silvicultura aplicada - apostila

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS SILVICULTURA APLICADA Organizadores: Prof. Dr. nat. techn. Mauro Valdir Schumacher Engª. Ftal. M.Sc. Francine Neves Calil Engº. Ftal. M.Sc. Hamilton Luiz Munari Vogel Santa Maria, maio de 2005.

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CINCIAS RURAIS

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS FLORESTAIS

    SILVICULTURA APLICADA

    Organizadores:

    Prof. Dr. nat. techn. Mauro Valdir Schumacher Eng. Ftal. M.Sc. Francine Neves Calil

    Eng. Ftal. M.Sc. Hamilton Luiz Munari Vogel

    Santa Maria, maio de 2005.

  • 2

    Unidade 1 INTRODUO SILVICULTURA APLICADA

  • 3

    IMPORTNCIA ECOLGICA, SOCIAL E ECONMICA DAS

    FLORESTAS

    O patrimnio florestal brasileiro constitudo de aproximadamente 566 milhes de hectares de florestas, que ocupam 67% da superfcie do pas,

    equivalendo a 3,76 hectares por habitante.

    A atividade florestal representa 2,2% do PIB e foi responsvel pelo

    recolhimento de R$ 2 bilhes de impostos em 1996.

    A madeira produzida em reflorestamentos utilizada por empresas de

    base florestal, na forma de madeira serrada e para produzir compensados,

    aglomerados, lminas de madeira, chapas de fibra, celulose e papel.

    O aumento das populaes, aliado s mudanas do ambiente impostas

    pelo homem, exerce grandes presses sobre a atmosfera, ocasionado diferentes

    impactos sobre o ar e tambm sobre a natureza, especialmente recursos

    florestais que proporcionam mltiplas utilizaes para o homem.

    De acordo com FAO 1 (2005) a proteo e a boa manuteno das

    florestas so fundamentais para reduzir a fome e a extrema pobreza no mundo.

    Destaca a contribuio das florestas para alcanar as metas de desenvolvimento,

    que abrangem a reduo pela metade, at 2015, da fome e da pobreza do

    mundo.

    Cerca de 240 milhes de pessoas pobres que vivem em reas florestais

    dependem da proteo das florestas e da indstria que geram, que se

    consolidou como uma das reas fundamentais para a economia mundial, pois

    representa cerca de 3% do comrcio do planeta.

    As florestas so de vital importncia para a sustentabilidade do meio

    ambiente e a conservao dos recursos naturais, pois diminuem as mudanas

    climticas, melhoram os ambientes urbanos, promovem a produtividade do

    terreno e protegem recursos martimos e litorneos.

    incontestvel que sem as florestas a manuteno do meio ambiente,

    em especial os recursos hdricos para abastecimento das cidades, onde vive a

  • 4

    maioria da populao, impossvel. O desmatamento incontrolado e insano

    levar fatalmente ao desabastecimento de gua e a formao de solo

    improdutivo para a produo.

    BENEFCIOS INDIRETOS E DIRETOS DA FLORESTA

    Os benefcios diretos da floresta so os seus produtos teis ao homem,

    como madeira, resinas, leos essenciais, plantas medicinais, frutos e mel.

    Os benefcios indiretos so os servios que as rvores ou florestas

    prestam ao homem, como conseqncia das influncias florestais.

    Os benefcios indiretos so em grande nmero, contribuindo para a

    conservao dos solos, o controle dos ventos, a qualidade de vida do homem

    nas cidades, a reduo do risco de enchentes, a reduo da poluio do ar e da

    gua, a polinizao, o controle biolgico, entre outros.

    Os benefcios indiretos geralmente so pouco percebidos pelas pessoas

    e tornam-se mais apreciados somente quando escasseiam e as conseqncias

    indesejveis aparecem.

    BENEFCIOS INDIRETOS DA FLORESTA:

    Liberao de oxignio e seqestro de carbono; Reduo da poluio do ar; Proteo contra rudo; Quebra-ventos;

    1 Retirado de www.abientebrasil.com.br em 03/05/2005.

  • 5

    Unidade 2 EXIGNCIAS EDAFO-CLIMTICAS E POTENCIAL SILVICULTURAL DAS PRINCIPAIS

    EXTICAS PLANTADAS

  • 6

    2. PLATANUS spp.

    INTRODUO O Platanus x acerifolia que encontra-se no Brasil e outros pases da

    Amrica do Sul o resultado da hibridizao, ou cruzamento gentico

    espontneo entre o Platanus orientalis originrio do leste do Mediterrneo e o

    Platanus ocidentalis que tem sua origem nos Estados Unidos da Amrica.

    Constitui-se num hbrido de grande potencial madeireiro na regio sul do Brasil e

    tambm em outros pases de clima temperado. Embora seja uma espcie que

    tem grande futuro devido sua versatilidade de aplicao nos diversos usos,

    principalmente na fabricao de mveis e, especialmente, para mveis vergados,

    o conhecimento silvicultural da espcie, em nosso meio, ainda muito pequeno.

    DESCRIO DA ESPCIE Origem Segundo RAVEN, et. al. (1996) o Platanus orientalis nativo da regio

    leste do Mediterrneo at o Himalaia, crescendo muito bem com as influncias

    martimas, no se adaptando em regies mais frias como o norte da Europa.

    Os mesmos autores informam que o Platanus ocidentalis originrio do

    sudoeste dos Estados Unidos, sendo encontrado naturalmente em trinta e

    quatro estados americanos e em duas provncias do Canad, cresce em

    regies frias, sendo por isso levado para a Europa para ser cultivado no norte,

    onde teve uma perfeita adaptao inclusive com florescimento abundante.

    Em meados da dcada de 1670, estas duas espcies hibridizaram se

    espontaneamente em locais onde eram cultivadas juntas, na Platanus de

    Londres Inglaterra, produzindo uma espcie intermediria e totalmente frtil, o,

    Platanus x hbrida, hoje conhecido como Platanus acerifolia e que cresce em

    regies de invernos rigoroso em qualquer parte do mundo.(RAVEN, et. al., 1996).

  • 7

    Existem outras espcies de Platanus spp nos Estados Unidos e Mxico.

    O Platanus acerifolia uma rvore lenhosa de porte avantajado, podendo,

    atingir aos 25 anos de idade, 25 metros de altura e 40 centmetros de dimetro

    no DAP. uma espcie intolerante, isto , cresce muito bem em luminosidade

    total, muito adaptada as baixas temperaturas, resistente a seca, porm sensvel

    as altas temperaturas, desenvolvendo muito bem em climas temperados e

    temperados frio. (Leonardis, 1977 Apud LAZZARI 1997, HARLOW & HARRAR,

    1969).

    LAZZARI (1997) citando LEONARDIS (1977) afirma que o Platanus spp

    uma espcie que possue indivduos de grande porte com folhas cadas, copa

    globosa e frondosa , a casca de cor amarelo esverdeada que se desprende

    em placas ao longo do tronco. As folhas so caducas, simples, alternadas e

    lobuladas com comprimento e largara entre 10 e 25 cm, com trs a cinco

    lbulos triangulares. As flores so imperfeitas, os estames formados por 3 a 8

    spalas, unissexuadas, sem clice, dispostas em captulos globoso presos por

    um longo pednculo. Os frutos apresentam cor amarelo ocre agrupados em

    forma de globos que ocorrem aos pares, sendo raros mais que dois.

    De acordo com HARLOW & HARRAR (1969) no sudoeste dos Estados

    Unidos esta espcie pode atingir at 33 metros de altura e um dimetro de 1 a 3

    metros. Naquela regio a produo de sementes irregular, no entanto a

    porcentagem de germinao bastante alta, exigindo, porm umidade e boa

    nutrio do substrato para uma germinao e crescimento satisfatrios.

    PROPAGAO DA ESPCIE:

    Sementes:

    O Platanus acerifolia produz muitas sementes por frutos, variando esta

    produo de regio para regio nos Estados Unidos.

  • 8

    Pesquisas realizadas com 17 lotes de sementes originrias do Estado do

    Mississipi e da Luisiana, coletadas no inverno de 1967, apresentaram as

    seguintes caractersticas.( Quadro 1 ).

    Quadro 1: Caractersticas culturais dos frutos e sementes de Platanus acerifolia

    Amplitude de produo Mdia

    Nmero de frutos por litro 19 46 32

    Peso seco ao ar por litro 140 236 g 188 g

    Sementes limpas por litro de fruto 90 145 g 117 g

    Sementes limpas por Kg de frutos 550 650 g 600 g

    Nmero de sementes limpas por Kg 292.951 588.105 g 440.528 g

    Tamanho das sementes 6 13 mm 9.5 mm

    Nmero de sementes por fruto 804 3.050 1727

    Dimetro do fruto 21 38 mm 29.5 mm

    Germinao 1 81 % 46 %

    Produo de sementes:

    As sementes coletadas so de qualidade considervel, uma vez que as

    reas de coleta apresentam confiabilidade razovel. As sementes completam

    sua maturao em meados de abril logo aps o inverno. A viabilidade varia com

    o sitio e os anos de produo. Em anos de pouca produo e em stios pobres a

    polinizao com certeza no foi eficiente, por isso ocorre uma baixa produo.

    Em rvores isoladas ou grupos de rvores onde a polinizao mais eficiente

    a viabilidade das sementes maior (Griggs,1909; Beland & Jones, 1967; Webb

    & Farmer, 1968 apud BRISCOE, 1969).

  • 9

    Coleta de sementes de Platanus spp

    Os frutos devem ser coletados quando apresentarem colorao marrom

    esverdeado. Normalmente, no estado do Mississipi, colhem-se as sementes no

    ms de outubro. A viabilidade das sementes pode permanecer durante 2 a 4

    meses, dependendo das condies de armazenamento. importante realizar a

    coleta das sementes antes da queda dos frutos para evitar a rachadura dos

    mesmos e a conseqente perda. A coleta das sementes pode ser executada

    atravs dos mtodos convencionais, ou seja, coleta de rvores abatidas, coleta

    dos frutos aps sua queda e/ou coleta de rvores em p, sendo este o mtodo

    mais indicado. Para a coleta em rvores em p recomenda-se o uso de podes

    com cabo comprido cortando o pednculo do fruto.

    Beneficiamento de sementes de Platanus spp

    Quando a quantidade dos frutos colhidos for pequena o beneficiamento

    das sementes do pltano pode ser efetuado de maneira convencional, utilizando

    panos ou lonas para expor as sementes ao ar e, depois, atravs de frico

    separa-se dos resduos dos frutos atravs de peneiramento.

    Quando a quantidade for maior pode-se usar equipamentos semelhantes

    ao distribuidor de calcreo ou fertilizantes para desintegrar o fruto e separar as

    sementes mediante uma corrente de ar, onde as sementes precipitam-se por

    gravidade e os resduos so eliminados pela corrente de ar. A poeira resultante

    do beneficiamento das sementes de pltano muito prejudicial sade,

    causando principalmente doenas pulmonares (Webb & Portelfield, 1969 Apud

    BRISCOE, 1969).

    Armazenamento de sementes de Platanus spp

    Normalmente as sementes de pltano so armazenadas em temperaturas

    que devem variar entre 1.5 e 6 C e com umidade relativa variando entre 10 e

    15 %. As embalagens utilizadas podem ser sacos de pano, espalhados em

    pilhas no muito altas.

  • 10

    Germinao de sementes de Platanus spp

    Aparentemente as sementes de Platanus spp no apresentam dormncia,

    no exigindo tratamento pr-germinativo; no entanto, aconselhvel colocar em

    umidade por um perodo de 20 dias a uma temperatura em torno de 2 C

    (McElwee; 1966, Webb & Farmer, 1968 Apud BRISCOE, 1969). Normalmente

    em viveiros tecnicamente dirigidos, a produo de mudas chega

    aproximadamente a 6000 plantas por kilograma de sementes.

    Produo de mudas de Platanus spp

    Os viveiros para a produo de mudas de pltano so do tipo

    convencional, no entanto deve-se salientar que a irrigao muito importante

    uma vez que as sementes e as mudas exigem constante umidade. importante

    que exista uma proteo do viveiro porque as mudas jovens so muito sensveis

    ao vento (Lobeav, 1950 Apud BRISCOE 1969).

    A semeadura feita no final do inverno e a germinao ocorre em

    meados da primavera. O preparo dos canteiros segue o padro normal para

    outras espcies, podendo ser arado profundamente e nivelado como para

    agricultura, de acordo com a estao do ano. As sementes so normalmente

    semeadas manualmente e em grandes viveiros podem ser semeadas

    mecanicamente com fertilizao simultnea.

    A densidade de mudas varia consideravelmente com o tamanho das

    plantas, variando entre 25 a 30 plantas por metro quadrado. A deciso final da

    densidade requer conhecimentos sobre o nvel de crescimento da espcie.

    O espaamento ideal em viveiros pode ser calculado pela frmula:

    Espaamento = A x d / n. g. s

    A =rea do canteiro

    d = nmero de mudas desejadas por metro quadrado

  • 11

    n = nmero de sementes a ser semeada

    g = % de germinao

    s = % de mudas esperadas

    Outro mtodo prtico e simples para determinar a quantidade de

    sementes a ser semeada funo do resultado da anlise de germinao das

    sementes, utilizando quantidade de sementes em grama por metro quadrado.

    No quadro 2 observa-se as quantidades de sementes a serem semeadas por

    metro linear de acordo com a % de germinao. ( BRISCOE, 1969 ).

    Quadro 2: Quantidade de sementes a ser semeadas em funo da % de germinao.

    % Germinao Gramas / metro linear

    10 48

    20 24

    40 12

    80 06

    Para a cobertura das sementes pode-se usar palha, areia, serragem ou

    resduo de cone triturado. BRISCOE, ( 1969 ), conforme sugere o quadro 3.

    Quadro 3: Germinao de acordo com a espessura da camada de cobertura das sementes

    Espessura da Camada (cm) % de Germinao

    0.0 30

    0.25 100

    0.50 76

    0.75 75

    1.00 48

    1.25 30

    1.50 0.3

  • 12

    Poda das mudas:

    Durante o perodo de crescimento estacional a prtica mais comum de

    poda refere-se poda das razes, para isso usa-se um podador mecanizado

    acoplado no comando de fora do trator, podando as razes a uma profundidade

    em torno de 10 cm. Esta prtica efetuada durante o perodo de vero, poca

    de crescimento normal das plantas. Pode-se tambm, se for o caso, realizar

    poda area com a finalidade de diminuir o crescimento em altura das mudas

    durante a estao de crescimento. (BRISCOE, 1969).

    Mudas de estacas:

    Embora a produo de mudas por sementes seja muito eficiente, na

    regio de ocorrncia natural, tambm possvel a produo de mudas atravs

    de estacas extradas dos galhos das rvores. As estacas devem ser extradas

    do ramo cujo crescimento ocorreu no ltimo ano. Quando o sitio for favorvel

    s estacas devem ter em torno de 50 cm de comprimento e dois cm de dimetro,

    podendo o plantio ser feito diretamente a campo atravs de plantio mecanizado

    ( BRISCOE), 1969.

    No Brasil a propagao de mudas ocorre somente atravs de estacas, as

    quais so retiradas das matrizes selecionadas e do crescimento do ano. As

    dimenses das estacas so de 30cm de comprimento e 1 a 2cm de dimetro.

    ORIKA et al. (1994) estudando enraizamento de estacas de Platanus

    acerifolia tratadas com auxinas, concluram que a primavera a melhor poca

    para a coleta de estacas para a propagao vegetativa e estacas tratadas com

    cido indolbutrico ou cido naftalactico a 0,5 % foram mais eficientes no

    enraizamento.

    Estudos sobre influencia de pocas de coleta de estacas, tipos fisilgicos

    de estacas boro, zinco e cido indolbutrico no enraizamento de estacas de

    pltano realizado por LAZZARI, (1997) mostrou que: o ms de julho o perodo

    mais adequado para a coleta de estacas para o enraizamento das mesmas; o

    boro e o zinco no tm influencia no enraizamento das estacas; o cido

  • 13

    indolbutrico em dosagens acima de 20 mg por litro tem influncia negativa no

    enraizamento das estacas e ainda que as estacas basais do crescimento do ano

    apresentam o maior potencial de enraizamento.

    TEDESCO et all, (1998) estudaram o efeito da poca de coleta e plantio

    de estacas de Platanus acerifolia no enraizamento e concluram que a melhor

    poca de coleta compreende os meses de maio, junho e agosto. Os mesmos

    autores estudando a influencia do perodo de armazenamento de estacas de

    Platanus acerifolia no enraizamento, concluram que as estacas podem ser

    armazenadas pelo perodo de at 60 dias em temperatura de 5 graus Celcius

    sem prejuzo no enraizamento.

    DOENAS EM VIVEIROS

    Nos Estados Unidos os viveiros de Platanus spp so propenso ao ataque

    de fungos, especialmente dos causadores do Damping-off, cujo controle,

    naquele pas, ocorre pela aplicao do fungicida tipo Captan 72-S. Tambm os

    viveiros podem ser atacados por percevejos que destroem as folhagens das

    plantas. O controle destas pragas se consegue com o uso de inseticida Lindane

    ou Malation com aplicaes em intervalos de 10 dias (Morrs, 1964 Apud

    BRISCOE, 1969). Ainda os nematides podem causar grande mortalidade aos

    viveiros de platanus spp. O manejo adequado dos viveiros a maneira mais

    convencional de controle, podendo tambm usar os produtos para o controle das

    pragas (Toole, 1967, apud BRIOSCOE 1969).

    No Brasil a produo de mudas atravs de sementes quase nula ou

    inexiste, sendo comum a utilizao de estacas. A ocorrncia de doenas nos

    viveiros ainda no preocupante, embora seja importante o uso de tratamentos

    preventivos.

    FORMAO DE POVOAMENTOS DE Platanus X acerifolia

    A seleo do stio a deciso mais importante no estabelecimento de

    florestas puras de pltano. Esta espcie ocorre naturalmente em solos

    medianamente alcalinos, com crescimento vigoroso, alcanando seu

  • 14

    desenvolvimento mximo prximo a crregos e rios. Embora a espcie exija

    muita umidade no cresce bem em solos saturados durante grandes perodos

    da estao de crescimento (Bonner, 1966b; Hall & Smith, 1955, apud BRISCOE,

    1969). Os mesmos autores informam ainda que a espcie cresce naturalmente

    sobre dunas, encosta e topos de montanhas; no entanto, as condies fsicas do

    solo so muito importantes para o desenvolvimento da espcie quando

    acompanhada da umidade e disponibilidade de nutrientes.

    Quando da instalao de uma floresta de Platanus spp, importante observar com cuidado a qualidade do stio, tendo cuidado para no realizar

    investimentos em solos no apropriados para a cultura. No quadro 4 pode-se

    observar as caractersticas do solo exigido para a implantao desta espcie.

    Quadro 4: Qualidade do stio para a cultura do Platanus spp segundo (BRISCOE, 1969).

    Fator Influncia Sitio Adequado Sitio No Adequado

    Fsica do solo Material de origem Histrico da rea

    Morfologia da superfcie

    Textura mdia Boa estrutura

    Grande porosidade Stio novo

    Argiloso Estrutura deficiente

    Compactado Desgastado

    Nutrientes Uso passado da rea Material de origem

    M. O. maior que 2 % Horizonte A maior que 15 cm

    pH entre 5. 5 e 8.0 Solo jovem

    M. O. menor que 1% Horizonte A menor que 15 cm

    pH entre 8.5 e 9.0 ou menor que 4.5 Solos velhos

    Umidade Fisiografia e posio do relevo Profundidade do lenol fretico

    Histria da rea

    Chuva normal Umidade permanente durante a

    estao de crescimento

    Seca durante a estao de crescimento

    Aerao do Solo Histria da rea Drenagem do solo Cor do solo ( preto Marrom ou

    vermelho )

    Solo cinzento Variao na superfcie

    gua permanente

    PREPARO DO TERRENO

    O preparo do solo e do stio importante para a sobrevivncia e

    crescimento das mudas no campo. Normalmente usa-se lavrar e gradear a uma

    profundidade de 20 a 25cm, dependendo do procedimento de plantio. A espcie

    muito sensvel mato competio quando plantados com mudas de tamanho

  • 15

    pequeno. No que se refere regenerao natural, o platanus spp aparece, na

    sua rea de ocorrncia natural, associada a outras espcies pioneiras, as quais

    invadem as reas abandonadas, tornando-se dominante ao longo dos riachos e

    rios. (BRISCOE 1969 ).

    No Brasil o preparo do terreno depende do tipo de solo sendo

    recomendado a subsolagem, quando o solo apresentar camadas de

    impedimento, cuja profundidade depende da profundidade do impedimento.

    (THONART, 1997).

    comum usar tambm abertura de covas com trado perfurador de solo

    acoplado no sistema hidrulico do trator. Deve-se salientar que este tipo de

    abertura de cova invivel devido a seu alto custo. A prtica mais adequada,

    econmica e vivel seria a subsolagem e com coroamento e coveamento no

    local de plantio.

    Quando o plantio for executado em pequenas propriedades, a abertura de

    covas pode ser manual, sendo que as dimenses das mesmas dependem do

    tamanho das mudas.

    No Brasil os plantios comerciais, normalmente so efetuados utilizando a

    subsolagem como tipo de preparo do terreno.

    PLANTIO

    As grandes plantaes de pltano tem sido realizadas atravs de mudas,

    cujo dimetro do colo est entre 0.5 a 1.5 cm, tendo-se ainda pouca informao

    sobre a relao entre o dimetro do colo e o crescimento inicial. O tamanho

    (comprimento das estacas variam de 32 a 50cm) (BRISCOE, 1969).

    Como a maioria das espcies decduas, o platanus spp aceita melhor o

    plantio na estao de queda das folhas, embora algumas mudas possam

    sobreviver em plantios quando estiver com brotaes nova, neste caso

    importante retirar as brotaes. Mudas inativas podem ser guardadas em baixas

    temperaturas durante quatro meses, podendo aps este perodo serem

  • 16

    plantadas com sucesso. O plantio desta espcie muito semelhante s outras

    espcies, sendo o importante ter cuidado com o sistema radicular para no ficar

    dobrado no momento do plantio e mesmo no danific-lo provocando leses e

    distores A profundidade de plantio pode ser igual profundidade das mudas

    nos viveiros, salientando que a profundidade no tem nenhuma influncia

    negativa desde que tenha ramos acima da superfcie do solo.

    No Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, o plantio feito utilizando

    mudas de 1.5 a 2.0 m de altura, proveniente de estacas plantadas no viveiro no

    inverno anterior, as quais apresentam crescimento exuberante.

    Considerando o grande tamanho das mudas necessrio uma poda

    cuidadosa das razes e o plantio com muita ateno para evitar o

    entrelaamento das razes.

    Espaamento

    A otimizao do espaamento varia com a finalidade do plantio, por

    exemplo, quando se planta platanus spp para celulose o espaamento pode ser

    mais denso do que plantios para toras visando madeira serrada. Quando o

    objetivo for grandes toras os plantios podem ser bem amplos e conduzidos

    atravs de um eficiente programa de desrama. Nos Estados Unidos o

    espaamento recomendado de 3m x 2m, naquelas condies a taxa de

    sobrevivncia est em torno de 90% (McAlpine et al., 1966, apud BRISCOE,

    1969).

    Tratos culturais

    A maioria dos plantios de Platanus spp so estabelecidos sem os devidos

    cuidados, sem qualidade, razo pela qual o crescimento muito pequeno.

    Quando a plantao mantida no limpo o desenvolvimento bem mais eficiente.

    Em plantios efetuados em solo bem preparado, as mudas conseguem escapar

    da concorrncia das ervas daninhas, evitando a forte concorrncia inicial. No

    primeiro ano pode ser necessrio at cinco limpezas, e a partir do segundo ano

    esta prtica pode ser dispensada, tornando-se um investimento muito

  • 17

    econmico. BRISCOE, (1969). A adubao aumenta o crescimento do pltano

    (Bradfoot & Ike, 1967, Apud BRISCOE, 1969). No entanto, (Gilmore, 1965 Apud

    BRISCOE 1969) informa que so poucas as informaes disponveis sobre

    experimentao de fertilizao da espcie, embora se saiba que a deficincia de

    fsforo fator limitante para o crescimento da mesma.

    Aps a anlise do solo pode-se aplicar calcrio e fsforo com

    antecedncia de at trs meses, enquanto o nitrognio pode ser aplicado

    durante ou at mesmo aps o plantio.

    Nos plantios com espaamento mais largo os tratos culturais podem ser

    mecanizados, atravs de roadas ou de gradagem na entrelinha.

    Figura 1: Tronco de rvore de Platanus x acerifolia.

  • 18

    Figura 2: rvore de Platanus X acerifolia.

    Figura 3: Plantio comercial de Platanus x acerifolia.

  • 19

    GNERO Pinus

    Nativos do Caribe (com mais de 2 dzias) e do Sudeste Asitico (menos

    de 1 dzia), as espcies tropicais de pinus so de grande importncia para o

    setor florestal.

    Uma grande parte das espcies so cultivadas em toda rea tropical e

    subtropical.

    A utilizao preferencial de pinus deve-se principalmente aos seguintes

    fatores:

    Amplo espectro de espcies, o que por sua vez torna possvel a escolha de uma que melhor se adapte as respectivas condies ambientais do stio;

    Muitas dentre elas tm uma amplitude muito vasta em relao ao stio; Boa parte das espcies consegue desenvolver-se mesmo em solos de baixa fertilidade e secos por natureza, ou degradados e abandonados;

    Muitas espcies apresentam um rendimento volumtrico elevado, ou at muito elevado, mesmo em condies ambientais desfavorveis;

    Por serem espcies pioneiras pouco exigentes, os pinus prestam-se bem para o florestamento, assim como para o plantio de povoamentos simples e

    esquemticos;

    Os pinus produzem, em grande quantidade e qualidade constante, um tipo de madeira caracterstico de conferas, o qual, com sua limitada ocorrncia

    natural nos trpicos e subtrpicos, particularmente cobiado e necessitado

    como matria-prima para a fabricao de celulose, papel, chapas, etc.

    No que se refere obteno de sementes, das diferentes espcies do

    gnero pinus, os cones (frutos) so escolhidos ainda quando em processo de

    maturao bastante adiantado. Dos pinheiros exticos que j apresentam

    frutificao com uma certa regularidade na regio Sul do Brasil, destacam-se:

    Pinus elliottii, Pinus pinaster e Pinus taeda. A maturidade dos cones de Pinus sp.,

    ocorre de maro a abril, quando estes apresentam uma colorao marrom. A

    maturao reconhecida tambm quando os cones so colocados em leo

    mineral SAE 20 e as sementes permanecem em flutuao. Os cones pesam em

  • 20

    mdia 46,6 g, com dimenses de 12,5 cm x 4,5 cm, com uma produo mdia

    de 10 gramas de sementes. Aps colhidas, as sementes so colocadas em

    peneiras expostas ao sol para a liberao das sementes, levando de 3 a 10 dias,

    conforme as condies climticas. Em galpes especiais, os cones so

    armazenados at a completa maturao, onde se abrem, deixando cair as

    sementes, que so beneficiadas em armazns, sob refrigerao. Sob

    temperatura ambiente, as sementes de Pinus spp., originrias de climas

    temperados, perdem o poder germinativo. As sementes devem ser secas e

    guardadas em recipientes fechados temperatura de 5C. As sementes das

    conferas (Pinus spp.) caracterizam-se por serem aladas e possurem pequenas

    dimenses, resultando em aprecivel quantidade por unidade de peso. As

    sementes apresentam grande quantidade de leo em suas substncias de

    reserva, o que possibilita grande resistncia na armazenagem, com teor mnimo

    de umidade.

    Como as sementes so aladas, o maior inconveniente para a semeadura

    so as asas, devendo por isso, serem desaladas antes.

    ADUBAO DE BASE Produzindo mudas em recipientes plsticos recomenda-se 150 g de N,

    700 g de P2O5, 100 g de K2O e 200 g de fritas (coquetel de micronutrientes na

    forma de xidos silicatados) por cada m3 de terra de subsolo. Considerando-se

    que os nveis de Ca e Mg nas terras de subsolo so muito baixos, recomenda-se

    a incorporao de 500 g de calcrio dolomtico por m3 de terra de subsolo.

    Garantindo desta forma, o suprimento de Ca e Mg para as mudas.

    Para mudas produzidas em tubetes de polipropileno deve-se usar 150 g de N, 300 g de P2O5, 100 g de K2O e 150 g de fritas por m3 de substrato.

    Geralmente os nveis de pH, Ca e Mg nos substratos utilizados neste sistema

    so elevados, sendo a aplicao de calcrio dispensada.

  • 21

    ADUBAO DE COBERTURA No caso de mudas produzidas em recipientes plsticos deve-se usar 100

    g de N mais 100 g de K2O, parceladas em 3 ou 4 aplicaes. Recomenda-se

    dissolver 1 Kg de sulfato de amnio e/ou 300 g de cloreto de potssio em 100

    litros de gua. J para as mudas produzidas em tubetes, que possuem substrato

    com elevada permeabilidade, o que facilita a lixiviao, e ao pequeno volume de

    espao destinado a cada muda, faz-se necessrio fazer adubaes de cobertura

    mais freqentes. Para a aplicao destes nutrientes, recomenda-se dissolver 1

    Kg de sulfato de amnio e/ou 300 g de cloreto de potssio em 100 litros de gua.

    As mudas devem ser regadas a cada 7 a 10 dias de intervalo, at que as mudas

    atinjam um tamanho desejado. As operaes de preparo de solo e plantio dependem das condies do

    stio, mas atualmente existe uma tendncia de fazer o preparo reduzido do

    terreno, aplicando somente a quantidade de adubo recomendado pela anlise

    do solo e a limpeza e manuteno do plantio feita mediante capina qumica

    com ROUNDUP. No Brasil, algumas espcies de pinus so utilizadas na forma

    de plantios homogneos. A seguir, as principais espcies utilizadas sero

    descritas quanto rea de ocorrncia, stio, silvicultura e utilizao.

    Pinus elliottii

    REA DE OCORRNCIA Esta espcie composta de duas variedades distintas: Pinus elliottii var.

    elliottii e Pinus elliottii var. densa, esta espcie tem sua rea natural de

    ocorrncia no sudeste dos Estados Unidos. A variedade elliottii ocorre no sul dos

    estados do Mississipi, Alabama, Gergia e Carolina do Sul, bem como no norte

    da Flrida, entre os paralelos 28 e 33 N. Em sua rea natural de ocorrncia,

    restringe-se a altitudes de 0 -150 m. Nas reas tropicais de plantaes, seu

    reflorestamento feito principalmente em altitudes de 500 a 2.500 m.

  • 22

    STIO

    O Pinus elliottii var. elliottii tem uma preferncia natural por solos cidos

    e arenosos localizados sobretudo em baixadas e junto a cursos de gua, bem

    como de maneira geral em reas com o lenol fretico prximo a superfcie. Em

    elevaes mais secas, esta variedade cede lugar ao Pinus palustris, passando

    a formar com o mesmo um mosaico de pequenos povoamentos puros e ralos.

    A temperatura mdia anual oscila entre 15 e 24C (com 4 a 12C para o

    ms mais frio e 23 a 32C para o ms mais quente). Os ndices de precipitao

    anual variam de 650 a 2.500 m, com um perodo seco de no mximo 2 a 4

    meses (P

  • 23

    espcie mais resistente a Diplodia pini. Em sua rea natural de ocorrncia, o

    Pinus elliottii tido como sensvel ao fogo.

    UTILIZAO Rica em resina, a madeira do Pinus elliottii mais densa e dura do que a

    das demais espcies de Pinus (0,50 a 0,56 g/cm). A madeira no muito

    durvel, mas facilmente impregnvel.

    Nos Estados Unidos, a madeira do Pinus elliottii empregada para

    construes pesadas e leves, bem como na confeco de embarcaes e caixas.

    A madeira preservada transformada em postes e vigas. No Brasil utilizada

    para construes, como tbuas, caibros, revestimento interno, etc.

    O Pinus elliottii var. elliottii tambm fornece madeira de fibras longas,

    prpria para a fabricao de pasta mecnica, papel e celulose.

    Pinus taeda O Pinus taeda natural das regies sul e sudeste dos Estados Unidos, entre as latitudes 28 e 39N e longitudes 75 a 97W (Figura 1). A precipitao

    mdia anual nessa regio varia de 900 a 2200 mm, com boa distribuio durante

    o ano ou estacional com at dois meses de seca. A temperatura mdia anual

    varia de 13C a 19C, com a mdia das mximas do ms mais quente entre

    20C e 25C e a mdia das mnimas do ms mais frio entre 4C e 8C.

  • 24

    FIGURA 4 Distribuio natural do P. taeda nos Estados Unidos da Amrica.

    A rea de ocorrncia natural do Pinus taeda dividida em duas partes: a

    rea maior ocorre leste do rio Mississipi, formando populaes contnuas de

    Mississipi at Delaware, e a oeste do rio Mississipi ocorre uma populao

    isolada, em uma regio sujeita a secas mais prolongadas, no Texas.

    Segundo Harlow & Harrar (1969), o P. taeda cresce em ampla variedade

    de solos, com bom desenvolvimento em stios com bastante umidade e pouca

    drenagem, ocorrendo tambm em locais secos. Essa espcie tem timo

    crescimento em solos moderadamente cidos, de textura mdia.

    A madeira de Piuns taeda de alta qualidade para muitos usos, como

    construo civil, fabricao de mveis, chapas e celulose. Esta espcie no

    produtora de resina.

  • 25

    Pinus patula

    REA DE OCORRNCIA O Pinus patula uma espcie nativa do Mxico. Sua rea de ocorrncia

    limitada e descontnua, encontrando-se preponderantemente em trs zonas

    florestais das encostas orientais da Sierra Madre Oriental entre paralelos 18 e

    21 N, em altitudes de 1.800 a 2.700 m. A rea de maior concentrao das

    plantaes est situada na frica oriental, central e meridional, regies sobre as

    quais recai uma percentagem superior a 95% do total plantado. Esta espcie de

    pinus apresenta uma produtividade particularmente elevada em altitudes a partir

    de 1.000 m. As plantaes estendem-se desde o equador at o paralelo de 72

    S, na Nova Zelndia.

    STIO Na rea de ocorrncia natural, o Pinus patula desenvolve-se

    preferencialmente em clima quente e temperado, com a temperatura anual

    mdia de 12 a 18C (com um mnimo absoluto de -10C). A precipitao anual

    oscila entre 1.000 e 2.000 mm, com incidncia preponderante de maio a outubro.

    Pinus patula tem bom crescimento nas reas tropicais e subtropicais com

    chuvas de vero ou de mono.

    Segundo WORMALD (1975), o xito com tentativas de introduo

    depende de trs fatores:

    1) Disponibilidade de gua durante o ano todo. So favorveis neste sentido os solos profundos que permanecem midos mesmo durante o perodo

    seco. Quanto precipitao pluviomtrica, o ideal que esta seja regularmente

    distribuda ao longo do ano. Devido ao sistema radicular bem desenvolvido, o

    Pinus patula ainda tem um crescimento satisfatrio em regies com precipitao

    anual de 750 mm. Em solos pouco profundos, a espcie no vinga nem mesmo

    com precipitao anual de 1.250 mm.

    2) Acidez do solo. O Pinus patula pode desenvolver-se em solos com caractersticas qumicas muito diversas, ao passo que o teor de nutrientes

  • 26

    parece ser de importncia secundria. O aspecto decisivo, porm, que os

    solos sejam cidos (pH inferior a 7,0).

    3) Limites de temperatura. O Pinus patula suporta, no perodo de dormncia, at temperaturas em torno de -10C (leves geadas), mas a

    temperatura mdia mxima do ms mais quente tem de ficar abaixo dos 29C

    para que possa haver um desenvolvimento normal.

    SILVICULTURA Esta espcie de pinus tambm helifila, de crescimento rpido e atinge

    precocemente sua maturidade reprodutiva, produzindo j a partir do quinto ano

    sementes viveis.

    Na frica oriental, central e meridional, tem incio a partir dos 8 aos 10

    anos de idade, formao anual e abundante de cones, cuja maturao ocorre

    num perodo de 22 a 30 meses. Uma vez maduros eles permanecem fechados

    na rvore durante 1 ou 2 anos, o que torna conveniente realizar a colheita de

    cones do perodo seco, quando as condies so mais propcias extrao das

    sementes.

    Dada a predisposio das mudas ao tombamento, recomenda-se em

    viveiros manter uma boa drenagem e moderada acidez do solo nos canteiros de

    semeadura e repicagem. As plntulas crescem em ritmo relativamente lento,

    exigindo, conforme a altitude, de 6 a 12 meses para a formao de mudas

    suficientemente viosas (30 cm de altura).

    Durante o preparo do solo, no aconselha-se queima devido

    enfermidade provocada pela Rhizina undulata.

    Recomenda-se, para uma rotao de 15 a 25 anos, um desbaste na

    idade de 10 anos, a fim de reduzir o nmero de rvores para 990 ha-1. Uma vez

    que a desrama natural do Pinus patula insuficiente, faz-se uma poda de galhos

    verdes a uma altura de 1,8 a 2,4 m na idade entre 4 e 6 anos, facilitando-se

    assim o acesso e reduzindo o perigo de fogo. Em plantaes destinadas

    produo madeireira, as podas devem ser realizadas em alturas de 5 a 7 m e 11

    a 12 m.

  • 27

    O incremento mdio anual varia conforme o stio e o tratamento,

    oscilando entre 10 e 40 m ha-1 ano-1 para uma rotao de 30 a 40 anos.

    Alm da Rhizina undulata, a Diplodia pini a principal praga das

    plantaes de Pinus patula, particularmente em regies freqentemente

    assoladas por chuvas de granizo.

    UTILIZAO

    Na forma de plantaes, o Pinus patula produz um tipo de madeira leve,

    destituda de cerne genuno, de cor clara com anis de crescimento

    amarronzado, muito nodosa, mas com baixo teor de resina. Trata-se de madeira

    de baixa resistncia mecnica, no entanto de fcil impregnao. A madeira

    pode ser empregada em trabalhos de marcenaria. muito apropriada para a

    confeco de caixas e material de embalagem (desenrolado), para trabalhos

    leves de carpintaria, bem como para a fabricao de chapas e aglomerados.

  • 28

    GNERO Eucalyptus

    A primeira descrio botnica do gnero sob o nome de eucaliptos foi

    feita em 1788 pelo botnico francs Charles-Louis L Hritier de Brutelle.

    O nome genrico eucaliptos derivado do eu significa boa, calyptus

    significa cobertura, logo boa cobertura, referindo-se a capa ou oprculo que

    cobre o estigma e estames at que a mesma caia e as flores se abram (anteras).

    Foram necessrios 80 anos aps a descrio original para que surgisse a

    primeira e verdadeira lista com nomes de eucaliptos conhecidos.

    O gnero Eucalyptus pertence a famlia Myrtaceae (Sub-famlia

    Leptospermoidae). Atravs de caractersticas fenolgicas como tipo de

    inflorescncias, boto floral e frutos, so conhecidas mais de 650 diferentes

    espcies de eucaliptos.

    Os eucaliptos so conhecidos como rvores Australianas. A maior parte

    das espcies e subespcies so endmicas do continente Australiano e ilhas

    adjacentes. Entretanto algumas espcies ocorrem naturalmente em Papua Nova

    Guin ao norte da Austrlia e algumas espcies ocorrem somente na parte

    oeste do arquiplago da Indonsia como Timor, Sonda, Flores e Wetar e

    somente uma espcie ocorre nas Filipinas.

    No Brasil, at 1911, Navarro de Andrade cultivou no estado de So Paulo

    75 espcies do gnero Eucalyptus dentre as quais merecem destaque: E.

    camaldulensis, E. tereticornis, E. citriodora, E. saligna, E. diversicolor, E.

    corinocalyx, E. triantha, E. botryoides, E. oblqua, E. globulus, E. maculata, E.

    longifolia e E. robusta. Este mesmo silvicultor ao final de seu trabalho acabou

    por introduzir 144 espcies em todo o Brasil, das quais 110 permaneceram.

    Destas, aps diversos estudos experimentais, somente algumas permaneceram

    e so empregadas em plantios comerciais de larga escala. Conforme dados da

    Sociedade Brasileira de Silvicultura, no Brasil no ano de 2000 foram plantados

    em torno de 2.965.880 ha de Eucalyptus.

  • 29

    A evoluo dos eucaliptos na Austrlia, pode ter respondido primeiro a

    uma presso seletiva relacionada ao declnio da fertilidade do solo no

    desenvolvimento da paisagem, e depois de um longo intervalo de tempo, as

    condies mais secas do clima. Os eucaliptos no esto uniformementes

    adaptados aos solos com baixa disponibilidade de nutrientes e, como

    conseqncia da presso de seleo mantida por um longo perodo de tempo,

    as espcies diferem em suas tolerncias e habilidades competitivas.

    IMPORTNCIA ECONMICA

    A importncia econmica que assume a cultura do eucalipto em nosso

    pas decorre tanto da inerente multiplicidade de seus usos e empregos de suas

    diferentes espcies, como da expressiva rea de florestas implantadas

    existentes.

    A utilizao do lenho de eucaliptos como madeira de uso generalizado na

    construo civil e nas indstrias de compensado, de papel e aplicao difundida

    como postes, estacas, dormentes, moires, esticadores de cercas entre outros;

    como lenha e carvo, fornecendo comprovadamente aprecivel combustvel; a

    explorao da casca para tanino e de folhas para leos essenciais. Todos estes

    aspectos positivos fornecem um elevado balano econmico da essncia

    utilitria, j que h absoro total de tais produtos pelo mercado nacional.

    CLIMA E SOLO

    Embora o eucalipto seja uma essncia florestal extica, originria da

    Austrlia, a zona ecolgica de sua cultura torna-se muito extensa, conseqncia

    do grande nmero de espcies. Desta maneira, em todo o Brasil, a sua cultura

    tornou-se perfeitamente exeqvel, do ponto de vista econmico.

    A profundidade do solo, sem dvida alguma, fator bsico para o xito da

    cultura florestal. Solos profundos, com adequadas propriedades fsicas e

    qumicas, oferecem as condies ideais para o desenvolvimento deste gnero,

  • 30

    embora encontremos plantaes com desenvolvimento igualmente satisfatrio

    em solos fracos de arenitos, com ndices de pH realmente baixos.

    ESPCIES H um nmero muito grande der espcies distribudas em todo o mundo.

    No Brasil, entre muitas outras, destacam-se: Eucaliptus alba, E. botryoides, E.

    camaldulensis, E. citriodora, E. grandis, E. maculata, E. longifolia, E. robusta, E.

    saligna, E. umbellata, E. tereticornis, E. globulus, E. microcorys, E. pilularis e E.

    trabuti e E. viminalis.

    O E. alba por ser largamente empregado nas fbricas de papel, ainda

    recomendado na explorao de postes, moires e, sobretudo, como lenha e

    carvo, ao lado de E. saligna e E. grandis. Das outras espcies referidas, com

    valor utilitrio de madeira, surge, com destaque, no setor de marcenaria, o lenho

    de E. citriodora. No que concerne produo de leos essenciais, essa espcie

    ao lado de E. globulus, colocando-se entre as melhores espcies neste campo

    industrial.

    Nos setores de tanino e cortia, embora diversas espcies sejam

    preconizadas, desconhece-se, todavia, povoamentos industriais para esse fim

    especfico. Para fins de estacas em edificaes, citam-se os E. botryoides, E.

    camaldulensis e E. umbellata, com aproveitamento aos 15 anos de idade.

    Dentre as espcies mais indicadas como dotadas de relativa resistncia

    s baixas temperaturas, destacam-se os E. umbellata, E. camaldulensis e E.

    viminalis, enquanto o E. globulus mencionado para extremos de altitudes.

    Como sensibilidade s baixas temperaturas, destaca-se o E. citriodora.

    As diferentes espcies de Eucalyptus possuem caractersticas

    diferenciadas quanto s exigncias edfo-climticas e sua madeira possui

    caractersticas variadas quanto utilizao. No Quadro 5, observa-se as

    caractersticas inerentes a algumas das principais espcies de eucaliptos

    plantadas no Brasil.

  • 31

    Quadro 5. Caractersticas das diferentes espcies de eucaliptos plantadas no Brasil.

    Espcie Exigncia em Solo Caractersticas/Utilizao da Madeira

    E. alba arenoso mido cast. arroxeada, postes, dormentes, carvo e celulose. Apcola e ornamental.

    E. botrioydes prefere solos arenosos, pode crescer em solos midos Madeira pesada (0,95 g/cm3) dormentes, postes, construes e energia.

    E. camaldulensis aluvio, mido, subsolo argiloso e arenoso profundo

    madeira dura (0,70 g/cm3) principalmente para postes, dormentes, portas, mveis, carvo e celulose. Apcola.

    E. citriodora

    Prefere solos bem drenados, profundos, tambm se adapta a solos de baixa fertilidade.

    Madeira pesada (0,99 g/cm3), de excelente qualidade, utilizada para serraria, cabos de ferramentas, carroceria, portas, embarcaes. Folhas ricas em leos essenciais.

    E. grandis solos midos, bem drenados, no tolera solos hidromrficos, adapta-se bem a solos de baixa fertilidade.

    Madeira com densidade de: (0,62 g/cm3) postes, carpintaria, parquet, caixas celulose e energia.

    E. gummifera solo limo-arenoso ou argiloso, com boa disponibilidade de gua e drenagem suficiente.

    (0,70 g/cm3) grande durabilidade, sem preservao, postes, dormentes e construes pesadas. Apcola.

    E. maculata

    crescimento de moderado a rpido em solos arenosos, de baixa fertilidade e com boa disponibilidade hdrica.

    (0,85 g/cm3) excelente qualidade, fcil de trabalhar, carpintaria, mquinas agrcolas, rodas de carroa, postes tratados, chapas e celulose.

    E. obliqua solos profundos, bem drenados, principalmente, solos arenosos, stios de baixa fertilidade.

    (0,62 g/cm3) alto valor comercial, serrarias, postes, dormentes, mveis, carpintaria, celulose.

    E. paniculata

    adapta-se a grandes variedades de solos, desde os mais frteis aos menos frteis - argiloso ou arenoso.

    (0,90 g/cm3) forte, flexvel, difcil de trabalhar e muito durvel, postes, construes gerais, painis, celulose. Grande interesse apcola.

    E. pellita solos arenosos, de baixa fertilidade e bem drenados.

    (0,92 g/cm3) boa qualidade, carpintaria em geral, postes, dormentes parquet e construo civil.

    E. pilularis grande variedade de solos, o mais propicio deve ser arenoso, profundo e bem drenado.

    (0,69 g/cm3) muito apreciado em construes navais, postes, dormentes, carpintaria, lenha, parquet, pontes etc.

    E. punctata pouco exigente em solos, crescendo em solos de baixa fertilidade, porm bem drenados.

    (1,05 g/cm3) resistente, construo pesada, dormentes, postes, portas e uso em geral.

    E. resinifera

    arenosos, frteis, profundos. (0,80 g/cm3) excelente qualidade, pisos, construo naval em geral, carpintaria, mveis, carvo, postes, painis. Uso ornamental.

    E. robusta

    grande variedade de solos, indicado para solos midos, inundveis e com drenagem deficiente, sendo grande alternativa para vrzeas.

    (0,62 g/cm3) madeira discutvel de durabilidade restrita quando em contato com o solo - construo civil e celulose. Muito indicada para apicultura.

    E. saligna prpria para regies subtropicais solos arenosos, de umidade apropriada ou argilosos no

    (0,64 g/cm3) pouca durao quando enterrada sem tratamento, 2 a 3 anos. Serve para taboado, mveis, caixas,

  • 32

    demasiadamente midos, crescimento reduzido em solos hidromrficos.

    construo civil, parquet, celulose.

    E. sideroxylon bom crescimento em solos arenosos, pedregosos, secos e argilosos bem drenados.

    (0,91 g/cm3) fcil de trabalhar, construo de pontes, postes, dormentes, carvo e celulose.

    E. tereticornis

    suporta elevado dficit hdrico, cresce rapidamente em aluvies, solos arenosos mas profundos, bem drenados, no suporta hidromorfia.

    (0,77 g/cm3) muito apreciado para postes, painis, carpintaria, parquet e celulose.

    E. viminalis

    exige frio, com geadas e umidade no solo, em regies altas de boa drenagem, porm com umidade suficiente

    (0,66 g/cm3) madeira secundria, quebradia, usada para compensados, parquet, embalagens, carrocerias e celulose. Apcola.

    OUTRAS INFORMAES As diferentes espcies de eucaliptos, possuem uma vasta gama de utilizaes:

    a) Lenha (8 anos): grandis, alba e saligna;

    b) Carvo (8 anos): botryoides, longifolia, grandis, alba, saligna e outros;

    c) Moires (15 anos): alba, botryoides, bosistoana, citriodora, longifolia,

    maculata, maideni, microcorys, paniculata, camaldulensis, triantha, etc;

    d) Postes (20 anos): triantha, bosistoana, longifolia, microcorys,

    paniculata, propinqua, punctata, resinifera, camaldulensis, tereticornis, scabra e

    paulistana;

    e) Vigas, caibros, ripas e tbuas (20 a 40 anos): triantha, paniculata,

    pilularis, punctata, robusta, camaldulensis, tereticornis, maculata e citriodora;

    f) Celulose: saligna, alba e grandis.

    O plantio executado com a formao de alinhamento em todos os

    sentidos, possibilita a mecanizao dos tratos culturais com trator agrcola e

    grade com regulagem central, acavalando sobre a linha e aterrando sobre o colo

    da muda, com o objetivo de sufocar as ervas daninhas e proteger o sistema

    radicular.

    Normalmente faz-se duas gradagens, perpendiculares entre si. Alm

    desse trato cultural, em solos muito infestados por ervas daninhas realizam-se

    roadas mecanizadas ou manuais de manuteno at o primeiro ano da floresta.

  • 33

    Quando as florestas so implantadas em reas pedregosas (onde houve

    necessidade de escarificao do solo), normalmente uma roada manual

    suficiente para a formao da floresta.

    De modo geral, salvo raras excees, a floresta est implantada entre o

    8 e o 10 ms, desde que o plantio tenha sido executado em poca propcia.

    Muitas vezes h necessidade de se fazer o coroamento em volta das

    mudas manualmente. Atualmente devido prtica do preparo reduzido do solo,

    faz-se o controle das ervas daninhas mediante aplicao de capinas qumicas

    na linha de plantio.

    ESCOLHA DA ESPCIE PARA O PLANTIO A escolha da espcie deve ser feita de acordo com o tipo de solo e a

    finalidade do plantio. De acordo com o tipo de solo, temos:

    a) Solos frteis: E. pilularis, rostrata, saligna, viminalis, etc;

    b) Solos de baixa fertilidade: E. grandis, maculata, propinqua,etc;

    c) Solos secos: E. maculosa, grandis, punctata, propinqua, etc;

    d) Solos hidromrficos: E. alba, botryoides, globulus, maculata,

    tereticornis;

    e) Solos em terrenos baixos: E. paludosa, robusta, rudis, etc;

    f) Solos arenosos e midos: E. alba, tereticornis, viminalis, etc;

    g) Solos arenosos e secos: E. angulosa, albens, etc.

    h) Solos de origem calcrea: E. microcarpa, odorata, panchoniana, etc;

    i) Solos de origem grantica: E. deanei, ficifolia, leucoxilon, peltata,

    planchoniana;

    j) Solos de origem ferruginosa: E. cambageana, goniocalyx, guifoley, etc;

    k) Solos de origem basltica: E. laevopinia;

    l) Solos salinos: E. botryoides, globulus, paniculata, pilularis, robusta, etc;

    m) Solos argilosos: E. alba e outras;

    n) Solos pedregosos: E. creba, bosistoana, etc;

    o) Vales: E. alba, saligna e outras.

  • 34

    COLHEITA A colheita dos povoamentos florestais pode ser efetuada a partir dos 7

    anos, quando destinada produo de lenha, muito embora a idade econmica

    seja entre o 8 e 9 anos. Quando o seu objetivo pasta para papel, dos 5 a 7

    anos. Deve-se considerar a capacidade produtiva dos diferentes stios quanto a

    poca da colheita da floresta, caso se pretende assegurar a perpetuidade das

    reas. O rendimento mdio em funo das condies edafo-climticas e,

    principalmente da espcie, por hectare, da ordem de 250 a 400 m,

    decrescendo todavia no segundo corte. J no caso da extrao para celulose,

    pode-se adiantar que o seu rendimento mnimo corresponde a 42% sobre o

    peso de madeira seca.

    Em se tratando de povoamentos destinados lenha ou celulose, o

    mtodo de explorao utilizado normalmente o da talhadia simples e regular,

    mediante a derrubada total do macio. Aps o corte, ocorrer a regenerao das

    touas cujos brotos, em ocasio oportuna, sero selecionados e conservados no

    mximo em nmero de trs. Novos cortes sucessivos sero propiciados pelo

    povoamento, sob turnos de cinco anos, deixando-se as touas com altura

    mxima de 10 cm, pelo sistema em talude, que confere a elas a forma cnica.

    Uma forma de explorao para lenha a seguinte: divide-se a rea em 8

    parcelas, de maneira a se plantar uma por ano. Ao se atingir a ltima plantao,

    pode-se iniciar o corte raso da primeira, passando-se a fazer turnos de 8 anos.

    Quando o produto final do povoamento se destina explorao do lenho

    como madeira - mveis, construo civil, etc - dos 30 aos 35 anos, ento o

    regime florestal adotado ser o da talhadia composta ou mesmo o do alto

    fuste regular. Desbastes sucessivos, em funo das reas basais de cada uma

    das espcies, tornam-se imprescindveis, depois de uma certa idade, quando,

    alis, a interveno do especialista se far necessria para a ordenao florestal

    racionalizada. Os diferentes desbastes fornecero, na medida do tempo, os mais

    variados produtos para os mais diversos fins.

  • 35

    Apenas para ilustrao e visando proporcionar a idia exata do valor do

    eucalipto, como planta econmica, no fornecimento de material para serraria, o

    aproveitamento mdio se faz nas seguintes bases:

    - 50% de madeira de primeira qualidade;

    - 35% de madeira de segunda, com fendilhamento e empenamento;

    - 15% de madeira prxima medula, usada como lenha.

    Para que se possa fazer consideraes a respeito do rendimento de

    alguns de seus produtos florestais, apresentam-se os seguintes dados:

    a) Na explorao de carvo, h necessidade de 9 a 10 m de lenha para

    uma tonelada do produto;

    b) Um hectare cultivado no espaamento inicial de 2 x 2 m, dar em

    mdia 800 postes de uma altura de 8 a 10 metros;

    c) A produo de celulose, por hectare, para a mdia de 330 m de

    madeira, ser aproximadamente de 48 toneladas, o que vem a corresponder a

    120 toneladas para um alqueire que tenha produzido 800 m de madeira;

    d) As espcies indicadas na produo de leos essenciais, fornecem de

    1.000 1.400 gramas para cada 100 quilos de folhas verdes.

    PRAGAS E DOENAS

    Entre as pragas de importncia econmica, destacam-se as formigas

    sava (Atta sexdens), e a formiga quem-quem (Acromyrmex rugosus) e os

    cupins subterrneos, cujas espcies pertencem aos gneros Cornitermes e Armitermes.

    Outras pragas, como as lagartas das mariposas Tirinteina arnobia e

    Sarsina violances, tm-se registrado esporadicamente, surtos em alguns pontos

    do pas.

    Entre as mais variadas molstias, destacam-se o Damping-off das

    plntulas, causado por diversos gneros de fungos, como: Pythium, Rhizoctonia,

    Fusarium, Corticiumm, Cylindrocladium e Phytiphtora; A ferrugem, causado por

  • 36

    Corticium monicolor e a mais perigosa delas, e o cancro, causado por

    Diaporthe cubensis.

    PERCEPES SOBRE O EUCALIPTO De acordo com Aracruz (2005) estudos contnuos so realizados na empresa e estes demonstram que os eucaliptos consomem a mesma

    quantidade de gua que outras espcies de rvores e que existe grande

    biodiversidade nas reas florestais.

    Os impactos dos plantios florestais sobre o meio ambiente dependem da

    forma de manejo utilizada. A medida que as rvores dos novos plantios de

    eucalipto se desenvolvem, surgem sub-bosques formados por espcies nativas

    que funcionam como um abrigo natural e fonte de alimentao para vrias

    espcies da fauna.

    Um hectare de floresta plantada de eucalipto capaz de produzir a mesma quantidade de madeira que trinta (30) hectares de florestas nativas tropicais;

    Uso da gua: o consumo de gua pelos plantios de eucalipto semelhante ao da floresta nativa;

    Razes: o uso da gua pelo eucalipto concentra-se onde est a maior parte das razes finas, ou seja, no primeiro 1,5 m de profundidade;

    Eroso: praticamente no existe nas ares de plantio de eucalipto. Fonte: Aracruz Celulose/2005.

    O eucalipto em nosso dia-a-dia Por ser uma rvore da qual tudo se aproveita, ele est presente em nossas vidas de formas diversas: A fibra: se transforma em celulose que usada para fazer papis, cpsulas de

    remdio, tecidos sintticos, embalagens etc. A madeira: de utilizao variada, incluindo desde mveis a postes. O leo: usado em produtos de limpeza, alimentcios, perfumes e remdios. A flor: excelente melfera mel de alta qualidade.

    Fonte: Aracruz Celulose / 2005.

  • 37

    O eucalipto uma rvore que: Reduz a presso sobre a mata nativa e protege a sua fauna; Recupera solos exauridos pelo cultivo e queimada; Controla a eroso, promovendo infiltrao e reteno da gua no solo; Mantm a fertilidade do solo pela decomposio dos resduos florestais; Absorve grande quantidade e gs carbnico da atmosfera, o que diminui a

    poluio e o calor e combate o efeito estufa; Contribui para regular o fluxo e a qualidade dos recursos hdricos; Fornece matria-prima para produtos indispensveis em nossas vidas; Gera empregos e mantm o homem no campo.

    Fonte: Aracruz Celulose / 2005.

    Figura 5: Esquema demonstrando a relao do eucalipto com o ambiente.

  • 38

    CINAMOMO-GIGANTE

    Nome comum: Cinamomo-gigante Nome cientfico: Melia azedarach L. Famlia: MELIACEAE

    REA DE OCORRNCIA

    A espcie Melia azedarach originria da sia, provavelmente do

    Baluquisto e da Kachemira, ocorrendo tambm na ndia, Indonsia, Nova

    Guin e Austrlia (var. australasica).

    STIO

    A espcie ocorre em regies temperadas, subtropical e tropical, em

    altitudes de at 2000 m, com temperatura mdia anual em torno de 18C e

    precipitao entre 600 e 2000 mm anuais. O cinamomo tolera perodos secos e,

    quando adultas as rvores resistem a temperaturas de at -15C.

    O cinamomo-gigante, embora apresente comportamento superior em

    solos frteis e profundos, pode ser plantado em solos cidos e arenosos. Em

    solos rasos e pedregosos seu crescimento lento. Solos hidromrficos no

    devem ser usados para a implantao do cinamomo-gigante.

    Nas regies sujeitas a geadas, o cinamomo no deve ser plantado nos

    fundos de vale ou nas encostas com exposio sul.

    SILVICULTURA

    Um problema tcnico desta espcie florestal seu alto grau de variao

    gentica. Dentro da mesma espcie existem, botanicamente, trs formas - a

    "sombrinha", a "comum" e a "gigante" - no muito claramente definidas e capazes de cruzar entre si.

    A forma gigante, s vezes denominada variedade sempervirens, foi

    introduzida em 1946-1947 na Argentina, com sementes do Brasil. Ela diferencia-

  • 39

    se por seu maior tamanho, dominncia apical e retido do tronco, folhas de

    colorao verde mais escura e frutos maiores, com maior nmero de lculos.

    Sua folha persiste por quase todo o inverno, logo as plantas so mais sensveis

    ao frio. As geadas severas ocasionam danos em plantas de at quatro anos.

    Quando em plantios homogneos o cinamomo-gigante requer

    espaamentos amplos, como 4 m x 3 m ou 4 m x 4 m.

    O cinamomo gigante apresenta crescimento rpido, entre 24 e 44

    m/ha/ano em Missiones, Argentina, onde a espcie mais plantada. Nesta

    regio, ele sensvel ao fungo Laetiporus sulphureus, quando em plantios mais

    densos. No Paraguai, Guayabi, sua rotao de 12 a 15 anos, devendo sofrer

    pelo menos dois desbastes, no terceiro e sexto anos, removendo-se em cada

    desbaste 50 % das rvores.

    Os povoamentos podem ser manejados por talhadia. A espcie sensvel

    a competio por plantas invasoras. O cinamomo requer desramas nos dois

    primeiros anos, caso se deseje fustes limpos at 6 m de altura. Em Missiones,

    quando a desrama efetuada em idades mais avanadas, a madeira poder ser

    depreciada pelo ataque do fungo Laetiporus sulphureus, em decorrncia da

    maior dificuldade de cicatrizao.

    UTILIZAO

    O cinamomo-gigante produz madeira de densidade mdia - 0,52 g/cm,

    empregada na fabricao de mveis de luxo, serraria, laminados e

    compensados, estacas, vigas, esquadrias e fins energticos. O cinamomo

    gigante pode ser utilizado em sistemas Agroflorestais.

  • 40

    Figura 6: Aspecto do tronco.

    Figura 7: rvore de Melia azedarach.

  • 41

    LEUCENA

    Nome comum: Leucena Nome cientfico: Leucaena leucocephala Famlia: Mimosoideae

    REA DE OCORRNCIA

    A rea original de ocorrncia natural situa-se nos trpicos latino-

    americanos, provavelmente no Mxico. A L. leucocephala vem sendo plantada a

    bastante tempo (fim do sculo XVI at sculo XVIII) em toda regio tropical.

    A regenerao natural abundante em todas as localizaes e, nas

    Filipinas, chegou a converter a leucena numa essncia tpica das florestas

    secundrias. L. leucocephala pode atualmente ser tambm considerada uma

    essncia pantropical subespontnea. A disperso vertical abrange de 0 a 800 m

    de altitude, em casos isolados at 1000 m.

    At o presente momento so conhecidas mais de cem variedades que

    podem ser ordenadas em trs grupos:

    1) Grupo Hava 2) Grupo Salvador 3) Grupo Peru

    STIO

    A leucena desenvolve-se tanto em regies com quatro a cinco meses

    secos e precipitao entre 400 e 800 mm, como tambm em zonas sem ntidos

    perodos sazonais, com precipitao anual entre 1600 e 2500 mm. Constitui a

    espcie dominante nas zonas ridas do Hava, com precipitao anual de 250

    mm e desenvolve-se ainda no Mxico (Yucatan e Guerrero) com oito meses de

  • 42

    estiagem. A temperatura anual oscila entre 20 e 28C, tolerando leves geadas

    noturnas.

    Graas longa raiz pivotante e capacidade de fixar nitrognio mediante

    rizbios (at 500 Kg N/ha/ano), a espcie consegue se adaptar em substratos

    extremamente diversos.

    A leucena prefere solos profundos e levemente midos. Esta espcie

    tolera tambm solos cidos, apresentando todavia bom crescimento apenas em

    substratos neutros at alcalinos. A espcie considerada muito tolerante a

    salinizao, suporta queimadas e bastante resistente as intempries.

    SILVICULTURA

    Em condies naturais cresce em plena luz, tratando-se de uma espcie

    helifila. Quanto importncia silvicultural esta pode ser descrita de acordo com

    as diversas variedades:

    Grupo Hava Espcie pioneira utilizada para recuperao de solo; Florestamentos anti-eroso (usado em terrao); Produtora de lenha e carvo vegetal; Barreiras de proteo contra ventos.

    Grupo Salvador

    Produo de madeira em massa (madeira para lenha e fabricao de papel), rotaes de 3 a 8 anos e incremento volumtrico mdio de 30 a 40

    m/ha/ano (mx. 100 m/ha/ano);

    Espcie de povoamento auxiliar, rvore sombreadora em regimes de cultura agroflorestal;

    Utilizada em recuperao de solos.

  • 43

    Grupo Peru Especialmente usada para produo de forragem (folhas, flores, frutos, botes, rebentos). Em rotaes de 1 a 3 anos, a produo de matria seca

    atinge 12 a 20 ton/ha/ano.

    Os povoamentos destinados produo de lenha, iniciados por

    semeadura direta fornecem em mdia, aps cinco anos, 200 m/ha de madeira

    aproveitvel, as rebrotaes do cepo chegam a atingir no primeiro ano 5 m de

    incremento em altura e 5 cm de dimetro. Indivduos de bom crescimento

    apresentam em idade de 8 anos DAP entre 21 e 37 cm.

    Nas Filipinas foram registrados incrementos anuais de 24 a 100 m/ha ou

    mais. A espcie possui elevada resistncia contra riscos biticos e abiticos. As

    sementes constituem alvo muito apreciado por insetos, sendo tambm

    freqentes os danos provocados por mordeduras de animais silvestres e de

    pastoreio em povoamentos sem proteo. A nvel de canteiro pode ocorrer

    "damping-off".

    UTILIZAO

    A leucena caracteriza-se como uma essncia florestal de aplicaes

    mltiplas. Flores, folhas, botes e ramos jovens so utilizados como verdura, os

    frutos podem ser comidos crus ou, tostados, serem consumidos como

    sucedneo de caf. Pode ainda ser utilizada como forragem para bovinos,

    ovinos e caprinos, no sendo porm recomendvel para sunos e coelhos

    (mimosina), tampouco se dever utilizar as sementes como forragem para

    eqinos e ovinos (perigo de clicas). As sementes tambm podem ser

    aproveitadas na medicina caseira como terapia contra vermes intestinais,

    gonorria, perturbao de viso, etc. Como adubo verde, a leucena tem uma

    produo equivalente a 550 Kg de nitrognio, 225 Kg de fsforo e 550 Kg de

    potssio/ha/ano.

  • 44

    A casca e outras partes da planta fornecem substncias corantes e tanino

    de qualidade inferior. A madeira bastante dura, pesada (densidade de 0,81

    g/cm), muito durvel e fcil de trabalhar. utilizada como lenha (elevado poder

    calorfico) e na fabricao de papel (madeira para papel de fibras curtas de

    elevada qualidade tcnica, com um rendimento de quase 50%), a madeira ainda

    usada na fabricao de postes, palanques, mobilirio, armaes e na

    construo civil.

  • 45

    ACCIA-NEGRA

    Nome cientfico: Acacia mearnsii De Wild.

    Nome comum: Accia-negra

    Famlia: Leguminosae

    A accia-negra uma espcie florestal que foi introduzida na Brasil, no

    estado do Rio Grande do Sul, na dcada de 30. Atualmente com uma rea

    plantada de 100.000 hectares, envolve cerca de 10.000 pequenos produtores

    rurais.

    Acacia mearnsii pode ser uma rvore de porte mdio, inerme (Marchiori,

    1997), arbusto grande ou uma rvore pequena com ramos recorrentes,

    geralmente atinge uma altura de 6 a 10 m (Medrado & Carvalho, 1998), mas

    pode alcanar uma altura entre 20 m a 25 m (Camillo, 1997). Em povoamentos

    jovens (2,4 anos de idade), dependendo da procedncia, a altura pode ser em

    torno de 9,0 m a 11,0 m (Caldeira, 1998), entretanto em povoamentos com

    idades entre 6 a 7 anos, a altura das rvores de accia-negra fica em torno de

    17,0 m a 18,0 m (Freddo, 1997).

    O rpido crescimento da accia-negra, associado ao aproveitamento

    integral da madeira, torna essa espcie ideal para reflorestamento e para a

    utilizao industrial. Sua contribuio aos mais variados segmentos econmicos

    e industriais ampla, tanto pelo aproveitamento da casca para a extrao de

    tanino (a casca possui cerca de 28% de tanino), quanto pelo uso da madeira

    para diversos fins, tais como a fabricao de papel e celulose, chapas de

    aglomerados, carvo e lenha (Embrapa, 2001).

    A densidade bsica de, aproximadamente, 0,62 g cm-3 a 0,63 g cm-3

    (densidade mdia) (Embrapa, 1986; 1988) e o peso especfico 0,70 g cm-3 a 0,85

    g cm-3 (Carvalho, 1994); a densidade da madeira seca ao ar, segundo Bootle

  • 46

    (1984) varia entre 0,55 g cm-3 a 0,80 g cm-3 e a massa especfica aparente 0,56

    g cm-3 a 0,85 g cm-3 (Carvalho, 1998 a; 1998 b).

    Em relao ao contedo de macronutrientes na madeira de accia--negra,

    Caldeira (1998) observou que em povoamentos jovens com diferentes

    procedncias australianas (Batemans Bay, Bodalla, Lake George Bunge Dore)

    ocorre uma variao desses nutrientes, sendo que o K seguido do N so os

    nutrientes que possuem as maiores concentraes.

    O contedo de nutrientes na madeira sem-casca em accia-negra e

    eucalipto relativamente baixo, por causa do seu baixo teor, apesar deste

    componente possuir maior produo de biomassa (45% a 80% do total)

    (Caldeira, 1998).

    Franco & Dobereiner apud Caldeira (1998) estimam que a fixao de

    nitrognio em Acacia mearnsii fica em torno de 200 kg de N ha-1, pois a taxa de

    fixao varia com a espcie, mas geralmente limitada pelo ambiente.

    De acordo com Franco (1994), as rvores fixadoras de nitrognio, entre

    elas, o gnero Acacia podem contribuir para alta produo de protenas, uso

    eficiente da gua e nutrientes e proteo contra a eroso de solo. Elas podem

    adicionar grandes quantidades de nitrognio ao sistema, isto , acima de 500 kg

    de N ha-1 ano-1 e, ao mesmo tempo, retornar ao horizonte superficial K, Ca e Mg

    das camadas mais profundas do solo.

    STIOS

    A regio de ocorrncia situa-se entre 34 e 44 S, em altitudes desde o

    nvel do mar at 850 m e seu clima caracteriza-se como temperado sub-mido e

    mido, com temperatura mdia mnima do ms mais frio entre 0 e 5C. Nas

    reas da plancie costeira ocorrem de uma a dez geadas por ano; em certas

    reas do planalto podem ocorrer at quarenta geadas e a temperatura mnima

    absoluta pode chegar a -11C. A precipitao anual mdia, na rea de

    ocorrncia natural de 625 a 1000 mm.

  • 47

    A accia-negra fixa nitrognio, atravs de simbiose com Rhizobium, e

    adapta-se a terrenos degradados, bem drenados. Na frica do Sul, a accia-

    negra considerada apta para solos rasos, a partir de 20 cm de profundidade.

    No Brasil a espcie se desenvolve em solos arenosos ou argilo-arenosos, de

    boa permeabilidade, com considervel profundidade, sendo em algumas zonas

    solos oxidados. A maioria dos solos so deficientes de fsforo e calcrio, com

    pH mdio de 5,0.

    A accia-negra cresce em zonas climticas midas e submidas, quentes

    e frias. Essas regies possuem temperatura mxima mdia do ms mais quente

    entre 22 e 28C. No entanto, raramente em locais onde a temperatura ultrapassa

    dos 38 a 40C, encontra-se accia-negra. A temperatura mnima mdia do ms

    mais frio entre 0 a 6C e a temperatura mnima absoluta pode chegar a -11C

    (Embrapa, 1988; Kannegiesser, 1990).

    Povoamentos de accia-negra podem ser estabelecidos em regies de

    ocorrncias natural com precipitaes mdias anuais de 625 a 1.000 mm, at as

    mais elevadas (1.600 mm ano-1) (Kannegiesser, 1990).

    No Brasil, grande parte dos plantios de accia-negra esto na regio

    fisionmica natural do Rio Grande do Sul, denominada de Serra do Sudeste

    (Escudo Rio-Grandense) e Depresso Central (Dedecek et al.;1998).

    O potencial das accias em relao tolerncia s geadas est

    provavelmente associado com a origem, isto , altitude, latitude e distncia do

    banco de sementes. A maior parte do banco de sementes tolerantes s geadas

    so de altitudes altas ou longitudes altas no interior dos stios da Austrlia. Alm

    disso, o teste de variaes de procedncias dentro de espcies desejvel

    (Pollock et al., 1986).

    FATORES PEDOLGICOS E TOPOGRFICOS

    Em conseqncia da sua ampla distribuio, a accia-negra encontrada

    na Austrlia nos mais diferentes tipos de solos e topografia.

  • 48

    Os povoamentos so encontrados em basaltos, granitos e arenitos,

    porm, muito comum em solos derivados de micas e ardsias metamrficas,

    aluviais e podzis florestais profundos de moderado a baixa fertilidade. As

    texturas so, sobretudo argilosas e argilo-arenosas. Os maiores crescimentos da

    espcie so observados em solos midos, relativamente profundos, de textura

    leve, bem-drenados e geralmente cidos, com um pH entre 5 e 6,5 (Marcar &

    Khanna, 1997). No Brasil, alguns povoamentos esto estabelecidos em solos

    com pH (H2O) variando entre 4,2 a 5,2 (Dedecek et al., 1998).

    A accia-negra desenvolve-se em terrenos com topografia montanhosa

    suave e moderada, preferindo as exposies leste e sul (Kannegiesser, 1990).

    CULTIVO DE ACCIA-NEGRA EM CONSRCIO

    Povoamentos florestais consorciados, de acordo com Debell &

    Harrington (1993), podem ser mais produtivos que plantios puros, pois isso se

    deve ao fato de que as plantas de diferentes espcies demandam ou afetam os

    recursos e condies do stio de maneira distinta e em tempos desiguais.

    Na Austrlia, a accia-negra cresce em sub-bosque de bosques altos e

    abertos, dominados por Eucalyptus sp. Em reas de plancie costeiras cresce

    com E. ovata, E. saligna, E. globulus e E. viminalis. Em rea com altitudes altas

    se associa com E. cypellocarpa, E. radiata e E. viminalis (Kannegiesser, 1990).

    O consrcio de uma leguminosa arbrea com eucalipto, a utilizao do

    solo maior, tanto fsica como quimicamente, isto , em funo das diferenas

    no sistema radicular e na exigncia nutricional das espcies. Alm destes efeitos

    aumenta a quantidade de nitrognio do solo pela fixao simbitica, pois a

    serapilheira formada, a partir destas plantas, ser mais rica em nitrognio, o que

    torna a decomposio dos resduos vegetais mais rpida, em funo da maior

    disponibilidade de nitrognio para a atividade microbiana (Vezzani, 1997).

    Sistemas silvipastoris com accia-negra tm demonstrado uma srie de

    vantagens, tais como:

  • 49

    Aumento da renda do produtor atravs da diversificao da produo na propriedade;

    Melhorar a aproveitamento da rea; Propicia uma condio favorvel produo animal, atravs da

    disponibilidade de pastagens durante todo o ano;

    Ameniza os extremos climticos como secas e geadas em pastagens;

    Otimizao da mo-de-obra existente na propriedade; Aumento na oferta de empregos; Reduz a presso sobre florestas nativas, atravs da maior

    produo de madeira.

    UTILIZAO

    Da casca da accia-negra extrado o tanino, utilizado principalmente no curtimento de couro e peles, no tratamento de guas, efluentes e na indstria da

    cana, acar e lcool. A madeira, alm do uso como lenha e carvo, matria-

    prima para a fabricao de papel e celulose.

    PRINCIPAIS PRAGAS E DOENAS

    A gomose, doena do tronco causada por Phytophtora um dos principais problemas fitossanitrios da accia-negra e ocorre nas principais

    regies produtoras do Brasil, da frica do Sul e dos pases asiticos. No Brasil,

    encontra-se distribuda em grande parte das reas produtoras do Rio Grande do

    Sul. Essa doena acarreta prejuzos relevantes cultura da accia-negra,

    principalmente nas pores basal e mediana do tronco.

    O serrador Oncideres impluviata causa grandes danos accia-negra. Os

    danos so causados por insetos adultos que serram os galhos e muitas vezes, o

  • 50

    tronco da accia. Ataca plantas de todas as idades. Quando ataca plantas de

    menos de 4 anos, geralmente provoca a morte.

  • 51

    Unidade 3 EXIGNCIAS EDAFO-CLIMTICAS E POTENCIAL SILVICULTURAL DAS PRINCIPAIS

    NATIVAS PLANTADAS

  • 52

    PINHEIRO-BRASILEIRO Nome popular: Pinheiro-brasileiro, pinho, pinheiro-do-Paran Nome cientfico: Araucaria angustiflia Famlia: Araucariaceae

    CARACTERIZAO DA ESPCIE A Araucaria angustifolia, uma espcie de grande valor comercial, e como

    toda espcie nativa com tal importncia, encontra-se bastante explorada nas

    suas condies de ocorrncia natural. At a atualidade, muitos estudos foram

    realizados com o objetivo de utiliz-la em programas de reflorestamento. Todos

    estes trabalhos levaram em considerao as caractersticas da espcie, no

    ambiente natural, para compreender e definir como esta pode ser utilizada na

    formao de povoamentos, assim como conhecer suas limitaes. Este captulo

    revisa aspectos de ocorrncia, botnica e ecologia da espcie (Figura 1).

    Figura 8: rvore de Araucaria angustifolia

  • 53

    DISTRIBUIO NATURAL KLEIN (1960), registrou que A. angustifolia apresentava-se concentrada

    em densos agrupamentos na parte leste e central do Planalto sul-brasileiro nos

    Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran, ao sul do Estado de

    So Paulo, na Serra da Mantiqueira e atravessando para a Provncia Argentina

    de Misiones. No Rio Grande do Sul os pinhais nativos se encontram na parte

    oriental e central do planalto, e principalmente nos cursos superiores e

    cabeceiras dos rios Ca, Taquari, Jacu e Pelotas. No estado de Santa Catarina

    a espcie se distribui em quase todo o planalto, sendo interrompida por

    formaes de campos naturais. Na costa atlntica h pequenas aglomeraes

    de indivduos (ilhas) da espcie, sobretudo no vale mdio e superior do Itaja. No

    estado do Paran, as matas de araucria ocorrem no leste e no centro do

    planalto, sendo que naquela dcada, de 60, o autor j relatava que grande parte

    j tinha sido explorada; e no lado oeste e norte do estado ocorrem formaes de

    matas mistas. No estado de So Paulo as matas de araucria se limitam

    completamente ao sul. Na serra da Mantiqueira se encontram em altitudes

    maiores de 1300-1600m, em ilhas isoladas. Na Argentina, ocorrem a partir da

    continuidade das matas brasileiras que atravessam entre as latitudes 25o30e

    27o S para a Provncia de Misiones.

    GURGEL FILHO (1980) relata a ocorrncia natural de Araucaria

    angustifolia, entre as latitudes de 18o e 30o S e longitudes de 43o e 57o W,

    citando tambm a ocorrncia da espcie no sul de Minas Gerais.

    MACHADO & SIQUEIRA (1980) associam a ocorrncia da A. angustifolia

    com o clima e relatam que a espcie ocorre em zonas de clima mesotermal, tipo

    climtico C, conforme classificao de Kppen, onde chuvas ocorrem bem

    distribudas durante todo o ano e a temperatura mdia do ms mais frio menor

    de 18o C, podendo ocorrer na classificao Cfa, clima subtropical mido, sem

    estao seca e vero quente e Cfb, que clima subtropical mido sem estao

    seca e vero fresco.

    Trabalhos citados pelos mesmos autores, so mais especficos ao

    estabelecer local de ocorrncia da espcie, pois Magnini (1963) descreve a

  • 54

    ocorrncia de 10 a 20 geadas por ano na regio de maior concentrao de A.

    angustifolia. Oliveira (1948)2 estabeleceu como natural para a ocorrncia da

    espcie temperaturas mdias de 20o e 21o C no vero e 10o e 11o C no inverno;

    e Roger (1953)3 descreveu que a mdia de precipitao anual onde ocorre a A.

    angustifolia sempre superior a 1250 mm, atingindo at 2450mm, em alguns

    locais.

    DESCRIO BOTNICA A A. angustifolia uma espcie pertencente Diviso Gimnospermae,

    Classe Coniferapsida, Ordem Coniferae, e Famlia Araucariaceae. Esta famlia

    tem somente esta espcie no Brasil.

    A espcie arbrea de grande porte apresentando 20 a 50 m de altura e

    1 a 2 m de DAP, tronco cilndrico e reto (REITZ et al., 1980), as plantas possuem

    sexo separado (diica) e a casca espessa, acizentada, spera e

    profundamente fendilhada com descamaes em lminas retangulares, na parte

    superior do tronco (MARCHIORI, 1996). As flores femininas ficam reunidas em

    grandes e densos estrbilos com mais de 200 flores. O vulo formado na

    axilas de um megasporfilo, sendo protegido por folha estril que envolve e

    encerra o vulo fecundado de forma que o grande cone maduro (pinha)

    composto por unidades isoladas denominadas pinho (JOLY, 1993). Estes

    cones femininos, conforme MARCHIORI (1996), so globosos de 10 a 20 cm,

    apresentando maturao entre 20 e 22 meses, quando apresentam as sementes

    comestveis soldadas s escamas de cor castanho avermelhado.

    Conforme REITZ et al. (1980) indivduos desta espcie podem ser

    facilmente reconhecidos na floresta, devido seu tronco cilndrico, fuste comprido,

    casca grossa e rugosa com at 15 cm de espessura apresentando-se resinosa

    no interior e com superfcie externa que se desprende em placas cinzento-

    escuras (Figura 9); as ramificaes so racemosas em verticilos quase

  • 55

    horizontais que se ramificam em ramos secundrios e adensam-se no pice do

    caule, formando copa que parece com candelabro.

    Figura 9: Aspecto da casca do pinheiro-brasileiro.

    ASPECTOS ECOLGICOS Conforme KLEIN (1960) a A. angustifolia se comporta como todas as

    espcies pioneiras com as quais ocorre, devendo ser considerada como tal,

    decorrendo da o fato de suas plntulas helifilas se prestarem para a silvicultura

    em campo aberto.

    O vigor do crescimento est muitas vezes associado s formas de

    ocorrncia da espcie. Os indivduos que crescem isolados apresentam ramos

    at prximo ao solo com tronco curto e engrossado; e os indivduos que ocorrem

    na mata so mais esguios, pois quando jovens necessitam vencer a mata em

    busca de luz. A copa tambm diferencia-se por ser reduzida com poucos

    verticilos distanciados e frouxos. Os exemplares velhos so caracterizados por

    apresentarem-se com estreitamento dos verticilos apicais, prenuncio do trmino

    de seu crescimento (REITZ et al., 1980).

  • 56

    Os pinheirais mais densos, vistos de cima, parecem formarem

    povoamentos puros, porm seus subosques so formados por diversos

    agrupamentos de diferentes espcies que dependem do local (KLEIN, 1984). No

    entanto, conforme REITZ et al. (1980) a freqncia e densidade de indivduos

    dependem do estgio de desenvolvimento do pinhal, solo e ambiente, sendo que

    nas reas de ocorrncia natural da espcie h variao de 1 a 200 indivduos

    por hectare.

    Os indivduos apresentam rvores masculinas e femininas (espcie

    diica), na proporo em torno de 1:1, em povoamentos naturais (CARVALHO,

    1994). A polinizao ocorre em setembro no sul (REITZ et al., 1980) e outubro e

    novembro em Minas Gerais, atravs do vento. A produo de sementes, no

    Brasil, ocorre de maro a setembro (CARVALHO, 1994), especificamente, no

    Rio Grande do Sul, de abril a julho (REITZ et al., 1980; MARCHIORI, 1996).

    As sementes tm disperso por autocrica e algumas vezes zoocoria

    atravs de aves e roedores (CARVALHO, 1994). A disperso foi estudada por

    ALBERTS (1992) o qual observou que o esquilo (Sciurus aestuans) alimentava-

    se com a semente (pinho) e muitas vezes longe da fonte, as enterrava devido

    competio com indivduos da mesma espcie.

    CARACTERSTICAS FSICAS E QUMICAS DO SOLO Muitos autores descrevem o solo como um dos fatores limitantes para o

    crescimento de Araucaria angustifolia (DIETRICH, 1977; HOOGH et al., 1980;

    BLUM, 1980a; SPELTZ et al., 1980a; CARVALHO, 1994).

    De acordo com BLUM (1980a) espcie do gnero Araucaria desenvolve bem

    em solos que apresentam-se com caractersticas fsicas estveis, que

    condicionam o elevado potencial qumico e microbiolgico, permitindo maior

    suprimento de gua e nutrientes.

    Conforme reviso de CARVALHO (1994) a A. angustifolia apresenta

    enorme diferena de produo em funo de diferentes tipos de solo, podendo

    ter incremento anual de 26 m3/ ha ou 1m3/ ha. O mesmo autor relata que as

    reas de Latossolo Roxo que encontram-se no oeste e sudoeste do Paran e

  • 57

    oeste de Santa Catarina, principalmente aqueles em que houve recente

    derrubada e apresentam pH menor de 6, so ideais para o plantio de A.

    angustifolia. Estas reas alm de apresentarem horizonte A bem desenvolvido

    com alto teor de clcio e magnsio ou alta saturao de bases, so porosos e

    bem drenados, mas com alta reteno de gua.

    Estes relatos concordam com trabalhado realizado por CASSOL (1982) em

    plantio na regio de Passo Fundo, RS, tendo sido observado que o Latossolo

    Roxo mostrou-se mais adequado para o plantio de Araucaria angustifolia,

    permitindo maior crescimento e produtividade em relao aos solos Litlico e

    Gley Pouco Hmico, com produtividade de 63% e 79%, respectivamente.

    Tambm foi concludo que a limitao de crescimento e produtividade pode

    ocorrer devido fatores como profundidade, drenagem e aerao do solo; e

    impedimentos mecnicos para o crescimento do sistema radicular.

    A Araucariaceae necessita de elevada quantidade de potssio (K), clcio

    (Ca), magnsio (Mg), boro (B), nitrognio (N) e fsforo (P), na fase inicial de

    crescimento (BLUM, 1980b). No entanto, estudo de HOOGH et al. (1980)

    especifica que em Araucaria angustifolia o N e K so mais efetivos quando

    aplicados 1 ano aps o plantio e o N no pode ser aplicado antes do plantio para

    evitar o aumento da competio com ervas daninhas.

    Durante os simultneos lanamentos e plena diferenciao meristemtica

    dos ramos, no perodo vegetativo, a araucria necessita de contnua e elevada

    quantidade de nutrientes para seu crescimento (BLUM, 1990b), o que deve ser

    levado em considerao no momento do plantio. O mesmo autor citou trabalho

    realizado por Andrae & Krapfenbauer (1976)4 os quais observaram, em plantio

    de 17 anos, que a camada de liteira proveniente da deposio da Araucaria

    angustifolia decompunha num perodo de 11 a 17 meses, o que seria uma fonte

    de nutrientes na reciclagem.

    DIETRICH (1977) testou a utilidade da anlise foliar na determinao

    nutricional da araucria e constatou que elementos como o clcio, magnsio,

    mangans e ferro apresentam distribuio vertical regular bem caracterstica na

  • 58

    copa, apesar desta distribuio poder ser influenciada pelas condies edficas.

    Contudo, em decorrncia desta distribuio regular, o pesquisador recomenda o

    terceiro verticilo para amostragem, o que representa bem o teor mdio dos

    nutrientes.

    IMPLANTAO DE POVOAMENTOS Para a implantao de um povoamento de A. angustifolia fundamental a

    escolha do local, considerando que a espcie exigente s condies de solo, e

    se implantada por semeadura direta (mtodo mais utilizado) sofrer muito com a

    competio caso no tenha o terreno bem preparado. KLEIN (1960) e REITZ

    (1980) sugerem que o reflorestamento com esta espcie deva ocorrer nas reas

    de contato do pinheiro com as florestas latifoliadas, considerando que estas rea

    so dominadas por espcies pioneiras, que impedem a regenerao natural da

    A. angustifolia, embora, esta rea seja de ocorrncia natural de indivduos

    adultos, principalmente nos terrenos ondulados da Serra Geral, recentemente

    ocupados por florestas latifoliadas e onde se encontram solos mais ricos em

    hmus.

    A formao de um povoamento puro ou o enriquecimento de capoeira com A.

    angustifolia podem ser realizados atravs de semeadura ou plantio. Cada

    sistema apresenta suas vantagens, mas tambm restries. Por exemplo, a

    semeadura direta um mtodo que foi muito utilizado para formao de

    povoamentos desta espcie, apresentando como vantagem o fato de que com

    pouca umidade consegue germinar, alm de no necessitar de transplante; por

    outro lado a disponibilidade e custo de sementes associada a predao pela

    fauna, e a competio com ervas daninhas poder limitar o mtodo. Enquanto

    as mudas, quando produzidas em viveiro para posterior plantio, permitem maior

    aproveitamento inicial das sementes, mas sofrem com o transplante e

    necessitam de perodo de chuva para serem levadas ao campo.

  • 59

    ESPAAMENTO PARA PLANTIO A semeadura direta em campo considerado mais adequado para A.

    angustifolia sob superlotao inicial (6 a 12 mil sementes/ ha) e posterior

    seleo, o que deixa as plantas mais vigorosas (CARVALHO, 1994), porm, o

    espaamento pode ser variado conforme o objetivo da formao da floresta.

    Por outro lado, estudos evidenciaram que no existe razo para adoo de

    espaamentos muito pequenos (variaes de 1x1m at 2x2m), a no ser para

    comercializao de rvores de natal, proveniente do material de desbaste, pois a

    espcie apresenta grande sensibilidade para as condies de densidade de

    povoamentos puros equinios (GURGEL FILHO, 1980).

    MONTEIRO & SP