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SÍNTESE DE PROTEÍNA MICROBIANA DE DIFERENTES GRUPOS DE

BOVÍDEOS

Nara Regina Brandão Cônsolo, Jefferson Rodrigues Gandra, Rafael Villela Barletta,

José Ésler de Freitas Junior, Rodolfo Daniel Mingoti, Eduardo da Silva Tonon,

Angélica Simone Cravo Pereira, Francisco Palma Rennó*

*Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo, Brasil. email: [email protected]

Introdução

A proteína microbiana representa a maior fonte de aminoácidos para os

ruminantes, e a sua produção pode sofrer variações devido à inclusão de alimentos nas

rações. Neste contexto, a existência de diferentes biomas no Brasil permite a criação de

diferentes espécies de bovídeos comerciais destacando entre estes os animais da raça

Nelore, Holandesa e os búfalos. A disparidade em adaptabilidade ambiental e

exigências nutricionais estimulam as pesquisas pela escassez de informações

comparativas existentes entre esses grupos (Bartocci et al., 1997). A excreção dos

derivados de purinas na urina poderiam ser mais baixas em búfalos que em bovinos, em

virtude de várias diferenças fisiológicas entre esses grupos (Cutrignelli et al., 2007).

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar excreção urinária dos derivados de

purinas na urina de três grupos genéticos de bovídeos.

Material e Métodos O experimento foi conduzido nas dependências do Laboratório de Pesquisa em

Bovinos de Leite do Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, em Pirassununga, no

período de dezembro de 2008. Foram utilizadas 30 novilhas em fase de crescimento e

distribuídas de acordo com cada grupo genético em questão. Os grupos experimentais

foram compostos por 10 bovinos da raça Nelore, 10 da raça Holandesa e 10 bubalinos

da raça Mediterrâneo com pesos médios de 490, 550 e 660 kg, respectivamente.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com duração do

período experimental de 21dias, sendo 14 dias de adaptação e 7 dias de coleta das

amostras. Todos os animais foram alimentados com a mesma dieta basal, constituída de

silagem de milho e concentrado, a base de milho e soja. A dieta foi balanceada para

atender as exigências de animais em crescimento de acordo com o (NRC, 2001).

As concentrações de creatinina foram determinadas por meio de kits comerciais

(Laborlab®), utilizando reação enzimática calorimétrica cinética em aparelho SBA-200

CELM®. O volume urinário total diário foi estimado dividindo-se as excreções

urinárias diárias de creatinina pelos valores observados de concentração de creatinina na

urina das amostras spot. A excreção urinária diária de creatinina foi estimada a partir da

proposição de 24,05 mg/kg de peso vivo (PV). Dessa forma, com a excreção média

diária de creatinina e a concentração de creatinina (mg/dl) na amostra spot de urina, foi

estimado o volume total diário de urina, em litros por novilha/dia.

Os níveis de alantoína e ácido úrico, xantina e hipoxantina na urina foram

determinados pelo método colorimétrico, conforme metodologia descrita por Chen &

Gomes (1992). A excreção total de derivados de purinas, em mmol/dia, para os grupos

da raça Nelore e Holandesa foi calculada pela soma das quantidades de alantoína e

ácido úrico e para o grupo de bubalinos foram consideradas também as concentrações

de xantina e hipoxantina excretadas na urina.

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Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as medias foram

analisadas com recurso PROC MIXED utilizando-se o programa SAS (1999), versão

8.0, adotando-se nível de significância de 5%.

Resultado e Discussão

Quando se analisou a concentração de alantoina e ácido úrico (mmol/L), foi

observado maior valor (P<0,05) para o grupo Nelore comparado aos demais grupos

experimentais (Tabela 8). Ao se comparar o grupo Holandês ao dos Búfalos não foi

observado diferença (P>0,05) na concentração de alantoina (mmol/L), porém o grupo

dos Búfalos apresentou menor concentração (P<0,05) de ácido úrico.

Não foi observado diferenças (P>0,05) entre os grupos experimentais em relação

à síntese de purinas totais e alantoina % purinas totais (mmol/dia), porém quando se

analisou as purinas absorvíveis (mmol/dia), a síntese de nitrogênio e proteína

microbiana (g/dia), foi observado menor valor (P<0,05) para o grupo dos bubalinos em

relação aos demais grupos experimentais, no entanto não houve diferença (P>0,05)

entre o grupo Holandês e Nelore.

Tabela 8 – Síntese de proteína microbiana de acordo com os três grupos de bovídeos

avaliados

Parâmetros Grupo de bovídeos Médias SEM1

Búfalo Nelore Holandês

mmol/L

Alantoina urina 3.98b 6.47

a 4.60

b 4.84 0.28

Ácido úrico 0.24c 0.80

a 0.50

b 0.51 0.06

mmol/dia

Alantoina urina 30.17b 48.66

a 49.31

a 42.71 2.60

Ácido úrico 1.85c 6.49

a 4.89

b 4.40 0.39

Purinas totais 110.08a 112.80

a 117.31

a 113.63 2.60

Alantoina % PT2

89.28a 90.17

a 87.55

a 89.00 0.87

Derivados purinas 33,68b 55,15

a 54,20

a 47,67 1.48

Purinas abs3

12.76b 41.97

a 44.28

a 33.00 3.67

g/dia

N microbiano 8.03b 26.41

a 27.87

a 20.77 2.31

PB microbiano 50.20b 165.10

a 174.19

a 129.83 14.44

a–c Means within a row with different superscripts differ (P < 0.05). 1SEM = standard error of the mean;

2 Alantoina % PT = alantoína porcentagem das purinas totais; 3Purinas abs. = purinas absorvíveis;

A síntese purinas absorvíveis do grupo dos bubalinos foi 3,30 e 3,47 vezes

menor em relação ao grupo Nelore e Holandês, respectivamente. Quando se analisou a

síntese de nitrogênio e proteína microbiana o grupo dos bubalinos apresentou valores de

30,40% do valor total do grupo Nelore e 28,81% do valor total do grupo Holandês.

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Conclusões

Visto a menor exigência nutricional dos bubalinos, em dietas de mesmo valor

nutricional, foi observada uma menor síntese de proteína microbiana em relação aos

bovinos.

Literatura citada

BARTOCCI, S.; AMICI, A.; VERNA, M. et al. Solid and fluid passage rate in buffalo,

cattle, and sheep fed diets with different forage to concentrate ratios. Livestock

Production Science, v.52, p.201-208, 1997.

CHEN, X.B.; GOMES, M.J. Estimation of microbial protein supply to sheep and cattle

based on urinary excretion of purine derivatives – an overview of technical details.

Bucksburnd: Rowett Research Institute; International Feed Resources Unit, 1992. 21p.

(Occasional publication).

CUTRIGNELLI, G. PICCOLO, S. D’URSO, et al. Urinary excretion of purine

derivatives. Italian Journal Animal Science . v. 6, 563-566, 2007

NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of dairy cattle.

7.ed. Washington, D.C: National Academic Press, p.381, 2001.

SAS. STATISTICAL ANALISYS/STAT User’s Guide. Release 8.0 Edition. Cary:

SAS, 1999. 1500 p.