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1 Simulação Interna do Coluni Equipe Diplomática

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Simulação Interna do Coluni Equipe Diplomática

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Senhores delegados,

Sejam bem-vindos ao maravilhoso mundo das simulações da ONU.

O presente Guia de Estudos está sendo projetado para prover embasamento

teórico aos inscritos para a Simulação Interna do COLUNI. Questões de cunho

procedimental que se referem à dinâmica da simulação não serão aqui tratadas, mas é

necessário ter em mente que você representará um país e seus interesses no comitê – a

reunião que está sendo simulada. Neste caso é importante saber o posicionamento do

país ao qual você foi delegado no que se refere à questão palestina e a possibilidade do

estabelecimento de um Estado Palestino independente e soberano reconhecido pela

ONU. Na simulação você argumentará em prol dos interesses e da política externa do

seu país e tentará defender seu posicionamento. Cientes da dificuldade de estudar sobre

os países, preparamos dossiês sobre cada país que explicitam a política externa do país e

como ele procede frente à questão aqui debatida. Logo, vocês delegados contam com

este Guia de Estudos e dossiês que falam especificamente sobre cada país. Os dossiês

estão disponíveis apenas na versão online no blog da Equipe Diplomática – Coluni.

Este guia se trata de uma coletânea de pesquisas compiladas, arranjadas e

redigidas pelo:

Secretário Acadêmico das SICs 2014 e Secretário Geral das SICs 2013 - David

Guzzo, e

Secretário Geral das SICs 2014 – Pedro Ferreira

A equipe organizadora dá boas vindas aos leitores deste Guia e deseja bons

estudos a todos e uma jornada de pesquisas até o dia da primeira Simulação Interna do

COLUNI em 2014! Adiantamos que todas as questões procedimentais serão explicadas

na simulação e a única tarefa aos que desejam participar é se preparar teoricamente na

medida do possível.

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História e raízes do conflito Israelo-Palestino

O tempo está correndo. A janela da paz está de fechando. As oportunidades

estão diminuindo. Estas negociações devem ser a última oportunidade para

uma paz justa. [Tradução livre por www.un.org] (ABBAS, 2013)1

A história da terra que hoje chamamos de Israel remonta a períodos muito

anteriores à Segunda Guerra Mundial, período esse a que damos o nome de Antiguidade

Oriental, por volta de 3500 a.C.. Nessa época, a atividade pastoril de modalidade

extensiva propiciou a ocupação do território por diversos povos, entre eles os girgaseus

e os canaanitas que formaram “o mais proeminente Estado local, até que, por volta de

2000 a.C., a população hebraica passou a disputar a mesma localidade.” (SOUSA,

Rainer, 2013).

Os hebreus2 logo desistiriam da disputa e seguiram para o Egito onde, após

proclamações de leis, estrangeiros deveriam servir como cativos ao faraó Seti I 3 e seus

sucessores, entre eles o conhecido Ramsés II, como ilustrado na animação musical “O

Príncipe do Egito”, produzido e lançado pela DreamWorks Pictures em 1998.

É lançando então, pelo faraó Seti I, um decreto que todos os novos filhos de

estrangeiros, entre eles os hebreus, deveriam ser mortos. Como contado pelas histórias

bíblicas e pelas correntes teóricas mais fortes – há controvérsias – uma mulher hebréia

não teria respeitado o decreto: colocara seu filho numa sexta e o pusera num rio para

que a corrente o levasse. A filha do faraó Seti I, segundo especulações chamada de

Termutis, teria visto a cesta com o menino e o adotado. A ele deu o nome de Moisés –

aquele tirado das águas. Moisés cresceu junto a Ramsés, filho de Seti I, que viria a se

1 (ABBAS, 2013) - Mahmoud Abbas. Presidente da Autoridade Nacional Palestina em discurso na

Assembleia Geral das Nações Unidas. Setembro de 2013. 2 Semitas que deram origem ao povo judeu. Judeu é o nome usado a partir do período romano.

3 Seti I foi um renomado faraó da XIX dinastia egípcia, filho de Ramsés e pai de Ramsés II, o Grande.

Conhecido pela impressionante campanha militar e pelas Artes.

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tornar príncipe regente e posteriormente, faraó. Moisés, no entanto, por ter matado um

feitor egípcio por “justa” cólera seria condenado à pena de morte pelas leis egípcias.

Tentando escapar da morte, Moisés se exilou e se estabeleceu em Midiã; lá casou-se e

teve filhos. Segundo conta a tradição cristã, Moisés teria visto um arbusto que não se

consumia ao pegar fogo. Moisés se torna então um “comissionado pelo Deus de

Abraão” a libertar o povo hebreu da escravidão no Egito.

Assim, Moisés ruma ao Egito para libertar seu povo e levá-lo à “terra

prometida” – a Palestina. Chegando à Palestina com seu povo, novas batalhas foram

travadas para que o povo judeu se estabelecesse na área até então, predominantemente

dominado pelos hititas, girgaseus, canaanitas, amoritas, perisitas, hivitas e jebusitas.

Depois de longas disputas, o Rei Davi (1000 a. C.) conseguiu estabelecer a hegemonia

hebraica o que gerou por fim movimentos internos e divergências políticas que

estabeleceram o Reino de Israel e o Reino de Judá, ambos hebreus.

Reinos de Israel e Judá após o êxodo

hebreu. http://mcproduja.blogspot.com.br/2013/01/mapas-biblicos.html

Acesso em 04/01/2014, 22:46h

The Prince of Egypt. No Brasil lançado como “O

Príncipe do Egito”. Narra a história de Moisés e

do povo hebreu em busca da terra prometida. DreamWork Pictures (Filme recomendado)

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Com a unidade política baqueada, forças militares romanas, aproveitando da

vulnerabilidade, invadem os assentamentos hebreus na Palestina, e devido a sua

excelência militar, conquistam o território e acabam por gerar diversos refugiados de

guerra e perseguidos de descendência hebréia, agora chamados judeus. No movimento

migratório que marcou a História com o nome Diáspora, judeus se espalham pela Ásia,

África e Europa enquanto árabes retomam os assentamentos numa Palestina dominada

pelo Império Romano do Oriente no século VII.

No século XIX, diante da visível perda, judeus, principalmente estabelecidos na

Europa, lançam o Movimento Sionista encabeçado pelo famoso e renomado jornalista

Theodor Herzl que defendia a formação de um Estado judeu no território da Palestina.

A corrente teórica ganhava forma na realidade e após uma negação do Império Turco-

Otomano em ceder as terras, os simpatizantes da causa e os judeus recorreram ao Reino

Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e seu poderio militar e político. O governo

real se propõe a ceder parte do território da Uganda, proposta recusada pelos judeus que

exigiam as terras palestinas.

Depois da Primeira Guerra Mundial, vários novos territórios da Ásia e alguns da

África são anexados às potências ganhadoras. Interessado na oferta de petróleo da

região, o Reino Unido recebe a jurisdição4 da Palestina e cai em uma saia justa: além de

simpatizar-se à causa sionista, já havia prometido independência aos árabes palestinos.

Durante muito tempo, o Reino Unido incentivou a migração de judeus para a

Palestina e ainda mais depois da ascensão de governos europeus totalitários de caráter

anti-semita. Na Segunda Guerra Mundial, a densidade de refugiados aumenta e cada vez

mais a Palestina recebe judeus numa forte campanha britânica pela causa sionista. Ao

4 Poder que o Estado detém para aplicar o Direito e por conseqüência, resguardar a ordem jurídica e a

autoridade da Lei.

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final da Guerra, é fundada então a Organização das Nações Unidas que assume a

jurisdição sobre o território palestino. Exercendo ainda um papel inseguro,

intermediador da paz, a ONU divide o território entre árabes e judeus, que apesar

deminoria receberam a maior parte do território. Com a implementação dessa partilha

definida pelo Plano de Partilha da Palestina da ONU em 1948, David Ben-Gurion

5declarou a criação de um Estado judeu com o nome de Estado de Israel. As nações

árabes vizinhas invadiram o recém criado país em apoio aos árabes palestinos. Israel

desde então trava brigas com as nações vizinhas e realiza diversos assentamentos ilegais

em grande parte do território palestino e de nações fronteiriças.

A humanidade estava prestes a assistir um cenário de hostilidades e ataques que

duraria muitos anos. Diferenças políticas e religiosas se acentuaram, e o confronto

ideológico e bélico é uma constante na região.

Recorte de infográfico. Detalhe para as regiões distribuídas a cada

parte e a diferente e arbitrária ocupação. http://aparenciadoespaco.blogspot.com.br/2013/12/conflitos-palestina-e-israel.html

Acesso em 05/01/2014, 00:04h

5 Chefe executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina

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Reivindicações Palestinas

A Nação Palestina deseja formar um Estado soberano no conjunto dos

assentamentos ilegais de Israel que datam de 1967. Esses territórios incluem toda

Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Faixa de Gaza. A Autoridade Nacional Palestina não

exige soberania sobre todo o território como em 1988 e já propôs até mesmo a “one-

state solution”, uma corrente que trata um Estado binacional como a melhor solução

para o conflito israelo-palestino.

Propostas sobre os assentamentos ilegais israelenses acabam evidenciando uma

Palestina muito flexível que expõe a possibilidade de modificações fronteiriças

pequenas e trocas equivalentes de territórios. No entanto, a Palestina exige um imediato

congelamento de novos assentamentos que colocariam ainda mais em cheque a

construção de um Estado soberano.

A ANP também deseja que Israel reconheça o direito de diversos refugiados

pelos conflitos ao território. Segundo dados do ACNUR (Alto Comissariado das Nações

Unidas para Refugiados), trata-se de um contingente de cerca de 4 milhões de árabes

palestinos. Outro problema gerado pelo fluxo de refugiados é a apatridia – problema do

qual sofre o sujeito que não é reconhecido como nacional por nenhum Estado e assim é

privado de direitos básicos. Além disso, diversos palestinos que residiam em território

israelense quando da criação do Estado, tiveram sua cidadania revogada e não são

assistidos por nenhum governo e por conseqüência, privados de saúde, educação e

moradia.

Israel rebate muitas idéias da Autoridade Palestina. Israel, por exemplo, insiste

estar lidando com um governo terrorista e exige a desmilitarização do possível Estado e

define constante fiscalização.

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O governo israelense também se nega completamente a voltar as fronteiras

anteriores à 1967 e só se dispõe a desfazer os assentamentos na Cisjordânia. Israel não

se dispõe a ceder parte de Jerusalém oriental aos árabes sob o argumento de se tratar de

uma capital indivisível e eterna. Jerusalém tem alto poder econômico visto os grandes

locais sagrados que abriga sendo cidade principal das três maiores religiões

monoteístas. Quando se refere aos refugiados, Israel rejeita expressamente o direito ao

retorno dos palestinos dispersados pelo conflito e trata a situação como uma

possibilidade futura após a formação do possível Estado Palestino. Israel acaba por

transferir o ônus do conflito aos refugiados e assim prejudicando-os. No entanto,

defendem fortemente a idéia de um Estado exclusivamente para judeus.

Charge representando chefes de Estado de Israel (à esquerda) e da Palestina

(à direita) trocando farpas sobre montanhas de caveiras simbolizando os

diversos mortos em conflitos. http://raulmarinhog.wordpress.com/2008/10/06/conflitos-em-palestina/

Acesso em 05/01/2014, 02:25h

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Highlights 6 humanitários

Charge ilustra um episódio ocorrido em maio de 2010 quando Israel atacou uma

embarcação humanitária que rompia o bloqueio marítimo imposto à Palestina e matou os

militantes pacifistas à bordo do navio. A notícia foi veiculada em vários jornais e revistas

de ampla circulação, entre eles a Al Jazeera. http://universidadeparaquem.wordpress.com/2010/05/31/israel-ataca-e-mata-militantes-pacifistas-que-levavam-ajuda-humanitaria-aos-palestinos/

Acesso em 05/01/2014, 02:36h

6 Destaques, êxitos. Termo frequentemente usado em relatórios de órgãos da ONU.

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Os destaques operacionais no que se refere à ajuda humanitária a palestinos

dispersos pelo Oriente Médio e na própria Palestina ficam por conta do Alto

Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR/UNHCR7) e da bem

sucedida e exitosa Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da

Palestina no Próximo Oriente (ANURP/UNRWA8).

Como é possível perceber pela análise da charge e das diversas manchetes

veiculadas em versões online de jornais brasileiro de renome no mundo das

Comunicações, palestinos árabes dependem fortemente de ajuda humanitária enviada

muitas vezes por nações amigas.

Os escritórios do ACNUR e da ANURP se estabelecem principalmente em

países fronteiriços receptores de refugiados como Líbano e Síria. Esses países recebem

grande contingente de refugiados já que estabelecem os mesmos costumes islâmicos.

Palestinos vêem então a possibilidade de caminhar para territórios sem perseguição

religiosa. No entanto, a grande densidade de refugiados que esses países recebem

acabam por causar diversos problemas sociais além de reflexos econômicos aos países

receptores que devem lidar com campos de refugiados e assistência legal e social.

Escritórios do ACNUR em território palestino lidam também com o conceito de

IDP9, pessoas dispersas internamente no território. Esse conceito aumenta o alcance da

ajuda do ACNUR que até tempos atrás, se restringia a refugiados sob a condição de

terem deixado o país, ou seja, terem cruzado fronteira estatal. O conceito de pessoas

internamente dispersas adotado pelo ACNUR o faz responsável também por assistir

deslocados pelo conflito que não cruzaram fronteira.

7 Sigla em Inglês – United Nations High Commissioner for Refugees

8 Sigla em Ingês – United Nations Relief and Work Agency for Palestine Refugees in the Near East

9 Sigla em Inglês – Internally Displaced People. Pessoas forçadas a mudar de localidade sem cruzar

fronteira estatal.

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A ANURP atua principalmente em Gaza, onde conta 1.221.110 de refugiados

palestinos registrados em seu programa de assistência. Com um núcleo de apoio de 11

mil pessoas trabalhando em mais de 200 instalações pela Faixa da Gaza, a ANURP

provê educação, cuidados de saúde, serviços sociais, microcrédito e assistência

emergencial aos registrados. Gaza tem população de 1,5 milhão de pessoas sendo 1,1

milhão refugiados palestinos.

Com infra-estrutura de ótima qualidade em Gaza, a ANURP conta com oito

campos pra refugiados, 245 escolas com 232.384 mil estudantes. Dois centros técnicos,

21 centros de saúde, seis centos de reabilitação social e sete centros de amparo à mulher

completam os campos de atuação da Agência.

A Agência da ONU criadas especificamente para solucionar problemas de

ordem social também conta com escritórios e infra-estrutura de atendimento aos

refugiados na Síria, Líbia e na Jordânia.

A ANURP também recebe doações. Um lema que correu o mundo é „Donate:

$40 can pay a doctor for 1 day‟ – Doe: $40 pode pagar um médico por um dia

[Tradução nossa].

Relatórios internos da ANURP, no entanto, demonstram falhas organizacionais

que vêm sido corrigidas, mas riscos e falhas são uma constante para a Agência.

Agências e comissariados são, portanto, incapazes de suprir toda demanda da

população civil palestina castigada pelo uso superior de força israelense e acaba

contando com ajuda internacional, muitas vezes interditada por Israel.

Um relatório francês dos últimos anos pesquisou o acesso à água por palestinos e

descobriu o que chamou de „Apartheid da Água‟. A segregação da água é uma das

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colunas vertebrais desse antagonismo territorial que se traduz “no controle israelense

sobre os recursos palestinos, sobre a água, e sua utilização em favor dos colonos e dos

israelenses.” (Sobre a Geopolítica da Água, Comissão de Relações Exteriores da

Assembleia Nacional Francesa. Tradução Katarina Peixoto). Em números, os 450 mil

colonos israelenses da Cisjordânia utilizam mais água que 2,3 milhões de palestino. São

70 milhões de metros cúbicos de água para os palestinos contra 222 milhões para os

colonos israelenses.

Crianças palestinas recolhem água.

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Histórico de confrontos e tensões (1948 – 2008)

Em 1948, um ano depois da ONU definir a partilha da Palestina, a Inglaterra

retira suas tropas e o Estado de Israel é proclamado. Nações árabes do entorno atacam

Israel que vence e ocupa a Galiléia e o Deserto de Neguev. Israel devolve apenas a

Cisjordânia e dá a Faixa de Gaza aos egípcios. Os palestinos ficam sem território

próprio. Em 1956, Israel lança uma ofensiva militar e ataca o Sinai, chegando ao Mar

Vermelho com o apoio da Inglaterra e França. Nesta ocasião, Estados Unidos e União

Soviética obrigam o recém-criado Estado a recuar. No final da década de 50, um grupo

de palestinos fundam a Al Fatah, organização guerrilheira palestina, liderada por Yasser

Arafat que viria a se tornar presidente da OLP em 1964, quando da sua criação. Arafat

fez da Al Fatah o braço armado da Organização para Libertação Palestina.

Em 1967, acontece o que a História consagrou como Guerra dos Seis Dias. Nela,

o Egito cortou o acesso de Israel ao Mar Vermelho. Em retaliação, Israel bombardeou

Egito, Síria e Jordânia e conquistou todo o Sinai, as Colinas de Golã (antigas

propriedades sírias) e a Cisjordânia além da totalidade de Jerusalém. Israel triplicou seu

território nos dias de conflito.

Efeitos da Guerra dos Seis Dias – Infográfico IG (O

Conflito no Oriente Médio) http://images.ig.com.br/ultimosegundo/infografico/israel/israel.html

Acesso em 05/01/2014, 18:38h

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Em 1972, palestinos seqüestraram 11 atletas israelenses na Olimpíada de

Munique. Todos morreram em troca de tiros com a polícia local.

No ano seguinte, Egito e Síria atacam Israel nas Colinas de Golã e no Sinai em

feriado judeu com apoio do Iraque e outras nações. No contra-ataque, Israel vence. Esse

episódio ficou conhecido com Guerra do Yom Kippur.

EUA intervêm no conflito e media um acordo de paz que devolve o Sinai ao

Egito. No ano seguinte, o Egito se torna o primeiro país árabe a reconhecer o Estado de

Israel. Em 1982, Israel invade o Líbano, para remover forças da OLP instaladas no sul

do país que violaram o cessar-fogo negociado no ano anterior. Em 1981, Israel

bombardeou a sede da OLP em Beirute matando 300 civis. A guerra contra o Líbano

termina no em 1983 com a retirada das tropas israelenses.

Guerra do Líbano –

Infográfico IG (O Conflito

no Oriente Médio)

Panorama: Israel invade o

Líbano para remover

forças da OLP do país,

depois de violações de um

cessar-fogo negociado no

ano anterior. Em 1981,

Israel bombardeou a sede

da OLP em Beirute

matando cerca de 300

civis. A primeira guerra

no Líbano termina no ano

seguinte, com a retirada

das tropas israelenses.

http://images.ig.com.br/ultimosegundo/infog

rafico/israel/israel.html

Acesso em 05/01/2014, 18:59h

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Já no final da década de 80, a população palestina sob controle israelense se

rebela indo às ruas com pedras e paus – a Intifada. O movimento teve resposta das

forças israelenses.

Primeira Intifada (1987) - Infográfico IG (O Conflito no Oriente Médio) http://images.ig.com.br/ultimosegundo/infografico/israel/israel.html

Acesso em 05/01/2014, 19:27h

No mesmo ano, um movimento de mulçumanos do Egito se separa em duas

correntes e nasce o Hamas10

.

Em 1988, o Conselho Nacional da Palestina proclama o Estado independente da

Palestina e Yasser Arafat é escolhido como presidente deste Estado, que ainda hoje não

é reconhecido pela ONU. O Paquistão é o primeiro país a reconhecer o Estado da

Palestina. Atualmente, o Estado da Palestina é reconhecido por mais de 130 países com

Estado soberano embora não tenha domínio sobre a maior parte do território que

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Mais importante movimento fundamentalista islâmico da Palestina. É uma organização de orientação

sunita que inclui entidade filantrópica, partido político e braço armado.

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reivindica além de contar com pouquíssimo

poder de barganha internacional visto que é

apenas um membro-observador na ONU e

sequer pode votar. Muito importante

evidenciar que a Declaração de Independência

Palestina foi um gesto absolutamente

simbólico já que na época a OLP não exercia

controle sobre qualquer território além de

designar Jerusalém como capital da Palestina

quando a cidade estava sob completo domínio de Israel. Apesar do reconhecimento por

outras nações, o Estado palestino não se dá de fato, e sua extensão geográfica é,

geralmente, identificada como os territórios palestinos. Um grande passo da

proclamação de um Estado independente foi prezar pela “solução de dois Estados”,

assim não há mais o questionamento da legitimidade do Estado de Israel pela OLP.

Em 93, as negociações parecem começar a andar. Arafat, o líder

palestino, e Rabin, representante judeu, firmam acordo de paz, estabelecendo autonomia

palestina na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Durante as negociações também é criada a

Autoridade Nacional Palestina que administraria os territórios que seriam doados por

Israel. Ao final do primeiro semestre de 1994, Israel retirou-se de partes de Gaza e da

cidade de Jericó e então a ANP entrou em vigor com os mesmos membros da OLP.

Dois anos depois, Rabin é assassinado por militante judeu desfavorável aos acordos de

paz.

Yasser Arafat: escolhido para presidente do

recém-proclamado Estado independente. http://guardianlv.com/wp-content/uploads/2013/11/Yasser-Arafat.jpg

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Com iniciativa de Bill Clinton, Rabin (à esquerda) e Arafat (à direita) firmam o acordo de Oslo no qual

Israel se compromete a devolver partes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. http://jewishcurrents.org/wp-content/uploads/2010/09/clinton_arafat_rabin.jpg

Acesso em 08/01/2014, 08:37h

Em 2000, novas negociações começam intermediadas novamente por Clinton.

Na ocasião, o recém eleito presidente de Israel, Ehud Barak do Partido Trabalhista, se

encontra com Arafat nos EUA. Durante as negociações, Israel oferece soberania em

áreas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Arafat, no entanto, exige soberania sobre todos

os territórios sagrados e a permissão de retorno dos refugiados. Depois de discussões

acaloradas sobre Jerusalém, não há acordo.

Em 2002, Israelenses iniciam a Operação “Defensive Shield”. Na operação,

Israel ocupa Belém, a Faixa de Gaza e um campo de refugiados palestinos. No mesmo

ano começa a ser construído um muro na Cisjordânia.

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Muro que separa Israel da Cisjordânia. http://2.bp.blogspot.com/-

XAk0YA4uCmo/TkZz6c06GII/AAAAAAAAEKA/_mvAI4h6iWE/s400/muro+III.jpg

Acesso em 08/01/2014, 09:18

Em 2003, Mahmoud Abbas se torna primeiro-ministro da ANP. EUA, Rússia,

União Europeia e ONU criam o chamado Quarteto para o Oriente Médio que anuncia

plano de paz de cessar-fogo por 3 meses que é desrespeitado em agosto.

Yasser Arafat, então presidente da Autoridade Nacional Palestina, morre em

2004. É substituído por Abbas em 2005, ano em que também Israel retirou os

equipamentos militares e os assentamentos de Gaza embora continuasse tendo controle

aéreo e fronteiriço da região.

Em 2006, o Hamas vence as eleições parlamentares e na prática, assume o

controle da Faixa de Gaza. A ascensão do Hamas ao poder faz com que Israel, EUA e

UE cortem a ajuda humanitária à Palestina já que consideram o Hamas uma organização

terrorista. Em julho do mesmo ano o Hezbollah seqüestra dois soldados israelenses e

mata outros 3, dando origem à guerra entre Israel e Líbano que resulta em 600 libaneses

mortos e 121 israelenses. Já em setembro, Hamas e Fatah se enfrentam na Faixa de

Gaza por que Abbas negocia com Israel a possibilidade do Estado Palestino, situação

que muito desagrada o Hamas visto que se trata de um grupo islâmico que não admite a

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legitimidade de Israel. Finalmente, ambos os grupos concordam em exercer poder

compartilhado.

Em dezembro de 2008, Israel dá inicio a um ataque bombardeando a Faixa de

Gaza em retaliação ao Hamas. O conflito que dura 3 semanas mata cerca de 1100

palestinos e aproximadamente 100 israelenses.

Em 2010 as tensões subiram novamente no Oriente Médio quando o premiê

israelense Netanyahu decretou a construção de 1600 novas casas para judeus em

Jerusalém. Cerca de 500 mil judeus vivem na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, áreas

capturadas por Israel na guerra de 1967. Cerca de 2,5 milhões de palestinos vivem no mesmo

território.

Em dezembro de 2012, “a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas

(ONU) modificou (...) o status dos territórios palestinos, de “entidade observadora” para

“Estado observador não-membro”na organização, no que significa um reconhecimento

implícito da existência do Estado Palestino.” (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/11/veja-

cronologia-do-caminho-para-criacao-do-estado-palestino.html, acesso em 08/01/2014, 13:17h)

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Hamas vs. Fatah

Membro do Hamas segura o Corão ao invadir sede do Fatah em 2007 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/09/entenda-os-conflitos-entre-israel-e-palestina.html

Acesso em 08/01/2014, 11:38h

Os integrantes do Hamas sempre pensaram que a principal razão pela qual

Arafat e OLP foram a Madri e Oslo (para discutir a paz) era enfraquecê-los.

Eles consideram que esses acordos legitimaram a ocupação israelense da

Palestina histórica. (TAMIMI)

Fatah e Hamas são organizações políticas e militares que concorrem à cargos da

OLP e da ANP em eleições parlamentares. Numa linguagem ocidental, ambos seriam

“partidos políticos” com braços armados. As duas organizações têm histórias bem

diferentes e um histórico de conflitos extenso. O principal desses conflitos aconteceu

entre final de 2006 e início de 2007, quando Abbas negociava acordos de paz com

Israel.

O Hamas, por ser considerado extremista islâmico, absolutamente não reconhece

a legitimidade do Estado de Israel, o que cria uma série de conflitos ideológicos com o

Fatah que admite a solução de dois Estados (Israel e Palestina) como viável enquanto o

Hamas julga a reclamação do território Palestino pelos israelenses como um ultraje.

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Quando o líder do Fatah, atual presidente da Palestina, Abbas, firmou acordos de paz

com Israel uma onda de ataques do Hamas foi gerada por acreditarem que, assim como

dito por Tamimi, o Fatah gostaria de enfraquecê-los.

Em 2006 o Hamas havia vencido as eleições parlamentares, ganhado a maioria

dos assentos no Parlamento Palestino. No entanto, depois da Batalha de Gaza que teve

12 mortos e 100 feridos, os parlamentares do Hamas foram substituídos por integrantes

do grupo opositor. O Hamas, no entanto, expulsou o Fatah e manteve o controle de

Gaza.

O grupo fundamentalista islâmico é tido como terrorista por algumas nações

como EUA, Canadá, Japão, Austrália, Reino Unido além da União Europeia e de Israel.

Importante salientar que todas as nações supracitadas consideram terrorista apenas o

braço militar da organização. Outros países como Brasil, África do Sul, Rússia e

Noruega não consideram o grupo terrorista. Bom salientar que não há nenhuma

definição de terrorismo aceita internacionalmente por se tratar de um campo muito

complexo do cenário geopolítico.

“Em maio de 2011, o líder do Hamas Ismail Haniya condenou a operação norte-

americana que matou Osama bin Laden, responsável pelos Ataques de 11 de setembro

de 2001, denominando bin-Laden de „guerreiro sagrado‟, e a operação como um

„assassinato‟. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Hamas, acesso em 08/01/2014, 13:44h)

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Forças político-militares pró-Israel

A principal força estratégica de Israel, nos campos político e militar, está na

política externa adotada pelos Estados Unidos em seu favor. A atual maior potência

mundial desenvolve uma relação estreita com Israel, o que acaba ditando e traçando

toda uma política externa estadunidense no Oriente Médio. Os EUA fazem tanta

questão das boas relações com a nação israelense que oferece cerca de U$3 bilhões em

ajuda financeira anualmente ao país. 70% de todo dinheiro oferecido pelos EUA deve

ser usada na compra de bens e serviços do país remetente. Apesar de grande parceiro

financeiro, atualmente, os Estados Unidos são um grande aliado militar. Em 2006, o

Congresso estadunidense foi notificado de uma potencial venda de U$210 milhões de

combustível para a aviação israelense. A venda do combustível seria capaz de manter

todo o inventário de aeronaves israelenses.

Além disso, os EUA proviam a Israel bombas anti-bunker para ataques às

trincheiras do Hezbollah. Israel também pode ter usado bombas de fragmentação norte-

americanas contra alvos civis que romperia um tratado bilateral entre os dois países.

Nada foi confirmado.

Quando da chegada de Obama ao poder, era a possibilidade de acordo entre

palestinos e israelenses. Além disso, EUA pressionavam Israel a começar negociações

pelo Estado da Palestina. Acordando com o desejo da potência, Netanyahu decretou o

congelamento de assentamentos israelenses por 10 meses. Os palestinos

desconsideraram essa proposta por que não englobava Jerusalém e se recusaram a entrar

em negociações por 9 meses.

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Em 2009, Obama foi o primeiro presidente a autorizar a venda de bombas

bunker buster à Israel. A venda foi feita em sigilo para não evidenciar as intenções

estadunidenses.

Em março de 2010, Israel anunciou que construiria 1600 novas casas em

Jerusalém oriental. Esse evento gerou um dos momentos de ruptura mais grave entre as

nações. A Secretária de Estado Hillary Clinton declarou que esse tipo de atitude

israelense era profundamente negativo às relações internacionais dos EUA com Israel.

Jerusalém é considerado um território ocupado no cenário internacional, enquanto Israel

insiste em ter anexado o território.

Obama e Netanyahu em encontro em Israel, 2013 http://en.wikipedia.org/wiki/File:Barack_Obama_and_Benyamin_Netanyahu.jpg

Acesso em 11/01/2014, 15:15h

Em 2011, Obama adotou uma política externa que prezava pelo retorno das

fronteiras como definido em 1967 com trocas mútuas equivalentes. Obama foi criticado

pelos Republicanos e Netanyahu, primeiro ministro israelense, disse em resposta:

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"Agora, a definição precisa das fronteiras deve ser negociada. Seresmo

generosos quanto ao tamanho do future Estado da Palestina. Mas, como dito

pelo Presidente Obama, as fronteiras serão diferentes das que existiam em 4

de Junho. Israel não retornará às fronteiras indefensáveis de 1967.”

(NETANYAHU, 2011)

Apesar de momentos de tensão nas relações internacionais dos países, ambos se

estabelecem como grandes parceiros internacionais. Além da parceria em política

externa e economia, os Estados Unidos significam pra Israel o aumento do poder de

barganha internacional principalmente relativo à ONU onde a potência tem poder de

veto nas resoluções do Conselho de Segurança. Isso obrigado o Conselho a chegar a

uma resolução ponderada, o que nem sempre ocorre e por isso, várias resoluções são

vetadas. Além de poder de veto, o EUA é uma das cinco nações que são membros

permanentes do CS. Os Estados Unidos não cessam em traduzir a política externa

favorável a Israel em discursos da ONU e defende a nação.

Correntes teóricas dizem que é de extrema importância que a maior potência

econômica do mundo adote a postura amistosa em relação Israel. Principalmente por

que caso não o fosse, o Oriente Médio poderia via a assistir um cenário de paz o que

implicaria também na nacionalização do petróleo oriental e acabaria por desmantelar a

grande economia norte-americana. Em jogos de interesse, tudo parece ser uma balança

de pesos iguais.

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Forças político-militares pró-Palestina

A Palestina, bem como Israel, conta com uma grande nação como amparo

internacional. Numa forma de ganhar espaço no cenário internacional – a Palestina é

reconhecida pela ONU apenas como Estado observador não membro, - a Palestina criou

um grande vínculo com a Federação Russa que ideológica e politicamente abarcou o

conflito. Contudo, entre 1956-1990, a parceria entre União Soviética e Palestina foi

parcialmente justificada também pelo antagonismo entre a União e os Estados Unidos.

No entanto, a relação de apoio à Palestina rende até hoje e a Rússia é consagra como

uma importante peça no processo de construção de paz no Oriente Médio.

Em 2006, Rússia iniciou conversas com Hamas após o partido vencer as eleições

parlamentares. Depois de conversas e encontros, a Rússia expressou esperança de que a

organização seria favorável ao plano de paz. O estreitamento dos laços entre Rússia e

Hamas gerou controvérsias pelo mundo, principalmente entre os neoconservadores dos

Estados Unidos. Em 2009, a potência asiática criticou duramente os ataques israelenses

e enviou 60 toneladas de tendas, remédios e comida.

Após encontro com ministros das relações exteriores de ambos os países, a

Rússia declarou que são nações amigas e que a nação continuará ajudando a Palestina

em todos os campos.

Bem como os Estados Unidos da América, a Rússia é um dos membros

permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas – P-5 – e tem poder de veto.

Este artifício acaba gerando certo “equilíbrio” de forças estratégicas e políticas.

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Escopo do Conselho de Segurança das Nações Unidas – CSNU e

informações sobre a simulação do CSNU 2015

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) é um dos seis principais

órgãos da ONU e é encarregado de manter a paz e a segurança do planeta. Ele tem

poder de estabelecer operações de pacificação, de estabelecer sanções internacionais e

de autorizar ações militares, através de suas Resoluções. Ao contrário das outras partes

da ONU, o CSNU tem um caráter muito mais mandatório do que recomendativo.

O Conselho de Segurança é formado por 15 países, dos quais cinco são

permanentes, e que podem vetar uma resolução, enquanto os outros dez são rotativos.

Os cinco permanentes são Estados Unidos, Rússia (União Soviética), Reino Unido,

França e China, que são muitas vezes apelidados de P-5. Os assentos permanentes

foram dados a essas nações porque foram elas que saíram vitoriosas da Segunda Guerra

Mundial, o que remonta a história do CS, que, como todo a ONU, nasceu no final do

conflito.

Quanto aos outros dez países rotativos, eles são eleitos pela Assembleia Geral e

possuem um mandato de dois anos. Para que a nação seja designada a um assento, é

necessário que ela receba pelo menos dois terços de todos os votos destinados àquele

assento.

Os países são divididos em cinco grupos de acordo com a região: “África”,

“Ásia e Pacífico”, “Europa Oriental”, “América Latina e Estados Caribenhos” e

“Europa Ocidental e Outros”. Cada região possui um número específico de assentos a

serem ocupados, representados pelos círculos coloridos na imagem ao lado. Algumas

dessas regiões possuem cadeiras ocupadas permanentemente, como é o caso da “Ásia e

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Pacífico” (China), “Europa Oriental” (Rússia) e “Europa Ocidental e Outros” (Estados

Unidos, França e Reino Unido).

Vale lembrar que dentro do grupo da Europa Ocidental nós temos Nova

Zelândia, Austrália, Estados Unidos, Canadá e, mais recentemente, Israel, que pediu

para sair do grupo “Ásia e Pacífico” por problemas com as nações da região.

Em azul: Grupo africano; Em verde: Grupo da Ásia edo

Pacífico; Em vermelho: Grupo da Europa Oriental; Em

rosa: Grupo da América Latina e Estados Caribenhos;

Em amarelo: Grupo da Europa Ocidental e outros

Para que uma resolução não procedural seja aprovada no Conselho de

Segurança, é necessário que 3/5 do quórum (nove países) votem a favor dela e que

nenhum P-5 a vete. Se for aprovada pela resolução do CS, a ONU pode mandar

pacificadores para a região onde o conflito armado foi cessado, com o objetivo de

respaldar os acordos de paz feitos e desencorajar que alguma das partes volte a ter

atitudes hostis. Atualmente a ONU não possui mais seu próprio exército, e as forças são

providas voluntariamente pelos países membros. Um caso excepcional aconteceu

quando a Áustria decidiu retirar suas tropas da Colina de Golã (que formavam 35% das

forças da ONU naquela região), o que acabou resultando numa crise dentro do

Secretariado Geral.

Na imagem do topo da próxima página, tem-se o número de vezes que cada país

vetou desde a criação do CS até 2007. Percebe-se claramente que, embora tenha a essa

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fama, os Estados Unidos não foram o país que mais vetou no Conselho, mas sim a

União Soviética/Rússia.

Nos últimos anos, várias mudanças têm sido reivindicadas, e a principal delas é a

ampliação do número de assentos permanentes. Os candidatos para tal seria o G4

(Brasil, Alemanha, Índia e Japão). Embora essa mudança seja provável, em 2013 ela

não ocorreu e nós, do Secretariado Geral, não esperamos que elas aconteçam em 2015,

por isso optamos por manter o P-5 nessa simulação.

Ao contrário da Assembleia Geral, como dito anteriormente, o Conselho de Segurança

tem um caráter mandatório, tem o poder de recomendar procedimentos para a resolução

de uma disputa além de poder recomendar à AG admitir novos membros da ONU. Por

todo esse poder, a decisão da existência ou não do Estado da Palestina só pode ser

definida pelo CS, daí a escolha do CSNU 2015.

A ONU, através da Assembleia Geral, já emitiu várias resoluções que envolviam o

conflito israelo-palestino, entre elas a famosa Resolução 181, em 1947, recomendando a

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partição da palestina em dois Estados, um judeu e outro árabe, além de conter o famoso

plano para a partição da palestina; a Resolução 997, em 1956, pedindo um cessar fogo

durante a Guerra do Suez; a Resolução 67/19, em 2012, que transformava a Palestina de

“entidade observadora” para “Estado observador”, além de várias outras resoluções de

envio de ajuda humanitária à Palestina. O nosso objetivo com o CSNU 2015 é chegar a

uma resolução plausível e justa para ambas as partes, com um novo plano de partição da

palestina, e por um fim à “disputa territorial” entre Israel e Palestina, para que, cada vez

mais, a paz no Oriente Médio esteja mais próxima.

Embora o Conselho de Segurança tenha apenas 15 países participando de seus debates e

votações, para que houvesse um maior leque de opiniões e como gostaríamos que cada

país fosse representado por um ou dois delegados, optamos por aumentar esse número

para a casa dos 60. Dos países rotativos que estão nesse comitê, apenas estes 10 estarão

de fato no Conselho de Segurança em 2015: Arábia Saudita, Argentina, Austrália,

Chade, Chile, Coreia do Sul, Lituânia, Luxemburgo, Nigéria e Ruanda.

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Anexos Arquivos úteis para a compreensão do assunto

Estados que reconhecem o Estado Palestino

Estados que reconhecem Israel, Palestina e ambos

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Linha do tempo de conflitos a partir da criação do Estado de Israel

Guerra Árabe-Israelense de 1948: Israel X Egito, Jordânia, Iraque, Síria e Líbano.

Resposta árabe à criação do Estado de Israel. O conflito terminou com a vitória

israelense e com um armistício entre as duas partes.

Operações de Represalha durante as décadas de 50 e 60: Israel X Palestina, apoiada

pelo Egito, Jordânia e Síria. O conflito terminou com a vitória israelense.

Guerra de Suez (1956): Israel, Reino Unido e França X Egito, fedayins palestinos,

apoiados pela União Soviética. Vitória egípcia, ocupação israelita da Península de Sinai

até 1957 e fim do status de superpotência do Reino Unido.

Guerra dos Seis Dias (1967): Israel X Egito, Síria, Jordânia, Iraque, apoiados por

Argélia, Kuwait, Líbia, Marrocos, Paquistão, OLP, Paquistão, Arábia Saudita, Sudão e

Tunísia. Israel saiu vitoriosa e anexou a Faixa de Gaza, a Península de Sinai, a

Cisjordânia e as Colinas de Golã.

Guerra de Desgaste (1967-70): Israel X Egito, União Soviética, OLP e Jordânia.

Ambos os lados declaram vitória, embora o controle israelense sobre a Península de

Sinai tenha se mantido.

Guerra do Yom Kippur (1973): Israel X Egito, Síria, apoiados por Iraque, Jordânia,

Argélia, Cuba, Marrocos e Tunísia. Um ataque egípcio e sírio em resposta a ocupação

israelense das Colinas de Golã e da Península de Sinai. Vitória Israelense.

Insurreição palestina no sul do Líbano (1971-82): Israel X Palestina. Conflito

motivado pela realocação da OLP no sul do Líbano. O conflito terminou com a

expulsão da organização do país e teria como consequência a Guerra Civil do Líbano.

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Guerra do Líbano de 1982: Israel X Palestina, Síria e Hezbollah. O conflito foi

motivado depois da tentativa do embaixador isralense no Reino Unido pela organização

do palestino Abu Nidal. O conflito terminou com a vitória política da Síria e com a

expulsão definitiva da OLP do Líbano.

Primeira Intifada (1987-93): Israel X Palestina. Rebelião por parte dos civis palestinos

contra a ocupação israelense na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. O conflito termina com

o nascimento da Autoridade Nacional Palestina e reconhecimento do Estado de Israel

por parte da OLP.

Segunda Intifada (2000-05): Israel X Palestina. Mais uma rebelião civil palestina.

Terminou com a retirada israelense da Faixa de Gaza e com a construção de uma

barreira física na Cisjordânia.

Guerra do Líbano de 2006: Israel X Hezbollah. Depois de militantes do Hezbollah

lançarem foguetes do Líbano em direção a Israel, causando três mortos, Israel invade o

sul do país. O conflito termina com um cessar fogo emitido em uma resolução do

Conselho de Segurança e com a retirada israelense do país.

Operação Chumbo Fundido (2008-09): Israel X Palestina (Faixa de Gaza, sob

controle do Hamas). A operação tinha como objetivo diminuir o número de foguetes

lançandos da região em direção a Israel. O conflito é por muitos denominado de

“massacre”.

Operação Pilar de Defesa (2012): Israel X Palestina (Faixa de Gaza, sob controle do

Hamas). Outra operação em resposta aos mais de 100 foguetes lançados da região em

direção a territórios isralenses em menos de 24 horas. Terminou com um cessar fogo e

vitória declarada pelos dois lados.

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