sessao 9 - ficha 1

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José Antonio Santos de Oliveira. MAGALHÃES, Antonio. Deus no espelho das palavras. 2ed. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 107- 139. “(...) a Bíblia (...) o livro dos povos, porque coloca o destino de um único povo como símbolo dos demais, liga a história deste povo ao início do mundo e a conduz através de uma série de níveis de progressos mundanos e espirituais, acontecimentos necessários e ocasionais até as longínquas regiões das mais profundas eternidades.” (MAGALHÃES, 2011. p. 107). Palavras-chave: Livro. Povos. Símbolo. “No contexto europeu e norte-americano, houve uso significativo da Bíblia como fonte material e motivacional para o desenvolvimento da literatura.” (p. 107). Palavras-chave: Uso. Material. Motivacional. “(...) a Bíblia (...) vista de forma cada vez mais expressiva como literatura mundial, de cuja riqueza autores de todos os matizes poderiam usufruir. Constata-se uma recepção tanto quantitativa, pelo número de escritos literários que a Bíblia provocou, quanto qualitativa, pela sua força estética em se adaptar a tantos contextos e gerações distintas. Na opinião de alguns, o processo de secularização no contexto europeu e o seu resultante distanciamento da Bíblia como livro fundamental da cultura arrefeceu também a criatividade literária, sendo esse arrefecimento superado no momento em que a Bíblia volta a despertar interesse na leitura de escritores e ensaístas.

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Religião e Literatura

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Jos Antonio Santos de Oliveira. MAGALHES, Antonio. Deus no espelho das palavras. 2ed. So Paulo: Paulinas, 2009, p. 107-139.(...) a Bblia (...) o livro dos povos, porque coloca o destino de um nico povo como smbolo dos demais, liga a histria deste povo ao incio do mundo e a conduz atravs de uma srie de nveis de progressos mundanos e espirituais, acontecimentos necessrios e ocasionais at as longnquas regies das mais profundas eternidades. (MAGALHES, 2011. p. 107). Palavras-chave: Livro. Povos. Smbolo.No contexto europeu e norte-americano, houve uso significativo da Bblia como fonte material e motivacional para o desenvolvimento da literatura. (p. 107).Palavras-chave: Uso. Material. Motivacional.(...) a Bblia (...) vista de forma cada vez mais expressiva como literatura mundial, de cuja riqueza autores de todos os matizes poderiam usufruir. Constata-se uma recepo tanto quantitativa, pelo nmero de escritos literrios que a Bblia provocou, quanto qualitativa, pela sua fora esttica em se adaptar a tantos contextos e geraes distintas. Na opinio de alguns, o processo de secularizao no contexto europeu e o seu resultante distanciamento da Bblia como livro fundamental da cultura arrefeceu tambm a criatividade literria, sendo esse arrefecimento superado no momento em que a Bblia volta a despertar interesse na leitura de escritores e ensastas. (...) perscruta a origem, o motivo dessa fora que a Bblia exerceu sobre a literatura mundial. Um dos aspectos mais destacados a forma de narrar, que se apresenta como verdadeiro mtodo a ser considerado. (MAGALHES, 2011. p. 108). Palavras-chave: Literatura. Interesse. Fora.(...) linguagem prpria e riqueza literria (...) fator determinante para a construo, reproduo e transformao das culturas. Suas narrativas se tornaram paradigmas tanto da invaso dos opressores quanto da rebeldia de movimentos emancipadores. Seus cdigos de tica se tornaram base do rigor de conservadores e de suporte da moral dos liberais. Suas normas de comportamento influenciam decisivamente relaes familiares, sociais e polticas. (...) a Bblia o livro por excelncia da civilizao ocidental (...), reside seriedade de toda uma civilizao, os fundamentos ticos e religiosos de diferentes culturas e a reserva de temas que passaram a determinar a maior parte dos grandes debates que ainda hoje continuamos a discutir. (MAGALHES, 2011. p. 109). Palavras-chave: Transformao. Cultura. Paradigmas.(...) as narrativas bblicas no foram encapsuladas por uma viso autoritria de interpretao. (...) a rica tradio dogmtica da Igreja (...) no ponto de chegada do processo desencadeado pelos textos mticos da Bblia, mas de uma de suas variadas formulaes e interpretaes. O mito antecede ao dogma e sobrevive a ele tornando-o servo e uma nova construo mtica com conceitos diferenciados, estimulando novas interpretaes e aproximaes, criando tradio prpria, da qual a literatura uma significativa expresso. (...) o mito j chega envolvido numa trama literria, impossibilitando, portanto, uma leitura que no passe pela interpretao literria. Essa relao entre mito e dogma tem sido descuidada na teologia, e chama a ateno o fato de que a tentativa de fixar a narrativa mtica, como por exemplo, a da encarnao, s possvel em termos novamente mticos. O dogma, portanto, um mito diferenciado, contendo novos conceitos. Mas, se ele no carregasse a fora mtica na sua construo, no passaria de formulaes frias que ningum mais levaria a srio. Ele ainda uma questo de relevncia para a vida da Igreja, porque traz consigo os diferentes anseios de totalidade que as narrativas mticas carregam consigo. O dogma sobre a plena humanidade e a plena divindade de Jesus (...) o maior exemplo dessa relao essencial entre mito e dogma. (MAGALHES, 2011. p. 110-111). Palavras-chave: Viso. Mito. Dogma. O trabalho de pesquisa em torno de livros da Bblia pressupe sempre um conhecimento da qualidade literria dos textos pesquisados, incluindo uma separao entre textos ficcionais e textos expositivos, a constatao de estruturas poticas da narrativa etc. (...) O problema central que os exegetas esto presos a uma teia de interesse teolgico e, com esse objetivo, limitam bastante o prprio alcance do texto como polissemia religiosa e criatividade esttica, colocando a qualidade literria do texto sempre como meio para se chegar ao contedo teolgico. (...) Luis Alonso Schkel (...) reflete sobre possveis consequncias hermenuticas de uma leitura da Bblia considerando seu carter literrio. (...) anlise geral da questo da linguagem e da hermenutica, (...) reflete sobre a linguagem literria especificamente, destacando o fato de ela ter duas caractersticas especiais: a) uso deliberado das formas objetivando alcanar diferentes meios de comunicao; e b) uma riqueza e concentrao de contedos diversos em torno de temas que assumem uma unidade no texto. A diferena entre forma e contedo na literatura , portanto, mais metodolgica e didtica do que hermenutica e essencial. Se toda linguagem uma interpretao da realidade, uma ao hermenutica, a linguagem literria se destaca, ento, nessa tarefa. (...): fundamental conhecer os estilos literrios que constituem a Bblia para que o mundo do autor seja entendido, bem como sua mensagem. (...) linguagem literria distancia-se radicalmente de uma linguagem tcnica, unvoca e assume a pluralidade de acontecimentos e enfoques, a complexidade das conotaes e a inventividade para estabelecer seu discurso. (MAGALHES, 2011. p. 112). Palavras-chave: Pesquisa. Literatura. Tcnica. (...), a Bblia fornece instrumentos e base para muitas criaes literrias. significativo o fato de que um bom nmero de autores usa, por exemplo, citaes e narrativas bblicas para ilustrar acontecimentos do cotidiano hodierno. (MAGALHES, 2011. p. 114). Palavras-chave: Autores. Exemplos. Ilustrar.(...), por meio deles, vemos as diferentes formas que os textos vo assumindo na tarefa que a literatura se colocou de interpretar e narrar, em linguagem prpria, narrativas bblicas que povoam os ideais ocidentais. (MAGALHES, 2011. p. 114).Palavras-chave: Formas. Tarefa. Ideais.(...) a Bblia no somente desencadeia leituras posteriores na literatura ocidental, mas apresenta mtodos especficos que tornam possveis outros mtodos e estilos literrios. (MAGALHES, 2011. p. 120).Palavras-chave: Leitura. Mtodo. Estilos. (...) 1) A Bblia interpretada como obra literria, o que implica l-la a partir de teorias literrias apropriadas, levando em conta traumas, personagens, esttica, densidade narrativa etc. (...). 2) A Bblia lida em sua pluralidade de narrativas, mas a partir de certa continuidade que existe nas biografias de seu personagens, algo importante para a boa parte da literatura. (...). 3) A Bblia considerada obra basilar da literatura ocidental, emprestando-lhe temas, tcnicas, personagens fortes, tramas sucintas mas cheia de suspense e criatividade,(...). 4) Deus personagem literrio que, como qualquer outro personagem, cresce ou diminui medida que dialoga com outros personagens. (MAGALHES, 2011. p.127-129).Palavras-chave: Teorias. Base. DilogoA histria da literatura tem pginas significativas do dilogo entre o texto literrio e textos bblicos, e parte da literatura reescrita dos textos da Bblia. (...) a Bblia foi vista, por alguns, como um livro de instituio religiosa, e no como livro de cultura e de processos civilizatrios complexos. (MAGALHES, 2011. p. 130).Palavras-chave: Histria. Literatura. Bblia.(...), importante identificar a relao entre narrativa bblica e modos teolgicos, quer dizer, o literrio da Bblia no pode ser compreendido sem que se leve em considerao que a narrativa constituda por concepes religiosas e teolgicas. (MAGALHES, 2011. p. 132). Palavras-chave: Relao. Literatura. Religio.(...) importante considerar o texto dentro de uma complexa totalidade artstica permeada de sutilezas e economia de detalhes. (MAGALHES, 2011. p. 132).Palavras-chave: Arte. Sutilezas. Detalhes.(...), a linguagem bblica tambm literria no sentido de ser marcada pela tenso e oscilao de personagens, o que se sugere que estas podem crescer, ser alteradas no decorrer das narrativas. (MAGALHES, 2011. p. 133). Palavras-chave: Marcada. Tenso. Oscilao.(...), na Bblia (...) temos progresso de dependncia, interdependncia e independncia das personagens humanas em relao ao divino. (MAGALHES, 2011. p. 133).Palavras-chave: Dependncia. Interdependncia. Independncia uma rica tradio literria em que algum escreve o que diz o que algum disse e aconteceu depois que algum escreveu o que foi dito. Tudo isso dentro de um forte esprito religioso, em estilos literrios prprios, longe da ideia de que a fico mentira, mas, antes, a nica forma em imagem e narrativa possvel para lidar com a verdade do divino e do humano; algo que sempre resultar no fracasso dogmtico em absolutizar as interpretaes. (MAGALHES, 2011. p. 139). Palavras-chave: Tradio. Esprito. Interpretaes.

Considerada por muitos como o livro sagrado, a Bblia a base e fundamento da histria de um povo que serve de exemplo e modelo para outros povos, influenciando a vida, os costumes, a cultura, o cotidiano da sociedade. Ela uma coleo de livros, de escritos ditos e entendidos sagrados por se caracterizar como a revelao de Deus aos homens; tambm uma das obras-primas da literatura mundial. O grande impasse encontrado por alguns para que a Bblia tenha o status de literatura que a sua construo e interpretao so dependentes da f, no entanto, inegvel que os textos sagrados tambm possam ser interpretados como literatura, visto que, a forma como foi escrita a fonte de inspirao para grandes obras literrias. Antonio Magalhes afirma ser perfeitamente possvel ver a Sagrada Escritura como sendo literatura, e o primeiro grande impasse a ser solucionado no v-la unicamente como um texto sagrado de interpretao teolgica. .