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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e da Terra Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SISMICIDADE EM PEDRA PRETA-RN NO PERÍODO 2013-2014 CRISTIANE DE SOUZA COSTA Orientador: DR. JOAQUIM MENDES FERREIRA Dissertação n.º 182/PPGG. Natal-RN, agosto de 2016

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

SISMICIDADE EM PEDRA PRETA-RN NO PERÍODO

2013-2014

CRISTIANE DE SOUZA COSTA

Orientador:

DR. JOAQUIM MENDES FERREIRA

Dissertação n.º 182/PPGG.

Natal-RN, agosto de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

SISMICIDADE EM PEDRA PRETA-RN NO PERÍODO

2013-2014

Cristiane de Souza Costa

Dissertação apresentada em 31 de

agosto de dois mil e dezesseis, ao

Programa de Pós-Graduação em

Geodinâmica e Geofísica – PPGG, da

Universidade Federal do Rio Grande

do Norte - UFRN como requisito à

obtenção do Título de Mestre em

Geodinâmica e Geofísica, com área

de concentração em Geodinâmica e

Geofísica.

Comissão Examinadora:

DR. JOAQUIM MENDES FERREIRA (ORIENTADOR - DGEF; PPPG/UFRN)

DR. JOSÉ ANTÔNIO DE MORAIS MOREIRA (DGEF; PPPG/UFRN)

DR. VLADIMIR CRUZ DE MEDEIROS (CPRM)

Natal-RN, agosto de 2016.

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Costa, Cristiane de Souza. Sismicidade em Pedra Preta-RN no período de 2013-2014 / Cristiane de Souza

Costa. - Natal, 2016. 77f : il. Orientador: Dr. Joaquim Mendes Ferreira. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica.

1. Atividade sísmica - Dissertação. 2. Mecanismo focal - Dissertação. 3.

Determinação hipocentral - Dissertação. 4. Falhas sismogênicas - Dissertação. 5. Sismotectônica – Dissertação. I. Ferreira, Joaquim Mendes. II. Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 550.348.098.64

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Ao meu sobrinho Anderson Costa Martins,

in memoriam.

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AGRADECIMENTOS

Expresso aqui meus sinceros agradecimentos pela ajuda inestimável de todos

aqueles que de uma forma direta ou indireta ajudaram na realização deste trabalho.

Entre estes, não poderia deixar de agradecer:

A Deus, que tem proporcionado saúde e força para realização deste trabalho.

Também o agradeço por ter me guiado as pessoas certas em todos os momentos e

instâncias.

Aos meus amados e insubstituíveis pais, Benedita de Souza Costa e João

Moreira da Costa e aos meus irmãos, por todo o apoio, e acima de tudo, pela

confiança que sempre demostraram em mim.

Ao meu orientador, professor Joaquim M. Ferreira, pela orientação, incentivo,

disponibilidade, diversas colaborações, paciência, amizade e principalmente por me

mostrar o caminho do conhecimento científico.

Ao professor Vladimir Cruz de Medeiros, por aceitar o convite para compor a

banca examinadora.

Ao professor José Antônio Morais Moreira, por aceitar o convite para compor

a banca examinadora e pela orientação durante o estágio à docência.

Ao Heleno Carlos, por toda ajuda que me ofereceu, tirando sempre minhas

dúvidas, e não foram poucas, com paciência e boa vontade.

Aos professores Aderson do Nascimento e Hilário Bezerra, que compuseram

a banca de qualificação e por aceitarem de imediato o convite e pelas importantes

contribuições e sugestões dadas ao trabalho.

À Dra. M. Osvalneide Lucena Sousa, por disponibilizar os mapas geológicos.

Aos alunos de Pós-Graduação Pedro Henrique e Allysson Santos, por toda

troca de conhecimento e disposição em ajudar.

Aos técnicos do LabSis/UFRN Eduardo Menezes, Regina Spinelli, Neymar

Costa e Rodrigo Pessoa, pois, sem eles, este trabalho não seria possível.

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Ao técnico Nayan, que não mediu esforços para me ajudar quando o

procurava no laboratório do Departamento de Geofísica para solucionar problemas

de shell script no sistema operacional.

Aos funcionários da secretaria do PPGG, por todos os serviços prestados de

maneira tão eficiente e cuidadosa.

Aos professores do PPGG, por todas as contribuições acadêmicas que me

proporcionaram. Devo grande parte do meu conhecimento a eles.

Ao laboratório Sismológico LabSis/UFRN, pelos dados cedidos para a

realização deste trabalho.

À CAPES pelo apoio financeiro, através da concessão de bolsa de mestrado.

Ao INCT de Estudos Tectônicos pelo apoio financeiro na coleta dos dados

utilizados nesta dissertação.

À Proae, pelo apoio estudantil que facilitou minha estada em Natal.

Aos meus amigos de longa data Danilo Galvão, Daniel Galvão e Rafael

Furtado, que me incentivaram a fazer o curso de mestrado na UFRN.

Aos colegas e amigos que fiz, dentro e fora da universidade, Alane Silva,

Patrícia Lucena, Juliana Lopes, Elidiana Nascimento, João Daniel Câmara, Micejane

Costa, Diego Souza, Jean Reis, Marcos Samuel, Hélder Farias, Jório Cabral, João

Paulo e Francisco Rocha (vulgo Chico) pelo incentivo e momentos de descontração.

À Juliana Garrido e Wilza Lima, que foram meus ―pilares‖ em Natal,

especialmente quando passei pelos momentos difíceis, deram-me uma palavra de

ânimo e esperança, ensinaram-me o valor do estudo e torceram muito para o

sucesso deste trabalho.

A todos, meu muito OBRIGADA!

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―A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

(Albert Einstein)

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RESUMO

A atividade sísmica em Pedra Preta-RN teve início em dezembro de 2010. Antes

disso, não havia registro de sismos nesta área, localizada no nordeste brasileiro,

onde é registrada a maior sismicidade intraplaca do Brasil. Durante o ano de 2013 e

início de 2014, a rede sismográfica de Pedra Preta-RN registrou 273 sismos locais

em três ou mais estações. Todo o conjunto de dados foi analisado no software

COMPASS. Através do diagrama Wadati, foram selecionados os 50 eventos com

melhores leituras dos tempos de chegada das ondas sísmicas P e S. Com o auxílio

do programa HYPO71 foi determinado o modelo de velocidades (Vp/Vs =1,72 e Vp =

5,90 km/s) e calculados os hipocentros. Para a determinação do mecanismo focal

composto, realizou-se uma nova seleção de sismos obedecendo critérios mais

restritos para os hipocentros (Gap < 180, RMS ≤ 0,01 s, Nº de observações ≥ 10,

ERH < 0,1 Km, ERZ < 0,1 Km), selecionando 24 eventos. Os hipocentros destes

sismos mostram que a falha sismogênica tem aproximadamente 3 km de extensão,

com sismos entre 2,3 a 5,8 km de profundidade. Os parâmetros da falha

sismogênica foram obtidos pela combinação do método dos mínimos quadrados e

do programa FPFIT (strike = 254°, dip = 67° e o rake = -66°), caracterizando uma

falha normal. Os epicentros e o mecanismo focal foram utilizados para verificar se

havia ou não possíveis correlações com feições geológicas mapeadas na área de

estudo. A conclusão é que não existem feições geológicas mapeadas que possam

estar relacionadas diretamente com a atividade sísmica estudada.

Palavras-chaves: Atividade sísmica; Mecanismo focal; Determinação hipocentral;

Falhas sismogênicas; Sismotectônica.

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ABSTRACT

The seismic activity in Preta Pedra-RN began in December 2010. Before that, there

was no record earthquakes in this area, located in the Brazilian Northeast, where is

recorded the largest intraplate seismicity of Brazil. During 2013 and early 2014, the

seismographic network Pedra Preta registered 273 local earthquakes in three or

more stations. The entire data set of this work was analyzed in the COMPASS

software. By Wadati diagram were selected 50 events with the best readings from

the arrival times of P and S waves. With the help of HYPO71 program, was

determined the velocity model (Vp / Vs = 1,72 and Vp = 5.90 km/s) and calculated the

hypocenters. For the determination of the composed focal mechanism, these was a

new selection of earthquakes obeying more stringent criteria for the hypocenters

(Gap <180, RMS ≤ 0.01 s, Number of observations ≥ 10, ERH <0.1 km, ERZ <0, 1

Km), selecting 24 events. The hypocenters of earthquakes show that the

seismogenic fault is about 3 km long, with earthquakes between 2.3 to 5.8 kilometers

deep. The parameters of seimogenic fault were obtained by combining the method of

least squares and FPFIT program (strike = 254°, dip = 67° and the rake = -66°),

indicating a normal fault. The epicenters and focal mechanism were used to verify

whether there was possible correlations with geological features mapped in the study

area. The conclusion is that there are no mapped geological features that may be

directly related to the seismic activity studied.

Keywords: Seismic activity; Focal mechanism; Determine the hypocenters;

seismogenic faults; Seismotectonics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa geográfico do município de Pedra Preta-RN. .................................. 16

Figura 2 - Domínios tectônicos e principais estruturas da Província Borborema.

Zonas de cisalhamentos (em verde): Sobral–Pedro II (SO), Senador Pompeu (SP),

Porto Alegre (PO), Piauí–João Câmara (JC), Serra da Jabitacá (SJ), Congo–

Cruzeiro do Nordeste (CC) e Serra do Caboclo (SC); Lineamentos (traços pretos):

Patos (PA) e Pernambuco (PE), separando os três setores (setentrional, transversal

e meridional. Os nomes dos domínios estão indicados em azul e vermelho. Inset

destaca a localização da Província Borborema na América do Sul. Limites da

Província com base em Delgado et al., 2003. ........................................................... 18

Figura 3 - Geologia do Nordeste da Província Borborema, destacando a área de

estudo posicionado no Domínio Rio Piranhas-Seridó e a Bacia Potiguar. ................ 19

Figura 4 - Distribuição de sismos no Nordeste do Brasil no período de 2001 a 2010.

.................................................................................................................................. 23

Figura 5 - Mapa da configuração da rede PP em 2010, mostrando a distribuição

espacial dos epicentros de campanha 2010-2011 na região próxima às cidades de

Pedra Preta e Jandaíra. Cores mais quentes representam elevações maiores. ....... 26

Figura 6 - Mecanismo focal composto para os 97 eventos registrado em dezembro

de 2010 a janeiro de 2011 em Pedra Preta-RN. Hemisfério inferior, projeção de igual

área. Cruzes e círculos representam os primeiros movimentos compressivos e

dilatacionais, respectivamente. P e T São os eixos de compressão e dilatação,

respectivamente. PF indica o plano de falha e PA indica o plano auxiliar. ................ 27

Figura 7 - Sismograma do evento de magnitude 3.7 mb, registrado em 27 de

novembro de 2013 pela estação ACOC, instalada na localização de Olho d’água do

Capim (Pedra Preta -RN). ......................................................................................... 28

Figura 8 – Efeitos do sismo de magnitude 3,4 mb, registrado pela estação de

Riachuelo (RCBR) bastante sentido pela população, causou rachaduras em paredes

de residências em Pedra Preta-RN. .......................................................................... 29

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Figura 9 - Desenho esquemático, em perfil, mostrando o plano de falha (linha

vermelha) de uma falha inversa e o plano auxiliar (linha azul) com relação aos

quadrantes de compressão (+) e tração (-) em torno de um hipocentro do sismo

(estrela preta). Os triângulos cinzas representam estações sismográficas, enquanto

que os traços pretos (em cima das estações) representam de maneira esquemática

os sismogramas da componente vertical de cada estação. ...................................... 35

Figura 10 - Desenho esquemático ilustrando os parâmetros (strike, dip e rake),

caracterizam um plano de falha para determinação do mecanismo focal. ................ 36

Figura 11 - Representação esquemática dos mecanismos focais (beach ball) e as

respectivas geometrias das falhas capazes de produzir tais mecanismos. Por

convenção, a cor preta, nos mecanismos, indica tração enquanto que a cor branca

indica pressão. .......................................................................................................... 37

Figura 12 - Foto da estação ACOC, instalada na localização de Olho d’água do

Capim (Pedra Preta -RN). No interior da balde está o sismômetro, no interior da

caixa de fibra o registrador Reftek 130. ..................................................................... 39

Figura 13 - Mapa epicentral dos 50 eventos registados em 2013 e 2014, utilizados

pelo HYPO71 para determinação do modelo de velocidades. Os triângulos azuis

simbolizam as seis estações da rede de PP instaladas para a segunda campanha.

Os quadrados representam as cidades de Jandaíra-RN e Pedra Preta-RN. As cores

mais quentes representam elevações maiores. ........................................................ 41

Figura 14 - Mapa epicentral dos 24 melhores eventos selecionados, obedecendo os

seguintes critérios (Gap < 180, RMS ≤ 0,01 s, Nº de observações ≥ 10, ERH < 0,1

Km, ERZ < 0,1 Km), localizados entre os municípios de Jandaíra-RN e Pedra Preta-

RN. As cores mais quentes representam elevações maiores. .................................. 45

Figura 15 - Arcabouço geológico da área de estudo, mostrando as estações

utilizadas e os epicentros dos 50 eventos selecionados. .......................................... 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Informações sobre coordenadas (latitude, longitude e altitude), localidade

e município das estações constituintes da rede PP. ................................................. 39

Tabela 2 - Modelos de velocidades crustais locais de semi-espaço infinito, utilizado

em redes sismográficas locais na Província Borborema (Shihadeh, 2015). ............. 42

Tabela 3 - Resultado dos testes para determinação do parâmetro Vp do modelo de

velocidades em 50 eventos, com destaque o teste 9. ............................................... 43

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Sumário

AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 4

RESUMO............................................................................................................ 7

ABSTRACT ........................................................................................................ 8

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 9

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... 11

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14

1.1 Apresentação ...................................................................................... 14

1.2 Justificativa .......................................................................................... 14

1.3 Objetivos ............................................................................................. 15

1.4 Área de estudo .................................................................................... 16

1.4.1 Localização ................................................................................... 16

1.4.2 Província Borborema .................................................................... 17

1.4.3 Bacia Potiguar .............................................................................. 20

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................ 22

2.1 Atividade sísmica no Nordeste do Brasil ............................................. 22

2.2 Atividade sísmica em Pedra Preta-RN ................................................ 23

2.2.1 Primeira campanha 2010-2011..................................................... 24

2.2.2 Segunda campanha 2013-2014 ................................................... 27

2.3 Correlação da sismicidade com feições geológicas ............................ 29

2.4 Determinação dos hipocentros ............................................................ 30

2.4.1 Método de Geiger de determinação hipocentral ........................... 31

2.5 Determinação do mecanismo focal ..................................................... 33

3. METODOLOGIA ........................................................................................ 38

3.1 Aquisição e análise dos dados ............................................................ 38

3.2 Escolha de um modelo de velocidade (Diagrama Wadati) .................. 39

3.3 Determinação de hipocentros e planos de falhas ............................... 43

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3.4 Determinação de mecanismo focal ..................................................... 45

4. MANUSCRITO SUBMETIDO .................................................................... 47

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 62

APÊNDICE A ................................................................................................... 72

APÊNDICE B ................................................................................................... 76

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

O presente trabalho corresponde a um dos pré-requisitos para a conclusão do

curso de Mestrado em Geofísica do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica

e Geofísica (PPGG) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No âmbito

desta Dissertação, optou-se por escrever o material em formato misto de artigo e

capítulos.

O texto tem início com um capítulo introdutório, que descreve os objetivos, e

uma explanação sobre o problema abordado. O capítulo II, versa sobre a

sismicidade na região do nordeste brasileiro, enfatizando a descrição do local de

estudo e do ambiente geológico, uma contextualização da correlação entre

sismicidade e estruturais geológicas, além de uma contextualização sobre

determinação hipocentral e mecanismo focal. O capítulo III, trata da metodologia

utilizada no presenta trabalho. O Capítulo IV consiste em um manuscrito submetido,

conforme os padrões exigidos pela revista científica Geologia USP, no qual os

resultados são apresentados e discutidos. O quinto e último capítulo desta

Dissertação, explana sobre as considerações finais da pesquisa. De forma

complementar, criaram-se dois apêndices (A e B): o apêndice A mostra os

sismogramas de um sismo registrado na rede de Pedra Preta e o apêndice B

consiste de duas tabelas com os parâmetros dos sismos utilizados para a

determinação dos hipocentros e mecanismo focal abordado neste trabalho.

1.2 Justificativa

O Brasil fica em uma região intraplaca e, sendo assim, embora exista

atividade sísmica, ela não é em nada comparável com a sismicidade de regiões de

borda de placa como os Andes, por exemplo. Também devido à baixa atividade

sísmica, geralmente com magnitude menores que em regiões de borda de placa, é

muito mais difícil registrar e estudar a atividade sísmica intraplaca. Uma outra

característica de sismicidade intraplaca é o problema da correlação com feições

geológicas mapeadas não é simples para explicá-lo, como no caso da sismicidade

de borda de placa.

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Portanto, todo o estudo de atividade sísmica no Brasil é uma importante

contribuição para o entendimento da sismicidade intraplaca. Isso tem sido feito, com

razoável sucesso, na Província de Borborema, Nordeste do Brasil.

A Província Borborema é a principal área de atividade sísmica do país

(Ferreira & Assumpção, 1983; Ferreira et al., 1998). Essa região tem experimentado

sismos de magnitude próxima ou superior a 5,0 como os que ocorreram em

Cascavel-CE (1980, 5,2 mb) e João Câmara-RN (1986, 5,1 mb; 1989, 5,0 mb), todos

com intensidade VII na escala Mercalli Modificada (MM), que causaram sérios danos

em edificações e pânico e fuga da população (Ferreira & Assumpção,1983; Ferreira

et al., 1998).

Em particular, nos últimos anos, desde dezembro de 2010, a atividade

sísmica vem se manifestando no município de Pedra Preta – RN, localizado próximo

à borda da Bacia Potiguar, uma das mais importantes áreas sísmicas do nordeste

brasileiro (Ferreira & Assumpção, 1983; Ferreira et al., 1998). Um estudo preliminar

foi realizado por Dantas et al. (2011) abordando a primeira fase da atividade sísmica.

Esta sismicidade em Pedra Preta foi intensificada em 24 de outubro de 2013,

com fases de alta e baixa atividade, que causaram pequenos danos e assustaram a

população. Uma nova rede sismográfica foi instalada na região (2013-2014) visando

estudar essa nova fase da atividade sísmica, cujos resultados da análise dos dados

estão sendo objetos desta dissertação, objetivando contribuir para uma melhor

compreensão da atividade sísmica intraplaca.

1.3 Objetivos

Este trabalho descreve o estudo da sismicidade recente em Pedra Preta, que

representa uma área de atividade sísmica intraplaca no Nordeste do Brasil. Os

objetivos deste trabalho são:

Determinação dos parâmetros hipocentrais, a partir dos sismogramas da

rede sismográfica;

Determinação do mecanismo focal dos eventos;

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Utilização dos resultados obtidos na discussão com possível correlação

com feições geológicas mapeadas.

1.4 Área de estudo

1.4.1 Localização

O município de Pedra Preta-RN situa-se próximo ao sul da borda da Bacia

Potiguar, uma das mais importantes áreas sísmicas no nordeste brasileiro (Ferreira

& Assumpção, 1983; Ferreira et al., 1998), abrangendo uma área de 277,5 km2. O

município possui coordenadas geográficas de Latitude: 5° 34' 57'' S e Longitude: 36°

6' 17'' W, faz limite com os municípios de Lajes, Jandaíra, Jardim de Angicos e

Caiçara do Rio do Vento, conforme localização mostrada na Figura 1. O principal

acesso rodoviário à sede municipal, a partir de Natal, é efetuado através das

rodovias pavimentadas BR-406 e BR-263, num percurso de cerca de 105 km.

Figura 1 - Mapa geográfico do município de Pedra Preta-RN.

Fonte: Autoria própria, 2016.

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1.4.2 Província Borborema

A Província Borborema possui uma história geológica complexa, com uma

evolução que remonta do Arqueano ao Fanerozóico. A princípio, descrito como um

conjunto de maciços e sistemas de dobramentos estruturados durante a Orogênese

Brasiliana (em torno de 0,6 Ga) no final do Neoproterozóico (Brito Neves, 1975;

Almeida et al., 1976). Ao longo do tempo, e sua complexidade tectônica foi atribuída

à aglutinação de terrenos alóctones de origens diferentes, separados por grandes

zonas de cisalhamento (Jardim de Sá et al., 1992; Jardim de Sá, 1994; Santos,

1996; Santos et al., 2000). Neves (2003) e Neves et al. (2006), citam a existência

apenas de faixas dobradas ensiálicas, cujos sedimentos neoproterozóicos,

depositados sobre um embasamento arqueano a paleoproterozóico, foram

deformados e metamorfizados na Orogênese Brasiliana.

Apesar da história evolutiva pré-cambriana da Província Borborema ser

complexidade, possuem destaques os seguintes aspectos: a dominância de

embasamentos paleoproterozóicos, rifteamentos com formação de grabens, o

magmatismo e deposição de sedimentos na Zona Transversal no final do

Mesoproterozóico e início do Neoproterozóico (Evento Cariris Velhos, Van Schmus

et al.,1995; Brito Neves et al., 1995 e Kozuch et al., 1997), rifteamentos com

deposição de sedimentos e rochas vulcânicas durante o Neoproterozóico, e intrusão

de um grande volume de rochas granitóides espacialmente relacionadas com zonas

de cisalhamentos interligadas e de escala crustal (Corsini et al. 1991, Jardim de Sá

1994, Vauchez et al. 1995, Ferreira et al. 1998, Neves et al. 2000). Além de dois

importantes eventos que marcaram o Cenozóico: o Vulcanismo Macau (Sial, 1976ª;

Almeida et al. 1988; Mizusaki et al., 2002; Souza et al., 2004) e o soerguimento do

Planalto da Borborema (Ab’Saber, 1953, Mabesoone & Castro, 1975; Castro &

Mabesoone, 1980).

A Província Borborema é um domínio geológico-estrutural que abrange parte

do Nordeste Oriental do Brasil Almeida et al. (1977), limita-se a oeste com a Bacia

do Parnaíba, ao sul com o Cráton São Francisco e a norte, a leste com a Província

da Margem Continental Leste e Equatorial ao norte.

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Apresenta um conjunto de estruturas que podem ser separados em

compartimentos distintos. Os lineamentos Patos e Pernambuco delimitam um setor

chamado Transversal (Ebert, 1970), gerados por movimentação transcorrente de

direção em torno de E-W, separando dois setores: Norte ou Setentrional e Sul ou

Meridional. Este modelo estrutural foi publicado por Brito Neves (1975) e aprimorado

por outros autores deste então (por exemplo: Delgado et al., 2003 e Silva, 2006),

mostrado na .

Figura 2 - Domínios tectônicos e principais estruturas da Província Borborema. Zonas de cisalhamentos (em verde): Sobral–Pedro II (SO), Senador Pompeu (SP), Porto Alegre (PO), Piauí–João Câmara (JC), Serra da Jabitacá (SJ), Congo–Cruzeiro do Nordeste (CC) e Serra do Caboclo (SC); Lineamentos (traços pretos): Patos (PA) e Pernambuco (PE), separando os três setores (setentrional, transversal e meridional. Os nomes dos domínios estão indicados em azul e vermelho. Inset destaca a localização da Província Borborema na América do Sul. Limites da Província com base em Delgado et al., 2003.

Fonte: Adaptado de Delgado et al., 2003.

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A área estudada está inserida na porção setentrional da Província Borborema.

A geologia da área, a norte, é representada por coberturas fanerozoicas da Bacia

Potiguar, enquanto que ao sul, pelo Domínio Rio Piranhas-Seridó (Almeida et al.,

1981), o qual é delimitado pelas zonas de cisalhamento Patos, Picuí-João Câmara e

Portalegre, sul, leste e oeste, respectivamente, ver Figura 3.

Figura 3 - Geologia do Nordeste da Província Borborema, destacando a área de estudo posicionado no Domínio Rio Piranhas-Seridó e a Bacia Potiguar.

Fonte: Adaptado de Medeiros, 2013.

O Domínio Rio Piranhas-Seridó, de acordo com Angelim et al. (2006),

caracteriza-se pela presença de litotipos metaplutônicos e

metavulcanossedimentares de idade paleoproterozoica, correlacionado ao

Complexo Caicó, incluindo, ainda, uma suíte de augen gnaisses graníticos de idade

drosiana, considerando as idades obtidas por Legrand et al. (1991) e Jardim de Sá

(1994) de 1,95 ± 0,05 Ga. Posteriormente Hollanda et al. (2011) e Medeiros et al.

(2012), obtiveram idades de 2,15 a 2,25 Ga para seis corpos destes augen gnaisses,

indicando uma idade riaciana. Os quais, constituem o embasamento para as

supracrustais de idades neoproterozoicas do Grupo Seridó. Este grupo engloba as

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formações Jucurutu (predominando paragnaisses com lentes de mármores,

calciossilicáticas e formações ferríferas associadas), Equador (quartzitos e

metaconglomerados associados) e Seridó (predominando micaxistos), sendo essas

litologias afetadas por diversos corpos ígneos, de composição geoquímica distinta,

associados ao plutonismo ediacarano. Também são observados no interior deste

domínio, rochas vulcânicas mesocenozoicas (Basalto Rio Ceará-Mirim e Basalto

Macau) e coberturas cenozoicas da Bacia Potiguar.

1.4.3 Bacia Potiguar

A Bacia Potiguar situada no extremo leste da Margem da margem equatorial

brasileira, desenvolvido a partir da ruptura das placas africanos e sul-americanos e é

controlado por zonas de cisalhamento de ambasamento pré-existentes (Pessoa

Neto et al., 2007). A bacia abrange uma área de aproximadamente 48.000 km2,

sendo que 21.500 km² (45%) encontram-se emersos e 26.500 km² (55%)

submersos, distribuída em sua maior parte no Estado do Rio Grande do Norte e,

parcialmente, no Estado do Ceará.

Geologicamente, é limitada a sul, leste e oeste pelo embasamento cristalino,

estendendo-se a bacia marinha para norte até a isóbata de 2.000 m. O Alto de

Fortaleza define seu limite oeste com a Bacia do Ceará, enquanto que o Alto de

Touros define seu limite leste. Classifica-se como uma bacia do tipo rifte e sua

formação ocorreu por meio da fragmentação do supercontinente Pangeia no

Mesozoico.

O substrato da Bacia Potiguar, citado anteriormente, é caracterizado pela

ocorrência de rochas gnáissico-migmatíticas do Grupo Caicó, rochas supracrustrais

do Grupo Seridó e corpos graníticos neles intrusivos, estas unidades caracterizam a

Faixa Seridó, um dos domínios da Província Borborema (Almeida, Brito Neves e

Carneiro, 2000).

As unidades litoestratigráficas da sequência pós-rifte na Bacia Potiguar estão

concentradas nas unidades cretáceas: formações Açu e Jandaíra (Paiva, 2004). As

Coberturas neogênicas e quaternárias, são agrupadas como Formação Barreiras e

coberturas Quartenárias. Associados a estas unidades litoestratigráficas

sedimentares, ocorreram eventos magmáticos: Magmatismo Rio Ceará-Mirim do

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Toarciano ao Albiano, Magmatismo Serra do Cuó no Santoniano e no Campaniano e

Magmatismo Macau no Oligocêno ao Mioceno.

Quatro unidades litoestratigráficas mesozoico-cenozoicas afloram desta

sequência vulcanossedimentar: formações Açu, Jandaíra e Barreiras, e Magmatismo

Macau.

A Formação Açu é representada por arenitos finos a grossos (sendo alguns

conglomeráticos) com colorações variadas. Apresenta intercalações de arenitos com

folhelhos e argilitos. Foi depositada na transição dos períodos Cretáceo Inferior para

o Cretáceo Superior.

A Formação Jandaíra é representada uma plataforma carbonática formada

durante a abertura do Atlântico Sul, aflorante na área de estudo, composta por

calcários, calcários bioclásticos e evaporitos de planície de mar.

A Formação Barreiras depositada sobre rochas ígneas e metamórficas pré-

cambrianas e rochas sedimentares cretáceas do Grupo Apodi. Os sedimentos da

Formação Barreiras, em diferentes regiões do Brasil, foram depositados em um

sistema fluvial entrelaçado, associado a leques aluviais (Morais et al., 2006). Apesar

da datação da Formação Barreiras ser motivo de debate, Lima (2008) atribuiu idades

que variam entre 17 e 22 Ma para as rochas, utilizando a datação de óxidos de

manganês e óxidos/hidróxidos de ferro supergênicos por 40Ar/39Ar e (U,Th)/He,

respectivamente, o que permitiu determinar a idade de precipitação destes minerais

As rochas máficas relacionadas ao Magmatismo Macau formam corpos

subvulcânicos a vulcânicos, com idades distribuídas entre 70 e 65 Ma e entre 9-6

Ma, utilizando método 40 Ar/39Ar (Souza et al., 2003; Silveira 2006; Pessoa Neto et

al.,2007). Estudos de microfósseis (Souza, 1982) em unidades sedimentares

intercaladas ao pacote vulcânico permitiram posicionar este magmatismo entre o

Oligoceno e Mioceno. Pulsos vulcânicos datados em 17 Ma foram encontrados em

poços na porção submersa da Bacia Potiguar (Araripe e Feijó, 1994; Mizusaki et al.,

2002).

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Atividade sísmica no Nordeste do Brasil

As principais áreas sísmicas na região Nordeste do Brasil são a borda da

Bacia Potiguar (Rio Grande do Norte e leste do Ceará), o noroeste do Ceará e o

entorno do Lineamento Pernambuco (Ferreira et al., 2013). Esta sismicidade, por ser

do tipo intraplaca, não pode ser comparada a de regiões de borda de placa como a

Califórnia ou os Andes, por exemplo. No entanto, apesar de ser menos frequente, os

danos podem ser relativamente consideráveis, devido as características da crosta,

região continental estável, apresentam baixa atenuação da litosfera (Cândido Jr.,

2009). Segundo Seeber & Armbruster (1988) sismos intraplaca podem ser tão

destrutivos, quanto os sismos de borda de placa, com a mesma magnitude e

profundidade.

As primeiras informações sobre a sismicidade, na borda da Bacia Potiguar,

remontam a 1808, e relacionam-se a um sismo que ocorreu na área de Açu-RN,

segundo dados de Capanema (1859, in Berrocal et al., 1984). Lima Neto (2013) cita

que nos últimos 40 anos sismos de magnitude acima de 2.0 mb (magnitude de onda

de corpo), ocorrem com muita frequência na região Nordeste do Brasil, geralmente

na forma de sequências sísmicas, que podem durar meses ou até anos. Eventos

sísmicos podem atingir magnitudes de até 5.2 mb, como os que ocorreram em

Cascavel-CE (1980, 5.2 mb) e João Câmara-RN (1986, 5.1 mb; 1989, 5.0 mb), todos

com intensidade VII na escala Mercalli Modificada (MM), que causaram sérios danos

em edificações, pânico e fuga da população (Ferreira & Assumpção, 1983; Ferreira

et al., 1998). Na Figura 4 é mostrada a atividade sísmica do Nordeste do Brasil, no

período de 2001 a 2010, tendo ocorrido tremores de magnitude igual ou acima de

4.0 mb em várias áreas epicentrais (Litoral de Touros-RN, 2006, 4.0 mb; São

Caetano-PE, 2006, 4.0 mb; Sobral- CE, 2008, 4.2 mb; Taipu-RN, 2010, 4.3 mb). No

Recôncavo baiano ocorreram eventos, embora de menor magnitude, além de outros

tremores pelo interior da Bahia, em Alagoas e em Sergipe (Ferreira et al., 2009).

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Figura 4 - Distribuição de sismos no Nordeste do Brasil no período de 2001 a 2010.

Fonte: Adaptado de BolSisBr (IAG, UFRN, UnB, IPT e UNESP), 2010.

2.2 Atividade sísmica em Pedra Preta-RN

Toda a atividade sísmica está relacionada a uma falha sismogênica sendo

esta uma falha geológica mapeada ou não. No caso da atividade sísmica em Pedra

Preta a falha responsável recebeu o nome de Cabeço Preto (falha sismogênica ) no

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estudo preliminar realizado por Dantas et al. (2011), abordando uma campanha

inicial de atividade sísmica no período de 2010 a 2011. A segunda campanha desta

atividade sísmica em Pedra Preta-RN iniciou em 2013 e terminou em 2014, sendo o

objetivo deste trabalho.

2.2.1 Primeira campanha 2010-2011

A sismicidade em Pedra Preta teve início em 4 de dezembro de 2010, quando

ocorreu um sismo de magnitude 3,1 mb, que foi sentido em Pedra Preta-RN e

Jandaíra-RN (Dantas et al., 2011). A sismicidade continuou nos meses

subsequentes, com uma série de sismo de magnitude acima de 2.0 mb, além de três

eventos de magnitude acima de 3.0 mb.

Antes de 2010 não havia registro de sismos nesta área (Dantas et al, 2011).

Após este evento foi instalada, pelo Laboratório Sismológico da UFRN

(LabSis/UFRN), uma rede local de estações, de período curto que operou durante os

meses de dezembro de 2010 e janeiro de 2011, próximo à área epicentral, com até

nove estações na região (Dantas et al., 2011). As estações eram compostas por um

sensor triaxial de período curto L4C3D (Sercel) e um registrador DAS 130 (Reftek),

pertencentes ao Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil (PEGBr), sediado no

Observatório Nacional e com financiamento da Petrobras. Segundo Dantas et al.

(2011) foram registrados cerca de 200 sismos, no mínimo, na rede de Pedra Preta

(PP) durante o período. A localização da área epicentral de 2010 é mostrada na

Figura 5.

Os hipocentros foram determinados por mínimos quadrados não-lineares, a

partir do método de Geiger, com auxílio do programa HYPO71 (Lee & Lahr, 1975).

Utilizou-se um modelo de velocidades semelhante ao usado em Lima Neto et al.

(2010) em Taipu-RN, devido à proximidade das áreas estudadas (Vp/Vs = 1,70 e Vp =

6,0 km/s). Desta formar, a distribuição epicentral obtida revelou uma faixa de

aproximadamente 1,7 km de extensão e profundidade variando de 3,96 km a 5,77

km. O azimute da falha (238º) e o mergulho (78º) foram obtidos através do método

dos mínimos quadrados. Com base nas polaridades da primeira chegada das ondas

sísmicas, o rake (ânglulo de deslocamento da falha) foi determinado pelo programa

FPFIT (Reasenberg & Oppenheimer, 1985) em -70°. O mecanismo focal proposto

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para a falha sismogênica de Cabeço Preto é de um plano de falha na direção

aproximada NE-SW, com movimento normal e componente transcorrente

(movimento transtensivo sinistral, Figura 6). Segundo (Dantal et al., 2011), este

resultado, para os sismos de 2010, não possui correlação com as falhas, com trend

N-S a NW-SE, padrão das estruturas mapeadas na região, de acordo com o Mapa

Geológico do Pré-cambriano da Faixa Seridó, NE do Brasil (Jardim de Sá, 1994).

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Figura 5 - Mapa da configuração da rede PP em 2010, mostrando a distribuição espacial dos epicentros de campanha 2010-2011 na região próxima às cidades de Pedra Preta e Jandaíra. Cores mais quentes representam elevações maiores.

Fonte: Modificado de Dantas et al., 2011.

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Figura 6 - Mecanismo focal composto para os 97 eventos registrado em dezembro de 2010 a janeiro de 2011 em Pedra Preta-RN. Hemisfério inferior, projeção de igual área. Cruzes e círculos representam os primeiros movimentos compressivos e dilatacionais, respectivamente. P e T São os eixos de compressão e dilatação, respectivamente. PF indica o plano de falha e PA indica o plano auxiliar.

Fonte: Modificado de Dantas et al., 2011.

Após esta campanha inicial de 2010-2011, o monitoramento permanente da

atividade sísmica continuou através das estações de Riachuelo (RCBR), pertencente

à rede Mundial e de Cabeço Preto (ACCP).

2.2.2 Segunda campanha 2013-2014

Após dois anos do início da atividade sísmica em Pedra Preta-RN a mesma

continuou, com tremores acima do limiar de percepção, com maior e menor

intensidade. Em janeiro de 2013 ocorreu um sismo de magnitude 3.6 mb registrado

pela estação de Riachuelo, operada pelo LabSis/UFRN não sendo feita então nova

campanha, devido ocorrência de alguns sismos isolados. No entanto, a atividade foi

intensificada a partir de 24 de outubro de 2013, com eventos de magnitude acima do

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limiar de percepção, iniciando-se uma sequência de tremores, sendo que o maior

tremor dessa sequência, com magnitude 3,7 mb, sentido em Natal-RN e fortemente

sentido em Pedra Preta-RN, e ocorreu no dia 27 de novembro do mesmo ano. O

sismograma deste evento é mostrado na Figura 7.

Figura 7 - Sismograma do evento de magnitude 3.7 mb, registrado em 27 de novembro de 2013 pela estação ACOC, instalada na localização de Olho d’água do Capim (Pedra Preta -RN).

Fonte: Autoria própria, 2016.

Após esta sequência de eventos foi realizada uma nova campanha com

equipamento disponível no LabSis /UFRN e apoio financeiro do INCT de Estudos

Tectônicos. Foram registrados 572 eventos, desde que a atividade sísmica foi

intensificada em outubro de 2013. Estes eventos foram os primeiros enxames

sísmicos conhecidos no município. A Figura 8, mostra os danos causado pelo tremor

ocorrido no dia 25 de outubro com magnitude de 3,4 mb que assustou a população

em Pedra Preta-RN, porém a maioria dos eventos foram microtremores, sendo

apenas registrados pelas estações sismográficas mais próximas.

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Figura 8 – Efeitos do sismo de magnitude 3,4 mb, registrado pela estação de Riachuelo (RCBR) bastante sentido pela população, causou rachaduras em paredes de residências em Pedra Preta-RN.

Fonte: Divulgação/prefeitura de Pedra Preta, 2015.

Esta atividade sísmica, embora tenha diminuído nos anos seguintes, persistiu

por alguns tempos, com fases, segundo o LabSis/UFRN, de alta e baixa atividade,

sendo impossível prever como será sua evolução futura.

2.3 Correlação da sismicidade com feições geológicas

A Província Borborema é a região que possui a maior concentração de

sismos intraplaca do país, em particular na borda da Bacia Potiguar (Berrocal et al.,

1984; Assumpção, 1992; Ferreira et al., 1998). Também é a região onde se

realizaram mais estudos da atividade sísmica com redes locais, determinando-se o

maior número de mecanismos focais em uma só região. Os mecanismos focais,

juntamente com dados hipocentrais, constituem o ponto de partida para qualquer

discussão fundamentada da correlação da atividade sísmica com feições geológicas

mapeadas.

Segundo Ferreira et al. (2009), a discussão da correlação entre a sismicidade

do Brasil e estruturas geológicas é antiga, por exemplo, encontra-se em Branner

(1920). No entanto, em regiões intraplaca, como o Nordeste do Brasil, esta

correlação nem sempre é uma tarefa fácil.

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Sykes (1978), sugere que os sismos tendem a se concentrar ao longo de

zonas de fraqueza pré-existentes, incluído, zonas de cisalhamento, riftes abortados,

suturas e outros limites tectônicos. Segundo Talwani (2014) a reativação dessas

zonas de fraquezas se deve à concentração de esforços que são modificados por

efeitos locais. No caso da Província Borborema há exemplos de boa correlação e

exemplos onde não se chegou a qualquer tipo de correlação, conforme

exemplificado a seguir.

Estudos realizados na Província Borborema, mostraram que a correlação

entre a sismicidade e falhas mapeadas raramente ocorre (Ferreira et al., 1998;

Bezerra et al., 2011). Trabalhos recentes, com dados de campanhas realizadas

desde 2002, elucidaram melhor a sismicidade no entorno do Lineamento

Pernambucano (LPe): Caruaru 2002, numa ramificação para NE do LPe (Ferreira et

al., 2008); Belo Jardim 2004 no LPe (Lopes et al., 2010); São Caetano 2007, numa

em ramificações para NE do LPe (Lima Neto et al. 2013), São Caetano 2010 (Lima

Neto et al. 2013). Esses trabalhos apontaram a correlação da sismicidade com o

LPe, ou suas ramificações para NE que ficam ao norte do Lineamento. No entanto,

algo semelhante não se verifica com relação ao Lineamento Sobral-Pedro II (Oliveira

et al., 2015).

É importante salientar que no estudo publicado por Dantas et al. (2011) na

área de estudo não foi possível fazer correlação com as falhas mapeadas na região

de acordo com o Mapa Geológico do Pré-cambriano da Faixa Seridó, NE do Brasil,

(Jardim de Sá, 1994).

2.4 Determinação dos hipocentros

Segundo Neto Lima (2013), existem diversos programas para a determinação

hipocentral de sismos locais, como exemplo podem ser citados os programas

HYPOSLIPSE (Lahr, 1979), HYPOINVERSE (Klein, 1978) e HYPO71 (Lee & Lahr,

1975). Neste trabalho foi utilizado o programa HYPO71, disponível no LabSis/UFRN,

para determinação hipocentral de sismos locais.

Esse programa utiliza o modelo de semi-espaço crustal, modelo usado com

sucesso em estudo da atividade sísmica na região Nordeste do Brasil, por exemplo

em Ferreira et al., 1987, 1998 e 2008; Lima Neto et al., 2013; Oliveira et al., 2015. O

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hipocentro e a hora de origem são calculados através dos mínimos quadrados, a

partir do método de Geiger. O HYPO71 utiliza três conjuntos de dados: a) o modelo

de velocidades, que necessita da velocidade da onda P (Vp) constante em cada

camada da crosta na forma de semi-espaço e da razão Vp/Vs entre as velocidades

da onda P e S, também constante em cada camada; b) as coordenadas das

estações (Tabela 1) e c) os tempos de chegadas das ondas sísmicas, P e S, em

cada estação.

2.4.1 Método de Geiger de determinação hipocentral

O programa HYPO71 utiliza o método de Geiger para a determinação

hipocentral. Trata-se de uma técnica interativa de mínimos quadrados, sendo a

técnica mais usada na determinação de hipocentros, por ser de fácil entendimento e

de ser programada. A precisão na determinação dos hipocentros e da hora de

origem dependem, substancialmente, da distribuição espacial das estações em

relação à área epicentral, da precisão do relógio do registrador e das coordenadas

das estações e das precisões nas leituras das fases das ondas.

Para localizar um sismo, nosso problema será de quatro dimensões (X, Y, Z,

T), onde X, Y e Z são as coordenadas espaciais e T é a hora de origem (em que as

três coordenadas espaciais definem o hipocentro, e as duas primeiras definem o

epicentro). Considerando que as coordenadas da K-ésima estação é (xk, yk, 0),

assumindo que a estação se encontre na superfície da Terra, o tempo de primeira

chegada da onda sísmica para a k-ésima estação é tk.

Nese sistema de coordenadas, o residual temporal na k-ésima estação (rk) é

dado pela diferença entre o tempo observado e o tempo previsto, ou seja:

Onde:

Onde TT é o tempo de percurso de uma determinada fase sísmica e das

coordenadas da estação e do hipocentro.

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A linearização do problema parte do pressuposto de que o resíduo nos

tempos de chegada ocorre devido a erro na posição do hipocentro inicial (X0, Y0, Z0,

T0), onde o indicie ―0‖ indica um valor inicial. Relocando o hipocentro para uma nova

localização (X0+ΔX, Y0+ΔY, Z0+ΔZ, T0+ΔT), com a finalidade de reduzir os resíduos

rk na k-ésima estação (Sophia, 1989), a estimativa do tempo de percurso predito

será dada por:

Onde as derivadas parciais são estimadas com base nas coordenadas (X0,

Y0, Z0). Desta forma, a mudança nas coordenadas influência o resíduo da seguinte

forma:

As mudanças nas coordenadas iniciais aparecem como termos lineares,

desta forma, o problema pode ser abordado de forma linear, permitindo que as

mudanças nas coordenadas ajudem a minimizar a seguinte expressão através de

mínimos quadrados:

Para forçar um valor mínimo residual, as condições são:

Podendo ser escrito na forma matricial mostrada abaixo:

[ ∑

]

[

]

[ ∑

∑ ]

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Onde se utilizou a notação abreviada TTX= TTk/ X, e obedecendo o fato de

que TTk/ T=1.

A solução para este sistema de equação lineares fornece os valores das

mudanças a serem realizadas na posição da fonte, de forma que as coordenadas do

próximo passo da iteração seja:

Portanto, o processo é repetido novamente para calcular X2=X1+ X,

Y2=Y1+ Y, Z2=Z1+ Z e T2=T1+ T, e assim por diante, até que este processo iterativo

alcance valores de X, Y, Z e T suficientemente pequenos e que definam algum

critério de convergência satisfatório.

Apesar do método de Geiger ser o mais utilizado para determinação

hipocentral, alguns problemas relacionados ao método foram analisados por Sophia

(1989).

O método considera que todos os dados têm a mesma qualidade, o que de

fato não ocorre. A qualidade dos dados varia de estação para estação, esta variação

pode acontecer devido a ruídos nos tempos de chegada das ondas sísmicas, a erros

no modelo de velocidade utilizado na previsão dos tempos de percursos das ondas

sísmicas ou devido a erros na localização geográfica e temporal do foco do sismo.

Na utilização do programa HYPO71, estes problemas podem ser contornados

atribuindo peso aos dados.

2.5 Determinação do mecanismo focal

Segundo Reasenberg (1992), a ocorrência de alguns casos de terremotos,

deve-se a existência de alguma zona de fraqueza (por exemplo, falha pré-existente)

e a concentração de esforços (stress), favorecendo o movimento da falha. Segundo

Shearer (2009), os terremotos podem ser idealizados como um movimento ao longo

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de um plano de falha. Quando isso ocorre, as vibrações, das ondas P e S,

propagam-se para longe da fonte sísmica segundo um padrão de irradiação, os

quais dependem dos parâmetros do falhamento (direção, mergulho e direção do

movimento da falha) e do modelo de forças atuante na fonte (França, 1999).

Há vários métodos para a determinação do mecanismo focal. O método mais

simples e utilizado neste trabalho, considera o primeiro movimento das ondas P,

devido serem as primeiras ondas a chegarem a uma estação (França, 1999). São

analisados os primeiros movimentos na componente vertical de cada estação, se

são para cima (polaridade positiva) ou para baixo (polaridade negativa), em uma

série de estações distribuídas, de modo a garantir uma boa cobertura azimutal do

epicentro. Segundo Do Nascimento (1997), o pulso da onda P com polaridade

positiva é associado à uma compressão do solo, enquanto que um pulso com

polaridade negativa é associado à uma dilatação do solo. O desenho,

esquematizado do primeiro movimento da onda P, pode ser visualizado na Figura 9.

Observa-se nesta figura, que o movimento da falha ocasiona um padrão de

polaridade dividido em quatro quadrantes, dois compressivos e dois distensivos,

perpendiculares entre si. Estas direções ortogonais dividem o espaço em dois

planos nodais, diferenciando os quadrantes de compressão e de dilatação. Este

modelo de força atuantes, pode ser visto como uma superposição de dois binários

simples ortogonais (Honda, 1957). Como consequência é possível determinar o

plano de falha e o plano auxiliar, sendo perpendicular ao plano de falha e à direção

do movimento, caso exista o conhecimento da geologia do local e da distribuição

hipocentral.

O mecanismo focal pode ser determinado tanto para um evento quando para

um conjunto de eventos. Para uma boa solução do mecanismo focal, é comum

utilizar vários sismos, objetivando aumentar a quantidade de polaridades lidas da

primeira chegada das ondas P. Nestas circunstâncias, a técnica de mecanismo focal

compostas, supõe que todos os eventos de uma determinada falha sismogênica

possuem o mesmo mecanismo focal, de maneira que podem ser representados em

um mesmo cluster (Udías et al., 1985).

Através dessa técnica, e segundo Reasenberg (1992), é possível calcular a

solução hipocentral e a solução do mecanismo focal, usando um modelo de

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velocidades. Contudo, existem limitações no uso da técnica de soluções compostas,

uma vez que, os eventos não possuem, de fato, o mesmo mecanismo focal e em

caso de zona sísmica muito pequena, as polaridades vão se sobrepor, de modo que,

não melhorará em nada a resolução do mecanismo focal (Sophia, 1989).

Figura 9 - Desenho esquemático, em perfil, mostrando o plano de falha (linha vermelha) de uma falha inversa e o plano auxiliar (linha azul) com relação aos quadrantes de compressão (+) e tração (-) em torno de um hipocentro do sismo (estrela preta). Os triângulos cinzas representam estações sismográficas, enquanto que os traços pretos (em cima das estações) representam de maneira esquemática os sismogramas da componente vertical de cada estação.

Fonte: Modicado de Oliveira, 2010.

O mecanismo focal é definido basicamente pelos seguintes parâmetros

(strike, dip e rake) do falhamento, esquematizado na Figura 10.

strike (0º≤ ϕ <360º): azimute da falha; é a orientação da falha medida a

partir do norte no sentido horário;

dip (0º≤δ<90º): mergulho da falha, representa o ângulo de mergulho da

falha a partir da horizontal;

rake (-180º≤λ<180º): ângulo do deslocamento entre o vetor

deslocamento (slip, em inglês) e o strike da falha.

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Figura 10 - Desenho esquemático ilustrando os parâmetros (strike, dip e rake), caracterizam um plano de falha para determinação do mecanismo focal.

Fonte: Adaptado de Shearer, 2009.

Através do mecanismo focal, representado por uma bola de praia (beach ball),

é possível descrever o tipo de falhamento responsável pela atividade sísmica

(normal, reverso e transcorrente), permitindo determinar os planos nodais e a

direção dos eixos tração (T) e compressão (P), bem como estimar direção do

movimento responsável por essa sismicidade, segundo Lima Neto (2009). Na Figura

11 são mostradas representações esferográficas de mecanismos focais e as

respectivas geometrias de falhas correspondentes. Por definição, as regiões de cor

preta indicam regiões de compressão, enquanto que as regiões de cor branca,

indicam regiões de dilatação.

O programa utilizado neste trabalho, para determinação do mecanismo focal

composto, foi o FPFIT (Reasenberg e Oppenheimer, 1985), que considera as

polaridades das ondas P na componente vertical registrada em cada estação da

rede de PP.

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Figura 11 - Representação esquemática dos mecanismos focais (beach ball) e as respectivas geometrias das falhas capazes de produzir tais mecanismos. Por convenção, a cor preta, nos mecanismos, indica tração enquanto que a cor branca indica pressão.

Fonte: Shearer, 2009.

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3. METODOLOGIA

3.1 Aquisição e análise dos dados

A sismicidade em Pedra Preta-RN teve início no ano de 2010. Antes de 2010

não havia registro de sismos nessa área. Desde o início, o monitoramento

permanente da atividade sísmica em Pedra Preta-RN foi realizado pelas estações

sismográficas de Riachuelo (RCBR) e pela estação de Cabeço Preto (ACCP).

Após a ocorrência de dois eventos, fortemente sentido em Pedra Preta-RN

em 24 e 25 de outubro de 2013, que atingiram magnitude 3,0 mb e 3.4 mb,

respectivamente, pesquisadores do LabSis decidiram instalar mais quatro novas

estações na região. No dia 08 de novembro 2013 foram instaladas as estações

ACOC e ACTP, e no dia 9 do mesmo mês foram instaladas as outras duas restantes

ACBB e ACSS. No dia 12 de dezembro uma nova estação (ACRI) foi instalada,

completando a rede sismográfica local de estações, de período curto, rede de Pedra

Preta (PP), composta por seis estações, instalada pelo Laboratório Sismológico da

UFRN (LabSis/UFRN).

Cada estação (Figura 12) era provida de acelerógrafos triaxial, de modelo 131

A 02/3 e de registrador DAS 130 (fabricados pela Reftek). Os acelerógrafos

pertencem à Rede Sismográfica do Nordeste do Brasil (RSISNE - UFRN/Petrobras).

O financiamento para a campanha foi feito pelo INCT de Estudos Tectônicos, do

qual o LabSis/UFRN faz parte. As coordenadas das estações foram obtidas por

GPS, acoplado a cada estação e visualizada na Tabela 1.

A rede sismográfica de Pedra Preta-RN registrou 572 sismos locais (distância

epicentral menor que 10 km) durante a intensa atividade sísmica em outubro de

2013 e início de 2014. Neste estudo foram utilizados apenas os sismos registrados

em três ou mais estações.

Com o intuito de fazer uma lista com os 273 eventos registrados, no mínimo

em três estações, nesse período, a estação ACPP foi escolhida pelo fato de ser a

mais próxima da área epicentral. Alguns terremotos não foram registrados, de

maneira clara, por pelo menos três estações da rede PP. No entanto, foram

utilizados apenas para a contagem de eventos.

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Figura 12 - Foto da estação ACOC, instalada na localização de Olho d’água do Capim (Pedra Preta -RN). No interior da balde está o sismômetro, no interior da caixa de fibra o registrador Reftek 130.

Fonte: LabSis/UFRN (2015).

Tabela 1 - Informações sobre coordenadas (latitude, longitude e altitude), localidade e município das estações constituintes da rede PP.

ESTAÇÕES LAT (°) LONG (°) ALT (m) LOCALIZAÇÃO MUNICÍPIO

ACBB -5,51065 -36,1002 208 Baixa da Beleza Pedra Preta

ACCP -5,47507 -36,1334 241 Cabeço Preto Pedra Preta

ACOC -5,43491 -36,0854 206 Olho d'água do Capim Jandaíra

ACSS -5,49431 -36,0596 243 São Severino Pedra Preta

ACTP -5,47788 -36,0988 244 Toco Preto Pedra Preta

ACRI -5,42732 -36,1295 205 Riacho Jandaíra

Todo o conjunto de dados foi analisado em um PC do LabSis/UFRN, e se deu

no software COMPASS, fornecido pelo fabricante dos registradores (Reftek).

3.2 Escolha de um modelo de velocidade (Diagrama Wadati)

A construção do diagrama Wadati (Kisslinger e Engdahl, 1973), utilizado para

calcular o desvio padrão de cada leitura, para o controle de qualidade dos dados

(ótimas leitura do tempo de chegada da onda P e S). O fator de qualidade variou de

0, para a leitura ótima, ou seja, certeza no tempo de chegada da onda, e 4 para

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leitura muito ruim, ou seja, não há certeza sobre a chegada da onda, usado em Lima

Neto et al. (2013) e Oliveira et al. (2015). As leituras que tiveram elevado desvio

padrão foram relidas, de modo que, para todos os dados foi atribuído o valor de 0 a

1 para onda P. Para onda S, devido a superposição de sinais ocasionado pela

chegada de outras fases, foi mais difícil de identificar, sendo que os valores

atribuídos as ondas S neste trabalho variaram de 0 a 2. Assim, dos 273 sismos

registrados, foram selecionados apenas 50 eventos com melhores leituras dos

tempos de chegada das ondas P e S. Estes eventos foram usados para obter o

modelo de velocidades utilizado pelo HYPO71, para determinação hipocentral. A

Figura 13 mostra o mapa epicentral destes 50 sismos selecionados.

Para encontrar o melhor modelo de velocidades utilizado este trabalho,

considerou-se a área onde está localizado a falha de Cabeço Preto como um semi-

espaço infinito, homogêneo e isotrópico. Este modelo é aceitável, pois a região se

encontra no embasamento Pré-Cambriano, constituída de rochas consolidadas e de

baixa atenuação, usado por Ferreira et al. (1995), Ferreira et al. (1998), Do

Nascimento (1997), Lima Neto et al. (2013) e Oliveira et al. (2015), produzindo bons

resultados. Este modelo permitiu obter a razão Vp/Vs = 1,72. A Tabela 2 mostra

alguns estudos de sismicidade local na região Nordeste do Brasil e os modelos de

velocidades adotados.

A razão entre as velocidades das ondas P e S (Vp/Vs), foi calculada através do

diagrama Wadati (Kisslinger & Engdahl, 1973), sendo um critério considerado para

conferir a consistências dos dados. O diagrama Wadati representa graficamente a

diferença temporal dos tempos de chegada das ondas P e S (ts-tp) e a diferença

entre o tempo de chegada da onda P e a hora de origem do terremoto (tp-to). A

representação gráfica é uma reta que passa pela origem e possui coeficiente

angular a = (Vp/Vs) – 1 (Kisslinger & Engdahl, 1973).

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Figura 13 - Mapa epicentral dos 50 eventos registados em 2013 e 2014, utilizados pelo HYPO71 para determinação do modelo de velocidades. Os triângulos azuis simbolizam as seis estações da rede de PP instaladas para a segunda campanha. Os quadrados representam as cidades de Jandaíra-RN e Pedra Preta-RN. As cores mais quentes representam elevações maiores.

Fonte: Autoria própria, 2016.

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Tabela 2 - Modelos de velocidades crustais locais de semi-espaço infinito, utilizado em redes sismográficas locais na Província Borborema (Shihadeh, 2015).

Local Vp (km/s) Vp/Vs Fonte

Açu-RN 6,00 1,71 Ferreira et al. (1995)

Augusto Severo-RN 6,00 1,71 Ferreira et al. (1998)

Belém de Maria-PE 6,00 1,71 Lima Neto et al. (2014)

Belo Jardim -PE 5,60 1,71 Lopes et al. (2010)

Caruaru -PE 6,00 1,73 Ferreira et al. (1998)

Cascavel-CE 5,68 1,63 Vilar (2000)

Groaíras-CE 6,20 1,69 Ferreira et al. (1998)

Hidrolândia-CE 5,95 1,75 Ferreira et al. (1998)

Irauçuba-CE 6,20 1,69 Ferreira et al. (1998)

João Câmara-RN 6,00/5,90 1,71/170 Bezerra et al. (2007)/Santana (2009)

Pacajus-CE 5,80 1,65 Ferreira et al. (1998)

Palhano-CE 5,95 173 Ferreira et al. (1998)

Pedra Preta-RN 6,00 1,70 Dantas et al. (2011)

Santana do Acarau-CE 6,00 1,70 Oliveira et al. (2015)

São Caetano-PE 5,90 1,70 Lima Neto et al. (2013)

Senador Sá-CE 5,95 1,69 França (1999)

Sobral-CE 6,00 1,71 Oliveira et al. (2010)

Taboleiro Grande-RN 6.00 1,71 Ferreira et al. (1998)

Taipu-RN 6,00 1,70 Lima Neto et al. (2010)

O último passo para determinar o modelo de velocidade foi obter o melhor

valor de Vp. Os melhores modelos de montagem de velocidades do semi-espaço

para a velocidade Vp foram, mantendo fixo a razão Vp/Vs=1,72 e testando Vp no

intervalo 5.50 a 6.40 km/s, conforme utilizado em trabalho anterior, próximo à área

de estudo (Lima Neto et al., 2010). Os testes foram realizados no programa

HYPO71. Ao todo, foram realizados 19 testes. Os resultados dos testes podem ser

observados na Tabela 3. A lista mostrando os parâmetros dos 50 eventos pode ser

visualizada na Tabela B.1 do apêndice B.

Desta forma, o valor de Vp = 5,90 km/s, obteve os menores valores médios

possíveis de RMS, ERH e ERZ, em que o primeiro é o desvio padrão médio (em

segundos), o segundo é o erro horizontal médio (em quilômetros) e o último é o erro

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vertical médio (também em quilômetros) das leituras. Esses parâmetros

possibilitaram obter melhor resultado para o objetivo deste trabalho.

Tabela 3 - Resultado dos testes para determinação do parâmetro Vp do modelo de velocidades em 50 eventos, com destaque o teste 9.

TESTE Vp Vp/Vs RMS (s) ERH (km) ERZ (km)

1 5,50 1,72 0,03276 0,178 0,2468

2 5,55 1,72 0,03058 0,169 0,2322

3 5,60 1,72 0,02844 0,161 0,218

4 5,65 1,72 0,02656 0,155 0,2048

5 5,70 1,72 0,02494 0,15 0,1936

6 5,75 1,72 0,02368 0,147 0,1856

7 5,80 1,72 0,02274 0,1438 0,1796

8 5,85 1,72 0,02208 0,1442 0,1766

9 5,90 1,72 0,02192 0,1468 0,1778

10 5,95 1,72 0,0223 0,1514 0,1812

11 6,00 1,72 0,02312 0,1588 0,1902

12 6,05 1,72 0,02426 0,1684 0,2006

13 6,10 1,72 0,02542 0,1784 0,2122

14 6,15 1,72 0,02668 0,1896 0,2246

15 6,20 1,72 0,02798 0,201 0,2368

16 6,25 1,72 0,02918 0,211 0,2498

17 6,30 1,72 0,03042 0,223 0,2634

18 6,35 1,72 0,03168 0,2358 0,276

19 6,40 1,72 0,03306 0,248 0,2888

3.3 Determinação de hipocentros e planos de falhas

Para determinar os parâmetros dos planos de falha e mecanismo focal, é

necessário trabalhar com o melhor conjunto de dados confiáveis. Assim, dos 50

sismos utilizados no HYPO71, foram realizadas algumas filtragens observado um

total de 24 sismos com melhor localização hipocentral seguindo o seguinte critério:

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1) Gap < 180, ou seja, os eventos devem estar dentro da rede sismográfica;

2) RMS ≤ 0,01 s;

3) Nº de observações ≥ 10 (leituras P+S);

4) ERH < 0,1 Km;

5) ERZ < 0,1 Km.

Este critério foi utilizado pelo fato de ter sido usado com sucesso por diversos

autores para a determinação dos mecanismos focais em estudos na região nordeste

do Brasil (Lima Neto et al., 2013; Oliveira et al., 2015). Além disto uma localização

precisa para as estações dever ser da ordem de 0,1km (Lee & Lahr, 1975). A lista

mostrando os parâmetros dos 24 eventos pode ser visualizada na Tabela B.2 do

apêndice B.

Os hipocentros dos 24 sismos foram calculados, com auxílio do programa

HYPO71, usando um modelo de velocidade de semi-espaço de melhor ajuste (Vp

=5,90 km/s e Vp/Vs = 1,72). A Figura 14 mostra o mapa epicentral destes 24 sismos.

Para melhor visualização da distribuição dos hipocentros em profundidade, foi feito o

ajuste dos hipocentros a um plano, utilizando-se o método dos mínimos quadrados.

A direção do plano de falha (strike) obtida foi de 254° e o mergulho (Dip), 67º. Para

ter uma ideia espacial da distribuição epicentral, foram feitas duas projeções: uma

projeção vertical num plano paralelo ao azimute (strike) da distribuição dos

epicentros e uma projeção vertical no plano perpendicular a essa mesma direção.

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Figura 14 - Mapa epicentral dos 24 melhores eventos selecionados, obedecendo os seguintes critérios (Gap < 180, RMS ≤ 0,01 s, Nº de observações ≥ 10, ERH < 0,1 Km, ERZ < 0,1 Km), localizados entre os municípios de Jandaíra-RN e Pedra Preta-RN. As cores mais quentes representam elevações maiores.

Fonte: Autoria própria, 2016.

3.4 Determinação de mecanismo focal

O último parâmetro necessário para determinação do mecanismo, foi obtido

por meio de um ajuste visual, mantendo fixo o valor do strike e do Dip, variando-se o

valor do rake várias vezes. Com base nas polaridades da primeira chegada das

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ondas sísmicas, o rake foi determinado em -66°. O software utilizado, foi o programa

FPFIT (Reasenberg e Oppenheimer, 1985), disponibilizado no LabSis. Assim, a

solução do mecanismo focal composto, foi determinada como sendo aquela que

teve melhor ajuste, juntamente com as polaridades da primeira chegada das ondas

P em uma projeção na esfera focal, obedecendo os seguintes parâmetros (strike =

254, dip = 67, rake = -66°, N° observações ≥10), além do auxílio da localização dos

epicentros.

Os resultados obtidos e as discussões então em forma de artigo no próximo

capítulo.

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4. MANUSCRITO SUBMETIDO

Sismicidade intraplaca em Pedra Preta – RN no período de 2013 – 2014

Cristiane de Souza Costa1, Joaquim M. Ferreira1,2, Heleno C. de Lima Neto4,

Francisco H. R. Bezerra1,3, Maria Osvalneide Lucena Sousa3.

1Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica, Centro de Ciências

Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal,

RN, BR ([email protected]).

2Departamento de Geofísica – Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal, RN, BR

([email protected]).

3Departamento de Geologia - Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal, RN, BR

([email protected]), ([email protected]).

4Universidade Potiguar-UNP, Natal, RN, BR ([email protected]).

Submetido à Geologia USP em 12/08/2016, ID de submissão: 470.

Por sugestão do Chefe de seção da revista Geologia USP, Daniel Machado, o artigo

foi corrigidoo e resubmetido em 15/10/2006, ID de submissão: 121972.

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Resumo

A atividade sísmica em Pedra Preta-RN, localizada no Nordeste do Brasil, região de maior

sismicidade intraplaca do país, teve início em dezembro de 2010. Antes disto não havia

registro de sismos nessa área. Durante o ano de 2013 e início de 2014, a rede sismográfica de

Pedra Preta registou 273 sismos locais em três ou mais estações. Destes eventos foram

selecionados os 50 eventos com melhores leituras dos tempos de chegada das ondas P e S,

sendo determinado o modelo de velocidades (Vp/Vs =1,72 e Vp = 5,90 km/s) e calculados os

hipocentros, com o programa HYPO71. Para a determinação do mecanismo focal composto

foi feita uma nova seleção de sismos obedecendo critérios mais restritos para os hipocentros

(Gap < 180, RMS ≤ 0,01 s, Nº de observações ≥ 10, ERH < 0,1 Km, ERZ < 0,1 Km), tendo

sido selecionados 24 eventos por esses critérios. Os hipocentros desses sismos mostram que a

falha sismogênica tem aproximadamente 3 km de extensão, com sismos entre 2,3 a 5,8 km de

profundidade. Os parâmetros da falha sismogênica foram obtidos pela combinação do método

dos mínimos quadrados e do programa FPFIT (strike = 254°, dip = 67° e o rake = -66°),

caracterizando uma falha normal. Os epicentros e o mecanismo focal foram utilizados para

verificar se havia ou não possível correlação com feições geológicas mapeadas na área e a

conclusão é que não existem feições geológicas mapeadas que possam estar relacionadas

diretamente com a atividade sísmica estudada.

Palavras-chaves: Atividade sísmica; Determinação hipocentral; Mecanismo focal; Falhas

sismogênicas; Sismotectônica.

Abstract

The seismic activity in Pedra Preta-RN, Northeastern Brazil, the region of main intraplate

seismicity of the country, began in December 2010. Before that year there was no record of

earthquakes in this area. During 2013 and early 2014, the seismographic network depployed

in Pedra Preta registered 273 local earthquakes in three or more stations. Of these, 50 events

with the best readings of the arrival of P waves and S times, were selected to determine

velocity model (Vp / Vs and Vp = 1.72 = 5.90 km / s) and the calculate hypocenters, with

HYPO71 program. For the determination of the composed focal mechanism a new selection

was made with earthquakes obeying more stringent criteria for the hypocenters (Gap <180,

RMS ≤ 0.01 s, Number of observations ≥ 10, ERH <0.1 km, ERZ <0, 1 Km), having been

selected by these criteria 24 events. The hypocenters of earthquakes show that the

seismogenic fault is about 3 km long, with earthquakes between 2,3 to 5,8 km deep. The

parameters of seismogenic fault were obtained by combining the method of least squares and

FPFIT program (strike = 254 °, dip = 67 ° and the rake = -66 °), indicating a normal fault. The

hypocenters and focal mechanism were used to verify if there was possible correlation with

geological features mapped in the area and the conclusion is that there are no mapped

geological features that may be directly related to the seismic activity studied.

Keywords: Seismic activity; Determination of hypocenters; Focal mechanism; Seismogenic

faults; Seismotectonics.

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INTRODUÇÃO

O estudo da atividade sísmica em regiões intraplaca, como o Brasil, não é tão simples

como em regiões de borda de placa devido, principalmente, ao pequeno número de eventos.

Apesar disso, muito tem sido feito no Brasil (Assumpção et al., 2014), em particular na

Província Borborema (p. ex., Ferreira et al., 1998; Lima Neto et al., 2014; Oliveira et al.,

2015), que é a região de maior atividade sísmica no país. Tem particular destaque os sismos

que ocorrem na borda da Bacia Potiguar, que abrange o Rio Grande do Norte e o leste do

Ceará, que geralmente se apresentam na forma de sequências, que podem durar meses até

alguns anos, com raros tremores de magnitude acima de 5.0 mb, causando danos em

edificações e pânico e fuga das populações (Ferreira e Assumpção, 1983; Ferreira et al.,

1998).

Se, por um lado, sequências sísmicas causam transtornos sociais, por outro, são uma

rara oportunidade para o estudo da atividade sísmica. Um dos casos, mais recentes, é o da

sismicidade nas proximidades da cidade de Pedra Preta-RN onde, desde dezembro de 2010,

vem ocorrendo tremores de terra. Uma primeira campanha foi realizada em 2011, tendo os

resultados preliminares sido publicados por Dantas et al. (2011). A atividade sísmica

prosseguiu e em outubro de 2013 ocorreu um sismo de magnitude 3.7, na escala mR

(Assumpção,1983), o de maior magnitude até então, o que ensejou a realização de uma nova

campanha abrangendo os anos de 2013 e 20 14.

O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados sismológicos obtidos (hipocentros

e mecanismo focal) e discutir uma possível correlação com feições geológicas mapeadas na

região. Nesse aspecto, é uma importante contribuição para o entendimento da sismicidade

intraplaca, uma área do conhecimento ainda aberta, sem um entendimento definitivo sobre as

causas de tal tipo de fenômeno.

GEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO

Geologicamente, a área de estudo (Figura 1) está inserida na Província Borborema, no

limite entre o embasamento e a Bacia Potiguar.

Na parte sul da área predomina o embasamento aflorante, sendo composto,

essencialmente, por rochas do Brasiliano, Neoproterozoico e Arqueano/Paleoproterozoico

com intrusões de diques do Vulcanismo Ceará Mirim, aproximadamente entre 120-170 Ma.

Na parte norte da área predominam rochas sedimentares da Bacia Potiguar, do período

Cretáceo representado pelas formações Açu e Jandaíra e, do Cenozoico, incluindo coberturas

quaternárias (Formação Barreiras, depósitos aluvionares e depósitos de canal).

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Figura 1. Mapa geológico da área de estudo, mostrando as estações utilizadas e os epicentros dos 50 eventos selecionados. (Modificado de Costa e Dantas, 2014; Vital et al., 2012; Angelim et al.,2006).

A Formação Açu é representada por arenitos variegados, folhelhos e argilitos

relacionados a leques aluviais e sistemas fluviais (CPRM, 2005).

A Formação Jandaíra, inclui calcários, calcários bioclásticos e evaporitos de planície

de mar é e plataforma carbonática rasa (CPRM, 2005).

Nota-se ainda, no mapa da Figura 1, a presença de intrusões do Vulcanismo Macau

com idade entre 40 -18 Ma (Sial, 1976).

AQUISIÇÃO, ANÁLISE DE DADOS E MODELO DE VELOCIDADES

Como já foi dito, a atividade sísmica em Pedra Preta teve início em dezembro de 2010.

Antes disso, não havia registro de sismos nessa área (Ferreira e Assumpção, 1983; Boletim

Sísmico Brasileiro). Desde o início, o monitoramento da atividade sísmica em Pedra Preta, em

tempo real, foi realizado pela estação sismográfica de Riachuelo (RCBR), a aproximadamente

45 km da área epicentral. Posteriormente, o monitoramento local passou a ser feito pela

estação de Cabeço Preto (ACCP, Figura 1).

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Logo após a ocorrência de dois eventos fortemente sentidos em Pedra Preta em 24 e

25 de outubro de 2013, que atingiram magnitude 3.0 mb e 3.7 mb, respectivamente,

pesquisadores do Laboratório Sismológico da UFRN (LabSis) decidiram instalar mais cinco

estações (ACOC, ACTP, ACBB, ACSS e ACRI) na região, que, juntamente com a estação

ACCP, formaram uma rede local de seis estações para o estudo da atividade sísmica. A

distribuição das estações está mostrada na Figura1. O financiamento para a campanha foi feito

pelo INCT de Estudos Tectônicos.

Cada estação era provida de um acelerógrafo triaxial, de modelo 131 A 02/3, e de um

registrador DAS 130, fabricados pela Reftek, equipamento disponível no LabSis. As

coordenadas das estações foram obtidas pelo GPS, acoplado a cada estação. A taxa de

amostragem dos registros foi de 100 amostras por segundo.

A rede sismográfica de Pedra Preta registrou 572 sismos locais (distância epicentral

menor que 10 km) durante o período de novembro de 2013 a março de 2014, sendo que

apenas 273 sismos foram registrados em três ou mais estações.

Inicialmente, as leituras foram do tempo de chegada das ondas P e S foram feitas com

o software COMPASS, fornecido pelo fabricante dos registradores (Reftek). A próxima etapa,

foi obter um conjunto confiável de dados e, em seguida, determinar a razão entre as

velocidades das ondas P (Vp) e das ondas S (Vs) e a velocidade Vp.

Um exemplo típico de sismograma é mostrado na Figura 2. Como se pode ver, as

chegadas das ondas P e S são bastante claras, o que é bastante comum, o que permite uma boa

precisão nas leituras dos tempos de chegada.

Figura 2. Sismograma registrado nas três componentes da estação ACCP com filtro passa-banda (2 a 20 Hz), estão indicadas também as fases P e S.

O método utilizado para a obtenção do conjunto de dados confiáveis foi o do diagrama

Wadati (Kisslinger e Engdahl, 1973) sendo esse método também utilizado para a estabelecer a

relação Vp/Vs. Dessa forma, foi obtido um conjunto de 50 eventos com as melhores leituras

possíveis o que possibilitou a obtenção da relação Vp/Vs=1,72. A visualização do diagrama

Wadati para esses 50 eventos pode ser visto na Figura 3.

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O modelo de velocidades escolhido foi o do semi-espaço onde os parâmetros a serem

utilizados na determinação hipocentral são a razão Vp/Vs e a velocidade Vp, na prática, as

velocidades das ondas P e S. Esse modelo tem sido utilizado desde 1986 (p. ex., Ferreira et

al., 1987, Ferreira et al., 1998, Lima Neto et al., 2013, Oliveira et al., 2015).

Para a determinação hipocentral foi utilizado o programa HYPO71 (Lee & Lahr,

1975), que é um programa robusto que tem sido usado em todos os estudos com redes locais

efetuados pelo LabSis/UFRN, como por exemplo, nas referências do parágrafo anterior.

Utilizando a razão Vp/Vs = 1,72, e varrendo-se as velocidades no intervalo 5.50 – 6.40,

com o auxílio do HYPO71, foi possível verificar que a velocidade que dava menores resíduos

médios na determinação hipocentral foi Vp = 5,90 km/s.

Figura 3. Gráfico do: Diagrama Wadati dos 50 eventos selecionados. S-P é a diferença dos tempos de chegada das ondas S e P, enquanto que P-O é a diferença da chegada da onda P e a hora de origem do terremoto. O coeficiente angular da reta é dado por a = Vp/Vs – 1.

DETERMINAÇÃO DOS HIPOCENTROS

Com o modelo e os parâmetros de velocidade vistos na seção anterior foram

calculados os hipocentros dos 50 eventos selecionados utilizando-se o programa HYPO71. Os

valores médios, para esses eventos, na determinação da hora de origem (RMS) foi de 0,0219

s, na determinação do epicentro (ERH) foi de 0,1468 km e na determinação da profundidade

focal (ERZ) de 0,1778 km.

A Figura 1 mostra também a localização dos 50 epicentros e a distribuição das

estações na área de estudo. Como se pode ver, os eventos estão localizados dentro da rede

sismográfica o que explica os baixos resíduos obtidos.

MECANISMO FOCAL

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2

S-P

(se

g)

P-O (seg)

Diagrama Wadati

Vp/Vs = 1.721 +- 0.003 Desvio padrão= 0.008

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O objetivo da determinação do mecanismo focal é conhecer os parâmetros da falha

sismogênica o que possibilitará uma discussão fundamentada sobre uma possível correlação

entre a atividade sísmica estudada e feições geológicas mapeadas na região.

Existem diversos métodos de se fazer isso a partir dos dados. No entanto, devido ao

pequeno número de estações instaladas na campanha, optou-se por utilizar o método da

determinação do mecanismo focal composto, a partir da polaridade da chegada da onda P nas

diversas estações, supondo que todos os eventos pertencem à mesma falha e tem o mesmo

movimento. Para auxiliar na obtenção dos parâmetros foi utilizado o programa FPFIT

(Reasenberg e Oppenheimer, 1985) que determina a solução minimizando as discrepâncias

nas polaridades supondo que o padrão de radiação seja de um duplo binário.

Para a determinação do mecanismo focal composto da atividade sísmica na região

foram selecionados, dentre os 50 eventos, os que satisfaziam condições mais restritas, que

foram:

1) Gap < 180°, ou seja, os eventos devem estar dentro da rede sismográfica;

2) RMS ≤ 0,01 s;

3) Nº de observações ≥ 10 (leituras P+S);

4) ERH < 0,1 Km;

5) ERZ < 0,1 Km.

Esses critérios serviram para assegurar que os dados a serem utilizados para a

determinação do mecanismo focal fossem os de melhor qualidade possível. Nessas condições,

foi possível selecionar 24 eventos. A comparação entre a qualidade média dos eventos

selecionados e dos 50 eventos iniciais pode ser vista na Tabela 1. Como se pode notar, os

erros médios dos eventos selecionados são bem menores que os mesmos erros do conjunto de

sismos original.

Tabela 1. Comparação dos valores de RMS, ERH e ERZ entre o conjunto inicial de dados (50 eventos) e os 24 sismos selecionados para a determinação do mecanismo focal.

EVENTOS RMS (s) ERH (km) ERZ (km)

50 0,0219 0,1468 0,1778

24 0,0066 0,0367 0,0542

O programa FPFIT pode calcular a direção (strike), o mergulho (dip) e a obliquidade

(rake) relativos à falha sismogênica e seu movimento. No entanto, a direção e o mergulho da

falha podem ser obtidos diretamente da distribuição dos hipocentros através de um ajuste por

mínimos quadrados. Através dessa metodologia foi determinada a direção (254°) e o

mergulho (67°) da falha.

Na Figura 4, são mostrados os epicentros e os hipocentros dos 24 eventos

selecionados. Os hipocentros estão em projeções verticais (4b e 4c) de acordo com o plano

determinado pelo método dos mínimos quadrados. Como se pode notar a falha tem direção

WSW e mergulho NNW.

Os dados hipocentrais revelam uma falha sismogênica de aproximadamente 3 km de

extensão. Os hipocentros mais rasos (2,3 a 3,7 km) estão na parte central da falha. Os

hipocentros mais profundos (3, 8 a 5,8 km), estão distribuídos ao longo de toda a falha.

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Para determinar o tipo do movimento foi utilizado o programa FPFIT que calculou o

rake com os valores da direção e do mergulho fixos. O valor obtido foi de -66° o que implica

num movimento de falha normal.

O mecanismo focal está mostrado na Figura 5, onde é possível verificar um pequeno

número de polaridades discrepantes. Algumas polaridades discrepantes, nas regiões afastadas

dos planos nodais, podem ser explicadas devido ao fato de que, na prática, nem todos os

eventos possuem o mesmo mecanismo focal.

Desta forma podemos afirmar que a atividade sísmica em Pedra Preta em 2013-2014

se deu numa falha normal, de direção 254° e mergulho 67° sob a ação de tensões tectônicas,

aproximadamente, com os eixos de compressão ENE e de tração NNW.

Figura 4. (a) Mapa dos epicentros dos 24 eventos, para a determinação do mecanismo focal. As setas azuis indicam as direções das projeções (b e c). b) projeção dos hipocentros em plano vertical paralelo à direção do plano de falha e c) projeção dos hipocentros em plano vertical perpendicular à direção do plano de falha. Os círculos amarelos representam os sismos mais profundos e os quadrados verdes os mais rasos O triângulo azul simboliza a estação (ACTP).

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Figura 5. Mecanismo focal composto para os 24 eventos selecionados. Cruzes e círculos simbolizam os primeiros movimentos de compressão e dilatação, respectivamente. P e T São os eixos de compressão e dilatação, respectivamente. PF indica o plano de falha.

DISCUSSÕES E CONCLUSÃO

A atividade sísmica em Pedra Preta em 2013-2014 é mais um caso de atividade

sísmica intraplaca na Província Borborema e, em particular, na borda da Bacia Potiguar.

Ela ocorreu numa área onde não se conhecia atividade sísmica antes de 2010 e, desde

então, ocorreram diversos surtos de maior atividade um dos quais o de 2013-2014,

objeto deste estudo.

Neste estudo foram obtidos, com boa precisão, os hipocentros dos sismos e foi

determinado o mecanismo focal composto dessa atividade. Esses dados, por sua

qualidade, permitem que a discussão de uma possível correlação com feições geológicas

mapeadas na região possa ser feita com respaldo técnico.

O problema da correlação entre sismicidade e feições geológicas de sismos

intraplaca não é um problema simples e muito já foi discutido sobre isso e tentativas de

explicações gerais têm sido feitas (p. ex., Sykes, 1978; Talwani, 2014) mas, na prática,

cada caso é um caso.

Alguns autores mostraram que na Província Borborema há bons exemplos de

correlação e bons exemplos de não correlação sendo que, em geral, a não correlação é a

regra (Ferreira et al., 1998; Bezerra et al., 2011). Outro resultado importante obtido é

sobre a reativação de grandes zonas de cisalhamento. Ficou demonstrado que o

Lineamento Pernambuco está reativado em alguns trechos (Ferreira et al., 1998, 2008;

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Lima Neto et al., 2013), enquanto não há evidências de que o Lineamento Sobral-Pedro

II possa estar reativado (Oliveira et al., 2015).

No caso da atividade sísmica estudada, conforme se pode ver na Figura 1, não

existem falhas mapeadas na área epicentral que possam estar diretamente

correlacionadas com a atividade sísmica. Considerando-se que os sismos ocorrem em

zonas de fraqueza sob a ação de esforços tectônicos adequadamente orientados (Sykes,

1978) podemos discutir possíveis fontes de zonas de fraqueza na região.

Ao Sul, contendo Pedra Preta, existe uma zona de cisalhamento que deve se

prolongar para norte, passando pela área epicentral. Nesse caso, a atividade sísmica

estaria sobre uma zona de cisalhamento embora a falha sismogênica seja praticamente

perpendicular à mesma e o movimento atual seja de falha normal.

Outras possíveis contribuições para a existência de uma zona de fraqueza na

região podem estar associadas aos processos de implantação dos diques do Vulcanismo

Ceará Mirim, da formação da Bacia Potiguar e, mais recentemente, do Vulcanismo

Macau presente na região.

Sendo assim, não é possível correlacionar diretamente a atividade sísmica com

feições geológicas mapeadas embora existam na região várias feições cuja gênese pode

estar associada à zona de fraqueza crustal responsável pelos sismos. Evidentemente que

novos estudos geológicos e geofísicos podem esclarecer melhor a tectônica atual em

Pedra Preta.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho foram analisados os dados registrados pela rede de PP

composta por seis estações, com registro digital, algumas instaladas sobre

rochas do embasamento cristalino. As estações foram instaladas próximas à

área dos epicentros da falha sismogênica de Cabeço Preto.

Consequentemente, foi possível obter registros com ótima qualidade de leitura

de primeira chegada da onda P e S. Os quais, possibilitaram a elaboração

deste trabalho, na determinação do hipocentro e mecanismo focal composto.

Foram calculados os hipocentros de 24 eventos, obedecendo os

seguintes critérios (Gap < 180, RMS ≤ 0,01 s, Nº de observações ≥ 10, ERH <

0,1 Km, ERZ < 0,1 Km), para a determinação do mecanismo focal composto.

Os hipocentros foram determinados, a partir do modelo de semi-espaço,

de parâmetros iguais a 5.90 km/, para a velocidade da onda P, e 1,72, para a

razão entre as velocidades das ondas P e S. Desse modo, foi possível

determinar uma zona ativa de aproximadamente 3 km de extensão, e

aproximadamente 2,3 a 5,8 km de profundidade.

A determinação do mecanismo focal foi feita com o auxílio do programa

FPFIT, que calculou o rake com os valores da direção e do mergulho fixos. O

valor obtido foi de -66° o que implica num movimento de falha normal.

Desta forma podemos afirmar que a atividade sísmica em Pedra Preta-

RN em 2013-2014 se deu numa falha normal, de direção 254° e mergulho 67°

sob a ação de tensões tectônicas, aproximadamente, com os eixos de

compressão ENE e de tração NNW.

Por sugestão da banca examinadora desta Dissertação e de com Mapa

Geológico segundo Vital et al. 2012, pode-se verificar na Figura 15 algumas

falhas foto interpretadas na área epicentral e próximo a falha sismogênica de

Cabeço Preto.

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Figura 15 - Arcabouço geológico da área de estudo, mostrando as estações utilizadas e os epicentros dos 50 eventos selecionados.

Fonte: Modificado de Costa e Dantas, 2014 e Vital et al., 2012.

Os resultados obtidos foram utilizados para verificar se havia ou não

possível correlação com feições geológicas mapeadas na área. Apesar da

região possuir importantes estruturas tectônicas próximo a área epicentral, a

conclusão é que não foram encontradas feições geológicas que possam estar

relacionadas diretamente com a atividade sísmica estudada, conforme

verificado na Figura 15. Espera-se que novos estudos sismológicos, geológicos

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e geofísicos, quando integrados, possibilite a elucidação para a atividade

sísmica nesta região.

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VITAL, H.; TABOSA, W. F.; FARIAS, P. R. C.; LIMA, Z. M. C.; ARAÚJO, P. C.;

SILVA, D. R. V., 2012. Carta Geológica 1:100.000 - Folha Jandaíra - SB-24-X-

D-III, Programa Geologia do Brasil. (Cartas, mapas ou similares/Carta).

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APÊNDICE A

Exemplos de sismogramas registrado pela rede digital em Pedra Preta.

NOTA EXPLICATIVA

01-01 ou HNZ - Componente Vertical;

01-02 ou HN2 - Componente Norte – Sul;

01-03 ou HN1 - Componente Leste – Oeste;

ACPP - Estação ACRI (Riacho);

ACF7 - Estação ACCP (Cabeço Preto Pedra Preta);

ACF6 - Estação ACOC (Olho d'água do Capim);

ACSS - Estação ACSS (São Severino);

AD4B - Estação ACTP (Toco Preto).

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Figura A.1 - Sismograma registrado nas três componentes como evento pós-aplicação do filtro passa-banda de frequência de 2 e 20 Hz na estação ACRI.

Fonte: Autoria própria, 2016.

Figura A.2 - Sismograma registrado nas três componentes como evento pós-aplicação do filtro passa-banda de frequência de 2 e 20 Hz na estação na estação ACCP.

Fonte: Autoria própria, 2016.

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Figura A.3 - Sismograma registrado nas três componentes como evento pós-aplicação do filtro passa-banda de frequência de 2 e 20 Hz na estação na estação ACOC.

Fonte: Autoria própria, 2016.

Figura A.4 - Sismograma registrado nas três componentes como evento pós-aplicação do filtro passa-banda de frequência 2 e 20 Hz na estação na estação ACSS.

Fonte: Autoria própria, 2016.

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Figura A.5 - Sismograma registrado nas três componentes como evento pós-aplicação do filtro passa-banda de frequência de 2 e 20 Hz na estação na estação ACTP.

Fonte: Autoria própria, 2016.

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APÊNDICE B

Parâmetros hipocentrais dos sismos registrados em pelo menos 3

estações.

Tabela B.1 - Resultado do HYPO71 para os 50 eventos com Vp 5.90 km/s. DADOS ORIGEM LAT S LONG W PROF NO GAP DMIN RMS ERH ERZ QM

131111 0049 09,28 -5°27,77 -36°6,87 5,33 10 169 2,4 0,060 0,42 0,45 B

131112 0314 06,59 -5°27,92 -36°6,22 4,47 10 139 1,5 0,063 0,38 0,49 B

131112 0755 31,43 -5°28,15 -36°6,19 3,14 10 129 1,1 0,071 0,37 0,55 B

131127 0067 54,11 -5°27,82 -36°6,24 4,41 10 144 1,7 0,065 0,40 0,55 B

131127 0611 10,26 -5°27,79 -36°6,28 4,65 10 147 1,7 0,057 0,36 0,44 B

131127 0758 30,52 -5°27,96 -36°6,18 4,27 10 136 1,4 0,063 0,38 0,50 B

131127 0156 57,08 -5°27,96 -36°7,01 5,18 10 164 2,1 0,060 0,41 0,44 B

131202 0145 18,13 -5°28,47 -36°6,67 5,10 08 197 1,4 0,021 0,25 0,19 C

131202 0616 41,85 -5°28,42 -36°6,78 6,10 08 201 1,6 0,033 0,41 0,29 C

131204 1912 29,32 -5°28,60 -36°6,91 4,59 08 179 1,8 0,024 0,25 0,21 B

131206 0525 50,89 -5°28,62 -36°6,29 4,26 08 184 0,7 0,018 0,18 0,15 C

131206 1541 36,96 -5°28,69 -36°7,13 4,31 08 168 1,6 0,025 0,26 0,23 B

131207 0533 05,53 -5°28,83 -36°6,46 3,54 06 184 2,9 0,001 0,01 0,01 C

131207 0534 38,47 -5°28,87 -36°6,47 3,68 06 182 2,9 0,004 0,05 0,06 C

131207 0820 20,42 -5°28,85 -36°6,41 3,63 06 184 3,0 0,002 0,03 0,04 C

131216 0254 17,70 -5°28,19 -36°6,15 3,56 10 130 1,0 0,055 0,33 0,43 B

131216 0422 41,58 -5°28,22 -36°6,22 3,41 10 120 1,0 0,054 0,31 0,42 B

131217 0222 13,59 -5°28,04 -36°6,39 4,05 10 111 1,4 0,053 0,34 0,42 B

131217 0934 18,54 -5°27,77 -36°6,46 5,09 10 111 1,9 0,056 0,37 0,44 B

131217 0950 01,57 -5°27,79 -36°6,47 5,62 10 110 1,9 0,044 0,32 0,34 B

131217 2012 46,72 -5°28,10 -36°6,57 3,96 10 096 1,6 0,058 0,32 0,46 B

131225 1733 40,11 -5°27,95 -36°7,06 3,97 10 117 2,0 0,004 0,02 0,03 B

131226 0541 18,13 -5°27,82 -36°6,97 4,00 10 107 2,3 0,017 0,10 0,14 B

131226 0542 01,94 -5°27,91 -36°7,03 4,16 10 113 2,1 0,005 0,03 0,04 B

131226 1625 22,41 -5°28,00 -36°6,28 2,88 10 101 1,4 0,004 0,02 0,03 B

131226 1634 28,09 -5°27,99 -36°6,31 2,61 10 102 1,4 0,010 0,05 0,08 B

131226 2030 36,87 -5°28,06 -36°6,27 2,84 10 105 1,3 0,004 0,02 0,03 B

131226 2042 08,60 -5°28,01 -36°6,37 3,03 10 107 1,5 0,009 0,04 0,07 B

131231 1314 59,61 -5°27,99 -36°6,35 3,00 10 105 1,5 0,004 0,02 0,04 B

131231 1546 56,60 -5°27,99 -36°6,39 2,90 10 107 1,5 0,004 0,02 0,04 B

131231 1548 42,10 -5°27,98 -36°6,40 2,95 10 107 1,5 0,002 0,01 0,02 B

131231 0186 18,11 -5°27,99 -36°6,43 3,49 10 108 1,6 0,017 0,09 0,14 B

131231 0212 23,89 -5°27,97 -36°6,45 3,65 08 130 3,0 0,011 0,07 0,13 B

140105 2032 11,98 -5°27,93 -36°6,47 3,41 10 106 1,7 0,007 0,04 0,06 B

140106 0219 32,23 -5°27,93 -36°6,48 3,44 10 106 1,7 0,009 0,04 0,07 B

140107 0219 45,58 -5°27,54 -36°6,04 4,30 10 098 2,1 0,002 0,01 0,02 B

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140107 0848 40,04 -5°27,89 -36°6,94 3,92 10 112 2,3 0,007 0,04 0,06 B

140107 1340 19,13 -5°27,79 -36°6,85 4,43 10 104 2,4 0,012 0,07 0,09 B

140107 1457 36,29 -5°27,79 -36°6,85 4,67 10 104 2,4 0,013 0,08 0,10 B

140109 0205 47,05 -5°27,83 -36°7,01 4,62 10 108 2,2 0,004 0,02 0,03 B

140111 0141 00,89 -5°27,89 -36°6,05 2,51 10 098 1,4 0,004 0,02 0,03 B

140114 0006 13,54 -5°27,74 -36°6,19 4,44 10 093 1,8 0,012 0,07 0,10 B

140114 2258 06,07 -5°27,74 -36°6,16 4,21 10 094 1,8 0,006 0,03 0,05 B

140115 1522 41,97 -5°27,73 -36°6,91 4,69 10 103 2,5 0,012 0,08 0,10 B

140116 1530 19,57 -5°27,34 -36°6,51 5,25 10 091 2,7 0,007 0,05 0,06 B

140116 1530 33,57 -5°27,39 -36°6,54 5,44 10 093 2,6 0,003 0,02 0,02 B

140117 0214 19,01 -5°27,80 -36°6,94 4,19 10 105 2,3 0,006 0,03 0,05 B

140119 0548 13,17 -5°27,86 -36°6,95 3,85 10 110 2,3 0,009 0,05 0,08 B

140130 1328 30,43 -5°27,55 -36°6,15 3,05 08 134 2,1 0,003 0,02 0,04 B

140217 0845 36,69 -5°27,58 -36°6,64 4,53 06 170 2,4 0,002 0,03 0,03 B

Tabela B.2 - Lista dos 24 eventos selecionados para determinação do mecanismo focal composto com Vp 5.90 km/s.

DADOS ORIGEM LAT S LONG W PROF NO GAP DMIN RMS ERH ERZ QM

131225 1733 40,11 -5°27,95 -36°7,06 3,97 10 117 2,0 0,004 0,02 0,03 B

131226 0542 01,94 -5°27,91 -36°7,03 4,16 10 113 2,1 0,005 0,03 0,04 B

131226 1625 22,41 -5°28,00 -36°6,28 2,88 10 101 1,4 0,004 0,02 0,03 B

131226 1634 28,09 -5°27,99 -36°6,31 2,61 10 102 1,4 0,010 0,05 0,08 B

131226 2030 36,87 -5°28,06 -36°6,27 2,84 10 105 1,3 0,004 0,02 0,03 B

131226 2042 08,60 -5°28,01 -36°6,37 3,03 10 107 1,5 0,009 0,04 0,07 B

131231 1314 59,61 -5°27,99 -36°6,35 3,00 10 105 1,5 0,004 0,02 0,04 B

131231 1546 56,60 -5°27,99 -36°6,39 2,90 10 107 1,5 0,004 0,02 0,04 B

131231 1548 42,10 -5°27,98 -36°6,40 2,95 10 107 1,5 0,002 0,01 0,02 B

140105 2032 11,98 -5°27,93 -36°6,47 3,41 10 106 1,7 0,007 0,04 0,06 B

140106 0219 32,23 -5°27,93 -36°6,48 3,44 10 106 1,7 0,009 0,04 0,07 B

140107 0219 45,58 -5°27,54 -36°6,04 4,30 10 098 2,1 0,002 0,01 0,02 B

140107 0848 40,04 -5°27,89 -36°6,94 3,92 10 112 2,3 0,007 0,04 0,06 B

140107 1340 19,13 -5°27,79 -36°6,85 4,43 10 104 2,4 0,012 0,07 0,09 B

140107 1457 36,29 -5°27,79 -36°6,85 4,67 10 104 2,4 0,013 0,08 0,10 B

140109 0205 47,05 -5°27,83 -36°7,01 4,62 10 108 2,2 0,004 0,02 0,03 B

140111 0141 00,89 -5°27,89 -36°6,05 2,51 10 098 1,4 0,004 0,02 0,03 B

140114 0006 13,54 -5°27,74 -36°6,19 4,44 10 093 1,8 0,012 0,07 0,10 B

140114 2258 06,07 -5°27,74 -36°6,16 4,21 10 094 1,8 0,006 0,03 0,05 B

140115 1522 41,97 -5°27,73 -36°6,91 4,69 10 103 2,5 0,012 0,08 0,10 B

140116 1530 19,57 -5°27,34 -36°6,51 5,25 10 091 2,7 0,007 0,05 0,06 B

140116 1530 33,57 -5°27,39 -36°6,54 5,44 10 093 2,6 0,003 0,02 0,02 B

140117 0214 19,01 -5°27,80 -36°6,94 4,19 10 105 2,3 0,006 0,03 0,05 B

119 0548 13,17 -5°27,86 -36°6,95 3,85 10 110 2,3 0,009 0,05 0,08 B