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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DAS ZEÓLITAS FERRIERITA E ZSM-5 PARA PIRÓLISE DE ÓLEOS VEGETAIS Livia Viviane dos Anjos Santos Orientador: Prof. Dr. Marcelo José Barros de Souza São Cristóvão, SE Brasil Agosto/2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE

MATERIAIS

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DAS ZEÓLITAS FERRIERITA E ZSM-5

PARA PIRÓLISE DE ÓLEOS VEGETAIS

Livia Viviane dos Anjos Santos

Orientador: Prof. Dr. Marcelo José Barros de Souza

São Cristóvão, SE – Brasil

Agosto/2014

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Santos, Livia Viviane dos Anjos S237s Síntese e caracterização das zeólitas ferrierita e ZSM-5 para

pirólise de óleos vegetais / Livia Viviane dos Anjos Santos ; orien-tador : Marcelo José Barros de Souza. – São Cristóvão, 2014. 78 f. : il. Dissertação (mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais) – Universidade Federal de Sergipe, 2014. O 1. Engenharia de materiais. 2. Zeólitas - Mistura. 3. Pirólise catalítica. 4. Óleos vegetais. 5. ZSM-5. 6. FER. I. Souza, Marcelo José Barros de, orient. II. Título CDU: 620:661.183.6

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Resumo da Dissertação apresentada ao P²CEM/UFS como parte dos requisitos necessá-

rios para a obtenção do grau de Mestre em Ciência e Engenharia de Materiais (M.Sc.)

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DAS ZEÓLITAS FERRIERITA E ZSM-5 PARA

PIRÓLISE DE ÓLEOS VEGETAIS

Livia Viviane dos Anjos Santos

Agosto/2014

Orientador: Prof. Dr. Marcelo José Barros de Souza

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

Zeólitas puras têm sido estudadas em processos de craqueamento de óleos vegetais,

porém pouco se sabe sobre o potencial sinergético de misturas de zeólitas na eficiência

desses processos. O presente trabalho analisou o potencial catalítico de misturas de zeó-

litas FER/ZSM-5 obtidas por tratamento hidrotérmico, e comparou-o ao das zeólitas

comerciais puras FER e ZSM-5, e à sua mistura física na pirólise catalítica do óleo de

soja. As misturas sintetizadas (MSI e MSII), a mistura física das zeólitas comerciais

puras (MC) e as zeólitas comerciais individuais (FER e ZSM-5) foram submetidas à

troca iônica com o íon amônio para geração dos materiais ácidos, e caracterizadas por

DRX, IV, TG/DTG, MEV e adsorção de nitrogênio. As análises por DRX e IV indica-

ram a formação da mistura FER/ZSM-5 com alta cristalinidade e bandas características

de materiais zeolíticos. As análises térmicas para as misturas sintetizadas apresentaram

maiores estágios de perda de massa, e suas microscopias revelaram cristais típicos das

zeólitas estudadas. Análises de adsorção de nitrogênio evidenciaram a microporosidade

desses materiais. Em geral, a H-FER apresentou melhores conversões de óleo, seguida

da mistura física H-MC e da zeólita H-ZSM-5. As misturas sintetizadas apresentaram

menores conversões de óleo vegetal.

Palavras-chave: Mistura de zeólitas, FER, ZSM-5, pirólise catalítica, óleos vegetais.

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Abstract of Dissertation presented to P²CEM/UFS as a partial fulfillment of the re-

quirements for the degree of Master in Materials Science and Engineering (M.Sc.)

SYNTHESIS AND CARACTERIZATION OF FERRIERITE AND ZSM-5 ZEOLITES

TO PYROLISIS OF VEGATABLE OILS

Livia Viviane dos Anjos Santos

August/2014

Advisor: Dr. Marcelo José Barros de Souza

Department: Materials Science and Engineering

Pure zeolites have been studied in the processes of cracking of vegetable oils, but little

is known about the potential synergistic mixtures of zeolites in the efficiency of these

processes. This study examined the catalytic potential of mixtures of zeolites FER /

ZSM-5 obtained by hydrothermal treatment, and compared it to the pure commercial

zeolites FER and ZSM-5, and their physical mixture in catalytic pyrolysis of soybean

oil. The synthesized mixtures (MSI and MSII), the physical mixture of pure commercial

zeolites (MC) and individual commercial zeolites (FER and ZSM-5) were subjected to

ion exchange with ammonium ion for generation of acidic materials, and characterized

by XRD , IR, TG / DTG, SEM and nitrogen adsorption. The IR and XRD analyzes indi-

cated the formation of the mixture FER / ZSM-5 with high crystallinity and characteris-

tic peaks of zeolite materials. The thermal analysis for the synthesized mixtures had

higher stages of mass loss, and their microscopies revealed typical crystals of zeolites

studied. Analysis of nitrogen adsorption illustrated the microporosity of these materials.

In general, the H-FER presented the best conversions of oil, followed by the H-MC

physical mixture of zeolite and H-ZSM-5. The synthesized mixtures showed lower con-

versions of vegetable oil.

Keywords: Zeolites mixtures, FER, ZSM-5, catalytic pyrolysis, vegetable oils.

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Ao meu saudoso amigo

José Delson Brito Filho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me concedido a força necessária para superar toda dificuldade e perdas

preciosas durante esse período;

A minha família, em especial a minha mãe Veraci e ao meu pai Antônio por todo apoio,

amor incondicional e por sempre me ajudarem a levantar após cada queda. Vocês são

minha razão de viver;

A Toninho, amor maior e grande amigo. Obrigada pelo incentivo, pela paciência e por

nunca desistir de mim;

Aos professores Dr. José Jailton Marques e Dr. Sérgio Carvalho de Santana, orientado-

res da graduação e incentivadores nessa minha nova jornada;

Ao professor Dr. Marcelo José Barros de Souza, pessoa amiga e adorável, que me deu a

honra de orientar e transmitir seus conhecimentos. Obrigada pelo apoio e paciência.

Cada palavra trocada com você foi muito valiosa na minha formação;

A professora Dr.ª Anne Michelle Garrido Pedrosa de Souza pelos ensinamentos e apoio;

Aos professores e colegas do P2CEM pelos ensinamentos e momentos juntos;

A CAPES pela concessão da bolsa;

Ao grupo de pesquisa do Laboratório de Catálise – UFS, em especial a Silvia, Francine,

Sanny e Paloma, por toda ajuda e momentos juntos. Tenham certeza que cada um de

vocês contribuiu para realização desse trabalho;

Ao meu grande amigo Delson, um segundo pai, que sempre me incentivou e foi uma

das grandes fontes de inspiração de quem eu quero ser. Pessoas boas como você deveri-

am ser eternas. A saudade é grande, mas trago comigo sua alegria e cada palavra de

apoio dada durante toda minha vida.

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1. Representação esquemática da reação de transesterificação 18

Figura 2.2. Representação esquemática da reação de pirólise 20

Figura 2.3. Ilustração da síntese hidrotérmica de zeólitas 24

Figura 2.4. Ilustração das seletividades de forma das zeólitas 26

Figura 2.5. Ilustração do sítio ácido de Brønsted em zeólitas 27

Figura 2.6. Ilustração da protonação na estrutura zeolítica 28

Figura 2.7. Representação esquemática da Lei de Bragg 29

Figura 2.8. Difratogramas das zeólitas ferrierita e ZSM-5 29

Figura 2.9. Micrografias de zeólitas ferrierita obtidas por diferentes metodologias

de síntese 32

Figura 2.10. Tipos de isotermas de adsorção 33

Figura 2.11. Representação esquemática do sistema de poros (a) e da estrutura (b)

da ferrierita nas posições [001] e [010] 36

Figura 2.12. Representação esquemática da estrutura da zeólita ZSM – 5 nas dire-

ções [100] e [010] 37

Figura 3.1. Fluxograma da síntese da mistura FER/ZSM-5 via rota 1 42

Figura 3.2. Fluxograma da síntese da mistura FER/ZSM-5 via rota 2 43

Figura 4.1. Difratogramas de raios X da mistura sintetizada via rota 1 nas formas

amoniacal (NH4-MSI) e ácida (H-MSI) 48

Figura 4.2. Difratogramas de raios X da mistura sintetizada via rota 2 nas formas

amoniacal (NH4-MSII) e ácida (H-MSII) 49

Figura 4.3. Difratogramas de raios X da mistura física nas formas amoniacal

(NH4-MC) e ácida (H-MC) 49

Figura 4.4. Difratogramas de raios X da zeólita ferrierita nas formas amoniacal

(NH4-FER) e ácida (H-FER) 50

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Figura 4.5. Difratogramas de raios X da zeólita ZSM-5 nas formas amoniacal

(NH4-ZSM-5) e ácida (H-ZSM-5) 50

Figura 4.6. Distribuição de produtos a partir de sínteses experimentais 51

Figura 4.7. Difratogramas de raios X das misturas sintetizadas em suas formas

amoniacais (NH4-MSI e NH4-MSII) – identificação das fases formadas 52

Figura 4.8. Espectros de absorção no infravermelho das zeólitas H-FER e H-

ZSM-5, e de suas misturas H-MSI, H-MSII e H-MC na faixa de 4000 – 400 cm-1

53

Figura 4.9. Espectros de absorção no infravermelho das zeólitas H-FER (a) e H-

ZSM-5 (b), e das misturas H-MSI (c), H-MSII (d) e H-MC (e) na região de absor-

ção em zeólitas 54

Figura 4.10. Curvas TG/DTG para a zeólita ferrierita comercial amoniacal 55

Figura 4.11. Curvas TG/DTG para a zeólita ZSM-5 comercial amoniacal 55

Figura 4.12. Curvas TG/DTG para a mistura sintetizada via rota 1 (MS-I) não

calcinada 56

Figura 4.13. Curvas TG/DTG para a mistura sintetizada via rota 2 (MS-II) não

calcinada 56

Figura 4.14. Curvas TG/DTG para a mistura física (MC) amoniacal 56

Figura 4.15. Micrografia de varredura da zeólita H-FER com ampliação de 2000

vezes 58

Figura 4.16. Micrografia de varredura da zeólita H-ZSM-5 com ampliação de

2000 vezes 58

Figura 4.17. Micrografia de varredura da mistura H-MSI com ampliações de 200

e 2000 vezes 59

Figura 4.18. Micrografia de varredura da mistura H-MSII com ampliação de

2000 vezes 60

Figura 4.19. Micrografia de varredura da mistura H-MC com ampliação de 2000

vezes 60

Figura 4.20. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a zeólita H-FER 61

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Figura 4.21. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a zeólita H-ZSM-5 62

Figura 4.22. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a mistura sintetizada via

rota 1 (H-MSI) 62

Figura 4.23. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a para a mistura sinteti-

zada via rota 2 (H-MSII) 63

Figura 4.24. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a mistura física H-MC 63

Figura 4.25. Curvas TG da pirólise do óleo de soja sob os materiais H-FER, H-

ZSM-5, H-MC, H-MSI e H-MSII, e do óleo de soja puro, a uma razão de aqueci-

mento de 10 °C/min 65

Figura 4.26. Curvas de conversão do óleo de soja sob os materiais H-FER, H-

ZSM-5, H-MC, H-MSI e H-MSII 65

Figura 4.27. Curvas DTG obtidas a partir das curvas de conversão do óleo de soja

sob os materiais H-FER, H-ZSM-5, H-MC, H-MSI e H-MSII 66

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ÍNDICE DE TABELAS

2.1. Dados de infravermelho para absorções entre 1500 – 400 cm-1

de algumas

zeólitas contendo anéis de 5 membros 30

3.1. Reagentes utilizados na síntese das zeólitas FER/ZSM-5 40

3.2. Quantidade dos reagentes utilizados nas sínteses das zeólitas 41

4.1. Quantificação das fases formadas nas misturas sintéticas e da mistura física 52

4.2. Quantificação de perda de massa obtida a partir das curvas TG/DTG 57

4.3. Características texturais das amostras: área superficial específica (BET), área

superficial interna, área superficial externa, volume de poros (método t-plot) e

diâmetro de poros (método Dubinin e Radushkevich) 64

4.4. Temperaturas de conversões do óleo de soja puro e do óleo sob as zeólitas 67

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LISTA DE ABREVIATURAS

BET – Brunauer, Emmett e Teller

dp – diâmetro do poro

DK – Dubinin e Radushkevich

DRX – Difração de Raios X no Infravermelho com Transformada e Fourier

DTG – Termogravimetria Derivada

FER – Zeólita Ferrierita

FTIR – Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier

IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry

IV – Infravermelho

IZA – International Zeolite Association

m – massa da amostra

m0 – massa inicial da amostra

m∞ - massa remanescente

MC – mistura comercial

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

MR – membro

MS – mistura sintetizada

Mv – volume molar

N – número de Avogadro

ONU – Organização das Nações Unidas

Q – calor de adsorção

R – constante universal dos gases

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

TG – Análise Termogravimétrica

V – volume total de gás adsorvido

Vm – volume da monocamada

ZSM-5 – Zeolite Socony Mobil 5

α – conversão

λ – comprimento de onda

θ – ângulo de incidência

d – distancia interplanar entre cristais paralelos

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO......................................................................................................... 15

2. ESTADO DA ARTE................................................................................................ 17

2.1. ÓLEOS VEGETAIS.......................................................................................... 17

2.1.1. Uso de Óleos Vegetais como Combustíveis.......................................... 17

2.2. PIRÓLISE........................................................................................................ .. 19

2.2.1. Pirólise Catalítica................................................................................... 21

2.3. ZEÓLITAS......................................................................................................... 21

2.3.1. Síntese de Zeólitas.................................................................................. 23

2.3.2. Propriedades Catalíticas das Zeólitas.................................................. 25

2.3.2.1. Seletividade de Forma ................................................................ 25

2.3.2.2. Troca Iônica................................................................................. 26

2.3.2.3. Acidez.......................................................................................... 27

2.3.3. Técnicas de Caracterização de Zeólitas............................................... 28

2.3.3.1. Difração de Raios X.................................................................... 28

2.3.3.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com

Transformada de Fourier.......................................................................... 30

2.3.3.3. Análise Termogravimétrica......................................................... 31

2.3.3.4. Microscopia Eletrônica de Varredura........................................ 31

2.3.3.5. Adsorção de Nitrogênio............................................................... 32

2.3.4. Ferrierita................................................................................................. 35

2.3.5. ZSM-5...................................................................................................... 37

2.3.6. Pirólise Catalítica sob as Zeólitas Ferrierita e ZSM-

5.......................................................................................................................... 38

3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 40

3.1. REAGENTES UTILIZADOS NA SÍNTESE DAS ZEÓLITAS FER/ZSM-5. 40

3.2. SÍNTESE HIDROTÉRMICA DAS ZEÓLITAS FER/ZSM-5.......................... 40

3.2.1. Procedimento para Síntese da Mistura FER/ZSM-5 Via Rota 1...... 41

3.2.2. Procedimento para Síntese da Mistura FER/ZSM-5 Via Rota 2...... 42

3.2.3. Procedimento para Síntese para obtenção da mistura comercial

FER/ZSM-5....................................................................................................... 44

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3.3. TROCA IÔNICA............................................................................................... 44

3.4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS ZEÓLITAS FER/ZSM-5..... 45

3.4.1. Difratometria de Raios X (DRX).......................................................... 45

3.4.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (IV)........ 46

3.4.3. Análise Térmica via Termogravimetria (TG)..................................... 46

3.4.4. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).................................... 46

3.4.5. Adsorção de Nitrogênio......................................................................... 46

3.5. ENSAIOS DE PIRÓLISE DO ÓLEO DE SOJA............................................... 47

4. RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................................... 48

4.1. CARACTERIZAÇÃO DAS ZEÓLITAS.......................................................... 48

4.1.1. Difração de Raios X............................................................................... 48

4.1.2. Espectroscopia na Região do Infravermelho....................................... 52

4.1.3. Análise Termogravimétrica.................................................................. 55

4.1.4. Microscopia Eletrônica de Varredura................................................. 57

4.1.4. Adsorção de Nitrogênio......................................................................... 61

4.2. PIRÓLISE TÉRMICA E CATALÍTICA DO ÓLEO DE SOJA....................... 64

5. CONCLUSÕES........................................................................................................ 68

6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................. 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 70

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1. INTRODUÇÃO

O uso de combustíveis fósseis é a principal causa do aumento da concentração

de gases do efeito estufa na atmosfera. Segundo a Organização das Nações Unidas

(ONU), a temperatura média da Terra aumentará entre 1,8 e 4 ºC até o ano de 2100 e

isto deverá acelerar o derretimento das geleiras, elevar o nível dos oceanos e provocar

intensos furacões. O balanço hídrico do planeta também deverá ser alterado, paralela-

mente ao índice pluviométrico de várias regiões (CORDEIRO et al., 2011).

A expansão e o progresso, particularmente em países emergentes, têm aumen-

tado a necessidade por energia em todos os setores, em particular na utilização para

transporte (PEREGO & BOSETTI, 2011). As fontes de energia renováveis apresentam

papel fundamental no contexto energético e ambiental, e vêm impulsionando novas

pesquisas por combustíveis derivados de fontes alternativas de energia.

Entre as diversas fontes renováveis de energia prontamente disponíveis encon-

tram-se os óleos vegetais. Além do alto poder calorífico, os óleos vegetais detêm quali-

dades interessantes do ponto de vista ambiental, como biodegradabilidade e baixa quan-

tidade de enxofre em sua composição, além de sua produção industrial não gerar subs-

tâncias potencialmente danosas ao meio ambiente (FELICI et al, 2009).

Uma das técnicas utilizadas no processamento de óleos vegetais visando a ob-

tenção de combustíveis é a pirólise catalítica. Também conhecido como craqueamento,

o processo de pirólise de triglicerídeos pode ser descrito como a decomposição térmica

direta dos componentes orgânicos em ausência parcial ou total de oxigênio, de forma a

gerar uma série de produtos biológicos renováveis adequados para utilização em com-

bustíveis e aplicações químicas (JUNNING et al., 2010; MIRANDA, 2011).

Várias pesquisas vêm sendo realizadas com a finalidade de verificar a influên-

cia de sólidos no processo de pirólise de óleos vegetais, com o intuito de se obter uma

mistura com características cada vez mais próximas do óleo diesel de petróleo (NGO et

al., 2010; JAE et al., 2011; BUZETZKI et al., 2011; FOSTER et al., 2012; DORONIN

et al., 2013; ABBASOV et al., 2014). Nessa linha, as zeólitas vêm apresentando desta-

que.

Zeólitas são compostos microporosos que apresentam importante papel em vá-

rias áreas tecnológicas, principalmente como catalisadores, sendo utilizadas extensiva-

mente em reações catalíticas na área de refinamento de petróleo, petroquímica, e contro-

le da poluição (RAHIMI & KARIMZADEH, 2011). Esses materiais apresentam notável

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destaque em conversões de biomassa e óleos vegetais, principalmente zeólitas com ta-

manho de poro médio, como a ferrierita (FER) e a ZSM-5, o que vem aumentando o

interesse no uso e desenvolvimento de novos materiais microporosos.

A procura por novos materiais e/ou melhorias nos existentes tem um papel

fundamental, especialmente em processos que estão em desenvolvimento ou melhora-

mento, a fim de encontrar tecnologias mais eficientes. Desta forma é interessante sem-

pre buscar novos materiais.

A mistura física de diferentes zeólitas tem sido avaliada em alguns processos,

porém a obtenção e o estudo de misturas de zeólitas sintéticas têm sido pouco estuda-

dos. Os catalisadores FER e ZSM-5, amplamente utilizados na indústria química e pe-

troquímica, com considerável desempenho catalítico em diversas reações, podem ser

obtidos através de um mesmo material de partida e, dependendo das condições de sínte-

se, podem ser cristalizados simultaneamente.

Neste contexto, o trabalho teve por objetivo a síntese e caracterização de mistu-

ras de zeólitas FER/ZSM-5 e o estudo da eficiência dessas zeólitas no processo de piró-

lise catalítica de óleos vegetais. As zeólitas comerciais FER, ZSM-5 e sua mistura física

também foram estudadas, e seus desempenhos comparados aos das misturas sintéticas.

O óleo de soja refinado foi utilizado para os ensaios de craqueamento catalítico sob as

zeólitas.

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2. ESTADO DA ARTE

2.1. ÓLEOS VEGETAIS

Óleos vegetais são líquidos extraídos de sementes e de frutos de plantas. Con-

sistem de misturas de compostos que contêm, dependendo da sua origem, aproximada-

mente 98% de triglicerídeos, e pequenas quantidades de mono- e diglicerídeos, além de

ácidos graxos, fosfolipídios, carotenos, tocoferol, água, e outras impurezas

(TRIANTAFYLLIDES et al., 2013).

O óleo vegetal destaca-se como uma biomassa disponível de grande potencial.

Diferentes óleos são usados em várias regiões do mundo, como óleo de soja nos Estados

Unidos, Argentina e Brasil, óleo de girassol e de canola na Europa, óleo de palma no

sudeste da Ásia e óleo de coco nas Filipinas (GONZALEZ et al., 2008).

A demanda por fontes de energia alternativas ao petróleo abre amplas possibi-

lidades para o Brasil que, graças a uma conjugação de fatores climáticos e naturais, tem

potencial para se tornar líder mundial na produção de biocombustíveis. O país possui

condições climáticas favoráveis à produção das principais oleaginosas, além de apresen-

tar um vasto território cultivável que pode ser explorado, caso a produção se torne eco-

nomicamente vantajosa (GONZALEZ et al., 2008).

Algumas vantagens no uso de óleos vegetais compreendem: biodegrabilidade;

natureza líquida, conveniente para transporte e processamento; alto poder calorífico

(aproximadamente 90% do óleo diesel); pH neutro; relativa estabilidade, baixo teor de

enxofre em sua composição; entre outros (MAHER & BRESSLER, 2007; GONZALEZ

et al., 2008; JUNNING et al., 2010).

2.1.1. Uso de Óleos Vegetais como Combustíveis

O histórico do uso de óleos vegetais, ainda puros, em motores de combustão

interna remonta ao inicio da operação do motor Diesel, no final do século XIX. Rudolf

Diesel projetou, em 1896, seu próprio motor com eficiência da ordem de 26%, o qual

foi testado com petróleo, álcool e, em 1900, com óleo de amendoim. Razões de natureza

econômica, principalmente o maior custo e menor disponibilidade frente aos recém-

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desenvolvidos derivados de petróleo, levaram ao completo abandono dos óleos vegetais

como combustíveis à época (TOLMASQUIM, 2003).

O uso de óleos vegetais como combustíveis seguem três diferentes estratégias:

(i) o uso direto do óleo; (ii) a transesterificação; e (iii) a pirólise do material.

O uso direto do óleo vegetal como combustível apresenta, como principal van-

tagem, a simplicidade do processo, uma vez que não se faz necessária nenhuma etapa de

alteração química. Entretanto, características como a alta viscosidade, teor de ácidos

graxos, polimerização durante armazenamento, combustão incompleta, incrustações

internas nas câmaras de combustão, bloqueio dos bicos injetores e diluição dos lubrifi-

cantes, fazem o uso direto de óleos vegetais insatisfatórios ou impraticáveis (PEREGO

& BOSETTI, 2011; TRIANTAFYLLIDES et al., 2013).

Assim, dentre as estratégias desenvolvidas para resolver os problemas causados

pelo uso direto de óleos vegetais, a modificação química dos triglicerídeos para obter

compostos com propriedades similares às dos combustíveis fósseis é amplamente utili-

zada. Neste cenário destacam-se a transesterificação e a pirólise ou craqueamento dos

óleos vegetais.

A transesterificação é a reação de triglicerídeos com um álcool, na presença de

um catalisador, produzindo ésteres e glicerol como subproduto. A designação “biodi-

esel” constitui uma definição contida em normas internacionais para os ésteres obtidos

de óleos vegetais pelo processo de transesterificação.

A Figura 2.1 ilustra o esquema da reação de transesterificação de um triglicerí-

deo.

Figura 2.1. Representação esquemática da reação de transesterificação (adaptado de

TRIANTAFYLLIDES et al., 2013).

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A transesterificação é a tecnologia dominante para produção de biodiesel em

grande escala, devido à facilidade do processo. Entretanto, a grande concentração nesta

rota poderá saturar o mercado de glicerol (coproduto da reação química), gerando um

problema econômico (custo) e um eventual problema ambiental (descarte), a menos que

usos inovadores para a glicerina sejam rapidamente desenvolvidos e transferidos para a

indústria e sejam aceitos pelo mercado consumidor. Além disso, a necessidade de uso

de álcool na reação química de transesterificação impõe elevados custos de produção do

biodiesel, em função da distância entre os locais de produção de álcool e de biodiesel,

considerando que o custo de produção do biodiesel incorpora o preço do álcool e o frete

para seu transporte (FELICI et al., 2009).

A pirólise se mostra uma estratégia eficiente para contornar os problemas do

processo de transesterificação, como a aquisição de álcool e a comercialização do glice-

rol, além do alto custo fixo de instalação de plantas de transesterificação.

2.2. PIRÓLISE

A pirólise é definida como a decomposição termoquímica de compostos na au-

sência de oxigênio (DICKERSON & SORIA, 2013). A pirólise ou o craqueamento de

óleos vegetais é um processo de obtenção de um combustível vegetal, que envolve uma

decomposição orientada e controlada do óleo vegetal, por meio de um processo térmico

e/ou catalítico. Sugere-se que o óleo diesel vegetal obtido por craqueamento termo-

catalítico seja designado de “bio-óleo” (GONZALEZ et al., 2008).

Durante a pirólise, o material orgânico é rapidamente quebrado e decomposto

em moléculas menores, formando uma mistura complexa de diferentes moléculas orgâ-

nicas oxigenadas. No processo, o triglicerídeo é decomposto, formando ácidos carboxí-

licos, acroleína e cetenos, conforme descrito na equação (i) da Figura 2.2. Os cetenos e

a acroleína, por serem bem menos estáveis que o ácido carboxílico, são facilmente de-

compostos levando à formação de ésteres, ácidos carboxílicos e hidrocarbonetos. Na

sequência, a decomposição térmica dos ácidos carboxílicos pode acontecer por descar-

bonilação ou descarboxilação, conforme ilustrado, respectivamente, pelas equações (ii)

e (iii) da Figura 2.2. No primeiro caso, tem-se a formação de água, CO e um hidrocar-

boneto com uma nova insaturação terminal, enquanto que no segundo são gerados CO2

e um hidrocarboneto, sem a formação de novas insaturações (SUAREZ et al., 2007;

TRIANTAFYLLIDES et al., 2013).

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O processo de pirólise é especialmente promissor em áreas onde a indústria de

hidroprocessamento está bem estabelecida, uma vez que a tecnologia é muito semelhan-

te à do refino de petróleo convencional. Dentre as várias vantagens desta tecnologia

diante o processo de transesterificação, destacam-se: o baixo custo de processamento; a

compatibilidade com infraestrutura, equipamentos e padrões dos combustíveis; e a fle-

xibilidade no armazenamento. Além disso, os produtos finais obtidos são semelhantes

ao óleo diesel (MAHER & BRESSLER, 2007).

Figura 2.2. Representação esquemática da reação de pirólise – o craqueamento de tri-

glicerídeos (1) leva a formação de ácidos carboxílicos (2), cetenos (3), acroleína (4) e

hidrocarbonetos com (5) e sem (6) insaturações terminais (adaptado de MAHER &

BRESSLER, 2007).

O bio-óleo obtido em processos puramente térmicos contém um número eleva-

do de compostos oxigenados (mais de 200), incluindo ácidos, açúcares, álcoois, aldeí-

dos, cetonas, ésteres, furanos, fenóis, oxigenados mistos, guaiacóis e seringóis. Além

disso, apresenta características bem diferentes do óleo combustível. Possui um teor ele-

vado de oxigênio (35 – 40% p/p) e de água (15 – 30%), elevada acidez (pH ~ 2,5), mai-

or densidade (1,2 kg/L), e menor poder calorífico superior (17 x 106 J/kg), que represen-

ta cerca de 40% do poder calorífico do óleo combustível (43 x 106 J/kg)

(BRIDGWATER, 2003; HUBER et al., 2006).

Desta forma, o bio-óleo deve ser melhorado para ser utilizado como substituto

aos combustíveis. Quando a reação é realizada na presença de catalisadores, os produtos

oxigenados, responsáveis por propriedades indesejáveis do óleo, como a alta acidez, são

eliminados.

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21

2.2.1 Pirólise Catalítica

A pirólise catalítica consiste na degradação térmica de um composto na pre-

sença de catalisadores. O uso de catalisadores em processos de obtenção de bio-óleo

pode resultar na otimização do tempo da reação química e também induzir os reagentes

para formação de maiores alíquotas dos produtos mais desejados, pela formação de no-

vos intermediários e pela seletividade química inerente a cada tipo de catalisador. O

grau de acidez, a porosidade do material e outros fatores físico-químicos ligados aos

materiais utilizados como catalisadores contribuem para a seletividade verificada após

análises químicas dos produtos de pirólise (VONGHIA et al., 1995; CHARUSIRI &

VITIDSANT, 2005).

A estratégia do uso de catalisadores para melhorar a seletividade na reação de

craqueamento foi proposta há muitos anos. Em 1945, foi publicado um artigo de revisão

onde foram relatadas diversas experiências no sentido de realizar a pirólise de óleos

vegetais assistida por catalisadores heterogêneos. Por exemplo, os produtos da pirólise

do óleo de mamona são completamente desoxigenados na presença de raspas de cobre e

alumínio (SUAREZ et al., 2007).

A qualidade do bio-óleo pode ser melhorada pela utilização de vários métodos.

Catalisadores heterogêneos, como as zeólitas, têm sido amplamente utilizados para di-

minuir o teor de oxigênio nos óleos produzidos pelo processo de pirólise. Muitas molé-

culas formadas no processo de craqueamento possuem tamanho adequado para adentrar

nos poros das zeólitas, onde o oxigênio é cataliticamente removido

(TRIANTAFYLLIDES et al., 2013).

2.3. ZEÓLITAS

Em 1976 foi descoberto pelo mineralogista sueco Crönsted um mineral que in-

tumescia quando aquecido por uma chama. A esta nova família de minerais, Crönsted

deu o nome de zeólitos, denominação derivada do grego zeo- e lithos (“pedra que fer-

ve”), devido à eliminação de vapor de água dentro dos poros do material. Entretanto,

apenas em 1926 as características de adsorção das zeólitas (em especial a chabazita)

foram atribuídas aos pequenos poros de cerca de 5 Å de diâmetro, que possibilitam a

inserção de pequenas moléculas excluindo as maiores, surgindo, assim, o termo “penei-

ra molecular” (GUINEST & RIBEIRO, 2004; BRAGA & MORGON, 2007).

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As zeólitas abrangem uma ampla faixa de sólidos cristalinos porosos. Esses

materiais são definidos como aluminossilicatos cristalinos com estrutura tridimensional

e com canais e cavidades que lhes fornecem alta porosidade e área superficial elevada.

Moléculas de vários tamanhos e formas podem ser acomodadas nesses vazios intracris-

talinos e sofrer reações químicas submetidas a restrições estereoquímicas. Até 50% do

volume de cada cristal consiste de poros minúsculos disponíveis (BARRER, 1981;

SMITH & MAESEN, 2008).

A estrutura tridimensional das zeólitas é constituída por tetraedros de silício e

alumínio (átomos T) ligados a átomos de oxigênio (SiO4 e AlO4‾). A composição quí-

mica de uma zeólita pode ser representada por:

(2.1)

onde A é um cátion com carga m, (x + y) o número total de tetraedros SiO4 e AlO4‾ por

célula unitária, e y/x a razão atômica Si/Al, que pode variar desde o valor mínimo de 1

(regra de Löwenstein) até infinito. A regra de Löwenstein proíbe a existência de dois

tetraedros adjacentes contendo alumínio em posições tetraédricas, isto é, ligações Al –

O – Al são proibidas, ou Si/Al ≥ 1 (WEITKAMP, 2000; GUINEST & RIBEIRO, 2004).

As dimensões, interseções dos canais e cavidades das zeólitas são tipicamente

menores que 1 nm (WEITKAMP, 2000). Segundo a União Internacional de Química

Pura e Aplicada – IUPAC (sigla do inglês), os materiais se classificam em microporosos

(dp ≤ 2 nm), mesoporosos (2 < dp ≤ 50 nm) e macroporosos (dp > 50 nm), de acordo com

o diâmetro de seus poros (EVERETT, 1972). O tamanho do poro nas zeólitas é deter-

minado principalmente pelo número de átomos T.

As zeólitas são classificadas como tendo estrutura de poro pequeno, médio,

grande e extragrande para janela de poros delimitada por 8, 10, 12 e mais de 12 átomos

T, respectivamente. O tamanho de poro das zeólitas está na faixa de diâmetros molecu-

lares de muitos compostos orgânicos, e somente moléculas com diâmetros menores ou

similares que os poros das zeólitas podem acessar o interior de seus cristais. Por essa

razão, as zeólitas são frequentemente descritas como peneiras moleculares, devido à

habilidade em separar moléculas baseadas no tamanho (TEKETEL et al., 2014).

Os materiais zeolíticos também são classificados quanto a sua razão

SiO2/Al2O3 em zeólitas de baixa sílica (SiO2/Al2O3 < 4), de sílica intermediária (4 <

SiO2/Al2O3 < 20) e de alta sílica (20 < SiO2/Al2O3 < 200). A razão SiO2/Al2O3 influen-

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cia na seletividade da superfície desses materiais, bem como na capacidade de troca

iônica (PEREGO et al., 2013).

A Associação Internacional de Zeólitas – IZA (sigla do inglês International

Zeolite Association) regula e atribui nomenclatura às estruturas zeolíticas conhecidas,

cuja autoridade é reconhecida pela IUPAC. A IZA publicou em sua 6ª edição

(BAERLOCHER & MUCCSKER, 2007) 176 diferentes topologias de zeólitas, que são

identificadas por códigos de 3 letras, de acordo com a estrutura cristalina. Por exemplo,

a zeólita ferrierita possui estrutura do tipo FER, a ZSM-5 do tipo MFI, e as zeólitas X e

Y possuem estruturas do tipo FAU.

As zeólitas são amplamente utilizadas em catálise, bem como nas áreas de se-

paração e purificação, devido a características como: (i) uniformidade; (ii) alta seletivi-

dade, devido a uma complexa rede de canais que lhes confere diferentes tipos de seleti-

vidade de forma; (iii) alta estabilidade térmica e hidrotérmica, (iv) tamanho de canais e

cavidades compatíveis com a maioria das moléculas de matérias-primas usadas na in-

dústria; (v) alta área superficial interna; (vi) propriedades de adsorção que variam num

amplo espectro, desde altamente hidrofóbicas a altamente hidrofílicas; (vii) estruturas

flexíveis, que permite a criação de sítios ativos dentro dos canais e cavidades; (viii) pro-

priedades químicas controladas; e (ix) excelente resistência à tensão química, biológica,

mecânica ou térmica (TAO et al., 2006; MACEDO, 2007; LUSIVAN et al., 2009;

PEREGO & BOSETTI, 2011; PEREGO et al., 2013).

2.3.1. Síntese de Zeólitas

Apesar de existir várias zeólitas naturais, indústria e pesquisadores vêm direci-

onando investimentos à produção de catalisadores zeolíticos sintéticos. A isto se pode

atribuir três razões principais: (i) as zeólitas naturais apresentam, em sua maioria, impu-

rezas indesejáveis; (ii) a composição química dos minerais extraídos pode variar signifi-

cativamente de um depósito para outro; e (iii) indústrias e pesquisadores, ao contrário

do meio ambiente, podem desenvolver pesquisas com zeólitas sintéticas para obtenção

de catalisadores que sejam otimizados e específicos aos seus interesses (WEITKAMP,

200).

A síntese de zeólitas é usualmente realizada sob condições hidrotérmicas a par-

tir de uma fonte de silício e de alumínio dissolvidos em uma solução aquosa de hidróxi-

do e um direcionador estrutural, conforme ilustrado na Figura 2.3.

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Zeólitas estruturalmente diferentes, com propriedades características, podem

ser obtidas ajustando-se variáveis que participam do processo de síntese, como tempera-

tura, pressão, concentração, tempo, pH, fontes de alumínio, silício e contraíons catiôni-

cos. O tipo de cátion presente, por exemplo, pode dirigir a estrutura a ser formada, agin-

do como um “direcionador”. Assim, cátions sódio facilitam a formação de estruturas

com duplos anéis de seis membros, enquanto grandes cátions orgânicos podem levar a

um aumento do volume dos canais (BRAGA & MORGON, 2007).

Figura 2.3. Ilustração da síntese hidrotérmica de zeólitas (adaptado de CUNDY &

COX, 2005).

As zeólitas são metaestáveis e o produto final da síntese é determinado por fa-

tores tais como a natureza e concentração dos reagentes e condições de síntese, confor-

me citado anteriormente. A síntese hidrotérmica de zeólitas é frequentemente realizada

em autoclave e a pressão autógena, através da nucleação de fase e do crescimento do

núcleo a tamanhos maiores pela incorporação de soluto na solução. O processo de cris-

talização depende de parâmetros como: envelhecimento do gel de síntese, solubilidade

de silício, temperatura de cristalização e adição de sementes (TEKETEL et al., 2014).

Os tamanhos dos cristais têm papel importante nas aplicações de zeólitas. Esses

materiais microporosos possuem ampla aplicação como catalisadores em refinarias,

adsorventes para separação de gás, e em processos de troca iônica. Entretanto, conside-

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rando o valor de mercado, a aplicação catalítica é a mais importante (TEKETEL et al.,

2014).

2.3.2. Propriedades Catalíticas das Zeólitas

2.3.2.1. Seletividade de Forma

Uma das mais importantes aplicações de zeólitas é a seletividade de forma. Seu

conceito foi introduzido em 1950: a transformação química de moléculas depende do

espaço disponível nos poros da zeólita (SMITH & MAESEN, 2008).

A seletividade de forma em zeólitas diferencia entre os reagentes, os produtos e

as reações intermediárias de acordo com seus tamanhos e forma. Como quase todos os

sítios catalíticos estão confinados nos poros pequenos das zeólitas, o destino das molé-

culas reagentes e a probabilidade da formação de moléculas do produto são determina-

dos pelas dimensões e configurações moleculares, bem como pelo tipo de sítio ativo

presente na zeólita. Somente moléculas cujas dimensões sejam menores que o tamanho

crítico das zeólitas pode entrar nos poros, possuindo acesso aos sítios catalíticos inter-

nos e reagindo ali (CSICSERY, 1986).

Dependendo das limitações do transporte de massa na entrada de reagentes, na

saída dos produtos ou na formação de estados de transição, podem-se distinguir três

tipos de seletividades de forma, a saber (CSICSERY, 1986; TEKETEL et al., 2014):

(i) Seletividade de reagentes, encontrada quando algumas das moléculas da

mistura reagente são tão grandes para difundir através dos poros da zeóli-

ta (Figura 2.4a). Somente moléculas suficientemente pequenas para en-

trar nas aberturas dos poros podem ser convertidas nos sítios ativos;

(ii) Seletividade de produtos, observada quando alguns dos produtos forma-

dos dentro dos poros são muito volumosos para difundirem para o exteri-

or dos poros da zeólita. Neste caso, como as aberturas são pequenas, as

moléculas volumosas dos produtos devem sofrer mais reações para for-

mar moléculas menores, a fim de deixarem o cristal zeolítico (Figura

2.4b);

(iii) Seletividade de estado de transição, encontrada quando certas reações são

impedidas porque o correspondente estado de transição poderia exigir um

maior espaço disponível nas cavidades ou poros (Figura 2.4c).

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Figura 2.4. Ilustração das seletividades de forma de zeólitas (adaptado de SMITH &

MAESEN, 2008).

Note que os casos (i) e (ii) são idênticos em sua natureza e têm origem nos

efeitos de transferência de massa. Se desejado, esses efeitos podem ser aumentados (ou

diminuídos) pelo uso de cristais grandes (ou pequenos) de uma mesma zeólita pelo

alongamento (ou encurtamento) do caminho difusional, ou pelo uso de outra zeólita

com poros ligeiramente mais largos. Em contraste, o caso (iii) é um efeito químico in-

trínseco e a seletividade será independente do tamanho do cristal (WEITKAMP, 2000).

A seletividade de forma pode ser utilizada para conduzir uma reação catalítica

na direção dos produtos preferenciais, evitando reações indesejáveis.

2.3.2.2. Troca Iônica

Trocadores iônicos são materiais sólidos capazes de trocar íons a partir de uma

solução e liberar uma quantidade equivalente de outros íons na solução. Essa habilidade

para troca de íons está relacionada à estrutura dos materiais. O trocador consiste de uma

matriz, com excesso de carga positiva ou negativa. Esse excesso de carga está localiza-

do em locais específicos na estrutura dos sólidos. A carga da matriz é então compensada

pelos contraíons, que podem se mover no espaço livre da matriz e ser substituídos por

outros íons de carga igual (TEKETEK et al., 2014).

As zeólitas são tipicamente trocadores iônicos. A presença de alumínio cria

densidades de carga negativa sobre o oxigênio ligado. Assim, as cargas negativas são

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compensadas por cátions, os quais podem ser facilmente trocados sobre condições ade-

quadas. A troca iônica pode ser total ou parcial. As zeólitas adsorvem preferencialmente

determinados cátions, de acordo com o tamanho do poro e com o caráter hidrofílico

específico. Em geral, quanto maior o número de alumínios maior a capacidade de troca

iônica para a zeólita. Assim, a capacidade de troca iônica diminui com o decréscimo da

razão SiO2/Al2O3 (LUNA & SCHUCHARDT, 2001; ROLAND & KLEINSCMIDT,

2005; BRAGA & MORGON, 2007).

Na produção de catalisadores zeolíticos, o processo de troca iônica tem um pa-

pel marcante. Para muitas aplicações catalíticas, um ácido de Brønsted é requerido. Sí-

tios ácidos de Brønsted em zeólitas podem ser facilmente gerados pela introdução de

íons amônio seguidos de tratamento térmico, ou pela introdução de cátions metálicos

tetravalentes, seguido novamente de tratamento térmico (WEITKAMP, 2000).

2.3.2.3. Acidez

Uma estrutura construída somente a partir de átomos de silício e oxigênio é

neutra. Substituindo um átomo tetravalente de silício por um átomo trivalente de alumí-

nio, ocorre a criação de uma carga negativa na estrutura, que deve ser neutralizada por

um cátion que reside no interior dos poros das zeólitas. Se esses cátions são trocados

ionicamente com prótons, sítios ácidos fortes de Brønsted são formados na estrutura da

zeólita, conforme ilustrado na Figura 2.5 (TEKETEL et al., 2014).

Figura 2.5. Ilustração do sítio ácido de Brønsted em zeólita (TEKETEL et al., 2014).

Em catálise ácida, a atividade de uma zeólita depende evidentemente do núme-

ro de centros protônicos e da atividade destes. A acidez protônica das zeólitas provém,

sobretudo, dos grupos hidroxila em ponte, Al(OH)Si. Outros grupos hidroxila estão

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presentes, geralmente criados por desaluminação das zeólitas durante o seu pré-

tratamento – grupos silanois, espécies alumínicas extra rede, etc. – que apresentam por

vezes uma força ácida suficiente para catalisar certas reações (GUINEST & RIBEIRO,

2004).

Os sítios ácidos de Brønsted são prótons atacados por átomos de oxigênio da

estrutura (Figura 2.6). Sua força ácida depende (no mínimo) da natureza do defeito

substitucional, da topologia do material, da composição e da razão SiO2/Al2O3 na estru-

tura. Um decréscimo do teor de alumínio da estrutura está associado à redução no nú-

mero de grupos ácidos OH, mas geralmente a força nos sítios restantes aumenta

(ROLAND & KLEINSCHMIDT, 2005; TEKETEL et al., 2014).

Os métodos utilizados industrialmente para produção de sítios ácidos de Brøns-

ted incluem (ROLAND & KLEINSCHMIDT, 2005): (i) Cuidadosa troca iônica de zeó-

litas de sílica intermediária e de alta sílica por minerais ácidos; (ii) Remoção da amônia

pela decomposição dos íons amônio a 400 °C; (iii) Troca iônica com cátions polivalen-

tes, seguida de desidratação; e (iv) Redução dos cátions com hidrogênio.

Figura 2.6. Ilustração da protonação na estrutura zeolítica (ROLAND &

KLEINSCHMIDT, 2005).

2.3.3. Técnicas de Caracterização de Zeólitas

2.3.3.1. Difração de Raios X

A mais importante técnica utilizada na determinação do tipo de estrutura e da

pureza de fase é a difração de raios X (ROLAND & KLEINSCHMIDT, 2005). Em

1985, William Röntgen descobriu os raios X, os quais foram definidos como radiações

eletromagnéticas cujo comprimento de onda varia de 0,1 a 100 Å. A técnica de difração

de raios X baseia-se no uso dessas radiações de forma controlada em um equipamento

para se obter informações sobre as propriedades de um determinado material

(FORMOSO et al., 1985).

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Quando um feixe de luz raios X incide sobre um sólido cristalino, ele será di-

fratado pelos planos cristalográficos, como ilustrado na Figura 2.7. Para que haja uma

interferência construtiva das ondas espalhadas, é necessário que seja obedecida a se-

guinte condição:

nλ = 2d.senθ (2.2)

onde n é um número inteiro, λ é o comprimento de onda, θ o ângulo de incidência do

feixe de luz, e d a distância entre os planos dos cristais paralelos. A Equação 2.1 é a lei

de difração básica, conhecida como Lei de Bragg (LENG, 2008).

Figura 2.7. Representação esquemática da Lei de Bragg.

Os dados cristalinos e os espectros simulados de 133 estruturas zeolíticas fo-

ram publicados na 4ª edição da “Collection of simulated XDR poder patterns for zeoli-

tes” pela IZA (TREACY & HIGGINS, 2011). Esta coleção serve de fonte de padrões de

referência para identificação das fases puras de zeólitas. A Figura 2.8 ilustra os difrato-

gramas fornecidos pela IZA para as zeólitas FER e ZSM-5.

Figura 2.8. Difratogramas das zeólitas FER (a) e ZSM-5 (b) (adaptado de TREACY &

HIGGINS, 2011).

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2.3.3.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho com Transformada de

Fourier

A espectroscopia de absorção na região do infravermelho é uma técnica que

permite a identificação de um composto bem como investigação sobre a composição

química de uma amostra.

O instrumento utilizado para a obtenção de um espectro no infravermelho é de-

nominado espectrofotômetro no infravermelho. Um modelo de equipamento mais anti-

go denominado espectrofotômetro de dispersão, foi usado durante décadas e, apesar de

eficiente, tinha algumas limitações e foi gradativamente substituído pelo equipamento

denominado espectrofotômetro no infravermelho com transformada de Fourier ou, de

forma simplificada, FTIR (BARBOSA, 2008).

A espectroscopia com transformada de Fourier é a técnica espectroscópica vi-

bracional mais utilizada atualmente devido à sua maior velocidade, confiabilidade e

sensibilidade (HOLLER et al., 2007; LENG, 2008; LAMPMAN et al., 2010). Esse mé-

todo é utilizado para obter um espectro de infravermelho numa faixa completa de núme-

ro de ondas simultaneamente. Ele difere do método dispersivo, uma vez que este cria o

espectro pela coleta de sinais de cada número de onda separadamente (LENG, 2008).

As vibrações de rede das zeólitas se observam entre 300 e 1300 cm-1

(BRAGA &

MORGON, 2007). Os mais importantes dados de bandas do infravermelho para algu-

mas zeólitas da família pentasil estão ilustrados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1. Dados de infravermelho para absorções entre 1500 – 400 cm-1

de algumas

zeólitas contendo anéis de 5 membros (adaptado de FLANIGEN et al., 1971).

Zeólita Estiramento Assimétrico Estiramento Simétrico Anel

Duplo

Ligação

T-O Externo Interno Externo Interno

ZSM-5 1225 1093 790 – 550 450

ZSM-11 1225 1093 790 – 550 450

Mordenita 1223 1045 800 720 580,560 450

Ferrierita 1218 1060 780 695 563 455

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2.3.3.3. Análise Termogravimétrica

A termogravimetria ou análise termogravimétrica baseia-se no estudo da varia-

ção de massa de uma amostra, resultante de uma transformação física (sublimação, eva-

poração, condensação) ou química (degradação, decomposição, oxidação) em função do

tempo ou da temperatura, sob atmosfera controlada (MOTHÉ & AZEVEDO, 2009).

A variação de massa é realizada através de uma termobalança, que consiste de

uma microbalança acoplada a um forno e um sistema de temperatura controlada, que

permite a passagem contínua de uma amostra em função da temperatura (RODRIGUES,

2010). As curvas de variação de massa apresentam informações sobre a estabilidade

térmica e composição da amostra original, estabilidade térmica e composição de algum

composto intermediário que pode ter sido formado e ainda composição de resíduos, se

houver (MOTHÉ & AZEVEDO, 2009).

A estabilidade térmica é definida como a capacidade da substância em manter

suas propriedades o mais próximo possível de suas características iniciais, durante tra-

tamento térmico (MOTHÉ & AZEVEDO, 2009). Na área catalítica, a TG é utilizada

para se estudar o caminho detalhado das alterações que o aquecimento pode provocar

nas substâncias, objetivando estabelecer a faixa de temperatura nas quais o material

adquire composição química definida ou temperatura onde se iniciam os processos de

decomposição, sinterização, mudança cristalina, entre outros (SILVA et al., 2008).

2.3.3.4. Microscopia Eletrônica de Varredura

A microscopia eletrônica varredura (MEV) é uma técnica que permite a obser-

vação e caracterização de materiais orgânicos e inorgânicos em escala nano- a micromé-

trica. A popularidade dessa técnica se deve à sua capacidade em obter imagens tridi-

mensionais das superfícies de uma ampla faixa de materiais. A área a ser analisada é

irradiada com um feixe de elétrons finamente focado, que pode ser varrido através da

superfície da amostra, ou se manter estático para obter a análise em uma única posição

(GOLDSTEIN et al., 2003).

A técnica descrita é muito importante e a mais adequada para caracterização da

morfologia e do tamanho de cristais de uma zeólita. Através da MEV, obtém-se infor-

mações sobre a dimensão dos cristalitos desses materiais, característica que influencia a

seletividade de forma das zeólitas (GUINEST & RIBEIRO, 2004). A título de exemplo,

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a Figura 2.9 ilustra a diversidade de tamanhos, formas e arranjos com que se pode sinte-

tizar a ferrierita.

Figura 2.9. Micrografias de zeólitas ferrierita obtidas por diferentes rotas de síntese

(PINAR et al., 2009; ONYESTYÁK et al., 2001).

2.3.3.5. Adsorção de Nitrogênio

Informações sobre as propriedades texturais das zeólitas são geralmente obti-

das por isotermas de adsorção. A textura de um catalisador é definida pela geometria

dos espaços vazios nos cristais do material (FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2004).

A adsorção de gás é de grande importância para a caracterização de materiais

porosos. Dentre os vários gases e vapores que estão prontamente disponíveis para serem

utilizados com adsorvatos, o nitrogênio permanece universalmente preeminente. Com a

adição de equipamentos comerciais de fácil utilização e o processamento de dados ope-

racionais, é possível o uso de adsorção de nitrogênio a 77 K para obtenção das isoter-

mas de adsorção (SING, 2011).

A isoterma de adsorção de uma substância sobre um adsorvente é a função que

relaciona, a temperatura constante, a quantidade de substancia adsorvida em equilíbrio

com a pressão ou concentração na fase gasosa (FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2004). O

formato da isoterma é função do tipo de porosidade do sólido. Várias são as formas das

isotermas conhecidas até hoje, porém todas são variações de seis tipos principais. Os

cinco primeiros tipos foram primeiramente sugeridos por Brunauer em 1938, sendo o

sexto tipo proposto posteriormente (TEIXEIRA et al., 2001). A Figura 2.10 ilustra os

seis tipos de isotermas.

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Figura 2.10. Tipos de isotermas de adsorção (FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2004).

O tipo de isoterma é função do efeito do tamanho do poro sobre o fenômeno de

adsorção. A isoterma do tipo I é característica de sólidos com microporosidade. As iso-

termas do tipo II e IV são típicas de sólidos não porosos e de sólidos com poros razoa-

velmente grandes, respectivamente. As isotermas do tipo III e V são características de

sistemas onde as moléculas do adsorvato apresentam maior interação entre si do que

com o sólido. Estes dois últimos tipos não são de interesse para a análise da estrutura

porosa. A isoterma do tipo VI é obtida através da adsorção do gás por um sólido não

poroso de superfície quase uniforme, o que representa um caso muito raro entre os ma-

teriais mais comuns (TEIXEIRA et al., 2001).

Nas isotermas IV e V é observado o fenômeno de histerese, que está associado

à condensação capilar típica de estruturas mesoporosas e macroporosas. Verifica-se que

a curva de adsorção não coincide com a curva de dessorção, isto é, não há reversibilida-

de (FIGUEIREDO & RIBEIRO, 2004). Em sólidos mesoporosos e macroporosos, o

processo de evaporação é diferente do processo de condensação. Quando a condensação

se dá dentro dos poros, onde as forças de atração são maiores devido à proximidade

entre as moléculas, esta pode ocorrer a pressões menores do que em sólidos não poro-

sos. A evaporação, porém, é dificultada pelo formato do poro. Os diferentes caminhos

caracterizam uma histerese entre os processos de adsorção e dessorção (TEIXEIRA et

al., 2001).

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Com o objetivo de se obter informações sobre as características porosas, prin-

cipalmente sobre a área de um sólido a partir da isoterma de adsorção, vários métodos

foram desenvolvidos com base em modelos empíricos e teóricos (WEBB & ORR,

1997).

Na década de 30, Brunauer, Emmett e Teller derivaram uma equação para a

adsorção de gases em multicamadas na superfície de sólidos (BRUNAUER et al.,

1938). A equação, denominada BET (letras iniciais dos nomes dos três autores), se ba-

seia na hipótese de que as forças responsáveis pela condensação do gás são também

responsáveis pela atração de várias moléculas para a formação de multicamadas

(TEIXEIRA et al., 2001).

Brunauer, Emmett e Teller consideraram que a velocidade de condensação das

moléculas da fase gasosa sobre a primeira camada é igual à velocidade de evaporação

da segunda camada. A expressão denominada equação de BET (o desenvolvimento ma-

temático está disponível em TEIXEIRA et al. (2001)) é dada por:

(2.3)

onde V é o volume total de gás adsorvido, Vm é o volume da monocamada e c é dado por

, onde Q1 e Q2 são os calores de adsorção da primeira e segunda ca-

madas, respectivamente.

A Equação 2.3 é a mais aplicada a dados experimentais. O volume da mono-

camada Vm pode ser calculado pela resolução do sistema:

e (2.4)

onde b é o coeficiente linear e a o coeficiente angular da reta obtida.

A equação de BET foi desenvolvida com o objetivo de relacionar valores obti-

dos a partir das isotermas de adsorção com a área específica de um sólido. Para tal, ob-

tém-se o volume da monocamada Vm através do volume de gás adsorvido V a uma de-

terminada pressão (Equação 2.4). A área A pode então ser calculada pela Equação 2.5.

(2.5)

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onde N é o número de Avogadro e Mv o volume molar (TEXEIRA et al., 2001).

Um método convencional para determinar o volume de poros é o t-plot de Lip-

pens e De Boer. O método consiste na plotagem da curva do volume de gás versus t, a

espessura estatística do filme adsorvido. Quando o adsorvente contém microporos, a

absorção é melhor em regiões de baixa pressão, e a isoterma correspondente é distorci-

da. A extrapolação da curva fornece uma interceptação positiva, que é equivalente ao

volume de microporos (VANSANT, 1995; NGUYEN & DO, 2001).

Outro método amplamente utilizado para descrever a adsorção em sólidos mi-

croporosos é o de Dubinin-Radushkevich, baseado em considerações termodinâmicas

sobre o processo de preenchimento de microporos (VANSANT, 1995).

A utilidade da equação de Dubinin-Radushkevich vem do fato da dependência

da temperatura ser refletida no potencial de adsorção A = RT ln(x), com x = P/P0, ou

seja, se os dados de adsorção a diferentes temperaturas são plotados como o logaritmo

da quantidade adsorvida versus o quadrado do potencial de adsorção, todos os pontos

devem cair em uma curva. A curva é conhecida na literatura como curva característ ica

(NGUYEN & DO, 2001).

2.3.4. Ferrierita

A zeólita ferrierita é conhecida tanto como um mineral, como um material sin-

tético. Sua estrutura cristalina foi determinada por VAUGHAN (1966) e KERR (1966)

em amostras de ferrierita natural.

Em 1964, Barrer e Marshall obtiveram uma fase microporosa cristalina pelo

tratamento hidrotérmico de géis de síntese de estrôncio, sendo esse material posterior-

mente anexado com estrutura de rede do tipo FER (BRECK, 1974). A composição rea-

gente foi (SrO)1(Al2O3)1(SiO2)9(H2O)485 (JACOBS & MARTENS, 1987). A partir daí,

diversos métodos para síntese da ferrierita foram desenvolvidos: cristalização de fontes

alcalinas de sílica/alumina amorfas em meio aquoso na presença de trimetilcetilamonio

(BORADE & CLEARFIELD, 1994), dietanolamina (FORBES et al., 1995), pirrolidina

(XU et al., 1995) ou etilenodiamina (KUPERMAN, 1993) a temperaturas em torno de

150 °C; por rota não aquosa a partir de gel de aluminossilicatos seco utilizando trietila-

mina (KUPERMAN, 1993) e em etanol com piperidina ou misturas de etilenodiamina e

dibutilamina (DU et al., 1995) como templates.

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A ferrierita possui excelente desempenho catalítico na isomerização esquelética

de n-butenos e olefinas, craqueamento de parafinas, desidrogenação oxidativa do propa-

no, abertura do anel de óxido de estireno e remoção de NO. A excelente estabilidade

térmica e hidrotérmica da zeólita fornecem potenciais como catalisador na indústria de

transformação do petróleo (CHENG et al., 2009).

A estrutura da ferrierita (abreviada a FER) possui cristais com simetria ortor-

rômbica com a = 1,92 nm, b = 1,41 nm e c = 0,75 nm como parâmetros de célula unitá-

ria. Sua estrutura consiste de canais retos de anéis de 10 membros (10-MR) ao longo da

direção [001], interligados de canais retos laterais de anéis de 8-MR ao longo da direção

[010] (Figura 2.11). Esses anéis estão perpendicularmente interseccionados entre si com

canais retos de 6-MR na estrutura (JACOBS & MARTENS, 1987; CHENG et al.,

2009).

Figura 2.11. Representação esquemática do sistema de poros (a) e da estrutura (b) da

ferrierita nas posições [001] e [010]. As aberturas dos anéis de 8-MR e 10-MR estão

representadas pelas partes preenchidas (adaptado de JACOBS & MARTENS, 1987;

BONILLA et al., 2009).

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Os poros de 8-MR e 10-MR possuem dimensões de canais de 0,43 × 0,55 nm e

0,34 × 0,48 nm, respectivamente (JACOBS & MARTENS, 1987). A cavidade esférica

conhecida como “gaiola-FER”, é formada pela interseção dos canais de 8-MR e 6-MR,

e possui diâmetro entre 0,6 – 0,7 nm (CHENG et al., 2009).

2.3.5. ZSM-5

A ZSM-5 é uma zeólita sintética da família pentasil, desenvolvida primeira-

mente pela Mobil Company (1967-1969) (ELLIOT, 1969; GUINEST & RIBEIRO,

2004). Apresenta estruturas com anéis de cinco tetraedros como unidade básica da for-

mação de sua rede cristalina. Pode ser obtida com ou sem utilização de templates, e sua

razão SiO2/Al2O3 pode variar numa ampla faixa, que varia de 25 a infinito (ROLAND

& KLEINSCHMIDT, 2005).

A estrutura da ZSM-5 (abreviada a MFI) foi determinada por OLSON et al.

(1981), Kokotailo e colaboradores, e Flanigen e colaboradores (JACOBS E MARTENS,

1987). A zeólita possui cristais com simetria ortorrômbica com a = 2,01 nm, b = 1,99

nm e c = 1,34 nm como parâmetros de célula unitária (TREACY & HIGGINS, 2011).

Essa zeólita possui canais retos de anéis de 10-MR ao longo da direção [100] intersecci-

onados com canais retos sinusoidais de 10-MR ao longo da direção [010] (GATES,

1992; WEITKAMP, 2000). Os poros possuem dimensões de canais de 0,51 × 0,55 nm e

0,53 × 0,56 nm, respectivamente. A Figura 2.12 ilustra a estrutura da ZSM-5.

Figura 2.12. Representação esquemática da estrutura da zeólita ZSM-5 nas direções

[100] e [010] (adaptado de BAERLOCHER & MCCUSKER, 2007).

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A ZSM-5 tem grande importância na catálise heterogênea. Ela é utilizada in-

dustrialmente na síntese de etilbenzeno, na isomerização de xilenos, no craqueamento

catalítico de hidrocarbonetos, entre outros (WEITKAMP, 2000).

2.3.6. Pirólise Catalítica sob as Zeólitas Ferrierita e ZSM-5

Vários pesquisadores têm testado zeólitas na conversão de triglicerídeos e hi-

drocarbonetos. Seus estudos têm mostrado que o uso de catalisadores ácidos no craque-

amento catalítico desses compostos favorece a formação de parafinas, olefinas, aldeí-

dos, cetonas, ácidos carboxílicos e hidrocarbonetos saturados em aromáticos

(KATIKANENI et al., 1996; IDEM et al., 1997; TWAIQ et al., 1999; AHO et al.,

2008; PATTIYA et al., 2008; CARLSON et al., 2009; VALLE et al.,2010; JAE et al.,

2011; BASTIANI et al., 2013; MIHALCIK et al., 2011). A maioria desses estudos con-

cluiu que o ZSM-5 foi o catalisador que apresentou maiores rendimentos.

TWAIQ et al. (1999), estudando a eficiência de zeólitas durante a pirólise de

óleo de palma, verificaram a atividade e seletividade dos catalisadores depende de fato-

res como acidez, tamanho e distribuição de poros.

IDEM et al. (1997), avaliando o desempenho da HZSM-5, silicato, sílica, alu-

mina-γ, CaO e MgO durante a conversão do óleo de canola num reator de leito fixo a

400 e 500 °C, obtiveram resultados interessantes. Foi verificado que a decomposição

inicial (craqueamento primário) do óleo em hidrocarbonetos de cadeia longa e compos-

tos oxigenados foi independente das características dos catalisadores. Porém, os autores

sugeriram que o craqueamento secundário é afetado pelas características dos materiais,

em concordância com os estudos de TWAIQ et al. (1999). Os melhores resultados fo-

ram obtidos para a HZSM-5 e para o silicato, onde suas altas seletividades permitiram

um leve craqueamento secundário, que levou ao baixo rendimento de espécies gasosas e

altos rendimentos de líquidos.

Segundo relatado por SANDRAMELI et al. (2009), durante análise da influên-

cia de diferentes tipos de catalisadores na conversão de óleo de canola em hidrocarbone-

tos aromáticos, o H-ZSM-5 foi o melhor catalisador para a produção de hidrocarbonetos

líquidos. Os silicatos com menores tamanho de poro (0,54 nm) e maiores área superfici-

al apresentaram maiores rendimentos em aromáticos.

Em 2011, JAE et al. estudaram a influência do tamanho de poro e estrutura de

várias zeólitas (ZK-5, SAPO-34, FER, ZSM-23, MCM-22, SSZ-20, ZSM-11, ZSM-5,

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IM-5, TNU-9, SSZ-55, Beta, e Y) na conversão de glucose em aromáticos através da

pirólise catalítica. Eles verificaram que as zeólitas de poro médio, principalmente a

ZSM-5, apresentaram maiores rendimentos na conversão e uma menor quantidade na

formação de coque, diferente das zeólitas de poros pequenos (sem formação de aromáti-

cos e formação majoritária de coque) e de poros grandes (alto rendimento de coque e

baixo rendimento de aromáticos). Isso por que a presença de grandes “gaiolas” nos ca-

nais das zeólitas de grandes poros pode fornecer o espaço necessário para a formação do

coque. Sua presença contribui ainda para baixos valores do índice de restrição e rápida

desativação da zeólita por fornecer espaços vazios. No caso das zeólitas de poros pe-

quenos, ocorrem predominantemente reações de superfície, uma vez que a molécula de

glucose é significativamente maior que seus poros.

Em 2013, BASTIANI et al. estudaram o potencial da ferrierita pura e da mistu-

ra de H-FER/H-ZSM-5 no craqueamento catalítico de n-hexano para produção de olefi-

nas leves. Foi observado que o uso da mistura de zeólitas resultou num maior rendimen-

to de olefinas leves do que a utilização dos materiais puros. Isso devido a seguinte com-

binação benéfica: a H-FER evita excessivas reações de transferência de hidrogênio, e o

H-ZSM-5 compensa a baixa atividade da H-FER.

A demanda pelo desenvolvimento sustentável e tecnologias mais limpas e efi-

cientes tem aumentado o interesse no uso e desenvolvimento de sólidos porosos, mate-

riais que oferecem reações únicas aos processos químicos utilizados para a produção do

bio-óleo.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia empregada na execução deste trabalho seguiu as seguintes eta-

pas: i) Síntese das misturas de zeólitas FER/ZSM-5; ii) Calcinação e troca iônica dos

materiais de estudo para obtenção de suas formas ácidas; iii) Caracterização físico-

química das zeólitas ácidas através das técnicas de difração de raios X (DRX), termo-

gravimetria (TG/DTG); espectroscopia do infravermelho (FTIR), microscopia eletrônica

de varredura (MEV) e adsorção de nitrogênio; iv) Estudo da atividade catalítica das

zeólitas estudadas através da decomposição de óleo vegetal via ensaios de pirólise tér-

mica e catalítica.

3.1. REAGENTES UTILIZADOS NA SÍNTESE DAS ZEÓLITAS FER/ZSM-5

Para as sínteses dos materiais microporosos foram utilizados os materiais pre-

cursores listados na Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Reagentes utilizados na síntese das zeólitas FER/ZSM-5.

Reagentes Procedência (pureza)

Hidróxido de sódio (NaOH) Vetec (99%)

Hidróxido de potássio (KOH) Vetec (85%)

Aluminato de sódio (NaAlO2) Carlo Erba (100%)

Óxido de silício (SiO2) Sigma-Aldrich (40wt.% em solução aquo-

sa)

Etilenodiamina (C2H8N2 - C2DN) Vetec (99%)

Ferrierita comercial (Si/Al ≈ 10) Zeolyst International – CP914C (100%)

ZSM-5 comercial (Si/Al ≈ 25) Zeolyst International – CBV5524G (100%)

Água destilada ------

3.2. SÍNTESE HIDROTÉRMICA DAS ZEÓLITAS FER/ZSM-5

As misturas de zeólitas FER/ZSM-5 foram obtidas por tratamento hidrotérmico

e por mistura mecânica das zeólitas comerciais puras. A síntese hidrotérmica com razão

Si/Al definida seguiu dois procedimentos, um adaptado da IZA – International Zeolite

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Association (rota 1), e outro proposto neste trabalho pelo grupo de pesquisa (rota 2).

Para formação do gel de síntese foi utilizado, em proporções estequiométricas bem de-

finidas, hidróxido de sódio como fonte de sódio, hidróxido de potássio como fonte de

potássio, aluminato de sódio como fonte de alumínio, óxido de silício como fonte de

sílica, etilenodiamina como direcionador estrutural, água destilada como solvente e se-

mentes de ferrierita como agente nucleante. A Tabela 3.2 ilustra a quantidade de reagen-

tes utilizada nos procedimentos.

Tabela 3.2. Quantidade dos reagentes utilizados nas sínteses das zeólitas.

Reagentes Síntese via rota 1 (Si/Al ≈ 7,60) Síntese via rota 2 (Si/Al ≈ 7,60)

NaOH 0,1365 g 0,3948 g

KOH --- 0,3696 g

H2O 24,6276 g 8,4989 g

NaAlO2 0,3504 g 0,3627 g

SiO2 13,17 ml 1,6 ml

C2DN 3,07 ml 11,6 ml

NH4FER --- 0,8184 g

As misturas FER/ZSM-5 foram obtidas pelas duas rotas de síntese propostas,

de acordo com as seguintes composições molares: 19,700 C2DN : 1,850 Na2O : 15,20

SiO2 : 592 H2O : 1,000 Al2O3 e 9,700 C2DN : 1,350 K2O : 3,150 Na2O : 15,20 SiO2 :

592 H2O : 1,000 Al2O3 para as sínteses hidrotérmicas via rota 1 e rota 2, respectiva-

mente.

3.2.1. Procedimento para Síntese da Mistura FER/ZSM-5 via Rota 1

Este procedimento foi baseado no método de JACOBS & MARTENS (1987).

O gel de síntese foi preparado pela dissolução de NaOH em água destilada, sob agitação

por 10 minutos, seguida de adição de NaAlO2 e agitação por 20 minutos. Após o tempo

de agitação, SiO2 e C2DN foram adicionados gradativamente ao sistema. As quantidades

dos reagentes estão indicadas na Tabela 3.2. A mistura foi mantida sob agitação mecâ-

nica por 3 horas para solubilizar completamente a sílica. Após o tempo requerido, a so-

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lução formada foi transferida para um recipiente Teflon, o qual foi disposto em uma

autoclave inoxidável, e colocado em estufa a 170 °C, para tratamento hidrotérmico du-

rante 120 horas, constituindo assim a fase de cristalização. Ao término do tempo de sín-

tese, a autoclave foi retirada da estufa e prontamente resfriada com água até atingir a

temperatura ambiente. O material sólido obtido foi lavado com água destilada para re-

moção das impurezas solúveis até que o pH da água atingisse valor em torno de 7, e

então colocado para secar em estufa a 120 °C por 2 horas. A Figura 3.1 ilustra o proce-

dimento de síntese para rota 1.

Figura 3.1. Fluxograma da síntese da mistura FER/ZSM-5 via rota 1.

3.2.2. Procedimento para Síntese da Mistura FER/ZSM-5 via Rota 2

A síntese via rota 2 constitui uma otimização da metodologia da rota 1. Para

formação do gel de síntese foram dissolvidos NaOH e KOH em uma parcela correspon-

dente 1/3 da água requerida para a síntese, mantendo a solução agitada por 20 minutos a

temperatura ambiente. Em seguida houve a adição de NaAlO2, com aquecimento a 60

°C e agitação mecânica por 20 minutos. Passado o tempo requerido, foram adicionados

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ao sistema o restante da água, SiO2 e C2DN, gradativamente. A mistura foi mantida sob

agitação mecânica por 3 horas a 60 ºC para solubilizar completamente a sílica. Após

tempo de agitação, sementes de ferrierita foram adicionadas à solução, mantendo a agi-

tação mecânica e o aquecimento a 60 °C por 20 minutos, visando homogeneizar o sis-

tema. As quantidades dos reagentes estão indicadas na Tabela 3.2.

Após o tempo requerido, a solução formada foi transferida para um recipiente

Teflon, o qual foi posto em uma autoclave inoxidável, e colocado em estufa a 170 °C,

para tratamento hidrotérmico durante 120 horas, constituindo assim a fase de cristaliza-

ção. Ao término do tempo de síntese, a autoclave foi retirada da estufa e prontamente

resfriada com água até atingir a temperatura ambiente. O material sólido obtido foi la-

vado com água destilada para remoção das impurezas solúveis até que o pH da água

atingisse valor em torno de 7, e então colocado para secar em estufa a 120 °C por 2 ho-

ras. A Figura 3.2 ilustra o procedimento de síntese para rota 2.

Figura 3.2. Fluxograma da síntese da mistura FER/ZSM-5 via rota 2.

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3.2.3. Procedimento para obtenção da mistura comercial FER/ZSM-5

A mistura física FER/ZSM-5 foi obtida pela homogeneização mecânica das

zeólitas comerciais puras, com auxílio de cadinho e um pistilo. As quantidades de zeóli-

tas utilizadas para formação da mistura físicas foram definidas previamente.

3.3. TROCA IÔNICA

A troca iônica dos materiais sintetizados deve ocorrer com os materiais previ-

amente calcinados. A calcinação visa remover os compostos orgânicos dos poros do

material. Após as sínteses hidrotérmicas e a mistura mecânica das zeólitas individuais,

os materiais foram submetidos à calcinação em uma Mufla Quimis. Cerca de 1 a 2 g das

amostras foram distribuídas em cadinhos, a fim de promover uma melhor distribuição

de calor e uma melhor difusividade do direcionador durante a saída dos poros do mate-

rial. O processo de calcinação ocorreu pelo aquecimento das amostras da temperatura

ambiente até 450 °C, em atmosfera de ar, numa taxa de aquecimento de 5 °C/min, per-

manecendo por mais 4 horas nessa temperatura.

Para geração da acidez superficial, as zeólitas calcinadas foram submetidas a

um processo de troca iônica, onde os cátions sódio (Na+), compensando as cargas da

estrutura, são substituídos pelos íons amônio (NH4+) provenientes de uma solução de

cloreto de amônio, conforme reação indicada na Equação 3.1.

(3.1)

No procedimento de troca iônica, as amostras foram transferidas individual-

mente para balões de fundo chato de 250 ml, junto com solução de 1 mol/L de cloreto

de amônio a 80°C. O sistema foi mantido sob agitação por duas horas. Ao término do

processo de agitação as amostras foram filtradas a vácuo e lavadas com água destilada a

fim de remover os íons amônio (NH4+) não trocados e os íons cloretos (Cl

-). A cada

lavagem foi feita a identificação dos íons cloreto remanescentes na solução do filtrado

com uma solução de nitrato de prata de 0,2 mol/L. A solução de nitrato de prata era adi-

cionada ao efluente gerado, e ao gerar uma solução límpida (sem formação de precipita-

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do), a amostra era considerada livre de íons cloreto (Cl-). As amostras trocadas com o

íon amônio foram submetidas ao processo de secagem em estufa a 100 °C por quatro

horas. Tal procedimento foi repetido no total de três vezes para cada amostra.

Após a troca iônica as amostras foram submetidas a novo tratamento térmico

(calcinação) pelo aquecimento da temperatura ambiente até 400 °C com uma taxa de

aquecimento de 10 °C/min, em atmosfera de ar. Após atingir 400 °C, o sistema foi man-

tido nestas condições durante 2 horas. Durante esta etapa ocorre a decomposição dos

íons NH4+ que estão compensando cargas dentro da estrutura da peneira molecular, libe-

rando NH3 e um H+, conforme indicado na Equação 3.2. Este próton originado da de-

composição do íon amônio se liga aos oxigênios próximos ao alumínio estrutural, ge-

rando um sítio ácido de Brönsted, tornando a superfície ácida.

(3.2)

3.4. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS ZEÓLITAS FER/ZSM-5

3.4.1. Difratometria de Raios X (DRX)

A técnica de difração de raios X foi utilizada com a finalidade de identificar as

fases cristalinas das zeólitas, através do método do pó, em um equipamento Miniflex II

da Rigaku, utilizando uma fonte de radiação CuKα com voltagem de 30 kV e corrente

de 15 mA. Os dados foram coletados em ângulos de difração na faixa de 2θ de 5 a 55 °,

com velocidade angular de varredura de 2 °/min.

O percentual das fases formadas de FER e ZSM-5 foi calculado com base nas

áreas de integração dos três picos mais intensos de cada fase formada nas misturas,

através da Equação 3.3.

(3.3)

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3.4.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (IV)

Os espectros de absorção foram obtidos pela técnica de espectroscopia de ab-

sorção na região do infravermelho por transformada de Fourier na faixa de 400 – 4000

cm-1

, com a finalidade de se obter informações estruturais das zeólitas em estudo. As

amostras foram diluídas em KBr, homogeneizadas e prensadas hidraulicamente com 10

ton/cm2 para obtenção das pastilhas, e analisadas num espectrômetro Perkin Elmer mo-

delo Spectrum BX.

3.4.3. Análise Térmica via Termogravimetria (TG)

A estabilidade térmica das amostras foi analisada através da análise termogra-

vimétrica, numa termobalança com forno vertical Shimadzu, modelo TGA 50H. Os ma-

teriais foram aquecidos de 30 a 900 °C a uma razão de aquecimento de 10 °C/min, utili-

zando nitrogênio como gás de arraste a uma vazão de 40 ml/min.

3.4.4. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As micrografias das amostras foram obtidas em um microscópio eletrônico de

varredura da Hitachi, com tensão de 15 kV. O procedimento de preparação dos materi-

ais para análise consistiu na deposição de uma porção de sólido sobre uma fita adesiva

de carbono fixada no porta-amostra. As ampliações foram obtidas variando entre 200 e

3000 vezes.

3.4.5. Adsorção de Nitrogênio

As isotermas de adsorção-dessorção dos materiais foram obtidas num equipa-

mento Quantachrome Autosorb-IQ, modelo NOVA 1200e. As amostras foram submeti-

das à adsorção de nitrogênio a 77 K, na faixa de pressão relativa de 0,05 a 0,99. A área

superficial específica foi calculada pelo método de BET, o volume de poros pelo méto-

do t-plot e o diâmetro de poros pelo método de Dubinin e Radushkevich.

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3.5. ENSAIOS DE PIRÓLISE DO ÓLEO DE SOJA

Os ensaios de pirólise térmica e catalítica do óleo de soja foram realizados nu-

ma termobalança com forno vertical TGA 50H. As curvas termogravimétricas foram

obtidas aquecendo-se as amostras de óleo de soja e óleo de soja + FER/ZSM-5 da tem-

peratura ambiente a 900 °C, em atmosfera de nitrogênio, a uma razão de aquecimento

de 10 °C/min. Foi utilizada uma proporção mássica de catalisador para óleo de 30% em

massa.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÕES DAS ZEÓLITAS

4.1.1. Difração de Raios X

As misturas sintetizadas, a mistura física e as zeólitas comerciais puras nas

formas amoniacal e ácida, foram caracterizadas por difração de raios X com o objetivo

de verificar a formação das fases cristalinas das zeólitas e possíveis modificações na

estrutura durante acidificação do material, bem como identificar e quantificar os percen-

tuais de fases formadas.

As Figuras 4.1 a 4.5 ilustram os difratogramas da mistura sintetizada via rota 1

(MSI), da mistura sintetizada via rota 2 (MSII), da mistura física (MC), da ferrierita

pura (FER) e da ZSM-5 pura, respectivamente.

Figura 4.1. Difratogramas de raios X da mistura sintetizada via rota 1 nas formas amo-

niacal (NH4-MSI) e ácida (H-MSI).

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49

Figura 4.2. Difratogramas de raios X da mistura sintetizada via rota 2 nas formas amo-

niacal (NH4-MSII) e ácida (H-MSII).

Figura 4.3. Difratogramas de raios X da mistura física nas formas amoniacal (NH4-

MC) e ácida (H-MC).

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50

Figura 4.4. Difratogramas de raios X da zeólita ferrierita nas formas amoniacal (NH4-

FER) e ácida (H-FER).

Figura 4.5. Difratogramas de raios X da zeólita ZSM-5 nas formas amoniacal (NH4 –

ZSM-5) e ácida (H – ZSM-5).

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Através da análise dos difratogramas foi possível observar a formação das fa-

ses FER e ZSM-5 nas misturas sintetizadas. Um pico referente a mordenita foi encon-

trado na mistura sintetizada via rota 2. Conforme descrito por ISOBE et al. (2012) e

FORBES & REES (1995), a formação da mistura de fases FER/ZSM-5 é possível, uma

vez que as zeólitas individuais podem ser sintetizadas a partir de um mesmo direciona-

dor. Como o experimento foi baseado na rota de síntese da zeólita FER, a formação da

ZSM-5 como impureza foi obtida para a razão SiO2/Al2O3 utilizada (≈15), conforme

descrito no diagrama ilustrado na Figura 4.6 e confirmado nos difratogramas de raios X

das amostras sintetizadas MSI e MSII (Figura 4.7).

Figura 4.6. Distribuição de produtos a partir de sínteses experimentais (FORBES &

REES, 1995).

Em geral, a forma amoniacal de todas as zeólitas exibiram estruturas cristali-

nas bem definidas refletidas nos intensos picos mostrados nas Figuras 4.1 a 4.5. Após

processo de troca iônica, o qual confere acidez às zeólitas, foi verificado que as amos-

tras não sofreram modificações nas formas dos picos e, à exceção da ferrierita, os mate-

riais apresentaram picos mais intensos e definidos que suas formas amoniacais. No caso

da ferrierita houve um decréscimo na intensidade após calcinação e troca iônica do ma-

terial, o que indica alguma decomposição da zeólita. De fato, a FER apresenta menor

estabilidade que a ZSM-5, conforme relatado por WITCHTERLOVÁ et al. (1998).

A Tabela 4.1 fornece os dados da quantificação de fases das misturas estuda-

das, calculados conforme Equação 3.3, exceto para a mistura física. As zeólitas FER e

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ZSM-5 comerciais puras serviram de referencia na quantificação de fases das misturas

sintetizadas. A Figura 4.7 ilustra a identificação das fases presentes nas misturas sinteti-

zadas.

Figura 4.7. Difratogramas de raios X das misturas sintetizadas em suas formas amonia-

cais (NH4-MSI e NH4-MSII) – identificação das fases formadas.

Tabela 4.1. Quantificação das fases formadas nas misturas sintéticas e da mistura física.

Amostras ZSM-5 (%) FER (%)

MSI 73 27

MSII 47 53

MC 60 40

4.1.2. Espectroscopia na Região do Infravermelho

A espectroscopia na região do infravermelho objetivou a identificação das fre-

quências vibracionais e suas respectivas atribuições nas estruturas das zeólitas. A Figura

4.6 ilustra os espectros de infravermelho das amostras. Através dos espectros IV obser-

va-se que todas as amostras exibiram as mesmas bandas de absorção, com mudanças

nas intensidades.

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Figura 4.8. Espectros de absorção no infravermelho das zeólitas H-FER e H-ZSM-5, e

das misturas H-MSI, H-MSII, H-MC na faixa de 4000– 400 cm-1

.

Bandas referentes a grupos hidroxilas não foram bem identificadas nos espec-

tros de absorção do IV nas zeólitas estudadas. Entretanto, a identificação dos íons clore-

to no efluente gerado durante a lavagem dos materiais após troca iônica, sugere a substi-

tuição dos íons sódio pelos íons amônio na estrutura das amostras. Assim, após calcina-

ção, zeólitas ácidas são obtidas. Como os grupos hidroxilas não foram identificados nos

espectros IV, a aplicação de outras técnicas como ressonância magnética nuclear

(RMN) ou adsorção de moléculas básicas, como piridina ou amônia podem se mostrar

eficientes para essa finalidade (CANDAMO et al., 2010, CHAKAROVA &

HADJIIVANOV, 2013; ROLAND & KLEINSCHIMIDT, 2005; TWAIQ et al., 1999;

WITCHTERLOVÁ et al., 1998).

A fim de se identificar as bandas referentes às estruturas das zeólitas, foram

plotados espectros de absorção na região de absorção das zeólitas (1250 – 400 cm-1

),

conforme ilustrado na Figura 4.9.

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Figura 4.9. Espectros de absorção no infravermelho das zeólitas H-FER (a) e H-ZSM-5

(b), e das misturas H-MSI (c), H-MSII (d) e H-MC (e) na região de absorção em zeóli-

tas.

Baseado nas atribuições de FLANIGEN et al. (1971), foram observadas bandas

de absorção encontradas em zeólitas. As bandas em torno de 1220 e 1090 cm-1

corres-

pondem a vibrações assimétricas internas e externas aos tetraedros, respectivamente. As

bandas em torno de 790 cm-1

correspondem a vibrações simétricas externas aos tetrae-

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dros. Bandas em torno de 540 cm-1

correspondem a vibrações do anel duplo. Por fim, as

bandas em torno de 450 cm-1

correspondem a vibrações das ligações T-O. Esses valores

estão em concordância com a literatura para espectros de absorção das zeólitas ferrierita

e ZSM-5.

4.1.3. Análise Termogravimétrica

A análise termogravimétrica foi realizada com o objetivo de avaliar a estabili-

dade térmica dos materiais. As Figuras 4.10 a 4.14 ilustram as curvas TG e DTG das

amostras amoniacais não calcinadas.

Figura 4.10. Curvas TG/DTG para a zeólita ferrierita comercial na forma amoniacal.

Figura 4.11. Curvas TG/DTG para a zeólita ZSM-5 na forma amoniacal.

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Figura 4.12. Curvas TG/DTG para a mistura sintetizada via rota 1 (MSI) não calcinada.

Figura 4.13. Curvas TG/DTG para mistura sintetizada via rota 2 (MSII) não calcinada.

Figura 4.14. Curvas TG/DTG para a mistura física (MC) não calcinada.

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Em todas as amostras ocorrem perdas de massa ao longo da temperatura. En-

tretanto, as zeólitas sintetizadas apresentaram mais estágios de perda de massa que as

zeólitas comerciais, melhor verificado pela análise das curvas DTG das amostras.

A perda inicial de massa nas amostras em temperaturas em torno de 40 °C é

causada pela dessorção de água fisicamente adsorvida dentro dos poros das estruturas,

típica de zeólitas, podendo ocorrer, de acordo com FUNGARO & BORRELY (2012),

em uma única etapa ou em várias etapas. As amostras com zeólitas comerciais apresen-

taram dois estágios principais de perda de massa, que estão relacionadas à perda inicial

de água e à liberação de amônia quando a zeólita é aquecida. Para as amostras sintetiza-

das, houve mais estágios de perdas, indicando, além da perda inicial de água e liberação

de amônia, também pode ter ocorrido decomposição de materiais residuais.

Na Tabela 4.2 estão indicadas as faixas de temperaturas e quantificação de per-

da de massa dos materiais estudados para cada evento ilustrado nas Figuras 4.10 a 4.14.

Tabela 4.2. Quantificação de perdas de massa obtidas a partir das curvas TG/DTG.

Amostra Faixa de Temperatura (°C) Perda de Massa (%)

Ferrierita 37,2 – 877,4 8,4

ZSM-5 37,2 – 873,7 5,9

MSI 34,1 – 874,6 7,3

MSII 32,3 – 881,4 6,2

MC 35,0 – 872,8 6,9

4.1.4. Microscopia Eletrônica de Varredura

As micrografias de varredura das misturas sintetizadas H-MSI e H-MSII, bem

como das zeólitas comerciais H-FER, H-ZSM-5 e da mistura física H-MC estão ilustra-

das nas Figuras 4.15 a 4.19.

A morfologia dos cristais é fortemente influenciada pelo tipo de direcionador

estrutural utilizado. Para a H-FER foram observados agregados esféricos consistindo de

pequenas agulhas indicando, conforme KIM et al. (1996), que pirrolidina foi possivel-

mente utilizado como template na síntese da zeólita. Para a H-ZSM-5, a micrografia

revelou a presença de partículas sólidas isoladas e alguns aglomerados.

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Figura 4.15. Micrografia de varredura da zeólita H-FER com ampliação de 2000 vezes.

Figura 4.16. Micrografia de varredura da zeólita H-ZSM-5 com ampliação de 2000

vezes.

2000 x 30 um

2000 x 30 um

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Figura 4.17. Micrografia de varredura da mistura H-MSI com ampliações de 200 (a) e

2000 (b) vezes.

200 x 500 um

2000 x 30 um

(a)

(b)

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Figura 4.18. Micrografia de varredura da mistura H-MSII com ampliação de 2000 ve-

zes.

Figura 4.19. Micrografia de varredura da mistura H-MC com ampliação de 2000 vezes.

2000 x 30 um

2000 x 30 um

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61

4.1.5. Adsorção de Nitrogênio

A determinação das propriedades de adsorção das zeólitas é de fundamental

importância para a compreensão de suas propriedades catalíticas. A análise textural das

amostras foi obtida pelas isotermas de adsorção-dessorção de N2 a 77 K, conforme ilus-

trado nas Figuras 4.20 a 4.24.

As características texturais das zeólitas encontram-se listadas na Tabela 4.3.

Pode-se observar que as isotermas de adsorção das zeólitas assemelham-se a isoterma

do tipo I, característica de materiais microporosos. Por outro lado, a existência de incli-

nação positiva na curva, quando a razão P/P0 é de 0,70 para as amostras H-FER e H-

MC, sugere a presença de mesoporos nos materiais zeolíticos. Entretanto, de acordo

com a classificação de tamanho de poros (EVERETT, 1972) todas as amostras são con-

sideradas microporosas (dp < 20 Å). As amostras apresentaram volume e diâmetro de

poros semelhantes, diferenciando nos valores da área superficial.

As zeólitas apresentaram maiores discrepâncias nos valores de área superficial,

principalmente as zeólitas sintetizadas hidrotermicamente. Tais resultados podem influ-

enciar no processo de craqueamento do óleo de soja, discutido a seguir.

Figura 4.20. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a zeólita H-FER.

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Figura 4.21. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a zeólita H-ZSM-5.

Figura 4.22. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a mistura sintetizada via rota

1 (H-MSI).

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Figura 4.23. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a mistura sintetizada via rota

2 (H-MSII).

Figura 4.24. Isotermas de adsorção-dessorção de N2 para a mistura física H-MC.

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Tabela 4.3. Característica texturais das amostras: área superficial específica (método

BET), área superficial interna, área superficial externa, volume de poros (método t-plot)

e diâmetro de poros (método Dubinin e Radushkevich).

Amostra SBET (m2/g) SEXT (m

2/g) SINT (m

2/g) Vp (cm

3/g) Dp (Å)

H-FER 302 53 247 0,110 8,5

H-ZSM-5 345 64 281 0,095 7,8

H-MSI 253 46 207 0,080 7,6

H-MSII 200 41 159 0,064 7,5

H-MC 375 70 305 0,118 7,6

4.2. PIRÓLISE TÉRMICA E CATALÍTICA DO ÓLEO DE SOJA

Visando analisar o desempenho dos catalisadores na pirólise catalítica de óleos

vegetais, foram realizados ensaios de pirólise térmica e catalítica sob o óleo de soja re-

finado através de análise termogravimétrica, a uma taxa de aquecimento de 10 °C/min.

A Figura 4.25 ilustra as curvas TG de decomposição térmica do óleo de soja e da de-

composição catalítica sob as amostras estudadas.

O processo de craqueamento consiste na quebra de moléculas, evidenciado nas

curvas TG pela perda de massa. Na Figura 4.25 é possível verificar que a degradação

(perda de massa) do óleo ocorre a menores temperaturas quando o processo é catalítico.

As curvas indicam que a pirólise do óleo de soja com catalisador atingiu menores

temperaturas de craqueamento quando comparado ao óleo puro, ou seja, o óleo foi

degradado mais rapidamente na presença de catalisador.

Para melhor visualizar os resultados das curvas TG referentes à pirólise, foram

obtidas curvas de conversão em função da temperatura, conforme ilustrado nas Figuras

4.26 e 4.27. As curvas de conversão foram obtidas partindo das curvas TG, por meio da

seguinte relação (LEIVA et al., 2006):

(4.1)

onde α é a conversão, m a massa da amostra que varia com a temperatura, mo a massa

inicial da amostra e m∞ a massa remanescente.

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Figura 4.25. Curvas TG da pirólise do óleo de soja sob os materiais H-FER, H-ZSM-5,

H-MC, H-MSI e H-MSII, e do óleo de soja puro, a uma razão de aquecimento de 10

°C/min.

Figura 4.26. Curvas de conversão do óleo de soja sob os materiais H-FER, H-ZSM-5,

H-MC, H-MSI e H-MSII.

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66

Figura 4.27. Curvas DTG obtidas a partir das curvas de conversão do óleo de soja sob

os materiais H-FER, H-ZSM-5, H-MC, H-MSI e H-MSII.

Analisando as curvas de conversão da pirólise térmica e catalítica do óleo de

soja (Figuras 4.26 e 4.27), observa-se que o comportamento é semelhante para as amos-

tras. Porém, quando o processo é catalítico, há uma diferença no perfil das mesmas. No

processo catalítico, observa-se um início de decomposição do óleo vegetal em torno de

300 °C e um estágio principal de decomposição. No processo puramente térmico, o óleo

iniciou a decomposição em torno de 380 °C. As curvas de DTG (Figura 4.27) nos leva a

concluir que no óleo de soja puro, os componentes sofreram maiores conversões entre

380 e 500 °C; na H-FER, H-MSI, H-MSII e H-MC, os componentes do óleo sofreram

decomposição entre 220 e 510 °C; já na H-ZSM-5, a faixa de decomposição foi de 240

a 500 °C.

Conforme ilustrado na Tabela 4.4, as conversões máximas do óleo vegetal

ocorreram entre 440 e 465 °C, dependendo da zeólita utilizada. As misturas sintetizadas

H–MS-I e H–MS-II apresentaram, em sua maioria, maiores temperaturas de conversão

que as zeólitas H-FER e H-ZSM-5 puras. Por outro lado, a mistura física H-MC

apresentou menores temperaturas de conversão que a ZSM-5 pura, e maiores

temperaturas que a H-FER em conversões inferiores a 70%. A partir deste valor, a

mistura comercial apresentou menores temperaturas de conversão que as amostras

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zeólitas comerciais puras. A menor eficiencia das misturas sintetizadas no processo de

craqueamento do óleo de soja pode estar relacionada a menor área superficial específica

destas e menor diâmetro de poro. A H-FER que apresentou maiores conversões a uma

dada temperatura, possui um maior diâmetro de poro, o que pode ter facilitado a

seletividade de reagentes durante a reação.

Como observado em dados na literatura (AHO et al., 2008; PATTYIA et al.,

2008; CARLSON et al., 2009; JAE et al., 2011; SANDRAMELI et al., 2009), a H-

ZSM-5 é a zeólita que exibe maiores conversões na pirólise de óleos vegetais. Entretan-

to, o presente trabalho verificou que a zeólita H-FER apresentou um melhor desempe-

nho na pirólise de óleo de soja, apesar de possuir menor área superficial externa quando

comparada a H-ZSM-5 e à mistura física MS. Uma possível explicação, exposta por

HARVEY et al. (1995), sugere que possa ter ocorrido uma remoção de átomos de alu-

mínio da estrutura da zeólita durante o processo de protonação. Com isso houve uma

redução dos átomos de alumínio presentes na mistura, e essa remoção deslocou alguns

átomos de alumínio para locais próximos à superfície externa, aumentando os sítios

ativos nessa região e afetando a seletividade das reações de pirólise.

Tabela 4.4.Temperaturas de conversões do óleo de soja puro e do óleo sob as zeólitas.

Conversão

α (%)

Temperaturas de Conversão (°C)

Óleo de

Soja

Óleo de

Soja

+

H-FER

Óleo de

Soja

+

H-MFI

Óleo de

Soja

+

H-MS-I

Óleo de

Soja

+

H-MS-II

Óleo de

Soja

+

H-MC

10 401 298 326 324 334 294

20 414 313 361 371 360 320

30 422 327 378 393 378 335

40 427 339 390 407 392 349

50 432 352 401 419 404 362

60 437 371 410 428 415 374

70 442 396 420 438 426 392

80 449 426 432 448 438 413

90 459 456 448 464 455 442

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5. CONCLUSÕES

No presente trabalho, a síntese e caracterização das misturas de zeólitas ferrie-

rita e ZSM-5 foram estudadas, bem como a avaliação da eficiência dessas misturas no

processo de pirólise do óleo de soja refinado. Também foi avaliado o desempenho das

zeólitas comerciais FER e ZSM-5 individuais e de sua mistura física em quantidades

apropriadas na pirólise do óleo de soja.

Os difratogramas de raios X das amostras identificaram a formação das fases

FER e ZSM-5 nas misturas sintetizadas hidrotermicamente, indicando que as sínteses

propostas foram eficientes na obtenção das misturas. Foi verificado também um bom

grau de cristalinidade das amostras em suas formas amoniacais, bem como a não altera-

ção da estrutura após a troca iônica e calcinação, o qual lhes confere acidez.

As análises dos espectros de infravermelho das amostras sintetizadas evidenci-

aram as bandas de absorção características de estruturas zeolíticas, confirmando nova-

mente a formação das estruturas cristalinas nas misturas sintetizadas hidrotermicamente,

e a inalteração estrutural das amostras após acidificação.

As isotermas de adsorção-dessorção de N2 para as amostras evidenciaram a

microporosidade desses materiais pela formação de isotermas do tipo I, a exceção das

amostras H-FER e H-MC, onde as isotermas também sugeriram a presença de mesopo-

ros.

Nos ensaios de pirólise do óleo de soja, o uso dos catalisadores forneceu meno-

res temperaturas de decomposição quando comparado à decomposição do óleo vegetal

puro. Em geral, a ferrierita comercial apresentou melhores conversões. As misturas de

zeólitas apresentaram melhores temperaturas de conversão que a H-ZSM-5. Esses resul-

tados vão de encontro a diversos estudos, onde se verifica uma maior eficiência ZSM-5

em processo de pirólise.

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6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Obtenção de misturas zeolíticas FER e ZSM-5 com diferentes quantida-

des de fases, de forma a avaliar melhor o efeito de cada zeólita no pro-

cesso de pirólise de óleos vegetais;

Estudo da cristalização e formação das fases FER e ZSM-5 durante tra-

tamento hidrotérmico;

Variação das condições experimentais, como temperatura, pressão, pH e

razão Si/Al na síntese das misturas FER/ZSM-5;

Caracterização por outras técnicas como RMN, para que as estruturas se-

jam mais bem definidas quanto aos seus grupos funcionais;

Realização do estudo cinético e modelagem matemática das reações.

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