sinopse - direito processual civil - da execuÇÃo

19
Direito Processual Civil - Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano Direito Processual Civil - Processo de Execução – 1º Semestre – 4º ano Professor: Dr. Duraid Bazzi Professor: Dr. Duraid Bazzi DA EXECUÇÃO 1. Duas técnicas de execução: Antigamente, o processo civil era separado em processos estanques, onde os atos de cognição se prestavam a formar a convicção do juiz e os atos de execução se destinavam a tornar material o direito que se gozava com certo grau de certeza. Ainda que transitada em julgado a sentença condenatória não se cumpria automaticamente, caso o devedor não cumprisse a obrigação, era necessário ajuizar outra ação para os atos satisfativos do credor. Também não havia distinções significativas entre a execução por título judicial e extrajudicial. O Código Civil passou por sucessivas transformações que alteraram por completo o sistema inicialmente adotado. As sentenças condenatórias de obrigação de fazer ou não fazer receberam cunho mandamental, sendo expedido uma ordem ao devedor para que a cumpra e caso isto não ocorra, desnecessário processo autônomo de execução. Basta que se postulem as providências previstas nos parágrafos 4º, 5º e 6º do artigo 461 para efetivação da determinação judicial. Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação, ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. § 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. § 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. § 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.” Continua existindo o processo de execução autônomo de obrigação de fazer e não fazer (artigos 632 e seguintes do CPP), mas este ficou reservado àquelas obrigações que figurem título executivo extrajudicial. Antes, num processo de cobrança, por exemplo, poderíamos identificar até três processos distintos: o de conhecimento, o de liquidação e o de execução. Após a introdução da Lei 11.232/05, essa sistemática foi modificada e passou a considerar todo o procedimento, desde o aforamento da demanda até a satisfação da execução como um processo único, onde os processos antigos passaram a configurar fases deste. A doutrina denomina esta sistemática como processo sincrético que contém fases cognitivas e executivas. Desta forma, a nomenclatura correta para esta fase é cumprimento de sentença e não processo de execução. O conceito de sentença no processo de conhecimento que era o fim do processo naquele determinado grau de jurisdição foi reformulado. A sentença somente findará o processo se extinguir o mesmo sem resolução de mérito. A sentença que Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Upload: romana2471

Post on 30-Jun-2015

2.228 views

Category:

Documents


19 download

TRANSCRIPT

Page 1: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

DA EXECUÇÃO

1. Duas técnicas de execução:

Antigamente, o processo civil era separado em processos estanques, onde os atos de cognição se prestavam a formar a convicção do juiz e os atos de execução se destinavam a tornar material o direito que se gozava com certo grau de certeza. Ainda   que   transitada   em   julgado   a   sentença   condenatória   não   se   cumpria automaticamente,   caso   o   devedor   não   cumprisse   a   obrigação,   era   necessário ajuizar   outra   ação   para   os   atos   satisfativos   do   credor.   Também   não   havia distinções significativas entre a execução por título judicial e extrajudicial.

O Código Civil passou por sucessivas transformações que alteraram por completo o sistema inicialmente adotado. 

As sentenças condenatórias de obrigação de fazer ou não fazer receberam cunho mandamental, sendo expedido uma ordem ao devedor para que a cumpra e caso isto não ocorra, desnecessário processo autônomo de execução. Basta que se postulem as   providências   previstas   nos   parágrafos   4º,   5º   e   6º   do   artigo   461   para efetivação da determinação judicial.

“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação, ou, se procedente o   pedido,   determinará   providências   que   assegurem   o   resultado   prático equivalente ao do adimplemento.…§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando­lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como  a imposição  de  multa por tempo de atraso,  busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial.

§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva.”

Continua existindo o processo de execução autônomo de obrigação de fazer e não fazer   (artigos   632   e   seguintes   do   CPP),   mas   este   ficou   reservado   àquelas obrigações que figurem título executivo extrajudicial.

Antes, num processo de cobrança, por exemplo, poderíamos identificar até três processos distintos: o de conhecimento, o de liquidação e o de execução. Após a introdução   da   Lei   11.232/05,   essa   sistemática   foi   modificada   e   passou   a considerar todo o procedimento, desde o aforamento da demanda até a satisfação da   execução   como   um   processo   único,   onde   os   processos   antigos   passaram   a configurar  fases  deste.   A   doutrina   denomina   esta   sistemática   como  processo sincrético que contém fases cognitivas e executivas. Desta forma, a nomenclatura correta para esta fase é cumprimento de sentença e não processo de execução.

O conceito de sentença no processo de conhecimento que era o fim do processo naquele   determinado   grau   de   jurisdição   foi   reformulado.   A   sentença   somente findará o processo se extinguir o mesmo sem resolução de mérito. A sentença que 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 2: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

resolve o mérito põe fim apenas a fase cognitiva em primeiro grau e não mais ao processo. O processo deverá prosseguir com a fase de liquidação (se o valor da condenação não for líquido) e a fase de execução, para só então encerrar­se.

Por integrar o processo sincrético, a liquidação deixou de existir como processo autônomo. O tema passou a ser tratado nos artigos 475­A a 475­H, e não mais no livro II – Do processo de execução.

“Art. 475­A. Quando a sentença não determinar o valor devido, procede­se à sua liquidação.

§ 1º Do requerimento de liquidação de sentença será a parte intimada, na pessoa de seu advogado.

§ 2º A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso, processando­se em autos apartados, no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.

§ 3º Nos processos sob procedimento comum sumário, referidos no art. 275, inciso II, alíneas d e e desta Lei, é defesa a sentença ilíquida, cumprindo ao juiz, se for o caso, fixar de plano, a seu prudente critério.”

“Art. 475­H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.”

Considerando esta sistemática (processo sincrético), desnecessário nova citação do devedor, haja vista que esta ocorrera na fase do processo de conhecimento, bastando a intimação do advogado.

Ressalte­se   que   o  processo   sincrético   caberá   apenas   aos   títulos   judiciais, exceto   aqueles   originados   de   sentença   arbitral,   penal   condenatória   e estrangeira, cujos processos não tramitaram na esfera civil. 

A fase de execução no processo sincrético pode ser definitiva ou provisória (art. 475­I e 475­O).

“Art. 475­I. O cumprimento da sentença far­se­á conforme os arts. 461 e 461­A desta Lei ou, tratando­se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

§ 1º É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quanto   se   tratar   de   sentença   impugnada   mediante   recurso   ao   qual   não   foi atribuído efeito suspensivo,

§ 2º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.”

“Art. 475­O. A execução provisória da sentença far­se­á, no que couber, do mesmo modo que a definitiva, observadas as seguintes normas:I – corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;II – fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule sentença objeto da execução, restituindo­se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;III – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 3: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 1º No caso do inciso II do caput deste artigo, se a sentença provisória for modificada   ou   anulada   apenas   em   parte,   somente   nesta   ficará   sem   efeito   a execução.

§ 2º A caução a que se refere o inciso III do caput deste artigo poderá ser dispensada:I – quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato lícito, até o limite de sessenta vezes o valor do salário­mínimo, o exequente demonstrar situação de necessidade;II – nos casos de execução provisória em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação.

§3º Ao requerer a execução provisória, o exequente instruirá a petição com cópias autenticadas das seguintes peças do processo, podendo o advogado valer­se do disposto na parte final do art. 544, § 1º:I – sentença ou acórdão exequendo;II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;III – procurações outorgadas pelas partes;IV – decisão de habilitação, se for o caso;V   –   facultativamente,   outras   peças   processuais   que   o   exequente   considere necessárias.”

Os títulos executivos judiciais deixaram de ser tratados no Livro do Processo de Execução   e   agora,   eles   estão   enumerados   no   artigo   475­N,   e   são   aptos   a desencadear a fase executiva.

“Art. 475­N. São títulos executivos judiciais:I – a sentença proferida no processo civil que  reconheça a  existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;IV – a sentença arbitral;V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;VII   –   o   formal   e   a   certidão   de   partilha,   exclusivamente   em   relação   ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475­J) incluirá a ordem de citação do devedor, no juízo civil, para liquidação ou execução, conforme o caso.”

Na execução por título judicial, o devedor terá a oportunidade de oferecer uma impugnação  em   15   dias   a   contar   da   data   que   é   intimado,   na   pessoa   de   seu advogado,   ou   na   falta   deste,   de   seu   representante   legal,   se   o   credor   não preferir que ela seja pessoal.

Esta impugnação não tem natureza jurídica de nova ação, como os embargos, mas de mero   incidente   processual.   Por   isso,   salvo   se   for   acolhida,   resultando   na 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 4: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

extinção do processo (caso em que caberá apelação), será julgada por decisão interlocutória,   contra   a   qual   caberá   agravo   de   instrumento.  A   amplitude cognitiva dessa impugnação também é limitada. Somente as matérias indicadas no artigo 475­L, em caráter taxativo, serão examinadas.

“Art.475­L. A impugnação somente poderá versar sobre:I – falta ou nulidade da citação se o processo correu à revelia;II – inexigibilidade do título;III – penhora incorreta ou avaliação errônea;IV – ilegitimidade das partes;V – excesso de execução;VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,   novação,   compensação,   transação   ou   prescrição,   desde   que superveniente à sentença.

§1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera­se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.

§2º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença, cumprir­lhe­á declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar dessa impugnação.”

Quanto a  execução dos títulos executivos extrajudiciais, cabe relembrar que serão   processados   perante   o   juízo   competente,   em  processo   autônomo   na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III.  Estes títulos são aqueles descritas no artigo 585 CPC.

“Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicada, a debênture e o cheque;II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento   particular   assinado   pelo   devedor   e   por   duas   testemunhas;   o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;III – os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de seguro de vida;IV – o crédito decorrente de foro e laudêmio;V – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;VI   –   o   crédito   de   serventuário   de   justiça,   perito,   de   intérprete,   ou   de tradutor,   quando   as   custas,   emolumentos   ou   honorários   forem   aprovados   por decisão judicial.VII – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;VIII – todos os demais títulos a que por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

§1º A propositura de qualquer ação relativa ao débito constante do título executivo não inibe o credor de promover­lhe a execução.

§2º  Não   dependem   de  homologação  pelo  Supremo  Tribunal  Federal,  para   serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 5: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação.”

Quadro Sinótico: Panorama das principais inovações recentes da execução civil

Sistema do Código de Processo Civil de 1973

Sistema atual de execução civil, após alterações   decorrentes   das   Leis 8.952/94,   10.144/02,   11.232/05   e 11.382/06

Separação do processo de conhecimento do   processo   de   execução   (processos estanques).

Execução fundada em título judicial e extrajudicial   (procedimento semelhante):   citação   para   o   devedor pagar   em   24   horas   ou   nomear   bens   à penhora.   Após   penhora   e   intimação, prazo   de   10   dias   para   oposição   de embargos (suspendiam a execução).

Execução   de   título   extrajudicial: sempre definitiva.

Execução   de   sentença:   podia   ser provisória, se a condenação ainda não tivesse   transitado   em   julgado,   mas pendesse   de   recurso   dotado   de   efeito suspensivo.

Sentença   condenatória:   punha   fim   ao processo em primeiro grau.

Não cumprimento espontâneo de sentença condenatória: necessário dar início ao processo de execução.

Sentença   ilíquida:   processo   de liquidação.

Processo   sincrético:   desde   a propositura da ação de conhecimento até a satisfação final do julgado. Pode ter até três fases: a de conhecimento, a de liquidação e a de execução.

Sentença:   deixa   de   ser   definida   como ato que põe fim ao processo,  mas só será   sentença   se   encerrá­lo   ou   puser fim   à   fase   condenatória   em   primeiro grau.

Execução   por   título   judicial   – cumprimento de sentença: não cria novo processo, mas sim, uma outra fase (não há necessidade de citação do devedor). Exceções:   execução   de   sentença   penal condenatória, de sentença arbitral e de sentença   estrangeira.   Passou   a   ser regulada   no   Livro   I,   nos   arts.   461 (quando tiver por objeto obrigação de fazer ou não fazer); 461­A (obrigação de entrega de coisa) e 475 (obrigação por quantia), dando início a processo autônomo.

Execução   por   título   extrajudicial: continua   regulada   no   Livro   II.   Há citação.   Defesa   por   embargos,   sem prévia   penhora.   É   quase   sempre definitiva.   Será   provisória   quando houver embargos com efeito suspensivo e apelação pendente contra sentença que os julgou improcedentes.

Sentença Ilíquida: fase de liquidação. A  liquidação   é   declarada   por   decisão interlocutória,   sujeita   a   agravo   de instrumento.

Execução da sentença: a defesa se dá por impugnação – não se dispensa prévia penhora.

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 6: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. ­ 13ª. ed. reform. ­ São Paulo: Saraiva, 2010

2. Da atividade executiva:

A atividade jurisdicional na execução é diversa do processo de conhecimento. Nesta o que se pretende é fazer atuar, por meio de atos materiais, a norma concreta enquanto naquela se busca aplicação do direito ao fato concreto. Daí a importância da execução. Sem ela o credor não teria possibilidade de satisfazer­se sem a colaboração do devedor.

A técnica para a atividade executiva será:• imediata – sem processo autônomo, cumprimento de sentença;• autônoma – prescinde o prévio processo de conhecimento, processo autônomo.

3. Modalidades da execução:

• Cumprimento de sentença: constitui apenas uma fase de um processo maior, sempre precedida de atividade cognitiva. A técnica aplicada será sempre imediata. Utilizada para títulos judiciais (art. 475­N CPC).

• Processo de execução: formação de um processo autônomo e pressupõe um documento   a   que   a   lei   tenha   atribuído   eficácia   executiva.   A   técnica aplicada será sempre autônoma. Utilizada para títulos extrajudiciais (art. 585 CPC).

A execução por título judicial, nos termos do artigo 475­I, §1º do CPC, é definitiva quando houver sentença transitada em julgado, e provisória quando foi impugnada mediante recurso sem efeito suspensivo. Também é provisória a execução das decisões de antecipação de tutela (art. 273, §3º CPC).

“Art. 475­I. O cumprimento da sentença far­se­á conforme os arts. 461 e 461­A desta Lei ou, tratando­se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo.

§ 1º É definitiva a execução da sentença transitada em julgado e provisória quanto   se   tratar   de   sentença   impugnada   mediante   recurso   ao   qual   não   foi atribuído efeito suspensivo,”

“Art.   273.  O   juiz   poderá,   a   requerimento   da   parte,   antecipar,   total   ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:…§ 3º A efetivação da tutela antecipada observará, no que lhe couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461­A.”

A execução fundada em título extrajudicial é, em regra, definitiva. Entretanto, poderá   ser   provisória   se   houver   oposição   de   embargos   recebidos   com   efeito suspensivo enquanto pender apelação da sentença que os julgou improcedentes. Neste caso é preciso atender a dois requisitos: o juiz deverá atribuir aos embargos o efeito suspensivo (exceção), e que tenha havido apelação da sentença que os julgou improcedentes, ficando a execução suspensa até o julgamento dos embargos. Como foram considerados improcedentes, a execução poderá prosseguir, 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 7: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

haja vista que a apelação não tem efeito suspensivo, porém será provisória e não definitiva.

A execução provisória corre por conta e risco do exequente, que deverá indenizar os prejuízos que der causa se a sentença for reformada. A principal diferença entre ela e a definitiva é a necessidade de caução, a ser prestada pelo credor, para garantir ao devedor o ressarcimento em caso de modificação do julgado. A caução será exigida em três situações: quando houver levantamento de dinheiro, prática de atos que importem alienação de domínio ou prática de atos dos quais possa resultar grave dano ao executado. Se o crédito for de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, até o valor de sessenta salários mínimos, a caução será dispensada se o exequente demonstrar situação de necessidade. Também será dispensada a caução quando a execução for provisória porque pende agravo de instrumento no STF ou STJ (art. 544 CPC), salvo quando a dispensa puder causar grave dano, de difícil ou incerta reparação.

No caso de execução de alimentos, caso haja alteração no julgado, o prejuízo do devedor será irreversível, pois os alimentos são por sua natureza irrepetíveis.

Há situações em que a execução se inviabiliza, seja por razões materiais ou pessoais. Neste caso, se não for possível obter o resultado equivalente, a obrigação converter­se­á em perdas e danos. Ex.: material – perecimento da coisa nas obrigações de dar, pessoal: a recusa do devedor em realizar determinada prestação de fazer de caráter personalíssimo.

Para   obter   a  satisfação  do   credor,   o  legislador  faz   uso   de  dois   tipos   de mecanismos (meios da função executiva): os de coerção, onde o Estado­juiz impõe meios de pressão (ex.:imposição de multa diária pelo atraso) para que o próprio devedor cumpra a obrigação que lhe foi imposta e os de  sub­rogação  onde o Estado­juiz substitui­se ao devedor no cumprimento da obrigação. Exemplificando: o credor não paga, o Estado apreende os seus bens e os vende em hasta pública e, com o produto paga o credor.

4. Princípios da execução:

Autonomia   da   execução   –   decorre   da   instauração   de   uma   relação   processual distinta daquela formada no processo de conhecimento (título extrajudicial). As execuções de título judicial não gozam de autonomia enquanto processo, embora continuem gozando de autonomia enquanto fase processual distinta da anterior. A exceção   são   as   execuções   de   sentenças   penais   condenatórias,   arbitrais   e estrangeiras, que embora sejam títulos judiciais, formam processo autônomo no juízo cível competente, sendo indispensável a citação do devedor. 

Desta forma, não se aplica mais este princípio às execuções em geral, mas tão somente   àquelas   fundadas   em   título   executivo   extrajudicial,   onde   haverá   a formação de novo processo.

Em regra, os princípios estão indicados em dispositivos do Livro do Processo de Execução, entretanto aplicam­se também às execuções imediatas, tratadas no Livro do Processo de Conhecimento.

a) Princípio da patrimonialidade – a garantia do débito é o patrimônio e não a pessoa do devedor, conforme dispõe o artigo 591 CPC.

“Art.591. O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 8: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

os seus bens presentes e futuros, salvo restrições estabelecidas em lei.”

São exceções apenas as dívidas de alimentos, que permitem a prisão civil em caso de inadimplemento.

b) Princípio do exato adimplemento – a execução faz­se no interesse do credor (art. 612 CPC) e deve garantir­lhe o resultado que decorreria do adimplemento da obrigação (execução específica), ressalvada a excepcional conversão em pecúnia. 

“Art. 612.  Ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso  universal  (art.  751,  III),  realiza­se  a  execução  no  interesse  do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados.”

Por isso, a execução não atingirá o patrimônio do devedor, senão naquilo que for necessário para satisfação do credor. 

O artigo 659 do CPC determina que serão penhorados tantos quantos bens bastem para o pagamento do principal, juros, custas e honorários advocatícios, sendo suspensa logo que o produto da alienação for suficiente (art. 692, parágrafo único CPC).

“Art.   659.  A   penhora   deverá  incidir   em  tantos  bens   quantos  bastem   para  o pagamento do principal atualizado, juros, custas e honorários advocatícios.”

“Art. 692. Não será aceito lanço que, em segunda praça ou leilão, ofereça preço vil.Parágrafo único. Será suspensa a arrematação logo que o produto da alienação dos bens bastar para o pagamento do credor.”

O credor tem plena disponibilidade do processo podendo desistir de toda execução ou de algumas medidas executivas a qualquer tempo, pois a execução é realizada no seu interesse. Porém, a desistência dependerá da anuência do devedor se ele tiver oposto embargos à execução ou tiver apresentado impugnação, na execução por título judicial, e eles não versarem apenas questões processuais (art. 569 e § único). Sempre que desistir da execução embargada ou impugnada e a desistência for   homologada,   o   credor   deve   suportar   as   custas,   despesas   processuais   e honorários advocatícios (CPC, arts. 26 e 569, parágrafo único, a).

“Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas algumas medidas executivas.

Parágrafo único. Na desistência da execução, observar­se­á o seguinte:a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios;b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.”

“Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu.”

c)  Princípio da utilidade  – não é admitido o uso da execução apenas trazer prejuízo ao devedor sem que reverta em benefícios o credor. Por isso, a penhora não será levada a efeito quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados for totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução (art. 659, §2º CPC).

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 9: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

“Art. 659. A penhora deverá...§ 2º Não se levará a efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.”

d) Princípio da menor onerosidade – deve ser conjugado com os demais. A execução faz­se no interesse do credor, porém, quando por vários meios puder ser obtida a satisfação do credor, o juiz mandará que a execução se faça do modo menos gravoso ao devedor (art. 620 CPC). Assim, evitam­se gravames desnecessários, quando o credor tem outros meios para tornar concretos os seus direitos.

“Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor”.

e)  Princípio   da   responsabilidade   do   devedor  –   incumbe   ao   devedor   a responsabilidade pelas custas, despesas do processo e honorários advocatícios. As despesas com edital, seja o de citação ou o de intimação, seja o que precede às hastas públicas, com avaliação de bens e todas as outras que se fizerem necessárias ao bom andamento da execução serão carreadas ao devedor.

É frequente que o credor tenha de antecipar o pagamento de tais despesas, sob pena de não haver como prosseguir a execução. No entanto, feita a antecipação, as despesas serão incluídas no débito e suportadas pelo devedor.

f)  Princípio   do   contraditório  –   controversa   a   incidência   do   princípio   do contraditório   no   processo   de   execução.   Ainda   que   de   forma   mitigada,   e   com características peculiares, ele é aplicável. 

A doutrina da inexistência do contraditório na execução foi sustentada muitas vezes com o argumento de que não há julgamento de mérito, como no processo de conhecimento.   Efetivamente,   inexiste   julgamento   de   mérito   na   execução, entretanto, nem por isso deixou de ser fartamente lardeado que o réu está sendo processado na fase do conhecimento e o contraditório tenha existido. 

5. As partes na execução:

Legitimidade ativa:

A execução há de ser promovida por quem figure no título executivo como credor, portanto   a   legitimidade   das   partes   é   aferida   pelo   que   consta   do   título executivo.

O credor deve ter capacidade processual. Caso não tenha, deverá ser representado ou assistido.

O  Ministério  Público  também  tem  legitimidade  para  promover  a  execução.  Ele poderá atuar no processo como parte, cabendo­lhe promover a execução da sentença condenatória. Quando atuar como fiscal da lei, a sua legitimidade para ajuizar a execução depende de autorização legal (ex.: ações civis públicas quando decorre o prazo de 1 ano sem que se habilitem interessados em número compatível com a gravidade do dano – Lei 8.078/90 art. 100).

“Art. 566. Podem promover a execução forçada:

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 10: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

I­ o credor a quem a lei confere título executivo;II – o Ministério Público, nos casos prescritos em lei.”

É   admissível   o   litisconsórcio,   tanto   ativo   quanto   passivo,   sendo   sempre facultativo   (as   hipóteses   de   litisconsórcio   necessário   em   execução   ficam restritas as obrigações de fazer incindíveis, ou às relacionadas a entrega de coisa  indivisível).   Ainda  que  sejam  numerosos  os  credores,  cada  um  poderá, livremente, executar a parte que lhe caiba, ou até a totalidade da dívida, na hipótese   de   solidariedade   ativa.   Mas   não   se   pode   obrigar   a   totalidade   dos credores a demandar conjuntamente.

Não se admite no processo ou fase de execução qualquer das formas de intervenção de terceiro, mesmo que o tenha havido na fase do processo de conhecimento não se estenderá à execução.

O art. 567 do CPC, que se aplica também às execuções por títulos judiciais (art. 475­R), elenca situações em que é atribuída legitimidade ativa a pessoas que não participaram da formação do título, mas tornaram­se sucessoras do credor, por ato inter vivos ou mortis causa.

“Art. 567. Podem também promover a ação ou nela prosseguir:I – o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte destes, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo;II – o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi transferido por ato entre vivos;III – o sub­rogado, nos casos de sub­rogação legal ou convencional.”

“Art. 475­R. Aplicam­se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.”

O legislador atribui legitimidade ativa ao sub­rogado, nos casos de sub­rogação legal ou convencional (sub­rogado ­ aquele que paga a dívida alheia, assumindo os direitos, ações e privilégios que eram atribuídos ao credor primitivo). A sub­rogação pode decorrer de lei como nas hipóteses do art. 346 CC, ou da vontade dos interessados, como nas situações do art. 347 CC. 

O artigo 595, parágrafo único do CPC, faculta ao fiador que pagar a dívida prosseguir nos próprios autos a execução do afiançado. 

Embora a norma refira­se especificamente ao fiador, toda vez que houver sub­rogação, poderá o sub­rogado prosseguir nos mesmos autos.

“Art. 595. O fiador, quando executado, poderá nomear à penhora bens livres e desembargados   do   devedor.   Os   bens   do   fiador   ficarão,   porém,   sujeitos   à execução, se os do devedor forem insuficientes à satisfação do direito do credor.

Parágrafo único. O fiador, que pagar a dívida, poderá executar o afiançado nos autos do mesmo processo.”

CC – “Art. 346. A sub­rogação opera­se, de pleno direito, em favor:I – do credor que paga a dívida do devedor comum;II – do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel;

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 11: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

III – do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.”

CC – “Art. 347. A sub­rogação é convencional:I   –   quando   o   credor   recebe   o   pagamento   de   terceiro   e   expressamente   lhe transfere os direitos;II – quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub­rogado nos direitos do credor satisfeito.” 

Legitimidade passiva:

Em regra a execução é ajuizada contra o devedor, reconhecido como tal em título executivo. 

A sentença penal que condena o preposto, não enseja a propositura de execução contra o preponente.

Conforme súmula 341 do STF, o patrão responde pelos danos civis causados por seus empregados, entretanto não há título executivo contra o patrão. Para que o seu patrimônio seja atingido, é necessária a propositura de ação de conhecimento contra ele, sendo desnecessária a prova de culpa do empregado se este tiver condenação criminal.

“Súmula 341 do STF. É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.”

Em caso de morte do devedor, serão legitimados o espólio, enquanto não efetivar a partilha ou após esta os herdeiros e sucessores, respondendo cada herdeiro na proporção da parte que lhe coube na herança. Em caso de solidariedade entre devedores e na morte de um destes, os herdeiros somente serão obrigados a pagar a cota que corresponder a seu quinhão hereditário, exceto se a obrigação for indivisível.

Também poderá ser legitimado passivo o novo devedor que assumiu o débito, com o consentimento do credor. Esta anuência é necessária porque, feita a cessão, será o patrimônio do cessionário que responderá pelo débito.

O fiador judicial e o responsável tributário podem ser demandados na execução, ainda que não figurem no título executivo.

A fiança pode ser convencional ou judicial. Convencional é aquela que resulta de contrato enquanto judicial provém de ato processual. Assim, o fiador judicial, no curso do processo, presta garantia pessoal ao cumprimento da obrigação de uma das  partes,  podendo  ser  executado  pela  obrigação  afiançada.  Para   iniciar  a execução, basta a prova da existência de título executivo contra uma das partes e a demonstração de que esse débito é garantido por fiança judicial.

6. Competência:

A execução fundada em título judicial será processada perante o juízo na qual o título se formou, podendo ainda o exequente optar pelo juízo do local onde se encontram   bens   sujeitos   à   expropriação   (o   que   pode   facilitar   a   penhora, 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 12: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

avaliação  e  expropriação)  ou  pelo  atual  domicílio  do  executado  (que   poderá facilitar   as   intimações   necessárias),   caso   em   que   a   remessa   dos   autos   do processo será solicitada ao juízo de origem. A escolha deve ser feita pelo credor. Se o exequente demandar fora das opções que a lei lhe outorgou, o juiz deve dar­se por incompetente de ofício.

Quando o título executivo for sentença penal condenatória, sentença estrangeira ou sentença arbitral, a execução correrá perante o juízo civil competente, pois haverá execução autônoma.

Para execução de título extrajudicial, é competente o foro da praça de pagamento do título, se outro não houver sido eleito. Se não houver indicação da praça de pagamento, a execução deverá ser proposta no foro de domicílio do devedor. 

Quadro Sinótico: Execução

Princípios:

Princípio da patrimonialidade:  Garantia do débito – patrimônio do devedor. Exceção: dívida de alimentos.Princípio do exato adimplemento:  A execução deve ser específica e suficiente para satisfação do credor e não mais do que isso.Princípio   da   menor   onerosidade:  Na   possibilidade   de   mais   de   um   meio   de satisfação do interesse do credor, o juiz mandará que ocorra da forma menos gravosa ao devedor.Princípio   da   responsabilidade   do   devedor:  Responsabilidade   pelas   custas, despesas do processo, honorários.Princípio do contraditório: Assegurado pela CF a todos os processos judiciais.

Título Judicial:

Fundamento:Emanados do Poder Judiciário (enumerados no art. 475­N do CPC)Não formam um novo processo, mas apenas uma fase, razão pela qual dispensam a citação do réu, salvo se fundadas em sentença penal, arbitral ou estrangeira.

Caráter:Natureza:  imediata  – sem processo autônomo, o que pressupõe prévia atividade cognitiva, sem o qual o direito não adquire a certeza necessária para que se possa invadir, coercitivamente, o patrimônio do devedor.Execução definitiva: se a sentença já houver transitado em julgado.Execução provisória: se a sentença tiver sido impugnada por recurso, sem efeito suspensivo; ou nos casos de execução das decisões de antecipação da tutela.

Prestações:Obrigação de fazer ou não fazer (art. 461 do CPC e seus parágrafos);Obrigação de entrega de coisa (art. 461­A e parágrafos);Obrigação por quantia certa (artigos 475­I e 475­R).

Título extrajudicial

Fundamento:Títulos executivos extrajudiciais, documentos não provenientes do Judiciário, aos quais a lei atribui eficácia executiva. Estão enumerados no artigo 585 do CPC. Constituem um novo processo em que o réu deverá ser citado.

Caráter:

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 13: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

Natureza: autônoma – é prescindível o prévio processo de conhecimento, porque a lei outorga eficácia executiva a certos títulos, atribuindo­lhes a certeza necessária para desencadear o processo de execução.Regra: Execução definitiva.Exceção:   A   execução   será  provisória  pendente   a   apelação   da   sentença   de improcedência dos embargos do executado, desde que eles tenham sido recebidos no efeito suspensivo (art. 587 do CPC).Prestações:Obrigação de fazer ou não fazer (artigos 632 e seguintes do CPC);Obrigação de entrega da coisa (artigos 621 e seguintes);Obrigação por quantia certa (artigos 646 e seguintes – contra devedor solvente e artigos 748 e seguintes – contra devedor insolvente)

Legitimidade Ativa

Credor que figure como tal no título executivo (art. 566, I, do CPC): deve ter capacidade processual, e a petição inicial há de vir firmada por quem tenha capacidade postulatória.Ministério Público: promoverá a execução nos casos autorizados em lei. Quando atuar como parte, sempre lhe será dado promover a execução. Quando atuar como fiscal da lei, a legitimidade dependerá da autorização legal.Espólio, sucessores ou herdeiros do credor: podem promover a execução por ato mortis causa. Antes da partilha dos bens, a legitimidade será do espólio. Após, a legitimidade será dos herdeiros ou sucessores.Se a morte do credor ocorrer depois do ajuizamento da execução, a sucessão no polo ativo far­se­á na forma do artigo 43 do CPC.Cessionário: decorrente da cessão de crédito (artigo 286 do CC). Promoverá a execução por ato inter vivos. Mesmo que iniciada a execução, o cessionário pode assumir o polo ativo sem anuência do devedor, pois inaplicável o artigo 42, §1º do CPC.Sub­rogado:  a sub­rogação pode ser legal (artigo 346 do CC) ou convencional (artigo 347 do CC). Permite­se ao sub­rogado dar início à execução, ou nela prosseguir. Assim, se um terceiro pagar a dívida, sub­rogando­se nos direitos do credor, será possível requerer o prosseguimento nos próprios autos, sem a necessidade de extinguir­se a execução originária.

Legitimidade Passiva

Devedor que figure como tal no título executivo: só cabe execução contra quem figura no título. Por isso, havendo condenação do preposto por sentença penal, não é possível executar o preponente, já que ele não foi parte no processo criminal.Espólio, sucessores ou herdeiros do devedor: até o momento da partilha de bens, o espólio deverá ser demandado. Consumado tal ato, a legitimidade passiva para os herdeiros ou sucessores, sendo que respondem na proporção de cada parte que lhes couber na herança. Na hipótese de solidariedade passiva, os herdeiros ou devedores respondem apenas no limite da cota que corresponder o seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação era indivisível.Novo devedor: nova pessoa assume o débito com o consentimento do credor. Sem a anuência deste, a cessão não vale.Fiador Judicial e responsável tributário:  podem ser demandados, embora não figurem   no   título   executivo.   Fiador   judicial   é   aquele   que,   no   curso   do processo,   presta   garantia   pessoal   ao   cumprimento   da   obrigação   de   uma   das partes. Responsável tributário é aquele que não pratica o fato gerador do tributo, mas é obrigado ao cumprimento da obrigação por disposição legal.

Litisconsórcio / Intervenção de Terceiros

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 14: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

Litisconsórcio: é admitido na execução, tanto no polo ativo quanto no passivo. É em regra facultativo, e cada credor poderá livremente executar a parte que lhe caiba, ou até a totalidade da dívida, na hipótese de solidariedade. Só será necessário quando versar sobre obrigação de fazer incindível, ou entrega de coisa indivisível.Intervenção   de   terceiros:  Não   são   admissíveis   na   execução   as   formas   de intervenção de terceiro previstas no Livro I: denunciação da lide, chamamento ao processo, oposição e nomeação à autoria. Nem mesmo a assistência, uma vez que na execução não haverá sentença favorável a uma das partes, mas sim a satisfação de um crédito consubstanciado em um título executivo.

Competência

Regra: São três os foros competentes (CPC, art. 475­P), cabendo a escolha ao credor. Somente se a execução for proposta fora de qualquer dos três, o juiz pode declarar­se incompetente de ofício:

• juízo no qual o título se formou;• foro em que o executado tiver bens;• foro de domicílio atual do executado.

Exceção: sentença penal condenatória, sentença estrangeira e sentença arbitral, por   implicarem   formação   de   novo   processo,   correrão   perante   o   juízo   cível competente.Foro da praça do pagamento do título, se outro não houver sido eleito.Não havendo praça definida de pagamento, a execução deverá ser proposta no foro do domicílio do devedor.Competência relativa, portanto cabível a exceção de incompetência por parte do devedor.

Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. ­ 13ª. ed. reform. ­ São Paulo: Saraiva, 2010

7. Requisitos necessários para a execução:

Inadimplemento do devedor

Para que o credor tenha interesse de agir, é necessário que o devedor não tenha satisfeito espontaneamente obrigação líquida, certa e exigível, consubstanciada em título executivo.

Em caso de prestações simultâneas, de sorte que nenhum contatante possa exigir a prestação do outro, antes de ter cumprido a sua, não se procederá a execução, se o devedor se propuser a cumprir a sua parte, empregando meios idôneos, e o credor recusar­se ao cumprimento da contraprestação. Tal aplicação processual está prevista nos artigos 476 e 477 do CC. A exceptio só se aplica quando houver obrigações recíprocas e simultâneas.

CC  ­  “Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento do outro.”

CC ­ “Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes   diminuição   em   seu   patrimônio   capaz   de   comprometer   ou   tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar­se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê­la.”

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 15: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

Título executivo

O título executivo é um documento dotado de eficácia para tornar adequada a tutela   executiva   de   uma   pretensão.   A   sua   existência   é   que   viabiliza   o ajuizamento da execução. Sem ele não há como executar (nulla executio sine titulo), pois é ele que dá a certeza da existência do crédito, necessária para que   a   esfera   patrimonial   do   devedor   seja   invadida.   Cabe   somente   à   lei discriminar quais são os títulos executivos. No CPC eles encontram­se enumerados nos artigos 475­N e 585. 

8. Requisitos do título executivo:

O artigo 586 do CPC estabelece que a execução fundar­se­á sempre em título executivo de obrigação líquida, certa e exigível. 

“Art. 586. A execução para cobrança de crédito fundar­se­á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.”

A obrigação é certa quando não há controvérsia quanto à existência do crédito. A certeza decorre, normalmente, da perfeição formal do título.

A obrigação é líquida quando determinado o valor e a natureza daquilo que se deve. O título é certo quando se sabe que se deve; líquido, quando se sabe quanto e o que deve. 

A obrigação não deixa de ser líquida por não apontar o montante da dívida, desde que   se   possa,   pelos   elementos   contidos   no   título,   e   por   simples   cálculo aritmético, chegar ao valor devido.

A obrigação contida no título extrajudicial tem sempre de ser líquida para ensejar a execução, pois não existe liquidação de título extrajudicial. Se assim não o for, é necessário que antes do início da execução se proceda à liquidação do débito. Se a sentença for parte ilíquida e outra parte líquida, não haverá óbice a que se promova simultaneamente a liquidação daquela e a execução desta.

A exigibilidade diz respeito ao vencimento da dívida. Se a obrigação estiver sujeita a condição ou termo, somente com a verificação de um dos dois institutos é que o crédito tornar­se­á exigível.

Quadro Sinótico: Requisitos necessários para execução

Inadimplemento do devedor

TítuloExecutivo

Títulos executivos judiciais; art. 475­NTítulos executivos extrajudiciais: art. 585

Requisitos dos títulos executivos

Obrigação líquida, certa e exívelLíquida: a natureza do débito predeterminado e o valor já fixado. Caso não haja valor fixado, haverá processo de liquidação de sentença.Certa: não há controvérsia quanto à existência do créditoExigível: a obrigação já pode ser cobrada.

Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. ­ 13ª. ed. reform. ­ São Paulo: Saraiva, 2010

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 16: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

9. Responsabilidade patrimonial:

Exceto no caso de devedor de alimentos, a execução é sempre patrimonial. O patrimônio do devedor é a garantia de seus credores, respondendo o devedor com todos   os   seus   bens   presente   e   futuros,   salvo   as   restrições   legais,   para cumprimento de sua obrigação.

Somente os bens do devedor que está sendo demandado que poderá ser atingido pela execução, não podendo atingir bens de terceiro. Caso isto ocorra, o terceiro poderá valer­se da ação de embargos de terceiros para livrar seus bens da constrição indevida.

O artigo 592 do CPC elenca algumas situações excepcionais nas quais terceiros, que não são parte na execução podem ter seus bens atingidos, sem que haja possibilidade de opor embargos de terceiros com sucesso. Esses terceiros não configuram no polo passivo da execução, porém tem responsabilidade patrimonial e seus bens ficam sujeitos à execução.

“Art. 592. Ficam sujeitos à execução os bens:I – do sucessor a título singular, tratando­se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória;II – do sócio, nos termos da lei;III – do devedor, quando em poder de terceiros;IV – do cônjuge, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua meação respondem pela dívida;V – alienados ou gravados com ônus real em fraude de execução.”

A responsabilidade patrimonial estende­se aos bens:

• Do sucessor a título singular, tratando­se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória.A alienação de bem, quando sobre ele pender ação fundada em direito real é fraude à execução e está contemplada no inciso V. Assim, ela é ineficaz perante o credor, como se não existisse e o bem continuasse a integrar o patrimônio   do  devedor.   Reconhecida   a  fraude   à  execução   e  decretada   a ineficácia da alienação, o credor poderá fazer a execução recair sobre o bem alienado em mãos de terceiro, sem que ele possa opor­se por meio de embargos de terceiro, pois o adquirente ou cessionário de coisa litigiosa fica sujeito aos efeitos da sentença (art. 42, §3º do CPC).

“Art. 42. …§ 3º A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário.”

Quanto as obrigações reipersecutórias, são aquelas fundadas em direito pessoal,   mas   que   repercutem   sobre   um   determinado   bem,   impondo   a   sua restituição. Imagine­se uma demanda em que se postule a resolução de um contrato de compra e venda. Acolhido o pedido, e resolvido o contrato, o adquirente estará obrigado a restituir ao alienante o bem negociado. Se, no curso da ação, o bem tiver sido alienado pelo adquirente, o sucessor terá responsabilidade patrimonial, e a execução recairá sobre o bem a ele transferido, ainda que não tenha participado da ação. 

• Do sócio, nos termos da lei.

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 17: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

Há   casos   onde   o   sócio   responde,   solidária   ou   subsidiariamente,   pelas dívidas da empresa. Assim, será possível nas execuções ajuizadas contra a empresa, atingir os bens dos sócios. Também será possível quando o juiz perceber que a empresa foi usada por má­fé e de forma abusiva. Neste caso o juiz decreta a desconsideração da personalidade jurídica, autorizando a penhora dos bens dos sócios. Estes poderão ajuizar embargos de terceiros, em que a questão da desconstituição da personalidade jurídica poderá ser discutida com toda a amplitude. Há aqueles que entendem que neste caso, os sócios, que até então eram terceiros, devem ser citados a integrar a execução, devendo ocorrer a defesa dos sócios por embargos de devedor e não   de   terceiro   e   esta   tem   sido   a   solução   que   vem   predominando   nos Tribunais. 

• Do devedor, quando em poder de terceiro.

O bem do próprio devedor, ainda que em mãos de terceiros, estará sujeito à execução. Há uma redundância, neste artigo, pois a propriedade do bem continua   sendo   do   devedor   e   não   há   que   se   recorrer   às   regras   da responsabilidade patrimonial.

• Do cônjuge, no caso em que seus bens responderem pela dívida.

Se as dívidas de um cônjuge houverem revertido proveito ao casal ou à família, seja qual for o regime de bens, o outro responder por elas, podendo a execução atingir os seus bens ou a sua meação. Há uma presunção relativa de que a dívida contraída por um beneficia o outro, portanto o cônjuge responde pela dívida do outro até provar que não foi beneficiado.

Se o cônjuge quiser livrar­se da penhora, ele deverá opor embargos de terceiro, no qual terá o ônus de demonstrar que a dívida não o favoreceu. Essa presunção era invertida no caso de dívidas decorrentes de aval: em princípio  só   respondiam   por  aquelas   que  prestavam   a  garantia,   não   os cônjuges. Hoje, como há necessidade de outorga uxória (art. 1.647, III, do CC), ambos respondem. Se a dívida provier de ato ilícito, só o patrimônio daquele que o perpetrou responderá. 

“Art. 1647. Ressalvado o disposto no art. 1648, nenhum dos cônjuges pode, sem a autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: …

...III – prestar fiança ou aval;”.

O cônjuge do executado pode opor, alternativa ou cumulativamente, embargos de terceiro ou de devedor, dependendo do que ele queira alegar. Se houver sido intimado da penhora e quiser discutir o débito ou a nulidade da execução será embargos de devedor. Se quiser apenas livrar seus bens da constrição, ou a sua meação, a via adequada são os embargos de terceiros.

• Alienados ou gravador com ônus real em fraude de execução.

As hipóteses de alienação em fraude à execução estão enumeradas no artigo 593 do CPC.

“Art. 593. Considera­se em fraude de execução a alienação ou oneração de 

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 18: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

bens:I – quando sobre eles pender ação fundada em direito real;II – quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi­lo à insolvência;III – nos demais casos expressos em lei.”

A alienação de coisa litigiosa não é vedada e nem modifica a legitimidade das partes originárias, porém ela é ineficaz em relação ao credor. 

O STJ tem decidido reiteradas vezes que só a partir da citação é que a alienação configura fraude de execução. Antes da citação poderá haver fraude contra credores. Embora tenham semelhanças, são institutos que não se confundem.

A fraude contra credores é instituto de direito material tratada pelo Código Civil como defeito do negócio jurídico. A fraude de execução é instituto processual e configura ato atentatório à dignidade da justiça (CPC, art. 600, I). Assemelham­se pois em ambos o devedor aliena os bens, tornando­se insolvente e ainda por que em ambos a alienação é ineficaz perante o credor.

“Art.   600.  Considera­se   atentatório   à  dignidade   da  Justiça   o   ato   do executado que:I – Fraude a execução;

A   ineficácia   da   alienação   deverá   ser   reconhecida   em   ação   própria (pauliana) na hipótese de fraude contra credor e quando houver fraude de execução,   que   pressupõe   ação   em   andamento,   a   ineficácia   poderá   ser decretada nos próprios autos. 

A fraude contra credor gera a anulabilidade e a fraude de execução a nulidade. 

Na fraude contra credores já existe a dívida mas não há ação em andamento, ao passo que na fraude de execução o credor já demandou o devedor e este já foi citado.

O legislador criou ainda um mecanismo, aplicável às execuções por título extrajudicial onde o credor, para evitar eventual fraude, poderá registrar a distribuição da execução, averbando no registro de imóveis ou de outros bens sujeitos a registro. Se agir de má­fé, o credor terá de indenizar os prejuízos causados, conforme apurado em incidente que correrá em autos apartados conforme artigo 18, §2º do CPC. Sem este registro, conforme súmula 375 do STJ, não haverá presunção de má­fé do adquirente.

“Art. 18. … 

§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má­fé, o juiz condenará cada   um   na   proporção   do   seu   respectivo   interesse   na   causa,   ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.”

“Súmula 375 do STJ.  O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má­fé do terceiro adquirente.”

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho 

Page 19: SINOPSE - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - DA EXECUÇÃO

Direito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoDireito Processual Civil ­ Processo de Execução – 1º Semestre – 4º anoProfessor: Dr. Duraid BazziProfessor: Dr. Duraid Bazzi

Quadro Sinótico:Responsabilidade Patrimonial

1ª regra O   patrimônio   do   devedor   é   garantia   de   seus   credores,   e   o devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições legais.

2ª regra Na execução devem ser atingidos apenas e tão somente os bens do devedor que está sendo demandado. Não se pode atingir bens de terceiros, salvo nas situações previstas no art. 59 do CPC.

Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. ­ 13ª. ed. reform. ­ São Paulo: Saraiva, 2010

Quadro Sinótico:Fraude contra credores e fraude à execução

FraudeTítulo executivo judicial 

(execução imediata)Título executivo 

extrajudicial (execução autônoma)

Contra credores Antes da citação no processo de conhecimento.

Antes da citação no processo de execução.

À execução Após a citação no processo de conhecimento.

Após a citação no processo de execução.

Das diferenças entre ambasFraude contra credores Fraude à execução

Instituto de direito material. Instituto de direito processual.

Defeito do negócio jurídico. Ato atentatório à dignidade da justiça.

Dívida já existente, contudo não há a ação   (de   conhecimento,   no   caso   de título   executivo   judicial,   ou   de execução, no caso de título executivo extrajudical) em andamento.

O credor já demandou o devedor, e este já   foi   citado   (para   ação   de conhecimento ou execução, dependendo do caso).

Ineficácia   em   relação   ao   credorr,   a qual   deve   ser   reconhecida   em   ação própria: ação paulitana.

A   ineficácia   em   relação   ao   credor   é reconhecida nos próprios autos.

Semelhanças entre ambasFraude contra credores Fraude à execução

Gera a ineficácia do negócio jurídico fraudulento, que pode ser reconhecida na própria execução.

Gera a ineficácia do negócio jurídico fraudulento,   conquanto   exija   ação paulitana.

Depende   de   comprovação   de   má­fé   do adquirente.

Também   exige   prova   de   má­fé   do adquirente (Súmula 375 do STJ), que só será   presumida   se   a   penhora,   a distribuição da execução (art. 615­A) ou   a   citação   nas   ações   reais   ou reipersecutórias forem registradas.

Processo de execução e cautelar, v.12 / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. ­ 13ª. ed. reform. ­ São Paulo: Saraiva, 2010

Aluna: Paula Cristina Carvalho Aluna: Paula Cristina Carvalho