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Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | G1 Especial Nordeste Giambiagi, do BNDES: crédito irá para os setores mais dinâmicos G10 Nordeste em números Principais indicadores da região Fontes: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data *Valores correntes ** Índice de Atividade Econômica Regional 13,118 18,583 -5,465 3,424 3,484 -0,061 13, 1 13, 3,11 1 11 11 18, 18 18, 8,58 58 58 58 24 24 24 24 3,4 3, 3 3,4 484 84 84 8 84 Balança comercial Dados acumulados em 12 meses - US$ bilhões Exportações Importações Saldo Jan/2000 Jan/2017 Jan/2000 Jan/2017 2003 2016 Produção Industrial Taxa anual - em % 1º Tri/2012 9,7 14,1 Taxa de desocupação Trimestral - em % 3º Tri/2016 9 9,7 9,7 9,7 9,7 9 9,7 7 9 Jan/2010 Nov/2016 2,41 IBCR-NE** Acumulado em 12 meses - em % 2,4 2,4 2,4 2,4 4 41 1 1 1 1 Acumulado em 12 meses - em % 0 Participação no PIB do Brasil Em % do total 13,45 13,33 13,56 13,59 13,93 PIB Em R$ bilhões* 2010 2011 2012 2013 2014 2010 2011 2012 2013 2014 13, 13, 13, 3, 3, , 13 13, 13, 3 3, 1 13,45 4 45 45 45 45 4 45 5 45 4 13 13, 13, 13, 13, 3, 1 33 33 3 33 33 33 33 3 33 33 33 3 13, 13, 13, 13, 13, 13, 3 3,56 56 56 56 56 6 5 13, 13, 13, 13, 13, 1 13 59 59 59 59 5 59 9 2010 2011 2012 2013 2014 13, 13, 13, 13, ,45 45 45 45 45 13, 13, 13, 13, 1 ,33 33 33 33 3 3 13, 13, 13, 13, 13, ,5 56 56 56 56 5 56 13 13, 1 3 13, 13, 3, 3 59 59 59 9 9 5 59 2010 2011 2012 2013 2014 Jan/2010 Jan/2017 4,40 6,17 Inflação IPCA acumulado em 12 meses - em % Jan/2004 Dez/2016 5,66 4,14 Taxa de inadimplência Das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, em % 5,6 5 5,6 6 6 5,6 6 5 5 6 6 6 6 6 4 4, 4,1 4 4,1 ,1 1 4 4 4,14 4 4 4 4 Exportações caem 12%, mas há indícios de recuperação Sinais de atividade Investidor se posiciona para oportunidades na região que surgem com perspectiva da retomada. Por Domingos Zaparolli e Marlene Jaggi , para o Valor, de Salvador e São Paulo A crise econômica atingiu mais fortemente o Nor- deste do que o restante do país. A estimativa da 4E Consultoria é que o PIB da re- gião tenha recuado 6,4% em 2016, enquanto a economia brasileira caiu 3,6%. As proje- ções para 2017 são de recupe- ração da atividade econômica na região, embora algumas das principais consultorias do país apresentem divergências em relação ao ritmo em que se da- rá a volta do crescimento. A 4E trabalha com um cenário no qual a indústria nordestina ainda deve registrar perdas em 2017, na casa de 1,34%, mas o agronegócio deve avançar 23,8% na região. “Uma recuperação mais significativa do PIB só deve- rá ocorrer em 2018, com uma alta de 1,77%”, diz Bruno Rezende, só- cio da 4E. As consultorias Tendên- cias e Deloitte são mais otimistas, projetam uma aceleração econô- mica na casa de 2% já em 2017. Os sinais da retomada da con- fiança dos empresários com a região já podem ser notados. Em 2016, principalmente em seus últimos meses, vários acor- dos e protocolos de investimen- tos foram anunciados. Bahia, Ceará e Pernambuco, que res- pondem em conjunto por 60% da economia nordestina, conta- bilizam bons negócios. A Bahia assinou protocolos Do Recife As exportações do Nordeste re- cuaram 12,57% em 2016, totali- zando US$ 12,81 bilhões. Com im- portações de US$ 17,54 bilhões, a região registrou um saldo negati- vo em sua balança comercial de US$ 4,72 bilhões. O desempenho exportador da região foi muito pior que a média nacional, que te- ve uma queda de 3,18%. A consultora Camila Saito, da Tendências, diz que a seca, a mais forte em cem anos, afetou a safra agrícola na área do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Ba- hia), e comprometeu o esforço exportador. Também influen- ciou a queda nas cotações inter- nacionais das commodities mi- com 106 empresas que se com- prometeram com investimen- tos que somam R$ 9,1 bilhões e devem gerar por volta de 10 mil empregos. “Estamos sendo efi- cientes em demonstrar aos in- vestidores que a Bahia é capaz de ofertar mão de obra qualifi- cada e apoio tecnológico”, diz o secretário de desenvolvimento econômico Jaques Wagner. Um trunfo baiano é o Senai Ci- matec, referência nacional em robótica, que em abril inicia a construção de um centro tecno- lógico multidisciplinar no Polo de Camaçari. Será o primeiro do país a dar suporte à produção de protótipos em escala natural e à montagem de plantas indus- triais piloto nas áreas de petró- leo e gás, energias renováveis, metal mecânica, indústria auto- motiva e aeronáutica, fármacos e petroquímica. No Ceará, o volume de novos investimentos pactuados em 2016 soma R$ 6 bilhões, em 37 projetos, total 30% superior ao ano anterior. Em Pernambuco, o crescimento também foi signifi- cativo. Foram fechados 129 con- tratos que somam R$ 1,8 bilhão, valor três vezes maior do que o re- gistrado em 2015. Raul Henry, secretário de de- senvolvimento econômico de Pernambuco, diz que os investi- dores já não procuram o Estado exclusivamente para se posicio- nar no mercado regional. A far- macêutica Aché, por exemplo, irá investir R$ 500 milhões em uma unidade industrial de me- dicamentos, tendo em vista também o potencial logístico do Porto de Suape para atender no futuro clientes na América do Norte, Europa e Ásia. Em sua maioria, os Estados brasileiros, não apenas do Nor- deste, estão endividados e sem recursos para investir. Mas aque- les que ajustaram suas contas es- tão sendo capazes de reagir. Nos últimos dois anos, Bahia e Per- nambuco promoveram uma gestão mais apurada de seus gastos com custeio e registra- ram, cada um, economias supe- riores a R$ 1 bilhão. Na Bahia, os recursos destinados ao paga- mento de obras públicas cresce- ram 45% em 2016, para R$ 3,19 bilhões, e a meta é manter esse patamar de gastos em 2017. Em Pernambuco os investi- mentos cresceram 5,7% em 2016, chegando à R$ 1,44 bi- lhão, e a meta é investir R$ 2 bi- lhões em 2017. “Fizemos em 2015 um diagnóstico que a crise seria forte e formamos uma poupança para manter os inves- timentos em áreas prioritárias”, diz o governador Paulo Câmara. O consultor José Sampaio, só- cio líder da Deloitte no Nordeste, diz que o potencial da região para atrair investimentos é muito grande. “Há muito o que fazer no Nordeste, é uma região carente demais em infraestrutura”, diz. Sampaio relaciona entre as oportunidades que podem ser efetivadas no curto prazo a cons- trução de imóveis atrelados ao programa Minha Casa Minha Vi- da, a concessão de três aeropor- tos, em Recife, Salvador e Fortale- za, e a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) de Salvador, investimento estimado em R$ 1,5 bilhão que deve ser viabilizado na forma de Parceria Público-Priva- da (PPP). Outra atividade com grande potencial é a de geração de energia renovável, principal- mente eólica. O consultor diz que dois fato- res devem contribuir para atrair os recursos necessários. O primei- ro é a cotação do dólar acima de R$ 3,00. “O Brasil está barato para investidores estrangeiros”, diz. O segundo fator são os incentivos fiscais e a política de financia- mentos para a região. O Banco do Nordeste (BNB), por exemplo, vai elevar em 2017 os recursos para empréstimos na região. O apoio para empre- sas que entrem em concessões ou PPPs de obras de infraestru- tura na região deve somar R$ 11,4 bilhões. “Esperamos mon- tar uma engenharia financeira que possa viabilizar essas inicia- tivas. Estamos tentando contri- buir com os governos estaduais para melhorar a partilha de ris- co desses negócios, uma opera- ção que não é muito trivial”, afir- ma Luiz Esteves, economista- chefe do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordes- te (Etene), ligado ao banco. Esteves informa que o BNB também vai reforçar a linha de crédito para micro e pequenos empreendedores rurais, clien- tes que são o público alvo da instituição. O volume de recur- sos subirá de R$ 14,1 bilhões pa- ra R$ 14,7 bilhões no ano. O economista Airton Saboya Valente Junior, gerente de estu- dos e pesquisas macroeconômi- cas do Etene, diz que os investi- mentos produtivos realizados nos últimos anos ou em execu- ção no Nordeste criaram opor- tunidades para investimentos complementares, que adensam as cadeias produtivas instaladas ou ampliadas recentemente. Um estudo elaborado por Va- lente aponta os setores nos quais estão as principais oportunida- des de adensamento produtivo. Entre os exemplos estão o agronegócio de grãos no Mara- nhão, Piauí e Bahia; petróleo e gás na Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte; a indústria naval na Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba; au- tomobilística na Bahia, Pernam- buco, Ceará e Paraíba; farmoquí- mica na Bahia, Alagoas e Sergipe e produção de energias limpas. nerais. As exportações de soja da região caíram 50,86% e de alumi- na, 15,37%. As vendas de pastas químicas de madeira, item que incorpora as exportações de ce- lulose, recuaram em 19,11%. A Suzano Papel e Celulose, que concentra em Mucuri (BA) e Im- peratriz (MA) 80% de sua produ- ção de celulose de mercado e 20% de sua produção de papel, am- pliou em 3,8% suas exportações de celulose no ano passado, mas obteve uma receita cerca de 5,5% menor, de R$ 5,4 bilhões, em con- sequência da queda nos preços internacionais, informa o diretor comercial Leonardo Grimaldi. Na Bahia, as exportações de produtos básicos caíram 31,3%, sendo que os embarques do agronegócio foram 25% meno- res. O Estado exportou no último ano US$ 6,77% , total 14% inferior ao de 2015. É o pior desempenho baiano em dez anos. O ano foi positivo para as ex- portações de Pernambuco e Cea- rá que ampliaram seus embar- ques respectivamente em 35,47% e 23,75%. Thobias Silva, gerente de economia e negócios interna- cionais da Federação das Indús- trias do Estado de Pernambuco (Fiepe), diz que o resultado sina- liza uma nova tendência. Empresas que investiram no Nordeste, motivadas pelo consu- mo local, agora buscam alterna- tivas no exterior para seus produ- tos. Essa situação é mais evidente em Estados que contam com bons portos. “Estamos mais pró- ximos da Europa, da América do Norte e mesmo do mercado asiá- tico, via Canal do Panamá, em re- lação às fábricas instaladas no Sul e Sudeste”, diz. A fabricante de garrafas de vidro Owens Illinois, que tem uma uni- dade instalada no Recife, iniciou no final de 2016 uma operação de exportações pelo Porto de Suape para abastecer o México. Os em- barques já superam mil toneladas. A Vivix Vidros Planos é outra com- panhia instalada no Estado que passou encaminhar parte de sua produção para a Argentina, Méxi- co e Estados Unidos. Também a Fiat Chrysler Auto- mobiles (FCA), fabricante dos car- ros Jeep em Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, ante- cipou sua estratégia internacional. Em 2016, a companhia destinou 12 mil veículos para a Argentina e outros mil para o Chile, obtendo uma receita de US$ 304 milhões. As exportações automotivas foram as que mais cresceram em 2016 no Nordeste, com uma alta de 15,33%, totalizando US$ 429,4 milhões. As vendas internacio- nais de combustíveis e lubrifi- cantes também cresceram no ano passado, 11%. A entrada em operação da Refinaria Abreu e Li- ma contribuiu para o resultado. No Ceará, as exportações de má- quinas e equipamentos elétricos, peixes, sucos de fruta e castanha de caju foram os principais itens que colaboraram para o bom resulta- do. Mas o Estado conta com um trunfo importante para 2017, o início dos embarques das placas de aço produzidas pela Compa- nhia Siderúrgica de Pecém. Ape- nas em janeiro foram exportadas 700 mil toneladas. O comércio exterior deve ga- nhar um novo impulso com o apoio da Agência Brasileira de pro- moção de Exportações e Investi- mentos (Apex-Brasil). A diretora de negócios Marcia Nejaim diz que a agência inaugura em março um escritório regional, com sede no Recife, a exemplo do que foi feito em São Paulo em 2015. “A presença local nos permitirá criar um network com associações empre- sariais, consulados e organizações governamentais”, diz. (DZ e MJ)

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Page 1: Sinais de atividade - camaraitalianapepb.com.br · Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | G1 Es p e c i a l N o rd e st e Giambiagi, do BNDES: crédito irá para os setores mais

Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | G1

Es p e c i a lN o rd e st e

Giambiagi, doBNDES: crédito irápara os setores maisdinâmicos G10

Nordeste em númerosPrincipais indicadores da região

Fontes: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data *Valores correntes ** Índice de Atividade Econômica Regional

13,118

18,583

-5,465

3,4243,484

-0,061

13,113,3,1111111

18,1818,8,58585858

242424243,43,33,44848484884

Balança comercial Dados acumulados em 12 meses - US$ bilhões

Exportações Importações Saldo

Jan/2000 Jan/2017Jan/2000 Jan/2017

2003 2016

Produção IndustrialTaxa anual - em %

1º Tri/2012

9,7

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Taxa de desocupação Trimestral - em %

3º Tri/2016

99,79,79,79,799,779

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Jan/2010 Nov/2016

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IBCR-NE** Acumulado em 12 meses - em %

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Acumulado em12 meses - em %

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Participação no PIB do Brasil Em % do total

13,4513,33

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PIBEm R$ bilhões*

2010 2011 2012 2013 2014

2010 2011 2012 2013 2014

13,13,13,3,3,,1313,13,33,113,4544545454544554541313,13,13,13,3,1 333333333333333333333

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2010 2011 2012 2013 2014

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2010 2011 2012 2013 2014

Jan/2010 Jan/2017

4,40

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InflaçãoIPCA acumulado em 12 meses - em %

Jan/2004 Dez/2016

5,66

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Taxa de inadimplênciaDas operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional, em %

5,655,6665,6655 66666

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Exportações caem 12%, mas há indícios de recuperação

Sinais de atividadeInvestidor seposiciona paraoportunidades naregião que surgemcom perspectivada retomada. PorDomingosZaparolli eMarlene Jaggi ,para o Valor,de Salvador eSão Paulo

A crise econômica atingiumais fortemente o Nor-deste do que o restante

do país. A estimativa da 4EConsultoria é que o PIB da re-gião tenha recuado 6,4% em2016, enquanto a economiabrasileira caiu 3,6%. As proje-ções para 2017 são de recupe-ração da atividade econômicana região, embora algumas dasprincipais consultorias do paísapresentem divergências emrelação ao ritmo em que se da-rá a volta do crescimento.

A 4E trabalha com um cenáriono qual a indústria nordestinaainda deve registrar perdas em2017, na casa de 1,34%, mas oagronegócio deve avançar 23,8%na região. “Uma recuperaçãomais significativa do PIB só deve-rá ocorrer em 2018, com uma altade 1,77%”, diz Bruno Rezende, só-cio da 4E. As consultorias Tendên -cias e Deloitte são mais otimistas,projetam uma aceleração econô-mica na casa de 2% já em 2017.

Os sinais da retomada da con-fiança dos empresários com aregião já podem ser notados.Em 2016, principalmente emseus últimos meses, vários acor-dos e protocolos de investimen-tos foram anunciados. Bahia,Ceará e Pernambuco, que res-pondem em conjunto por 60%da economia nordestina, conta-bilizam bons negócios.

A Bahia assinou protocolos

Do Recife

As exportações do Nordeste re-cuaram 12,57% em 2016, totali-zando US$ 12,81 bilhões. Com im-portações de US$ 17,54 bilhões, aregião registrou um saldo negati-vo em sua balança comercial deUS$ 4,72 bilhões. O desempenhoexportador da região foi muitopior que a média nacional, que te-ve uma queda de 3,18%.

A consultora Camila Saito, daTe n d ê n c i a s , diz que a seca, a maisforte em cem anos, afetou a safraagrícola na área do Matopiba(Maranhão, Tocantins, Piauí e Ba-hia), e comprometeu o esforçoexportador. Também influen-ciou a queda nas cotações inter-nacionais das commodities mi-

com 106 empresas que se com-prometeram com investimen-tos que somam R$ 9,1 bilhões edevem gerar por volta de 10 milempregos. “Estamos sendo efi-cientes em demonstrar aos in-vestidores que a Bahia é capazde ofertar mão de obra qualifi-cada e apoio tecnológico”, diz osecretário de desenvolvimentoeconômico Jaques Wagner.

Um trunfo baiano é o Senai Ci-matec, referência nacional emrobótica, que em abril inicia aconstrução de um centro tecno-lógico multidisciplinar no Polode Camaçari. Será o primeiro dopaís a dar suporte à produção deprotótipos em escala natural e àmontagem de plantas indus-triais piloto nas áreas de petró-leo e gás, energias renováveis,metal mecânica, indústria auto-motiva e aeronáutica, fármacose petroquímica.

No Ceará, o volume de novosinvestimentos pactuados em2016 soma R$ 6 bilhões, em 37projetos, total 30% superior aoano anterior. Em Pernambuco, ocrescimento também foi signifi-cativo. Foram fechados 129 con-tratos que somam R$ 1,8 bilhão,valor três vezes maior do que o re-gistrado em 2015.

Raul Henry, secretário de de-senvolvimento econômico dePernambuco, diz que os investi-dores já não procuram o Estadoexclusivamente para se posicio-

nar no mercado regional. A far-macêutica Aché, por exemplo,irá investir R$ 500 milhões emuma unidade industrial de me-dicamentos, tendo em vistatambém o potencial logísticodo Porto de Suape para atenderno futuro clientes na Américado Norte, Europa e Ásia.

Em sua maioria, os Estadosbrasileiros, não apenas do Nor-deste, estão endividados e semrecursos para investir. Mas aque-les que ajustaram suas contas es-tão sendo capazes de reagir. Nosúltimos dois anos, Bahia e Per-nambuco promoveram umagestão mais apurada de seusgastos com custeio e registra-ram, cada um, economias supe-riores a R$ 1 bilhão. Na Bahia, osrecursos destinados ao paga-mento de obras públicas cresce-ram 45% em 2016, para R$ 3,19bilhões, e a meta é manter essepatamar de gastos em 2017.

Em Pernambuco os investi-mentos cresceram 5,7% em2016, chegando à R$ 1,44 bi-lhão, e a meta é investir R$ 2 bi-lhões em 2017. “Fizemos em2015 um diagnóstico que a criseseria forte e formamos umapoupança para manter os inves-timentos em áreas prioritárias”,diz o governador Paulo Câmara.

O consultor José Sampaio, só-cio líder da Deloitte no Nordeste,diz que o potencial da região paraatrair investimentos é muito

grande. “Há muito o que fazer noNordeste, é uma região carentedemais em infraestrutura”, diz.

Sampaio relaciona entre asoportunidades que podem serefetivadas no curto prazo a cons-trução de imóveis atrelados aoprograma Minha Casa Minha Vi-da, a concessão de três aeropor-tos, em Recife, Salvador e Fortale-za, e a construção do VLT (VeículoLeve sobre Trilhos) de Salvador,investimento estimado em R$ 1,5bilhão que deve ser viabilizado naforma de Parceria Público-Priva-da (PPP). Outra atividade comgrande potencial é a de geraçãode energia renovável, principal-mente eólica.

O consultor diz que dois fato-res devem contribuir para atrairos recursos necessários. O primei-ro é a cotação do dólar acima deR$ 3,00. “O Brasil está barato parainvestidores estrangeiros”, diz. Osegundo fator são os incentivosfiscais e a política de financia-mentos para a região.

O Banco do Nordeste (BNB),por exemplo, vai elevar em 2017os recursos para empréstimosna região. O apoio para empre-sas que entrem em concessõesou PPPs de obras de infraestru-tura na região deve somar R$11,4 bilhões. “Esperamos mon-tar uma engenharia financeiraque possa viabilizar essas inicia-tivas. Estamos tentando contri-buir com os governos estaduais

para melhorar a partilha de ris-co desses negócios, uma opera-ção que não é muito trivial”, afir-ma Luiz Esteves, economista-chefe do Escritório Técnico deEstudos Econômicos do Nordes-te (Etene), ligado ao banco.

Esteves informa que o BNBtambém vai reforçar a linha decrédito para micro e pequenosempreendedores rurais, clien-tes que são o público alvo dainstituição. O volume de recur-sos subirá de R$ 14,1 bilhões pa-ra R$ 14,7 bilhões no ano.

O economista Airton SaboyaValente Junior, gerente de estu-dos e pesquisas macroeconômi-cas do Etene, diz que os investi-mentos produtivos realizadosnos últimos anos ou em execu-ção no Nordeste criaram opor-tunidades para investimentoscomplementares, que adensamas cadeias produtivas instaladasou ampliadas recentemente.

Um estudo elaborado por Va-lente aponta os setores nos quaisestão as principais oportunida-des de adensamento produtivo.

Entre os exemplos estão oagronegócio de grãos no Mara-nhão, Piauí e Bahia; petróleo e gásna Bahia, Sergipe e Rio Grande doNorte; a indústria naval na Bahia,Pernambuco, Ceará e Paraíba; au-tomobilística na Bahia, Pernam-buco, Ceará e Paraíba; farmoquí-mica na Bahia, Alagoas e Sergipee produção de energias limpas.

nerais. As exportações de soja daregião caíram 50,86% e de alumi-na, 15,37%. As vendas de pastasquímicas de madeira, item queincorpora as exportações de ce-lulose, recuaram em 19,11%.

A Suzano Papel e Celulose, queconcentra em Mucuri (BA) e Im-peratriz (MA) 80% de sua produ-ção de celulose de mercado e 20%de sua produção de papel, am-pliou em 3,8% suas exportaçõesde celulose no ano passado, masobteve uma receita cerca de 5,5%menor, de R$ 5,4 bilhões, em con-sequência da queda nos preçosinternacionais, informa o diretorcomercial Leonardo Grimaldi.

Na Bahia, as exportações deprodutos básicos caíram 31,3%,sendo que os embarques do

agronegócio foram 25% meno-res. O Estado exportou no últimoano US$ 6,77% , total 14% inferiorao de 2015. É o pior desempenhobaiano em dez anos.

O ano foi positivo para as ex-portações de Pernambuco e Cea-rá que ampliaram seus embar-ques respectivamente em 35,47%e 23,75%. Thobias Silva, gerentede economia e negócios interna-cionais da Federação das Indús-trias do Estado de Pernambuco(Fiepe), diz que o resultado sina-liza uma nova tendência.

Empresas que investiram noNordeste, motivadas pelo consu-mo local, agora buscam alterna-tivas no exterior para seus produ-tos. Essa situação é mais evidenteem Estados que contam com

bons portos. “Estamos mais pró-ximos da Europa, da América doNorte e mesmo do mercado asiá-tico, via Canal do Panamá, em re-lação às fábricas instaladas noSul e Sudeste”, diz.

A fabricante de garrafas de vidroOwens Illinois, que tem uma uni-dade instalada no Recife, iniciouno final de 2016 uma operação deexportações pelo Porto de Suapepara abastecer o México. Os em-barques já superam mil toneladas.A Vivix Vidros Planos é outra com-panhia instalada no Estado quepassou encaminhar parte de suaprodução para a Argentina, Méxi-co e Estados Unidos.

Também a Fiat Chrysler Auto -mobiles (FCA), fabricante dos car-ros Jeep em Goiana, na Zona da

Mata Norte de Pernambuco, ante-cipou sua estratégia internacional.Em 2016, a companhia destinou12 mil veículos para a Argentina eoutros mil para o Chile, obtendouma receita de US$ 304 milhões.

As exportações automotivasforam as que mais cresceram em2016 no Nordeste, com uma altade 15,33%, totalizando US$ 429,4milhões. As vendas internacio-nais de combustíveis e lubrifi-cantes também cresceram noano passado, 11%. A entrada emoperação da Refinaria Abreu e Li-ma contribuiu para o resultado.

No Ceará, as exportações de má-quinas e equipamentos elétricos,peixes, sucos de fruta e castanha decaju foram os principais itens quecolaboraram para o bom resulta-

do. Mas o Estado conta com umtrunfo importante para 2017, oinício dos embarques das placasde aço produzidas pela Compa -nhia Siderúrgica de Pecém. Ape-nas em janeiro foram exportadas700 mil toneladas.

O comércio exterior deve ga-nhar um novo impulso com oapoio da Agência Brasileira de pro-moção de Exportações e Investi-mentos (Apex-Brasil). A diretorade negócios Marcia Nejaim diz quea agência inaugura em março umescritório regional, com sede noRecife, a exemplo do que foi feitoem São Paulo em 2015. “A presençalocal nos permitirá criar umnetwork com associações empre-sariais, consulados e organizaçõesgovernamentais”, diz. (DZ e MJ)

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I n f ra e st r u t u ra Governo negocia com CSN continuidade da obra, que uma das maiores da região

Conclusão da Transnordestina é incógnitaRoberto RockmannPara o Valor, de São Paulo

Duas das maiores obras de in-fraestrutura para a região Nor-deste convivem com realidadesdistintas: enquanto a transposi-ção do rio São Francisco está pres-tes a ser concluída, com 95% dasobras executadas e o estudo dogoverno de uma Parceria Público-Privada (PPP) para tocar o empre-endimento, a conclusão dos pou-co mais de 1,7 mil km da ferroviaTransnordestina, iniciada em2006, ainda é cercada de dúvidas.

A intenção do governo é entre-gar o Eixo Leste da transposição,com 217 km de canal, em março.No Eixo Norte, com 252 km, houveum descasamento das obras. Doisdos três trechos estão na reta finalde construção, mas outro foi para-lisado por causa da empreiteiraresponsável pelos serviços. A pers-pectiva é de que as águas do SãoFrancisco cheguem ao reservatóriode Jati (CE) em agosto.

Com o objetivo de garantir a se-gurança hídrica para mais de 390municípios da região, a obra, ini-ciada há dez anos, além de recupe-

rar 23 açudes do Nordeste, cons-truirá outros 27 reservatórios,além de 4 túneis, 14 aquedutos enove estações de bombeamento,em 477 km de extensão em dois ei-xos (Norte e Leste) de transferênciade água do rio São Francisco. Aobra beneficiará um total estima-do de 12 milhões de pessoas nosEstados de Pernambuco, Ceará, Pa-raíba e Rio Grande do Norte.

Estimativas do governo apon-tam que o custo operacional daobra ficará em torno de R$ 320 mi-lhões por ano. Uma PPP poderiaser feita para a gestão do empreen-dimento. “Nossa preocupação écom a sustentabilidade do projeto.Sem isso, podemos até perder a ou-torga dos recursos hídricos”, disseao Va l o r o ministro Helder Barba-lho em recente entrevista.

Solução logística integrada paraatender a região Nordeste do Bra-sil, principalmente no transportede produtos agrícolas e de miné-rio, a Ferrovia Transnordestina ain-da enfrenta percalços para ser con-cluída. Prometida para ser entre-gue inicialmente em 2010, a obraestá atrasada e cercada de dúvidassobre sua conclusão, que deverá fi-

car para a próxima década. Com1.728 km de extensão interligandoEliseu Martins (PI) aos portos deSuape (PE) e Pecém (CE), a estradade ferro se encontra com 52% deconstrução realizada, dos quais55% de infraestrutura, 50% deobras de arte especiais (pontes eviadutos) e 41% de superestrutura(trilhos e dormentes), segundo aassessoria de imprensa do Ministé-rio dos Transportes.

“Um novo prazo está sendodiscutido entre as partes, junta-mente com as demais premissasnecessárias à continuidade dao b r a”, informa a assessoria.

Foram concluídos os trechosentre Missão Velha, no Ceará eSalgueiro, em Pernambuco; Sal-gueiro (PE) - Trindade (PE); o lote7 do trecho Trindade (PE) - EliseuMartins, no Piauí; e os lotes 1 e 2do trecho Salgueiro (PE) - Portode Suape (PE). Ao todo, já foramlançados 599,5 km de grade fer-roviária. As desapropriações ain-da não foram totalmente con-cluídas, mas encontram-se avan-çadas, com emissão de posse rea-lizada em 97% do empreendi-mento. Recentemente, análise

preliminar do Tribunal de Con-tas da União (TCU) identificouriscos à continuidade da obra.

“O regime de legalidade admi-nistrativa, em consonância com osprincípios constitucionais, não to-lera a liberação de recursos públi-cos para empreendimentos queapresentam alto risco de não con-clusão, mormente quando sequerexistem elementos que permitamaferir o custo real da obra”, afir-mou o ministro Walton AlencarRodrigues, relator do processo.

Por esse motivo, o TCU determi-nou a suspensão do repasse de re-cursos destinados às obras daTransnordestina. “O TCU suspen-deu novos repasses de recursos aoempreendimento até uma maiorclareza dos próximos passos ne-cessários à concretização do em-preendimento, fato este consoantecom as ações do governo federal”,destaca a assessoria do ministério.

No momento, o governo vembuscando a continuidade da obracom a concessionária do empreen-dimento, a siderúrgica C S N. “O go-verno recebeu, no último dia 6,proposta da concessionária nessesentido, considerando, dentre ou-

tras premissas, um maior aportepor parte da concessionária, paripassu com os repasses públicos re-manescentes e anteriormente pre-vistos”, informa o governo federal.

Para que novos termos propos-tos sejam firmados, ainda será ne-cessária a avaliação dos órgãoscompetentes e a posterior submis-são e concordância do TCU.

A infraestrutura do Porto deSuape também poderá ser amplia-da. Recentemente, o governo dePernambuco pleiteou ao governofederal a autonomia das conces-sões e licitações para a instalaçãode novos empreendimentos e ser-viços em Suape. Os estudos paraelaboração de uma minuta de de-creto já foram iniciados no Minis-tério dos Transportes.

A iniciativa tem como objetivodevolver a responsabilidade pe-las concessões portuárias aos es-tados. “O que se espera é que apósa publicação deste documento,Pernambuco volte a ter o direitode licitar e formalizar contratosno atracadouro. Este é um pleitoque vem sendo discutido desde2013, após o lançamento da Leidos Portos, quando as decisões

sobre os ancoradouros foramcentralizadas em Brasília”, desta-ca Marcos Baptista, que assumiurecentemente o complexo.

Diante da atual situação, o Por-to de Suape não possui autono-mia para licitar a instalação dosegundo Terminal de Contêine-res, que terá uma área de 33 hec-tares e será destinado à movi-mentação e armazenagem decontêineres, aumentando a ca-pacidade total de movimentaçãodo porto de 700 mil TEUs por anopara 1.700.000 mil TEUs por ano.

O complexo ainda possui proje-tos para a instalação de outros doisterminais, sendo o primeiro um degrãos, com área total de 25 mil m²,capacidade para movimentar 480mil toneladas por ano e, investi-mento de R$ 40 milhões. Já o se-gundo terminal será destinado àmovimentação de 12 milhões detoneladas de granéis mineraisanualmente, com investimentoprevisto de R$ 678 milhões. “Esteúltimo está diretamente ligado aofuncionamento da Transnordesti-na em Pernambuco, que é essen-cial para que o projeto se torne rea-l i d a d e”, afirma Baptista.

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Quase 80% da geraçãoeólica vêm da região

D I V U LG A Ç Ã O

Geração de energia eólica no Piauí: capacidade instalada brasileira chegará a 24 GW em 2024, ou 11,4% da matriz

De São Paulo

Com ventos contínuos e inten-sos e um dos melhores índices deirradiação do mundo, o Nordesteassistirá nos próximos anos ao re-forço da energia eólica e solar, quedeverão receber mais de R$ 20 bi-lhões em investimentos em diver-sos projetos. Em fevereiro, a capa-cidade de geração eólica no Brasilatingiu o recorde de 10,7 GW (7,1%da eletricidade do país), sendo que8,3 GW (ou 77,5% do total) estãonos nove Estados da região.

Rio Grande do Norte, com 3,4GW, Bahia, com 1,9 GW, e Ceará,com 1,8 GW, são os três Estadoscom mais usinas eólicas instaladasou em teste no Brasil. A expansãoserá maior: existem pouco mais de7 GW de capacidade em constru-ção ou já contratados, sendo que95% do total estão em projetos noNordeste, com destaque para a Ba-hia com 3,5 GW, segundo dados daAssociação Brasileira de EnergiaEólica (Abeeolica).

Nos últimos três verões, em quecondições climáticas reduziram acapacidade dos reservatórios dashidrelétricas que atendem à re-gião, as usinas eólicas responde-ram por mais de 30% da geração doNordeste, com um fator de capaci-dade em alguns momentos supe-rior a 60%, o dobro da média mun-dial. Segundo o Plano Decenal2024, do governo federal, a capaci-dade instalada eólica brasileirachegará a 24 GW em 2024 respon-dendo por 11,4% da total. O NE te-rá 21,6 GW (90%).

O potencial atrai investidores.Um deles é a Enel Green Power,que está investindo cerca de US$ 2bilhões na construção de quatronovos parques solares e três eóli-cos no país, que adicionarão cercade 1.249 MW de capacidade insta-lada. São 442 MW de projetos emconstrução de energia eólica e 807MW de energia solar. Serão aplica-dos US$ 980 milhões à construçãodos quatro parques solares.

Três dessas plantas solares estãosendo construídas na Bahia e umano Piauí, sendo que as quatros es-tão previstas para entrar em opera-ção em 2017. A planta de NovaOlinda (292MW) no Piauí é amaior planta solar atualmente emconstrução na América Latina, se-guida da planta de Ituverava (254MW) na Bahia.

Os projetos foram arrematadosem leilões de reserva em 2014 e2015. “Hoje não há capacidadeinstalada dos fornecedores no Bra-sil para atender a toda essa potên-cia instalada, uma parte dos par-ques é importada, mas estamosajudando empresas estrangeiraspara que elas transfiram sua tecno-logia ao Brasil”, diz Carlos Zorzoli,presidente da Enel no Brasil.

Já as três plantas eólicas atual-mente em execução pela Enel es-tão localizadas na Bahia. Em 2015,a empresa inaugurou, em Pernam-buco, o primeiro parque híbridodo Brasil, que compreende umparque solar com 11 MW de capa-cidade instalada e uma planta eóli-ca (80 MW). “Essa tecnologia híbri-da reduz custos de conexão e existe

Fonte: Abeeolica

Força dos ventosEvolução da capacidade nos dez principais Estados produtores de energia eólica- em mil MW

Potência em Construção (MW)

BA

RN

PI

CE

MA

PE

RS

PBRN BA CE RS PI PE SC PB SE RJ PR

3.420

1.898 1.789 1.713

945651

23969 35 28 2,5

3.488

1.225

901

849

221

213

164

95

Fonte: IBGE, Censo 2010

Carências básicasCaracterísticas do entorno de domicílios particulares permanentes urbanos

Esgoto a céu abertoEm %

Lixo acumulado nos logradourosEm %

Norte Nordeste Sudeste Centro-Oeste

Sul

32,2

26,3

4,25,7

2,9

7,8 6,5

4,5

3,7

3,9

NordesteNorte

Sudeste

Centro-Oeste

Sul

Concessões e PPPs são alternativa para saneamentoDe São Paulo

Para driblar a escassez de re-cursos e a dificuldade em obternovos empréstimos para am-pliar sua capacidade de endivi-damento, os Estados estão bus-cando soluções para manter in-vestimentos na área de sanea-mento. “Os governos estão bus-cando alternativas para traba-lhar com a iniciativa privada, in-dependentemente do tamanhoda cidade — atuamos em cida-des com três mil habitantes ecom quase um milhão de pes-soas, o que tem de ser atraente éa tarifa”, diz o diretor financeiroda Aegea, Flavio Crivellari.

O movimento tem ganhado re-forço do BNDES. O programa deconcessões estaduais contará com18 Estados, que já formalizaram aobanco a decisão de aderir ao Pro-grama de Parcerias de Investimen-

tos (PPI) do governo federal. O ob-jetivo é desenvolver projetos deparcerias com iniciativa privadapara a realização de investimentosem abastecimento de água e esgo-tamento sanitário, buscando auniversalização desses serviçosnos Estados. No PPI, todos os noveEstados da região Nordeste estãona lista do BNDES e poderão parti-cipar da iniciativa.

As consultorias que irão partici-par da modelagem financeira —que poderiam envolver conces-sões, subconcessões, privatizaçãoou Parcerias Público-Privadas(PPPs) — deverão ser contratadasneste primeiro semestre, com as li-citações podendo ser realizadasem 2018. No início do mês, o BN-DES anunciou a habilitação de 20consórcios para participar de “lici -tações futuras” relativas a conces-sões de seis companhias de sanea-mento, sendo quatro do Nordeste:

Compesa, de Pernambuco, D e s o,de Sergipe, e Casal, de Alagoas,Caema, do Maranhão; além de Co -sanpa, do Pará, Caesa, do Amapá.

No Piauí, o governo local está

complementariedade entre elas, jáque a solar gera mais ao meio dia ea eólica à tarde. Mas para que exis-tam novos projetos é preciso quehaja regras dos leilões federais quepermitam a criação desses produ-tos híbridos”, diz Zorzoli. A usinahíbrida em Pernambuco foi resul-tado de um leilão realizado pelogoverno do Estado em 2013.

Joint venture entre a Neoener -gia (50%) e a Iberdrola (50%), a For -ça Eólica do Brasil (FEB) tem inves-tido R$ 1,1 bilhão nos Estados daParaíba e Rio Grande do Norte. NoRio Grande do Norte, a empresaaplicou recursos na construção detrês parques eólicos, com 84 MW,na região da Serra de Santana. Es-ses empreendimentos têm suaenergia comercializada no merca-do cativo durante 20 anos, tendoiniciado o fornecimento de ener-gia no primeiro dia deste ano.

No interior da Paraíba, o grupoestá construindo 94,5 MW em trêsparques eólicos na Serra de SantaLuzia (Parque Eólico Lagoa 1, La-goa 2 e Canoas), com expectativade gerar 400 empregos no pico daobra (diretos e indiretos), iniciadano segundo semestre de 2016. Es-ses parques possuem compromis-so de entrega de energia no merca-do regulado por 20 anos, com en-trega de energia a partir de janeirode 2019. “Entretanto, o grupo temexpectativa de antecipação daoperação comercial para outubrode 2017 e a energia será comercia-lizada no ambiente livre”, diz Lau-ra Porto, diretora de operações.

A Força Eólica do Brasil tem 13

empreendimentos eólicos emoperação comercial e 3 em cons-trução. Em operação são 372 MW.A empresa também olha o desen-volvimento da energia solar, comprojetos em carteira que estão emfase de desenvolvimento.

Em maio, com sete meses de an-tecedência em relação ao volume

de energia comercializado no lei-lão A-3 realizado em 2014, a Casados Ventos inaugurou o complexode Ventos de São Clemente, locali-zado na região do Agreste de Per-nambuco e resultado de investi-mento de R$ 1,2 bilhão. Em 2015, aempresa tinha inaugurado o com-plexo de Santa Brígida, com 182

MW de potência instalada, tam-bém em Pernambuco. Neste pri-meiro semestre deve ser inaugura-do o complexo de ventos na cha-pada do Araripe, na fronteira entreos Estados de Pernambuco e Piauí,com 360 MW de potência instala-da, sendo que 126 MW estarão emterritório pernambucano. (RR)

trabalhando em uma subconces-são, cujo resultado ainda está cer-cado de dúvidas. No edital, o servi-ço de água e esgoto em Teresinadeixaria de ser feito pela conces-

sionária local e passaria às mãos deuma empresa privada. Essa empre-sa investiria R$ 1,7 bilhão no siste-ma de saneamento, valor estimadopara a universalização dos servi-ços. O edital ainda contempla a co-brança de outorga, cujo valor podeser direcionado para a empresa es-tadual fazer investimentos em ou-tros municípios ou o Estado useem outras áreas. E 3% da receita doprojeto é destinado à cidade.

Mas o processo está parado noTribunal de Contas do Estado(TCE-PI), cujo relatório técnicosobre o caso foi divulgado sema-na passada. No relatório, foramlevantados alguns questiona-mentos, como o fato de que o edi-tal foi lançado ao TCE antes da au-diência pública. O processo deve-rá ser julgado pelo plenário doTCE, o que poderá levar a um no-vo processo licitatório ou à judi-cialização do atual.

O Nordeste e a região Norte sãoas duas mais carentes em sanea-mento básico, de acordo com osdados do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE). Nocaso de rede coletora de esgoto, aparcela de domicílios que tinhameste serviço subiu de 63,5%, em2014 para 65,3% em 2015 no Bra-sil. Entretanto, as regiões Norte(22,6%) e Nordeste (42,9%) estãobem abaixo da média nacional.

Já a rede de abastecimento deágua chega a 85% das casas no Bra-sil, mas no Nordeste o índice é de79,7%. Para buscar maior eficiênciano setor, o governo federal querenvolver os municípios brasileirosno planejamento das ações. Até 31de dezembro, dois anos depois doprazo inicialmente estabelecido,as prefeituras devem enviar seusplanos de saneamento, requisitoessencial ao acesso a recursos debancos estatais. (RR)

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Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | Valor | G3

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G4 | Valor | Quinta-feira, 23 de fevereiro de 20 17

Especial | N o rd e ste

Área total 564,733 mil km2

População em 2016*15,277 milhões de habitantes

Número de municípios417

Densidade demográfica em 2016 * 27,1 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 223,93 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 14.803,95

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 736

Posição no PIB brasileiro em 20147º

IDHM 20100,660

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

Bahia em números

SalvadorBA

PITO

MG

DF

GO

SEAL

PE

Área total 27,848 mil km2

População em 2016*3,359 milhões de habitantes

Número de municípios102

Densidade demográfica em 2016 * 120,6 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 40,97 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 12.335,44

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 598

Posição no PIB brasileiro em 201420º

IDHM 20100,631

MaceióAL

PE

BA

SE

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

Alagoas em númerosEconomia alagoana tende a ganhar dinamismoFelipe DattPara o Valor, de São Paulo

A próxima década deverá sermarcada por uma mudança noperfil da economia alagoana. Aestruturação de novas cadeiasprodutivas, a exemplo da quími-ca e plástico, madeira e cerâmica,reforçará o peso da indústria nes-se Estado de 3,3 milhões de habi-tantes que, em 2014, ocupava o20 o lugar no ranking de partici-pação no PIB nacional.

Em 2016, quatro novas indús-trias se instalaram no Estado (en-tre elas, Lè Mix e Cimento Zumbi),um time que ganhará a compa-nhia de outras 16 empresas já emfase de instalação no Estado, comterrenos adquiridos e em diferen-tes estágios de obras. Dessas, oitoiniciam as atividades este ano e asdemais, entre 2018 e 2019.

O movimento de atração degrandes empresas tem comomarco o ano de 2012, quando aBraskem inaugurou uma fábricapara produção de PVC no muni-cípio de Marechal Deodoro, emum projeto que consumiu maisde R$ 1 bilhão. Nessa nova leva, odestaque fica a cargo da DuratexFlorestal que, em uma joint-ven-ture com uma empresa do ramosucroalcooleiro local, a UsinaCaeté, abrirá uma fábrica para aprodução de painéis de MDF. Asobras estão previstas para come-çar este ano e a inauguração daplanta é aguardada para 2019.

O principal chamariz desses

grupos é o Programa de Desen-volvimento Integrado de Ala-goas, reformulado em 2015 eque passou a oferecer como in-centivo a redução de 92% do pa-gamento do Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Servi-ços (ICMS) na saída dos produtosindustrializados. “Reformula -mos profundamente o progra-ma, oferecendo um incentivomais agressivo e competitivo.Pesquisamos programas de in-centivo em concorrentes no Nor-deste e encontramos o melhorm o d e l o”, diz o secretário da Se-cretaria de Estado do Desenvolvi-mento Econômico e Turismo (Se-detur), Helder Lima.

“Daqui para frente, o peso daindústria tende a ganhar outrarelevância, com o setor sucroal-cooleiro perdendo peso para se-tores mais dinâmicos”, completaFabrício Marques, secretário daSecretaria de Estado do Planeja-mento, Gestão e Patrimônio (Se-plag). Conforme a pesquisa deContas Regionais 2014 do IBGE,Alagoas registrou o terceiromaior avanço do PIB entre os Es-tados da federação naquele ano— 4,8%, ante 2013 —, em um to-tal de R$ 40,9 bilhões, atrás ape-nas do Tocantins (6,2%) e doPiauí (5,3%).

Mesmo sem os números de2015 e 2016 fechados, Marquesexplica que a economia local de-sacelerou, mas sem apresentaruma dinâmica de queda de PIBque marcou o biênio de recessão

D I V U LG A Ç Ã O

Canal do Sertão levará água para mais de um milhão de pessoas

nacional. Isso ocorre, por um la-do, pelo peso ainda pequeno dosetor industrial — justamente omais afetado pela crise nacional—, na economia alagoana. “Alémdisso, Alagoas, como os outrosEstados menores e mais pobres,tem uma grande dependência dosetor de serviços. Do empregoformal desse setor, 30% advém daadministração pública, um setorde certa forma blindado a demis-sões e que ajudou a explicar a es-tabilidade da economia”, diz.

Além das indústrias, Alagoasse vê às voltas com a retomadadas grandes obras. Além da con-tinuação da duplicação da BR101, paralisada desde 2013, odestaque é a continuidade dasobras do Canal do Sertão Ala-goano, um dos maiores projetosde infraestrutura hídrica da se-gunda fase do Programa de Ace-leração do Crescimento (PAC 2)no Nordeste. Com 250 quilôme-tros de extensão, o canal, quan-do finalizado, levará por gravi-dade as águas do rio São Francis-co para mais de um milhão depessoas de 42 municípios dosertão ao agreste, entre DelmiroGouveia e Arapiraca, com 100%dos recursos liberados pelo Mi-nistério da Integração Nacional.

Conforme a titular da Secreta-ria de Estado da Infraestrutura(Seinfra), Aparecida Machado,três etapas já estão concluídas,totalizando 93 quilômetros deextensão. A quarta etapa, quechega até o quilômetro 123, já

está em execução, com água dis-ponível até o quilômetro 107. Aperspectiva de término do tre-cho é junho de 2018.

Em paralelo, o trecho 5, que seestende dos quilômetros 123 ao150 e cujas obras devem ser fina-lizadas em meados de 2019, já es-tá em análise no Ministério da In-tegração e a ordem de serviço da

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CAROL GARCIA/DIVULGAÇÃO

Vitório, secretário da Fazenda: monitoramento constante dos gastos

primeira etapa deve ser realizadano próximo mês. Não há previ-são de quando os últimos tre-chos sairão do papel.

Há um projeto em andamen-to para a instalação de pequenasadutoras que captarão água nocanal para atender cerca de 40povoados do semiárido alagoa-no. Hoje, a Adutora do Alto Ser-

tão, em Delmiro Gouveia, jáabastece oito municípios comágua tratada. “Muitos dos po-voados hoje só têm acesso àagua por carro-pipa”, diz Apare-cida. A água será utilizada tam-bém em um projeto de períme-tros irrigados, com o intuito deatrair grandes produtores defrutas para a região.

Iniciativas para diversificar as atividades do EstadoDe Salvador

Em 2016, o governo da Bahiaassinou protocolos com 106 em-presas que se comprometeramcom investimentos que somamR$ 9,1 bilhões e devem gerar porvolta de 10 mil empregos. O se-cretário de desenvolvimento eco-nômico Jaques Wagner diz que oEstado projeta dobrar esse volu-me até 2018, chegando a R$ 18 bi-lhões de investimentos em maisde 300 empreendimentos.

Os novos negócios envolvemprojetos principalmente nos seg-mentos de alimentos e bebidas,química, energias alternativas, mi-neração, perfumes e cosméticos,calçados, papel e celulose e petró-leo e gás, inclusive com a explora-

ção de campos maduros de petró-leo em terra, atividade que não in-teressa a Petrobras e deve ser re-passada para médias empresas emleilão previsto para abril de 2017.Esses campos maduros somam po-tencial de produção de 20 mil bar-ris por dia nos próximos dois anos.

“Nossa estratégia é diversificaras atividades produtivas do Estadopara reduzir a dependências quetemos hoje de poucos segmentoseconômicos”, diz Wagner.

Agropecuária e a indústria ex-trativista possuem um grande pe-so na econômica baiana. Em 2016,segundo cálculos da consultoriaTe n d ê n c i a s , o PIB da Bahia recuouem 6,4%. A consultora Camila Saitoobserva que a produção industrialbaiana, que caiu em 5,3%, teve um

desempenho melhor que a médianacional, que caiu 6,4%. No entan-to, a produção agropecuária do Es-tado caiu 15% e a indústria extrati-vista recuou 21,1%, influenciadapor um mau desempenho na mi-neração e em petróleo e gás.

Uma das principais apostasbaianas é na indústria de equipa-mentos para a geração de energiarenovável. A Bahia ocupa o segun-do lugar na produção de energiaeólica com 68 projetos em opera-ção e 1,7 GW de capacidade insta-lada, e prevê ultrapassar o atual lí-der, o Rio Grande do Norte, em2018. A Bahia aproveitou esse po-tencial para levar toda a cadeiaprodutiva de equipamentos eóli-cos, com investimentos de empre-sas como GE, Gamesa, To r r e b r a s ,

Acciona, Torres Eólicas do Nordes-te (TEN) e Wobben Windpower.

Em 2016, a fabricante paulistade pás eólicas Te c s i s concluiu uminvestimento de R$ 220 milhõesem uma fábrica no Polo Industrialde Camaçari com capacidade paraproduzir 2,5 mil pás por ano. O go-verno do Estado contabiliza R$ 6bilhões de investimentos acorda-dos para a geração eólica e produ-ção de equipamentos até 2018.

Paulo Guimarães, superinten-dente de promoção do investi-mento do Estado, diz que a mesmaestratégia de adensamento de ca-deia produtiva será repetida para aindústria de energia solar, aprovei-tando o grande volume de insola-ção do território baiano, avaliadocomo o maior do país. No fim de

2016, a italiana Enel Green Powerfechou acordo de US$ 980 milhõesem quatro unidades de geraçãosolar, sendo três na Bahia uma noPiauí. No total, a empresa prevêproduzir mais de 1,7 Terawatt/ho-ra (TWh) por ano.

Na ponta inicial da cadeia foto-voltaica, a Bahia conta com duasminas que podem ser exploradaspara a produção de insumos ne-cessários para a produção de equi-pamentos fotovoltaicos, uma desílica de altíssima pureza e outrade quartzo. A indústria de equipa-mentos fotovoltaicos no Brasil ain-da não decolou, muito por contada indecisão do governo federal deliberar incentivos fiscais previstosno Programa de Apoio de Desen-volvimento da Indústria de Semi-

condutores (Padis).Segundo Ricardo Alban, presi-

dente da Federação das Indústriasdo Estado da Bahia (Fieb), apesardo esforço do governo baiano, aconcretização de negócios no Esta-do tem sido muito prejudicado pe-la deficiência logística. “Não temosferrovias e os portos de Salvador eAratu estão saturados.”

O principal projeto de infraes-trutura da Bahia tem como objeti-vo escoar a produção agrícola dooeste baiano e a produção mineralda região de Caetité, onde está ins-talada a mineradora Bamin. Tantoa construção da Ferrovia de Inte-gração Oeste-Leste (Fiol) entre Fi-gueirópolis (TO) e Ilhéus (BA)quanto a construção do Porto Sul,em Ilhéus, estão paralisadas.

Gastos públicos Estado ainda depende de aval daUnião para contrair mais operações de crédito

Ajuste na Bahiapretende manterinvest imentosDomingos ZaparolliPara o Valor, de Salvador

Em 2016, o governo da Bahiaaumentou em 45% os investi-mentos do Estado, com R$ 3,19bilhões pagos em obras públicasnas áreas de infraestrutura, segu-rança hídrica, saúde e educação.Em 2017 e 2018, a meta do Esta-do é manter esse patamar anualde investimentos públicos. O se-cretário da Fazenda, Manoel Vi-tório, diz, porém, que esse volu-me de investimentos só poderáser efetivado se houver o aval daUnião para o Estado contrair no-vas operações de crédito. Sem oaval, o total deve recuar para umpatamar ainda não definido.

“Temos um endividamento sobcontrole e seguindo as regras doTesouro Nacional poderíamos to-mar até R$ 5 bilhões em emprésti-mos, mas não estamos conseguin-do a liberação das operações”, dizVitório. O endividamento da Ba-hia é inferior a 0,6% da receita lí-quida corrente, quando o pata-mar aceito pelo Tesouro Nacionalé um endividamento de até duasvezes a receita líquida corrente.

Em dezembro, o Tesouro libe-rou o governo baiano para tomarum empréstimo de R$ 600 milhõesjunto ao Banco do Brasil. Recursosque serão investidos prioritaria-mente em obras de mobilidade ur-bana , infraestrutura hídrica e naárea de educação. No momento, oEstado pleiteia junto ao TesouroNacional a liberação de outra ope-ração de crédito nova no valor deUS$ 200 milhões, que está sendonegociado com o Banco Europeude Investimentos. Recursos que fi-nanciariam obras rodoviárias.

A maior capacidade da Bahiaem realizar investimentos pró-prios, como ocorreu em 2016, éresultado de dois anos de esfor-ços do governo conter seus gas-tos. Entre 2015 e 2016 a adminis-tração reduziu, em termos reais,suas despesas com custeio em R$1,2 bilhão. “Viramos o jogo. Du-rante oito anos os gastos subiram8% ao ano”, diz Vitório.

A economia é resultado da ex-tinção de dois mil cargos públicos,o corte de quatro secretarias e umanova estratégia de controle de gas-tos. A iniciativa batizada de Mode-lo Bahia de Gestão envolve o moni-

toramento continuo dos gastospor meio de um gestor responsávelpor essa tarefa em cada secretariade Estado, sob a coordenação dasecretaria da Fazenda. Os gestoressão responsáveis por inibir a dupli-cação de tarefas e controlar despe-sas correntes das áreas de apoio,como gastos com terceirizados,manutenção predial, de equipa-mentos e da frota, tecnologia dainformação, água, energia, forne-cimento de alimentação e serviçosmédicos. Os gestores também sãoresponsáveis por orientar os res-pectivos secretários estaduais so-bre os impactos financeiros de ini-ciativas ou obras emergenciais nãoprevistas originalmente no orça-mento de cada secretária. “Esta -mos segurando gastos sem enges-sar serviços essenciais, o que pode-ria gerar queda na qualidade dosserviços públicos”, diz Vitório.

O orçamento aprovado da Bahiaem 2017 é de R$ 44,4 bilhões, o querepresenta um crescimento nomi-nal de 4,3% em relação a 2016. Asdespesas sociais devem consumir63% do total, saúde 15,3%, previ-dência 15,4%, educação 12,4% e se-gurança pública 10,3%. No plano

estadual de investimentos para2017 se destacam obras de mobili-dade urbana, saúde e logística.

Em mobilidade urbana umadas principais obras é a conclu-são da atual etapa de expansãoda Linha 2 do metrô de Salvador.O primeiro trecho dessa linha en-trou em operação em dezembrode 2016 com 2,5 quilômetros li-gando as estações Acesso Norte,Detran e Rodoviária. A projeção éconcluir os 20,6 quilômetros atéa estação Aeroporto ainda em2017 e iniciar o projeto de 41 qui-

lômetros que levará o Metrô até acidade vizinha Lauro de Freitas.

Outra prioridade é o lança-mento do projeto de um veículoleve sobre trilhos (VLT) de 19quilômetros para substituir oatual trem do subúrbio da capi-tal baiana, que exigirá R$ 1,5 bi-lhão na forma de uma ParceriaPúblico-Privada (PPP).

Os investimentos em saúde em2016 contemplaram dois novoshospitais em Salvador, o Hospitalda Mulher e o Hospital Geral doEstado 2, referência de atendi-

mento de queimados e traumas.Para 2017, estão previstos trêsnovos hospitais. O Metropolita-no, com 305 leitos e investimen-tos de R$ 180 milhões. O Regio-nal da Costa do Cacau, em Ilhéus,com investimento de R$ 77,5 mi-lhões, e o Hospital da Chapada,em Seabra na Chapada Diaman-tina, que demandará R$ 28,1 mi-lhões. Até o fim de 2018 está pre-vista a conclusão da construçãode 28 policlínicas no Estado, ca-da uma com custo estimado deR$ 20 milhões.

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Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | Valor | G5

Especial | N o rd e ste

Ceará em números

Fortaleza

CE

PIRN

PB

Área total 148,888 mil km2

População em 2016*8,964 milhões de habitantes

Número de municípios184

Densidade demográfica em 2016 * 60,2 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 126,05 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 14.255,05

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 680

Posição no PIB brasileiro em 201412º

IDHM 20100,682

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

I nve st i m e n to s Incentivos são isençaõ de imposto e liberdade cambial

Ceará aposta na ZPE paraatrair novas indústriasJacilio SaraivaPara o Valor, de Fortaleza

O Ceará quer receber novas em-presas dos setores de granito e ro-chas ornamentais, calçados e auto-peças. Para atrair investidores, ofe-rece uma Zona de Processamentode Exportação (ZPE), que acaba deser ampliada para seis mil hectaresde área, além da infraestrutura doComplexo Industrial e Portuáriodo Pecém (CIPP), a 60 quilômetrosda capital Fortaleza. O terminalabriga a Companhia Siderúrgicado Pecém (CSP), avaliada em US$5,4 bilhões, e considerada o maiorinvestimento privado do Estado.

“Algumas cidades do Nordestepodem até ter bons portos, masnenhuma conta com uma ZPEcomo a nossa”, diz Antonio Balh-mann, assessor especial para as-suntos internacionais do gover-no do Ceará. ZPEs são distritos in-dustriais incentivados, em que asempresas instaladas operamcom suspensão de impostos e li-berdade cambial.

O pacote cearense de atrativosindica bons resultados. O volumede investimentos privados no Es-tado passou de R$ 2,9 bilhões, em2014 para R$ 6 bilhões em 2016.

Além da CSP, a ZPE, aberta em2013, abriga hoje três empresas,como a d , de fabricação de gasesindustriais; a Vale Pecém, de for-necimento de minério de ferropara a CSP; e a Phoenix do Brasil,de serviços siderúrgicos. A metado governo é que mais 15 compa-nhias desembarquem no localaté o final de 2018.

“Boa parte das novas aquisições

será de grupos da área de granito erochas ornamentais, que precisamde um terminal para exportar ap r o d u ç ã o”, diz Balhmann. Em2016, o jornal inglês Financial Ti-mes elegeu a ZPE cearense como amelhor da América Latina e Caribepor conta da capacidade de atra-ção de investimentos.

Há cinco meses, o governo esta-dual também assinou um memo-rando de entendimento com a co-reana Korea Gas Corporation (Ko -gas) para a construção de um com-plexo de produção de gás, avaliadoem US$ 600 milhões, em Pecém. Aempresa é a maior em produção efornecimento de gás natural dopaís asiático. “A estimativa é pro-duzir 12 milhões de metros cúbi-cos de gás, ao dia”, diz Balhmann,que foi à Seul para firmar o acordo.

Enquanto novas empresas pla-nejam desembarcar no terminal, ocomplexo portuário de 13,3 milhectares caminha para a sua se-gunda expansão, com 81% dasobras concluídas. Em 2016, o go-verno entregou a segunda correiatransportadora de minério de fer-ro. Agora, o nono berço de atraca-ção apresenta 80% do projeto exe-cutado e uma nova ponte de aces-so segue em construção, com44,4% de avanço nos serviços. Aprevisão é que as obras sejam en-tregues até o fim de 2017.

Com o aumento da demanda noporto, o governo acelera a implan-tação da rodovia CE-576, conheci-da como Rodovia das Placas. Com20% de execução, a via faz parte dasobras para atender a CSP.

Focada na produção de placasde aço, a siderúrgica deve ser ofi-

cialmente inaugurada este se-mestre, segundo a empresa. Aunidade, que emprega mais decinco mil trabalhadores, é umajoint-venture formada pela bra-sileira Vale, com 50% de partici-pação; e as sul-coreanas Dong -kuk (30%), maior compradora

global de placas de aço, e a Po s c o(20%), considerada a quartamaior siderúrgica do mundo.Tem capacidade para entregaraté três milhões de toneladas deplacas de aço ao ano.

Em produção desde junho de2016, a planta comemorou em de-zembro a marca de um milhão detoneladas de placas. Os produtosforam exportados para mais dedez países, como Alemanha e Esta-dos Unidos. A CSP informou que,ao longo de 2016, foram aporta-dos R$ 254 milhões em comprasde bens e serviços no Ceará. A esti-mativa é adquirir mais R$ 520 mi-lhões anuais, a partir deste ano.

Com os investimentos, RicardoBelo, sócio de advisory da consul-toria EY em Fortaleza, afirma que oEstado deve ter, em 2017, um cres-cimento de 1% do Produto InternoBruto (PIB). “A taxa é, mais umavez, acima da perspectiva para opaís, que deve registrar um au-mento próximo a 0,5%.”

Segundo ele, o governo precisacontinuar o diálogo com órgãosde financiamento e o setor privadopara atrair mais recursos e con-quistar a confiança do investidorque quer fazer negócios no Estado.

É o caso da Sunlight Energy Bra-sil, fundada pelo cearense ClaytonMedeiros, que se prepara para ins-talar uma fábrica de produção depainéis fotovoltaicos, para a capta-ção de energia solar. O investimen-to é de R$ 150 milhões. Em 2016, aempresa negociou parte de suascotas para a chinesa Hareon Solar,com filiais na Europa, Estados Uni-dos e Ásia. “O plano é faturar é R$90 milhões, até o final de 2017.”

Depois do sucessona educação, ênfasena saúde e moradiasDe Fortaleza

Depois de avanços significati-vos na área de educação, o Cearáquer repetir a mesma performan-ce em setores como saúde e mora-dia. Para se ter uma ideia, a parce-la de crianças não alfabetizadasno Estado foi reduzida de 32,8%,em 2007, para 0,9%, em 2016. Nosoutros indicadores, o Estado pre-cisa resolver problemas como oaumento do valor do custeio dasaúde e o déficit de habitação de283,1 mil domicílios.

“Um dos maiores desafios é tra-balhar com um financiamento in-suficiente, em choque com umademanda crescente”, diz HenriqueJavi, secretário da Saúde do Ceará.Segundo ele, há dez anos, o Estadotinha uma despesa de custeio naárea avaliada em R$ 250 milhões eo governo federal transferia para osistema local quase o mesmo valor.Com o repasse, foram criados pro-gramas para ampliar a rede sanitá-ria, duplicando o número de leitospúblicos estaduais. “Mas isso fezcom que o custeio da rede superas-se a marca de R$ 1,5 bilhão, en-quanto as transferências da Uniãonão passam de R$ 500 milhões.”

Javi diz que, entre 2009 e 2015,o Ceará investiu quase R$ 1,5 bi-lhão na melhoria da rede de saú-de, com foco na desconcentraçãodo atendimento na capital. Paracontinuar a execução desse pla-no, estima aplicar aproximada-mente R$ 500 milhões até 2020.Mais da metade desse montante,ou R$ 360 milhões, virá de finan-ciamento internacional, via Ban-co Interamericano de Desenvol-vimento (BID). O restante será derecursos próprios do Estado. Averba garantirá a construção dedois hospitais regionais, quatro

policlínicas e 22 unidades depronto atendimento, além de 53bases do Serviço de AtendimentoMóvel de Urgência (Samu).

Em 2016, os hospitais estaduaisapresentaram um aumento de7,4% no número de cirurgias ante2015. Foram efetuados 55,9 milprocedimentos ou 3,8 mil a maisdo que no ano anterior. Outrocrescimento detectado na área foio da quantidade de internaçõesem dez hospitais do Estado, quepassou de 92,5 mil, em 2015, para98,8 mil, em 2016.

O Estado iniciou a segunda fasedo Programa de Expansão e Me-lhoria da Assistência Especializadaà Saúde (Proexmaes II). Financiadopelo BID, começou em 2007 com oobjetivo de ampliar o acesso aosserviços. A nova etapa terá investi-mentos de US$ 178,5 milhões, sen-do US$ 123 milhões do BID e US$55,5 milhões de contrapartida doEstado. “A meta é fazer aportes emtecnologia da informação e naacreditação das unidades.”

Segundo dados do governo edo BID, a iniciativa já reduziu70% da fila de espera para consul-tas especializadas e 14% da mor-talidade neonatal na região deSobral, município a 230 quilô-metros de Fortaleza.

No setor de moradia, o Estadoreflete a realidade brasileira e secaracteriza pelo déficit habitacio-nal, segundo Waldemar Pereira,coordenador de habitação da se-cretaria das Cidades. “O déficit doEstado, em 2014, era de 283,1 mildomicílios, segundo a FundaçãoJoão Pinheiro.” Para tentar reduziresse número, estão previstos R$23,5 milhões para a construção de14,6 mil unidades habitacionaisem 2017 e R$ 25,2 milhões paraseis mil unidades em 2018. (JS)

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G6 | Valor | Quinta-feira, 23 de fevereiro de 20 17

Especial | N o rd e ste

Pernambuco em números

Recife

PE

RNCE

PI

BAAL

PB

Área total 98,076 mil km2

População em 2016*9,410 milhões de habitantes

Número de municípios185

Densidade demográfica em 2016 * 95,9 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 155,14 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 16.722,05

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 822

Posição no PIB brasileiro em 201410º

IDHM 20100,673

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

Sergipe em números

Aracaju

SE

BA AL

PE

Área total 21,918 mil km2

População em 2016*2,266 milhões de habitantes

Número de municípios75

Densidade demográfica em 2016 * 103,4 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 37,47 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 16.882,71

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 782

Posição no PIB brasileiro em 201422º

IDHM 20100,665

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

João PessoaPB

RNCE

PE

Paraíba em números

Área total 56,468 mil km2

População em 2016*3,999 milhões de habitantes

Número de municípios223

Densidade demográfica em 2016 * 70,8 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 52,93 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 13.422,42

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 776

Posição no PIB brasileiro em 201419º

IDHM 20100,658

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

Esforços da Paraíba para continuarconquistando outras empresasRosangela CapozoliPara o Valor, de São Paulo

Apertado entre três Estados doNordeste — Pernambuco, Ceará eRio Grande do Norte —, numa fai-xa de terra inferior a 1% do territó-rio nacional, a Paraíba encontrououtro destino além de oferecersuas belas praias aos turistas. In-vestindo, sobretudo, na indústria,o Estado conseguiu segurar a que-da do Produto Interno Bruto (PIB)de 2016 em menos 2,6%, e o de2015 em menos 0,2%, contra umPIB nacional que caiu 3,8% e 3,5%nos dois anos, respectivamente. Osnúmeros são projeções da Tendên -cias Consultoria Integrada.

“Foi a segunda menor perdapercentual no PIB de 2016 em rela-ção aos demais Estados do país, fi-cando atrás apenas do Pará”, dizWaldson de Souza, secretário dePlanejamento, Orçamento e Ges-tão do Estado da Paraíba.

A indústria é o carro-chefe nes-se processo. Decorrência de umapolítica de investimento, a indús-tria tem uma participação de 23%no PIB do Estado, quando a médianacional oscila entre 13% e 14%,segundo Francisco de Assis Bene-vides Gadelha, presidente da Fe-deração das Indústrias do Estadoda Paraíba (Fiep).

O estudo da Tendências, diz o se-cretário, é mais um indicador deque a economia paraibana temconseguido minimizar os impac-tos da recessão. O reflexo é perce-bido no mercado de trabalho, quesofreu retração de apenas 2,85%em 2016 na comparação com2015, a menor redução entre osnove Estados nordestinos, confor-me o Cadastro Geral de Emprega-

dos e Desempregados (Caged). Sóo setor industrial emprega 160 miltrabalhadores e para o ano o nú-mero deve ser ampliado, segundoo Sondagem Industrial da Paraíba.

“Os setores mais fortes são cons-trução civil, têxtil, calçados, cimen-to e cerâmica. No setor calçadista,só a fábrica das H av a i a n a s , emCampina Grande, considerada um

Apesar de indicadores negativos,Sergipe projeta melhoras em 2017Marleine CohenPara o Valor, de São Paulo

Atolado na recessão, o Estado deSergipe registrou, ao longo de2016, resultados negativos empraticamente todos os indicadoreseconômicos. Muito dependentedos investimentos públicos que,em 2016, sofreram ajuste fiscal daUnião, somou retração da ativida-de industrial, redução da produ-ção de petróleo e déficit primárioacumulado da ordem de R$ 776,5milhões. O comércio sofreu quedade 9,9% no volume de vendas —acima da média nacional, de 6,2%— e houve diminuição de -2,4% noconsumo residencial de energia.Sergipe também fechou o ano comum saldo negativo de 15.653 no es-toque de empregos formais — piorresultado apontado no Estado pe-lo Cadastro Geral de Empregados eDesempregados (Caged), segundoLuís Moura, economista do Depar-tamento Intersindical de Estatísti-ca e Estudos Socioeconômicos(Dieese) de Sergipe.

Grande produtor de petróleo egás natural, o Estado encerrou2016 com 11,2 milhões de barrisequivalente de petróleo (BEP) con-tra 12,5 milhões no ano anterior,queda de 10,4%, segundo dados doNúcleo de Informações Econômi-cas da Federação das Indústrias doEstado de Sergipe (FIES). A produ-ção de gás natural foi mais bem su-cedida, com mais de 6 milhões deBEP, aumento de 9,9%.

Por conta desses resultados aca-nhados, em 2016, o pagamento deroyalties de petróleo e gás naturalfoi equivalente a R$ 69,8 milhões,segundo a FIES, uma redução de28,6% em relação ao período ante-

dos principais polos industriais etecnológicos da região Nordeste,produz um milhão de pares pordia e emprega 8 mil funcionários”,diz Gadelha. O Estado abriga 300fábricas de calçados de um total de6,5 mil indústrias.

Gadelha se orgulha de o Estadoexportar tecidos para a China,quando o que sempre aconteceufoi no sentido inverso. Só a Cotemi -nas, instalada em Campina Gran-de, exemplifica, consome 100 miltoneladas de algodão por ano. Aindústria cimenteira também estáem ascensão. “Em 2016, o GrupoRicardo Brennand abriu sua se-gunda fábrica em Pitimbu, litoralsul da Paraíba, com capacidade pa-ra produção de 3 mil toneladas pord i a”, afirma. A Lafarge Cimentosampliou a sua capacidade de pro-dução para 1,7 milhão de tonela-das de cimentos/ano com investi-mentos de R$ 20 milhões. A Eliza -beth Cimentos tem fábrica na ci-dade de Alhandra.

Campina Grande abriga ainda aprimeira fábrica de aviões da Pa-raíba e a quinta do Brasil, inaugu-rada em 2016. A empresa, que fezaportes de R$ 5 milhões, produzirámodelos leves, de uso empresarial,que custarão cerca de R$ 750 mil.

Ao lado de uma política de in-centivos para atrair investidorese indústrias, como terrenos e re-dução de impostyos, o governoda Paraíba atribui seu bom de-sempenho a uma política severade contingenciamento de gas-tos. “Decreto do governo redu-ziu em 30% os gastos com cus-teio desde 2015. Em janeiro des-te ano, a área de pessoal tam-bém teve contingenciamento de15%”, diz o secretário.

rior. No comparativo, as transfe-rências acumuladas do Fundo deParticipação dos Estados (FPE)cresceram 3,2%, em termos reais. Orepasse do Fundo de Participaçãodos Municípios (FPM) aumentou4,5%, descontada a inflação.

Apesar do quadro vigente, oeconomista da FIES, Rodrigo Ro-cha, vislumbra boas perspectivas

daqui para frente: além da expec-tativa de uma retomada no setorda construção civil, Rocha lembraque já está em curso, na região por-tuária de Sergipe, a implantaçãoda maior obra termelétrica proje-tada no país e na América Latina: aUTE Porto de Sergipe, que integrao Complexo de Geração de Energiagovernador Marcelo Déda ao ladode duas outras unidades. A obra,cuja conclusão está prevista para2020, resulta de arranjo institucio-nal do qual participa a gigante pe-trolífera Exxon Mobil e receberáum aporte superior a R$ 5 bilhões,gerando, ao longo de sua constru-ção, 1,7 mil empregos novos.

Enquanto a UTE Porto de Sergi-pe não deslancha, não há motivospara o otimismo, diz Moura, doDieese: “Não percebo uma rever-são da situação fiscal do Estado,que tem parcelado salários e atra-sado o pagamento dos servidores.As maiores empresas do Estado —Petrobras e Va l e — estão desisves-tindo, os bancos federais (Caixa,B N B, BB) estão demitindo e o aces-so ao crédito está restrito para em-presas e trabalhadores”.

“Temos um problema previ-denciário grave. Adotamos váriasmedidas para conter as despesas,mas a sustentabilidade de longoprazo vai depender do ajuste daprevidência, da retomada da eco-nomia e de importantes reformasna máquina pública”, diz Lacer-da. Apesar disso, diz ele, há moti-vos para estar otimista. “Mesmosem capacidade de injetar recur-sos próprios no desenvolvimen-to, o governo conta com investi-mentos em infraestrutura produ-tiva e urbana, água e saneamento,saúde e educação.”

Perspectiva é de melhora no desempenho industrialDe Recife

A produção industrial de Per-nambuco registrou uma queda de9,5% em 2016, um tombo muitoacima da média nacional, de 6,6%.No entanto, levantamentos feitospela Federação das Indústrias doEstado de Pernambuco (Fiepe) in-dicam que a confiança do empre-sário pernambucano neste iníciode 2017 está acima da média na-cional. Segundo Ricardo Essinger,presidente da Fiepe, existe umapercepção no Estado de que os fa-tores que afetaram duramente aeconomia pernambucana no anopassado foram superados e o Esta-do voltará a crescer.

“Fomos muito afetados pela

crise na Pe t r o b r a s , que acarretoua paralisação dos investimentosna Refinaria Abreu e Lima, na Pe -troquímica Suape e cancelou en-comendas no Estaleiro AtlânticoSul”, diz Essinger. “Os mesmosativos agora são fontes de boasnotícias”, destaca.

Em dezembro, o EstaleiroAtlântico Sul (EAS) fechou umacordo para fornecer oito embar-cações do tipo navio-tanque paraa South American Tanker Compa-ny Navegação S.A. (Satco), numcontrato de R$ 2,2 bilhões. “Éuma demonstração de que o EASestá apto a participar de concor-rências internacionais.”.

Também em dezembro a Pe-trobras fechou acordo com o

grupo petroquímico mexicanoAlpek para a venda da Petroquí-mica Suape e da Companhia Têx-til de Pernambuco (Citepe) porUS$ 385 milhões. A venda, porora, está embargada pela Justiçaatendendo uma ação popularque questiona o valor da venda,um nono do total investido.

Na avaliação de empresários edo governo pernambucano, a con-cretização do negócio é benéficapara o Estado, porque permitirá aconclusão de investimentos e agestão dos ativos por uma empre-sa especializada no ramo. A Petro-química Suape produz resinas PTAe PET. O PTA é insumo para os fiosde poliéster produzidos pela Cite-pe. A fábrica de fios sintéticos, pro-

jetada para ser a maior da AméricaLatina, trabalha com menos de20% de sua capacidade.

“A venda revigorará a Petro-química Suape e o Citepe e po-derá impulsionar cadeias pro-dutivas locais, que dependemdesses insumos”, diz Raul Henry,vice-governador e secretário dedesenvolvimento econômico dePe r n a m b u c o.

A Refinaria Abreu e Lima proje-tada para processar 230 mil barrispor dia em dois “trens”, unidadesde refino, está com seu primeiro“t r e m” em atividade, produzindopor volta de 100 mil barris diários.Segundo a Petrobras, o investi-mento só será retomado com a in-clusão de um sócio investidor.

Mas a produção de Abreu e Limajá gera bons resultados para a eco-nomia do Estado. As vendas inter-nacionais da refinaria junto comos negócios da fábrica de automó-veis Fiat Chrysler Au t o m o b i l e s(FCA) foram decisivos para Per-nambuco ampliar suas exporta-ções em 35,47% em 2016, soman-do embarques de US$ 1,4 bilhão.

As boas perspectivas da econo-mia pernambucana também sãoresultado de um trabalho do go-verno estadual de atração de novosinvestimentos. Em 2016, foram fe-chados 129 contratos, sendo 80em projetos industriais, que so-mam R$ 1,8 bilhão. “O valor é trêsvezes maior do que o registradoem 2015”, diz Henry.

Um dos principais negócios fe-chados é a nova fábrica da Aché. Afarmacêutica irá investir R$ 500milhões em uma unidade indus-trial de medicamentos do tipo só-lido (comprimidos e cápsulas) noComplexo de Suape e um centrode distribuição com inauguraçãoprevista para o fim de 2018.

Para 2017, está prevista a con-clusão de um investimento de R$600 milhões da Unilever em umafábrica de alimentos e um centrode distribuição na Zona da MataSul e da expansão da fábrica de be-bidas da Ambev em Itapissuma,um investimento de R$ 400 mi-lhões. Uma nova etapa de expan-são da empresa está sendo discuti-da com o governo estadual. (DZ)

Pe r n a m b u c o Investimentos públicos devem chegar a R$ 2 bilhões este ano no Estado

Maior parcela dos recursos irápara obras de combate à seca

SILVIA COSTANTI/VALOR

Câmara, governador: poupança para investir em áreas prioritárias

Domingos ZaparolliPara o Valor, de Recife

Os recursos para investimentospúblicos em Pernambuco devemchegar a R$ 2 bilhões este ano. Des-se total, R$ 1,4 bilhão são do orça-mento do Estado e outros R$ 600milhões virão de uma operação decrédito autorizada pelo TesouroNacional no fim de 2016. O gover-nador Paulo Câmara (PSB) diz queno momento avalia as condiçõesde juros de instituições financeirasnacionais e internacionais para adefinição do financiamento.

A liberação pelo Tesouro Nacio-nal da operação de crédito foi pos-sível diante do baixo endivida-mento, que está em 57% da receitalíquida corrente, ou seja, significa-tivamente abaixo do patamar li-mite de 200% da receita líquida.

“Assumimos o governo em 2015com a percepção de que o país pas-saria por anos difíceis e foram pio-res do que imaginamos. Mas nospreparamos para a situação, ajus-tando nossas contas”, diz Câmara.

Em 2015, o governo estadualadotou o Plano de Monitoramen-to de Gastos que reavaliou todasas despesas de custeio da máqui-

na pública — de materiais de con-sumo à telefonia e energia — ereorientou gestores de secreta-rias e órgãos públicos para umaavaliação permanente de custos.O resultado foi uma economiacom custeio em dois anos quechega a R$ 1 bilhão.

“Formamos uma poupança pa-ra investir em áreas prioritárias,mesmo diante do acirramento dacrise e seu impacto na arrecadaçãot r i b u t á r i a”, diz Câmara. A econo-mia permitiu em 2016 o Estadoaumentar seus investimentos em5,7%, chegando à R$ 1,44 bilhão.

Em 2017, a expectativa é que asreceitas voltem a acompanhar aevolução da inflação, o que nãoocorreu nos últimos dois anos. Oorçamento estadual aprovado pa-ra o ano é de R$ 33,1 bilhões.

A principal parcela dos R$ 2 bi-lhões para investimentos, por vol-ta de 40% do total, será encami-nhada para ações que melhorem aestrutura hídrica do Estado, queenfrenta seu sexto ano seguido deseca. São pequenas e médias obrasde barragens, sistemas de capta-ção, distribuição e abastecimentode cidades do agreste. Mais de 60dos 72 municípios da região en-

contram-se em regime de raciona-mento, dependendo do abasteci-mento por carros-pipa.

As obras hídricas são necessá-rias diante do atraso da transposi-ção do rio São Francisco. O agrestepernambucano será abastecidocom a água proveniente do EixoLeste da transposição, para isso se-rá necessária a conclusão do Ra-mal do Agreste e da Adutora doAgreste, obras do governo federalparalisadas em 2013 e retomadasno fim de 2016, mas que não de-vem ser concluídas antes de 2022.

Segundo Câmara, os demais60% dos investimentos estaduaisprevistos para 2017 serão destina-dos a conclusão de obras que re-sultarão em ampliação e qualifica-ção dos serviços de saúde, educa-ção, segurança e mobilidade urba-na. “Nosso objetivo é concentraresforços para entregar à popula-ção as obras em andamento, antesde iniciar novos projetos.”

Ricardo Essinger, presidente daFederação das Indústrias do Esta-do de Pernambuco (Fiepe), diz quelogística e energia deveriam cons-tar entre as prioridades do gover-no estadual, porque são condiçõesbásicas para atrair investimentos e

impulsionar a economia local.A resposta do governo estadual

para a limitação de oferta de ener-gia vem em duas frentes. Uma sãoos investimentos privados em exe-cução no agreste e no sertão do Es-tado para geração de energia eóli-ca, que os cálculos da administra-ção indicam que serão capazes de

atender 40% do consumo um pra-zo de três anos. A outra iniciativa éa instalação de uma térmica à gáscom capacidade de geração de 1,5gigawatt, que demandará um ter-minal portuário de regaseificação.“É um investimento de R$ 4 bi-lhões e estamos em negociaçãocom grupos interessados no proje-

t o”, diz o vice-governador RaulHenry, secretário de desenvolvi-mento econômico do Estado.

O avanço logístico depende deações do governo federal. A con-cessão das rodovias BRs 101, 408 e232 e a construção do Arco Metro-politano de Recife, pactuada em2012, ainda não saiu do papel.

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Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | Valor | G7

Enfrentar os desafios é fundamental para seguir em frente.

É isso o que Pernambuco está fazendo. Apesar da crise

econômica nacional, o estado continua atraindo novos

investimentos. Há polos de desenvolvimento tanto no lito-

ral quanto no interior. E os portos do Recife e de Suape se

mantêm abertos aos grandes negócios. Tudo isso gera

novas oportunidades para os pernambucanos. E contribui,

decisivamente, para o crescimento de todo o Nordeste.

ATRAÇÃO DEINVESTIMENTOS

POLOS DEDESENVOLVIMENTO

• 270 empreendimentos anunciados.

• R$ 2,4 bilhões em investimentos e 8,4 milnovos empregos.

• Incentivos fiscais para investimentos no interior.

• Principais empreendimentos: Ambev, Aché,Grupo Moura, Unilever, Goodyear, Toyota, BrasilKirin e Grupo Petrópolis.

• Fortalecimento dos polos Automotivo,de Alimentos, de Bebidas, Gesseiro, deConfecções, de Tecnologia daInformação e Economia Criativa.

• Consolidação dos polos Naval,Farmacoquímico e Petroquímico.

• Polo Energético em plena ascensão.

PORTO DESUAPE

• Mais de 100 empresas instaladas ou em implantação,gerando mais de 18 mil empregos diretos.

• Um dos melhores portos públicos do Brasil.

• 5º no ranking nacional de movimentação de cargas.

• Hub port do Norte-Nordeste.

PORTO DORECIFE

• Localização estratégica no centroda capital pernambucana.

• Capacidade para movimentaçãode até 6 milhões de toneladas decargas por ano.

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G8 | Valor | Quinta-feira, 23 de fevereiro de 20 17

Especial | N o rd e ste

Rio Grande do Norte em números

NatalRN

CE

PB

Área total 52,811 mil km2

População em 2016*3,475 milhões de habitantes

Número de municípios167

Densidade demográfica em 2016 * 65,8 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 54,02 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 15.849,33

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 818

Posição no PIB brasileiro em 201418º

IDHM 20100,684

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

Teresina

PI

BA AL

PE

MA

TO

CE

PB

Piauí em números

Área total 251,612 mil km2

População em 2016*3,212 milhões de habitantes

Número de municípios224

Densidade demográfica em 2016 * 12,8 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 37,72 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 11.808,08

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 729

Posição no PIB brasileiro em 201421º

IDHM 20100,646

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

.

Empresários e governo preparam plano até 2035D I V U LG A Ç Ã O

Faria, governador: segurança jurídica é importante para atrair empresas

De São Paulo

Apesar do esforço recorrentede recuperação, o Rio Grande doNorte, sexto menor Estado doBrasil, com 52.811 quilômetrosquadrados (3,4% da região Nor-deste) e uma população de 3,2milhões de habitantes (6% doNordeste, segundo dados de2010), registra um grau de in-vestimento público com tendên-cia decrescente desde 2006. Noano passado, 58% das empresasrealizaram investimentos, abai-xo dos 72% observados em 2015.E ainda assim, 35% o fizeramapenas parcialmente.

Este ano, 67% da indústria poti-guar tem planos de investir no Es-tado, uma proporção inferior aos70% das empresas que planejavaminvestir em 2016. “É uma taxa de-crescente, mas ainda assim o nú-mero é significativo diante das di-ficuldades atuais”, aponta AmaroSales, presidente da Federação dasIndústrias do Estado do Rio Gran-de do Norte (Fiern).

A recessão econômica é o princi-pal responsável pela queda dos in-vestimentos da indústria, sem dú-vida, mas as aplicações do setorpúblico dependem fortemente dageração de receita via transferên-cia externas — o que não tem ocor-

rido, avalia o governador Robin-son Faria (PSD). “De janeiro de2015 a setembro de 2016, o RioGrande do Norte já deixou de rece-ber R$ 980 milhões previstos nosorçamentos para os dois anos. So-mente em transferências federais,a frustração chega a R$ 691 mi-lhões em relação á previsão orça-mentária. Além disso, as receitasdos royalties do petróleo apresen-taram redução em mais de 61% emcomparação a 2014.”

No momento, o esforço do go-verno estadual visa equacionar ascontas públicas para assegurar uminvestimento público da ordem de20% da receita corrente líquida. “ORio Grande do Norte oferece umambiente favorável para novos in-vestimentos, oferecendo seguran-ça jurídica”, diz o governador. “Issoé muito importante para atrair no-vas iniciativas do setor produtivo efomentar a economia.”

O Programa de Apoio ao Desen-volvimento Industrial (Proadi) foireformulado e oferece redução deaté 99% do Imposto sobre Circula-ção de Mercadorias e Serviços(ICMS) para 110 empresas. O go-verno criou o RN Gás, que dá in-centivo ao gás natural, e bateu o re-corde de emissão de licenças am-bientais, o que deve gerar mais de40 mil novos empregos. O governo

Receitas próprias do Piauí cresceram 7%Genilson CezarPara o Valor, de São Paulo

Equilíbrio fiscal, sustentabili-dade econômica e fiscal orça-mentária nas áreas de planeja-mento, finanças e administrati-va são os pilares estratégicos queconseguem sustentar a políticade investimento do Piauí, mes-mo em um cenário da crise eco-nômica, avaliam agentes gover-namentais. Terceiro maior Esta-do do Nordeste, com 255.529quilômetros quadrados (2,9% dototal do país) e uma populaçãode 3,1 milhões de habitantes, oPiauí reduziu sua folha de paga-mentos em mais de R$ 80 mi-lhões em 2016, diminuiu o cus-teio e aumentou a receita pró-pria em mais de 7%.

As transferências do governo fe-dera caíram como ocorreu em to-dos os Estados. Mas ainda assim oPiauí teve um saldo positivo emsuas finanças em 2016, aponta osecretário Antônio Rodrigues deSouza Neto, do Planejamento. “OPiauí tem hoje uma capacidade deendividamento muito boa, algo

como 0,45% de sua receita correntelíquida. Nós tivemos um ano mui-to positivo, que nos permitiu teracesso a operações financeiras einvestir mais de R$ 800 milhões emobras estruturantes.”

Dados da Seplan indicam queem 2016 foram realizados investi-mento em torno de R$ 1,7 bilhão epara este ano, até agora, as estima-tivas são da ordem de R$ 1,6 bi-lhão. Para o período de 2018 a2019, segundo a Seplan, serão in-vestidos R$ 17,2 bilhões, dos quais,R$ 7,9 bilhões do Tesouro e R$ 9,2bilhões de outras fontes de finan-ciamento. Boa parte desses investi-mentos será destinada a obras deinfraestruturas, rodoanéis, alarga-mento de pontes, mobilidade ur-bana, açudes e barragens.

Segundo Antônio Neto, o focoprincipal é criar condições de atra-tividade para aumentar o investi-mento privado. Já está em funcio-namento a Zona de Processamen-to de Exportação (ZPE) de Parnaí-ba, onde os produtos destinadosao mercado externo recebem in-centivos tributários, cambiais e ad-ministrativos. A ZPE de Parnaíba

está a 40 quilômetros do Porto dePecém, no Recife, e tem um perfilvoltado para o agronegócio, bio-combustíveis e fármaco-químico.Foi criado também o Fundo de De-senvolvimento Industrial do Piauí(Fundipi), que permite investi-mentos principalmente em in-fraestrutura para empresas quevem a se instalar no Estado.

O investimento privado temsido um fator importante para oPiauí entrar no radar da energiaeólica e solar, diz Antônio Joséde Moraes Souza Filho, presi-dente da Federação das Indús-trias do Estado do Piauí (Fiepi).“Temos nos destacado nos últi-mos anos como uma região pro-pícia para projetos de energiaeólica e fotovoltaica”, diz ele.“No caso da eólica já existemusinas em operação com capaci-dade de 863 MW, mas em breve,as usinas eólicas que estão emfase de implantação vão produ-zir 1,22GW. Quanto à energiasolar estão em implantação pro-jetos que vão gerar 480 MW.”

A mineração é outra área depotencial de investimento priva-

do. O Piauí possui grandes reser-vas de vários minerais. As desco-bertas de minério de ferro emPaulistana, Curral Novo, Betâniae São Raimundo Nonato, porexemplo, abrem expectativa deextração de dois milhões de to-neladas. Na área de níquel, umdos empreendimentos de desta-que é o do grupo britânico BR Ni-ckel, em Capitão Gervásio Olivei-ra, a 545 quilômetros de Teresi-na. O projeto está em fase de li-cença de operação e prevê inves-timento de R$ 4,5 bilhões.

Um dos gargalos que impedemmaior expansão dos investimen-tos na área mineral, segundo o se-cretário Antônio Neto, é o do es-coamento da produção. O Piauítem o menor litoral do Brasil, com66 quilômetros de extensão, e de-pende da conclusão da Transnor-destina, uma obra que tem 1.753quilômetros de ferrovia, conectan-do Eliseu Martins, no cerrado doEstado, aos portos de Pecém (CE),no Ceará, e de Suape (PE).

Outro grande entrave para odesenvolvimento do potencialdo Estado é o da falta de mão de

obra especializada, especialmen-te para as operações no campoda energia renovável. “O Brasilexperimentou um rápido cresci-mento da geração eólica, princi-palmente no Nordeste, mas nãoencontra reflexo em mão-de-obra local qualificada”, diz Gus-tavo Mattos, diretor de implanta-ção da Ômega Energia, uma con-trolada pela Tarpon Investimen-tos, que conta com capital dofundo de investimentos norte-americano Warburg Pincus. Aempresa possui dois complexoseólicos no Piauí com capacidadeinstalada de 144,8 MW, fruto deinvestimentos de mais de R$ 250milhões, e inaugurou em janeiro,em parceria com o Instituto Fe-deral de Educação, Ciência e Tec-nologia do Piauí (IFPI) — campusParnaíba, o primeiro laboratóriodo Estado dedicado à formaçãotécnica científica em sistemas deenergia renovável. É um espaçocomplementar ao Centro deEducação, criado no municípiode Ilha Grande, no litoralpiauiense, no modelo de apoioao ensino público municipal.

investiu também em obras de in-fraestrutura e mais de R$ 110 mi-lhões em segurança pública.

Junto com o empresariado, a ad-ministração estadual aposta no fo-mento de capacidades para ado-ção de um novo padrão de desen-volvimento, diz Gustavo Nogueira,secretário do Planejamento e dasFinanças (Seplan). Isso inclui a for-mulação de um plano de cresci-mento econômico e promoção deinvestimentos, o Mais RN, projeta-do para 20 anos, apresentado em2016 pela Fiern, que prevê, numcenário de restrições econômicas,

aportes de R$ 83,8 bilhões até2035, especialmente nos segmen-tos de geração de energia, constru-ção civil residencial e industrial.

O governo estadual conta hojecom a parceria do Banco Mundial,por meio do projeto RN Sustentá-vel, com financiamento deUS$ 380 milhões para projetos nasáreas da indústria, agricultura,saúde, educação e segurança.

Uma das prioridades, diz FlávioAzevedo, secretário de Desenvolvi-mento Econômico é a implantaçãodo Parque Tecnológico, para o de-senvolvimento de pesquisa e ino-

vação aplicada às cadeias produti-vas. O Estado pleiteia um emprésti-mo de R$ 850 milhões junto ao go-verno federal, aprovado pela Se-cretaria do Tesouro Nacional, parainvestir em infraestrutura.

Empresários e agentes das insti-tuições governamentais apontamsinais de melhora no cenário eco-nômico, de maneira geral, no Esta-do. Há investimentos no setor in-dustrial — ampliação da fábrica Vi -cunha, que já investiu mais deR$ 189 milhões, implantação dafábrica de cerâmica Elizabeth, cominvestimentos de R$ 62 milhões, eno turismo, com o projeto deR$ 100 milhões do Vila Galé TourosHotel Resort, em Touros.

O balanço mais otimista, contu-do, se encerra no setor de energiaeólica, considerado o de maiorcrescimento no Estado nos últi-mos anos. Dados da AssociaçãoBrasileira de Energia Eólica (Abe-eólica), Centro de Estratégias emRecursos Naturais e Energia (Cer-ne) e Fiern indicam que o RioGrande do Norte já produz cercade um terço da energia gerada nopaís — 3,3 GW, distribuídos entre122 parques em operação. Em2017, o Estado deve chegar a umageração de 4,8 GW produção, me-ta estudada pelo Plano Mais RN esugerida para 2020. (GC)

I nve st i m e n to s Além de novos recursos, a safra degrãos vai ajudar em crescimento de 2% no PIB

Maranhão receberáaportes de R$ 7 biGleise de CastroPara o Valor, de São Paulo

O Maranhão deve receber inves-timentos de R$ 7 bilhões até o finalde 2018. Do total, R$ 6 bilhões vi-rão de projetos privados e R$ 1 bi-lhão, de recursos públicos, do Ban-co Nacional de DesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) e go-verno estadual, conforme levanta-mento do governo maranhense.Para Simplício Araújo, secretáriode Indústria e Comércio do Mara-nhão, o valor poderia ser aindamais elevado, se não fosse o impac-to da crise econômica. “Se não fos-se a crise, o Maranhão, pela locali-zação, pelos modais de transportee pelo porto de Itaqui, teria maisnovos negócios.”

Em 2016, os investimentos comrecursos públicos somaram R$ 1,3bilhão, volume considerável paraum Estado com receita corrente lí-quida de cerca de R$ 10 bilhões,avalia Felipe de Holanda, presi-dente do Instituto Maranhense deEstudos Socioeconômicos e Carto-gráficos (Imesc). Foram R$ 570 mi-

lhões em operações de créditocom o Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social(BNDES) e R$ 730 milhões de re-cursos estaduais, para um progra-ma de construção de rodovias, es-colas, hospitais regionais e peni-tenciárias e asfaltamento urbano.“Foi um esforço grande. Se não fos-se a crise, o programa teria avança-do mais”, diz Holanda.

Para o Imesc, os investimentosno Maranhão poderão estimular aretomada da economia local em2017. O instituto estima ainda quea normalização da safra de grãos,produzida principalmente na re-gião do Matopiba (áreas de cerra-do contíguas no Maranhão, Tocan-tins, Piauí e Bahia), deverá contri-buir para um aumento de 2% noProduto Interno Bruto (PIB) esta-dual. Em 2016, houve queda supe-rior a 40% na produção.

Os novos investimentos priva-dos foram estimulados pela mu-dança na política de incentivos fis-cais do Estado, que passaram a serconcedidos a cadeias produtivas enão a empresas discriminadas. Na

São Luís

MA

PITO

PA

RNCE

PEPB

Maranhão em números

Área total 331,937 mil km2

População em 2016*6,954 milhões de habitantes

Número de municípios217

Densidade demográfica em 2016 * 20,9 hab./km2

PIB estadual em 2014R$ 76,84 bilhões

PIB per capita em 2014R$ 11.216,37

Renda média domiciliarper capita em 2015 R$ 509

Posição no PIB brasileiro em 201417º

IDHM 20100,639

Fonte: IBGE e BCB. Elaboração: Valor Data. *Estimada

cadeia de proteína animal, porexemplo, devem ser concluídosneste ano investimentos de R$ 200milhões da Algar Agro, na amplia-ção da capacidade de processa-mento da unidade de soja em Por-to Franco, e da Notaro Alimentos,de R$ 172 milhões em um comple-xo avícola em Balsas.

Na área de combustíveis, a Raí -zen vai investir R$ 200 milhões emuma base de distribuição no poloindustrial de São Luiz, no porto deItaqui. O projeto deverá ser con-cluído em três anos e vai dobrar ovolume de combustíveis que a em-presa movimenta na região com-preendida por Maranhão, leste esul do Pará, Tocantins e Piauí, hojede 1,2 bilhão de litros. Segundo osecretário Araújo, o projeto pode-rá aumentar entre 10% e 15% a ar-recadação de impostos com a ven-da de combustíveis no Estado.

O Terminal de Grãos do Mara-nhão (Tegram), no porto de Ita-qui, que começou a operar co-mercialmente em 2015, tem umasegunda fase programada, cominvestimentos de R$ 150 mi-

lhões. Os aportes estão previstospara começar quando a primeirafase estiver próxima de atingirsua capacidade operacional, de 6milhões de toneladas por ano, deacordo com Marcos Pepe Berto-ni, diretor de operações da CGGTr a d i n g e porta-voz do Tegram.

Em 2016, o terminal movimen-tou 2,5 milhões de toneladas de so-ja, milho e farelo de soja, produzi-das em Matopiba e do nordeste doMato Grosso. O total ficou abaixodos 3,34 milhões de toneladas de2015, devido a fatores climáticosque afetaram a safra de grãos. Para2017, a expectativa é embarcar en-tre 2,5 milhões de toneladas e 3,5milhões de toneladas.

Na área de energia, deverá en-trar em operação em meados dosegundo semestre deste ano ocomplexo Delta 3, da Omega Ener-gia, na região nordeste do Estado,o primeiro projeto de geração eóli-ca do Maranhão, com oito par-ques, 96 aerogeradores e capaci-dade instalada de 220,8 MW. Os in-vestimentos da empresa no Estadopodem atingir até R$ 1,5 bilhão em2017, segundo Gustavo Mattos, di-retor de implantação da empresa.

Já a Vale investe na expansãodo terminal marítimo de Pontada Madeira, para receber o miné-rio de ferro que produz em Canaãdos Carajás, no Pará, no projetoS11D. A capacidade do terminal

deverá passar de 150 milhões detoneladas anuais para 230 mi-lhões de toneladas por ano em2018. Inaugurado em dezembrode 2016, com investimentos deUS$ 14,3 bilhões, o complexoS11D inclui mina, usina, logísticaferroviária e portuária.

D I V U LG A Ç Ã O

Araújo, secretário: se não fosse a crise, Estado atrairia mais novos negócios

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Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017 | Valor | G9

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G10 | Valor | Quinta-feira, 23 de fevereiro de 20 17

Especial | N o rd e ste

Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mapa e Mdic. * Previsão. ** A valores de janeiro de 2017, atualizados com base no IGP-DI. *** Estimativa

Peso regionalParticipação do Nordeste na produção e nas exportações do agronegócio

Produção de grãos - em milhões de toneladas

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

2013/14

2014/15

2015/16

2016/17*0 50 100 150 200 250

8,72%

8,65%

8,02%

9,83%

7,50%

6,36%

8,68%

7,98%

5,35%

7,65%

Participação

Valor bruto da produção agropecuária - em R$ bilhões*

Ano-safra Produção

12,570 144,137

11,683

11,973

15,998

12,467

11,993

16,801

16,587

9,973

16,766

135,134

149,255

162,803

166,172

188,658

193,622

207,770

186,299

219,142

BrasilNordeste

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017**

NordestePeríodo Participação no total Brasil (%)

Exportações do agronegócio nordestino - em US$ bilhões

Período

30 40 50 60 70

42,207

41,337

40,197

48,155

43,138

43,466

49,219

50,660

42,723

53,369

6 8 10 12

10,53

10,71

10,02

10,67

9,15

8,57

9,32

9,39

8,05

9,59

0 5 10 15

7,150

8,930

8,588

7,089

7,747

7,811

5,937

0 14 28 42 56 70

45,08

47,39

45,74

41,05

48,68

53,3

46,33

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

Exportações agronegócio Participação no totalexportado pela região (%)

Retorno das chuvas no oeste baianovolta a animar produtores de grãosLauro Veiga FilhoPara o Valor, de Goiânia

Responsável por 15% a 20% doProduto Interno Bruto (PIB) nor-destino, na estimativa do professorCarlos Magno, do Departamentode Economia da Universidade Fe-deral de Pernambuco (UFPE), oagronegócio deverá experimentarrecuperação vigorosa na regiãoneste ano, caso se confirmem asprojeções do Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa) e da Companhia Nacionalde Abastecimento (Conab).

A reação, diz Magno, estaráconcentrada principalmente nagrande agricultura de grãos, nasáreas do Cerrado nordestino, masa pequena produção agrícola exi-girá apoio financeiro para iniciarseu processo de retomada, desdeque o regime de chuvas seja maissatisfatório, depois de cinco anosconsecutivos de estiagem, com-plementa avaliação do EscritórioTécnico de Estudos Econômicosdo Nordeste (Etene), ligado aoBanco do Nordeste (BNB).

Em sua projeção mais recente, oMapa estima crescimento real de24,9% para o valor bruto da produ-ção nordestina, para um recordede R$ 53,4 bilhões, depois de umtombo de 15,7% em 2016, conside-rando 21 produtos agrícolas e osresultados da pecuária. Os núme-ros da Te n d ê n c i a s Consultoria In-tegrada, aponta o analista FelipeNovaes, sugerem um avanço no-minal de 37,3% para a renda brutada agropecuária regional, saindode uma retração de 23,7% projeta-da pela consultoria para 2016.

Sob os efeitos da seca, agravadospela ocorrência do El Niño, “umdos mais fortes em 65 anos”, con-forme o Etene/BNB, a produção degrãos havia desabado quase 40%,para 9,97 milhões de toneladas nasafra 2015/16, a menor em umadécada, segundo a Conab. Para ociclo atual, espera-se uma colheitade quase 16,8 milhões de tonela-das, num salto de 68%, a segunda

maior na série histórica da compa-nhia, resultado de um avanço mo-desto de 4,9% na área plantada, pa-ra 7,75 milhões de hectares, turbi-nado por uma alta de 60,3% naprodutividade média, que igual-mente deverá ser recorde para a re-gião. Mais da metade da produçãosairá dos campos de soja, com co-lheita prevista em 9,16 milhões detoneladas, aumento de 79,4% emrelação à safra passada.

O aumento na produção tendea influenciar positivamente as ex-portações do setor neste ano, de-pois da baixa de 24% realizada em2016, para US$ 5,937 bilhões, cor-respondendo a 46,3% das vendasexternas totais da região. O saldocomercial caiu para US$ 3,68 bi-lhões, em queda de 38,7%, masajudou a “minimizar o déficit deUS$ 4,72 bilhões registrado nabalança comercial total da re-g i ã o”, aponta o Etene/BNB.

No oeste baiano, os resultadosda safra de grãos a ser colhida nes-te ano tendem a recompor as per-das do ciclo anterior, antecipando-se um forte incremento da produ-tividade média das lavouras emdecorrência da melhora no regimede chuvas. “Acredito piamente quea safra de 2017 trará números su-periores aos dos três anos anterio-res”, afirma Celestino Zanella, pre-sidente da Associação de Agricul-tores e Irrigantes da Bahia (Aiba).

Em 2016, a agricultura na re-gião foi duramente castigada pe-la seca, o que levou a perdas seve-ras no volume final colhido, comníveis médios de produtividadeinsuficientes para sequer cobriros custos de produção em muitoscasos. “A safra 2015/16 foi muitocomplicada, com perdas signifi-cativas para a soja, o algodão e omilho em algumas áreas”, diz ele.

“Mas o produtor sempre olhapara frente. Os anos de baixa plu-viosidade ficaram para trás e leva-ram o setor a ser mais cautelosona adubação, na escolha da se-mente, na aplicação de insumos,na observação do perfil dos solos

e no uso do maquinário, adotan-do estratégias mais racionais in-clusive para planejar investimen-tos futuros”, afirma Zanella. Maiseficientes depois da crise, diz ele,os produtores passaram um“pente fino nos custos”, enxugan-do o que foi possível. Por isso, a re-

cuperação prevista da produtivi-dade traz a perspectiva de mar-gens novamente positivas na ven-da da safra, o que poderá permitirque o setor cubra custos e acertedívidas passadas, abrindo a pers-pectiva de contratação de novoscompromissos mais à frente.

F i n a n c i a m e n to Recursos de R$ 37,7 bilhões virão doFNE para investimentos de empresas privadas

Mais crédito do BNBpara compensar orecuo do BNDES

LUCIANA WHITAKER/VALOR

Giambiagi, do BNDES: ao contrário da gestão anterior, financiamentos serão para os setores mais dinâmicos

Janes RochaPara o Valor, de São Paulo

O Banco do Nordeste do Brasil(BNB) deve compensar com os re-cursos do Fundo Constitucional deFinanciamento (FNE) a perda deincentivo do governo federal. Ameta é atingir R$ 37,7 bilhões emfinanciamentos em 2017, com-pensando a lacuna do Banco Na-cional de Desenvolvimento Econô-mico e Social (BNDES) que, devidoao ajuste fiscal e à nova políticaoperacional, não terá orçamentoespecífico para a região. Em 2016,somados os recursos do BNB e doBNDES, foram R$ 33,6 bilhões.

Instituição federal e principalagente de fomento do Nordeste,o BNB ampliou em 82% as metaspara investimentos ao setor pri-vado no orçamento deste ano.Serão R$ 26,1 bilhões provenien-tes do FNE que serão adicionadosa R$ 8,2 bilhões do programa demicrocrédito e R$ 3,4 bilhões emcrédito comercial, linhas quetêm como fonte recursos pró-prios. Em 2016, a instituição apli-cou R$ 22,2 bilhões em mais de 5milhões de operações de crédito.

A maior parte do orçamento doFNE — R$ 14,7 bilhões — será apli-cada nos setores tradicionais —agricultura, pecuária, indústria,

Fonte: BNDES. (1) Valores são indicações para efeito de planejamento; (2) BNB poderá repassar até 3% do total dos valores programados para 2017 a outras instituições financeiras públicas ou privadas; (3) Soma dos recursos destinados à Agricultura, Pecuária e Agroindústria.

FND garante investimentosOrçamento do sistema em R$ milhões para 2017 (1) (2)

Total

Subtotal (B) - INFRAESTRUTURA (5)

TOTAL A+B

Alagoas

Bahia

Ceará

Espírito Santo

Maranhão

Minas Gerais

Paraíba

Pernambuco

Piauí

Rio Grande do Norte

Sergipe

Agronegócio (3) Comércio/Serviços Indústria Turismo Infraestrutura Total geralEstado

270

1.735

580

130

895

455

260

655

810

260

255

140

850

760

60

290

230

275

505

325

300

200

190

600

770

170

245

100

200

450

30

140

130

100

140

110

10

25

5

95

170

115

55

30

0

0

0

0

0

0

0

310

0

220

50

00000 15001500 30003000 450045006.305 3.935 3.025 855 580 14.700

11.40026.100

700

3.325

2.220

370

1.455

790

830

2.090

1.280

975

665

agroindústria, turismo, comércio eserviços. Os projetos nos setores decomércio e serviços devem levar amaior fatia (26,8%) que, somadas àagricultura (22,4%) e à indústria(20,6%) compõem praticamente70% do orçamento do ano. OsR$ 14,4 bilhões restantes devem fi-nanciar projetos estruturantes eminfraestrutura, principalmenteenergia e aeroportos privatizados.

Criado em 1988, o FNE é admi-nistrado pelo BNB e alimentadopelo próprio reembolso dos em-préstimos. Só empresas privadaspodem tomar financiamento naslinhas do fundo que constitui aprincipal fonte de crédito de longo

prazo a juros mais baixos no Nor-deste. Nos últimos anos, o FND foisomado aos empréstimos subsi-diados do BNDES que assumiramgrande importância na políticagovernamental de investimentos.

Em 2016, o banco nacional apli-cou R$ 11,4 bilhões, que significa-ram 12,9% dos desembolsos glo-bais do exercício e compuseramcerca de 30% do orçamento de fo-mento na região. No entanto, os12,9% já significaram uma fortequeda da participação na carteiraque, entre 2007 e 2015, havia au-mentado de 8,2% para 16,6%.

Outras fontes de crédito de lon-go prazo são os financiamentosimobiliário e crédito comercial decurto prazo, tanto de outros ban-cos públicos (Banco do Brasil, Cai -xa), como de bancos privados.

Fernando Viana e Diniz Bezerra,coordenadores da área de Estudose Pesquisas do BNB, explicam quenão é possível prever se todo o di-nheiro orçado para investimentosem áreas tradicionais será executa-do, devido à recessão que derru-bou a demanda por empréstimos.Mas eles já sabem que a verba parainfraestrutura, de R$ 11,4 bilhões,

certamente não será suficiente. “Sóem energia eólica, os projetos quejá passaram por leilão de conces-são e estão aprovados superam R$18,6 bilhões; em solar são outrosR$ 5,8 bilhões”, diz Viana.

Em geral, o FNE aporta entre70% e 90% do valor dos investimen-tos — dependendo do tipo de pro-jeto, porte do tomador e localida-de —, mas poder chega a 100% paramicro e pequenos tomadores debaixa renda. Logo, os empresáriostêm que compor com outras fon-tes, afirma Bezerra. Mas se a reto-mada for melhor que o esperado enovos projetos de infraestruturasaiam do papel, a instituição nãovai deixar de participar. “O bancotem outras fontes e, se houver de-manda, poderá acessar esses recur-sos”, diz Viana.

Essa é a orientação também noBNDES: buscar fontes de recursosna medida da demanda. FábioGiambiagi, superintendente deplanejamento da instituição deixaclaro que não há mais “preferên -c i a” do banco por Estados ou re-giões. Na nova gestão, o banco se-gue uma política operacional quedefine condições de financiamen-

to e incentivos horizontais, substi-tuindo a lógica anterior, de apoio asetores, pelo apoio a projetos. O fo-co do banco passou a ser, confor-me havia exposto a presidente Ma-ria Silvia Bastos Marques, a buscado desenvolvimento sustentável,com forte impacto social, econô-mico e ambiental. “O que vai deter-minar a ação do banco no conjun-to será a existência de setores maisdinâmicos”, diz Giambiagi.

A maior parte dos recursos de-sembolsados pelo BNDES em 2016foi destinada aos grandes projetosda linha Finem, que concentrou69% dos desembolsos; Finame(aquisição de máquinas e equipa-mentos), com 13% e aquisição deprodutos para micro, pequenas emédias empresas (Cartão), com 7%dos desembolsos.

O Finem é voltado para finan-ciamentos acima de R$ 20 milhões,com custo financeiro de TJLP ou demercado, dependendo do tipo deprojeto (exceto infraestrutura). Astaxas para essa linha variam de2,1% a 6,56% ao ano, exceto para in-vestimentos sociais de empresasno âmbito da comunidade, quesão isentos de taxa.

Seca causou perdas deaté US$ 6 bilhões nocampo em cinco anosJacilio SaraivaPara o Valor, de Fortaleza

O Nordeste atravessa a secamais severa e prolongada das trêsúltimas décadas. A avaliação é doCentro Nacional de Monitora-mento e Alertas de Desastres Na-turais (Cemaden), órgão vincula-do ao Ministério da Ciência, Tec-nologia, Inovações e Comunica-ções (MCTIC). A situação ficouainda mais crítica entre outubrode 2011 e janeiro deste ano. “OsEstados mais atingidos são Piauí,Ceará, Pernambuco e Bahia”, afir-mam o pesquisador José AntônioMarengo Orsini e outros sete téc-nicos do centro.

Para driblar os efeitos da estia-gem, União e governos estaduaisdisparam obras e programasemergenciais. Segundo os pesqui-sadores do Cemaden, baseados emdados do MCTIC, os impactos daseca já causaram perdas de até US$6 bilhões no setor agrícola da re-gião, entre 2010 e 2015.

A população que vive nos mu-nicípios mais atingidos somacerca de 2,3 milhões de pessoas eas previsões para os próximosmeses não são otimistas. De acor-do com estudos do Cemaden, emum cenário em que as chuvasocorram entre a média históricaou até 30% abaixo da média, hárisco acentuado de esgotamentoda água armazenada nos reserva-tórios da região, entre novembrode 2017 e fevereiro de 2018.

O Ministério da Integração Na-cional informou ao Va l o r que 714municípios dos nove Estados doNordeste, ou quase 40% do total,estão em situação de emergênciadevido à seca. Os dados são do dia10 de fevereiro. O local com maiscidades atingidas é a Paraíba, com197 municípios afetados ou quase90% do total do Estado.

Dos 3,9 milhões de paraiba-nos, pelo menos 2,4 milhões sãoafetados pela falta de chuvas, dizo coordenador da Defesa Civil do

Estado, George Saboya. “É a piorestiagem dos últimos cinco anos,por conta do número de cidadesimpactadas”, diz.

João Fernandes, presidente daAgência Executiva de Gestão dasÁguas da Paraíba (Aesa), afirmaque as regiões mais castigadas sãoo Sertão, o Alto Sertão e o Cariri-Curimataú. Nessas áreas, a chuvaestá abaixo da média há 60 meses,com reflexos nos reservatórios.Seis açudes do Estado operam comcapacidades totais entre 2,4% (Co-remas) e 26,7% (São Gonçalo).

Para amenizar a falta de água, ogoverno paraibano investe na re-cuperação de barragens e aduto-ras, de acordo com o secretário deInfraestrutura e Recursos Hídricos,João Azevedo. Uma das obras maisimportantes é o Canal Acauã-Ara-çagi, com 112 km, considerado amaior obra hídrica da Paraíba.

Avaliada em R$ 1 bilhão, rece-berá águas da transposição dorio São Francisco e vai beneficiarmais de 600 mil habitantes de 38municípios, incluindo a irriga-ção de 16 mil hectares. A primei-ra etapa do projeto, com 40 kmde extensão, tem mais de 90% dasobras concluídas e deve ser fina-lizada até março.

Segundo o Ministério da Inte-gração Nacional, de maio a de-zembro de 2016, o governo fede-ral ampliou em 21,2% o volumede repasses, comparado aos oitomeses anteriores, para obras es-truturantes que garantam a se-gurança hídrica no Nordeste. Osinvestimentos totalizam cerca deR$ 1,1 bilhão e são destinados aoProjeto de Integração do Rio SãoFrancisco e obras como o Canaldo Sertão Alagoano, o Cinturãodas Águas do Ceará e a Adutorado Agreste-Pernambucano.

O projeto é considerado omaior projeto de infraestruturahídrica do país e está na reta final.Com 477 km de extensão em doiseixos, promete abastecer 12 mi-lhões de pessoas em 390 cidades.