síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Materiais Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com aplicação em fotogeração de hidrogênio, degradação de poluentes orgânicos e atividade bactericida. Francine Ramos Scheffer Dissertação de Mestrado Porto Alegre, Janeiro de 2014.

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Page 1: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Materiais

Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

aplicação em fotogeração de hidrogênio, degradação de poluentes

orgânicos e atividade bactericida.

Francine Ramos Scheffer

Dissertação de Mestrado

Porto Alegre, Janeiro de 2014.

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Materiais

Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

aplicação em fotogeração de hidrogênio, degradação de poluentes

orgânicos e atividade bactericida.

Francine Ramos Scheffer

Dissertação realizada sob a orientação do Prof. Dr. Daniel Eduardo Weibel, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Materiais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em preenchimento parcial dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciência dos Materiais.

Porto Alegre, Janeiro de 2014.

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iii

A presente dissertação foi realizada inteiramente pelo autor, exceto as colaborações as

quais serão devidamente citadas nos agradecimentos, no período entre abril de 2012

(04/2012) e fevereiro de 2014 (02/2014), no Instituto de Química da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul sob Orientação do Professor Doutor Daniel Eduardo Weibel. A dissertação

foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Ciência dos Materiais pela

seguinte banca examinadora:

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. Marcos José Leite Santos Prof. Dr. Daniel Eduardo Weibel

Prof. Dr. Sérgio Ribeiro Teixeira Prof. Dr. Mateus Borba Cardoso

Francine Ramos Scheffer

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iv

AGRADECIMENTO S

Gostaria de agradecer ao meu orientador, Dr. Daniel Eduardo Weibel, pelos muitos

ensinamentos e transferências de conhecimentos possibilitados durante tanto tempo

trabalhando juntos, bem como pela excelente orientação.

Aos meus colegas de laboratório pelo companheirismo e paciência comigo, com dias

ruins e inclusive por “me ajudarem a pensar”.

Aos meus amigos pelos momentos de distração, e muitas conversas para desopilar a

mente, impedindo “surtos” quando o trabalho não corria bem ou em momentos de estresse.

À minha família, devo tudo que sou a eles.

Ao Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, por me possibilitar um enorme

aprendizado em tão pouco tempo.

Ao pesquisador Mateus Cardoso, LNLS, e todos os seus alunos por me receberem tão

bem durante minha estadia em Campinas – SP, tornando o trabalho mais leve e fácil.

À CAPES pela bolsa concedida, o que me propiciou a real possibilidade de estar

alcançando este título e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por me acolher desde

2007, me possibilitando uma ótima formação.

Page 5: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

v

PRODUÇÃO CIENTÍFICA

1. Trabalhos Apresentados em Congressos:

- Backes, C. C. W.; Scheffer, F. R.; Weibel. D. E.; Feil, A. F.; Teixeira, S. R.. 4th

International IUPAC Conference on Green Chemistry. Water splitting on riboflavin sensitized

pure TiO2 and Pt-doped TiO2 nanotubes under visible light. 2012. Foz do Iguaçu – PR.

Apresentação em forma oral pela mestranda.

- Backes, C. C. W.; Scheffer, F. R.; Weibel. D. E.; Feil, A. F.; Teixeira, S. R..17°

Congresso Brasileiro de Catálise e VII Congresso de Catálise do Mercosul. Fotodegradação

Catalítica de corantes utilizando Nanotubos de TiO2 sensibilizados com Riboflavina sob

irradiação de luz visível. 2013. Gramado – RS. Apresentação em forma de pôster.

- Scheffer, F. R.; Languer, M.; Feil, A. F.; Backes, C. W.; Migowski, P.; Dupont, J.;

Teixeira, S. R.; Weibel, D. E.. 4th International IUPAC Conference on Green Chemistry.

Hydrogen Production by Water Splitting on Pt-loaded TiO2 Nanotubes. Very High Efficiency

(~16%) Under UV-B/UV-C. 2012. Foz do Iguaçu – PR. Apresentação em forma de pôster.

- Scheffer, F. R.; Castro, F.; Azambuja, C.; Weibel, D. E.. Sociedade Brasileira de

Catálise. Síntese de Nanopartículas de Prata via química assistida por Irradiação Micro-

ondas. 2013. Gramado – RS. Apresentação em forma de pôster.

- Scheffer, F. R.; Castro, F.; Azambuja, C.; Weibel, D. E.. Sociedade Brasileira de

Pesquisa em Materiais. Synthesis of silver nanoparticles by microwave assisted chemistry.

2013. Campos do Jordão – SP. Apresentação em forma de pôster.

2. Artigos Publicados:

- Mariana P Languer; Scheffer, Francine R.; Adriano F. Feil; Daniel L. Baptista; Migowski, Pedro; Guilherme J. Machado; Diogo P. de Moraes; Dupont, Jairton; Teixeira, Sérgio R.; Weibel, D. E. . Photo-induced reforming of alcohols with improved hydrogen apparent quantum yield on TiO2 nanotubes loaded with ultra-small Pt nanoparticles. International Journal of Hydrogen Energy, v. 38, p. 14440-14450, 2013.

- Dal Acqua, N.; Scheffer, F. R.; Boniatti, R.; Da Silva, B. V. M.; De Melo, J.

V.; Crespo, J. S.; Giovanela, M.; Pereira, M. B.; Weibel, D. E.; Machado, G.. Photocatalytic Nanostructured Self-Assembled Poly(allylamine hydrochloride)/Poly(acrylic acid) Polyelectrolyte Films Containing Titanium Dioxide-Gold Nanoparticles for Hydrogen Generation. Journal of Physical Chemistry. C, v. 117, p. 23235-23243, 2013.

Page 6: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

vi

ÍNDICE DE FIGURA S

Figura 1. Número de publicações de 1994 a 2013 na área de foto dissociação da água para

gerar hidrogênio. Busca especifica na Web of Science utilizando os seguintes termos: "water

and splitting and (photocatalytic or photocatalysis). 1

Figura 2. Espectro eletromagnético especificando a localização das micro-ondas. 4

Figura 3. Representação de uma onda eletromagnética, especificando suas componentes

elétrica e magnética. 6

Figura 4. Mecanismo da polarização dipolar: momento dipolar da molécula tenta se alinhar a

um campo elétrico oscilante (a). Mecanismo de condução iônica: íons em solução se movem

com o campo elétrico (b). 7

Figura 5. Interação da irradiação micro-ondas com diferentes materiais: (a) condutores

elétricos, (b) materiais absorventes e (c) isolantes. 8

Figura 6. Comparativo entre o aquecimento convencional (a) e por micro-ondas (b). 9

Figura 7. Equipamento de micro-ondas científico da empresa CEM Corporation monomodo

Discover. No meio o reator fechado apenas com a tampa polimérica e mais a direita, selado

com a unidade metálica. 10

Figura 8. Equipamento de micro-ondas da empresa CEM corporation multimodo MARS 6.

No centro o rotor e reatores do tipo Xpress e a direita o rotor e reatores do tipo Easyprep. 10

Figura 9. Exemplo esquemático do perfil de aquecimento usando micro-ondas. 11

Figura 10. Ilustração esquemática da estrutura plasmônica de AgNPs excitada por uma luz

com campo elétrico (E0) com vetor de onda (k) – ressonância plasmônica de superfície

localizada. 12

Figura 11. Possíveis interações entre AgNPs e células bacterianas. 15

Figura 12. Estrutura cristalina do TiO2 nas fases rutilo e anatase. Os átomos representados em

cinza correspondem ao titânio enquanto os vermelhos correspondem ao oxigênio. 17

Figura 13. Micrografias MEV da vista superficial (a) e lateral (b) de TiO2NTs dopados com

ouro obtidos por anodização 19

Figura 14. Comparação entre fotocatálise e fotossíntese em plantas. 21

Figura 15. Excitação do Semicondutor gerando o par e-/h+ e algumas possíveis rotas de

desexcitação. 22

Figura 16. Diagrama de energia potencial de uma reação fotocatalítica de water-splitting a

pH=0. 23

Page 7: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

vii

Figura 17. Efeito de agentes de sacrifício na fotólise da água. 24

Figura 18. Fenômenos induzidos simultaneamente na superfície do catalisador TiO2 24

Figura 19. Diagrama esquemático da fotocatálise de um semicondutor dopado com metal. 26

Figura 20. Reator desenvolvido para reações MWAC em micro-ondas doméstico (a) e

sistema de segurança adicionado na tampa (b). 27

Figura 21. Exemplo da obtenção do band gap a partir de DRS UV-Vis. Espectro de DRS

UV-Vis de TiO2 nanocristalino obtido por hidrólise térmica a 200°C a direita e o plot da

função Kubelka-Munk modificado a direita. 31

Figura 22. Figura esquemática da Difração dos raios X. 35

Figura 23. Reator fotocatalítico de quartzo (a) para degradação de corantes com catalisador

suspenso e (b) para degradação de corantes com catalisador suportado. 37

Figura 24. Reator fotocatalítico utilizado nas reações de Water-splitting. 39

Figura 25. Espectro UV-Vis da primeira síntese de NPs de Ag. 41

Figura 26. Espectro UV-Vis da solução reacional após 53 s de irradiação MWAC. 41

Figura 27. Espectros UV-Vis dos experimentos a partir das concentrações de AgNO3 0,001M

(a) e AgNO3 0,100M. “Escape de P” se refere aos experimentos nos quais a pressão alcançada

foi superior a suportada pelo reator, ativando o sistema de segurança. 43

Figura 28. Imagens obtidas por MET de AgNPs/PAM, sintetizadas com AgNO3 0,01M, com

magnificação de 100k (a), 500k (b) e distribuição de tamanhos (c). 44

Figura 29. Imagens MEV de AgNPs em magnificações de 60.000 (a) e 480.000 vezes (b) e

análise EDS da amostra (c) e (d). 45

Figura 30. Espectros XPS das AgNPs estabilizadas com PAM: (a) espectro survey e

espectros de alta resolução dos elementos (c) C 1s, (b) O 1s e (d) Ag 3d. 46

Figura 31. Unidade repetitiva da PAM e seus ambientes químicos. 46

Figura 32. Comparativo entre PAM 50% e os espectros FTIR das AgNPs estabilizadas com

poliacrilamida obtidos com as AgNP/PAM isoladas (a) e com o espectro tirado direto da

solução após a síntese (b). 47

Figura 33. Difratograma de AgNP sintetizadas por MWAC e estabilizadas com PAM. 48

Figura 34. Análise termogravimétrica das AgNP/PAM. 49

Figura 35. Espectros UV-Vis da síntese pelo método poliol. 50

Figura 36. Espectros UV-Vis de NPs de Ag sintetizadas no CEM Discover. 51

Figura 37. Imagens MET de AgNP/PVP irradiada por 15 s. (a) magnificação de 100.000

vezes, (b) magnificação de 500.000 vezes e (c) distribuição de diâmetros. 52

Page 8: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

viii

Figura 38. Imagens MET de AgNP/PVP irradiada por 30 s. (a) magnificação de 100.000

vezes, (b) magnificação de 500.000 vezes e (c) distribuição de diâmetros. 53

Figura 39. Imagens MET a 300.000 vezes de magnificação e distribuição de tamanho das

AgNP/PVP irradiadas por 5 s (a) e (b), AgNP/PVP irradiada por 3 min (c) e (d) e AgNP/PVP

irradiada por 5 min no micro-ondas CEM Discover, respectivamente. 54

Figura 40. MEV-EDS de AgNP/PVP irradiada por 30 s. Feixe de elétrons focado na presença

de nanopartículas (a) e (b), e na ausência das mesmas (c) e (d). 56

Figura 41. Espectros XPS das AgNPs estabilizadas com PVP: (a) espectro survey e espectros

de alta resolução dos elementos (c) C 1s, (b) O 1s e (d) Ag 3d. 57

Figura 42. Unidade repetitiva da PVP e seus distintos ambientes químicos (a) e os espectros

XPS survey (b), C 1s (c) e O 1s (d) da PVP pura. 58

Figura 43. Formação da retrodoação π de Ag → CO. 58

Figura 44. Comparativo entre PVP puro e os espectros FTIR das AgNPs estabilizadas com

polivinilpirrolidona obtidos com as AgNP/PVP isoladas (a) e com o espectro tirado direto da

solução após a síntese (b). No inset de (a) um aumento na região entre 1155 – 1000 cm-1. 59

Figura 45. Difratograma de raios-X das AgNP/PVP. 60

Figura 46. Termograma das AgNP/PVP. 61

Figura 47. Microscopias MET dos TiO2NT sintetizados a 150°C em magnificações de 40.000

(a) e 500.000 vezes (b) e sintetizados a 180°C em magnificações de 50.000 (c) e 500.000

vezes (d). 62

Figura 48. Distribuição dos diâmetros internos e externos dos TiO2NT sintetizados a 150°C

(a e b) e a 180°C (c e d). 63

Figura 49. Análise MEV-EDS dos TiO2NT com feixe focado nos tubos (a e b) e fora deles (c

e d). 64

Figura 50. Difratogramas DRX dos TiO2NT sintetizados a 150 e 180 °C após a síntese (a) e

após tratamento térmico a 400°C por 3h (b). DRX dos TiO2NT sintetizados a 180 °C após

tratamento térmico 600°C por 3h (c). 65

Figura 51. Espectro DRS UV-Vis dos TiO2NT calcinados a 400°C por 3 h, onde k/s é a

função Kubelka-Munk e hν a energia do fóton incidente. 66

Figura 52. Difratogramas de raio-X das amostras TiO2NT/AgNP(PVP) e

TiO2NT/AgNP(PAM) após processo de impregnação (a e b) e após tratamento térmico a

600°C por 3 h (c e d). Nos gráficos A é referente aos picos da forma cristalina anatase e Ag

referentes à prata. 67

Page 9: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

ix

Figura 53. Espectro DRS UV-Vis dos TiO2NT/AgNP(PAM) (a) e TiO2NT/AgNP(PVP) (b)

logo depois do processo de deposição das nanopartículas. 68

Figura 54. Espectro FTIR das amostras de TiO2NT puro, TiO2NT/AgNP(PAM) e

TiO2NT/AgNP(PVP). 69

Figura 55. Imagens MEV de alta resolução e (a e b) e MET de alta resolução (c) dos TiO2NT

obtidos por anodização puros após calcinação a 400°C por 3h e seu difratograma de raios-X

(d). 70

Figura 56. Espectro DRS UV-Vis dos TiO2NT obtidos por anodização (a) e

TiO2NT/AgNP(PAM) (b) após tratamento térmico a 400°C por 3 h. 70

Figura 57. Espectros FTIR do polímero com tratamento UV a receber impregnação e do

sistema PSU/AgNP(PAM) obtidos por imersão do filme na solução sintética (a), comparativo

entre a deposição em filmes tratados e não tratados de PSU por deposição via imersão (b), e

por tratamento fotólise a λ = 254 nm (c) e efeito da lavagem em filmes depositados via

imersão (d). 72

Figura 58. Imagens MEV obtidas para o sistema PSU/AgNP(PAM) (a e b) e análise EDS

realizada com feixe focado em nanopartículas (c). 73

Figura 59. Espectros XPS do sistema PSU/AgNP(PAM): (a) espectro survey e espectros de

alta resolução dos elementos (c) C 1s, (b) O 1s e (d) Ag 3d. 74

Figura 60. Espectros FTIR do polímero com tratamento UV a receber impregnação e do

sistema PSU/AgNP(PAM) obtidos por imersão do filme na solução sintética (a), comparativo

entre a deposição em filmes tratados e não tratados de PSU por deposição via imersão (b) e

por fotólise a λ = 254 nm (c). 75

Figura 61. Imagens MEV do sistema PSU/AgNP(PVP) em magnificação de 25.000 vezes (a),

e análises MEV-EDS (b) e (c). 76

Figura 62. Contagem do crescimento do número de colônias com as AgNP/PAM e

AgNP/PVP em concentrações de 0,5 e 1,25 ppm com as bactérias Staphilococcus aureus (a),

Escherichia coli (b) e Escherichia coli resistente ao antibiótico tetraciclina (c). 77

Figura 63. Contagem do crescimento do número de colônias com as PSU/AgNP(PAM) e

PSU/AgNP(PVP) em concentrações de 1 (um filme) ou 2 vezes (2 filmes) com as bactérias

Staphilococcus aureus (a), Escherichia coli (b) e Escherichia coli resistente ao antibiótico

tetraciclina (c). No gráfico os números (1) e (2) são correspondentes ao número de filmes

utilizados no experimento. 78

Page 10: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

x

Figura 64. Curvas de fotodegradação de alaranjado de metila 10,5 ppm com os catalisadores

obtidos por anodização TiO2NT puro (a), TiO2NT/AgNP(PAM) (b) e TiO2NT/AgNP(PVP)

(c). Em (d) as curvas de cinética de degradação do AM com os três catalisadores. 80

Figura 65. Curvas de fotodegradação de alaranjado de metila 10,5 ppm com os catalisadores

obtidos por irradiação micro-ondas TiO2NT puro (a), TiO2NT/AgNP(PAM) (b) e

TiO2NT/AgNP(PVP) (c). Em (d) as curvas de cinética de degradação do AM com os três

catalisadores. 82

Figura 66. Quantidade de gás hidrogênio produzida por tempo de fotólise nos sistemas

água/etanol variando as concentrações (a), água/metanol na proporção de 8/1 (v/v) (b) e

água/glicerol na proporção 1/1,6 (v/v) e formol na concentração de ~ 5×10-4 mol/L(c). Em b,

triângulos fechados são TiO2NT/Pt em solução de água/metal, quadrados são TiO2NT/Pt em

água pura e círculos são TiO2NT puros. No insert, geração de H2 e O2 com TiO2NT/Pt em

água pura. 83

Figura 67. Fotogeração de gás hidrogênio em solução água/metanol 8/1 (v/v) dos filmes

[(PAH + TiO2)7,2/(PAA + Au)5,0] com diferentes números de camadas em uma lâmpada

Hg/Xe de 150 W (a) e dos filmes especificados em uma lâmpada de 300 W (b). 84

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RESUMO

O presente trabalho descreve a síntese de nanopartículas de prata estabilizadas em

poliacrilamida (AgNP/PAM) e em polivinilpirrolidona (AgNP/PVP) por química assistida via

micro-ondas, bem como a síntese de nanotubos de titânio (TiO2NT) através do mesmo

método. As estruturas formadas foram caracterizadas por espectroscopia difusa no ultravioleta

visível (DRS UV-Vis Vis – UV-Vis Diffuse Reflectance Spectroscopy), isotermas de

adsorção/dessorção de nitrogênio, microscopia eletrônica de transmissão (MET) e de

varredura (MEV), espectroscopia por energia dispersiva de raio-X (EDS – Energy Dispersive

X-ray Spectroscopy), análise termo-gravimétrica (TGA – thermogravimetric analysis),

difração de raios-X (DRX), espectroscopia de absorção no infravermelho (FTIR – Fourier

Transform Infrared Spectroscopy) e espectroscopia de fotoelétrons de raios-X (XPS – X-Ray

Photoelectron Spectroscopy).

A formação de partículas com pequenos diâmetros foi obtida em ambos os sistemas de

estabilização (distribuição bimodal com NPs maiores de 1,83 nm para PAM e uma

distribuição multimodal para o PVP com diâmetros de 0,91 a 11,93 nm). Os espectros de XPS

mostram a presença de prata elementar, bem como dos polímeros de estabilização. Para os

TiO2NT, o diâmetro interno médio obtido foi cerca de 3,72 nm com espessura de parede de

~4,75 nm, com comprimentos bem variados.

As nanoestruturas sintetizadas (TiO2NT e AgNP) foram combinadas para preparar

fotocatalisadores e testes de degradação de um corante, alaranjado de metila, foram

realizados, mostrando uma atividade maior dos TiO2NT quando em presença de AgNPs.

Testes de atividade bacteriológica foram realizados com as AgNPs sintetizadas. Tanto

as AgNP/PAM quanto as AgNP/PVP apresentam 100% de inibição de crescimento de

colônias de Staphilococcus aureus e Escherichia coli resistentes à ampiciliana e >95% de

inibição de crescimento de colônias de Escherichia coli, quando em concentrações de 1,25

ppm. As AgNPs também foram enxertadas em filmes de polissulfona (PSU) previamente

tratados com radiação UV em presença de oxigênio e suas propriedades bactericidas foram

estudadas. Nestes, não houve resultados conclusivos contra S. aureus, já contra E. coli houve

uma inibição de crescimento de cerca de 83% para PSU/AgNP(PAM) e 67% para

PSU/AgNP(PVP). O mesmo comportamento é observado contra as bactérias resistentes à

ampicilina, havendo inibição de cerca de 74% PSU/AgNP(PAM) e 57% para

PSU/AgNP(PVP).

Page 12: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

xii

ABSTRACT

The present work describes the synthesis of silver nanoparticles (NPs) stabilized with

polyacrylamide (AgNP/PAM) and polyvinylpyrrolidone (AgNP/PVP) by microwave assisted

chemistry, as well as the synthesis of titanium nanotubes (TiO2NT) by the same method. The

formed structures were characterized by UV-Vis Diffuse Reflectance Spectroscopy (DRS

UV-Vis), nitrogen adsorption/desorption isotherms, transmission (TEM) and scanning

electron microscopies (SEM), X-ray energy dispersive spectroscopy (EDS), thermo-

gravimetric analysis (TGA), X- ray diffraction (XRD), infrared absorption (FTIR) and

photoelectron X-ray spectroscopy (XPS).

Synthesized NPs showed small diameters in both methods (about 1.83 nm to PAM and

a multimodal distribution for the PVP 0.91 – 11,93 nm). XPS spectra show the presence of

elementary silver and the stabilization polymers. For TiO2NT, the internal average diameter

obtained was about 3,72 nm with a wall thickness of ~ 4.75 nm and different lengths.

AgNPs and TiO2NT were combined to prepare new photocatalysts for testing their

dye photodegradation properties. The new photocatalysts showed higher activity than without

the presence of AgNPs.

The prepared AgNPs were tested to know their anti-bacteriological activities.

AgNP/PAM and AgNP/PVP showed 100 % inhibition of colony growth of Staphylococcus

aureus and ampicillin resistant Escherichia coli, and an inhibition of colony growth > 95 % of

Escherichia coli, when the concentration was 1.25 ppm. Additionally, AgNPs grafted on the

functionalized surface of polyssulfone (PSU) films. No conclusive results were obtained for S.

aureus. On the contrary, in the case of E. coli there was an inhibition of growth of about 83 %

for PSU/AgNP (PAM) and 67% for PSU/AgNP (PVP). The same behavior was observed with

ampicillin-resistant bacteria, with inhibition of about 74% for PSU / AgNP (PAM) and 57%

to PSU / AgNP (PVP).

Page 13: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

xiii

SUMÁR IO

AGRADECIMENTOS ________________________________________________ iv

PRODUÇÃO CIENTÍFICA _____________________________________________ v

INDICE DE FIGURAS _______________________________________________ vi

RESUMOS _________________________________________________________ xi

ABSTRACT _________________________________________________________ xii

SUMÁRIO _________________________________________________________ xiii

1. INTRODUÇÃO ____________________________________________________ 1

2. REVISÃO BIBRLIOGRÁFICA _______________________________________ 4

2.1. QUIMICA ASSISTIDA POR MICRO-ONDAS _________________________ 4

2.1.1. Radiação Micro-ondas ___________________________________________ 4

2.1.2. Aquecimento Dielétrico por Micro-ondas _____________________________ 5

2.1.3. Interação Micro-ondas – Matéria ___________________________________ 7

2.1.4. Aquecimento via Micro-ondas versus Aquecimento Térmico Convencional _ 8

2.1.5. Realizando uma Reação a partir de Aquecimento por Micro-onda _________ 9

2.2. NANOPARTÍCULAS DE PRATA (AgNPs) ___________________________ 11

2.2.1. Propriedades Antibacterianas _____________________________________ 14

2.3. DIÓXIDO DE TITÂNIO (TiO2) _____________________________________ 17

2.4. FOTOCATÁLISE ________________________________________________ 20

2.4.1. Fotocatalisadores _______________________________________________ 21

2.4.2. Geração de Hidrogênio: Water-Splitting _____________________________ 23

2.4.3. Degradação de Contaminantes ____________________________________ 24

2.4.4. Impregnação de TiO2 com Metais __________________________________ 25

3. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS _____________________________ 277

3.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS ____________________________________ 27

3.2. SÍNTESE DE AgNP VIA IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS ____________ 27

3.2.1. AgNP Estabilizada com Poliacrilamida (AgNP/PAM) _______________ 27

3.2.2. AgNP Estabilizada com Polivinilpirrolidona (AgNP/PVP) ___________ 28

3.2.3. AgNP/PVP em Micro-ondas Científico (CEM Discover) _____________ 28

3.3. . NANOTUBOS DE TiO2 VIA IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS _________ 29

Page 14: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

xiv

3.4. DEPOSIÇÃO DE AgNP _________________________________________ 29

3.4.1. Nanotubos de TiO2 Sintetizados Via MWAC _______________________ 29

3.4.2. Nanotubos de TiO2 Sintetizados Via Anodização ___________________ 29

3.4.3. Deposição de AgNPs em filme polimérico de polissulfona (PSU) _______ 30

3.5. CARACTERIZAÇÃO ___________________________________________ 30

3.5.1. Espectroscopia no Ultravioleta-Visível (UV-Vis) ______________________ 30

3.5.2. Espectroscopia por Refletância Difusa no Ultravioleta-Visível (DRS UV-Vis)30

3.5.3. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET) _______________________ 31

3.5.4. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia por Energia

Dispersiva de Raio-X (EDS) __________________________________________________ 32

3.5.5. Espectroscopia de Absorção no Infravermelho (IV ou FTIR) ____________ 33

3.5.6. Espectroscopia de Fotoelétrons de Raios-X (XPS) _____________________ 33

3.5.7. Adsorção e Dessorção de Nitrogênio _______________________________ 33

3.5.8. Análise Termogravimétrica (TGA) _________________________________ 34

3.5.9. Difração de Raios-X (DRX) _______________________________________ 34

3.6. TESTES ANTBACTERIANOS _____________________________________ 35

3.6.1. AgNPs em Solução _____________________________________________ 36

3.6.2. Filmes de PSU Impregnados com AgNP ____________________________ 36

3.7. TESTES DE FOTODEGRADAÇÃO ________________________________ 37

3.7.1. TiO2NTs Obtidos por Anodização e Impregnados com AgNPs Obtidas por

Micro-ondas ______________________________________________________________ 38

3.7.2. TiO2NTs Obtidos por Micro-ondas e Impregnados com AgNPs Obtidas por

Micro-ondas _____________________________________________________________ 38

3.8. TESTES DE GERAÇÃO DE HIDROGÊNIO __________________________ 38

3.8.1. TiO2NT (anodizados) Impregnados com Nanopartículas de Pt ___________ 38

3.8.2. Filmes de Polieletrólitos Poli(hidrocloreto de alilamina)/Poli(ácido acrílico)

contendo TiO2 e AuNPs _____________________________________________________ 39

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ______________________________________ 40

4.1. NANOPARTÍCULAS DE PRATA ESTABILIZADAS COM

POLIACRILAMIDA (AgNP/PAM) SINTETISADAS POR MICRO-ONDAS __________ 40

4.2. NANOARTÍCULAS DE PRATA ESTABILIZADAS COM

POLIVINILPIRROLIDONA (PVP) OBTIDAS POR IRRADIAÇÃO MICRO-ONDAS __ 49

Page 15: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

xv

4.3. NANOTUBOS DE TiO2 VIA MWAC _________________________________ 61

4.3.1. TIO2NT Puro __________________________________________________ 61

4.3.2. TiO2NT Impregnados com AgNP __________________________________ 66

4.4. TiO2NT ANODIZADOS ________________________________________ 70

4.5. FILMES DE POLISSULFONA COM DEPOSIÇÃO DE AgNP ________ 71

4.5.1. PSU/AgNP(PAM) ___________________________________________ 71

4.5.2. PSU/AgNP(PVP) ____________________________________________ 74

4.6. TESTES BACTERIANOS _________________________________________ 76

4.6.1. AgNP/PAM e AgNP/PVP ______________________________________ 76

4.6.2. PSU/AgNP(PAM) e PSU/AgNP(PVP) ___________________________ 78

4.7. TESTES DE FOTODEGRADAÇÃO DO CORANTE ALARANJADO DE

METILA _____________________________________________________________ 79

4.7.1. TiO2NT Obtidos Via Anodização Impregnados com Prata ___________ 79

4.7.2. TiO2NT Obtidos Via Irradiação Micro-ondas Impregnados com Prata _ 81

4.8. TESTES DE WATER-SPLITTING __________________________________ 82

4.8.1. TiO2NT Obtidos Via Anodização Impregnados com Platina __________ 82

4.8.2. Filmes de Polieletrólitos Poli(hidrocloreto de alilamina)/Poli(ácido

acrílico) contendo TiO2 e AuNPs ([(PAH + TiO2)7,2/(PAA + Au)5,0]n) ____________ 84

5. CONCLUSÕES __________________________________________________ 865

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ________________________________ 888

ANEXOS ___________________________________________________________97

Page 16: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

1

1. INTRODUÇÃO

Devido ao atual crescimento na demanda energética mundial, as fontes de energias

renováveis têm sido amplamente estudadas.1 A energia solar, por ser tão abundante (fornece

4,3� 10��� em uma hora)2, é uma das alternativas mais promissoras para, possivelmente,

preencher a lacuna que deve ser deixada pela diminuição no uso dos combustíveis fosseis.

A possibilidade de promover hidrogênio molecular (H2) a partir da dissociação

fotocatalítica da água (water splitting – WS) aparece como uma opção ambientalmente

correta muito interessante. Este efeito tem sido intensivamente estudado desde seu

descobrimento há 40 anos, por Fujishima e Honda.3 Apesar do intensivo estudo, poucos

fotocatalisadores apresentaram eficiência necessária para decompor a água em quantidades

estequiométricas de H2 e O2. Um semicondutor amplamente utilizado na reação de WS é o

TiO2 devido a seu custo relativamente baixo e alta estabilidade.4, 5 Além disso, sua alta

atividade catalítica na fase anatase permite que ele seja utilizado, também, como material

promissor em outras aplicações fotoquímicas. Problemas ambientais como poluição da água e

ar têm atraído a atenção de muitos pesquisadores que utilizam o TiO2 devido a possibilidade

de resolver problemas de contaminação através dos chamados Processos Oxidativo

Avançado, POAs (AOP - Advance Oxitative Processes).5, 6

A partir da Figura 1, podemos ver claramente que as perspectivas na área de pesquisa

em WS mudam rapidamente. Dentro de um período de seis anos houve um aumento de mais

de 200% no número de publicações referentes ao tema.

Figura 1. Número de publicações de

1994 a 2013 na área de foto dissociação da água

para gerar hidrogênio. Busca especifica na Web

of Science utilizando os seguintes termos:

"water and splitting and (photocatalytic or

photocatalysis).

Sendo assim, uma questão prioritária a se resolver é a síntese ou modificação de

fotocatalisadores, visando à obtenção de uma maior eficiência tanto em reações de WS quanto

Page 17: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

2

em processos POA. Neste ponto, o desenvolvimento de novos materiais em escala de

comprimento cada vez menor – nanomateriais – tem sido essencial para o progresso em

diversas áreas da ciência dos materiais, visto que suas aplicações são as mais variáveis, como

na catálise7, 8, fotônica e plasmônica9, 10, armazenamento de informação11, espalhamento

Raman intensificado pela superfície (SERS)12 e rotulagem, mapeamento e detecção

biológica.13, 14

Os nanomateriais são aqueles que possuem determinada propriedade apenas quando

em escala de tamanho nanométrica. Eles podem ser unidimensionais como fios ou tubos,

bidimensionais como folhas ou tridimensionais como esferas. O interesse e esforço para o

desenvolvimento de tais materiais provém de suas extraordinárias propriedades físicas quando

em comparação com seus homólogos em massa. Uma das explicações mais aceitas para tais

propriedades é devido ao aumento da razão superfície/volume (S/V) que proporciona um

aumento significativo de sítios ativos, e a predominância dos fenômenos quânticos que esses

materiais exibem. Sendo assim, o controle sobre o tamanho e forma destes novos materiais

torna-se indispensável. A maioria dos métodos sintéticos para a produção de nanomateriais

utiliza o aquecimento convencional devido à necessidade de uma alta temperatura para iniciar

a nucleação seguida pela adição controlada dos reagentes. Nestes casos, o gradiente de

temperatura formado dirige a reação: os recipientes no qual as reações estão sendo feitas

agem como um intermediário na troca de calor entre a fonte, o solvente e as moléculas de

reagentes, tornando as condições ineficientes e não uniformes.

Um método potencial ambientalmente correto, rápido e que permite produção de

grande quantidade de catalisador é a química assistida por micro-ondas (MicroWave-Assisted

Chemistry, MWAC).15-18 Esta tem demonstrado ser uma técnica viável na obtenção de

nanopartículas (NPs) de diferentes metais.18, 19 O emprego da radiação de micro-ondas

aparece como uma forma altamente eficiente de entregar energia a um sistema de reação.

Existe a ideia de que o processo de transferência aconteça via ressonância ou relaxação,

ambos resultando em alto aquecimento do sistema reacional20-22 em um tempo de reação

reduzido, condições reacionais homogêneas e com baixo consumo de energia, quando

comparado com técnicas térmicas tradicionais. Tais características, juntamente com maiores

rendimentos e alta seletividade química tornam a técnica MWAC uma opção “verde” para

ativar os reagentes químicos.22

Sendo assim, este trabalho visou primeiramente à elaboração de sistemas reacionais

capazes de conduzir uma síntese eficiente de nanopartículas metálicas e de óxido de metais de

Page 18: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

3

transição via irradiação micro-ondas, a caracterização dos materiais sintetizados e suas

aplicações na degradação de poluentes aquosos.

Page 19: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁ FICA

2.1. QUÍMICA A SSISTIDA POR MICRO -ONDAS (MWAC)

Ao longo dos últimos 25 anos, a química assistida por micro-ondas foi movida pela

curiosidade de estabelecer uma técnica sintética em laboratórios, usada academicamente e em

pesquisas industriais pelo mundo todo. Apesar das inúmeras aplicações bem sucedidas, ainda

hoje seu maior uso é em escala laboratorial e muitos são os esforços para que esta tecnologia

passe a ser usada em larga escala, possivelmente em conjunto com outras técnicas. Para tanto,

é necessário o entendimento dos princípios físicos e fatores determinantes de funcionamento

que permitem sucesso em suas aplicações.

2.1.1. Radiação Micro-ondas

A radiação micro-ondas é uma radiação eletromagnética na faixa de frequência entre

0,3 e 300 GHz, correspondendo a comprimentos de onda de 1 mm a 1 m – Figura 2. Todos os

micro-ondas domésticos – vulgarmente conhecidos como “de cozinha” – trabalham com uma

frequência de 2,45 GHz (o que corresponde a um comprimento de onda de 12,25 cm). Tal

escolha é com intuito de evitar interferência com a telecomunicação, redes wireless de

internet e frequências de telefones.

Figura 2. Espectro eletromagnético especificando a localização das micro-ondas.

Comparando a energia dos fótons de micro-ondas com as demais irradiações

eletromagnéticas – Tabela 1 – podemos ver claramente que a energia a 2,45 GHz é muito

baixa para promover quebra de ligações ou promover movimento Browniano. Sendo assim, é

claro que as micro-ondas não são capazes de “induzir” reações químicas pela absorção direta

da energia eletromagnética.

Page 20: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

5

Tabela 1. Tipos de radiação, frequências e energias características bem como tipos de

ligações e suas energias de ligação.24, 25

Radiação Frequência

(MHz)

Energia (eV)

Raios Gama 3,0×1014 1,24×106

Raios-X 3,0×1013 1,24×105

Ultravioleta 1,0×109 4,1

Luz Visível 6,0×108 2,5

Infravermelho 3,0×106 0,012

Micro-ondas 2450 0,0016

Ondas de Rádio 1 4×10-9

Tipo de Ligação Energia de

Ligação (eV)

C—C 3,61

C═C 6,35

C—O 3,74

C═O 7,71

C—H 4,28

O—H 4,80

Ligação de

Hidrogênio

0,04 – 0,44

2.1.2. Aquecimento Dielétrico por Micro-ondas

Considerando a energia de uma micro-onda, vemos que esta não é capaz de promover

reações químicas, uma vez que ela não tem energia necessária para promover quebra e

formação de ligações. Sendo assim, a formação e quebra de ligações a partir da química de

micro-ondas é baseada no aquecimento dos materiais por “aquecimento dielétrico por micro-

ondas”.26, 27 O aquecimento dielétrico por micro-ondas é dependente da habilidade do material

em absorver a energia micro-ondas e convertê-la em calor.

Uma vez que as micro-ondas são ondas eletromagnéticas que consistem em uma

componente de campo magnético e outra de campo elétrico (Figura 3), as propriedades dos

materiais irão ditar o tipo de interação existente entre a radiação e o material. Sabe-se que

para o propósito de síntese via micro-ondas, a componente elétrica possui maior importância,

Page 21: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

6

embora em alguns casos as interações com a componente magnética também possam ser

relevantes.28-30

Figura 3. Representação de uma onda eletromagnética, especificando suas

componentes elétrica e magnética.

A geração de calor pela componente elétrica de um campo eletromagnético pode se

dar por dois mecanismos: polarização dipolar e condução iônica. A interação da componente

campo elétrico com a matriz é chamada de mecanismo por polarização dipolar e está

representada na Figura 4a. Para que uma substância seja capaz de gerar calor por este

mecanismo, ela obrigatoriamente deve ter um momento de dipolo. Quando exposta à

irradiação micro-ondas, os dipolos da amostra se alinham ao campo elétrico aplicado. Como o

campo oscila, o momento de dipolo tende a se realinhar com o campo e, neste processo,

energia em forma de calor é perdida através da fricção molecular e perda dielétrica. A

quantidade de calor gerada por este processo é diretamente relacionado à habilidade da matriz

em se alinhar com a frequência do campo aplicado. Se o dipolo não tem tempo suficiente para

se realinhar (altas frequências de irradiação) ou se orienta muito rapidamente (baixas

frequências de irradiação) com o campo aplicado, não há aquecimento. A frequência de 2,45

GHz, usada em todos os sistemas comerciais, situa-se entre estes dois extremos e fornece

tempo para o momento de dipolo se realinhar com o campo, e não seguir o campo alternado

precisamente. Sendo assim, conforme o dipolo se reorienta a fim de se alinhar ao campo

elétrico, o campo já está mudando novamente e gerando uma diferença de fase entre a

orientação do campo e do momento de dipolo. Esta diferença de fase causa perda de energia

do dipolo por fricção molecular e colisões, gerando aquecimento dielétrico. Resumindo,

energia do campo é transferida para o meio e energia dos elétrons é convertida em energia

cinética ou térmica, gerando então calor. Vale ressaltar que a interação entre a radiação micro-

ondas e o solvente (com momento dipolar), que ocorre quando a frequência da radiação é

próxima à frequência do processo de relaxação rotacional, não é um fenômeno de mecanismo

Page 22: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

7

quântico de ressonância. Transições entre bandas rotacionais quantizadas não estão

envolvidas e a transferência de energia não é uma propriedade especifica da molécula, mas o

resultado de um fenômeno coletivo envolvendo o todo.26, 27

Figura 4. Mecanismo da polarização dipolar: momento dipolar da molécula tenta se

alinhar a um campo elétrico oscilante (a). Mecanismo de condução iônica: íons em solução se

movem com o campo elétrico (b).23

O segundo maior mecanismo de geração de calor é o mecanismo de condução iônica

(Figura 4b). Durante a condução iônica as cargas dissolvidas no solvente (geralmente íons)

oscilam para frente e para traz sobre influência do campo elétrico da irradiação micro-ondas,

colidindo com moléculas vizinhas, outros íons ou átomos. Estas colisões causam agitação ou

movimento, criando calor. Sendo assim, se duas amostras contendo igual volume de água

destilada e água da torneira, respectivamente, são aquecidas por irradiação micro-ondas a uma

potência fixa, um aquecimento mais rápido irá ocorrer para a água da torneira devido ao seu

conteúdo iônico. Tais efeitos da condução iônica são particularmente importantes quando

consideramos o comportamento do aquecimento de líquidos iônicos em irradiação micro-

ondas. O princípio da condutividade iônica é muito mais forte do que o mecanismo de rotação

dipolar no que diz respeito à capacidade de geração de calor.

Um mecanismo de aquecimento semelhante existe para materiais condutores ou

semicondutores, como metais, onde a irradiação micro-ondas pode induzir um fluxo de

elétrons na superfície. Este fluxo de elétrons pode aquecer o material através de mecanismos

de resistência (ôhmica).31

2.1.3. Interação Micro-ondas – Matéria

Page 23: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

8

Resumidamente, a interação das micro-ondas com a matéria como qualquer tipo de

radiação eletromagnética é caracterizada por três diferentes processos: absorção, transmissão

e reflexão (Figura 5).

Figura 5. Interação da irradiação micro-ondas com diferentes materiais: (a) condutores

elétricos, (b) materiais absorventes e (c) isolantes.23

Materiais altamente dielétricos (Figura 4b), como solventes orgânicos polares, levam a

uma forte absorção de micro-ondas e consequentemente ao rápido aquecimento do meio. Já

materiais não polares transparentes à radiação exibem apenas pequenas interações com a

penetração das micro-ondas, podendo ser usados como materiais de construção para reatores

(isolantes – Figura 4c), devido a alta penetração da irradiação no material. Se a radiação é

refletida pela superfície do material (Figura 4a), não há – ou é desprezível – adição de energia

ao sistema. A temperatura do material cresce apenas marginalmente. Isto acontece

especialmente para metais com alta condutividade, embora em alguns casos possa ocorrer

aquecimento por resistência para estes materiais.

2.1.4. Aquecimento via Micro-ondas versus Aquecimento Térmico Convencional

Tradicionalmente, a síntese orgânica e inorgânica ocorre com aquecimento por uma

fonte externa de calor (manta de aquecimento, banho de óleo, etc.). Comparativamente, é um

método lento e ineficiente para transferir energia ao sistema já que depende de correntes de

convecção e da condutividade térmica dos diversos materiais, e geralmente resulta numa

temperatura reacional inferior que a temperatura do reator – Figura 6. Além disso, há o

desenvolvimento de gradientes de temperatura entre a amostra e o ponto de contato do

Page 24: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

9

aquecimento, podendo levar ao superaquecimento do produto ou até mesmo na decomposição

do reagente.

Já a irradiação micro-ondas produz um aquecimento interno eficiente – aquecimento

do volume reacional e não das paredes do recipiente – pela interação direta da energia micro-

ondas com as moléculas (solventes, reagentes, catalisadores) que estão presentes na mistura

reacional. Sendo assim, a irradiação micro-ondas aumenta a temperatura de todo o volume

reacional simultaneamente, enquanto o aquecimento convencional aquece a parede do reator.

Uma vez que os reatores empregados em aquecimento micro-ondas são tipicamente feitos de

materiais transparentes – como vidro borossilicato, quartzo ou teflon – a radiação passa

através da parede do reator e um gradiente de temperatura inverso ao do aquecimento

convencional é formado. Se a cavidade do micro-ondas é bem projetada, o aumento da

temperatura se dará uniformemente através da amostra.

Figura 6. Comparativo entre o aquecimento convencional (a) e por micro-ondas (b).23

2.1.5. Realizando uma Reação a partir de Aquecimento por Micro-ondas32

Há basicamente dois tipos de equipamentos micro-ondas no mercado atualmente:

micro-ondas monomodo e micro-ondas multimodo. Em equipamentos monomodo só

podemos realizar uma síntese – com um reator – por vez. Os reagentes são adicionados em

reatores selados: os tubos de vidro são fechados primeiramente com uma tampa polimérica e

depois selados com uma unidade metálica. O sensor de pressão é conectado no tubo

automaticamente, quando iniciado o processo de aquecimento. A temperatura é monitorada

através de um sensor de infravermelho localizado na base ou do lado da cavidade micro-

ondas. Esta leitura fornece a temperatura das paredes do reator. Para uma leitura mais precisa,

pode-se acoplar um sensor de fibra óptica que é inserido diretamente na mistura reacional.

Um equipamento monomodo da CEM Corporation é apresentado na Figura 7, bem como o

reator utilizado.

Page 25: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

10

Figura 7. Equipamento de micro-ondas científico da empresa CEM Corporation

monomodo Discover. No meio o reator fechado apenas com a tampa polimérica e mais a

direita, selado com a unidade metálica.

Micro-ondas multimodo permitem reações com mais de um tubo reacional (reator), o

número exato depende do modelo e da marca. Os reatores são colocados em um rotor e este é

colocado na cavidade do micro-ondas, como pode ser observado na Figura 8. A temperatura

geralmente é monitorada e controlada por fibra óptica, que é inserida em apenas um reator –

reator controle. A temperatura dos demais reatores é monitorada por sensor infravermelho,

localizado abaixo do rotor. A pressão, assim como a temperatura, é controlada também pelo

reator controle. Os reatores possuem um sistema de segurança de pressão que consiste em

uma espécie de disco no qual a pressões abaixo da capacidade máxima este permanece selado,

porém quando ultrapassada a pressão máxima suportada, este disco desloca-se ligeiramente,

ventilando o reator. A Figura 8 apresenta um equipamento multimodo e seus reatores.

Figura 8. Equipamento de micro-ondas da empresa CEM Corporation multimodo

MARS 6. No centro o rotor e reatores do tipo Xpress e a direita o rotor e reatores do tipo

Easyprep.

Vale ressaltar que o micro-ondas doméstico é um tipo de equipamento multimodo. Seu

uso é restrito, pois a irradiação de micro-ondas (dependendo do equipamento) é descontínua.

Page 26: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

11

Além disso, por não ter reatores específicos, possui um grau de periculosidade bastante

grande associado ao seu uso, quando o reator não é bem projetado.

Para realizar uma reação em micro-ondas científico, há dois estágios que geralmente

são programados:

a) Tempo de rampa (Ramp time): É o tempo que o usuário deseja que o

equipamento leve para atingir a temperatura desejada. Normalmente deve-se selecionar a

potência do equipamento no qual deseja-se trabalhar.

b) Tempo de espera (Hold time): Este é o tempo no qual a reação ficará na

temperatura ou pressão estabelecida pelo usuário. Durante este tempo, a potência oscila para a

manutenção da temperatura desejada.

A Figura 9 demonstra as etapas (a) e (b) e em adicional a etapa de resfriamento

(cooling time), que é o tempo necessário para que os reatores atinjam uma temperatura segura

para manuseio.

Figura 9. Exemplo esquemático do perfil de aquecimento usando micro-ondas.23

2.2. NANOPARTÍCULA S DE PRATA (AgNPS)

As nanopartículas de prata são usadas desde o período neolítico, quando eram

apreciadas pela sua habilidade de refletir luz. Mas recentemente, elas têm inspirado a

comunidade científica da área da nanotecnologia principalmente por sua atividade

bactericida33 e sua estreita faixa de ressonância plasmônica, permitindo aplicações em áreas

desde a fotônica34 à biomedicina.33 A aplicação das AgNPs inclui reações catalíticas como

heterociclização catalisada por Ag; adição nucleofílica a alcinos, alcenos e oleofinas; reações

de ciclo-adição – especialmente ciclo-adição enantioseletiva [3+2]; e cicloadição [4+2] de

Page 27: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

12

iminas.35 Outra qualidade das AgNPs é ser o catalisador mais aceito para reações de oxidação

do etileno para óxido de etileno e de metanol para formaldeído.36 AgNPs também possuem a

maior condutividade térmica e elétrica entre os metais, sendo um dos materiais mais utilizado

para contatos elétricos e um aditivo em adesivos condutores.36 No entanto, seu maior

reconhecimento provém de suas propriedades ópticas e ópticas não-lineares.37

A ressonância plasmônica de superfície localizada (LSPR) é o fenômeno que explica

tanto a presença quanto a mudança de coloração em sistemas nanoparticulados. Ocorre

quando há a formação do plasmon, que pode ser entendido como uma onda proveniente da

oscilação coletiva de elétrons na superfície dos metais. Basicamente, o campo elétrico

associado à luz exerce uma força sobre os elétrons mais externos da banda do metal e leva-os

a oscilar coletivamente. Em uma dada frequência de excitação – quando a profundidade de

penetração da luz é aproximadamente igual ao tamanho da nanoestrutura – essa oscilação

entra em ressonância com a luz incidente, resultando numa forte oscilação dos elétrons da

superfície.34 Este efeito é demonstrado na Figura 10.

Figura 10. Ilustração esquemática da estrutura plasmônica de AgNPs excitada por uma

luz com campo elétrico (E0) com vetor de onda (k) – ressonância plasmônica de superfície

localizada.34

As propriedades das nanoestruturas de prata – atividade bactericida e ressonância

plasmônica – são fortemente dependentes ao seu tamanho e forma.38 Sendo assim, a síntese de

AgNPs com tamanho, forma e distribuição controladas é extremamente importante para o

desenvolvimento das propriedades desejadas. Atualmente, uma ampla variedade de

nanoestruturas de prata já foi sintetizada. Kato et al.39 valeram-se da via fotoquímica para

deposição de nanopartículas de prata com diâmetros de 1-10 nm em dióxido de titânio

suspenso em alumina. Já Amarjargal et al.40 utilizou a rota térmica tradicional, sintetizando

AgNPs pelo método poliol. Jovanovic et al.41 também sintetizou AgNPs estabilizada com

polivinilpirrolidona (PVP), porém através de irradiação-γ, conseguindo nanopartículas com

diâmetro de aproximadamente 10 e 20 nm. Dentre tantas estratégias, as sínteses via

Page 28: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

13

eletroquímica e reações assistidas por micro-ondas e ultrassom são bastante úteis, uma vez

que permitem o controle da força motriz para a redução dos íons precursores, nucleação e

crescimento das NPs.

Nanopartículas metálicas possuem a tendência a se aglomerar e precisam de um agente

de estabilização. Na maioria dos casos, esses reagentes são surfactantes ou polímeros e

desempenham um importante papel na prevenção da agregação das nanopartículas.

Polivinilpirrolidona (PVP) têm sido amplamente utilizada como agente estabilizante na

síntese de AgNPs e de outras nanopartículas metálicas.42, 43 A formação de nanopartículas

estáveis na matriz polimérica é adquirida pela combinação da baixa concentração do soluto e

a aderência de uma monocamada polimérica na superfície em crescimento. Tanto a baixa

concentração quanto a monocamada polimérica irão impedir a difusão entre as espécies em

crescimento e o meio que a rodeia. Como resultado, o processo de difusão torna-se o passo

limitante do crescimento e da nucleação, resultando na formação de nanopartículas de

tamanho uniforme.18

As nanopartículas de Ag têm diversas sínteses distintas nas quais a química assistida

por micro-ondas é utilizada como fonte de calor. Hu et al.44 mostraram que é possível a

síntese de AgNPs com tamanhos uniformes entre 20 – 30 nm e bem dispersas a partir da

reação entre aminoácidos básicos, nitrato de prata e uma solução de amido como agente

estabilizante em meio aquoso. Já Kundu et al.45 sintetizou AgNPs esféricas, com tamanho

entre 20 – 30 nm a partir de um meio não iônico com um surfactante (TX-100) e 2,7 –

dihidroxinaftaleno.

Baruwati et al.46 sintetizou AgNPs esféricas a partir da glutationa em meio aquoso,

resultando em NPs de alta cristalinidade e tamanho entre 5 – 10 nm com apenas 1 min de

irradiação MW. Neste mesmo estudo, variou o tempo de irradiação bem como a concentração

dos materiais de partida produzindo NPs de diferentes tamanhos.

Em outro estudo, em conjunto com Varma47, Baruwati sintetizou nanopartículas de Ag

de 7 – 15 nm a partir do extrato do bagaço de uva vermelha, não utilizando nada mais como

estabilizante e/ou redutor. Outra síntese interessante foi realizada com chá verde.48 Ambas as

sínteses se tornam ainda mais “verdes” pelo fato de não utilizar reagentes químicos tóxicos,

apenas extrato de uva e chás. O sucesso de tal ideia é devido a grande concentração de

compostos polifenólicos na uva e no chá.

A metodologia de obtenção de AgNPs por redução química é bem descrita na

literatura. Este método envolve a redução do sal metálico precursor em um meio apropriado

usando vários agentes redutores como citrato de sódio ou potássio, borohidretos, etc.

Page 29: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

14

produzindo suspensões coloidais de nanopartículas.49 No método de redução com citrato

descrito por Lee e Meisel, AgNO3 (90 mg) foram dissolvidos em 500 mL de água destilada e

aquecidos a 100°C. Adicionaram, então, citrato de sódio 1% (10 mL) e a solução seguiu em

agitação por mais 1 h. A solução resultante era amarelo esverdeado com um máximo de

absorção em 420 nm.50 Outro método comumente utilizado é o método de Creightons que usa

borohidreto de sódio como redutor ao invés do citrato de sódio.51 Em 2007, Pal et al.18

sintetizaram NPs de prata, ouro e uma liga de ambas. Nesse estudo, utilizaram poliacrilamida

(PAM) como agente estabilizante e hidrato de hidrazina como agente redutor, obtendo

nanopartículas com tamanhos na faixa de 5 – 50 nm. Já Rastogi et al.52 estabilizou suas

nanopartículas em um co-polímero enxertado de PAM e dextran. As AgNPs obtidas ficaram

dispersas na matriz polimérica com uma faixa de 8 – 43 nm de tamanho.

Outro método bastante estudado em sínteses MWAC é o método poliol.42, 43, 53-57

Neste, o método de redução se baseia no etilenoglicol (ETG) e outros solventes polióis visto

que possuem momentos de dipolo relativamente altos. Komarneni et al.54 demonstra a síntese

de AgNPs e PtNPs variando a concentração do precursor metálico e do agente estabilizante

(PVP). Em 2008, Nadagouda58 desenvolveu a síntese de bastões nanométricos de Ag usando

apenas uma solução aquosa de nitrato de prata (AgNO3) e polietilenoglicol (PEG).

Demonstrou que a formação das nanoestruturas é dependente da concentração de PEG,

havendo formação de NPs, nanobastões ou ambas estruturas. A síntese de nanoprismas e

nanofolhas de prata foi descrita por Darmanin et al.42, modificando o solvente ETG por

solventes monohidróxidos (monobutiléterglicol, monometiléterglicol, etc.). Eles descrevem

que a síntese possui bom controle de tamanho e dispersão apenas modificando o agente

redutor. Yong Chen et al.59 descreve a síntese de nanobastões com comprimento de 2 – 15 µm

e diâmetros de 200 – 880 nm obtidos com altas concentrações de AgNO3.

2.2.1. Propriedades Antibacterianas

Os efeitos antibacterianos de sais de prata são conhecidos desde a antiguidade60, e a

prata é frequentemente usada como controle de crescimento de bactérias em uma variedade de

aplicações, incluindo ortodontia, cateteres e queimaduras.61, 62 Também é bem conhecido que

íons prata e compostos com prata são altamente tóxicos para micro-organismos, mostrando

forte efeito biocida em mais de 12 espécies de bactérias, incluindo Escherichia coli.63

Como citado na seção 2.2, a atividade de AgNPs é fortemente influenciada pela forma

e dimensões das partículas. Quanto menores as nanopartículas, maior seu efeito

antibacteriano66, uma vez que possui alta área superficial por unidade de massa. O uso de

Page 30: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

15

AgNPs como agente antibacteriano é relativamente novo. Sua atividade pode ser explorada

em desinfecção de águas, prevenir colonizações bacterianas e eliminar micro-organismos em

aparatos médicos ou em embalagens que transportam comida, roupas, etc.67

O mecanismo exato de ação antibacteriana das AgNPs não é completamente

entendido. No entanto, há alguns caminhos de interação entre AgNP-bactéria que já são

conhecidos.68 Estas interações podem ser classificadas como interações diretas das AgNPs

com (i) parede celular da bactéria, (ii) DNA, (iii) enzimas e proteínas intermembrana, e (iv) as

interações baseadas na indução da formação de espécies oxigênio reativas (ROS). Há também

alguns trabalhos na literatura que mostram que a atração eletrostática entre as bactérias

carregadas negativamente e as nanopartículas carregadas positivamente seja crucial para que

as nanopartículas possam atuar como materiais bactericidas.69, 70 Os possíveis caminhos de

interação são mostrados na Figura 11.

Figura 11. Possíveis interações entre AgNPs e células bacterianas.33

Os testes de suscetibilidade antimicrobiana são classificados em diferentes métodos,

baseados no princípio de aplicação: método de difusão (Kirby-Bauer e Stokes), método de

diluição (mínima concentração inibitória) e método do Teste-E (difusão e diluição). Os

métodos de Kirby-Bauer e Stokes são os mais utilizados para testes de suscetibilidade

bacteriana sendo recomendado pelo Clinical and Laboratory Standars Institute (CLSI).

Em 2005, Morones et al.71 estudaram o efeito bactericida de AgNPs com tamanho na

faixa de 1 – 10 nm contra bactérias gram-negativas. Concluíram que as AgNPs agem

principalmente de três maneiras distintas contra essa classe bactérias: (1) o ataque é feito

prioritariamente à superfície da membrana celular alterando drasticamente suas funções

Page 31: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

16

específicas – permeabilidade e respiração celular; (2) elas conseguem penetrar dentro da

bactéria, causando danos pela interação com grupos contendo enxofre e fósforo do DNA; (3)

há a liberação de íons prata pelas AgNPs que oferecem uma contribuição adicional ao efeito

proporcionado.

Já em 2007, Kim et al.72 testaram diversas concentrações (0,2 a 33 nM) de AgNPs

contra as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus estimando as concentrações

inibitórias mínimas (CIM). Os valores encontrados para as AgNPs sintetizadas contra E. coli

foi entre 3,3 e 6,6 nM, e contra S. aureus foi maior que 33 nM. O efeito de inibição de

crescimento é dependente da concentração de NPs quando testados contra E. coli, porém

contra S. aureus este efeito foi mediano para todas as concentrações testadas, não havendo

muita diferença contra o controle utilizado.

Em 2009, Carja et al.73 descreveu a síntese de uma matriz aniônica de zinco e AgNPs

com ~7 nm de tamanho. As AgNPs ficam depositadas em nanopartículas maiores (~85 nm).

Os testes de suscetibilidade bactericida foram realizados pelo método de difusão em disco,

mostrando uma CIM de 0,3 µg/mL contra E. coli e também contra S. aureus. Eles mostram

que após 2 meses, a CIM é alterada para 0,5 e 0,7 µg/mL contra E. coli e S. aureus,

respectivamente.

Gils et al.74 sintetizaram um hidrogél a base de goma arábica, co-polímero de poli(2-

hidroxietil metacrilato-co-ácido acrílico com deposição de AgNPs mostrando que quando as

AgNPs estão presentes há um aumento significativo na atividade bactericida do sistema. Já

Logeswari75 inovou na síntese das NPs usando distintos extratos de plantas. Os testes

antibacterianos foram realizados contra as bactérias Staphylococcus aureus, Pseudomonas

aeruginosas, Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, pelo método de difusão em disco. As

amostras mostraram boa atividade biocida, sendo encontrada uma zona de inibição de 30 mm

para os sistemas de maior atividade.

Dois trabalhos provenientes de um grupo de pesquisa brasileiro do LNLS mostram

resultados tão bons quanto os realizados por grupos estrangeiros. Em 2011, Dal Lago et al.76

apresentam o papel do tamanho das AgNPs na atividade antibacteriana. As AgNPs possuem

tamanhos de ~8,5 (pequenas) e ~11 nm (grandes) e foram testadas contra as bactérias E. coli,

S. aureus, Staphylococcus epidermidis e Micrococcus lysodeikticus. Eles concluem que não

há diferença significativa quando comparadas as diferentes cepas bacterianas. Porém, as

AgNPs pequenas apresentam maior atividade bactericida que as grandes. Já em 2013, Oliveira

et al.77 estuda o efeito do agente estabilizante das AgNPs frente sua atividade antibactericida.

As AgNPs estabilizadas com amido de batata possuem tamanhos de 15 nm enquanto as

Page 32: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

17

estabilizadas com quitosana possuem ~18 nm de diâmetro. A maior atividade bactericida é

encontrada nas AgNPs estabilizadas com quitosana, porém este efeito provavelmente se deve

à atividade antibacteriana que a quitosana (mesmo isolada) possui.

2.3. DIÓXIDO D E TITÂNIO (TiO2)

O TiO2 é amplamente utilizado comercialmente, desde pigmento para tintas à

componente de filtros solares.78 Ele é encontrado em três fases cristalinas: anatase, rutilo e

brokite. A fase brokite é a mais instável e menos utilizada comercialmente. Já as fases anatase

e rutilo são ambas tetragonais, com número de coordenação octaédrico. A fase rutilo possui

uma leve distorção para estrutura ortorrômbica, e sua célula unitária é mais próxima da forma

cúbica. Já na fase anatase, a distorção é mais significativa, resultando numa estrutura menos

ortorrômbica.79 A Figura 12 apresenta as células unitárias das fases cristalinas anatase e rutilo.

Sua forma comercial mais abrangente é como nanopartículas, chamada de P25 que é

constituída por anatase/rutilo nas proporções de 20/80.

Figura 12. Estrutura cristalina do TiO2 nas fases rutilo e anatase. Os átomos

representados em cinza correspondem ao titânio enquanto os vermelhos correspondem ao

oxigênio.

Suas propriedades são altamente afetadas pela sua forma e tamanho, sendo um dos

maiores incentivos à crescente pesquisa de novas sínteses com alto controle de morfologia,

dimensões, área superficial, etc. Atualmente, diversas rotas sintéticas são amplamente

utilizadas. O método sol-gel é um processo versátil, usado em diversos materiais cerâmicos.

Fornece uma suspensão coloidal formada a partir de reações de hidrólise e polimerização dos

Page 33: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

18

precursores, comumente compostos orgânicos do metal, como metal alcóxidos ou sais

metálicos inorgânicos.78 Através desse processo, podemos produzir filmes finos através dos

processos spin-coating ou dip-coating – gotejamento da suspensão coloidal em um substrato

que está sob uma determinada velocidade de rotação para espalhamento homogêneo na

superfície e evaporação do solvente ou mergulho do substrato na solução coloidal com

posterior evaporação do solvente, respectivamente.

Outro método comumente empregado para sintetizar nanomateriais de TiO2 são os

métodos de micela e micela inversa.78 Nestes, agregados de moléculas surfactantes são

dispersas em uma solução coloidal onde as cadeias hidrocarbônicas se orientam para o

interior das micelas mantendo os grupamentos hidrofílicos voltados para o meio – micelas –

ou o inverso – micela inversa. Kim et al.80 otimizaram as condições experimentais para

obtenção de nanopartículas de TiO2. Ajustaram os valores de H2O/surfactante, H2O/precursor

de titânio, concentração de amônia, velocidade de alimentação e temperatura de reação

obtendo TiO2NPs amorfas com diâmetros entre 10 – 20 nm e boa dispersão. Neste trabalho

eles mostram que as temperaturas ótimas de tratamento térmico para obtenção das fases

anatase e rutilo são 600 e 900°C, respectivamente.

O método sol é um processo sol-gel não-hidrolítico e usualmente envolve a reação do

cloreto de titânio com uma gama de diferentes moléculas doadoras de oxigênio. A formação

das ligações Ti-O-Ti é formada pela condensação entre Ti-Cl e Ti-OR.78 Outro método muito

utilizado vale-se da deposição de vapor. A deposição de vapor se refere a qualquer processo

em que o material no estado vapor é condensado para formar um material no estado sólido.

Normalmente é realizado numa câmara a vácuo, e quando há reações químicas é conhecido

por Deposição de vapor químico, quando não há reações químicas é chamado de Deposição

de vapor físico.78

Muitas outras metodologias são bem descritas e largamente utilizadas. Vamos focar

aqui nas metodologias via método hidrotérmico, via anodização e via MWAC. A síntese pelo

método hidrotérmico normalmente é realizada em reatores de aço capazes de suportar altas

pressões, chamados de autoclaves. Pode ser realizada com um copo de teflon separando o

meio reacional da autoclave ou sem ele. O controle de temperatura é acompanhado por

termopares, e pode superar a temperatura de ebulição da água. A pressão interna depende da

temperatura e da quantidade de solução presente na autoclave.78 Em 2011, durante o trabalho

de conclusão de curso, foi desenvolvido a síntese de nanotubos e nanofibras de TiO2 por este

método a partir do precursor P25 – Degussa e uma solução básica de NaOH 9M. As estruturas

foram obtidas sob as mesmas condições, variando apenas o parâmetro temperatura.81

Page 34: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

19

Já o método por anodização fornece nanomateriais de TiO2 pela oxidação direta do

metal a partir de agentes oxidantes. A síntese de nanotubos de TiO2 fornecem estruturas muito

bem distribuídas e bem organizadas, além de ser um método simples, com elevadas

propriedades de transporte de cargas e boa relação custo/beneficio.82 A Figura 13 mostra

imagens de microscopia eletrônica de varredura de TiO2NTs sintetizados via anodização. Os

TiO2NTs obtidos possuem um diâmetro interno de cerca de 40 nm, 1,5 µm de comprimento e

20 nm de espessura de parede. Como muitos estudos, os NTs obtidos são amorfos, e a fase

anatase é obtida com tratamento térmico a 400°C por 3h.82

As sínteses via MWAC tendem a reunir metodologias convencionais e modificá-la,

resultando em tempos menores de reação com produtos bem similares. Corradi et al.83

sintetizaram uma suspensão coloidal de nanopartículas por hidrólise a 195°C com tempos de

5 min a 1 h de irradiação micro-ondas, enquanto a mesma reação quando com aquecimento

convencional leva de 1 a 32 h.

Figura 13. Micrografias MEV da vista superficial (a) e lateral (b) de TiO2NTs dopados

com ouro obtidos por anodização.82

Ma et al.84 desenvolveram nanobarras de TiO2 com o método hidrotérmico em MW e

mostram que elas se agregam em nanopartículas esféricas secundárias. Já Wu et al.

sintetizaram TiO2NTs via reação de cristais anatase, rutile ou mistos de TiO2 com solução

aquosa de NaOH em determinada potência de irradiação. As estruturas sintetizadas possuem o

centro oco, com extremidades abertas e estrutura de multi-paredes com diâmetros de 8 – 12

nm e comprimentos superiores a 200 – 1000 nm.85

Em 2008, Chung et al.86 sintetizaram nanofios a partir de nanopartículas de TiO2

100% anatase pelo tratamento térmico tradicional empregando MWAC. TiO2NP e NaOH 10

M foram irradiados por 2 h numa potência de 1000 W a 210°C, sendo calcinados a 450°C por

Page 35: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

20

2 h. O diâmetro dos nanofios obtidos foram cerca de 80 – 150 nm, com comprimentos de

alguns micrometros a dezenas de micrometros.

Em 2010, Jena et al.87 sintetizaram esferas nanométricas variando as condições

reacionais, resultando em um material altamente poroso. Para a síntese usaram isopropóxido

de titânio como precursor em etanol com e sem hidrato de hidrazina e PVP. A solução

reacional foi mantida sob irradiação MW (equipamento doméstico de 2,45 GHz, 800 W de

potência) com um condensador de refluxo acoplado por 5 min. Após, as amostras passaram

por um tratamento térmico a 500°C por 1 h, resultando em nanoesferas de diâmetros entre 40

– 100 nm com cristalitos entre 7 – 10 nm na fase anatase.

Em 2012, González et al.88 sintetizou nanocompósitos de Ag-TiO2 pelo método sol-

gel, após sintetizado, suspendeu uma fração em NaOH 10M e irradiou a 150°C por 4h com

irradiação micro-ondas com 195 W de potência. O produto foi neutralizado com HCl 5N e

seco a 95°C. A estrutura obtida consiste em nanotubos de hidrogênio trititanato com prata,

com diâmetros internos de 3,6 – 4 nm e externos de 7,6 – 8 nm.

2.4. FOTOCATÁLI SE

A fotocatálise nada mais é que a aceleração de foto-reações por meio de catalisadores.

É o estudo de reações químicas e mudanças físicas resultantes da interação entre a matéria e a

radiação eletromagnética, ou seja, da interação de fótons (com adequados comprimentos de

ondas) com o semicondutor (catalisador)89, sendo semelhante ao mecanismo de fotossíntese

de plantas – Figura 14. O princípio desse método é a transferência de carga que ocorre quando

um semicondutor é imerso em uma solução eletrolítica. Uma vez atingido o equilíbrio entre o

nível de Fermi do eletrodo e o potencial eletroquímico do eletrólito, formam-se camadas de

lacunas (buracos) no semicondutor. Os elétrons ejetados e as lacunas formadas reagem então

com o meio, conferindo assim o caráter oxidativo e/ou redutivo do semicondutor.90

Page 36: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

21

Figura 14. Comparação entre fotocatálise e fotossíntese em plantas.91

2.4.1. Fotocatalisadores

Para obtermos um rendimento aceitável na reação fotocatalítica que se deseja realizar,

deve-se levar em conta que a escolha adequada do semicondutor é primordial para um bom

rendimento. Para tal, deve-se analisar a possibilidade de formação do par elétron-lacuna (par

e-/h+) na superfície do semicondutor, no qual, é necessário que a energia incidida (hν) seja

igual ou superior ao band gap do semicondutor em questão.92 Após a formação do par e-/h+, o

elétron (e-) e a lacuna (h+) podem seguir diferentes caminhos, que são esquematizados na

Figura 15. Os quatro caminhos mostrados competem entre si, onde os caminhos 1 e 2 levam à

recombinação do par formado seja na superfície (1) ou no volume (2) da partícula do

semicondutor, não levando então a atividade fotocatalítica esperada. Já nos caminhos 3 e 4,

tanto o e- quanto a h+ fotoinduzidos migram até a superfície do semicondutor, para então,

reagir com o substrato adsorvido na superfície do mesmo. Assim, a superfície do

semicondutor pode doar elétrons reduzindo o substrato (íons hidrônio em hidrogênio) –

caminho 3 – ou pode receber elétrons oxidando o substrato (água em oxigênio) – caminho 4.93

Page 37: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

22

Figura 15. Excitação do Semicondutor gerando o par e-/h+ e algumas possíveis rotas de

desexcitação.93

A segunda característica a ser analisada, é a capacidade do semicondutor de sofrer

transferência de e- fotoinduzida para a(s) espécie(s) adsorvida(s) em sua superfície, que é

regida pela posição da banda de energia do semicondutor e o potencial redox do adsorbato.

Para ser aceito termodinamicamente, o potencial de redução da espécie aceptora deve ser

menor (mais positivo) que o potencial da banda de condução do semicondutor, enquanto o

potencial de redução da espécie doadora deve ser maior (menos positivo) que o potencial da

banda de valência.93 Isso é esquematizado na Figura 16, que mostra o diagrama de energia

potencial para reações fotocatalíticas de quebra da água na presença de um catalisador

genérico (reações water-splitting), em meio com pH zero, com relação a um eletrodo normal

de hidrogênio (ENH).

Considerando, então, tais características, surgem diversas possibilidades de

semicondutores para as reações fotocatalíticas. Visto que nosso substrato de trabalho é a água,

precisamos de catalisadores que abranjam a zona de energia potencial de +1,23V à +0V. Na

atualidade, TiO2, titanatos, óxido de zircônio, óxido de tântalo, tantalatos, óxidos de nióbio,

etc. são os óxidos metálicos mais estudados.94 Dentre os óxidos citados, o TiO2 é largamente

utilizado por ser um material básico em nosso cotidiano, além de atuar tanto em purificação

ambiental como em conversão fotoquímica da energia solar.95

Page 38: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

23

Figura 16. Diagrama de energia potencial de uma reação fotocatalítica de water-

splitting a pH=0.

2.4.2. Geração de Hidrogênio: Water-Splitting

Os estudos sobre water-splitting com TiO2 como fotocatalisador, mostraram-se

possível a mais de 40 anos, com o descobrimento da divisão da água em hidrogênio (H2) e

oxigênio (O2) a partir de reações fotoquímicas com eletrodos de TiO2, por Fujishima e

Honda.3 Este trabalho foi de alta relevância, por mostrar que a oxidação da água ao oxigênio

poderia ser alcançada com um potencial significativamente mais negativo, em comparação

com o potencial redox padrão do par redox H2O/O2. Fujishima e Honda chamaram esse efeito

de “oxidação eletrolítica fotossensível”, ou fotoeletrólise, e sugeriram sua aplicação para o

problema de utilização da luz solar para a quebra da água em H2 e O2, que é extremamente

importante devido ao potencial do H2 como combustível e portador de energia.96

A fotólise da água é dada pela reação 1:

����������→����������

������� (equação 1)

Pode-se observar que este é um processo altamente endergônico, com uma entalpia de

∆Hº = 285,9 kJ/mol e ∆Gº = 237,2 kJ/mol.

Devido a alta velocidade de recombinação entre o par lacuna/elétron, podemos nos

valer de agentes de sacrifício. Estes agentes podem ser tanto compostos orgânicos quanto

inorgânicos, uma vez que reagem irreversivelmente com a lacuna fotogerada na banda de

valência do semicondutor (catalisador), diminuindo a velocidade de recombinação do par

fotogerado e aumentanto, assim, a produção de hidrogênio97, 98 – Figura 17. Na última década,

diversos doadores de elétrons tem sido utilizados como: álcoois, poliálcoois, açucares, ácidos

Page 39: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

24

cloroacéticos, etc.97 Para ser um bom agente de sacrifício o reagente deve ser redutor, barato e

de fácil obtenção.98 Apesar de haver uma ampla variedade, os álcoois são os agentes mais

eficientes, aumentando a velocidade de formação de hidrogênio uma ou até duas ordens de

magnitude quando comparada com a reação realizada em água pura.

Figura 17. Efeito de agentes de sacrifício na fotólise da água.93

2.4.3. Degradação de Contaminantes

Durante a ativação do TiO2 pela luz solar ou ultravioleta, dois fenômenos são

induzidos simultaneamente na superfície do catalisador (Figura 18): Geração de radicais que

conferem um forte poder de decomposição; e um alto poder de molhabilidade gerado pela

superhidrofilicidade fotoinduzida (atração de moléculas de água através de grupos

hidroxila).91

Figura 18. Fenômenos induzidos simultaneamente na superfície do catalisador TiO2.91

Page 40: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

25

As reações de degradação de poluentes, ao contrário das reações de water-splitting,

são realizadas em soluções aeradas, com a participação das lacunas fotogeradas. Estas lacunas

agem direta ou indiretamente no processo de degradação, através dos radicais hidroxilas

(OH•), superóxidos (O2•‒) ou hiperóxidos (HO2

•), como mostrado na Figura 16. Estes agentes

altamente oxidantes atacam as moléculas poluentes, levando a mineralização dos mesmos.

Uma vez que compostos de sacrifícios são moléculas que se oxidam ao reagirem com

a lacuna fotogerada, decrescendo a velocidade de recombinação do par elétron/lacuna, eles

nada mais são do que “poluentes” presentes no meio reacional.

2.4.4. Impregnação de TiO 2 com Metais

Uma vez que a energia entre as bandas de condução e valência do TiO2 (band gap) é

alta, ele é praticamente transparente a radiação visível, absorvendo apenas uma determinada

região do ultravioleta. Sendo assim, o aproveitamento da luz solar é reduzido e a eficiência

deste catalisador em fenômenos de fotocatálise é baixa. Uma estratégia muito utilizada para

aumentar a atividade fotocatalítica do TiO2 é a dopagem com metais.

Apesar do efeito produzido pelo metal no band gap do semicondutor ainda ser

controverso, a correlação entre a concentração do metal e a foto-atividade do catalisador

impregnado é amplamente comprovada. Geralmente, a foto-atividade de materiais a base de

TiO2 cresce com o aumento da concentração do metal depositado até alcançar um patamar, e

após começa a decrescer99. De acordo com alguns autores, a foto-atividade é determinada por

pelo menos dois parâmetros: a quantidade de metal e de sítios ativos do TiO2, e a área

superficial. Diversos estudos com dopagem de ouro82, 100-102, platina97, 103, 104, prata40, 99, 105, 106

entre outros são reportados na literatura. Estes metais agem como co-catalisador depositados

na superfície da nanoestrutura do TiO2.

A Figura 19 mostra um diagrama esquemático para a produção de hidrogênio com um

catalisador de TiO2 com platina depositada. Após a absorção da radiação eletromagnética e a

separação de cargas – formação do par e-/h+ – os elétrons fotogerados migram da banda de

condução do TiO2 para o metal, através da interface Pt/TiO2. Os elétrons ficam então

confinados nas nanopartículas metálicas e disponíveis para participar das reações de redução

– geração de H2. Já as lacunas geradas na banda de valência permanecem para reações de

oxidação97. Uma vez que a interface metal/TiO2 é gerada, o deslocamento da energia de Fermi

ocorre102.

Page 41: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

26

Figura 19. Diagrama esquemático da fotocatálise de um semicondutor dopado com

metal.102

Page 42: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

27

3. PROCEDIMENTO S EXPERIMENTAIS

3.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Todos os reagentes utilizados foram usados como recebidos, sem prévia purificação.

3.2. SÍNTESE DE AgNP VIA IRRADIAÇÃO MICRO -ONDAS

As sínteses preliminares de AgNP foram realizadas em micro-ondas doméstico no

Laboratório de Fotoquímica e Superfícies (LAFOS). Este é um equipamento da Panasonic

modelo NN6658BAH, cuja frequência de emissão é 2,450 GHz de 1600 de potencia máxima.

A potência utilizada foi ajustada em “Potência média alta” para todas as sínteses.

Para que pudéssemos realizar a síntese foi preciso desenvolver um reator que

suportasse altas pressões e temperaturas, cuja segurança fosse eficaz. Para tal, desenvolvemos

um reator de Teflon com dimensões de 4 cm de altura, 4 cm de diâmetro externo e 7 mm de

parede com volume máximo de 50 mL, seguindo o modelo de reatores para digestão

utilizados em química analítica. Adaptamos uma válvula de segurança para que, quando

excedida a pressão suportada pelo reator, houvesse liberação da mesma. A estimativa da

pressão e temperatura máximas suportadas pelo reator foi determinada aquecendo-se um

determinado volume de água em diferentes intervalos de tempo, e medindo-se através de

termopar a temperatura atingida. Estas ficaram em torno de 20 bar e 150 °C. A Figura 20

apresenta uma fotografia do reator.

Figura 20. Reator desenvolvido para reações MWAC em micro-ondas doméstico (a) e

sistema de segurança adicionado na tampa (b).

3.2.1. AgNP Estabilizada com Poliacrilamida (AgNP/PAM)

Page 43: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

28

Inicialmente usamos uma adaptação da síntese descrita por Angshuman Pal18, na qual

se adicionou ao reator 2 mL de citrato de sódio 2% (m/v) atuando como agente redutor, 2 mL

de nitrato de prata 0,01M como precursor do metal e 10 mL de poliacrilamida 5% (v/v) como

agente estabilizante. O reator foi colocado no centro do micro-ondas e variou-se o tempo de

irradiação em 30, 40, 45, 50 e 60s. Tempos maiores de irradiação não foram possíveis nesta

etapa visto que o sistema montado não suportava pressões maiores que as obtidas nestes

intervalos de tempo.

Após os resultados de tempo de irradiação, decidiu-se modificar a concentração de

AgNO3 e observar seu efeito nas mesmas condições. Para isso, foram feitos experimentos

com concentrações 10 vezes maior e 10 vezes menor (AgNO3 0,1M e 0,001M).

Todas as amostras foram centrifugadas a 14000 RPM por aproximadamente 1 h, e

lavadas com água.

3.2.2. AgNP Estabilizada com Polivinilpirrolidona (AgNP/PVP)

A metodologia poliól aqui utilizada foi adaptada do trabalho de Komarneni54, onde o

solvente utilizado não é mais água e sim etilenoglicol (ETG). Nesta etapa, adicionou-se em

um becker 1,95 g de PVP (MW = 68400 gmol-1 da Synth), 0,025 g de nitrato de prata (0,012

molL-1) e 25 mL de ETG e agitou-se sob ultrassom até total dissolução da PVP. Esta solução

foi então adicionada ao reator que foi irradiado com potência “média alta” em tempos de 15 e

30s.

Após, foi adicionado 170 mL de acetona à solução contendo AgNP/PVP e agitado.

Centrifugou-se a 6000 RPM por 10 min em uma centrífuga SORVAL. O sobrenadante foi

descartado e novamente 170 mL de acetona foram adicionados. Após nova centrifugação, o

precipitado foi ressuspendido em água deionizada.

3.2.3. AgNP/PVP em Micro-ondas Científico (CEM Discover)

Uma série de testes foi desenvolvida em parceria com o laboratório da Professora Vera

Lucia Eifler-Lima, do curso de Farmácia. Neste, utilizamos o equipamento micro-ondas

Discover da CEM Corporation.

A solução mãe era formada por 1,95 g de PVP, 0,025 g de AgNO3 e 25 mL de ETG e

as alíquotas irradiadas foram de 5 mL dessa solução. Os parâmetros fixados foram 180°C de

temperatura, 150 psi de pressão e 200 W de potência com o sistema fechado e os tempos de

irradiação foram de 5 s, 10 s, 15 s, 30 s, 1 min, 3 min, 5 min, 10 min e 15 min. Um segundo

Page 44: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

29

teste realizado no CEM Discover foi realizado ajustando-se os parâmetros em 150°C, 150 psi,

200 W e 15 s de irradiação.

3.3. NANOTUBOS DE TiO2 VIA IRRADIAÇÃO MICRO -ONDAS

Após diversas tentativas falhas em sintetizar TiO2NTs no micro-ondas doméstico,

partiu-se para a síntese utilizando o equipamento MARS IV. Este possui controle de pressão e

temperatura, além de reatores próprios ao equipamento.

Usando como base os trabalhos desenvolvidos por Komarneni107 e por Scheffer81, 0,75

g de TiO2 P25 (EVONIK) e 50 mL NaOH 9 mol.L-1 são adicionados em um reator do tipo

EasyPrep juntamente com uma barra magnética. O método é ajustado para ter uma rampa de

aquecimento de 20 min, e 2 h de hold time nas temperaturas de 150°C e 180°C. A potência

máxima é ajustada para 300 W. Após resfriamento até a temperatura ambiente, a solução é

lavada e filtrada com HCl 0,1 mol.L-1 até neutralização do pH, para então ser lavada com água

destilada e etanol. O precipitado é seco a temperatura ambiente e depois é tratado

termicamente a 400°C por 3 h sob atmosfera ambiente.

3.4. DEPOSIÇÃO DE AgNP

3.4.1. Nanotubos de TiO2 Sintetizados Via MWAC

Para a deposição de AgNP/PAM e AgNP/PVP nos TiO2NTs, adaptou-se o trabalho de

Guo108: 1 g de TiO2NT foi adicionado em 20 mL de solução de AgNP (tanto AgNP/PAM

quanto AgNP/PVP) e agitou-se por 2 h em um béquer. Após transcorrido este tempo, a

solução foi centrifugada a 3400 RPM por ~10 min e o precipitado foi seco a 60°C durante

uma noite. Para remoção de qualquer componente orgânico, um tratamento térmico de 450°C

por 1 h com uma taxa de aquecimento de 10°C/min foi realizado.

3.4.2. Nanotubos de TiO2 Sintetizados Via Anodização

A síntese e caracterização dos TiO2NTs sintetizados via anodização pode ser

encontrada em trabalhos previamente realizados pelo grupo.82, 97, 109 Para a deposição de

AgNPs nestes NTs o procedimento adotado foi o mesmo que o descrito no item 3.4.1., porém

não houve necessidade de centrifugação uma vez que os TiO2NTs não estavam dispersos na

solução. Em suma, a placa de titânio contendo os TiO2NTs em sua superfície é mergulhada

Page 45: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

30

em 20 mL da solução contendo AgNP (AgNP/PAM) e agitada por 2h em um béquer. Então, é

seca durante a noite a 60°C e tratada termicamente a 450°C por 1 h com uma taxa de

aquecimento de 10°C/min.

3.4.3. Deposição de AgNPs em filme polimérico de polissulfona (PSU)

A modificação de filmes poliméricos de PSU foi estudada em detalhe por Kessler110

durante seu mestrado. Para este trabalho, os filmes de PSU foram preparados e tratados com

irradiação UV seguindo a metodologia já descrita110.

A impregnação dos filmes de PSU se deu por imersão. Uma gota de 30 µL foi

depositada em um vidro relógio. Nesta gota foi colocado cuidadosamente discos de PSU de

5,5 mm de diâmetro e outra gota foi adicionada na outra face. O tempo de imersão foi de 30

min. Depois de transcorrido o tempo, o excesso da solução contendo AgNPs foi removido

com papel filtro e o restante foi seco em temperatura ambiente. Parte das amostras foi lavada

por dip coating: o filme foi mergulhado 15 vezes em um béquer contendo 50 mL de água

deionizada. O excesso foi removido com papel filtro e deixou-se secar a temperatura

ambiente.

3.5. CARACTERIZAÇÃO

3.5.1. Espectroscopia no Ultravioleta-Visível (UV-Vis)

A confirmação da síntese de AgNP se dá inicialmente via UV-Vis pela presença da

banda plasmônica característica de nanopartículas de prata em torno de 400 nm. O

equipamento utilizado foi o espectrofotômetro Cary 50Conc da Varian e as medidas se deram

por varredura de absorbância entre 800 – 200 nm, no modo varredura médio.

3.5.2. Espectroscopia por Refletância Difusa no Ultravioleta-Visível (DRS UV-Vis)

No DRS UV-Vis, a refletância da amostra é obtida a partir da equação 1. Isto é

possível pois a intensidade da luz incidente é calibrada, e a intensidade da luz refletida é

obtida a partir da análise de um padrão cujas propriedades são conhecidas – usualmente

BaSO4 .111

��� = ��������

��� � , (equação 1)

Onde: ram é a refletância da amostra e rbra é a refletância do branco.

Iam e Ibra são as intensidades da luz refletidas da amostra e do branco, respectivamente;

Page 46: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

31

Esta técnica é muito utilizada para obter a estrutura das bandas (ou níveis de energia

molecular) nos materiais. O modelo mais utilizado para a interpretação dos dados obtidos a

partir do espectro de refletância é a Teoria Kubelka-Munk, que é dada pela equação 2 –

Função de remissão de Kubelka-Munk.

! �" # �= ���$�%& �'

�%&=

(

) (equação 2)

Onde: ! �" # � é a refletância da amostra;

k é a constante de absorção;

E s é o coeficiente de espalhamento.

Sendo assim, pode-se estimar o valor do band gap do semicondutor plotando a raíz

quadrada da função de Kubelka-Munk – * �! �" # �' – pela energia de excitação do fóton

emitido. Ao traçar uma reta linear no gráfico obtido, o valor que intercepta o eixo das

ordenadas – eixo E (eV ou nm) – é a estimativa do band gap – Figura 21.112

Figura 21: Exemplo da obtenção do band gap a partir de DRS UV-Vis. Espectro de

DRS UV-Vis de TiO2 nanocristalino obtido por hidrólise térmica a 200°C a direita e o plot da

função Kubelka-Munk modificado a direita.112

As medidas de DRS-UV-Vis foram obtidas no equipamento Cary 5000 no modo

refletância. As varreduras ocorreram entre 200 e 800 nm, com variação de 1 nm. As amostras

foram secas conforme descrição no item 3.4.2. Para análise dos TiO2NTs anodizados não foi

necessário tratamento prévio.

3.5.3. Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)

A MET foi usada para verificar a forma, tamanho e distribuição das nanopartículas e

dos nanotubos sintetizados. As amostras para análise de TEM foram feitas com acetona, pois

Page 47: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

32

o solvente proporcionava uma suspensão mais homogênea dos TiO2NTs, já as amostras de

AgNPs foram dispersas em água. Em 1 mL de acetona (ou água), colocou-se uma alíquota de

amostra, e foi deixado então em ultrassom por 10 minutos. A suspensão foi então diluída –

quando necessária – para não saturar o grid a ser analisado. Este foi do tipo holey carbon

coated (filme de carbono perfurado). Após a preparação da amostra, estes foram, então,

colocados em um dessecador sob vácuo até a data da análise. As imagens foram realizadas no

Microscópio Eletrônico de Transmissão JEOL JEM 1200 ExII com velocidade de aceleração

de 120kV, do Centro de Microscopia Eletrônica (CME) da UFRGS.

3.5.4. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e Espectroscopia por Energia

Dispersiva de Raio-X (EDS)

A MEV é uma técnica que permite a obtenção de informações estruturais e químicas

de diferentes amostras. Um feixe fino de elétrons de alta energia colide na superfície da

amostra onde, ocorrendo a interação, parte do feixe é refletido e coletado por um detector que

converte o sinal de elétrons retroespalhados ou emitidos pela amostra, produzindo a imagem

de elétrons secundários. Para materiais não condutores há a necessidade do recobrimento com

uma camada de material condutivo, normalmente carbono ou ouro, e é realizada por

evaporação a alto vácuo ou sputtering de baixo vácuo.

A interação deste feixe de elétrons primário provoca excitações e transições

eletrônicas na amostra, gerando também emissão de raios X. Cada elemento possui energias

de emissão de raios X características. Sendo assim, a detecção e medição dessas energias

permite a análise elementar da amostra, fornecendo de forma qualitativa e rápida – ou

quantitativa quando com padrões adequados – a distribuição elementar da amostra. Esta

técnica é chamada de espectroscopia por energia dispersiva de Raio-X (EDS).

Neste trabalho, as micrografias MEV e análises EDS foram obtidas no LNNano –

CNPEM (proposta de pesquisa SEM – 15771: Estudo morfológico e químico de

nanoestruturas funcionalizadas sobre superfícies poliméricas e metálicas) em Campinas. Para

tal, utilizou-se o MEV de alta resolução FEI Inspect F50 e as imagens foram obtidas tanto

pelo detector de elétrons secundários quanto pelo detector de elétrons retroespalhados. As

amostras sólidas foram diluídas em acetona e gotejadas em um substrato de arseneto de gálio

(GaAs). As amostras poliméricas foram coladas diretamente sob fita carbono no stub (porta

amostras). As amostras de PSU/AgNP e TiO2NT/AgNP foram previamente metalizadas com

fio de carbono.

Page 48: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

33

3.5.5. Espectroscopia de Absorção no Infravermelho (IV ou FTIR)

A espectroscopia IV é uma técnica importante de determinação molecular. Ela se

baseia na propriedade que determinadas moléculas possuem de absorver radiações

eletromagnéticas na região do infravermelho, que compreende as radiações com comprimento

de onda na faixa de 0,78 a 2,5 µm. Quando absorvida pela amostra, a radiação IV converte-se

em energia de vibração e energia de rotação molecular, originando um espectro de vibração-

rotação que normalmente aparece como uma série de bandas. As posições das bandas são

apresentadas em número de onda (1/λ) e sua intensidade em transmitância (T) ou absorbância

(A) – onde A=log10(1/T). Sempre que as vibrações resultarem em variação no momento

dipolar da molécula, poderá ser observado o espectro vibracional no IV.113

Para a análise de espectroscopia FTIR das amostras, foi utilizado o espectrofotômetro

Alpha-P da Bruker (FTIR/ATR), onde a alíquota é analisada em sua forma original.

3.5.6. Espectroscopia de Fotoelétrons de Raios-X (XPS)

Em análises de XPS, a amostra é submetida a condições de Ultra Alto Vácuo (UVA) e

irradiada com fótons de raios-X. Este fóton interage diretamente com elétrons de camada

interna do átomo, gerando transferência de energia. Este elétron – fotoelétron – é então

ejetado com energia suficiente para sair da superfície da amostra e ser detectado.

A energia cinética (Ek) do fotoelétron é determinada pela diferença de energia do fóton

de raios-X incidido (hν), a energia de ligação (Eb) do elétron de camada interna e a função

trabalho do espectrômetro (φ), obedecendo a equação do efeito fotoelétrico:

+( = ��− �+� − �φ Equação 3

Os dados de XPS foram obtidos com um analisador hemiesférico de sete channeltrons

(Omicron) com uma fonte de excitação de Al Kα (hν = 1486,70 eV), com energia de passo de

50 eV para os espectros totais (surveys) e de 20 eV para os de alta resolução – sinais

específicos C1s, O1s, N1s, Ag3d. A calibração foi feita a partir do sinal do C1s (285 eV para

carbonos saturados e insaturados). Todos os sinais foram tratados e deconvoluídos utilizando

a forma Gaussiana-Lorenziana a partir do software CasaXPS®.

3.5.7. Adsorção e Dessorção de Nitrogênio

A área superficial de um sólido por unidade de massa pode ser determinada pelo

método BET, que recebeu esse nome em homenagem aos cientistas Brunauer, Emmett e

Teller.114 Tal método consiste na determinação do volume de gás adsorvido em uma

monocamada, a partir da sua isoterma de adsorção física. Essa isoterma é obtida à temperatura

Page 49: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

34

de ebulição do gás, e relaciona a quantidade de gás adsorvido em equilíbrio com sua pressão

de vapor ou concentração na fase gasosa.

A BET também é indicada para determinação da distribuição de tamanho e de volume

de poros em materiais mesoporosos. Os dados são obtidos também a partir de isotermas de

adsorção-desorção do gás, porém o tratamento dos dados ocorre pelo método BJH115, já que

considera-se que os poros são capilares.

Neste trabalho, aproximadamente 150 mg de cada amostra foram degaseificados no

sistema de preparação de amostras Micromeritics Prep 061, onde ficou sob vácuo a 150ºC. As

isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio foram determinadas utilizando o equipamento

Micromeritics Tristar II 3020 V1.01 – Surface area and porosity.

3.5.8. Análise Termogravimétrica (TGA)

A fração em massa de cada constituinte das AgNPs foi determinada por TGA. As

amostras foram aquecidas de 20 a 1000 ºC sob atmosfera de N2 a uma taxa de aquecimento de

10 ºC por minuto. Para essas análises utilizou-se o equipamento Thermogravimetric Analyser

Pyris 1 (Perkin-Elmer), no laboratório de química do LNLS. Os perfis de decomposição

foram correlacionados com os constituintes do sistema.

3.5.9. Difração de Raios-X (DRX)

O difratograma de raios X é o resultado do espalhamento dos raios X bombardeados

na amostra, que ao atingirem o material podem ser espalhados elasticamente (sem perda de

energia pelos elétrons de um átomo). O fóton de raio X emitido muda sua trajetória após a

colisão com o elétron, mantendo no entanto, mesma fase e energia do fóton incidente, assim,

pode-se dizer que cada elétron atua como centro de emissão de raios X.

Se os átomos que geram este espalhamento estiverem arranjados de forma a gerar uma

estrutura cristalina, pode-se verificar que as relações de fase entre os espalhamentos tonam-se

periódicas e que efeitos de DRX podem ser observados em vários ângulos. Então, ao

considerarmos dois ou mais planos da estrutura cristalina, as condições para que ocorra a

DRX dependem da diferença de caminho percorrida pelos raios X e o comprimento de onda

da radiação incidente. Tal condição é expressa pela Lei de Bragg, nλλλλ ==== 2d sen θ, no qual λ

corresponde ao comprimento de onda da radiação incidente, “n” a um número inteiro, “d” à

distancia interplanar para o conjunto de planos hkl (índice de Miller) da estrutura cristalina e θ

ao ângulo de incidência dos raios X – Figura 22.

Page 50: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

35

Figura 22: Figura esquemática da Difração dos raios X.

Já a intensidade difratada depende principalmente do número de elétrons no átomo,

sendo assim, ela será distinta para os diversos planos da estrutura cristalina devido às

diferentes densidades de átomos (ou elétrons) presentes nos mesmos – distribuição de átomos

no espaço. Portanto, usa-se a DRX para elucidar a estrutura cristalina de sólidos.

Para a análise de sólidos, a amostra é colocada em um capilar, que é posicionado no

centro da câmara, sobre o qual é focalizado o feixe de raios X. A partir da amostra, cones de

difração dos raios X são gerados e uma parcela destes, sensibiliza um filme fotográfico

posicionado na parede interna da câmara, possibilitando a coleta de raios X desde 0º a

praticamente 180º, em termos de 2θ. Esta é a chamada câmara de Debye-Scherrer.116

O difratograma obtido é então plotado, e realiza-se a identificação dos picos gerados.

Calcula-se a intensidade relativa de cada pico, frente ao de maior intensidade, e então busca-

se a estrutura a partir do banco de dados disponibilizado pela ICDD (International Center for

Diffraction Data). A identificação é feita pela impressão digital da estrutura cristalina, ou seja,

os valores de 2θ. Quanto mais próximos estes valores, maior a certeza da estrutura.

No presente trabalho, as análises de DRX foram realizadas no Instituto de física –

UFRGS utilizando o equipamento Goniômetro tipo D500 da Siemens. As condições de

análise foram: irradiação Kα do Cobre e tensão de 40 kV/mA. Os difratogramas obtidos

foram por contagens com intervalo de varredura de 5 a 90º, com incremento de 0,05º para os

TiO2NTs e de 20 a 80° para as AgNPs e os difratogramas obtidos foram analisados com o

programa Crystallographica.

3.6. TESTES ANTIBACTERIANOS

O efeito bactericida dos sistemas nanoparticulados se deu a partir do método de

contagem de colônias. Para tal, foi avaliado o efeito no crescimento de bactérias suscetíveis

gram positiva Staphilococcus aureus e gram negativa Escherichia coli e Escherichia coli

resistente à tetraciclina.

Page 51: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

36

3.6.1. AgNPs em Solução76

Para os testes de suscetibilidade bacteriana, 1 mL da solução de síntese de AgNP/PVP

foram centrifugadas em 6,8 mL de acetona e centrifugado a 6000 RPM por 10 min duas

vezes. Após evaporação total da acetona remanescente, o precipitado foi ressuspendido em 1

mL de água destilada. A quantidade de prata presente nas nanopartículas foram determinadas

por TGA e são apresentadas nas seções 4.1. e 4.2..

Para a solução teste de AgNP/PAM, 1 mL da solução de síntese foi centrifugado a

14000 RPM por 60 min. Após retirada do sobrenadante, 1 mL de água destilada foi

adicionada.

Para os testes com AgNPs, 50 µL de cada solução de bactéria, 1 mL de meio LB

(Luria Bertani: triptona, extrato de levedura e NaCl), determinados volumes de cada sistema

nanoparticulado (Tabela 2) e de água purificada (especificados na Tabela 2) foram misturados

em um frasco esterilizado e incubado a 37°C por 5h. Após a incubação, 10 µL das misturas

foram diluídas em 1000 µL de meio LB e 100 µL foi homogeneamente distribuído em placas

de Agar, sendo incubadas por aproximadamente 18 h a 37°C.

A atividade bactericida foi obtida a partir da contagem do número de colônias

formadas em cada placa de Agar.

O mesmo procedimento foi realizado com controles para efeito de comparação. Todos

os procedimentos descritos acima foram realizados com água autoclavada (controle negativo),

com PVP (1 e 2,5 µg/mL) e PAM (1 e 2,5 µg/mL).

Tabela 2: Condições experimentais para testes bactericidas com AgNP em solução de

síntese.

Sistema Concentração de

prata (µg/mL)

Volume de AgNP

Incubado (µL)

Volume de água

purificada (µL)

Volume de

meio LB (µL)

AgNP/PVP

1,309 mg/mL

1 2 998 1000

2,5 5 995 1000

AgNP/PAM

0,585 mg/mL

1 4 996 1000

2,5 10 990 1000

3.6.2. Filmes de PSU Impregnados com AgNP

Para os testes de PSU/AgNP, 30 µL de cada solução de bactéria, 1 mL de meio LB,

determinada quantidade de filmes (Tabela 3) e 1 mL de água purificada foram misturados em

Page 52: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

37

um frasco esterilizado e incubado a 37°C por 5h. Após a incubação, 15 µL das misturas foram

diluídas em 1000 µL de meio LB e 100 µL foi homogeneamente distribuído em placas de

Agar, sendo incubadas por aproximadamente 18 h a 37°C.

A atividade bactericida foi obtida a partir da contagem do número de colônias

formadas em cada placa de Agar.

O mesmo procedimento foi realizado com controles para efeito de comparação. Todos

os procedimentos descritos acima foram realizados com água autoclavada (controle negativo).

Tabela 3. Condições experimentais de determinação da atividade bactericida com

filmes de PSU impregnados com AgNP.

Sistema Quantidade de

filmes

Volume de água

purificada (µL)

Volume de meio

LB (µL)

PSU/AgNP-PVP 1 1000 1000

2 1000 1000

PSU/AgNP-

PAM

1 1000 1000

2 1000 1000

3.7. TESTES DE FOTODEGRADAÇÃO

Os testes de fotodegradação foram avaliados com a fotodegradação do corante

alaranjado de metila (AM). Soluções de 10 ppm de AM foram irradiadas com uma lâmpada

de Hg/Xe de alta pressão de 150 W da Sciencetech – Inc.. O reator fotocatalítico é feito de

quartzo para evitar qualquer absorção da irradiação. A atividade fotocatalítica dos

catalisadores foi avaliada pela porcentagem de desaparecimento de AM via UV-Vis,

baseando-se na banda de absorção em 464 nm. Uma foto do reator utilizado é apresentada na

Figura 23.

Figura 23. Reator fotocatalítico de quartzo (a) para degradação de corantes com

catalisador suspenso e (b) para degradação de corantes com catalisador suportado.

Page 53: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

38

3.7.1. TiO2NTs Obtidos por Anodização e Impregnados com AgNPs Obtidas por

Micro-ondas

As placas de titânio contendo os TiO2NT impregnados com AgNP/PAM foram

colocados em um suporte de teflon (Figura 23b) e adicionados ao reator. 30 mL de solução de

AM 10 ppm são adicionados e a degradação ocorre sob agitação constante por 3 h. Alíquotas

de 2 mL são retiradas de 30 em 30 min e avaliadas por UV-Vis, retornando ao reator para

prosseguir com a degradação sempre com mesmo volume. O feixe de luz foi focado na

amostra de modo que cobrisse homogeneamente toda sua superfície.

As fotodegradações foram testadas utilizando toda a irradiação UV e Visível

produzida pela lâmpada e/ou utilizando apenas a porção visível da irradiação. Esta seleção se

deu por meio de um filtro de comprimento de onda que permite a passagem apenas de fótons

contendo comprimentos de onda maiores ou iguais a 400 nm.

3.7.2. TiO 2NTs Obtidos por Micro-ondas e Impregnados com AgNPs Obtidas por

Micro-ondas

0,0075 g de TiO2NT/AgNP (0,25 g.L-1) é adicionado aos 30 mL da solução de

alaranjado de metila 10 ppm. A degradação ocorre sob agitação constante por 3 h. Alíquotas

de 2 mL são retiradas e centrifugadas a 14000 RPM por 2 min afim de avaliar apenas o

sobrenadante por UV-Vis em intervalos de 30 min. O catalisador isolado é ressuspenso na

alíquota e devolvido ao reator, dando seguimento à irradiação. Por falta de tempo, as

irradiações foram feitas utilizando apenas a irradiação UV e Visível emitida pela lâmpada.

3.8. TESTES DE GERAÇÃO DE HIDROGÊNIO

3.8.1. TiO 2NT (anodizados) Impregnados com Nanopartículas de Pt

A síntese, deposição e caracterização do catalisador está descrita no trabalho

recentemente publicado por Languer et al.97 e pode ser encontrado no Anexo 1, bem como a

descrição e resultados dos experimentos.

Em suma, os testes fotocatalíticos foram realizados em um reator de teflon com uma

janela de quartzo de 22,16 mL – Figura 24 – e a fonte de irradiação foi uma lâmpada de alta

pressão de Hg/Xe de 150 W operando a aproximadamente 130W (corrente de 9A). A solução

fotocatalítica foi uma solução aquosa de 11,11% de metanol desaerada com argônio durante

30 min. A medida dos gases produzidos se deu por cromatografia gasosa (Agilent 6820),

Page 54: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

39

utili zando uma coluna empacotada porapak Q. A medida de eficiência quântica foi obtida por

actinometria química utilizando o ferrioxalato de potássio (K3Fe(C2O4)3) como actinômetro.

O produto formado após a absorção do fóton, [Fe2+(C2O4)3]4-

(aq), não absorve a luz incidente

de analise (510 nm) e o Fe2+ pode ser determinado espectrofotometricamente como complexo

formado com 1,10 – fenantrolina.

3.8.2. Filmes de Polieletrólitos Poli(hidrocloreto de alilamina)/Poli(ácido acrílico)

contendo TiO 2 e AuNPs.

A síntese e caracterização do catalisador bem como a descrição dos experimentos de

fotocatálise estão descritas no artigo recentemente publicado por Dal’Acqua et al.100 e pode

ser encontrado no Anexo 2.

Resumidamente, um substrato de vidro foi sucessivamente mergulhado em soluções

contendo os eletrólitos e as nanopartículas e água destilada para lavagem, formando o filme

pelo processo conhecido como layer-by-layer. Este substrato foi testado em dois sistemas

distintos: (i) reator de teflon de 22,16 mL com janela de quartzo – Figura 24 – utilizando

como fonte de irradiação a lâmpada de Hg/Xe de alta pressão de 150 W (130 W – 9A) e (ii)

reator todo feito em quartzo utilizando como fonte de irradiação uma lâmpada de Hg/Xe de

alta pressão de 300W.

Os testes fotocatalíticos foram realizados em solução de metanol 11,11% desaerado

por 30 min com argônio. A evolução de gases gerados foi acompanhada por cromatografia

gasosa, medindo-se alíquotas em intervalos de 1 h em um CG Agilent 6820, com coluna

empacotada Porapaq Q.

Figura 24. Reator fotocatalítico utilizado nas reações de Water-splitting.

Page 55: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

40

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. NANOPARTÍCULA S DE PRATA ESTABILIZADAS CO M

POLIACRILAMIDA (AgNP/PAM) SINTETISADAS POR MICRO-ONDAS

Os primeiros testes foram realizados a partir de uma solução de 10 mL de

poliacrilamida (PAM) 5% (v/v), 2 mL de AgNO3 0,01M e 2 mL de citrato de potássio 2%. A

Tabela 4 apresenta a descrição dos testes.

Tabela 4. Testes de síntese de NPs de Ag com PAM.

Experimento Tempo de irradiação

(s)

Temperatura (°C) Coloração final

1

10 78 Incolor

+ 10 105 Incolor

+ 10 118 Incolor

2 30 154 Amarelo

3 40 154 Amarelo escuro

No experimento 1, a amostra foi irradiada por 10 s, medida a temperatura dentro do

reator através de um termopar marca Novus. Após, abriu-se o reator e observou-se que não

havia formação de NPs de Ag devido à ausência de cor na solução. Foi realizado o mesmo

procedimento mais duas vezes, totalizando 30 s de irradiação e ainda assim, não obtivemos o

resultado esperado.

Já no experimento 2, foi colocado diretamente 30 s de irradiação e a coloração amarela

era um indicativo que houve sucesso na síntese. No experimento 3, os 40 s inicialmente

ajustados foram irradiados com sucesso.

A Figura 25 mostra o espectro de UV-Vis destes experimentos. A banda de extinsão,

ainda que pequena, em ~450 nm comprova a formação das NPs de Ag.

Page 56: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

41

Figura 25. Espectro UV-Vis da primeira síntese de NPs de Ag.

Realizou-se uma segunda tentativa, irradiando 15 mL de PAM 10%, 3 mL de AgNO3

0,01M e 3 mL de citrato de potássio 2%, o tempo de irradiação foi ajustado em 60 s porém

como no caso do experimento 3, houve escape de pressão em 53 s. A cor da solução

resultante apresentava-se amarelo escuro. A Figura 26 mostra o espectro UV-Vis da amostra.

Figura 26. Espectro UV-Vis da solução reacional após 53 s de irradiação MWAC.

Após estes testes iniciais, variamos a concentração do precursor. Os experimentos

foram realizados com as mesmas proporções de reagentes, porém em concentrações de

AgNO3 0,001M e 0,100M. Os dados dos experimentos são apresentados nas Tabelas 5 e 6.

400 450 500 550

0,5

0,6

0,7

Ab

sorb

ânci

a

Comprimento de Onda (nm)

NP Ag - exp. 2

NP Ag - exp. 3

NP Ag - exp. 4

300 350 400 450 5000,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

0,01M AgNO3 - NP Ag

Page 57: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

42

Tabela 5. Dados experimentais da síntese de NPs de Ag a partir de AgNO3 0,001M

Tempo de irradiação (s) Temperatura (°C) Coloração Potência

30 121 Incolor Média

40 166 Amarelo Média

41* 160 Amarelo Média

45* 144 Amarelo Forte Média

50 170 Amarelo Média

30 145 Amarelo Alta

*Houve rompimento da válvula de segurança (escape de pressão).

Tabela 6. Dados experimentais da síntese de NPs de Ag a partir de AgNO3 0,100M

Tempo de irradiação (s) Temperatura (°C) Coloração Potência

30 114 Incolor Média

40 159 Amarelo Média

50 169 Alaranjado Média

53* 178 Alaranjado Média

45 142 Amarelo Média

*Houve rompimento da válvula de segurança (escape de pressão).

Analisando os espectros de UV-Vis dos experimentos (Figuras 27) e levando em conta

cada condição experimental podemos observar que a formação das NPs de Ag está

intimamente relacionada com a temperatura e pressão do sistema. A partir de temperaturas

acima de 120°C há formação das NPs e também, nos casos em que a pressão foi superior à

pressão limite do reator, a concentração de NPs foi maior. Como citado anteriormente, o

tamanho das nanopartículas influenciam significativamente em sua banda de ressonância

plasmônica, bem como sua forma e o meio que as rodeiam.38 Quanto maior o tamanho da

nanopartícula, mais deslocada para o vermelho é a sua banda, o que pode justificar a variação

no máximo de absorbância das bandas de ressonância plasmônica. Esta discussão será

ampliada nas seções seguintes com o acréscimo de outros dados experimentais.

Page 58: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

43

Figura 27. Espectros UV-Vis dos experimentos a partir das concentrações de AgNO3

0,001M (a) e AgNO3 0,100M. “Escape de P” se refere aos experimentos nos quais a pressão

alcançada foi superior a suportada pelo reator, ativando o sistema de segurança.

Após várias replicatas dos experimentos acima descritos, podemos concluir que nessas

condições experimentais, os melhores tempos de irradiação micro-ondas para as

concentrações iniciais de AgNO3 de 0,010, 0,100 e 0,001M foram 53, 53 e 41 s,

respectivamente.

Com intuito de visualizar as AgNPs sintetizadas, bem como determinar sua

distribuição de tamanho e forma, microscopias de transmissão foram realizadas e podem ser

vistas na Figura 28. As AgNPs/PAM mostraram boa dispersão por todo o porta amostras e

podemos ver claramente que sua forma é esférica, confirmando a síntese de nanopartículas. O

diâmetro médio das nanopartículas obtidas é 0,58 ± 0,02 nm, obtido pelo software ImageJ®

com uma micrografia de 500k de magnitude. Observando as Figuras 28 a e b, têm-se a ideia

de que o tamanho médio seria maior, em torno de 20 nm, porém, para cada AgNP grande há

diversas AgNPs pequenas rodeando toda sua circunferência, resultando na distribuição obtida

e mostrada na Figura 28c. Ao compararmos com o estudo realizado por Pal et al.18, podemos

ver que obtivemos nanopartículas de tamanho muito reduzido, uma vez que Pal obteve

nanopartículas de prata com diâmetro médio de 50 nm usando hidrato de hidrazina como

agente redutor.

300 350 400 450 500 550

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0A

bso

rbân

cia

Comprimento de Onda (nm)

30+15s pot. alta 40s 41s (escape de P) 45s (escape de P) 50s

300 350 400 450 500

0,0

0,5

1,0

1,5

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

30s - sol preta (48h exposto a luz)

40s) 45s 53s (escape de P) Água 50s

(b) (a)

Page 59: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

44

Figura 28. Imagens obtidas por MET de AgNPs/PAM, sintetizadas com AgNO3

0,01M, com magnificação de 100k (a), 500k (b) e distribuição de tamanhos (c).

A composição das estruturas nanoesféricas visualizadas nas microscopias eletrônicas

foram confirmadas por análises de MEV-EDS e XPS. A Figura 29 apresenta imagens obtidas

pelo detector de elétrons secundários nas magnificações de 60.000 e 480.000 vezes (a e b,

respectivamente). Já as imagens c e d apresentam a região no qual a análise EDS foi realizada

e o espectro obtido. Para termos certeza de que as esferas observadas são realmente as

AgNPs, a análise de EDS foi realizada pelo modo single point, e o feixe de elétrons foi focado

em uma única nanoesfera. A análise indicou presença de prata e carbono (proveniente do

polímero estabilizante). Quando o mesmo foi realizado em uma área que não continha

nanoesferas, houve ausência de prata, comprovando que as AgNPs são as nanoesferas

distribuídas pela amostra.

Page 60: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

45

Figura 29. Imagens MEV de AgNPs em magnificações de 60.000 (a) e 480.000 vezes

(b) e análise EDS da amostra (c) e (d).

As análises de XPS são mostradas na Figura 30. No espectro geral (survey) podemos

observar a presença dos picos de C 1s, N 1s, O 1s e Ag 3d bem como suas proporções. A

presença destes elementos está de acordo com o esperado e com a literatura117, uma vez que

as AgNPs estão estabilizadas com PAM. O espectro de alta resolução do carbono 1s,

mostrado na Figura 30b, mostra as ligações bem conhecidas da PAM: C-C, C-N e C=O com

as energias de ligação de 284,9, 286,3 e 288,2eV, respectivamente. A PAM possui dois

ambientes químicos definidos, produzindo as duas componentes bem resolvidas C-C e C=O

(Figura 31).118, 119 Conforme a resolução do equipamento, a visualização da ligação C-N pode

ser mais ou menos nítida, normalmente necessitando de deconvolução por curvas gaussianas-

lorenzianas.

Ao analisarmos o espectro de alta resolução do O 1s, podemos ver a presença de duas

componentes, onde a componente de energia de ligação 531,5eV é a majoritária e corresponde

a ligação C-O da PAM. O outro pico presente no espectro, com energia de ligação de 533,4eV

pode ser atribuído à água e/ou outras moléculas gasosas adsorvidas117-120 na superfície.

Page 61: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

46

Figura 30. Espectros XPS das AgNPs estabilizadas com PAM: (a) espectro survey e

espectros de alta resolução dos elementos (c) C 1s, (b) O 1s e (d) Ag 3d.

CH2 CH

C

NH2

O

1 1

2

Figura 31. Unidade repetitiva da PAM e seus ambientes químicos assinalados pelos

diferentes números.

A informação mais importante fornecida pela análise de XPS pode ser observada na

Figura 30d: a presença de prata elementar. Os picos mais característicos da prata são os

obtidos pelo orbital 3d, onde os picos 3d5/2 e 3d3/2 possuem uma diferença de 6eV, com

energias de 368,74 e 374,74eV, respectivamente.117-120 Pode-se observar a ausência de

oxidação da prata, indicando uma boa estabilização da PAM às nanopartículas.

600 500 400 300 200 100 00

5k

10k

15k

20k

25k

30k

35k

Cl 2p Ag 4s Ag 4p

Ag 3p3

Ag 4d

Ag 3p1

N 1s1,6%

Ag 3d3/2

35,6%

O 1s 14.1%

C 1s48.6%

CP

S

Energia de Ligação (eV )292 290 288 286 284 282 280

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

C-C, C-H18,5%

CP

S

Energia de ligação (eV )

C=O18,5% C-N

7,2%

C 1s

538 536 534 532 530 528 526 524 522

2500

3000

3500

4000

4500

O=C70,1%

CP

S

Energia de ligação (eV )

O 1s

H2O-ads

29,9%

376 374 372 370 368 366

2000

4000

6000

8000

10000

12000

3d5/2

CP

S

Energia de ligação (eV )

Ag 3d

3d3/2

(a) (b)

(d) (c)

Page 62: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

47

Uma análise que auxilia a compreensão do tipo de interação entre as nanopartículas de

prata elementar com o agente estabilizante, PAM, é a análise de IV. Observando a Figura 32

(a) e (b), podemos ver que quando estabilizando as AgNPs o pico do estiramento C=O se

divide em dois, com os comprimentos de onda em ~1740 e 1637 cm-1. Este desdobramento

pode ser devido à alta concentração de PAM quando em relação à solução inicial (PAM 50%

em água).121 Outra observação importante é o deslocamento do estiramento C=O de 1637 para

1649 cm-1. Segundo diversos estudos, este deslocamento pode ocorrer devido à interação

entre a prata e o grupo carbonila, sugerindo uma forte coordenação entre ambos.117, 120, 122 Não

houve deslocamento significativo na banda referente ao grupo NH2. A banda referente ao

estiramento N-H aparece entre 3400 – 3100 cm-1 em todos os espectros, sendo mais intenso

nos espectros da PAM 50% e quando as AgNP seguem imersas em PAM 5% (AgNP em

solução de síntese).

Figura 32. Comparativo entre PAM 50% e os espectros FTIR das AgNPs estabilizadas

com poliacrilamida obtidos com as AgNP/PAM isoladas (a) e com o espectro da solução após

a síntese (b).

Com o intuito de saber a fase cristalina das AgNPs estabilizadas com PAM, análises

de DRX foram realizadas e podem ser observadas na Figura 33. Uma série de picos bem

definidos demonstra que a amostra é cristalina. Quase nove picos distintos são observados no

espectro, com valores de 2θ de 27,9, 32,3, 38,1, 44,1, 54,9, 57,6, 64,5, 74,5 e 76,9. Os picos

de valores 38,1, 44,1, 54,9, 57,6, 64,5 e 76,9° são atribuídos às reflexões (111), (200), (220),

(103), (123) e (311) de Ag, e o pico 38,1° é o pico mais característico de prata elementar.123 A

análise do difratograma confere com as formas cristalinas de Ag (arquivo JCPDF 87-597) e

Ag2O (arquivo JCPDF 3-796) da base de dados do ICDD. Uma provável causa para o

aparecimento de picos de Ag2O é o tempo da amostra. Esta foi analisada após quatro meses

4000 3000 2000 10000,2

0,4

0,6

0,8

1,0

C=O

Tra

nsm

itânc

ia

(%

)

Número de onda (cm-1

)

PAM 50%

AgNP/PAM isoladas

C-NNH

2

N-H

C=O + NH2 PAM

~ 1637 cm-1

4000 3000 2000 10000,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

(%

)

Número de onda (cm-1

)

PAM 50%

AgNP/PAM em solução de síntese

(a) (b)

Page 63: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

48

após sua síntese, alguns artigos discutem que o tempo de estabilidade das nanopartículas

quando presentes no meio de síntese é cerca de um mês, decrescendo depois de isoladas.18

Figura 33. Difratograma de AgNP sintetizadas por MWAC e estabilizadas com PAM.

Para finalizar a etapa de caracterização, a análise de TGA foi empregada para

determinar-se a proporção entre prata e PAM nas AgNP/PAM. O termograma é apresentado

na Figura 34. Como podemos observar, a curva é composta de três estágios distintos e de

acordo com a literatura.124, 125 A primeira etapa consiste na perda de água e outras impurezas,

gerando uma perda de massa de ~ 15,6% em temperaturas até 240°C. A segunda etapa

consiste numa perda de massa de ~ 17,5% e é devido a reações de imidização que ocorrem

com o grupo amida pertencente ao polímero estabilizante, ocorrendo entre 240 e 330°C. Por

fim, entre 330 e 450°C há a maior perda de massa, correspondendo a aproximadamente

34,5%. Esta redução se dá devido à decomposição das imidas formadas. Sendo assim, cerca

de 32,4% da massa corresponde à prata. Uma vez conhecidos o volume e a massa inicial da

amostra decomposta é possível calcular a concentração de prata contida nesta, e aplicar para o

volume total, obtendo então a concentração real de prata no sistema AgNP/PAM.

Para a análise, 1 mL da solução de síntese foi centrifugada por 60 min a 14000 RPM e

o sobrenadante foi descartado. O precipitado foi seco em estufa por 2 dias, totalizando uma

massa de 1,805 mg de AgNP/PAM.

Logo, se de 1,805 mg de AgNP/PAM (massa inicial da análise), 0,585 mg são Ag

(cerca de 32,4%) e esta massa estava contida em 1 mL de solução de síntese, no volume total

(17 mL) temos 9,9 mg de Ag e a concentração de prata contida nas AgNP/PAM é 0,585

mg/mL.

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80

0

1000

2000

3000

4000

� Ag2O

* Ag�

*

**

**

*

57.6(103)

64,5(123)

38,1 (111)

54,9(220) 76,9

(311)

44,1(200)

*

Page 64: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

49

Figura 34. Análise termogravimétrica das AgNP/PAM.

4.2. NANOPARTÍCULA S DE PRATA ESTABILIZADAS CO M

POLIVINILPIRROLIDONA (PVP) OBTIDAS POR IRRADIAÇÃO MICRO-

ONDAS

A segunda metodologia testada foi com etilenoglicol atuando tanto como solvente

quanto como redutor. Em nenhum dos experimentos houve rompimento do septo, sugerindo

que a pressão necessária neste experimento é menor que a anterior. A solução após 15 s de

irradiação apresentou uma cor laranja intensa, enquanto a irradiada por 30 s apresentou uma

coloração cinza. A Figura 33 apresenta os espectros UV-Vis das amostras.

Uma segunda síntese foi feita com 30 s de irradiação. Nesta obteve-se uma

temperatura de 134°C e a solução apresentou uma coloração laranja-acinzentado. Para nossa

surpresa, o comprimento de onda de ambas as soluções irradiadas por 30 s não foram

correspondentes, tendo uma variação de ~ 10 nm.

100 200 300 400 500 600

20

40

60

80

100

Mas

sa (

%)

Temperatura (°C)

239°C 330°C 450°C

Page 65: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

50

Figura 35: Espectros UV-Vis da síntese pelo método poliol.

Após os testes no micro-ondas convencional, iniciamos os testes em um micro-ondas

de bancada (CEM Discover). Para estes testes, uma solução contendo 50 mL de ETG, 2,9 g de

PVP e 0,05 g de AgNO3 (0,012 mol.L-1) foi previamente preparada para ser testada no

equipamento localizado no prédio da Faculdade de Farmácia da UFRGS.

Alíquotas de 5 mL foram irradiadas por diferentes tempos, variando-se tempo de

irradiação. As condições do equipamento foram mantidas constantes em 180°C, 150 psi e 200

W de potência. Os dados experimentais constam na Tabela 7. Os espectros UV-Vis dos

experimentos são mostrados na Figura 36.

Tabela 7: Dados experimentais obtidos no Micro-ondas CEM Discover. Temperatura

de síntese 180°C e pressão de 150 psi.

Experimento Tempo de Irradiação Coloração λλλλmáx de absorção (nm)

1 5 s Cinza escuro 408

2 10 s Cinza escuro 412

3 15 s Cinza escuro 412

4 30 s Cinza escuro 414

5 1 min Cinza escuro 413

6 3 min Cinza escuro 415

7 5 min Cinza escuro 410

8 10 min Cinza escuro 416

9 15 min Cinza escuro 412

10* 15 s Cinza claro 413

* Este experimento foi obtido com T = 150°C, 150 psi e 200 W.

300 350 400 450 500 5500

1

2

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

15 s de irradiação

30 s de irradiação

Page 66: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

51

Figura 36: Espectros UV-Vis de NPs de Ag sintetizadas no CEM Discover.

A partir destes dados, podemos observar que o tempo de irradiação influenciou pouco

na variação do comprimento de onda máximo. Avaliou-se a morfologia, distribuição e

tamanho das nanopartículas por análises de MEV e MET, buscando a possibilidade da

influência que o tempo de irradiação exerce sobre as AgNP.

Na Figura 37 podemos observar imagens de MET das AgNP/PVP sintetizadas com 15

s de irradiação micro-ondas convencional com as magnificações de 100.000 e 500.000 vezes

((a) e (b)), respectivamente. Houve uma boa homogeneidade dentro de uma distribuição

bimodal, sendo o diâmetro médio máximo de 1,83 ± 0,09 nm (Figura 37c).

350 400 450 500 550 6000

1

2

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de Onda (nm)

5 s 10 s 15 s 30 s 1 min 3 min 5 min 10 min 15 min *15 s T=150°C

Page 67: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

52

Figura 37. Imagens MET de AgNP/PVP irradiada por 15 s. (a) magnificação de

100.000 vezes, (b) magnificação de 500.000 vezes e (c) distribuição de diâmetros obtido pela

imagem (b).

Ao analisarmos os dados da síntese com 30 s de irradiação em micro-ondas doméstico

– Figura 38 – podemos observar que as nanopartículas foram obtidas com sucesso, porém

estas apresentam uma menor homogeneidade em sua distribuição de tamanho, sendo uma

amostra multimodal. As AgNP menores possuem diâmetro médio de 0,91 ± 0,04 nm,

enquanto as maiores 11,93 ± 0,32 nm. O comportamento de nanopartículas bimodais já foi

previamente descrito por Dal Lago76, que descreve inclusive uma metodologia para separação

das frações maiores e menores.

Page 68: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

53

Figura 38. Imagens MET de AgNP/PVP irradiada por 30 s. (a) magnificação de

100.000 vezes, (b) magnificação de 500.000 vezes e (c) distribuição de diâmetros obtida a

partir da imagem (b).

Para avaliar a dependência dos máximos de absorção da ressonância plasmônica com

o tamanho das AgNP/PVP obtidas pelo micro-ondas Discover, foram escolhidas três

amostras: experimentos 1, 4 e 5 (ver tabela 6), cujos máximos de absorção no espectro UV-

vis variaram de 415, 410 e 408 nm, respectivamente. A Figura 39 apresenta as imagens MET

e distribuição de tamanhos obtida para cada amostra.

Page 69: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

54

Figura 39. Imagens MET a 300.000 vezes de magnificação e distribuição de tamanho

das AgNP/PVP irradiadas por 5 s (a) e (b), AgNP/PVP irradiada por 3 min (c) e (d) e

AgNP/PVP irradiada por 5 min no micro-ondas CEM Discover, respectivamente.

Page 70: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

55

Os diâmetros médios obtidos pelas distribuições de tamanho são apresentados na

Tabela 8. Podemos observar que a distribuição de tamanho obtida nos experimentos 1 e 5 são

bimodais, enquanto no experimento 4 foi unimodal. Além disso, o aumento de tamanho

acompanhou o aumento no máximo de absorção da ressonância plasmônica (7 nm) entre os

experimentos e seguem o descrito na literatura, ou seja, quanto maior o tamanho das

nanopartículas, maior seu máximo de absorção (deslocamento para o vermelho).38 Vale

ressaltar que apesar dos pequenos deslocamentos nos máximos de absorção plasmônica, todas

as sínteses resultaram em nanopartículas homogêneas e menores de 5 nm de diâmetro.

Tabela 8. Análise do máximo de absorção plasmônica e a morfologia e distribuição de

tamanhos obtidas.

Experimento Tempo de irradiação Comprimento de

onda (nm)

Diâmetro médio (nm)

1 5s 408 0,76 e 2,10

4 3 min 415 3,65

5 5 min 410 0,75 e 2,86

Da mesma forma que as AgNP/PAM, foram realizadas análises de EDS nas

AgNP/PVP para confirmação da presença de prata. A Figura 40 apresenta dois espectros

obtidos em uma área contendo nanopartículas (a e b) e fora dela (c e d). Assim como em

AgNP/PAM, há presença de prata elementar, confirmando que as nanoesferas são AgNP.

Page 71: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

56

Figura 40. MEV-EDS de AgNP/PVP irradiada por 30 s. Feixe de elétrons focado na

presença de nanopartículas (a) e (b), e na ausência das mesmas (c) e (d).

Análises de XPS foram realizadas para determinar o estado de oxidação da prata

presente nas AgNP/PVP utilizando uma amostra obtida com 30 s de irradiação, e pode ser

visto na Figura 41.

O espectro survey, assim como no caso das AgNP/PAM, apresenta picos relativos aos

elementos carbono, oxigênio, nitrogênio provenientes do polímero estabilizante. Ao

analisarmos o espectro de C 1s (Figura 41b), podemos observar quatro picos com energia de

ligação de 284,9, 286,25 e 288,5eV pertencente aos carbonos C1 (e C4), C5 (e C3) e C6

respectivamente. O sinal do C2 está, provavelmente, encoberto pelos sinais de C1 e C5 (para

verificar a posição e numeração dos carbonos, ver Figura 42a).

Page 72: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

57

Figura 41. Espectros XPS das AgNPs estabilizadas com PVP: (a) espectro survey e

dos elementos (c) C 1s, (b) O 1s e (d) Ag 3d.

A estrutura química da PVP e seus diferentes ambientes químicos são mostrados na

Figura 42, e estão de acordo com o espectro obtido para a PVP pura – Figura 42 – e com a

literatura.57 Apesar de tais semelhanças, verificamos que no espectro das AgNP/PVP (Figura

41b), há um quinto pico em 282,9 eV. Isto é um indicativo de que pode estar ocorrendo

retrodoação exercida pela prata e a carbonila126 ou pela prata e o N presente no polímero

estabilizante.57

600 500 400 300 200 100 00

500

1000

1500

2000

2500

C 1s77,5%

N 1s4,4%

Ag 3d4,9%C

PS

Energia de Ligação (eV )

O 1s13,2%

294 292 290 288 286 284 282 280 278 276

150

300

450

600

750

900

1050

C=O11,5%

C-N32,4%

C-C, C-H37,4%

C*C=O14,6%

CP

S

Energia de ligação (eV )

Ag C=O4,1%

C 1s

356 354 352 350 348

400

500

600

700

800

900

1000

O=C40,1%

CP

S

Energia de Ligação (eV )

O 1s

H2O Ads

59,9%

378 376 374 372 370 368 366400

500

600

700

800

900

1000

1100

Ag-O10,3%

Ag 3d5/2

49,8%C

PS

Energia de Ligação (eV )

Ag 3d3/2

33,1%

Ag-O6,7%

Ag 3d(d)

(a) (b)

(c)

Page 73: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

58

CH2 CH

NO

1 2

3

45

6

Figura 42. Unidade repetitiva da PVP e seus distintos ambientes químicos (a) e os

espectros XPS survey (b), C 1s (c) e O 1s (d) da PVP pura.

Esta retrodoação pode ser entendida como uma fraca transferência de carga, no qual a

prata doa densidade de elétrons para o grupo carbonila do polímero após a formação da

primeira monocamada Ag-PVP. Isto ocorre devido à presença de orbitais d na prata que se

sobrepõe com a ligação π da carbonila, gerando um orbital híbrido dpπ. Esta interação está

apresentada esquematicamente na Figura 43, e é bem descrita sua ocorrência com

nanopartículas de ouro em presença de estabilizantes contendo grupamentos carbonilas.127

Figura 43. Formação da retrodoação π de Ag → CO.

600 500 400 300 200 100 00

500

1000

1500

2000

2500

3000C 1s79,1%

N 1s11,4%C

PS

Energia de ligação (eV )

O 1s9,5%

294 292 290 288 286 284 282 2800

200

400

600

800

1000

1200

1400

C-C59%

C-N25,5%C

PS

Energia de ligação (eV )

C=O15,5%

C 1s

536 534 532 530 528 526200

300

400

500

600

700

800

900

1000

CP

S

Energia de ligação (eV )

H2O ads

6,6%

O=C93,4%

O 1s(d)

(b)

(a)

(c)

Page 74: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

59

A análise de FTIR da PVP mostrada na Figura 44 apresenta bandas em 3404, 2937 e

2873 cm-1, correspondentes aos estiramentos dos grupos OH adsorvido e às vibrações de

estiramento assimétrico e simétrico do –CH2–, respectivamente.57 Em 1659 cm-1 há a banda

de estiramento do grupo carbonila juntamente com o estiramento de C-N, comum da PVP.41

No espectro das AgNP/PVP isoladas (Fig. 44 b), observamos que há um desdobramento da

banda referente a carbonila, do mesmo modo que nas AgNP/PAM, porém este não é tão

intenso quando nas AgNP/PVP isoladas (Fig. 44 a). Nestas, podemos observar o

deslocamento da banda N-C=O de 1659 para 1644 cm-1. As bandas referentes aos

estiramentos C=C e C-N ficam mais proeminentes (1424 e 1282 cm-1, respectivamente).59

Além disso, podemos observar na ampliação da Figura 44 (a) que há um deslocamento

significativo nas bandas 1090 e 1042 cm-1 para 1083 e 1031 cm-1, respectivamente. Este é

mais um indicativo de que há coordenação entre o grupo amida e a prata.128

Figura 44. Comparativo entre PVP puro e os espectros FTIR das AgNPs estabilizadas

com polivinilpirrolidona obtidos com as AgNP/PVP isoladas (a) e com o espectro da solução

após a síntese (b). No inset de (a) um aumento na região entre 1155 – 1000 cm-1.

A análise de DRX destas amostras (Figura 45), apesar de diversas vezes repetidas,

não mostram o mesmo padrão que as AgNP/PAM. A absorção da PVP interfere na

visualização dos picos da prata, e podemos observar uma forte absorção na região de 20°,

referente ao PVP.128 Apesar disso, podemos observar os picos em 38,06, 44,2, 64,3 e 77,3°,

que correspondem aos planos (111), (200), (123) e (311) da prata elementar (arquivo JCPDF

87-597).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1120 1080 1040 1000

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

(%

)

Número de onda (cm-1

)

PVP

AgNP/PVP isolado

OH

C=O + C-N

C=C

CH2

OH

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

(%

)

Número de onda (cm-1

) PVP

AgNP/PVP em solução de síntese

OH

C=O + C-N

C=CCH

2

(a) (b)

Page 75: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

60

Figura 45. Difratograma de raios-X das AgNP/PVP.

Por fim, a análise termogravimétrica das AgNP/PVP pode ser visualizada na Figura

46. A PVP possui decomposição em 450°C, porém quando em presença de nanopartículas de

prata tem sua temperatura máxima deslocada para valores um pouco maiores.129, 130

Analisando o termograma é possível identificar três regiões definidas, a primeira – em

temperaturas abaixo de 120°C – corresponde à perda de água, resultando em uma perda de

massa de ~14,9%. Entre 120 e 363°C há pouca variação, correspondendo à decomposição de

pequenas moléculas orgânicas na amostra.57 Já entre 363 e 468°C há a decomposição da

camada protetora de PVP das NPs57, correspondendo a uma perda de massa de ~69,8%.

Sendo assim, cerca de 15,3% da massa corresponde à prata.

Para a análise, 196 µL da solução de síntese foi disperso em 6,8 mL de acetona e

sonicado em banho de ultrassom. A seguir, o volume total foi centrifugado a 6000 RPM por

10 min e a fase contida na acetona foi descartada. Após repetição deste processo, o

precipitado foi seco em estufa por 2 dias. A massa de precipitado seco (1,677 mg) foi então

analisada no TGA.

Uma vez conhecidos o volume e a massa inicial da amostra decomposta é possível

calcular a concentração de prata contida nesta, e aplicar para o volume total, obtendo então a

concentração real de prata no sistema AgNP/PVP. Ou seja, se 1,677 mg de AgNP/PVP

(massa inicial) é obtida em 196 µL de solução de síntese, e aproximadamente 15,3% da massa

inicial da análise é prata, então 0,257 mg são Ag. Esta massa estava contida em 196 µL de

solução de síntese, então no volume total (25 mL) temos 32,7 mg de Ag e a concentração de

prata contida nas AgNP/PVP é 1,309 mg/mL.

20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 800

500

1000

1500

2000

2500

77,3(311)

64,3(123)

44,2(200)

38,1 (111)

Page 76: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

61

Figura 46. Termograma das AgNP/PVP.

4.3. NANOTUBOS DE TiO2 VIA MWAC

4.3.1. TiO 2NT Puro

A confirmação da síntese dos TiO2NT é dada pela análise de TEM. Estas são

apresentadas na Figura 47, onde (a) e (b) correspondem aos TiO2NT sintetizados a 150°C, e

(c) e (d) aos TiO2NT sintetizados a 180°C. Como podemos ver na imagem (a) há nanotubos,

porém vemos a presença de nanopartículas também, o que não é o desejado. Já a 180°C,

podemos ver que não há resquícios de nanopartículas e isso se estende a toda área da amostra

analisada. Portanto, concluímos que nas condições definidas para o método (Potência máxima

de 300 W, ramp time de 20 min e hold time de 2 h) a temperatura de 150°C não é suficiente

para que todo o precursor seja transformado morfologicamente.85 Por isso, os estudos

posteriores foram realizadas apenas nos TiO2NT sintetizados a 180°C.

100 200 300 400 500 6000

20

40

60

80

100

mas

sa (

%)

Temperatura (°C)

120°C 363°C 468°C

Page 77: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

62

Figura 47. Microscopias MET dos TiO2NT sintetizados a 150°C em magnificações de

40.000 (a) e 500.000 vezes (b) e sintetizados a 180°C em magnificações de 50.000 (c) e

500.000 vezes (d).

A Figura 48 mostra a distribuição dos diâmetros internos e externos dos TiO2NT

sintetizados tanto a 150°C (a e b) quanto a 180°C (c e d). Podemos observar que apesar da

temperatura variar 30°C de uma síntese para a outra, o diâmetro interno permaneceu

praticamente o mesmo (3,71 e 3,72 nm, respectivamente), porém o diâmetro externo

aumentou cerca de 0,81 nm, indicando um aumento na espessura da parede dos TiO2NT com

o aumento da temperatura. Outra observação importante na síntese realizada a 150°C que

pudemos observar é a variação de diâmetro externo: muitos nanotubos obtidos possuem

espessura de parede de aproximadamente 2,13 nm e/ou 5,55 nm. O mesmo não foi observado

para a síntese realizada a 180°C, bem como a totalidade do precursor foi morfologicamente

modificado. Os comprimentos dos TiO2NT são muito variados (50 – 200 nm ou maiores),

Page 78: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

63

podendo ser resultado da quebra durante os procedimentos ou junção de mais de um

nanotubo.81, 85

Figura 48. Distribuição dos diâmetros externos e internos, respectivamente, dos

TiO2NT sintetizados a 150°C (a e b) e a 180°C (c e d).

Para confirmarmos a composição dos TiO2NT, análises MEV-EDS foram realizadas, e

são mostradas na Figura 49. Ao focalizarmos o feixe de elétrons nos tubos, observamos que a

composição é de titânio e oxigênio e na parte com ausência de NT, alguma contaminação de

carbono no substrato de AsGa.

Page 79: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

64

Figura 49. Análise MEV-EDS dos TiO2NT com feixe focado nos tubos (a e b) e fora

deles (c e d).

O precursor P25 possui fase cristalina mista (~80/20 anatase/rutilo). O processo de

síntese normalmente leva a um produto amorfo e precisa ser calcinado a determinadas

temperaturas para obter-se a fase cristalina desejada. Estudos mais recentes estabeleceram que

a fase cristalina obtida logo após a síntese é hidrogênio trititanato.88 Nossos resultados estão

de acordo com a literatura, como pode ser observado na Figura 50a. Logo após a síntese, as

análises de DRX mostram picos em valores de 2θ de 8,4, 23,8, 29,4 e 48,6°, conferindo com o

arquivo JCPDF 36-655. Depois de calcinados a 400°C por 3h, ambas as amostras apresentam

estrutura cristalina anatase (JCPDF 78-2486) – Figura 50b. Quando a temperatura de

calcinação é de 600°C, a fase cristalina permanece sendo anatase (JCPDF 84-1286), havendo

ainda ocorrência de outros picos não identificados, não correspondentes a forma rutilo.

Page 80: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

65

Figura 50. Difratogramas DRX dos TiO2NT sintetizados a 150 e 180 °C após a síntese

(a) e após tratamento térmico a 400°C por 3h (b). DRX dos TiO2NT sintetizados a 180 °C

após tratamento térmico 600°C por 3h (c).

TiO2 é um semicondutor de grande band gap (degrau de energia entre bandas). Os

valores de band gap de semicondutores são obtidos através de cálculos realizados com o

resultado de análises DRS UV-Vis (ver item 3.5.2.). A Figura 51 apresenta o gráfico tratado

matematicamente da função Kubelka-Munk (k/s) e o comprimento de onda em eV. Para os

TiO2NT sintetizados a 180°C e calcinados a 400°C por 3 h, temos um band gap de 3,47 eV

(357,6 nm). Levando em conta que a fase cristalina desta amostra é anatase, temos um

resultado aproximado da literatura, onde temos valores que variam de 3,87131, 3,02132, 3,3087,

3,19 eV102, entre outros.

10 20 30 40 50 60 70 80 900

200

400

600

800

TTT

Inte

nsid

ade

NT TiO2 - 180°C

NT TiO2 - 150°C

T

10 20 30 40 50 60 70 80 900

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

AAAAA

A

A

A

Inte

nsid

ade

TiO2NT 150°C

com TT 400°C TiO

2NT 180°C

com TT 400°C

A

10 20 30 40 50 60 70 80 900

200

400

600

800

1000

1200 TiO2NT 180°C

Inte

nsid

ade

AA

AA

A

A

A(c)

(b) (a)

Page 81: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

66

Figura 51. Espectro DRS UV-Vis dos TiO2NT sintetizados a 180°C e calcinados a

400°C por 3 h, onde k/s é a função Kubelka-Munk e hν a energia do fóton incidente.

A análise superficial também foi realizada. Os TiO2NT sintetizados a 180°C e

calcinados a 400°C por 3 h apresentam uma área superficial de 234,0 m2/g – quando calculada

pela metodologia BET – enquanto o volume de poros encontrado por BJH é 0,669 cm3/g e o

tamanho de poros de 128,9 Ǻ. Essas são características de estruturas mesosporosas, e são

comumente encontradas em titanatos e não em nanotubos de TiO2 cristalizados em anatase.

Sendo assim, obteve-se uma estrutura mesosporosa, com alta área superficial.81, 99 Esta

característica é especialmente importante uma vez que materiais com poros multimodais ou

em multiescala são desejáveis em processos de catálise e processos de separação de carga,

onde é preferível uma otimização da difusão e de regimes de confinamento.133 Além disso, em

casos de semicondutores dopados, a interação hospedeiro-hóspede pode ser aumentada uma

vez que microporos e mesoporos podem exercer seletividade de tamanho e forma das

moléculas hospedadas.133

4.3.2. TiO2NT I mpregnados com AgNP

Análises de DRX foram realizadas para conferir se após o processo de impregnação

com AgNP a cristalinidade permanece ou se altera. A Figura 52 apresenta os difratogramas

obtidos após o processo de dopagem (a e b) e com os sistemas TiO2NT/AgNP calcinados a

600°C por 3 h. Em todos os quatro difratogramas podemos ver a presença de prata com picos

em 2θ = 38,1 e 44,2° correspondentes aos planos (111) e (200), enquanto nas Figuras 50 (c) e

1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,00

5

10

15

20

25

30

35

40

k/s

hν (eV)

Band Gap3,47 eV = 357,6 nm

Page 82: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

67

(d) podemos ver também o pico referente ao plano (103) referente a prata (JCPDF 1-1164). A

presença destes picos com boa intensidade indicam que as AgNP estão bem distribuídas na

superfície da matriz de TiO2.40 Os outros picos assinalados com a letra A são referentes aos

picos de valores 2θ = 25,2, 37,8, 48, 54,5, 62,6, 75 e 82°. Todos são atribuídos à fase anatase

(JCPDF 87-597).

Figura 52. Difratogramas de raio-X das amostras TiO2NT/AgNP(PVP) e

TiO2NT/AgNP(PAM) após processo de impregnação (a e b) e após tratamento térmico a

600°C por 3 h (c e d). Nos gráficos A é referente aos picos da forma cristalina anatase e Ag

referentes à prata.

A Figura 53 apresenta o DRS UV-Vis dos compósitos TiO2NT/AgNP(PAM) (a) e

TiO2NT/AgNP(PVP) (b) logo após o processo de deposição das nanopartículas. Analisando o

espectro obtido para a deposição feita com AgNP estabilizadas com PAM, podemos observar

que o band gap é menor (3,35 eV) do que os TiO2NT puros (3,50 eV), como esperado, uma

vez que há sobreposição da banda plasmon no visível das AgNPs com o band gap do

semicondutor. Essa variação observada no valor do band gap deve-se a sobreposição da

20 30 40 50 60 70 80 900

200

400

600

800

1000

A

AA

A

A

AAg

Inte

nsid

ade

Ag,A

A

20 30 40 50 60 70 80 900

100

200

300

400

500

A

AgA

A

AgA

A

A

AIn

tens

idad

e

20 30 40 50 60 70 80 900

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsid

ade

Ag

AgAg A A

AA

A

A

A

20 30 40 50 60 70 80 900

300

600

900

1200

Inte

nsid

ade

Ag

AgAg AA

AA

A

A

A(d) (c)

(b) (a)

Page 83: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

68

banda de ressonância plasmon com o degrau de energia entre bandas do semicondutor. Além

disso, podemos observar uma banda de absorção na região do visível (máximo em ~2,6 eV –

477 nm), que pode ser atribuída ao efeito de ressonância plasmônica das AgNP.106, 134, 135

Quando analisamos o espectro referente aos nanotubos impregnados com AgNP/PVP,

observamos que o band gap segue praticamente inalterado (3,5 eV). Tal comportamento já foi

descrito anteriormente na literatura136, no qual baixas concentrações de prata podem não

influenciar o valor do band gap.

Figura 53. Espectro DRS UV-Vis dos TiO2NT/AgNP(PAM) (a) e

TiO2NT/AgNP(PVP) (b) após processo de deposição das nanopartículas.

O espectro de FTIR – Figura 54 – nos mostra que mesmo após o processo de

impregnação com nanopartículas e tratamento térmico a 600°C, podemos observar uma banda

característica da fase anatase entre 400 – 1000 cm-1 – banda de OH característica de estruturas

de TiO2108. Também podemos observar que as bandas referentes ao grupamento carbonila

estão presentes em ~ 1636 e ~1647 cm-1 para os sistemas TiO2NT/AgNP(PAM) e

TiO2NT/AgNP(PVP), respectivamente.

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

10

20

30

40

k/s

hν (eV)

Band Gap3,35 eV = 370,4 nm

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

0

10

20

30

40

k/s

hν (eV)

Band Gap3,50 eV = 354,6 nm

(b) (a)

Page 84: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

69

4000 3000 2000 10000,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

(%

)

Número de onda (cm-1

)

TiO2NT

TiO2NT/AgNP(PVP)

TiO2NT/AgNP(PAM)

Figura 54. Espectro FTIR das amostras de TiO2NT puro, TiO2NT/AgNP(PAM) e

TiO2NT/AgNP(PVP).

Como já descrito137, as áreas superficiais dos compósitos (nanotubos com prata

depositada) se mostraram menores como podemos observar na Tabela 9 (para fins

comparativos, os valores dos e TiO2NT puros também são apresentados na tabela). Isto é de

se esperar, uma vez que as AgNP são depositadas na superfície dos nanotubos e podem

bloquear a capilaridade.136 Em todos os sistemas obteve-se área superficial maior do que em

sistemas nanoparticulados de TiO2108, 134, 138, porém menor que alguns sistemas já

sintetizados.106

Tabela 9. Dados das análises de adsorção e dessorção de nitrogênio para os sistemas

compósitos obtidos.

TiO2NT TiO 2NT/AgNP(PAM) TiO 2NT/AgNP(PVP)

Área Superficial*

(m2/g) 234,0 172,6 181,4

Volume de poro**

(cm3/g) 0,669 0,545 0,494

Tamanho de poro**

(nm) 12,9 13,8 12.3

* Calculado pelo método BET

** Calculado pelo método BJH

Page 85: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

70

4.4. TiO2NT ANODIZADOS

A síntese e caracterização dos TiO2NT anodizados pode ser encontrada no Anexo 1.

Resumidamente, os TiO2NT anodizados possuem 1,5 µm de comprimento, 70 nm de diâmetro

e ~10 nm de espessura de parede. Após tratamento térmico a 400°C por 3 h, apresentam fase

cristalina anatase, como pode ser visto na Figura 55.

Figura 55. Imagens MEV de alta resolução e (a e b) e MET de alta resolução (c) dos

TiO2NT obtidos por anodização puros após calcinação a 400°C por 3h e seu difratograma de

raios-X (d).

Análises de DRS UV-Vis foram realizadas para confirmar se houve deslocamento do

band gap realizado pelas AgNPs. Como pode ser visto na Figura 56, os TiO2NT puros

possuem um band gap de cerca de 3,3 eV, porém quando as AgNP/PAM são impregnadas,

este passa para 3,0 eV. Este deslocamento para o visível indica que o catalisador deve possuir

maior atividade fotocatalítica do que os TiO2NT puros.

Figura 56. Espectro DRS UV-Vis dos TiO2NT obtidos por anodização (a) e

TiO2NT/AgNP(PAM) (b) após tratamento térmico a 400°C por 3 h.

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,50

2

4

6

8

10

12

14

16

k/s

hν (eV)

Band Gap3,29 eV = 376,3 nm

1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5

2

4

6

8

10

k/s

hν (eV)

Band Gap3,00 eV = 413,7 nm

(d)

(b) (a)

Page 86: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

71

4.5. FILMES DE POLISSULFONA COM DEPOSIÇÃO DE AgNP

4.5.1. PSU/AgNP(PAM)

Sabe-se que as AgNPs possuem atividade bactericida, tendo em mente a possibilidade

de aplicação, a impregnação das mesmas em filmes modificados superficialmente de PSU

poderia melhorar suas propriedades antibacterianas. Para conferirmos se as nanopartículas

foram depositadas na superfície com sucesso, análises de FTIR foram realizadas, e estão

mostradas na Figura 57, onde (a) apresenta o polímero tratado com e sem deposição de

AgNP/PAM, em (b) são os resultados obtidos por deposição das AgNP/PAM via imersão do

filme na solução de síntese das NPs, (c) após fotólise a 254 nm e (d) via imersão do filme

porém após lavagem do mesmo. Como descrito no artigo de Kessler110, o tratamento com

irradiação UV com atmosfera de O2 em filmes poliméricos de PSU gera enxertia de

grupamentos como C=O com número de onda ~1720 cm-1 , enquanto as bandas na faixa de

3600 e 3100 cm-1 correspondem aos estiramentos OH (Figura 54a). Quando temos a

impregnação das AgNP/PAM, vemos que há um deslocamento na posição do estiramento da

carbonila para ~1670 cm-1 e do OH adsorvido de 3432 para 3336 cm-1 – Figura 57a – porém o

restante do espectro se mantém muito semelhante ao do PSU tratado sem deposição. Uma vez

que este é o valor aproximado do estiramento CO nas AgNP/PAM, podemos confirmar que a

deposição ocorreu com sucesso e apesar de as análises de FTIR não mostrarem Ag, podemos

usar esta banda para análise qualitativa da impregnação nos filmes. Outro fator importante a

ser apontado, é a intensidade desta banda nas diferentes situações de deposição das

nanopartículas.

A partir da Figura 57b, observamos a importância do tratamento UV previamente

realizado nos filmes poliméricos para a deposição das AgNP. É clara a informação de que

sem tratamento, a banda referente a carbonila das nanopartículas é muito pequena, porém

quando o tratamento é realizado, a intensidade torna-se alta, sugerindo uma forte deposição

das NPs. Já, quando a impregnação é realizada adicionando-se a solução de AgNP e

irradiando-se a 254 nm, não há um aumento na intensidade desta banda (Figura 57c), o que

indica novamente que o fator determinante para a deposição destas nanopartículas é o

tratamento UV realizado antes da imersão, e não durante.

Além disso, observamos na Figura 57d que a lavagem do filme impregnado com

AgNP/PAM resulta num decréscimo de intensidade da banda CO, indicando que boa parte

das nanopartículas depositadas é removida com a água. Vale lembrar, que as AgNP/PAM são

Page 87: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

72

solúveis em água, sendo assim, podemos estar removendo tanto AgNP apenas adsorvida na

superfície polimérica, quanto às que realmente interagem com tal superfície.

Figura 57. Espectros FTIR do polímero com tratamento UV a receber impregnação e

do sistema PSU/AgNP(PAM) obtidos por imersão do filme na solução sintética (a),

comparativo entre a deposição em filmes tratados e não tratados de PSU por deposição via

imersão (b), e por tratamento fotólise a λ = 254 nm (c) e efeito da lavagem em filmes

depositados via imersão (d).

Para confirmar os dados obtidos por FTIR, análises de MEV-EDS foram realizadas e

podem ser observadas na Figura 58. Como podemos observar na Figura 58a, as AgNP se

apresentam homogeneamente distribuídas em toda a superfície do filme de PSU, e as análises

de EDS comprovam a presença de prata elementar (b e c). Quando o feixe de elétrons é

focado numa área escura da imagem b, há presença apenas de átomos de carbono, oxigênio,

enxofre – que são componentes da matriz polimérica – e de cloro, que se deve a alguma

contaminação da amostra.

4000 3000 2000 10000,00

0,25

0,50

0,75

1,00

PSU Tratada

PSU Tratada impregnada com AgNP por imersão

Número de Onda (cm-1

)

Tra

nsm

itânc

ia

C=O

OHC=O

2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

Número de Onda (cm-1

)

Deposição por Imersão em:

PSU tratada

PSU não tratado

2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

Número de Onda (cm-1

)

Deposição por fotólise em:

PSU não tratado

PSU tratado

2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0T

rans

mitâ

ncia

Número de Onda (cm-1

)

Tratado com lavagem

Tratado sem lavagem

(a)

(d) (c)

(b)

Page 88: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

73

Figura 58. Imagens MEV obtidas para o sistema PSU/AgNP(PAM) (a e b) e análise

EDS realizada com feixe focado em nanopartículas (c).

Outro meio de confirmação da presença das AgNP/(PAM) utilizado foi análise de

XPS. Como pode ser visto na Figura 59, há diversas diferenças ao compararmos com o

espectro de XPS obtido para as AgNP/PAM. Já no espectro survey temos a presença do pico

referente ao S1s, o que já era de se esperar, uma vez que ele é componente da matriz

polimérica. Quando analisamos o espectro do C 1s (Figura 59b), há presença de quatro bandas

e não três como anteriormente: 285,07, 285,5, 286,6 e 288,5 eV. Estes picos são

correspondentes às ligações características do polímero PSU após tratamento UV C-C, C-S,

C-O de éster e C=O, respectivamente.110 Ao analisarmos o espectro do O 1s observamos o

mesmo perfil: as ligações características do polímero C-O-C, O=C e O=S=O com energias de

ligação de 533,76, 532,81 e 531,79 eV. Porém, há a presença de mais uma banda com energia

de ligação de 530,68 eV. Esta banda pode ser atribuída a interação Ag-O.139 Finalmente, ao

analisarmos os picos 3d da prata, vemos que estes possuem agora bandas relativas a interação

Ag-O que não estavam presentes anteriormente. Estes novos picos referentes a Ag-O podem

ser um indicativo de que as AgNPs estão de alguma forma interagindo com o oxigênio

presente na superfície do filme polimérico ou apenas que parte delas possa estar oxidada.

Page 89: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

74

Figura 59. Espectros XPS do sistema PSU/AgNP(PAM): (a) espectro survey e

espectros de alta resolução dos elementos (c) C 1s, (b) O 1s e (d) Ag 3d.

4.5.2. PSU/AgNP(PVP)

Os resultados da deposição de AgNP/PVP nos filmes poliméricos de PSU são muito

similares aos resultados obtidos para AgNP/PVP. A Figura 60 mostra os espectros de FTIR

do sistema obtido por imersão do filme na solução de síntese (a) e obtido por fotólise a 254

nm (b).

Assim como em 4.5.1., o tratamento com irradiação UV com atmosfera de O2 em

filmes poliméricos de PSU gera enxertia de grupamentos como C=O com número de onda

~1720 cm-1 , enquanto as bandas na faixa de 3600 e 3100 cm-1 correspondem aos estiramentos

OH. Quando temos a impregnação das AgNP/PVP, vemos que há um deslocamento na

posição do estiramento da hidroxila de 3330 para 3348 cm-1 bem como da carbonila para

~1650 cm-1 – Figura 57a. Sendo assim, podemos inferir as mesmas conclusões do sistema

PSU/AgNP(PAM) para este caso, ou seja, para que haja uma boa deposição de AgNP/PVP é

necessário um tratamento prévio com irradiação UV, e não durante.

600 500 400 300 200 100 00

1000

2000

3000

4000

5000

6000

S 1s 5,1%

C 1s 72,8%

Ag 3d3,8%

O 1s 14,8%

CP

S

Energia de ligação (eV )

N 1s 2,6%

294 292 290 288 286 284 282 280 278 276

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

CP

S

Energia de Ligação (eV )

C-C, C=C

C-S

C-O

C=O

C 1s

538 536 534 532 530 528 526

400

600

800

1000

1200

1400

O-Ag3,9%

O=S=O26,2%C

PS

Energia de Ligação (eV )

O 1s

C-O-C24,3%

O=C45,2%

Ag 3d5/2

46,3%

378 376 374 372 370 368 366 364

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

Ag-O10,1%

CP

S

Energia de Ligação (eV )

Ag 3d

Ag-O3,3%

Ag 3d3/2

40,3%

(c)

(b)

(d)

(a)

Page 90: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

75

Figura 60. Espectros FTIR do polímero com tratamento UV a receber impregnação e

do sistema PSU/AgNP(PAM) obtidos por imersão do filme na solução sintética (a),

comparativo entre a deposição em filmes tratados e não tratados de PSU por deposição via

imersão (b) e por fotólise a λ = 254 nm (c).

Para conferir a distribuição das AgNP/PVP na superfície do filme e confirmar a

presença de prata elementar, as análises de MEV-EDS também foram realizadas e são

apresentadas na Figura 61. Como podemos observar na Figura 61a, as AgNP se apresentam

homogeneamente distribuídas em toda a superfície do filme de PSU, e as análises de EDS

comprovam a presença de prata elementar (b). Quando o feixe de elétrons é focado numa área

escura da imagem b (c), há presença apenas de átomos de carbono, oxigênio, enxofre – que

são componentes da matriz.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0T

rans

mitâ

ncia

Número de Onda (cm-1

)

PSU tratado + AgNP

PSU tratado

2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

Número de Onda (cm-1

)

Deposição por imersão em:

PSU tratado

PSU não tratado

2000 1500 1000 500

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Tra

nsm

itânc

ia

Número de Onda (cm-1

)

Deposição por fotólise em:

PSU tratado

PSU não tratado

(c)

(a) (b)

Page 91: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

76

Figura 61. Imagens MEV do sistema PSU/AgNP(PVP) em magnificação de 25.000

vezes (a), e análises MEV-EDS (b) e (c).

4.6. TESTES ANTIBACTERIANOS

4.6.1. AgNP/PAM e AgNP/PVP

Os testes bactericidas foram realizados de acordo com o descrito na seção 3.6.1. e os

resultados estão apresentados na Figura 62. Todos os experimentos foram efetuados com a

mesma concentração inicial de bactérias.

Ao analisarmos os resultados obtidos com a cepa de bactérias S. aureus, podemos

observar que a inibição de crescimento bacteriano foi muito semelhante em ambos os

sistemas nanoparticulados quando em concentrações de 1,25 ppm de nanopartículas, havendo

inibição de 100%. Já em concentrações mais baixas, de 0,5 ppm, o sistema AgNP/PVP

apresentou maior eficácia que o sistema AgNP/PAM, apresentando cerca de 100% de inibição

do crescimento contra 82%. Alguns artigos na literatura afirmam que esta maior atividade

para sistemas contendo PVP como agente estabilizante é devido à presença de atividade

bactericida neste polímero76, porém como pode ser visto no gráfico da Figura 62a, quando

realizado o mesmo experimento com 1,25 ppm de PVP houve um estímulo no crescimento

bactericida. O mesmo ocorreu quando 1,25 ppm de PAM foi inoculado, porém com menor

percentual de crescimento (11,3 contra 30,3%).

Page 92: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

77

Figura 62. Contagem do crescimento do número de colônias com as AgNP/PAM e

AgNP/PVP em concentrações de 0,5 e 1,25 ppm com as bactérias Staphilococcus aureus (a),

Escherichia coli (b) e Escherichia coli resistente ao antibiótico tetraciclina (c).

Quando a cepa analisada é E. coli, podemos observar o mesmo comportamento se

repetindo: AgNP/PVP é mais eficiente que o sistema AgNP/PAM. Porém aqui, as

nanopartículas são menos efetivas: as mesmas concentrações geram um percentual de inibição

de crescimento de 55 e 97,2% para 0,5 e 1,25 ppm para AgNP/PVP, e 26,5 e 96% para 0,5 e

1,25 ppm para AgNP/PAM. Quanto aos polímeros estabilizantes, a PVP apresenta um

crescimento de 10,9% enquanto a PAM 32,5%.

Ao utilizarmos uma cepa de E. coli resistente, obtivemos um resultado ainda melhor

que contra S. aureus. Ambos os sistemas, AgNP/PVP e AgNP/PAM apresentaram percentuais

de inibição no crescimento próximos de 100% já com 0,5 ppm – 98,4 e 97%,

respectivamente. Quando a concentração de prata empregada foi de 1,25 ppm as inibições

branco PVPPAM

NP Ag/PVP (0,5 ug/mL )

NP Ag/PVP (1,25 ug/mL )

NP Ag/PAM (0,5 ug/mL )NP Ag/PAM (1,25 ug/mL )

0

20

40

60

80

100

120

140 Staphilococcus aureus C

olôn

ias

(%)

branco PVPPAM

NP Ag/PVP (0,5 ug/mL)

NP Ag/PVP (1,25 ug/mL)

NP Ag/PAM (0,5 ug/mL)

NP Ag/PAM (1,25 ug/mL)

0

20

40

60

80

100

120

140 Escherichia Coli

Col

ônia

s (%

)

branco PVPPAM

NP Ag/PVP (0,5 ug/mL)

NP Ag/PVP (1,25 ug/mL)

NP Ag/PAM (0,5 ug/mL)

NP Ag/PAM (1,25 ug/mL)

20

40

60

80

100

120

140Escherichia Coli Resistente

Col

ônia

s (%

)

(c)

(b) (a)

Page 93: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

78

foram de 100% para ambos sistemas. Já, quando utilizado apenas os polímeros estabilizantes,

o crescimento bactericida foi maior para a PAM (44,6%) e menor para a PVP (18,7%).

4.6.2. PSU/AgNP(PAM) e PSU/AgNP(PVP)

Os resultados obtidos para os sistemas de filmes de PSU impregnados com AgNP não

foram tão expressivos quanto as nanopartículas isoladas. Provavelmente, o motivo para tal é a

baixa concentração de AgNP presentes no filme. A Figura 63 mostra os resultados obtidos.

Figura 63. Contagem do crescimento do número de colônias com as

PSU/AgNP(PAM) e PSU/AgNP(PVP) em concentrações de 1 (um filme) ou 2 vezes (2

filmes) com as bactérias Staphilococcus aureus (a), Escherichia coli (b) e Escherichia coli

resistente ao antibiótico tetraciclina (c). No gráfico os números (1) e (2) são correspondentes

ao número de filmes utilizados no experimento.

água

PSU não tratado (1 )

PSU não tratado (2 )

PSU tratado (1 )

PSU tratado (2 )

PSU-Ag/PAM (1 )

PSU-Ag/PAM (2 )

PSU-Ag/PVP (1 )

PSU-Ag/PVP (2 )

0

20

40

60

80

100

120 Staphilococcus aureus

Col

ônia

s (%

)

água

PSU não tratado (1 )

PSU não tratado (2 )

PSU tratado (1 )PSU tratado (2 )

PSU-Ag/PAM (1 )

PSU-Ag/PAM (2 )

PSU-Ag/PVP (1 )

PSU-Ag/PVP (2 )

0

20

40

60

80

100

Escherichia coli

Col

ônia

s (%

)

água

PSU não tratado (1 )

PSU não tratado (2 )

PSU tratado (1 )

PSU tratado (2 )

PSU/AgNP (PAM ) (1 )

PSU/AgNP (PAM ) (2 )

PSU/AgNP (PVP ) (1 )

PSU/AgNP (PVP ) (2 )

0

50

100

150

200

250

Escherichia coli resistente

Col

ônia

s (%

)

A

(b) (a)

(c)

Page 94: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

79

Apesar de diversas replicatas dos experimentos, a inibição no crescimento de bactérias

contra S. aureus mostrou muitas flutuações, não podendo se chegar a uma conclusão.

Já, quando a cepa analisada foi E. coli , podemos claramente ver a influência positiva

exercida por ambos os sistemas. Quando apenas um filme é utilizado nos experimentos, o

sistema PSU/AgNP(PAM) apresenta menor atividade do que o sistema PSU/AgNP(PVP) – 39

contra 52,5%. Porém quando foram utilizados dois filmes no experimento, essa condição se

inverte: 83,4 contra 67,7% para os sistemas PSU/AgNP(PAM) e PSU/AgNP(PVP),

respectivamente. Analisando apenas o polímero tratado, temos uma redução do número de

colônias de aproximadamente 3,0 e 62,2% quando 1 e 2 filmes foram utilizados. Já o

polímero sem o tratamento UV apresenta estímulo de cerca de 3,8% quando 1 filme é testado

e uma inibição de 59,3% no crescimento bacteriano quando dois filmes são utilizados.

Analisando a cepa E. coli resistente à tetraciclina, vemos um comportamento

semelhante. Quando apenas um filme é utilizado nos experimentos, os sistemas

PSU/AgNP(PAM) e PSU/AgNP(PVP) apresentam redução de 25 e 26,8%, respectivamente.

Já para dois filmes por experimento, o decréscimo percentual se dá em 73,8% para o sistema

PSU/AgNP(PAM) e um aumento de 57,1% quando PSU/AgNP(PVP) é utilizado. Nesta cepa

o comportamento dos polímeros sem adição de prata se inverte: há um claro crescimento do

número de colônias para o polímero sem tratamento UV, enquanto os dados para o PSU com

tratamento UV são contraditórios, impedindo uma conclusão mais detalhada.

4.7. TESTES DE FOTODEGRADAÇÃO DO CORANTE ALARANJADO DE

METILA

4.7.1. TiO 2NT Obtidos Via Anodização Impregnados com Prata

A Figura 64 apresenta os testes de degradação do alaranjado de metila pelos TiO2NT

obtidos via anodização impregnados com AgNP/PAM. A Figura 64a, apresenta a curva de

degradação do corante (AM) a partir do catalisador TiO2NT puro. A quantidade de AM

degradada durante um período de 3 h corresponde a ~18,6% da quantidade original. Já

quando o processo de imersão de AgNP/PAM é realizado uma vez, a degradação sobe para

aproximadamente 35,5% (Figura 64b), e quando a concentração de AgNP é aumentada em

cerca de três vezes, este número sobe para ~65%. Isto significa um aumento de cerca de 2 e

3,5 vezes na atividade fotocatalítica do catalisador quando em presença de prata, com

concentrações de 1 e 3 deposições, respectivamente. Isto pode ser melhor observado na

Figura 64d, onde as curvas de cinética de degradação são apresentadas para os distintos

Page 95: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

80

catalisadores. Uma vez que as curvas seguem a cinética de pseudo-primeira ordem, podemos

estimar as contantes aparentes cinéticas (kap). Os valores obtidos foram de 0,09 min-1 para

TiO2NT puros, 0,108 min-1 para AgNP uma vez impregnada e 0,133 min-1 para AgNP três

vezes impregnada. Estes resultados são coerentes, uma vez que o percentual de degradação

aumenta conforme o aumento da kap.

Figura 64. Fotodegradação de alaranjado de metila 10,5 ppm com irradiação UV-Vis

utilizando os catalisadores obtidos por anodização TiO2NT puro (a), TiO2NT/AgNP(PAM)

(b) e TiO2NT/AgNP(PAM) três vezes mais concentrado (c). Em (d) as curvas de cinética de

degradação do AM com os três catalisadores.

Tais resultados estão aproximados aos descritos por Liu et al.140 Eles descrevem uma

degradação de AM de aproximadamente 50% em tempos entre 60 e 150 min. Além disso,

mostram que a presença de AgNP aumenta a atividade fotocatalítica cerca de 2,5 vezes,

quando em comparação com os TiO2NT puros, chegando a quase 100% de degradação do

corante em 3 h de irradiação.

400 600 800

0,0

0,2

0,4

0,6

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

AM AM+cat - 30min AM+cat - 1h AM+cat - 1h30 AM+cat - 2h AM+cat - 2h30 AM+cat - 3h

400 600 800

0,0

0,2

0,4

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

AM AM+cat - 30min AM+cat - 1h AM+cat - 1h30 AM+cat - 2h AM+cat - 2h30 AM+cat - 3h

300 400 500 600 700 800

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

Abs

orb

ânci

a

Comprimento de onda (nm)

AM10,5 ppm AM+cat - 30h AM+cat - 1h AM+cat - 1h30 AM+cat - 2h AM+cat - 2h30 AM+cat - 3h

0 30 60 90 120 150 180

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0 TiO2NT puro

TiO2NT/AgNP(PAM) 1x

TiO2NT/AgNP(PAM) 3x

ln

(C/C

0

)

Tempo de irradiação (min )

(d) (c)

(b) (a)

Page 96: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

81

4.7.2. TiO2NT Obtidos Via Irradiação Micro-ondas Impregnados com Prata

Como pode ser observado na Figura 65a, a degradação de AM é aproximadamente

11,4% quando utilizado os TiO2NT puros obtidos por anodização. Este valor sobe para ~36%

quando o catalisador é impregnado com AgNP/PAM e para 53,6% quando impregnado com

AgNP/PVP (Figuras 65 b e c, respectivamente). Isto é um indicativo de que as AgNP estão

efetivamente captando os elétrons da camada de condução do TiO2NT, promovendo uma

separação do par elétron/lacuna mais duradoura e permitindo uma maior oxidação do

corante.141 A Figura 65d apresenta as curvas cinéticas da degradação com os três catalisadores

testados, e claramente percebemos que as constantes cinéticas devem seguir a mesma

tendência do percentual de degradação do AM. Infelizmente, estes não puderam ser

determinados devido ao curto tempo para repetição de experimentos, sendo estes necessários

para uma melhor curva.

Ao comparar com resultados da literatura, podemos observar um maior potencial do

nosso catalisador para fotodegradações do que o trabalho, por exemplo, de González.88 Eles

obtiveram baixas atividades fotocatalíticas para titanatos dopados com prata (~33%) em 210

min, enquanto nossos resultados foram superiores em um tempo de irradiação mais curto.

Também obtivemos uma melhor resposta do que os TiO2NT/AgNP sintetizados por

Pugazenthiran106, no qual seus TiO2NT puros apresentam maior atividade fotocatalítica do

que os dopados com prata.

Page 97: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

82

Figura 65. Fotodegradação do alaranjado de metila 10,5 ppm com irradiação UV-Vis

utilizando os catalisadores obtidos por irradiação micro-ondas TiO2NT puro (a),

TiO2NT/AgNP(PAM) (b) e TiO2NT/AgNP(PVP) (c). Em (d) as curvas de cinética de

degradação do AM com os três catalisadores.

4.8. TESTES WATER -SPLITTING

4.8.1. TiO 2NT Obtidos Via Anodização Impregnados com Platina

Para visualização da síntese e caracterização do catalisador, consultar o Anexo 1. A

Figura 66 apresenta a quantidade de hidrogênio produzida por tempo de fotólise nos sistemas

água/etanol (a), água/metanol (b) e água/glicerol e fenol (c). Resumidamente, a partir da

Figura 66a, podemos claramente observar a influência da concentração do agente de sacrifício

na produção de hidrogênio: Ao aumentarmos a concentração de etanol (e também metanol),

há um aumento na quantidade de H2 gerado. Na Figura 66b, podemos observar que a

velocidade de formação de H2 dos TiO2NT dopados com Pt é maior que os TiO2NT puros, e

quando nos sistemas contendo metanol, são ainda maiores.

400 600 800

0,000

0,025

0,050

0,075

0,100 AM+cat - 0h AM+cat - 30min AM+cat - 1h AM+cat - 1h30 AM+cat - 2h AM+cat - 2h30 AM+cat - 3h

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)400 600

0,0

0,1

0,2

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

AM+cat-0h AM+cat-30min AM+cat-1h AM+cat-1h30 AM+cat-2h AM+cat-2h30 AM+cat-3h

300 400 500 600 700

0,2

0,4

Abs

orbâ

ncia

Comprimento de onda (nm)

AM+cat - 0h AM+cat - 30min AM+cat - 1h AM+cat - 1h30 AM+cat - 2h AM+cat - 2h30 AM+cat - 3h

0 30 60 90 120 150 180

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

TiO2NT/AgNP(PAM)

TiO2NT

TiO2NT/AgNP(PVP)

ln

(C/C

0

)

Tempo de Irradiação (min )

(b)

(d) (c)

(a)

Page 98: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

83

Figura 66. Quantidade de gás hidrogênio produzida por tempo de fotólise nos sistemas

água/etanol variando as concentrações (a), água/metanol na proporção de 8/1 (v/v) (b) e

água/glicerol na proporção 1/1,6 (v/v) e formol na concentração de ~ 5×10-4 mol/L(c). Em b,

triângulos fechados são TiO2NT/Pt em solução de água/metal, quadrados são TiO2NT/Pt em

água pura e círculos são TiO2NT puros. No insert, geração de H2 e O2 com TiO2NT/Pt em

água pura.

Os rendimentos quânticos obtidos para estes catalisadores quando na presença de

metanol varia com o comprimento de onda emitido pela lâmpada: em 254 nm obtivemos o

maior rendimento, onde quando em presença de Pt, a produção de H2 aumenta cerca de 120

vezes. Quando em presença de etanol, este aumento continua significativo, porém menos que

em metanol, cerca de 80 vezes maior do que sem a presença das PtNP. Esta pequena redução

na velocidade de formação de H2 foi encontrada também nos estudos realizados com

nanopartículas de TiO2 (P25). Um dos possíveis motivos para esta diferença a dependência

entre o tipo de álcool e a velocidade de transferência de elétrons (do álcool) para as lacunas

foto-geradas no TiO2. Estas velocidades são cerca de 100 ns para o metanol e 1 ns para o

etanol.97

(c)

(b) (a)

Page 99: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

84

Quando a fotólise ocorre em presença de glicerol observamos uma velocidade de

formação de H2 de 0,2 µmol/hcm2. Estes valores são menores que os encontrados com etanol

e metanol, e seguem como esperado, uma vez que as moléculas de glicerol são muito maiores

que dos alcoóis utilizados. Já em presença de fenol esta velocidade de formação é ainda

menor, 0,06 µmol/hcm2. Isto é cerca de 12 vezes maior que a fotólise em água pura, ou seja,

apesar de ser muito baixa, ainda acelera a taxa de produção de H2.

4.8.2. Fil mes de Polieletrólitos Poli(hidrocloreto de alilamina)/Poli(ácido acrílico)

contendo TiO 2 e AuNPs ([(PAH + TiO2)7,2/(PAA + Au)5,0]n)

Os resultados de síntese e caracterização bem como de geração de hidrogênio podem

ser vistos no Anexo 2. Resumidamente, podemos ver que sob irradiação UV-Vis a quantidade

de hidrogênio é linearmente crescente em função do tempo de fotólise. Além disso, quando o

filme possui 40 camadas, a velocidade de formação de H2 é 0,084 µmol/h.cm2. Ao

aumentarmos o número de camadas, esta velocidade de formação começa a decrescer e com

100 camadas a velocidade de formação passa a ser cerca de 40% da obtida com 40 camadas –

Figura 67a. Isto se deve ao limite do caminho óptico percorrido pela luz pelo aumento do

número de camadas.

Figura 67. Fotogeração de gás hidrogênio em solução água/metanol 8/1 (v/v) dos

filmes [(PAH + TiO2)7,2/(PAA + Au)5,0] com diferentes números de camadas em uma

lâmpada Hg/Xe de 150 W (a) e dos filmes especificados em uma lâmpada de 300 W (b).

O estudo de filmes com 40 camadas dos polieletrólitos Poli(hidrocloreto de

alilamina)/Poli(ácido acrílico) ([(PAH + TiO2)7,2/(PAA + Au)5,0]40) foi realizado

adicionando-se 10 e 30 camadas de polímeros sem deposição de TiO2 e Au ([PAH7,2/PAA5,0])

e é mostrado na Figura 67b. Quando o filme de 40 camadas é irradiado, mostra uma

Page 100: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

85

velocidade de formação de H2 de 1,06 µmol/h.cm2, mas quando 10 e 30 camadas poliméricas

sem deposição de nanopartículas são adicionadas esta velocidade passa a ser de 1,6 e 1,32

µmol/h.cm2, respectivamente. Este acréscimo indica que o gás hidrogênio está sendo formado

no bulk do sistema polímero/TiO2-Au e não em sua superfície, neste caso, a água hidrata o

filme e, consequentemente, o hidrogênio pode ser facilmente formado.

Page 101: Síntese verde de fotocatalisadores nano-estruturados com

86

5. CONCLUSÕES

Este trabalho teve como principal foco a produção de Nanopartículas e Nanotubos

metálicos e semicondutores, respectivamente, utilizando uma metodologia inovadora,

ambientalmente correta e de baixo custo. Os objetivos planejados foram alcançados

permitindo que pela primeira vez na UFRGS materiais nanoestruturados sintetizados pela

técnica “verde” de irradiação de microondas.

As nanopartículas metálicas sintetizadas (AgNPs) foram obtidas através de duas

metodologias distintas, e ambas foram satisfatórias. Analisando os espectros de UV-Vis dos

experimentos realizados com AgNPs estabilizadas com poliacrilamida e levando em conta

cada condição experimental pudemos concluir que a formação das NPs de Ag está

intimamente relacionada com a temperatura e pressão do sistema. A partir de temperaturas

acima de 120°C houve formação das NPs e também, nos casos em que a pressão foi superior à

pressão limite do reator. Estas AgNP/PAM sintetizadas, mostraram boa dispersão e

homogeneidade de tamanhos e morfologia, possuindo uma distribuição monomodal de

diâmetros. Conseguiu-se incorporá-las com sucesso em filmes poliméricos de polissulfona

previamente tratados com irradiação UV, e estas se mostraram eficazes como material

antibacteriano frente às bactérias Staphilococus aureus, Escherichia coli e Escherichia coli

resistente à ampicilina. Também mostraram progressos na área de degradação de

contaminantes – alaranjado de metila – ao produzirem uma maior degradação do corante

quando em comparação com o catalisador puro.

Já as nanopartículas de prata estabilizadas com polivinilpirrolidona (AgNP/PVP),

mostraram-se de simples obtenção em todos os casos estudados. A boa dispersão foi

igualmente obtida, porém a distribuição de tamanhos foi bimodal para o sistema irradiado por

15 segundos e multimodal para o sistema irradiado por 30 s. Além disso, o aumento de

tamanho acompanhou o aumento no máximo de absorção da ressonância plasmônica

(deslocamento para o vermelho). Também foi possível incorporá-las com sucesso na

superfície de filmes poliméricos de polissulfona previamente funcionalizados com tratamento

de irradiação UV na presença de uma atmosfera reativa de oxigênio. As AgNP/PVP

enxertadas na superfície polimérica se mostraram, de um modo geral, mais eficazes como

material antibacteriano frente às bactérias Staphilococus aureus, Escherichia coli e

Escherichia coli resistente à ampicilina do que as AgNP/PAM.

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87

A síntese de nanotubos de dióxido de titânio utilizando a radiação de microondas foi

obtida com total sucesso quando uma temperatura mínima é alcançada, sendo esta 180°C. Os

TiO2NT apresentam diâmetro médio e espessura de paredes homogêneos, porém

comprimentos diversos. Logo após a síntese, possuem forma cristalina de titanato, porém

após tratamento térmico, convertem-se em 100% a anatase. O estudo da área superficial

especifica mostrou que os TiO2NT permanecem semelhante às dos titanatos, como alta área

superficial (234 m2/g), mesmo após o tratamento térmico que modifica para a estrutura

anatase.

As sínteses via radiação de microondas de AgNP e TiO2NT foram combinas para

gerar um fotocatalisador de alta atividade catalítica para degradar poluentes orgânicos.

Utilizando um corante orgânico protótipo neste tipo de estudos – alaranjado de metila – foi

possível demonstrar que o sistema de TiO2NT sensibilizado por AgNP tem uma atividade

fotocatalítica maior que quando se usam TiO2NT puros e que essa maior atividade é

proporcional à concentração de AgNP. Essas experiências mostraram a capacidade do

fotocatalizador sensibilizado com AgNP de capturar fótons na região visível do espectro

eletromagnético.

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88

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ANEXOS

Anexo 1 – Artigo: Photo-induced reforming of alcohols with improved hydrogen apparent quantum yield on TiO2 nanotubes loaded with ultra-small Pt nanoparticles.

Mariana P Languer ; Scheffer, Francine R. ; Adriano F. Feil ; Daniel L. Baptista ; Migowski, Pedro ; Guilherme J. Machado ; Diogo P. de Moraes ; Dupont, Jairton ; Teixeira, Sérgio R. ; Weibel, D. E..

International Journal of Hydrogen Energy, 2013.

Anexo 2 – Artigo: Photocatalytic Nanostructured Self-Assembled Poly(allylamine hydrochloride)/Poly(acrylic acid) Polyelectrolyte Films Containing Titanium Dioxide-Gold Nanoparticles for Hydrogen Generation.

Dal Acqua, N.; Scheffer, F. R.; Boniatti, R.; Da Silva, B. V. M.; De Melo, J. V.; Crespo, J. S.; Giovanela, M.; Pereira, M. B.; Weibel, D. E.; Machado, G..

Journal of Physical Chemistry. C, 2013.

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