sistema de cotas. negros e as cotas

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  • S futuro. Nem presente nem passado.

    Podemos ser contra o sistema de cotas? E a quem interessa se no for adotado,continuado?

    Certamente que no a melhor forma de educao ou at mesmo integrar todo opovo mais pobre. So mais de 2 milhes de pessoas que se escrevem no Enemtodo ano, mas uma parcela pequena mais ou menos 350 mil que conquistaramuma vaga at hoje. Voltando ao assunto...

    Por razes evanglicas devemos assumir a causa e as lutas daqueles que foramespoliados e feitos injustamente pobres. Eles so os privilegiados do Deus davida, que sempre toma partido por aqueles que gritam por vida e liberdade, comoos judeus outrora escravizados no Egito. Se o evangelho boa notcia de umavida terrenal fraterna e sororal e de uma vida eterna em comunho com Deus,com os humanos e com toda a Criao, ento primeiramente para osespoliados. Para eles valem as bem-aventuranas e as promessas messinicasde uma libertao integral! (Boff, 1992, p. 46)

    O papa Gregrio XIII decretou, em 1585, que os casamentos africanos podiam serdesfeitos... Legitimando desta forma o trfico negreiro... O escravo no encontrouna Igreja nem apoio nem defesa. Ele teve que lutar s. Houve casos isolados detomada de posio, mas o sistema todo estava baseado na escravido e nopodia solapar os fundamentos de seu prprio estabelecimento. (Hoornaert,1982/1997, p.80)

    Interpretar o passado , sem dvida, pensar o presente, elaborando perspectivasque dimensionem sentido para os leitores da reflexo; propor caminhos ealternativas realidade atual.

    Assim, retomo aqui um dos momentos mais significativos da histria da Igreja naAmrica Latina: a Conferncia de Puebla e a mensagem que os bispos aos povosda Amrica Latina: O cristianismo, que traz consigo a originalidade do amor, nemsempre praticado na sua integridade mesmo por ns cristos. verdade que hmuito herosmo escondido, muita santidade silenciosa, muitos gestosmaravilhosos de sacrifcio. No entanto, reconhecemos que estamos ainda longede vivermos tudo aquilo que pregamos. Por todas as nossas falhas e limitaes,pedimos perdo, tambm ns pastores, a Deus e a nossos irmos na f e nahumanidade. (Puebla, 1979, p. 8).

    O nosso grito vive nos fatos e ns advogamos os direitos da raa negra, porque ela tem uma grande herana dentro do Brasil. Manchete de o Clarim d'Alvorada, 1931

    O registro de matrculas de crianas beneficiadas pela Lei do Ventre Livre, entre1871 e 1885, apresentado no relatrio do Ministrio da Agricultura de 1885, revelaque, na capital e nas 19 provncias, o contingente de matriculados chegava a

  • 403.827 crianas de ambos os sexos. Destes, apenas 113 foram entregues aoEstado mediante indenizao no mesmo perodo (Quadro de Matrcula dos FilhosLivres de Mulher Escrava. apud Fonseca, 2000, p. 77).

    Na prpria Lei do Ventre Livre, item 1 de seu pargrafo 1 facultava-se aossenhores o direito de explorar o trabalho das crianas libertas at a idade de 21anos. Ficou patente que foi exatamente isto que eles fizeram em larga escala. Talatitude pode ser interpretada como mais um dos paradoxos gerados no interior deuma sociedade escravocrata. Analisando este paradoxo, Ktia Mattoso nos mostraque nada mudou na vida dos libertos, pois, segundo ela, foram jogadosnovamente na escravido (Mattoso, 1988), ainda que o tipo de vnculo com osenhor mudasse, deixasse de ser o de escravo e passasse a ser, por exemplo, ode tutelado.