sistema de gerenciamento de armazÉns: um estudo de...
TRANSCRIPT
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ARMAZÉNS:
UM ESTUDO DE CASO SOBRE SUA IMPLEMENTAÇÃO NO
SETOR AERONÁUTICO
Glenda Martins Carvalho
Natália Maria Corrêa Vianna
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia de Produção da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientador: Renato Flórido Cameira
Rio de Janeiro
Setembro de 2018
Carvalho, Glenda Martins
Vianna, Natália Maria Corrêa
Sistema de gerenciamento de armazéns: um estudo de caso sobre a
sua implementação no setor aeronáutico/ Glenda Martins Carvalho
e Natália Maria Corrêa Vianna - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2018.
XI, 75 p.: il.; 29,7cm.
Orientador: Renato Flórido Cameira
Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Curso de Engenharia de
Produção, 2018.
Referências Bibliográficas: p. 83-87
1. WMS 2. Gestão de Estoques 3. Manutenção de armazéns
4. Supply Chain I. Cameira, Renato Flórido II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de
Produção. III. Sistema de gerenciamento de armazéns: um estudo
de caso sobre a sua implementação no setor aeronáutico
AGRADECIMENTOS GLENDA
Primeiramente, gostaria de agradecer ao apoio fundamental da minha família ao longo de todos
esses anos de graduação. Minha mãe Solair, meu pai Robson e minha irmã Alana sempre foram
meus maiores incentivadores e admiradores. Minha caminhada até o presente momento teria sido
muito mais árdua se eles não estivessem ao meu lado e é difícil de expressar a gratidão que eu
sinto por todo esse carinho e amor. Essas mesmas pessoas também foram as mais impactadas por
todos os momentos de pressão, noites mal dormidas e longos períodos de estudos que passei ao
longo dessa jornada. Sei que por muitas vezes acabei descontando esse mau humor em cima deles
- as pessoas mais próximas a mim - e por isso peço desculpas e agradeço novamente a
compreensão e paciência.
Também preciso agradecer a todos os amigos que tive a oportunidade de fazer e que estiveram
comigo em diferentes momentos ao longo dessa trajetória. Não citarei todos os nomes, pois seria
injusto deixar de mencionar alguém importante, mas todos os que passaram por mim desde o
início da minha graduação na UnB, passando pelo intercâmbio nos Estados Unidos e por fim
finalizando o ciclo na UFRJ foram essenciais nessa jornada. Cada um contribuiu de forma única
em momentos distintos. Um nome amigo, no entanto, devo fazer a justiça de mencionar, pois sem
sombra de dúvidas foi quem mais me deu suporte e apoio durante a minha passagem pela UFRJ:
Thiago Machado. Obrigada pelos materiais emprestados, as aulas gratuitas, os conselhos e a
paciência para ouvir minhas reclamações.
À Natália Vianna, minha dupla neste projeto final, muito obrigada pela gentileza em compartilhar
comigo os seus aprendizados e experiência obtidos durante seu estágio, pois eles acabaram
virando o tema deste trabalho. Obrigada por todo o seu apoio durante a confecção do mesmo e
pela amizade desenvolvida.
Ao professor Renato Flórido Cameira, obrigada por aceitar tão prontamente o convite para ser
nosso orientador. Obrigada por toda a sabedoria ensinada, pela paciência e por sempre exigir
nosso melhor ao longo deste trabalho. Obrigada também pela sua dedicação e empenho para a
melhora contínua do nosso curso e do departamento.
Por fim, devo agradecer às quatro instituições por onde passei desde o início da minha graduação:
UnB, UFRJ, Johns Hopkins University e Northwestern University.
AGRADECIMENTOS NATÁLIA
Gostaria de agradecer primeiramente à minha família: meus pais André e Rosário, meu irmão
Paulo e minhas avós Norma e Solange, por me apoiarem, acreditarem em mim e sempre me
incentivarem a buscar o máximo do meu potencial.
Aos amigos que a UFRJ e a École Centrale de Nantes me proporcionaram, mesmo não sendo
possível citar todos, listo alguns nomes: Glenda, minha parceira de trabalho, obrigada pelo
comprometimento com este projeto, sem o qual não poderia tê-lo concluído; Kezia e Hugo, pela
amizade duradoura e apoio não somente na esfera universitária, mas em todos os aspectos da vida;
e Rafael, Valéria, Renato, Hadrien e Ályson pela companhia nas diversas empreitadas, desde
provas até viagens.
Ao nosso orientador, professor Renato Flórido Cameira, pela inestimável ajuda para desenvolver
um projeto de qualidade e também pela paciência para nos incentivar a sempre melhorar.
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE ARMAZÉNS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A
SUA IMPLEMENTAÇÃO NO SETOR AERONÁUTICO
Glenda Martins Carvalho e Natália Maria Corrêa Vianna
Setembro/2018
Orientador: Renato Flórido Cameira
Curso: Engenharia de Produção
O presente trabalho tem como objetivo um estudo sobre o funcionamento do sistema de
gerenciamento de estoques (Warehouse Management System), levantando suas principais
funcionalidades e benefícios promovidos à cadeia de suprimentos, assim como uma apresentação
dos desafios de sua implementação em uma empresa real.
Para tal finalidade, um mapeamento da bibliografia sobre o assunto foi realizado e também foram
recolhidas e confrontadas informações sobre os principais softwares disponíveis no mercado.
Por fim, um estudo de caso sobre a implementação de um software WMS e sua consequente
customização para auxiliar a gestão de estoques da empresa francesa Air France Industries é
apresentado. O estudo de caso focou na observação direta das necessidades reais dos armazéns da
companhia estudada e a parametrização ideal do WMS a fim de resultar no aprimoramento e
otimização do processo de armazenagem.
Palavras-chave: Sistema de Gerenciamento de Armazéns, Gestão de Estoques, Manutenção de
Armazéns, Cadeia de Suprimentos
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Industrial Engineer.
WAREHOUSE MANAGEMENT SYSTEM: A CASE STUDY ABOUT ITS
IMPLEMENTATION IN THE AERONAUTICS INDUSTRY
Glenda Martins Carvalho and Natália Maria Corrêa Vianna
Setembro/2018
Advisor: Renato Flórido Cameira
Course: Industrial Engineering
The present work aims to study how the Warehouse Management System (WMS) operates, its
core functionalities and the advantages it brings to the supply chain. It also aims to present the
challenges faced by a real company in order to implement the software.
In order to achieve those results, the authors conducted a bibliographic research about the issue as
well as a market research about the main softwares available and its comparison.
Finally, a case study about a WMS implementation and customization to assist the french
company Air France Industries manage correctly their inventory is presented. The case study
focused on the company’s warehouses real needs observation in order to deliver an ideal WMS
parameters setting that would improve and optimize its inventory management process.
Keywords: Warehouse Management System, Inventory Management, Warehouses Maintenance,
Supply Chain
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................12
2 MÉTODO ...............................................................................................................................13
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................14
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................14
2.3 Limites ..............................................................................................................................15
2.4 Limitações ........................................................................................................................15
3 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................17
3.1 Definição de Estoque.......................................................................................................17
3.2 Conceitos e Técnicas de Gestão de Estoques ................................................................18
3.2.1 Just in Time (JIT) .................................................................................................................. 18
3.2.2 Fluxo descontínuo de material .............................................................................................. 19
3.2.3 Curva ABC ............................................................................................................................ 19
3.2.4 Balanceamento de capacidade ............................................................................................... 20
3.2.5 Fluxo contínuo de material .................................................................................................... 20
3.2.6 Fluxo sincrônico de material ................................................................................................. 21
3.3 Macroprocesso da Armazenagem .................................................................................22
3.4 Tecnologia da Informação aplicada à Armazenagem e o WMS.................................23
3.5 WMS: Definição, benefícios e funcionalidades ............................................................25
4 PESQUISA DE MERCADO .................................................................................................32
4.1 Classificação do mercado de WMS ...............................................................................32
4.2 Principais Empresas do Mercado ..................................................................................35
4.2.1 Empresas líderes .................................................................................................................... 35
4.2.2 Empresas desafiadoras no mercado de WMS ....................................................................... 39
4.3 Comparativo das funcionalidades .................................................................................42
5 ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................46
5.1 Introdução ao Estudo de Caso .......................................................................................47
5.1.1 A Empresa Estudada ............................................................................................................. 47
5.1.2 Departamento de Métodos e Projetos Logísticos .................................................................. 50
5.1.3 A equipe envolvida no projeto .............................................................................................. 52
5.1.4 Principais Etapas do Projeto .................................................................................................. 53
5.2 Contexto do Estudo .........................................................................................................55
5.2.1 Objetivos do Estudo .............................................................................................................. 55
5.2.2 Desafios enfrentados pela empresa ....................................................................................... 56
5.2.3 Solução Atual ........................................................................................................................ 59
5.2.4 Limitações da solução atual .................................................................................................. 61
5.3 Análise Funcional ............................................................................................................64
5.3.1 Artigos ................................................................................................................................... 65
5.3.2 Armazém ............................................................................................................................... 67
5.3.3 Chegada das Peças no Armazém ........................................................................................... 70
5.3.4 Atribuição de um endereço a um artigo ................................................................................ 71
5.3.5 Recuperação de uma peça ..................................................................................................... 72
5.4 Soluções Propostas ..........................................................................................................72
5.4.1 Descrição das Soluções ......................................................................................................... 73
5.4.2 Implementação das Soluções ................................................................................................ 78
5.5 Balanço Final do Estudo de Caso ..................................................................................80
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................................82
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Processo do fluxo descontínuo de material .................................................................................. 19
Figura 2 – Processo do fluxo contínuo de material ....................................................................................... 20
Figura 3 – Processo do fluxo sincrônico de material .................................................................................... 21
Figura 4 – Atividades típicas de um armazém .............................................................................................. 23
Figura 5 – Posicionamento dos Sistemas de SCM ........................................................................................ 24
Figura 6 – Quadro das funcionalidades do WMS segundo a literatura. ........................................................ 28
Figura 7 – Quadro de funcionalidades do WMS consolidadas ..................................................................... 31
Figura 8– Quadrante Mágico do Gartner para o mercado de WMS ............................................................. 33
Figura 9 – WMS Speed, logomarca .............................................................................................................. 42
Figura 10 - Quadro com principais funcionalidades do Speed ..................................................................... 43
Figura 11– Comparação de funcionalidades dos WMSs líderes e Speed ..................................................... 44
Figura 12: Diagrama de organização do estudo de caso ............................................................................... 47
Figura 13 – Logomarca das companhias aéreas citadas. ............................................................................... 48
Figura 14 – Avião sofrendo operações de manutenção no armazém CDGM380 ......................................... 49
Figura 15 – Operações de Manutenção no armazém VLRML52 ................................................................. 49
Figura 16 – Organograma do Setor de operações logísticas ......................................................................... 50
Figura 17: Equipe envolvida no projeto ........................................................................................................ 53
Figura 18: Cronograma das atividades .......................................................................................................... 54
Figura 19: Comparação entre a Gestão Estática e a Dinâmica ...................................................................... 57
Figura 20: Representação dos Artigos, Grupos de Estocagem e Endereços ................................................. 60
Figura 21: Representação dos componentes de um grupo de Estocagem, .................................................... 60
Figura 22: Ilustração das zonas que compões os estoques ............................................................................ 61
Figura 23: Fotografia da área de recepção do armazém CDGM380. ............................................................ 68
Figura 24: Representação das principais áreas de um armazém ................................................................... 69
Figura 25 - Ilustração das medidas de um recipiente-tubo ............................................................................ 76
11
LISTA DE SIGLAS
AFI – Air France Industries
ASTRE - Achat Stock Traçabilité Equipements
CD – Centro de Distribuição
DGI – Direção Geral Industrial
DTK – Data Takeout
EDI – Electronic Data Interchange
ERP – Enterprise Resource Management
JIT – Just in Time
MRO – Maintenance, Repair & Overhaul
SaaS – Software as a Service
SCE – Supply Chain Execution
SCM – Supply Chain Management
TMS – Transportation Management SystemTCO – Total Cost of Ownership
WCS – Warehouse Control System
12
1 INTRODUÇÃO
O escopo deste projeto é um estudo sobre o uso de sistemas de gestão de estoque, apresentando
um maior enfoque na função do Warehouse Management System (WMS), suas funcionalidades e
benefícios fornecidos na cadeia de suprimentos; uma visão geral desse mercado, isto é, o
posicionamento das principais empresas fornecedoras e seus produtos; e, por fim, um estudo de
caso relatando a implementação de um WMS em uma empresa do setor aeronáutico é apresentado.
O presente capítulo tem por finalidade justamente a introdução inicial do projeto e o relato do que
será apresentado nos demais capítulos. O capítulo 2 destina-se a apresentar o método do trabalho,
informando os tipos de base teórica que foram consultadas, os objetivos gerais e específicos, além
dos limites e limitações. Ao longo do capítulo 3, são apresentados os conceitos e referenciais
teóricos que foram usados como base para o desenvolvimento do estudo e é nele onde o conceito
de WMS é exposto. No capítulo 4, o contexto atual do mercado de WMS é descrito, informando
sobre as principais empresas fornecedoras atuantes neste setor, seu posicionamento no mercado e,
em seguida, seus produtos. As funcionalidades dos produtos das empresas líderes são comparadas
às do software WMS utilizado no estudo de caso.
Ao longo do capítulo 5 é relatado o estudo de caso desenvolvido. Nele, é retratada a
implementação e consequente customização de um WMS para auxiliar a gestão de estoque da
empresa Air France Industries. Este estudo de caso foi realizado como parte de um projeto de
reconcepção da base de dados que gera os referenciais para o WMS utilizado pela empresa. O
estudo parte de uma situação onde o WMS já havia sofrido uma customização inicial e estava
implementado no armazém de uma forma preliminar. Essa instalação, no entanto, teria que ser
refeita pois o trabalho inicial não estava permitindo à empresa obter os resultados almejados.
13
2 MÉTODO
Tartuce (2006) aponta que a metodologia científica se trata de método e ciência. Método (do
grego methodos, significa “caminho para chegar a um fim” é o caminho em direção a um
objetivo; metodologia é o estudo do método, ou seja, é o corpo de regras e procedimentos
estabelecidos para realizar uma pesquisa; científica deriva de ciência, a qual compreende o
conjunto de conhecimentos precisos e metodicamente ordenados em relação a determinado
domínio do saber.
Segundo Gil, pesquisa é definida como o
(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo
constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e
discussão dos resultados. (GIL, 2007, p.17)
As escolhas metodológicas para a realização da pesquisa podem ser classificadas segundo três
grandes grupos: quanto aos seus objetivos, à sua abordagem e seus procedimentos técnicos.
Em relação aos objetivos da pesquisa, GIL (2007) afirma que pesquisas exploratórias tem como
objetivo proporcionar maior familiaridade com um determinado problema, a fim de torná-lo
mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas pesquisas envolve: (a)
levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com
o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão. Dessa forma,
o presente estudo é enquadrado como pesquisa exploratória.
À luz da abordagem, chegou-se à conclusão que a pesquisa pode ser classificada como
eminentemente qualitativa. Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam
explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os
valores. O caso apresentado no presente trabalho tende a esse viés mais qualitativo, pois não
houve tempo hábil da mensuração e comparativos dos resultados após a implementação das
customizações realizadas.
Em relação ao procedimento técnico utilizado, caracteriza-se a presente pesquisa como um
estudo de caso. Segundo Yin (2006), o estudo de caso é caracterizado pelo estudo dos fatos
objetos de investigação, permitindo um conhecimento da realidade e dos fenômenos
pesquisados.
Para o estudo de caso apresentado neste trabalho, utilizou-se prioritariamente fontes primárias
de informação, visto que uma das autoras participou ativamente do desenvolvimento do mesmo.
14
Para os capítulos de referencial teórico e pesquisa de mercado, utilizou-se principalmente fontes
terciárias e secundárias. Essas fontes foram obtidas por meio de livros teóricos sobre o assunto
que já eram de posse das autoras e por pesquisas diretas no portal de periódicos da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), entre outras fontes.
2.1 Objetivo Geral
Por meio dos objetivos da pesquisa, indica-se a pretensão com o seu desenvolvimento e quais
os resultados que se buscam alcançar. “A especificação do objetivo de uma pesquisa responde
às questões para que? E para quem?” (LAKATOS & MARCONI, 2003).
O objetivo geral deste trabalho foi a identificação das funcionalidades requeridas à
parametrização e eventual customização de um software de sistema de gerenciamento de
armazéns em uma empresa francesa de aviação, visando a otimização desse processo, melhora
na alocação e endereçamento de artigos e, por fim, uma consequente redução de espaços
ociosos nos armazéns estudados da companhia.
2.2 Objetivos Específicos
Lakatos & Marconi (2003) afirmam que os objetivos específicos de uma pesquisa apresentam
um caráter mais concreto. A sua função é intermediária e instrumental, porque auxilia no
alcance do objetivo geral e, ainda, permite aplicá-lo em situações particulares.
Para que o objetivo geral fosse alcançado, os seguintes objetivos específicos foram escolhidos:
• Entender de forma aprofundada o que é o WMS e seus benefícios para a gestão da
cadeia de suprimentos;
• Identificar as principais funcionalidades proporcionadas por ferramentas WMS;
• Realizar uma pesquisa de mercado, com a finalidade de entender as principais soluções
disponíveis atualmente;
• Identificar com maior precisão as necessidades dos armazéns da empresa em questão, no
que tange à parametrização e customização de seu WMS.
• Auxiliar na parametragem ideal do WMS implantado na Air France Industries e,
consequentemente, aprimorar o processo de gestão de armazenagem da empresa.
15
2.3 Limites
O presente trabalhou limitou-se a apresentar uma visão mais descritiva do WMS e não se
aprofundou no detalhamento de cada uma das suas funcionalidades, visto que são em grande
número e essa visão poderia distorcer o escopo almejado pelo estudo. Neste contexto, a visão
comparativa das funcionalidades dos softwares mencionados no capítulo de Pesquisa de
Mercado também não foi exaustiva.
O estudo de caso apresentado ocorreu em uma empresa aérea francesa durante o período de
estágio em intercâmbio de uma das autoras deste projeto. Sendo assim, o escopo deste estudo de
caso limitou-se às atividades desenvolvidas durante o período de realização do estágio e não se
observaram as consequências do trabalho após o fim do estágio.
O trabalho limitou-se a estudar e oferecer soluções específicas aos problemas enfrentados pela
empresa referenciado no estudo de caso. Não houve uma exploração de soluções de tecnologias
mais avançadas e com fins de modernização.
2.4 Limitações
Uma das principais restrições enfrentadas ao longo do desenvolvimento deste trabalho foi a
dificuldade de obter informações relativas à produtos de WMS dos maiores fornecedores, para
mapear a oferta disponível atualmente para potenciais empresas compradoras. Isto se deve ao
fato de que essas informações somente são divulgadas para empresas do ramo quando estas
demonstram interesse em comprar os produtos, não sendo habitual transmiti-las para estudantes
ou funcionários de empresas de outros setores, o que infelizmente era o caso das duas autoras
deste projeto.
A segunda restrição observada diz respeito ao estudo de caso: como este foi realizado de abril a
setembro de 2016 e após sua finalização foram encerrados os vínculos empregatícios com a
empresa na qual se realizou o estudo, tornou-se difícil obter (i) informações sobre o sucesso ou
não das soluções propostas para os problemas que a empresa enfrentava, tais como quais
proposições foram aceitas e quais necessitaram revisão, e (ii) informações complementares para
facilitar o entendimento dos leitores do presente trabalho, como, por exemplo, fotos para
ilustrar a distribuição das zonas no armazém, esquemas representando o layout etc.
16
Um outro aspecto que pode ser citado como uma limitação foi o fato de não se analisarem os
aspectos legais específicos do setor aeronáutico e nem as soluções fora do escopo de tecnologia
utilizado pela empresa, sendo dada preferência às proposições mais realistas para a empreas.
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, será feita uma revisão teórica das principais áreas de conhecimento abordadas
neste trabalho.
Primeiramente, são apresentados alguns conceitos e técnicas clássicas da gestão de estoques e
armazenagem. Depois, o texto discorre sobre a evolução das ferramentas da tecnologia de
informação e como ela se aplicou no âmbito da logística, com ênfase mais detalhada no
Warehouse Management System (WMS), principal objeto deste estudo.
3.1 Definição de Estoque
É muito comum que as empresas façam uso de um depósito para a armazenagem dos materiais
utilizados nas atividades desenvolvidas cotidianamente.
Segundo SLACK et al. (2009), estoque é definido como a acumulação armazenada de recursos
materiais em um sistema de transformação, ou também pode ser usado para descrever qualquer
recurso armazenado.
SLACK et al. (2009) ainda afirmam que os estoques são custosos e algumas vezes ocupam
considerável quantidade no capital. Mantê-los representa um risco, pois podem se deteriorar,
tornarem-se obsoletos, perderem-se pela área da fábrica e ocupam um precioso espaço.
Estoques somente existem pelo fato de que fornecimento e demanda não andam em harmonia
um com o outro.
De acordo com BALLOU (2001), uma empresa usa o espaço de estocagem para quatro razões
básicas: (1) para reduzir custo de transporte e de produção, (2) para coordenar oferta e
demanda, (3) para auxiliar no processo de produção e (4) para ajudar no processo de marketing.
1. Redução de custos de transporte: A armazenagem e o estoque representam despesas
adicionais que podem ser compensadas por custos mais baixos obtidos pela eficiência
melhorada no transporte e produção;
2. Coordenação de oferta e demanda: A coordenação de oferta e demanda pode ser
bastante complexa especialmente em casos de produção altamente sazonal ou quando os
preços das matérias-primas apresentam grandes oscilações;
18
3. Auxílio no processo de produção: A armazenagem pode fazer parte do processo
produtivo. Como exemplo, pode-se citar produtos que requerem um período de
envelhecimento, como queijos, vinhos e licores.
4. Considerações de marketing: O marketing preocupa-se com o quão prontamente o
produto está disponível no mercado. A armazenagem pode agregar valor ao produto.
3.2 Conceitos e Técnicas de Gestão de Estoques
Esta seção se propõe a fazer a um compilado de alguns dos principais conceitos e técnicas de
gestão de estoques encontrados na literatura.
3.2.1 Just in Time (JIT)
De acordo com CHING (1999), o Just in Time visa atender a demanda instantaneamente, com
qualidade e sem desperdícios. Ele possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como
o fornecimento da quantidade necessária de componentes nos momentos e nos locais corretos,
utilizando o mínimo de recursos.
O Just in Time possui os cinco princípios destacados abaixo:
• Qualidade
• Velocidade
• Confiabilidade
• Flexibilidade
• Compromisso
O JIT pode agregar valor à uma organização à medida que é capaz eliminar perdas e
desperdícios, eliminar processos complexos, identificar e atacar os problemas fundamentais e
gargalos e implementar sistemas e procedimentos.
19
3.2.2 Fluxo descontínuo de material
CHING (1999) afirma que esse sistema é o clássico comumente conhecido como o método de
empurrar estoque. O fluxo de material é “empurrado” ao longo do processo produtivo até a sua
distribuição e chegada aos clientes.
Figura 1 – Processo do fluxo descontínuo de material
Fonte: CHING (1999, p. 41)
Como é possível observar na figura 1, o fluxo de informação do processo se dá em série no
sentido do cliente. À medida que a demanda ocorre, ela não é repassada imediatamente aos
fornecedores. Essa informação chega periodicamente, com uma certa demora, quando os
estoques são reabastecidos.
Ainda segundo CHING (1999), o procedimento adotado pela empresa para lidar com o fluxo
descontínuo de material é o Planejamento dos Recurso de Manufatura (MRPII), usado às vezes
em conjunto com o Planejamento dos Recurso de Distribuição (DRP).
3.2.3 Curva ABC
A curva ABC, também chamada de 80-20, é um método usado na gestão de estoques que se
baseia no raciocínio do diagrama de Pareto. Por meio desse método, entende-se que nem todos
os itens tem a mesma importância e é possível identificar aqueles que são mais significativos e,
portanto, precisam de maior atenção.
Segundo BALLOU (2001), esse conceito é particularmente útil no planejamento de distribuição
quando os produtos são agrupados ou classificados por suas atividades de vendas. Os 20% mais
importantes são os chamados de itens classe A, os próximos 30% de itens classe B e o restante,
de itens classe C.
20
3.2.4 Balanceamento de capacidade
CHING (1999) afirma que uma organização produtiva completamente balanceada não é algo
possível ou desejável. É natural que sempre haja um recurso com capacidade menor que os
demais e é preciso certificar-se de que todos os recursos tenham uma quantidade mínima de
capacidade a mais que o recurso com menor capacidade. Dessa forma, o fluxo não será
interrompido pela restrição.
A Teoria das Restrições (TOC) classifica a capacidade de um recurso de três formas:
• Capacidade produtiva: capacidade que a empresa efetivamente usa do recurso para a
produção;
• Capacidade protetora: capacidade a mais que é necessária dos recursos não restrição
para que não interrompam o fluxo
• Capacidade ociosa: diferença entra a capacidade disponível e as capacidades produtivas
e protetora
3.2.5 Fluxo contínuo de material
O fluxo contínuo se originou com o conceito do Just in Time (JIT). À medida que as
características do JIT foram refinadas e difundidas, esse método de controle de estoques tornou-
se descrito como o enfoque de fluxo contínuo de materiais, comumente conhecido como o
método de “puxar estoque”.
Figura 2 – Processo do fluxo contínuo de material
Fonte: CHING (1999, p.52)
21
De acordo com esse enfoque, estoques de produtos acabados e estoque de segurança devem ser
evitados. Isso é derivado de a produção ocorrer contra a demanda real. A ausência ou níveis
muito baixos de estoques fazem com que o fluxo de informações flua mais rapidamente e os
eventuais problemas sejam identificadas de forma mais ágil.
Esse método exige que as relações com os fornecedores sejam de muita parceria e cooperação.
3.2.6 Fluxo sincrônico de material
Uma grande complexidade do fluxo contínuo de materiais é que os fornecedores precisam
atender às necessidades do cliente em um lead time muito curto. Além disso, as dificuldades de
estocagem são inteiramente transferidas aos fornecedores.
O enfoque do fluxo sincrônico de materiais emergiu como uma alternativa mais eficiente em
que a produção e a distribuição são integradas por meio do uso de tecnologia de informação.
Figura 3 – Processo do fluxo sincrônico de material
Fonte: CHING (1999, p.53)
A figura exemplifica que a demanda real do cliente inicia o processo, porém o fluxo de
materiais é agora balanceado e a informação sobre necessidade de material flui em paralelo e
não mais em série para todos os envolvidos. Esse enfoque fornece uma resposta mais rápida às
mudanças no mercado, segundo CHING (1999)
22
3.3 Macroprocesso da Armazenagem
A armazenagem é considerada uma das atividades de apoio ao processo logístico, que segundo
POZO (2004), são as que dão suporte ao desempenho das atividades primárias, para que a
empresa possa ter sucesso, que se obtém mantendo e conquistando clientes com pleno
atendimento do mercado e satisfação total do acionista em receber seu lucro.
Conforme discorrido por ARBACHE ET AL (2004), uma instalação de armazenagem pode
desempenhar vários papéis dentro da estrutura de distribuição adotada por uma empresa:
recepção e consolidação de produtos de vários fornecedores, para posterior distribuição a
diversas lojas de uma rede; recepção de produtos de uma fábrica e distribuição para diversos
clientes. Os autores também afirmam que a armazenagem possui quatro atividades básicas:
recebimento, estocagem, administração de pedidos e expedição.
De acordo com GUARNIERI et al (2006), as atividades envolvidas no processo de
armazenagem são: recebimento, inspeção, endereçamento, estocagem, separação, embalagem,
carregamento, expedição, emissão de documentos e inventários, que, agindo de forma
integrada, atendem às necessidades logísticas, evitando falhas e maximizando os recursos.
BOWERSOX (2001) explica que um armazém possui três funções básicas: movimentação,
estocagem e transferência de informação. A função da movimentação pode ainda ser
subdividida em quatro atividades de manuseio: recebimento, transferência, seleção de pedidos e
embarque.
23
Figura 4 – Atividades típicas de um armazém
Fonte: A.T KEANEY, INC (1984, p.190)
Para LAMBERT et al (1993), é importante eliminar ineficiências em movimentação, estocagem
e transferência de informação dentro de um armazém. Estas podem ocorrer de várias maneiras,
como:
• Excesso de mão de obra na movimentação de materiais;
• Má utilização do espaço;
• Altos custos de manutenção devido a equipamentos obsoletos.
3.4 Tecnologia da Informação aplicada à Armazenagem e o WMS
A evolução da tecnologia da informação proporcionou que as organizações investissem cada
vez mais na integração de seus processos produtivos, essa integração é fundamental para a
manutenção da competitividade nos segmentos onde atuam.
Bem como o projeto de um armazém, não se pode considerar a análise apenas do fluxo de
materiais, principalmente nos dias de hoje, em que a qualidade e velocidade das informações
24
fazem grande diferença na eficácia dos mais diversos sistemas logísticos. Num projeto de
armazém, deve-se, portanto, dar atenção especial ao fluxo de informações e à tecnologia
disponível atualmente para se utilizar da melhor forma estas informações”. (BANZATO, 2005)
De acordo com GUARNIERI et al (2006), em toda a cadeia de suprimentos, as empresas fazem
uso de sistemas de tecnologia da informação (TI) para auxiliar no gerenciamento da rede
interligada de negócios nas quais estão envolvidas para realizar a provisão final de pacotes
produto e serviço requeridos por seus clientes finais. Neste contexto, os softwares de Supply
Chain são uma categoria destes sistemas que cobre um vasto conjunto de aplicações e softwares
desenvolvidos para auxiliar as organizações a transformar uma cadeia de suprimentos linear em
uma rede adaptável. Deste modo, as empresas podem se centrar no cliente e orientar sua
produção pela demanda, compartilhando conhecimento e se adaptando de forma inteligente às
condições do mercado, o que lhes permite responder proativamente a ciclos de vida cada vez
mais curtos e menos previsíveis.
O Sistema de Gerenciamento de Armazéns (WMS) é apenas um dos módulos dos sistemas de
Supply Chain Management (SCM) utilizados neste intuito. A figura abaixo mostra o
posicionamento e principais funcionalidades dos sistemas de SCM.
Figura 5 – Posicionamento dos Sistemas de SCM
Fonte: GUARNIERI et al. (2006, p. 131)
25
De acordo com Arozo (2003), percebe-se que os diferentes módulos de software podem atingir
um ou mais níveis decisórios (estratégico, tático ou operacional) ou processos (compras,
produção, distribuição ou vendas). Em geral observa-se que quanto mais operacional, menor a
abrangência dos módulos, e quanto mais estratégico, maior sua abrangência.
3.5 WMS: Definição, benefícios e funcionalidades
Segundo o Glossário de Supply Chain Management (VITASEK, 2013), o WMS é o sistema
usado para eficientemente administrar os processos de negócios dos armazéns e suas atividades
diretas. Em relação ao seu posicionamento, o WMS se dedica a decisões operacionais de
armazenagem. Sua função é de gerenciar as operações cotidianas do armazém (AROZO, 2003),
visando garantir a qualidade e velocidade das informações transmitidas, de modo a racionalizar
e otimizar a Logística de Armazenagem (BANZATO, 2005).
Conforme apontado por Alves (2000), a implantação do sistema do WSM é uma forma de
aprimorar a capacidade operacional de um armazém, pois proporciona uma maior racionalidade
e rapidez na localização e movimentação dos produtos, fazendo com que os mesmos
permaneçam o mínimo tempo na localidade. Dessa forma, quanto mais rápido os estoques
girarem, maior será a capacidade de um armazém ou CD.
Aprofundamento o conceito, Rodrigues (2011) explica que o WMS pode ser definido como a
integração entre hardware, software e equipamentos periféricos com fins de gerenciamento de
estoque, espaço físico, equipamentos e mão de obra nas atividades de armazenagem.
A utilização de um sistema como o WMS favorece a redução de custos de armazenagem,
aprimora atividades tanto administrativas como operacionais, assim como a emissão de
documentos, recebimento, embalagem, endereçamento, carregamento, inspeção, além de
proporcionar uma melhor prestação de serviços aos clientes. (RIBEIRO, SILVA e
BENVENUTO, 2006)
Sá (2009) discorre sobre a possibilidade de otimização que o uso do WMS pode fornecer aos
processos de armazenamento de materiais. Algumas de suas contribuições são o mapeamento
de depósito, utilização de códigos de barras, sugestões de armazenagens e retiradas, entre
outras. A utilização de códigos de barras possibilita a obtenção de informações de forma ágil e
as mesmas podem ser posteriormente inseridas nos sistemas da organização.
26
Banzato (2005) complementa afirmando que o WMS é um modelo de gestão de armazém que
utiliza todas as atividades operacionais, também chamadas de fluxo de materiais, e as atividades
administrativas, também conhecidas por fluxo de informações, dentro do processo de
armazenagem. Esse processo inclui o recebimento, inspeção, endereçamento, estocagem,
separação, embalagem, carregamento, expedição, emissão de documentos, inventário, entre
outras.
O WMS aprimora as atividades desenvolvidas dentro do armazém, almoxarifado ou centro de
distribuição com o intuito de atingir seus três principais objetivos: aumento da precisão das
informações do estoque, aumento da velocidade e qualidade das operações e aumento da
produtividade do pessoal e dos equipamentos utilizados. (COSTA; GOBBO JUNIOR, 2008).
Os benefícios proporcionados pelo WMS, segundo Banzato (2005) estão destacados a seguir:
• Melhoria da acuracidade do estoque;
• Melhoria na ocupação do espaço;
• Redução de erros operacionais;
• Aumento da produtividade;
• Redução da necessidade de papeis;
• Melhoria no controle da carga de trabalho;
• Melhoria do gerenciamento operacional;
• Redução do tempo perdido em espera;
• Otimização do percurso de separação de pedidos;
• Estocagem otimizada por meio do endereçamento pela curva ABC.
Os principais benefícios obtidos com a implantação do WMS são, segundo Martins et al.
(2010): agilidade nos processos, redução de horas de trabalho e aumento de produtividade,
melhoria no gerenciamento do estoque, melhoria no gerenciamento dos processos, fidelidade
das informações e destaque para redução de custos e melhoria dos serviços prestados aos
clientes, redução de desperdícios.
De acordo com Gartner (2018), as funcionalidades primordiais deste tipo de aplicação,
usualmente, referem-se a operações que são realizadas cotidianamente na maioria dos
armazéns, tais como entrada e saída de produtos e gestão de inventário. Estas atividades são
27
definidas como atividades core e representam o essencial em termos de funcionalidades de um
WMS. No entanto, o WMS é bastante complexo e suas funções realizadas podem variar de
acordo com o tipo de organização, segmento de atuação e o posicionamento da empresa na
cadeia de suprimentos. (SORIANO, 2013)
A Figura 6 reúne as diversas funcionalidades do WMS descritas na literatura.
Banzato ( 2005) Banzato et al. (2010) Bowersox, Closs e Cooper
(2007)
Costa e Gobbo
Junior(2008)
Programação e entrada de
pedidos
Programação e entrada de
pedidos
Arrumação Rastreabilidade de
operações
Planejamento e alocação
de recursos
Controle de portaria Separação e reabastecimento Inventários físicos rotativos
e gerais
Portaria Controle de estoque Armazenagem Planejamento e controle de
capacidades
Recebimento Controle de lotes Cross-docking Definição de características
de cada local de
armazenagem
Estocagem Integração com RFID Estratégia de separação Sistema de classificação de
itens
Transferências Atualização online do
saldo em estoque
Simulações Controle de lotes
Separação de pedidos Endereçamento
automático
Gerenciamento de devoluções Apoio à separação de
pedidos
Expedição Analisa a produtividade
de mão de obra
Recebimento Interface com clientes e
fornecedores
Inventários Priorização de tarefas Controle de estoques Cálculo de embalagens de
despacho
Controle de Contenedores Determinação da rota de
separação
Gerenciamento da carga de
trabalho
Controle de rotas de
movimentação interna
Controle do Desempenho
Operacional
Controle de cross-docking Embarque Controle de carregamento
de veículos
Relatórios Formação de kits Gerenciamento de pátio
Organização do percurso
de separação de pedidos
Confirmação de
embarque e liberação de
Gerenciamento de mão de
obra
28
Banzato ( 2005) Banzato et al. (2010) Bowersox, Closs e Cooper
(2007)
Costa e Gobbo
Junior(2008)
veículos
Endereços Programação e
manutenção de veículos
Otimização de armazéns
Priorização de tarefas
urgentes
Reconhecimento das
limitações físicas dos
endereços
Serviços com valor agregado
Planejamento e alocação
dos recursos
Análise do desempenho
da mão de obra
Apresentação de
relatórios com o status de
veículos
Auxílio no projeto de
layout de armazenagem
Controle de contenedores
Determinação da
prioridade de carga e
descarga
Reserva de docas e
programa de carga e
descarga
Gerenciamento de pátio
Figura 6 – Quadro das funcionalidades do WMS segundo a literatura.
Fonte: Adaptado de SORIANO, Felipe (2013)
Como algumas funcionalidades do WMS se repetem na literatura observada, o quadro abaixo
elimina as duplicatas e faz uma breve explicação de cada aplicação.
29
Funcionalidade Descrição
Programação da entrada de
pedidos, portaria e gerenciamento
de pátio.
Definição do momento no qual um pedido será separado de acordo com
a disponibilidade de produtos em estoque e urgência do mesmo.
Também realiza o controle de portaria, programando data e hora de
entrada.
Além disso, monitora todo o andamento do processo de
embarque ou desembarque.
Planejamento e alocação de
recursos
Faz o planejamento da necessidade de horas de trabalho de pessoal
e equipamentos necessários para a realização das atividades
programadas para atender a demanda diária de recebimento,
movimentação e expedição de um ou mais armazéns.
Aloca os recursos adequados no momento e local onde são necessários
(ex: empilhadeiras com torres de alturas diferentes).
Pré-recebimento Programação do recebimento de mercadorias conforme
disponibilidade e urgência.
Recebimento Execução, acompanhamento, registro e controle do recebimento
de materiais.
Estocagem
Endereçamento automático segundo limitações dos endereços de
armazenagem registradas, curva ABC, FIFO e demais restrições
cadastradas no sistema.
Registro de todas as movimentações internas e transferências de forma a
alocar racionalmente os produtos, minimizando a ociosidade e
organizando a área de armazenagem.
Separação de Pedidos (Picking)
Definição do operador, da sequência dos pedidos a serem
separados e da melhor rota a ser executada para que o trabalho seja
realizado no menor tempo possível.
Inventários
Suporte, acompanhamento, registro e controle na realização de
inventários cíclicos ou gerais.
Identificando, monitorando e rastreando diferenças de estoque.
Controle de Contenedores Controle de quantidade, tipo, disponibilidade e localização de
contenedores utilizados.
Controle do Desempenho
Operacional
Oferece indicadores de desempenho da área de gestão da
armazenagem que relatam a performance do armazém, destacando
informações que dão suporte ao acompanhamento da rotina.
30
Funcionalidade Descrição
Ex: produtividade da mão-de-obra, status de ocupação do
armazém e do carregamento, dentre outros.
Priorização de tarefas urgentes Prioriza recebimentos, expedições e demais movimentações de
produtos com base no seu grau de importância e urgência.
Integração com EDI
O WMS pode estar integrado com a cadeia de suprimentos
através da interface disponibilizada pelo EDI. Dessa forma,
compartilhando informações inerentes à operação.
Inspeção e controle de
qualidade
Registro de informações como não conformidades ou controle de
quarentena para a liberação de lotes.
Rastreabilidade
Registra todas as informações sobre um lote de produtos produzido ou
recebido. Desde a data de produção, item, data de liberação de
quarentena, veículo expedido, operador responsável pela
movimentação, destino de embarque, dentre outros.
Dessa forma possibilitando o rastreamento de qualquer lote
manuseado pela operação.
Integração com RFID
Pode trabalhar em consonância com o WMS, agilizando a
operação, pois não tem a necessidade de registro das
movimentações pelos operadores. Esta é realizada
automaticamente, através das tags.
Atualiza “on-line” o saldo em estoque
Atualiza o saldo em estoque de todos os produtos a partir do
momento que é registrada a produção, devolução, expedição,
recebimento ou transferência do mesmo.
Controla cross-docking
Programa data e hora para a realização do cross-docking,
otimizando a velocidade de movimentação da operação.
Forma “kits Auxilia na formação de “kits” conforme demandado pelo
cliente.
Prepara documentos de
expedição
Prepara documentos que acompanham o veículo expedido.
Programa a manutenção de
veículos
Programa a manutenção dos equipamentos de movimentação
interna utilizados.
31
Funcionalidade Descrição
Simulações
Faz simulações de atividades e tendências de futuras
necessidades da área de armazenagem.
Gerenciamento de devoluções Programa, recebe e controla as devoluções existentes.
Serviços com valor agregado Propicia a prestação de serviços de valor agregado para
empresas que trabalham com prestador de serviço logístico.
Calculo de embalagens de
despacho
Calcula a necessidade de embalagens para expedição dos
pedidos em carteira.
Figura 7 – Quadro de funcionalidades do WMS consolidadas
Fonte: Adaptado de SORIANO, Felipe (2013)
Este capítulo teve por finalidade um entendimento mais detalhado do que é o WMS, quais são
os benefícios que ele pode agregar para a cadeia de suprimentos e por meio de quais
funcionalidades ele desempenha suas atividades.
No próximo capítulo, será discorrido sobre os principais softwares presentes no mercado
atualmente e apresentado um comparativo de suas funcionalidades.
32
4 PESQUISA DE MERCADO
O objetivo deste capítulo é analisar – sem ser exaustivo - o mercado de software WMS
atualmente disponível para as empresas, fazendo uma introdução às soluções que estão
disponíveis para apoiar a gestão de estoques atualmente.
Esse mercado já está bastante maduro e data de mais de 40 anos, quando os primeiros WMSs
passaram a ser comercializados. Ao longo do tempo, as principais funcionalidades do WMS –
já explicitadas no referencial teórico deste estudo – se mantiveram fundamentalmente as
mesmas. No entanto, continuamente novos aprimoramentos na complexidade, gama de opções
e flexibilidade das mesmas têm surgido, assim como notáveis diferenças das competências
principais.
Será realizada uma classificação das principais empresas detentoras de softwares de WMS de
acordo com sua habilidade de executar as atividades necessárias e a completude da visão sobre
o serviço que prestam. Por fim, será apresentado o software utilizado no estudo de caso deste
projeto, suas principais funcionalidades e uma breve comparação com as os principais produtos
das empresas classificadas como líderes e desafiadoras.
4.1 Classificação do mercado de WMS
O grupo de consultoria Gartner, muito reconhecido e renomado no ramo da TI mundialmente,
publica anualmente um relatório denominado de Quadrante Mágico. Este relatório é uma
ferramenta muito utilizada para relacionar as principais empresas de tecnologia com a sua
posição em sua determinada área de atuação. O mercado reconhece o relatório do Quadrante
Mágico do Gartner como fidedigno e valoroso devido às validações e análises que proporciona.
Portanto, suas informações serão utilizadas como principal fonte para este capítulo.
A fim de melhor compreensão, deve-se explicar o funcionamento do relatório do Quadrante
Mágico do Gartner. O documento é dividido da seguinte forma:
Líderes: São as empresas mais tecnologicamente avançadas. Normalmente, ditam as
regras dentro de seu segmento por terem uma melhor visão de mercado e capacidade de
cumprir suas promessas;
Desafiadores: São as empresas logo atrás dos líderes. São companhias com capacidade
de execução plena, mas que ainda não conseguiram atingir uma parcela do mercado;
33
Visionários: Segundo o Gartner, são as empresas mais fortes em pesquisa e
desenvolvimento. No entanto, não possuem a tecnologia ou ainda não são capazes de
executar o que é prometido;
Concorrentes de Nicho: Os concorrentes de nicho são os negócios que focam em apenas
algumas características do mercado. Não dispõem de um portfólio muito abrangente e
focam em ferramentas específicas.
O Quadrante Mágico do mercado de WMS mais recente divulgado pelo grupo de consultoria
pode ser encontrado na figura abaixo:
Figura 8– Quadrante Mágico do Gartner para o mercado de WMS
Fonte: Gartner (2018). Disponível em: https://www.gartner.com/doc/reprints?id=1-4UOB53K&ct=180402&st=sb
34
Segundo o Gartner, dada a maturidade do mercado de WMS, uma combinação de critérios foi
decisiva para o posicionamento das empresas no Quadrante Mágico de 2018. Estes critérios
estão dispostos a seguir.
• A compreensão de mercado da empresa e sua visão para as próximas gerações de WMS
e execução de supply chain;
• A adaptabilidade da arquitetura técnica do WMS;
• A viabilidade de longo prazo da empresa e seu produto;
• Crescimento atual e projetado das receitas e do número de clientes;
• Reconhecimento do nome da empresa no mercado e reputação;
• Diferenciação do produto ou empresa;
• Inovações comerciais;
• Integração com outras aplicações;
• Implantação de modelos opcionais (ex: on-premises/cloud ou multitenant SaaS);
• Habilidade de traduzir os objetivos do negócio ou objetivos em requerimentos
funcionais do WMS;
• Habilidade da empresa de empregar novos investimentos para entregar valores mais
sofisticados ao negócio;
• Habilidade da empresa de vender, implementar e dar suporte a implantações globais;
• Habilidade da empresa de entregar valor por meio de serviço, suporte, consultoria e
treinamento;
• Integração da empresa ao ecossistema de WMS e parceiros;
• Satisfação do cliente;
• SCE (Supply Chain Execution) como plataforma ou SCE convergência.
35
4.2 Principais Empresas do Mercado
De acordo com a classificação exibida acima, esta seção se destina a apresentar as empresas
classificadas como líderes ou desafiadores, isto é, as que se encontram nos dois quadrantes
superiores do gráfico. Serão apresentadas suas principais forças e oportunidades de melhoria,
assim como as indústrias-chave nas quais seus produtos são aplicados, segundo apresentado no
relatório do Quadrante Mágico do Gartner para WMS (2018).
4.2.1 Empresas líderes
Os vendedores que se encontram neste quadrante são: Manhattan Associates, JDA, SAP e
Oracle. Empresas classificadas como líderes apresentam alta capacidade de execução e alta
completude de visão.
4.2.1.1 Manhattan Associates
Fundada em 1990 e sediada em Atlanta, nos EUA, a Manhattan Associates tem mais de mil
clientes em todo o mundo. A empresa conta com uma única plataforma técnica aberta. Todas as
funcionalidades oferecidas partilham da mesma interface de usuário, modelo de dados e
ferramentas ao longo da série de aplicações.
Eles oferecem 3 produtos principais em questão de WMS:
• Supply Chain Architected for Logistics Execution (SCALE), baseado em uma
plataforma técnica da Microsoft;
• Warehouse Management for Open Systems (WMOS), mais destinado a ambientes de
armazenagem sofisticados;
• Warehouse Management for IBM i, destinado a clientes que preferem a confiabilidade
e facilidade de utilizar uma plataforma IBM i;
A empresa oferece três opções distintas de WMS para se adaptar às necessidades de mercados
diferentes, sendo que um de seus produtos (WMOS) é o líder da indústria em termos de
profundidade e variedade de funcionalidades.
Os produtos da Manhattan se adequam bem a ambientes de armazenagem altamente complexos
e sofisticados que lidam com e-commerce e comércio multicanais, tanto que a empresa é o
36
maior e um dos poucos vendedores a endereçar a questão de comércio multicanais em uma
única plataforma.
Por fim, pode-se citar que a empresa conta com mais de 100 clientes comprometidos com seu
sistema de Open Platform Warehouse.
A empresa depende fortemente dos rendimentos vindos de serviços, o que torna a gestão da
carteira de clientes muito importante. Além disso, o custo total de propriedade de seus produtos
(Total Cost of Ownership - TOC) é maior que o da maioria dos vendedores de WMS.
Embora seja uma empresa global, está fortemente focada nos EUA, com mais de 75% de seus
rendimentos nesta região.
As indústrias-chave focadas pela Manhattan são: varejo, bens de consumo, alimentação,
governo, alta tecnologia e provedores de serviços logísticos.
4.2.1.2 JDA
A JDA Software é o maior vendedor de SCM independente do mundo, contando com quase
US$ 1 bilhão em vendas. Além disso, contam com uma parceria estratégica com a IBM para
auxiliar clientes com iniciativas de comércio multicanais. Após a união entre JDA e RedPrairie,
a empresa aproveitou de grande sinergia e o resultado da fusão conta com um portfólio de
soluções diverso e presente em inúmeras localidades.
A empresa conta com uma das mais diversificadas bases de consumidores do mercado de
WMS. Além disso, seus WMS oferecem um dos melhores serviços de auxílio e integração com
processos de manufatura.
A JDA oferece produtos com funcionalidades fortemente interligadas, tais como gestão do
trabalho, rastreabilidade e gestão da performance dentro do seu portfólio. Suas ferramentas e
metodologias facilitam e minimizam a complexidade e o custo de implantação em armazéns
com várias localidades, assim como em ambientes de menor complexidade.
As funcionalidades oferecidas pela JDA se mantêm como líderes no mercado, mas outros
aspectos como a interface de usuário ainda necessitam de melhorias. Pode-se citar também que
a execução do WMS pode ser melhorada especialmente no que concerne o serviço de suporte e
desenvolvimento. A JDA tem focado nestas áreas adicionando recursos para endereçar estes
desafios.
37
Por fim, a execução da estratégia de supply chain da JDA não é tão refinada quanto a dos seus
competidores dado que a aquisição da RedPrairie fez com que a estratégia da empresa fosse
mais voltada para a integração da plataforma.
As indústrias-chave focadas pela JDA são: bens de consumo, operadores logísticos
terceirizados, varejo, farmacêutico, distribuição de atacado e manufatura.
4.2.1.3 SAP
A SAP é uma empresa alemã fundada em 1972. Com 56% da sua base de consumidores na
Europa, 20% na América do Norte, 14% na Ásia e 9% na América Latina, a SAP conta com
duas soluções distintas de ERP (Enterprise Ressource Planning): SAP Extended Warehouse
Management (EWM) e o SAP ERP Warehouse Management (ERP WM).
A SAP é uma das empresas de WMS que cresce mais rápido em termos de novos consumidores
ao longo dos últimos 10 anos (eles adquiriram cerca de 1200 novos clientes ao longo desta
década). Com isso, a SAP conquistou uma forte presença mundial, assim como um ecossistema
crescente de parceiros de implantação e consultoria.
Seu WMS inclui um sistema de controle de armazém (Warehouse Control System – WCS) e um
sistema de fluxo de material que permite ao WMS se conectar diretamente com os controles
lógicos programáveis utilizados em armazéns automatizados. Além disso, o EWM oferece uma
forte integração com outros componentes SAP tais como SAP Business Suite.
A SAP é melhor adaptada para empresas que se comprometem a usar o SAP ERP em sua
totalidade em vez do WMS independentemente. A empresa apresenta um TCO alto dado ao
custo de implementação para projetos complexos.
A estratégia de cloud do EWM ainda é principiante e se mantém pouco clara se comparada às
da concorrência. Por fim, o modelo de pricing da empresa é baseado em transações combinadas
com licenças sediadas no usuário. Isto pode ser uma desvantagem para operações com muito
volume.
As indústrias-chave focadas pela SAP são: bens de consumo, varejo, distribuição de atacado e
automotivo.
38
4.2.1.4 Oracle
Ao longo dos últimos anos, a Oracle adquiriu duas organizações que trabalham com WMS
cloud, incluindo a LogFire e a NetSuite. Com estas aquisições, a Oracle é capaz de oferecer
uma grande variedade de produtos que podem fortalecer quase quaisquer clientes através de
todas as indústrias com seus objetivos de supply chain.
Seus 3 principais produtos de WMS são:
• Oracle EBS WMS – permite às empresas maximizarem sua utilização do espaço, da
mão de obra, e dos investimentos em equipamentos ao coordenar e otimizar o uso dos
recursos e o fluxo dos materiais;
• LogFire WMS – é um WMS robusto baseado em cloud com uma boa relação de custo-
benefício;
• NetSuite WMS – oferece funcionalidades que agilizam as operações e que se amarram
bem com o core da plataforma de gestão de negócios core da NetSuite;
A empresa conta com forte presença mundial com cerca de 40% das suas ofertas de WMS e
cloud sediadas fora da América do Norte. Além disso, a Oracle apresenta ampla penetração
vertical na indústria, especialmente em indústrias negligenciadas pelos vendedores de WMS
melhores de classe. Pode-se citar também que a empresa conta com um grande sistema de
parceiros de implantação, com experiência e em crescimento.
A Oracle se destaca por se dedicar fortemente ao cloud tanto estratégica quanto
operacionalmente através de todo o seu portfólio de aplicações, principalmente após a inclusão
dos WMS da LogFire e da NetSuite.
A visão para a convergência de execução de supply chain da Oracle se moveu permanentemente
para o cloud. A integração de processos e sua harmonização com transporte, gestão de
inventário e outras áreas funcionais ainda não são tão impecáveis e compreensivas neste
momento. Além disso, as estratégias de ida ao mercado e compensação por vendas da Oracle
favorecem o cloud, o que pode dificultar sua adoção por clientes que não optam por esse
modelo. Por isso, os clientes da Oracle devem preparar com muito cuidado a integração entre
suas aplicações e o WMS.
As indústrias-chave da Oracle são: atacado, manufatura, operadores logísticos terceirizados alta
tecnologia, aeroespacial e defesa, saúde, recursos naturais, setor público, varejo e e-commerce.
39
4.2.2 Empresas desafiadoras no mercado de WMS
As empresas que se encontram no quadrante de desafiadoras são a HighJump, a Infor e a Reply.
Suas soluções são mais indicadas para compradores que priorizam a habilidade de execução
sobre a completude de visão.
4.2.2.1 HighJump
A HighJump oferece WMS para empresas de todos os tamanhos, desde pequenos ou médios
negócios a grandes empresas. Funcionalidades “fora-da-caixa” unidas a ferramentas de
adaptabilidade sem equivalentes podem melhorar e muito a eficiência das operações e diminuir
despesas operacionais.
A empresa conta com três produtos no seu catálogo de WMS:
• HighJump Warehouse Advantage – mais adequado às empresas de médio a grande
porte no mercado de WMS;
• HighJump WMS (antigo AccellosOne) – direcionado especificamente para pequenas e
médias empresas, de conhecida facilidade de uso, retorno rápido e um TCO baixo;
• HighJump Enterprise 3PL (antigo AccellosOne Enterprise 3PL) – destinado a
empresas de médio a grande porte no mercado dos operadores logísticos terceirizados;
A arquitetura dos WMS da empresa permite aos usuários realizarem mudanças específicas no
sistema sem necessidade de mudar o código fonte, o que protege o usuário ao longo da sua
jornada de upgrades com o produto, o que o torna um dos WMS mais customizáveis do
mercado.
Além disso, a empresa oferece três soluções distintas de WMS projetados para satisfazer as
necessidades de três ambientes de armazenagem diferentes. Por fim, pode-se citar que a
HighJump conta com parcerias e integrações fortes e ativas com soluções de ERP populares
(SMB ERP).
Observa-se que o suporte técnico deixa a desejar e que falta aos produtos a profundidade e
variedade de funcionalidades extras apresentadas pelos líderes do mercado.
Com três diferentes produtos, os clientes necessitam definir claramente os seus requerimentos
atuais e futuros para garantir que selecionem o WMS que mais se adequa às suas necessidades
no longo prazo.
40
As indústrias-chave da High Jump são: automotivo e aeroespacial, bens de consumo,
distribuição e processamento de alimentos, saúde e bem-estar, bebidas, operadores logísticos
terceirizados, varejo e setor e vinhos.
4.2.2.2 Infor
O portfólio de SCM da Infor é composto por uma gama de aplicações ligadas à gestão da rede
de suprimentos, com seus ERPs também incluindo este tipo de funcionalidade.
A Infor convergiu seu WMS e parte do seu sistema de gestão de transporte em uma aplicação
unificada, o Infor Supply Chain Execution (SCE). A empresa continua obtendo sucesso
vendendo o SCE tanto para os antigos clientes quanto para novos.
A Infor é um dos maiores vendedores de WMS internacionalmente, presente em mais de 40
países, e conta com grande base de clientes de ERP utilizando também Infor SCE. Apresenta a
vantagem de ser um único vendedor que providencia um WMS com capacidade de suporte
global.
O Infor SCE conta com a nova interface de usuário e capacidades analíticas embutidas, o que
faz o WMS oferecer uma das mais modernas experiências de usuário, colocando a empresa à
frente da maioria dos seus concorrentes.
O Infor SCE é mais competitivo em ambientes de armazenagem de baixa complexidade devido
à menor profundidade e variedade das funcionalidades do WMS. Observa-se que a maior parte
dos clientes são empresas de pequeno e médio porte.
Os clientes que desejam optar pela Infor precisam focar em testar e validar extensivamente as
integrações entre ERP e WMS. Por fim, pode-se citar que a empresa ainda não conta com uma
estratégia cloud para o WMS.
As indústrias-chave da Infor são: setor alimentício e bebidas, bens de consumo, produtos
químicos e farmacêuticos, distribuição, provedores logísticos, alta tecnologia e automotivo.
4.2.2.3 Reply
A Reply está presente no negócio de supply chain há 20 anos. A empresa conta com duas
ofertas de WMS: Click Reply e SideUp Reply. Click Reply é uma solução online que pode
41
estar sediado no cliente ou em cloud. O produto é focado em armazéns espalhados em mais de
uma localidade, complexos e com grande número de usuários que utilizam automação para lidar
com os materiais. SideUp Reply é um WMS SaaS, além de ser parcialmente uma plataforma
SCE.
• SideUp Reply Suite – Solução em Cloud e SaaS para gestão de armazéns e de
inventórios;
• Click Reply Suite – série de produtos para administrar o armazém, a mão de obra e a
produtividade, além de monitorar indicadores de performance e contabilidade dos
serviços logísticos;
A Reply é um provedor de WMS de tamanho modesto, mas faz parte de um negócio que vem
apresentando crescimento dinâmico ao longo dos últimos 16 anos. A venda de WMS é apenas
uma pequena parte da organização global, que conta com forte capacidade de consultoria e
integração de sistemas.
Com forte presença na Europa (75% das suas atividades nesta região), a empresa tem uma
cobertura de empresas variada e bem equilibrada.
A empresa pode oferecer WMS sediados no cliente, na cloud ou como SaaS dependendo do
produto que o cliente escolher. A Reply está se tornando um inovador neste mercado,
comercializando e oferecendo novas funcionalidades tais como sistema de controle integrado de
armazéns.
Como a venda de WMS não faz parte das atividades centrais da Reply, no longo prazo isto pode
acarretar em necessidade de realinhamento estratégico.
A empresa está focada principalmente na Europa. Observa-se que a estratégia da empresa seria
beneficiada por um maior foco em indústrias específicas ao invés de tentar acomodar
verticalmente todas as indústrias.
Por fim, como a companhia está migrando para uma nova plataforma, os clientes vão precisar
adotar um novo software no futuro.
As indústrias-chave da Reply são: varejo e bens de consumo, automotivo, defesa e aeroespacial,
logística e manufatura, setor público e saúde.
42
4.3 Comparativo das funcionalidades
Primeiramente, será apresentado o WMS utilizado pela empresa estudada no capítulo de estudo
caso e após, será feita uma breve comparação com os softwares líderes presentes no relatório do
Gartner.
O WMS citado no estudo de caso do presente trabalho chama-se SPEED da empresa francesa
BK Systèmes. A ferramenta não foi mencionada no relatório do Quadrante Mágico do Gartner e
por meio de pesquisas, pode-se perceber que a região de atuação do software é mais
concentrada na França, diferentemente dos WMSs das empresas líderes que possuem atuação
global.
Figura 9 – WMS Speed, logomarca
Fonte: Website BK Systèmes. Disponível em: http://www.bksystemes.fr
Segundo o site da empresa, os pontos fortes do SPEED são:
• Otimiza e mede a performance;
• Aprimora a qualidade por meio da redução de erros em todos os níveis da cadeia de
suprimentos;
• Proporciona uma redução de custos;
• É ergonômico, possui uma fácil usabilidade e gráficos claros;
• Possui uma rápida implementação;
• É customizável, podendo ser implementado em qualquer tipo de ambiente ou produto;
43
• É escalável, seus parâmetros podem ser ajustados de acordo com a evolução da
atividade;
• Possui uma interface aberta com qualquer tipo de ERP ou sistema de informação;
Em relação às funcionalidades, a BK Systèmes não disponibiliza demos e catálogos online
conforme às demais empresas estudadas. Dessa forma, compilou-se um quadro com as
principais características do SPEED conforme as informações disponíveis no website de sua
fornecedora.
Figura 10 - Quadro com principais funcionalidades do Speed
Fonte: Elaboração própria
A fim de um melhor entendimento das diversas opções de ferramentas WMS disponíveis no
mercado e seu posicionamento em relação ao SPEED, fez-se um levantamento das
Recebimento Rastramento de estoque Preparação de pedidos Expedição
Previsão dos
recebimentos esperadosConsulta multicritério
Registro de pedidos por
entrada ou através do
módulo de interface
Rastreamento de
expedição de embalagem
Identificação e
modificação do status de
qualidade dos itens
recebidos
Versão consolidadas dos
estoques com parâmetros
de qualidade
Início automático ou
manual de pedidos,
individualmente ou por
onda
Escolha de
transportadoras
Endereçamento manual
ou direcionado por meio
de uma função de busca
automática de
localização
Operação de correções
unitárias ou globais para
mercadorias em estoque
Preparação adaptável ao
contexto
Edição de documentos de
envio
Estocagem automática
Rastreabilidade total em
todas as operações
realizadas
Documento de
preparação indicando o
local de amostragem
Gerenciamento de
compromissos de
transporte
Funcionalidade de cross-
docking
Função de cálculo de
reabastecimento de
pedidos
Gerenciamento de
reabastecimento de
coletas
Plano de transporte
Gerenciamento
automático de estoques
(fiscal, rotativo) de
acordo com critérios
parametrizáveis
Configuração de regra de
serviço facilmente
modificável
Controle de carregamento
Relatório: um único
clique permite a
exportação de dados
operacionais para o
Excel
Atribuição / Desativação
de Pedidos
44
funcionalidades das principais soluções oferecidas pelas quatro empresas eleitas pelo Gartner
como líderes nesse segmento: Manhattan Associates, JDA, Oracle e SAP. O quadro
comparativo foi elaborado por meio da observação de demos e informações técnicas
disponíveis nos websites das próprias empresas e com o auxílio de páginas específicas de
comparações entre softwares, como o Explore WMS. Uma amostra de funcionalidades foi
escolhida para a comparação e foi observada se as mesmas eram reportadas pelo website da BK
Systèmes como sendo funções do SPEED. Deve-se destacar que pela falta de informações
adicionais do software francês – demos e manuais - foram consideradas somente as informações
presentes no website. O quadro comparativo pode ser visualizado abaixo:
Figura 11– Comparação de funcionalidades dos WMSs líderes e Speed
Fonte: Elaboração própria
Como é possível observar pelo quadro, não há uma discrepância muito grande de
funcionalidades entre os softwares considerados líderes de mercado pelo Gartner e o SPEED.
SAP Extented
Warehouse
Management
Manhattan's
Distribution
Management
Oracle
Warehouse
Management
Cloud
JDA
Warehouse
Management
Speed
Cloud ✓ ✓ ✓ ✓ X
Instalada X ✓ X ✓ ✓
Rastreamento por barcode/ número de série ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Cálculo de custos/faturas (billing) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Controle de Cross Docking ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Previsão (Forecasting) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Gerenciamento de inventário ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Formação de kits ✓ ✓ ✓ ✓ X
Gerenciamento de pedidos ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Separação de Pedidos (Picking) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Rotação de produtos X X X ✓ ✓
Realização de compras ✓ X ✓ ✓ X
Informação em tempo real ✓ ✓ ✓ ✓ ✓
Recebimento e descarte X X ✓ ✓ X
Gerenciamento de devoluções ✓ ✓ X ✓ ✓
Gerenciamento de pátio ✓ X ✓ ✓ X
Pla
tafo
rma
Fun
cio
nal
idad
es
45
No entanto, como as informações sobre o último são escassas, é difícil de elaborar um juízo de
valor segundo os critérios Gartner de habilidade de execução e completitude de visão. O
software também não se encontra presente nas principais páginas de reviews, comentários e
atribuições de notas sobre o mercado de WMS disponíveis online. Dessa forma, optou-se por
não tentar enquadrá-lo em um dos quadrantes mágicos pelo alto risco de uma atribuição errônea
causada pela falta de maiores detalhamentos.
Por fim, é muito importante mencionar que uma pesquisa exaustiva, comparação de
funcionalidades e um contato direto com os vendedores é de essencial importância na escolha
do WMS adequado para o nível de atividade da organização. Uma contratação errônea pode ter
impacto evidente no tempo de entrega, engajamento dos colaboradores e na qualidade de
serviço.
No próximo capítulo, será apresentado o estudo de caso sobre a implementação do SPEED na
empresa francesa Air France e o processo de customização requerido para que os objetivos
iniciais da companhia fossem atingidos.
46
5 ESTUDO DE CASO
Após a compreensão da cadeia logística e das funções de um WMS, este capítulo se destina a
apresentar os resultados do trabalho de uma das autoras deste projeto ao longo do seu período
de estágio nas Indústrias Air France, de abril a setembro de 2016. Este estudo de caso
representa a etapa seguinte após uma empresa adquirir um WMS: implantá-lo e customizá-lo e
corrigir eventuais problemas observados com a utilização do novo software.
Ao longo deste capítulo serão apresentados os seguintes aspectos: introdução que situa o leitor
delimitando a empresa onde o estudo foi realizado e a equipe envolvida, contexto do estudo de
caso, análise funcional da situação observada, soluções propostas e um balanço final
apresentando algumas das principais questões observadas ao longo do estudo e reflexões sobre
sua execução. Esta ordem em muito se assemelha a da sequência cronológica observada ao
longo da realização do trabalho.
Durante a seção de contexto do estudo, são apresentados os objetivos previstos pela equipe
juntamente com os desafios que eles enfrentavam. São apresentados também as soluções postas
em prática pela empresa para fazer face aos desafios enfrentados e suas limitações, que levaram
à necessidade de se realizar o estudo.
Ao longo da seção de análise funcional, são estudados os principais elementos e processos
observados nos armazéns que fizeram parte da realização do projeto. Apresentam-se as
características dos artigos, sobretudo aquelas relacionadas às operações dos armazéns e como
elas foram modeladas no sistema de gestão de estoques. Em seguida, o foco principal é no
armazém, suas subdivisões em zonas, subzonas até os endereços.
O próximo ponto diz respeito à análise dos principais processos realizados, isto é, a chegada dos
artigos no armazém, a atribuição de um endereço para que ele possa ser estocado corretamente e
a recuperação de um artigo quando é necessário retirá-lo do depósito e enviá-lo ao local onde
este será utilizado. Em resumo, pode-se dizer que é através da análise funcional que se parte das
limitações explicitadas no último item da seção de contexto do estudo de caso para a descrição
das soluções obtidas na seção seguinte, conforme ilustrado pelo diagrama representado na Figura
12.
Na seção de soluções propostas, inicialmente explicam-se as novas soluções desenvolvidas ao
longo do estudo para cada um dos desafios elencados inicialmente e é apresentado como foi o
processo de implementação destas soluções enquanto ainda se tinha contato com a empresa e a
47
equipe, visto que após o fim do estudo de caso deixou-se de receber atualizações sobre o
projeto.
Figura 12: Diagrama de organização do estudo de caso
Fonte: Elaboração própria
5.1 Introdução ao Estudo de Caso
Esta seção se destina a apresentar ao leitor ao ambiente onde foi conduzido o estudo,
apresentando a empresa estudada, o departamento onde o estudo foi realizado, a equipe
envolvida e o planejamento que guiou a realização do presente trabalho.
5.1.1 A Empresa Estudada
O grupo Air France-KLM é uma aliança franco-holandesa resultado da fusão entre a Air France
e a KLM, cujas logomarcas estão representadas na Figura 13, incluindo também companhias
aéreas filiais como a Transavia, HOP!, KLM CityHopper e Servair, entre outras. De acordo
Introdução
• Objetivos
• Desafios Enfrentados
• Solução Atual
• Limitações da Solução Atual
Contexto do Estudo
• Elementos
• Artigos
• Armazéns
• Processos
• Chegada de um Artigo
• Atribuição de um Endereço a um Artigo
• Recuperação de um Artigo
Análise funcional
• Descrição das Soluções
• Implementação das Soluções
Soluções Propostas
Balanço Final
48
com o site da empresa (Companhia Air France, 2018), foram transportados mais de 98 milhões
de passageiros em 2017.
Figura 13 – Logomarca das companhias aéreas citadas.
Fonte: Website Air France KLM. Disponível em: https://www.airfranceklm.com/en
Criada em 1933, a Air France é a principal companhia aérea francesa, cuja plataforma de
correspondência principal está situada no aeroporto de Paris Charles de Gaulle.
O grupo realiza diversas atividades, das quais as principais são:
• Transporte aéreo de passageiros;
• Transporte de cargas e frete;
• Manutenção técnica de aviões.
Neste contexto, as Indústrias Air France e KLM Engenharia e Manutenção (Air France
Industries KLM Engineering and Maintenance - AFI KLM E&M) se responsabilizam pelas
atividades de manutenção do grupo, desde a manutenção dos aviões das frotas da Air France e
da KLM Royal Dutch Airlines até também as frotas de empresas clientes, o que inclui a
segurança aérea, gestão da exploração de equipamentos e controle de custos. A atividade de
manutenção aeronáutica opera sobre três segmentos principais: manutenção de aviões, de
reatores e suporte de equipamentos.
No mercado de manutenção aeronáutica ou MRO (Maintenance, Repair & Overhaul), as
Indústrias Air France ocupam o segundo lugar mundial entre os atores multiprodutos. De
acordo com os objetivos fixados pela empresa em seu plano quinquenal Transform 2015, a AFI
implantou medidas para reforçar sua competitividade e reduzir custos unitários de manutenção.
Como parte do plano Perform 2020, seu objetivo é de garantir a posição de líder do mercado de
manutenção, obtido graças aos imperativos de competitividades fixados pelo grupo e à rígida
disciplina financeira implementada.
Os principais locais de manutenção das Indústrias Air France na França são:
49
• Paris-Charles de Gaulle: pequena manutenção de toda a frota, representado pela Figura
14;
Figura 14 – Avião sofrendo operações de manutenção no armazém CDGM380
Fonte: Website AFI KLM E&M Facilities. Disponível em:
http://www.afiklmem.com/AFIKLMEM/en/g_page_standard/AboutAFIKLMEM/Facilities.html
• Orly: grande manutenção de aviões de grande capacidade (jumbo), pequena manutenção
de toda a frota;
• Toulouse Blagnac: grande manutenção de aviões de pequeno porte;
• Le Bourget et Villeneuve-le-Roi: manutenção de componentes, conforme representado na
Figura 15.
Figura 15 – Operações de Manutenção no armazém VLRML52
Fonte: Website AFI KLM E&M Facilities. Disponível em:
http://www.afiklmem.com/AFIKLMEM/en/g_page_standard/AboutAFIKLMEM/Facilities.html
50
5.1.2 Departamento de Métodos e Projetos Logísticos
Dentro das Indústrias Air France, este estudo foi realizado no setor de Métodos e Projetos
Logísticos, que se encontra sob direção da Direção Industrial Geral, sendo esta responsável pela
estratégia industrial do grupo, pela gestão das relações com os fornecedores e clientes e pelo
gerenciamento dos estabelecimentos, conforme representado pela figura abaixo.
Figura 16 – Organograma do Setor de operações logísticas
Fonte: Intranet da Air France Industries. Disponível em:
https://habile.airfrance.fr/
51
Assim, o Departamento de Operações Logísticos gere os fluxos físicos e os dados para
disponibilizar os recursos necessários para atender às necessidades da Direção Industrial Geral.
Esta missão inclui a gestão do supply chain por um sistema de informação e se constitui das
seguintes responsabilidades: a gestão do ERP da empresa, incluindo tanto sua manutenção
quanto sua utilização; a mobilização, organização e disponibilização de um grande número de
dados e do fluxo de informações; e a implantação de aplicações e softwares que satisfaçam as
necessidades do departamento de logística.
Este estudo de caso, que se encontra na interseção entre o domínio dos sistemas de informação
e da logística, toca as três responsabilidades citadas acima. No que concerne a gestão do ERP,
foi necessário implementar aplicações que fizessem a manutenção, atualização e parametragem
do software. Este objetivo implica não somente na criação de uma base de dados, mas também
no desenvolvimento de referenciais para o software a fim de permitir a customização do sistema
de informação de acordo com as necessidades do setor de logística.
Durante as primeiras semanas do estudo, foram realizadas diversas visitas ao armazém a fim de
observar seu funcionamento e a utilização o WMS empregado. Isto possibilitou a compreensão
dos desejos do responsável pelo armazém, dos técnicos, dos auxiliares de depósito e da equipe
de desenvolvimento de informática.
Em seguida, foram agendadas reuniões com os responsáveis pela criação dos algoritmos
anteriores para compreender o que já havia sido implantado. Essas reuniões tinham como
objetivo maximizar o aproveitamento da modelagem já criada, isto é, aproveitar ao máximo o
que funcionava bem e evitar a repetição de erros do passado.
Uma vez coletadas as necessidades e expectativas de todos os envolvidos, a etapa seguinte foi o
estudo da base de dados em seu estado atual e a determinação do que poderia ser reutilizado
para o novo projeto. É necessário ressaltar que, apesar da análise da aplicação, a nova base de
dados foi reescrita inteiramente do zero.
Foi importante ter contato com os utilizadores diretos do estoque desde o início do trabalho para
garantir que a modelagem informática refletisse inteiramente a realidade.
Desde o início do projeto, estabeleceu-se reuniões semanais ou quinzenais com a presença
concomitante dos responsáveis pelas principais partes envolvidas. Essas reuniões tinham como
objetivo: garantir que todos estavam de acordo com a metodologia utilizada (incluindo o
planejamento, prazos e entregáveis); permitir uma melhor partilha de conhecimentos de cada
52
setor; tomar as decisões estratégicas envolvendo o projeto em sua totalidade com rapidez; e
identificar os erros antes que o projeto desviasse significativamente do esperado.
5.1.3 A equipe envolvida no projeto
As pessoas mais envolvidas no projeto foram:
• Logístico: O gerente do projeto. Ele auxiliou principalmente na pilotagem do projeto, nos
aspectos de interface e no contato com outros departamentos envolvidos. Ele foi a
segunda pessoa a desenvolver os algoritmos antes do início do projeto para reescrevê-los
definitivamente.
• Responsável pelo armazém CDGM380: Responsável pela implementação do WMS no
armazém, ele fez parte do desenvolvimento e da parametrização inicial. Ele auxiliou
principalmente no que concerne funcionalidades, isto é, identificar as necessidades dos
usuários, os problemas encontrados da utilização do software e na validação de
resultados.
• Engenheiro de Computação da DGI: Aquele que seria o responsável por manter a base
atualizada após o fim do estudo de caso. Ele auxiliou no que concerne a programação da
aplicação.
• Engenheiro de Computação da TI: Como programador, auxiliou a utilizar outros
softwares e linguagens (Java, MySQL) e na otimização da performance.
53
Figura 17: Equipe envolvida no projeto
Fonte: Intranet da Air France Industries. Disponível em:
https://habile.airfrance.fr/
5.1.4 Principais Etapas do Projeto
O projeto pode ser separado em etapas não necessariamente sequenciais, pois diversas tarefas
pertencentes às distintas etapas poderiam ser conduzidas em paralelo em função do avanço do
trabalho e das necessidades do armazém.
A. Pilotagem
a. Determinar os objetivos do projeto;
b. Definir as ações a serem realizadas;
c. Definir os entregáveis e prazos;
d. Definir um planejamento;
B. Aspecto funcional
a. Análise das necessidades dos usuários;
b. Definição das especificações;
C. Aspecto técnico
54
a. Programação do código da aplicação;
b. Validação de resultados;
D. Migração de dados
a. Definição dos dados de entrada e de saída;
b. Escolha do software para fazer a migração de dados;
c. Escritura do código para fazer a transferência dos dados de modo automático e
regular;
d. Formatação dos dados de entrada e de saída;
E. Implantação da nova solução
a. Implantação no modo “Receita”;
b. Realização de testes;
c. Implantação em Produção;
F. Gestão da Mudança
a. Preparar os usuários;
b. Estabelecer boas práticas.
As etapas definidas anteriormente foram traduzidas nas ações representadas no quadro a seguir:
Atividade Principal Mês Entregável
Análise das necessidades Abril Diagrama BPMN representando a situação ideal
Proposição/ Escolha de soluções Maio Validação das estratégias definidas para atingir os
objetivos fixados
Desenvolvimento do Código
Junho Base de dados capaz de gerar automaticamente os
documentos de saída necessários Julho
Testes/ Validação de resultados Agosto Correção dos erros
Implantação em Receita Setembro Otimização da performance
Figura 18: Cronograma das atividades
Fonte: Elaboração própria
55
5.2 Contexto do Estudo
Uma vez que o leitor já se encontra informado sobre o local de realização do estudo, a equipe
envolvida e sobre a condução do mesmo, esta seção destina-se a apresentar a motivação do
estudo.
5.2.1 Objetivos do Estudo
A Direção Geral Industrial (DGI) é encarregada da manutenção de aviões não somente da Air
France mas também da frota das empresas clientes. A fim de poder realizar esta missão, é
preciso estocar muitas peças sobressalentes para atender aos diversos locais de manutenção.
Cada local de manutenção e armazém apresenta suas próprias particularidades: o volume das
peças tratadas, os tipos de atividades realizadas, os tipos de peças estocadas etc. Este estudo
teve como foco as atividades executadas no Centro Logístico de Roissy, na localidade de Paris-
Charles de Gaulle, principalmente no armazém CDGM380.
Para modernizar a gestão de diferentes armazéns, o grupo implanta progressivamente o WMS já
apresentado no capítulo de pesquisa de mercado, SPEED, fornecido pela empresa BK
Systèmes. Neste contexto, a missão deste estudo foi o desenvolvimento de uma aplicação em
formato Access para realizar a parametrização automática e regular deste software de gestão de
estoques.
O SPEED sugere a melhor localização disponível no estoque para armazenar uma peça quando
esta chega no armazém. Para poder fazer esta alocação, o software requer um referencial, isto é,
uma lista chamada de algoritmo de alocação que faz o inventário de todas as localizações nas
quais é possível estocar a peça e as ordena seguindo uma ordem de preferência para guiar a
escolha dentre todas as possibilidades. Desta maneira, o software retorna ao usuário a melhor
localização disponível classificada na lista.
A parametrização dos referencias é feita por uma aplicação Access chamada Picasso, cujas
principais funções são:
• Estocar as informações dos artigos;
• Estocar as informações dos armazéns;
• Adicionar, modificar e atualizar estas informações;
• Gerar e atualizar os algoritmos de alocação;
56
• Alimentar o WMS seguindo um procedimento padronizado através de documentos com
uma formatação específica para atualizar todas estas informações.
O objetivo deste estudo foi a recriação desta base de dados em Access para que a operação de
inserção e modificação de dados no software seja automatizada, permitindo que sua atualização
se faça regularmente para que os referenciais estejam sempre coerentes com a realidade. Os
resultados esperados ao fim do estudo eram os seguintes:
• Redefinir a lógica de atribuição de endereços nos algoritmos (corrigir os erros encontrados
e melhorar o procedimento);
• Estender a criação de algoritmos também para artigos que satisfaçam as condições
definidas pelos usuários;
• Automatizar a criação e atualização dos algoritmos;
• Automatizar a inserção e modificação massiva de dados no SPEED.
A análise dos resultados obtidos será apresentada ao fim do estudo de caso.
5.2.2 Desafios enfrentados pela empresa
Atualmente, todos os armazéns e locais de manutenção da AFI são geridos pelo sistema ASTRE
(Compras Estoque Rastreabilidade Equipamentos - Achat Stock Traçabilité Equipements), o
ERP central da empresa. Este sistema contém os dados de todos os artigos e endereços de todos
os armazéns da Air France. Além disso, alguns são geridos simultaneamente pelo SPEED e
pelo ASTRE.
Quando a gestão do estoque de um armazém se faz exclusivamente pelo ASTRE, ele atribui a
cada endereço um artigo único, de modo que haja somente um tipo de peça dentro de cada
localização (a quantidade de arquivos pode ser maior que 1), e que todas as peças de um mesmo
tipo sejam sempre alocadas dentro deste endereço quando chegam no armazém.
Este tipo de gestão de endereços do armazém, onde um endereço contém sempre o mesmo tipo
de peça e todas as peças tenham um recipiente fixo que lhes é atribuído quando chegam pela
primeira vez no armazém é chamado de Gestão Estática ou Gestão Fixa dos Endereços de
acordo com a empresa Microchannel (MicroChannel Services Blog, 2018).
57
Figura 19: Comparação entre a Gestão Estática e a Dinâmica
Fonte: Elaboração própria
O problema deste tipo de gestão é que quando todas as peças de um mesmo tipo são retiradas
do estoque, o endereço que lhe é reservado permanece vazio até que um novo lote seja recebido.
Com a grande variedade de peças observadas dentro do contexto de manutenção aeronáutica de
uma frota muito diversificada, havia uma grande quantidade de endereços que ficavam vazios
ao passo que novas peças chegavam no armazém e não podiam ser estocadas, já que não havia
mais endereço livre (não atribuído) para poder recebê-las.
A solução proposta para este problema foi de passar à Gestão Dinâmica: quando um endereço
ficasse vazio, ele estaria elegível a receber um outro tipo de peça. Na gestão dinâmica, as
localizações dos produtos dentro do armazém podem mudar. Algumas das razões pelas quais
isto pode ocorrer são, por exemplo, para acomodar a variabilidade nas taxas de rotatividade ou
para acomodar os produtos de maior movimentação para um determinado período mais
próximos das áreas de recepção e expedição (MicroChannel Services Blog, 2018). Para poder
implantar este novo modo de gestão dos armazéns, a AFI escolheu o WMS SPEED (Sistema de
Pilotagem dos Depósitos e da Distribuição - Système de Pilotage des Entrepôts et de la
Distribution).
Entre as vantagens que levaram à escolha do software SPEED, pode-se citar a funcionalidade
de slotting dinâmico, isto é, a consideração de um endereço vazio como elegível para estocar
uma peça que chega no armazém e a otimização da taxa de ocupação. Isto possibilita a
minimização do volume total ocupado e o posicionamento da peça em função da sua frequência
de chegada e de saída, isto é, sua movimentação dentro do armazém, além da data de validade,
se esta for aplicável. Portanto, a principal causa para o upgrade de software foi de obter uma
funcionalidade considerada crucial.
58
Entretanto, foram observadas algumas desvantagens em relação ao software anterior, como por
exemplo o fato de SPEED não ter sido desenvolvido para levar em conta toda a variedade de
peças utilizadas pela AFI, suas dimensões e características particulares. Sua parametrização
inicial não levava em conta mais do que 5 ou 6 tipos de pallets com dimensões distintas.
Tornar-se-ia necessário então parametrizá-lo.
Outra desvantagem se deve ao fato de que, assim como toda migração de software, a
transformação iria requerer o novo treinamento dos usuários, a transferência de dados e um
período de adaptação ao novo funcionamento.
Após todas as considerações, o SPEED foi considerado majoritariamente vantajoso e sua
implantação foi iniciada. As principais etapas de implementação do novo software foram as
seguintes:
1. Fazer o inventário de todos os endereços do armazém. As informações necessárias foram:
1.1. A identificação do endereço (chamada de Faibash);
1.2. Suas dimensões (largura, profundidade e altura);
1.3. A localização do endereço dentro do armazém (em que zona ele se encontra);
1.4. As restrições do endereço, se houver.
2. Fazer o inventário dos artigos que são estocados. As informações necessárias são:
2.1. A identificação da peça (chamada de SKU – Stock Keeping Unit ou Unidade de
Manutenção de Estoque ou CCN);
2.2. Suas dimensões (largura, profundidade e altura);
2.3. Seu volume;
2.4. Suas restrições, se houver.
3. Fazer a parametrização customizada do SPEED: fornecer ao software os algoritmos de
estocagem para lhe indicar em quais desses endereços ele pode procurar disponibilidade e
qual escolher.
4. Inserir ou atualizar todas essas informações seguindo um procedimento padronizado pré-
determinado e utilizando documentos com uma formatação e uma estrutura específicos.
Como o WMS adquirido pela empresa não é capaz de gerar ele mesmo os algoritmos de
alocação para a variedade de peças existente, é preciso fazer sua parametrização de forma
59
independente e alimentá-lo de referenciais que lhe indiquem, para cada peça, quais localizações
podem acolhê-la e qual a ordem de preferência a seguir na ocasião de pesquisa de endereços
vazios.
A base de dados que é responsável por fabricar os referenciais no momento do estudo tinha
atingido um nível de complexidade em que não era mais prático fazê-la evoluir. Foi preciso
então criar uma nova, que fosse escalonável e pudesse se adaptar em função das necessidades
dos usuários conforme a implantação do WMS avançasse.
5.2.3 Solução Atual
Esta seção explica como os algoritmos foram fabricados para os primeiros armazéns onde o
SPEED foi implantado.
Para reduzir a quantidade de algoritmos a introduzir no sistema e, consequentemente, facilitar o
trabalho de parametrização, as peças foram agrupadas em grupos de estocagem. Estes grupos
reúnem peças similares em termos de dimensões, restrições particulares em termos de
condições de estocagem e nível de rastreamento. Assim, em vez de fornecer algoritmos para
cada uma das 200 mil peças, foi necessário fazê-lo apenas para 825 grupos de estocagem.
Uma outra técnica usada para facilitar o trabalho na ocasião da criação dos grupos de estocagem
foi de utilizar as mesmas dimensões dos recipientes, em cm, para agrupar as peças. Desta
maneira, é fácil saber por exemplo que os componentes de dimensões 14x08x05 podem receber
os grupos de dimensões 08x08x03, 08x08x05 e 14x08x05 mas não os grupos de 14x12x15 em
diante.
O esquema abaixo exemplifica a utilização dos grupos de estocagem no que concerne as
dimensões dos artigos e dos endereços. Um endereço de dimensões AxBxC pode conter grupos
menores ou do mesmo tamanho, do mesmo modo como um grupo contém peças menores ou do
mesmo tamanho.
60
Por outro lado, um grupo de estocagem não é determinado somente em função de suas
dimensões. As peças devem ser separadas também em função de suas restrições de estocagem e
do seu nível de rastreamento.
Figura 21: Representação dos componentes de um grupo de Estocagem,
Fonte: Elaboração própria
As restrições indicam que uma peça deve ser estocada de forma específica, por exemplo, a peça
pode demandar um ambiente controlado, seja em termos de temperatura, umidade, ou pode ser
utilizada muito frequentemente e por isso deve ser enviada diretamente à zona de utilização no
guichet. Para cada restrição utilizada, existe um local correspondente no armazém.
Os níveis de rastreamento levam em conta diversos fatores como a possibilidade de reparar uma
peça, seu preço, frequência de chegada de novos lotes e quantidade por comanda para
determinar a que tipo de acompanhamento a peça deve ser submetida.
Artigos Grupos de Estocagem Endereços
Figura 20: Representação dos Artigos, Grupos de Estocagem e Endereços
Fonte: Elaboração própria
61
Evidentemente, para poder fazer a atribuição de um endereço a um grupo de estocagem, foi
necessário separar também as diversas localizações dos armazéns em termos de restrições e
níveis de rastreamento. Assim, cada armazém foi dividido (na parametrização virtual) em
diversos componentes listados abaixo:
• ZONE : Indica uma parte física do armazém destinada à estocagem de peças e definida em
função de suas características.
• WORKZONE : Indica uma parte física do armazém definida em função de suas
características, mas inclui ao mesmo tempo zonas de estocagem e zonas de trabalho.
Corresponde, na maioria das vezes, às zonas de estocagem.
• SUBZONE_1 : Indica dimensões do recipiente (muitas vezes uma bandeja em um
armário, por exemplo).
• SUBZONE_2 : Indica informações da restrição e do nível de rastreamento do endereço.
Atualmente todos os endereços do CDGM380 são na categoria X de nível de rastreamento,
o que corresponde a todos os níveis de rastreamento .
Figura 22: Ilustração das zonas que compões os estoques
Fonte: Elaboração própria
Enfim, os algoritmos compreendem fundamentalmente as combinações de zonas e subzonas
cujas dimensões e restrições correspondem àquelas de um grupo de estocagem.
5.2.4 Limitações da solução atual
Com a implantação de SPEED nos primeiros armazéns, os usuários encontraram limitações
relacionadas ao seu uso. Como a base de dados atingiu um nível de complexidade em que não
era mais possível fazê-la evoluir, as modificações necessárias para corrigir os problemas não
62
foram efetuadas. Os principais problemas e oportunidades de melhoria mapeados com os
usuários estão descritos abaixo:
O sistema sugere endereços onde os artigos não cabem.
Atualmente, o sistema propõe para um artigo todos os endereços cujo volume é menor
que o seu. A comparação feita unicamente por volume é incompleta porque uma peça
pode ter um volume menor que um endereço e mesmo assim não caber nele pois uma de
suas dimensões é maior que a do endereço.
Evolução das necessidades em termos de restrições.
Existem restrições que foram definidas, mas não correspondem às verdadeiras
necessidades dos usuários. Por exemplo, todos os artigos que apresentam a palavra “luz”
na sua descrição são considerados como artigos de restrição Néon que não podem ser
colocados em endereços destinados a armazenar tubos. Por outro lado, essa atribuição não
está correta, pois existem diversas pequenas lâmpadas que pertencem à restrição Néon e
que não podem ser colocadas em tubos, porque como são muito pequenas, se quebram se
introduzidas em um tubo vertical e não podem ser retiradas depois sem o descolamento do
tubo do chão.
Separação das restrições em função dos armazéns.
Existem restrições que só se aplicam a alguns armazéns e não a outros. Por exemplo, um
armazém pode não ter uma zona dedicada à estocagem de artigos como papéis de parede,
enquanto que outro pode possuir essa área. É preciso que para o armazém que tenha uma
restrição neste sentido, a peça seja direcionada para a zona específica, mas que para os
armazéns que não tenham a zona correspondente, a peça seja enviada para uma zona de
armazenamento sem restrição.
Leva em conta não somente as dimensões máximas dos recipientes, mas também as
dimensões mínimas.
No caso de tubos é preciso que as peças tenham larguras e profundidades menores que o
diâmetro do tubo, mas com alturas maiores para que possam ser retiradas.
Limitação da quantidade de endereços por peça ou grupo de estocagem.
Quando o software verifica que uma linha do algoritmo já está ocupada, ele tenta colocá-
la na linha seguinte. O problema está no fato de que quando o armazém está muito cheio,
63
o software acaba por enviar as peças para recipientes extremamente maiores que o
necessário. Deste modo, os endereços de grande volume (que não são muito numerosos
em um armazém pela limitação de espaço) se tornam ocupados e não podem receber as
peças de grande volume quando são recebidas. Nesse caso, é preciso que a busca seja
interrompida por disponibilidades e que o técnico seja o responsável por encontrar uma
localização para a peça antes de utilizar um recipiente reservado aos grandes volumes.
É preciso que os algoritmos incluam exaustivamente todos os endereços antes de
encarregar o técnico responsável de encontrar uma localização.
Atualmente, para limitar a quantidade de linhas sugeridas por grupo de estocagem e,
portanto, não sobrecarregar o WMS em termos de memória e assegurar uma boa
performance dos tempos de resposta, os algoritmos saltam algumas linhas, isto é, se um
artigo pode ser colocado nos endereços A, B e C (classificados por volume crescente), o
programa somente tenta colocá-lo nos endereços A e C, desconsiderando a linha B.
Nem a gestão completamente fixa nem a completamente dinâmica satisfazem as
necessidades dos usuários.
É necessário que certas peças continuem a ter um endereço fixo atribuído ao mesmo
tempo em que outras sejam colocadas nos melhores recipientes disponíveis. A base de
dados deve ser capaz, portanto, de diferenciar peças e endereços que são geridos de modo
fixo daquelas para as quais são requeridas a criação de algoritmos dinâmicos.
Criar algoritmos dinâmicos também por peça, e não somente por grupos de
estocagem.
Atualmente os algoritmos são definidos ou de modo fixo por SKU ou de modo dinâmico
por grupo de estocagem. É necessário criar algoritmos dinâmicos diretamente para as
peças. Foi observado que os grupos de estocagem apresentam bons resultados quando as
peças não têm restrições ou quando são bem pequenas. Para as peças que requerem
condições mais restritivas ou de dimensões consideráveis, não havia muitos grupos de
estocagem disponíveis e eles acabavam por agrupar peças que variavam muito em termos
de tamanho.
Adicionar novos armazéns no sistema e gerar algoritmos para eles automaticamente.
Para a implantação de SPEED em outros armazéns que ainda são geridos completamente
pelo ASTRE, é preciso automatizar as etapas de adição, atualização e criação de novos
64
algoritmos de maneira prática e passível de manutenção. Esta limitação se relaciona com
a ausência da funcionalidade de gerenciamento de pátio do SPEED, que no momento da
escolha do software não foi considerada como uma das essenciais.
Evolução do processo de alocação das peças.
Alguns critérios levados em conta atualmente para a criação de algoritmos devem ser
suprimidos ao passo que outros devem ser criados. Por exemplo a limitação de endereços
sugeridos por quantidade máxima não foi considerada adequada pelos usuários finais e
deve ser substituída por uma limitação por volume.
É preciso que a aplicação seja adaptável à evolução do funcionamento dos armazéns.
A aplicação deve ser passível de manutenção em todo o tempo, isto é, é preciso que a
modificação de parâmetros e de etapas de seu funcionamento seja fácil e prática. Como
consequência, a base deve ser intuitiva e de fácil compreensão.
5.3 Análise Funcional
Conforme o plano de ação determinado para guiar as atividades do estudo de caso, a primeira
etapa do trabalho constituiu-se da realização de uma análise funcional. Esta etapa buscou
entender os dois principais elementos envolvidos nos processos, ou seja, as entidades cobertas
pelo sistema, sendo estes os artigos e os armazéns, além dos três principais processos realizados
para a armazenagem: a chegada das peças, sua estocagem e posterior recuperação.
O objetivo desta análise é caracterizar e compreender as funções que a aplicação em Access,
que consiste primordialmente de uma base de dados, mas que também deve ser capaz de gerar
tabelas para atualizar o WMS, deveria oferecer de modo a satisfazer as necessidades dos
usuários do armazém.
Como o desenvolvimento desta aplicação consiste de um projeto de “reconcepção” e otimização
da base de dados existente, os seguintes aspectos foram considerados pontos chaves:
• Aproveitar ao máximo as estruturas definidas durante a criação da primeira base de dados, de
modo a minimizar o tempo de retrabalho.
• Não repetir os mesmos erros do projeto anterior por confundir a verdadeira necessidade dos
usuários do WMS com o que estão habituados a trabalhar.
65
O objeto principal da análise foram os armazéns de Paris-Charles de Gaulle, mas alguns
aspectos particulares dos armazéns de Orly também foram levados em conta. Estes armazéns,
localizados em diferentes locais, tendo cada um suas atividades específicas e tipos de peças
tratadas, representaram uma amostra do conjunto dos armazéns para os quais SPEED seria
implementado futuramente.
A análise funcional teve que definir uma estrutura comum para satisfazer ao máximo do que os
armazéns apresentavam como semelhanças e tratar necessidades particulares através de
parâmetros customizados que deveriam ser definidos no momento da inserção dos armazéns na
base de dados.
As atividades realizadas nos locais estudados correspondem fundamentalmente a três momentos
de tratamento das peças:
• Entrada: Controle qualitativo e quantitativo das peças e atualização das quantidades em
estoque.
• Estocagem: Alocação das peças em uma zona e um endereço apropriados.
• Saída: Preparação e retirada das peças, atualização das quantidades em estoque.
Como explicado anteriormente, em vista da falta de disponibilidade de espaço nos armazéns,
era necessário instaurar um sistema de gestão que estendesse a gestão dinâmica para a maioria
das peças.
Uma vez decidido o tipo de gestão do estoque, é necessário escolher os endereços para os
artigos. Como estes endereços variam, precisa-se determinar não somente um resultado para
cada artigo, mas uma lista com diversas sugestões a fim de que, com a chegada da peça, ao
menos um deles esteja vazio e possa acolher o artigo.
A atribuição de um endereço a uma peça se faz em função das características da mesma e de
suas necessidades. Diversos critérios são levados em conta, como por exemplo, as dimensões,
volume, possibilidade de empilhá-las, limites de umidade, calor, luminosidade, possibilidade de
liberação de odores etc..
5.3.1 Artigos
Os armazéns estudados têm como função principal a de estocar sobressalentes aeronáuticos.
Quando um avião apresenta uma pane porque uma de suas peças está defeituosa, o armazém é
66
acionado para enviá-lo uma peça de substituição, recuperar a peça com defeito e, se possível,
repará-la.
A primeira distinção encontrada entre as peças, portanto, é entre as ditas “utilizáveis” e “não-
utilizáveis”, sendo as primeiras àquelas em condições de serem usadas e as segundas as que
necessitam passar por um processo de reparação.
Por motivos de legislações específicas no setor aeronáutico, a fim de evitar o envio de uma peça
defeituosa ao invés de uma peça utilizável para um avião, as peças utilizáveis e não-utilizáveis
não podem ser estocadas no mesmo local e em hipótese nenhuma podem ser misturadas. Isto
requer um acompanhamento diferenciado das peças no que concerne à suas condições de
utilização: se elas estão em condições de uso, se elas sofreram processos de reparação, se os
testes e verificações de condições de utilização foram validados, qual a validade dos testes, etc.
Para implementar este controle, as peças são separadas em quatro níveis de rastreamentos que
indicam o tipo de acompanhamento que recebem:
• Rotativo:
o Taxa de desperdício muito baixa ou insignificante.
o Valor financeiro significativo.
• Reparável:
o Taxa de refugo média, não negligenciável.
o Valor financeiro significativo.
• Descartável:
o Taxa de refugo de 100% (são utilizadas somente uma vez e descartadas).
o Valor financeiro não significativo.
• Recuperável:
o Reparável, porém com alta taxa de rejeição.
o O reparo pode assumir função de teste também.
O nível de rastreamento de uma peça influencia em suas condições de estocagem. As peças
descartáveis requerem um controle menos rígido, enquanto que as peças reparáveis devem
apresentar um histórico das reparações que sofreram.
67
Desta maneira, existem armazéns que apresentam setores específicos para as peças de acordo
com o nível de rastreamento, mas este não é o caso para os armazéns onde o SPEED estava
sendo implementado. Para os casos analisados, todos os endereços comportam todos os níveis
de rastreamento.
Para fins de clarificação, o termo “artigo” se refere a um tipo de peça, por exemplo, uma
válvula de ventilação de identificador 0322171. Este número é chamado de CCN ou SKU e
corresponde a todas as válvulas de ventilação deste tipo.
Por outro lado, cada unidade destas válvulas apresenta também um número de identificação
individual (chamado de “part number”) que representa uma única peça deste grupo de válvulas.
5.3.2 Armazém
O elemento seguinte a ser analisado é o armazém. Este pode ser representado como um espaço
de estocagem onde os artigos são guardados e geridos seguindo uma ordem pré-definida a fim
de manter uma quantidade suficiente de artigos disponíveis para uso. Para poder localizar um
endereço ou uma peça no armazém, todas as localizações possuem uma identificação única,
chamada “Faibash”, ou simplesmente endereço. Esta identificação contém todos os dados
necessários para poder acionar uma localização e encontrar sua posição no armazém (corredor,
estante, recipiente, etc). Por exemplo, o Faibash D01E102 do armazém CDGM380 indica o
corredor D, la baia 0, le nível 1E1 e a posição 02.
As pessoas que realizam as tarefas ligadas ao funcionamento dos armazéns se responsabilizam
pelos fluxos físicos (transporte) dos artigos, pela recepção de comandas, pelo seu controle e por
colocar os artigos nos seus endereços de estocagem.
Enquanto entidade física servindo a um propósito real, o armazém necessita fundamentalmente
dos seguintes componentes:
• Um local destinado à estocagem, geralmente composto por corredores de circulação e de
localizações bem identificadas por etiquetas ou placas de sinalização, com o objetivo de
organizar essas localizações.
• Um local utilizado como escritório onde se encontram terminais informatizados com
computadores e documentos ligados às atividades do armazém.
68
• Um local onde as pessoas são recepcionadas e onde são realizados os controles de entrada,
representado na figura abaixo:
Figura 23: Fotografia da área de recepção do armazém CDGM380.
Fonte: Acervo pessoal dos autores
• Um local reservado para a preparação, expedição e entrega das peças de saída.
Conforme citado anteriormente, no quadro de parametragem de sistemas de informação, o
armazém foi separado em zonas e sub-zonas.
• Zona, Zona de trabalho: Na maioria dos casos, correspondem a um recorte da zona de
estocagem do armazém (um setor).
• Subzona 1, subzona 2: As subzonas não correspondem a setores físicos reais do armazém. A
primeira indica as dimensões dos recipientes enquanto que a segunda corresponde às
restrições e ao nível de rastreamento do endereço.
Entre as zonas existentes em ASTRE e no SPEED, existem os que realmente correspondem a
um local físico real existente no armazém e outros que foram adicionados para responder a um
requerimento da parametrização. Abaixo estão listadas algumas das principais zonas do
armazém estudado para ilustrar esta situação.
• Recepção: local de chegada das peças, esta zona é utilizada exclusivamente como zona de
trabalho e não de estocagem. A Figura 24 representa a localização de uma área de
recebimento em um estoque.
69
Figura 24: Representação das principais áreas de um armazém
Fonte: Website SCM Concept. Disponível em:
http://www.scmconcept.com.br/site/wms-vantagens-e-riscos-na-implementacao/
• Zona R: zona de prateleiras, corresponde a uma série de estantes com recipientes (caixas) de
diversos tamanhos.
• M380: corresponde a um armário fechado com chave, contendo pequenas peças.
• Urgente: zona onde são colocadas, temporariamente, as peças que necessitam ser tratadas
rapidamente.
• GV: local específico para peças de grande volume.
• Frigo: corresponde a um refrigerador onde são colocados artigos sensíveis à temperatura,
principalmente pilhas e baterias.
• Zona D: zona dormente, onde são agrupadas as peças que são movimentadas com menor
frequência.
• Não-Aero: onde são estocados os artigos de natureza não-aeronáutica.
70
• Stockeur: corresponde a um dispositivo robotizado composto de diversas prateleiras
sobrepostas a uma grande altura, onde as entradas, saídas e inventários de diversos pallets e
embalagens se fazem automaticamente.
• ZAD: “zona a determinar”. Não corresponde a um local físico existente do armazém. Esta
zona foi registrada com as dimensões máximas permitidas pelo WMS para que o SPEED
dirija até ela os artigos que não estão ainda registrados no sistema, casos excepcionais ou
quando não há mais disponibilidade no armazém.
• SANSDIM: similar ao que ocorre com a ZAD, SPEED envia para a zona SANSDIM os
artigos que não tem dimensões registradas para que o técnico do armazém possa medi-los e
atualizar as peças no sistema.
5.3.3 Chegada das Peças no Armazém
Quando uma comanda chega no armazém, o funcionário responsável insere seu número de
identificação no sistema. Se for a primeira vez que a peça é recepcionada em um armazém de
SPEED, ela não terá suas dimensões registradas. Neste caso, ela deve ser enviada à zona
SANSDIM para que o técnico possa medi-la e atualizar suas informações no software. Em
seguida, o sistema atribui automaticamente à peça um grupo de estocagem.
Se a peça já foi recebida alguma vez anteriormente, SPEED procede a procurar um local para
colocá-la no armazém. Para fazê-lo, ele percorre os algoritmos de acordo com a ordem de
prioridade estabelecida e escolhe a primeira ocorrência disponível.
Inicialmente, o software WMS verifica se existem algoritmos registrados para a peça. Em caso
negativo, ele passa para os algoritmos de grupo.
A última sugestão de todos os algoritmos é sempre a zona ZAD, de modo que, se não houver
nenhuma disponibilidade no armazém, o técnico se torna responsável por encontrar um lugar
para estocar a peça, seja mudando os artigos já estocados de lugar ou colocando mais de uma
peça no mesmo recipiente.
Desde a implementação de SPEED, a necessidade de encarregar o técnico responsável por
alocar os artigos em endereços, mudando manualmente as peças de lugar e atualizando estas
mudanças no sistema aumentou tanto que a situação se tornou insustentável, originando a
necessidade de redefinir os algoritmos.
71
5.3.4 Atribuição de um endereço a um artigo
Primeiramente, é preciso esclarecer que a série de verificações e comparações efetuadas para
determinar se um elemento pode ser estocado em um endereço é a mesma que este elemento
corresponda a um grupo de estocagem ou a um artigo. Por outro lado, existem diferenças na
seleção de grupos ou artigos que necessitam de algoritmos.
Durante a utilização do SPEED com algoritmos determinados exclusivamente para os grupos,
os usuários observaram que as proposições de localizações são melhores para os artigos
pequenos e sem restrições, em razão da grande quantidade de endereços disponíveis e de uma
boa adaptação aos grupos de estocagem.
Por outro lado, para os artigos com restrições ou de dimensões avantajadas, não há muitos
recipientes disponíveis para acolhê-los. Além da restrição natural de disponibilidade e de
espaço no armazém, insere-se uma adicional que corresponde à atribuição de um grupo de
estocagem. Há uma variedade maior de dimensões de grupos de estocagem para as peças
menores e sem restrições que para as outras. Isso faz com que uma peça grande, que já
apresenta dificuldades para encontrar uma localização, possa ser colocada em um grupo ainda
maior, tendo assim, ainda menos possibilidades de estocagem. A lógica é a mesma para as
restrições.
Por isso, decidiu-se por criar algoritmos dinâmicos para os artigos mais difíceis de estocar,
fornecendo a estrutura seguinte:
• Para os grupos de estocagem: Quando um armazém apresenta algoritmos por grupos de
estocagem, todos os grupos devem apresentar algoritmos. Quando não há algoritmo por
grupo em um armazém, é necessário ainda assim uma linha que envia as peças para a zona
SANSDIM para que o técnico possa medi-las.
• Para os artigos: é necessário criar algoritmos para os artigos mais restritivos, isto é, aqueles
que apresentam restrições de estocagem ou com dimensões muito grandes.
Uma vez definidos para quais elementos devem ser criados algoritmos de estocagem, é
necessário decidir quais endereços podem ser propostos. Existem zonas no armazém que não
correspondem às zonas de estocagem, ou porque são zonas exclusivamente de trabalho, ou
porque apresentam necessidades especiais (a zona de expedição acolhe peças a fim de prepará-
las para o envio externo e não para estocá-las). Ainda há zonas que são geridas pela gestão fixa
e, portanto, não fazem parte dos algoritmos.
72
Neste momento, já foram definidos os elementos a alocar e as localizações entre as quais
escolher. A próxima etapa consiste, portanto, em comparar as dimensões e restrições dos artigos
e grupos de estocagem com as dos endereços de modo a encontrar todas as localizações
possíveis.
Assim, as condições que um endereço deve satisfazer para poder conter uma peça são:
• No que concerne as dimensões:
o O artigo deve caber inteiramente dentro do recipiente, portanto as dimensões do
endereço devem ser maiores que as da peça.
o No caso de tubos, há não somente dimensões máximas, mas também dimensões
mínimas para que um artigo possa ser alocado no interior de um tubo.
• No que concerne às restrições:
o Se o armazém contém endereços correspondentes a uma restrição, as restrições do
artigo e do endereço devem ser as mesmas;
o Caso contrário, o artigo é colocado em um endereço sem restrição.
5.3.5 Recuperação de uma peça
Quando um avião demanda um sobressalente, os funcionários acessam o sistema e fazem uma
busca para encontrar todos os artigos deste tipo atualmente estocados no armazém. SPEED
envia para o usuário o endereço onde se encontram as peças com outras informações
complementares: a quantidade disponível, se existe uma data de validade para o artigo, qual
peça priorizar em função desta data, etc.
A atualização destas informações do estoque se faz automaticamente através de um leitor de
código de barras e da etiqueta presente sobre os artigos.
Com isto, o fluxo de atividades e de informações se encerra quando a peça é escaneada para ser
enviada para o ambiente externo.
5.4 Soluções Propostas
A aplicação objeto do estudo de caso apresenta três funcionalidades principais, ligadas tanto ao
trato e manipulação da base de dados quanto às funcionalidades necessárias ao sistema:
73
• Adicionar artigos ou atualizar suas informações;
• Adicionar endereços ou atualizar suas informações;
• Criar ou atualizar algoritmos de alocação.
Deste modo, durante a programação das funções da aplicação, foram criadas também três
funções principais para tratar separadamente os artigos, endereços e algoritmos. O resultado de
cada função é o conjunto de DTKs (Data Takeouts – arquivos usados para atualizar o WMS)
necessários para realizar as mudanças no SPEED e atualizar a base de dados.
Por outro lado, a aplicação em Access não foi o único resultado do desenvolvimento técnico,
visto que a entrada e saída de dados se fazem através de uma interface entre Oracle e Excel. Foi
necessário também desenvolver um programa em Java para fazer a interface de SPEED para o
Access e do Access para o Excel, para em seguida, atualizar-se o SPEED.
Os conceitos criados para o desenvolvimento dos primeiros algoritmos foram mantidos: a
divisão dos elementos em restrições, grupos de estocagem, níveis de rastreamento, zonas e
subzonas. Entretanto, só foram reutilizados os conceitos que se mostraram verdadeiramente
necessários, ao passo que aqueles que se tornaram obsoletos foram guardados em caráter de
registro. Por exemplo, os armazéns nos quais o SPEED estava sendo implementado não fazem
diferença do nível de rastreamento em seus endereços, entretanto, ainda se tem o registro do
nível dos endereços destes armazéns.
Em relação à ideia central da atribuição de algoritmos, esta permanece inalterada: cada grupo de
estocagem ou artigo deve ser dirigido para um endereço de dimensões maior ou iguais às suas, e
de restrição igual a sua, se houver. Toda mudança ou adição de etapas nesta sequência foi feita
para corrigir um problema encontrado durante a utilização dos primeiros algoritmos.
5.4.1 Descrição das Soluções
Ao longo desta seção serão apresentadas as soluções propostas ao fim do estudo de caso para
cada uma das limitações citadas pelos armazéns. Estas soluções foram desenvolvidas e validadas
juntamente com os usuários, testando-se os resultados individualmente, porém, não houve tempo
hábil para implementar as soluções no SPEED e observar o funcionamento do armazém com os
novos referenciais.
74
O sistema sugere endereços onde os artigos não cabem:
Em vez de comparar os artigos e endereços somente por seus volumes, foi necessário comparar
cada uma das dimensões (lagura, profundidade e altura). Desta maneira, tem-se certeza de que o
artigo pode ser colocado no recipiente sugerido, visto que a comparação individual de cada
dimensão é mais exaustiva que a por volume.
Evolução das necessidades em termos de restrições das peças:
O comportamento das restrições foi descrito para cada armazém através dos conceitos a seguir:
• Ativa/ Inativa: Indica se o armazém apresenta locais específicos para estocar artigos com
esta restrição (a restrição é classificada como ativa se sim, inativa, se não)
o Se as zonas correspondentes à restrição existirem, é preciso enviar os artigos
exclusivamente a esta zona. Se nenhum endereço corresponder à restrição, a
pesquisa por endereços é finalizada;
o Se o armazém não possuir uma subzona correspondente à restrição, desconsidera-
se a restrição e a pesquisa é realizada por todos os endereços sem restrições.
• Geridas por SKU ou Não: Este critério indica se o armazém leva em conta essa restrição ou
não, independentemente da existência das zonas dedicadas. O interesse desse conceito é de
poder tratar as peças cuja restrição se tonou obsoleta ou foi suprimida, isto é, os artigos e
endereços com esta restrição continuam marcados como tal nos sistemas, mas a restrição não
apresenta mais benefícios para o armazém. Esta ideia também se aplica para a situação das
peças que devem ser dirigidas para endereços sem restrições mesmo se existir uma zona
reservada para a mesma. Como exemplo, pode-se citar a zona FRIGO do armazém
CDGM380. Ela corresponde à restrição de temperatura, mas é reservada para somente
algumas peças em particular, enquanto que as outras devem ser estocadas nas zonas sem
restrição.
o Se a restrição é considerada no armazém, procura-se endereços que correspondam
à restrição;
o Se a restrição não é considerada, procura-se dentre os endereços sem restrição.
• Fixo/ Dinâmico: Indica se os artigos dessa restrição devem ter algoritmos fixos ou
dinâmicos.
75
o Se a restrição for fixa, as peças devem ter um endereço reservado que lhes é
atribuído individualmente pelo técnico responsável no armazém. Deste modo,
quando a primeira peça do tipo chega no armazém, ela deve ser enviada à zona
ZAD para que seu endereço seja registrado no sistema. Para as próximas
comandas com este tipo de artigo, eles serão sempre enviados para este mesmo
endereço;
o Se a restrição for dinâmica, os algoritmos são criados pela base de dados e não
indicam um endereço específico, mas um conjunto de endereços em função das
zonas e sub-zonas (por isso os algoritmos também são chamados de “algoritmos
por zona”).
Considerar não somente as dimensões máximas dos recipientes, mas também as dimensões
mínimas:
Normalmente, os sistemas utilizados fazem uso somente das dimensões dos recipientes, que na
maioria dos casos correspondem às dimensões máximas que um artigo pode ter para se encaixar
em seu interior. Mas ao analisar-se, por exemplo, a largura dos tubos (a maior dimensão, que na
realidade corresponde à altura física, mas que no sistema deve ser registrada como largura por
motivos de parametrização), existe tanto o tamanho do tubo quanto limites superiores e
inferiores para que as peças possam ser colocadas em seu interior.
Como não havia um campo previsto para estocar estes dados, foi necessário fazer o inventário
de todos os endereços em forma de tubo em uma tabela separada e estimar os valores de largura
máximos e mínimos. Para um tubo vertical, a largura máxima corresponde ao pé-direito e a
mínima, à altura do tubo menos 20cm para que os funcionários possam colocar suas mãos no
recipiente e buscar a peça. Para um tubo horizontal, a largura mínima segue a mesma lógica,
mas a máxima é equivalente à distância que as peças podem avançar no corredor sem impedir a
circulação das pessoas (também aproximadamente 20cm).
Com estas considerações, para a criação dos algoritmos, a cada atualização entre SPEED e a
base de dados, os dados são consultados em SPEED, estocados na base de dados em Access e
atualizados na base por meio de uma tabela conectada.
76
Figura 25 - Ilustração das medidas de um recipiente-tubo
Fonte: elaboração própria
Limitação da quantidade de endereços por peça ou por grupo de estocagem:
Para evitar proposição de endereços excessivamente grandes, foram testadas 3 soluções para
limitar a quantidade de endereços sugeridos:
o Limite de linhas de algoritmos por elemento (peça ou grupo de estocagem);
o Volume limite determinado em função do volume da peça ou do grupo de estocagem;
o Limite de zonas diferentes incluídas por peça ou por grupo de estocagem.
Após comparação dos resultados obtidos por cada proposta de solução, a opção que foi mantida
foi o limite de zonas, ou seja, a quantidade de zonas diferentes permitidas por peça ou grupo é
definido como parâmetro de cada armazém. No CDGM380, por exemplo, o limite foi
estabelecido como sendo de duas zonas diferentes, no máximo, sem contar a ZAD.
É preciso que os algoritmos incluam exaustivamente todos os endereços antes de
encarregar a alocação das peças ao técnico responsável.
Para incluir todos os endereços, bastou não mais saltar ou suprimir linhas de algoritmos após
realizar o filtro de dimensões e de restrições convenientes.
Nem a gestão completamente fixa nem a gestão completamente dinâmica são capazes de
satisfazer as necessidades dos usuários.
A base de dados alterna entre algoritmos fixos ou por zonas em função do comportamento da
restrição (fixa ou dinâmica) para o armazém em questão. Para os artigos com restrições fixas, a
base de dados não cria algoritmos, ela apenas copia os existentes, ou se não houver nenhum já
77
definido, as peças são enviadas para a ZAD para que um endereço lhes seja atribuído. Se o
artigo apresenta uma restrição de gestão dinâmica, a base cria algoritmos por zonas. Para os
grupos de estocagem são sempre feitos por zonas.
Criar algoritmos dinâmicos também por peças
O procedimento para criar algoritmos dinâmicos é o mesmo, quer trate-se de um grupo de
estocagem, quer seja um artigo de restrição dinâmica. Para criar algoritmos para os dois, bastou
aplicar a função de criação de algoritmos sobre estas duas seleções de elementos. A diferença é
sobretudo no que concerne a seleção de que peças ou grupos terão algoritmos. Enquanto que
todos os grupos de estocagem de dimensões não nulas devem ter algoritmos por zonas, somente
os artigos que satisfazem as condições abaixo os terão:
o Ter dimensões ou volume maiores que as “dimensões-alvo” do armazém;
o Ter uma restrição diferente de X (nenhuma restrição) e dimensões não nulas;
o “Pertencer ao armazém”: no caso de armazéns que devem ter algoritmos somente para
seus próprios artigos, a seleção das peças para as quais criar algoritmos dinâmicos
corresponde a uma tabela conectada. É o caso dos armazéns que contêm somente
pneus e rodas, por exemplo.
Adicionar novos armazéns no sistema e gerar algoritmos automaticamente
Para implementar o SPEED em um novo armazém, é preciso adicionar seus endereços e artigos
no sistema através de arquivos Excel contendo uma formatação específica. Em seguida, deve-se
enviá-los para o serviço informático para que eles carreguem os arquivos em receita (o módulo
de testes de SPEED), verificar o funcionamento e corrigir eventuais erros e, por fim, carregá-los
no módulo de produção.
A solução encontrada consiste em:
o Inserir os dados dos endereços e artigos em uma tabela conectada no Excel;
o Colocá-los na formatação desejada seguindo informações do departamento de TI;
o Enviar os arquivos para que eles sejam inseridos no sistema;
o SPEED faz a atribuição dos grupos de estocagem e de restrições aos artigos;
78
o No momento da próxima criação ou atualização dos algoritmos, a base de dados
recupera de SPEED os dados do novo armazém e atualizações feitas;
o A base de dados cria ou atualiza os algoritmos seguindo a parametrização definida por
armazém;
O envio dos arquivos ao serviço informático, a verificação e a transferência dos dados de
Access para o Excel e em seguida para o SPEED podem ser automatizados. Entretanto, durante
a realização do estudo, a decisão da direção foi de continuar a fazer este procedimento
manualmente com uma frequência de uma vez por mês para poder identificar problemas e
corrigi-los antes da transferência definitiva dos dados. No caso em que a frequência
predeterminada se mostre insuficiente, a automatização ainda é possível.
Evolução do processo de atribuição de endereços aos artigos
Desconsiderando-se a estrutura da seleção de endereços através da comparação de dimensões e
suas restrições, diversas etapas foram criadas em função de parâmetros definidos pelos usuários
para cada armazém, o que permite ativar, desativar ou mudar certas características com
considerável facilidade.
É necessário que a aplicação se adapte facilmente à evolução do modo de funcionamento
dos armazéns.
Para permitir atualizações e correções fáceis e práticas na base de dados, implantou-se uma
formatação pré-determinada para a escritura do código do programa (incluindo o nome das
tabelas, dos campos, das funções etc.). Além disso, criou-se um diagrama ilustrativo das etapas
e funções utilizadas, para que aqueles que se encarregarem da atualização do código possam
compreender rapidamente seu funcionamento e implementar quaisquer mudanças que se
mostrem necessárias no futuro.
5.4.2 Implementação das Soluções
Uma vez desenvolvido um piloto, a implementação das soluções foi subdividida em duas
etapas. A primeira consistiu na realização de testes para validar os resultados fornecidos pela
base de dados e para medir e avaliar seu funcionamento. A segunda correspondeu à
79
implementação no módulo Receita, necessária antes da transferência para o módulo de
Produção de fato.
Os testes realizados analisaram dois aspectos: a performance da base de dados no que diz
respeito ao tempo de execução das funções principais e a adequação dos resultados fornecidos.
A primeira execução do código em sua totalidade resultou em um tempo superior a 10 minutos,
o que não é aceitável mesmo ao considerar-se que a primeira execução do programa necessita
da formatação de todas as informações inseridas na base de dados.
Por isso, foi estabelecido um limite máximo de 5 minutos para a execução total da criação de
todos os algoritmos e da atualização de artigos e endereços, sendo que o ideal seria a redução de
mais 50% do tempo. Ao fim do processo de otimização, obteve-se um resultado de 3 minutos
de duração para o processo total, o que satisfaz o critério estabelecido.
O segundo tipo de teste, este avaliando os resultados e não o processo, teve como objetivo
verificar e validar os outputs, principalmente os algoritmos, visto que foram eles o foco da
maior parte das mudanças efetuadas. Foram comparados os resultados propostos pela base de
dados com aqueles registrados anteriormente no SPEED para grupos de 10 a 15 artigos por
grupo de estocagem e também para os artigos que apresentavam problemas de alocação com
mais frequência. Este teste foi realizado continuamente conforme os usuários relatavam novas
necessidades ou quando uma grande mudança era feita na programação da criação dos
algoritmos.
Uma vez validados os resultados, seguiu-se para a etapa de inserção de dados em SPEED-
Receita, que seguiu a seguinte ordem:
1. Inserção dos dados dos artigos dos armazéns EOL;
2. Atualização dos algoritmos do armazém CDGM380;
3. Inserção dos dados dos artigos e endereços do armazém CDGM342;
4. Inserção dos dados dos algoritmos do armazém CDGM342.
No momento de finalização do estudo de caso, isto é, ao fim do vínculo com a empresa
estudada, o projeto apresentava atrasos ocasionados por um período de recesso e somente os
artigos do armazém EOL tinham sido carregados no módulo Receita.
Este primeiro upload permitiu identificar que havia uma diferença de cerca de 5000 artigos e
200 endereços entre os módulos de Produção e de Receita. A princípio, esta diferença foi
80
atribuída à criação de um armazém estritamente virtual (Armazém Piloto – MPIL) com o intuito
de treinar novos usuários.
No momento da inserção dos artigos do armazém EOL, o sistema identificou inconsistências
nos parâmetros que indicam se a operação se trata da criação de um novo artigo ou de um
update, o que indicou que a causa do problema eram os diferentes estados em que um mesmo
artigo se encontrava em diferentes bases de dados.
Foi necessário, portanto, sincronizar as duas bases antes de inserir os referenciais atualizados do
armazém CDGM380. Como a base de dados da produção é aquela utilizada de fato no dia a dia
para realizar as operações do armazém, ela é prioritária em relação à receita. Portanto, os dados
da produção que foram transferidos para a receita. A única exceção era quando um artigo ou
armazém não possuía dimensões no módulo de produção, mas estes estavam presentes no
módulo de receita.
O plano de ação estabelecido para sincronizar as duas bases consistiu de, primeiramente,
carregar os artigos que somente possuem dimensões no módulo receita para o módulo de
produção e, em seguida, transferir todos os dados de produção para o módulo receita. Como
essas atualizações requeriam transferências massivas de dados e modificavam a base de dados
de produção, o mais recomendado seria executá-las no fim de semana, ao fim do dia ou durante
a pausa do almoço. Foi também essencial registrar uma cópia das duas bases antes das
modificações para caso houvesse problemas após as transferências.
Com esta etapa adicional que se tornou necessária realizar antes da implementação em
produção em qualquer armazém, não se teve tempo hábil para observar a utilização das
soluções propostas nas atividades cotidianas, nem de avaliar a nova performance do WMS
usando os algoritmos atualizados.
5.5 Balanço Final do Estudo de Caso
Ao fim deste estudo de caso, podem-se citar três aspectos marcantes: a necessidade de encontrar
um ponto de equilíbrio entre a automatização de tarefas e a customização de resultados; a
dificuldade de uniformizar o trabalho em uma grande organização, garantindo que todos os
funcionários de todos os armazéns seguissem as mesmas diretrizes e utilizassem as mesmas
ferramentas; e a necessidade de que as ferramentas e softwares fossem adaptáveis para sofrerem
otimizações e mudanças contínuas ao longo de sua vida útil.
81
Foi possível observar que a empresa estudada decidiu migrar de um sistema que utilizava uma
gestão inteiramente fixa para uma inteiramente dinâmica para, somente então, concluir que
necessitava mesclar as duas abordagens para obter o melhor resultado, de acordo com os seus
critérios particulares. Também pôde-se constatar uma relação entre a automatização e o modo
como o armazém adotou a gestão dinâmica, enquanto que a gestão fixa continuava altamente
customizada, com cada artigo sendo alocado de acordo com os conhecimentos do técnico
responsável.
Ao passo em que a automatização reduz a quantidade de tarefas realizadas pelos funcionários e
sua duração, ela não fornece o nível de exatidão que uma resposta customizada de alguém
experiente pode fornecer. Por outro lado, realizar esta operação de alocação de artigos somente
através do conhecimento dos funcionários se torna impraticável considerando que ela se
repetiria milhares de vezes.
A segunda questão abordada foi a dificuldade de fazer com que as diretrizes da direção fossem
seguidas corretamente por todos os funcionários. O que foi observado foi que, conforme o novo
software adotado pela empresa apresentava problemas, os funcionários começaram a criar suas
próprias soluções para poderem executar as suas tarefas, sendo a solução mais frequentemente
encontrada a criação de tabelas separadas onde eles faziam a alocação dos artigos no Excel.
Por um lado, este comportamento tem um lado positivo pois permite que o armazém continue a
sua operação com a melhor eficiência possível, diminuindo a necessidade de interrupções no
seu funcionamento. Por outro lado, por sua vez, perde-se a rastreabilidade das operações, o
armazém torna-se extremamente dependente daquele que detém as tabelas e informações
separadas do software principal, e mascara-se a necessidade de customizar, adaptar ou até
substituir as ferramentas em uso atualmente.
Por fim, observou-se que um critério constantemente frisado por todos os envolvidos no projeto
foi a necessidade de adaptabilidade do sistema utilizado. Por exemplo, enquanto que, durante a
primeira fase de customização do WMS, foram definidas diversas categorias de restrições para
os artigos e os endereços; na segunda fase, ao longo deste estudo de caso, ao mesmo tempo em
que várias delas foram consideradas como não mais aplicáveis, ainda se considerava que elas
poderiam voltar a serem necessárias nestes mesmos armazéns ou mesmo em novos armazéns.
Isto demonstra o quanto o sistema adotado deve ser customizável não somente no momento de
implementação, mas também ao longo de seu funcionamento, para permitir um processo
contínuo de otimização e aperfeiçoamento.
82
6 CONCLUSÃO
O presente trabalho foi realizado a partir do relatório elaborado ao fim do estudo de caso para
apresentação à empresa estudada, Air France Industries, e também à universidade que realizou
a supervisão do estágio durante o qual o projeto foi realizado. Foi identificada uma
oportunidade de aprofundar a temática do trabalho abordando aspectos como referenciais
teóricos e uma avaliação do mercado, o que motivou a transformação do tema neste projeto de
conclusão de curso.
Aproveitou-se a experiência prática que uma das autoras construiu ao longo da participação na
rotina de um armazém ao longo de seis meses, alinhada à experiência dos técnicos, gerentes e
diretores do armazém como ponto de partida para compreender também os processos de gestão
da cadeia de suprimentos dos quais as operações do armazém faziam parte.
Após a etapa de conceituação do contexto dentro do qual o estudo de caso estava inserido - a
gestão de estoques, seus desafios logísticos e a utilização do WMS - o passo seguinte foi a
compreensão da variedade de empresas existentes no mercado de WMS e seu posicionamento
segundo critérios de completude de visão e habilidade de executar as soluções propostas,
compreendendo as diferenças entre os diferentes produtos disponíveis no mercado.
No capítulo seguinte, referente ao estudo de caso, avaliaram-se aspectos específicos da empresa
estudada na etapa seguinte à da aquisição de um software: a de implementar a aplicação
escolhida. Observou-se que esta etapa de implementação e customização do WMS não deve ser
subestimada, pois é a garantia de que as funcionalidades do software estarão corretamente
ajustadas às particularidades do armazém, sem a qual o funcionamento do sistema, qualquer que
seja o escolhido, será prejudicado.
Ao longo do trabalho, abordaram-se aspectos de todas as etapas da aquisição de um WMS:
desde o estudo de suas funções dentro da gestão da cadeia de valor, até uma análise do mercado
e dos produtos disponíveis, terminando com o relato do processo de implementação do sistema
em uma empresa real, juntamente com as limitações encontradas e propostas postas em prática
para solucioná-las.
83
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A.T KEANEY, INC. Measuring and Improving Productivity in Physical Distribution
Management. 1st. Council of Logistics Management, 1984.
ADVICE, Software. Warehouse Management Software (WMS). Disponível em:
<https://www.softwareadvice.com/scm/warehouse-management-system-comparison/p/all/>.
Acesso em: 11 ago. 2018.
AIR FRANCE INTRANET, “Habile”. Disponível em: https://habile.airfrance.fr. Acesso em:
30 set. 2016
AIR FRANCE, 2018, “La Compagnie”. Disponível em < https://corporate.airfrance.com/fr/la-
compagnie >. Acesso em 12 Jul 2018.
ALVES, P. L. Implantação de tecnologias de automação de depósitos: um estudo de caso.
2000. 132 f. Tese (Doutorado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro, 2000.
ARBACHE, F. S. et al. Gestão de logística, distribuição e trade marketing. Rio de Janeiro:
FGV, 2004
AROZO, R. Softwares de supply chain management: Definições, principais
funcionalidades e implantação por empresas brasileiras. (2003). In: FIGUEIREDO, K.F.;
FLEURY, P.F. WANKE, P. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: Planejamento
do fluxo de produtos e dos recursos. São Paulo: Atlas, 2003.
ASSOCIATES, Manhattan. Manhattan Active Supply Chain Distribution Brochure.
Disponível em: <https://www.manh.com/sites/default/files/sys/documents/2018/03/manh-
distribution-management-en.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2018.
84
BALLOU, Ronald. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e
logística empresarial. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
BANZATO, E. et al. Atualidades na armazenagem. 3. ed. São Paulo: IMAM, 2010.
BANZATO, E. Tecnologia da informação aplicada à logística. São Paulo: IMAM, 2005.
BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e
logística. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
BOWERSOX, Donald J; CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de integração
da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.
CHING, Hong Yuh. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada. São Paulo: Atlas,
1999.
COSTA, W. A.; GOBBO JUNIOR, J. A. Etapas de implementação de WMS: estudo de caso
em um varejista moveleiro. GEPROS: Gestão da Produção, Operações e Sistemas, Bauru, v.
4, n. 4, p. 101-121, 2008.
EXPLORE WMS. Find & Compare WMS Software. Disponível em:
<https://explorewms.com/>. Acesso em: 10 ago. 2018.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007
GONÇALVES, Wanderley Gonelli. WMS: mercado em crescimento e tendências de adição
de novas ferramentas ao sistema. Disponível em: <http://www.logweb.com.br/wms-mercado-
em-crescimento-e-tendencias-de-adicao-de-novas-ferramentas-ao-sistema/>. Acesso em: 8 ago.
2018.
GUARNIERI, P. et al. WMS – Warehouse Management System: adaptação proposta para
o gerenciamento da logística reversa. Produção, v. 16, n. 1, p. 126-139, Jan./Abr. 2006.
85
JDA. Warehouse Management Brochure. Disponível em: <https://jda.com/knowledge-
center/collateral/warehouse-management-brochure?ts=636706947579671967&r=t>. Acesso
em: 13 ago. 2018
KLAPPICH, C.; TUNSTALL, Simon. Magic Quadrant for Warehouse Management
Systems. Gartner, 2 maio 2018. Anual. Disponível em:
<https://www.gartner.com/doc/reprints?id=1-4UOB53K&ct=180402&st=sb>. Acesso em: 31
maio 2018.
LAKATOS, E. M. de A.; MARCONI, M. de A. Fundamentos da metodologia científica.
5.ed. São Paulo: Atlas, 2003
LAMBERT, D. M. Strategic logistics management. 1st. Homewood: R. D. Irwin, 1993.
MicroChannel Services Blog, 2015, “Warehouse Management: Static vs Dynamic Slotting”.
Disponível em: <http://microchannel.com.au/company-blog/march-2015/warehouse-
management-static-vs-dynamic-slotting>. Acesso em 09 Jul 2018.
OPSERVICES, Equipe. O que é o Gartner e qual sua importância para a TI? Disponível
em: <https://www.opservices.com.br/o-que-e-o-gartner-e-qual-sua-importancia/>. Acesso em:
12 ago. 2018.
ORACLE. Oracle Warehouse Management Cloud Brochure. Disponível em:
<http://www.oracle.com/us/products/applications/warehousemgmt-cloud-ds-3562079.pdf>.
Acesso em: 13 ago. 2018
POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem
logística. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
RIBEIRO, P.C.C.; SILVA, L.A.F.; BENVENUTO, S.R. dos S. O uso de tecnologia da
informação em serviços de armazenagem. Produção. São Paulo, v.16, n.3, set/dez. 2006.
86
RODRIGUES, E. F. Logística integrada aplicada a um centro de distribuição: comparativo
do desempenho do processo de armazenagem após a implementação de um sistema de
gerenciamento de armazém (WMS). In SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E
TECNOLOGIA, 8., Resende, 2011
SAP. SAP Extended Warehouse Management 9.5 Master Guide. Disponível em:
<https://help.sap.com/http.svc/rc/f4c44d4a6deb46e381bd047eb8bd47eb/9.5.0.1/en-
US/EWM950_Master_Guide.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2018.
SCM Concept, 2014, “WMS: Vantagens e Riscos na Implementação”. Disponível em:
<http://www.scmconcept.com.br/site/wms-vantagens-e-riscos-na-implementacao/>. Acesso em
09 Jul 2018.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2ª ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
SORIANO, Felipe Furlan. Gestão da armazenagem: uma análise do sistema de gestão
WMS. 2013. 110 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração de Organizações,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/96/96132/tde-26092013-141420/pt-br.php>. Acesso
em: 17 maio 2018.
SYSTÈME, Bk. Le WMS qui devient rapidement indispensable. Disponível em:
<http://www.bksystemes.fr/logiciel/wms-gestion-d-entrepot-stock-speed-18>. Acesso em: 10
ago. 2018
TARTUCE, T. J. A. Métodos de pesquisa. Fortaleza: UNICE – Ensino Superior, 2006.
Apostila.
VITASEK, Kate; LEDYARD, Mike. Vested Outsourcing: Five Rules That Will Transform
Outsourcing. 2nd ed. New York: Palgrave Macmillan, 2013
87
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.