sÃo paulo, 21 de marÇo de 2013 · em santa branca, de -1,59% para -3,00%; em jaguari, de 1,79%...
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SÃO PAULO, 03 DE FEVEREIRO DE 2015
PARQUE DA ACLIMAÇÃO É OPÇÃO DE LAZER NA ZONA SUL DE SÃO PAULO
O Parque da Aclimação é uma opção de lazer na Zona Sul de São Paulo. A área verde, que é
menos movimentada que o Parque Ibirapuera, é muito charmosa e bem conservado.
O lago natural é muito bonito. Conseguir um banquinho ao lado dele nos dias mais cheios não
é tarefa fácil, mas vale a pena procurar.
Pelas manhãs, praticantes de caminhada costumam aproveitar as pistas de cooper. Aos fins de
semana, as quadras e os playgrounds infantis também são disputados.
Outro ponto muito positivo do Parque da Aclimação é o acesso. Dá para descer na estação Ana
Rosa, do Metrô, e ir a pé até lá tranquilamente.
O parque foi adquirido pela Prefeitura no fim da década de 30 e foi sede do primeiro zoológico
de São Paulo. O parque da Aclimação, que tem mais de 100 mil metros quadrados, foi
tombado pelo Condephaat em 1986.
Parque da Aclimação
Horário de funcionamento: diariamente, das 6h às 22h.
Endereço: Rua Muniz de Souza, 1119 – Aclimação
Especialistas defendem economia de água e energia para combater seca
Para diretor da Coppe/UFRJ, racionamento é inevitável em todo o Brasil.
Estudos apontam que operação do sistema elétrico está prejudicada.
Em meio à estiagem, especialistas em hidrologia e do setor elétrico defendem a
racionalização no uso da água e energia para evitar a escassez de ambos. A Coppe da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sediou um seminário nesta segunda-feira (2)
para discutir soluções sobre o tema. Segundo os componentes da mesa, a diminuição no
consumo é inevitável.
O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, abriu a mesa de discussões afirmando que já se
passou da hora de fazer racionamento. Para o professor, medidas adotadas pelo Governo,
como o aumento na tarifa de energia, são eficazes, mas tardias.
"Atrasadas e medidas modestas. Não vai escapar do racionamento", afirma o diretor da
Coppe.
Neste domingo (1), o nível da bacia do Rio Paraíba do Sul chegou a 0,33%, segundo a
Agência Nacional de Águas (ANA). Para Rafael Kelman, diretor da empresa de consultoria
em eletricidade PSR, o volume baixo de água indica que a quantidade de energia que o
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) diz produzir está equivocada.
"Temos indícios de uma série de fatores que fazem com que a operação real do sistema
seja muito mais complicada do que é observada pelo planejamento. Quando o governo
toma decisões baseadas no planejamento ele está enxergando uma situação e quando a
gente vê a operação real do sistema ela é um pouco diferente. Por mais que essa diferença
possa parecer pequena em um primeiro momento, por exemplo, 3%, essa diferença tem
um efeito cumulativo. Isso se reflete no esvaziamento dos reservatórios. Isso leva a crer a
necessidade de contratar mais energia para suprir a população", explicou.
O diretor também defende a economia imediata de água e energia. Segundo ele, isso pode
evitar um racionamento ainda maior no futuro.
"Seria preferível economizar agora do que fazer uma grande economia no futuro. Vale para
a água e vale para a energia. Então se a população puder reduzir isso vai ajudar o sistema a
evitar um grande consumo lá na frente que pode ser muito mais traumático", defendeu.
Para o diretor do projeto Ilumina, Roberto Araújo, o Governo Federal não estimula a
população a economizar energia.
"Todas as lojas usam lâmpadas dicróica. São lâmpadas de 50 watts, esquentam uma
barbaridade. Se substituir uma lâmpada dessa porá uma de LED de 6 watts, você
economiza 44 watts. Só que a lâmpada LED é muito mais cara. Então o governo deveria
reduzir os impostos sobre essa lâmpada LED. Nem isso é feito", disse ele.
Bacia do Rio Paraíba do Sul volta a cair
Apesar dos temporais que atingiram todo o estado no fim de semana, o nível da bacia do
Rio Paraíba do Sul voltou a cair, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Neste
domingo (1º), o volume do rio chegou a 0,33%. A porcentagem é calculada a partir do nível
dos quatro reservatórios que abastecem o Rio de Janeiro – Paraibuna (SP), Santa Branca
(SP), Jaguari (SP) e Funil (RJ).
Segundo o relatório divulgado pela Agência Nacional de Águas, o volume caiu, se
comparado à sexta-feira, em três das quatro represas e as chuvas não foram suficientes. Na
de Paraibuna, passou de -0,45% para -0,64%. Em Santa Branca, de -1,59% para -3,00%; em
Jaguari, de 1,79% para 1,61%. Só no reservatório de Funil, o único que fica no estado do
Rio, o volume subiu de 3,95% para 4,55%.
Água do Sistema Cantareira fica estável no início de fevereiro
Nível de armazenamento foi mantido em 5% depois de ter caído 0,1 ponto
percentual entre sábado e domingo
O mês de fevereiro começou com chuvas fracas e moderadas sobre os mananciais de
abastecimento da região metropolitana de São Paulo. No maior conjunto de
reservatórios, o Sistema Cantareira, que vive a pior situação hídrica em relação aos
demais sistemas, o nível de armazenamento foi mantido em 5% depois de ter caído 0,1
ponto percentual entre sábado e domingo.
O sistema foi o que conseguiu captar mais água de chuva nesse início do mês,
atingindo 23,2 milímetros (mm), porém ainda muito pouco para tentar repor as
perdas, nesses últimos 12 meses. As perdas provocaram o uso das reservas técnicas ou
volume morto. Desde novembro do ano passado, as retiradas são feitas da segunda
cota do volume morto (água que fica abaixo das captações por gravidade).
De acordo com a medição diária da Companhia de Saneamento Básico do Estado de
São Paulo (Sabesp), também ficaram estáveis os reservatórios de outros quatro
sistemas de abastecimento: Tietê (11%); Guarapiranga (47,9%); Alto Cotia (28%); Rio
Grande (75%).
A única elevação de nível foi registrada no Sistema Rio Claro (de 28,8% para 29,2%),
embora as precipitações tenham sido fracas na área: apenas 17 mm.
Aldo Rebelo e as mudanças climáticas
Aldo Rebelo, ex-ministro do Esporte, agora da Ciência, Tecnologia e Inovação, pelo
visto se meteu na primeira polêmica envolvendo a sua pasta. E cutucou, como diz o
ditado popular, “onça com vara curta”. Nesses dias, ele recebeu uma “carta aberta”
assinada por renomados físicos, geólogos, geógrafos, biólogos e engenheiros do País.
O motivo seria “as posições críticas de V.Exa. sobre a tendência prevalecente
nas questões climáticas, que atribui às atividades humanas uma suposta e não
comprovada influência na dinâmica do clima nos últimos dois séculos, são de domínio
público e têm motivado questionamentos à vossa nomeação para o Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tanto no Brasil como no exterior”.
Nessa esteira crítica, os signatários do documento reiteram “que as discussões e a
formulação das políticas públicas sobre as questões climáticas têm sido pautadas,
predominantemente, por equivocadas e restritas motivações ideológicas, políticas,
econômicas e acadêmicas – o que as têm afastado não apenas dos princípios basilares
da prática científica, mas também dos interesses maiores das sociedades de todo o
mundo, inclusive a brasileira”.
Eles afirmam que “não há evidências físicas da influência humana no clima global”. E
prosseguem no ensinamento:
“As mudanças constituem a característica fundamental do clima, como demonstram as
evidências referentes a toda história geológica da Terra – ou seja, o clima está sempre
em mudança. Quanto à alegada influência humana no clima global, supostamente
atribuída às emissões de compostos de carbono das atividades humanas, com a
industrialização e a urbanização, ela teria que, forçosamente, amplificar as taxas de
variação (gradientes) das temperaturas atmosféricas e oceânicas e dos níveis do mar,
registradas desde a Revolução Industrial do século XVIII. Como não há qualquer
evidência de que estas variações sejam anômalas, em relação às registradas
anteriormente, no passado histórico e geológico, simplesmente, a propalada influência
humana não pode ser comprovada.”
Estudo pretende analisar impacto das mudanças climáticas sobre os
manguezais
Objetivo do estudo é analisar os efeitos das mudanças climáticas para o
caranguejo-uçá (Ucides cordatus), crustáceo muito sensível às alterações
de habitat.
Conhecer os efeitos exatos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas e sua
biodiversidade ainda é algo complexo. Para mudar essa realidade, Marcelo Pinheiro,
professor doutor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), será o responsável pelo
estudo do impacto das alterações do clima em duas áreas de manguezal: Estação
Ecológica Juréia-Itatins (SP) e Estação Ecológica de Guaraqueçaba (PR).
Essas unidades de conservação estão localizadas no Lagamar, complexo estuarino que
é um dos maiores berçários de vida marinha do planeta. O projeto será executado com
o apoio de Setuko Masunari, professora doutora da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), em Curitiba, cuja equipe será responsável pela análise da área de manguezal
paranaense.
O objetivo do estudo é analisar os efeitos das mudanças climáticas para o caranguejo-
uçá (Ucides cordatus), crustáceo muito sensível às alterações de habitat. “Iremos
acompanhar essa espécie durante quatro anos nessas duas regiões para entender
como ela vai se comportar”, explica Pinheiro. A pesquisa é apoiada pela Fundação
Grupo Boticário de Proteção à Natureza e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp).
Protocolo
Pinheiro estuda a espécie desde 1998 e já foi responsável por outras quatro pesquisas
com ela. “Nos estudos anteriores, analisamos diversos aspectos do caranguejo-uçá,
como estrutura populacional (abundância de machos, fêmeas, jovens, adultos) e
densidade (quantidade por metro quadrado), bem como avaliamos essas
características em locais diferentes, com tipos variados de vegetação. A partir daí
produzimos um protocolo para a espécie”.
Depois da pesquisa aplicada, o protocolo poderá ser ajustado e repassado para
monitoramento em outros manguezais brasileiros.
O protocolo elaborado possui duas partes: um passo a passo de como fazer esse tipo
de análise com caranguejos dessa e de outras espécies que constroem tocas no
sedimento de manguezal, e um trecho teórico contendo o que é esperado acontecer
com a espécie no futuro, considerando a influência das mudanças climáticas.
Outros manguezais
Na atual pesquisa, essa parte teórica será colocada em prática. “Iremos testar a
aplicação do protocolo em campo e verificar sua sensibilidade às diferentes condições
de inundação já verificadas nos manguezais, esperando que ele seja suficiente para
detectar alterações nas populações do caranguejo”, explica Pinheiro.
Depois da pesquisa aplicada, o protocolo poderá ser ajustado e repassado para
monitoramento em outros manguezais brasileiros. “Certamente com o aquecimento
global os efeitos gerados poderão ser similares ou ainda mais preocupantes”, destaca
o pesquisador.
Ameaça de extinção
De acordo com ele, apesar do caranguejo-uçá ocorrer em toda a costa do Atlântico
ocidental, desde a Flórida, nos Estados Unidos, até Santa Catarina, tem sido verificado
redução em sua abundância e densidade. Tal situação ocorre pela reduzida taxa de
crescimento da espécie (tamanho comercial em 10 anos), que é um dos aspectos que
justificou sua inclusão na categoria de Quase Ameaça, da União Internacional para
Conversa da Natureza (IUCN).
caranguejo-estudo-interno.jpgOutros fatos agravantes foram o aterro, desmatamento
e poluição dos manguezais, sendo que, neste último caso, o despejo de esgoto não
tratado nos rios e mares, bem como a concentração de lixo nos manguezais interferem
muito no equilíbrio desse ecossistema.
“O chorume produzido pelos lixões possui imensas concentrações de metais pesados.
Além disso, a poluição orgânica por falta de saneamento básico diminuem
drasticamente o oxigênio na água dos rios, lagos e mares. Isso prejudica tanto o
próprio caranguejo, como também as algas microscópicas que servem de alimento à
suas larvas em sua fase aquática”, destaca.
Cenário pior
Um dos efeitos esperados com as alterações do clima é o aquecimento global, que
deverá aumentar o nível dos oceanos. Segundo o professor da Unesp, isso certamente
promoverá maior inundação dos manguezais, fazendo com que ocorra redução das
áreas desse ecossistema. “De forma bem simplificada, será mais mar e menos
manguezal, o que pode gerar um grande desequilíbrio, não apenas para o caranguejo-
uçá, mas a outras espécies animais, já que esse ambiente é fundamental à reprodução
de diversas outras espécies”, comenta.
Ao ser questionado se em apenas quatro anos ele acredita que terá resultados das
mudanças do clima, Marcelo Pinheiro é enfático. “Já estamos começando a senti-las no
próprio clima nos últimos anos. Acredito que nesse período vamos ter material para
trabalhar”. O pesquisador ainda completa: “esperamos que a modificação seja tênue
para que possamos propor ações de conservação da espécie enquanto ainda há
tempo”, conclui.
Importância dos manguezais
Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre o continente e o mar,
presentes em regiões tropicais e subtropicais do planeta e considerados berçários da
vida marinha. No Brasil, eles se espalham em áreas lamosas por quase 26 mil km2, do
Amapá a Santa Catarina. Recebem esse nome por conta da espécie de flora
predominante – o mangue – que é constituído de três a quatro espécies de árvores.
Por ter águas calmas e protegidas por raízes, o manguezal é utilizado como berçário
por muitos peixes, crustáceos e outros animais, que ali se reproduzem e desovam.
Além disso, o mangue é fundamental na absorção do impacto das ondas, evitando a
erosão marinha. Esse ecossistema também funciona como barreira para os fenômenos
climáticos extremos como enxurradas, ressacas e grandes tempestades.
O ecossistema marinho é muito rico em biodiversidade, porém é pouco conhecido.
Segundo Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, essa realidade
precisa ser alterada no Brasil. “Fomentar a pesquisa científica nesse ecossistema é
indispensável para que o país conheça melhor sua fauna e flora, bem como tenha os
subsídios adequados para protegê-los.”, destaca.
Calor no Sudeste subiu acima da média mundial em 2014
O início do século 21 é o período mais quente já registrado na história e, no futuro, o calor deve aumentar ainda mais, até mesmo no Brasil. Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM) apontam que 2014 foi o ano mais quente jamais identificado mas alertam que é a tendência que mais preocupa: dos 15 anos com as temperaturas mais elevadas da história, 14 ocorreram desde 2000. O único ano fora do século 21 que entrou na lista foi o de 1998. No Brasil, o Sudeste registrou no ano passado temperaturas de 1°C a 2°C superior à média entre os anos 1961 e 1990. O aumento ficou acima da elevação das temperaturas no restante do mundo. Segundo os especialistas, o que surpreende é que as temperaturas elevadas de 2014 ocorreram "na ausência de um El Niño totalmente desenvolvido". A OMM aponta que em 1998 o El Niño teve "grande influência". Os dados da OMM confirmam o que a Nasa, agência espacial americana, já havia antecipado, há duas semanas, indicando 2014 como o ano mais quente. Mas, segundo a entidade internacional ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), 2014 é apenas "parte de uma tendência maior" e alerta que o pior ainda está por vir. "A tendência de aquecimento é mais importante que o ranking individual de cada ano" alertou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "Nossas análises apontam que 2014 foi o ano mais quente já registrado nominalmente. Mas a realidade é que a diferença entre os últimos três anos foram muito pequenas e todos esses anos estão entre os mais quentes." Segundo Jarraud, as temperaturas vão continuar subindo nos próximos anos. "Nossa expectativa é de que o aquecimento global continue." Para ele, a causa disso é a concentração cada vez maior de gases de efeito estufa na atmosfera, apesar dos esforços internacionais. Uma das principais consequências dessa concentração de CO2 tem sido a elevação das temperaturas dos oceanos. Em 2014, elas atingiram um nível recorde. Pelos dados compilados pela OMM, a média da temperatura da superfície mundial em 2014 foi 0,57°C acima da média de longo prazo, estimada entre 1961 e 1990. O período de 30 anos é usado como referência para os especialistas. Para a OMM, 2014 é a "prova" de que serviços climáticos são imprescindíveis nos países, tanto para evitar desastres naturais como para permitir que a comunidade possa se adaptar às mudanças. Segundo a agência, não há dúvida de que alguns locais ficarão menos adequados para a vida da população.
Envelhecimento populacional e a crise hídrica
De repente o mundo se deu conta de que tem mais petróleo e menos água do que necessita
De repente o mundo se deu conta de que tem mais petróleo e menos água do que
necessita. O preço do óleo despenca em todo o planeta e o da água ameaça o
orçamento familiar. A situação amplia as incertezas econômicas e é um desafio para o
planejamento de todos nós em qualquer prazo de tempo que se estabeleça. Se
envelhecer bem depende de programação, a crise hídrica acrescenta grande
dificuldade para os idosos – sobretudo os do futuro. Ela também coloca em outro
patamar os estudos sobre população e meio ambiente que, por muito tempo,
estacionaram em culpar o crescimento populacional pelo aumento da pressão sobre os
recursos naturais. Os pesquisadores dedicados ao tema começam, agora, a sofisticar
seus estudos para detectar a relação entre envelhecimento da população e questão
ambiental.
Em outras palavras, como a mudança climática ameaça a velhice sustentável, já que o
mundo envelhece? Em todo o planeta, os eventos extremos têm afetado o segmento
mais vulnerável. Só para citar alguns exemplos de como as pessoas idosas estão sendo
as maiores vítimas do aquecimento global, lembro uma reportagem de um telejornal
brasileiro, há poucos dias, em que uma senhora de seus quase 70 anos, na cidade de
Itu, em São Paulo, reclamava de pagar R$ 120,00 por semana pela água de um carro
pipa dividido com os vizinhos. Como mais de 70% dos beneficiários da Previdência
Social brasileira recebem até dois salários mínimos, o peso dessa “despesa extra” é
enorme.
Mencionei a questão da água em meu livro “Viver Muito” (Ed. Leya, 2010), como um
empecilho para o planejamento financeiro. O idoso do futuro terá despesas que nunca
tiveram seus pais e muito menos seus avós. Esse é o aspecto individual da questão. No
âmbito social, três perguntas inquietam: uma sociedade mais envelhecida pode ser
mais ou menos sustentável ambientalmente? O indivíduo demandaria mais ou menos
recursos naturais à medida que envelhece? Como uma economia da longevidade
poderia mitigar esses efeitos?
No livro “Novo regime demográfico – uma nova relação entre população e
desenvolvimento?”, editado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), sob a coordenação de Ana Amélia Camarano, dois capítulos analisam a
relação envelhecimento e meio ambiente. Como se sabe, o envelhecimento
populacional (maior percentual de idosos na população) decorre de um aumento na
expectativa de vida concomitante a uma baixa taxa de fecundidade (número de filhos
por mulher). O resultado é uma redução da população a longo prazo e o seu
envelhecimento. Os ecologistas sempre defenderam, portanto, a baixa fecundidade a
despeito do efeito colateral do envelhecimento com a justificativa de que uma
população menor pouparia os recursos naturais do planeta. O pesquisador José Féres,
autor de um dos capítulos, começa seu texto destacando que o menor ritmo de
crescimento populacional do Brasil nas últimas décadas em nada ajudou a tornar mais
amena a degradação ambiental. Pelo contrário.
Ao longo de décadas de análise, ficou claro que o impacto está relacionado com os
padrões de consumo e de produção. Lembro um dado divulgado pelo Banco Mundial.
De 2000 para 2010, a população dos países em desenvolvimento cresceu de 83% para
85% da população mundial, enquanto o consumo saltou de 18% para 30%. A exemplo
do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Féres
recupera outros argumentos além da quantidade, como a urbanização, mudança no
perfil de domicílios e questiona: De que modo estes novos hábitos da vida
contemporânea alteram o consumo? Um dos principais pontos levantados pelo autor é
a moradia individual e tem relação direta com o envelhecimento populacional.
Oposto ao senso comum, apenas 1% da população idosa brasileira vive em asilos, a
maior parte vive em arranjos familiares diversos, mas o número de idosos vivendo
sozinhos tem aumentado significativamente. Entre 1992 e 2012, de acordo com a
Pnad, triplicou, passando de 1,1 milhão para 3,7 milhões, um crescimento de 215%.
“Domicílios são caracterizados por economias de escala. Aqueles com maior número
de habitantes tendem a apresentar um menor consumo per capita” escreve Féres. O
número médio de pessoas por domicílio no país caiu de 5,3 pessoas em 1970 para 3,3
em 2010. “Isso se deve à queda da fecundidade e ao fato de o número de domicílios
ter crescido mais rápido que o ritmo de crescimento da população”, afirma, apesar de
sublinhar várias ressalvas técnicas que deve fazer todo bom cientista.
Até agora, a municipalidade em todo o país está muito preocupada com o transporte
individual. Qualquer biker olha de cara feia para um motorista sozinho em seu veículo.
Mas ele pode causar um impacto maior ao efeito estufa se morar sozinho. Até porque
o problema, no futuro, talvez não seja mais o petróleo. Do ponto de vista de uma
economia da longevidade, o estímulo à co-habitação ou condomínios, residências
comuns, ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos), centros-dias que
sempre garantam a autonomia da pessoa idosa será uma política ambiental tão
importante quanto qualquer outra. A economia da longevidade deve estar preocupada
em devolver escala aos domicílios brasileiros.
Se o poder público ainda patina nesta direção, muitos empreendedores estão atentos
para este filão de negócios. O custo da água e da energia vai empurrar o idoso do
futuro para o domicílio compartilhado. Esta é uma tendência mundial. Talvez a crise
hídrica atual possa apressá-la. Nos próximos posts, voltarei a analisar essa intersecção
entre meio ambiente, envelhecimento populacional, políticas públicas e negócios.
Convido-os a me acompanhar aqui na Brasileiros, pois nossa jornada de reflexões
sobre a Economia da Longevidade está só começando.
*Jorge Félix é especialista em economia da longevidade, jornalista, professor e mestre
em Economia Política pela PUC-SP. É autor do livro “Viver Muito” (Ed. Leya).
www.economiadalongevidade.com.br.
Após pressão de moradores, construtora adia corte de árvores em Moema
Espécies estão em um terreno privado onde será erguido um
empreendimento imobiliário
Na manhã deste sábado (31) cerca de vinte pessoas impediram a retirada de duas
árvores antigas na Alameda dos Jurupis, em Moema, Zona Sul da capital. Após a
pressão de moradores, que se reuniram na rua em protesto, a construtora responsável
pelo ação resolveu adiar o corte. As espécies ficam dentro de um terreno privado,
onde será erguido um empreendimento imobiliário. Com a movimentação, policiais
militares, guardas civis e agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET)
estiveram no local.
Um das espécies começou a ser cortada | Crédito: Reprodução
De acordo com os moradores, o recuo da construtora já é uma vitória. A ordem de
corte foi adiada até segunda-feira (2), quando o diálogo será retomado.
A atriz Andréia Pádua, que mora em frente ao terreno, afirma que estava em casa
quando ouviu o barulho das serras cortando as árvores e desceu imediatamente. Ela
começou a gritar para tentar impedir os funcionários que trabalhavam no local. Outros
moradores, indignados com a derrubada, também desceram e tentam impedir que o
corte continue.
"Esse bairro já é carente de verde e estão colocando as árvores no chão por causa de
um empreendimento imobiliário. Estão derrubando causa de um metro quadrado.
Estamos indignados", diz Andréia. Segundo ela, as árvores abrigam muitos ninhos de
passarinhos, que foram espantados pela ação e que estão dando revoadas ao redor
das espécies.
Árvores ficam em uma rua calma de Moema | Crédito: Reprodução
Procurada, a Prefeitura não informou até o momento se a empresa tem autorização
para retirar as árvores.