simulado i - padrao de resposta

7
www.cers.com.br OAB XIV EXAME DE ORDEM 2ª FASE Direito Penal Geovane Moraes e Ana Cristina Mendonça 1 SIMULADO I XIV EXAME DE ORDEM Fernando dos Santos, jovem de 24 anos, brasileiro, solteiro, sempre foi dependente do seu Pai, Sebastian, de 65 anos. Há alguns meses, vinha insistindo com seu pai para que lhe comprasse roupas novas de grifes. Ocorre que Sebastian, até para manter o sustento da casa e da família, sempre negou todos esses pedidos, alegando serem as roupas muito caras. Sebastian dizia ainda que, se Fernando desejasse roupas mais caras, conseguisse um emprego, pois já tinha quase 25 anos de idade e ainda dependia economicamente de seus pais. Indignado com a insensibilidade de seu pai, Fernando arranca uma folha do talão de cheques deste, falsifica a sua assinatura, tudo isso no intuito de adquirir as roupas desejadas. Ao chegar à loja, escolheu as roupas e passou o cheque, saindo da loja com a mercadoria. Contudo, a vendedora ficou cismada com o nervosismo de Fernando, e conferindo novamente a assinatura, entendeu melhor chamar o segurança, que alcançou Fernando ainda no ponto de ônibus mais próximo. Fernando foi detido e conduzido até a delegacia mais próxima, sendo preso em flagrante delito pelo crime tipificado no art. 171, caput do Código Penal. Em sede policial, Fernando prestou depoimento informando que queria adquirir as roupas novas porque os seus amigos sempre diziam que ele era mal vestido. Além disso, esclareceu nunca ter sido indiciado nem processado por nenhum crime, residir com os seus pais porque ainda não tem condições de sustentar a sua própria casa com os trabalhos esporádicos que possui. Durante as formalidades do auto de prisão em flagrante, o delegado comunicou imediatamente ao juiz e ao representante do Ministério Público, ao pai de Fernando e ao Defensor Público, formalizando o auto de prisão em flagrante e remetendo as cópias necessárias. Do mesmo modo, entregou nota de culpa ao preso, que prestou devido recibo nos termos da lei, informando-lhe sobre o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas, tudo conforme preceitua o artigo 306 do Código de Processo Penal. Por fim, encaminhou cópia do auto de prisão em flagrante ao juiz de plantão da Comarca X, do Estado de Beta no mesmo dia da prisão em flagrante, o qual ainda não se manifestou sobre a referida prisão. Considerando a situação hipotética acima, na qualidade de advogado contratado por Sebastian para defender o seu filho, Fernando, redija a peça cabível, excetuando-se a utilização do Habeas Corpus, no intuito de restituir a liberdade do seu cliente. (Valor: 5,0) PADRÃO DE RESPOSTA Endereçamento correto (Valor: 0,2)

Upload: cristiano-vasconcelos-barbosa

Post on 03-Oct-2015

10 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Liberdade Provisória

TRANSCRIPT

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    1

    SIMULADO I XIV EXAME DE ORDEM

    Fernando dos Santos, jovem de 24 anos, brasileiro, solteiro, sempre foi

    dependente do seu Pai, Sebastian, de 65 anos. H alguns meses, vinha

    insistindo com seu pai para que lhe comprasse roupas novas de grifes.

    Ocorre que Sebastian, at para manter o sustento da casa e da famlia,

    sempre negou todos esses pedidos, alegando serem as roupas muito caras.

    Sebastian dizia ainda que, se Fernando desejasse roupas mais caras,

    conseguisse um emprego, pois j tinha quase 25 anos de idade e ainda dependia

    economicamente de seus pais.

    Indignado com a insensibilidade de seu pai, Fernando arranca uma folha

    do talo de cheques deste, falsifica a sua assinatura, tudo isso no intuito de

    adquirir as roupas desejadas.

    Ao chegar loja, escolheu as roupas e passou o cheque, saindo da loja

    com a mercadoria. Contudo, a vendedora ficou cismada com o nervosismo de

    Fernando, e conferindo novamente a assinatura, entendeu melhor chamar o

    segurana, que alcanou Fernando ainda no ponto de nibus mais prximo.

    Fernando foi detido e conduzido at a delegacia mais prxima, sendo preso em

    flagrante delito pelo crime tipificado no art. 171, caput do Cdigo Penal. Em sede

    policial, Fernando prestou depoimento informando que queria adquirir as roupas

    novas porque os seus amigos sempre diziam que ele era mal vestido.

    Alm disso, esclareceu nunca ter sido indiciado nem processado por

    nenhum crime, residir com os seus pais porque ainda no tem condies de

    sustentar a sua prpria casa com os trabalhos espordicos que possui. Durante

    as formalidades do auto de priso em flagrante, o delegado comunicou

    imediatamente ao juiz e ao representante do Ministrio Pblico, ao pai de

    Fernando e ao Defensor Pblico, formalizando o auto de priso em flagrante e

    remetendo as cpias necessrias.

    Do mesmo modo, entregou nota de culpa ao preso, que prestou devido

    recibo nos termos da lei, informando-lhe sobre o motivo da priso, o nome do

    condutor e os das testemunhas, tudo conforme preceitua o artigo 306 do Cdigo

    de Processo Penal.

    Por fim, encaminhou cpia do auto de priso em flagrante ao juiz de

    planto da Comarca X, do Estado de Beta no mesmo dia da priso em flagrante,

    o qual ainda no se manifestou sobre a referida priso.

    Considerando a situao hipottica acima, na qualidade de advogado

    contratado por Sebastian para defender o seu filho, Fernando, redija a pea

    cabvel, excetuando-se a utilizao do Habeas Corpus, no intuito de restituir a

    liberdade do seu cliente. (Valor: 5,0)

    PADRO DE RESPOSTA

    Endereamento correto (Valor: 0,2)

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    2

    EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL

    DA COMARCA X DO ESTADO BETA

    Indicao correta dos dispositivos que do ensejo apresentao da liberdade

    provisria artigo 5, LXVI, da Constituio Federal em combinao com os

    artigos 310, III, 321, todos do Cdigo de Processo Penal. (Valor: 0,6).

    OBS: Possibilidade ainda de combinar com os artigos 323 e 324 do Cdigo de

    Processo Penal j que o crime afianvel.

    Fernando dos Santos, brasileiro, solteiro, profisso, portador da Cdula

    de identidade nmero ________, expedida pela _______, inscrito no Cadastro de

    Pessoa Fsica do Ministrio da Fazenda sob o nmero _________, residncia e

    domiclio, por seu advogado abaixo assinado, conforme procurao anexa a este

    instrumento, vem muito respeitosamente presena de Vossa Excelncia, requerer a

    sua

    LIBERDADE PROVISRIA

    com pedido subsidirio de Liberdade Provisria mediante fiana

    com fundamento no artigo 5, LXVI, da Constituio Federal, em combinao com os

    artigos 310, III, 321, todos do Cdigo de Processo Penal, pelos motivos de fato e de

    direito a seguir expostos:

    Exposio dos Fatos (Valor: 0,4)

    1. Dos Fatos

    O requerente foi preso em flagrante pela suposta prtica do crime de

    estelionato, pois teria subtrado o talo de cheque do seu pai e adulterado a assinatura

    do mesmo, no intuito de adquirir roupas de grifes.

    Aps a conduo at a Delegacia, foi interrogado, informando possuir

    bons antecedentes, residncia fixa, tendo cometido o crime porque os seus amigos

    sempre diziam que ele andava muito mal vestido.

    Aps as formalidades, o auto de priso foi remetido a Vossa Excelncia,

    onde se encontra aguardando deciso.

    Da total ausncia dos pressupostos da priso preventiva (Valor: 1,0)

    - Indicar que no h fundamento que autorize a decretao da priso preventiva,

    nos termos do art. 312 do Cdigo de Processo Penal. (Valor: 1,0)

    2. Da total ausncia dos pressupostos da priso preventiva

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    3

    Inicialmente cumpre esclarecer que o auto de priso em flagrante

    respeitou os pressupostos de legalidade material e formal, estando atualmente o

    investigado preso e aguardando deciso a ser proferida pelo juzo competente acerca

    do flagrante.

    Entretanto, a manuteno da priso em flagrante do requerente

    completamente desnecessria, tendo em vista que no esto presentes, no caso

    concreto, os requisitos autorizativos da priso preventiva constantes no artigo 312 do

    Cdigo de Processo Penal, enquadrando-se a hiptese nos moldes do artigo 321 do

    mesmo diploma legal.

    No caso em anlise, patente a ausncia de qualquer dos pressupostos

    da priso preventiva, pois o requerente, conforme se depreende de seu depoimento

    perante a autoridade policial, possui bons antecedentes, identidade certa, residncia

    fixa e trabalho, da mesma forma que no demonstra qualquer conduta que pudesse

    justificar sua custdia cautelar pelos requisitos indicados no artigo 312 do Cdigo de

    Processo Penal, razo pela qual pode responder ao presente processo em liberdade.

    Alm disso, certo que a priso se caracteriza como critrio de

    absoluta exceo, devendo-se observar o disposto no artigo 282, 6o, do Cdigo de

    Processo Penal, o qual estabelece a possibilidade de aplicabilidade das medidas

    cautelares previstas no artigo 319 do Cdigo de Processo Penal antes da decretao

    da priso preventiva.

    Assim sendo, inexiste qualquer perigo a ordem pblica e econmica,

    pois no h receio de que o requerente, se solto, volte a delinquir, no oferecendo

    periculosidade social.

    Alm disso, no h fundamento para a decretao da preventiva por

    convenincia da instruo criminal, pois inexistem indcios de que o investigado, se

    solto, venha a impedir a busca da verdade real e obstar a instruo processual.

    Por fim, no h fundamento para a decretao da preventiva para

    assegurar a aplicao da lei penal, pois no h receio de que o requerente, se solto,

    venha a evadir-se do distrito da culpa.

    - Indicar ainda ser o crime afianvel, permitindo a liberdade provisria mediante

    o arbitramento da fiana, nos termos dos artigos 323 e 324 do Cdigo de

    Processo Penal. (Valor: 1,0)

    3. Da possibilidade de fiana

    Vale ressaltar, inclusive, ser o crime de estelionato previsto no art. 171,

    caput do Cdigo Penal possvel de liberdade provisria com arbitramento da fiana por

    parte do juiz, j que no est previsto como crime inafianvel, em conformidade com

    os artigos 323 e 324, ambos do Cdigo de Processo Penal.

    Pedidos (Valor: 1,6)

    - Pedido de concesso de liberdade provisria sem fiana, em virtude da

    ausncia dos requisitos autorizadores da priso preventiva, nos termos do

    artigo 321 do Cdigo de Processo Penal (Valor: 0,4)

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    4

    - Pedido subsidirio de liberdade provisria com arbitramento da fiana, j que o

    crime afianvel, com fundamento nos artigos 323 e 324, e combinao com o

    artigo 325, todos do Cdigo de Processo Penal. (Valor: 0,4)

    - Pedido subsidirio de aplicao das medidas cautelares previstas no art. 319

    do Cdigo de Processo Penal, caso seja conveniente. (Valor: 0,2)

    - Pedido de oitiva do representante do Ministrio Pblico. (Valor: 0,2)

    - Pedido de expedio de alvar de soltura, mediante o termo de

    comparecimento a todos os atos do processo, quando intimado. (Valor: 0,4)

    4. Dos Pedidos

    Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelncia, nos termos do artigo

    310, inciso III, em combinao com o artigo 321, ambos do Cdigo de Processo Penal,

    a concesso da liberdade provisria, visto que no h requisito para a decretao da

    priso preventiva, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo,

    quando intimado.

    No entendendo Vossa Excelncia pela concesso da liberdade

    provisria sem o arbitramento da fiana, postula-se, com fundamento no artigo 325 do

    Cdigo de Processo Penal, o arbitramento da fiana, por ser o crime a ele capitulado

    passvel de fiana por parte do magistrado, com fundamento nos artigos 323 e 324,

    ambos do Cdigo de Processo Penal.

    Contudo, face o critrio da eventualidade, seja aplicada uma das

    medidas cautelares indicadas no artigo 319 do Cdigo de Processo Penal, conforme

    entenda conveniente.

    Requer-se ainda, a oitiva do ilustre representante do Ministrio Pblico

    e expedio alvar de soltura.

    Indicao correta da Comarca, Estado, Data (Valor: 0,2).

    Termos em que,

    Pede deferimento.

    Comarca X, Estado Beta, data.

    Advogado, OAB

    01. Joaquim foi condenado pela prtica do delito de roubo qualificado pelo

    emprego de arma de fogo a uma pena de 06 anos, conforme previso no art. 157,

    2, I do Cdigo Penal. Indignada, somente a defesa apelou e o Tribunal de

    Justia do Estado reconheceu a nulidade da sentena, por vcio de motivao.

    Em virtude disso, nova sentena foi proferida, condenando o agente a uma nova

    pena, desta vez de 07 anos, j que o Tribunal de Justia verificou que o crime

    havia sido realizado em concurso de agentes, no tendo o juiz de primeiro grau

    analisado essa situao. Diante das informaes, na qualidade de advogado

    contratado por Joaquim, o que seria possvel alegar em benefcio do ru? (Valor:

    1,25)

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    5

    Fundamente sua resposta.

    PADRO DE RESPOSTA

    Em virtude de inexistir recurso por parte da acusao, no pode a

    defesa ser prejudicada por seu prprio recurso, em virtude do princpio da proibio da

    reformatio in pejus, previsto no art. 617 do Cdigo de Processo Penal, o qual se

    estende figura da proibio da reformatio in pejus indireta.

    Assim, ainda que declarada a nulidade da sentena, a nova sentena

    dever ser proferida nos limites da sentena anteriormente prolatada e declarada nula,

    devendo o juiz, na nova sentena, fixar pena inferior ou igual quela antes aplicada,

    portanto, est a pena a ser imposta a Joaquim limitada ao patamar de 06 anos.

    02. Alexandre, funcionrio pblico da Empresa XYZ, foi denunciado pelo crime

    de prevaricao, previsto no art. 319 do Cdigo Penal. Durante o curso da

    instruo processual, como destinatrio, recebeu uma carta confidencial de

    Gabriel, escrita por este, diretor da referida empresa, comprovando sua

    inocncia no delito em anlise. O advogado de Alexandre, ao tomar cincia da

    carta, pede a juntada ao processo com a consequente absolvio do seu cliente.

    O representante do Ministrio Pblico impugnou a referida juntada, informando

    ser hiptese de prova ilcita, devendo esta ser desentranhada do processo,

    alegando a falta de consentimento por parte do signatrio. Diante das

    informaes, pergunta-se:

    I. O advogado agiu corretamente ao requerer a juntada da carta recebida ainda

    que sem o consentimento do signatrio? (Valor: 1,25)

    Fundamente a sua resposta nos dispositivos legais pertinentes ao caso.

    PADRO DE RESPOSTA

    Agiu corretamente o Advogado ao requerer a juntada da carta recebida

    pelo ru do processo, em virtude do constante no artigo 233 do Cdigo de Processo

    Penal, no sendo considerada como prova ilcita.

    No h, no caso concreto, que se falar em violao da correspondncia,

    uma vez que a referida carta j se encontrava em posse do destinatrio e foi, por ele

    prprio, juntada aos autos.

    Assim, possvel junt-la ao processo, requerendo a absolvio do ru

    por no ser a carta considerada como espcie de prova ilcita, ainda que no haja

    consentimento do signatrio, seja por expressa permisso legal, seja por no ter

    ocorrido, como antes mencionado, violao da correspondncia.

    Alm disso, percebe-se que o agente recebeu a carta inocentando-o, o

    que torna a carta prova em favor do ru, sendo, tambm por tal motivo, admitida.

    Sendo assim, agiu corretamente o Advogado ao requerer a juntada do

    documento, devendo o juiz, admitir a carta, podendo ainda, com base na mesma,

    absolver o ru.

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    6

    03. Pedro foi conduzido delegacia em razo de ter sido flagrado praticando o

    crime previsto no art. 157, caput do Cdigo Penal. J em sede policial, Miguel,

    delegado de polcia, pediu a Marcos, advogado de Pedro, o pagamento de

    determinada quantia em dinheiro para no lavrar o auto de priso em flagrante.

    Marcos, ento, realizou o pagamento da quantia estipulada e, conforme

    acordado, o auto de priso em flagrante no foi lavrado.

    Diante da situao hipottica apresentada, pergunta-se:

    I. Qual a conduta praticada por Miguel? (Valor: 0,6)

    II. possvel tipificar a conduta praticada por Marcos, advogado de Pedro? Em

    caso afirmativo, tipifique-a. (Valor: 0,65)

    Fundamente todas as suas respostas.

    PADRO DE RESPOSTA

    Miguel cometeu o crime de corrupo passiva agravada, nos termos do

    art. 317, 1 do Cdigo Penal, no sendo possvel tipificar a conduta praticada por

    Marcos, advogado de Pedro.

    No caso concreto analisado, o delegado de polcia solicitou ao

    Advogado de Pedro vantagem indevida no intuito de deixar de realizar o auto de priso

    em flagrante pela prtica do crime de roubo simples, previsto no art. 157 do Cdigo

    Penal, cometendo o crime de corrupo passiva, na forma agravada.

    Ressalte-se que a realizao do pagamento mero exaurimento do

    delito, pois o crime em anlise delito formal, sendo consumado com a solicitao da

    vantagem, ainda que o pagamento no seja realizado.

    Marcos, advogado de Pedro, no comete nenhuma conduta delitiva,

    no sendo possvel a tipificao da corrupo ativa, prevista no art. 333 do Cdigo

    Penal em virtude da ausncia de elementar do tipo.

    04. Fabiana e Daiane mantm uma relao homoafetiva h mais de 04 anos,

    apesar de residirem em lares diferentes. Aps esse perodo de relacionamento,

    Daiane decide fazer uma surpresa a Fabiana, mudando-se para a casa dela.

    Ocorre que, ao chegar de surpresa na casa de Fabiana, encontra esta mantendo

    relaes sexuais com Natlia, amiga do casal. Em virtude disso, Daiane,

    surpresa e chateada com o ocorrido, com o animus laedendi, agride Fabiana,

    lesionando-a levemente no rosto e pescoo, antes de ir embora. Diante das

    informaes, pergunta-se:

    I. Qual o crime cometido por Daiane? (Valor: 0,6)

    II. Qual a competncia para o processamento e julgamento do feito? (Valor: 0,65)

    Justifique suas respostas nos dispositivos legais pertinentes ao caso.

    PADRO DE RESPOSTA

    Daiane cometeu o crime de leso corporal mediante violncia

    domstica, nos termos do art. 129, pargrafo 9, do Cdigo Penal, sendo a

  • www.cers.com.br

    OAB XIV EXAME DE ORDEM 2 FASE Direito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cristina Mendona

    7

    competncia para o processamento e julgamento do feito o Juizado de Violncia

    Domstica e Familiar contra a Mulher. Contudo, caso naquela localidade ainda no

    tenha sido institudo o Juizado de Violncia Domstica, o feito ser processado por

    uma das Varas Criminais da mesma Comarca, nos moldes do art. 33 da Lei 11.340/06.

    Analisando a situao hipottica apresentada, Daiane lesionou Fabiana

    no rosto e pescoo, praticando assim leso corporal. Por ser a vtima pessoa que

    mantm um relacionamento amoroso estvel, a tipificao ocorre pelo pargrafo 9 do

    art. 129 do Cdigo Penal, j que o art. 5, inciso III da Lei 11.340/06, inserindo-se no

    contexto da violncia domstica as hipteses em que haja qualquer relao ntima de

    afeto, na qual o agressor conviva com a vtima, independentemente de coabitao.

    Ressalte-se ainda que, por ser o delito praticado contra mulher, tem-se

    a aplicao do art. 41 da Lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha,

    sendo vedada, em consequncia, independentemente da pena imposta, a aplicao

    dos benefcios previstos na Lei 9.099/95.