sintaxe da oração e do período

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Sintaxe da oração e do período Apesar do tema pedir para abordar somente sobre a oração e o período, colocarei também um pouco sobre frase para tornar o assunto mais completo. Bons estudos! Frase, período e oração: Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções. Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois, em Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove. Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação. Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global: frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma pergunta. / Que queres fazer? frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! – Faça-o sair! frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo. / Que dia difícil! frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já chegou.

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Page 1: Sintaxe da oração e do período

Sintaxe da oração e do períodoApesar do tema pedir para abordar somente sobre a oração e o período, colocarei também um pouco sobre frase para tornar o assunto mais completo.

Bons estudos!

Frase, período e oração:

Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica ação, estado ou fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.

Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois, em Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove.

Enquanto na língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais de pontuação.

Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita a partir de seus elementos constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global:

frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma pergunta. / Que queres fazer?

frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha! – Faça-o sair!

frases exclamativas: o emissor exterioriza um estado afetivo. / Que dia difícil! frases declarativas: o emissor constata um fato. / Ele já chegou.

Quanto a estrutura da frase, as frases que possuem verbo são estruturadas por dois elementos essenciais: sujeito e predicado.

O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.

O predicado é a parte da frase que contém “a informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema, constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.

Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num nome, teremos um predicado nominal.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.

A existência é frágil.

A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) quando encerra um pensamento completo e vem limitada por ponto-final, ponto-de-interrogação, ponto-de-exclamação e por reticências.

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Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco.

Acima temos três orações correspondentes a três períodos simples ou a três frases.

Mas, nem sempre oração é frase: “convém que te apresses” apresenta duas orações mas uma só frase, pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento completo.

Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se organiza ao redor de um verbo. A oração possui sempre um verbo (ou locução verbal), que implica, na existência de um predicado, ao qual pode ou não estar ligado um sujeito.

Assim, a oração é caracterizada pela presença de um verbo. Dessa forma:

Rua!

Que é uma frase, não é uma oração.

Já em:

“Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do meu bem.”

Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações não são frases, pois em si mesmas não satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto, membros de frase.

Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo. O período pode ser simples ou composto.

Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.

Chove.

A existência é frágil.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres de opinião.

Quero uma linda rosa.

Período composto é aquele constituído por duas ou mais orações:

“Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver.”

Cantei, dancei e depois dormi.

Termos essenciais da oração:

O sujeito e o predicado são considerados termos essenciais da oração, ou seja, sujeito e predicado são termos indispensáveis para a formação das orações. No entanto, existem

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orações formadas exclusivamente pelo predicado. O que define, pois, a oração, é a presença do verbo.

O sujeito é o termo que estabelece concordância com o verbo.

a) “Minha primeira lágrima caiu dentro dos teus olhos.”;

b) “Minhas primeiras lágrimas caíram dentro dos teus olhos”.

Na primeira frase, o sujeito é minha primeira lágrima. Minha e primeira referem-se ao conceito básico expresso em lágrima. Lágrima é, pois, a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, denominada núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito se relaciona com o verbo, estabelecendo a concordância.

A função do sujeito é basicamente desempenhada por substantivos, o que a torna uma função substantiva da oração. Pronomes substantivos, numerais e quaisquer outras palavras substantivadas (derivação imprópria) também podem exercer a função de sujeito.

a) Ele já partiu;

b) Os dois sumiram;

c) Um sim é suave e sugestivo.

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do sujeito.

Um sujeito é determinado quando é facilmente identificável pela concordância verbal. O sujeito determinado pode ser simples ou composto.

A indeterminação do sujeito ocorre quando não é possível identificar claramente a que se refere a concordância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.

a) Estão gritando seu nome lá fora;

b) Trabalha-se demais neste lugar.

O sujeito simples é o sujeito determinado que possui um único núcleo. Esse vocábulo pode estar no singular ou no plural; pode também ser um pronome indefinido.

a) Nós nos respeitamos mutuamente;

b) A existência é frágil;

c) Ninguém se move;

d) O amar faz bem.

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O sujeito composto é o sujeito determinado que possui mais de um núcleo.

a) Alimentos e roupas andam caríssimos;

b) Ela e eu nos respeitamos mutuamente;

c) O amar e o odiar são tidos como duas faces da mesma moeda.

Além desses dois sujeitos determinados, é comum a referência ao sujeito oculto, isto é, ao núcleo do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela desinência verbal ou pelo contexto.

Abolimos todas as regras.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer ou não se pode identificar claramente a que o predicado da oração se refere. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso contrário teríamos uma oração sem sujeito.

Na língua portuguesa o sujeito pode ser indeterminado de duas maneiras:

a) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:

a.1) Bateram à porta;

a.2) Andam espalhando boatos a respeito da queda do ministro.

b) com o verbo na terceira pessoa do singular, acrescido do pronome se. Esta é uma construção típica dos verbos que não apresentam complemento direto:

b.1) Precisa-se de mentes criativas;

b.2) Vivia-se bem naqueles tempos;

b.3) Trata-se de casos delicados;

b.4) Sempre se está sujeito a erros.

O pronome se funciona como índice de indeterminação do sujeito.

As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predicado, articulam-se a partir de m verbo impessoal. A mensagem está centrada no processo verbal. Os principais casos de orações sem sujeito com:

a) os verbos que indicam fenômenos da natureza:

a.1) Amanheceu repentinamente;

a.2) Está chuviscando.

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b) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em geral:

b.1) Está tarde.

b.2) Ainda é cedo.

b.3) Já são três horas, preciso ir;

b.4) Faz frio nesta época do ano;

b.5) Há muitos anos aguardamos mudanças significativas;

b.6) Faz anos que esperamos melhores condições de vida;

b.7) Deve fazer meses que ele partiu.

c) o verbo haver, na indicação de existência ou acontecimento:

c.1) Havia bons motivos para nossa apreensão;

c.2) Deve haver muitos interessados no seu trabalho;

c.3) Houve alguns problemas durante o trabalho.

O predicado é o conjunto de enunciados que numa dada oração contém a informação nova para o ouvinte.

Nas orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia um fato qualquer:

a) Chove muito nesta época do ano;

b) Houve problemas na reunião.

Nas orações que surge o sujeito, o predicado é aquilo que se declara a respeito desse sujeito.

Com exceção do vocativo, que é um termo à parte, tudo o que difere do sujeito numa oração é o seu predicado.

a) Os homens (sujeito) pedem amor às mulheres (predicado);

b) Passou-me (predicado) uma idéia estranha (sujeito) pelo pensamento (predicado).

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se seu núcleo está num nome ou num verbo. Deve-se considerar também se as palavras que formam o predicado referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração.

Os homens sensíveis (sujeito) pedem amor sincero às mulheres de opinião.

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O predicado acima apresenta apenas uma palavra que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se direta ou indiretamente ao verbo.

A existência (sujeito) é frágil (predicado).

O nome frágil, por intermédio do verbo, refere-se ao sujeito da oração. O verbo atua como elemento de ligação entre o sujeito e a palavra a ele relacionada.

O predicado verbal é aquele que tem como núcleo significativo um verbo:

a) Chove muito nesta época do ano;

b) Senti seu toque suave;

c) O velho prédio foi demolido.

Os verbos acima são significativos, isto é, não servem apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam processos.

O predicado nominal é aquele que tem como núcleo significativo um nome; esse nome atribui uma qualidade ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da oração por meio de um verbo.

Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, isto é, não indica um processo. O verbo une o sujeito ao predicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do sujeito:

“Ele é senhor das suas mãos e das ferramentas.”

Na frase acima o verbo ser poderia ser substituído por estar, andar, ficar, parecer, permanecer ou continuar, atuando como elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele relacionadas.

A função de predicativo é exercida normalmente por um adjetivo ou substantivo.

O predicado verbo-nominal é aquele que apresenta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No predicado verbo-nominal, o predicativo pode referir-se ao sujeito ou ao complemento verbal.

O verbo do predicado verbo-nominal é sempre significativo, indicando processos. É também sempre por intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com o termo a que se refere.

a) O dia amanheceu ensolarado;

b) As mulheres julgam os homens inconstantes

No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de ligação. Esse predicado poderia ser desdobrado em dois, um verbal e outro nominal:

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a) O dia amanheceu;

b) O dia estava ensolarado.

No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona o complemento homens como o predicativo inconstantes.

Termos integrantes da oração:

Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o complemento nominal são chamados termos integrantes da oração.

Os complementos verbais integram o sentido do verbos transitivos, com eles formando unidades significativas. Esses verbos podem se relacionar com seus complementos diretamente, sem a presença de preposição ou indiretamente, por intermédio de preposição.

O objeto direto é o complemento que se liga diretamente ao verbo.

a) Os homens sensíveis pedem amor às mulheres de opinião;

b) Os homens sinceros pedem-no às mulheres de opinião;

c) Dou-lhes três.

d) Buscamos incessantemente o Belo;

e) Houve muita confusão na partida final.

O objeto direto preposicionado ocorre principalmente:

a) com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns referentes a pessoas:

a.1) Amar a Deus;

a.2) Adorar a Xangô;

a.3) Estimar aos pais.

b) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes de tratamento:

b.1) Não excluo a ninguém;

b.2) Não quero cansar a Vossa Senhoria.

c) para evitar ambigüidade:

Ao povo prejudica a crise. (sem preposição, a situação seria outra)

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d) com pronomes oblíquos tônicos (preposição obrigatória):

Nem ele entende a nós, nem nós a ele.

O objeto indireto é o complemento que se liga indiretamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.

a) Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres;

b) Os homens pedem-lhes amor sincero;

c) Gosto de música popular brasileira.

O termo que integra o sentido de um nome chama-se complemento nominal. O complemento nominal liga-se ao nome que completa por intermédio de preposição:

a) Desenvolvemos profundo respeito à arte;

b) A arte é necessária à vida;

c) Tenho-lhe profundo respeito.

Os nomes que se fazem acompanhar de complemento nominal pertencem a dois grupos:

a) substantivos, adjetivos ou advérbios derivados de verbos transitivos,

b) adjetivos transitivos e seus derivados.

Termos acessórios da oração e vocativo:

Os termos acessórios recebem esse nome por serem acidentais, explicativos, circunstanciais.

São termos acessórios o adjunto adverbial, adjunto adnominal e o aposto.

O adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância do processo verbal, ou intensifica o sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais exercer o papel de adjunto adverbial.

Amanhã voltarei de bicicleta àquela velha praça.

As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto adverbial são:

acréscimo: Além de tristeza, sentia profundo cansaço. afirmação: Sim, realmente irei partir. assunto: Falavam sobre futebol. causa: Morrer ou matar de fome, de raiva e de sede… são tantas vezes gestos

naturais.

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companhia: Sempre contigo bailando sob as estrelas. concessão: Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. conformidade: Fez tudo conforme o combinado. dúvida: Talvez nos deixem entrar. fim: Estudou para o exame. freqüência: Sempre aparecia por lá. instrumento: Fez o corte com a faca. intensidade: Corria bastante. limite: Andava atabalhoado do quarto à sala. lugar: Vou à cidade. matéria: Compunha-se de substâncias estranhas. meio: Viajarei de trem. modo: Foram recrutados a dedo. negação: Não há ninguém que mereça. preço: As casas estão sendo vendidas a preços exorbitantes. substituição ou troca: Abandonou suas convicções por privilégios econômicos. tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo.

O adjunto adnominal é o termo acessório que determina, especifica ou explica um substantivo. É uma função adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos.

O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substantivo a que se refere, sem participação do verbo.

Já o predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.

O poeta português deixou uma obra originalíssima.

O poeta deixou-a.

O poeta português deixou uma obra inacabada.

O poeta deixou-a inacabada.

Enquanto o complemento nominal relaciona-se a um substantivo, adjetivo ou advérbio; o adjunto nominal relaciona-se apenas ao substantivo.

O aposto é um termo acessório que permite ampliar, explicar, desenvolver ou resumir a idéia contida num termo que exerça qualquer função sintática.

Ontem, segunda-feira, passei o dia mal-humorado.

Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo ontem. Dizemos que o aposto é sintaticamente equivalente ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo:

Segunda-feira passei o dia mal-humorado.

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O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:

a) explicativo: A lingüística, ciência das línguas humanas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.

b) enumerativo: A vida humana se compõe de muitas coisas: amor, arte, ação.

c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo isso forma o carnaval.

d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

Além desses, há o aposto especificativo, que difere dos demais por não ser marcado por sinais de pontuação (dois-pontos ou vírgula).

A rua Augusta está muito longe do rio São Francisco.

O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.

A função de vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes substantivos, numerais e palavras substantivadas esse papel na linguagem.

Período composto por coordenação:

O período composto por coordenação é formado por orações sintaticamente completas, ou seja, equivalentes.

Os homens investigam o mundo, descobrem suas riquezas e constroem suas sociedades competitivas.

O período acima é formada por três orações, no entanto essas orações são independentes e poderiam constituir orações absolutas, caracterizando o período composto por coordenação.

Quanto às orações coordenadas, elas estão divididas em assindéticas e sindéticas, sendo estas aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

As orações coordenadas assindéticas são aquelas ligadas sem o uso da conjunção:

Um pé-de-vento cobria de poeira a folhagem das imburanas, sinhá Vitória catava piolhos no filho mais velho, Baleia descansava a cabeça na pedra de amolar.

Já as orações coordenadas sindéticas são aquelas ligadas por meio de conjunções:

Dormiu e sonhou.

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As orações coordenadas sindéticas aditivas são ligadas por meio de conjunções aditivas. Ocorrem quando os fatos estão em seqüência simples, sem que acrescente outra idéia. As aditivas típicas são e e nem.

Discutimos as várias propostas e analisamos possíveis soluções.

Não discutimos as várias propostas, nem (e não) analisamos quaisquer soluções.

As orações sindéticas aditivas podem também ser ligadas pelas locuções não só, mas(também), tanto … como.

Não só provocaram graves problemas, mas (também) abandonaram os projetos de reestruturação social do país.

As coordenadas sindéticas adversativas são introduzidas pelas conjunções adversativas. A segunda oração exprime contraste, oposição ou compensação em relação à anterior. As adversativas típicas são mas, porém, contudo, todavia, entanto, entretanto, e as locuções no entanto, não obstante, nada obstante.

Este mundo é redondo mas está ficando muito chato.

O país é extremamente rico; o povo, porém, vive em profunda penúria.

Já as coordenadas sindéticas alternativas são introduzidas por conjunções alternativas, indicando pensamentos ou fatos que se alternam ou excluem. A conjunção alternativa típica é ou. Há também os pares ora… ora, já… já, quer… quer, seja… seja.

Diga agora ou cale-se para sempre.

Ora atua com dedicação e seriedade, ora age de forma desleixada e relapsa.

As coordenadas sindéticas conclusivas são introduzidas por conjunções conclusivas. Nesse caso, a segunda oração exprime conclusão ou conseqüência lógica da primeira. As conjunções e locuções típicas são logo, portanto, então, assim, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso, pois (apenas quando não anteposta ao verbo).

Aquela substância é altamente tóxica, logo deve ser manuseada cautelosamente.

A situação econômica é delicada; devemos, pois, agir cuidadosamente.

As coordenadas sintéticas explicativas são introduzidas por conjunções explicativas e exprimem o motivo, a justificativa de se ter feito a declaração anterior. As conjunções explicativas são que, porque e pois (anteposta ao verbo).

“Vem, que eu te quero fraco.”

Ele se mudou, pois seu apartamento está vazio.

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Período composto por subordinação:

O período composto por subordinação é aquele composto por uma oração principal (aquela que tem pelo menos um dos termos representado por uma oração subordinada) e por orações subordinadas (aquelas que exercem função sintática em outra oração).

As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais.

Quanto às formas, elas podem ser desenvolvidas (apresentam verbos numa das formas finitas [tempos do indicativo, subjuntivo, imperativo], apresentam normalmente conjunção e pronome relativo) e reduzidas (apresentam verbos numa das formas nominais [infinitivo, gerúndio, particípio] e não apresentam conjunções nem pronomes relativos, podem apresentar preposição):

Eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto.

Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.

As orações subordinadas substantivas exercem funções substantivas no interior da oração principal de que fazem parte. Elas podem ser desenvolvidas ou reduzidas e são classificadas de acordo com suas seis funções: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito e aposto.

As subordinadas substantivas subjetivas são aquelas orações que exercem a função de sujeito do verbo da oração principal:

É preciso que haja alguma coisa de flor em tudo isso.

É preciso haver alguma coisa de flor em tudo isso.

O verbo da oração principal sempre se apresenta na terceira pessoa do singular. E os verbos e expressões que apresentam essa oração como sujeito podem ser divididos em três grupos:

verbos de ligação mais predicativo (é bom, é claro, parece certo); verbos na voz passiva sintética ou analítica (sabe-se, conta-se, foi anunciado); verbos do tipo convir, cumprir, importar, ocorrer, acontecer, suceder, parecer,

constar, quando na terceira pessoa do singular.

As subordinadas substantivas objetivas diretas exercem a função de objeto direto do verbo da oração principal:

Juro que direi a verdade.

Juro dizer a verdade.

Algumas objetivas diretas são introduzidas pela conjunção subordinativa integrante se e por pronomes interrogativos (onde, por que, como, quando, quando).

Essas orações ocorrem em formas interrogativas diretas:

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Desconheço se ele chegou.

Desconheço quando ele chegou.

Os verbos auxiliares causativos (deixar, mandar e fazer) e os auxiliares sensitivos (ver, sentir, ouvir e perceber) formam orações principais que apresentam objeto direto na forma de orações subordinadas substantivas reduzidas de infinitivo:

Deixe-me partilhar seus segredos.

As subordinadas substantivas objetivas indiretas exercem o papel de objeto indireto do verbo da oração principal:

Aspiramos a que a situação nacional melhore.

Lembre-me de ajudá-lo em seus afazeres.

As subordinadas substantivas completivas nominais exercem papel de complemento nominal de um termo da oração principal:

Tenho a sensação de que estamos alcançando uma situação mais alentadora.

Já as subordinadas substantivas predicativas exercem o papel de predicativo do sujeito da oração principal:

Nossa constatação é que vida e morte são duas faces de uma mesma realidade.

As subordinadas substantivas apositivas exercem função de aposto de um termo da oração principal:

Só desejo uma coisa: que nossa situação melhore.

As orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática dos pronome relativo. Exerce a função sintática de adjunto adnominal de um termo da oração principal, sendo introduzida por pronome relativo (que, qual/s, como, quanto/a/s, cujo/a/s, onde). Estes pronomes relativos podem ser precedidos de preposição.

As subordinadas adjetivas dividem-se em restritivas e explicativas.

As restritivas restringem o sentido da oração principal, sendo indispensáveis. Apresentam sentido particularizante do antecedente.

O professor castigava os alunos que se comportavam mal.

As explicativas tem a função de explicar o sentido da oração principal, sendo dispensável. Apresentam sentido universalizante do antecedente.

Grande Sertão: Veredas, que foi publicado em 1956, causou muito impacto.

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Geralmente, as orações explicativas vêm separadas da oração principal por vírgulas ou travessões.

Os pronomes relativos que introduzem as orações subordinadas adjetivas desempenham funções sintáticas. Para esse tipo de análise, deve-se substituir o pronome relativo por seu antecedente e proceder a análise como se fosse um período simples.

O homem, que é um ser racional, aprende com seus erros – sujeito

Os trabalhos que faço me dão prazer – objeto direto

Os filmes a que nos referimos são italianos – objeto indireto

O homem rico que ele era hoje passa por dificuldades – predicativo do sujeito

O filme a que fizeram referência foi premiado – complemento nominal

O filme cujo artista foi premiado não fez sucesso – adjunto adnominal

O bandido por quem fomos atacados fugiu – agente da passiva

A escola onde estudamos foi demolida – adjunto adverbial

Cujo sempre funciona como adjunto adnominal; onde como adjunto adverbial de lugar e como será adjunto adverbial de modo.

As oração subordinadas adverbial corresponde sintaticamente a um adjunto adverbial, sendo introduzida por conjunções subordinativas adverbiais. A ordem direta do período é oração principal + oração subordinada adverbial, entretanto muitas vezes a oração adverbial vem antes da oração principal.

As orações subordinadas adverbiais podem ser do tipo:

Causal, fator determinante do acontecimento relatado na oração principal. (Saí apressado, porque estava atrasado)

As principais conjunções são: porque, porquanto, desde que, já que, visto que, uma vez que, como, que…

A oração causal introduzida por como fica obrigatoriamente antes da principal.

Consecutiva, resultado ou efeito da ação manifesta na oração principal. (Saímos tão distraídos, que esquecemos os ingressos)

As principais conjunções são: que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), de maneira que, de forma que…

Comparativa, comparação com o que aparece expresso na oração principal, buscando entre elas semelhanças ou diferenças. Pode aparecer com o verbo elíptico. (Naquele lugar chovia, como chove em Belém)

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As principais conjunções são: assim como, tal qual, que, do que, como, quanto…

Condicional, circunstância da qual depende a realização do fato expresso na oração principal. (Sairei, se você der autorização)

As principais conjunções são: se (= caso), caso, contanto que, dado que, desde que, uma vez que, a menos que, sem que, salvo se, exceto se…

Conformativa, idéia de adequação, de não contradição com o fato relatado na oração principal. (Saímos na hora, conforme havíamos combinado)

As principais conjunções são: conforme, como, segundo, consoante…

Concessiva, admissão de uma circunstância ou idéia contrária, a qual não impede a realização do fato manifesto na oração principal. (Saímos cedo, embora o espetáculo fosse mais tarde)

As principais conjunções: embora, ainda que, se bem que, mesmo que, apesar de que, conquanto, sem que…

As conjunções concessivas sempre aparecem com verbo no subjuntivo.

Temporal, circunstância de tempo em que ocorreu o fato relatado na oração principal. (Saímos de casa, assim que amanheceu)

As principais conjunções são: quando, assim que, logo que, tão logo, enquanto, mal, sempre que…

Final, objetivo ou destinação do fato relatado na oração principal. (Fomos embora, para que não houvesse confusão)

As principais conjunções são: para que, para, a fim de que, com a finalidade de…

Proporcional, relação existente entre dois elementos, de modo que qualquer alteração em um deles implique alteração também no outro. (Os alunos saíram, à medida que terminavam a prova)

As principais conjunções são: à medida que, à proporção que, enquanto, ao passo que, quanto…

Uma oração pode ser subordinada a uma principal e, ao mesmo tempo, principal em relação a outra (ele age / como você / para estar em evidência)

A Norma Gramatical Brasileira não faz referência às orações adverbiais modais e locativas (introduzida por onde) – Falou sem que ninguém notasse / Estaciona-se sempre onde é proibido.

As subordinadas reduzidas apresentam duas características básicas:

não é introduzida por conectivos, mas equivale a uma oração desenvolvida;

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apresenta verbo numa das três formas nominais.

Não é a falta de conectivo que determina a existência de uma oração reduzida, e sim a forma nominal do verbo.

Classificam-se em reduzida de particípio, gerúndio ou infinitivo, em função da forma verbal que apresentam.

As reduzidas de infinitivo podem vir ou não precedidas de preposição e, geralmente, são substantivas ou adverbiais, raramente adjetivas. As orações adverbiais, em geral, vêm precedidas de preposição. Entretanto, as proporcionais e as comparativas são sempre desenvolvidas.

Algumas orações reduzidas de infinitivo merecem atenção: vem depois dos verbos deixar, mandar, fazer, ver, ouvir, olhar, sentir e outros verbos causativos e sensitivos. Deixei-os fugir (= que eles fugissem) – orações subordinada substantiva objetiva direta. Este é o único caso em que o pronome oblíquo exerce função sintática de sujeito (caso de sujeito de infinitivo).

As reduzidas de gerúndio, geralmente adverbial, raramente adjetiva e coordenada aditiva. A maioria das adverbiais são temporais. Não há consecutiva, comparativa e final reduzida de gerúndio.

Segundo Rocha Lima, as orações subordinadas adverbiais modais só aparecem sob a forma reduzida de gerúndio, uma vez que não existem conj. modais. (A disciplina não se aprende na fantasia, sonhando, ou estudando)

A reduzida de particípio, geralmente adjetiva ou adverbial, também sendo mais comuns as temporais. Eventualmente, uma oração coordenada pode vir como reduzida de gerúndio.

As adjetivas reduzidas de particípio são ponto de discussão entre os gramáticos. A tendência atual é considerar estes particípios simples adjetivos (adjuntos adnominais).