setor de turismo no brasil - hotelaria

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  • 7/21/2019 Setor de Turismo No Brasil - Hotelaria

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    SETOR DE TURISMO NOBRASIL: SEGMENTO DE

    HOTELARIAAna Paula Fontenelle GoriniEduardo da Fonseca Mendes*

    * Respectivamente, Gerente e economista do Departamento de Comrcio,Servios e Turismo do BNDES. T

    URIS

    MO

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    Oestudo analisa o setor hoteleiro no Brasil, bemcomo os fatores que tm influenciado o desempenho dosetor de turismo como um todo. Tambm abordado oapoio do BNDES ao setor hoteleiro e, a partir de respos-tas a um questionrio elaborado especificamente paraeste estudo, foi apresentada a evoluo recente dosindicadores operacionais de um conjunto de empreendi-mentos financiados pelo Banco. So ainda identificadosgargalos e oportunidades para o setor, inclusive o Pro-grama Monumenta, de preservao de conjuntos arqui-tetnicos, o qual prev a restaurao de prdios comvalor histrico para utilizao hoteleira.

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria

    Resumo

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    Oobjetivo deste estudo abordar o setor de turismo noBrasil, tendo como foco o segmento de hotelaria. Busca-se traar umbreve panorama do segmento e seu desempenho no pas, verifican-do a evoluo da oferta e da demanda por hospedagem. No que tan-ge demanda, analisa-se tambm a demanda internacional, abor-dando a posio do Brasil no contexto mundial de chegadas deturistas internacionais.

    Ainda no que se refere ao segmento hoteleiro, procura-se

    traar o perfil dos financiamentos diretos do BNDES no perodocompreendido entre 1999 e junho de 2005, por meio de pesquisa es-pecfica que envolveu o envio de questionrios aos beneficirios dosfinanciamentos e consulta aos bancos de dados do BNDES.

    Aprofundando a discusso, procura-se ainda identificar,sem pretenso de esgotar, alguns gargalos e oportunidades nacadeia produtiva do setor de turismo no Brasil, concluindo com umaagenda positiva para o setor. Entre as oportunidades identificadas,mereceu especial ateno a utilizao hoteleira dos imveis comvalor histrico no pas, includa no Programa Monumenta de re-cuperao sustentvel do patrimnio histrico urbano brasileiro ,

    gerido pelo Ministrio da Cultura em parceria com o Ministrio doTurismo.

    Finalmente, o estudo baseou-se, em grande parte, na an-lise desenvolvida pelo grupo de trabalho composto por vrios tcni-cos/executivos do BNDES,1que fez parte do Sistema de Planeja-mento Integrado do Banco durante 2004. Dessa forma, o artigo pro-cura tambm divulgar o resultado das discusses e extensas reu-nies com vrios expoentes do setor de turismo no Brasil.

    O setor de turismo, no qual se inclui o segmento dehotelaria, ocupa hoje papel relevante na economia mundial, sendouma das atividades com maior representatividade econmica, aolado da indstria do petrleo. Segundo informaes do InstitutoBrasileiro de Turismo (Embratur), o turismo se configura como umaatividade que gera anualmente US$ 4 trilhes e aproximadamente280 milhes de empregos em todo o mundo.

    A Organizao Mundial do Turismo (OMT) destaca o fatode que o turismo enriquece indivduos, famlias e comunidades

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005

    Introduo

    Caracterizaodo Setor deTurismo

    ApresentaoGeral

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    1Participaram do grupo detrabalho de Setores Tradi-

    cionais e de Servios doBNDES sobre o Setor deTurismo: Alberto Cons-tantino (coord.), CarlosEduardo Castello Branco,

    Jos Paulo Cosenza, SaloCoifman, Luiz Alberto Ros-

    sato de Medeiros, MrciaAlencar Garcez, Pedro Mar-tins Simes, Ta s Carestiatoda Silva, entre outros.

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    inteiras, tratando-se da maior atividade do comrcio internacional,empregando milhes de pessoas, direta ou indiretamente, em hotis,transportadoras, locadoras de veculos, lavanderias, agncias turs-ticas, lojas desouvenires, restaurantes, fazendas, artes e artesanato,

    entre outros, e reunindo, ao todo, cerca de 56 segmentos da econo-mia. Acrescenta ainda que o turismo contribui para a ativa preserva-o do patrimnio histrico no mundo e, conseqentemente, umaatividade que promove o desenvolvimento intersetorial, em funodo efeito multiplicador dos investimentos. Ainda de acordo com aOMT, o turismo responsvel por um em cada nove empregos ge-rados no mundo.

    exceo das grandes cadeias de hotis, das redes inter-nacionais de fast food e das locadoras de automveis, verifica-senesse setor significativa predominncia de micro e pequenas empre-sas, principalmente nas atividades de gastronomia, hospedagem,

    agenciamento de viagens, consultoria turstica e transportes, sendoque, em geral, no Brasil, elas dispem de condies limitadas paraa realizao de investimentos em treinamento, tecnologia, propagan-da e promoes, entre outros.

    Segundo a OMT, o turismo est entre os setores de maiorcrescimento no mundo, tendo triplicado seu tamanho e impactoeconmico nos ltimos 50 anos. Os dados para os desembarquesde turistas internacionais no perodo 1970/2003 mostram, contudo,certa desacelerao das taxas mdias de crescimento: o movimentomundial de turistas por via area cresceu, respectivamente, 6,1%,4,5% e 4,0% ao ano nas dcadas de 1970, 1980 e 1990. O pico dessasrie foi 2004, com cerca de 763 milhes de desembarques.

    Neste trabalho, concentraremos nossa ateno no seg-mento de hotelaria, que ser descrito a seguir.

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria114

    Tabela 1

    Evoluo do Turismo Mundial 1990/2004(Em Milhes de Desembarques)

    ANO MUNDO VARIAO ANUAL (%)

    1990 458,2

    1995 565,5 4,3%a2000 687,3 3,4%a

    2001 684,1 -0,5

    2002 702,6 2,7

    2003 691,0 -1,6

    2004b 763,0 10,0

    Fontes: OMT e Embratur.aTaxas mdias para 1990/95 e 1995/2000.bDados provisrios.

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    A indstria da hospitalidade, termo amplo, inclui uma va-riedade de organizaes e negcios interdependentes, como hotis,restaurantes, atrativos tursticos, meios de transporte, agncias deviagem e de entretenimento, servios voltados para o atendimento

    ao turista e programas governamentais de fomento ao turismo.

    Este trabalho concentra o seu foco no segmento de hos-pedagem, que atende necessidade de alojamento e abrigo daspessoas que esto em trnsito ou temporariamente longe dos seusdomiclios. Os empreendimentos comerciais que atuam nessa ativi-dade podem ser segmentados em penses e hospedarias ou hotis.Penses e hospedarias tradicionalmente so responsveis pelamaior parte da oferta de meios de hospedagem no mundo. Noentanto, a quase totalidade dos negcios est concentrada na hote-laria, que responde pela maioria das viagens internacionais e denegcios.

    O segmento intensivo em mo-de-obra, haja vista que amaior parte das atividades refere-se ao atendimento aos hspedes.Por essa razo, a qualificao da mo-de-obra considerada fun-damental para a qualidade dos servios. Os empreendimentos hote-leiros so tambm intensivos em capital e tm o perfil dos inves-timentos do segmento imobilirio, sendo pouco flexveis em razodas dificuldades de promover alteraes substanciais nos projetosimplantados e em sua localizao.

    Outra caracterstica intrnseca ao setor hoteleiro a sazo-nalidade a que est exposto, resultado do nvel de procura por

    hospedagem, que tem picos e quedas de utilizao em determinadosperodos, em geral denominados de alta, mdia e baixa temporadas[ver Mattos (2004)].

    Os principais agentes da hotelaria so os proprietrios dosbens imveis, explorados comercialmente como meios de hospeda-gem, e as empresas operadoras, responsveis pela administrao egerenciamento dos empreendimentos. A separao entre proprieda-de e gesto na hotelaria mais evidente no segmento representadopela grande hotelaria, que engloba os grupos e as empresas queoperam redes domsticas ou internacionais de estabelecimentos demdio e grande portes. Ser somente operador ou ter tambm a pro-

    priedade do imvel estratgia que varia conforme o grupo empreen-dedor. Os hotis independentes, em geral, so administrados pelosprprios proprietrios.

    Os hotis precisam investir com regularidade na moderni-zao das instalaes e na manuteno da infra-estrutura, comoforma de assegurar ou expandir a sua participao de mercado. Adesatualizao ou o envelhecimento podem gerar desvantagens nacompetio e induzir a uma reduo nos preos das tarifas paramanter os nveis mdios de ocupao. Os custos para a reforma de

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    Hotelaria:Caracterizaoda Atividade

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    um hotel so bastante variveis e dependem da abrangncia doprojeto de remodelao e do estado de conservao do estabeleci-mento. Segundo o Frum de Operadores Hoteleiros do Brasil(FOHB), os hotis necessitam realizar investimentos anuais em

    montantes crescentes da ordem de 1% a 5% de seu faturamentobruto, permanecendo ao redor de 5% a partir do quinto ano de im-plantao, destinados formao de um fundo para reposio deativos. Alm disso, de forma geral, devem passar por grandes re-formas estruturais (retrofit), com investimentos da ordem de 20% a30% de seu investimento inicial, a cada 10/12 anos.

    Em relao aos sistemas de classificao dos meios dehospedagem no Brasil, cabe destacar a classificao oficial realizadadesde 2002 de acordo com as normas da Embratur/Mtur (2002), emparceria com a Associao Brasileira da Indstria Hoteleira (ABIH).

    A classificao oficial agrupa os hotis em seis categorias, avaliandoindicadores referentes gesto do empreendimento e qualidadedos servios e instalaes, quais sejam: superluxo (cinco estrelasplus), luxo (cinco estrelas), superior (quatro estrelas), turstico (trsestrelas), econmico (duas estrelas) e simples (uma estrela). Os

    resorts, descritos mais adiante, normalmente situam-se nas trs pri-meiras categorias. Cabe mencionar ainda que a adoo e adeso aosistema de classificao oficial um ato voluntrio dos meios dehospedagem interessados em fazer parte de um referencial informa-tivo de cunho oficial, destinado a orientar os mercados tursticosinterno e externo.

    Verifica-se ainda a existncia de diversas empresas e r-gos especializados no setor que se valem de classificaes prpriaspara a realizao de suas anlises, como as classificaes da HVSInternational, da Horwath Consulting & Soteconti Auditores Asso-ciados e do Lodge Property Index (LPI) desenvolvido pela CornellUniversity, que utilizam metodologias que levam em conta os valoresdas dirias praticadas para dividir os empreendimentos em catego-rias. A HVS os divide em cinco categorias: luxury, upscale, midscale,economyebudget. J a Horwath e o LPI os dividem em trs catego-rias, respectivamente: luxury, superior e economy, ou ainda upscale,

    midprice e economy.

    Vale lembrar que o crescimento das cadeias hoteleiras,cada uma com a sua prpria padronizao de instalaes, produtose servios, tem feito com que perdessem importncia as classifica-es tradicionais. Na hotelaria de rede, a marca identif ica tudo, desdeo padro de instalaes at os servios oferecidos. No limite, identi-fica at o seu pblico-alvo. E, com o crescimento da importncia decada uma dessas marcas no mercado, as classificaes tradicionaisacabam por ver diminuda a sua importncia como elemento identi-ficador de cada estabelecimento.

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    Abase da oferta existente da indstria hoteleira no Brasil formada ainda hoje por hotis de pequeno e mdio portes, freqen-temente de propriedade familiar [ver Rodrigues (2002)]. Em geral, oaumento de investimentos no setor hoteleiro responde situao

    econmica do pas, porm com uma certa defasagem.2J o cresci-mento da demanda, diretamente associado ao crescimento da renda,responde mais prontamente ao crescimento da economia.

    A expanso da hotelaria, na dcada de 1970, foi estimuladapelo crescimento do nmero de viagens, possibilitado pelo desenvol-vimento da infra-estrutura dos transportes areo e rodovirio. Tam-bm contriburam para o desenvolvimento de novos empreendimen-tos o elevado nvel de atividade econmica no perodo e os incentivospara os investimentos no setor de turismo oferecidos pela Embratur,a partir da segunda metade da dcada de 1960, assim como osfinanciamentos do BNDES e os incentivos fiscais (Fiset, Fungetur,

    Finam e Finor). Nesse perodo, cabe destacar a expanso das redeshoteleiras locais, assim como a entrada no pas das grandes cadeiasinternacionais, motivadas pelo crescimento econmico e o aumentodos investimentos de empresas estrangeiras no Brasil.

    Algumas redes internacionais entraram no pas realizandoinvestimentos imobilirios e administrando seus hotis, outras fica-ram somente com a operao, enquanto os imveis eram cons-trudos com recursos de investidores nacionais. A primeira cadeiainternacional a operar no Brasil foi a Hilton International Corporation,que passou a administrar, em 1971, um hotel com 400 apartamentosna Avenida Ipiranga (Hilton So Paulo). Em 1974, comearam a

    operar no Brasil as redes Holiday Inn (Campinas), Sheraton (Rio deJaneiro) e Intercontinental (Rio de Janeiro). Em 1975, foram inaugu-rados o Le Mridien (Rio de Janeiro) e o Club Med (Itaparica) e, em 1977,o Novotel (Morumbi) todos ligados a tradicionais redes internacionais.

    Aps um perodo de estagnao no setor, o final da dcadade 1980 marca a entrada de novas operadoras internacionais, inte-ressadas em diversificar seus mercados e oferecer servios emescala mundial, por conta do acirramento da concorrncia interna-cional. Nesse contexto, a presena nos grandes centros econmicosdo pas, como So Paulo e Rio de Janeiro, tornou-se importante paraas grandes redes internacionais.

    A partir de 1994, com o fim do processo inflacionrio e ocomeo de um novo ciclo de crescimento econmico, iniciou-se umafase de expanso da demanda hoteleira no Brasil. O crescimento darenda da populao e dos investimentos de empresas nacionais eestrangeiras no pas, notadamente em infra-estrutura, impactou oaumento do nmero de viagens domsticas, assim como o aumentoda entrada de turistas estrangeiros. Esse perodo foi tambm mar-cado pelo incio de um processo de reorganizao e diversificaodo setor, cabendo mencionar o desenvolvimento de novos empreen-

    2A entrega de novos aparta-mentos ao mercado s co-mea a ocorrer aps dois outrs anos, como resultadodo hiato entre a sinalizaode aumento de atratividadee a reao de investidores

    no setor e do prazo, relativa-men te longo, necessr iopara planejar, projetar, apro-var e produzir novos empre-endimentos [ver Asmussen(2004)].

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    Evoluo doSegmento deHotelaria no

    Brasil

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    dimentos hoteleiros, a criao de plos tursticos (o complexo Costado Saupe, na Bahia, o mais emblemtico), a entrada de novasoperadoras hoteleiras, o aumento da profissionalizao da adminis-trao dos hotis, especialmente das redes, e os investimentos em

    modernizao e reposicionamento de mercado dos empreendimen-tos j estabelecidos.

    Esse perodo tambm foi marcado pela entrada dos fundosde penso no mercado hoteleiro, na qualidade de investidores imo-bilirios, de forma semelhante que ocorre em outros pases. Assim,em 1996 foi inaugurado em So Paulo o Hotel Sol Meli, com 300quartos e investimento de R$ 84 milhes, uma parceria entre 35fundos institucionais. Posteriormente, os fundos adquiriram os im-veis ou financiaram as construes do Transamrica Morro do Con-selho, em Salvador, do Meli Macei, dos hotis das redes Marriott,

    Accor e Superclub Breezers no complexo Costa do Saupe, do Le

    Mridien Rio, do Renaissance So Paulo (rede Marriott) e doresortCabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, alm de vrias novasunidades da rede Accor. Dessa forma, os fundos de penso do Bancodo Brasil (Previ), da Caixa Econmica Federal (Funcef) e da Petro-bras (Petros) passaram a assumir um papel de destaque no mercadohoteleiro brasileiro.

    Em suma, o perodo que vai de meados da dcada de 1990a 2000/01 marcou a indstria hoteleira brasileira como sendo umadas que apresentaram maior expanso da sua oferta. Vrios hotisde luxo foram inaugurados em So Paulo (Meli, Inter-Continental,Renaissance e Sofitel), em Belo Horizonte (Ouro Minas), em Porto

    Alegre (Sheraton), em Pernambuco (Blue Tree Cabo de Santo Agos-tinho e SummerVille) e em um novo destino turstico na Bahia, ocomplexo Costa do Saupe, com cinco hotis de luxo. Na cidade doRio de Janeiro, que j contava com uma grande oferta de hotis,foram feitas as reformas de importantes propriedades, como o Co-pacabana Palace, o Le Mridien e o Sofitel Rio Palace. Ainda emabril de 2001 foi inaugurado o Marriott Copacabana, o primeiro hotelde luxo a ser construdo no Rio de Janeiro desde a dcada de 1970[ver Rodrigues (2002)].

    Cabe aqui registrar a crescente e bastante significativapresena, em diversas grandes cidades brasileiras, aps o Plano

    Real, dos flats ou apart-hotis, que deveriam ser voltados para longasestadias, mas no Brasil tiveram seu uso descaracterizado, sendoutilizados como meio de hospedagem convencional e concorrendocom o segmento hoteleiro de forma desleal em termos de custos,haja vista no serem considerados empresas, mas condomnios,recebendo, portanto, tratamento diferenciado em termos tributriose de gastos com pessoal e servios pblicos.

    O produto apart-hotel, como imvel comercial para fins delocao, tem um custo relativamente baixo, pois viabilizado por

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    comercializaes individuais que foi a alternativa para um mercadode construo sem acesso a financiamentos no incio da dcada de1980. Esse produto tambm atraiu pequenos e mdios investidores,que tradicionalmente aplicam suas poupanas em imveis, fato que

    parte da cultura de investimento do brasileiro.

    O problema com os apart-hotis, em competio diretacom hotis, que a deciso do desenvolvimento de uma novaunidade no derivada do real crescimento da demanda hoteleira,mas sim da conjuntura do mercado imobilirio: o incorporador deapart-hotel investiga principalmente se existe a demanda para acompra de imveis e no a capacidade de hotelaria. Esse procedi-mento fez com que alguns mercados (caso, por exemplo, de SoPaulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Campinas, entre outros) atual-mente apresentem uma sobreoferta de apart-hotis, prejudicando a

    performancegeral do segmento hoteleiro em algumas regies da-quelas cidades [ver Rodrigues (2002)].

    Um trao marcante da evoluo do turismo brasileiro nosltimos anos o grande crescimento do nmero de hotis clas-sificados comoresorts[ver Rosa e Tavares (2002)], que oferecemopes de lazer, esto situados fora dos centros urbanos, em locaisque tenham alguma forma de atrativo natural, e so autocontidos,isto , proporcionam aos hspedes servios diversificados, de modoa estimul-los a permanecer no hotel grande parte do tempo.

    A maior parte dosresortsdenominados de apoio a destinositua-se em locais que apresentam interesse turstico. A aplicaomais completa do conceito, entretanto, formada pelos resortsdenominados de destino, ou seja, aqueles que se constituem noprprio destino do turista e normalmente oferecem uma gama maisampla de servios e atividades recreativas, o que faz com que seconcentrem nas faixas mdia e superior do mercado e pratiquemdirias mais altas que as da hotelaria convencional.

    Os resorts destino so normalmente afiliados a redes

    hoteleiras, sendo relativamente raros nessa atividade os estabele-cimentos independentes, o que decorre provavelmente da demanda,por parte dos hspedes, de certo nvel de padronizao dos servios.Deve-se igualmente levar em conta que o mercado deresortsdes-tino tende a ser cada vez mais internacionalizado, o que refora atendncia padronizao e, portanto, afiliao a cadeias. Esse tipode empreendimento mais intensivo em capital que os hotis con-vencionais, j que a oferta de atraes diversificadas ao hspedeexige gastos mais elevados em construo civil e instalaes, bemcomo em reformas posteriores.

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    Resorts

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    Uma forma muito utilizada de compensar o longo prazo dematurao do investimento associar oresorta empreendimentosimobilirios, como a construo de complexos residenciais vizinhos.

    Assim, a valorizao imobiliria e a possibilidade de acesso dos

    vizinhos aos servios proporcionados pelo resortcontribuem paramelhorar o retorno do empreendimento hoteleiro propriamente dito.

    Os hotis brasileiros que podem ser classificados comoresortdestino comearam a ser implantados na dcada de 1970 eainda so relativamente pouco numerosos. Na evoluo do segmen-to no pas, o ano de 1989 foi particularmente importante, uma vezque foram inaugurados o Transamrica da Ilha de Comandatuba(Bahia), o Club Med de Mangaratiba (Rio de Janeiro) e o Salinas deMaragogi (Alagoas).

    Ainda com o advento do Plano Real, os investidores ins-

    titucionais e as cadeias hoteleiras internacionais passaram a mani-festar interesse em projetos deresorts. As mudanas da conjunturamacroeconmica e na infra-estrutura (aeroportos, estradas e sanea-mento) levaram ao surgimento de diversos projetos de hotis de lazerno Nordeste, sendo alguns deles verdadeirosmega-resorts. Contu-do, o nico de tais empreendimentos de grande porte implantado foio Costa do Saupe (quatro hotis em 2000, o quinto em 2001 e maisseis pousadas), pertencente Previ.

    O FOHB estima que hoje existam cerca de 50 resortsnoBrasil, em sua maior parte localizados no Nordeste. A AssociaoBrasileira de Resorts(ABR) atualmente conta com 31 associados.

    Esses empreendimentos brasileiros vm se desenvolvendo maislentamente e com resultados aqum do esperado em relao aoprojetado poca em que a maioria deles, hoje em operao, foiimplantada.

    No que tange aos turistas estrangeiros, caberia mencionaralguns aspectos, como: a) os atentados terroristas nos EstadosUnidos, em setembro de 2001; b) a crise da Argentina, importantemercado emissor de turistas para o Brasil; c) a intensa concorrnciapor parte de outros destinos de sol; e d) a necessidade de viagensde longa durao, prejudicada pela escassez de vos diretos entreos pases emissores e os principais destinos tursticos brasileiros.

    Observe-se que alguns pontos positivos que poderiam significar umestmulo vinda de turistas estrangeiros para o Brasil, como o fatode o pas no ser considerado, a princpio, um alvo prioritrio paraataques terroristas e a forte desvalorizao sofrida pelo real entre2002 e 2004, no foram suficientes para reverter esse quadro.

    Em relao aos turistas do pas, a situao das unidadesrecm-inauguradas foi inicialmente favorecida pelo desvio do fluxoemissivo brasileiro, provocado pela desvalorizao cambial e pelosprprios atentados, muito embora isso no compense os efeitos do

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    baixo crescimento da renda, assim como da concentrao do movi-mento entre os cidados de maior poder aquisitivo e da volatilidadedo cmbio no perodo posterior.

    O percentual de hspedes estrangeiros nosresortsbrasi-leiros, embora no existam estatsticas precisas, aparenta ter gran-des disparidades. A rede Club Med, por exemplo, segundo JanyckDaudet, diretor-presidente para a Amrica do Sul, privilegia o mercadointerno e tem aproximadamente 18% de hspedes estrangeiros (14,5%de argentinos e 3,5% de europeus) [Valor Econmico(01.08.05)]. Porsua vez, o Breezes Costa do Saupe, administrado pelo grupo ho-teleiro jamaicano SuperClubs, tem 50% de estrangeiros como hs-pedes (predominncia de europeus) [ver Hotel Competitivo (2004)].

    Ainda no que tange necessidade de viagens de longadurao, muito relevante para o sucesso do turismo de lazer, para

    brasileiros e estrangeiros, que o visitante disponha de transportedireto, ou com um mnimo de escalas, da sua residncia at o destinofinal. Assim, o desenvolvimento de taisresortsno Brasil depende deum trfego areo mais intenso, diversificado e competitivo do que naatualidade.

    Nessa linha, a TAP, empresa area estatal de Portugal,desenvolveu nos ltimos anos uma bem-sucedida estratgia de ligaro pas s capitais do Nordeste brasileiro, com vos diretos voltadospara o turismo. Atualmente, j so 40 vos semanais regulares, almdos vos charters. Como comparao, a brasileira Varig tem 65 vossemanais para a Europa como um todo, a maioria partindo de

    Guarulhos. A Air France, segunda maior empresa europia emnmero de vos para o Brasil, tem 14 vos semanais para o pas,sendo metade a partir de Guarulhos e o restante, do Rio de Janeiro.

    A segunda empresa brasileira em nmero de vos para a Europa a TAM, com apenas 10 freqncias, todas saindo de Guarulhos.

    Registre-se tambm que, no Brasil, todos os aeroportos in-ternacionais esto localizados junto aos grandes centros urbanos, o queexige novas conexes, ou mesmo o translado por via terrestre, dosturistas eventualmente direcionados aos resorts. Mesmo aeroportosvoltados para o atendimento a empreendimentos tursticos, como o deComandatuba, na Bahia, recebem apenas vos domsticos. Num mer-

    cado competitivo, em que os turistas dispem de um nmero limitadode dias para frias, a disponibilidade de vos diretos a partir dos centrosemissores de turistas um fator competitivo importantssimo.

    O Censo de Servios do IBGE de 2002 aponta a existnciade 23.366 empresas de servios de alojamento no Brasil, o queincluiria no apenas hotis, mas tambm pousadas, hotis-fazenda,

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    Dados doSegmento

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    penses, motis etc., com 244 mil pessoas ocupadas nesses es-tabelecimentos.

    Conforme informaes da ABIH, o segmento hoteleiropossui, atualmente, mais de 18 mil meios de hospedagem, clas-sificados como hotis e pousadas, desde pequeno at grande porte,representando uma oferta de 1,1 milho de apartamentos unidadeshoteleiras (UHs) , mais de 500 mil empregos diretos e aproximada-mente 600 mil indiretos. Outro dado importante a considerar, tambmsegundo a ABIH, diz respeito ao volume de recursos que envolveessa indstria no Brasil: um patrimnio imobilizado em torno deUS$ 10 bilhes; receita bruta anual de cerca de US$ 2 bilhes;arrecadao de mais de US$ 400 milhes em impostos, taxas econtribuies; e grande gerao de divisas internacionais (deta-lhadas adiante).

    O Guia Quatro Rodas de 2005 (informaes atualizadasat agosto de 2004) faz uma lista 5.557 hotis, pousadas e hotis-fazenda, esclarecendo que ela no abrange a totalidade dos em-preendimentos existentes, mas apenas aqueles considerados acimade determinado ponto de corte, estabelecido pelos editores. Por suavez, a publicao eletrnica Onde Hospedar (www.ondehos-pedar.com.br), o mais completo diretrio da hotelaria brasileira,aponta 14.914 meios de hospedagem no Brasil: 9.943 hotis, 4.094pousadas, 532 hotis-fazenda e 345 apart-hotis, com seus res-pectivos endereos. Outra fonte de dados do setor, a Hotel Invest-ment Advisors (HIA), estima que cerca de 70% das UHs existentesno pas so operados por hotis independentes das redes, conforme

    se pode observar na Tabela 2, para o perodo 2004/05.

    A pesquisa Raio X da Hotelaria Brasileira [ver Amazonase Goldner (2004)], outra fonte de dados do setor, investiga 144 redeshoteleiras do pas (incluindo flats), classificando-as em nacionais einternacionais e, ainda, em hotis e flats. Das 129 redes concreta-mente analisadas, 101 sonacionais, respondendo por cerca de 57

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria122

    Tabela 2

    Total de Hotis e Flatsno Brasil 2004/05TIPO 2004a 2005b

    Hotis % Quartos % Hotis % Quartos %

    Independentes 4.925 89 202.600 70 4.950 89 203.500 68

    Hotis e Flatsde CadeiasNacionais 312 6 39.010 13 330 6 41.340 14

    Hotis e Flatsde CadeiasInternacionais 272 5 47.866 17 313 6 54.900 18

    Total 5.509 100 289.476 100 5.593 100 299.740 100

    Fonte: HIA (2004).aIncluindo hotis e flats at setembro de 2004.bEstimativa.

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    A Tabela 5 mostra as taxas mdias de ocupao hoteleirano perodo 1994/2002, em que destacamos sua grande variabilidade,com tendncia reduo, particularmente, nas categorias luxo esuperior, que caram abaixo de 50% no final do perodo considerado.

    O FOHB apresenta tambm estatsticas contendo algunsindicadores de desempenho agregados de seus associados, quais

    sejam, 18 redes hoteleiras, sendo 12 nacionais e seis internacionais,compreendendo 351 empreendimentos e cerca de 56 mil quartos emoperao e representando em torno de 64% do total de apartamentosoperados pelo conjunto das redes hoteleiras do pas (valor estimado).O faturamento agregado dos seus associados da ordem de R$ 1,5bilho/ano.

    Numa avaliao mais recente, considerando o perodo2002/04, as taxas mdias de ocupao dos associados do FOHB soapresentadas na Tabela 6, na qual podemos observar certa melhoraem 2004 em relao a 2002, assim como na receita por apartamentodisponvel revenue per available room (Revpar).3 No primeiro

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria124

    3A R evpar de um perodo a receita mdia por aparta-mento disponvel, ou seja, areceita com hospedagem di-vidida pelo nmero total de

    apartamentos disponveis no

    mesmo perodo. Tambmpode ser calculada multipli-cando-se a diria mdia

    pela taxa de ocupao emdado perodo. Ou seja, re-

    presenta o total de receitade dirias auferido em um

    perodo dividido pelo nme-ro de apartamentos dispon-veis no mesmo perodo, in-dicando a eficcia com aqual o produto hospeda-

    gem levado a mercado.

    Tabela 4

    Redes Internacionais: Rankingpor Nmero de Apartamentosem OperaoEMPREENDIMENTOS EM OPERAO PROJEO PARA 2007

    Nmero deApartamentos

    Nmero deEmpreen-dimentos

    Nmero deApartamentos

    Nmero deEmpreen-dimentos

    1 Accor 17.725 122 25.957 173

    2 Sol Meli 6.353 27 6.813 29

    3 Atlntica 6.102 43 10.365 71

    4 InterContinental 3.009 10 3.596 14

    5 Golden Tulip 1.963 15 2.078 16

    6 Posadas 1.751 9 2.143 11

    7 Hilton 1.226 3 1.422 4

    8 Marriott 1.179 4 1.552 6

    9 Pestana 1.063 5 1.240 6

    10 Starwood 1.025 3 1.275 4

    Total 41.396 241 56.441 334Fonte: Amazonas e Goldner (2004).

    Tabela 5

    Evoluo da Taxa de Ocupao Hoteleira 1994/2002(Em %)

    CATEGORIAS 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

    Luxo 54,4 61,3 64,4 66,0 63,5 62,5 63,0 47,0 46,0

    Superior 52,9 56,0 59,0 62,0 61,3 60,5 61,9 60,0 49,0

    Econmico 57,5 64,7 51,6 59,1 59,8 55,9 57,0 55,0 60,0

    Fonte: Embratur.

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    quadrimestre de 2005, a taxa de ocupao estava em 57,47%, queem comparao com o mesmo perodo do ano anterior representouum incremento de 11%.

    O FOHB estima que o investimento em um hotel comeaa oferecer retorno a partir de uma taxa de ocupao da ordem de60% e que, em termos internacionais, a hotelaria apresenta uma taxamdia de retorno da ordem de 12% a 13% a.a. Alm disso, consideraque as dirias mdias atualmente praticadas no Brasil so muitobaixas vis--viso investimento mdio para construo de R$ 160 milpor UH (hotel de categoria mdia midscale).4

    Cabe registrar ainda que a implantao de hotis, centrosde convenes, parques temticos e atraes tursticas so inves-timentos de longo prazo de maturao, com perodos que podemdurar de 18 meses a trs anos, dependendo da complexidade doprojeto, e cerca de dois a trs anos, em situao normal, para al-

    canar a estabilidade operacional. Portanto, so empreendimentoscuja expectativa de retorno pode superar os 10 anos.

    O quadro de reduzidas taxas de ocupao vivenciado pelosetor implicou a inibio de novos investimentos em hotelaria, es-pecialmente pelo empresariado nacional, como mostra a pequenautilizao dos recursos das linhas do BNDES entre 2003 e 2004 (veradiante). J os estrangeiros, mais capitalizados, com moeda maisforte e viso de mais longo prazo, vm realizando alguns inves-timentos, especialmente no Nordeste, utilizando recursos prprios econtando com financiamentos em condies mais favorveis que osdo BNDES, atravs dos fundos constitucionais.5

    A HIA e FOHB destacam alguns aspectos sobre o setor dehotelaria, entre os quais caberia mencionar algumas das tendnciasidentificadas para os prximos anos, como:a) maior crescimento doshotis econmicos, com lanamentos imobilirios especialmenteem cidades do interior do pas movimento de interiorizao, emque municpios com mais de 80 mil habitantes j permitem a implan-tao de hotis desse segmento;b) troca de bandeiras em empreen-dimentos existentes e crescente operao de redes hoteleiras, tantointernacionais como nacionais; c) investimentos estrangeiros e au-

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 125

    4Segundo o FOHB, o inves-timento por UH varia segun-do a categoria do hotel: nafaixa de R$ 60 mil/UH paraos econmicos a R$ 200

    mil/UH para os de categoriasuperior.5Para as empresas estran-

    geiras, as lim itaes doBNDES decorrentes da Lei

    4.131, de 3 de setembro de1962, tendo em vista que o

    setor no foi excepcionali-zado pelo Decreto 2.233, de23 de maio de 1997, fazemcom que possveis financia-

    mentos devam ser realiza-dos somente em moeda es-trangeira, o que motiva v-

    rias empresas em tal situa-o a desistir dessa alterna-tiva, procurando evitar odescasamento de moedas e

    a necessidade de hedgecambial.

    Tabela 6

    Taxa deOcupao

    (%)

    VALORES (R$) VARIAO ANUAL (%)

    DiriaMdia

    Revpar Taxa deOcupao

    DiriaMdia

    Revpar

    2002 51,89 124,59 64,65 2003 55,44 125,20 69,41 6,84 0,49 7,36

    2004 58,01 129,23 74,97 4,64 3,22 8,00

    Jan./Abr. 2005 57,47 124,74 71,69 11,00a 9,00a 20,00a

    Fonte: FOHB.aComparao com o perodo janeiro/abril de 2004.

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    mento do nmero de resorts o pas est recebendo um grandevolume de investimentos estrangeiros, principalmente de Portugal,Espanha e Itlia, concentrados em empreendimentos tursticos noNordeste; d) crescimento de redes regionais; e e) crescente interesse

    no desenvolvimento de hotis de nicho (tipo butique), com menosde 50 apartamentos e instalaes diferenciadas, com foco em nichosde mercado, como esportes (golfe), design,entre outros. Ademais, aperspectiva para 2005, segundo a HIA, de um crescimento da taxa deocupao maior do que o apresentado nos ltimos anos, quando amdia geral ficou estacionada em torno dos 50%. No obstante, asdirias mdias no devero ter um crescimento significativo.

    De acordo com a OMT (2005), em 2004 o Brasil foi o 35pas com maior fluxo turstico do mundo, apresentando um grandepotencial de crescimento, tendo recebido em torno de 4,725 milhesde turistas estrangeiros, o que significou um incremento de cerca de15,5% em relao ao ano anterior, ficando atrs da Arbia Saudita(8,600 milhes), da frica do Sul (6,815 milhes), dos Emirados

    rabes (5,871 milhes), da Tunsia (5,998 milhes) e do Marrocos(5,501 milhes), somente para citar alguns pases, conforme o

    rankingapresentado na Tabela 7. A Europa a regio com o maiorfluxo receptivo de turistas no mundo, seguida da sia/Pacfico,6das

    Amricas, do Oriente Mdio e da frica, como mostra o Grfico 1.

    No perodo 2000/03, o turismo mundial permaneceu prati-camente estagnado, sendo que as nicas regies que se destacaram

    foram a Amrica Central e o Oriente Mdio, que alcanaram, res-pectivamente, taxas mdias de crescimento anual, no perodo, de8% e 7%. Cabe ressaltar, no entanto, que o crescimento da AmricaCentral foi sobre uma base muito pequena. As Amricas do Norte edo Sul apresentaram taxas anuais negativas no perodo, respectiva-mente -5% e -2%.

    A OMT est projetando desempenho positivo do turismointernacional em 2004 um ano melhor para o setor que o de 2003,afetado, entre outros aspectos, pela febre asitica (Sars) e pelaguerra do Iraque. Em 2004, os dados provisrios da OMT indicamcrescimento de 10,3% em relao a 2003 das receitas totais prove-

    nientes do turismo internacional, atingindo US$ 622 bilhes, e cres-cimento de 10,7% do fluxo de turistas internacionais, alcanando 763milhes de chegadas (ver Tabela 8). Caberia destacar o crescimentodo fluxo de chegadas em relao a 2003 das regies sia/Pacfico(28%), Oriente Mdio (23%) e Amricas (11%) nesta ltima regioimpulsionado pelo desempenho das Amricas do Norte e do Sul.

    Entre os fatores responsveis pelo excepcional desempe-nho da regio da sia/Pacfico, a OMT destaca a rpida expansode capacidade das companhias areas de baixo custo nos ltimos

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria

    Insero nos

    MercadosNacional eInternacional

    126

    6A re gio sia /P ac f icoabrange: a) o Nordeste desia, incluindo China, HongKong, Japo, Coria, Tai-wan e outros; b) o Sudesteda sia, incluindo Cingapu-

    ra, Tailndia, Filipinas e ou-tros; c) a Oceania, incluindo

    Austrlia, Nova Zelndia eoutros; e d) o Sul da sia,

    incluindo Afeganisto, Ir,Bangladesh, ndia, Nepal eoutros.

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    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 127

    Tabela 7

    Chegada de Turistas Internacionais por Pas Destino 2004(Em Milhes de Turistas Recebidos)

    1 Frana 75,1

    2 Espanha 53,6

    3 Estados Unidos 46,1

    4 China 41,8

    5 Itlia 37,1

    6 Reino Unido 27,7

    7 Hong Kong (China) 21,8

    8 Mxico 20,6

    9 Alemanha 20,1

    10 ustria 19,4

    11 Canad 19,112 Turquia 16,8

    13 Malsia 15,7

    14 Ucrnia 15,6

    15 Polnia 14,3

    16 Hungria 12,2

    17 Tailndia 11,7

    18 Portugal 11,6

    19 Holanda 9,6

    20 Arbia Saudita 8,6

    21 Macau (China) 8,322 Crocia 7,9

    23 frica do Sul 6,8

    24 Irlanda 6,6

    25 Sua 6,5

    26 Japo 6,1

    27 Repblica Tcheca 6,1

    28 Tunsia 6,0

    29 Emirados rabes 5,9

    30 Coria 5,8

    31 Egito 5,7

    32 Cingapura 5,7

    33 Marrocos 5,5

    34 Indonsia 5,3

    35 Brasil 4,7

    Fonte:OMT (2005).

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    18/40

    anos, colaborando na abertura de novos mercados assim como naexpanso dos existentes. Em apenas trs anos, passaram a existir20 operadoras nessa categoria situadas no Japo, ndia, Indonsia,Cingapura, Tailndia e Filipinas desde que a primeira companhia,

    Air Asia, foi fundada, em 2002.

    Entre os pases com maior fluxo receptivo de turistas, em2004, em nvel mundial caberia destacar Frana, Espanha, EstadosUnidos, China e Itlia, conforme discriminado na Tabela 9. A Espa-nha ultrapassou os Estados Unidos a partir de 2001 em nmero deturistas, mas ainda no em termos da receita auferida com o turismo,o mesmo tendo ocorrido com a China em 2004, que ultrapassou a

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria128

    frica4%

    Europa55%

    OrienteMdio

    5% Amricas

    16%

    sia/Pacfico

    20%

    Grfico 1

    Participao no Turismo Mundial 2004

    Fonte:OMT.

    Tabela 8

    Turismo Internacional 2000/04(Em Milhes de Chegadas por Regio)

    2000 2001 2002 2003 2004a TAXA MDIAANUAL2000/03

    (%)

    VARIAO2004/03a

    (%)

    Mundo 686 684 703 691 763 0 10frica 29 29 30 31 33 2 7

    Amricas 127 121 117 113 126 -4 11

    Amrica do Norte 91 86 83 77 86 -5 11Caribe 17 17 16 17 18 0 8

    Amrica Central 4 4 5 5 6 8 16

    Amrica do Sul 15 14 13 14 16 -2 13sia/Pacfico 115 121 131 119 153 1 28

    Europa 390 388 397 399 415 1 4

    Oriente Mdio 24 24 28 29 36 7 23

    Fonte:OMT (2005).aDados provisrios.

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    Itlia em relao ao fluxo de turismo internacional, mas no emtermos da receita auferida.

    Com relao ao fluxo de turistas internacionais para o

    Brasil, caberia destacar, entre as regies de origem (emissoras), aAmrica do Sul, a Europa e a Amrica do Norte, sendo que a primeira,que manteve destacada liderana durante toda a dcada de 1990,sofreu uma queda expressiva a partir de 2000 e foi ultrapassada pelaEuropa em 2003. No obstante, individualmente, a Argentina conti-nuou sendo o mais importante pas emissor para o Brasil em 2003,seguindo-se Estados Unidos, Alemanha, Uruguai, Portugal e Frana.

    A evoluo da entrada de turistas internacionais no Brasile da receita cambial gerada mostrada nos Grficos 2 e 3, destacan-do-se que, em 2004, em consonncia com a melhoria da situaomundial, houve o desembarque no pas de 4,7 milhes de turistas e

    uma receita de US$ 3,2 bilhes, o que significou, respectivamente,crescimento acumulado de 343% e 116% em relao a 1990. No quetange ao primeiro semestre de 2005, de acordo com o Banco Central,entraram no Brasil US$ 1,87 bilho com o turismo internacional.

    Em comparao com outros produtos/servios da pauta deexportaes brasileira em 2004, a receita cambial proveniente doturismo internacional s ficou atrs apenas de seis itens: soja emgro, minrio de ferro, servios empresariais, profissionais e tcni-cos,7carros, farelo de soja e avies. Apesar do paulatino incremento

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 129

    7Segundo o Banco Central(Balano de Pagamentos),

    incluem servios de arquite-tura, engenharia e outrostcnicos, instalao/manu-teno de escr i tr ios,

    administrativos e aluguel deimveis, entre outros.

    Tabela 9

    Principais Pases Receptores de Turistas Internacionais 2003/04 MILHES DE TURISTAS RECEITA (US$ BILHES) RECEITA MDIA (US$)

    2003 2004a 2003 2004a 2003 2004a

    Frana 75,0 75,1 36,6 40,8 488,0 543,3

    Espanha 51,8 53,6 39,6 45,2 764,5 843,3

    Estados Unidos 41,2 46,1 64,3 74,5 1.560,7 1.615,6

    China 33,0 41,8 17,4 25,7 527,3 614,8

    Itlia 39,6 37,1 31,2 35,7 787,9 962,3

    Reino Unido 24,7 27,7 22,7 27,3 919,0 985,6

    Hong Kong (China) 15,5 21,8 7,1 9,0 460,5 413,2

    Mxico 18,7 20,6 9,4 10,7 502,7 519,4Alemanha 18,4 20,1 23,0 27,7 1.250,0 1.378,1

    ustria 19,1 19,4 14,0 15,4 733,0 793,8

    Canad 17,5 19,1 9,3 12,8 531,4 672,6

    Turquia 13,3 16,8 13,2 15,9 994,7 944,5

    Outros 323,2 363,8 259,7 281,3

    Total 691,0 763,0 525,0 622,0 759,8 815,2

    Fonte:OMT (2005).aDados provisrios.

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    da receita cambial com o turismo, o saldo foi negativo durante todaa dcada de 1990, s voltando a ser positivo em 2003, conformemostram os dados da evoluo da contribuio do turismo para ascontas externas brasileiras do Banco Central.

    Conforme j mencionado, o desempenho do Brasil comoreceptor de turistas internacionais encontra-se ainda muito aqumdo seu potencial, cabendo destacar, entre os aspectos desfavor-veis:a) o fator geogrfico a distncia dos grandes pases emissorespoderia ser, em parte, mitigada pelo aumento do fluxo areo;8eb) ofator sazonal parte expressiva do turismo mundial ocorre entre

    junho e agosto, enquanto no Brasil o maior fluxo de chegada deturistas internacionais se d entre dezembro e fevereiro, o que

    justificaria a promoo mundial do pas (a ndia vem atuando dessa

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria130

    8Cabe destacar o bom de-sempenho das companhiasareas de baixo custo paradinamizar o setor, com a in-troduo de novos destinos.Na Europa, por exemplo, es-

    sas companhias expandi-ram suas rotas e passarama voar para a Europa Centrale Oriental, assim como para

    as regies sia/Pacfico eOriente Mdio [ver OMT(2005)].

    -5.000

    -4.000

    -3.000

    -2.000

    -1.000

    0

    1.000

    1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

    Grfico 2

    Evoluo do Resultado Lquido do Turismo no Brasil 1989/2004(Em US$ Milhes)

    Fonte:Banco Central.

    1.2401.492

    1.079 972840

    1.069

    1.7311.998

    2.479

    3.222

    1.051

    1.810

    0

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    2.500

    3.000

    3.500

    1989

    1990

    1991

    1992

    1993

    1994

    1995

    1996

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    2004

    Grfico 3

    Evoluo da Receita Cambial do Turismo no Brasil 1989/2004(Em US$ Milhes)

    Fonte:Banco Central.

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    21/40

    forma) como um destino turstico factvel no ano inteiro, ou seja, ayear-round destination.

    Ademais, apesar de ter evoludo sobremaneira em infra-

    estrutura, tecnologia, opes de lazer, comodidade, servio e aten-dimento humano, inclusive com a entrada de diversas bandeirashoteleiras internacionais, o Brasil ainda fica muito aqum em diversositens fundamentais para que seja considerado um destino alturados turistas mais exigentes, como segurana, infra-estrutura, limpe-za urbana, informao turstica e pessoal habilitado comunicaoem lnguas estrangeiras.

    J o desenvolvimento do turismo domstico (incluindo asviagens de negcios), a partir de 1994, foi promovido principalmentepelos seguintes fatores:a) crescimento do nvel de atividade econ-mica;b) incremento de renda da populao entre 1994 e 1998; e c)

    financiamento das passagens areas e dos pacotes tursticos. Osdados da Infraero apontam o crescimento dos desembarques do-msticos em vos nacionais desde 1994, alcanando o patamar de36 milhes em 2004, com um crescimento acumulado de 159% noperodo 1994/2004, semelhante ao incremento ocorrido nos desem-barques internacionais no mesmo perodo.

    Cabe enfatizar que as caractersticas da populao cons-tituem fatores importantes na gerao da demanda turstica de umpas. Dentre essas, destacam-se [ver Mattos (2004)]:

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 131

    Tabela 10

    Nmero de Turistas e Receita Cambial Gerada pelo TurismoInternacional no Brasil 1990/2004ANO NMERO DE

    TURISTAS

    NDICE: BASE

    1990 =100

    RECEITA

    (US$ Milhes)

    NDICE: BASE

    1990 =100

    RECEITA

    MDIA (US$)1990 1.091.067 100 1.492 100 1.368

    1991 1.228.178 113 1.079 72 879

    1992 1.692.078 155 1.066 71 630

    1993 1.641.138 150 1.097 74 668

    1994 1.853.301 170 1.051 70 567

    1995 1.991.416 183 972 65 488

    1996 2.665.508 244 840 56 315

    1997 2.849.750 261 1.069 72 375

    1998 4.818.084 442 1.586 106 329

    1999 5.107.169 468 1.628 109 319

    2000 5.313.463 487 1.810 121 3412001 4.772.575 437 1.731 116 363

    2002 3.783.400 347 1.998 134 528

    2003 4.090.590 375 2.479 166 606

    2004a 4.724.623 433 3.222 216 682

    Fontes:Embratur e Banco CentralaDados provisrios.

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    renda da populao (nvel e distribuio): percebe-se uma relaodiretamente proporcional entre a renda da populao de umalocalidade e o volume de turismo gerado (demanda tursticaproveniente dessa localidade);

    tempo disponvel para o lazer;

    nveis educacionais, atuando nas preferncias dos turistas;

    tamanho da populao e grau de urbanizao: a demanda turstica em grande parte originria de reas urbanas e populosas, emparticular das metrpoles; e

    idade e estilo de vida: mudanas demogrficas nos principaispases emissores alteram o volume e o tipo de demanda.

    OBNDES, por meio da Dec. Dir. 310/99, de 1 de julhode 1999, criou seu Programa de Turismo com dotao inicial de R$500 milhes. At ento, o Sistema BNDES j financiava o setor deturismo, porm sem atribuies especficas. O principal objetivo doPrograma era o de expandir o turismo no Brasil, em particular nasregies com grande potencial, tais como a Amaznia, o Pantanal eo Nordeste, servindo dessa forma como instrumento de poltica dedesenvolvimento regional. No mbito do Programa, o BNDES atuou,em grande parte, na expanso de hotis e outros equipamentostursticos, bem como na modernizao daqueles j existentes e notreinamento de mo-de-obra especializada para o setor.

    O Programa de Turismo foi elaborado a partir de demandasdo Ministrio do Esporte e Turismo e da Embratur, que sugeriramcondies operacionais diferenciadas para projetos tursticos, tor-nando-as compatveis com o retorno dos investimentos no setor, emespecial no que se refere construo de hotis. Buscava-se dessaforma utiliz-lo tambm como instrumento de poltica de desenvolvi-mento regional. Suas principais condies foram:

    valor mnimo de financiamento para operar diretamente com oBNDES: R$ 1 milho nas regies abrangidas pelo Programa

    Amaznia Integrada (PAI) e pelo Programa Nordeste Competitivo

    (PNC) e na regio Centro-Oeste; e R$ 3 milhes nas regies Sule Sudeste;

    nvel de participao do BNDES nos investimentos permanentesfinanciveis de at 80%;

    clientes enquadrados como pequenas e/ou microempresas pode-riam utilizar-se do Fundo de Garantia para a Promoo da Com-petitividade (FGPC), tambm conhecido como Fundo de Aval,instrumento de garantia complementar de crdito; e

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria

    OBNDES e oSetor deTurismo

    132

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    projetos situados nas regies abrangidas pelo PAI e pelo PNC ena regio Centro-Oeste tiveram estendidos os seus prazos mxi-mos de financiamento para at 12 anos, enquanto nas regies Sule Sudeste foram estendidos para at 10 anos.

    O Programa foi encerrado em maro de 2004, com aimplementao das novas Polticas Operacionais, as quais incorpo-raram os investimentos no setor de turismo. Ao longo do perodo desua vigncia (1999/2004), alm do modesto desempenho da econo-mia brasileira como um todo (apenas 2,6% a.a. a preos constantesde 2004 de crescimento mdio do PIB), vrias crises afetaram o setor:os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos;a gripe asitica (Sars); e a moratria da dvida externa na Argentina.Esse cenrio desfavorvel atingiu o desempenho do turismo e,conseqentemente, prejudicou o desempenho do Programa.

    Os desembolsos do BNDES para o setor, especialmentehotis, restaurantes, parques e preservao do patrimnio histrico,so listados na Tabela 11, abrangendo o perodo entre 1999 e junhode 2005. Para o segmento de hotelaria, foco do presente estudo,buscamos avaliar individualmente todos os empreendimentos apoia-dos diretamente e/ou indiretamente (via agente financeiro) peloBNDES (excludos os investimentos do BNDES Automtico e daFINAME) no mesmo perodo, cujos dados sero apresentados aseguir.

    A pesquisa visou ao acompanhamento de alguns indicado-res do setor de hotelaria atravs do envio de questionrio (ver Anexo)

    aos hotis financiados. Foram excludas da anlise as operaescontratadas por meio das linhas BNDES Automtico e FINAME,ambas operadas exclusivamente pela rede de agentes financeiros eque concentram os investimentos em equipamentos, modernizao

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 133

    Tabela 11

    Desembolsos do Sistema BNDES ao Setor de Turismo 1999/2005(Em R$ Mil)

    ANO TOTAL TURISMO SEGMENTO HOTELEIRO

    1999 111.857 53.250

    2000 109.255 77.977

    2001 131.734 94.5402002 142.256 107.450

    2003 74.135 39.510

    2004 55.613 35.646

    2005a 77.423 73.359

    Total 702.273 481.732Fonte:BNDES.Obs.: Os desembolsos incluem as modalidades Direta, Indireta, FINAME e BNDES

    Automtico.aAt junho.

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    e obras de menor porte. Essas linhas, embora representem, em valor,a maior parcela dos desembolsos do BNDES para o setor de turismo,muitas vezes no esto associadas implantao de novos em-preendimentos hoteleiros, mas modernizao ou ampliao dos j

    existentes.

    Assim, para o universo da atual pesquisa, o valor dos pro-jetos de investimento atingiu mais de R$ 500 milhes, sendo umpouco mais de R$ 200 milhes financiados pelo BNDES, o que re-presenta um percentual mdio de participao nesses projetos daordem de 40%. Como o montante contratado, por uma srie derazes, no resulta necessariamente em liberao efetiva dos recur-sos, atinge-se ento um desembolso de R$ 180 milhes (critrio decaixa) ao setor hoteleiro no perodo pesquisado.

    Dos 29 empreendimentos hoteleiros apoiados, quatro fo-

    ram financiados indiretamente, ou seja, com risco assumido por umagente financeiro, enquanto os 25 restantes foram financiados dire-tamente pelo BNDES. A mediana dos valores financiados ficou emR$ 5,70 milhes, variando entre R$ 1,45 milho (mnimo) e R$ 54,31milhes (mximo).

    Dos 29 projetos considerados, quatro esto inadimplentes,um foi liquidado antecipadamente por iniciativa do beneficirio (ven-da do empreendimento aps a sua concluso) e quatro se encontramcom as obras paralisadas ou no foram iniciadas, por motivos diver-sos. Essas nove operaes foram retiradas da amostra, de forma ano mascarar os resultados obtidos. Assim, a amostra a ser pesqui-

    sada contemplou 20 hotis, todos j em operao comercial, tendosido recebidas respostas de 10 hotis, o que representa 50% dosempreendimentos aos quais o questionrio foi enviado.

    Os principais indicadores avaliados foram os seguintes:categoria, mercado-alvo, nmero de UHs, investimento realizado,nmero de empregos gerados, incio da operao comercial, evolu-o do faturamento anual, das taxas de ocupao (UHs vendi-das/UHs totais), da diria mdia, do lucro operacional, dos investi-mentos em reposio de ativos e dos investimentos em benfeitorias.

    Verificamos que o segmento de negcios o mercado-alvo

    da maioria dos projetos, com grande parte do faturamento advindodesse segmento (variando de 60% a 90% de participao). Dos 10hotis que enviaram respostas, somente um definido comoresort,voltado exclusivamente, portanto, para o segmento de lazer, enquan-to os demais, em maior ou menor medida, so voltados para o seg-mento de negcios.

    No que se refere s categorias dos hotis, quatro estoclassificados como luxo, dois como superior e quatro como turstico.9

    O nicoresortest na categoria luxo. Entende-se que foi conseguida

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria134

    9Ou, na classificao por es-trelas, cinco, quatro e trs es-trelas, respectivamente, numacorrelao aproximada.

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    uma boa distribuio entre as vrias categorias de hotis e que, por-tanto, esse no seria um fator de distoro dos dados obtidos. Dequalquer forma, sempre que conveniente, apresentaremos em sepa-rado os dados correspondentes a cada uma dessas categorias.

    Dos dez hotis que enviaram respostas, nove foram proje-tos de construo e apenas um de ampliao. Nesse caso, procu-rou-se separar a parte referente ampliao, como se esta seconstitusse num novo hotel, de forma que os ndices obtidos pudes-sem ser comparados entre si de forma direta. Esse grupo de hotiscorresponde a uma capacidade instalada de 1.578 UHs, gerando1.338 empregos e representando um investimento inicial total daordem de R$ 228 milhes.10O faturamento previsto para 2005 nesseconjunto de hotis de cerca de R$ 201 milhes.

    Tambm se procurou analisar como os empreendimentos

    hoteleiros se inserem e se consolidam no seu mercado ao longo dotempo. Ou seja, buscou-se identificar quanto tempo um hotel levapara atingir o seu ritmo operacional de longo prazo, aps as dificul-dades iniciais decorrentes do fato de no ser ainda conhecido, dainrcia natural do pblico cativo dos estabelecimentos concorrentes,o qual tem de ser conquistado pelo novo meio de hospedagem, etc.

    Afinal, como esse um ponto crtico recorrente em qualquer projetode investimentos nesse setor, todas as projees assumem queexiste um perodo inicial de insero e consolidao, normalmentecom a durao de vrios anos.

    Assim, no que tange s taxas de ocupao, o questionrio

    enviado buscava identificar a sua evoluo desde o primeiro ano deoperao at o quinto ano. Com relao aos hotis que responderam pesquisa cuja maioria entrou em operao no perodo entre ofinal de 2000 e o incio de 2002 , verificamos que, de maneira geral,as taxas de ocupao variaram em funo dos seguintes fatores: a)localizao dos hotis a cidade de So Paulo apresentou as maisbaixas taxas, quando comparada s demais localidades;b) perodo os anos de 2002 e 2003 foram os piores em termos de desempe-nho; e c) categoria os hotis de categoria econmica apresentarammelhores taxas quando comparados aos demais.

    Analisando-se as respostas obtidas a partir de uma mesma

    base de comparao, ou seja, o prazo decorrido a partir do incio daoperao do empreendimento, foi obtida ento a curva de entradaem marcha para um hotel tpico. No primeiro ano, esse hotel tpicoteria uma taxa de ocupao de 50%, elevando-se abruptamente paraa faixa de 63%-66% nos outros anos. Isso significa que a taxa deocupao no primeiro ano representa aproximadamente 3/4 da taxade ocupao que ser alcanada pelo empreendimento no longoprazo, o que parece indicar que existe um esforo expressivo paraque os novos empreendimentos atinjam rapidamente bons nveis deocupao, mesmo que, como veremos mais adiante, com o sacrif cio

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 135

    10Trata-se de estimativa, jque um dos hotis no infor-

    mou o valor total do inves-timento inicial.

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    das dirias mdias e, conseqentemente, das margens moment-neas de lucratividade.

    Foi verificado que as dirias mdias, por sua vez, evoluem

    de forma bem diferente do comportamento observado para as taxasde ocupao. Segundo os dados obtidos na pesquisa, a diria mdiano primeiro ano de operao dos hotis de apenas 73,7% daquelaobtida no seu quinto ano (considerado, para os efeitos da pesquisa,como representativo da plena operao do hotel). Essa umaproporo bem prxima verificada nas taxas de ocupao. Porm,ao contrrio da elevao abrupta nas taxas de ocupao, ocorridas

    j no segundo ano, a recuperao da diria mdia se d de umaforma bem mais suave e contnua, atingindo 80,1% no segundo ano,84,6% no terceiro e 92,5% no quarto, at alcanar os 100,0% noquinto ano, quando se estabiliza.

    Conseqentemente, a receita do hotel, ao sofrer, nos pri-meiros anos de operao, os efeitos negativos tanto da fraca ocupa-o de capacidade instalada quanto da diria mdia ainda em nveisbaixos, reflete de forma clara esse perodo de instalao e consoli-dao do novo empreendimento (a Tabela 12 demonstra os resulta-dos obtidos para a taxa de ocupao, a diria mdia e a Revpar11aolongo do perodo de instalao e consolidao de um empreen-dimento hoteleiro tpico).

    Ainda com relao Revpar dos hotis financiados, verifi-camos que, no perodo 2001/05 (dados projetados), ficou na faixa deR$ 50 a R$ 100 para a maior parte dos empreendimentos, conforme

    se pode observar no Grfico 4, reunindo tanto hotis de categoriaeconmica como superior e luxo.

    No que se refere lucratividade obtida pelos hotis queresponderam pesquisa, se faz necessria uma anlise mais cuida-dosa dos resultados obtidos, notadamente por causa dos seguintesfatores:a) os lucros do hotel que foi objeto de uma expanso refletem,aparentemente, o comportamento do negcio como um todo, e noapenas da parcela recm-construda; b) um dos novos hotis vemapresentando uma lucratividade bastante superior dos demais,inclusive superando o faturamento com hospedagens em um dosanos, o que tanto pode significar um erro nos dados informados como

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria136

    11Ver nota n 3.

    Tabela 12

    Resultados por Taxa de OcupaoANO TAXA DE

    OCUPAO (%)DIRIA MDIA

    (R$)RECEITA POR UH

    (R$)

    1 Ano 50 124 622 Ano 64 135 863 Ano 63 142 894 Ano 63 155 985 Ano 66 168 111

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    a importncia, no caso especfico desse hotel, de outras receitas norelacionadas hospedagem (restaurantes, eventos etc.); e c) outrodos novos hotis vem apresentando rentabilidade muito ruim, o queprovavelmente decorre de problemas operacionais internos, de ava-liao errada de mercado ou de concepo do projeto, distorcendoa comparao com os demais estabelecimentos.

    O conjunto de hotis da anlise apresenta um lucro opera-cional anual variando entre R$ 10,1 milhes e R$ 20,0 milhes,porm sem uma tendncia comportamental definida e com variaes

    aparentemente pouco consistentes. Entretanto, se expurgarmosdesse total o primeiro dos hotis problemticos, acima referidos, osdados passam a apresentar um desempenho operacional bem defi-nido, crescendo de forma contnua entre o primeiro e o quinto ano deoperao. O lucro operacional agregado evolui de R$ 7,2 milhes noprimeiro ano (28,7% do faturamento ou R$ 6,3 mil por UH) e atingeR$ 14,7 milhes (17,2% do faturamento ou R$ 12,3 mil por UH) apartir do quinto ano. Foram feitas simulaes tambm retirando-seda agregao o segundo e o terceiro hotis problemticos, jreferidos, porm verificou-se que a evoluo do lucro operacionalagregado no se alterava substancialmente.

    Quanto ao lucro por unidade habitacional, o comportamen-to o mesmo, embora agora com um componente novo na anlise:o retorno por UH, em valor absoluto, maior nos hotis mais luxuosose que demandaram maior investimento fixo por unidade, o que natural, embora no sejam esses necessariamente os hotis maislucrativos em percentual sobre o valor investido. Na anlise agrega-da, ainda incluindo os hotis definidos como problemticos, verifi-cou-se um comportamento irregular e sem uma clara tendncianesse indicador, o qual flutua entre um mnimo de R$ 6,4 mil e um

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 137

    0,00

    50,00

    100,00

    150,00

    200,00

    250,00

    300,00

    350,00

    400,00

    450,00

    2001 2002 2003 2004 2005a

    Grfico 4

    Evoluo da Revpar 2001/05(Em R$)

    Fontes:Questionrios.aDados provisrios.

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    mximo de R$ 12,7 mil por UH. Expurgando-se o primeiro dos hotisproblemticos, tem-se, ento, a exemplo do que acontece para alucratividade operacional dos hotis como um todo, tambm umcomportamento regular e crescente do lucro por UH, o qual parte de

    R$ 5,7 mil no primeiro ano de operao e atinge R$ 11,2 mil a partirdo quinto ano.

    Ainda no que se refere ao lucro por UH, mantido o expurgodo primeiro hotel problemtico, para efeito de anlise, obtm-se oseguinte comportamento para cada categoria de hotel, no primeiro eno quinto ano de operao, respectivamente: luxo de R$ 7,9 milpara R$ 16,8 mil; superior de R$ 3,5 mil para R$ 7,5 mil; e turstica de R$ 2,5 mil para R$ 2,7 mil.

    No que se refere aos investimentos iniciais em cada pro-

    jeto, cabem aqui duas importantes ressalvas: em primeiro lugar,tratam-se de valores declarados pelos prprios hotis participantesda pesquisa, no necessariamente confirmados ou endossadospelas equipes do BNDES que acompanharam cada um dos projetosquando da sua construo; e, em segundo, incluem tambm itensno financiveis pelas linhas do BNDES, como a aquisio doterreno, a qual, dependendo da localizao do empreendimento,pode influenciar de forma significativa no custo total de implantaodo hotel.

    O investimento por UH apresentou valores extremos entre

    R$ 57,7 mil e R$ 445,1 mil para os hotis aqui analisados. Nacategoria luxo, o investimento mdio foi de R$ 282,3 mil por UH,reduzindo-se para R$ 94,2 mil na categoria superior e para R$ 66,0mil na categoria turstica.

    No que se refere ao investimento por unidade de empregogerado, por sua vez, foram encontrados valores extremos deR$ 101,7 mil e R$ 523,8 mil. Entretanto, nesse caso no existe umacorrelao ntida com a tradicional classificao dos hotis. Doisoutros fatores ganham aqui importncia, passando a justificar agrande variao nesse indicador: por um lado, a caracterizao de

    um hotel como urbano ouresort;e, por outro, os novos conceitos dehotis sem servios. Tanto num caso como no outro, a oferta dife-renciada de servios ou a sua ausncia proposital, como mecanismode reduo de custos, acabam por determinar patamares bem dife-rentes de utilizao de mo-de-obra empregada. Assim, na relaode empreendimentos hoteleiros aqui analisada, os maiores ndicesde investimento por unidade de emprego gerado situam-se exata-mente em alguns hotis urbanos de alto luxo e nos hotis semservios. Osresorts, por sua vez, esto entre os valores mais baixos,

    juntamente com os hotis menos luxuosos com servios tradicionais.

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria138

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    Esse efeito dos servios oferecidos sobre o nvel de em-prego gerado fica particularmente claro quando se analisam osindicadores de emprego por UH. Os pontos extremos encontradosforam de 2,91 e 0,14, o que demonstra a grande disperso desse

    indicador. O valor mais alto exatamente do nicoresortda lista,enquanto os mais baixos correspondem exatamente aos quatrohotis sem servios (entre 0,14 e 0,21 emprego gerado por UH). Nosdemais hotis, a proporo encontrada variou entre 0,47 e 0,87, semuma correlao ntida com a categoria de cada um dos hotis.

    Finalmente, no que se refere aos investimentos em benfei-torias e reposio de ativos, foi verificado que os hotis em anliseapresentaram um comportamento bastante diferente entre si, o quetalvez impea que a observao dos nmeros agregados possa serconsiderada um indicador vlido e til para o conjunto como um todo.Vale notar tambm que alguns hotis, dentre os que responderam o

    questionrio, optaram por no informar esses investimentos.

    Um dos hotis analisados efetuou um significativo inves-timento em benfeitorias entre o segundo e o terceiro ano de opera-o, num montante que correspondeu a 42% do seu investimentoinicial. Fica evidente, ento, que esse investimento no pode sertratado como uma remodelao normal, decorrente do desgaste ouobsolescncia normal, mas como uma alterao radical na estruturado empreendimento, no necessariamente relacionada idade.

    Algumas obras de vulto, como a construo de centros de conven-es, reas de lazer etc., que no alteram o nmero de UH, poderiamser assim consideradas.

    Os hotis pesquisados relataram investimentos em benfei-torias da ordem de R$ 2,5 milhes no acumulado dos seus cincoprimeiros anos de operao. Para 2005, h uma previso de R$ 1,3milho em novas benfeitorias, o que, considerando apenas os hotisque apresentaram a informao, corresponde a 1,6% do seu inves-timento inicial ou 2,7% do seu faturamento. Tambm foram informa-dos investimentos em reposio de ativos no montante de R$ 5,6milhes nos cinco primeiros anos de operao desses hotis. Apreviso para 2005 de mais R$ 1,6 milho em investimentos nessarubrica, valor que corresponde a 0,8% do investimento inicial ou 1,6%do faturamento desses hotis.

    Para que a pesquisa fosse mais abrangente, justificaria aincluso das operaes de BNDES Automtico montante acumu-lado de R$ 296 milhes no perodo considerado, destinado somenteao segmento de hotelaria, atravs dos agentes financeiros , o queser feito num prximo trabalho.

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    Este item baseou-se, em grande parte, no Plano Nacionalde Turismo (2003-2007), abaixo detalhado, assim como na anlisedesenvolvida pelo grupo de trabalho composto por vrios tcni-cos/executivos do BNDES, que fez parte do Sistema de Planejamen-

    to Integrado do Banco, durante o ano de 2004. Para o maior desen-volvimento do setor de turismo no Brasil foram identificados, de formageral, alguns pontos crticos ou gargalos, principalmente no que dizrespeito aos seguintes fatores:

    baixo grau de articulao entre os setores governamentais e entreos setores pblico e privado;

    deficincias na gesto e operacionalizao da infra-estrutura b-sica (saneamento, gua, energia, transportes) e turstica;

    falta de uma adequada infra-estrutura de transporte aos turistas,incluindo os preos ainda elevados das passagens areas doms-ticas, a carncia de vos entre a maioria das cidades, o aprovei-tamento insignificante dos transportes ferrovirio, martimo e flu-vial, assim como as rodovias em mau estado de conservao;

    elevada concentrao no segmento das operadoras de turismo,provocando forte presso sobre os preos de hotelaria, compa-nhias areas e outros segmentos;

    nvel insatisfatrio de segurana aos turistas nos grandes centrosurbanos;

    burocracia e custos envolvidos nos processos de concesso de

    vistos, em especial a turistas norte-americanos; insuficincia de estatsticas sobre o turismo brasileiro;

    qualificao profissional insuficiente dos recursos humanos, tantono mbito gerencial quanto nas habilidades especficas operacio-nais;

    qualidade ainda insuficiente e pouca diversidade de produtostursticos ofertados nos mercados nacional e internacional;

    dificuldades de acesso e condies de crdito, de forma geral,inadequadas, em termos de prazos, garantias e formas de paga-

    mento, em especial para os segmentos intensivos em capital ecujos investimentos apresentam longos prazos de maturao; e

    significativo grau de informalidade no setor.

    Entre as oportunidades do setor de turismo no Brasil,caberiam ser destacadas as seguintes:

    crescente participao de cadeias internacionais, com aprimora-mento da mo-de-obra e gesto profissionalizada;

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria

    Identificaode

    Oportunidades

    e Gargalos naCadeia

    Produtiva

    140

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    aumento do nmero de vos diretos entre as principais cidadesde pases emissores de turistas e as cidades brasileiras de seusdestinos;

    vocao para o ecoturismo, por exemplo existem 55 parquesnacionais terrestres no Brasil ainda muito pouco explorados;

    incremento da promoo do pas como destino factvel durantetodo o ano; e

    Plano Nacional de Turismo, alm do anteprojeto de Lei Geral doTurismo, que prev a concesso de prioridade pelas instituiesoficiais de crdito ao financiamento aos empreendimentos dosetor.

    O Plano Nacional de Turismo foi lanado pelo presidenteda Repblica, em 29 de abril de 2003, fixando as diretrizes, metas e

    programas para o setor no perodo 2003/07. Em paralelo, no inciode 2003 foi criado o Ministrio do Turismo (MTur), em consonnciacom o fato de o setor ter sido includo entre os prioritrios pelogoverno. Desde ento, o MTur tem tido destacada atuao na gestoe acompanhamento do Plano.

    Da mensagem ento apresentada pelo presidente da Re-pblica, caberia destacar alguns trechos, apresentados a seguir, querepresentam os objetivos do Plano Nacional de Turismo de maneiraampla:

    inegvel a nossa vocao para o turismo. Dispomos de todas

    as condies para cativar nossos visitantes praias, florestas,montanhas, rios, festivais, culinria diferenciada, parques nacio-nais, cidades histricas e a tradicional hospitalidade brasileira,assim como os equipamentos, as empresas e a qualidade dosservios j encontrados em muitas regies do pas.

    O crescimento de nossa economia aliado posio estratgicado pas no continente americano torna-nos um ponto nodal deatrao de eventos tcnicos, comerciais ou associativos quearticulados com as ofertas de lazer caracterizam o Brasil como umpas especial em oferecer mltiplas possibilidades de viagens.Nesse sentido conclamo os brasileiros a adotarem o lema: NossoPrximo Evento no Brasil.

    A vocao natural do nosso pas deve ser transformada em fontepermanente de riqueza, atravs do turismo. O turismo, pela natu-reza de suas atividades e pela dinmica de crescimento dosltimos dez anos o segmento da economia que pode atender deforma mais completa e de maneira mais rpida aos desafioscolocados. Especialmente se for levada em conta a capacidadeque o turismo tem de interferir nas desigualdades regionais,amenizando-as, visto que destinos tursticos importantes no Brasilesto localizados em regies mais pobres e, pelas vias do turismo,

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005 141

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    passam a ser visitadas por cidados que vm dos centros maisricos do pas e do mundo.

    O turismo quando bem planejado, dentro de um modelo adequa-

    do, onde as comunidades participam do processo, possibilita aincluso dos mais variados agentes sociais. Os recursos geradospelo turista circulam a partir dos gastos praticados nos hotis, nosrestaurantes, nos bares, nas reas de diverses e entretenimento.Todo comrcio local beneficiado. O envolvimento abrange todaa comunidade receptiva.

    Neste modelo, a grande maioria do setor constituda de peque-nas e mdias empresas, fazendo com que o desenvolvimento daatividade possa naturalmente contribuir como fator de distribuiode renda.

    A criao de postos de trabalho no setor de turismo exige inves-timentos de menor vulto se comparados com outros setores daatividade econmica; ao mesmo tempo, a agilidade com que seprocessa a qualificao dos recursos humanos, a impossibilidadeda substituio da prestao de servios por mquina e equipa-mentos, faz do turismo um setor fundamental para o cumprimentodas metas estabelecidas pelo governo.

    Entre as metas quantitativas do Plano Nacional de Turismo,caberia destacar: a criao de 1,2 milho de novos empregos; oaumento do nmero de turistas estrangeiros no Brasil, passando dequatro milhes em 2003 para nove milhes em 2007; a gerao de

    US$ 8 bilhes em divisas em 2007; o aumento da chegada depassageiros nos vos domsticos dos atuais 36 milhes para 65milhes em 2007; e a ampliao da oferta turstica brasileira, com odesenvolvimento de, no mnimo, trs produtos de qualidade em cadaestado da Federao e Distrito Federal.

    Tendo em vista atingir as metas desejadas, o Plano Nacio-nal de Turismo prev entre as aes prioritrias, destacadamente,oferta de crdito aos empreendedores do turismo e aes de capta-o de investimentos, no Brasil e no exterior, para novos empreen-dimentos tursticos, com a previso de investimentos da ordem deR$ 12 bilhes at 2007.12

    Do anteprojeto de Lei Geral do Turismo, 7 verso B, de6 de maio de 2005, ora em fase de discusso no Poder Executivo,entre as vrias aes previstas para apoio ao Plano Nacional deTurismo destacamos que o suporte financeiro previsto ao setor deturismo ser viabilizado por meio dos seguintes mecanismos, entreoutros:a) recursos oramentrios do MTur e da Embratur;b) FundoGeral de Turismo (Fungetur); c) linhas de crdito de bancos einstituies federais; d) recursos de agncias de fomento ao desen-volvimento regional; e) recursos de fundos governamentais; f) recur-

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria142

    12O Plano prev ainda ou-tras aes, quais sejam: a)dar maior qualidade ao pro-

    duto turstico nacional; b) di-versificar a oferta turstica; c)estruturar os destinos turs-ticos; d) ampliar e qualificaro mercado de trabalho; e)

    aumentar a insero compe-titiva do produto turstico no

    mercado internaciona l; f)ampliar o consumo do pro-duto turstico no mercado

    nacional; e g) aumentar ataxa de permanncia e o

    gasto mdio do turista.

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    sos alocados pelos estados e municpios; eg) recursos de organis-mos e entidades nacionais e internacionais.

    O anteprojeto define as sociedades empresrias pres-

    tadoras de servios tursticos como sendo as que exercem atividadeseconmicas relacionadas cadeia produtiva do turismo e estabeleceque aquelas que se registrarem ou forem cadastradas no MTur, naforma daquela lei, tero acesso aos incentivos, financiamentos ououtros benefcios constantes da legislao de fomento ao turismo.

    OPrograma Monumenta tem como principal objetivo apreservao de ncleos histricos urbanos, a partir da recuperaodo seu patrimnio arquitetnico e da sua revitalizao cultural.

    A primeira experincia do Banco Interamericano de Desen-volvimento (BID) nessa rea surgiu logo aps o terremoto quedevastou Quito em 1987 e danificou severamente o seu centrohistrico. Observe-se que aquela foi a primeira vez que um organis-mo multilateral de crdito, normalmente vinculado ortodoxia eco-nmica e cujos projetos so subordinados a rgidos critrios deretorno econmico, destinou recursos cultura.

    A filosofia do Monumenta parte do conceito de que adegradao de prdios e ncleos histricos decorre, em grandemedida, do esvaziamento econmico e do baixo nvel de atividadeeconmica em certas reas. Assim, a recuperao e a revitalizao

    pressupem no apenas a restaurao arquitetnica em si, mastambm o retorno econmico, social e cultural, alm de medidaseducativas, promocionais e institucionais. So ainda implementadasmedidas de capacitao profissional e empresarial, de forma apermitir e otimizar a sustentabilidade econmica das reas abrangi-das pelo Programa.

    A degradao de uma construo um fenmeno intima-mente ligado sua ociosidade fsica, pois somente o uso continuadodo imvel gera as conseqentes intervenes, representadas pelasobras de conservao e melhoria. Um prdio sem uso ou sem funoentra em processo de decadncia e runa. Por isso, na maioria dos

    casos os processos de restaurao tendem a ser pouco eficientes,do ponto de vista da preservao a longo prazo, quando no acompa-nhados de medidas suplementares de revitalizao econmica.

    A operacionalizao do Programa Monumenta no Brasilsegue o estabelecido no contrato de emprstimo especfico celebra-do entre a Unio e o BID, em dezembro de 1999 no valor deUS$ 62,5 milhes , cujo perodo de utilizao foi prorrogado atdezembro de 2006. O Programa compreende, ainda, como contra-partida, o investimento federal a fundo perdido da ordem de US$ 30

    BNDES Setorial,R io de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005

    IdentificaodeOportunidadesna CadeiaProdutiva:ProgramaMonumenta-BIDpara aPreservaodo PatrimnioCultural

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    milhes, provenientes do oramento da Unio, alm de US$ 32,5 mi-lhes de prefeituras, governos estaduais, fundaes, patrocnios pri-vados e ONGs. A superviso e a administrao ficaram a cargo daUnidade Central de Gerenciamento (UCG), vinculada ao Gabinete

    do Ministrio da Cultura (MinC), e o agente financeiro responsvelpela administrao dos recursos a Caixa Econmica Federal (CEF).

    Inicialmente, sete municpios brasileiros foram seleciona-dos para participar da primeira etapa do Programa Olinda (Pernam-buco), Ouro Preto (Minas Gerais), Recife (Pernambuco), Rio deJaneiro (Rio de Janeiro), Salvador (Bahia), So Lus (Maranho) eSo Paulo (So Paulo) , que atualmente contempla 26 cidades,muitas delas inscritas na Lista do Patrimnio Mundial da Unesco.

    Dentre as principais atividades realizadas pelo Programa,cabe destacar, entre outras:a) conservao e restauro de monumen-

    tos e conjuntos tombados;b) educao patrimonial; c) promoo doturismo cultural e de eventos nos locais abrangidos; e d) formao,treinamento e capacitao de mo-de-obra.

    Dentro do conceito de que a revitalizao econmica umaetapa necessria no esforo de recuperar e revitalizar ncleos urba-nos histricos e outros elementos constitutivos do acervo culturalbrasileiro, o MinC e o Instituto do Patrimnio Histrico e ArtsticoNacional (Iphan), no mbito do Programa Monumenta, com a parce-

    ria do MTur, lanaram o Circuito de Pousadas Histricas do Brasil.

    Os prdios histricos tm, por si s, um significativo valorturstico e, portanto, sua transformao em pousada no apenas lhesconfere uma utilizao econmica que viabiliza, ao longo do tempo,a sua conservao, mas tambm permite um uso bastante eficiente.Vale notar, entretanto, que a adaptao desses imveis para finshoteleiros exige a instalao de uma srie de complementos queoriginalmente no faziam parte da sua configurao original, taiscomo recepes, reas de servio, banheiros em cada unidade dehabitao, piscinas, estacionamento etc. Essa modernizao, emalguns casos, est longe de ser simples ou barata. Alm disso, em

    vrios casos implica alteraes importantes em um ou outro ambien-te do imvel que est sendo objeto da interveno.

    O Circuito de Pousadas Histricas no Brasil inspirou-se nosexemplos bem-sucedidos dos Paradores de Espaa (criados em1928 como suporte Exposio Ibero-Americana de Sevilha de1929, mas que se converteram num caso de sucesso, passandoento a ter uma administrao autnoma) e das Pousadas de Por-tugal (criadas em 1942 e privatizadas em 2003, hoje sob a adminis-trao do grupo hoteleiro Pestana). Nesses pases, foi montada uma

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria

    UtilizaoHoteleira dosImveis com

    Valor Histrico

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    estrutura de hotelaria, gastronomia e lazer utilizando construes devalor histrico, como palcios, castelos, conventos, mosteiros, fortesetc., o que viabilizou o seu aproveitamento econmico e a suaconservao. Observe-se que, em muitos casos, essas construes

    estavam em situao de completo abandono. Portanto, a sua trans-formao em unidade hoteleira serviu no apenas para viabilizareconomicamente o empreendimento, mas, em uma perspectiva maisampla, tambm evitou que um rico patrimnio histrico e arquitet-nico fosse perdido.

    Mais recentemente, desenvolveu-se, em Portugal, o con-ceito de turismo de habitao, que culminou com a implantao doPrograma Solares de Portugal. Trata-se de uma modalidade diferen-te de hotelaria, baseada na utilizao de propriedades particularesrurais, muitas datadas dos sculos XVII e XVIII, e que privilegia ocontato pessoal com as famlias ali residentes. O turismo de habita-o foi um importante mecanismo de restaurao desses imveis, jque boa parte deles tambm estava em pssimo estado de conser-vao, viabilizando, a partir da, a sua utilizao econmica e, con-seqentemente, a sua manuteno e preservao.

    No Brasil, a idia do turismo de habitao particularmenteimportante na restaurao, conservao, revitalizao e viabilizaoeconmica das fazendas antigas, principalmente aquelas ligadas aochamado Ciclo do Caf. Algumas iniciativas tm sido implantadasnos ltimos anos, com destaque para a rede denominada Fazendasdo Brasil, ligada aos Solares de Portugal. Tambm existem outros

    programas organizados de turismo rural no Vale do Paraba, emMinas Gerais e no Cear.

    Vale notar que a experincia ibrica de utilizao de pr-dios histricos com finalidade hoteleira est fortemente ligada aoconceito de turismo cultural, que representa apenas uma parcelasecundria no conjunto de deslocamentos tursticos, nos quais oturismo de lazer nitidamente majoritrio. Observe-se que o conceitode turismo cultural incorpora, atualmente, no apenas as tradicionaisvisitas a museus, casas de espetculos e outros locais fortementeligados ao aprendizado em si, mas tambm abrange uma srie deoutros campos da atividade humana normalmente no associados

    cultura, como gastronomia, artesanato e outros elementos da tradi-o cultural local.

    Assim, de uma forma que usualmente no ocorre no cha-mado turismo de massa, houve ento a oportunidade de desenvol-vimento de toda uma gama de servios tursticos diferenciados,voltados para um pblico com exigncias especficas e que, por suavez, tambm ofereciam um canal alternativo, embora de qualidade, rede hoteleira tradicional, cada vez mais impessoal e padronizada.

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    A rede Pousadas de Portugal representa hoje apenas 1%da capacidade hoteleira instalada naquele pas. Aparentemente, nose vislumbra a possibilidade de que essa participao venha a sermaior no Brasil, j que se trata de um nicho turstico especfico.

    O Circuito de Pousadas Histricas no Brasil est na faseinicial de levantamento de dados sobre o potencial do pas. Nessaetapa, alguns imveis tombados pelo Patrimnio Histrico j foramselecionados, destacando-se 35 conventos, 47 fortes e outras edifi-caes, para verificao do estado de conservao e da possibili-dade de uso para hospedagem. Cabe destacar que, desses imveis,51,2% esto no Nordeste, 29,3% no Sudeste e 11% no Sul [verPrograma Monumenta (s/d)].

    So poucas as experincias brasileiras de aproveitamentode imveis histricos para uso hoteleiro, cabendo destacar o Con-

    vento do Carmo, na cidade histrica de Cachoeira (Bahia). O imvel,do sculo XVII, foi restaurado para a instalao da Pousada doConvento, operada por empresrios locais, e a igreja anexa, desati-vada, foi transformada em centro de convenes. Em Salvador, noconjunto arquitetnico do Pelourinho, esto em fase de concluso asobras de restaurao do Convento do Carmo, que dever se trans-formar em empreendimento hoteleiro de luxo, a ser operado pelogrupo portugus Pestana.

    Osetor de turismo, do qual fazem parte em torno de 56segmentos, inclusive a hotelaria objeto deste estudo , ocupa hojepapel relevante na economia mundial e est entre os de maiorcrescimento, tendo triplicado seu tamanho e impacto econmico nosltimos 50 anos, segundo a OMT.

    No Brasil, o perodo que vai de meados da dcada de 1990a 2000/01 marcou a indstria hoteleira como sendo um dos queapresentaram maior expanso da sua oferta: houve a construo denumerosos hotis, principalmente nos grandes centros.

    O aumento das viagens de negcios no pas e do turismo

    de lazer foi estimulado, em especial, pela abertura da economia, pelaestabilizao da inflao, pelas perspectivas de crescimento darenda e pelos investimentos em infra-estrutura, o que por sua vezgerou uma srie de investimentos em projetos de hotelaria. Taisinvestimentos foram possveis em funo do desenvolvimento demecanismos e fontes de financiamento para os novos projetos vin-culados ao setor, com destaque para o Programa de Desenvolvimen-to do Turismo (Prodetur), com recursos do BID, os fundos cons-titucionais, abrangendo os investimentos nas regies Norte, Nordes-te e Centro-Oeste, e o BNDES.

    Setor de Turismo no Brasil: Segmento de Hotelaria

    Concluses

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    O Censo de Servios do IBGE de 2002 apontava a exis-tncia de 23.366 empresas de servios de alojamento no Brasil, oque incluiria no apenas hotis, mas tambm pousadas, hotis-fazenda, penses, motis etc., com 244 mil pessoas ocupadas

    nesses estabelecimentos.

    O mercado hoteleiro no Brasil sofreu impactos externosnegativos no perodo 2001/03. O baixo crescimento econmicointerno e as crises externas, que reduziram o fluxo de chegadas deturistas internacionais, impactaram tanto o turismo de lazer quanto ode negcios, gerando uma sobreoferta de capacidade hoteleira emalgumas regies do pas e, em conseqncia, o declnio da taxamdia de ocupao, assim como o fechamento de alguns hotis. Jpara 2005 a perspectiva de crescimento da taxa de ocupao acimado verificado nos ltimos anos, quando a mdia geral ficou es-tacionada em torno dos 50%.

    O quadro de reduzidas taxas de ocupao vivenciado pelosetor implicou a inibio de novos investimentos em hotelaria, es-pecialmente pelo empresariado nacional, como mostra a pequenautilizao dos recursos das linhas do BNDES entre 2003 e 2004. Jos estrangeiros, mais capitalizados, com moeda mais forte e visode mais longo prazo, vm realizando alguns investimentos, es-pecialmente no Nordeste.

    Ao longo do perodo de vigncia do Programa de Turismodo BNDES (1999/2004), a economia brasileira apresentou um baixocrescimento mdio anual do PIB, e diversas foram as crises que

    afetaram o setor, tais como os atentados terroristas de 11 de setem-bro de 2001 nos Estados Unidos, a gripe asitica e a crise daArgentina. Esse cenrio desfavorvel atingiu o desempenho do setore, conseqentemente, prejudicou a avaliao e o desempenho doPrograma.

    Os desembolsos do BNDES para o setor, especialmentehotis, e parques e preservao do patrimnio histrico, alcanaramo montante acumulado de R$ 702 milhes, abrangendo o perodoentre 1999 e junho de 2005. Se considerarmos somente o segmentohoteleiro, tais desembolsos atingiram R$ 482 milhes. Com relaoa esse segmento, o trabalho buscou avaliar todos os empreen-