sheeffer introdução aos testes psicológicos

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  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    1/168

    CADERNOS DE ADMINISTRAO PBLICA 48

    RUTH S HEEFFER

    INTRODUO OS

    TESTES PSICOLGICOS

    2.

    Edio

    Prefcio de BENEDICTO SILV

    FUND O G TLIO V RG S

    SERViO

    DE

    PUBLICAES

    RIO

    DE

    JANEIRO

    GB

    BRASIL

    968

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    2/168

    Direitos reservados da Fundao Getlio Vargas

    -

    Praia

    do Botafogo,

    186 - Rio de Janeiro GB ZC-02 - Brasil.

    La edio 1962

    2.

    a

    edio

    1968

    () Copyright da Fundao Getlio Vargas

    :l,

    C

    ,

    - ~ ' )

    , -- .2.._j

    BI3L1: TCS,\

    DA

    i

    FUND O C::T ') V.\RGAS '

    DATA ,

    ~ A D A

    I ' I I

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    i .i-"B

    .

    , ~ - \ ' I

    I

    ;. ."

    DO VOLUME

    I

    ~ E G I S T R A D ~

    POR

    ...._ .....

    _ ' - ' : ~ ~ 0 - .

    FUNDAO

    GETLIO

    VARGAS

    - Servio

    de Publicaes

    -

    Dire

    tor,

    Leosthenes

    Christino; Assistente

    da

    Direo, Ary M. Caldeira;

    coordenao tcnica de

    Denis

    Cordeiro Policani; capa

    de

    S< rgi:l Fragoso;

    composto e impresso

    na Grfica Editra Livro

    S A.,

    em linotipo

    378

    baskerville 10/10, sbre papel bouffant creme,

    nacional,

    com linhas

    d'gua, 8'0 m

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    3/168

    APRESENTA O

    D

    1 -

    EDiO

    i escassez em nosso idioma de literatura sbre testes

    psicolgicos e a procura das smulas que elaboramos para

    os cursos que

    ministramos

    no

    nstituto

    de Seleo e Orien

    tao Profissional sbre Testes e Medidas encorajaram-nos

    a publicar sse despretensioso trabalho.

    Nessa

    ntroduo

    aos Testes Psicolgicos pretendemos

    apenas despertar o intersse e fornecer subsdios aos estu

    dantes que se iniciam na Psicologia j que descrevemos

    de maneira sumria os testes mais usados no nosso meio.

    Outrossim considerando que se trata de uma publicao

    da Escola BTasileira de Administrao Pblica procura

    mos

    nos limitar -

    com

    algumas

    TaTas

    excees - aos

    testes que

    podem

    ser utilizados nesse campo. Os que dese

    jaTem conhecimentos especializados teTo que Te OTTeT a

    outros trabalhos e paTa sses interessados indicamos uma

    bibliogTafia bsica por assunto no final de cada captulo.

    Outra escusa devida pela autOTa pelo fato de

    ter

    apresentado o

    ttulo

    de alguns testes no seu original em

    ingls. Todavia no se trata

    de mera

    preferncia nossa

    mas

    de acato ao uso generalizado no

    meio

    especializado.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    4/168

    VI

    CADERNOS DE ADMINISTRAO PBLICA

    Agradecemos aos colegas

    do

    Instituto

    de

    Seleo e

    Orientao Profissional,

    Leonilda

    d Anniballe Braga, Che-

    fe

    da Seo

    de

    Aptides

    Artsticas,

    qne escreveu

    o

    capi-

    tulo IV, e a Reginaldo Milori, que

    f

    a reviso dos ori-

    ginais. Aos alunos

    do

    curso de

    Fonnao

    de Auxiliares de

    Psicotcnica, qlle

    atravs de

    seus trabalhos prticos, nos

    proporcionaram 1 aliosa co/abOTao. estendemos s mes-

    1nos agradecimentos.

    A

    AUTORA

    Rio de

    Janeiro 1.0

    de fevereiro de

    1960.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    5/168

    PREF IO

    Quu. ltdo

    se

    d i f u n d ~ l

    l

    110tcin

    das

    primeims

    explosries

    ntmicas uma sensao de estarrecimento empolgou

    o

    mundo. O

    homem

    sentiu-se arrebatado

    e em

    pgnico dian

    te da fra devastadora que havia libemdo. Como arcos

    manejados

    por atletas possantes a imaginao

    e

    a razo

    distenderam-se ao mximo para

    ajudar o homem

    a com-

    preender o

    que

    havia acontecido e como a humanidade

    entrara na Era Atmica. No captulo inicial da monografia

    sbre o estado da administrao p.blica. observa Dwight

    lTaldo

    que aquela sensao de espanto

    e

    terror em inspi

    rada sobretudo pela cincia fsica

    e

    pela engenharia s

    quais se atribua todo o mrito da faanhn estupendn. Jun

    tamente com

    os

    relatrios sbre os principias gerais de

    f

    sica pertinentes sua concepo, combinao

    e

    transforma

    o pelos fsicos

    em

    uma experincia nuclear bem sucedi

    da o govrno dos Estados Unidos anunciou tambm a par

    ticipao da engenharia humana ou engenharia social

    quer

    dizer,

    administrao.

    Cem

    efeito

    wn

    sistema administrn

    tivo especiaL a que fm dado o nome enigmtico de Ma-

    nhattan Engineer

    District,

    havia sido criado como subdi

    viso do govrno. A fim de

    levar

    a cabo

    seu

    misterioso

    objetivo

    o

    Manhattan Engineer

    District despendeu dois

    bilhes

    de

    dlares. E despendeu-cs to Tacionalmente em

    condies to sigilosas que

    pouqussimos

    americanos S l -

    bermn de

    . lla

    existncia e quase todos os seus empregCl-

    1

    WALDO,

    Dwight.

    The

    srudy

    oi

    public administration.

    New York,

    Raudcm

    House,

    Inc

    .

    1955.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    6/168

    VIII CADERNOS DE ADMINISTRAAO

    PBLICA

    dos ignoravam o propsito daquela unidade administrativa.

    No obstante

    o

    Manhattan Engineer

    District reuniu

    mi-

    lhares de homens altamente

    e

    diversamente preparados

    numerosos

    e

    raros materiais utenslios

    e

    objetos buscan

    do-os em tda parte da Terra. Estabeleceu extensas facili

    dades

    e

    criou subsistemas administrativos atravs

    do

    con

    tinente ligando-os pelos laos mais intrincados aos siste

    mas administrativos conhecidos

    s

    emprsas particulares

    e

    s universidades.

    O

    bom

    xito do

    Manhattan

    Engineer

    District tornou-se pblico

    e

    notrio: seu propsito que era

    a provocao

    de

    exploses baseadas na fisso nuclear para

    fins militares havia sido realizado

    em

    tda a linha.

    Vista

    como engenho

    de

    destruio a bomba atmica

    que pulveriza carboniza desintegra gasifica e consome

    indiscriminadamente guerreiros sacerdotes ancios bebs

    criminosos templos hospitais prostbulos padarias mu

    seus escolas

    apenas uma demonstrao / mais da estu

    pidez humana.

    Vista

    porm como estgio pragmtico

    de

    uma

    extensa cadeia

    de

    descobertas

    e

    avanos cientficos

    que

    culminaram

    na transformao da matria

    em

    energia

    exatamente

    como Einstein havia predito

    talvez

    a prova

    mais significativa da hegemonia

    humana no

    planta.

    chamado Projeto Manhattan constituiu

    um

    milagre de tra

    balho

    em

    grupo e introduziu na histria

    da

    cincia a Era

    Nuclear.

    A maioria das pessoas considerou e ainda considera a

    bomba atmica como um triunfo da cincia fsica exclusi

    vamente. Poucos atentaram para

    o

    papel

    do

    Manhattan

    Engineer

    District

    Mas argumenta Dwight Waldo: no poderamos admi

    tir

    outro ponto de vista isto o de que a bomba atmica

    haja sido

    uma

    realizao da cincia fsica tanto quanto

    d engenharia humana ou seja da administrao?

    Por geniais que fssenL

    os

    fsicos szinhos no teriam

    conseguido levar a cabo a proeza de construir a bomba

    atmica. administrador participou

    intensamente

    em

    todo

    o

    processo.

    Ao

    recrutar

    e

    selecionar

    os

    prprios cientistas

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    7/168

    INTRODUAO

    AOS TESTES PSICOLGICOS

    IX

    ao

    equip-los, ao dar-lhes base fsica de ao, instalaes,

    laboratrios, ao proporcionar-lhes ajuda secretarial, ao

    adquirir, transportar

    e

    pr sua disposio as matrias

    -primas necessrias,

    ao manter o

    sistema

    em

    atividade, ao

    coordenar as aes dos diferentes grupos empenhados no

    projeto, o administrador estava de fato participando ativa

    mente no processo; em verdade, estava dirigindo a cons

    truo das primeiras bombas atmicas. Todo o bom

    xito

    da experincia foi levado a crdito dos fsicos. Mas,

    in

    discutvel que os administradores fizeram jus a uma parte

    considervel das honras conferidas.

    administrador moderno dispe

    de um

    arsenal pro

    digioso

    de

    instrumentos dispositivos e recursos, corpreos

    e

    incorpreos, para desempenhar a contento sua tarefa.

    o-

    mente isto explica o

    bom

    funcionamento

    de

    emprsas gi

    gantescas, que empregam milhares

    de

    trabalhadores e

    mantm fbricas, filiais, sucursais, escritrios

    e

    represen

    tantes em diferentes partes de

    um

    pas, ou em diferentes

    pases do mundo. Felizmente para a sociedade, os progres

    sos havidos no campo das tcnicas administrativas, se no

    so reconhecidamente to espetaculares quanto as con

    quistas das cincias fsicas e matemticas, tm sido pelo

    menos

    suficientemente

    amplos para habilitar o homem a

    enfrentar os complexos industriais, comerciais, bancrios e

    sobretudo, as tentaculares unidades administrativas gover

    namentais dos tempos modernos.

    Uma lista dos principais instrumentos

    e

    meios

    de

    ao

    com

    que conta hoje o administrador incluiria, alm das

    tcnicas tradicionais

    de

    pesquisa, previso, planejamento,

    direo, coordenao e contrle, identificadas e trabalhadas

    por Fayol, Taylor e seus continuadores, muitos recursos

    novos alguns at esotricos), como o recrutamento positi

    vo,

    o

    oramento

    de

    execuo performance

    budget),

    a

    cio

    berntica, a automao, a diluio

    do

    trabalho, as Relaes

    Humanas, as Relaes Pblicas, o assessoramento exausti

    vo, a anlise administrativa etc., etc.

    Dentre os recursos disponveis no arsenal

    do

    adminis

    trador figuram,

    em

    lugar de destaque, os mtodos e tcni-

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    8/168

    X CADERNOS DE ADMINISTRAO PBLICA

    cas

    de

    TecTutamento

    e

    seleo

    de

    pessoal.

    dentre

    sses

    mtodos

    e tcnicas, cumpTe salientaT os testes psicolgicos.

    Ruth

    Scheeffer

    psicotcnica

    do

    Instituto

    de

    Seleo

    e

    Ori

    entao Profissional

    ISOP)

    da Fundao Getlio Vargas,

    revendo

    notas de

    aula preparadas para

    um

    curso no refe

    rido Instituto

    deu-lhes

    forma definitiva e

    comps

    o

    pre

    sente trabalho -

    Introduo

    aos Testes Psicolgicos.

    Diz

    o

    ProJessor Mira y

    Lpez

    que hoje

    s

    seleciona

    mal quem

    Jaz

    tabula rasa dos recursos psicotcnicos dis

    lJonveis.

    Quer

    se trate

    de

    selecionar recepcionistas, diTi

    gentes

    de

    gmndes

    empTsas, geTentes

    de

    fbTica,

    chauffeurs

    l lotao, pilotos

    de

    pTovas, atuTios, gelogos ou deTma

    rologistas -

    h

    meios

    profissionais seguTOs, compTovados,

    especficos para

    descobri? os

    mell10Tes candidatos. As

    ba.-

    terias

    de testes psicolgicos, muitas das quais ainda em

    etapa

    de

    expeTimentao, outras

    pTovvelmente mantidas

    em segrdo, permitem a busca e descobeTta do

    right man

    for the right

    place na grande maioria dos casos.

    Durante a Primeira

    Guena

    Mundial sUTgiu o proble

    ma da seleo dos pilotos militares.

    Supunha-se

    ento,

    empiTicamente que os pilotos de avio de bombardeio e de

    caa deviam ser, antes de tudo homens de excepcional bra

    L lra Jsica. Acreditava-se que o sangue frio em face do pe

    rigo

    e

    a

    temeridade

    na penetrao dos campos

    inimigos

    constitussem as qualidades capitais dos pilotos de guerTa.

    A observao

    do comportamento

    dos homens,

    exame dos

    resultados dos ataques

    e

    combates aTeos

    e

    a

    elevada taxa

    de

    acidentes comeaTam a suscitar

    dvidas no

    espTito dos

    comandantes sbre os requisitos desejveis nos pilotos

    de

    guerra.

    Na

    ltima Jase da guerra foi elaborado um primei

    ro instrumento

    de

    seleo

    de

    pilotos, que estm a longe

    de

    possuir os

    refinamentos

    necessrios.

    Quando as

    nuvens da Segunda

    Guerra Mundial

    tolda

    ram os horizontes inteTnacionais, os mtodos

    de

    seleo

    de

    pilotos

    de guena

    ainda eram

    insignificantes

    e primitivos.

    Mesmo

    antes da participao dos Estados Unidos na guerra

    como pas beligemnte o Presidente

    Roosevelt

    havia

    deter-

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    9/168

    lNTRODUAO AOS TESTES

    PSICOLGICOS

    X

    minado

    a fabricao

    de

    60.000 avies.

    Com

    a

    entrada

    dos

    Estados Unidos na guerra

    aqule objetivo

    inicial foi con

    sidervelmente

    elevado;

    e

    antes

    do

    esmagamento

    do

    eixo

    Roma -

    Berlim

    - Tquio crca

    de

    300.000 aeroplanos

    haviam sado das fbricas americanas.

    Devendo o

    pas

    com-

    bater

    em

    duas

    frentes,

    a necessidade de pilotos navegado-

    res e artilheiros

    assumiu fantsicas propores.

    Grupos de

    cientistas

    sociais foram ento convocados

    para

    preparar

    pilotos. Ainda

    em

    1941

    o

    Aviation

    Psychology Program of

    the

    Army

    Air

    Forces foi criado para

    perseguir o duplo

    objetivo de descobrir as caractersticas humanas

    que

    po

    dem

    t.ransformar

    um

    jovem

    ern

    bom

    pilto

    e

    engendrar

    uma

    srie de testes psicolgicos para medir tais caracte

    rsticas. Graas aos trabalhos e.-raustivos

    daquele

    grupo de

    cientistas

    sociais

    em

    que pTedominavam os

    psiclogos foi

    possrel

    desenvolveT

    baterias de testes psicolgicos que ga

    rantirarn fTa aTea americana pilotos de guerra

    nave-

    gadoTes e artilheiTos

    em

    nmeTO e qualidade suficiente

    para fazer face s tremendas responsabilidades da poca.

    }.;'o

    Lil ro

    The

    Proper Study

    of

    Mankind,

    Stuart

    Chase

    dedica

    um captulo ao

    trabalho realizado pela Aviation

    Psycholog,\ Program para desenhar a profissiografia do

    pilto.

    Jlediewte a utili.zao de mtodos cientficos primeiro

    analisando a

    tarefa

    do pilto depois elaborand

    testes

    psicolgicos depois testando administrativamente os testes,

    finalmente validando-os luz dos

    resultados

    reais o gru

    po de psiclogos

    resolveu

    aqule

    agnico

    problema

    de

    adnnistrao

    de pessoal. Dsse esfro

    resultou

    uma con

    tribuio de valor indiscvtrel para a administrao

    cientfica . . .

    As pesquisas

    e

    experincias levadas a

    efeito

    pela Avia-

    tion

    Psychology

    Program

    revelaram

    aspectos curiosos e

    inesperados do compOTtamento

    do

    pilto de guerra.

    Em

    pTi-

    meiro

    lugar a suposio de

    que

    a coragem jsica lhe era

    indispensvel

    joi

    totalmente

    injinnada

    pelos jatos.

    Apenas

    ~ ; dos bons pilotos

    que

    participaram em combates areos

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    10/168

    XII

    CADERNOS DE ADMINISTRAO

    PBLICA

    ou em

    misses

    de

    bombardeio

    podiam ser considerados va-

    lentes;

    85 confessaram

    que se

    sentiram medrosos e ner-

    vosos

    quando

    pal'ticiparam da

    primeira

    escaramua; 40

    confessaram

    que

    tinham

    mdo

    todo o tempo durante t-

    das as misses e combates areos.

    As

    qualidades pl'incipais dos pilotos

    bem

    sucedidos

    descobertas

    e

    verificadas pelos psicotcnicos

    eram

    as se-

    guintes: reaes rpidas, boa coordenao, aguda discrimi-

    nao visual de objetos e de

    movimentos

    mecnicos,

    bom

    preparo intelectual e entusiasmo pelo

    mister

    de voar.

    Os

    melhores pilotos, os verdadeiros ases,

    eram jovens

    de 18 a

    2

    anos de idade, e casados; os piores

    encontravam-

    se entre os solteiros, pauco instrudos e

    maiores

    de 25

    anos. A taxa de

    acidentes

    entre

    O s

    pilotos aprovados na

    bateria de testes com notas apenas

    suficientes

    para lhes

    garantir classificao the lowest stanne), era mais de

    duas

    vzes

    maior

    do

    que a dos aprovados

    com

    as

    notas

    altas. Ficou provado que o preparo intelectual era Um fator

    positivo,

    mas

    apenas

    Um

    entre

    muitos.

    Os pases que j esto vivendo na Era Espacial enfren-

    tam agora, talvez o mais complexo

    problema de

    seleo at

    hoje

    surgido na histria da psicotcnica: o da seleo dos

    cosmonautas.

    Que qualidades

    mentais

    morais e fsicas

    deve

    passuir

    um indivduo

    para ser enviado

    ao

    espao

    dentro de uma

    cpsula,

    circunavegar

    a Terra velocidade de quase

    30.000

    km

    por hora,

    metido

    em

    um

    uniforme

    horripilante

    e agir

    num meio ambiente em

    que o ser

    humano

    experimenta

    a

    estranha

    sensao de imponderabilidade

    wightlessness) ?

    de se supar que as pragressos conquistados nas

    m-

    todos

    de

    seleo dos pilotas

    de guerra hajam

    oferecido

    sub-

    sdias para a soluo do problema de selecionar casma-

    nautas. Os sucessos obtidas na casmonutica pela

    URSS

    e

    pelas Estados Unidas

    sugerem

    a concluso

    de

    que

    sse

    problema de seleo tambm j se encontra em vias de

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    11/168

    lNTRODU O

    OS TESTES PSICOLGICOS X

    ser resolvido. No se conhecem ainda os testes engendra

    dos. Quaisquer que sejam porm

    certo que saram

    de

    laboratrios de psicologia aplicada tcnica.

    Conquanto no pretenda oferecer novidades a seus co

    legas profissionais brasileiros a

    presente

    contribuio

    de

    Ruth

    Scheeffer constitui

    notvel soma

    de

    esforos leitu

    Tas viglias canseiras

    e

    meditaes da autora no campo

    de

    sua especializao. Dedicando-se psicotcnica h vrios

    anos pde Ruth Scheeffer acumular como professra

    e

    profissional

    um

    acervo

    de conhecimentos e experincias

    que a situam

    entre

    os primeiros especialistas

    do ramo

    no

    Brasil.

    Com esta contribuio

    de

    Ruth Scheeffer os Cadernos

    de dministrao Pblica incorporam substncia nova

    tornam-se mais ricos como repositrio idneo

    e

    atualizado

    de informaes e

    ensinamento

    sbre administrao cient

    fica

    e

    dilatam para

    o

    Brasil

    as

    fronteiras da psicotcnica

    pondo disposio dos

    administradores de

    pessoal

    de em-

    prsas pblicas

    e

    particulares recursos organizados sbre

    o l iSO. o

    alcance

    e

    a fidedignidade dos testes psicolgicos.

    Graa a ela daqui por diante certos problemas

    de

    orientao

    e

    seleo profissional sero mais fcilmente

    equacionados e solucionados no Brasil num perodo da

    histria

    do

    Pas

    em que

    a necessidade de tcnicos

    em

    geral

    assume

    propores dramticas.

    Rio de junho de 962

    BENEDICTO

    SILV

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    12/168

    SUMR O

    APRESENTAO

    v

    PREFCIO

    VII

    1. PRINCPIOS GERAIS 3

    2.

    Conceito de testes psicolgicos. Desenvolvimento histrico.

    Usos.

    Classificao.

    Etapas

    do

    processo de elaborao. Tipos

    de itens empregados

    na

    elaborao dos testes objetivos. Apli

    cao

    e

    apurao

    dos resultados.

    A

    AVALIAO

    DA

    INTELIGNCIA

    GERAL

    NATUREZA

    DA

    INTELIGNCIA.

    Definio

    e

    componen

    tes d..

    inteligncia. Hereditariedade e ambiente.

    Caracters

    ticas da inteligncia. O nvel intelectual e as

    diferenas edu

    cacionais e profissionais.

    TESTES DE NVEL

    MENTAL.

    A escala de Binet.

    Revises

    da escala de Bine1-Simon. O teste

    Wechsler-Bellevue.

    O

    teste

    Wechsler-Bellevue para crian93s WISC). O teste Barcelona

    Thurstone-Mira).

    Os testes

    Otis.

    O

    teste

    Goodenough para

    avaliao

    da inteligncia infantil. O teste

    analtico

    de

    Meilli.

    Os cubos de Kohs. O Kuhlmann-Anderson.

    As matrizes

    pro

    gressivas

    e

    Raven.

    Teste

    de inteligncia no-verbal

    I.N.V.

    15

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    13/168

    XVI

    CADERNOS

    DE

    ADMINISTRAO

    PBLICA

    3.

    TESTES

    CIADAS

    DE

    APTIDES

    INTELECTUAIS DIFEREN-

    Origem

    dos testes

    de

    aptides intelectuais diferenciadas.

    O

    "Army Central

    Classification

    Test"

    (AGCT).

    Bateria

    Mo

    rey-Otero. O "Differential Aptitudes Tests" (DAT). Outros

    testes

    de

    aptides intelectuais

    diferenciadas.

    4.

    AS APTIDES

    ARTSTICAS

    TESTES

    VERIFICA-

    47

    DORES 64

    5 .

    AS

    APTIDES

    ESPECFICAS DAS ARTES,

    DA

    FORMA

    E DA CR. Testes

    de julgamento

    esttico. Teste

    de julga

    mento

    esttico de Meier.

    O "Mc Adory Art Test". O "Gra

    ves

    Design

    Judgment

    Test".

    Os

    testes

    de execuo. Os

    "Tests

    of Fundamental

    Abilities

    in Visual

    Art".

    O "Knauber Art

    Ability Test". Outros testes.

    AS

    APTIDES

    ESPECFICAS

    MUSICAIS. O

    "Seashore

    of

    Musical

    Talents". O "Kwalwasser-Dykema

    Music Tests".

    O

    "WING

    Standardizes Tests of

    Musical

    Intelligence".

    O

    "Dreke

    Musical Memory

    Test". O

    "Musical

    Aptitude Test".

    O

    "Conrad

    lnstrument-Talent

    Test".

    Testes

    de

    conhecimento

    e execuo musicais.

    TESTES

    PSICOMOTORES

    Conceito de psicomotricidade. Testes psicomotores. O "O'Con

    nor

    Finger

    Dexterity Test".

    O

    "O'Connor Tweezer Dexterity

    Test". O "Minnesota Rate of Manipulation". Teste

    de

    ha

    bilidade

    mecnica

    de

    Mac

    QU3rie. A

    bateria

    de

    Walther.

    A bateria

    ISOP.

    O teste

    ABC.

    85

    6.

    A

    AVALIAO DAS CARACTERSTICAS

    DA

    PERSO-

    NALIDADE

    94

    CONCEITO

    E ESTRUTURA DA PERSONALIDADE.

    De

    finio de

    personalidade. Teoria dos traos da personalidade.

    Teorias tipo

    lgicas.

    Mtodos

    de investigao da personali

    dade.

    INVENTRIOS DE PERSONALIDADE. O "Minnesota

    Multiphasic Personality lnventory".

    O

    inventrio de

    peTsona

    lidade

    Bernreuter.

    O

    inventrio

    de

    ajustamento

    Bel .

    A

    es

    cala de temperamento Thurstone.

    7. TCNICAS PROJETIVAS E

    EXPRESSIVAS

    117

    Conceito

    gera .

    Tcnicas

    projetivas: o psicodiagnstico de

    Rorschach. O "Thematic

    Apperception Test". Outros testes

    projectivos. Tcnicas, expressivas:

    O

    Psicodiagnstico Mioci

    ntico.

    8. A INVESTIGACO DE

    INTERESSE

    E

    AT ITUDES

    140

    Conceito geral

    de

    intersse.

    O

    inventrio de

    intersse Thurs-

    tone.

    Estudo

    de valres

    Allport-Vernon. O

    inventrio de

    in

    ter"ses vocacionais Strong.

    O

    registro

    dt>preferncia

    Kuder.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    14/168

    INTRODUO OS TESTES

    PSIC OLGICOS

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    15/168

    1

    PRINCIPIOS

    GER IS

    CONCEITO DE

    TESTES

    PSICOLGICOS

    Os sres

    humanos diferem

    entre si com respeito s suas

    caractersticas

    psicolgicas. Os

    testes ou medidas

    psicol

    gicas so os instrumentos usados pelos profissionais

    da

    psi

    cologia

    para

    a

    investigao

    e

    avaliao

    dessas

    diferenas

    individuais.

    De

    acrdo com Pichot o

    teste

    psicolgico

    pode

    ser definido

    como

    uma situao padronizada que ser-

    ve

    de

    estmulo

    a um

    comportamento por

    parte do

    exami-

    nando; sse

    comportamento

    avaliado

    por

    comparao es

    tatstica

    com o de

    outros

    indivduos submetidos

    mesma

    situao. permitindo

    assim sua

    classificao

    quantitativa

    e

    qualitativa. Dessa

    forma.

    num

    teste de nvel intelectuaL

    certos

    problemas servem

    de

    estmulo

    capacidade

    de ra-

    ciocnio do

    examinando. que apresenta

    nessa situao

    de-

    terminado rendimento;

    a comparao estatstica

    dsse ren-

    dimento

    com o

    de

    outros indivduos no mesmo teste nos

    permite classific-lo. do ponto de vista intelectual.

    Os testes psicolgicos visam no

    somente

    a conhecer

    um

    ou mais

    aspectos

    da

    personalidade total

    mas

    em lti-

    ma

    anlise

    predizer

    o

    comportamento humano

    na

    base

    do

    que

    foi

    revelado na situao

    do teste.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    16/168

    4 CADERNOS

    DE

    ADMINISTRAAO PBLICA

    DESENVOLVIMENTO

    HISTRICO

    DOS

    TESTES PSICOLGICOS

    histrico dos

    testes

    psicolgicos

    est

    intimamente

    ligado

    ao aparecimento e

    evoluo

    da psicologia experi

    mental

    que

    teve lugar nos meados do sculo XIX. Um

    exame retrospectivo nos revela

    que

    os testes surgiram

    como

    conseqncia

    da

    necessidade

    de instrumentos de pes

    quisa cientificamente vlidos e objetivos a fim de serem

    utilizados

    no campo da psicologia

    experimental.

    A fundao do primeiro laboratrio de Psicologia Ex

    perimental pelo psiclogo alemo Wundt em 1879 marcou

    o incio das experincias cientficas

    visando

    principalmen

    te

    a investigar as sensaes auditivas e visuais a psicofsi

    ca tempos de reao

    e outros

    que atestam

    a ligao ini

    cial

    estreita

    entre a Psicologia e a Fisiologia.

    No

    perodo

    seguinte

    sofreu

    a Psicologia Experimental

    a influncia da Biologia

    quando

    tentou

    Galton aplicar

    05

    princpios

    do evolucionismo

    de

    Darwin

    seleo adapta

    o e ao estudo do ser humano. Em conexo com os seus

    estudos

    sbre a hereditariedade e a

    genialidade

    elaborou

    Galton alguns testes psicolgicos a

    fim

    de

    determinar

    o

    grau

    de semelhana

    entre

    parentes.

    stes

    testes

    tentavam

    medir principalmente a discriminao sensitiva e capacida

    des motoras do

    indivduo.

    Deve-se tambm a Galton a in

    troduo dos mtodos estatsticos para a anlise das dife

    renas

    individuais.

    Cattell norte-americano que havia sido aluno de

    Wundt

    fundou no seu pas

    na

    Universidade de

    Colmbia.

    o

    primeir0 laboratrio

    de Psicologia Experimental. n t r ~

    os trabalhos realizados neste laboratrio assinala-se a ela

    borao de testes psicolgicos embora muito elementares

    aplicados aos alunos da referida Universidade.

    Em

    1895

    Kraepelin

    e

    seus

    discpulos

    tentaram

    isolar

    e medir a memria a associao e as funes motoras

    por

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    17/168

    INTRODUO AOS TESTES

    PSICOLGICOS

    5

    meio de testes psicolgicos.

    Eram

    sses

    testes tambm

    assaz

    rudimentares e de pouco \'alor cientfico.

    Em

    1900

    Stern,

    no

    seu livro

    sicologia

    Individual

    es

    tudava

    as diferenas raciais

    culturais,

    sociais profissionais

    sexuais etc.

    procurando

    investigar as

    causas

    dessas dife

    renas e como

    se manifestavam. Inclua

    tambm conceitos

    a

    respeito

    de tipos psicolgicos e a investigao dos mes

    mos atravs

    da

    anlise grafolgica conformao fa

    cial etc. introduzindo, inclusive o conceito de

    quociente

    intelectual.

    emprgo sistemtico

    de

    testes

    para

    a

    apurao das

    diferenas

    individuais

    relativas capacidade

    intelectual

    foi realizado

    na

    Frana,

    por

    A. Binet. Encarregado de fazer

    uma

    pesquisa

    sbre as causas

    do retardamento escolar

    dos

    alunos das escolas francesas,

    empregou

    Binet,

    pela

    pri

    meira vez testes de nvel mental. Os testes de Binet, foram

    aperfeioados pelo americano

    Terman,

    que

    introduziu

    mtodo

    de apurao do

    quociente intelectual.

    Outras mo

    dificaes

    foram

    feitas

    no teste

    de Binet, estendendo-se a

    escala

    para

    crianas de

    2 anos a

    fim de

    avaliar

    o

    desen

    \'olvimento mental das crianas em idade pr-escolar pela

    observao

    das

    suas atividades.

    Surgiram,

    em

    seguida, as escalas de maturidade

    de

    Gesell com a finalidade de avaliar o desenvolvimento dos

    processos de maturao, na primeira infncia. Em 1917.

    apareceu o primeiro teste

    de

    nvel mental

    em forma de

    execuo denominado Pintner-Patersen.

    Os primeiros testes de inteligncia em

    forma coletiva

    surgiram por

    ocasio da Primeira Guerra Mundial, em

    1914.

    Foram

    les os testes

    Army Alpha

    e

    Army

    Beta ,

    elaborados com a finalidade de classificar intelectualmente

    os convocados para o

    exrcito norte-americano.

    A aplica

    o dsses testes em grande nmero de pessoas

    permitiu

    a

    construo de

    normas e padres estatsticos para

    vrios

    grupos e a classificao das profisses de

    acrdo

    com o

    nvel mental.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    18/168

    t

    CADERNOS

    DE

    ADMINISTRAO

    PBLICA

    Os

    estudos

    sbre os

    componentes

    especficos da inteli

    'gncia determinaram o aparecimento

    de testes

    relativos

    s

    diferentes aptides intelectuais,

    Surgiram assim

    provas de

    ~ l p t i d o

    verbal,

    espacial,

    abstrata,

    etc.

    Ao

    meSmo

    tempo

    foram elaboradas

    provas

    para a investigao de outras ha

    bilidades, tais como psicomotricidade.

    aptido artstica. ha

    bilidade manuaL aptido

    mecnica outras.

    Os testes de personalidade

    sL;rgiram

    posteriormente

    aos

    de nvel mental.

    O

    primeiro

    teste

    dessa natureza fo

    um questionrio

    elaborado

    por \roodworth. em 1914. para

    a seleo dos convocados do exrcito

    norte-americano.

    Vie

    ram

    depois

    os

    testes de personalidade

    do

    tipo projetivo.

    tais como o'Psicodiagnstico

    Rorschlch.

    Thematic Apper

    ception Test

    e outros,

    Nas ltimas dcadas

    o progl'bSO

    llC,

    claol'ao dos tes

    tes

    psicolgicos tem sido

    contnuo,

    O

    Anurio de Mensu

    rado Mental ( MeIJtal Measurer;lCnl Yearbook )

    de

    1940, acusou a

    publicao de

    1.500

    testes at

    aqule ano. O

    mesmo anurio, publicado em

    1949,

    continha

    a

    lista de

    700

    novos testes, Atu:almente

    apresenta

    c0rca de

    3,000

    testes

    publicados,

    USOS DOS

    TESTES

    PSICOLGICOS

    Os testes

    'psicolgicos

    tm

    sido aplicados

    em todos

    os

    campos

    da

    Psicologia, com

    finalidades

    prticas

    e

    tericas

    .Especificamente os

    testes tm

    sido utilizados. de maneio

    sistemtica. nas seguintes tiviclacles psicolgicas:

    1) - Diagn:itico clnico (psicolgico e psiquitrico \

    com

    o

    intuito de investigar

    e

    identificar distrbios emo

    cionais,

    neuroses

    e psicoses, Preferentemente so usados,

    para sse fim, testes de persona1c1Hle

    do

    tipo projeti\'o ou

    expressivo:

    2 -

    Orientao

    Educacional \ :;ando o melhor co

    nhecimento das caractersticas e capacidades dos escola

    res,

    a

    fim

    de facilitar

    seu

    ajustamento

    e

    aproveitar

    ade-

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    19/168

    = ~ r R O D U A O AOS TESTES PSICOLGICOS

    7

    quadanien:e suas potencialidades. Os testes de aptido in

    telectual e as provas de

    intersses

    ocupam. em geral.

    um

    lugar de

    estaque na atividade orientacional

    escolar.

    3

    Orientao profissional

    -

    05 tEstes

    de

    aptides,

    intersss E personalidade

    fornecem

    dados a

    respeito

    das

    possibilidades

    e tendncias vocacionais do indivduo, faci

    litando-lhe

    uma

    escolha profissional adequada

    s suas ca

    racteriscas

    pessoais.

    4

    Seleo de

    pessoal

    -

    Os em

    pregadores

    na

    inds

    tria

    e nu

    comrcio,

    em instituies

    pblicas

    e privadas, uti

    lizam

    os testes para escolher o.

    car:ddatos mais

    adequ.

    dos s

    diversas

    funes.

    5) - Pesquisas - Posslvelmen:e. o ~ testes t

    sido

    os instru:1'Jentos de pesquisa mais utilizados pelos psiclo-

    gos. desde ad\ ento da

    psicologia

    cientfici1.

    Ou:yos:oim. so usados em outros C,mpos do conhe

    cimento humano,

    tais

    como nas pesquisas mdicas, antro

    polgicas

    e 30ciolgicas.

    CLASSIFlG,CAO

    DOS

    TESTES PSICOLc JGICOS

    Ha ci:fE'rentes tipos

    de testes

    que so geralmente des

    critos

    em trmos do

    relatiyo contraste dicotomia que

    existe en:c'e les.

    Teste5 cie lpis e papel en: opusicJ.o t testes

    ele

    execuo - : \os testes de lpis e papel. \ erbais ou no

    -yerbais.

    as respostas

    so dadas pelo examinando

    por

    escri

    to, numa

    flha de

    papel, enquanto que os testes

    de

    execuo

    envolyem a realizao de uma taref8. Jor

    meio

    de mate

    rial ou

    8i)2relhos

    apropriados.

    Testc

    em

    oposio a

    inventrios

    Os inventrios

    envolvenl c1:11 autojulgamento por parte do

    examinando,

    enquanto

    que nos testes ste

    julgamento

    feito

    pelo exa

    minador.

    Outra caracterstica dos inventrios

    que no

    so

    julgados

    base

    de

    respostas

    certas

    ou

    erradas,

    como

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    20/168

    8 CADERNOS DE ADMINISTRAO PBLICA

    acontece na maioria

    dos testes. As provas de personalida-

    de e de intersses so, em geral, elaborados

    em forma

    de

    inventrios.

    Teste objetivo em

    oposio a

    teste

    projeti\ o - O teste

    objetivo

    consiste

    em

    questionrio ou

    inventrio, nos quais

    h

    um

    estmulo determinado. Nos testes projetivos o est-

    mulo vago e indeterminado e sua

    interpretao est

    ba-

    seada no conceito de que o examinando

    projetar, nas

    res-

    postas dadas ao

    estmulo apresentado

    pelo teste, suas ca

    ractersticas pessoais.

    Testes individuais em oposio a testes coletivos -

    Conforme

    o

    nome

    indica, os

    primeiros

    so

    aplicados indi-

    vidualmente,

    ao passo

    que

    os

    segundos

    podem

    ser

    aplica

    dos

    em

    grupos.

    H vantagens

    e

    desvantagens inerentes

    a

    stes

    dois tipos

    de

    testes.

    Vantagens dos testes individuais:

    a)

    Podem ser

    aplicados a

    anormais

    ou

    crianas rnenores

    de 4 anos.

    b)

    Em

    geral

    so

    menos

    dispendiosos

    quanto

    ao

    material

    usado.

    c)

    Permitem

    melhor

    observao

    da conduta

    do exami-

    nando

    Vantagens

    dos testes coletivos:

    a

    Proporcionam economia de tempo:

    podem

    ser aplica

    dos em grandes grupos.

    b) No

    exigem grande

    prtica por

    parte

    do

    aplicador.

    c) No sofrem a influncia do estado de esprito do

    exa-

    minador.

    d) Oferecem maior facilidade de apurao.

    ETAPAS DO PROCESSO DE ELABORAO DOS TESTES

    1)

    - Anlise da aptido ou do trao psicolgico

    que

    se

    pretende medir por

    meio

    do

    teste

    -

    Pode ser feita atravs

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    21/168

    INTRODUO

    AOS

    TESTES PSICOLGICOS

    de consulta

    bibliografia existente sbre

    o

    assunto

    ou

    pela

    observao direta.

    No caso de construo de

    bateria

    de

    testes

    para determinada

    profisso necessria a anlise

    dessa

    profisso

    -

    anlise

    profissiogrfica.

    Consiste

    na

    in

    vestigao dos fatres intelectuais, aptides especficas, ca

    ractersticas de personalidade, intersses, exigidos

    para

    o

    exerccio

    de

    determinada atividade

    profissional.

    Tambm

    necessrio

    o conhecimento

    das

    condies de

    trabalho.

    treinamento conveniente, vantagens e desvantagens ofere

    cidas.

    2 - Escolha de um critrio por meio do

    qual

    o teste

    possa

    ser

    validado

    -

    Uma

    vez

    escolhido o

    trao

    psicol

    gico que se deseja medir, necessrio

    que se

    selecionem

    evidncias contra as quais

    o teste possa

    ser

    validado.

    Entre

    os vrios critrios

    utilizados

    os mais comuns so: sucesso

    escolar; eficincia na profisso; produo no comrcio e

    na

    indstria,

    principalmente); avaliao

    ratings) reali

    zada

    por

    pessoas que conheam bem o trao que se deseja

    medir;

    satisfao

    pessoal,

    usado principalmente nas medi

    das de intersse; sucesso profissional;

    outros

    testes j exis

    tentes

    e

    considerados

    vlidos.

    3 - Construo do teste - Consiste

    na elaborao

    dos itens

    verbais

    ou no-verbais, ou

    na

    construo de

    apa

    relhos ou de outros materiais no caso de testes de execuo.

    4 -

    Reviso

    dos

    itens

    -

    Aplicam-se

    os

    itens elabora

    dos a um

    pequeno

    grupo

    em

    experincia inicial. Obtidos

    os

    resultados, corrigem-se

    as

    irrelevncias

    dos itens, a fim

    de

    assegurar-se

    a

    consistncia

    interna

    do

    teste,

    bem

    como

    seu coeficiente de fidedignidade. sse coeficiente expressa

    o grau de concordncia que o teste apresenta

    para

    com le

    prprio, e no deve ser inferior a .85.

    5 -

    Validao

    - A

    validao necessana

    a fim de

    se

    verificar

    se o teste est medindo

    realmente

    o

    trao

    psi

    colgico ou

    aptido que

    se deseja. Pode-se considerar

    um

    teste vlido quando houver um bom coeficiente de

    correla

    o

    entre

    o

    critrio

    adotado

    e os escores obtidos.

    Super

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    22/168

    10

    CADERNOS DE

    ADMINISTRAAO

    PBLICA

    apresenta a

    seguinte

    classificao

    para

    os

    coeficientes de

    correlao

    relativos validade dos testes:

    Acima

    de

    .80 alta correlao

    .50

    a

    .80

    correlao

    substancial

    .30

    a .50

    alguma correlao

    .20

    a

    .30

    ligeira

    correlao

    .00

    a

    .20

    prticamente nenhuma correlao

    6 - Padronizao -

    Consiste

    na

    aplicao

    do teste

    a

    um

    ou

    vrios grupos considerados

    significativos

    e repre

    sentativos

    a

    fim

    de

    se

    obterem.

    as

    normas de

    comparao.

    A. padronizao deve ser feita

    levando-se

    em conta as dife

    renas regionais. culturais

    e

    profissionais.

    7 -

    Anlise

    fatorial - Constitui a etapa

    final

    do pro

    cesso de elaborao

    de um teste. ste submetido

    ao

    pro

    cesso estatstico

    denominado

    anlise fatorial

    com

    a

    fina

    lidade de se verificar os

    seus vrios

    componentes.

    TiPOS

    DE

    ITENS EMPREGADOS NA ELABORAO DOS

    TESTES

    OBJETIVOS

    Os tipos de itens mais comumente

    usados

    na

    elabora

    o

    dos

    testes

    do

    tipo objetivo de

    lpis

    e

    papel:

    1

    Certo

    ou errado

    2

    Lacuna

    3 Escolha mltipla

    4

    Emparelhamento

    de

    itens

    5

    Analogias

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    23/168

    mTRODuO

    AOS TESTES

    PSICOLGICOS

    Convm

    notar que

    sses tipos de

    itens

    tambm podem

    ser

    utilizados

    com

    muitas

    vantagens

    na

    elaborao dos tes

    tes

    ou

    provas

    de conhecimento

    e

    de

    escolaridade. Entre ou

    tras

    vantagens apresentam

    as

    seguintes:

    1) -

    facilita

    a

    correo;

    2i - facilita o julgamento referente s notas,

    evitand0

    a

    jnfluncia de elementos estranhos;

    3) - depo

    sita mais 'nfase no

    conhecimento

    objetivo

    dos

    fatos; 4) -

    permite a

    ayaliao

    mais ampla do conhecimento; 5) -

    permite

    :Taior

    economia

    no tempo de 8plicao e

    apurao.

    OferE'ce

    tambm

    algumas des\ antagens entre

    as

    quais

    podemos citar: 1) -

    elaborao

    demorada; 2) -

    d mar

    gem

    adi inhao ;

    3)

    reduz

    a

    capacidade

    de compo

    sio. de

    exposio de fatos, de

    organizao de idias e

    de

    express\' C ~ l estilo

    literrio

    indi,idu81.

    R e g ; ~ para a construo de itens:

    1 Os enunciados

    devem

    ser

    positivos.

    pois

    os nega

    tivos. e r . ~ geral, causam confuso.

    :2) Evitar o uso de

    palau3s

    ele significado ambguo

    ou

    YClgO.

    A

    linguagem

    usada

    de e

    ser clara

    e objetivCl.

    3 \ l::corporar

    apenas uma

    idia

    em

    c8da item.

    -} Ey;,:u generalizao

    demasiada.

    ;)) Procurar no

    recorrer

    ao

    uso

    de palavras-ch8-

    ves . qtie

    \'enh8m favorecer

    a adiYinhao.

    6

    E 'i:ar itens que p o s s p ~

    , ' ir a

    dar respostas

    a ou

    tros

    iten'.

    ';)

    instrues devem SE'r

    cl8ras.

    8

    :\ ('5

    testes compostos

    l itens cerio ou

    errado

    o

    nmero

    de

    itens

    certos

    deve

    ser

    equivalente ao de Hens

    errados.

    stes

    no devem.

    porm,

    ser alternados.

    9)

    l\os

    itens

    de

    escolha

    mltipla

    deve haver,

    no

    m

    nimo, 4

    ou

    5

    respostas

    a

    serem

    escolhidas, e as resposS

    erradas

    no

    devem ser

    absurdas.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    24/168

    12

    CADERNOS

    DE

    ADMINISTRAO

    PBLICA

    A fim de evitar o efeito da adivinhao existem fr-

    mulas de correo que podem ser utilizadas com vantagem.

    Por exemplo:

    s

    C

    ou

    n I

    n

    E

    T

    E-O)

    n I

    S escore

    C respostas certas

    E respostas

    erradas

    O omisses

    n

    nmero

    de respostas alternativas apresentadas

    em cada

    item

    aconselhvel,

    mas

    no

    obrigatrio,

    dispor

    os

    itens

    em

    ordem

    de

    dificuldade

    crescente.

    APLICAO DOS

    TESTES

    E APURAO

    DOS RESULTADOS

    Os

    testes

    psicolgicos so instrumentos de mensura-

    o. Portanto necessrio que haja o mximo de preciso

    na

    tcnica

    de aplicao e na

    apurao

    dos

    resultados.

    Dada

    a

    importncia

    dessa

    funo

    imprescindvel que

    o

    exami-

    nador respeite determinadas regras, no processo de apli-

    cao das provas. O examinador deve:

    1 Ler

    atentamente

    o manual do

    teste que pretende

    aplicar.

    2

    Conhecer as instrues para a aplicao.

    3 Assegurar condies de

    trabalho

    favorveis: espa-

    o,

    assento

    confortvel,

    silncio,

    luz suficiente,

    etc.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    25/168

    INTRODUO AOS

    TESTES

    PSICOLGICOS 13

    4

    Antecipar

    e

    evitar

    possveis distraes.

    5

    Providenciar

    material.

    6 Estimular

    a

    ateno

    do

    orientando

    com

    uma pa-

    lestra introdutria.

    7

    Providenciar

    nmero suficiente de supervisres.

    necessrio

    um supervisor

    para cada 25 examinandos.

    8 Assegurar a necessria identificao dos exami-

    nandos.

    9

    Distribuir

    os

    testes

    com as

    respectivas flhas de

    resposta.

    10

    Ler em

    voz

    alta

    clara e lentamente as instrues

    do teste. Dar explicaes extras quando necessrio.

    11 Efetuar contagem rigorosa do tempo de aplicao,

    em minutos e segundos.

    12

    Registrar qualquer

    anormalidade ocorrida

    duran-

    te

    a aplicao.

    13

    No

    permitir

    qualquer interrupo durante

    a apli-

    cao da prova.

    14

    Interromper

    a

    execuo da prova

    ao terminar

    tempo marcado no permitindo a completao de mais

    item algum.

    15

    Contagem rigorosa

    dos pontos, com a

    necessria

    reviso.

    de preferncia

    feita

    por outra

    pessoa.

    Outro

    aspecto

    importante da

    aplicao

    das provas

    a

    seqncia das

    mesmas.

    aconselhvel iniciar a aplicao

    com uma

    prova

    mais leve, de preferncia

    um

    questionrio

    de atitudes ou de intersse vocacional, a

    ttulo

    de motiva-

    o,

    sem que

    sobrevenha a fadiga. A

    segunda

    e a

    terceira

    provas

    podem ser de

    aptido

    ou de nvel

    mental que

    en-

    volvam maior grau de

    dificuldade.

    Convm encerrar

    a

    aplicao

    com

    uma prova

    mais

    fcil, a

    fim de

    deixar uma

    impresso agradvel.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    26/168

    CADERNOS DE ADMINISTRAO PBLIC

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  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    27/168

    2 A

    V LI O

    DA INTELIGNCIA GERAL

    NATUREZA DA INTELIGNCIA

    DEFINIO

    E

    COMPONENTES

    DA

    INTELIGNCIA

    A inteligncia tem sido definida pelos psiclogos de

    maneira

    variada.

    Em parte, as

    definies esto baseada

    nas concepes tericas sbre a atividade intelectual.

    Nos

    fins

    do sculo passado, o conceito

    sensrio-motor

    da inteligncia refletia-se nas

    tentativas de sua

    avaliao

    atravs de testes de discriminao

    sensorial. Acreditava-se.

    naquela

    poca,

    que

    o estudo dsse aspecto forneceria

    3

    chave

    para a determinao do

    grau

    de inteligncia.

    No incio do sculo atual, os trabalhos de Alfred Binet

    chamaram a ateno

    para

    um conceito

    diferente

    de inteli

    gncia, que

    dava

    nfase s atividades mais complexas e

    altamente

    organizadas,

    tais

    como:

    memria,

    associao,

    jul

    gamento e ateno. No

    teste que

    le elaborou, incluiu al-

    guns itens

    pretendendo medir

    sses vrios componentes.

    embora os resultados finais fssem

    englobados

    num escore

    nico. De acrdo

    com

    Binet, a inteligncia visa,

    sobretudo.

    ao

    ajustamento

    contnuo do indivduo ao seu ambiente.

    como resultado da organizao mental, que envolve vrias

    funes: compreenso,

    juzo

    crtico, inveno, direo.

    O

    americano Thorndike

    fazia

    distino

    entre

    dois n-

    veis de capacidade

    intelectual:

    a um menos profundo.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    28/168

    ] 6

    CADERNOS DE

    ADMINISTRAO

    PBLICA

    constitudo de meras

    associaes de idias,

    formao de

    conexes e aquisio

    de informao

    e

    hbitos; b) outro,

    mais

    profundo, indicando

    a

    capacidade de

    raciocnio abs

    trato, de

    generalizao, inferncia de relaes, raciocnio

    indutivo

    e dedutivo. De

    acrdo

    com os seus

    componentes.

    subdividia a

    inteligncia

    em

    trs

    tipos: social, concreta e

    abstrata. Ao primeiro, correspondia a

    habilidade

    de com

    preender

    e

    lidar

    com pessoas; ao segundo, a

    de operar

    com

    coisas,

    instrumentos

    de mecnica ou

    cientficos; ao

    tercei

    ro, a de

    compreender

    ou

    jogar

    com smbolos verbais, abs

    tratos e numricos.

    Os psiclogos

    da

    escola

    gestaltista consideravam

    a in

    teligncia

    como o

    resultado de uma reao

    global do

    indi

    vduo em seu ambiente.

    Referiam-se

    capacidade intelec

    tual - por

    exemplo,

    a percepo

    de

    um

    detalhe,

    - como

    sendo uma reao a uma situao total, principalmente

    uma

    relao entre meios e fins.

    Bastante divulgada a

    teoria

    dos ingls Spearman

    que

    considerava

    na

    atividade mental

    dois aspectos

    distintos:

    o

    fator

    G

    geral)

    e o

    fator

    S

    especial).

    Thurstone

    submeteu

    a

    inteligncia

    a

    uma anlise

    fato

    rial e conseguiu isolar oito componentes: 1 raciocnio

    numrico; 2 viso espacial; 3 rapidez de percepo; 4

    memria;

    5

    relao verbal; 6 fluncia verbal;

    7 dedu

    o; 8 induo.

    Mais

    tarde,

    o

    United

    States Employement Service

    obte

    ve

    onze

    fatres

    integrantes

    da

    atividade intelectual,

    atra

    vs

    de anlise

    semelhante

    realizada

    por

    Thurstone.

    Inclua

    entre

    sses elementos, as aptides psicomotoras, subdividin

    do a rapidez

    de percepo em

    dois fatres distintos: a

    per

    cepo de smbolos e a

    percepo

    espacial. Guilford, em

    pesquisa recente, obteve

    o

    nmero total de

    28

    fatres

    componentes.

    provvel que

    esta

    lista

    se amplie no futuro.

    HEREDITARIEDADE

    E

    AMBIENTE

    H muito

    perdura uma

    controvrsia sbre

    os

    fatres

    preponderantes na determinao da

    inteligncia: h

    aqu-

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    29/168

    INTRODUO

    AOS

    TESTES

    PSICOLGICOS 7

    les que defendem a influncia primordial da hereditarie

    dade

    e os

    que

    se

    batem pela supremacia dos

    fatres

    ambi

    entais

    _ Os geneticistas, desde

    Galton, so adeptos da teoria

    de

    que

    o

    maior

    ou

    menor grau

    de capacidade

    intelectual

    decorre dos genes hereditrios _ Os ambientistas,

    por sua

    vez, vm tentando

    provar que

    a inteligncia se desenvolve

    sob a

    ao

    do ambiente _

    Os

    resultados das pesquisas,

    at

    o

    momento,

    no

    confirmam,

    integralmente,

    qualquer dsses

    pontos de vista, havendo, entretanto, certa evidncia de que

    a

    hereditariedade desempenha

    o

    principal papel.

    CARACTERSTICAS DA INTELIGNCIA

    O

    grau

    de inteligncia do indivduo,

    tal como

    medido

    pelos testes,

    tende

    a ser constante. Todavia, muito

    comum

    haver certa

    discrepncia nos resultados obtidos _ Dois fa

    tres podem ser os responsveis pela

    variao:

    1 diferena

    nos valres

    atribudos

    ao quociente intelectual,

    resultante

    do

    critrio

    adotado

    para sua mensurao

    nas

    diversas pro-

    vas exemplo:

    o quociente

    intelectual

    mdio

    do teste Otis

    Primrio

    inferior

    ao do

    Binet-Terman)

    ; 2

    influncia per

    turbadora

    de

    fatres extra-intelectuais, tais como conflitos

    de natureza emocional,

    situao

    de

    desajustamento, neuro

    se ou mesmo

    enfermidade

    de origem orgnica, cujo efeito

    negativo no

    rendimento intelectual

    do indivduo pode

    ser

    de tal maneira intenso, que chega a

    invalidar

    os

    resultados

    dos testes.

    O NVEL INTELECTUAL E AS DIFERENAS EDUCACIONAIS

    E

    PROFISSIONAIS

    Tm

    sido efetuados estudos a fim de se investigar a

    relao entre o grau de nvel mental e os vrios aspectos

    da vida escolar.

    Pesquisas

    realizadas com estudantes das

    escolas

    secundrias norte-americanas, demonstraram haver

    uma relao entre

    a

    inteligncia

    e a

    escolha

    do

    currculo

    escolar: os alunos do

    curso secundrio do

    tipo

    acadmico

    apresentavam nvel mental mais

    elevado

    do

    que os de curso

    comercial; stes,

    por sua

    vez,

    superavam,

    em

    inteligncia,

    os alunos de cursos industriais. Constatou-se

    tambm que

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    30/168

    18

    CADERNOS

    DE

    ADMINISTRAAO PBLICA

    os

    alunos

    dotados

    de inteligncia

    superior tendem a se de

    dicar a

    profisses

    liberais

    seguidas

    das profisses alta

    mente tcnicas

    ou

    administrativas. Nos

    Estados

    Unidos

    verificou-se ser

    necessrio

    que o

    indivduo

    tenha um quo

    ciente intelectual mnimo igual a

    9 para

    a completao

    do curso secundrio e

    11

    para a do curso

    superior.

    Em nosso pas tcnicos do SENAC realizaram

    uma

    pes

    quisa

    na

    qual

    foi

    aplicado

    o

    teste

    Meilli

    a um

    grupo

    de

    alunos de curso comercial de nvel secundrio verificando

    se

    existir uma

    correlao insignificante entre os resultados

    obtidos

    e as

    notas escolares.

    Atribuiu-se

    sse

    fato

    ao siste

    ma pouco fidedigno empregado

    na

    avaliao dos trabalhos

    escolares nos quais h principalmente um excesso de me

    morizao em

    detrimento

    de

    outras

    atividades mentais.

    Por outro lado um estudo feito

    por

    sse grupo num

    grande

    estabelecimento

    de administrao comercial do Rio de Ja

    neiro demonstrou haver uma correlao entre o nvel men

    tal

    do indivduo e o seu sucesso

    na

    hierarquia administra

    tiva.

    No

    h

    dvida porm

    de

    que

    a

    possibilidade

    de

    se

    guir

    determinadas profisses bem como o respectivo

    su

    cesso

    dependem em

    grande escala das

    aptides intelec

    tuais do indivduo. Isto porque

    aquelas

    exigem no s grau

    maior ou menor de

    inteligncia

    como tambm o predom

    nio de um ou outro de seus

    componentes.

    necessrio notar

    entretanto

    que

    a

    relao entre

    o sucesso

    profissional

    e o

    Q. I.

    tende a diminuir quando se trata

    de

    profisses que

    requerem

    contato

    humano e nas

    quais as

    caractersticas

    de

    personalidade desempenham papel preponderante. Entre

    essas profisses podemos citar o magistrio

    primrio

    e se

    cundrio

    no qual

    um nvel mental acima do mnimo exigi

    do no parece contribuir para o sucesso em seu

    exerccio.

    Pesquisas realizadas nos EUA revelaram que os profess

    res melhor sucedidos nas

    suas atividades

    profissionais no

    eram os que

    apresentavam

    o nvel mental mais

    elevado.

    Evidentemente sse fato no pode

    ser

    estendido a profis

    ses

    cuja

    atividade

    essencial

    seja

    a

    de

    pesquisa

    e a

    de ela

    borao cientfica.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    31/168

    INTRODUO

    AOS TESTES PSICOLGICOS

    9

    TESTES

    DE NVEL MENTAL

    A

    ESCALA

    DE BINET

    aparecimento do teste de nvel mental de Binet re

    presenta uma etapa de extraordinrio valor

    no

    campo da

    psicologia aplicada.

    At

    ento,

    os

    psiclogos

    haviam

    reali

    zado uma srie de

    tentativas para

    a

    avaliao das

    diferen

    as individuais, porm, sem

    resultado

    satisfatrio. Foi o

    psiclogo francs Alfred Binet, o primeiro a

    encontrar

    o

    caminho certo

    para

    a

    verificao

    de uma

    das

    mais impor

    tantes diferenas individuais: a de nvel mental.

    Vejamos,

    rpidamente, o

    desenvolvimento, no tempo, das atividades

    de Binet, das quais resultaram a criao de seu

    teste:

    1896 - Binet e

    seu

    colaborador

    Henry

    publicam o

    resultado dos

    estudos que

    realizaram sbre

    as

    seguintes

    funes: memria, natureza da imagem mental, imagina

    o

    ateno, compreenso, sugestionabilidade, apreciao

    esttica,

    sentimentos

    morais,

    julgamento

    visual,

    habilidade

    motora. Acreditavam les que o conhecimento

    do

    grau

    dessas funes no

    indivduo

    daria

    uma

    idia geral

    de sua

    pessoa, permitindo distingui-lo de outros do

    seu

    meio

    am

    biente. Nesses estudos

    encontram-se

    os fundamentos do

    teste de Binet.

    1904 -

    Designado pelo

    Ministro de

    Educao

    da Fran

    a para elaborar meios para

    a

    identificao de

    crianas

    incapazes

    de aprendizagem

    escolar

    Binet iniciou,

    com

    a

    colaborao

    de

    Simon,

    a construo de

    um

    instrumento de

    mensurao da

    inteligncia,

    procurando

    isol-la

    o mais

    pos

    svel, de outros

    fatres.

    1905 -

    publicada, no

    L'anne

    Psychologique ,

    a

    Escala

    Binet-Simon -

    denominada dessa

    forma porque os

    itens estavam

    organizados

    em ordem de dificuldade. Ba

    seava-se

    no principio de que era possvel se

    identificar

    as

    diferenas de aptido intelectual por meio

    das

    diferenas

    dos

    nveis de desenvolvimento, apresentados pela mdia

    das

    crianas

    das

    vrias

    idades.

    Assim,

    se conhecermos

    os

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    32/168

    ~

    CADERNOS DE ADl\flNISTRAQAO PUBLICA

    nveis de

    capacidade

    intelectual de representantes tpicos

    e

    normais das vrias

    idades,

    poderemos averiguar

    se

    uma

    determinada

    criana

    apresenta

    desenvolvimento

    intelectual

    acelerado,

    retardado, ou simplesmente mdio.

    Constava

    sse

    primeiro

    teste

    de 30 itens

    sobrepostos em

    ordem

    de

    dificuldade

    e agrupados por idade.

    1908 -

    Binet

    e

    Simon publicam uma

    nova forma, aper

    feioada, do seu

    teste.

    O

    nmero de itens

    foi

    aumentado

    para

    59

    e era aplicvel em crianas de 3 a 13 anos. O pro

    cesso

    de

    padronizao e

    de amostragem

    foi

    melhorado.

    Outrossim, foi introduzido o conceito

    de

    id de mental que

    pode ser

    definido como o

    conjunto das possibilidades

    ge

    rais da mdia das crianas, em

    determinada

    idade.

    1911 -

    Foi realizada nova reviso na

    escala

    que nesta

    poca j

    era conhecida e

    divulgada em inmeros pases.

    Nesse mesmo ano, d-se a morte

    de

    Binet.

    Convm

    notar

    que o conceito de quociente intelectual

    Q.1.)

    s foi

    introduzido em

    1912, pelo psiclogo

    alemo

    Stern.

    Podemos definir

    o

    Q.

    1.

    como

    a

    representao

    num

    rica do nvel mental

    do

    indivduo

    ou

    como

    o

    quociente

    entre

    idade

    mental I. M.)

    e a

    sua idade

    cronolgica ou

    real 1.C .) .

    REVISES

    DA ESCALA DE

    B:NET-SIMON

    As inmeras

    revises

    do teste

    de Binet revelam

    a signi

    ficativa preocupao

    dos psiclogos

    com

    o

    aperfeioamento

    dste

    valioso

    instrumento

    de

    medida.

    Entre

    outras,

    pode

    mos citar as

    revises de Goddard

    1911),

    de

    Yerkes 1915

    e 1923) e as

    de Kuhlmann

    1912, 1922, 1939).

    As mais

    fa

    mosas

    so,

    sem dvida,

    as

    revises realizadas na Univer

    sidade

    de Stanford, nos

    EUA

    em 1916 e 1937.

    Reviso

    de

    Stanford

    de 1916 -

    Foi realizada por Lewis

    Terman

    e seus

    colaboradores,

    com a

    finalidade

    de

    propor

    cionar um

    instrumento

    de mensurao

    do

    nvel

    mental,

    adequadamente padronizado

    e adaptado populao

    norte

    americana. Foi denominado

    teste Stanford-Binet

    ou

    Bi

    net-Terman

    .

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    33/168

    INTRODUO AOS

    TESTES PSICOLGICOS 21

    Contedo

    - 9

    itens

    para crianas

    de

    3 a 14 anos,

    in

    cluindo

    tambm

    um

    grupo

    de

    itens para serem utilizados

    com pessoas adultas.

    Dsses 9 itens,

    54 foram adaptados

    da

    escala de

    Binet

    de

    1911, 5

    de escalas

    anteriores

    de Binet,

    4

    de

    outros testes

    americanos

    e 27 itens eram novos e ela

    borados

    por Terman.

    Padronizao - Foram examinados, no processo

    de

    padronizao do teste, aproximadamente 2.300

    indivduos,

    incluindo crianas normais, deficientes, superdotadas e

    adul

    tos. O princpio geral

    usado para

    a padronizao foi fazer

    coincidir,

    no nvel

    considerado

    intelectualmente mdio,

    a

    idade

    cronolgica

    I.

    C.)

    com

    a

    idade

    mental

    I .

    M.),

    re

    sultado um Q.

    I.

    igual a 100.

    Assim

    uma criana de 5 anos,

    dotada de

    nvel mental mdio, obteria no teste uma idade

    mental

    de

    5 anos, e o

    seu

    Q. 1

    seria

    igual a 100.

    Validade

    - Obteve-se o coeficiente de validade .48

    com o critrio adotado -

    classificao

    dos professres e

    rendimento escolar.

    Fidedignidade

    - .80 a .95,

    considerado

    altamente

    satis

    fatrio.

    Mtodo de apurao - Para cada

    idade

    h 6 itens,

    equivalentes a 2 meses cada. Recebe-se 2

    meses

    de idade

    mental para cada

    item

    acertado. No

    h

    itens especficos

    para 11 anos, porque os autores tiveram dificuldade em

    ela bor-Ios de maneira a diferenciar 1 de

    11

    anos.

    Expli

    ca-se pelo decrscimo na marcha do

    desenvolvimento

    inte

    lectual

    nesta

    idade:

    h uma

    parada,

    etapa

    preparatria

    para a

    puberdade.

    Para a idade de

    12

    anos h 8 itens de

    3 meses cada. Para a idade

    de

    14 anos

    h

    6 itens de 4 meses

    cada. No h itens especficos para

    13

    e

    15

    anos.

    OhtpIn

    Sp

    )

    rpsllltadn fimd

    rnlT1

    a seguinte operao:

    1. M .

    Idade

    Mental

    Q.1.

    1. C.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    34/168

    22 CADERNOS DE ADMINISTRAO PBLICA

    QUADRO I

    TABELA

    DE

    TERMAN

    PARA

    CLASSIFICAO DOS

    Q I

    Superior

    a

    140

    - Inteligncia genial

    De 120

    a 140 - Inteligncia muito superior

    De 110

    a

    120

    - Inteligncia superior

    De

    90 a

    110

    - Inteligncia normal

    ou

    mdia

    De

    80 a

    90

    - Inteligncia rude - raramente classificada

    como

    debilidade

    mental

    De

    70 a

    80

    - Inteligncia deficiente -

    no

    limite de normalida-

    de

    -

    classificada s

    vzes como

    rudeza

    e

    mais

    a

    mido

    como

    debilidade

    mental

    Inferior

    a 70 -

    Debilidade

    mental

    Nvel

    intelectual

    de adultos

    -

    Considerando

    que

    o

    n

    vel intelectual no se desenvolve continuamente

    na

    idade

    adulta, foi necessrio abandonar o critrio

    de

    comparao

    entre idade mental e cronolgica, para a avaliao

    intelec

    tual dsse grupo. Os adultos

    estudados

    por Terman reve

    laram uma

    idade

    mental

    mdia de 16

    anos,

    sendo

    portanto

    considerado sse o nvel mximo.

    Crtica - Entre as criticas feitas ao teste

    Stanord

    -Binet

    encontram-se

    as seguintes:

    1 foi

    considerado ina

    dequado para a avaliao da

    inteligncia

    de adulto e me

    lhor para crianas

    de

    5 a

    1

    anos; 2 a

    padronizao

    foi jul

    gada deficiente, visto

    que

    crca

    de

    1.000 crianas

    includas

    na

    amostra

    eram

    da Califrnia,

    tornando-a

    assim

    pouco

    representativa

    da

    populao norte-americana; 3

    muito

    carregada

    de

    material verbal.

    Reviso

    de

    Stanford

    e

    1937 - Realizada tambm por

    Terman,

    com

    a colaborao

    e

    Merrill e publicada no livro

    Measuring lntelligence .

    Difere

    da escala

    anterior

    em

    de

    talhes mas no nas concepes

    bsicas.

    Apresenta as se

    guintes modificaes: 1 possui

    duas formas

    equivalentes

    (L e M ; 2 os itens considerados insatisfatrios foram eli

    minados

    e includos

    novos itens,

    perfazendo um total

    de

    129; 3 a escala foi estendida at o

    nvel

    de dois anos; 4

    foi aperfeioado o processo

    de padronizao,

    mormente

    para os nveis

    inferiores

    a 5

    anos

    e

    superiores

    a 14; 5

    foram

    adicionados grupos de

    testes para 11 e 13 anos; 6

    foi

    includo

    maior nmero

    de

    material

    no-verbal.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    35/168

    INTRODUAO

    AOS

    TESTES PSICOLGICOS 3

    o

    teste Binet-Terman , sem dvida, o mais

    usado

    para avaliao da

    inteligncia infantil,

    bem

    como

    para

    a

    determinao

    do

    nvel de deficincia mental. A indicao

    da

    idade

    mental representa

    um

    dos

    recursos mais teis

    e

    importantes

    e

    que

    tornam

    sse

    teste

    insubstituvel,

    tanto

    no

    campo clnico como

    na educao. No obstante, tem

    sido

    alvo

    de algumas

    crticas: 1) ainda se encontra demasiada

    mente carregado de

    fatres verbais, como prova a

    alta

    cor

    relao do

    subteste verbal

    com o escore

    total;

    2

    encontra

    se

    tambm carregado

    de fatres

    relacionados

    com aprendi

    zagem escolar e aquisio

    cultural;

    3) pouco indicado

    para

    adultos de nvel cultural elevado,

    por apresentar

    nesses

    casos pouco

    poder

    discriminatrio.

    o TESTE WECHSLER-BELLEVUE

    Fundamentos Tericos No seu livro

    The Measure-

    ment of

    dult ntelligence

    \ echsler define a inteligncia

    como agregado ou capacidade global do indivduo de

    agir

    com finalidade, de pensar racionalmente e de

    lidar

    efetiva

    mente

    com o

    seu meio ambiente .

    global

    porque

    carac

    teriza a atividade

    total

    do indivduo; um agregado por

    que

    composta de elementos ou habilidades que apesar

    de

    no

    serem inteiramente

    independentes, so

    qualitativa

    mente

    diven:as.

    Avalia-se

    a

    inteligncia pela mensurao

    dessas habilidades. A inteligncia no , porm,

    idntica

    mera

    soma

    dessas habilidades. O

    produto final de um ato

    inteligente

    no

    apenas uma

    funo

    de

    nmeros

    de habi

    lidades

    ou de sua

    qualidade,

    mas

    inclui

    tambm

    a

    maneira

    pela

    qual

    estas

    so

    combinadas,

    isto ,

    sua

    configurao.

    Alm do mais,

    outros

    fatres que no so

    propriamente

    de

    natureza

    intelectual, como

    por

    exemplo, incentivos, est

    mulos, motivaes,

    desempenham uma

    funo no

    ato in

    telectual. Finalmente, enquanto

    que tipos diferentes

    de

    atividade

    inteligente

    exigem

    vrios

    graus

    de

    habilidade

    intelectual, ) excesso de

    uma certa

    habilidade, adiciona

    relativamente

    pouco eficincia da

    atividade

    total.

    Apesar da inteligncia no

    ser

    a

    mera soma das habi

    lidades intelectuais, a nica maneira de avali-la quantita-

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    36/168

    2 1 CADERNOS DE ADMINISTRAO pBLICA

    tivamente atravs da

    mensurao dos

    vrios aspectos des

    sas habilidades.

    Acreditava

    Wechsler que,

    alm dos

    com

    ponentes g

    e s de

    Spearman,

    havia

    uma

    srie de fato

    res

    extra-intelectuais

    chamados

    por

    le de

    fatores

    X Z.

    que desempenhavam

    uma

    importante

    funo

    numa ativi

    dade intelectual. At ento,

    havia-se feito

    o possvel

    ;J3rL1

    isolar

    sses fatores, quando se tratava da

    elaborao

    de um

    teste

    de nvel mental. Wechsler, ao contrrio.

    insistia

    que,

    se

    na vida

    real

    sses fatores extra-intelectuais faziam parte

    de uma atividade intelectual, era

    evidente que deveriam

    tambm

    ser

    includos nas escalas de

    nvel

    mental. Tratan

    do-se, principalmente.

    e adultos,

    um teste

    de nvel mental

    tanto

    menos vlido

    quanto

    menos mede

    os

    fatres

    X

    e

    Z.

    O teste de echsler pretende medir no somente o

    aspecto

    global

    da atividade

    intelectual

    mas, inclusive. os fatres

    X e

    Z

    no-intelectuais mas

    definitivamente

    includos

    na

    atividade

    mental.

    Tratando-se

    da

    mensurao

    da intelir;n

    cia

    do adulto

    torna-se menos possvel a

    apurao do grau

    integral

    de inteligncia. atravs de

    um teste

    de

    nvel ment::ll

    que no focalize os mltiplos aspectos e a complexidade de

    que se compe.

    Razes

    para a

    elaborao

    de uma

    escala

    de nvel mer..

    tal

    especfica

    para

    adultos

    apresentadas por \\ echsler:

    1.0) -

    Os

    testes individuais de inteligncia elaborado

    anteriormente

    (quase todos de tipo B-inet. . no

    haviam

    sido padronizados em nmero suficiente de adultos para

    oferecerem

    evidncias

    vlidas.

    2. ) -

    O

    conceito

    de

    Quociente

    Intelectual

    (Q.

    I.)

    ,

    obtido

    atravs da frmula

    Idade Mental

    nao poderia

    Idade

    Cronolgic;l

    ser

    adotado

    para

    adultos.

    porquanto pressupunham

    uma

    constncia de

    relJes

    entre

    a idade

    cronolgica

    e o

    desen

    volvimento mental que no existe depois dos 15 ou 16 anos.

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    37/168

    INTRODUO

    AOS TESTES PSICOLGICOS 25

    3.) - Os

    testes de inteligncia tipo Binet haviam

    sido

    elaborados

    para crianas e validados

    em critrios

    de escola

    ridade

    e sucesso escolar;

    como

    tal

    no poderiam corres

    ponder

    ao

    grau

    de capacidade

    intelectual da

    idade

    adulta.

    4.) - Nos

    testes acima

    mencionados,

    como haviam

    sido elaborados para crianas, os

    itens

    no

    estimulavam

    nem motivavam as pessoas de idade

    adulta,

    que os consi

    deravam tolos e

    infantis.

    5. ) - Dava-se maior nfase rapidez do que exa

    tido

    da

    execuo, o

    que tornava

    os

    testes at ento

    usados

    inadequados

    para a mensurao do

    nvel

    mental do adulto,

    pois

    neste

    h

    um

    decrscimo de rapidez, com

    maior

    preo

    cupao com o

    fator exatido.

    6.) - \\'echsler adotou o critrio estatstico

    de

    po nt

    sc le calculando

    e classificando o

    Q. r

    do

    indivduo por

    meio do

    sistema de

    rro

    Provvel,

    conforme se

    observa

    no

    Quadro

    lI.

    Classificao

    .

    -

    -

    Deficiente

    Marginal

    Rude

    Normal

    Normal

    brilhante

    +

    Superior

    ,

    Muito

    superior

    c

    Classificao

    Deficiente

    Marginal

    Rude

    Norm"

    Nnrm,, hrilh;1I1lr

    Superior

    Muito superior

    QUADRO II

    Limites em trmos de

    sigmas

    3

    E

    P.

    ou

    abaixo

    2

    a

    3 E P.

    1

    a

    2

    E

    P.

    a

    +

    1

    E

    P.

    1 a

    2

    E.

    P

    2

    a

    3

    E.

    P.

    Por

    cento includo

    -

    ~ ~ ~

    2.15

    6.72

    16.13

    50.00

    16.13

    6.72

    3 a E. P.

    ou

    acima

    2.15

    Q.I .

    Por

    cento

    includo

    65 ou

    abaixo

    2.2

    66

    a

    79

    6 .7

    1 0 a

    90

    16.1

    ' l I

    110

    50.0

    111

    11

    In.

    120

    127

    6 7

    128

    e

    a ln la

    2.2

    C l a s ~ i f i c a c o

    da inteligncia de acrdo com Q.

    1.

    (de

    Wechsler)

    (de 10

    a 60

    anos)

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    38/168

    26 CADERNOS DE ADMINISTRAAO PBLICA

    o Q. I.

    obtido pode

    ser transformado em percentil, sen

    do

    esta ltima

    classificao a

    mais comumente usada atual

    mente para

    a

    determinao

    do

    nvel

    mental.

    QUADRO

    III

    Percentil

    Q.I.

    I

    Perce-ntil

    I

    Q.I.

    I

    . -- -

    - - - - - - _ . _ - - _ . _ - - - - - ~

    \

    ------._--- -f

    1

    59

    1

    68

    5

    73

    ._1

    __

    7

    77

    ._-------,--_._----

    10

    81

    60 105

    15 85 65

    106

    20

    89

    70

    108

    ,25

    91

    7

    110

    30

    94

    80

    112

    35 96

    8 115

    40

    98

    90

    118

    45

    99.7 95 123

    50

    101.4

    97 125

    55

    103 99

    130

    Ranks

    de Percentil

    para Q.

    I de 10 a

    60

    anos

    de acrdo

    com a

    Escala Wechsler Belle'Vue)

    Contedo do teste - A construo

    de um teste de

    inte

    ligncia implica

    um

    conceito sbre a

    natureza

    da inteli

    gncia.

    Um

    especialista

    que

    a considera,

    principalmente,

    como a

    capacidade de raciocinar com

    smbolos

    abstratos,

    empregar

    ste

    tipo de itens

    na elaborao de um teste

    de

    nvel

    mental. Os que consideram como a

    habilidade

    de

    execuo prtica, usaro testes

    de

    execuo. A concepo

    da inteligncia como uma atividade mltipla, levou David

    Wechsler escolha

    de uma srie de

    itens

    de natureza di

    versa, que avaliassem todos os possveis aspectos da inte

    ligncia. Os

    itens foram elaborados priori

    e, depois

    das

    primeiras

    apuraes,

    foram conservados

    apenas

    aqules

    que discriminayam de uma maneira definitiva as

    pessoas

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    39/168

    INTRODUO AOS

    TESTES PSICOLGICOS

    27

    de mais alto

    nvel mental

    das que possussem um

    nvel

    menos

    alto. Inmeros tens

    foram

    retirados,

    aps

    vrias

    experincias,

    por

    no serem considerados

    suficientemente

    vlidos

    e

    fidedignos.

    Compe-se o teste \\ echsler Bellevue de

    11

    subtestes,

    assim

    distribudos:

    l.0)

    Informao

    2. )

    Compreenso

    3. )

    Aritmtica

    V e r b

    a i s

    4.0)

    Nmeros

    5.)

    Semelhanas

    6. ) Vocabulrio

    7.)

    Completao de

    figurlS

    8. )

    Arrumao

    de figuras

    E x e c u

    o 9. )

    Reunio de objetos

    lO. )

    Mosaicos

    11. )

    Smbolos

    numencos

    H normas para adultos

    de

    16 a 60 anos e

    para

    crianas

    e adolescentes de 10 a 15 anos, separadamente.

    Descrio dos tens:

    Informaes

    -

    Muito

    usado

    em testes

    de intelign

    cia, apesar de ser criticado pelo fato de pressupor

    certa

    aquisio cultural. Entretanto havia sido empregado

    com

    muito

    boa correlao no Army Alpha. No Wechsler

    Bellevue

    as

    perguntas nem

    sempre envolvem

    cultura

    pois abordam assuntos que

    qualquer

    cidado de inte

    ligncia normal conhece. (Como por exemplo: qual

    a altura mdia da

    mulher

    brasileira?) Correlaciona

    0 72

    com o escore total.

    H

    um

    total

    de 25

    perguntas

    s quais

    dado valor

    positivo

    ou negativo. No se conta tempo.

    Compreenso - Usado anteriormente

    em

    testes cole

    tivos.

    composto de

    10 perguntas tais

    como:

    por

    que se

    paga

    impostos? ou

    por

    que

    os

    sapatos

    so

    feitos

    de couro?

    As

    respostas

    so valoradas com 0,

    +

    1 ou

    +

    2 pontos. No

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    40/168

    8

    CADERNOS

    DE

    ADMINISTRAO

    PBLICA

    se conta tempo. A natureza das respostas permite diag

    nstico clnico a

    respeito

    da personalidade.

    Aritmtica

    - O

    raciocnio

    aritmtico sempre

    foi

    con

    siderado

    como prova de inteligncia.

    Correlaciona

    altamen

    te com provas

    de capacidade

    intelectual. de fcil elabo

    rao e

    atraente para

    os adultos. Tende a decrescer

    com

    a idade. Os itens so

    compostos

    de 10 pequenos problemas

    que

    o

    examinando

    deve

    responder dentro de um tempo

    limite. Crdito dado

    rapidez.

    A correlao com o es

    core

    total de 0 67

    Memria Numrica

    -

    Havia

    sido

    usada,

    anteriormente.

    por Binet. Consiste na

    repetio de sries numricas (que

    aumentam

    gradativamente) em ordem direta e inversa.

    Contm

    fraco

    fator

    g

    e, pelo fato

    de

    envolver os

    fatres

    memria e ateno,

    no discrimina entre

    os

    nveis

    mais

    altos de capacidade intelectual. A correlao com o escore

    total do teste

    de

    0 51

    Semelhana -

    Consiste

    em

    indicar

    a semelhana

    en

    tre

    diversas

    coisas

    tais

    como,

    madeira

    e lcool,

    poema

    e

    esttua, vo e

    semente,

    etc.

    So

    ao

    todo

    12 itens.

    con

    siderado o melhor teste de

    tda

    a

    bateria.

    Inclui grande

    dose de

    fator

    g

    raciocnio

    de relaes e processos lgicos

    de

    pensamento. A

    correlao

    com o escore total de 0 73

    Arrumao de figuras - Usada anteriormente

    por

    Decroly e nos testes Army.

    Consiste

    numa srie de qua

    drinhos

    que

    devem

    ser

    arrumados pelo

    examinando

    a fim

    de

    formar

    uma

    histria. Referem-se

    a

    situaes

    humanas

    e

    exigem

    uma compreenso

    global

    da situao.

    De todo >

    os subtestes talvez o

    que

    mais sofre influncias culturais.

    H vrias arrumaes possveis para

    as

    diversas sries e

    em caso

    de uma apresentao

    pouco comum convm man

    dar

    o

    examinando

    explicar a

    histria.

    Os crdit

    acrdo

    com a arrllmnn f o prnpo

    de execuo.

    Completao

    de figuras

    - T-irado

    do

    teste

    Healy.

    Mede a

    percepo

    bsica do indivduo, implicando reconhe-

  • 7/26/2019 Sheeffer Introduo Aos Testes Psicolgicos

    41/168

    INTRODUAO AOS TESTES PSICOLGICOS ~

    cimento

    visual

    e capacidade de observao e de identifica

    o de

    formas

    familiares.

    Consiste

    em 15 figuras cada

    qual

    sem

    uma

    parte.

    H.

    por

    exemplo,

    a

    figura de

    um

    homem sem a

    metade

    do bigode e de um navio no qual

    falta a

    chamin.

    Indica a

    habilidade

    do indivduo diferen

    ciar as partes essenciais das

    no

    essenciais. H um

    tempo

    limite

    de

    15 segundos

    para cada

    figura.

    Mosaico -

    Originou-se

    dos cubos de Kohs. o

    sub

    teste

    que

    maior valor discriminativo apresenta, quando

    usado individualmente.

    Apresent