sinasefe analise proposta-governo (1)

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SINASEFE Fundado em 11 /11/ 1988 – CNPJ: 03.658.820/0001-63 SCS – QD 02 ENT. 22 BL.”C” ED. SERRA DOURADA SLS.109/110 – CEP 70.300-902 – BRASÍLIA/DF FONES: (061) 2192-4050 – FAX: 2192-4095 e-mail: [email protected] HOME PAGE: http//: www.sinasefe.org.br SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES FEDERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA Filiado à CSP- CONLUTAS e CEA Análise da proposta do governo aos docentes da Rede Federal O governo tenta impressionar a categoria e a sociedade divulgando uma tabela de valores com salários atrativos para o topo da tabela, mas que contempla apenas aos doutores com Dedicação Exclusiva (DE). Mantém a mesma lógica de propostas anteriores, mas piorando em muito as questões relacionadas ao desenvolvimento e à estrutura da malha salarial docente. Essa proposta deve, inclusive, ser analisada não apenas em termos de valores/tabelas; deve ser debatida principalmente pelo conjunto de elementos que compõem a estrutura de uma tabela ou carreira, modificada de forma ampla e prejudicial pela proposta apresentada. Ao divulgar na mídia apenas os valores salariais (destacando os percentuais destinados aos doutores com DE como se esses fossem aplicados a todos), o governo tenta esconder os aspectos extremamente negativos da sua proposta que, como veremos a seguir, nem mesmo é uma proposta financeira tão vantajosa como tentam nos convencer. ASPECTOS FINANCEIROS Deve-se ter em mente que os valores e percentuais divulgados na mídia só serão atingidos em 2015 e o primeiro reajuste só será concedido em julho de 2013 (daqui a 12 meses) e corresponderia a 40% dos recursos destinados ao aumento proposto. Os dois outros aumentos ocorrerão em maio de 2014, quando seriam aplicados 30% dos recursos e em março de 2015 onde seriam aplicados os 30% restantes. O governo anuncia um reajuste de até 45%, mas esses valores só se aplicam aos professores doutores com DE na classe de titular, num percentual de no máximo 20% da força de trabalho da rede nessas condições acadêmicas. Os professores graduados com DE, com aperfeiçoamento e com especialização, também teriam um aumento dessa ordem no salário inicial, contudo seriam muito prejudicados na estrutura e no desenvolvimento na nova tabela, com critérios que claramente impossibilitam seu desenvolvimento apenas pelo cumprimento de interstício entre uma progressão e outra. Os índices anunciados pelo governo são calculados a partir da tabela salarial de fevereiro de 2012, quando ainda não havia sido concedido o reajuste de 4% acordado no ano passado. Desse modo os índices reais, calculados em relação ao salário atual, são menores que os anunciados já que devemos subtrair os 4% do percentual de cada nível presente na tabela. Mais uma estratégia midiática do governo em tentar transformar o conteúdo da proposta em algo mais robusto e aceitável pela categoria e pela sociedade. No geral, os reajustes variam de acordo com o nível, titulação e o regime de trabalho. Calculando os percentuais de aumento em relação ao salário atual, estabelecido em março de 2012 (ver tabela anexa), vemos que em algumas faixas o índice de reajuste chega a ser de apenas 13%, divididos pelos três anos e fica, na maioria dos casos, na faixa de 20% a 25%. Os maiores reajustes situam-se em 42%, mas para apenas uma faixa pequena de docentes com DE.

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SINASEFE Fundado em 11 /11/ 1988 – CNPJ: 03.658.820/0001-63

SCS – QD 02 ENT. 22 BL.”C” ED. SERRA DOURADA SLS.10 9/110 – CEP 70.300-902 – BRASÍLIA/DF

FONES: (061) 2192-4050 – FAX: 2192-4095 e-mail: [email protected] HOME PAGE: http//: www.sinasefe.org.br

SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES FEDERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA, PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

Filiado à CSP- CONLUTAS e CEA

Análise da proposta do governo aos docentes da Rede Federal

O governo tenta impressionar a categoria e a sociedade divulgando uma tabela de valores com salários atrativos para o topo da tabela, mas que contempla apenas aos doutores com Dedicação Exclusiva (DE). Mantém a mesma lógica de propostas anteriores, mas piorando em muito as questões relacionadas ao desenvolvimento e à estrutura da malha salarial docente.

Essa proposta deve, inclusive, ser analisada não apenas em termos de valores/tabelas; deve ser debatida principalmente pelo conjunto de elementos que compõem a estrutura de uma tabela ou carreira, modificada de forma ampla e prejudicial pela proposta apresentada.

Ao divulgar na mídia apenas os valores salariais (destacando os percentuais destinados aos doutores com DE como se esses fossem aplicados a todos), o governo tenta esconder os aspectos extremamente negativos da sua proposta que, como veremos a seguir, nem mesmo é uma proposta financeira tão vantajosa como tentam nos convencer.

ASPECTOS FINANCEIROS

Deve-se ter em mente que os valores e percentuais divulgados na mídia só serão atingidos em 2015 e o primeiro reajuste só será concedido em julho de 2013 (daqui a 12 meses) e corresponderia a 40% dos recursos destinados ao aumento proposto . Os dois outros aumentos ocorrerão em maio de 2014, quando seriam aplicados 30% dos recursos e em março de 2015 onde seriam aplicados os 30% restantes.

O governo anuncia um reajuste de até 45%, mas esses valores só se aplicam aos professores doutores com DE na classe de titular, num percentual de no máximo 20% da força de trabalho da rede nessas condições acadêmicas. Os professores graduados com DE, com aperfeiçoamento e com especialização, também teriam um aumento dessa ordem no salário inicial, contudo seriam muito prejudicados na estrutura e no desenvolvimento na nova tabela, com critérios que claramente impossibilitam seu desenvolvimento apenas pelo cumprimento de interstício entre uma progressão e outra.

Os índices anunciados pelo governo são calculados a pa rtir da tabela salarial de fevereiro de 2012 , quando ainda não havia sido concedido o reajuste de 4% acordado no ano passado. Desse modo os índices reais, calculados em relação ao salário atual, são menores que os anunciados já que devemos subtrair os 4% do percentual de cada nível presente na tabela. Mais uma estratégia midiática do governo em tentar transformar o conteúdo da proposta em algo mais robusto e aceitável pela categoria e pela sociedade.

No geral, os reajustes variam de acordo com o nível, titulação e o regime de trabalho. Calculando os percentuais de aumento em relação ao salário atual, estabelecido em março de 2012 (ver tabela anexa), vemos que em algumas faixas o índice de reajuste chega a ser de apenas 13%, divididos pelos três anos e fica, na maioria dos casos, na faixa de 20% a 25%. Os maiores reajustes situam-se em 42%, mas para apenas uma faixa pequena de docentes com DE.

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SINASEFE Fundado em 11 /11/ 1988 – CNPJ: 03.658.820/0001-63

SCS – QD 02 ENT. 22 BL.”C” ED. SERRA DOURADA SLS.10 9/110 – CEP 70.300-902 – BRASÍLIA/DF

FONES: (061) 2192-4050 – FAX: 2192-4095 e-mail: [email protected] HOME PAGE: http//: www.sinasefe.org.br

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Além disso, devemos ter em mente que, de julho de 2010 a junho de 2012, a inflação

acumulada ficou em torno de 15%. Se projetarmos uma inflação semelhante até 2015, teremos um valor de aproximadamente 32% no período de 2010 a 2015. Desse modo, a proposta do governo sequer irá repor as perdas da m aior parte da categoria e representa uma redução do salário real para muitos docentes.

Também devemos notar que a suposta valorização da DE e da Titulação anunciada pelo governo é falaciosa: a faixa salarial proposta aos doutores com dedicação exclusiva equivale ao que outras categorias recebem sem as exigências de titulação e dedicação exclusiva. Na realidade o que está sendo proposto é uma depreciação dos professores de 40 horas, de 20 horas e daqueles que não possuem doutorado. A proposta para um graduado em regime de 40 horas é de ridículos R$ 2.604,73 a serem atingidos apenas em 2015. Compare-se esse valor com o que recebem outras carreiras do serviço público de nível superior1 e se terá uma pequena ideia de como a oferta do governo é absurda!

Porém, como veremos a seguir, a proposta é ainda pior ao se considerar a estrutura da carreira proposta e as formas de desenvolvimento na carreira.

ESTRUTURA DE CARREIRA (por enquanto só tabela)

O maior problema na proposta do governo é a estrutura e desenvolvimento na carreira, sendo uma versão piorada de uma proposta apresentada no ano passado2. São mantidas duas carreiras separadas: do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) e do Magistério Superior (MS) com estruturas e remuneração iguais.

A estrutura de classes é mantida, porém o número de níveis é reduzido dos atuais 16 para 13, sendo que o atual cargo isolado de Professor Titular passa a ser o décimo terceiro nível.

1 Por exemplo, as agências reguladoras pagam R$ 12.081,00 de salário inicial. A Polícia Federal paga R$ 7.514,33 para

agente e R$ 13.368,68 para peritos e delegados como salários iniciais. 2 Disponível em http://portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-pri-2139356893.zip.

Enquadramento Básico Aperf Espec Mestr Dout

Titular para Titular 39,5%

DV-3 para DIV-4 17,5% 32,0% 42,1% 25,8% 30,2%

DV-2 para DIV-3 17,2% 31,2% 40,9% 25,8% 28,8%

DV-1 para DIV2 16,9% 30,2% 39,4% 22,6% 24,8%

DIV-S para DIV-1 14,8% 16,4% 16,2% 17,7% 19,6%

DIII-4 para DIII-4 34,0% 35,8% 33,6% 19,9% 33,1%

DIII-3 para DIII-3 35,8% 37,1% 35,2% 20,6% 31,7%

DIII-2 para DIII-2 37,6% 38,4% 36,8% 20,8% 30,5%

DIII-1 para DIII-1 39,4% 40,1% 39,0% 22,1% 31,2%

DII-4 para DII-2 32,2% 33,2% 32,7% 20,2% 26,1%

DII-3 para DII-2 35,3% 36,3% 35,8% 22,9% 28,7%

DII-2 para DII-1 37,0% 38,1% 37,6% 24,7% 30,2%

DII-1 para DII-1 40,2% 41,3% 40,8% 27,6% 32,9%

DI-4 para DI-2 32,8% 34,9% 35,0% 23,6% 31,1%

DI-3 para DI-2 35,8% 38,0% 38,1% 26,3% 33,8%

DI-2 para DI-1 37,1% 39,2% 38,9% 26,0% 31,7%

DI-1 para DI-1 39,7% 42,4% 42,1% 28,7% 32,9%

Índices de aumento - DE

Enquadramento Básico Aperf Espec Mestr Dout

Titular para Titular 25,3%

DV-3 para DIV-4 14,3% 21,1% 31,3% 20,8% 23,9%

DV-2 para DIV-3 14,5% 21,1% 31,0% 19,4% 22,0%

DV-1 para DIV2 14,8% 21,0% 30,4% 17,6% 18,9%

DIV-S para DIV-1 13,3% 13,4% 12,5% 16,2% 17,6%

DIII-4 para DIII-4 16,1% 18,6% 18,1% 18,9% 19,2%

DIII-3 para DIII-3 17,3% 19,8% 19,4% 20,5% 20,7%

DIII-2 para DIII-2 18,5% 20,9% 20,8% 21,8% 22,0%

DIII-1 para DIII-1 22,8% 25,1% 25,0% 25,8% 25,2%

DII-4 para DII-2 15,5% 18,5% 19,3% 20,6% 21,7%

DII-3 para DII-2 17,6% 20,8% 22,7% 22,7% 23,8%

DII-2 para DII-1 18,4% 21,9% 25,2% 23,7% 24,6%

DII-1 para DII-1 20,4% 24,2% 29,7% 25,9% 26,6%

DI-4 para DI-2 13,1% 17,1% 22,7% 18,9% 19,8%

DI-3 para DI-2 15,0% 19,2% 24,9% 20,9% 21,7%

DI-2 para DI-1 15,7% 19,6% 25,1% 20,2% 19,7%

DI-1 para DI-1 17,6% 21,5% 27,4% 22,1% 21,4%

Índices de aumento - 40 horas

Enquadramento Básico Aperf Espec Mestr Dout

Titular para Titular 34,4%

DV-3 para DIV-4 25,8% 32,9% 38,5% 28,8% 26,5%

DV-2 para DIV-3 25,0% 31,9% 37,5% 29,6% 28,2%

DV-1 para DIV2 24,2% 31,0% 36,4% 28,4% 29,8%

DIV-S para DIV-1 21,9% 19,3% 15,1% 25,7% 28,0%

DIII-4 para DIII-4 19,8% 15,9% 17,7% 21,3% 19,7%

DIII-3 para DIII-3 20,6% 16,7% 18,5% 21,2% 19,2%

DIII-2 para DIII-2 21,4% 17,5% 19,2% 21,2% 18,7%

DIII-1 para DIII-1 26,8% 27,0% 24,4% 25,8% 22,6%

DII-4 para DII-2 18,2% 19,2% 16,9% 19,0% 18,3%

DII-3 para DII-2 19,7% 20,7% 18,9% 21,0% 20,2%

DII-2 para DII-1 20,0% 21,1% 19,7% 21,9% 21,1%

DII-1 para DII-1 21,6% 22,7% 21,7% 23,9% 22,9%

DI-4 para DI-2 13,1% 14,6% 14,3% 28,3% 18,3%

DI-3 para DI-2 14,5% 16,0% 15,8% 30,2% 20,0%

DI-2 para DI-1 14,7% 16,0% 15,8% 29,5% 18,8%

DI-1 para DI-1 16,0% 17,4% 17,3% 30,9% 20,5%

Índices de aumento - 20 horas

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EBTT MS

Classe Nível Classe Nível Titular Único Titular Único

DIV

4

Associado

4 3 3 2 2 1 1

DIII

4

Adjunto

4 3 3 2 2 1 1

DII 2

Assistente 2

1 1

DI 2

Auxiliar 2

1 1

Todos os docentes entrarão no primeiro nível (DI-1 no EBTT) e a progressão entre níveis ocorrerá a cada 24 meses (o governo retrocedeu na sua proposta original de 18 meses de interstício, inclusive já implantada pela Lei 11.784/2008). Além da avaliação de desempenho haverá uma exigência de carga horária mínima a ser estabelecida pelo MEC futuramente , que irá se sobrepor às regras, atualmente estabelecidas por cada Instituto. No Magistério Superior, essa carga horária mínima será de 12 horas. Desse modo, o MEC terá a liberdade de elevar a carga horária dos docentes nos Institutos.

Na proposta do governo, vale salientar que há uma intencionalidade clara de expandir a jornada de trabalho docente. Isso se materializa na medida em que, na referida proposta, o regime de trabalho com DE se opera em tempo integral. No entanto, o artigo 112 da lei 11.784/2008, que atualmente regulamenta a carreira dos docentes da EBTT, garante que o regime de trabalho de 40 horas semanais deve ser executado em turnos consecutivos de trabalho.

A promoção entre classes as (de DI para DII e assim sucessivamente) exigirá não só o interstício de 24 meses no último nível da classe anterior, mas também outros critérios. A promoção para a classe DII exigirá especialização e certificação ou mestrado e para a classe D-III exigirá mestrado e certificação ou doutorado. A classe de Titular, além de exigir doutorado, será restrita a apenas 20% do quadro de docentes da inst ituição e exigirá “aprovação de Memorial que deverá considerar as atividades de ensino, pesquisa, extensão, gestão acadêmica e produção profissional relevante, ou de defesa de tese acadêmica inédita”. Exigências semelhantes serão feitas no MS para as classes de Assistente, Adjunto e Titular. Isso representa uma piora em relação ao que temos hoje no EBTT, na qual não há barreiras de titulação para se chegar ao topo da tabela, e também em relação à atual carreira do MS em que só há barreira de titulação na classe de Associado (cuja exigência é doutorado).

Apesar de a tabela salarial divulgada possuir valor es para todas as titulações até o nível DIV-4, apenas os docentes que já estão nesses níveis receberiam esses valores, pois os novos docentes não teriam como atingir o to po da tabela. Mesmo os atuais não

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poderiam progredir para as classes seguintes se não atenderem aos critérios estabelecidos.

Na proposta para a EBTT o governo criará um Certificado de Conhecimento Tecnológico, com dois níveis, que possibilitaria a um especialista chegar à classe DII se possuir o Certificado de nível I e a um mestre chegar à classe DIII se possuir o Certificado de nível II. A obtenção dessas Certificações demandam dois (2) a nos para o nível I e três (3) anos para o nível II e estão atreladas à partic ipação em programas de interesse do governo, como o Pronatec 3. Desse modo a Certificação se torna uma forma do governo impor a adesão aos seus projetos. Não está claro na proposta como essa Certificação afetaria os docentes das áreas não técnicas, que acabam com isso correndo o risco de não serem contemplados inicialmente.

Desse modo um graduado (ou portador de aperfeiçoame nto) não sairá da classe DI-1 e terá apenas uma progressão em toda carreira caso não consiga ultrapassar todas as barreiras propostas.

Existe uma aceleração da promoção por meio da titulação: após o estágio probatório o docente pode ser promovido para DII-1 (Assistente 1) se obtiver o título de mestre e para DIII-1 (Adjunto 1) se obtiver o título de doutor, desde que aprovado em avaliação de desempenho. Atualmente essa promoção existe no MS, mas é automática já na entrada da carreira.

A carreira terá as seguintes durações: • Graduados (ou aperfeiçoamento): 02 anos, chegando apenas até DI-2 caso não

obtenha outra titulação. • Especialistas: 06 anos, chegando até DII-2, se obtiver o Certificado de Conhecimento

Tecnológico I. Caso não obtenha outra titulação ficará parado neste nível da tabela. • Mestres: 13 anos, com a aceleração de promoção, chegando a DIII-4 se obtiver o

Certificado de Conhecimento Tecnológico II. Só progredirá aos demais níveis atingindo a titulação de doutor.

• Doutores: 19 anos com a aceleração de promoção, se entrar nos 20% dos docentes que podem ser titulares. Novamente vemos que a suposta valorização da titula ção na verdade é uma

depreciação dos graduados, especialistas e mestres. A remuneração será composta de Vencimento Básico e Retribuição por Titulação

definida nominalmente em lei, sem qualquer vínculo percentual com os regimes de trabalho ou com os vencimentos básicos presentes na tabela. Dessa forma, a estrutura salarial não possui nenhuma lógica, como defendemos em nossa proposta e que esteve presente até a implementação da Lei 11.784/2008: o vencimento do regime de 20 horas não é metade do valor para 40 horas, nem a DE representa 55% a mais que o valor de 40 horas. Também não há nenhuma lógica nas variações remuneratórias entre níveis. Há ainda a possibilidade de uma “Retribuição de Projetos Institucionais de Pesquisa” e uma “Gratificação de Atividade de Preceptoria” para docentes com DE, mas que também não foram explicitadas na proposta do governo.

3 Ver diretrizes em

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/srh/2012/120713_certificacao.pdf.

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Não há qualquer perspectiva de correção das distorções sofridas pelos aposentados que estavam estacionados na antiga classe especial, que era o topo da tabela à época, quando da implantação da Lei 11.784/2008 que impediu a progressão dos mesmos para os níveis da última classe da tabela, a DV. O que nós conseguimos reverter a partir de 2001, mantendo a paridade entre ativos e aposentados e dar possibilidade da construção de uma carreira que contemplasse igualmente a ativos e aposentados, acaba tendo sua distorção ampliada com a nova proposta.

Regra de transposição de uma tabela para a outra:

EBTT atual EBTT nova Classe Nível Nível Classe Titular Único Único Titular

DV 3 4

DIV 2 3 1 2

DIV Único 1

DIII

4 4

DIII 3 3 2 2 1 1

DII

4 2

DII 3 2

1 1

DI

4 2

DI 3 2

1 1

O COMPARATIVO ENTRE AS POSIÇÕES E O QUE EXISTE HOJ E

Os prejuízos que a nova proposta estabelece para os docentes poderá ser resumidamente analisado a partir da tabela comparativa abaixo:

ITENS PREVISTOS PARA CARREIRA

PROPOSTA SINASEFE CARREIRA ÚNICA ATUAL EBTT PROPOSTA DO

GOVERNO

ESTRUTURA DA MALHA SALARIAL

13 padrões de vencimen-

to, com diferença constante (step) entre

estes padrões

16 padrões de vencimen - to, com divisão de

classes, e sem qualquer padrão lógico na diferen-

ça entre cada nível ou classe

13 padrões de venci - mento, com divisão em classes, sem qualquer

padrão lógico na diferença entre cada

nível ou classe

DESENVOLVIMENTO NA CARREIRA

Progressão a cada 18 meses, sem nenhum

critério impeditivo para

Progressão a cada 18 meses, sem restrições

para se chegar ao topo da

Progressão a cada 24 meses, com critérios restritivos ao desen-volvimento na tabela:

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desenvolvimento na carreira.

tabela por titulação e/ou certificação (critérios definidos pelo MEC)

TITULAÇÃO

Percentuais de titulação incorporados ao

vencimento básico

Transformação dos percentuais por titulação em valores nominalmen-

te identificados (RT – retribuição por titula-ção),

que sofrem reajuste apenas quando da

revisão geral

Manutenção da RT enquanto valores

nominalmente identifi-cados, que sofrerão

reajuste apenas quando da revisão geral dos servidores federais

RELAÇÃO ESTRUTURAL E

SALARIAL ENTRE OS REGIMES DE TRABALHO

Manter a relação entre os regimes de trabalho,

estabelecendo a diferen- ça entre os pisos: o piso de 40 h como dobro do piso de 20 h. E no caso

da DE o piso de 40 h será acrescido de 55%

Não existe vínculo ou proporção entre os

regimes de trabalho, apenas uma tabela que

mantém a diferença através de valores por nível, em cada classe,

acrescidos da RT

Ampliar ainda mais a distorção entre os

regimes de trabalho, dando o maior reajuste

ao regime de DE em detrimento à tabela de

40 e 20 h

COMANDO NACIONAL DE GREVE SINASEFE – JUL 2012