[sindae] gota d'água - ed. n.09 - março 2015

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TRABALHADORES (AS) PREPARAM OFENSIVA CONTRA RETROCESSOS PÁGINA 7 AVANÇO DA TERCEIRIZAÇÃO É DENUNCIADO NO FORUMAT PÁGINA 3 ÚLTIMAS ASSEMBLEIAS DE APROVAÇÃO DAS PAUTAS NAS EMPRESAS DO SETOR PÁGINA 7 SEMINÁRIO INTERNACIONAL: SÓ A SOCIEDADE, MOBILIZADA, IMPEDE A PRIVATIZAÇÃO PÁGINA 6 PARIS E NOVA IORQUE, EXEMPLOS NA LUTA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO SANEAMENTO PÁGINA 6 Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXIX – Nº 09 – 25 de março de 2015 www.sindae-ba.org.br ACESSE A VERSÃO DIGITAL Com um misto de alegria e força de protestar, especialmente contra a privatização do saneamento, mais de 10 mil pessoas toma- ram o centro de Salvador na última sexta (20) para celebrar a passa- gem do Dia Mundial, Estadual e Municipal da Água (22 de março).A grandeza da caminhada foi destacada por diversas lideranças sindicais de outros estados e ela também ganhou grande receptividade da po- pulação, assustada com a crise da água que se abate no sul do país. Mas o Grito também denunciou a seca que assola nosso estado e a degradação de rios e mananciais. PÁGINAS 2 e 3 XV GRITO DA ÁGUA Sociedade celebra a água e faz mais protestos contra a privatização

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TRABALHADORES (AS) PREPARAM OFENSIVA CONTRA

RETROCESSOSPÁGINA 7

AVANÇO DA TERCEIRIZAÇÃO É DENUNCIADO NO FORUMAT

PÁGINA 3

ÚLTIMAS ASSEMBLEIAS DE APROVAÇÃO DAS PAUTAS NAS

EMPRESAS DO SETORPÁGINA 7

SEMINÁRIO INTERNACIONAL:SÓ A SOCIEDADE, MOBILIZADA,

IMPEDE A PRIVATIZAÇÃOPÁGINA 6

PARIS E NOVA IORQUE, EXEMPLOS NA LUTA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO

DO SANEAMENTOPÁGINA 6

www.sindae-ba.org.br

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXIX – Nº 09 – 25 de março de 2015

www.sindae-ba.org.br

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Com um misto de alegria e força de protestar, especialmente contra a privatização do saneamento, mais de 10 mil pessoas toma-ram o centro de Salvador na última sexta (20) para celebrar a passa-gem do Dia Mundial, Estadual e Municipal da Água (22 de março). A grandeza da caminhada foi destacada por diversas lideranças sindicais de outros estados e ela também ganhou grande receptividade da po-pulação, assustada com a crise da água que se abate no sul do país. Mas o Grito também denunciou a seca que assola nosso estado e a degradação de rios e mananciais. PÁGINAS 2 e 3

XV GRITO DA ÁGUA

Sociedade celebra a água e faz mais protestos contra a privatização

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FOTOS: MANOEL PORTO

Banda de forró, batucadas, dançarinos e fanfarra deram o tom de alegria, de um lado, enquanto de outro faixas, balões, car-tazes e pirulitos levaram pra rua muitos protestos e reivindicações que marcaram a passagem do Dia Mundial, Estadual e Mu-nicipal da Água (22 de março). Assim foi o XV Grito da Água, realizado na última sexta (20) e promovido pelo Sindae, que arrastou uma multidão estimada em mais de 10 mil pessoas pelo centro de Salvador, do Campo Grande à Praça Castro Alves.

A grandeza dessa caminhada e sua im-portância foram destacadas por diversas lideranças sindicais de outros estados, co-mo Rondônia, Roraima, Paraná, Pernambu-co e Rio Grande do Sul, que fi zeram ques-tão de conduzir, do começo até o fi m, o enorme “banner” com o tema do Grito – “Somos Feitos de Água, Direito Humano Fundamental. Não Deixe Privatizar”. Essas lideranças, que vieram a Salvador partici-par da reunião do Coletivo Nacional de Saneamento, disseram que tentarão fazer algo parecido em seus estados para ajudar a conscientização da sociedade sobre a im-portância da água e para preservar a sua gestão pública.

A caminhada encontrou enorme re-ceptividade da população, cada vez mais preocupada com a crise da água que as-sola estados do Sul e Sudeste do país, ten-do grande destaque na imprensa, enquanto aqui vivemos outro ciclo de seca – a pior dos últimos 60 anos – sem que a mesma imprensa dê qualquer ênfase no noticiá-

rio. Diante desse cenário difícil, o XV Grito da Água apontou para a sociedade esses e outros problemas, como a necessidade de preservação dos mananciais hídricos, de educação ambiental, investimento em ener-gias limpas, reuso de água, a degradação de rios, a exemplo do São Francisco e do Poju-ca, entre outras bandeiras levadas por enti-dades sociais e estampadas em faixas.

Entre uma batucada e outra, o Levan-te Popular da Juventude cantou na rua ver-sos como “Em São Paulo já secou, mas aqui não vai secar, e para não privatizar, eu que-ro água popular, popular, popular”. Tocou em algo que a imprensa não destaca: a cri-se de água vivida em São Paulo é resultado da falta de investimento na ampliação dos sistemas, porque a empresa paulista priori-zou a garantia de lucro aos seus acionistas, repassando a estes R$ 4,3 bilhões nos úl-timos dez anos.

O tema que prevaleceu foi a luta con-tra a privatização da água e aí houve pro-testo pela não assinatura do contrato de programa entre a Prefeitura de Salvador e a Embasa, bem como pelos acenos do go-verno pelo uso de novas parcerias público--privadas e abertura do capital da Embasa para o mercado fi nanceiro. Mas temas di-versos também foram levados pra rua, co-mo as reformas política e agrária, o com-bate à corrupção e a defesa da democracia.

Outro grande destaque foi a maciça participação de escolas, desde o nível bási-co até o superior. Crianças e jovens marca-

FOTOS: MANOEL PORTO

Grande caminhada celebra a água com alegria e protestos no centro de Salvador

XV GRITO DA ÁGUA

ALOÍSIO ROCHA

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“O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende é com a vida e com os humildes.Cora Coralina ”

Encarte da edição de nº 09/2015

O processo ilegal e escandaloso de terceirização, bem como as precárias con-dições de transporte para trabalhadores (as) de campo na Embasa foram expos-tas em palestra do companheiro e diretor Edmilson Barbosa na reunião do Forumat (Fórum de Proteção ao Meio Ambiente do Trabalho), realizada na última sexta (20), na sede do Ministério Público do Trabalho. Na reunião estiveram presentes de vários seg-mentos, centrais sindicais e órgãos regula-dores da relação capital x trabalho.

Foi mostrado que, mesmo com a re-alização de concursos públicos, a terceiri-zação ilegal tem avançado na empresa e hoje está no quinto nível (quinterização dos serviços), o que implica na precari-

zação do trabalho, com muitos acidentes, representando um custo alto e difi cultan-do, até mesmo, o atingimento de metas estipuladas pela agência reguladora do saneamento (Agersa), especialmente no tocante à satisfação do usuário e ligação de esgoto. Uma situação precária, que se refl ete na sociedade, uma vez que o tra-balho terceirizado tem suas limitações quanto à qualidade, até porque a emprei-teira busca o lucro.

Quanto ao transporte de emprega-dos, a situação denunciada é que em geral são utilizados carros tipo Kombi que tam-bém levam equipamentos, sem qualquer separação, colocando em risco a vida das pessoas. Esses carros são de empreiteiras

Sindae denuncia no Forumat o avanço da terceirização na Embasa

MANOEL PORTO

que, mesmo cobradas, não investem na melhoria da segurança. O mesmo aconte-ce com as motos, a maioria em condições inadequadas, contrariando as normas do Conselho Nacional de Trânsito.

As entidades presentes ao Forumat fi caram de analisar uma ação conjunta pa-ra cobrar providências da Embasa, que já tem um Termo de Ajustamento de Con-duta (TAC) fi rmado com o Ministério Pú-blico do Trabalho por conta de 72 irregu-laridades referentes às condições saúde e segurança do trabalhador.

ram presença, assim como estudantes de algumas universidades, especialmente do curso de Engenharia Sanitária da Ufba. Lá estiveram estudantes do Colégio Pinto de Carvalho, das Escolas Piratini, Desembar-gador Pedro Ribeiro, Anísio Teixeira e As-sis Chateaubriand, Centro Cultural Édson Souto, Aprendizes do Cefap, Afoxês Filhos

de Ogun de Ronda, Olorum Baba Mi, Ylê Oyá e Filhos da Luz (este último de Feira de Santana), dos terreiros Senzala Religio-sa Mukkunndewa, Unzó Oyá D. Unzamb, Corcomej, Menino Jesus (Candeias), Ins-tituto Central das Creches Comunitárias do Brasil, Família Cultura, Associação Cul-tural Dandara, Cooperativa de Alimentos

da Engomadeira, Bloco Ambiental e Ecosis-tema, Grupo Germem, dentre muitas enti-dades, além de alguns parlamentares. A ca-minhada foi animada pelo forró de Hugo Luna e sua banda.

Só a sociedade, mobilizada, impede a privatização. Várias cidades estão retomando serviços

SEMINÁRIO INTERNACIONAL

Só a mobilização da sociedade conse-guirá barrar as privatizações dos serviços públicos em todo o mundo. Esta foi a con-clusão dos palestrantes e da plateia do Seminário Internacional “As Experiências na Luta Contra as Privatizações e as PPP’s do Saneamento e os Desafi os da Univer-salização”, no dia 19 de março. A Sabesp, empresa de saneamento de São Paulo, foi citada como um exemplo a não ser segui-do, por ter privilegiado a distribuição de lucros para os acionistas em detrimento dos investimentos para ampliação do sis-tema, o que resultou em um desabasteci-mento sem precedentes na história da-quele estado.

A reversão das privatizações de em-presas de saneamento em vários países, inclusive nos Estados Unidos, reforça a tese de que a água é um direito huma-no fundamental e não pode ser objeto de mercantilização. “Mesmo no país dos ser-viços privatizados (os Estados Unidos), a maior cidade (Nova York) remunicipali-zou o abastecimento com resultados bas-tante satisfatórios”, disse, do Canadá, por videoconferência, o secretário-geral da Internacional de Serviços Públicos (ISP), David Boys.

Além da videoconferência de Boys, foram palestrantes presenciais o relator especial da ONU para Água e Saneamen-to, Leo Heller, cujo tema foi Direito Hu-mano a Água e ao Esgotamento Sanitário, a sindicalista uruguaia Carmem Sosa, re-

presentante da Red Vida – Comissão em Defesa da Água e da Vida, que falou da Experiência de Luta no Uruguai e Amé-rica Latina, e o secretário de Saneamen-to da Federação Nacional dos Urbanitá-rios (FNU), Rogério Matos, que abordou os exemplos de resistência às parcerias público-privadas (PPP’s) pelos urbanitá-rios no Brasil.

DEVER DE CASA – Para Rogério Ma-tos, o setor de saneamento tem que dis-putar as eleições de 2016 e eleger repre-sentantes nas Câmaras Municipais, que é onde são discutidos temas diretamente ligados ao setor. “O que nos move es-tar aqui é aprender alguma coisa a mais. Vamos fazer o dever de casa nas nos-sas cidades”, conclamou, citando como exemplo o vereador Gilmar Santiago, de Salvador, representante dos trabalhado-res em saneamento.

MARCO INICIAL – Com uma aborda-gem histórica, Leo Heller destacou que o marco inicial dos Direitos Humanos foi a Revolução Francesa, em 1789, que apro-vou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, prevendo direitos mínimos para todos independente da classe social ou raça. Quase 160 anos depois, em 1948, a Assembleia Geral da ONU aprovou, ain-da sob o impacto da barbárie nazista, a De-claração Universal dos Direitos Humanos. A luta pelo direito a água começou com o Pacto de 1996, que fala em direitos eco-nômicos, sociais e culturais, assinado por

vários países. Em 2010 a Assembleia Geral aprovou a inclusão da água e saneamento entre os direitos fundamentais.

“Foi uma iniciativa da Bolívia, patro-cinada pela Espanha e Alemanha, com o apoio do Brasil. As legislações nacionais devem reconhecer esse direito. É um mar-co formal, que sustenta todas as resolu-ções referentes à água”, observou Heller. O Pacto de 1996 tem aspectos norma-tivos baseados em cinco características: água em disponibilidade, água de quali-dade, água acessível (proximidade), água acessível economicamente (tarifas justas) e aceitabilidade social e cultural.

Ainda segundo ele, “o esgotamento sanitário é regido pelas mesmas normas e mais o direito à privacidade. A privacidade preserva principalmente as mulheres. Na Índia, por exemplo, onde em muitos lugares as privadas são distantes das casas, as mu-lheres só fazem necessidades à noite por temerem o risco de estupros”.

“O direito a água e esgotamento é um elemento novo, que não está, ainda, nas preocupações dos governos e da própria população. O Estado tem a obrigação de defender esse direito. Temos muito que in-corporar à nossa realidade esses concei-tos”, alertou Heller. Sobre o racionamen-to de água (que já ocorre em São Paulo no meio da crise de água), o consultor da ONU classifi cou como uma medida desi-gual, porque os mais prejudicados são os moradores de favelas, moradores de rua, presidiários, escolas e hospitais. Ele falou, também, sobre os Objetivos do Milênio: “A meta de redução pela metade do défi cit de acesso a água foi alcançada. Ainda assim, 800 milhões de pessoas continuam excluí-das, principalmente na África e Ásia, e entre

FOTOS: MANOEL PORTO

4 Encarte da edição de nº 09/2015

os que têm acesso há desigualdades: quali-dade da água, proximidade, etc. Em relação ao esgotamento, a meta está atrasada, dei-xando descobertas 2,5 bilhões de pessoas”.

No Brasil já atingimos a meta para a água e estamos próximos à do esgoto. Apesar disso, 40% da população ainda es-tão fora desse quadro em matéria de qua-lidade e disponibilidade. As atuais metas têm 2015 como prazo fi nal e as novas, que irão até 2030, estão em negociação. Em setembro deste ano devem ser aprovadas de 15 a 20 objetivos e cerca de 200 metas. A água e o esgotamento são os objetivos de número seis e a meta 6.1 prevê acesso total a água segura para todos até 2030 e levar esgotamento a 1 bilhão de pessoas que ainda defecam a céu aberto.

AMÉRICA LATINA – Carmem Sosa fez questão de assinalar que a água é um di-reito fundamental incluído na Constituição do Uruguai por um projeto de iniciativa popular. A sindicalista, dirigente da Fede-ração dos Funcionários da estatal Obras Sanitarias del Estado (OSE), traçou um pa-norama das privatizações de serviços pú-blicos na América Latina, iniciadas no fi nal dos anos 1980, quando muitos países ain-da viviam sob ditaduras, sob infl uência do Banco Mundial. Serviços de saúde, energia e saneamento foram entregues a empresas privadas, seguindo as recomendações do Consenso de Washington. “Se não formos às ruas, reclamar nossos direitos, nada fun-ciona. Devemos demonstrar que a gestão pública da água potável e do saneamento é a adequada para o nosso país”, acredita.

O Uruguai não tem multinacionais operando o sistema de água e saneamento, que é controlado pela OSE. Mesmo assim, Carmem disse que há riscos de novas for-mas de privatização e denúncias contra a terceirização de áreas estratégicas da OSE. Por esse motivo, os sindicalistas estão em assembleia nacional permanente.

FRACASSO MUNDIAL – A luta para que o poder público respeite os funcionários passa por uma mobilização permanente, segundo David Boys. “Temos que repercu-tir o fracasso mundial da Sabesp, um mo-delo do FMI, do Banco Mundial e do Ban-co Interamericano de Desenvolvimento. A luta contra a privatização se dá em níveis mundial, nacionais e regionais”, conclamou o líder trabalhista canadense. Ele alertou que as empresas privadas fazem um lobby importante na ONU em relação às novas Metas do Milênio e oferecem ganhos a 1% da população e para o restante a crise, mas

os trabalhadores têm o povo.“As empresas têm uma nova propos-

ta, ainda mais perigosa, de privatização: o fi nanciamento dos serviços públicos por meio das PPP’s. Temos que entender os mecanismos e desmistifi car o processo. O setor privado não quer apenas ter ga-nhos e benefícios, quer maximizar tudo”, denunciou Boys. Com a crise mundial, os governos dizem que não têm dinheiro pa-ra grandes investimentos e apelam para as PPP’s por 25, 30 anos. Mas Boys trouxe o alerta de que esses fi nanciamentos são de bancos privados, com juros maiores que os oferecidos diretamente aos governos, o que encarece os serviços. Ele fez um cha-mado para que todos trabalhem com vis-tas à justiça tributária e contra a corrup-ção e encerrou a videoconferência com a tradicional palavra de ordem: “o povo uni-do jamais será vencido”. Participou tam-bém do evento a Orquestra de Berimbaus Afi nados DX (OBADX).

EDMILSON BARBOSA

5Encarte da edição de nº 09/2015

Organizações denunciam na ONU suspensão da “lista suja” do trabalho escravo

Duas organizações sociais, a Co-nectas e a Repórter Brasil, denunciaram no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em sessão na semana passada, em Genebra (Suiça), a suspensão da chama-da “lista suja” do trabalho escravo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A sus-pensão ocorreu em dezembro último, numa decisão liminar do presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski.

A “lista suja” foi criada por uma portaria do Ministério do Trabalho e Emprego e impedia a concessão de crédito ou subsídio público a empresas

fl agradas utilizando mão de obra escra-va. Com a sua suspensão, cerca de 600 empresas e pessoas poderão continuar explorando trabalhadores com recur-sos públicos.

Na denúncia feita no Conselho de Direitos Humanos, as organizações ale-garam que as empresas incluídas na “lis-ta suja” obtiveram alívio temporário, através de uma ação bem sucedida, or-questrada pela porta dos fundos. As en-tidades também solicitaram uma visita ao Brasil da relatora especial para For-mas Contemporâneas de Escravidão da

ONU, Urmila Bhoola, a fi m de avaliar o impacto da decisão do STF no combate ao trabalho escravo.

"A decisão de Lewandowski aca-bou com uma ‘lista suja’, mas isso não signifi ca que outras não possam ser elaboradas”, afi rma Marcel Gomes, da Repórter Brasil. "As empresas e o go-verno não podem fi car de braços cru-zados. As empresas têm o dever de criarem mecanismos internos para im-pedirem o benefi ciamento de compa-nhias e pessoas que se valem de mão de obra escrava”, completou ele.

6 Encarte da edição de nº 09/2015

Estudante questiona posição da ONU

O estudante de Engenharia Sanitária e Ambiental, da Universidade Federal da Bahia, Albert Porto, participou atentamente de to-do o Seminário Internacional sobre Sanea-mento, juntamente com mais dois colegas de curso. Destacou a organização e disse que o evento “é crucial para introduzir o sentimento social do saneamento, permi-tindo sentir o verdadeiro impacto desse se-tor na vida das pessoas”. No entanto, saiu decepcionado com a palestra do relator da ONU para Água e Saneamento, Leo Heller: “ele não falou nada sobre parceria público--privada, tema principal do seminário. Se-rá que a ONU não quer se intrometer na questão ou é porque a defende?”.

Representantes de vários sindicatos brasileiros do setor de saneamento parti-ciparam, em Salvador, da reunião do Cole-tivo Nacional de Saneamento que a FNU--CUT promoveu na última quarta (18), no auditório do Sindae. A reunião foi coman-dada pelo presidente da entidade,Arilson Wunsch, e um dos destaques foi a video-conferência com a vice-prefeita de Paris, Anne Le Strat, que falou sobre a experi-ência da capital francesa, meca das maio-res empresas privadas de saneamento do mundo, com a retomada dos serviços pe-lo município. Segundo ela, durante a pri-vatização do saneamento, não havia qual-quer controle nem metas, o que trazia graves prejuízos à população.

Com a retomada dos serviços pela Prefeitura, o custo da água diminuiu 8%, o salário dos (das) empregados (as) melho-rou e aumentou a transparência nas con-tas, trazendo muitos ganhos para a comu-nidade. “Não foi um trabalho fácil, mas hoje muitas cidades francesas querem fazer o mesmo, enquanto os grupos privados lu-tam para que isso não aconteça”, disse An-ne. Ela citou outras peculiaridades de lá: as perdas de água chegam a 5%, muito baixas portanto, e todo o esgoto é tratado e jo-gado nos rios. Paris tem uma segunda rede de água, esta não potável, que é para uso em parques, jardins e calçadas. Além disso, não existe ligação ilegal.

MAQUIAGEM – Presidente regional da Assemae em São Paulo, Aparecido Hojaij afi rmou que a tática de empresários vi-sando a privatização é assediar prefeitos para que esfacelem as autarquias munici-pais. “Pegam 10 a 12 autarquias que não vão bem para servir de exemplo, fazendo uma espécie de maquiagem”.

“O capital não tem limites, e com as reações da sociedade ele vai se aprimo-rando”, explicou o professor Luiz Ro-berto Moraes, ao falar das parcerias pú-blico-privadas, “hoje uma roupagem nova daquilo que a Inglaterra aperfeiçoou”. Disse ainda que esse tipo de parceria é de baixo ou nenhum risco para o empre-sário e que se sobrepõe ao interesse pú-blico. Alertou, ainda, que a crise hídrica é uma janela para o capital privado ampliar sua participação no mercado.

O (então) presidente da Embasa, Abelardo de Oliveira Filho, fez uma pales-tra sobre a regulação de serviços nas re-giões metropolitanas, desde as previsões contidas na Constituição de 1967 até o novo entendimento do Supremo Tribunal Federal. Por conta disso, afi rmou que os municípios dessas regiões devem estabe-lecer contratos de programa com a enti-dade metropolitana, como a estruturada em Salvador por decisão do governo es-tadual. Apesar de questionada pela Prefei-

tura de Salvador, Abelardo afi rmou que é reconhecida como constitucional por re-nomados juristas, a exemplo de Saulo Leal e Dalmo Dallari.

Finalizando o encontro, o companhei-ro e diretor Pedro Romildo mostrou mais detalhes sobre as parcerias público-pri-vadas. Em seguida, o secretário de Sane-amento da FNU, Rogério matos, mostrou o panorama da luta contra a privatização no Brasil. Também foi traçado um plano de lutas contra a privatização do setor.

EDMILSON BARBOSA

O exemplo de Paris ao reverter privatização e melhorar os serviços

COLETIVO NACIONAL DE SANEAMENTO

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Centrais Sindicais preparam ofensiva

para impedir retrocessos

Últimas assembleias de aprovação das

pautas nas empresas do setor

Em conjunto com outras centrais sindicais e movimentos sociais, a Cen-tral Única dos Trabalhadores (CUT) pretende fazer novas mobilizações de massa, dando continuidade à Jornada de Lutas em defesa da democracia, da reforma política e por mais direitos à classe trabalhadora. Em nota divulgada na semana passada, a Executiva Nacio-nal da CUT disse que “é nossa tarefa impedir que a direita sorrateiramente amplie apoio em setores populares pa-ra o retrocesso, explorando o descon-tentamento que existe na sociedade”.

Nesse sentido, já na semana passa-da a CUT se reuniu em âmbito nacio-nal com os movimentos populares que participaram do Dia Nacional de Lutas de 13 de março para discutir a organi-zação e ampliação da Jornada de Lutas. Já está certo que no dia 7 de abril ha-verá grande mobilização em defesa dos direitos e contra o Projeto de Lei 4330, cuja votação está pautada para esse dia no Congresso Nacional. Esse proje-to visa fl exibilizar direitos trabalhis-tas, abrindo as portas para todo tipo de terceirização. Outra mobilização de grande porte a ser feita é em primeiro de maio, Dia do Trabalhador.

As duas últimas assembleias de aprovação das pautas de reivindica-ções, em empresas do setor de sanea-mento, aconteceram na última segunda (23), na DAC e Foz Jaguaribe. Na sema-na anterior elas ocorreram na Cetrel S/A, Cetrel Lumina e Odebrecht Am-biental. Ao mesmo tempo estão sendo realizadas esta semana assembleias nos últimos Saae’s. O Sindicato já pediu o início das negociações dos acordos co-letivos para então inaugurarmos uma nova fase da campanha salarial.

Sessão solene propõe frente parlamentar e observatório

do saneamento

A instalação de uma Frente Parlamen-tar em Defesa do Saneamento, a criação do Observatório do Saneamento Básico na Bahia e o fi m das parcerias público-pri-vadas (PPP’s) foram reivindicadas na ses-são solene do Dia Mundial da Água (22 de março), realizada na Câmara de Vereado-res de Salvador na última sexta (20). A ses-são foi proposta pelo vereador e compa-nheiro Gilmar Santiago (PT) e teve ainda a participação dos vereadores petistas Vânia Galvão e Luis Carlos Suíca, além do presi-dente do Legislativo, Paulo Câmara, além de vários convidados e estudantes.

A proposta de criação da Frente Par-lamentar, feita por Gilmar, recebeu apoio de Paulo Câmara. Também presente ao evento, representando o Ministério Públi-co Estadual, a promotora Cristina Seixas alertou que o poder econômico infl uen-cia os legislativos a fl exibilizar as legisla-ções de proteção ao meio ambiente e que haverá guerras por água, “numa dis-puta gota a gota, implicando em mais so-frimento, sobretudo para as populações mais pobres. É fundamental sensibilizar, desde já, toda a humanidade sobre os es-toques de água”.

“A água é um direito humano funda-mental, lutar por ela é lutar pela vida e por uma sociedade mais justa”, afi rmou a professora de Engenharia Ambiental da Ufba, Patrícia Borja. Ela criticou o municí-pio pela falta de um plano de saneamento ambiental e de mecanismos de participa-ção e controle social em Salvador, além de denunciar o desmonte, pelo governo

estadual, das políticas do setor. “O plano estadual de saneamento está parado, a Agersa está parada. É um retrocesso mui-to grande”. Disse ainda que atualmente existe grave crise de água em São Paulo e diversas regiões do planeta, como no México, África Subsaariana e Indonésia, dentre outras, lembrando ainda que ho-je mais de um bilhão de pessoas não têm acesso à água potável no mundo. Enquan-to isso, afi rmou, mais de 70% é consumida na agricultura de forma predatória.

O presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), Arilson Wunsch, reforçou a fala da professora: “Não pode-mos permitir que a água se transforme de direito humano fundamental em direito de mercadoria”, e que, por ser essencial, está todo mundo (os capitalistas) de olho no lucro que ela dá. A sindicalista uruguaia Carmem Sosa, representante da RedVida – Comissão em Defesa da Água e da Vida, lembrou que no país dela, quando a água foi privatizada o custo aumentou 700%, a população foi às ruas e conseguiu rever-ter a privatização.

O nosso coordenador-geral, Danilo Assunção, afi rmou que não se pode falar na luta em defesa água sem falar do Sin-dae, que faz parte do movimento social e enfrentou todas as tentativas de privati-zação de água. Gilmar Santiago reforçou, ao lembrar que “essa sessão solene acon-tece desde 2003, quando o Sindae apre-sentou um projeto de iniciativa popular que reverteu a tentativa de privatização da Embasa”.

ACERVO SINDAE

Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), fi liado à FNU/CUT;Responsabilidade: Diretoria Executiva; Editor: José Sinval Soares; Jornalista Colaborador: Alberto Freitas;Comp. e Impressão: Gráfi ca do Sindae;Tiragem: 8.000 exemplares; Endereço: Rua General Labatut, nº 65, Barris. Salvador – BahiaCEP: 40.070-100; Tel.: (71) 3111-1700; Fax: (71) 3013-6913Email: [email protected]

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ETOMENota

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SEM FARDAMENTOHá muito tempo os empregados

da Embasa em Muritiba aguardam, em vão, a chegada de novo fardamento. Vá-rios pedidos já foram feitos e as pro-messas acabam apenas sendo renova-das. Bem que a empresa poderia seguir o exemplo da “caravana de segurança” realizada recentemente nas unidades de Jequié, e que distribuiu diversos equipa-mentos de proteção individual (EPI’s). Afi nal, a farda também é necessária ao trabalho e à segurança do trabalhador.

EMPREGOO nível de emprego na indústria

brasileira teve queda de 0,1% em ja-neiro na comparação com dezembro e 4,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. O recuo é de 3,4% no acumulado dos doze meses até janeiro, mantendo uma trajetória de queda ini-ciada em setembro de 2013, conforme a Pimes (Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário), do IBGE.

PRODUÇÃO INDUSTRIALO Brasil registrou aumento de 2%

na sua produção industrial em janei-ro, em relação a dezembro, mas caiu 5,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados são do IBGE, lembrando ainda que em 2014 a produção teve queda de 3,2%, pior resultado em cinco anos. Na avaliação do instituto, o ritmo do setor indus-trial continua fraco e a expectativa é que não melhore nos próximos meses devido ao endividamento das famílias, crédito mais caro e crise internacional.

TRABALHO ESCRAVODe 411 motoristas terceirizados

que prestavam serviço à Vale, uma das maiores empresas de mineração do mundo, nada menos do que 309 viviam em situação análoga a de escravos num centro de operações em Itabirito (MG). Por isso, a empresa foi autuada pelo Ministério do Trabalho, Ministério Pú-blico do Trabalho e Polícia Federal. Os empregados não tinham acesso à água potável nem banheiro e faziam jorna-das excessivas, de até 23 horas seguidas, dentre muitas outras irregularidades.

SIGA-NOS:

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Adiado para agosto prazo para redução da jornada de turno na Embasa

A mudança na jornada de turno dos (das) operadores (as) da Embasa, previs-ta para acontecer em primeiro de abril, foi adiada para primeiro de agosto como resultado de negociação feita entre o Sin-dicato e a empresa na semana passada. Até o novo prazo, os (as) operadores (as) podem negociar com o respectivo (a) ge-rente a jornada quer preferir, cumprindo o que determina a legislação, que estabe-lece limite de 8 horas por turno.

Vale ressaltar que a redução da jor-nada para o limite de 8 horas/turno não é fruto de negociação com o Sindicato, mas sim de uma obrigação imposta por lei e que a empresa, para não ser punida, tem exigido o cumprimento dessa nor-ma. Por conta disso, haverá um aditivo ao

acordo coletivo. Negociado foi apenas o adiamento do prazo para o cumprimen-to dessa norma. O Sindicato, no entanto, entende que em boa parte dos locais de trabalho a melhor opção de jornada de turno seria a de 12 horas.

De acordo com a Constituição Fede-ral, em seu art. 7º, inciso 14, a jornada de trabalho em regime de revezamento de turno é de 6 horas. O Tribunal Superior do Trabalho (TST), interpretando essa norma, editou a Súmula 423 entendendo como válida a jornada de 8 horas, desde que prevista em acordo coletivo. O mes-mo TST, na Súmula 444, também conside-ra válido o turno fi xo de 12 horas por 36 de descanso, desde que previsto em acordo coletivo.

EDMILSON BARBOSA

Emasa é cobrada sobre plano de cargosEm reunião com representantes sin-

dicais no último dia 10, o diretor técni-co da Emasa, Geraldo Dantas, prometeu dar uma resposta, até o próximo dia 26, sobre a implantação do plano de cargos e salários, antiga reivindicação dos (das) empregados (as). Esse plano consta do primeiro acordo coletivo e no acordo do

ano passado a empresa concordou em resolver essa pendência num prazo de 90 dias. Dirigentes do Sindicato estarão em Itabuna no próximo dia 26 para discutir a questão com a direção da Emasa e co-brar mais celeridade para a implantação do plano de cargos, algo essencial para dar mais motivação à categoria.