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Expressões Regulares

Uma Expressão Regular (ER) é um método formal de se especificar um padrão de texto.É uma composição de símbolos, caracteres com funções especiais, chamados "metacaracteres" que, agrupados entre si e com caracteres literais, formam uma seqüência, uma expressão. Essa expressão é testada em textos e retorna sucesso caso este texto obedeça exatamente a todas as suas condições. Diz-se que o texto "casou" com a expressão.A ERs servem para se dizer algo abrangente de forma específica. Definido o padrão de busca, tem-se uma lista (finita ou não) de possibilidades de casamento. Em um exemplo rápido, [rgp]ato pode casar "rato", "gato" e "pato".As ERs são úteis para buscar ou validar textos variáveis como:

• data;• horário;• número IP;

• endereço de e-mail;• endereço de Internet;• declaração de uma função ();

• dados na coluna N de um texto;

• dados que estão entre <tags></tags>;

• número de telefone, RG, CPF, cartão de crédito.

Vários editores de texto e linguagens de programação têm suporte a ERs, então o tempo investido em seu aprendizado é recompensado pela larga variedade de aplicativos onde ele pode ser praticado.Comando grep

Para não precisar listar todo o conteúdo de um arquivo por completo para apenas saber os dados do usuário "root", pode-se usar o grep para pesquisar e retornar somente a linha dele. O comando grep tem o seguinte formato:

grep palavra arquivo

Vamos utilizar como exemplo o arquivo /etc/passwd, que é a base de usuários de um sistema UNIX/Linux. Vale a pena, antes, verificar como que se constitui esse arquivo dando o comando:

$cat /etc/passwd

Observa-se que serão obtidas várias linhas, onde cada um se refere a um usuário diferente. E cada linha possui o seguinte formato:

login : senha : UID : GID : Nome completo : Diretório $HOME : shell

Voltando ao grep.

Para "pescar" somente a linha do usuário root faremos:

aluno@computador:~$ grep root /etc/passwdroot:x:0:0:root:/root:/bin/bash

Os Metacaracteres

Cada metacaracteres é uma ferramenta que tem uma função específica. Servem para dar mais poder às pesquisas, informando padrões e posições impossíveis de se especificar usando somente caracteres normais.

Os metacaracteres são pequenos pedacinhos simples, que agrupados entre si ou com caracteres normais formam algo maior, uma expressão. O importante é compreender bem cada um individualmente, e depois apenas lê-los em seqüência.

1. Metacaracteres Representantes

São aqueles cuja função é representar um ou mais caracteres.Ponto .Lista [...]Lista Negada [^...]

O ponto

O ponto é nosso curinga solitário, que está sempre à procura de um casamento não importa com quem seja. Pode ser um número, uma letra, um TAB, um \@, o que vier ele traça, pois o ponto casa qualquer coisa.

Exemplos:"n.o" casaria: não, nao, ...".eclado" casaria: teclado, Teclado, ..."12.45" casaria: 12:45, 12 45, 12.45, …

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A lista

Bem mais exigente que o ponto, a lista não casa com qualquer um. Ela sabe exatamente o que quer, e nada diferente daquilo, a lista casa com quem ela conhece. Toda "lista" (os colchetes e seu conteúdo) vale para apenas uma posição, um caractere, por maior que seja.

Exemplos:n[ãa]o não, nao, ...[Tt]eclado teclado, Teclado, ....12[:. ]45 12:45, 12 45, 12.45, ...

A lista é de certa forma exigente. Sendo assim:EvitePrefira:[0123456789] [0-9][0-9][0-9]:[0-9][0-9] [012][0-9]:[0-5][0-9][A-z] [A-Za-z]

Lista negada

A lista negada é exatamente igual à lista, podendo ter caracteres literais, intervalos e classes POSIX. Tudo o que se aplica a lista normal, se aplica à negada também.

A única diferença é que ela possui lógica inversa, ou seja, ela casará com qualquer coisa, fora os componentes listados.

Observe que a diferença em sua notação é que o primeiro caractere da lista é um circunflexo, ele indica que esta é uma lista negada. Então, se [0-9] são números, [^0-9] é qualquer coisa fora números. Pode ser letras, símbolos, espaço em branco, qualquer coisa menos números. Porém, ao iniciar o circunflexo (^) fora das chaves possui outro significado diferente: simboliza o início de uma linha.

Mas tem de ser alguma coisa. Só porque ela é uma lista negada isso não significa que ela pode casar "nada".

Exemplos:

[A-Z^] casa maiúsculas e o circunflexo e [^A-Z^] casa tudo fora isso.

Como mandam as regras da boa escrita, sempre após caracteres de pontuação como a vírgula ou o ponto, devemos ter um espaço em branco os separando do resto do texto.

Então, vamos procurar por qualquer coisa que não o espaço após a pontuação:[:;,.!?][^ ]

Metacaracteres quantificadores

Os quantificadores servem para indicar o número de repetições permitidas para a entidade imediatamente anterior. Essa entidade pode ser um caractere ou metacaractere. Em outras palavras, eles dizem a quantidade de repetições que o átomo anterior pode ter, quantas vezes ele pode aparecer.

São eles:opcional ?asterisco *mais +chaves {}

Opcional

É útil para procurar palavras no singular e plural e pode ser tornar opcionais caracteres e metacaracteres.Exemplos:

Expressão Casa comOndas? Onda OndasSenadora? Senador Senadora[BFM]?ala ala Bala Fala Mala

Asterisco

Pode aparecer em qualquer quantidade. O curinga .* é o tudo e o nada, qualquer coisa.Exemplos:6*0 0, 60, 660, 6660, ..., 666666666660, ...bi*p bp, bip, biip, biiip, biiiip...b[ip]* b, bi, bip, biipp, bpipipi, biiiiip ...

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Mais

Tem funcionamento idêntico ao do asterisco, tudo o que vale para um, se aplica ao outro. A única diferença é que o mais (+) não é opcional, então a entidade anterior deve casar pelo menos uma vez, e pode ter várias. Sua utilidade é quando queremos no mínimo uma repetição.

Exemplos:6+0 60, 660, 6660, ..., 666666660, ...bi+p bip, biip, biiip, biiiip...b[ip]+ bi, bip, biipp, bpipipi, biiiiip, bppp, ...

Chaves

As chaves são a solução para uma quantificação mais controlada, onde se pode especificar exatamente quantas repetições se quer da entidade anterior.Colocando um número entre chaves "{ }", indica-se uma quantidade de repetições do caractere (ou metacaractere) anterior. As chaves são precisas podendo especificar um número exato, um mínimo, um máximo, ou uma faixa numérica. Elas, inclusive, simulam o *, + e ?.

Exemplos:{n,m} significa de n até m vezes, assim algo como 6{1,4} casa 6, 66, 666 e 6666. Só, nada mais que isso.{0,1} zero ou 1 (igual ao opcional){0,} zero ou mais (igual ao asterisco){1,} um ou mais (igual ao mais){3} exatamente

Metacaracteres tipo âncora

São aqueles que não casam caracteres ou definem quantidades, ao invés disso eles marcam uma posição específica na linha. Assim, eles não podem ser quantificados, então o mais, o asterisco e as chaves não têm influência sobre âncoras:

São eles:

• cincunflexo - ^• cifrão - $• borda - /b

Explicando cada metacaractere

1. Circunflexo - ^

Este metacaractere (do tipo de posicionamento por representar uma posição específica da linha) simboliza o início de uma linha. É também o marcador de lista negada, mas apenas dentro da lista (e no começo), fora dela ele é a âncora que marca o início de uma linha, veja:

^[0-9] significa que casa com uma linha começando com qualquer algarismo. O inverso disso seria: ^[^0-9]

2. Cifrão - o fim $

Este é similar e complementar ao circunflexo, pois representa o fim de uma linha e só é válido no final de uma expressão regular.

Quando demos o comando:

$ grep bash$ /etc/passwd

Significa que procuramos pela palavra "bash" no final da linha, ou ainda, a palavra "bash" seguida de um fim de linha.

Esse cifrão é o mesmo caractere que é utilizado para identificar as variáveis do shell, como $PWD e $HOME. Para evitar possíveis problemas com a expansão de variáveis, é preciso "proteger" a expressão regular passada ao grep. A proteção é feita colocando-se a ER entre 'aspas simples' fazendo:

$ grep 'bash$' /etc/passwd

Veja outros exemplos:[0-9]$ - casa linhas que terminam com um número^$ - casa com linhas vazias^.{20,60}$ - casa com linhas que têm entre 20 e 60 caracteres

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3. Borda - a limítrofe \b

A borda marca os limites de uma palavra, ou seja, onde ela começa e/ou termina. É muito útil para casar palavras exatas, e não partes de palavras. Palavra aqui é um conceito que engloba [A-Za-z0-9_] apenas, ou seja, letras, números e o sublinhado.

Veja os exemplos:Veja como se comportam as ERs nas palavras dia, diafragma, radial, melodia e bom-dia!:dia --- dia, diafragma, radial, melodia, bom-dia!\bdia --- dia, diafragma, bom-dia!dia\b --- dia, melodia, bom-dia!\bdia\b --- dia, bom-dia!

Outros metacaracteres

Vamos ver outros metacaracteres, que têm funções específicas e não relacionadas entre si, portanto não podem ser agrupados em outra classe fora a tradicional "outros". Mas atenção, isso não quer dizer que eles são inferiores, pelo contrário, o poder das ERs é multiplicado com seu uso e um mundo de possibilidades novas se abre a sua frente.

São eles:

• escape \ • ou | • grupo () • retrovisor /n

Explicando-os melhor...

1. Escape - a criptonita \

Temos duas formas de casar um metacaractere dentro de uma ER:

• Usando Listas: Lua[*] casa com Lua*• "Escapando" o Caractere: Lua\* casa com Lua*

Isto é, a contrabarra (\) "escapa" qualquer metacaractere, tirando todos os seus poderes. O escape é tão poderoso que pode escapar a si próprio! O \ casa uma barra invertida \ literal. Então, agora que sabemos muito sobre ERs, que tal uma expressão para casar um número de RG? Lembre que ele tem o formato n.nnn.nnn-n, é fácil!

[0-9]\.[0-9]{3}\.[0-9]{3}-[0-9]

O \* = [*] = asterisco literal

Ironia -> O escape escapa o escape, escapando-se a si próprio simultaneamente.

2. Ou - o alternativo |

Para procurar por uma coisa ou outra, deve-se usar o pipe "|" e delimitar as opções com os parênteses " ". É muito comum em uma posição específica de nossa Expressão Regular (ER) termos mais de uma alternativa possível, por exemplo, ao casar um cumprimento amistoso, podemos ter uma terminação diferente para cada parte do dia:

boa-tarde|boa-noite

O 'ou' serve para esses casos em que precisamos dessas alternativas. Essa ER se lê: "ou boa-tarde, ou boa-noite", ou seja "ou isso ou aquilo". Lembre que a lista também é uma espécie de ou (|), mas apenas para uma letra, então:

[gpr]ato é o mesmo que gato|pato|rato

São similares, embora nesse caso em que apenas uma letra muda entre as alternativas, a lista é a melhor escolha. Em outro exemplo, o ou é útil também para casarmos um endereço de Internet, que pode ser uma página, ou um sítio FTP

http://|ftp://

3. Grupo - o pop (...)

Assim como artistas famosos e personalidades que conseguem arrastar multidões, o grupo tem o dom de juntar vários tipos de sujeitos em um mesmo local. Dentro de um grupo podemos ter um ou mais caracteres, metacarateres e inclusive outros grupos! Como em uma expressão matemática, os parênteses definem um grupo, e seu conteúdo pode ser visto como um bloco na expressão.

Todos os metacaracteres quantificadores que vimos anteriormente, podem ter seu poder ampliado pelo grupo, pois ele lhes dá mais abrangência. E o 'ou', pelo contrário, tem sua abrangência limitada pelo grupo, e pode parecer estranho, mas é essa limitação que lhe dá mais poder.

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Em um exemplo simples,

(ai)+ agrupa a palavra ai e esse grupo está quantificado pelo mais (+). Isso quer dizer que casamos várias repetições da palavra, como ai, aiai, aiaiai, ... E assim podemos agrupar tudo o que quisermos, literais e metacaracteres, e quantificá-los:

(ha!)+ ha!, ha!ha!, ha!ha!ha!, ...

(\.[0-9]){3} .0.6.2, .2.8.9, .6.6.6, ...

(www\.)?zz\.com www.zz.com, zz.com

E em especial nosso amigo ou ganha limites ou seu poder cresce:

boa-(tarde|noite) boa-tarde, boa-noite

(#|n\.|núm) 6 # 6, n. 6, núm 6

(in|con)?certo incerto, concerto, certo

Podemos criar subgrupos também, então imagine que você esteja procurando o nome de um supermercado em uma listagem e não sabe se este é um mercado, supermercado ou um hipermercado.

(super|hiper)mercado

Consegue casar as duas últimas possibilidades, mas note que nas alternativas super e hiper temos um trecho per comum aos dois, então podíamos "alternativizar" apenas as diferenças su e hi:

(su|hi)permercado

Precisamos também casar apenas o mercado sem os aumentativos, então temos de agrupá-los e torná-los opcionais:

((su|hi)per)?mercado

Ei! E se tivesse minimercado também?

(mini|(su|hi)per)?mercado

4. Retrovisor - o saudosista \1 ... \9

(quero)-\1

Mas esse \1 não é o tal do escape?

Pois é, lembra que o escape (\) servia para tirar os poderes do metacaractere seguinte. Então, a essa definição agora incluímos: a não ser que este próximo caractere seja um número de 1 a 9, então estamos lidando com um retrovisor.

Notou o detalhe? Podemos ter no máximo 9 retrovisores por ER, então \10 é o retrovisor número 1 seguido de um zero.

O verdadeiro poder do retrovisor é quando não sabemos exatamente qual texto o grupo casará. Vamos estender o quero do exemplo anterior para "qualquer palavra":

([A-Za-z]+)-\1

Viu o poder dessa ER? Ela casa palavras repetidas, separadas por um traço, como o próprio quero-quero, e mais: bate-bate, come-come, etc. Mas, e se tornássemos o traço opcional?

([A-Za-z]+)-?\1

Com uma modificação pequena, fazemos um minicorretor ortográfico para procurar por palavras repetidas como estas em um texto:

([A-Za-z]+) \1

Mas lembre-se que procuramos por palavras inteiras e não apenas trechos delas, então precisamos usar as bordas para completar nossa ER:

\b([A-Za-z]+) \1\b

Como já dito, podemos usar no máximo nove retrovisores. Vamos ver uns exemplos com mais de um de nossos amigos novos:

• (lenta)(mente) é \2 \1 lentamente é mente lenta• ((band)eira)nte \1 \2a bandeirante bandeira

banda

• in(d)ol(or) é sem \1\2 indolor é sem dor• ((((a)b)c)d)-1 = \1,\2,\3,\4 abcd-1 =

abcd,abc,ab,a

Repare que numeram-se retrovisores contando os grupos da esquerda para a direita.

Repare que numeram-se retrovisores contando os grupos da esquerda para a direita.

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Ao usar um (grupo) qualquer, você ganha um brinde, e muitas vezes nem sabe. O brinde é o trecho de texto casado pela ER que está no grupo, que fica guardado em um cantinho especial e pode ser usado em outras partes da mesma ER.

Então, o retrovisor \1é uma referência ao texto casado do primeiro grupo, nesse caso quero, ficando, no fim das contas, a expressão que queríamos. O retrovisor pode ser lembrado também como um link ou um ladrão, pois copia o texto do grupo.

Como o nome diz, é retrovisor porque ele "olha pra trás", para buscar um trecho já casado. Isso é muito útil para casar trechos repetidos em uma mesma linha. Veja bem, é o texto, e não a ER.

Como exemplo, em um texto, procuramos quero-quero. Podemos procurar literalmente por quero-quero, mas assim não tem graça, vamos usar o grupo e o retrovisor para fazer isso.

Ambiente shell

Diálogo entre ouvido um Linuxer e um empurrador de mouse:

- Quem é o Bash?

- O Bash é o filho mais novo da família Shell.

- Pô cara! Estás a fim de me deixar maluco? Eu tinha uma dúvida e você me deixa com duas!

- Não, maluco você já é há muito tempo. Desde que se decidiu a usar aquele sistema operacional que você tem que dar dezboots por dia e não tem domínio nenhum sobre o que está acontecendo no seu computador. Mas deixa isso prá lá, vou te explicar o que é Shell e os componentes de sua família e ao final da explanação você dirá: "Meu Deus do Shell! Porque eu não optei pelo Linux antes?".

O ambiente Linux

Para você entender o que é e como funciona o Shell, primeiro será mostrado como funciona o ambiente em camadas do Linux. Dê uma olhada no gráfico abaixo:

Neste gráfico dá para ver que a camada de hardware é a mais profunda e é formada pelos componentes físicos do seu computador. Envolvendo esta, vem a camada do kernel que é o cerne do Linux, seu núcleo, é quem coloca o hardware para funcionar fazendo seu gerenciamento e controle. Os programas e comandos que envolvem o kernel, dele se utilizam para realizar as tarefas aplicativas para que foram desenvolvidos. Fechando tudo isso vem o Shell que leva este nome porque em inglês, Shell significa concha, carapaça, isto é, fica entre o usuário e o sistema operacional, de forma que tudo que interage com o sistema operacional, tem que passar pelo seu crivo.

O ambiente Shell

Bom já que para chegar ao núcleo do Linux, no seu kernel que é o que interessa a todo aplicativo, é necessária a filtragem do Shell, vamos entender como ele funciona de forma a tirar o máximo proveito das inúmeras facilidades que ele nos oferece.

O Linux por definição é um sistema multiusuário - não podemos nunca esquecer disto - e para permitir o acesso de determinados usuários e barrar a entrada de outros, existe um arquivo chamado /etc/passwd que além de fornecer dados para esta função de "leão-de-chácara" do Linux, também provê informações para o login daqueles que passaram por esta primeira barreira. O último campo de seus registros informa ao sistema qual Shell a pessoa receberá ao se "logar" (ARGH!!!).

Lembra que foi falado de Shell, família, irmão? Pois é, vamos começar a entender isto: o Shell, que se vale da imagem de uma concha envolvendo o sistema operacional propriamente dito, é o nome genérico para tratar os filhos desta idéia que, ao longo dos anos de existência do sistema operacional Unix foram aparecendo. Atualmente existem diversos sabores de Shell, dentre estes é destacado o sh (Bourne Shell), o ksh (Korn Shell), bash (Bourne Again Shell) e o csh (C Shell).

Uma rapidinha nos principais sabores de Shell

Bourne Shell (sh)

Desenvolvido por Stephen Bourne da Bell Labs (da AT&T onde também foi desenvolvido o Unix), este foi durante muitos anos o Shell default do sistema operacional Unix. É também chamado de Standard Shell por ter sido durante vários anos o único e até hoje é o mais utilizado até porque ele foi portado para todos os ambientes Unix e distros Linux.

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Korn Shell (ksh)

Desenvolvido por David Korn, também da Bell Labs, é um superset do sh, isto é, possui todas as facilidades do sh e a elas agregou muitas outras. A compatibilidade total com o sh vem trazendo muitos usuários e programadores de Shell para este ambiente.

Bourne Again Shell (bash)

Este é o Shell mais moderno e cujo número de adeptos mais cresce em todo o mundo, seja por ser o Shell default do Linux, seu sistema operacional hospedeiro, seja por sua grande diversidade de comandos, que incorpora inclusive diversos instruções características do C Shell.

C Shell (csh)

Desenvolvido por Bill Joy da Berkley University é o Shell mais utilizado em ambientes *BSD e Xenix. A estruturação de seus comandos é bem similar à da linguagem C. Seu grande pecado foi ignorar a compatibilidade com o sh, partindo por um caminho próprio.

Além destes Shells existem outros, mas irei falar contigo somente sobre os três primeiros, tratando-os genericamente porShell e assinalando as especificidades de cada um que porventura hajam.

Quando eu disse que o último campo do /etc/passwd informa ao sistema qual é o Shell que o usuário vai receber ao se "logar", é para ser interpretado ao pé-da-letra, isto é, se neste campo do seu registro estiver prog, a pessoa ao acessar o sistema receberá a tela de execução do programa prog e ao terminar a sua execução ganhará imediatamente um logout. Imagine o quanto se pode incrementar a segurança com este simples artifício.

Explicando o funcionamento do Shell

O Shell é o primeiro programa que você ganha ao se "logar" no Linux. É ele que resolverá várias coisas de forma a não onerar o kernel com tarefas repetitivas, aliviando-o para tratar assuntos mais nobres. Como cada usuário possui o seu próprio Shell interpondo-se entre ele e o Linux, é o Shell quem interpreta os comandos que são teclados e examina as suas sintaxes, passando-os esmiuçados para execução.

- Êpa! Esse negócio de interpretar comando não tem nada a haver com interpretador não, né?

- Tem sim, na verdade o Shell é um interpretador (ou será intérprete) que traz consigo uma poderosa linguagem com comandos de alto nível, que permite construção de loops (laços), de tomadas de decisão e de armazenamento de valores em variáveis, como vou te mostrar.

Vou te explicar as principais tarefas que o Shell cumpre, na sua ordem de execução. Preste atenção nesta ordem porque ela é fundamental para o entendimento do resto do nosso bate papo.

Exame da Linha de Comandos

Neste exame, o Shell identifica os caracteres especiais (reservados) que têm significado para interpretação da linha, logo após verifica se a linha passada é um comando ou uma atribuição.

Comando

Quando uma linha é digitada no prompt do Linux, ela é dividida em pedaços separados por espaço em branco: o primeiro pedaço é o nome do programa que terá sua existência pesquisada; identifica em seguida, nesta ordem, opções/parâmetros, redirecionamentos e variáveis.

Quando o programa identificado existe, o Shell verifica as permissões dos arquivos envolvidos (inclusive o próprio programa), dando um erro caso você não esteja credenciado a executar esta tarefa.

Atribuição

Se o Shell encontra dois campos separados por um sinal de igual (=) sem espaços em branco entre eles, identifica esta seqüência como uma atribuição.

Exemplos

$ ls linuxlinux 

Neste exemplo o Shell identificou o ls como um programa e o linux como um parâmetro passado para o programa ls.

$ valor=1000

Neste caso, por não haver espaços em branco (já dá para notar que o branco é um dos caracteres reservados) o Shell identificou uma atribuição e colocou 1000 na variável valor.

Jamais Faça:

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$ valor = 1000bash: valor: not found

Neste caso, o Bash achou a palavra valor isolada por brancos e julgou que você estivesse mandando executar um programa chamado valor, para o qual estaria passando dois parâmetros: = e 1000.

Resolução de Redirecionamentos

Após identificar os componentes da linha que você teclou, o Shell parte para a resolução de redirecionamentos. O Shell tem incorporado ao seu elenco de vantagens o que chamamos de redirecionamento, que pode ser de entrada (stdin), de saída (stdout) ou dos erros (stderr), conforme será explicado a seguir.

Substituição de Variáveis

Neste ponto, o Shell verifica se as eventuais variáveis (parâmetros começados por $), encontradas no escopo do comando, estão definidas e as substitui por seus valores atuais

Substituição de Meta Caracteres

Se algum metacaractere (*, ? ou []) foi encontrado na linha de comando, neste ponto ele será substituído por seus possíveis valores. Supondo que o único arquivo no seu diretório corrente começado pela letra n seja um diretório chamado "nomegrandeprachuchu", se você fizer:

$ cd n*

Passa Linha de Comando para o kernel

Completadas as tarefas anteriores, o Shell monta a linha de comandos, já com todas as substituições feitas, chama o kernel para executá-la em um novo Shell (Shell filho), ganhando um número de processo (PID ou Process Identification) e permanece inativo durante a execução do programa. Uma vez encerrado este processo (juntamente com o Shell filho), recebe novamente o controle e, exibindo um prompt, mostra que está pronto para executar outros comandos.

Decifrando a Pedra da Roseta

Para tirar aquela sensação que você tem quando vê um script Shell, que mais parece uma sopa de letrinhas ou um hieróglifo vou lhe mostrar os principais caracteres especiais para que você saia por ai como o Jean-François Champollion decifrando a Pedra da Roseta (dê uma googlada para descobrir quem é este cara, acho que vale a pena).

Caracteres para remoção do significado

É isso mesmo, quando não se deseja que o Shell interprete um caractere especial, deve-se "escondê-lo" dele. Isso pode ser feito de três formas distintas:

Apóstrofo ou plic (')

Quando o Shell vê uma cadeia de caracteres entre apóstrofos ('), ele tira os apóstrofos da cadeia e não interpreta seu conteúdo. 

$ ls linux*linuxmagazine$ ls 'linux*'bash: linux* no such file or directory

No primeiro caso o Shell "expandiu" o asterisco e descobriu o arquivo linuxmagazine para listar. No segundo, os apóstrofos inibiram a interpretação do Shell e veio a resposta que não existe o arquivo linux*.

Contrabarra ou Barra Invertida (\)

IIdêntico aos apóstrofos exceto que a barra invertida inibe a interpretação somente do caractere que a segue.

Suponha que você, acidentalmente, tenha criado um arquivo chamado * (asterisco) - que alguns sabores de Unix permitem - e deseja removê-lo. Se você fizesse:

$ rm *

Você estaria fazendo a maior encrenca, pois o rm removeria todos os arquivos do diretório corrente. A melhor forma de fazer o pretendido é:

$ rm \*

Desta forma, o Shell não interpretaria o asterisco, e em conseqüência não faria a sua expansão.

Faça a seguinte experiência científica:

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$ cd /etc$ echo '*'$ echo \*$ echo *

Viu a diferença? Então não precisa explicar mais.

Aspas (")

Exatamente igual ao apóstrofo exceto que, se a cadeia entre aspas contiver um cifrão ($), uma crase (`), ou uma barra invertida (\), estes caracteres serão interpretados pelo Shell.

Não precisa se estressar, eu não te dei exemplos do uso das aspas por que você ainda não conhece o cifrão ($) nem a crase (`). Daqui para frente veremos com muita constância o uso destes caracteres especiais, o mais importante é entender o significado de cada um.

Caracteres de redirecionamento

A maioria dos comandos tem uma entrada, uma saída e pode gerar erros. Esta entrada é chamada Entrada Padrão ou stdin e seu default é o teclado do terminal. Analogamente, a saída do comando é chamada Saída Padrão ou stdout e seu default é a tela do terminal. Para a tela também são enviadas por default as mensagens de erro oriundas do comando que neste caso é a chamada Saída de Erro Padrão ou stderr. Veremos agora como alterar este estado de coisas.

Vamos fazer um programa gago. Para isto faça:

$ cat

O cat é uma instrução que lista o conteúdo do arquivo especificado para a Saída Padrão (stdout). Caso a entrada não seja definida, ele espera os dados da stdin. Como não foi especificada a entrada, ele está esperando-a pelo teclado (Entrada Padrão) e como também não foi citada a saída, o que será teclado irá para a tela (Saída Padrão) fazendo desta forma, um programa gago. Experimente!

Redirecionamento da Saída Padrão

Para especificarmos a saída de um programa usamos o > (maior que) ou o >> (maior, maior) seguido do nome do arquivo para o qual se deseja mandar a saída.

Vamos transformar o programa gago em um editor de textos (que pretensão heim!). 

$ cat > Arq

O cat continua sem ter a entrada especificada, portanto está aguardando que os dados sejam teclados, porém a sua saída está sendo desviada para o arquivo Arq. Assim sendo, tudo que esta sendo teclado esta indo para dentro de Arq, de forma que fizemos o editor de textos mais curto e ruim do planeta.

Se eu fizer novamente:

$ cat > Arq

Os dados contidos em Arq serão perdidos, já que antes do redirecionamento o ShellArq estava vazio. Para colocar mais informações no final do arquivo eu deveria ter feito: criará um

$ cat >> Arq

Como já haviamos lhe dito, o Shell resolve a linha e depois manda o comando para a execução. Assim, se você redirecionar a saída de um arquivo para ele próprio, primeiramente o Shell "esvazia" este arquivo e depois manda o comando para execução, desta forma você acabou de perder o conteúdo do seu arquivo. Com isso dá para notar que o >> (maior maior) serve para inserir texto no final do arquivo.

Com isso dá para notar que o >> (maior maior) serve para inserir texto no final do arquivo.

Redirecionamento da Saída de Erro Padrão

Assim como o default do Shell é receber os dados do teclado e mandar as saídas para a tela, os erros também serão enviados para a tela se você não especificar para onde deverão ser enviados. Para redirecionar os erros use 2> SaidaDeErro?. Note que entre o número 2 e o sinal de maior (>) não existe espaço em branco.

Preste atenção! Não confunda >> com 2>. O primeiro anexa dados ao final de um arquivo, e o segundo redireciona a Saída de Erro Padrão (stderr) para um arquivo que está sendo designado. Isso é importante!Suponha que durante a execução de um script você pode, ou não (dependendo do rumo tomado pela execução do programa), ter criado um arquivo chamado /tmp/seraqueexiste$$. Para não ficar sujeira no seu disco, ao final do script você colocaria uma linha:

$ rm /tmp/seraqueexiste$ $ (dois cifrões juntos)

Caso o arquivo não existisse seria enviado para a tela uma mensagem de erro. Para que isso não aconteça deve-se fazer:

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$ rm /tmp/seraqueexiste$ $ 2> /dev/null (dois cifrões juntos)

Sobre o exemplo que acabamos de ver tenho duas dicas a dar:

Dica # 1

O $ $ (dois cifrões juntos) contêm o PID, isto é, o número do seu processo. Como o Linux é multiusuário, é bom anexar sempre o $ $(dois cifrões juntos) ao nome dos arquivos que serão usados por várias pessoas para não haver problema de propriedade, isto é, caso você batizasse o seu arquivo simplesmente como seraqueexiste, o primeiro que o usasse (criando-o então) seria o seu dono e todos os outros ganhariam um erro quando tentassem gravar algo nele.

Para que você teste a Saída de Erro Padrão direto no prompt do seu Shell, vou dar mais um exemplo. Faça:

$ ls naoexistebash: naoexiste no such file or directory$ ls naoexiste 2> arquivodeerros$$ cat arquivodeerrosbash: naoexiste no such file or directory

Neste exemplo, vimos que quando fizemos um ls em naoexiste, ganhamos uma mensagem de erro. Após, redirecionarmos a Saída de Erro Padrão para arquivodeerros e executarmos o mesmo comando, recebemos somente o prompt na tela. Quando listamos o conteúdo do arquivo para o qual foi redirecionada a Saída de Erro Padrão, vimos que a mensagem de erro tinha sido armazenada nele. Faça este teste ai.

Dica # 2

- Quem é esse tal de /dev/null?- Em Unix existe um arquivo fantasma. Chama-se /dev/null. Tudo que é mandado para este arquivo some. Assemelha-se a um Buraco Negro. No caso do exemplo, como não me interessava guardar a possível mensagem de erro oriunda do comando rm, redirecionei-a para este arquivo.

É interessante notar que estes caracteres de redirecionamento são cumulativos, isto é, se no exemplo anterior fizéssemos:

$ ls naoexiste 2>> arquivodeerros

a mensagem de erro oriunda do ls seria anexada ao final de arquivodeerros.

Redirecionamento da Entrada Padrão

Para fazermos o redirecionamento da Entrada Padrão usamos o < (menor que).

- E prá que serve isso? - você vai me perguntar.

- Deixa eu te dar um exemplo que você vai entender rapidinho.

Suponha que você queira mandar um mail para o seu chefe. Para o chefe nós caprichamos, né? então ao invés de sair redigindo o mail direto noprompt da tela de forma a tornar impossível a correção de uma frase anterior onde, sem querer, escreveu um "nós vai", você edita um arquivo com o conteúdo da mensagem e após umas quinze verificações sem constatar nenhum erro, decide enviá-lo e para tal faz:

$ mail chefe < arquivocommailparaochefe

O teu chefe então receberá o conteúdo do arquivocommailparaochefe.

Um outro tipo de redirecionamento muito louco que o Shell te permite é o chamado here document. Ele é representado por << (menor menor) e serve para indicar ao Shell que o escopo de um comando começa na linha seguinte e termina quando encontra uma linha cujo conteúdo seja unicamente o label que segue o sinal <<.

Veja o fragmento de script a seguir, com uma rotina de ftp:

$ ftp –ivn hostremoto << fimftpuser $Usuário $Senhabinaryget arquivoremotofimftp

Neste pedacinho de programa temos um monte de detalhes interessantes:

1. As opções que usei para o ftp (-ivn) servem para ele ir listando tudo que está acontecendo (—v de verbose), para não perguntar se você tem certeza de que deseja transmitir cada arquivo (—i de interactive), e finalmente a opção —n serve para dizer ao ftp para ele não solicitar o usuário e sua senha, pois esses serão informados pela instrução específica (user);

2. Quando eu usei o << fimftp, estava dizendo o seguinte para o intérprete: "Olhe aqui Shell, não se meta em nada a partir daqui até encontrar o label fimftp. Você não entenderia nada, já que são instruções específicas do comando ftp e você não entende nada de =ftp=".

Page 11: Shell Script

Se fosse só isso seria simples, mas pelo próprio exemplo dá para ver que existem duas variáveis ($Usuário e $Senha), que o Shell vai resolver antes do redirecionamento. Mas a grande vantagem desse tipo de construção é que ela permite que comandos também sejam interpretados dentro do escopo do here document, o que também contraria o que acabei de dizer. Logo a seguir explico como esse negócio funciona. Agora ainda não dá, está faltando ferramenta.

1. O comando user é do repertório de instruções do ftp e serve para passar o usuário e a senha que haviam sido lidos em uma rotina anterior a esse fragmento de código e colocados respectivamente nas duas variáveis: $Usuário e $Senha.

2. O binary é outra instrução do ftp, que serve para indicar que a transferência de arquivoremoto será feita em modo binário, isto é, o conteúdo do arquivo não será interpretado para saber se está em ASCII, EBCDIC, ...

3. O get arquivoremoto diz ao ftp para pegar esse arquivo em hostremoto e trazê-lo para o nosso host local. Se fosse para mandar o arquivo, usaríamos o comando put.

Um erro muito freqüente no uso de labels (como o fimftp do exemplo anterior) é causado pela presença de espaços em branco antes ou após o mesmo. Fique muito atento quanto a isso, por que este tipo de erro costuma dar uma boa surra no programador, até que seja detectado. Lembre-se: um label que se preze tem que ter uma linha inteira só para ele.

- Está bem, está bem! Eu sei que dei uma viajada e entrei pelos comandos do ftp, fugindo ao nosso assunto que é Shell, mas como é sempre bom aprender e é raro as pessoas estarem disponíveis para ensinar...

Redirecionamento de Comandos

Os redirecionamentos que falamos até aqui sempre se referiam a arquivos, isto é mandavam para arquivo, recebiam de arquivo, simulavam arquivo local, ... O que veremos a partir de agora redireciona a saída de um comando para a entrada de outro. É utilíssimo e quebra os maiores galhos. Seu nome é pipe (que em inglês significa tubo, já que ele encana a saída de um comando para a entrada de outro) e sua representação é uma barra vertical (|).

$ ls | wc -l21

O comando ls passou a lista de arquivos para o comando wc, que quando está com a opção –l conta a quantidade de linhas que recebeu. Desta forma, podemos afirmar categoricamente que no meu diretório existiam 21 arquivos.

$ cat /etc/passwd |sort | lp

Esta linha de comandos manda a listagem do arquivo /etc/passwd para a entrada do comando sort. Este a classifica e manda-a para o lp que é o gerenciador do spool de impressão.

Caracteres de Ambiente

Quando quer priorizar uma expressão você coloca-a entre parênteses não é? Pois é, por causa da aritmética é normal pensarmos deste jeito. Mas emShell o que prioriza mesmo são as crases (`) e não os parênteses. Vou dar exemplos de uso das crases para você entender melhor.

Eu quero saber quantos usuários estão "logados" no computador que eu administro. Eu posso fazer:

$ who | wc -l8

O comando who passa a lista de usuários conectados para o comando wc –l que conta quantas linhas recebeu e lista a resposta na tela. Pois bem, mas ao invés de ter um oito solto na tela, o que eu quero é que ele esteja no meio de uma frase.

Ora para mandar frases para a tela eu uso o comando echo, então vamos ver como é que fica:

$ echo "Existem who | wc -l usuários conectados"Existem who | wc -l usuários conectados

Hi! Olha só, não funcionou! É mesmo, não funcionou e não foi por causa das aspas que eu coloquei, mas sim por que eu teria que ter executado owho | wc -l antes do echo. Para resolver este problema, tenho que priorizar esta segunda parte do comando com o uso de crases, fazendo assim:

$ echo "Existem `who | wc -l` usuários conectados"Existem 8 usuários conectados

Para eliminar esse monte de brancos antes do 8 que o wc -l produziu, basta tirar as aspas. Assim:

$ echo Existem `who | wc -l` usuários conectadosExistem 8 usuários conectados

Como eu disse antes, as aspas protegem tudo que está dentro dos seus limites, da interpretação do Shell. Como para o Shell basta um espaço em branco como separador, o monte de espaços será trocado por um único após a retirada das aspas.

Antes de falar sobre o uso dos parênteses deixa eu mandar uma rapidinha sobre o uso de ponto-e-vírgula (;). Quando estiver no Shell, você deve sempre dar um comando em cada linha. Para agrupar comandos em uma mesma linha teremos que separá-los por ponto-e-vírgula. Então:

Page 12: Shell Script

$pwd ; cd /etc; pwd; cd -; pwd/home/meudir/etc//home/meudir

Neste exemplo, listei o nome do diretório corrente com o comando pwd, mudei para o diretório /etc, novamente listei o nome do diretório e finalmente voltei para o diretório onde estava anteriormente (cd -), listando seu nome. Repare que coloquei o ponto-e-vírgula (;) de todas as formas possíveis para mostrar que não importa se existe espaços em branco antes ou após este caractere.

Finalmente vamos ver o caso dos parênteses. Veja só o caso a seguir, bem parecido com o exemplo anterior:

$ (pwd ; cd /etc ; pwd;)/home/meudir/etc/$ pwd/home/meudir

- Quequeiiisso minha gente? Eu estava no /home/meudir, mudei para o /etc, constatei que estava neste diretório com o pwd seguinte e quando o agrupamento de comandos terminou, eu vi que continuava no /etc/meudir, como se eu nunca houvesse saído de lá!

- Ih! Será que é tem coisa de mágico aí?

- Tá me estranhando, rapaz? Não é nada disso! O interessante do uso de parênteses é que ele invoca um novo Shell para executar os comandos que estão no seu interior. Desta forma, realmente fomos para o diretório /etc, porém quando todos os comandos dentro dos parênteses foram executados, o novo Shell que estava no diretório /etcShell anterior cujo diretório corrente era /home/meudir. Faça outros testes usando cd, e ls para você firmar o conceito. 

Agora que já conhecemos estes conceitos veja só este exemplo a seguir:

$ mail suporte << FIM>Ola suporte, hoje as ‘date"+%hh:mm"‘>ocorreu novamente aquele problema>que eu havia reportado por >telefone. Conforme seu pedido >ai vai uma listagem dos arquivos >do diretorio:>‘ls —l‘>Abracos a todos.>FIM

Finalmente agora temos conhecimento para mostrar o que havíamos conversado sobre here document. Os comandos entre crases (`) serão priorizados e portanto o Shell os executará antes da instrução mail. Quando o suporte receber o e-mail, verá que os comandos date e ls foram executados imediatamente antes do comando mail, recebendo então uma fotografia do ambiente no momento em que a correspondência foi enviada.

O prompt primário default do Shell, como vimos, é o cifrão ($), porém o Shell usa o conceito de prompt secundário, ou de continuação de comando, que é enviado para a tela quando há uma quebra de linha e a instrução não terminou. Esse prompt, é representado por um sinal de maior (>), que vemos precedendo a partir da 2ª linha do exemplo.

Para finalizar e bagunçar tudo, devo dizer que existe uma construção mais moderna que vem sendo utilizada como forma de priorização de execução de comandos, tal qual as crases (`). São as construções do tipo $(cmd), onde cmd é um (ou vários) comando que será(ão) executado(s) com prioridade em seu contexto.

Assim sendo, o uso de crases (`) ou construções do tipo $(cmd) servem para o mesmo fim, porém para quem trabalha com sistemas operacionais de diversos fornecedores (multiplataforma), aconselho o uso das crases, já que o $(cmd) não foi portado para todos os sabores de Shell. Aqui dentro do Botequim, usarei ambas as formas, indistintamente.

Vejamos novamente o exemplo dado para as crases sob esta nova ótica:

$ echo Existem $(who | grep wc -l) usuários conectadosExistem 8 usuários conectados

Veja só este caso:

$ Arqs=ls$ echo $Arqsls

Neste exemplo eu fiz uma atribuição (=) e executei uma instrução. O que eu queria era que a variável $Arqs, recebesse a saída do comando ls. Como as instruções de um script são interpretadas de cima para baixo e da esquerda para a direita, a atribuição foi feita antes da execução do ls. Para fazer o que desejamos é necessário que eu priorize a execução deste comando em detrimento da atribuição e isto pode ser feito de qualquer uma das maneiras a seguir:

$ Arqs='ls'

ou:

Page 13: Shell Script

$ Arqs=$(ls)

Para encerrar este assunto vamos ver só mais um exemplo. Digamos que eu queira colocar dentro da variável $Arqs a listagem longa (ls -l) de todos os arquivos começados por arq e seguidos de um único caractere (?). Eu deveria fazer:

$ Arqs=$(ls -l arq?)

ou:

$ Arqs=`ls -l arq?`

Mas veja:

$ echo $Arqs-rw-r--r--1 jneves jneves 19 May 24 19:41 arq1 -rw-r--r-- 1 jneves jneves 23 May24 19:43 arq2 -rw-r--r-- 1 jneves jneves 1866 Jan 22 2003 arql

- Pô, saiu tudo embolado!

- Pois é cara, como eu já te disse, se você deixar o Shell “ver” os espaços em branco, sempre que houver diversos espaços juntos, eles serão trocados por apenas um. Para que a listagem saia bonitinha, é necessário proteger a variável da interpretação do Shell, assim:

$ echo "$Arqs"-rw-r--r-- 1 jneves jneves 19 May 24 19:41 arq1-rw-r--r-- 1 jneves jneves 23 May 24 19:43 arq2-rw-r--r-- 1 jneves jneves 1866 Jan 22 2003 arql

- Olhe, amigo, vá treinando esses exemplos, porque, quando nos encontrarmos novamente, vou lhe explicar uma série de instruções típicas de programação Shell. Tchau! Ahh! Só mais uma coisinha que eu ia esquecendo de lhe dizer. Em Shell, o "jogo da velha" (#) é usado quando desejamos fazer um comentário.

$ exit # pede a conta ao garcon

Comandos grep e passagem de parâmetros

Diálogo

- Garçom! Traz um "chops" e dois "pastel". O meu amigo hoje não vai beber por que ele finalmente esta sendo apresentado a um verdadeiro sistema operacional e ainda tem muita coisa a aprender!- E então, amigo, tá entendendo tudo que te expliquei até agora?- Entendendo eu tô, mas não vi nada prático nisso...- Calma rapaz, o que te falei até agora, serve como base ao que há de vir daqui pra frente. Vamos usar estas ferramentas que vimos para montar programas estruturados, que o Shell permite. Você verá porque até na TV já teve programa chamado "O Shell é o Limite".- Para começar vamos falar dos comandos da família grep.- grep? Não conheço nenhum termo em inglês com este nome...- É claro, grep é um acrônimo Global Regular Expression Print, que usa expressões regulares para pesquisar a ocorrência de cadeias de caracteres na entrada definida (se bem que há uma lenda sobre como este comando foi nomeado: no editor de textos "ed", o avô do "vim", o comando usado para buscas era g/_expressao regular_/p, ou no inglês g/_re_/p.). Por falar em expressões regulares (ou regexp), o Aurélio Marinho Jargas tem todas as dicas em sua página (inclusive tutorias) que abordam o tema. Se você está mesmo a fim de aprender a programar em Shell, Perl, Python, ... Acho bom você ler estes artigos para te ajudar no que está para vir.

Eu fico com o grep, você com a gripe

Esse negócio de gripe é brincadeira! É só um pretexto para pedir umas caipirinhas. Mas voltando à vaca fria, eu te falei que o grep procura cadeia de caracteres dentro de uma entrada definida, mas o que vem a ser uma "entrada definida"? Bem, existem várias formas de definir a entrada do comandogrep. Vejamos: Pesquisando em um arquivo:

$ grep rafael /etc/passwd

Pesquisando em vários arquivos:

$ grep grep *.sh

Pesquisando na saída de comando:

$ who | grep Pelegrino

No 1º exemplo, o mais simples, procurei a palavra rafael em qualquer lugar do arquivo /etc/passwd. Se quisesse procurá-la como um login name, isto é, somente no início dos registros deste arquivo, eu deveria fazer:

$ grep '^rafael' /etc/passwd

Page 14: Shell Script

E para que serve este circunflexo e os apóstrofos, você vai me perguntar. O circunflexo (^), se você tivesse lido os artigos anteriores sobre expressões regulares que te falei, saberia que servem para limitar a pesquisa ao início de cada linha, e os apóstrofos (') servem para o Shell não interpretar este circunflexo, deixando-o passar incólume para o comando grep.

Olha que legal! O grep aceita como entrada, a saída de outro comando redirecionado por um pipe (isto é muito comum em Shell e é um tremendo acelerador de execução de comando já que atua como se a saída de um programa fosse guardada em disco e o segundo programa lesse este arquivo gerado), desta forma, no 3º exemplo, o comando who listou as pessoas "logadas" na mesma máquina que você (não se esqueça jamais: o Linux é multiusuário) e o grep foi usado para verificar se o Pelegrino estava trabalhando ou "coçando".

A família grep

Este comando grep é muito conhecido, pois é usado com muita freqüência, o que muitas pessoas desconhecem é que existem três comandos na família grep, que são:

• grep;• egrep;• fgrep.

A principais características diferenciais entre os 3 são:

• O grep pode ou não usar expressões regulares simples, porém no caso de não usá-las, o fgrep é melhor, por ser mais rápido;

• O egrep ("e" de extended, extendido) é muito poderoso no uso de expressões regulares. Por ser o mais lento da família, só deve ser usado quando for necessária a elaboração de uma expressão regular não aceita pelo grep;

• O fgrep ("f" de fast, rápido, ou de "file", arquivo) como o nome diz é o rapidinho da família, executa o serviço de forma muito veloz (por vezes é cerca de 30% mais veloz que o grep e 50% mais que o egrep), porém não permite o uso de expressões regulares na pesquisa.

Tudo que foi dito acima sobre velocidade, só se aplica à família de comandos grep do Unix. No Linux o grep é sempre mais veloz, já que os outros dois (fgrep e egrep) são scripts em Shell que chamam o primeiro e, já vou adiantando, não gosto nem um pouquinho desta solução.

- Agora que você já conhece as diferenças entre os membros da família, me diga: o que você acha dos três exemplos que eu dei antes das explicações?- Eu achei que o fgrep resolveria o teu problema de forma mais veloz do que o grep.- Perfeito! Tô vendo que você está atento! Está entendendo tudo que estou te explicando! Então vamos ver mais exemplos para clarear de vez as diferenças de uso dos membros da família.

Exemplos

Eu sei que em um arquivo existe um texto falando sobre Linux só não tenho certeza se está escrito com L maiúsculo ou l minúsculo. Posso fazer de duas formas:

$ egrep (Linux | linux) arquivo.txt

ou

$ grep [Ll]inux arquivo.txt

No primeiro caso, a expressão regular complexa "(Linux | linux)" usa os parênteses para agrupar as opções e a barra vertical (|) como um "ou" lógico, isto é, estou procurando Linux ou linux.

No segundo, a expressão regular [Ll]inux significa: começado por L ou l seguido de inux. Por esta expressão ser mais simples, o grep consegue resolvê-la, portanto acho melhor usar a segunda forma, já que o egrep tornaria a pesquisa mais lenta.

Outro exemplo. Para listar todos os subdiretórios do diretório corrente, basta:

$ ls -l | grep '^d'drwxr-xr-x 3 root root 4096 Dec 18 2000 docdrwxr-xr-x 11 root root 4096 Jul 13 18:58 freecivdrwxr-xr-x 3 root root 4096 Oct 17 2000 gimpdrwxr-xr-x 3 root root 4096 Aug 8 2000 gnomedrwxr-xr-x 2 root root 4096 Aug 8 2000 idldrwxrwxr-x 14 root root 4096 Jul 13 18:58 localedrwxrwxr-x 12 root root 4096 Jan 14 2000 lyxdrwxrwxr-x 3 root root 4096 Jan 17 2000 pixmapsdrwxr-xr-x 3 root root 4096 Jul 2 20:30 scribusdrwxrwxr-x 3 root root 4096 Jan 17 2000 soundsdrwxr-xr-x 3 root root 4096 Dec 18 2000 xine

No exemplo que acabamos de ver, o circunflexo (^) serviu para limitar a pesquisa à primeira posição da saída do ls longo. Os apóstrofos foram colocados para o Shell não "ver" o circunflexo (^).

Page 15: Shell Script

Vamos ver mais um. Sabemos que as quatro primeiras posições possíveis de um ls -lde um arquivo comum (arquivo comum! Não é diretório, nem link, nem...) devem ser:

Posição 1ª 2ª 3ª 4ª

Valores Possíveis

- r w x

- - s (suid)

-

Assim sendo, para descobrir todos os arquivos executáveis em um determinado diretório eu deveria fazer:

$ ls -la | egrep '^-..(x|s)'-rwxr-xr-x 1 root root 2875 Jun 18 19:38 rc-rwxr-xr-x 1 root root 857 Aug 9 22:03 rc.local-rwxr-xr-x 1 root root 18453 Jul 6 17:28 rc.sysinit

Onde novamente usamos o circunflexo (^) para limitar a pesquisa ao início de cada linha, então as linhas listadas serão as que começam por um traço (-), seguido de qualquer coisa (o ponto quando usado como uma expressão regular significa qualquer coisa), novamente seguido de qualquer coisa, vindo a seguir um x ou um s.

Obteríamos o mesmo resultado se fizéssemos:

$ ls -la | grep '^-..[xs]'

e agilizaríamos a pesquisa.

Vamos montar uma "cdteca"

Vamos começar a desenvolver programas, acho que a montagem de um banco de dados de músicas é bacana para efeito didático (e útil nesses tempos de downloads de mp3 e "queimadores" de CDs). Não se esqueça que, da mesma forma que vamos desenvolver um monte de programas para organizar os seus CDs de música, com pequenas adaptações, você pode fazer o mesmo com os CDs de software que vêm com a Linux Magazine e outros que você compra ou queima, disponibilizando este banco de softwareLinux é multiusuário, e como tal deve ser explorado), desta forma ganhando muitos pontos com seu adorado chefe. para todos que trabalham com você (o Linux é multiusuário, e como tal deve ser explorado).

- Péra ai! De onde eu vou receber os dados dos CDs? - Inicialmente, vou lhe mostrar como o seu programa pode receber parâmetros de quem o estiver executando e em breve, ensinarei a ler os dados pela tela ou de um arquivo.

Passando parâmetros

O layout do arquivo musicas será o seguinte:

nome do álbum^intérprete1~nome da música1:..:intérprete~nome da música

isto é, o nome do álbum será separado por um circunflexo (^) do resto do registro, que é formado por diversos grupos compostos pelo intérprete de cada música do CD e a respectiva música interpretada. Estes grupos são separados entre si por dois-pontos (:) e internamente, o intérprete será separado por um til (~) do nome da música.

Eu quero escrever um programa que chamado musinc, que incluirá registros no meu arquivo musicas. Eu passarei o conteúdo de cada álbum como parâmetro na chamada do programa fazendo assim:

$ musinc "álbum^interprete~musica:interprete~musica:..."

Desta forma o programa musinc estará recebendo os dados de cada álbum como se fosse uma variável. A única diferença entre um parâmetro recebido e uma variável é que os primeiros recebem nomes numéricos (nome numérico fica muito esquisito, né? O que quis dizer é que seus nomes são formados por um e somente um algarismo), isto é $1, $2, $3, ..., $9. Vamos, antes de tudo, fazer um teste:

Exemplos

$ cat teste#!/bin/bash# Programa para testar passagem de parametrosecho "1o. parm -> $1"echo "2o. parm -> $2"echo "3o. parm -> $3"

Vamos executá-lo:

$ ./teste passando parametros para testarbash: teste: cannot execute

Ops! Esqueci-me de torná-lo executável. Vou fazê-lo de forma a permitir que todos possam executá-lo e em seguida vou testá-lo:

Page 16: Shell Script

$ chmod 755 teste$ ./teste passando parametros para testar1o. parm -> passando2o. parm -> parametros3o. parm -> para

Repare que a palavra testar, que seria o quarto parâmetro, não foi listada. Isto deu-se justamente porque o programa teste só listava os três primeiros parâmetros. Vamos executá-lo de outra forma:

$ ./teste "passando parametros" para testar1o. parm -> passando parametros2o. parm -> para3o. parm -> testarAs aspas não deixaram o Shell ver o espaço em branco entre as palavras e considerou-as um único parâmetro.

Pergunta: No exemplo dado, $ cat teste#!/bin/bash# Programa para testar passagem de parametrosecho "1o. parm -> $1"echo "2o. parm -> $2"echo "3o. parm -> $3"

Macetes paramétricos

Já que estamos falando em passagem de parâmetros deixa eu te dar mais umas dicas:

Variável Significado

$0 Contém o nome do programa

$# Contém a quantidade de parâmetros passados

$* Contém o conjunto de todos os parâmetros (muito parecido com $@)

Exemplos

Vamos alterar o programa teste para usar as variáveis que acabamos de ver. Vamos fazê-lo assim:

$ cat teste#!/bin/bash# Programa para testar passagem de parametros (2a. Versao)echo O programa $0 recebeu $# parametrosecho "1o. parm -> $1"echo "2o. parm -> $2"echo "3o. parm -> $3"echo Todos de uma só \"tacada\": $*

Repare que antes das aspas eu usei uma barra invertida para escondê-las da interpretação do Shell (se não usasse as contrabarras as aspas não apareceriam). Vamos executá-lo:

$ teste passando parametros para testarO programa teste recebeu 4 parametros1o. parm -> passando2o. parm -> parametros3o. parm -> paraTodos de uma só "tacada": passando parametros para testar

Conforme eu disse, os parâmetros recebem números de 1 a 9, mas isso não significa que não posso usar mais de 9 parâmetros significa somente que só posso endereçar 9. Vamos testar isso:

Exemplo:

$ cat teste#!/bin/bash# Programa para testar passagem de parametros (3a. Versao)echo O programa $0 recebeu $# parametrosecho "11o. parm -> $11"shiftecho "2o. parm -> $1"shift 2echo "4o. Parm -> $1"

Vamos executá-lo:

Page 17: Shell Script

$ teste passando parametros para testarO programa teste recebeu 4 parametros que são:11o. parm -> passando12o. parm -> parametros4o. parm -> testar

Duas coisas muito interessantes neste script:

1. Para mostrar que os nomes dos parâmetros variam de $1 a $9 eu fiz um echo $11 e o que aconteceu? O Shell interpretou como sendo $1seguido do algarismo 1 e listou passando1;

2. O comando shift cuja sintaxe é shift n, podendo o n assumir qualquer valor numérico (porém seu default é 1 como no exemplo dado), despreza os n primeiros parâmetros, tornando o parâmetro de ordem n+1, o primeiro ou seja, o $1.

Bem, agora que você já sabe mais sobre passagem de parâmetros do que eu, vamos voltar à nossa "cdteca" para fazer o script de inclusão de CDs no meu banco chamado musicas. O programa é muito simples (como tudo em Shell) e vou listá-lo para você ver:

Exemplos

$ cat musinc#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 1)#echo $1 >> musicas

O script é fácil e funcional, limito-me a anexar ao fim do arquivo musicas o parâmetro recebido. Vamos cadastrar 3 álbuns para ver se funciona (para não ficar "enchendo lingüiça", vou supor que em cada CD só existem 2 músicas):

$ musinc "album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica5"$ musinc "album 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2"$ musinc "album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4"

Listando o conteúdo de musicas.

$ cat musicasalbum 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica6album 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4

Não está funcional como achava que deveria ficar... podia ter ficado melhor. Os álbuns estão fora de ordem, dificultando a pesquisa. Vamos alterar nosso script e depois testá-lo novamente:

$ cat musinc#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 2)#echo $1 >> musicassort musicas -o musicas

Vamos cadastrar mais um:

$ musinc "album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8"

Agora vamos ver o que aconteceu com o arquivo musicas:

$ cat musicasalbum 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica5album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8

Simplesmente inseri uma linha que classifica o arquivo musicas dando a saída nele mesmo (para isso serve a opção -o), após cada álbum ser anexado.

Oba! Agora está legal e quase funcional. Mas atenção, não se desespere! Esta não é a versão final. O programa ficará muito melhor e mais amigável, em uma nova versão que desenvolveremos após aprendermos a adquirir os dados da tela e formatar a entrada.

Exemplos

Ficar listando com o comando cat não está com nada, vamos então fazer um programa chamado muslist para listar um álbum cujo nome será passado como parâmetro:

$ cat muslist#!/bin/bash# Consulta CDs (versao 1)

Page 18: Shell Script

#grep $1 musicas

Vamos executá-lo, procurando pelo album 2. Como já vimos antes, para passar a cadeia album 2 é necessário protegê-la da interpretação do Shell, para que ele não a interprete como dois parâmetros. Vamos fazer assim:

$ muslist "álbum 2"grep: can't open 2musicas: album 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2musicas: album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4musicas: album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica6musicas: album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8

Que lambança! Onde está o erro? Eu tive o cuidado de colocar o parâmetro passado entre aspas, para o Shell não dividi-lo em dois!

É, mas repare como está o grep executado:

grep $1 musicas

Mesmo colocando álbum 2 entre aspas, para que fosse encarado como um único parâmetro, quando o $1 foi passado pelo Shell para o comandogrep, transformou-se em dois argumentos. Desta forma o conteúdo final da linha, que o comando grep executou foi o seguinte:

grep album 2 musicas

Como a sintaxe do grep é:

=grep [arq1, arq2, ..., arqn]=

o grep entendeu que deveria procurar a cadeia de caracteres album nos arquivos 2 e musicas, Por não existir o arquivo 2 gerou o erro, e por encontrar a palavra album em todos os registros de musicas, listou a todos.

Sempre que a cadeia de caracteres a ser passada para o comando grep possuir brancos ou TAB, mesmo que dentro de variáveis, coloque-a sempre entre aspas para evitar que as palavras após o primeiro espaço em branco ou TAB sejam interpretadas como nomes de arquivos.Por outro lado, é melhor ignorarmos maiúsculas e minúsculas na pesquisa. Resolveríamos os dois problemas se o programa tivesse a seguinte forma:

$ cat muslist#!/bin/bash# Consulta CDs (versao 2)#grep -i "$1" musicas$ muslist "album 2"album2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4

Neste caso, usamos a opção -i do grep, que como já vimos, serve para ignorar maiúsculas e minúsculas, e colocamos o $1 entre aspas, para que ogrep continuasse a ver a cadeia de caracteres resultante da expansão da linha pelo Shell como um único argumento de pesquisa.

Agora repare que o grep localiza a cadeia pesquisada em qualquer lugar do registro, então da forma que estamos fazendo, podemos pesquisar por álbum, por música, por intérprete ou até por um pedaço de qualquer um destes. Quando conhecermos os comandos condicionais, montaremos uma nova versão de muslist que permitirá especificar por qual campo pesquisar.

Aí você vai me dizer:

- Poxa, mas é um saco ter que colocar o argumento de pesquisa entre aspas na hora de passar o nome do álbum. Esta forma não é nem um pouco amigável! - Tem razão, e por isso vou te mostrar uma outra forma de fazer o que você pediu: 

$ cat muslist#!/bin/bash# Consulta CDs (versao 3)#grep -i "$*" musicas$ muslist album 2album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4

Desta forma, o $*, que significa todos os parâmetros, será substituído pela cadeia album 2 (de acordo com o exemplo anterior, fazendo o que você queria.

Não se esqueça, o problema do Shell não é se você pode ou não fazer uma determinada coisa. O problema é decidir qual é a melhor forma de fazê-la, já que para desempenhar qualquer tarefa, a quantidade de opções é enorme.

Page 19: Shell Script

Ah! Em um dia de verão você foi à praia, esqueceu o CD no carro, aquele "solzinho" de 40 graus empenou o seu CD e agora você precisa de uma ferramenta para removê-lo do banco de dados? Não tem problema, vamos desenvolver um script chamado musexc, para excluir estes CDs.

Antes de desenvolver o "bacalho", quero te apresentar a uma opção bastante útil da família de comandos grep. É a opção -v, que quando usada lista todos os registros da entrada, exceto o(s) localizado(s) pelo comando. Vejamos:

Exemplos

$ grep -v "album 2" musicasalbum 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica6album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8

Conforme eu expliquei antes, o grep do exemplo listou todos os registros de músicas exceto o referente a album 2, porque atendia ao argumento do comando. Estamos então prontos para desenvolver o script para remover aquele CD empenado da sua "CDteca". Ele tem a seguinte cara:

$ cat musexc#!/bin/bash# Exclui CDs (versao 1)#grep -v "$1" musicas > /tmp/mus$ $ (dois cifrões juntos)mv -f /tmp/mus$ $ musicas (dois cifrões juntos)

Na primeira linha mandei para /tpm/mus$ $ (dois cifrões juntos) o arquivo musicas, sem os registros que atendessem a consulta feita pelo comando grep. Em seguida, movi (que, no duro, equivale a renomear) /tmp/mus$ $ (dois cifrões juntos) por cima do antigo musicas.

Usei o arquivo /tmp/mus$ $ (dois cifrões juntos) como arquivo de trabalho, porque como já havia citado no artigo anterior, os dois cifrões juntoscontém o PID (Process Identification ou identificação do processo) e desta forma cada um que editar o arquivo musicas o fará em um arquivo de trabalho diferente, desta forma evitando colisões no uso.

- Aê cara, estes programas que fizemos até aqui estão muito primários em virtude da falta de ferramentas que ainda temos. Mas é bom, enquanto eu tomo mais um chope, você ir para casa praticar em cima dos exemplos dados porque, eu prometo, chegaremos a desenvolver um sistema bacana para controle dos seus CDs. - Quando nos encontrarmos da próxima vez, vou te ensinar como funcionam os comandos condicionais e aprimoraremos mais um pouco estesscripts. - Por hoje chega! Já falei demais e preciso molhar a palavra porque estou de goela seca! - Garçom! Mais um sem colarinho!

Cadeias de caracteres e comandos condicionais

O comando cut

Primeiro quero te mostrar, de forma eminentemente prática uma instrução simples de usar e muito útil: o comando cut. Esta instrução é usada para cortar um determinado pedaço de um arquivo e tem duas formas distintas de uso.

O comando cut com a opção -c

Com esta opção, o comando tem a seguinte sintaxe:

cut -c PosIni-PosFim [arquivo]

Onde:

PosIni = Posição inicialPosFim = Posição final

$ cat numeros1234567890098765432112345543219876556789$ cut -c1-5 numeros12345098761234598765$ cut -c-6 numeros123456

Page 20: Shell Script

098765123455987655$ cut -c4- numeros4567890765432145543216556789$ cut -c1,3,5,7,9 numeros13579086421354297568$ cut -c -3,5,8- numeros1235890098632112353219875789

Como dá para ver, no duro mesmo existem quatro sintaxes distintas: na primeira (-c 1-5), eu especifiquei uma faixa, na segunda (-c -6), especifiquei tudo até uma posição, na terceira (-c 4-) de uma determinada posição em diante e na quarta (-c 1,3,5,7,9), determinadas posições. A última (-c -3,5,  foi só para mostrar que podemos misturar tudo.

O comando cut com a opção -f

Mas não pense você que acabou por aí! Como você deve ter percebido esta forma de cut é útil para arquivos com campos de tamanho fixo, mas atualmente o que mais existe são arquivos com campos de tamanho variáveis, onde cada campo termina com um delimitador. Vamos dar uma olhada no arquivo musicas que começamos a preparar no nosso papo na última vez que viemos aqui no botequim.

$ cat musicasalbum 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica5album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8

Então, recapitulando, o seu "leiaute" é o seguinte:

nome do album^interprete1~nome da musica1:...:interpreten~nome da musican

isto é, o nome do álbum será separado por um circunflexo (^) do resto do registro, que é formado por diversos grupos compostos pelo intérprete de cada música do CD e a respectiva música interpretada. Estes grupos são separados entre si por dois-pontos (:) e internamente, o nome do intérprete será separado por um til (~) do nome da música.

Então para pegarmos os dados referentes a todas as segundas músicas do arquivo musicas, devemos fazer:

$ cut -f2 -d: musicasArtista2~Musica2Artista4~Musica4Artista6~Musica5Artista8~Musica8

Ou seja, cortamos o segundo campo (-f de field em inglês) delimitado (-d) por dois-pontos (:). Mas, se quisermos somente os intérpretes, devemos fazer:

$ cut -f2 -d: musicas | cut -f1 -d~Artista2Artista4Artista6Artista8

Para entender isso, vamos pegar a primeira linha de musicas:

$ head -1 musicasalbum 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2

Então observe o que foi feito:

Delimitador do primeiro cut (:)

album 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2

Desta forma, no primeiro cut, o primeiro campo do delimitador (-d) dois-pontos (:) é album 1^Artista1~Musica1 e o segundo, que é o que nos interessa, é Artista2~Musica2.

Vamos então ver o que aconteceu no segundo cut:

Page 21: Shell Script

Novo delimitador (~)

Artista2~Musica2

Agora, primeiro campo do delimitador (-d) til (~), que é o que nos interessa, é Artista2 e o segundo é Musica2.

Se o raciocínio que fizemos para a primeira linha for aplicado no restante do arquivo, chegaremos à resposta anteriormente dada.

O comando tr

Outro comando muito interessante é o tr que serve para substituir, comprimir ou remover caracteres. Sua sintaxe segue o seguinte padrão:

tr [opções] cadeia1 [cadeia2]

O comando tr copia o texto da entrada padrão (stdin), troca as ocorrência dos caracteres de cadeia1 pelo seu correspondente na cadeia2 ou troca múltiplas ocorrências dos caracteres de cadeia1 por somente um caractere, ou ainda caracteres da cadeia1.

As principais opções do comando são:

Opção Significado

-s Comprime n ocorrências de cadeia1 em apenas uma

-d Remove os caracteres de cadeia1

Trocando caracteres com tr

Primeiro vou te dar um exemplo bem bobo:

$ echo bobo | tr o ababa

Isto é, troquei todas as ocorrências da letra o pela letra a.

Suponha que em um determinado ponto do meu script eu peça ao operador para teclar sn (sim ou não), e guardo sua resposta na variável $Resp. Ora o conteúdo de $Resp pode estar com letra maiúscula ou minúscula, e desta forma eu teria que fazer diversos testes para saber se a resposta dada foiS, s, N ou n. Então o melhor é fazer: ou

$ Resp=$(echo $Resp | tr SN sn)

e após este comando eu teria certeza que o conteúdo de $Resp seria um s ou um n.

Se o meu arquivo ArqEnt está todo escrito com letras maiúsculas e desejo passá-las para minúsculas eu faço:

$ tr A-Z a-z < ArqEnt > /tmp/ArqSai$ mv -f /tmp/ArqSai ArqEntNote que neste caso usei a notação A-Z para não escrever ABCD...YZ. Outro tipo de notação que pode ser usada são as escape sequences (prefiro escrever no bom e velho português, mas nesse caso como eu traduziria? Seqüências de escape? Meio sem sentido, né? Mas vá lá...) que também são reconhecidas por outros comandos e também na linguagem C, e cujo significado você verá a seguir:

Seqüência Significado Octal

\t Tabulação \011

\n Nova linha \012

\v Tabulação Vertical \013

\f Nova Página \014

\r Início da linha <^M> \015

\ Uma barra invertida \0134

Removendo caracteres com tr

Então deixa eu te contar um "causo": um aluno que estava danado comigo, resolveu complicar a minha vida e em um exercício prático valendo nota que passei para ser feito no computador, me entregou o script com todos os comandos separados por ponto-e-vírgula (lembra que eu disse que o ponto-e-vírgula servia para separar diversos comandos em uma mesma linha?).

Vou dar um exemplo simplificado e idiota de uma "tripa" assim:

$ cat confusoecho leia Programação Shell Linux do Julio Cezar Neves > livro;cat livro;pwd;ls;rm -f livro 2>/dev/null;cd ~

Eu executava o programa e ele funcionava:

$ confusoleia Programação Shell Linux do Julio Cezar Neves

Page 22: Shell Script

/home/jneves/LMconfuso livro musexc musicas musinc muslist numeros

Mas nota de prova é coisa séria (e nota de dólar é mais ainda  ) então, para entender o que o aluno havia feito, o chamei e em sua frente executei o seguinte comando:

$ tr ";" "\n" < confusoecho leia Programação Shell Linux do Julio Cezar Nevespwdcd ~ls -lrm -f lixo 2>/dev/null

O cara ficou muito desapontado, porque em 2 ou 3 segundos eu desfiz a gozação que ele perdera horas para fazer.

Mas preste atenção! Se eu estivesse em uma máquina com Unix, eu teria feito:

$ tr ";" "\012" < confuso

Xpremendo com tr

Agora veja a diferença entre os dois comandos date: o que fiz hoje e outro que foi executado há duas semanas:

$ date # HojeSun Sep 19 14:59:54 2004$ date # Há duas semanasSun Sep 5 10:12:33 2004

Para pegar a hora eu deveria fazer:

$ date | cut -f 4 -d ' '14:59:54

Mas duas semanas antes ocorreria o seguinte:

$ date | cut -f 4 -d ' '5

Mas observe porque:

$ date # Há duas semanasSun Sep 5 10:12:33 2004

Como você pode notar, existem 2 caracteres em branco antes do 5 (dia), o que estraga tudo porque o terceiro pedaço está vazio e o quarto é o dia (5). Então o ideal seria comprimir os espaços em brancos sucessivos em somente um espaço para poder tratar as duas cadeias resultantes do comando date da mesma forma, e isso se faz assim:

$ date | tr -s " "Sun Sep 5 10:12:33 2004

E agora eu poderia cortar:

$ date | tr -s " " | cut -f 4 -d " "10:12:33

Olha só como o Shell já está quebrando o galho. Veja este arquivo que foi baixado de uma máquina com aquele sistema operacional que pega vírus:

$ cat -ve ArqDoDOS.txtEste arquivo^M$foi gerado pelo^M$DOS/Rwin e foi^M$baixado por um^M$ftp mal feito.^M$E agora eu quero te dar duas dicas:

Dica #1 - A opção -v do cat mostra os caracteres de controle invisíveis, com a notação ^L, onde ^ é a tecla control e L é a respectiva letra. A opção -e$). mostra o final da linha como um cifrão.

Dica #2 - Isto ocorre porque no formato DOS (ou rwin), o fim dos registros é formado por um Carriage-Return (\r) e um line-feed (\f). No Linux porém o final do registro tem somente o line-feed.

Vamos então limpar este arquivo.

$ tr -d '\r' < ArqDoDOS.txt > /tmp/ArqDoLinux.txt$ mv -f /tmp/ArqDoLinux.txt ArqDoDOS.txt

Agora vamos ver o que aconteceu:

Page 23: Shell Script

$ cat -ve ArqDoDOS.txtEste arquivo$foi gerado pelo$DOS/Rwin e foi$baixado por um$ftp mal feito.$

Bem a opção -d do tr remove o caractere especificado de todo o arquivo. Desta forma eu removi os caracteres indesejados salvando em um arquivo de trabalho e posteriormente renomeei-o para a sua designação original.

Obs: No Unix eu deveria fazer:

$ tr -d '\015' < ArqDoDOS.txt > /tmp/ArqDoLinux.txt

Isto aconteceu porque o ftp foi feito do modo binário (ou image), isto é, sem a interpretação do texto. Se antes da transmissão do arquivo tivesse sido estipulada a opção ascii do ftp, isto não teria ocorrido.

- Olha, depois desta dica tô começando a gostar deste tal de Shell, mas ainda tem muita coisa que não consigo fazer.

- Pois é, ainda não te falei quase nada sobre programação em Shell, ainda tem muita coisa para aprender, mas com o que aprendeu, já dá para resolver muitos problemas, desde que você adquira o “modo Shell de pensar”. Você seria capaz de fazer um script para me dizer quais são as pessoas que estão “logadas” há mais de um dia no seu servidor?

- Claro que não! Para isso seria necessário eu conhecer os comandos condicionais que você ainda não me explicou como funcionam.

- Deixa eu tentar mudar um pouco a sua lógica e trazê-la para o “modo Shell de pensar”, mas antes é melhor tomarmos um chope... Ô Chico, traz mais dois...

- Agora que já molhei a palavra, vamos resolver o problema que te propus. Repare como funciona o comando who:

$ whojneves pts/1 Sep 18 13:40rtorres pts/0 Sep 20 07:01rlegaria pts/1 Sep 20 08:19lcarlos pts/3 Sep 20 10:01

E veja também o date:

$ dateMon Sep 20 10:47:19 BRT 2004

Repare que o mês e o dia estão no mesmo formato em ambos os comandos.

Algumas vezes um comando tem a saída em português e o outro em inglês. Quando isso ocorrer, você pode usar o seguinte artifício:$ dateMon Sep 20 10:47:19 BRT 2004$ LANG=pt_BR dateSeg Set 20 10:47:19 BRT 2004Desta forma passando a saída do comando date para português.

Ora, se em algum registro do who eu não encontrar a data de hoje, é sinal que o cara está "logado" há mais de um dia, já que ele não pode ter se "logado" amanhã... Então vamos guardar o pedaço que importa da data de hoje para procurá-la na saída do who:

$ Data=$(date | cut -f 2-3 -d' ')

Eu usei a construção $(...), para priorizar a execução dos comandos antes de atribuir a sua saída à variável $Data. Vamos ver se funcionou:

$ echo $DataSep 20

Beleza! Agora, o que temos que fazer é procurar no comando who os registros que não possuem esta data.

- Ah! Eu acho que estou entendendo! Você falou em procurar e me ocorreu o comando grep, estou certo?

- Certíssimo! Só que eu tenho que usar o grep com aquela opção que ele só lista os registros nos quais ele não encontrou a cadeia. Você se lembra que opção é essa?

- Claro, é a opção -v...

- Isso! Tá ficando bão! Então vamos ver:

$ who | grep -v "$Data"jneves pts/1 Sep 18 13:40

- E se eu quisesse mais um pouco de perfumaria eu faria assim:

$ who | grep -v "$Data" | cut -f1 -d ' 'jneves

Page 24: Shell Script

- Viu? Não foi necessário usar nenhum comando condicional, até porque o nosso mais usado comando condicional, o famoso if, não testa condição, mas sim instruções, como veremos agora.

Comandos condicionais

Veja as linhas de comando a seguir:

$ ls musicasmusicas$ echo $?0$ ls ArqInexistentels: ArqInexistente: No such file or directory$ echo $?1$ who | grep jnevesjneves pts/1 Sep 18 13:40 (10.2.4.144)$ echo $?0$ who | grep juliana$ echo $?1

- O que é esse $? faz aí? Começando por cifrão ($) parece ser uma variável, certo?

- Sim é uma variável que contém o código de retorno da última instrução executada. Posso te garantir que se esta instrução foi bem sucedida, $? terá o valor zero, caso contrário seu valor será diferente de zero.

O Comando if

O que o nosso comando condicional if faz é testar a variável $?. Então vamos ver a sua sintaxe:

if cmd

then

cmd1

cmd2

cmdn

else

cmd3

cmd4

cmdm

fi

ou seja: caso comando cmdtenha sido executado com sucesso, os comandos do bloco do then (cmd1, cmd2 e cmdn) serão executados, caso contrário, os comandos executados serão os do bloco opcional do else (cmd3, cmd4 e cmdm), terminando com um fi.

Vamos ver na prática como isso funciona usando um scriptizinho que serve para incluir usuários no /etc/passwd:

$ cat incusu#!/bin/bash# Versão 1if grep ^$1 /etc/passwdthenecho Usuario '$1' já existeelseif useradd $1thenecho Usuário '$1' incluído em /etc/passwdelseecho "Problemas no cadastramento. Você é root?"

Page 25: Shell Script

fifi

Repare que o if está testando direto o comando grepe esta é a sua finalidade. Caso o if$1) seja bem sucedido, ou seja, o usuário (cujo nome está em foi encontrado em /etc/passwd, os comandos do bloco do thenserão executados (neste exemplo é somente o echo) e caso contrário, as instruções do bloco do elseé que serão executadas, quando um novo iftesta se o comando useraddfoi executado a contento, criando o registro do usuário em /etc/passwd, ou não quando dará a mensagem de erro.

Vejamos sua execução, primeiramente passando um usuário já cadastrado:

$ incusu jnevesjneves:x:54002:1001:Julio Neves:/home/jneves:/bin/bashUsuario 'jneves' ja existe

Como já vimos diversas vezes, mas é sempre bom insistir no tema para que você já fique precavido, no exemplo dado surgiu uma linha indesejada, ela é a saída do comando grep. Para evitar que isso aconteça, devemos desviar a saída desta instrução para /dev/null, ficando assim:

$ cat incusu#!/bin/bash# Versão 2if grep ^$1 /etc/passwd > /dev/nullthenecho Usuario '$1' já existeelseif useradd $1thenecho Usuário '$1' incluído em /etc/passwdelseecho "Problemas no cadastramento. Você é root?"fifi

Agora vamos testá-lo como usuário normal (não root):

$ incusu ZeNinguem./incusu[6]: useradd: not foundProblemas no cadastramento. Você é root?

Epa, aquele erro não era para acontecer! Para evitar que isso aconteça devemos mandar também a saída de erro (strerr, lembra?) do useradd para/dev/null, ficando na versão final assim:

$ cat incusu#!/bin/bash# Versão 3if grep ^$1 /etc/passwd > /dev/nullthenecho Usuario '$1' já existeelseif useradd $1 2> /dev/nullthenecho Usuário '$1' incluído em /etc/passwdelseecho "Problemas no cadastramento. Você é root?"fifi

Depois destas alterações e de fazer um su – (me tornar root) vejamos o seu comportamento:

$ incusu botelhoUsuário 'botelho' incluido em /etc/passwd

E novamente:

$ incusu botelhoUsuário 'botelho' já existe

Lembra que eu falei que ao longo dos nossos papos e chopes os nossos programas iriam se aprimorando? Então vejamos agora como poderíamos melhorar o nosso programa para incluir músicas:

$ cat musinc#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 3)#if grep "^$1$" musicas > /dev/null

Page 26: Shell Script

thenecho Este álbum já está cadastradoelseecho $1 >> musicassort musicas -o musicasfi

Como você viu, é uma pequena evolução da versão anterior, assim, antes de incluir um registro (que pela versão anterior poderia ser duplicado), testamos se o registro começava (^) e terminava ($) igual ao parâmetro passado ($1). O uso do circunflexo (^) no início da cadeia e cifrão ($) no fim, são para testar se o parâmetro passado (o álbum e seus dados) são exatamente iguais a algum registro anteriormente cadastrado e não somente igual a um pedaço de algum dos registros.

Vamos executá-lo passando um álbum já cadastrado:

$ musinc "album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8"Este álbum já está cadastrado

E agora um não cadastrado:

$ musinc "album 5^Artista9~Musica9:Artista10~Musica10"$ cat musicasalbum 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica5album 4^Artista7~Musica7:Artista8~Musica8album 5^Artista9~Musica9:Artista10~Musica10

- Como você viu, o programa melhorou um pouquinho, mas ainda não está pronto. À medida que eu for te ensinando a programar em shell, nossa CDteca irá ficando cada vez melhor.

- Entendi tudo que você me explicou, mas ainda não sei como fazer um ifpara testar condições, ou seja, o uso normal do comando.

- Cara, para isso existe o comando test, ele é que testa condições. O comando iftesta o comando test. Mas isso está meio confuso e como já falei muito, estou precisando de uns chopes para molhar a palavra. Vamos parando por aqui e na próxima vez te explico direitinho o uso do teste de diversas outras sintaxes do if.

- Falou! Acho bom mesmo porque eu também já tô ficando zonzo e assim tenho tempo para praticar esse monte de coisas que você me falou hoje.

- Para fixar o que você aprendeu, tente fazer um scriptizinho para informar se um determinado usuário, que será passado como parâmetro esta logado (arghh!) ou não.

- Aê Chico, mais dois chopes por favor...

Comando test

Diálogo

- E aí cara, tentou fazer o exercício que te pedi para revigorar as idéias?

- Claro, que sim! Em programação, se você não treinar, não aprende. Você me pediu para fazer um scriptizinho para informar se um determinado usuário, que será passado como parâmetro está logado (arghh!) ou não. Eu fiz o seguinte:

$ cat logado#!/bin/bash# Pesquisa se uma pessoa está logada ou nãoif who | grep $1thenecho $1 está logadoelseecho $1 não se encontra no pedaçofi

- Calma rapaz! Já vi que você chegou cheio de tesão, primeiro vamos pedir os nossos chopes de praxe e depois vamos ao Shell. Chico traz dois chopes, um sem colarinho!

- Agora que já molhamos os nossos bicos, vamos dar uma olhadinha na execução do seu bacalho:

$ logado jnevesjneves pts/0 Oct 18 12:02 (10.2.4.144)jneves está logado

Realmente funcionou. Passei o meu login como parâmetro e ele disse que eu estava logado, porém ele mandou uma linha que eu não pedi. Esta linha é a saída do comando who, e para evitar que isso aconteça é só mandá-la para o buraco negro que a esta altura você já sabe que é o /dev/null. Vejamos então como ficaria:

Page 27: Shell Script

$ cat logado#!/bin/bash# Pesquisa se uma pessoa está logada ou não (versão 2)if who | grep $1 > /dev/nullthenecho $1 está logadoelseecho $1 não se encontra no pedaçofi

Agora vamos aos testes:

$ logado jnevesjneves está logado$ logado chicochico não se encontra no pedaço

Ah, agora sim! Lembre-se desta pegadinha, a maior parte dos comandos tem uma saída padrão e uma saída de erros (o grepé uma das poucas exceções, já que não dá mensagem de erro quando não acha uma cadeia) e é necessário estarmos atentos para redirecioná-las para o buraco negro quando necessário.

Bem, agora vamos mudar de assunto: na última vez que nos encontramos aqui no Botequim, eu estava te mostrando os comandos condicionais e, quando já estávamos de goela seca falando sobre o if, você me perguntou como se testa condições. Vejamos então o comando test.

O comando Test

Bem, todos estamos acostumados a usar o if testando condições, e estas são sempre, maior, menor, maior ou igual, menor ou igual, igual e diferente. Bem, em Shell para testar condições, usamos o comando test, só que ele é muito mais poderoso que o que estamos habituados. Primeiramente vou te mostrar as principais opções (existem muitas outras) para testarmos arquivos em disco:

Opções do Comando test para arquivos

Opção Verdadeiro se:

-e arq arq existe

-s arq arq existe e tem tamanho maior que zero

-f arq arq existe e é um arquivo regular

-d arq arq existe e é um diretório;

-r arq arq existe e com direito de leitura

-w arq arq existe e com direito de escrita

-x arq arq existe e com direito de execuçãoVeja agora as principais opções para teste de cadeias de caracteres:

Opções do comando test para cadeias de caracteres

Opção Verdadeiro se:

-z cadeia Tamanho de cadeia é zero

-n cadeia Tamanho de cadeia é maior que zero

cadeia A cadeia cadeia tem tamanho maior que zero

c1 = c2 Cadeia c1 e c2 são idênticasE pensa que acabou? Engano seu! Agora é que vem o que você está mais acostumado, ou seja as famosas comparações com numéricos. Veja a tabela:

Opções do comando test para números

Opção Verdadeiro se: Significado

n1 -eq n2 n1 e n2 são iguais equal

n1 -ne n2 n1 e n2 não são iguais not equal

n1 -gt n2 n1 é maior que n2 greater than

n1 -ge n2 n1 é maior ou igual a n2 greater or equal

n1 -lt n2 n1 é menor que n2 less than

n1 -le n2 n1 é menor ou igual a n2 less or equalAlém de tudo, some-se a estas opções as seguintes facilidades:

Operadores

Operador Finalidade

Parênteses  Agrupar

Exclamação ! Negar

Page 28: Shell Script

-a E lógico

-o OU lógicoUfa! Como você viu tem coisa prá chuchu, e como eu te disse no início, o nosso if é muito mais poderoso que o dos outros. Vamos ver em uns exemplos como isso tudo funciona, primeiramente testaremos a existência de um diretório:

Exemplos:

if test -d lmb

then

cd lmb

else

mkdir lmb

cd lmb

fi

No exemplo, testei se existia um diretório lmb definido, caso negativo (else), ele seria criado. Já sei, você vai criticar a minha lógica dizendo que oscript não está otimizado. Eu sei, mas queria que você o entendesse assim, para então poder usar o ponto-de-espantação (!) como um negador dotest. Veja só:

if test ! -d lmb

then

mkdir lmb

fi

cd lmb

Desta forma o diretório lmb seria criado somente se ele ainda não existisse, e esta negativa deve-se ao ponto-de-exclamação (!) precedendo a opção-d. Ao fim da execução deste fragmento de script, o programa estaria com certeza dentro do diretório lmb.

Vamos ver dois exemplos para entender a diferença comparação entre números e entre cadeias.

cad1=1

cad2=01

if test $cad1 = $cad2

then

echo As variáveis são iguais.

else

echo As variáveis são diferentes.

fi

Executando o fragmento de programa acima vem:

As variáveis são diferentes.

Vamos agora alterá-lo um pouco para que a comparação seja numérica:

cad1=1

cad2=01

if test $cad1 -eq $cad2

Page 29: Shell Script

then

echo As variáveis são iguais.

else

echo As variáveis são diferentes.

fi

E vamos executá-lo novamente:

As variáveis são iguais.

Continuação do comando test

Como você viu nas duas execuções obtive resultados diferentes porque a cadeia 011, porém, a coisa muda quando as variáveis são testadas numericamente, já que o número 1 é igual ao número 01. é realmente diferente da cadeia

Exemplos:

Para mostrar o uso dos conectores -o (OU) e -a (E), veja um exemplo animal feito direto no prompt (me desculpem os zoólogos, mas eu não entendendo nada de reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie, desta forma o que estou chamando de família ou de gênero tem grande chance de estar incorreto):

$ Familia=felinae$ Genero=gato$ if test $Familia = canidea -a $Genero = lobo -o $Familia = felina -a $Genero = leão> then> echo Cuidado> else> echo Pode passar a mão> fiPode passar a mão

Neste exemplo caso o animal fosse da família canídea E (-a) do gênero lobo, OU (-o) da familia felina E (-a) do gênero leão, seria dado um alerta, caso contrário a mensagem seria de incentivo.

Os sinais de maior (>) no início das linhas internas ao if são os prompts de continuação (que estão definidos na variável $PS2) e quando o Shellidentifica que um comando continuará na linha seguinte, automaticamente ele o coloca até que o comando seja encerrado.

Vamos mudar o exemplo para ver se continua funcionando:

$ Familia=felino$ Genero=gato$ if test $Familia = felino -o $Familia = canideo -a $Genero = onça -o $Genero = lobo> then> echo Cuidado> else> echo Pode passar a mão> fiCuidado

Obviamente a operação redundou em erro, isto foi porque a opção -a tem precedência sobre a -o, e desta forma o que primeiro foi avaliado foi a expressão:

$Familia = canideo -a $Genero = onça

Que foi avaliada como falsa, retornando o seguinte:

$Familia = felino -o FALSO -o $Genero = lobo

Que resolvida vem:

VERDADEIRO -o FALSO -o FALSO

Como agora todos conectores são -o, e para que uma série de expressões conectadas entre si por diversos OU lógicos seja verdadeira, basta que uma delas seja, a expressão final resultou como VERDADEIRO e o then foi executado de forma errada. Para que isso volte a funcionar façamos o seguinte:

$ if test \($Familia = felino -o $Familia = canideo\) -a \($Genero = onça -o $Genero = lobo\)> then> echo Cuidado> else> echo Pode passar a mão

Page 30: Shell Script

> fiPode passar a mão

Desta forma, com o uso dos parênteses agrupamos as expressões com o conector -o, priorizando as suas execuções e resultando:

VERDADEIRO -a FALSO

Para que seja VERDADEIRO o resultado duas expressões ligadas pelo conector -a é necessário que ambas sejam verdadeiras, o que não é o caso do exemplo acima. Assim o resultado final foi FALSO sendo então o else corretamente executado.

Se quisermos escolher um CD que tenha faixas de 2 artistas diferentes, nos sentimos tentados a usar um if com o conector -a, mas é sempre bom lembrarmos que o bash nos dá muito recursos, e isso poderia ser feito de forma muito mais simples com um único comando grep, da seguinte maneira:

$ grep Artista1 musicas | grep Artista2

Da mesma forma para escolhermos CDs que tenham a participação do Artista1 e do Artista2, não é necessário montarmos um if com o conector-o. O egrep (ou grep -E, sendo este mais aconselhável) também resolve isso para nós. Veja como:

$ egrep (Artista1|Artista2) musicas

Ou (nesse caso específico) o próprio grep puro e simples poderia nos quebrar o galho:

$ grep Artista[12] musicas

No egrep acima, foi usada uma expressão regular, onde a barra vertical (|) trabalha como um OU lógico e os parênteses são usados para limitar a amplitude deste OU. Já no grep da linha seguinte, a palavra Artista deve ser seguida por um dos valores da lista formada pelos colchetes ([ ]), isto é, 1 ou 2.

- Tá legal, eu aceito o argumento, o if do Shell é muito mais poderoso que os outros caretas, mas cá pra nós, essa construção de if test ... é muito esquisita, é pouco legível.

- É você tem razão, eu também não gosto disso e acho que ninguém gosta. Acho que foi por isso, que o Shell incorporou outra sintaxe que substitui o comando test.

Exemplos

Para isso vamos pegar aquele exemplo para fazer uma troca de diretórios, que era assim:

if test ! -d lmb

then

mkdir lmb

fi

cd lmb

e utilizando a nova sintaxe, vamos fazê-lo assim:

if [ ! -d lmb ]

then

mkdir lmb

fi

cd lmb

Ou seja, o comando test pode ser substituído por um par de colchetes ([ ]), separados por espaços em branco dos argumentos, o que aumentará enormemente a legibilidade, pois o comando if irá ficar com a sintaxe semelhante à das outras linguagens e por isso este será o modo que o comando test será usado daqui para a frente.

Querida, encolheram o comando condicional

Se você pensa que acabou, está muito enganado. Repare a tabela (tabela verdade) a seguir:

Valores Booleanos E OU

VERDADEIRO-VERDADEIRO VERDADEIRO VERDADEIRO

Page 31: Shell Script

VERDADEIRO-FALSO FALSO VERDADEIRO

FALSO-VERDADEIRO FALSO VERDADEIRO

FALSO-FALSO FALSO FALSOOu seja, quando o conector é E e a primeira condição é verdadeira, o resultado final pode ser VERDADEIRO ou FALSO, dependendo da segunda condição, já no conector OU, caso a primeira condição seja verdadeira, o resultado sempre será VERDADEIRO e se a primeira for falsa, o resultado dependerá da segunda condição.

Ora, os caras que desenvolveram o interpretador não são bobos e estão sempre tentando otimizar ao máximo os algoritmos. Portanto, no caso do conector E, a segunda condição não será avaliada, caso a primeira seja falsa, já que o resultado será sempre FALSO. Já com o OU, a segunda será executada somente caso a primeira seja falsa.

Aproveitando disso, criaram uma forma abreviada de fazer testes. Batizaram o conector E de && e o OU de || e para ver como isso funciona, vamos usá-los como teste no nosso velho exemplo de trocarmos de diretório, que em sua última versão estava assim:

if [ ! -d lmb ]

then

mkdir lmb

fi

cd lmb

Isso também poderia ser escrito da seguinte maneira:

[ ! -d lmb ] && mkdir lmb

cd dir

Ou ainda retirando a negação (!):

[ -d lmb ] || mkdir lmb

cd dir

No primeiro caso, se o primeiro comando (o test que está representado pelos colchetes) for bem sucedido, isto é, não existir o diretório lmb, o mkdirserá efetuado porque a primeira condição era verdadeira e o conector era E.

No exemplo seguinte, testamos se o diretório lmb existia (no anterior testamos se ele não existia) e caso isso fosse verdade, o mkdir não seria executado porque o conector era OU. Outra forma:

cd lmb || mkdir lmb

Neste caso, se o cd fosse mal sucedido, seria criado o diretório lmb mas não seria feito o cd para dentro dele. Para executarmos mais de um comando desta forma, é necessário fazermos um grupamento de comandos, e isso se consegue com o uso de chaves ({ }). Veja como seria o correto:

cd lmb ||

{

mkdir lmb

cd lmb

}

Ainda não está legal, porque caso o diretório não exista, o cd dará a mensagem de erro correspondente. Então devemos fazer:

cd lmb 2> /dev/null ||

{

mkdir lmb

cd lmb

Page 32: Shell Script

}

Como você viu o comando if nos permitiu fazer um cd seguro de diversas maneiras. É sempre bom lembrarmos que o seguro a que me referi é no tocante ao fato de que ao final da execução você sempre estará dentro de lmb, desde que você tenha permissão para entrar em lmb, permissão para criar um diretório em ../lmb, haja espaço em disco, ...

E tome de test

Ufa! Você pensa que acabou? Ledo engano! Ainda tem uma forma de test a mais. Essa é legal porque ela te permite usar padrões para comparação. Estes padrões atendem às normas de Geração de Nome de Arquivos (File Name Generation, que são ligeiramente parecidas com as Expressões Regulares, mas não podem ser confundidas com estas). A diferença de sintaxe deste para o test que acabamos de ver é que esse trabalha com dois pares de colchete da seguinte forma:

[[ expressão ]]

Onde expressão é uma das que constam na tabela a seguir:

Expressões Condicionais Para Padrões

Expressão Retorna

cadeia == padrãocadeia1 = padrao

Verdadeiro se cadeia1 casa com padrão

cadeia1 ! padrao Verdadeiro se cadeia1 não casa com padrao.

cadeia1 < cadeia1 Verdadeiro se cadeia1 vem antes de cadeia1 alfabeticamente.

cadeia1 > cadeia1 Verdadeiro se cadeia1 vem depois de cadeia1 alfabeticamente

expr1 && expr2 "E" lógico, verdadeiro se ambos expr1 e expr2 são verdadeiros

expr1 ¦¦ expr2 "OU" lógico, verdadeiro se expr1 ou expr2 for verdadeiro$ echo $H13$ [[ $H == [0-9] || $H == 1[0-2] ]] || echo Hora inválidaHora inválida$H=12$ [[ $H == [0-9] || $H == 1[0-2] ]] || echo Hora inválida$

Neste exemplo, testamos se o conteúdo da variável $H estava compreendido entre zero e nove ([0-9]) ou (||) se estava entre dez e doze (1[0-2]), dando uma mensagem de erro caso não fosse.

Exemplos:

Para saber se uma variável tem o tamanho de um e somente um caractere, faça:

$ var=a$ [[ $var == ? ]] && echo var tem um caracterevar tem um caractere$ var=aa$ [[ $var == ? ]] && echo var tem um caractere$

Como você pode imaginar, este uso de padrões para comparação, aumenta muito o poderio do comando test. No início deste papo, antes do último chope, afirmamos que o comando if do interpretador Shell é mais poderoso que o seu similar em outras linguagens. Agora que conhecemos todo o seu espectro de funções, diga-me: você concorda ou não com esta assertiva?

Acaso casa com case

Vejamos um exemplo didático: dependendo do valor da variável $opc o script deverá executar uma uma das opções: inclusão, exclusão, alteração ou fim. Veja como ficaria este fragmento de script:

if [ $opc -eq 1 ]

then

inclusao

elif [ $opc -eq 2 ]

then

exclusao

Page 33: Shell Script

elif [ $opc -eq 3 ]

then

alteracao

elif [ $opc -eq 4 ]

then

exit

else

echo Digite uma opção entre 1 e 4

fi

Neste exemplo você viu o uso do elif com um else if, esta á a sintaxe válida e aceita, mas poderíamos fazer melhor, e isto seria com o comandocase, que tem a sintaxe a seguir:

case $var in

padrao1) cmd1

cmd2

cmdn ;;

padrao2) cmd1

cmd2

cmdn ;;

padraon) cmd1

cmd2

cmdn ;;

esac

Onde a variável $var é comparada aos padrões padrao1, ..., padraon e caso um deles atenda, o bloco de comandos cmd1, ..., cmdncorrespondente é executado até encontrar um duplo ponto-e-vírgula (;;), quando o fluxo do programa se desviará para instrução imediatamente após oesac.

Na formação dos padrões, são aceitos os seguintes caracteres:

Caracteres Para Formação de Padrões

Caractere Significado

* Qualquer caractere ocorrendo zero ou mais vezes

? Qualquer caractere ocorrendo uma vez

[...] Lista de caracteres

¦ OU lógicoPara mostrar como fica melhor, vamos repetir o exemplo anterior, só que desta vez usaremos o case e não o if ... elif ... else ... fi.

case $opc in

1) inclusao ;;

2) exclusao ;;

3) alteracao ;;

4) exit ;;

Page 34: Shell Script

*) echo Digite uma opção entre 1 e 4

esac

Como você deve ter percebido, eu usei o asterisco como a última opção, isto é, se o asterisco atende a qualquer coisa, então ele servirá para qualquer coisa que não esteja no intervalo de 1 a 4. Outra coisa a ser notada é que o duplo ponto-e-vírgula não é necessário antes do esac.

Exemplos:

Vamos agora fazer um script mais radical. Ele te dará bom dia, boa tarde ou boa noite dependendo da hora que for executado, mas primeiramente veja estes comandos: 

$ dateTue Nov 9 19:37:30 BRST 2004$ date +%H19 

O comando date informa a data completa do sistema, mas ele tem diversas opções para seu mascaramento. Neste comando, a formatação começa com um sinal de mais (+) e os caracteres de formatação vêm após um sinal de percentagem (%), assim o %H significa a hora do sistema. Dito isso vamos ao exemplo:

$ cat boasvindas.sh#!/bin/bash# Programa bem educado que# dá bom-dia, boa-tarde ou# boa-noite conforme a horaHora=$(date +%H)case $Hora in0? | 1[01]) echo Bom Dia;;1[2-7] ) echo Boa Tarde;;* ) echo Boa Noite;;esacexit

Peguei pesado, né? Que nada vamos esmiuçar a resolução caso-a-caso (ou seria case-a-case?  )

0? | 1[01] - Significa zero seguido de qualquer coisa (?), ou (|) um seguido de zero ou um ([01]) ou seja, esta linha pegou 01, 02, ... 09, 10 e 11;

1[2-7] - Significa um seguido da lista de dois a sete, ou seja, esta linha pegou 12, 13, ... 17;

*- Significa tudo que não casou com nenhum dos padrões anteriores.

- Cara, até agora eu falei muito e bebi pouco. Agora eu vou te passar um exercício para você fazer em casa e me dar a resposta da próxima vez que nos encontrarmos aqui no botequim, tá legal?

- Tá, mas antes informe ao pessoal que está acompanhando este curso conosco como eles podem te encontrar para fazer críticas, contar piada, convidar para o chope, curso ou palestra ou até mesmo para falar mal dos políticos.

- É fácil, poste as mensagens no forum de duvidas gerais, mas pare de me embromar que eu não vou esquecer de te passar o script para fazer. É o seguinte: quero que você faça um programa que receberá como parâmetro o nome de um arquivo e que quando executado salvará este arquivo com o nome original seguido de um til (~) e colocará este arquivo dentro do vi (o melhor editor que se tem notícia) para ser editado. Isso é para ter sempre a última cópia boa deste arquivo caso o cara faça alterações indevidas. Obviamente, você fará as críticas necessárias, como verificar se foi passado um parâmetro, se o arquivo passado existe, ... Enfim, o que te der na telha e você achar que deve constar do script. Deu prá entender?

- Hum, hum...

- Chico! Traz mais um sem colarinho que o cara aqui já está dando para entender!

Comandos de loop - parte 1

Muitos problemas requerem mecanismos de repetiçâo nos quais sequências de intruçôes precisam ser repetidas por várias vezes usando conjuntos diferentes de dados. Mais comumente, uma seçâo de código que se repete é chamada de laço porque após a execuçâo da última instruçâo o programa se bifurca e retorna à primeira instrução ou encerra a execução.As instruçôes de loop ou laço que veremos sâo o for, o while e o until que veremos daqui em diante. Começaremos pelo laço for.

Page 35: Shell Script

O Comando for

Se você está acostumado a programar, certamente já conhece o comando for, mas o que você nâo sabe é que o for, que é uma instruçâo instríseca do Shell(isto significa que o código fonte do comando faz parte do código fonte do Shell, ou seja em bom programês é um built-in), é muito mais poderoso que os seus correlatos das outras linguagens.

Vamos entender a sua sintaxe, primeiramente em português e depois como funciona no duro.

para var em val1 val2 ... valn

faça

cmd1

cmd2

cmdn

feito

Onde a variável var assume cada um dos valores da lista val1 val2 ... valn e para cada um desses valores executa o bloco de comandos formado porcmd1, cmd2 e cmdn.

Primeira sintaxe do comando for

for var in val1 val2 ... valn

do

cmd1

cmd2

cmdn

done

Vamos direto para os exemplos, para entender direito o funcionamento deste comando. Vamos escrever um script para listar todos os arquivos do nosso diretório separados por dois-pontos, mas primeiro veja:

$ echo *

ArqDoDOS.txt1 confuso incusu logado musexc musicas musinc muslist

Isto é, o Shell viu o asterisco (*) expandindo-o com o nome de todos os arquivos do diretório e o comando echo jogou-os para a tela separados por espaços em branco. Visto isso vamos ver como resolver o problema a que nos propuzemos:

$ cat testefor1

#!/bin/bash

# 1o. Prog didático para entender o for

for Arq in *

do

echo -n $Arq: # A opcao -n eh para nao saltar linha

done

Então vamos executá-lo:

$ testefor1 ArqDoDOS.txt1:confuso:incusu:logado:musexc:musicas:musinc:muslist:$

Como você viu o Shell transformou o asterísco (que odeia ser chamado de asterístico) em uma lista de arquivos separados por espaços em branco. quando o for viu aquela lista, ele disse: "Opa, lista separadas por espaços é comigo mesmo!"

Page 36: Shell Script

O bloco de comandos a ser executado era somente o echo, que com a opção -n listou a variável $Arq seguida de dois-pontos (:), sem saltar a linha. O cifrão ($) do final da linha da execução é o prompt. que permaneceu na mesma linha também em função da opção -n. Outro exemplo simples (por enquanto):

$ cat testefor2 #!/bin/bash # 2o. Prog didático para entender o for

for Palavra in Papo de Botequim

do

echo $Palavra

done

E executando vem:

$ testefor2

Papo

de

Botequim

Como você viu, este exemplo é tão bobo e simples como o anterior, mas serve para mostrar o comportamento básico do for.

Veja só a força do for: ainda estamos na primeira sintaxe do comando e já estou mostrando novas formas de usá-lo. Lá atrás eu havia falado que o for usava listas separadas por espaços em branco, mas isso é uma meia verdade, era só para facilitar a compreensão.

No duro, as listas não são obrigatóriamente separadas por espaços mas antes de prosseguir, deixa eu te mostrar como se comporta uma variável do sistema chamada de $IFS. Repare seu conteúdo:

$ echo "$IFS" | od -h

0000000 0920 0a0a

0000004

Isto é, mandei a variável (protegida da interpretação do Shell pelas aspas) para um dump hexadecimal (od -h) e resultou:

Conteúdo da Variável $IFS

Hexadecimal Significado

09 <TAB>

20 <ESPAÇO>

0a <ENTER>Onde o último 0a foi proveniente do <ENTER> dado ao final do comando. Para melhorar a explicação, vamos ver isso de outra forma:

$ echo ":$IFS:" | cat -vet

: ^I$

:$

Preste atenção na dica a seguir para entender a construção deste comando cat:

No comando cat, a opção -e representa o <ENTER> como um cifrão ($) e a opção -t representa o <TAB> como um ^I. Usei os dois-pontos (:) para mostrar o início e o fim do echo. E desta forma, mais uma vez pudemos notar que os três caracteres estão presentes naquela variável.

Agora veja você, IFS significa Inter Field Separator ou, traduzindo, separador entre campos. Uma vez entendido isso, eu posso afirmar (porque vou provar) que o comando for não usa listas separadas por espaços em branco, mas sim pelo conteúdo da variável $IFS, cujo valor padrão (default) são esses caracteres que acabamos de ver. Para comprovarmos isso, vamos mostrar um script que recebe o nome do artista como parâmetro e lista as músicas que ele executa, mas primeiramente vamos ver como está o nosso arquivo musicas:

$ cat musicas

album 1^Artista1~Musica1:Artista2~Musica2

Page 37: Shell Script

album 2^Artista3~Musica3:Artista4~Musica4 album 3^Artista5~Musica5:Artista6~Musica6 album 4^Artista7~Musica7:Artista1~Musica3 album 5^Artista9~Musica9:Artista10~Musica10

Em cima deste "leiaute" foi desenvolvido o script a seguir

:$ cat listartista

#!/bin/bash

# Dado um artista, mostra as suas musicasif [ $# -ne 1 ]

then

echo Voce deveria ter passado um parametro

exit 1

fi

IFS="

:"

for ArtMus in $(cut -f2 -d^ musicas)

do

echo "$ArtMus" | grep $1 && echo $ArtMus | cut -f2 -d~

done

O script, como sempre, começa testando se os parâmetros foram passados corretamente, em seguida o IFS foi setado para <ENTER> e dois-pontos (:) (como demonstram as aspas em linha diferentes), porque é ele que separa os blocos Artistan~Musicam. Desta forma, a variável $ArtMus irá receber cada um destes blocos do arquivo (repare que o for já recebe os registros sem o álbum em virtude docut na sua linha). Caso encontre o parâmetro ($1) no bloco, o segundo cut listará somente o nome da música. Vamos executá-lo:

$ listartista Artista1

Artista1~Musica1

Musica1

Artista1~Musica3

Musica3

Artista10~Musica10

Musica10

Êpa! Aconteceram duas coisas indesejáveis: os blocos também foram listados e a Musica10 idem. Além do mais, o nosso arquivo de músicas está muito simples, na vida real, tanto a música quanto o artista têm mais de um nome. Suponha que o artista fosse uma dupla sertaneja chamada Perereca & Peteleca (não gosto nem de dar a idéia com receio que isso se torne realidade. Nesta caso o $1seria Perereca e o resto deste lindo nome seria ignorado na pesquisa.

Para que isso não ocorresse, eu deveia passar o nome do artista entre aspas (") ou alterar $1 por $@ (que significa todos os parâmetros passados), que é a melhor solução, mas neste caso eu teria que modificar a crítica dos parâmetros e o grep. A nova crítica não seria se eu passei um parâmetro, mas pelo menos um parâmetro e quanto ao grep, veja só o que resultaria após a substituição do $* (que entraria no lugar do $1) pelos parâmetros:

echo "$ArtMus" | grep perereca & peteleca

O que resultaria em erro. O correto seria:

echo "$ArtMus" | grep -i "perereca & peteleca"

Page 38: Shell Script

Onde foi colocado a opção -i para que a pesquisa ignorasse maiúsculas e minúsculas e as aspas também foram inseridas para que o nome do artista fosse visto como uma só cadeia monolítica.

Ainda falta consertar o erro dele ter listado o Artista10. Para isso o melhor é dizer ao grep^) de $ArtMus e logo após vem um til (~). É necessário também que se redirecione a saída do grep para/dev/null para que os blocos não sejam mais listados. Veja então a nova (e definitiva) cara do programa: que a cadeia está no início (cuja expressão regular é

$ cat listartista

#!/bin/bash

# Dado um artista, mostra as suas musicas

# versao 2

if [ $# -eq 0 ]

then

echo Voce deveria ter passado pelo menos um parametro

exit 1

fi

IFS="

:"

for ArtMus in $(cut -f2 -d^ musicas)

do

echo "$ArtMus" | grep -i "^$@~" > /dev/null && echo $ArtMus | cut -f2 -d~

done

Que executando vem:

$ listartista Artista1

Musica1

Musica3

Segunda sintaxe do comando for

for var

do

cmd1

cmd2

cmdn

done

- Ué, sem o in como ele vai saber que valor assumir?

- Pois é, né? Esta construção a primeira vista parece xquisita mas é bastante simples. Neste caso, var assumirá um-a-um cada um dos parâmetros passados para o progama.

Vamos logo aos exemplos para entender melhor. Vamos fazer um script que receba como parâmetro um monte de músicas e liste seus autores:

Page 39: Shell Script

$ cat listamusica#!/bin/bash# Recebe parte dos nomes de musicas como parametro e# lista os interpretes. Se o nome for composto, deve# ser passado entre aspas.# ex. "Eu nao sou cachorro nao" "Churrasquinho de Mae"#if [ $# -eq 0 ]thenecho Uso: $0 musica1 [musica2] ... [musican]exit 1fiIFS=":"for Musicadoecho $MusicaStr=$(grep -i "$Musica" musicas) ||{echo " Não encontrada"continue}for ArtMus in $(echo "$Str" | cut -f2 -d^)doecho " $ArtMus" | grep -i "$Musica" | cut -f1 -d~donedone

Da mesma forma que os outros, começamos o exercício com uma crítica sobre os parâmetros recebidos, em seguida fizemos um for em que a variável$Musica receberá cada um dos parâmetros passados, colocando em $Str todos os álbuns que contém as músicas passadas. Em seguida, o outro forpega cada bloco Artista~Musica nos registros que estão em $Str e lista cada artista que execute aquela música.

Como sempre vamos executá-lo para ver se funciona mesmo:

$ listamusica musica3 Musica4 "Eguinha Pocotó"musica3Artista3Artista1Musica4Artista4Eguinha PocotóNão encontrada

A listagem ficou feinha porque ainda não sabemos formatar a saída, mas qualquer dia desses, quando você souber posicionar o cursor, fazer negrito, trabalhar com cores e etc, faremos esta listagem novamente usando todas estas perfumarias e ela ficará muito fashion.

A esta altura dos acontecimentos você deve estar se perguntando: "E aquele for tradicional das outras linguagens em que ele sai contando a partir de um número, com um determinado incremento até alcançar uma condição?"

E é aí que eu te respondo: "Eu não te disse que o nosso for é mais porreta que os outros?" Para fazer isso existem duas formas:

1 - Com a primeira sintaxe que vimos, como nos exemplos a seguir direto no prompt:

$ for i in $(seq 9)> do> echo -n "$i "> done1 2 3 4 5 6 7 8 9

Neste a variável i assumiu os inteiros de 1 a 9 gerados pelo comando seq e a opção -necho foi usada para não saltar linha a cada número listado (sinto-me ecologicamente correto por não gastar um monte de papel da revista quando isso pode ser evitado). Ainda usando o for com seq: do

$ for i in $(seq 3 9)> do> echo -n "$i "> done4 5 6 7 8 9

Ou ainda na forma mais completa do seq:

Page 40: Shell Script

$ for i in $(seq 0 3 9)> do> echo -n "$i "> done0 3 6 9

2 – A outra forma de fazer o desejado é com uma sintaxe muito semelhante ao for da linguagem C, como veremos mais adiante.

Terceira sintaxe do comando for

for ((var=ini; cond; incr))

do

cmd1

cmd2

cmdn

done

Onde:

var=ini - Significa que a variável var começará de um valor inicial ini;cond - Siginifica que o loop ou laço do for será executado enquanto var não atingir a condição cond;incr - Significa o incremento que a variável var sofrerá em cada passada do loop.

Como sempre vamos aos exemplos que a coisa fica mais fácil:

$ for ((i=1; i<=9; i++))

> do

> echo -n "$i "

> done1 2 3 4 5 6 7 8 9

Neste caso a variável i partiu do valor inicial 1, o bloco de comando (neste caso somente o echo) será executado enquanto i menor ou igual (<=) a 9 e o incremento de i1 a cada passada do loop. será de 1.

Repare que no for propriamente dito (e não no bloco de comandos) não coloquei um cifrão ($) antes do i, e a notação para incrementar (i++) é diferente do que vimos até agora. Isto é porque o uso de parênteses duplos (assim como o comando let) chama o interpretador aritmético do Shell, que é mais tolerante.

Como me referi ao comando let, só para mostrar como ele funciona e a versatilidade do for, vamos fazer a mesma coisa, porém omitindo a última parte do escopo do for, passando-a para o bloco de comandos.

$ for ((; i<=9;))

> do

> let i++

> echo -n "$i "

> done1 2 3 4 5 6 7 8 9

Repare que o incremento saiu do corpo do for e passou para o bloco de comandos, repare também que quando usei o let, não foi necessário sequer inicializar a variável $i. Veja só os comandos a seguir dados diretamente no prompt para mostrar o que acabo de falar:

$ echo $j

$ let j++$ echo $j1

Ou seja, a variável $j sequer existia e no primeiro let assumiu o valor 0 (zero) para, após o incremento, ter o valor 1.

Veja só como as coisas ficam simples:

$ for arq in *

> do

Page 41: Shell Script

> let i++

> echo "$i -> $Arq"

> done1 -> ArqDoDOS.txt12 -> confuso3 -> incusu4 -> listamusica5 -> listartista6 -> logado7 -> musexc8 -> musicas9 -> musinc10 -> muslist11 -> testefor112 -> testefor2

- Pois é amigo, tenho certeza que você já tomou um xarope do comando for. Por hoje chega, na próxima vez que nos encontrarmos falaremos sobre outras instruções de loop, mas eu gostaria que até lá você fizesse um pequeno script para contar a quantidade de palavras de um arquivo texto, cujo nome seria recebido por parâmetro.

OBS: Essa contagem tem de ser feita usando o comando for para se habituar ao seu uso. Não vale usar o wc -w.

Comandos de loop - parte 2

Um pouco mais de for e matemática

Voltando à vaca fria, na última vez que aqui estivemos, terminamos o nosso papo mostrando o loop de for a seguir:

for ((; i<=9;))

do

let i++

echo -n "$i "

done

Uma vez que chegamos neste ponto, creio ser bastante interessante citar que o Shell trabalha com o conceito de "Expansão Aritmética" (Arithmetic Expansion) que é acionado por uma construção da forma

$((expressão))

ou

let expressão

No último for citado usei a expansão das duas formas, mas não poderíamos seguir adiante sem saber que a expressão pode ser de uma das listadas a seguir:

Expansão Aritmética

Expressão Resultado

id++ id-- pós-incremento e pós-decremento de variáveis

++id -–id pré-incremento e pré-decremento de variáveis

** exponenciação

* / % multiplicação, divisão, resto da divisão

+ - adição, subtração

<= >= < > comparação

== != igualdade, desigualdade

&& E lógico

|| OU lógico- Mas você pensa que o papo de loop (ou laço) se encerra no comando for? Ledo engano amigo, vamos a partir de agora ver mais dois.

Page 42: Shell Script

O Comando while

Todos os programadores conhecem este comando, porque ele é comum a todas as linguagens e nelas, o que normalmente ocorre é que um bloco de comandos é executado,enquanto (enquanto em ingles é while) uma determinada condição for verdadeira. Pois bem, isto é o que ocorre nas linguagens caretas! Em programação Shell, o bloco de comandos é executado enquanto um comando for verdadeiro. E é claro, se quiser testar uma condição use o comando while junto com o comando test, exatamente como você aprendeu a fazer no if, lembra?

Então a sintaxe do comando fica assim:

while comandodocmd1cmd2...cmdndone

e desta forma o bloco de comandos formado pelas instruções cmd1, cmd2,... e cmdncomando for bem sucedida. é executado enquanto a execução da instrução

Suponha a seguinte cena: tem uma tremenda gata me esperando e eu preso no trabalho sem poder sair porque o meu chefe, que é um pé no saco (aliás chefe-chato é uma redundância, né? , ainda estava na sua sala, que fica bem na minha passagem para a rua.

Ele começou a ficar com as antenas (provavelmente instaladas na cabeça dele pela esposa) ligadas depois da quinta vez que passei pela sua porta e olhei para ver se já havia ido embora. Então voltei para a minha mesa e fiz, no servidor, um script assim:

$ cat logaute.sh#!/bin/bash

# Espero que a Xuxa não tenha# copyright de xefe e xato

while who | grep xefedosleep 30doneecho O xato se mandou, não hesite, dê exit e vá a luta

Neste scriptizinho, o comando while testa o pipeline composto pelo who e pelo grepgrep localizar a palavra xefe na saída do who. Desta forma, o script dormirá por 30 segundos enquanto o chefe estiver logado (Argh!). Assim que ele se desconectar do servidor, o fluxo do script sairá do loop e que será verdadeiro enquanto o e dará a tão ansiada mensagem de liberdade.

Quando o executei adivinha o que aconteceu?

$ logaute.shxefe pts/0 Jan 4 08:46 (10.2.4.144)xefe pts/0 Jan 4 08:47 (10.2.4.144)...xefe pts/0 Jan 4 08:52 (10.2.4.144)

I sto é a cada 30 segundos seria enviado para a tela a saída do grep, o que não seria legal já que poluiria a tela do meu micro e a mensagem esperada poderia passar desapercebida. Para evitar isso já sabemos que a saída do pipeline tem que ser redirecionada para /dev/null.

$ cat logaute.sh#!/bin/bash

# Espero que a Xuxa não tenha# copyright de xefe e xato 

while who | grep xefe > /dev/nulldosleep 30doneecho O xato se mandou, não hesite, dê exit e vá a luta

Agora quero montar um script que receba o nome (e eventuais parâmetros) de um programa que será executado em background e que me informe do seu término. Mas, para você entender este exemplo, primeiro tenho de mostar uma nova variável do sistema. Veja estes comandos diretos no prompt:

Page 43: Shell Script

$ sleep 10&[1] 16317$ echo $!16317[1]+ Done sleep 10$ echo $!16317

Isto é, criei um processo em background para dormir por 10 segundos, somente para mostrar que a variável $! guarda o PID (Process IDentification) do último processo embackground, mas repare após a linha do done, que a variável reteve o valor mesmo após o término deste processo.

Bem sabendo isso já fica mais fácil de monitorar qualquer processo em background. Veja só como:

$ cat monbg.sh#!/bin/bash

# Executa e monitora um# processo em background

$1 & # Coloca em backgroudwhile ps | grep -q $!dosleep 5doneecho Fim do Processo $1

Este script é bastante similar ao anterior, mas tem uns macetes a mais, veja só: ele tem que ser executado em background para não prender o prompt mas o $!background após omonbg.sh propriamente dito. Repare também a opção -q (quiet) do grep, ela serve para tranformá-lo num comando mineiro, isto é, para o grepwhile ps | grep $! > /dev/null, como nos exemplos que vimos até agora. será o do programa passado como parâmetro já que ele foi colocado em "trabalhar em silêncio". O mesmo resultado poderia ser obtido se a linha fosse

Não esqueça: o Bash disponibiliza a variável $! que possui o PID (Process IDentification) do último processo executado em background.

Vamos melhorar o musinc, que é o nosso programa para incluir registros no arquivo musicas, mas antes preciso te ensinar a pegar um dado da tela, e já vou avisando: só vou dar uma pequena dica do comando read (que é quem pega o dado da tela) que seja o suficiente para resolver este nosso problema. Em uma outra rodada de chope vou te ensinar tudo sobre o assunto, inclusive como formatar tela, mas hoje estamos falando sobre loops.

A sintaxe do comando read que nos interessa por hoje é a seguinte:

$ read -p "prompt de leitura" var

Onde prompt de leitura é o texto que você quer que apareça escrito na tela, e quando o operador teclar o dado, ele irá para a variável var. Por exemplo:

$ read -p "Título do Álbum: " Tit

Bem, uma vez entendido isso, vamos à especificação do nosso problema: faremos um programa que inicialmente lerá o nome do álbum e em seguida fara um loop de leitura, pegando a música e o artista. Este loop termina quando for informada uma música vazia, isto é, ao ser solicitada a digitação da música, o operador dá um simples <ENTER>. Para facilitar a vida do operador, vamos oferecer como default o mesmo nome do artista da música anterior (já que é normal que o álbum seja todo do mesmo artista) até que ele deseje alterá-lo. Vamos ver como ficou:

$ cat musinc#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 4)#clearread -p "Título do Álbum: " Tit[ "$Tit" ] || exit 1 # Fim da execução se título vazioif grep "^$Tit\^" musicas > /dev/nullthenecho Este álbum já está cadastradoexit 1fiReg="$Tit^"Cont=1oArt=while truedoecho Dados da trilha $Cont:

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read -p "Música: " Mus[ "$Mus" ] || break # Sai se vazioread -p "Artista: $oArt // " Art[ "$Art" ] && oArt="$Art" # Se vazio Art anteriorReg="$Reg$oArt~$Mus:" # Montando registroCont=$((Cont + 1)) # A linha anterior tb poderia ser ((Cont++))doneecho "$Reg" >> musicassort musicas -o musicas$ cat musinc#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 4)#clearread -p "Título do Álbum: " Tit[ "$Tit" ] || exit 1 # Fim da execução se título vazioif grep "^$Tit\^" musicas > /dev/nullthenecho Este álbum já está cadastradoexit 1fiReg="$Tit^"Cont=1oArt=while truedoecho Dados da trilha $Cont:read -p "Música: " Mus[ "$Mus" ] || break # Sai se vazioread -p "Artista: $oArt // " Art[ "$Art" ] && oArt="$Art" # Se vazio Art anteriorReg="$Reg$oArt~$Mus:" # Montando registroCont=$((Cont + 1)) # A linha anterior tb poderia ser ((Cont++))doneecho "$Reg" >> musicassort musicas -o musicas

Este exemplo, começa com a leitura do título do álbum, que se não for informado, terminará a execução do programa. Em seguida um grep procura no início (^) de cada registro de musicas, o título informado seguido do separador (^) (que está precedido de uma contrabarra (\) para protegê-lo da interpretação do Shell).

Para ler os nomes dos artistas e as músicas do álbum, foi montado um loop de while simples, cujo único destaque é o fato de estar armazenando o artista da música anterior na variável $oArt que só terá o seu conteúdo alterado, quando algum dados for informado para a variável $Art, isto é, quando não teclou-se um simples <ENTER> para manter o artista anterior.

O que foi visto até agora sobre o while foi muito pouco. Este comando é muito utilizado, principalmente para leitura de arquivos, porém nos falta bagagem para prosseguir. Depois que aprendermos a ler, veremos esta instrução mais a fundo.

Leitura de arquivo significa ler um-a-um todos os registros, o que é sempre uma operação lenta. Fique atento para não usar o while quando seu uso for desnecessário. OShell tem ferramentas como o sed e a família grep que vasculham arquivos de forma otimizada sem ser necessário o uso de comandos de loop para fazê-lo registro a registro (ou até palavra a palavra).

O comando until

O comando until funciona exatamente igual ao while, porém ao contrário. Disse tudo mas não disse nada, né? É o seguinte: ambos testam comandos; ambos possuem a mesma sintaxe e ambos atuam em loop, porém enquanto o while executa o bloco de intruções do loopenquanto um comando for bem sucedido, o until executa o bloco do loopaté que o comando seja bem sucedido. Parece pouca coisa mas a diferença é fundamental.

A sintaxe do comando é praticamente a mesma do while. Veja:

until comando

do

cmd1

cmd2

...

Page 45: Shell Script

cmdn

done

E desta forma o bloco de comandos formado pelas instruções cmd1, cmd2,... e cmdncomando é executado até que a execução da instrução seja bem sucedida.

Como eu te disse, o while e until funcionam de forma antagônica e isso é muito fácil de demonstrar: em uma guerra sempre que se inventa uma arma, o inimigo busca uma solução para neutralizá-la. Baseado neste principio belicoso que o meu chefe, desenvolveu, no mesmo servidor que eu executava o logaute.sh um script para controlar o meu horário de chegada.

Um dia deu um problema da rede, ele me pediu para dar uma olhada no micro dele e me deixou sozinho em sua sala. Imediatamente comecei a bisbilhotar seus arquivos - porque guerra é guerra - e veja só o que descobri:

$cat chegada.sh#!/bin/bash

until who | grep juliodosleep 30doneecho $(date "+ Em %d/%m às %H:%Mh") > relapso.log

Olha que safado! O cara estava montando um log com os horários que eu chegava, e ainda por cima chamou o arquivo que me monitorava de relapso.log! O que será que ele quis dizer com isso?

Neste script, o pipelinewho | grep julio, será bem sucedido somente quando juliowho, isto é, quando eu me "logar" no servidor. Até que isso aconteça, o comando sleep, que forma o bloco de instruções do until, porá o programa em espera por 30 segundos. Quando este loop encerrar-se, será dada uma mensagem para o relapso.log (ARGHH!). Supondo que no dia 20/01 eu me loguei às 11:23 horas, a mensagem seria a seguinte: for encontrado no comando

Em 20/01 às 11:23h

Quando vamos cadastrar músicas, o ideal seria que pudéssemos cadastrar diversos CDs, e na última versão que fizemos do musinc, isso não ocorre, a cada CD que cadastramos o programa termina. Vejamos como melhorá-lo:

$ cat musinc#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 5)#Para=until [ "$Para" ]doclearread -p "Título do Álbum: " Titif [ ! "$Tit" ] # Se titulo vazio...thenPara=1 # Liguei flag de saídaelseif grep "^$Tit\^" musicas > /dev/nullthenecho Este álbum já está cadastradoexit 1fiReg="$Tit^"Cont=1oArt=while [ "$Tit" ]doecho Dados da trilha $Cont:read -p "Música: " Mus[ "$Mus" ] || break # Sai se vazioread -p "Artista: $oArt // " Art[ "$Art" ] && oArt="$Art" # Se vazio Art anteriorReg="$Reg$oArt~$Mus:" # Montando registroCont=$((Cont + 1)) # A linha anterior tb poderia ser ((Cont++))doneecho "$Reg" >> musicassort musicas -o musicas

Page 46: Shell Script

fidone

Nesta versão, um loop maior foi adicionado antes da leitura do título, que só terminará quando a variável $Para deixar de ser vazia. Caso o título do álbum não seja informado, a variável $Para receberá valor (no caso coloquei 1 mas poderia ter colocado qualquer coisa. O importante é que não seja vazia) para sair deste loop, terminando desta forma o programa. No resto, o script é idêntico à sua versão anterior.

Atalhos no loop

Nem sempre um ciclo de programa, compreendido entre um do e um done, sai pela porta da frente. Em algumas oportunidades, temos que colocar um comando que aborte de forma controlada este loop. De maneira inversa, algumas vezes desejamos que o fluxo de execução do programa volte antes de chegar ao done. Para isto, temos respectivamente, os comandos break (que já vimos rapidamente nos exemplos do comado while) e continue, que funcionam da seguinte forma:

O que eu não havia dito anteriormente é que nas suas sintaxes genéricas eles aparecem da seguinte forma:

break [qtd loop]

e

continue [qtd loop]

Onde qtd loop representa a quantidade dos loops mais internos sobre os quais os comandos irão atuar. Seu valor default é 1.

Duvido que você nunca tenha deletado um arquivo e logo após deu um tabefe na testa se xingando porque não devia tê-lo removido. Pois é, na décima vez que fiz esta besteira, criei um script para simular uma lixeira, isto é, quando mando remover um (ou vários) arquivo(s), o programa "finge" que removeu-o, mas no duro o que fez foi mandá-lo(s) para o diretório/tmp/LoginName_do_usuario. Chamei este programa de erreeme e no /etc/profile coloquei a seguinte linha:

alias rm=erreeme

O programa era assim:

$ cat erreeme#/bin/bash## Salvando Copia de Arquivo Antes de Remove-lo#

if [ $# -eq 0 ] # Tem de ter um ou mais arquivos para removerthenecho "Erro -> Uso: erreeme arq [arq] ... [arq]"echo " O uso de metacaracteres e’ permitido. Ex. erreeme arq*"exit 1fi

MeuDir="/tmp/$LOGNAME" # Variavel do sist. Contém o nome do usuário.if [ ! -d $MeuDir ] # Se não existir o meu diretório sob o /tmp...thenmkdir $MeuDir # Vou cria-lofi

if [ ! -w $MeuDir ] # Se não posso gravar no diretório...thenecho Impossivel salvar arquivos em $MeuDir. Mude permissao...exit 2fi

Erro=0 # Variavel para indicar o cod. de retorno do prgfor Arq # For sem o "in" recebe os parametros passadosdoif [ ! -f $Arq ] # Se este arquivo não existir...thenecho $Arq nao existe.Erro=3continue # Volta para o comando forfi

Page 47: Shell Script

DirOrig=`dirname $Arq` # Cmd. dirname informa nome do dir de $Arqif [ ! -w $DirOrig ] # Verifica permissão de gravacaoo no diretóriothenecho Sem permissao de remover no diretorio de $ArqErro=4continue # Volta para o comando forfi

if [ "$DirOrig" = "$MeuDir" ] # Se estou "esvaziando a lixeira"...thenecho $Arq ficara sem copia de segurancarm -i $Arq # Pergunta antes de remover[ -f $Arq ] || echo $Arq removido # Será que o usuario removeu?continuefi

cd $DirOrig # Guardo no fim do arquivo o seu diretoriopwd >> $Arq # original para usa-lo em um script de undeletemv $Arq $MeuDir # Salvo e removoecho $Arq removidodoneexit $Erro # Passo eventual numero do erro para o codigo de retorno

Como você pode ver, a maior parte do script é formada por pequenas criticas aos parâmetros informados, mas como o script pode ter recebido diversos arquivos para remover, a cada arquivo que não se encaixa dentro do especificado, há um continue, para que a sequência volte para o loop do for de forma a receber outros arquivos.

Quando você está no Windows (com perdão da má palavra) e tenta remover aquele monte de lixo com nomes esquisitos como HD04TG.TMP, se der erro em um deles, os outros não são removidos, não é? Então, o continue foi usado para evitar que um impropério desses ocorra, isto é, mesmo que dê erro na remoção de um arquivo, o programa continuará removendo os outros que foram passados.

- Eu acho que a esta altura você deve estar curioso para ver o programa que restaura o arquivo removido, não é? Pois então aí vai vai um desafio: faça-o em casa e me traga para discutirmos no nosso próximo encontro aqui no boteco.

- Poxa, mas nesse eu acho que vou dançar, pois não sei nem como começar...

- Cara, este programa é como tudo que se faz em Shell, extremamente fácil, é para ser feito em, no máximo 10 linhas. Não se esqueça que o arquivo está salvo em /tmp/$LOGNAME e que a sua última linha é o diretório em que ele residia antes de ser "removido". Também não se esqueça de criticar se foi passado o nome do arquivo a ser removido.

- É eu vou tentar, mas sei não...

- Tenha fé irmão, eu tô te falando que é mole! Qualquer dúvida é só me passar um e-mail para [email protected]. Agora chega de papo que eu já estou de goela seca de tanto falar. Me acompanha no próximo chope ou já vai sair correndo para fazer o script que passei?

- Deixa eu pensar um pouco...

- Chico, traz mais um chope enquanto ele pensa!

Leitura de dados e arquivos

O comando tput

O maior uso deste comando é para posicionar o cursor na tela, mas também é muito usado para apagar dados da tela, saber a quantidade de linhas e colunas para poder posicionar corretamente um campo, apagar um campo cuja crítica detectou como errado. Enfim, quase toda a formatação da tela é feita por este comando.

Uns poucos atributos do comando tput podem eventualmente não funcionar se o modelo de terminal definido pela variável $TERM não tiver esta facilidade incorporada.

Na tabela a seguir, apresenta os principais atributos do comando e os efeitos executados sobre o terminal, mas veja bem existem muito mais do que esses, veja só:

$ tput it8

Neste exemplo eu recebi o tamanho inicial da <TAB> ( Initial T ab), mas me diga: para que eu quero saber isso? Se você quiser saber tudo sobre o comando tput (e olha que é coisa que não acaba mais), veja em: http://www.cs.utah.edu/dept/old/texinfo/tput/tput.html#SEC4.

Principais Opções do Comando tput

Page 48: Shell Script

Opções do tput

Efeito

cup lin col CUrsor Position - Posiciona o cursor na linha lin e coluna col. A origem é zero

bold Coloca a tela em modo de ênfase

rev Coloca a tela em modo de vídeo reverso

smso Idêntico ao anterior

smul A partir desta instrução, os caracteres teclados aparecerão sublinhados na tela

blink Os caracteres teclados aparecerão piscando

sgr0 Após usar um dos atributos acima, use este para restaurar a tela ao seu modo normal

resetLimpa o terminal e restaura suas definições de acordo com o terminfo ou seja, o terminal volta ao padrão definido pela variável $TERM

lines Devolve a quantidade de linhas da tela no momento da instrução

cols Devolve a quantidade de colunas da tela no momento da instrução

el Erase Line – Apaga a linha a partir da posição do cursor

ed Erase Display – Apaga a tela a partir da posição do cursor

il n Insert Lines – Insere n linhas a partir da posição do cursor

dl n Delete Lines – Remove n linhas a partir da posição do cursor

ech n Erase CHaracters – Apaga n caracteres a partir da posição do cursor

sc Save Cursor position – Salva a posição do cursor

rc Restore Cursor position – Coloca o cursor na posição marcada pelo último scVamos fazer um programa bem besta (e portanto fácil) para mostrar alguns atributos deste comando. É o famoso e famigerado Alô Mundo só que esta frase será escrita no centro da tela e em vídeo reverso e após isso, o cursor voltará para a posição em que estava antes de escrever esta tão criativa frase. Veja:

$ cat alo.sh#!/bin/bash# Script bobo para testar# o comando tput (versao 1)

Colunas=`tput cols` # Salvando quantidade colunasLinhas=`tput lines` # Salvando quantidade linhasLinha=$((Linhas / 2)) # Qual eh a linha do meio da tela?Coluna=$(((Colunas - 9) / 2)) # Centrando a mensagem na telatput sc # Salvando posicao do cursortput cup $Linha $Coluna # Posicionando para escrevertput rev # Video reversoecho Alô Mundotput sgr0 # Restaura video ao normaltput rc # Restaura cursor aa posição original

Como o programa já está todo comentado, acho que a única explicação necessária seria para a linha em que é criada a variável Coluna e o estranho ali é aquele número 9, mas ele é o tamanho da cadeia que pretendo escrever (Alô Mundo).

Desta forma este programa somente conseguiria centrar cadeias de 9 caracteres, mas veja isso:

$ var=Papo$ echo ${#var}4$ var="Papo de Botequim"$ echo ${#var}16

Ahhh, melhorou! Então agora sabemos que a construção ${#variavel} devolve a quantidade de caracteres de variavel. Assim sendo, vamos otimizar o nosso programa para que ele escreva em vídeo reverso, no centro da tela a cadeia passada como parâmetro e depois o cursor volte à posição que estava antes da execução do script.

$ cat alo.sh#!/bin/bash# Script bobo para testar# o comando tput (versao 2)

Colunas=`tput cols` # Salvando quantidade colunasLinhas=`tput lines` # Salvando quantidade linhasLinha=$((Linhas / 2)) # Qual eh a linha do meio da tela?Coluna=$(((Colunas - ${#1}) / 2)) #Centrando a mensagem na telatput sc # Salvando posicao do cursor

Page 49: Shell Script

tput cup $Linha $Coluna # Posicionando para escrevertput rev # Video reversoecho $1tput sgr0 # Restaura video ao normaltput rc # Restaura cursor aa posição original

Este script é igual ao anterior, só que trocamos o valor fixo da versão anterior (9), por ${#1}, onde este 1 é o $1 ou seja, esta construção devolve o tamanho do primeiro parâmetro passado para o programa. Se o parâmetro que eu quiser passar tiver espaços em branco, teria que colocá-lo todo entre aspas, senão o $1$1 por $*, que como sabemos é o conjunto de todos os parâmetros. Então aquela linha ficaria assim: seria somente o primeiro pedaço. Para evitar este aborrecimento, é só substituir o

Coluna=`$(((Colunas - ${#*}) / 2))` #Centrando a mensagem na tela

e a linha echo $1 passaria a ser echo $*. Mas não esqueça de quando executar, passar a frase que vc desja centrar como parâmetro.

E agora podemos ler os dados na tela

Bem a partir de agora vamos aprender tudo sobre leitura, só não posso ensinar a ler cartas e búzios porque se eu soubesse, estaria rico, num pub londrino tomando scotch e não em um boteco desses tomando chope. Mas vamos em frente.

Da última vez que nos encontramos aqui eu já dei uma palinha sobre o comando read. Para começarmos a sua análise mais detalhada. veja só isso:

$ read var1 var2 var3Papo de Botequim$ echo $var1Papo$ echo $var2de$ echo $var3Botequim$ read var1 var2Papo de Botequim$ echo $var1Papo$ echo $var2de Botequim

Como você viu, o read recebe uma lista separada por espaços em branco e coloca cada item desta lista em uma variável. Se a quantidade de variáveis for menor que a quantidade de itens, a última variável recebe o restante.

Eu disse lista separada por espaços em branco? Agora que você já conhece tudo sobre o $IFS (Inter Field Separator) que eu te apresentei quando falávamos do comando for, será que ainda acredita nisso? Vamos testar direto no prompt:

$ oIFS="$IFS"$ IFS=:$ read var1 var2 var3Papo de Botequim$ echo $var1Papo de Botequim$ echo $var2

$ echo $var3

$ read var1 var2 var3Papo:de:Botequim$ echo $var1Papo$ echo $var2de$ echo $var3Botequim$ IFS="$oIFS"

Viu, estava furado! O read lê uma lista, assim como o for, separada pelos caracteres da variável $IFS. Então veja como isso pode facilitar a sua vida:

$ grep julio /etc/passwdjulio:x:500:544:Julio C. Neves – 7070:/home/julio:/bin/bash$ oIFS="$IFS" # Salvando IFS

Page 50: Shell Script

$ IFS=:$ grep julio /etc/passwd | read lname lixo uid gid coment home shell$ echo -e "$lname\n$uid\n$gid\n$coment\n$home\n$shell"julio500544Julio C. Neves – 7070/home/julio/bin/bash$ IFS="$oIFS" # Restaurando IFS

Como você viu, a saída do grep foi redirecionada para o comando read que leu todos os campos de uma só tacada. A opção -e do echo foi usada para que o \n new line fosse entendido como um salto de linha e não como um literal.

Sob o Bash existem diversas opções do read que servem para facilitar a sua vida. Veja a tabela a seguir:

Opções do comando read no Bash

Opção Ação

-p prompt Escreve o prompt antes de fazer a leitura

-n num Lê até num caracteres

-t seg Espera seg segundos para que a leitura seja concluída

-s O que está sendo teclado não aparece na telaE agora direto aos exemplos curtos para demonstrar estas opções.

Para ler um campo "Matrícula":

$ echo -n "Matricula: "; read Mat # -n nao salta linhaMatricula: 12345$ echo $Mat12345

Ou simplificando com a opção -p:

$ read -p "Matricula: " MatMatricula: 12345$ echo $Mat12345

Para ler uma determinada quantidade de caracteres:

$ read -n5 -p"CEP: " Num ; read -n3 -p- ComplCEP: 12345-678$$ echo $Num12345$ echo $Compl678

Neste exemplo fizemos dois read: um para a primeira parte do CEP e outra para o seu complemento, deste modo formatando a entrada de dados. O cifrão ($) após o último algarismo teclado, é porque o read não tem o new-line implícito por default como o tem o echo.

Para ler que até um determinado tempo se esgote (conhecido como time out):

$ read -t2 -p "Digite seu nome completo: " Nom || echo 'Eta moleza!'Digite seu nome completo: JEta moleza!$ echo $Nom

$

Obviamente isto foi uma brincadeira, pois só tinha 3 segundos para digitar o meu nome completo e só me deu tempo de teclar um J (aquele colado no Eta), mas serviu para mostrar duas coisas:

1.O comando após o par de barras verticais (||) (o ou lógico, lembra-se?) será executado caso a digitação não tenha sido concluída no tempo estipulado;2.A variável Nom permaneceu vazia. Ela será valorada somente quando o <ENTER> for teclado.

Para ler um dado sem ser exibido na tela:

$ read -sp "Senha: "Senha: $ echo $REPLYsegredo 

Aproveitei um erro para mostrar um macete. Quando escrevi a primeira linha, esqueci de colocar o nome da variável que iria receber a senha, e só notei quando ia listar o seu valor. Felizmente a variável $REPLY do Bash, possui a última cadeia lida e me aproveitei disso para não perder a viagem. Teste você mesmo o que acabei de fazer.

Page 51: Shell Script

Mas o exemplo que dei, era para mostrar que a opção -s impede o que está sendo teclado de ir para a tela. Como no exemplo anterior, a falta do new-line fez com que o prompt de comando ($) permanecesse na mesma linha.

Bem, agora que sabemos ler da tela vejamos como se lê os dados dos arquivos.

Vamos ler arquivos?

Como eu já havia lhe dito, e você deve se lembrar, o while testa um comando e executa um bloco de instruções enquanto este comando for bem sucedido. Ora quando você está lendo um arquivo que lhe dá permissão de leitura, o read só será mal sucedido quando alcançar o EOF (end of file), desta forma podemos ler um arquivo de duas maneiras:

1 - Redirecionando a entrada do arquivo para o bloco do while assim:

while read Linha

do

echo $Linha

done < arquivo

2 - Redirecionando a saída de um cat para o while, da seguinte maneira:

cat arquivo |

while read Linha

do

echo $Linha

done

Cada um dos processos tem suas vantagens e desvantagens:

Vantagens do primeiro processo:

•É mais rápido;•Não necessita de um subshell para assisti-lo;

Desvantagem do primeiro processo:

•Em um bloco de instruções grande, o redirecionamento fica pouco visível o que por vezes prejudica a vizualização do código;

Vantagem do segundo processo:

•Como o nome do arquivo está antes do while, é mais fácil a vizualização do código.

Desvantagens do segundo processo:

•O Pipe (|) chama um subshell para interpretá-lo, tornando o processo mais lento, pesado e por vezes problemático (veja o exemplo a seguir).

Para ilustrar o que foi dito, veja estes exemplos a seguir:

$ cat readpipe.sh#!/bin/bash# readpipe.sh# Exemplo de read passando arquivo por pipe.

Ultimo="(vazio)"cat $0 | # Passando o arq. do script ($0) p/ whilewhile read LinhadoUltimo="$Linha"echo "-$Ultimo-"doneecho "Acabou, Último=:$Ultimo:"

Vamos ver sua execução:

$ readpipe.sh-#!/bin/bash--# readpipe.sh-

Page 52: Shell Script

-# Exemplo de read passando arquivo por pipe.----Ultimo="(vazio)"--cat $0 | # Passando o arq. do script ($0) p/ while--while read Linha--do--Ultimo="$Linha"--echo "-$Ultimo-"--done--echo "Acabou, Último=:$Ultimo:"-Acabou, Último= vazio):

Como você viu, o script lista todas as suas próprias linhas com um sinal de menos (-) antes e outro depois de cada, e no final exibe o conteúdo da variável $Ultimo. Repare no entanto que o conteúdo desta variável permanece como (vazio).

- Ué será que a variável não foi atualizada?

- Foi, e isso pode ser comprovado porque a linha echo "-$Ultimo-" lista corretamente as linhas.

- Então porque isso aconteceu?

- Por que como eu disse, o bloco de instruções redirecionado pelo pipe (|) é executado em um subshell e lá as variáveis são atualizadas. Quando este subshell termina, as atualizações das variáveis vão para os píncaros do inferno junto com ele. Repare que vou fazer uma pequena mudança nele, passando o arquivo por redirecionamento de entrada (<) e as coisas passarão a funcionar na mais perfeita ordem:

$ cat redirread.sh#!/bin/bash# redirread.sh# Exemplo de read passando arquivo por pipe.

Ultimo="(vazio)"while read LinhadoUltimo="$Linha"echo "-$Ultimo-"done < $0 # Passando o arq. do script ($0) p/ whileecho "Acabou, Último=:$Ultimo:"

E veja a sua perfeita execução:

$ redirread.sh-#!/bin/bash--# redirread.sh--# Exemplo de read passando arquivo por pipe.----Ultimo="(vazio)"--while read Linha--do--Ultimo="$Linha"--echo "-$Ultimo-"--done < $0 # Passando o arq. do script ($0) p/ while--echo "Acabou, Último=:$Ultimo:"-Acabou, Último=:echo "Acabou, Último=:$Ultimo:":

Bem amigos da Rede Shell, para finalizar o comando read só falta mais um pequeno e importante macete que vou mostrar utilizando um exemplo prático. Suponha que você queira listar na tela um arquivo e a cada dez registros esta listagem pararia para que o operador pudesse ler o conteúdo da tela e ela só voltasse a rolar (scroll) após o operador digitar qualquer tecla. Para não gastar papel (da Linux Magazine) pra chuchu, vou fazer esta listagem na horizontal e o meu arquivo (numeros), tem 30 registros somente com números seqüênciais. Veja:

$ seq 30 > numeros$ cat 10porpag.sh#!/bin/bash# Prg de teste para escrever# 10 linhas e parar para ler# Versão 1

while read Numdolet ContLin++ # Contando...echo -n "$Num " # -n para nao saltar linha

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((ContLin % 10)) > /dev/null || readdone < numeros

Na tentativa de fazer um programa genérico criamos a variável $ContLin (por que na vida real, os registros não são somente números seqüenciais) e parávamos para ler quando o resto da divisão por 10 fosse zero (mandando a saída para /dev/null de forma a não aparecer na tela, sujando-a). Porém, quando fui executar deu a seguinte zebra:

$ 10porpag.sh1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 23 24 25 26 27 28 29 30

Repare que faltou o número 11 e a listagem não parou no read. O que houve foi que toda a entrada do loop estava redirecionada do arquivo numeros e desta forma, a leitura foi feita em cima deste arquivo, desta forma perdendo o 11 (e também o 22).

Vamos mostrar então como deveria ficar para funcionar a contento:

$ cat 10porpag.sh#!/bin/bash# Prg de teste para escrever# 10 linhas e parar para ler# Versão 2

while read Numdolet ContLin++ # Contando...echo -n "$Num " # -n para nao saltar linha((ContLin % 10)) > /dev/null || read < /dev/ttydone < numeros

Observe que agora a entrada do read foi redirecionada por /dev/tty, que nada mais é senão o terminal corrente, explicitando desta forma que aquela leitura seria feita do teclado e não de números. É bom realçar que isto não acontece somente quando usamos o redirecionamento de entrada, se houvéssemos usado o redirecionamento via pipe (|), o mesmo teria ocorrido.

Veja agora a sua execução:

$ 10porpag.sh1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 12 13 14 15 16 17 18 19 2021 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Isto está quase bom mas falta um pouco para ficar excelente. Vamos melhorar um pouco o exemplo para que você o reproduza e teste (mas antes de testar aumente o número de registros de numeros ou reduza o tamanho da tela, para que haja quebra).

$ cat 10porpag.sh#!/bin/bash# Prg de teste para escrever# 10 linhas e parar para ler# Versão 3

clearwhile read Numdo((ContLin++)) # Contando...echo "$Num"((ContLin % (`tput lines` - 3))) || {read -n1 -p"Tecle Algo " < /dev/tty # para ler qq caractereclear # limpa a tela apos leitura}done < numeros

A mudança substancial feita neste exemplo é com relação à quebra de página, já que ela é feita a cada quantidade-de-linhas-da-tela (tput lines) menos (-) 3, isto é, se a tela tem 25 linhas, listará 22 registros e parará para leitura. No comando read-n1 para ler somente um caractere sem ser necessariamente um <ENTER> e a opção -p para dar a mensagem. 

- Bem meu amigo, por hoje é só porque acho que você já está de saco cheio...

- Num tô não, pode continuar...

- Se você não estiver eu estou... Mas já que você está tão empolgado com o Shell, vou te deixar um exercício de apredizagem para você melhorar a sua CDteca que é bastante simples. Reescreva o seu programa que cadastra CDs para

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montar toda a tela com um único echo e depois vá posicionando à frente de cada campo para receber os valores que serão teclados pelo operador.

Não se esqueça, qualquer dúvida ou falta de companhia para um chope é só mandar um e-mail para [email protected]. Vou aproveitar também para mandar o meu jabá: diga para os amigos que quem estiver afim de fazer um curso porreta de programação em Shell (de 40 horas) que mande um e-mail para [email protected] para informar-se. Valeu!

Funções e source

Funções

- Chico! Agora traz dois chopes, sendo um sem colarinho, para me dar inspiração.

Pergunta ()

{

# A função recebe 3 parâmetros na seguinte ordem:

# $1 - Mensagem a ser dada na tela

# $2 - Valor a ser aceito com resposta default

# $3 - O outro valor aceito

# Supondo que $1=Aceita?, $2=s e $3=n, a linha a

# seguir colocaria em Msg o valor "Aceita? (S/n)"

local Msg="$1 (`echo $2 | tr a-z A-Z`/`echo $3 | tr A-Z a-z`)"

local TamMsg=${#Msg}

local Col=$(((TotCols - TamMsg) / 2)) # Centra msg na linha

tput cup $LinhaMesg $Col

echo "$Msg"

tput cup $LinhaMesg $((Col + TamMsg + 1))

read -n1 SN

[ ! $SN ] && SN=$2 # Se vazia coloca default em SN

echo $SN | tr A-Z a-z # A saída de SN será em minúscula

tput cup $LinhaMesg $Col; tput el # Apaga msg da tela

return # Sai da função

}

Como podemos ver, uma função é definida quando fazemos nome_da_função () e todo o seu corpo está entre chaves ({}). Assim como conversamos aqui no Boteco sobre passagem de parâmetros, as funções os recebem da mesma forma, isto é, são parâmetros posicionais ($1, $2, ..., $n) e todas as regras que se aplicam à passagem de parâmetros para programas, também valem para funções, mas é muito importante realçar que os parâmetros passados para um programa não se confundem com aqueles que este passou para suas funções. Isso significa, por exemplo, que o $1 de um script é diferente do $1 de uma de suas funções

Repare que as variáveis $Msg, $TamMsg e $Col são de uso restrito desta rotina, e por isso foram criadas como local. A finalidade disso é simplesmente para economizar memória, já que ao sair da rotina, elas serão devidamente detonadas da partição e caso não tivesse usado este artifício, permaneceriam residentes.

A linha de código que cria local Msg, concatena ao texto recebido ($1) um abre parênteses, a resposta default ($2) em caixa alta, uma barra, a outra resposta ($3) em caixa baixa e finaliza fechando o parênteses. Uso esta convenção para, ao mesmo tempo, mostrar as opções disponíveis e realçar a resposta oferecida como default.

Page 55: Shell Script

Quase ao fim da rotina, a resposta recebida ($SN) é passada para caixa baixa de forma que no corpo do programa não se precise fazer este teste.

Veja agora como ficaria a função para dar uma mensagem na tela:

function MandaMsg

{

# A função recebe somente um parâmetro

# com a mensagem que se deseja exibir,

# para não obrigar ao programador passar

# a msq entre aspas, usaremos $* (todos

# os parâmetro, lembra?) e não $1.

local Msg="$*"

local TamMsg=${#Msg}

local Col=$(((TotCols - TamMsg) / 2)) # Centra msg na linha

tput cup $LinhaMesg $Col

echo "$Msg"

read -n1

tput cup $LinhaMesg $Col; tput el # Apaga msg da tela

return # Sai da função

}

Esta é uma outra forma de definir uma função: não a chamamos como no exemplo anterior usando uma construção com a sintaxe nome_da_função (), mas sim como function nome_da_função. Quanto ao mais, nada difere da anterior, exceto que, como consta dos comentários, usamos a variável $* que como já sabemos é o conjunto de todos os parâmetros passados, para que o programador não precise usar aspas envolvendo a mensagem que deseja passar para a função.

Para terminar com este blá-blá-blá vamos ver então as alterações que o programa necessita quando usamos o conceito de funções:

$ cat musinc6#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 6)#

# Área de variáveis globaisLinhaMesg?=$((`tput lines` - 3)) # Linha que msgs serão dadas para operadorTotCols?=$(tput cols) # Qtd colunas da tela para enquadrar msgs

# Área de funçõesPergunta (){# A função recebe 3 parâmetros na seguinte ordem:# $1 - Mensagem a ser dada na tela# $2 - Valor a ser aceito com resposta default# $3 - O outro valor aceito# Supondo que $1=Aceita?, $2=s e $3=n, a linha# abaixo colocaria em Msg o valor "Aceita? (S/n)"local Msg="$1 (`echo $2 | tr a-z A-Z`/`echo $3 | tr A-Z a-z`)"local TamMsg?=${#Msg}local Col=$(((TotCols? - TamMsg?) / 2)) # Centra msg na linhatput cup $LinhaMesg $Colecho "$Msg"

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tput cup $LinhaMesg $((Col + TamMsg? + 1))read -n1 SN[ ! $SN ] && SN=$2 # Se vazia coloca default em SNecho $SN | tr A-Z a-z # A saída de SN será em minúsculatput cup $LinhaMesg $Col; tput el # Apaga msg da telareturn # Sai da função}function MandaMsg?

{# A função recebe somente um parâmetro# com a mensagem que se deseja exibir,# para não obrigar ao programador passar# a msq entre aspas, usaremos $* (todos# os parâmetro, lembra?) e não $1.local Msg="$*"local TamMsg?=${#Msg}local Col=$(((TotCols? - TamMsg?) / 2)) # Centra msg na linhatput cup $LinhaMesg $Colecho "$Msg"read -n1tput cup $LinhaMesg $Col; tput el # Apaga msg da telareturn # Sai da função}

# O corpo do programa propriamente dito começa aquiclearecho "Inclusao de Músicas==== == ===

Título do Álbum:| Este campo foi

Faixa< criado somente para| orientar o preenchimentoNome da Música:

Intérprete:" # Tela montada com um único echowhile true

dotput cup 5 38; tput el # Posiciona e limpa linharead Album[ ! "$Album" ] && # Operador deu {Pergunta "Deseja Terminar" s n[ $SN = "n" ] && continue # Agora só testo a caixa baixaclear; exit # Fim da execução}grep -iq "^$Album\^" musicas 2> /dev/null &&{MandaMsg? Este álbum já está cadastradocontinue # Volta para ler outro álbum}Reg="$Album^" # $Reg receberá os dados de gravaçãooArtista= # Guardará artista anteriorwhile truedo((Faixa++))tput cup 7 38echo $Faixa

tput cup 9 38 # Posiciona para ler musicaread Musica[ "$Musica" ] || # Se o operador tiver dado ...{

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Pergunta "Fim de Álbum?" s n[ "$SN" = n ] && continue # Agora só testo a caixa baixabreak # Sai do loop para gravar dados}tput cup 11 38 # Posiciona para ler Artista[ "$oArtista" ]&& echo -n "($oArtista) " # Artista anterior é defaultread Artista[ "$Artista" ] && oArtista="$Artista"Reg="$Reg$oArtista~$Musica:" # Montando registrotput cup 9 38; tput el # Apaga Musica da telatput cup 11 38; tput el # Apaga Artista da teladoneecho "$Reg" >> musicas # Grava registro no fim do arquivosort musicas -o musicas # Classifica o arquivodone

Repare que a estruturação do _script_está conforme o gráfico a seguir:

Variáveis Globais

Funções

Corpo do ProgramaEsta estruturação é devido ao Shell ser uma linguagem interpretada e desta forma o programa é lido da esquerda para a direita e de cima para baixo e uma variável para ser vista simultaneamente pelo scripte suas funções deve ser declarada (ou inicializada) antes de qualquer coisa. As funções por sua vez devem ser declaradas antes do corpo do programa propriamente dito porque no ponto em que o programador mencionou seu nome, o interpretador Shell já o havia localizado e registrado que era uma função.

Uma coisa bacana no uso de funções é fazê-las o mais genérico possível de forma que elas sirvam para outras aplicações, sem necessidade de serem reescritas. Essas duas que acabamos de ver têm uso generalizado, pois é difícil um script que tenha uma entrada de dados pelo teclado que não use uma rotina do tipo da MandaMsg ou não interage com o operador por algo semelhante à Pergunta.

Conselho de amigo: crie um arquivo e cada função nova que você criar, anexe-a a este arquivo. Ao final de um tempo você terá uma bela biblioteca de funções que lhe poupará muito tempo de programação.

O comando source

Vê se você nota algo de diferente na saída do ls a seguir:

$ ls -la .bash_profile-rw-r--r-- 1 Julio unknown 4511 Mar 18 17:45 .bash_profile

Não olhe a resposta não, volte a prestar atenção! Bem, já que você está mesmo sem saco de pensar e prefere ler a resposta, vou te dar uma dica: acho que você sabe que o .bash_profile é um dos programas que são automaticamente "executados" quando você se loga (ARRGGHH! Odeio este termo). Agora que te dei esta dica olhe novamente para a saída do ls e me diga o que há de diferente nela.

Como eu disse o .bash_profile é "executado" em tempo de logon e repare que não tem nenhum direito de execução. Isso se dá porque o se você o executasse como qualquer outroscript careta, quando terminasse sua execução todo o ambiente por ele gerado morreria junto com o Shell sob o qual ele foi executado (você se lembra que todos os scripts são executados em subshells, né?).

Pois é. É para coisas assim que existe o comando source, também conhecido por . (ponto). Este comando faz com que não seja criado um novo Shell (um subshell) para executar o programa que que lhe é passado como parâmetro.

Melhor um exemplo que 453 palavras. Veja este scriptizinho a seguir:

$ cat script_bobocd ..ls

Ele simplesmente deveria ir para o diretório acima do diretório atual. Vamos executar uns comandos envolvendo o script_bobo e vamos analisar os resultados:

$ pwd/home/jneves$ script_bobojneves juliana paula silvie$ pwd/home/jneves

Se eu mandei ele subir um diretório, porque não subiu? Subiu sim! O subshellscript tanto subiu que listou os diretórios dos quatro usuários abaixo do /home, só que assim que o scriptacabou, o subshell foi para o beleleu e com ele todo o ambiente criado. Olha agora como a coisa muda:

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$ source script_bobojneves juliana paula silvie$ pwd/home$ cd -/home/jneves$ . script_bobojneves juliana paula silvie$ pwd/home

Ahh! Agora sim! Sendo passado como parâmetro do comando source ou .script foi executado no Shell corrente deixando neste, todo o ambiente criado. Agora damos um rewindpara o início da explicação sobre este comando. Lá falamos do .bash_profile, e a esta altura você já deve saber que a sua incumbência é, logo após o login, deixar o ambiente de trabalho preparado para o usuário, e agora entendemos que é por isso mesmo que ele é executado usando este artifício.

E agora você deve estar se perguntando se é só para isso que este comando serve, e eu lhe digo que sim, mas isso nos traz um monte de vantagens e uma das mais usadas é tratar funções como rotinas externas. Veja uma outra forma de fazer o nosso programa para incluir CDs no arquivo musicas:

$ cat musinc7#!/bin/bash# Cadastra CDs (versao 7)#

# Área de variáveis globaisLinhaMesg?=$((`tput lines` - 3)) # Linha que msgs serão dadas para operadorTotCols?=$(tput cols) # Qtd colunas da tela para enquadrar msgs

# O corpo do programa propriamente dito começa aquiclearecho "Inclusao de Músicas==== == ===

Título do Álbum:| Este campo foi

Faixa< criado somente para| orientar o preenchimentoNome da Música:

Intérprete:" # Tela montada com um único echowhile truedotput cup 5 38; tput el # Posiciona e limpa linharead Album[ ! "$Album" ] && # Operador deu {source pergunta.func "Deseja Terminar" s n[ $SN = "n" ] && continue # Agora só testo a caixa baixaclear; exit # Fim da execução}grep -iq "^$Album\^" musicas 2> /dev/null &&{. mandamsg.func Este álbum já está cadastradocontinue # Volta para ler outro álbum}Reg="$Album^" # $Reg receberá os dados de gravaçãooArtista= # Guardará artista anteriorwhile truedo((Faixa++))tput cup 7 38echo $Faixatput cup 9 38 # Posiciona para ler musicaread Musica[ "$Musica" ] || # Se o operador tiver dado ...

Page 59: Shell Script

{. pergunta.func "Fim de Álbum?" s n[ "$SN" = n ] && continue # Agora só testo a caixa baixabreak # Sai do loop para gravar dados}tput cup 11 38 # Posiciona para ler Artista[ "$oArtista" ] && echo -n "($oArtista) " # Artista anter. é defaultread Artista[ "$Artista" ] && oArtista="$Artista"Reg="$Reg$oArtista~$Musica:" # Montando registrotput cup 9 38; tput el # Apaga Musica da telatput cup 11 38; tput el # Apaga Artista da teladoneecho "$Reg" >> musicas # Grava registro no fim do arquivosort musicas -o musicas # Classifica o arquivodone

Agora o programa deu uma boa encolhida e as chamadas de função foram trocadas por arquivos externos chamados pergunta.func e mandamsg.func, que assim podem ser chamados por qualquer outro programa, desta forma reutilizando o seu código.

Por motivos meramente didáticos as execuções de pergunta.func e mandamsg.funcsource e por . (ponto) indiscriminadamente, embora prefira o source por ser mais visível desta forma dando maior legibilidade ao código e facilitando sua posterior manutenção.

Veja agora como ficaram estes dois arquivos:

$ cat pergunta.func# A função recebe 3 parâmetros na seguinte ordem:# $1 - Mensagem a ser dada na tela# $2 - Valor a ser aceito com resposta default# $3 - O outro valor aceito# Supondo que $1=Aceita?, $2=s e $3=n, a linha# abaixo colocaria em Msg o valor "Aceita? (S/n)"Msg="$1 (`echo $2 | tr a-z A-Z`/`echo $3 | tr A-Z a-z`)"TamMsg=${#Msg}Col=$(((TotCols - TamMsg) / 2)) # Centra msg na linhatput cup $LinhaMesg $Colecho "$Msg"tput cup $LinhaMesg $((Col + zTamMsg + 1))read -n1 SN[ ! $SN ] && SN=$2 # Se vazia coloca default em SNecho $SN | tr A-Z a-z # A saída de SN será em minúsculatput cup $LinhaMesg $Col; tput el # Apaga msg da tela$ cat mandamsg.func# A função recebe somente um parâmetro# com a mensagem que se deseja exibir,# para não obrigar ao programador passar# a msq entre aspas, usaremos $* (todos# os parâmetro, lembra?) e não $1.Msg="$*"TamMsg=${#Msg}Col=$(((TotCols - TamMsg) / 2)) # Centra msg na linhatput cup $LinhaMesg $Colecho "$Msg"read -n1tput cup $LinhaMesg $Col; tput el # Apaga msg da tela

Em ambos os arquivos, fiz somente duas mudanças que veremos nas observações a seguir, porém tenho mais três a fazer:

1.As variáveis não estão sendo mais declaradas como local, porque está é uma diretiva que só pode ser usada no corpo de funções e portanto estas variáveis permanecem no ambiente do Shell, poluindo-o;2.O comando return não está mais presente mas poderia estar sem alterar em nada a lógica, uma vez que ele só serviria para indicar um eventual erro via um código de retorno previamente estabelecido (por exemplo return 1, return 2, ...), sendo que o return e return 0 são idênticos e significam rotina executada sem erros;3.O comando que estamos acostumados a usar para gerar código de retorno é o exit, mas a saída de uma rotina externa não pode ser feita desta forma, porque por estar sendo executada no mesmo Shell que o script chamador, o exit simplesmente encerraria este Shell, terminando a execução de todo o script;4.De onde surgiu a variável LinhaMesg? Ela veio do musinc7, porque ela havia sido declarada antes da chamada das rotinas (nunca esquecendo que o Shell que está interpretando o script e estas rotinas é o mesmo);

Page 60: Shell Script

5.Se você decidir usar rotinas externas, não se avexe, abunde os comentários (principalmente sobre a passagem dos parâmetros) para facilitar a manutenção e seu uso por outros programas no futuro.

- Bem, agora você já tem mais um monte de novidades para melhorar os scriptslistartista no qual você passava o nome de um artista como parâmetro e ele devolvia as suas músicas? Ele era assim:

$ cat listartista#!/bin/bash# Dado um artista, mostra as suas musicas# versao 2

if [ $# -eq 0 ]thenecho Voce deveria ter passado pelo menos um parametroexit 1fi

IFS=":"for ArtMus in $(cut -f2 -d^ musicas)doecho "$ArtMus" | grep -i "^$*~" > /dev/null && echo $ArtMus | cut -f2 -d~done

- Claro que me lembro!...

- Então para firmar os conceitos que te passei, faça ele com a tela formatada, em loop, de forma que ele só termine quando receber um <ENTER> puro no nome do artista. Ahhh! Quando a listagem atingir a antepenúltima linha da tela, o programa deverá dar uma parada para que o operador possa lê-las, isto é, suponha que a tela tenha 25 linhas. A cada 22 músicas listadas (quantidade de linhas menos 3) o programa aguardará que o operador tecle algo para então prosseguir. Eventuais mensagens de erro devem ser passadas usando a rotina mandamsg.func que acabamos de desenvolver.

- Chico, manda mais dois, o meu é com pouca pressão... 

Escrita, variáveis e parâmetros

- Ufa! Agora você já sabe tudo sobre leitura, mas sobre escrita está apenas engatinhando. Já sei que você vai me perguntar:

– Ora, não é com o comando echo e com os redirecionamentos de saída que se escreve?

É, com estes comandos você escreve 90% das coisas necessárias, porém se precisar de escrever algo formatado eles lhe darão muito trabalho. Para formatar a saída veremos agora uma instrução muito interessante – é o printf – sua sintaxe é a seguinte:

printf formato [argumento...]

Onde:formato - é uma cadeia de caracteres que contem 3 tipos de objeto: 1 – caracteres simples; 2 – caracteres para especificação de formato e 3 – seqüência de escape no padrão da linguagem C.Argumento - é a cadeia a ser impressa sob o controle do formato.

Cada um dos caracteres utilizados para especificação de formato é precedido pelo caracter % e logo a seguir vem a especificação de formato de acordo com a tabela:

Tabela dos Caracteres de Formatação do printf

Letra A expressão será impressa como:

c Simples caractere

d Número no sistema decimal

e Notação científica exponencial

f Número com ponto decimal (float)

g O menor entre os formatos %e e %f com supressão dos zeros não significativos

o Número no sistema octal

s Cadeia de caracteres

x Número no sistema hexadecimal

% Imprime um %. Não existe nenhuma conversãoAs seqüências de escape padrão da linguagem C são sempre precedidas por um contra-barra (\) e as reconhecidas pelo comando printf são:

Sequencias de Escape do printf

Seqüência Efeito

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a Soa o beep

b Volta uma posição (backspace)

f Salta para a próxima página lógica (form feed)

n Salta para o início da linha seguinte (line feed)

r Volta para o início da linha corrente (carriage return)

t Avança para a próxima marca de tabulaçãoNão acabou por aí não! Tem muito mais coisa sobre a instrução, mas como é muito cheio de detalhes e, portanto, chato para explicar e, pior ainda para ler ou estudar, vamos passar direto aos exemplos com seus comentários, que não estou aqui para encher o saco de ninguém.

$ printf "%c" "1 caracter"1$ Errado! Só listou 1 caractere e não saltou linha ao final$ printf "%c\n" "1 caracter"1Saltou linha mas ainda não listou a cadeia inteira$ printf "%c caractere\n" 11 caractereEsta é a forma correta o %c recebeu o 1$ a=2$ printf "%c caracteres\n" $a2 caracteresO %c recebeu o valor da variável $a$ printf "%10c caracteres\n" $a2 caracteres$ printf "%10c\n" $a caracteres2c

Repare que nos dois últimos exemplos, em virtude do %c, só foi listado um caractere de cada cadeia. O 10 à frente do c, não significa 10 caracteres. Um número seguindo o sinal de percentagem (%) significa o tamanho que a cadeia terá após a execução do comando.

E tome de exemplo:

$ printf "%d\n" 3232$ printf "%10d\n" 3232Preenche com brancos à esquerda e não com zeros$ printf "%04d\n" 32003204 após % significa 4 dígitos com zeros à esquerda$ printf "%e\n" $(echo "scale=2 ; 100/6" | bc)1.666000e+01O default do %e é 6 decimais$ printf "%.2e\n" `echo "scale=2 ; 100/6" | bc`1.67e+01O .2 especificou duas decimais$ printf "%f\n" 32.332.300000O default do %f é 6 decimais$ printf "%.2f\n" 32.332.30O .2 especificou duas decimais$ printf "%.3f\n" `echo "scale=2 ; 100/6" | bc`33.330O bc devolveu 2 decimais. o printf colocou 0 à direita$ printf "%o\n" 1012Converteu o 10 para octal$ printf "%03o\n" 27033Assim a conversão fica com mais jeito de octal, né?$ printf "%s\n" PetelecaPeteleca$ printf "%15s\n" PetelecaPetelecaPeteleca com 15 caracteres enchidos com brancos$ printf "%-15sNeves\n" PetelecaPeteleca NevesO menos (-) encheu à direita com brancos$ printf "%.3s\n" PetelecaPet3 trunca as 3 primeiras$ printf "%10.3sa\n" PetelecaPetaPet com 10 caracteres concatenado com a (após o s)$ printf "EXEMPLO %x\n" 45232EXEMPLO b0b0Transformou para hexa mas os zeros não combinam$ printf "EXEMPLO %X\n" 45232EXEMPLO B0B0Assim disfarçou melhor (repare o X maiúsculo)$ printf "%X %XL%X\n" 49354 192 10C0CA C0LA

O último exemplo não é marketing e é bastante completo, vou comentá-lo passo-a-passo:

Page 62: Shell Script

1.O primeiro %X converteu 49354 em hexadecimal resultando C0CA (leia-se "cê", "zero", "cê" e "a");2.Em seguida veio um espaço em branco seguido por outro %XL. O %X192 dando como resultado C0 que com o L fez C0L;3.E finalmente o último %X transformou o 10 em A.

Conforme vocês podem notar, a instrução printf é bastante completa e complexa (ainda bem que o echo resolve quase tudo).

Creio que quando resolvi explicar o printf através de exemplos, acertei em cheio pois não saberia como enumerar tantas regrinhas sem tornar a leitura enfadonha. 

Principais Variáveis do Shell

O Bash possui diversas variáveis que servem para dar informações sobre o ambiente ou alterá-lo. Seu número é muito grande e não pretendo mostrar todas, mas uma pequena parte que pode lhe ajudar na elaboração de scripts. Então aí vão as principais:

Principais variáveis do Bash

Variável Conteúdo

CDPATHContém os caminhos que serão pesquisados para tentar localizar um diretório especificado. Apesar desta variável ser pouco conhecida, seu uso deve ser incentivado por poupar muito trabalho, principalmente em instalações com estrutura de diretórios com bastante níveis.

HISTSIZELimita o número de instruções que cabem dentro do arquivo de histórico de comandos (normalmente .bash_history mas efetivamente é o que está armazenado na variável $HISTFILE). Seu valor default é 500.

HOSTNAME O nome do host corrente (que também pode ser obtido com o comando uname -n).

LANG Usada para determinar a língua falada no pais (mais especificamente categoria do locale).

LINENOO número da linha do script ou da função que está sendo executada, seu uso principal é para dar mensagens de erro juntamente com as variáveis $0 (nome do programa) e $FUNCNAME (nome da função em execução).

LOGNAME Armazena o nome de login do usuário.

MAILCHECK

Especifica, em segundos, a freqüência que o Shell verificará a presença de correspondências nos arquivos indicados pela variáveis $MAILPATH ou $MAIL. O tempo padrão é 60 segundos. Uma vez este tempo expirado, o Shell fará esta verificação antes de exibir o próximo prompt primário (definido em $PS1). Se esta variável estiver sem valor ou com um valor menor ou igual a zero, a verificação de novas correspondências não será efetuada.

PATH

Caminhos que serão pesquisados para tentar localizar um arquivo especificado. Como cada script é um arquivo, caso use o diretório corrente (.) na sua variável $PATH, você não necessitará de usar o ./scrp para que scrp seja executado. Basta fazer scrp. Este é o modo que procedo aqui no Botequim.

PIPESTATUSÉ uma variável do tipo vetor (array) que contém uma lista valores de código de retorno do último pipeline executado, isto é, um array que abriga cada um dos$? de cada instrução do último pipeline.

PROMPT_COMMAND

Se esta variável receber uma instrução, toda vez que você der um <ENTER> direto no prompt principal ($PS1), este comando será executado. É útil quando se está repetindo muito uma determinada instrução.

PS1

É o prompt principal. No "Papo de Botequim" usamos os seus defaults: $ para usuário comum e # para root, mas é muito freqüente que ele esteja customizado. Uma curiosidade é que existe até concurso de quem programa o $PS1 mais criativo. (clique para dar uma googlada)

PS2Também chamado prompt de continuação, é aquele sinal de maior (>) que aparece após um <ENTER> sem o comando ter sido encerrado.

PWDPossui o caminho completo ($PATH) do diretório corrente. Tem o mesmo efeito do comando pwd.

RANDOMCada vez que esta variável é acessada, devolve um número inteiro, que é um randômico entre 0 e 32767.

REPLYUse esta variável para recuperar o último campo lido, caso ele não tenha nenhuma variável associada.

SECONDS

Esta variável contém a quantidade de segundos que o Shell corrente está de pé. Use-a somente para esnobar um usuário daquilo que chamam de sistema operacional, mas

necessita de boots freqüentes. 

TMOUT Se tiver um valor maior do que zero, este valor será tomado como o padrão de timeout do

Page 63: Shell Script

comando read. No prompt, este valor é interpretado como o tempo de espera por uma ação antes de expirar a sessão. Supondo que a variável contenha 30, o Shell dará logout após 30 segundos de prompt sem nenhuma ação.

•CDPATH

$ echo $CDPATH.:..:~:/usr/local$ pwd/home/jneves/LM$ cd bin$ pwd/usr/local/bin

Como /usr/local estava na minha variável $CDPATH, e não existia o diretório bin em nenhum dos seus antecessores (., .. e ~), o cd foi executado para /usr/local/bin

•LANG

$ dateThu Apr 14 11:54:13 BRT 2005$ LANG=pt_BR dateQui Abr 14 11:55:14 BRT 2005

Com a especificação da variável LANG=pt_BR (português do Brasil), a data passou a ser informada no padrão brasileiro. É interessante observarmos que não foi usado ponto-e-vírgula (;) para separar a atribuição de LANG do comando date.

•PIPESTATUS

$ whojneves pts/0 Apr 11 16:26 (10.2.4.144)jneves pts/1 Apr 12 12:04 (10.2.4.144)$ who | grep ^botelho$ echo ${PIPESTATUS[*]}0 1

Neste exemplo mostramos que o usuário botelho não estava "logado", em seguida executamos um pipeline que procurava por ele. Usa-se a notação [*] em um array para listar todos os seus elementos, e desta forma vimos que a primeira instrução (who) foi bem sucedida (código de retorno 0) e a seguinte (grep), não (código de retorno 1).

•RANDOM

Para gerar randomicamente um inteiro entre 0 e 100, fazemos:

$ echo $((RANDOM%101))73

Ou seja pegamos o resto da divisão por 101 do número randômico gerado, porque o resto da divisão de qualquer número por 101 varia entre 0 e 100.

•REPLY

$ whojneves pts/0 Apr 11 16:26 (10.2.4.144)jneves pts/1 Apr 12 12:04 (10.2.4.144)$ who | grep ^botelho$ echo ${PIPESTATUS[*]}0 1$ read -p "Digite S ou N: "Digite S ou N: N$ echo $REPLYN

Eu sou do tempo que memória era um bem precioso que custava muuuuito caro. Então para pegar um S ou um N, não costumo a alocar um espaço especial e assim sendo, pego o que foi digitado na variável $REPLY. 

Expansão de parâmetros

Bem, muito do que vimos até agora são comandos externos ao Shell. Eles quebram o maior galho, facilitam a visualização, manutenção e depuração do código, mas não são tão eficientes quanto os intrínsecos (built-ins). Quando o nosso problema for performance, devemos dar preferência ao uso dos intrínsecos e a partir de agora vou te mostrar algumas técnicas para o teu programa pisar no acelerador.

Na tabela e exemplos a seguir, veremos uma série de construções chamadas expansão (ou substituição) de parâmetros (Parameter Expansion), que substituem instruções como ocut, o expr, o tr, o sed e outras de forma mais ágil.

Expansão de parâmetros

Page 64: Shell Script

Expressão Resultado esperado

${var:-padrao} Se var não tem valor, o resultado da expressão é padrao

${#cadeia} Tamanho de $cadeia

${cadeia:posicao} Extrai uma subcadeia de $cadeia a partir de posicao. Origem zero

${cadeia:posicao:tamanho}

Extrai uma subcadeia de $cadeia a partir de posicao com tamanho igual a tamanho. Origem zero

${cadeia#expr} Corta a menor ocorrência de $cadeia à esquerda da expressão expr

${cadeia##expr} Corta a maior ocorrência de $cadeia à esquerda da expressão expr

${cadeia%expr} Corta a menor ocorrência de $cadeia à direita da expressão expr

${cadeia%%expr} Corta a maior ocorrência de $cadeia à direita da expressão expr

${cadeia/subcad1/subcad2}

Troca em $cadeia a primeira ocorrência de subcad1 por subcad2

${cadeia//subcad1/subcad2}

Troca em $cadeia todas as ocorrências de subcad1 por subcad2

${cadeia/#subcad1/subcad2}

Se subcad1 combina com o início de $cadeia, então é trocado por subcad2

${cadeia/%subcad1/subcad2}

Se subcad1 combina com o fim de $cadeia, então é trocado por subcad2

•Se em uma pergunta o S é oferecido como valor default (padrão) e a saída vai para a variável $SN, após ler o valor podemos fazer:

SN=$(SN:-S}

Desta forma se o operador deu um simples <ENTER> para confirmar que aceitou o valor default, após executar esta instrução, a variável terá o valor S, caso contrário, terá o valor digitado.

•Para sabermos o tamanho de uma cadeia:

$ cadeia=0123

$ echo ${#cadeia}4

•Para extrair de uma cadeia da posição um até o final fazemos:

$ cadeia=abcdef

$ echo ${cadeia:1}bcdef

Repare que a origem é zero e não um.

•Na mesma variável $cadeia do exemplo acima, para extrair 3 caracteres a partir da 2ª posição:

$ cde

Repare que novamente que a origem da contagem é zero e não um.

•Para suprimir tudo à esquerda da primeira ocorrência de uma cadeia, faça:

$ cadeia="Papo de Botequim"

$ echo ${cadeia#*' '}de Botequim

$ echo "Conversa "${cadeia#*' '}Conversa de Botequim

Neste exemplo foi suprimido à esquerda tudo que casasse com a menor ocorrência da expressão *' ', ou seja, tudo até o primeiro espaço em branco.

Estes exemplos também poderiam ser escritos sem protegermos o espaço da interpretação do Shell (mas prefiro protegê-lo para facilitar a legibilidade do código), veja:

$ echo ${cadeia#* }de Botequim

$ echo "Conversa "${cadeia#* }Conversa de Botequim

Repare que na construção de expr é permitido o uso de metacaracteres.

•Utilizando o mesmo valor da variável $cadeia, observe como faríamos para termos somente Botequim:

Page 65: Shell Script

$ echo ${cadeia##*' '}Botequim

$ echo "Vamos 'Chopear' no "${cadeia##*' '}Vamos 'Chopear' no Botequim

Desta vez suprimimos à esquerda de cadeia a maior ocorrência da expressão expr. Assim como no caso anterior, o uso de metacaracteres é permitido.

Outro exemplo mais útil: para que não apareça o caminho (path) completo do seu programa (que, como já sabemos está contido na variável $0) em uma mensagem de erro, inicie o seu texto da seguinte forma:

echo Uso: ${0##*/} texto da mensagem de erro

Neste exemplo seria suprimido à esquerda tudo até a última barra (/) do caminho (path), desta forma sobrando somente o nome do programa.

•O uso do percentual (%) é como se olhássemos o jogo-da-velha (#) no espelho, isto é, são simétricos. Então vejamos um exemplo para provar isso:

$ echo $cadeiaPapo de Botequim

$ echo ${cadeia%' '*}Papo de

$ echo ${cadeia%%' '*}Papo

•Para trocar primeira ocorrência de uma subcadeia em uma cadeia por outra:

$ echo $cadeiaPapo de Botequim

$ echo ${cadeia/de/no}Papo no Botequim

$ echo ${cadeia/de /}Papo Botequim

Neste caso preste a atenção quando for usar metacaracteres, eles são gulosos! Eles sempre combinarão com a maior possibilidade, veja o exemplo a seguir onde a intenção era trocar Papo de Botequim por Conversa de Botequim:

$ echo $cadeiaPapo de Botequim

$ echo ${cadeia/*o/Conversa}Conversatequim

A idéia era pegar tudo até o primeiro o, mas o que foi trocado foi tudo até o último o. Isto poderia ser resolvido de diversas maneiras, veja algumas:

$ echo ${cadeia/*po/Conversa}Conversa de Botequim

$ echo ${cadeia/????/Conversa}Conversa de Botequim

•Trocando todas as ocorrências de uma subcadeia por outra. Quando fazemos:

$ echo ${cadeia//o/a}Papa de Batequim

Trocamos todos as letras o por a. Outro exemplo mais útil é para contarmos a quantidade de arquivos existentes no diretório corrente. Observe a linha a seguir:

$ ls | wc -l30

Viu? O wc produz um monte de espaços em branco no início. Para tirá-los podemos fazer:

$ QtdArqs=$(ls | wc -l) # QtdArqs recebe a saída do comando

$ echo ${QtdArqs// /}30

No último exemplo, como eu sabia que a saída era composta de brancos e números, montei esta expressão para trocar todos os espaços por nada. Repare que após as duas primeiras barras existe um espaço em branco.

Outra forma de fazer a mesma coisa seria:

$ echo ${QtdArqs/* /}30

Page 66: Shell Script

•Trocando uma subcadeia no início ou no fim de uma variável. Para trocar no início fazemos:

$ echo $Passaroquero quero

$ echo "Como diz o sulista - "${Passaro/#quero/não}Como diz o sulista - não quero

Para trocar no final fazemos:

$ echo "Como diz o nordestino - "${Passaro/%quero/não}Como diz o nordestino - quero não

- Agora já chega, o papo hoje foi muito chato porque foi muita decoreba, mas o principal é você ter entendido o que te falei e, quando precisar, consulte estes guardanapos em que rabisquei estas dicas e depois guarde-os para consultas futuras. Mas voltando à vaca fria: tá na hora de tomar outro e ver o jogo do mengão. Na próxima vou te dar moleza e só vou cobrar o seguinte: pegue a rotina pergunta.func, (a que na qual falamos no início do nosso bate papo de hoje) e otimize-a para que a variável $SN receba o valor default por expansão de parâmetros, como vimos.

- Chico, vê se não esquece de mim e enche meu copo.

Eval, sinais, trap e getopts

O comando eval

- Vou te dar um problema que eu duvido que você resolva:

$ var1=3

$ var2=var1

- Te dei estas duas variáveis, e quero que você me diga como eu posso, só me referindo a $var2, listar o valor de $var1 (3).

- A isso é mole, é só fazer:

echo $`echo $var2`

- Repare que eu coloquei o echo $var2 entre crases (`), que desta forma terá prioridade de execução e resultará em var1, montando echo$var1 que produzirá 3...

- A é? Então execute para ver se está correto.

$ echo $`echo $var2`

$var1

- Ué! Que foi que houve? O meu raciocínio me parecia bastante lógico...

- O seu raciocínio realmente foi lógico, o problema é que você esqueceu de uma das primeiras coisas que te falei aqui no Boteco e vou repetir. O Shell usa a seguinte ordem para resolver uma linha de comandos:

•Resolve os redirecionamentos;

•Substitui as variáveis pelos seus valores;

•Resolve e substitui os meta caracteres;

•Passa a linha já toda esmiuçada para execução.

Desta forma, quando chegou na fase de resolução de variáveis, que como eu disse é anterior à execução, a única variável existente era $var2 e por isso a tua solução produziu como saída $var1. O comando echo identificou isso como uma cadeia e não como uma variável.

Problemas deste tipo são relativamente freqüentes e seriam insolúveis caso não existisse a instrução eval, cuja sintaxe é:

eval cmd

Onde cmd é uma linha de comando qualquer que você poderia inclusive executar direto no prompt do terminal. Quando você põe o eval na frente, no entanto, o que ocorre é que oShell trata cmd como se seus dados fossem parâmetros do eval e em seguida o eval executa a linha recebida, submetendo-a ao Shell, dando então na prática duas passadas emcmd.

Desta forma se executássemos o comando que você propôs colocando o eval à sua frente, teríamos a saída esperada, veja:

$ eval echo $`echo $var2`

3

Este exemplo também poderia ter sido feito da seguinte maneira:

$ eval echo \$$var2

3

Page 67: Shell Script

Na primeira passada a contrabarra (\) seria retirada e $var2 seria resolvido produzindo var1, para a segunda passada teria sobrado echo $var1, que produziria o resultado esperado.

Agora vou colocar um comando dentro de var2:

$ var2=ls

Vou executar:

$ $var2

10porpag1.sh alo2.sh listamusica logaute.sh

10porpag2.sh confuso listartista mandamsg.func

10porpag3.sh contpal.sh listartista3 monbg.sh

alo1.sh incusu logado

Agora vamos colocar em var2 o seguinte: ls $var1; e em var1 vamos colocar l*, vejamos:

$ var2='ls $var1'

$ var1='l*'

$ $var2

ls: $var1: No such file or directory

$ eval $var2

listamusica listartista listartista3 logado logaute.sh

Novamente, no tempo de substituição das variáveis, $var1 ainda não havia se apresentado ao Shell para ser resolvida, desta forma só nos resta executar o comando eval para dar as duas passadas necessárias.

Uma vez um colega de uma excelente lista sobre Shell Script, colocou uma dúvida: queria fazer um menu que numerasse e listasse todos os arquivos com extensão .sh e quando o operador escolhesse uma opção, o programa correspondente seria executado. A minha proposta foi a seguinte:

$ cat fazmenu

#!/bin/bash

#

# Lista numerando os programas com extensão .sh no

# diretório corrente e executa o escolhido pelo operador

#

clear; i=1

printf "%11s\t%s\n\n" Opção Programa

CASE='case $opt in'

for arq in *.sh

do

printf "\t%03d\t%s\n" $i $arq

CASE="$CASE

"$(printf "%03d)\t %s;;" $i $arq)

i=$((i+1))

done

CASE="$CASE

*) . erro;;

esac"

read -n3 -p "Informe a opção desejada: " opt

echo

eval "$CASE"

Parece complicado porque usei muito printf para formatação da tela, mas é bastante simples, vamos entendê-lo: o primeiro printf foi colocado para fazer o cabeçalho e logo em seguida comecei a montar dinamicamente a variável $CASE, na qual ao final será feito um eval para execução do programa escolhido. Repare no entanto que dentro do loop do forexistem dois printf: o primeiro serve para formatar a tela e o segundo para montar o case (se antes do

Page 68: Shell Script

comando read você colocar uma linha echo "$CASE", verá que o comandocase montado dentro da variável está todo indentado. Frescura, né?  . Na saída do for, foi adicionada uma linha à variável $CASE, para no caso de se fazer uma opção inválida, ser executada uma função externa para dar mensagens de erro.

Vamos executá-lo para ver a saída gerada:

$ fazmenu.sh

Opcao Programa

001 10porpag1.sh002 10porpag2.sh003 10porpag3.sh004 alo1.sh005 alo2.sh006 contpal.sh007 fazmenu.sh008 logaute.sh009 monbg.sh010 readpipe.sh011 redirread.shInforme a opção desejada:

Neste programa seria interessante darmos uma opção de término, e para isso seria necessário a inclusão de uma linha após o loop de montagem da tela e alterarmos a linha na qual fazemos a atribuição final do valor da variável $CASE. Vejamos como ele ficaria:

$ cat fazmenu

#!/bin/bash

#

# Lista numerando os programas com extensão .sh no

# diretório corrente e executa o escolhido pelo operador

#

clear; i=1

printf "%11s\t%s\n\n" Opção Programa

CASE='case $opt in'

for arq in *.sh

do

printf "\t%03d\t%s\n" $i $arq

CASE="$CASE

"$(printf "%03d)\t %s;;" $i $arq)

i=$((i+1))

done

printf "\t%d\t%s\n\n" 999 "Fim do programa" # Linha incluida

CASE="$CASE

999) exit;; # Linha alterada

*) ./erro;;

esac"

read -n3 -p "Informe a opção desejada: " opt

echo

eval "$CASE"

Existe no Linux uma coisa chamada sinal (signal). Existem diversos sinais que podem ser mandados para (ou gerados por) processos em execução. Vamos de agora em diante dar uma olhadinha nos sinais mandados para os processos e mais à frente vamos dar uma passada rápida pelos sinais gerados por processos.

Sinais assassinos

Para mandar um sinal a um processo, usamos normalmente o comando kill, cuja sintaxe é:

Page 69: Shell Script

kill -sig PID

Onde PID é o identificador do processo (Process IDentification ou Process ID). Além do comando kill, algumas seqüências de teclas também podem gerar sig. A tabela a seguir mostra os sinais mais importantes para monitorarmos:

Sinais Mais Importantes

Sinal Gerado por:

0 EXIT Fim normal do programa

1 SIGHUP Quando recebe um kill -HUP

2 SIGINT Interrupção pelo teclado (<CTRL+C>)

3 SIGQUIT Interrupção pelo teclado (<CTRL+\>)

15 SIGTERM Quando recebe um kill ou kill -TERMAlém destes sinais, existe o famigerado -9 ou SIGKILL que, para o processo que o está recebendo, equivale a meter o dedo no botão de desliga do computador o que seria altamente indesejável já que muitos programas necessitam "limpar o meio de campo" ao seu término. Se o seu final ocorrer de forma prevista, ou seja se tiver um término normal, é muito fácil de fazer esta limpeza, porém se o seu programa tiver um fim brusco muita coisa pode ocorrer:

•É possível que em um determinado espaço de tempo, o seu computador esteja cheio de arquivos de trabalho inúteis•Seu processador poderá ficar atolado de processos zombies e defuncts gerados por processos filhos que perderam os pais;•É necessário liberar sockets abertos para não deixar os clientes congelados;•Seus bancos de dados poderão ficar corrompidos porque sistemas gerenciadores de bancos de dados necessitam de um tempo para gravar seus buffers em disco (commit).

Enfim, existem mil razões para não usar um kill com o sinal -9 e para monitorar fins anormais de programas.

O trap não atrapalha

Para fazer a monitoração descrita acima existe o comando trap cuja sintaxe é:

trap "cmd1; cmd2; cmdn" S1 S2 ... SN

ou

trap 'cmd1; cmd2; cmdn' S1 S2 ... SN

Onde os comandos cmd1, cmd2, cmdn serão executados caso o programa receba os sinais S1 S2 ... SN.

As aspas (") ou os apóstrofos (') só são necessários caso o trap possua mais de um comando cmd associado. Cada um dos cmd pode ser também uma função interna, uma externa ou outro script.

Para entender o uso de aspas (") e apóstrofos (') vamos recorrer a um exemplo que trata um fragmento de um script que faz um ftp para uma máquina remota ($RemoComp), na qual o usuário é $Fulano, sua senha é $Segredo e vai transmitir o arquivo contido em $Arq. Suponha ainda que estas quatro variáveis foram recebidas em uma rotina anterior de leitura e que este script é muito usado por diversas pessoas da instalação. Vejamos este trecho de código:

ftp -ivn $RemoComp << FimFTP >> /tmp/$ $ 2>> /tmp/$ $user $Fulano $Segredobinaryget $ArqFimFTP

Repare que, tanto as saídas dos diálogos do ftp, como os erros encontrados, estão sendo redirecionados para /tmp/$ $, o que é uma construção bastante normal para arquivos temporários usados em scripts com mais de um usuário, porque $ $ é a variável que contém o número do processo (PID), que é único, e com este tipo de construção evita-se que dois ou mais usuários disputem a posse e os direitos sobre o arquivo.

Caso este ftp seja interrompido por um kill ou um <CTRL+C>, certamente deixará lixo no disco. É exatamente esta a forma como mais se usa o comando trap. Como isto é trecho de um script, devemos, logo no seu início, como um de seus primeiros comandos, fazer:

trap "rm -f /tmp/$ $ ; exit" 0 1 2 3 15

Desta forma, caso houvesse uma interrupção brusca (sinais 1, 2, 3 ou 15) antes do programa encerrar (no exit dentro do comando trap), ou um fim normal (sinal 0), o arquivo/tmp/$ $ seria removido.

Caso na linha de comandos do trap não houvesse a instrução exit, ao final da execução desta linha o fluxo do programa retornaria ao ponto em que estava quando recebeu o sinal que originou a execução deste trap.

Este trap poderia ser subdividido, ficando da seguinte forma:

trap "rm -f /tmp/$ $" 0trap "exit" 1 2 3 15

Page 70: Shell Script

Assim ao receber um dos sinais o programa terminaria, e ao terminar, geraria um sinal 0, que removeria o arquivo. Caso seu fim seja normal, o sinal também será gerado e o rm será executado.

Note também que o Shell pesquisa a linha de comandos uma vez quanto o trap é interpretado (e é por isso que é usual colocá-lo no início do programa) e novamente quando um dos sinais listados é recebido. Então, no último exemplo, o valor de $ $ será substituído no momento que o comando trap foi lido da primeira vez, já que as aspas (") não protegem o cifrão ($) da interpretação do Shell.

Se você desejasse que a substituição fosse realizada somente quando recebesse o sinal, o comando deveria ser colocado entre apóstrofos ('). Assim, na primeira interpretação dotrap, o Shell não veria o cifrão ($), porém os apóstrofos (') seriam removidos e finalmente o Shell poderia substituir o valor da variável. Neste caso, a linha ficaria da seguinte maneira:

trap 'rm -f /tmp/$ $ ; exit' 0 1 2 3 15

Suponha dois casos: você tem dois scripts que chamaremos de script1, cuja primeira linha será um trap e script2, sendo este último colocado em execução pelo primeiro, e por serem dois processos, terão dois PID distintos.

•1º Caso: O ftp encontra-se em script1

Neste caso, o argumento do comando trap deveria vir entre aspas (") porque caso ocorresse uma interrupção (<CTRL+C> ou <CTRL+\>) no script2, a linha só seria interpretada neste momento e o PID do script2 seria diferente do encontrado em /tmp/$ $ (não esqueça que $ $ é a variável que contém o PID

do processo ativo);

•2º Caso: O ftp acima encontra-se em script2

Neste caso, o argumento do comando trap deveria estar entre apóstrofos ('), pois caso a interrupção se desse durante a execução de script1, o arquivo não teria sido criado, caso ocorresse durante a execução de script2, o valor de $ $ seria o PID deste processo, que coincidiria com o de /tmp/$ $.

O comando trap, quando executado sem argumentos, lista os sinais que estão sendo monitorados no ambiente, bem como a linha de comando que será executada quando tais sinais forem recebidos.

Se a linha de comandos do trap for nula (vazia), isto significa que os sinais especificados devem ser ignorados quando recebidos. Por exemplo, o comando:

trap "" 2

Especifica que o sinal de interrupção (<CTRL+C>) deve ser ignorado. No caso citado, quando não se deseja que sua execução seja interrompida. No último exemplo note que o primeiro argumento deve ser especificado para que o sinal seja ignorado, e não é equivalente a escrever o seguinte, cuja finalidade é retornar o sinal 2 ao seu estado padrão (default):

trap 2

Se você ignora um sinal, todos os Subshells irão ignorar este sinal. Portanto, se você especifica qual ação deve ser tomada quando receber um sinal, então todos os Subshells irão também tomar a ação quando receberem este sinal, ou seja, os sinais são automaticamente exportados. Para o sinal que temos mostrado (sinal 2), isto significa que os Subshells serão encerrados.

Suponha que você execute o comando:

trap "" 2

e então execute um Subshell, que tornará a executar outro script como um Subshell. Se for gerado um sinal de interrupção, este não terá efeito nem sobre o Shell principal nem sobre os Subshell por ele chamados, já que todos eles ignorarão o sinal.

Outra forma de restaurar um sinal ao seu default é fazendo:

trap &#65533; sinal

Em korn shell (ksh) não existe a opção -s do comando read para ler uma senha. O que costumamos fazer é usar o comando stty com a opção -echo que inibe a escrita na tela até que se encontre um stty echo para restaurar esta escrita. Então, se estivéssemos usando o interpretador ksh, a leitura da senha teria que ser feita da seguinte forma:

echo -n "Senha: "stty -echoread Senhastty echo

O problema neste tipo de construção é que caso o operador não soubesse a senha, ele provavelmente daria um <CTRL+C> ou um <CTRL+\> durante a instrução read para descontinuar o programa e, caso ele agisse desta forma, o que quer que ele escrevesse, não apareceria na tela do seu terminal. Para evitar que isso aconteça, o melhor a fazer é:

echo -n "Senha: "trap "stty echoexit" 2 3stty -echoread Senha

Page 71: Shell Script

stty echotrap 2 3

Para terminar este assunto, abra uma console gráfica e escreva no prompt de comando o seguinte:

$ trap "echo Mudou o tamanho da janela" 28

Em seguida, pegue o mouse (arghh!!) e arraste-o de forma a variar o tamanho da janela corrente. Surpreso? É o Shell orientado a eventos... 

Mais unzinho porque não pude resistir. Agora escreva assim:

$ trap "echo já era" 17

Em seguida faça:

$ sleep 3 &

Você acabou de criar um subshell que irá dormir durante três segundos em background. Ao fim deste tempo, você receberá a mensagem já era, porque o sinal 17 é emitido a cada vez que um subshell termina a sua execução.

Para devolver estes sinais aos seus defaults, faça:

$ trap 17 28

Ou

$ trap 17 28�

Acabamos de ver mais dois sinais que não são tão importantes como os que vimos anteriormente, mas vou registrá-los na tabela a seguir:

Sinais Não Muito Importantes

Sinal Gerado por:

17 SIGCHLD Fim de um processo filho

28 SIGWINCH Mudança no tamanho da janela gráficaMuito legal este comando, né? Se você descobrir algum caso bacana de uso de sinais, por favor me informe por e-mail porque é muito rara a literatura sobre o assunto. 

O comando getopts

O comando getopts recupera as opções e seus argumentos de uma lista de parâmetros de acordo com a sintaxe POSIX.2, isto é, letras (ou números) após um sinal de menos (-) seguidas ou não de um argumento; no caso de somente letras (ou números) elas podem ser agrupadas. Você deve usar este comando para "fatiar" opções e argumento passados para o seu script.

Sintaxe:

getopts cadeiadeopcoes nome

A cadeiadeopcoes deve explicitar uma cadeia de caracteres com todas as opções reconhecidas pelo script, assim se ele reconhece as opções -a =-b= e –c, cadeiadeopcoes deve ser abc. Se você deseja que uma opção seja seguida por um argumento, ponha dois-pontos (:) depois da letra, como em a:bc. Isto diz ao getopts que a opção -a tem a forma:

-a argumento

Normalmente um ou mais espaços em branco separam o parâmetro da opção; no entanto, getopts também manipula parâmetros que vêm colados à opção como em:

-aargumento

cadeiadeopcoes não pode conter interrogação (?).

O nome constante da linha de sintaxe acima, define uma variável que cada vez que o comando getopts for executado, receberá a próxima opção dos parâmetros posicionais e a colocará na variável nome.

getopts coloca uma interrogação (?) na variável definida em nome se achar uma opção não definida em cadeiadeopcoes ou se não achar o argumento esperado para uma determinada opção.

Como já sabemos, cada opção passada por uma linha de comandos tem um índice numérico, assim, a primeira opção estará contida em $1, a segunda em $2, e assim por diante. Quando o getopts obtém uma opção, ele armazena o índice do próximo parâmetro a ser processado na variável OPTIND.

Quando uma opção tem um argumento associado (indicado pelo : na cadeiadeopcoes), getopts armazena o argumento na variável OPTARG. Se uma opção não possui argumento ou o argumento esperado não foi encontrado, a variável OPTARG será "matada" (unset).

O comando encerra sua execução quando:

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•Encontra um parâmetro que não começa por menos (-);•O parâmetro especial -- marca o fim das opções;•Quando encontra um erro (por exemplo, uma opção não reconhecida).

O exemplo abaixo é meramente didático, servindo para mostrar, em um pequeno fragmento de código o uso pleno do comando.

$ cat getoptst.sh#!/bin/sh

# Execute assim:## getoptst.sh -h -Pimpressora arq1 arq2## e note que as informacoes de todas as opcoes sao exibidas## A cadeia 'P:h' diz que a opcao -P eh uma opcao complexa# e requer um argumento, e que h eh uma opcao simples que nao requer# argumentos.

while getopts 'P:h' OPT_LETRAdoecho "getopts fez a variavel OPT_LETRA igual a '$OPT_LETRA'"echo " OPTARG eh '$OPTARG'"doneused_up=`expr $OPTIND – 1`echo "Dispensando os primeiros \$OPTIND-1 = $used_up argumentos"shift $used_upecho "O que sobrou da linha de comandos foi '$*'"

Para entendê-lo melhor, vamos executá-lo como está sugerido em seu cabeçalho:

$ getoptst.sh -h -Pimpressora arq1 arq2getopts fez a variavel OPT_LETRA igual a 'h'OPTARG eh ''getopts fez a variavel OPT_LETRA igual a 'P'OPTARG eh 'impressora'Dispensando os primeiros $OPTIND-1 = 2 argumentosO que sobrou da linha de comandos foi 'arq1 arq2'

Desta forma, sem ter muito trabalho, separei todas as opções com seus respectivos argumentos, deixando somente os parâmetros que foram passados pelo operador para posterior tratamento.

Repare que se tivéssemos escrito a linha de comando com o argumento (impressora) separado da opção (-P), o resultado seria exatamente o mesmo, exceto pelo $OPTIND, já que neste caso ele identifica um conjunto de três opções/argumentos e no anterior somente dois. Veja só:

$ getoptst.sh -h -P impressora arq1 arq2getopts fez a variavel OPT_LETRA igual a 'h'OPTARG eh ''getopts fez a variavel OPT_LETRA igual a 'P'OPTARG eh 'impressora'Dispensando os primeiros $OPTIND-1 = 3 argumentosO que sobrou da linha de comandos foi 'arq1 arq2'

Repare, no exemplo a seguir, que se passarmos uma opção inválida, a variável $OPT_LETRA receberá um ponto-de-interrogação (?) e a $OPTARG será "apagada" (unset).

$ getoptst.sh -f -Pimpressora arq1 arq2 # A opção –f não é valida./getoptst.sh: illegal option -- fgetopts fez a variavel OPT_LETRA igual a '?'OPTARG eh ''getopts fez a variavel OPT_LETRA igual a 'P'OPTARG eh 'impressora'Dispensando os primeiros $OPTIND-1 = 2 argumentosO que sobrou da linha de comandos foi 'arq1 arq2'

- Me diz uma coisa: você não poderia ter usado um case para evitar o getopts?

- Poderia sim, mas para que? Os comandos estão aí para serem usados... O exemplo dado foi didático, mas imagine um programa que aceitasse muitas opções e seus parâmetros poderiam ou não estar colados às opções, suas opções também poderiam ou não estar coladas, ia ser um case infernal e com getopts é só seguir os passos acima.

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- É... Vendo desta forma acho que você tem razão. É porque eu já estou meio cansado com tanta informação nova na minha cabeça. Vamos tomar a saideira ou você ainda quer explicar alguma particularidade do Shell?

- Nem um nem outro, eu também já cansei mas hoje não vou tomar a saideira porque estou indo dar aula na UniRIO, que é a primeira universidade federal que está preparando no uso de Software Livre, seus alunos do curso de graduação em informática.

Mas antes vou te deixar um problema para te encucar: quando você varia o tamanho de uma tela, no seu centro não aparece dinamicamente em vídeo reverso a quantidade de linhas e colunas? Então! Eu quero que você reproduza isso usando a linguagem Shell.

- Chico, traz rapidinho a minha conta! Vou contar até um e se você não trouxer eu me mando!

Named pipes

Um outro tipo de pipe é o named pipe, que também é chamado de FIFO. FIFO é um acrônimo de First In First Out que se refere à propriedade em que a ordem dos bytes entrando no pipe é a mesma que a da saída. O name em named pipe é, na verdade, o nome de um arquivo. Os arquivos tipo named pipes são exibidos pelo comando ls como qualquer outro, com poucas diferenças, veja:

$ ls -l pipe1prw-r-r-- 1 julio dipao 0 Jan 22 23:11 pipe1|

O p na coluna mais à esquerda indica que fifo1 é um named pipe. O resto dos bitspipe, funcionam como um arquivo normal. Nos sistemas mais modernos uma barra vertical (|) colocado ao fim do nome do arquivo, é outra dica, e nos sistemas LINUX, onde a opção de cor está habilitada, o nome do arquivo é escrito em vermelho por default.

Nos sistemas mais antigos, os named pipes são criados pelo programa mknod, normalmente situado no diretório /etc.

Nos sistemas mais modernos, a mesma tarefa é feita pelo mkfifo. O programa mkfifo recebe um ou mais nomes como argumento e cria pipes com estes nomes. Por exemplo, para criar um named pipe com o nome pipe1, faça:

$ mkfifo pipe1 

Como sempre, a melhor forma de mostrar como algo funciona é dando exemplos. Suponha que nós tenhamos criado o named pipe mostrado anteriormente. Vamos agora trabalhar com duas sessões ou duas consoles virtuais ou uma de cada. Em uma delas faça:

$ ls -l > pipe1

e em outra faça:

$ cat < pipe1

Voilá! A saída do comando executado na primeira console foi exibida na segunda. Note que a ordem em que os comandos ocorreram não importa.

Se você prestou atenção, reparou que o primeiro comando executado, parecia ter "pendurado, congelado". Isto acontece porque a outra ponta do pipe ainda não estava conectada, e então o sistema operacional suspendeu o primeiro processo até que o segundo "abrisse" o pipe. Para que um processo que usa pipe não fique em modo de wait, é necessário que em uma ponta do pipe tenha um processo "tagarela" e na outra um "ouvinte" e no exemplo que demos, o lscat era o "orelhão". 

Uma aplicação muito útil dos named pipes é permitir que programas sem nenhuma relação possam se comunicar entre si, os named pipes também são usados para sincronizar processos, já que em um determinado ponto você pode colocar um processo para "ouvir" ou para "falar" em um determinado named pipe e ele daí só sairá, se outro processo "falar" ou "ouvir" aquele pipe.

Você já viu que o uso desta ferramenta é ótimo para sincronizar processos e para fazer bloqueio em arquivos de forma a evitar perda/corrupção de informações devido a atualizações simultâneas (concorrência). Vejamos exemplos para ilustrar estes casos.

Sincronização de processos

Suponha que você dispare paralelamente dois programas (processos) cujos diagramas de blocos de suas rotinas são como a figura a seguir:

Os dois processos são disparados em paralelo e no BLOCO1 do Programa1 as três classificações são disparadas da seguinte maneira:

for Arq in BigFile1 BigFile2 BigFile3

do

if sort $Arq

then

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Manda=va

else

Manda=pare

break

fi

done

echo $Manda > pipe1

[ $Manda = pare ] &&

{

echo Erro durante a classificação dos arquivos

exit 1

}

...

Assim sendo, o comando if testa cada classificação que está sendo efetuada. Caso ocorra qualquer problema, as classificações seguintes serão abortadas, uma mensagem contendo a cadeia pare é enviada pelo pipe1 e programa1 é descontinuado com um fim anormal.

Enquanto o Programa1 executava o seu primeiro bloco (as classificações) o Programa2 executava o seu BLOCO1, processando as suas rotinas de abertura e menu paralelamente aoPrograma1, ganhando desta forma um bom intervalo de tempo.

O fragmento de código do Programa2 a seguir, mostra a transição do seu BLOCO1BLOCO2: para o

OK=`cat pipe1`

if [ $OK = va ]

then

...

Rotina de impressão

...

else # Recebeu "pare" em OK

exit 1

fi

Após a execução de seu primeiro bloco, o Programa2 passará a "ouvir" o pipe1, ficando parado até que as classificações do Programa1 terminem, testando a seguir a mensagem passada pelo pipe1 para decidir se os arquivos estão íntegros para serem impressos, ou se o programa deverá ser descontinuado. Desta forma é possível disparar programas de forma assíncrona e sincronizá-los quando necessário, ganhando bastante tempo de processamento.

Bloqueio de arquivos

Suponha que você escreveu uma CGI (Common Gateway Interface) em Shell para contar quantos hits recebe uma determinada URL e a rotina de contagem está da seguinte maneira:

Hits="$(cat page.hits 2> /dev/null)" || Hits=0echo $((Hits=Hits++)) > page.hits

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Desta forma se a página receber dois ou mais acessos concorrentes, um ou mais poderá(ão) ser perdido(s), basta que o segundo acesso seja feito após a leitura da arquivopage.hits e antes da sua gravação, isto é, basta que o segundo acesso seja feito após o primeiro ter executado a primeira linha do script e antes de executar a segunda.

Então o que fazer? Para resolver o problema de concorrência vamos utilizar um named pipe. Criamos o seguinte script que será o daemon que receberá todos os pedidos para incrementar o contador. Note que ele vai ser usado por qualquer página no nosso site que precise de um contador.

$ cat contahits.sh#!/bin/bash

PIPE="/tmp/pipe_contador" # arquivo named pipe# dir onde serao colocados os arquivos contadores de cada paginaDIR="/var/www/contador"

[ -p "$PIPE" ] || mkfifo "$PIPE"

while :dofor URL in $(cat < $PIPE)doFILE="$DIR/$(echo $URL | sed 's,.*/,,')"# OBS1: no sed acima, como precisava procurar# uma barra,usamos vírgula como separador.# OBS2: quando rodar como daemon comente a proxima linhaecho "arquivo = $FILE"

n="$(cat $FILE 2> /dev/null)" || n=0echo $((n=n+1)) > "$FILE"donedone

Como só este script altera os arquivos, não existe problema de concorrência.

Este script será um daemon, isto é, rodará em background. Quando uma página sofrer um acesso, ela escreverá a sua URL no arquivo de pipe. Para testar, execute este comando:

echo "teste_pagina.html" > /tmp/pipe_contador 

Para evitar erros, em cada página que quisermos adicionar o contador acrescentamos a seguinte linha:

<!--#exec cmd="echo $REQUEST_URI > /tmp/pipe_contador"-->

Note que a variável $REQUEST_URI contém o nome do arquivo que o navegador (browser) requisitou.

Este último exemplo, é fruto de uma idéia que troquei com o amigo e mestre em Shell, Thobias Salazar Trevisan que escreveu o script e colocou-o em sua excelente URL. Aconselho a todos que querem aprender Shell a dar uma olhada nela (Dê uma olhada e inclua-a nos favoritos).

Ahhh! Você pensa que o assunto sobre named pipes está esgotado? Enganou-se. Vou mostrar um uso diferente a partir de agora.

Substituição de processos

Acabei de mostrar um monte de dicas sobre named pipes, agora vou mostrar que o Shell também usa os named pipes de uma maneira bastante singular, que é a substituição de processos (process substitution). Uma substituição de processos ocorre quando você põe um comando ou um pipeline de comandos entre parênteses e um < ou um > grudado na frente do parêntese da esquerda. Por exemplo, teclando-se o comando:

$ cat <(ls -l)

Resultará no comando ls -l executado em um subshell como é normal (por estar entre parênteses), porém redirecionará a saída para um named pipeShell cria, nomeia e depois remove. Então o cat terá um nome de arquivo válido para ler (que será este named pipe e cujo dispositivo lógico associado é /dev/fd/63), e teremos a mesma saída que a gerada pela listagem do ls -l, porém dando um ou mais passos que o usual, isto é, mais onerosa para o computador.

Como poderemos constatar isso? Fácil... Veja o comando a seguir:

$ ls -l >(cat)

l-wx------ 1 jneves jneves 64 Aug 27 12:26 /dev/fd/63 -> pipe:[7050]

É... Realmente é um named pipe.

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Você deve estar pensando que isto é uma maluquice de nerd, né? Então suponha que você tenha 2 diretórios: dir e dir.bkp e deseja saber se os dois estão iguais (aquela velha dúvida: será que meu backup está atualizado?). Basta comparar os dados dos arquivos dos diretórios com o comando cmp, fazendo:

$ cmp <(cat dir/*) <(cat dir.bkp/*) || echo backup furado

ou, melhor ainda:

$ cmp <(cat dir/*) <(cat dir.bkp/*) >/dev/null || echo backup furado

Da forma acima, a comparação foi efetuada em todas as linhas de todos os arquivos de ambos os diretórios. Para acelerar o processo, poderíamos compara somente a listagem longa de ambos os diretórios, pois qualquer modificação que um arquivo sofra, é mostrada na data/hora de alteração e/ou no tamanho do arquivo. Veja como ficaria:

$ cmp <(ls -l dir) <(ls -l dir.bkp) >/dev/null || echo backup furado

Este é um exemplo meramente didático, mas são tantos os comandos que produzem mais de uma linha de saída, que serve como guia para outros. Eu quero gerar uma listagem dos meus arquivos, numerando-os e ao final dar o total de arquivos do diretório corrente:

while read arqdo((i++)) # assim nao eh necessario inicializar iecho "$i: $arq"done < <(ls)echo "No diretorio corrente (`pwd`) existem $i arquivos"

Tá legal, eu sei que existem outras formas de executar a mesma tarefa. Usando o comando while, a forma mais comum de resolver esse problema seria:

ls | while read arqdo((i++)) # assim nao eh necessario inicializar iecho "$i: $arq"doneecho "No diretorio corrente (`pwd`) existem $i arquivos"

Quando executasse o script, pareceria estar tudo certo, porém no comando echodone, você verá que o valor de $i foi perdido. Isso deve-se ao fato desta variável estar sendo incrementada em um subshell criado pelo pipe (|) e que terminou no comando done, levando com ele todas as variáveis criadas no seu interior e as alterações feitas em todas as variáveis, inclusive as criadas externamente. 

Somente para te mostrar que uma variável criada fora do subshell e alterada em seu interior perde as alterações feitas ao seu final, execute o script a seguir:

#!/bin/bashLIST="" # Criada no shell principalls | while read FILE # Inicio do subshelldoLIST="$FILE $LIST" # Alterada dentro do subshelldone # Fim do subshellecho :$LIST:

Ao final da execução você verá que aperecerão apenas dois dois-pontos (::). Mas no início deste exemplo eu disse que era meramente didático porque existem formas melhores de fazer a mesma tarefa. Veja só estas duas:

$ ls | ln

ou então, usando a própria substituição de processos:

$ cat -n <(ls)

Um último exemplo: você deseja comparar arq1 e arq2 usando o comando comm, mas este comando necessita que os arquivos estejam classificados. Então a melhor forma de proceder é:

$ comm <(sort arq1) <(sort arq2)

Esta forma evita que você faça as seguintes operações:

$ sort arq1 > /tmp/sort1

$ sort arq2 > /tmp/sort2

$ comm /tmp/sort1 /tmp/sort2

$ rm -f /tmp/sort1 /tmp/sort2

Pessoal, o nosso Papo de Botequim chegou ao fim  . 

À saúde de todos nós: Tim, Tim.

- Chico, fecha a minha conta porque vou mudar de botequim.

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Não se esqueça, qualquer dúvida ou falta de companhia para um chope ou até para falar mal dos políticos é só mandar um e-mail para [email protected]. Vou aproveitar também para mandar o meu jabá: diga para os amigos que quem estiver afim de fazer um curso porreta de programação em Shell que mande um e-mail para [email protected] informar-se.

Valeu!