anos observou-se um crescente aumento da
produo mundial de soro de leite, impulsionado pela expanso da indstria de
laticnios, superando 150 bilhes de litros ao ano (FAO, 2008; EMBRAPA, 2011).
O soro de leite representa de 80% a 90% do volume de leite destinado
produo de queijo e retm 55% dos nutrientes do leite apresentando em torno de
6,5% de slidos totais. Entre os slidos totais destacam-se a lactose (4,5-5%
m/v), protenas solveis (0,6-0,9% m/v), lipdios (0,3-0,5% m/v), sais minerais
(0,6%) e cido ltico (0,1%), alm de outros nutrientes presentes em menores
concentraes, como vitaminas (SANTOS& FERREIRA, 2001). Em mdia, para a
fabricao de um quilo de queijo, necessitam-se 10 L de leite e so gerados 9 L
de soro.
Atualmente o soro de leite vem sendo amplamente utilizado como
ingrediente pela indstria alimentcia em uma gama enorme de produtos, com
-
7
resultados bastante satisfatrios tanto para o consumidor como para as empresas
em geral. O soro encontrado em produtos de panificao, confeitos, chocolates,
molhos, sopas, produtos desidratados, barras de cereais, bebidas lcteas,
isotnicos e produtos crneos. Alm disso, ele pode ser usado como substituto da
gordura em produtos light. Em relao ao aspecto nutricional, previne uma srie
de doenas cardiovasculares, osteoporose, hipertenso, estimula o sistema
imunolgico, reduz o cncer de clon e reto, entre outras utilidades (MARCHIORI,
2006).
Infelizmente, no Brasil, grande parte do soro de leite ainda descartada
como resduo ou destinada para alternativas de aproveitamento sem nenhum
valor agregado. Segundo o diagnstico da Indstria de Laticnios Mineira
(SEBRAE/SILEMG/UFV, 2006), no ano de 2005 cerca de 80% do soro era
destinado para alimentao animal ou descartado como resduo aps a produo
de ricota. Com a instalao de novas unidades de concentrao e secagem do
soro, essa realidade j bem diferente hoje, mas ainda est muito distante de um
cenrio positivo em relao agregao de valor ao soro. Alm de constituir um
grande problema ambiental, o no aproveitamento do soro no Brasil coloca o
produto como o segundo derivado lcteo mais importado, perdendo apenas pelo
leite em p. Em 2010 o Brasil importou cerca de 30 mil toneladas de soro em p,
correspondendo um valor acima de 38 milhes de dlares (MDIC, 2010).
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui cerca de mil indstrias de
laticnios formalmente constitudas, sendo que, em 2005, mais de 80% no
possuam qualquer tipo de tratamento de seus efluentes lquidos, lanando-os
diretamente nos corpos receptores (SEBRAE/SILEMG/UFV, 2006). Esse dado
permite concluir que a poluio provocada pelos efluentes lquidos de laticnios
assume propores que exigem uma conscientizao da gerncia e dos
funcionrios das indstrias, alm da implantao de aes concretas para
minimizar esse impacto ambiental.
A vazo e a qualidade do efluente gerado por agroindstrias so
dependentes, dentre outros fatores, do tipo e porte da indstria, dos processos
empregados, do grau de reciclagem e da existncia de pr-tratamento. Dessa
forma, mesmo que duas empresas produzam essencialmente o mesmo produto, o
potencial poluidor pode ser bastante diferente entre si (VON SPERLING, 1996a).
-
8
No caso especfico da indstria de laticnios, a composio detalhada do
efluente influenciada por fatores tais como: processos industriais em curso;
volume de leite processado; condies e tipos de equipamentos utilizados;
prticas de reduo da carga poluidora e do volume de efluentes; atitudes de
gerenciamento da direo da indstria em relao s prticas de gesto
ambiental; quantidade de gua utilizada nas operaes de limpeza e no sistema
de refrigerao (MACHADO et al., 2002).
Segundo SILVA (2006), o desperdcio de gua e a falta de padronizao
dos procedimentos de higienizao so pontos crticos em todas as linhas de
processamento das micro e pequenas indstrias de laticnios. Isso um reflexo
direto da falta de conscientizao e comprometimento da administrao e do
poder pblico, e da falta de treinamento dos funcionrios no que se refere s boas
prticas ambientais. A aplicao de aes simples de carter preventivo, como
medidas de gerenciamento ou de engenharia, que apresentam um baixo custo de
implantao, so suficientes para resolver ou minimizar tais problemas.
No Quadro1 esto apresentados os valores das principais caractersticas
fsico-qumicas dos efluentes industriais de fbricas de laticnios localizadas em
Minas Gerais.
As faixas de variaes de algumas caractersticas fsico-qumicas
apresentadas no Quadro 1 so muito amplas, e podem ser justificadas pela falta
de aplicao de medidas preventivas para reduzir a gerao de resduos e pela
variao na escala de produo em relao a diferentes dias de processamento.
Para efeito de comparao com os dados apresentados no Quadro1 so
apresentados, no Quadro 2, valores das caractersticas dos efluentes de laticnios
no estado de So Paulo segundo CETESB (1990).
-
9
Quadro 1 Caractersticas fsico-qumicas de efluentes industriais de fbricas de
laticnios do estado de Minas Gerais
Caractersticas
fsico-qumicas
Tipos de Indstria (*)
1 2 3 4
DBO5 (mg O2/L) 2051 5269 3637 17624 5127 - 5949 18485 - 19755
DQO (mg O2/L) 3005 7865 4307 20649 5496 - 7709 21277 - 23920
DBO/DQO 0,67 - 0,78 0,59 0,85 0,77 - 0,93 0,83 - 0,87
Slidos suspensos
(mg/L) 484 1133 560 2080 440 - 1105 1540 1870
Slidos totais (mg/L) 1010 2107 1567 10744 3508 - 4498 8838 10052
Slidos sedimentveis
(mL/L) 0,4 60 0,5 15 0,4 - 0,6 1,4 - 2,3
Nitrognio orgnico
(mg/L) 32,5 79,6 74,2 - 297,6 52,7 - 142,7 190,7 - 292,0
Fsforo total (mg/L) 6,5 31,0 2,9 - 131,4 12,4 - 29,2 92,4 - 175,5
leos e graxas (mg/L) 227 474 90 184 37 - 359 75 439
Coeficiente gerao
efluente (L efluente/L
leite recebido)
2,7 - 3,1 3,7 4,0 2,6 - 3,4 1,0
Coeficiente consumo
gua (L gua/L leite
recebido)
3,9 - 4,4 - 3,3 - 3,9 1,4 - 1,5
Leite recebido (m3/dia) 16,3 18,1 - 15,1 - 21,7 22,0 - 22,2
Leite processado
(m3/dia) 17,0 7,0 18,5 21,5
Fonte: Adaptado de MINAS AMBIENTE/CETEC, 2000. (*) Tipos de indstria: (1) Produo de
leite pasteurizado, manteiga, requeijo, doce de leite e queijos; (2) Produo de queijos
diversos; (3) Produo de leite pasteurizado, requeijo, ricota, manteiga e queijos; (4)
Produo de queijos diversos.
-
10
Quadro 2 - Valores mdios das caractersticas dos efluentes lquidos industriais
de diferentes tipos de indstrias de laticnios do estado de So Paulo
Caractersticas fsico-
qumicas
Tipos de indstrias (*)
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
DBO5 (mg/L) 1033 487 1319 3420 290 875 761
DQO (mg/L) 1397 873 1740 4430 2010 1365 1370
Slidos suspensos (mg/L) 520 329 494 420 915 776 471
Slidos totais (mg/L) - - 993 3300 - 1870 1406
Slidos sedimentveis (mL/L) - - 14 1 1,5 0,1 1,7
Nitrognio total (mg/L) - 26,5 43,2 86,2 56,7 25,5 11,3
Fsforo total (mg/L) 5,75 4,5 5,9 14,2 18,8 6,8 8,8
leos e graxas (mg/L) 562 - 253 575 - 100 -
Temperatura (C) - - 29 31 29 38 28
Vazo (m3/t leite processado) 1,06 1,47 0,83 4,1 5,5 3,2 5,4
Carga orgnica (kg DBO5/t
leite processado) 1,09 0,72 1,09 14,02 1,60 2,8 4,11
Leite processado (t) 18,5 29,4 48,4 226,2 59,7 80 63,4
Fonte: adaptado de CETESB (1990). (*) Tipos de indstria: (1) Posto de recepo e refrigerao
de leite; (2) Leite pasteurizado e manteiga; (3) Leite pasteurizado e iogurte; (4) Leite esterilizado e
iogurte; (5) Leite condensado; (6) Leite em p; Observao: a densidade mdia do leite integral
varia de 1,028 a 1,032 kg/L
Nos Quadros 3, 4 e 5 so apresentados dados do consumo de gua, alm
de gerao e caractersticas de efluentes da indstria de laticnios em alguns
pases europeus.
Quadro 3 - Consumo de gua em alguns laticnios de pases europeus
Produtos
processados
Coef. de consumo de gua (L de gua/L de leite processado)
Sucia Dinamarca Finlndia Noruega
Leite e iogurte 0,96 a 2,8 0,6 a 0,97 1,2 a 2,9 4,1
Queijos 2,0 a 2,5 1,2 a 1,7 2,0 a 3,1 2,5 a 3,8
Leite em p e/ou
produtos lquidos 1,7 a 4,0 0,69 a 1,9 1,4 a 4,6 4,6 a 6,3
Fonte: CETESB (2006)
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11
Quadro 4 - Volume mdio de efluente gerado em laticnios de pases europeus
Tipo de produtos processados Volume de efluentes lquidos
(L/kg de leite processado)
Leite, creme e iogurtes 3
Manteiga e Queijos 4
Leite e soro concentrados e produtos desidratados 5
Fonte: CETESB (2006)
Quadro 5 - Caractersticas de efluentes brutos gerados em laticnios europeus e
brasileiros
Parmetros Faixa de Variao
Laticnios Europeus Laticnios Brasileiros
Slidos Suspensos (mg/L) 135 8500 100 2000
DQO (mg/L) 500 4500 6000
DBO5(mg/L) 450 4790 4000
Gordura/leos e graxas (mg/L) 35 500 95 550
Nitrognio (mg/L) 15 180 116
Fsforo (mg/L) 20 250 0,1 46
pH 5,3 a 9,4 1,0 a 12,0
Fonte: European Comission Integrated Pollution Prevention and Control (2006); CETESB (2006)
Na indstria de laticnios, diversos processos, operaes e ocorrncias
contribuem para a gerao de efluentes lquidos, os quais so apresentados no
Quadro6.
Para o controle do volume e da carga poluente dos resduos gerados
durante o processamento, necessria uma compreenso do fluxograma de
processamento e dos fatores que influenciam a sua gerao. Na indstria de
laticnios difcil identificar uma planta tpica e, assim, definir seus resduos
associados. Na Figura 1 possvel observar, resumidamente, as etapas de
processamento e os principais pontos de gerao de resduos em uma indstria
de laticnios.
-
12
Quadro 6 Operaes e processos que geram efluentes lquidos na indstria de
laticnios
Operao ou processo Descrio
Procedimentos de higienizao
- Enxgue para remoo de resduos de leite ou de seus componentes, assim como de outras impurezas, que ficam aderidos em lates de leite, tanques diversos (inclusive os tanques de caminhes de coleta de leite e silos de armazenamento de leite), tubulaes de leite e mangueiras de soro, bombas, equipamentos e utenslios diversos utilizados diretamente na produo; - Lavagem de pisos e paredes; - Arraste de lubrificantes de equipamentos da linha de produo, durante as operaes de limpeza.
Descartes e descargas
- Descargas de misturas de slidos de leite e gua por ocasio do incio e interrupo de funcionamento de pasteurizadores, trocadores de calor, separadores e evaporadores; - Descarte de soro, leitelho e leite cido nas tubulaes de esgotamento de guas residurias; - Descargas de slidos de leite retidos em clarificadores; - Descarte de finos oriundos da fabricao de queijos; - Descarga de produtos e materiais de embalagem perdidos nas operaes de empacotamento, inclusive aqueles gerados em colapsos de equipamentos e na quebra de embalagens; - Produtos retornados indstria.
Vazamentos e Derramamentos
Vazamentos de leite em tubulaes e equipamentos correlatos devido a: - Operao e manuteno inadequadas de equipamentos e tubulaes; - Transbordamento de tanques, equipamentos e utenslios diversos; - Negligncia na execuo de operaes, o que pode causar derramamentos de lquidos e de slidos diversos em locais de fcil acesso s tubulaes de esgotamento de guas residurias.
Fonte: MACHADO et al. (2002).
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Etapas Processos e ambiente Resduos gerados
Figura 1- Etapas de processamento com os principais pontos de gerao de
resduos em uma planta de laticnios (SILVA, 2006).
Recepo do leite
Higienizao de tanques de
transporte e estocagem, caixas
plsticas, desnatadeira, filtros e
resfriador.
Resduos de leite, gordura,
embalagens, detergentes e
lodo da desnatadeira.
Pasteurizao Higienizao dos tanques,
Padronizadora, homogeneizador,
Pasteurizador, local de envase e
cmara fria
e
Resduos de leite, gordura,
detergente, embalagens
plsticas e lodo.
Iogurte e
bebida lctea
Higienizao dos tanques,
homogeneizador, pasteurizador,
fermenteiras, mquinas de envase
e cmara fria.
Resduos de leite, gordura,
detergentes, ingredientes,
iogurte e embalagens.
Doce de leite
Higienizao de tanques,
evaporadores, envasadora, rea
de acondicionamento e
estocagem.
Resduos de leite, gordura,
detergente, minerais,
doce, acar e embalagens
Manteiga
Higienizao do recipiente de
creme, padronizador, pasteurizador,
tanque de maturao, batedeira,
mquina de envase, rea de
acondicionamento e cmara fria.
Resduos de gordura,
detergente, creme, lodo,
manteiga, leitelho e
embalagens
Requeijo
Operaes de dessoragem e
lavagem da massa, higienizao
de tanques, da mquina de fundir
a massa, embaladora, cmara fria
e rea de embalagem.
Resduos de leite, gordura,
soro, detergentes, gua,
protena, massa e
requeijo
Queijos
Higienizao de tanques, formas,
dessoradores, panos, pisos,
paredes, prateleiras, processo de
dessoragem, salga e maturao.
Resduos de leite,
detergente, gordura,
queijo, soro, minerais,
salmoura e embalagens.
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2.2.2- Resduos slidos
Segundo MACHADO et al. (2002), os resduos slidos gerados na indstria
de laticnios podem ser subdivididos em dois grupos principais, no que se refere
sua origem. No primeiro grupo esto os resduos gerados nos escritrios, nas
instalaes sanitrias e nos refeitrios da indstria. Correspondem ao que se
costuma denominar lixo comercial e abrange papis, plsticos e embalagens
diversas gerados nos escritrios, resduos de asseio dos funcionrios, como papel
toalha e papel higinico, alm de resduos de refeitrio ou cantina, restos de
alimentos, produtos deteriorados, embalagens diversas, papel filtro, etc.
O segundo grupo refere-se aos resduos slidos industriais provenientes
das diversas operaes e atividades relacionadas diretamente produo
industrial. Nas indstrias de laticnios so basicamente sobras de embalagens,
embalagens defeituosas, papelo, plsticos, produtos devolvidos (com prazos
vencidos), cinzas de caldeiras, gorduras e lodos provenientes da ETE.
Quanto ao tipo dos resduos de embalagens, predomina o material plstico,
principalmente sob as formas de sacos (polietileno de baixa densidade PEB)
usados para a embalagem de leite pasteurizado, iogurte e bebidas lcteas, bem
como de filmes plsticos diversos usados na embalagem de queijos. Pode haver,
ainda, no caso da manteiga, filmes de papel, usados na embalagem de tabletes.
Nas indstrias que produzem doce de leite e requeijo tambm h resduos
de lata, vidro ou de embalagens de plstico semi-flexvel.
No Quadro7 est apresentada a quantidade estimada dos principais
resduos slidos que so gerados e comercializados pelas indstrias de laticnios
em Minas Gerais, em funo da capacidade de processamento de leite.
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Quadro7 Estimativa da quantidade de resduo de embalagens gerado pelas
indstrias de laticnios, considerando de forma individualizada cada volume de
leite para cada tipo de embalagem.
Volume de leite
processado
(L/dia)
Quantidade estimada de resduo produzido (kg/dia)
Plstico Embalagem
multifoliar Folha de Flandres Alumnio
10.000 3 5 40 8
20.000 6 9 80 16
30.000 9 14 120 24
40.000 12 18 160 32
50.000 14 23 200 40
60.000 17 27 240 48
70.000 20 32 280 56
80.000 23 36 320 64
90.000 26 41 360 72
100.000 29 45 400 80
Fonte: MINAS AMBIENTE/CETEC, 2000
2.3- Recuperao e processamento de subprodutos
Subprodutos correspondem a todos os produtos que no so diretamente
destinados ao consumo e uso humanos (BRAILE e CAVALCANTI, 1979), ou
segundo definio do dicionrio MICHAELIS, subproduto corresponde ao produto
extrado ou fabricado de matria prima da qual j se obteve um produto mais
importante.
Processos industriais secundrios so operaes de manipulao,
recuperao e processamento de subprodutos (CARAWAN e PILKINGTON,
1986).A recuperao de subprodutos prtica econmica indiscutvel e evita que
materiais sejam liberados ao ambiente como rejeitos. Nesta etapa, ocorre
acentuada diferenciao tecnolgica entre as pequenas e as grandes empresas
(SILVEIRA, 1999).
A elaborao de subprodutos a partir de resduos de certos tipos de
estabelecimentos pressupe a existncia de quantidades mnimas de resduos
que possam ser recuperados individualmente de forma econmica. O
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armazenamento dos resduos para a formao de lotes economicamente viveis
pode se tornar altamente oneroso e inconveniente, devido sua rpida
deteriorao. Alm disso, deve-se considerar a ociosidade dos equipamentos no
caso de pequenos estabelecimentos. Esses fatores dificultam a coleta,
processamento e elaborao dos subprodutos a partir de resduos especficos
(BRAILE e CAVALCANTI, 1979).
Nos ltimos 50 anos, algumas alternativas para o aproveitamento do soro
de leite foram desenvolvidas, tais como: destin-lo para rao animal,
concentrao e secagem, separao das protenas (-lactoalbumina, -
lactoglobulina), produo de lactose, fosfolipoprotenas, peptdeos, proteases,
produo de cidos orgnicos, produo de biogs, produo de combustvel,
produo de glicerol e aproveitamento direto em diversas formulaes (SANTOS&
FERREIRA, 2001; SILVEIRA 2004). Mesmo com todas essas alternativas, ainda
existem grandes limitaes para processamento e agregao de valor ao soro.
A etapa inicial da maioria dos procedimentos adotados para o
aproveitamento industrial do soro corresponde concentrao dos slidos totais
do soro ou separao das protenas. O processo de separao das protenas do
soro gera um permeado e um concentrado protico, composto, principalmente,
por -lactoglobulina, -lactoalbumina e lactoferrina (SANTOS& FERREIRA, 2001).
Tais protenas so compostas por aminocidos essenciais, facilmente digerveis e
considerados nutricionalmente completos.
A recuperao das protenas do soro no resolve o problema ambiental,
pois o permeado gerado contm toda lactose presente originalmente no soro
(SILVEIRA, 2004). Uma alternativa que est sendo considerada h dcadas o
aproveitamento do permeado para a fermentao de leveduras, para a produo
de etanol. No entanto, devido ao carter diludo da lactose do soro de queijo, a
produo de etanol ainda economicamente invivel.
Uma alternativa mais acessvel, que est ganhando espao no Brasil, a
utilizao do soro para elaborao de novos produtos, como as bebidas lcteas,
leites fermentados, mistura em sucos e ricota (SANTOS& FERREIRA, 2001).
Essa tendncia pode ser comprovada pela pesquisa realizada pelo
SEBRAE/SILEMG/UFV (2006), em que se constatou que cerca de 35% do soro
era destinado para um desses produtos.
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2.4- Gerenciamento de resduos na indstria de laticnios
No passado, as indstrias concentravam suas preocupaes
exclusivamente com a produo e os lucros. Aes para proteger o meio
ambiente eram insignificantes e essa despreocupao foi responsvel pela
ocorrncia de comprometimentos ambientais irreversveis (PEREIRA e
TOCCHETO, 2005).
O surgimento de uma legislao ambiental constituiu um importante
instrumento de controle e fiscalizao das atividades industriais, contribuindo para
a melhoria da gesto das empresas, inclusive para a implantao de medidas que
resultaram na reduo do impacto ambiental. No entanto, os custos de disposio
de resduos ainda eram vistos como uma despesa operacional (TOCCHETO &
PEREIRA, 2005a).
Com a globalizao da economia a competitividade aumentou e as
margens de lucros diminuram. Produzir muito pode significar gerar um grande
volume de resduos e, consequentemente, aumentar os custos com tratamento.
Nesse contexto, o comportamento reativo das empresas substitudo pelo
proativo. As operaes industriais, neste perodo, experimentaram mudanas
radicais com implicaes significativas, principalmente com a introduo das
normas de gesto pela qualidade ambiental, a exemplo da srie ISO 14000
(TOCCHETO & PEREIRA, 2005b).
As empresas adquiriram uma viso estratgica em relao ao meio
ambiente, passando a perceb-lo como uma oportunidade de desenvolvimento e
crescimento. As aes de controle ambiental tm se deslocado para o controle
das fontes geradoras, de forma a minimizar a gerao dos resduos, reaproveitar
o resduo e, apenas em ltimo caso, trat-lo e disp-lo de maneira segura
(CICHOCKI, 2005).
A preveno e o controle da poluio nos processos industriais estruturam-
se nos conceitos de reduo, reutilizao e reciclagem de materiais, o que leva a
benefcios como: diminuio dos desperdcios de produtos e de matria prima;
economia de insumos (gua, energia eltrica, combustveis e outros); otimizao
no uso de produtos qumicos; reduo do volume de despejos; menores riscos de
infraes e multas; aumento de produtividade; dentre outros. Todos esses ganhos
fazem com que a empresa reduza, principalmente, os custos de implantao da
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estao de tratamento de efluentes (ETE), alm da melhoria da imagem da
empresa com consequente aumento da competitividade (MACHADO et al., 2002
e TOCCHETO & PEREIRA, 2005b).
A indstria de laticnios tem buscado novas tecnologias, principalmente
visando ao aproveitamento de resduos e implementando sistemas de reuso de
gua. A aplicao de tcnicas de gesto aliada s ferramentas e filosofias atuais,
como a "emisso zero" (PAULI, 1996), a "tecnologia limpa" (CNTL, 1998) e sua
verso "tecnologia mais limpa" (AMUNDSEN, 1999), "APPCC/HACCP - Anlise
de Perigos e Pontos Crticos de Controle" (SENAI, 1998) e "Boas Prticas de
Fabricao" (JORDANO, 1997), tm propiciado considerveis melhorias na
reduo da emisso de resduos nas indstrias de alimentos. Tal reduo est
limitada, em parte, s necessidades de higienizao na indstria (ANDRADE &
MACEDO, 1996). Apesar das tecnologias disponveis, ainda elevado o despejo
de resduos, principalmente utilizando a gua como veculo, em funo do
elevado consumo nas diferentes etapas de higienizao.
Esse problema pode ser melhor equacionado pelo pleno conhecimento do
processo tecnolgico adotado e das diferentes formas e tecnologias de
tratamento dos efluentes (SILVEIRA, 1999).
Segundo SILVA (2006), apesar da maioria das empresas j aplicar algum
programa de reciclagem/reuso ou recuperao de subprodutos e preocuparem
em reduzir o consumo de gua, o conhecimento e a aplicao dos princpios e
ferramentas do sistema de gesto ambiental ainda so pouco explorados. Isso
pode ser um reflexo da falta de transferncia de conhecimentos dos centros de
pesquisa para o mercado e da dificuldade de conscientizao e treinamento de
uma mo de obra pouco qualificada, alm da falta de divulgao dos benefcios
que o controle preventivo da gerao de resduos pode trazer para a empresa e
sociedade de um modo geral.
2.5- Reduo do consumo e reuso da gua na indstria de alimentos
A limitao de reservas de gua doce no planeta, o aumento da demanda
de gua para atender, principalmente, o consumo humano, agrcola e industrial, a
prioridade de utilizao dos recursos hdricos disponveis para abastecimento
pblico e as restries que vm sendo impostas em relao captao de gua e
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lanamento de efluentes, incluindo a definio dos critrios de cobrana, tm
aumentado a presso pelo uso eficiente da gua. Nesse contexto, torna-se
inevitvel a adoo de estratgias que visem racionalizao da utilizao dos
recursos hdricos e reduo dos impactos negativos relativos gerao de
efluentes pelas indstrias (FIESP/CIESP, 2006).
A presso sobre o uso da gua s tende a aumentar, o que vai lhe conferir
valor econmico, como j implantado em algumas regies, e aumento das
restries com relao ao lanamento de efluentes (POHLMANN, 2004).
Prticas preventivas, como o uso eficiente e o reuso dgua, constituem
uma maneira inteligente de se poder ampliar o nmero de usurios de um sistema
de abastecimento, sem a necessidade de grandes investimentos na ampliao ou
na instalao de novos sistemas de abastecimento de gua (FIESP/CIESP,
2006).
O foco das modernas prticas de gerenciamento consiste no controle
preventivo da gerao de resduos, visando minimizao da carga poluidora e
reduo do consumo de gua na linha de processamento (JOHNS, 1995).
Na indstria de alimentos e em especial no setor lcteo, as tcnicas e
procedimentos usados durante a limpeza podem influenciar muito o consumo de
gua e a carga poluente total dos resduos gerados. A padronizao dos
procedimentos de higienizao, a conscientizao dos funcionrios e uma
limpeza a seco dos equipamentos e piso para remoo dos resduos grosseiros,
antes da lavagem, reduzem significativamente o consumo de gua e a carga
poluente do efluente (MACHADO et al., 2002).
Uma avaliao constante do processo de produo ajuda a reduzir as
perdas de gua e a identificar onde possvel fazer reciclagem. Essas aes
devem sempre ser consideradas em empresas que buscam a excelncia na rea
ambiental (POHLMANN, 2004).
De modo geral existem dois tipos de aes para reduo e controle do
consumo de gua: aes de gerenciamento e aes de engenharia de processo.
As aes de gerenciamento so iniciativas que, normalmente, no implicam
custos adicionais significativos. Por outro lado, as aes de engenharia de
processo dizem respeito aplicao de tcnicas de engenharia voltadas aos
processos industriais, que podem exigir investimentos maiores, como automao
e troca de equipamentos (MACHADO et al., 2002).
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Estudos realizados por CARAWAN e PILKINGTON (1986), em uma planta
de processamento de carne, mostraram que medidas simples, como treinamento
de funcionrios, substituio de equipamentos de limpeza, uso de sprays e
vlvulas automticas e mudanas nos processos, reduziram significativamente o
consumo de gua e a carga poluidora, sendo obtida uma reduo de
aproximadamente 30% no consumo de gua.
Outro aspecto que tem despertado interesse o reuso da gua. Essa
uma das alternativas que tambm merece destaque e est sendo cada vez mais
empregada pelas indstrias. Para anlise da implantao do reuso de efluentes
na indstria, h duas alternativas a serem consideradas. A primeira refere-se ao
reuso de gua proveniente de efluentes tratados em estaes administradas por
concessionrias ou outras indstrias. A segunda, mais comum, o reuso de
efluentes tratados ou no, provenientes de atividades realizadas na prpria
indstria. Dentro da segunda alternativa, uma prtica que tem apresentado bons
resultados o reuso de efluentes em cascata. Nesse caso, o efluente originado
em um processo industrial diretamente utilizado em um processo subsequente
(FIESP/CIESP, 2006).
O desafio identificar as possibilidades de reuso de acordo com a
realidade de cada indstria, e encontrar o tipo de tratamento necessrio para
transformar um efluente antes descartado em gua de reuso. Segundo
POHLMANN (2004), existem algumas caractersticas desejveis da gua de
reuso para qualquer finalidade e que podem ser obtidos com alternativas e custos
variveis. Essas caractersticas so: baixa carga orgnica, baixo teor de slidos
totais, baixa contagem de micro-organismos e ausncia de odores.
Nas ltimas dcadas, muitos projetos foram implantados em abatedouros
na Austrlia, com a finalidade de reuso da gua em reas que no necessitam de
gua potvel. A maioria envolve um tratamento prvio da gua antes do seu
reuso (JOHNS, 1995).
Outra alternativa que algumas indstrias tm implantado o reuso aps o
efluente passar por todas as etapas de tratamento nas estaes de tratamento de
efluentes (ETEs). A indstria que deseja fazer esse procedimento deve planejar o
sistema de tratamento de forma a reduzir a necessidade de um tratamento
complementar (POHLMANN 2004).
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2.6- Uso das Novas Tecnologias da Informao e Comunicao (nTIC)
O uso das novas tecnologias da informao e comunicao (nTIC) uma
realidade presente nos diversos seguimentos. O processo educacional vive um
tempo revolucionrio, manifestando-se claramente com a utilizao, cada vez
mais intensa, de novas tecnologias da informao e comunicao. Os
especialistas avaliam e criticam, e os professores precisam se adaptar a
exigncias antes desconhecidas. O mercado oferece produtos, servios, marcas,
experincias e iluses em um mercado educacional cada vez mais amplo e
dinmico (BRUNNER, 2004).
Wankat (2002) afirma que E-mail e a WorldWideWeb (www)
revolucionaram a maneira de se comunicar e obter informao, afetando
diretamente a educao. O que se observa que novas formas de comunicao
esto trazendo mudanas a alguns conceitos j estabelecidos, embora ainda se
encontre a utilizao de um meio relativamente novo, como a Web, sendo
trabalhado de maneira tradicional, sem utilizar as particularidades e
potencialidades das tecnologias digitais (BIAZUS, 2003).
As empresas esto confiando cada vez mais nas novas tecnologias de
informao e comunicao, que tm oferecido uma diversidade de mtodos para
o auto-treinamento. Vrias organizaes esto descobrindo que os computadores
podem ser um professor paciente e disponvel de acordo com a disponibilidade de
horrio e local dos profissionais (GUERRA, 2000).
Segundo GUERRA (2000) a ideia transformar o ambiente de trabalho em
uma sala de aula permanente. Sistemas especialistas, sistemas multimdia e
hipermdia, cursos via rede internet ou intranet, bem como a utilizao de CD-
ROMs so algumas das alternativas que esto sendo utilizadas.
Segundo TAROUCO et al. (2008) deve-se evitar a sobrecarga cognitiva no
uso da multimdia, sendo necessrio que algumas metas sejam almejadas. Entre
elas, podemos citar a efetividade, a eficincia e a atratividade. A efetividade diz
respeito melhor forma de aprendizagem do sujeito, permitindo que ele tenha
preciso ao relembrar e capacidade para reter e transferir o que est aprendendo
e que consiga generalizar suas habilidades e esforos cognitivos. Eficincia
corresponde quantidade de aprendizagem do sujeito por curto perodo de
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tempo, e atratividade refere-se a dedicar tempo e energia atividade de
aprendizagem, revendo e revisando conceitos.
Para que seja alcanado um balano perfeito na utilizao dos recursos
tecnolgicos necessrio atentar-se para os diferentes estilos do pblico alvo.
Segundo TAVARES et al. (2001), uma ferramenta poderosa na transferncia de
informao o uso de sistemas multimdia, uma vez que permite o uso das mais
diferentes mdias (desde um simples texto at complexas animaes
representando batimentos cardacos ou rotaes de molculas), alm do fato de
que duas ou mais mdias podem ser combinadas para se alcanar um efeito
educacional mais apurado do que se pretende transmitir.
Todo conhecimento mais facilmente adquirido e retido quando a pessoa
se envolve mais ativamente no processo de aprendizagem. Portanto, graas
caracterstica reticular e no-linear da multimdia interativa, a atitude exploratria
bastante favorecida, sendo assim um instrumento importante para disseminao
de informaes, realizao de simulaes e suporte na tomada de decises
(LVY, 1993).
Um dos aspectos geralmente enfatizados em discusses sobre sistemas
de apoio processos decisrios a necessidade de facilitar seu uso. As
chamadas interfaces amigveis tm sua construo facilitada por
desenvolvimentos recentes na tecnologia computacional. Entre eles destacam-se
os Sistemas Multimdia (FONSECA FILHO, 1998).
Sistema multimdia qualquer combinao de texto, arte grfica, som,
animao e vdeo transmitidos pelo computador. Se voc permite que o usurio
controle quando e quais elementos sero transmitidos, isso se chama multimdia
interativa. Se voc fornece uma estrutura de elementos vinculados pela qual o
usurio pode se mover, a multimdia interativa torna-se hipermdia (VAUGHAN,
1994). De modo geral, a noo de multimdia est ligada a uma maneira de
apresentar e recuperar informaes de forma no linear, segundo um modelo de
redes compostas de ns interconectados. Esses ns podem conter tanto
informaes de textos e grficos, como informaes de outro tipo, tais como
imagens e sons digitalizados, sequncias de animao e vdeo interativo
(FONSECA FILHO, 1998).
O que se v na tela do computador de multimdia a qualquer momento
um conjunto desses elementos. Algumas partes destas imagens podem se
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deslocar ou mover, para que a tela nunca parea estar parada, atraindo os olhos
do visualizador. A tela o lugar onde ocorre a ao e contm muito mais que a
mensagem a ser transmitida. Ela a principal conexo do usurio com o
contedo do sistema de informao. Os mapas de bits so utilizados para
imagens de fotos reais e para desenhos complexos que requeiram detalhes. A
aparncia desses tipos de imagens depende da resoluo da tela e das
capacidades grficas de hardware e do monitor do computador. O julgamento do
usurio a respeito deste tipo de veculo de comunicao fortemente influenciado
pelo seu impacto visual. Alm disso, as fotos e os filmes auxiliam no
entendimento do assunto, tornando a leitura agradvel e estimulando a busca
pelas informaes (VAUGHAN, 1994).
Os elementos multimdia normalmente so colocados juntos, utilizando-se
programas de autorao. Tais ferramentas de softwares so projetadas para
controlar os elementos de multimdia e propiciar interao ao usurio. Alm de
fornecer um mtodo para interao dos usurios, a maioria dos programas de
autorao oferece facilidades para criao e edio de texto e imagens, com
extenses para gerenciar controladores de videodisco, videoteipe e outros
importantes perifricos de hardware. Sons e filmes so criados por ferramentas
de edies dirigidas a estas mdias e, portanto, so importantes para o sistema de
reproduo. A soma do que se consegue reproduzir a interface humana que
determina as regras do que acontece com a interao do usurio ao que est na
tela. O hardware e o software que controlam os limites do que pode acontecer so
as plataformas ou os ambientes do multimdia (VAUGHAN, 1994).
A multimdia reala as interfaces tradicionais e produz benefcios
mensurveis, ganhando e mantendo a ateno e o interesse, o que
inevitavelmente promove a reteno melhorada de informaes (VAUGHAN,
1994). Os sistemas de multimdia claramente devem fornecer no somente uma
combinao de vrios tipos de informao, como tambm acesso conveniente a
essa informao.
O hipertexto uma forma de apresentao ou organizao de informaes
escritas, no qual blocos de texto esto articulados por remisses, de modo que,
em lugar de seguir um encadeamento linear e nico, o leitor pode formar diversas
sequncias associativas conforme seu interesse (FONSECA FILHO, 1998).
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A caracterstica da multimdia, semelhante aos nossos esquemas mentais,
na busca intuitiva de informaes, tem levado os projetistas de software a
pesquisarem e desenvolverem interfaces de software, baseados neste paradigma
(FONSECA FILHO, 1998).
Um sistema multimdia para apoio deciso pode ser utilizado como uma
ferramenta de treinamento, proporcionando mais aprendizagem e disseminando
informaes, pois contm o conhecimento de especialistas de determinada rea.
Esse conhecimento difundido por um programa de computador para outros no-
especialistas, em locais onde, at ento, no era possvel a soluo de alguns
problemas. Ao utilizar esses conhecimentos para facilitar o processo de tomada
de