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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0 RONALDO DE ASSIS MEDEIROS C U I A B Á - MT 2006

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

    Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

    SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO

    ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

    RONALDO DE ASSIS MEDEIROS

    C U I A B Á - MT

    2006

  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

    Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

    SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO

    ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

    RONALDO DE ASSIS MEDEIROS

    Engenheiro Agrônomo

    Orientador: Prof. Dr. JOSÉ HOLANDA CAMPELO JÚNIOR

    Dissertação apresentada à Faculdade de

    Agronomia e Medicina Veterinária da

    Universidade Federal de Mato Grosso,

    para obtenção do título de Mestre em

    Agricultura Tropical.

    C U I A B Á - MT

    2006

  • 2

    FICHA CATALOGRÁFICA

    M488s

    Medeiros, Ronaldo de Assis

    Simulação do crescimento e produção do algodoeiro com o programa Cotton 2k, 1.0 / Ronaldo de Assis Medeiros. – 2006.

    78p. : il.

    Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, 2006.

    “Orientação: Profº Drº José Holanda Campelo Júnior”.

    CDU – 633.511(817.2)

    Índice para Catálogo Sistemático

    1.

    Algodão – Cultura 2.

    Algodoeiro – Produção – Santo Antônio do Leverger (MT)

    3.

    Algodão – Crescimento – Simulação 4.

    Algodão – Produção – Programa Cotton 2k, 1.0

  • 3

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

    FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

    Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

    CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

    Título: SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO

    ALGODOEIRO COM O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

    Autor: RONALDO DE ASSIS MEDEIROS

    Orientador: Dr. JOSÉ HOLANDA CAMPELO JÚNIOR

    Aprovado em 31 de Janeiro de 2006.

    Comissão Examinadora:

    _________________________________________

    Prof. Dr. José Holanda Campelo Júnior (FAMEV/UFMT) (Orientador)

    _________________________________________

    Dra. Elisabeth Aparecida Furtado de Mendonça (FAMEV/UFMT)

    _________________________________________

    Dr. Gilson Alberto Rosa Lima (UNEMAT)

    _________________________________________

    Dr. Carlos Caneppele (FAMEV/UFMT)

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Aos meus pais, Antonio Medeiros de Araújo e Maria José Duarte Medeiros pelo apoio e carinho recebido, dedico.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    A DEUS, pela vida, saúde, família, amigos, pelo privilégio de tornar-

    me um Mestre.

    Aos meus pais, Antonio Medeiros de Araújo e Maria José Duarte

    Medeiros, pelo exemplo de vida, apoio, incentivo e carinho.

    Aos meus irmãos, Leonardo Duarte Medeiros, Reginaldo Antonio

    Medeiros, Alessander Duarte Medeiros, Ricardo César Medeiros, Leone

    Duarte Medeiros, Leandro José Medeiros, Juliana Caroline Medeiros e

    Renato Medeiros (em especial), pelo apoio e incentivo.

    Aos sobrinhos Walter Vinícius, Luana e Leonardo, pelo carinho,

    ingenuidade aos problemas e força de vontade.

    Às cunhadas Elenice, Vanusa, Verônica e Claudiana, pela amizade e

    companheirismo.

    Aos meus Avós (in memorian): Leontina e Clarindo; Floriscena e José

    Medeiros.

    Aos meus demais familiares, pelo apoio e incentivo.

    Ao Prof. Dr. José Holanda Campelo Júnior pela amizade, apoio,

    atenção e na orientação deste trabalho.

    A Walkiria Garcia pelo incentivo, carinho, atenção e compreensão nas

    horas difíceis.

    Em especial ao Engenheiro Agrônomo Daniel de Brito Goulart pela

    amizade.

  • 6

    Aos Amigos Anderson Augusto e Patrícia Trentini pelo

    companheirismo.

    Aos amigos Engenheiros Agrônomos MSc. Luciano Roberto Brauwers

    e Joaquim Alex Rodrigues Duram pelo apoio na condução do experimento e

    coleta de dados.

    A todos os colegas do Núcleo de Tecnologia em Armazenagem (NTA)

    em especial a Márcia Partoski e Keila Vilela pela amizade e apoio na coleta

    de dados.

    A colega de Mestrado Eleusa Maria Almeida pela amizade e apoio na

    coleta de dados.

    Aos colegas de turma Jorge, Léo, Geovani, Rene, Renato, Luis

    Carlos, Evandro, Eleusa, Fabiola pela amizade companheirismo.

    Aos colegas do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso,

    Djalma Rodrigues, José Carlos, Valto, Flavio, Marcelma, Cleusa, Alexander

    e Lourival, pela amizade.

    À Universidade Federal de Mato Grosso, em especial ao Programa de

    Pós-graduação em Agricultura Tropical, pela oportunidade de conclusão

    deste trabalho.

    A todos os professores, técnicos do Programa de Pós-graduação em

    Agricultura Tropical.

  • 7

    LISTA DE FIGURAS

    Página

    1 Imagem da tela inicial do modelo de simulação COTTON 2K..........

    39

    2 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAKB1.PRO..................................................................................... 40

    3 Imagem do arquivo do modelo de simulação que são editadas

    informações sobre o local e dados da cultura...................................

    40

    4 Imagem do arquivo do modelo de simulação em que estão os

    arquivos de entrada que compõem a simulação..............................

    41

    5 Imagem do arquivo do modelo de simulação, em que é informada

    a opção de saída dos arquivos......................................................... 41

    6 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAZOR.INT, em que são fornecidos os dados da condição inicial

    do solo............................................................................................... 42

    7 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAZOR.HYD, em que são editados os dados sobre a hidrologia

    do solo............................................................................................... 43

    8 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAKB1.AGI, onde são editados os dados sobre o manejo da

    cultura................................................................................................

    44

    9 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome “Irrigation

    Applications”, onde são informados os dados sobre a irrigação da

  • 8

    cultura................................................................................................

    44

    10 Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    PLANT.ACT, onde são editados os dados climáticos diários...........

    45

    11 Imagem da tela inicial do modelo em que é dado o comando para

    executar a simulação........................................................................ 46

    12 Precipitação mensal em Santo Antonio do Leverger-MT, durante a

    condução do experimento.................................................................

    48

    13 Insolação (h.dia-1) mensal média em Santo Antonio do Leverger-

    MT durante a condução do experimento.......................................... 49

    14 Radiação solar (MJ.m-2.dia-1) mensal média em Santo Antonio do

    Leverger, durante a condução do experimento................................

    49

    15 Temperatura (oC) máxima (T MAX), mínima (TMIN) e média (T

    MED) mensal em Santo Antonio do Leverger, durante a condução

    do experimento................................................................................. 50

    16 Índice de área foliar (IAF m2.m-2) medido e simulado no primeiro

    (A), segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da

    cultivar de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.......

    51

    17 Altura das plantas (cm) medida e simulada no primeiro (A),

    segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de

    algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.........................

    54

    18 Número de botões medidos e simulados no primeiro (A), segundo

    (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de algodão

    ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT...................................... 57

    19 Número de maçãs medidas e simuladas no primeiro (A), segundo

    (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de algodão

    ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT...................................... 59

    20 Número de capulhos medidos e simulados no primeiro (A),

    segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da cultivar de

    algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.........................

    60

    21 Produção medida e simulada (kg.ha-1) nos quatro ciclos de cultivo

    em Santo Antonio do Leverger-MT...................................................

    65

  • 9

    LISTA DE TABELAS

    Página

    1 Critério de interpretação do desempenho do modelo de

    simulação pelo índice “c”................................................................

    47

    2 Precisão (r), exatidão (d) e confiança (c) entre os valores

    simulados, de altura e IAF das plantas e valores medidos nos

    diferentes ciclos de cultivo..............................................................

    56

    3 Precisão (r), exatidão (d) e confiança (c) obtidas entre os valores

    de botões, maçãs, capulhos e a produção final simulados, e

    valores medidos nos diferentes ciclos de cultivo............................

    64

  • 10

    SUMÁRIO

    Página

    1 INTRODUÇÃO...............................................................................................

    15

    2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................

    18

    2.1. Fases Ontogênicas do Algodoeiro................................................... 26

    2.1.1. Fase 1: fase vegetativa inicial, da emergência ao primeiro botão

    floral......................................................................................................... 27

    2.1.2. Fase 2: fase juvenil, do botão floral à primeira flor......................... 27

    2.1.3. Fase 3: fase reprodutiva, do aparecimento da 1ª flor até o ponto

    de corte....................................................................................................

    29

    2.1.4. Fase 4: fase de maturação, do ponto de corte à maturação.......... 30

    2.2. A Cultivar...........................................................................................

    30

    2.3. Modelos e Simulações......................................................................

    31

    2.4. Modelagem em Sistemas Agrícolas..................................................

    33

    2.4.1. O modelo COTTON 2K..................................................................

    36

    3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................

    37

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................

    48

    5. CONCLUSÕES....................................................................................

    68

    6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................

    69

  • 11

    SIMULAÇÃO DO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO COM

    O PROGRAMA COTTON 2K, 1.0

    RESUMO – O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho do programa

    COTTON 2K, 1.0 na simulação do crescimento e produção do algodoeiro

    (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch) em Santo Antônio do Leverger

    MT. O trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Universidade

    Federal de Mato Grosso, localizada no Município de Santo Antônio do

    Leverger - MT, com latitude de 15,8ºS, longitude 56,1ºW e altitude de 140 m.

    No plantio em cada ciclo de cultivo foi realizado adubação de manutenção

    com 50 kg de N, 150 kg de P2O5 e 50 kg de k20 por ha. No período de

    setembro de 2003 a novembro de 2004 foram realizados quatro ciclo de

    cultivos de algodoeiro, em diferentes épocas, com a cultivar ITA 90, sendo

    cada parcela de 25 m2, com espaçamento de 1 m entre fileiras e 10 plantas

    por metro. Em três plantas escolhidas aleatoriamente dentro de cada

    parcela, foram medidas a altura, o maior comprimento e maior largura das

    folhas e realizada a contagem do número de estruturas reprodutivas a cada

    15 dias. Para as simulações foram utilizados os dados climatológicos obtidos

    em estação convencional, instalada próximo ao local do experimento. No

    período em que ocorreu a escassez de chuvas, a irrigação foi efetuada a

    cada sete dias, quando era realizada a somatória da precipitação desse

    período. Não havendo uma somatória superior a 50 mm a lâmina de água foi

    completada com o fornecimento de irrigação para atingir esta quantidade.

    Para comparação com os dados obtidos a campo foi realizada a simulação

    dos dados, através do programa COTTON 2K, versão 1.0. Para avaliar o

    desempenho do modelo foram correlacionados os valores simulados com os

    medidos, pela regressão linear, sendo considerados os seguintes

    indicadores estatísticos: precisão - coeficiente de correlação “r”; exatidão –

    índice de Willmott “d”; e de confiança ou desempenho “c”. A validação do

    modelo para os quatro ciclos de cultivo independentes pelo índice “d” variou

    de acordo com as variáveis avaliadas. Para o índice de confiança ou

    desempenho “c” o modelo apresentou desempenho diferenciado, sendo

  • 12

    “ótimo” para altura de plantas no primeiro e segundo ciclo, bom no terceiro e

    sofrível no quarto ciclo de cultivo, e para o IAF o desempenho variou de

    “bom” a “péssimo” entre os ciclos de cultivo. Para botões florais, o

    desempenho foi considerado “péssimo”, para as maçãs o desempenho

    variou de “mau” a “péssimo” entre os ciclos de cultivo, já para os capulhos o

    modelo teve um desempenho variando de “mediano” a “péssimo”, entre os

    ciclos de cultivo. Para a produção final a maior produção medida foi obtida

    no quarto ciclo de cultivo com 2.842,8 kg.ha-1, já a produção simulada o

    maior valor foi obtido no segundo ciclo de cultivo foi 1.321 kg.ha-1 de

    algodão. O desempenho do modelo para a produção final foi “péssimo” para

    os dois índices avaliados.

    Palavras-chave: algodão, fenologia, modelo, índice de concordância “d”,

    índice de confiança “c”.

  • 13

    SIMULATION OF THE COTTON PLANT GROWTH AND YIELD WITH THE

    PROGRAM COTTON 2K, 1.0

    ABSTRACT – This work aimed at evaluating the performance of the program

    COTTON 2K, 1.0 in the simulation of the cotton plant growth and yield

    (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch) in Santo Antônio do Leverger

    MT. This work was carried out on the Experimental Farm of the Federal

    University of Mato Grosso, in the district of Santo Antônio do Leverger - MT,

    with 15,8ºS latitude, 56,1ºW longitude and height of 140 m. In the planting in

    each growth stage, maintenance manuring with 50 kg of N, 150 kg of P2O5

    and 50 kg of k20 per ha. From September 2003 to November 2004 four

    stages of cotton plant crop were done in different periods, with the cultivar

    ITA 90, being each plot of 25 m2, with intervals of 1 m among lines and 10

    plants per meter. In three of the plants randomly chosen within each plot, the

    height, the largest length and width of the leaves were measured and the

    number of reproductive structures was counted every fortnight. For the

    simulations the climatologic data obtained in a conventional station, built next

    to the experiment site were used. During the dry season, the irrigation was

    performed every seven days, when the total amount of the precipitation of

    this period was performed. When the amount was less than 50 mm water

    was added with the supply of irrigation to reach this quantity. For the

    comparison with the data obtained in the field a simulation of data was

    carried out, through the program COTTON 2K, version 1.0. To evaluate the

    performance of the model the simulated values and the measured ones were

    correlated, through linear regression, being considered the following statistic

    indicators: accuracy – coefficient of correlation “r”; precision – rate of Willmott

    “d”; and of reliability or performance “c”. The model validation for the four

    stages of independent crop through the rate “d” varied according to the

    assessed variables. For the rate of reliability or performance “c” the model

    presented differentiated performance, being “optimum” for height of plants in

    the first and second stages, good in the third and quite good in the fourth

    stage of growth, and for the IAF the performance ranged from “good” to “very

  • 14

    bad” among the growth stages. For the floral buds, the performance was

    considered “very bad”, for the apples the performance ranged from “bad” to

    “very bad” among the growth stages, however for the cotton bolls the model

    had a performance ranging from “median” to “very bad”, among the growth

    stages. For the final yield the biggest production measured was obtained in

    the fourth growth stage with 2.842,8 kg.ha-1, for the simulated production the

    biggest value was obtained in the second growth stage with 1.321 kg.ha-1 of

    cotton. The model performance for the final production was “very bad” for the

    two rates assessed.

    Key words: cotton, phenology, model, correspondence rate “d”, reliability

    rate “c”.

  • 15

    1 INTRODUÇÃO

    A cultura do algodoeiro produz a mais importante fibra têxtil do mundo

    e é a segunda maior fonte de óleo vegetal. Ela presta uma significante

    contribuição à economia brasileira, sendo cultivado em 16 Estados, cobrindo

    uma área estimada de 670.000 ha, que movimentam o negócio de 30 mil

    empresas, responsáveis por 1,45 milhões de empregos diretos e

    faturamento anual de U$ 22 bilhões. A exportação da fibra foi retomada

    depois de décadas e representou, na safra 2002 um acréscimo superior a

    um bilhão de dólares na balança comercial brasileira, projetando-se ainda

    um investimento de U$ 12 bilhões até 2008 (AMPA, 2003).

    Estes números mostram claramente que os benefícios econômicos

    gerados pela fibra de algodão e seus produtos são importantes para a

    economia brasileira, sobretudo a agricultura.

    Na safra 2003/04, a produção brasileira de algodão em pluma e de

    caroço de algodão totalizou respectivamente, 1.271,5 e 2.038,7 mil

    toneladas. Para a temporada 2004/05, a previsão de incremento, tanto de

    pluma quanto de caroço de algodão, foi de 5%. Dessa forma, estima-se que

    serão disponibilizados para o mercado consumidor, cerca de 1.335,3 mil

    toneladas de pluma e 2.141,5 mil toneladas de caroço de algodão (CONAB,

    2004).

    A cultura do algodão em Mato Grosso é relativamente nova, sendo

    que até 1983, tinha pouca importância, ocupando área de apenas 4.000 ha.

  • 16

    A partir de 1984, sofreu incrementos anuais, chegando a 414.4 mil ha na

    safra (2003/2004), sendo responsável por 54% da produção nacional,

    havendo uma ligeira redução na área, cerca de 2,0%, devendo passar dos

    414,4 mil hectares para algo em torno de 406,1 mil hectares na safra

    2004/2005 (CONAB, 2004).

    Apesar das estatísticas serem bastante otimistas em relação à

    expansão da cotonicultura em Mato Grosso, alguns aspectos deverão ser

    considerados, para o aperfeiçoamento do sistema produtivo, sendo os

    custos de produção uma das maiores preocupações dos agricultores.

    O cultivo do algodão nos moldes como estava sendo conduzido nas

    últimas décadas passou por mudanças fundamentais. A produção deixou de

    ser uma atividade de pequenas propriedades para se tornar uma cultura de

    grandes propriedades altamente tecnificadas. Os aumentos consideráveis na

    produtividade são conseqüências da ação conjunta da expansão da área de

    cultivo para diferentes regiões edafoclimáticas e do elevado nível tecnológico

    da cultura.

    Grande demanda por boas produções leva o produtor a fazer o uso de

    elevadas quantidades de insumos, sem que haja certeza quanto ao

    momento ideal para aplicação.

    No geral, a grande dificuldade para tomada de decisão quanto à

    aplicação de insumos é, na maioria das vezes, pela falta de informação

    científica sobre o desenvolvimento da cultura.

    Apesar do rendimento da cultura em Mato Grosso vir crescendo, ano

    a ano, os custos de produção têm se tornado objeto de preocupação dos

    agricultores. Uma das causas da elevação dos custos de produção é o uso

    excessivo ou inadequado de insumos, motivado pela dificuldade de

    acompanhamento da cultura, levando, muitas vezes, à aplicação de um

    insumo num momento muito cedo ou muito tarde para que ele se torne

    eficaz.

    Desta forma, os modelos de simulação de rendimento são uma

    ferramenta moderna de grande utilidade para o manejo das culturas, pois

    podem identificar a evolução diária do crescimento da planta e as causas

  • 17

    das eventuais reduções nas taxas de crescimento, permitindo antecipar

    informações que podem ser vitais no processo de tomada de decisão,

    otimizando o uso dos insumos e reduzindo os custos de produção.

    A agricultura, entre todas as atividades econômicas, é a que

    apresenta maior dependência das condições meteorológicas: estas são as

    principais responsáveis pelas oscilações e frustrações das safras agrícolas

    em todo o Brasil. As relações entre os parâmetros climáticos e a produção

    agrícola são bastante complexas, pois os fatores ambientais podem interferir

    no crescimento e desenvolvimento das plantas sob diferentes formas, nas

    diversas fases do ciclo da cultura. Os modelos agrometeorológicos

    relacionados com crescimento, desenvolvimento e produtividade das

    culturas fornecem dados que permitem ao setor agrícola tomar importantes

    decisões, tais como: melhor planejamento do uso do solo, adaptação de

    culturas, monitoramento e previsão de safras, controle de pragas e doenças,

    estratégia de pesquisa e planejamento (Moraes et al., 1998).

    O monitoramento constante do crescimento do algodoeiro fornecerá

    informações diárias para serem utilizadas nestes modelos, visto que o

    algodão é uma planta muito complexa e possuidora de hábito de

    crescimento indeterminado. Em algumas situações de cultivo há

    necessidade de se limitar o crescimento dos órgãos vegetativos, o que está

    diretamente ligado às condições climáticas favoráveis como temperatura,

    suprimento de água, radiação solar e também fertilidade do solo.

    Os modelos de simulação de culturas apresentam potencial de uso

    para responder questões em pesquisa, manejo de culturas e planejamento,

    auxiliando no entendimento sobre as interações genéticas, fisiológicas e do

    ambiente, e nas decisões de práticas culturais antes e durante o período da

    cultura no campo.

    O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho do

    programa COTTON 2K, 1.0 na simulação do crescimento e produção do

    algodoeiro em Santo Antonio do Leverger MT.

  • 18

    2 REVISÃO DE LITERATURA

    O algodoeiro herbáceo (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.)

    é um dos fitossistemas de maior complexidade que a natureza criou, tendo

    hábito de crescimento indeterminado (Oosterhuis, 1999), apresentando, pelo

    menos, dois tipos de ramificação (monopodiais e simpodiais), dois tipos de

    folhas verdadeiras (dos ramos e dos frutos) e pelo menos duas gemas

    (axilar e extra-axilar), situadas na base de cada folha (Mauney, 1984), o que

    junto com outros apanágios morfológicos, conferem à planta elevada

    plasticidade fenotípica, ajustando-se aos mais diversos ambientes de clima e

    solo, sendo atualmente cultivado em mais de 33 milhões de hectares.

    Apresenta produtividade de mais de 575 kg de fibra/ha (Cotton, 2001) em

    áreas com latitudes acima de 40º N e de 30º S, sendo que mais de 50% da

    área plantada é sob regime de irrigação (Ortolani e Silva, 1965; Amorim Neto

    e Beltrão, 1999).

    Segundo Beltrão et al. (1999), o algodoeiro é uma planta de origem

    tropical e subtropical, necessitando, para externar elevadas produtividades e

    fibra de alta qualidade, de dias ensolarados, com menos de 30% de

    nebulosidade, temperatura média do ar acima de 200C, umidade relativa do

    ar média de 60%, e inexistência de inversão térmica e de precipitação pluvial

    entre 500 a 1800 mm, sendo que as precipitações devem ser bem

    distribuídas, sendo maiores no período de floração, crescimento e

    desenvolvimento dos frutos e, insolação total e escassez hídrica na colheita,

  • 19

    pois a energia solar é um dos componentes principais para abertura dos

    frutos.

    É uma planta de metabolismo sintético C3 (ineficiente), tendo

    elevadas taxas de fotorrespiração, apesar de ser heliófila, não se saturando

    em condições de campo, mesmo com o máximo de radiação solar, tendo

    estrutura do dossel planofoliar com elevado coeficiente de extinção de luz

    (Beltrão e Souza, 2001).

    Em estudo realizado por Souza et al. (1990), em casa de vegetação,

    com algodoeiro herbáceo, sob intensidade luminosa de 100 watts m-2,

    quando a folha do tronco do terceiro ramo frutífero foi sombreada com papel

    alumínio, cessando assim, de ser ativa fotossinteticamente, a atividade da

    enzima bifosfato carboxilase da primeira folha do mesmo ramo aumentou

    rapidamente em seis horas, e ligeiramente até doze horas.

    No algodoeiro herbáceo o crescimento é mais rápido até 60 dias. A

    partir de 70 dias, o crescimento é mais lento e, dependendo do

    comportamento genético e do genótipo, a primeira flor surge entre 45 e 55

    dias, e nessa fase, grande parte dos assimilados usados no crescimento

    vegetativo é transportada para o uso no crescimento dos órgãos florais que

    são os “drenos” altamente competitivos. A área foliar da planta segue o

    comportamento semelhante ao da altura da planta (Souza e Silva, 1992).

    Monteiro et al. (2005) relata que a área foliar de uma planta depende

    do número e tamanho das folhas, bem como seu tempo de permanência na

    planta. Na avaliação do crescimento de comunidades vegetais emprega-se a

    área de terreno disponível às plantas como base para expressar a área

    foliar; assim, a área foliar por unidade de área do terreno define o índice de

    área foliar (IAF), que representa sua capacidade em explorar o espaço

    disponível.

    A variação temporal da área foliar em uma cultura agrícola depende

    das condições edafoclimáticas, da cultivar e da densidade populacional,

    entre outros fatores. Geralmente, a área foliar aumenta até um máximo,

    decrescendo após algum tempo, sobretudo em função de senescência das

    folhas mais velhas. A fotossíntese, processo responsável pelo fornecimento

  • 20

    da energia necessária ao crescimento e desenvolvimento da planta,

    depende do IAF. Assim, quanto mais rápido a cultura atingir o ótimo IAF e

    quanto mais tempo a área foliar permanecer ativa, maior será sua

    produtividade biológica (Monteiro et al., 2005).

    Segundo Magalhães (1985), o crescimento vegetal é decisivamente

    influenciado pelo tempo em que a planta mantém ativa a sua superfície

    foliar.

    De acordo com Silva et al. (1998), o índice de área foliar (IAF m2.m-2 )

    permite avaliar o potencial de rendimento de uma cultura, com base no

    aproveitamento da radiação fotossinteticamente ativa. O IAF e a área foliar

    são numericamente diferentes, porém, ambos refletem a eficiência no

    aproveitamento da luz e ou dos nutrientes do solo.

    O IAF é a relação funcional existente entre a área foliar e a área do

    terreno ocupada pela cultura, e a importância da área foliar é amplamente

    conhecida por ser um parâmetro indicativo de produtividade, pois o processo

    fotossintético depende da interceptação da energia luminosa e sua

    conversão em energia química (Favarin et al., 2002).

    O algodoeiro possui crescimento seqüencial e bem definido, onde os

    intervalos de crescimento e florescimento vertical e horizontal são estimados

    em três e seis dias respectivamente, isto é, a cada três dias haverá emissão

    de um novo ramo frutífero ou simpodial, e a cada seis dias haverá emissão

    de nova estrutura frutífera (botão floral) nesse mesmo ramo (Soares et al.,

    1999). Portanto, as folhas da haste principal são responsáveis pela produção

    e desenvolvimento vegetativo da planta de algodão.

    A temperatura tem influência no crescimento da raiz, entretanto,

    temperaturas elevadas, principalmente nas primeiras semanas, prejudicam

    esse crescimento. A disponibilidade de água no solo é o principal fator de

    influência na distribuição e na taxa de crescimento da raiz. A redução da

    umidade do solo, em geral durante as primeiras semanas, provoca maior

    crescimento do sistema radicular em relação à parte vegetativa (Souza,

    1977).

  • 21

    O algodoeiro apresenta desenvolvimento e crescimento estrutural

    complexos. O seu hábito de crescimento é indeterminado e a existência de

    dois tipos de ramo, frutífero e vegetativo, confere à planta grande

    adaptabilidade. Na base de cada folha da haste principal existem duas ou,

    excepcionalmente, três gemas, uma das quais, chamada de primeira axilar,

    é responsável pela origem dos ramos frutíferos ou vegetativos. A segunda

    gema, chamada segunda axilar, geralmente se encontra dormente, exceto

    na ocorrência de problemas para o crescimento da primeira axilar, podendo

    originar um ramo. A terceira gema não é muito comum (Mauney, 1984).

    O crescimento dos ramos vegetativos é do tipo monopodial, cuja

    gema apical continua a produzir folha indefinidamente, até que por alguma

    razão, venha a parar seu crescimento. O crescimento dos ramos frutíferos é

    do tipo simpodial, e sua gema apical, depois de produzir o prófilo, o entrenó

    e a folha verdadeira, termina em uma flor. A altura de inserção do primeiro

    ramo frutífero, em relação ao número de nós, difere nas espécies, raças e

    cultivares de algodoeiro, mas pode ser modificada pelas condições

    ambientais. No algodoeiro herbáceo a inserção desse ramo ocorre do

    terceiro ao sétimo nó, e quanto menor o número de nós para inserção do

    ramo frutífero, mais precoce será a planta (Souza e Silva, 1994).

    Segundo Beltrão e Souza (2001), o surgimento de botões florais e a

    formação de flores são funções do crescimento vegetativo, devido ao

    aparecimento sucessivo de ramos frutíferos e de pontos florais nos ramos

    existentes. É fator fundamental para o bom rendimento do algodoeiro, o

    balanço entre o crescimento vegetativo e frutífero, que é afetado pelas

    condições de ambiente, umidade e fertilidade do solo. A temperatura tem

    influência significativa na formação dos botões florais e das flores, e ainda

    no crescimento e desenvolvimento das maçãs.

    Doorenbos e Kassam (2000) relatam que, no período de

    desenvolvimento, a cultura é sensível à temperatura. Noites frias e

    temperaturas diurnas baixas resultam em crescimento vegetativo com

    poucos ramos frutíferos, visto que a cultura é muito sensível à geada,

    necessitando de no mínimo 200 dias livres dela. A duração do período total

  • 22

    de crescimento é de aproximadamente 150 a 180 dias e, dependendo da

    temperatura e da variedade, são necessários 50 a 85 dias, desde o ciclo de

    cultivo até a formação dos primeiros botões florais, 25 a 30 dias para a

    formação das flores e de 50 a 60 dias para abertura das flores até o

    amadurecimento da maçã, haja vista o algodoeiro ser uma planta de dias

    curtos, porém, existem variedades neutras quanto à duração do dia, onde o

    efeito do dia sobre a floração é influenciado pela temperatura.

    A germinação é ótima nas temperaturas de 18 a 30oC, com a mínima

    de 14oC e a máxima de 40oC, enquanto o atraso na germinação expõe as

    sementes à infestação de fungos no solo. Para o crescimento vegetativo

    inicial, a temperatura deve exceder 20oC, sendo 30oC a desejável. Para

    formação apropriada de botões florais e floração, a temperatura diurna deve

    ser superior a 20oC e a noturna superior a 12oC, mas não deve exceder 40 e

    27oC, respectivamente. Temperatura entre 27 e 32oC é ótima para o

    desenvolvimento e manutenção das maçãs, porém, acima de 38oC os

    rendimentos são reduzidos (Doorenbos e Kassam, 2000).

    Estudos realizados por Grimes e Elzik (1990), mostram que o

    estresse de umidade e altas ou baixas temperaturas podem causar um

    bloqueio antecipado no crescimento e no desenvolvimento da planta. Como

    conseqüência, não haverá formação de botões florais nem ramos frutíferos,

    ocorrendo redução na produção e na qualidade da fibra. Este fenômeno é

    denominado de “cut-out”.

    Para que as plantas realizem fotossíntese é necessário que ocorra a

    fixação do carbono, e como conseqüência, perdem água através dos

    estômatos. De toda água absorvida pelas plantas, apenas uma pequena

    parte participa da formação da biomassa. Segundo Rosemberg, (citado por

    Marca, 1985), apenas 1% da água extraída do solo é utilizada nas atividades

    metabólicas e o restante perde-se, sob a forma de vapor d’água, no

    processo da transpiração.

    A pesquisa tem evidenciado que o algodoeiro é uma planta tolerante a

    baixos teores de água no solo, diferentemente de culturas como o girassol e

  • 23

    o feijão, comumente usadas como plantas teste, na determinação do ponto

    de murcha permanente, pelo método fisiológico direto (Kiehl, 1979).

    Genótipos de algodoeiro herbáceo, cultivados em casa de vegetação,

    em vasos com capacidade para 10 kg de material de solo, apresentaram

    comportamento semelhante no consumo de água, transpirando em média 46

    litros de água por planta durante o ciclo da cultura. Entretanto, houve

    diferença considerando-se a eficiência de uso de água na formação da

    biomassa, cujo consumo foi de 423 g a 538 g de água/grama de biomassa

    total (Souza e Silva, 1993).

    O comportamento da transpiração é regulado em nível de estômato,

    permitindo a adaptação do algodão às mudanças de diversos fatores

    ambientais, tais como: radiação, déficit de saturação atmosférica e

    disponibilidade de água no solo.

    De acordo com Landivar et al. (1999), a ontogenia ou ciclo de vida

    refere-se ao período de crescimento do algodoeiro, que vai da fase de

    plântula, passando pelas fases vegetativa e reprodutiva de “cut-out” ou corte

    (fase onde a planta não consegue mais atender a todas as demandas dos

    órgãos reprodutivos “drenos” por nutrientes) até a fase de maturação,

    quando a maioria das maçãs está aberta, seca e pronta para ser colhida. As

    interações genéticas e ambientais, que ocorrem durante o ciclo de vida da

    planta, determinam o tempo necessário para iniciação e duração de cada

    fase de crescimento. No entanto, devido ao hábito de crescimento

    indeterminado do algodoeiro, o ambiente, ao invés da constituição genética

    da planta, desempenha certamente, um papel mais importante na

    determinação do momento de iniciação e na duração de cada fase do

    crescimento.

    O conhecimento e entendimento dos principais passos fisiológicos

    que ocorrem durante cada fase ontogênica são, sem dúvida alguma, de

    elevada importância para a eficiência do processo de manejo da cultura, e

    para produção de algodão.

    O produto final do algodoeiro, em quantidade e qualidade, é função

    de uma série de fatores que atuam a cada momento sobre o

  • 24

    desenvolvimento das plantas. O ambiente definido como um conjunto de

    condições e fatores adversos ou favoráveis, presentes no local de cultivo,

    constitui-se uma variável importantíssima que, em qualquer fase do

    desenvolvimento, pode atuar modificando a produção e a qualidade do

    produto final (Chiavegato, 1995).

    Em estudo realizado sobre o efeito do ambiente e de cultivares nos

    componentes da produção e nas características tecnológicas da fibra e do

    fio de algodão, Chiavegato (1995) concluiu que a influência do ambiente na

    produção de algodão em caroço foi dez vezes maior que a da cultivar. Essa

    grande influência de ambientes na produção é esperada e explicada pela

    grande variação entre locais e anos quanto às condições edafoclimáticas

    regionais e a fatores adversos, tais como, pragas, doenças, nematóides,

    deficiências nutricionais, condições meteorológicas e técnicas de cultivo.

    De acordo com Bedendo (1995), o desenvolvimento e a produção de

    uma espécie vegetal dependem do seu genótipo e das condições ambientais

    que direta ou indiretamente podem atuar sobre suas características.

    Elementos do clima como umidade, temperatura, luz e vento podem ser

    responsáveis pela predisposição de plantas ao ataque de patógenos.

    O clima influi na produção do algodoeiro, tanto sob o aspecto

    quantitativo quanto qualitativo e, em condições naturais, as plantas externam

    seu potencial produtivo quando esses fatores entram em equilíbrio

    ecológico. Elementos climáticos como chuva, temperatura, umidade relativa,

    duração do dia, velocidade do vento e intensidade de luz interferem na

    cultura do algodoeiro sendo que o plantio deve ser feito no período mais

    propício ao início do cultivo, de acordo com os fatores climáticos menos

    desfavoráveis (Embrapa, 2003).

    O algodoeiro herbáceo requer bastante calor e umidade para

    completar seu ciclo vegetativo e o final do ciclo deve coincidir com período

    seco para possibilitar a perfeita secagem do fruto e sua deiscência.

    Entretanto, o algodoeiro é muito sensível à temperatura, um dos fatores

    ambientais que mais interferem no crescimento e desenvolvimento da

    cultura, afetando significativamente a fenologia, a expansão foliar, a

  • 25

    elongação dos internós, a produção de biomassa e a partição dos

    assimilados pelas diferentes partes da planta, entre outros aspectos.

    Temperaturas inferiores a 20°C reduzem o comprimento da fibra e

    outras características tecnológicas, porque diminuem o metabolismo celular,

    envolvendo as organelas comprometidas na síntese dos componentes da

    fibra, dos quais a celulose é o mais importante e representa mais de 94% da

    fibra madura.

    Se todos esses fatores estiverem atuando de forma a permitir o

    crescimento do algodoeiro, cerca de 54% da água aplicada será consumida

    durante a fase de floração/frutificação, cuja duração é de 40 a 45 dias.

    Ocorrências de chuvas contínuas durante a abertura das maçãs poderão

    comprometer a qualidade da fibra, especialmente a resistência e a finura,

    importantes características nos novos processos de fiação e tecelagem.

    Deste modo, deve-se programar a época de plantio, para evitar a ocorrência

    de precipitações pluviais neste período.

    A produção de algodão é uma função complexa, que depende de

    fatores vinculados à dinâmica de produção e retenção de estruturas

    reprodutivas (Arruda et al., 2002). Segundo Hearn (1980) e Jackson e Arkin

    (1982), o algodoeiro tem padrão de crescimento indeterminado,

    caracterizado por um aumento exponencial do número de folhas e estruturas

    reprodutivas, em função do tempo, e também das estruturas envolvendo

    botões florais, maçãs e capulhos, que competem por assimilados disponíveis

    na planta.

    Segundo Constable (1994), inicialmente tentou-se controlar o

    crescimento excessivo através do estresse hídrico no florescimento, a fim de

    promover maior retenção precoce dos frutos. Com um melhor manejo

    cultural e com o uso de cultivares de algodão mais produtivas, a prática do

    estresse hídrico antecipado tem sido substituída pelo uso de substâncias

    hormonais, a fim de reduzir o crescimento vegetativo e promover a

    maturação mais uniforme.

    Na busca da melhoria dos atuais níveis de produtividade e redução

    dos custos de produção da cultura do algodoeiro no Brasil, novas

  • 26

    tecnologias vêm sendo incorporadas ao sistema de produção dessa

    malvácea.

    O mapeamento de plantas é uma técnica muito potente, desenvolvida

    para auxiliar técnicos e produtores na interpretação das respostas das

    plantas e na tomada de decisões sobre o manejo cultural. Trata-se da

    quantificação do crescimento e do potencial de produção da cultura em cada

    um dos estádios de desenvolvimento da planta (Landivar et al., 1999).

    Como o algodoeiro é uma planta complexa com hábito de crescimento

    indeterminado, em algumas situações de cultivo há necessidade de se

    limitar o crescimento dos órgãos vegetativos, fazendo com que haja maior

    investimento de metabólitos para os drenos úteis do ponto de vista

    econômico. Deve haver equilíbrio entre o crescimento e o desenvolvimento

    que é de natureza qualitativa e seqüencial. No caso do algodoeiro, de hábito

    indeterminado e heteroblástico, o crescimento e o desenvolvimento são, até

    certo ponto, antagônicos, ou seja, fatores do meio que promovem maior

    crescimento vegetativo, como excesso de fertilizantes, em especial

    nitrogenado, e de água, entre outros, reduzem o desenvolvimento (Nóbrega

    et al., 1999).

    2.1 Fases Ontogênicas do Algodoeiro

    Para que haja manejo eficiente, o algodoeiro requer monitoramento

    permanente de cada fase do crescimento e do desenvolvimento das plantas,

    durante o ciclo da produção, e para efeito do manejo cultural, a cultura do

    algodoeiro pode ser separada em fases distintas: fase da emergência ao

    aparecimento do primeiro botão floral; fase da abertura do primeiro botão

    floral à abertura da primeira flor; fase da abertura da primeira flor ao ponto

    de corte e fase do ponto de corte à maturação.

  • 27

    2.1.1.Fase 1: fase vegetativa inicial, da emergência ao primeiro botão

    floral

    Esta fase ou estádio vegetativo inicial do algodoeiro tem início com a

    abertura das folhas cotiledonares, passa pela formação e desenvolvimento

    das folhas verdadeiras e termina com o aparecimento do primeiro botão

    floral, na posição frutífera número um, do primeiro ramo frutífero ou

    simpodial. Dependendo das condições ambientais, principalmente da

    temperatura, essa fase pode-se estender por 25 a 35 dias a partir do

    momento em que as folhas cotiledonares estão completamente

    desenvolvidas e abertas, até a iniciação do primeiro botão floral (Baker e

    Landivar, 1991).

    Embora o crescimento da parte aérea da planta (em termos de ganho

    de peso seco) seja considerado lento, durante o primeiro estádio a planta

    está ativamente desenvolvendo seu sistema radicular. A velocidade de

    crescimento da parte aérea, aparentemente lenta, pode ser causada pelos

    baixos níveis de radiação solar interceptados pela folhagem da planta e ou

    pelas temperaturas baixas do ar e do solo (Embrapa, 1999).

    De acordo com McMichael (1990), o quociente entre a raiz e a parte

    aérea é de aproximadamente 0,35 aos doze dias do ciclo de cultivo e declina

    para 0,15 aos 80 dias. Afirmou também, que o processo de desenvolvimento

    da planta, envolvendo, o comprimento total e o peso seco, aumenta à

    medida que a planta cresce e, esse processo continua até a planta atingir a

    altura máxima e início do desenvolvimento das maçãs.

    Um dos fatores que mais limitam o crescimento e o desenvolvimento

    das raízes durante a fase vegetativa inicial, é a baixa temperatura do solo.

    Dados produzidos por Bland (1993), comprovam que as raízes do algodoeiro

    podem crescer na razão de 1,7 cm d-1.

    2.1.2 Fase 2: fase juvenil, do botão floral à primeira flor

    Inicia-se com o aparecimento do primeiro botão floral e continua

    passando pela iniciação dos ramos simpodiais no caule, terminando com o

  • 28

    aparecimento da primeira flor. A duração dessa fase é determinada pela

    temperatura e, normalmente, dura 25 a 35 dias (Baker e Landivar, 1991).

    Segundo Landivar et al. (1999), durante este estádio de crescimento,

    as plantas entram numa fase linear de ganho de peso seco e alongamento

    de caule ou ramo central. A fase vegetativa inicial, e em particular a fase

    juvenil, dão ao algodoeiro a oportunidade de desenvolver uma folhagem

    capaz de captar a maior parte da radiação solar antes da iniciação do

    período reprodutivo e de enchimento de maçãs. Dependendo da cultivar e

    temperatura, o algodoeiro inicia o primeiro botão floral do quarto para o sexto

    nó do ramo principal, e sob temperatura de 22ºC a 25ºC, o algodoeiro

    produz um ramo simpodial a cada três dias. Depois do ramo onde é emitida

    a primeira flor, o algodoeiro normalmente desenvolve de 14 a 16 simpódios,

    em que os primeiros quatro a seis nós são capazes de iniciar ramos

    monopodiais ou vegetativos.

    Os ramos simpodiais ou frutíferos se desenvolvem a partir do ramo

    principal e acima do último ramo vegetativo, e os pontos frutíferos nos ramos

    simpodiais são iniciados, dependendo da temperatura, a cada cinco ou seis

    dias (Hodges et al., 1993, Baker e Landivar, 1991).

    De acordo com Landivar et al. (1999), por ocasião do aparecimento

    da primeira flor, plantas da cultivar DPL-50, sem “stress” podem atingir a

    altura de 55 a 65 cm, com comprimento médio do internódio entre 4 e 5 cm.

    Sob espaçamento convencional de 1 m entre fileiras, a folhagem da planta,

    por ocasião do aparecimento da primeira flor, pode ser capaz de interceptar

    aproximadamente 70 a 75% da radiação solar, que chega ao topo da planta.

    Durante a fase juvenil, o objetivo é assegurar adequado controle do

    crescimento do ramo principal e do índice de crescimento da área foliar, bem

    como da produção e da retenção dos botões florais.

    Nesta fase o crescimento vegetativo é fundamental para gerar grande

    número de posições frutíferas. Por ocasião da primeira flor (branca), uma

    planta com bom potencial de produção deve ter 10 nós acima desta flor

    (Kerby e Hake, citados por Rosolem, 1999).

  • 29

    Com relação à exigência em água, nesta fase ela passa de pelo

    menos 1 mm por dia para quase 4 mm por dia. A falta de água no período

    fará com que a planta fique menor do que deveria, com menos posições

    para o desenvolvimento de flores e maçãs. Uma seca nesta fase faz com

    que a planta estacione seu crescimento (Rosolem, 1999).

    Com o hábito de crescimento indeterminado do algodoeiro e ante as

    condições ambientais adequadas (temperatura, luz, nutrientes, água etc.), os

    órgãos vegetativos continuarão a crescer até que a competição por

    carboidratos com os órgãos reprodutivos provoque redução, ocorrendo

    eventual parada no crescimento vegetativo. O regulador de crescimento da

    planta, “cloreto de mepiquat” é comumente usado, para controle do

    crescimento vegetativo exclusivo. Grande parte do efeito do “cloreto de

    mepiquat” sobre o algodoeiro parece ser na supressão do índice do

    crescimento do ramo principal. O peso da folha é pouco afetado pelo “cloreto

    de mepiquat”, uma vez que ele reduz o tamanho da folha, mas aumenta sua

    espessura. Em geral, algodoeiros tratados com o regulador investem menos

    energia no crescimento das folhas e dos ramos, deixando mais energia para

    retenção e o desenvolvimento dos frutos (Landivar et al.,1999).

    2.1.3 Fase 3: fase reprodutiva, do aparecimento da 1ª flor até o ponto de

    corte

    A fase reprodutiva é, talvez, o estádio de desenvolvimento mais

    importante do algodoeiro, pois começa com a abertura da flor, passa por

    todo o processo de enchimento das maçãs e termina com a fertilização das

    últimas flores, com chances de produzirem algodão “ponto cut-out”. A fase

    pode durar de quatro a seis semanas, dependendo das condições

    ambientais. No período, as plantas continuam crescendo linearmente, em

    termos do índice de crescimento do ramo principal. A altura máxima da

    planta e ponto de maior interceptação de luz (fechamento da folhagem) são

    alcançados nessa fase.

    O ponto de “cut-out” ou de corte é afetado pelo hábito de crescimento

    da cultivar, por limitações ambientais e pelas práticas culturais. O hábito de

  • 30

    crescimento das cultivares de rápida frutificação e maturação resulta numa

    demanda muito alta por carboidratos dos órgãos reprodutivos, no período

    em que a folhagem, o sistema radicular e outros órgãos vegetativos estão

    ainda em expansão, resultando muitas vezes, numa lavoura com cobertura

    de folhas incompletas e índices de fotossíntese por unidade de área

    reduzidos. Por estas razões, cultivares mais determinadas tendem a atingir o

    ponto de corte e a maturação mais cedo. Semelhantemente, limitações

    ambientais como, por exemplo, a “seca”, reduz o desenvolvimento

    vegetativo (área foliar e expansão do sistema radicular) e a fotossíntese

    induz em um ponto de corte prematuro. O ponto de corte pode também ser

    induzido por práticas culturais que aumentem a retenção dos frutos, como o

    controle de pragas iniciais e o uso de reguladores de crescimento (Landivar

    et al.,1999).

    2.1.4 Fase 4: fase de maturação, do ponto de corte à maturação

    De acordo com Landivar et al. (1999), o período final do ciclo de

    produção começa com o ponto de “corte” e termina com a aplicação de

    desfolhantes. A fase pode durar de quatro a seis semanas, dependendo da

    carga de frutos, do suprimento de água e da temperatura. No começo da

    fase, o enchimento das maçãs continua em alta velocidade. O crescimento

    vegetativo tem, durante a fase, cessado completamente e a capacidade

    fotossintética da folhagem diminui à medida que as folhas vão

    envelhecendo.

    O objetivo do manejo cultural durante o estágio do crescimento é:

    proteger as últimas maçãs possíveis de serem colhidas, do ataque das

    pragas e determinar o tempo apropriado para a aplicação de desfolhantes.

    2.2 A Cultivar

    A cultivar CNPA ITA 90 é oriunda do composto formado pela mistura

    de 13 plantas selecionadas na cultivar Deltapine Acala 90, os quais foram

    submetidos a três ciclos de seleção massal para a resistência a virose

    (mosaico das nervuras f. Ribeirão Bonito).

  • 31

    Segundo Freire e Farias (1998), suas fases fenológicas variam de 55

    a 65 dias para emissão da primeira flor, 117 dias para emissão do primeiro

    capulho, completando o ciclo, do plantio a colheita, nas condições do

    cerrado entre 160 e 180 dias. Recomenda-se seu ciclo de cultivo em áreas

    de cerrado com alta tecnologia, onde haja controle rigoroso do pulgão. Esta

    cultivar apresenta um rendimento médio de 180 a 200 @ ha-1 de algodão em

    caroço.

    A CNPA ITA 90 caracteriza-se por apresentar maior número de

    posições frutíferas, conseqüentemente maior potencial produtivo e alta

    exigência em regulador de crescimento (Fundação MT, 2001).

    De acordo com a EMBRAPA (2003), é a cultivar mais plantada no

    cerrado brasileiro e que possui excelente desempenho sob condições

    irrigadas no Centro Oeste e Nordeste do Brasil. O rendimento de fibra está

    em torno de 38-39%, além de apresentar excelentes características

    tecnológicas de fibra, com resistência forte (30,0 gf/tex), comprimento no

    HVI-SL 2,5% de 30,2 mm, finura de 4,2 a 4,5 mm, refletância de 72% e grau

    de amarelecimento de 7,9 e fiabilidade (CSP) entre 2.200 a 2.500.

    Possui ciclo normal sob condições irrigadas (150 dias). Exige a

    redução do porte com reguladores de crescimento, que devem ser aplicados

    a partir dos 25 aos 30 dias, além de adubação elevada.

    Essa cultivar é a mais indicada para produtores altamente tecnificados

    e que dispõem de colheitadeiras mecanizadas. As sementes básicas dessa

    cultivar começaram a ser distribuídas em 1992, encontrando-se atualmente

    em franca degeneração.

    2.3 Modelos e Simulações

    Os conceitos de modelos e simulações surgiram da necessidade

    inerente ao homem em compreender como a natureza e seus componentes

    funcionam. Para isso, foi necessário isolar o objeto de estudo, bem como

    parte do ambiente que interfere no mesmo, uma vez que na natureza os

    objetos são interdependentes e se influenciam mutuamente.

  • 32

    Teramoto (2003) citando os autores Penning de Vries (1982); de Wit

    (1978), Thornley (1976) e de Wit e Goudrian (1974), relata que o conjunto

    funcional, formado pelo objeto alvo contido numa parte do ambiente,

    constitui um sistema que, geralmente está inserido num sistema maior e

    mais complexo. Assim, um sistema é uma parte da realidade com elementos

    inter-relacionados e com limites definidos, de forma que o ambiente exerça

    uma certa interferência sobre o sistema, mas este deve ter pouca ou

    nenhuma influência no ambiente.

    Caixeta Filho (2001) relata que modelos são representações

    idealizadas para situações do mundo real. Apesar da dificuldade para

    validação de modelos, sempre haverá indicação do nível de sucesso da

    modelagem. Segundo Thornley (citado por Scarpari, 2002), modelos são

    equações ou conjunto delas, podendo representar quantitativamente as

    suposições e hipóteses idealizadas sobre o sistema real.

    Segundo Scarpari (2002), a evolução dos modelos segue três

    estágios: o primeiro estágio consiste em definir o problema e formular

    hipóteses alternativas. O segundo, está no desenvolvimento de

    experimentos para provar as hipóteses e relatam ainda a performance dos

    experimentos envolvidos. No terceiro, realiza-se o teste de hipótese com os

    resultados experimentais.

    Na modelagem, sem dúvida, a face mais importante é que essa

    técnica possibilita o entendimento de um sistema de forma integral e

    holística, e a simulação, por outro lado, estimula e aumenta a compreensão

    da realidade através de analogias e extrapolações quando o sistema

    estudado é muito complexo (Bos e Rabbinge, 1976; Thornley, 1976),

    (citados por Teramoto, 2003).

    Quando o conhecimento de determinado nível explicativo é

    suficientemente extensivo, tendo sido o modelo deste sistema criado com

    base neste sólido conhecimento, pode não ser mais necessário testar esses

    modelos comparando-os com a realidade (De Wit, 1974), (citado por

    Teramoto, 2003).

  • 33

    2.4 Modelagem em Sistemas Agrícolas

    Os diferentes modelos de culturas agrícolas, com maior ou menor

    nível de empirismo em função do conhecimento sobre os fenômenos

    estudados, normalmente consistem no balanço do carbono, que depende da

    interceptação da luz, e do balanço hídrico, que depende da demanda

    atmosférica e da utilização da água pelas plantas. Estes processos

    fisiológicos podem ser associados à absorção e as perdas causadas por

    pragas, doenças e plantas daninhas. A agregação destes conhecimentos,

    através de equações matemáticas, resulta em modelos que podem simular o

    crescimento e a produção das culturas (Penning de Vries (1982), (citado por

    Teramoto, 2003)).

    Barbieri (1993) relata que muitos modelos de crescimento de plantas

    baseiam-se na simulação da produção fotossintética e da partição dos

    fotossintetizados para seu crescimento, armazenamento e respiração. A

    pesquisa da fotossíntese é refletida em sofisticados modelos, os quais

    existem para predizer o crescimento das plantas, dados de elevação solar,

    geometria das folhas, penetração da luz, taxa individual da fotossíntese,

    dentre outros.

    O crescimento e desenvolvimento das plantas dependem

    fundamentalmente dos processos de fotossíntese e respiração. A maioria

    dos recursos e esforços, no entanto, têm sido desprendidos no estudo da

    fotossíntese, sendo a respiração considerada apenas um processo de perda

    de carbono (Pereira e Machado, 1987). Teramoto (2003) relata que esses

    dois processos são interligados e interdependentes, e que a respiração faz

    parte efetiva do processo de utilização e distribuição dos carboidratos

    fotossintetizados.

    Thornley (citado por Teramoto, 2003) relata que a elaboração dos

    modelos matemático-fisiológicos oferecem uma série de vantagens: (1)

    informações a respeito de diferentes processos fisiológicos podem ser

    reunidas em um único modelo, para se ter idéia da cultura como um todo; (2)

    um modelo resume convenientemente grande quantidade de informações;

    (3) a base matemática para as hipóteses adotadas permite compreender

  • 34

    quantitativamente a natureza das interações ambiente planta; (4) a

    modelagem pode estimular novas idéias; (5) a elaboração de um modelo

    ajuda a detectar áreas onde o conhecimento é limitado; (6) modelos

    permitem interpolações e previsões.

    No atual estado de desenvolvimento dos modelos para a agricultura,

    os modelos de simulação dos processos parecem ser aqueles que mais

    rapidamente podem ser incorporados e utilizados, como os que, por

    exemplo, simulam o balanço hídrico para orientação do manejo da irrigação.

    De acordo com Bernardes (1987), os modelos matemáticos

    sintetizam, apresentam e analisam diversos aspectos da produção agrícola,

    tais como o arranjo espacial entre plantas, diversos tipos de interações entre

    as culturas e o ambiente, características físicas e químicas de solos,

    otimização do uso de equipamentos e máquinas, sistemas de transportes e

    modelos socioeconômicos. Os modelos são ferramentas essenciais para

    realização de estimativas e extrapolação de situações, que são importantes

    etapas no processo de planejamento, que, por sua vez, não podem se

    fundamentar exclusivamente em ensaios de campo para sua execução.

    A agricultura, entre todas as atividades econômicas, é a que

    apresenta maior dependência das condições meteorológicas, e estas são as

    principais responsáveis pelas oscilações e frustrações das safras agrícolas

    em todo o Brasil. As relações entre os parâmetros climáticos e a produção

    agrícola são bastante complexas, pois os fatores ambientais podem afetar o

    crescimento e o desenvolvimento das plantas sob diferentes formas, nas

    diversas fases do ciclo da cultura. Os modelos agrometeorológicos

    relacionados com crescimento, desenvolvimento e produtividade das

    culturas fornecem dados que permitem ao setor agrícola tomar importantes

    decisões, tais como: melhor planejamento do uso do solo, adaptação de

    culturas, monitoramento e previsão de safras, controle de pragas e doenças,

    estratégia de pesquisa e planejamento (Moraes et al., 1998).

    O progresso obtido através do uso de modelos é mais rápido e de

    menor custo que a pesquisa experimental isolada, ainda que os principais

    resultados tenham que continuar a ser avaliados com experimentos. Os

  • 35

    modelos já existentes podem ser associados a outros ou modificados, para

    aproximá-los da realidade e da necessidade da informação.

    Freitas et al. (2001a) relatam que os modelos de simulação são

    também ferramentas de grande importância no estudo da integração solo-

    cultura-clima, uma vez que possibilitam considerar um grande número de

    fatores ambientais que afetam a cultura, bem como a análise dos efeitos

    edáficos, o que seria impossível em experimentos convencionais, em razão

    dos altos custos e do longo tempo demandado para a obtenção dos

    resultados de pesquisa.

    Modelos de crescimento de culturas de diferentes níveis de

    complexidade estão disponíveis. A maioria integra os efeitos das

    características físicas e hídricas do solo, a cultura e as condições climáticas,

    para estimar a produtividade das culturas em resposta a diversos fatores

    ambientais e à disponibilidade de água no solo.

    De acordo com Campelo Júnior (2004), os modelos de simulação

    agroclimáticos de rendimento são ferramentas que podem ser de grande

    utilidade para o manejo das culturas, porque podem quantificar a evolução

    diária do crescimento da planta e identificar alguns eventos causados pelas

    variáveis climáticas. Desse modo, é possível reduzir as incertezas na

    identificação dos efeitos dos insumos, além de permitir e obter informações

    que podem ser vitais no processo de tomada de decisão, otimizando o uso

    de insumos e reduzindo os custos de produção.

    Os modelos de crescimento de culturas apresentam potenciais de uso

    para responder questões em pesquisa, manejo de culturas e planejamento,

    auxiliando no entendimento sobre as interações genéticas, fisiológicas e do

    ambiente, como também nas decisões de práticas culturais, antes e durante

    o período da cultura no campo.

    De acordo com Hoogenboom (2000), os modelos de simulação vêm

    desempenhando um papel importante para entender e monitorar processos

    em diversos monocultivos, como os de milho, algodão, soja, sorgo e

    girassol.

  • 36

    2.4.1 O modelo COTTON 2K

    O modelo de simulação do algodão COTTON 2K foi originalmente

    desenvolvido em 1992 a partir do modelo GOSSYM-COMAX, cujo objetivo

    principal era tornar o modelo mais útil para simular a produção de algodão,

    sob irrigação, nas regiões áridas do Oeste dos Estados Unidos e em Israel.

    O COTTON 2K é originário do GOSSYM e nele a evapotranspiração é

    computada em intervalos horários. Apresenta uma sub rotina para estimar o

    crescimento das raízes em função da distribuição de água no perfil do solo,

    e obtém o potencial médio da água do solo, em função da distribuição de

    raízes e do potencial da água nas camadas do solo. O potencial de água nas

    folhas é estimado em função do potencial médio da água no solo, da

    resistência da planta ao transporte de água e da transpiração potencial e é

    utilizado para determinar valores de uma variável que representa o grau de

    deficiência hídrica. A variável é então utilizada para computar o crescimento

    das diversas partes da planta e a abscisão de folhas, botões, flores, maçãs e

    capulhos.

    O modelo foi validado usando conjunto de dados extensivos da

    Califórnia, Arizona e Israel. Foi calibrado com as cultivares: Acala SJ-2, GC-

    510, Maxxa, Deltapine 61, Deltapine 77 e Sivon.

    Os procedimentos relacionados ao tempo foram testados e calibrados

    para as seguintes regiões: Vale de São Joaquim na Califórnia, Arizona

    (Phoenix, área de Tucson), Planície Costeira de Israel e Israel Upper Galil

    (área do vale Hula).

    Para a execução do modelo COTTON 2K é necessário conhecer os

    elementos climáticos e condições do solo, para alimentar os arquivos de

    entrada do programa.

    Os arquivos de entrada usados no COTTON 2K são armazenados

    como arquivos de texto e podem ser editados por qualquer editor de texto.

  • 37

    3 MATERIAL E MÉTODOS

    O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental da

    Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, localizada no Município de

    Santo Antônio do Leverger - MT, com latitude de 15,8ºS, longitude 56,1ºW e

    altitude de 140 m. A região é denominada Depressão Cuiabana e apresenta

    clima do tipo Aw, segundo Köppen, vegetação de cerrado e solos litólicos

    distróficos, concrecionários (Plintossolos distróficos), às vezes

    epicascalhentos.

    O preparo do solo foi realizado com uma gradagem pesada, seguinda

    de niveladora.

    Após o preparo do solo no plantio de cada ciclo de cultivo foi realizada

    uma adubação de manutenção com 50 kg de N, 150 kg de P2O5 e 50 kg de

    k2O por ha, tendo como fonte o sulfato de amônio, super fosfato simples e

    cloreto de potássio, sendo distribuída uniformemente no sulco de plantio.

    No período de setembro de 2003 a novembro de 2004 foram

    realizados quatro ciclos de cultivos de algodão em diferentes épocas, sendo

    utilizada a cultivar ITA 90.

    A semeadura do primeiro ciclo de cultivo do algodão foi realizada no

    dia 12/09/03, a segunda em 07/11/03, a terceira em 11/01/04 e a última em

    05/06/04, sendo cada parcela de 25 m2, (5 x 5 m), com espaçamento de um

    metro entre fileiras com 10 plantas por m, considerando as duas linhas

  • 38

    laterais como bordaduras, ficando 9 m2 como área útil no centro de cada

    parcela.

    Quinze dias após a emergência em cada ciclo de cultivo teve inicio à

    medição de área foliar, sendo as medidas realizadas em três plantas

    escolhidas aleatoriamente dentro da parcela. Foram medidos com o auxilio

    de uma régua o maior comprimento e a maior largura de todas as folhas, e

    com o auxilio de uma equação da regressão obteve-se a área foliar total por

    planta.

    AF = 0,8059 * (C * L) - 1,1225 ……………………………………………1

    Sendo: AF = área foliar (cm2);

    C = comprimento da folha (cm);

    L = largura da folha (cm).

    Os valores de AF obtidos foram transformados em índice de área

    foliar (IAF, m2.m-2) que é a relação funcional existente entre área foliar e a

    área do terreno ocupada pela cultura, que representa sua capacidade em

    explorar o espaço disponível.

    Também foram registrados o início do surgimento dos botões florais,

    flor, maçãs e o aparecimento do primeiro capulho. A partir do aparecimento

    do primeiro botão floral, no primeiro ramo frutífero deu-se inicio a contagem

    do número total de botões florais, flores, maçãs e capulhos em três plantas

    escolhidas aleatoriamente dentro de cada parcela, a cada 15 dias.

    Também foi medida, com o auxilio de uma trena, a altura total de três

    plantas dentro de cada parcela.

    No período em que ocorreu a escassez de chuvas, a irrigação foi

    efetuada a cada sete dias, quando era realizada a somatória da precipitação

    desse período. Não havendo uma somatória superior a 50 mm a lâmina de

    água foi completada com o fornecimento de irrigação pra atingir esta

    quantidade.

    Para o controle das plantas daninhas foram realizadas capinas

    manuais, sempre que se fizessem necessárias, e a cultura foi mantida livre

  • 39

    do ataque das pragas, através de pulverizações preventivas com os

    inseticidas Endossulfan e Metamidofós.

    Os dados meteorológicos foram obtidos em estação convencional,

    localizada próxima da área experimental.

    Para comparação com os dados obtidos a campo foi realizada a

    simulação dos dados, através do programa COTTON 2K, versão 1.0, HUJI

    (2001).

    No programa, para iniciar a entrada dos dados foi necessário acessar

    a tecla editar arquivos de entrada, na tela inicial de abertura do programa.

    FIGURA 1. Imagem da tela inicial do modelo de simulação COTTON 2K.

    O primeiro arquivo editado foi o PROFILES\*.PRO (Figuras 2 e 3),

    sendo que nesse arquivo foram fornecidas informações como o ano, nome

    do local e o ciclo de cultivo.

  • 40

    FIGURA 2. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome HAKB1.

    PRO.

    FIGURA 3. Imagem do arquivo do modelo de simulação em que são ditadas

    informações sobre o local e dados da cultura.

    Neste arquivo foram fornecidos dados do local como Latitude e

    Longitude em graus, altitude em metros, bem como o nome da localidade e

    também informações relacionadas à cultura a ser trabalhada como o nome

    da variedade, espaçamento (cm) entre linhas e o número de plantas por

  • 41

    metro linear, e por último, a data inicial e final da simulação, data do ciclo de

    cultivo e emergência de plântulas.

    FIGURA 4. Imagem do arquivo do modelo de simulação em que estão os

    arquivos de entrada que compõem a simulação.

    Fornecidas as primeiras informações do arquivo *.PRO, na próxima

    tela apareceram os arquivos onde deveriam estar localizados os dados de

    entrada para simulação (Figura 4).

    FIGURA 5. Imagem do arquivo do modelo de simulação, em que é

    informada a opção de saída dos arquivos.

  • 42

    Na tela seguinte foram selecionadas as opções para os arquivos de

    saída, em relação à planta e os dados do solo, e também a data inicial e final

    da simulação (Figura 5). Feito isso foi necessário acionar o retângulo “OK”,

    para voltar à tela inicial onde o arquivo foi salvo.

    O fornecimento das informações de entrada específicas indicadas na

    Figura 4 correspondem a condição inicial do solo (*.INT), propriedades

    hidráulicas do solo (*.HYD), e manejo da cultura (*.AGI)

    FIGURA 6. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAZOR.INT, em que são fornecidos os dados da condição

    inicial do solo.

    No arquivo *.INT foram fornecidos os dados como teor inicial de

    nitrato (NO3), amônia (NH4) e o conteúdo de matéria orgânica e teor de

    umidade por camada de solo.

    Os teores iniciais de NO3 do solo foram considerados de acordo com

    os valores encontrados por Rambo et al. (2004) e Silva e Vale (2000).

  • 43

    FIGURA 7. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAZOR.HYD, em que são editados os dados sobre a

    hidrologia do solo.

    No arquivo *.HYD foram gravados os dados de condutividade

    hidráulica, densidade do solo, porcentagem de argila e areia, potencial água

    no solo (Figura 7).

    Para a determinação da curva de retenção de água no solo e da

    condutividade hidráulica do solo saturado foram coletadas 12 amostras

    indeformadas, em três profundidades (0-30, 30-60 e 60-90 cm), em quatro

    perfis localizados na área do experimento. A condutividade hidráulica do solo

    saturado foi determinada através de um permeâmetro de carga constante

    (Embrapa, 1997), e as amostras foram enviadas para o Laboratório do

    Instituto Agronômico de Campinas - Campinas /SP, onde a umidade foi

    obtida em cinco diferentes tensões: 6, 30, 100, 300 e 1.500 kPa.

    As umidades retidas nas tensões de 2 e 4 kPa foram obtidas através

    do método da mesa de tensão no Laboratório de Solos da Faculdade de

    Agronomia e Medicina Veterinária / UFMT (Embrapa, 1997).

  • 44

    FIGURA 8. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    HAKB1.AGI, onde são editados os dados sobre o manejo da

    cultura.

    No arquivo *.AGI foram fornecidos os dados de aplicação de irrigação,

    fertilizantes, desfolhantes e ano de condução do experimento. Para adicionar

    as informações referentes à aplicação foi necessário acionar o respectivo

    retângulo (Figura 8).

    FIGURA 9. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome “Irrigation

    Applications”, onde são informados os dados sobre a irrigação

    da cultura.

  • 45

    No caso da irrigação foram fornecidos os dados referentes a dia, mês

    e ano em que foi realizada, quantidade de água aplicada (mm) e o método

    de irrigação utilizado, neste caso, aspersão (Figura 9).

    No caso da adubação foi fornecida a quantidade aplicada, o dia, mês

    e ano da aplicação, bem como o método de aplicação (sulco de plantio).

    FIGURA 10. Imagem do arquivo do modelo de simulação de nome

    PLANT.ACT, onde são editados os dados climáticos diários.

    No caso do arquivo *.ACT, foram informados dia, mês e ano, o dia

    Juliano, a radiação solar global em MJ.m-2.dia-1, a temperatura máxima e

    mínima em 0C, precipitação pluviométrica em mm, velocidade do vento em

    km dia-1 e a temperatura do ponto de orvalho em %. Foram fornecidos os

    dados diários desde o dia em que foi efetuado o ciclo de cultivo até o dia em

    que foi realizada a colheita. Este arquivo possui extensão *.AGI (Figura 10) e

    os dados foram armazenados na sub pasta de nome ..\CLIMATE.

  • 46

    Após terem sido fornecidas todas as informações necessárias e salvo

    todos os arquivos é necessário acionar o comando para que o programa

    simule os dados. Isso é feito através da tela inicial.

    FIGURA 11. Imagem da tela inicial do modelo em que é dado o comando

    para executar a simulação.

    Para efetuar uma simulação foi necessário criar um arquivo *.JOB

    contendo o perfil *.PRO e a data da simulação (Figura 11).

    Para avaliar o desempenho do modelo foram considerados os

    seguintes indicadores estatísticos: precisão - coeficiente de correlação “r”;

    exatidão – índice de Willmott “d”; e de confiança ou desempenho “c”

    (Camargo e Sentelhas, 1997).

    A precisão é dada pelo coeficiente de correlação, que indica o grau de

    dispersão dos dados obtidos em relação à média, ou seja, o erro aleatório. A

    exatidão está relacionada ao afastamento dos valores simulados em relação

    aos medidos. Matematicamente essa aproximação é dada por um índice

    designado de concordância, representado pela letra “d” (Willmott et al.,

    1985). Os valores podem variar de zero, para nenhuma concordância, a 1,

    para concordância perfeita. O índice é dado pela seguinte expressão:

  • 47

    d = 1 - [ (Pi – Oi)2 / ( |Pi – O| + |Oi – O| )2 ]....................................2

    sendo: d = índice de Willmott;

    Pi = o valor simulado;

    Oi = o valor medido;

    O = média dos valores medidos.

    Também foi utilizado o índice “c” para avaliar o desempenho do

    modelo, reunindo os índices de precisão “r” e de exatidão “d”, sendo

    expresso da seguinte forma:

    c = r * d.................................................................................................3

    Sendo: c = índice de confiança ou desempenho;

    r = coeficiente de correlação;

    d = índice de Willmott.

    O critério adotado para interpretar o desempenho do modelo pelo

    método do índice “c”, proposto por Camargo e Sentelhas (1997), é

    apresentado na Tabela 1.

    TABELA 1. Critério de interpretação do desempenho do modelo de

    simulação pelo índice “c”.

    Valor de "c" Desempenho

    > 0,85 Ótimo

    0,76 a 0,85 Muito Bom

    0,66 a 0,75 Bom

    0,61 a 0,65 Mediano

    0,51 a 0,60 Sofrível

    0,41 a 0,50 Mau

    0,40 Péssimo

    Fonte: Camargo e Sentelhas (1997).

  • 48

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Durante o período de realização do estudo, as condições

    meteorológicas em Santo Antonio do Leverger-MT apresentaram

    comportamento semelhante ao padrão da região (Campelo Junior et al.,

    1991), com pouca chuva nos meses de junho a setembro, com exceção do

    mês de julho, quando houve uma precipitação bem acima da média dos

    anos anteriores (Figura 12). A insolação mensal média variou de nove horas

    por dia para a maior insolação no mês de agosto, a quatro horas por dia

    para a menor insolação em janeiro de 2004 (Figura 13). A radiação solar

    variou aproximadamente de 17 MJ.m-2.dia-1 no mês de março de 2004 a 10

    MJ.m-2.dia-1 no mês de maio de 2004 (Figura 14).

    0

    30

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    120

    150

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    nov/0

    4

    Meses

    Pre

    cipi

    taçã

    o (m

    m)

    FIGURA 12: Precipitação mensal em Santo Antonio do Leverger-MT,

    durante a condução do experimento.

  • 49

    0

    2

    4

    6

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    set/0

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    Meses

    Inso

    laçã

    o (h

    .dia

    -1)

    FIGURA 13. Insolação (h.dia-1) mensal média em Santo Antonio do

    Leverger-MT durante a condução do experimento.

    0

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    3

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    4

    Meses

    Rad

    iaçã

    o (M

    j.m-2

    .dia

    -1)

    FIGURA 14. Radiação solar (MJ.m-2.dia-1) mensal média em Santo Antonio

    do Leverger, durante a condução do experimento.

    Segundo Freitas et al. (2001b), os valores de radiação solar

    influenciaram os valores de produtividade da cultura do milho, quando

    submetido à simulação pelo modelo CERES-Maize, e a diferença de

  • 50

    radiação ocorrida no período de florescimento até a maturidade fisiológica foi

    determinante para que ocorressem diferenças na produtividade.

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

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    set/0

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    3

    dez/0

    3

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    mar

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    4

    Meses

    Tem

    pera

    tura

    (0C

    )

    T MAX T MIN T MED

    FIGURA 15. Temperatura (oC) máxima (T MAX), mínima (TMIN) e média (T

    MED) mensal em Santo Antonio do Leverger, durante a

    condução do experimento.

    Em média, como se observa na Figura 15, a temperatura registrada

    na região variou de 35oC, para o mês mais quente a 16oC, que foi a menor

    temperatura mínima mensal do período, permanecendo dentro dos limites

    para a cultura do algodão (Doorenbos e Kassam, 1979).

    O que pode ser observado nas Figuras 16 A, B, C e D, é que tanto o

    IAF medido quanto o simulado apresentaram crescimento inicial até uma

    determinada idade, que variou de ciclo para ciclo, seguido de declínio,

    quando parte das folhas das plantas já havia entrado em senescência.

  • 51

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    15 27 42 57 72 92 101 116 130 153 167 188 205 223

    Dias após plantio

    IAF

    (m

    2 .m

    2 )

    medido simulado

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    15 30 42 67 88 95 110 125 140 155 170 185 200 215 223

    IAF

    (m

    2 .m

    2 )

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    15 30 45 60 75 90 105 122 142 150 165 180 200 223

    IAF

    (m

    2 .m

    2 )

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    15 34 51 69 81 93 110 125 143 149 167 180 200 223

    Dias após plantio

    IAF

    (m

    2 .m

    2 )

    FIGURA 16: Índice de área foliar (IAF m2.m-2) medido e simulado no primeiro

    (A), segundo (B), terceiro (C) e quarto ciclo de cultivo (D) da

    cultivar de algodão ITA 90, em Santo Antonio do Leverger-MT.

    No primeiro ciclo de cultivo o IAF medido foi crescendo até 105 dias

    após a emergência, quando foi obtido o maior valor. Já o IAF simulado

    aumentou até 122 dias e diminuiu posteriormente, sendo inferior ao IAF

    medido durante todo o ciclo da cultura, como mostra a Figura 16 A.

    Segundo Benincasa (1988), com o crescimento e desenvolvimento

    das plantas aumenta o sombreamento das folhas inferiores e a tendência é

    diminuir a área foliar a partir de certo período, por senescência dessas

    folhas.

    Os valores de IAF encontrados nas Figuras 16 A e B, 95 dias após o

    plantio, foram superiores aos encontrados por Silva et al. (1998), com a

    mesma idade que obtiveram um valor máximo de 3,89 m2.m-2 para

    tratamentos não estressados com a cultivar CNPA 6H.

    A Figura 16 B evidencia que o comportamento do IAF medido foi

    sempre superior ao simulado, e que o maior valor foi obtido paro o IAF

    D C

    B A

  • 52

    medido 110 dias após o plantio. Para o simulado o maior valor foi obtido em

    140 dias. Depois de alcançarem o máximo, os valores medidos e simulados

    apresentaram redução até o final do ciclo.

    O IAF medido obtido nas Figuras 16 A e B foi superior ao encontrado

    por Souza et al. (1990), com a cultivar de algodoeiro herbáceo CNPA-7H, 96

    dias após a emergência no município de Areia PB, e superior também ao

    encontrado nas Figuras 16 C e D, para o mesmo período.

    Na Figura 16 C pode ser observado um crescimento do IAF medido e

    simulado até 130 dias, quando foi obtido o maior valor para ambos. A partir

    de 57 dias após o plantio, o IAF simulado foi superior ao medido até o final

    do ciclo da cultura, o que não ocorreu no primeiro e segundo ciclo de cultivo,

    como mostram as Figuras 16 A e B.

    Arruda et al. (2002) estudando a cultivar CNPA-7H no município de

    Areia na Paraíba, encontraram valores de IAF semelhantes aqueles

    observados nas Figuras 16 C e D, 100 dias após o plantio, em um solo com

    60% de água disponível.

    A Figura 16 D mostra que o IAF simulado foi superior ao IAF medido

    durante todo o ciclo da cultura, sendo o maior valor obtido em 149 dias para

    o simulado e em 167 dias para o medido.

    Uma possível causa do IAF medido ter sido superior nos dois

    primeiros ciclos é que nesse período ocorreu a maior parte da precipitação,

    e o programa pode considerar de maneira inadequada o efeito da radiação

    solar, resultando com isso numa diminuição do crescimento da planta.

    O problema é que na maior parte do Brasil onde se cultiva algodão,

    quanto mais água disponível, mais nuvens, e, portanto menos luz disponível.

    Nessas regiões a presença das chuvas fornecendo quantidade de água

    adequada não permite que a cultura receba a insolação necessária para

    altas produtividades. Neste caso a falta de luz se torna um fator limitante

    para a cultura (Rosolem, 1999).

    A partir do momento em que se iniciou a irrigação por causa da

    diminuição ou mesmo a escassez das chuvas o IAF simulado assumiu

    valores sempre superiores aos medidos e quando esses dados são

  • 53

    informados, o programa pode ter considerado novamente de maneira

    inadequada a radiação solar, com isso um maior IAF simulado em relação

    ao medido (Figura 16 C e D), o mesmo acontece com a altura simulada nos

    mesmos ciclos de cultivo (Figura 17 C e D).

    Oosterhuis (1999) afirma que o aumento da área foliar ocorre

    principalmente dos 60 aos 90 dias após a emergência, o que não ocorreu

    nos ciclos de cultivo em estudo (F