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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO Nº GFO-85/2016 SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA PRESTADOR: COPASA Gerência de Fiscalização Operacional Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos Serviços Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais Outubro de 2016

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO Nº GFO-85/2016

SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA

SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA

PRESTADOR: COPASA

Gerência de Fiscalização Operacional Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos Serviços

Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água

e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais

Outubro de 2016

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA– OUTUBRO/2016

Diretoria Colegiada:

Gustavo Gastão Corgosinho Cardoso

Gustavo Cunha Gibson

Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos Serviços

(CTROFS):

Rodrigo Bicalho Polizzi

Gerência de Fiscalização Operacional (GFO):

Henrique Pereira Barcelos

Equipe Técnica:

Maurício de Faria Soares – GFO/CTROFS – Agente de Fiscalização

Fellipe Moreira Silva – GFO/CTROFS – Analista Fiscal e de Regulação de Serviços de

Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário

Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do

Estado de Minas Gerais – ARSAE-MG

Cidade Administrativa – Rodovia Papa João Paulo II, Nº 4.001, Edifício Gerais, 12º andar

Bairro Serra Verde

Belo Horizonte

Minas Gerais

CEP: 31.630-901.

Tel: (31) 3915-8119

Fax: (31) 3915-2060

Site: www.arsae.mg.gov.br

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA– OUTUBRO/2016

RESUMO INFORMATIVO

O processo de fiscalização do sistema de abastecimento de água (SAA) da sede municipal

de Extrema iniciou-se em virtude de demanda da Prefeitura Municipal à Agência Reguladora

de Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais

(ARSAE-MG), através de reunião realizada na Agência, tendo ocorrido a inspeção in loco

entre os dias 8 e 12 de Agosto de 2016. A demanda se refere à qualidade e continuidade da

água distribuída e ao lançamento de esgoto sem tratamento em córregos da região (demanda

tratada no relatório de fiscalização do sistema de esgotamento sanitário do Município).

Cumpre esclarecer que é competência da ARSAE-MG regular e fiscalizar a prestação dos

serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nas localidades conveniadas,

verificando o cumprimento da legislação pertinente, dos direitos e obrigações previstos em

contrato e da efetiva prestação do serviço.

Os serviços de abastecimento de água de Extrema são regulados por Contrato de Concessão

válido até 2035, e atendem, de acordo com o Prestador de Serviços, a aproximadamente 96%

da população residente na sede municipal. Constatou-se que não são cumpridos

integralmente os procedimentos para controle da qualidade da água para consumo humano

exigidos pela Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da saúde e Resolução nº 40/2013 da

ARSAE-MG, pois não são respeitadas as frequências mínimas estabelecidas para inspeção

sanitária dos reservatórios e análise de turbidez na rede de distribuição, além de não haver

registros da realização de desinfecção dos reservatórios quando constatados

descumprimentos dos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da saúde.

Constatou-se também descumprimento dos parâmetros de outorga da captação no Rio

Jaguari, vulnerabilidade da área do RAP-13, e a existência de abertura no REL-5 que permite

a contaminação da água para consumo humano distribuída. Apesar disso, não foram

constatadas ocorrências de intermitência no abastecimento ou descumprimento dos padrões

de potabilidade na água distribuída no momento da inspeção in loco realizada.

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA– OUTUBRO/2016

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 5

2. ENTREVISTAS REALIZADAS ...................................................................................................................... 6

2.1. PREFEITURA MUNICIPAL ............................................................................................................................. 6

2.2. MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................................................................. 7

3. ÁREAS, SEGMENTOS E UNIDADES FISCALIZADAS ..................................................................................... 7

4. SITUAÇÃO CONTRATUAL ......................................................................................................................... 8

5. FATOS LEVANTADOS ............................................................................................................................... 8

5.1. FATOS LEVANTADOS NO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE DO MUNICÍPIO DE EXTREMA ....................... 9

5.1.1. Captações superficiais .......................................................................................... 9

5.1.2. Estações de Tratamento de Água - ETAs. ............................................................ 9

5.1.3. Estações Elevatórias. ............................................................................................ 9

5.1.4. Reservatórios. ....................................................................................................... 9

5.1.5. Rede de distribuição. ........................................................................................... 10

5.2. FATOS LEVANTADOS QUANTO AO CONTROLE DA QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA PARA CONSUMO HUMANO. ........ 10

5.2.1. Inspeção sanitária dos reservatórios ................................................................... 10

5.2.2. Análises para controle da qualidade da água na rede de distribuição ............... 10

5.3. FATOS LEVANTADOS QUANTO AO ATENDIMENTO AO PÚBLICO ......................................................................... 11

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................11

7. CONSTATAÇÕES E NÃO CONFORMIDADES .............................................................................................13

8. RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................................................15

9. AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DA ARSAE-MG ............................................................................................15

APÊNDICE A. REGISTROS FOTOGRÁFICOS .......................................................................................................16

ANEXO I. CROQUIS DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ....................................................................18

ANEXO II. DESCRIÇÃO TÉCNICA DO SAA ..........................................................................................................19

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1. INTRODUÇÃO

A ARSAE-MG, em observância à Lei Estadual nº 18.309, de 03 de agosto de 2009, Lei Federal

nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, suas

regulamentações e demais legislações pertinentes, atua na regulação e fiscalização dos

serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos munícipios conveniados

com a Agência.

A ação de fiscalização visa determinar o grau de conformidade do sistema auditado em

consonância com as legislações e normas técnicas pertinentes, especialmente as Resoluções

Normativas expedidas pela ARSAE-MG, bem como a adequação da prestação dos serviços,

no que tange à regularidade, continuidade, eficiência, segurança, generalidade e atualidade.

Dessa forma, foi realizada a fiscalização dos serviços de abastecimento de água na sede

urbana do município de Extrema, concedidos à COPASA, conforme características

sintetizadas no Quadro 1. Os procedimentos compreenderam análise documental, entrevistas

com o Prefeito Municipal, com o Promotor de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais

(MPMG) da comarca de Extrema e com outros representantes da sociedade civil, além de

inspeção técnica em campo. Assim, é objetivo deste relatório descrever os resultados obtidos

a partir da fiscalização.

Quadro 1. Características da fiscalização

Tipo de Fiscalização Fiscalização direta e indireta

Período da Inspeção de Campo 08 a 12 de Agosto de 2016

Localidade Fiscalizada Sede municipal de Extrema

Serviço Fiscalizado Sistema de Abastecimento de Água

Prestador de Serviços Companhia de Saneamento de Minas Gerais ̶ COPASA

Endereço da Sede do Prestador Rua Mar de Espanha, 525, bairro Santo Antônio. Belo Horizonte. CEP: 30.330-900.

Endereço Local do Prestador Av. Uberlândia, nº 450, bairro São João – Pouso Alegre/MG. CEP.: 37.550-000.

Representante(s) designado(s) pelo Prestador para acompanhamento

Alvimar Geraldo de Andrade (gerente do DTPO)

Benedito Eliseu Ribeiro (técnico químico)

Benedito Humberto Silva (encarregado do sistema)

Tales Augusto de Noronha (engenheiro DTPO)

Ofícios Encaminhados

Prefeitura: Ofício ARSAE-MG/DG nº0495/16

Prestador: Ofício ARSAE-MG/DG nº0496/16

Ministério Público: Ofício ARSAE-MG/DG nº0497/16

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2. ENTREVISTAS REALIZADAS

As entrevistas realizadas com representantes da Prefeitura Municipal, que é o Concedente

dos serviços de saneamento básico, com a Promotoria de Justiça do Ministério Público e com

outros representantes da população servem de subsídio para a execução da fiscalização.

2.1. Prefeitura Municipal

Os agentes de fiscalização da ARSAE-MG reuniram-se com o Dr. Luiz Carlos Bergamin,

Prefeito de Extrema, Sr. João Batista da Silva, vice-prefeito do Município, Dra. Christiane

Gomes Caiado Almeida, diretora do PROCON, Sr. Paulo Henrique Pereira, secretário de Meio

Ambiente, Sr. Marcio José Vieira, vereador do Município e outros representantes da

população. Esses representantes expressaram insatisfação com os serviços de

abastecimento de água prestados pela COPASA no município.

Segundo relatado, a equipe local é insuficiente, e falta preparo por parte do Prestador de

Serviços para a resolução rápida de problemas operacionais e demandas rotineiras como

recomposição asfáltica e correção de vazamentos. Assim, nas intervenções na rede de

abastecimento, na execução de novas ligações e nas obras de extensão de rede para atender

novos loteamentos, muitas vezes é necessário que a prefeitura forneça pessoal e maquinário

próprio para a realização dos trabalhos. Questiona-se também a existência de plano de

emergência local, conforme exigido pela ARSAE-MG, uma vez que, de acordo com o relatado,

quando houve rompimento de uma adutora que abastece o bairro Tenentes, houve demora

na interrupção do vazamento, não houve comunicação clara e eficiente com a população

afetada e nem abastecimento emergencial dos moradores.

Foram apontados ainda outros problemas do sistema, como baixa capacidade de reservação

(pequenos vazamentos seriam suficientes para causar desabastecimento na localidade) e

problemas frequentes na qualidade da água distribuída para consumo humano (água com cor

ou cheiro forte) em algumas regiões da sede do Município, como nas proximidades do

PROCON e no bairro Ponte Nova. Segundo os representantes da população, a intermitência

no abastecimento faz com que alguns usuários recebam faturas com valores muito acima do

normal, porém, mesmo após reclamações, os valores não são recalculados. Além disso,

eventuais prejuízos causados pela má qualidade da água distribuída (como roupas

manchadas) não são reparados pelo Prestador de Serviços.

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2.2. Ministério Público

Os agentes de fiscalização foram recebidos pela Dra. Rogéria Cristina Leme, Promotora de

justiça da comarca de Extrema. A Promotora informou que, apesar de ter conhecimento de

reclamações acerca da qualidade da água para consumo humano distribuída, não há

denúncias formalizadas no município acerca da prestação dos serviços de abastecimento de

água. Foram apresentadas aos fiscais denúncias relacionadas aos serviços de esgotamento

sanitário, que serão abordadas no relatório correspondente.

3. ÁREAS, SEGMENTOS E UNIDADES FISCALIZADAS

As unidades operacionais que constam no quadro 2, a seguir, foram fiscalizadas durante o

procedimento descrito neste relatório.

Quadro 2. Segmentos operacionais e unidades fiscalizadas

Área Segmento Operacional Unidade Fiscalizada

Abastecimento de Água

Captação - Captação Superficial no Rio Camanducaia - Captação Superficial no Rio Jaguari

ETA - ETA CDI - ETA Jaguari

Elevatórias

- EAB 01 - EAB CDI

- EAT 03 (na ETA CDI) - EAT 01

- EAT 02 - Booster 02

- Booster 05 - Booster 06

- Booste r08

Reservatórios

- RAP 01 (ETA Jaguari) - RAP 02 (ETA Jaguari)

- RAP 03 (ETA Jaguari) - RSE 04

- REL 06 - RAP 07

- RAP 10 - RAP 12

- RAP 13

Rede de distribuição

Registro de Descarga: - Avenida Alcebíades Gilli, próximo à esquina com rua Domingos Morbidelli.

Leitura da pressão na rede de abastecimento: - Rua César Voltan, nº 12, - bairro Portal de Extrema - Rua Luxemburgo, nº 769, - bairro Vila Esperança

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Área Segmento Operacional Unidade Fiscalizada

Controle da Qualidade da Água

Coleta para análise da qualidade da água:

- Rua João Mendes, nº 67 (Casa do cidadão/PROCON).

- Pronto Socorro Municipal Prefeito Jahir Aparecido Olivotti.

- Ponto de chegada de água na empresa Ball Corporation.

- Saída do tratamento da ETA Jaguari.

Plano de Amostragem

Registros de Qualidade da Água

Atendimento ao usuário

Agência de Atendimento

Condições de atendimento

Prazo para execução de serviços.

Disponibilidade dos documentos previstos no artigo 20 da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG.

Informações ao Consumidor

Fatura de Serviços.

Comunicados de paralisação e alerta de risco.

Situação Contratual

Contrato de Concessão Responsabilidades e metas de atendimento do Prestador de Serviços

4. SITUAÇÃO CONTRATUAL

Os serviços de abastecimento de água da sede municipal de Extrema foram concedidos à

COPASA através do contrato de concessão 207210 (2º RTD-BH) assinado em 18 de agosto

de 1975. A concessão foi renovada pelo contrato 863108 (2º RTD-BH), de 17 de agosto de

2005, que também concedeu à COPASA a prestação dos serviços públicos de esgotamento

sanitário da sede municipal. Este contrato possui dois termos aditivos, e o prazo de concessão

de ambos os serviços expira em 2035. Apesar de não possuir cronograma de metas físicas,

o contrato estabelece, em seu artigo segundo, metas de investimento, implantação e

operação dos serviços, além de obrigações para o Prestador de serviços.

5. FATOS LEVANTADOS

São listados nesse item os principais fatos apurados na inspeção de campo do sistema de

abastecimento de água da sede do município de Extrema. Há também informações obtidas

através de análise documental e coletadas junto ao Prestador de Serviços. O propósito da

análise realizada é verificar a adequação da prestação dos serviços explorados, sobretudo o

cumprimento da regulamentação expedida pela ARSAE-MG.

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Cabe destacar que as não conformidades referentes aos fatos levantados neste capítulo

constam no capítulo 7 e que o relatório fotográfico correspondente consta em apêndice

específico.

5.1. Fatos levantados no Sistema de abastecimento de água da sede do município

de Extrema

A seguir são apresentados os principais aspectos de interesse relacionados ao sistema de

abastecimento de água, considerando suas principais partes constituintes.

5.1.1. Captações superficiais

A captação no Rio Camanducaia é realizada por balsa e abastece a ETA CDI, que distribui

água para parte do distrito industrial do Município, enquanto a captação no Rio Jaguari,

também realizada por balsa, abastece a ETA de mesmo nome e é responsável pelo

fornecimento de água para a maior parte da sede municipal. Constatou-se que a jornada de

trabalho média da captação no Rio Jaguari é de 20h/dia, valor superior à jornada máxima

permitida pelo documento de outorga (Portaria IGAM nº 02107/2010, de 07/08/2010), que é

de 15h/dia.

5.1.2. Estações de Tratamento de Água - ETAs.

No momento da fiscalização, a ETA CDI não estava em operação devido à redução na

demanda de água das indústrias abastecidas pela estação. Ambas as ETAs apresentavam

vazamentos significativos no registro de um dos filtros (Fotos 1 a 3), porém nenhuma das

duas apresentou alta porcentagem de consumo de água durante o tratamento.

5.1.3. Estações Elevatórias.

Constatou-se também a ocorrência de vazamentos significativos em registros localizados nas

áreas externas dos Boosters 1 e 5 (BST-1 e BST-5), conforme apresentado nas Fotos 4 e 5.

No momento da fiscalização, o Booster 8 não possuía conjunto moto-bomba (CMB) reserva

instalado (Foto 6). Segundo o Prestador, o CMB reserva da unidade se encontrava em

manutenção.

5.1.4. Reservatórios.

O reservatório elevado 5 (REL-5), localizado no bairro Vila Esperança, apresentava abertura

em sua tampa, permitindo a entrada de água de chuva e contaminantes (Fotos 7 e 8). Além

disso, constatou-se a ocorrência de vandalismo na área do RAP-13 (Foto 9), tendo sido

lavrado boletim de ocorrência pelo Prestador de serviço (B.O. número M2313-2016-

83648349, de 09/08/2016). A escada desse reservatório se estende até próximo ao chão, e

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não há proteção que impeça o acesso de pessoas não autorizadas ao topo da unidade (Foto

10). O coeficiente de reservação do sistema é de 0,52.

5.1.5. Rede de distribuição.

Através da análise dos registros operacionais, constatou-se que o índice de perdas médio do

sistema é de cerca de 29%, ou 173 Litros/(ligação*dia). Constatou-se também que, entre os

meses de Abril e Julho de 2016, cerca de 12% das reclamações de vazamento de água

demoraram mais do que 24 horas para serem solucionadas. Durante a inspeção in loco foram

medidas as pressões de abastecimento nos bairros Portal de Extrema e Vila Esperança,

bairros que foram foco de denúncias de falta de água, porém não foram constatados

descumprimentos dos parâmetros estabelecidos pela ABNT NBR 12.218/1994.

5.2. Fatos levantados quanto ao controle da qualidade da água distribuída para

consumo humano.

5.2.1. Inspeção sanitária dos reservatórios

Constatou-se através dos registros analisados que a frequência de inspeção dos reservatórios

não atende à frequência mínima exigida pela Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG. Além

disso, constatou-se que, no mês de Agosto/2015, os resultados das análises realizadas no

RAP-10 e no RAP-12 indicaram descumprimento dos padrões de potabilidade estabelecidos

pela Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde, porém não foram realizados

procedimentos de lavagem desses reservatórios nem coletadas novas amostras para

verificação do atendimento aos padrões de potabilidade.

5.2.2. Análises para controle da qualidade da água na rede de distribuição

Constatou-se que as análises bacteriológicas para controle da qualidade da água na rede de

distribuição são realizadas de acordo com a frequência de amostragem estabelecida pela

Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da saúde, porém não há registro da realização de análise

de turbidez nas amostras coletadas para análise microbiológica, conforme exigido por essa

Portaria. A fim de verificar as denúncias recebidas acerca da qualidade da água distribuída

no Município, solicitou-se, além das análises de rotina estabelecidas pelo Ministério da Saúde,

a realização de análises dos parâmetros Ferro e Manganês na rede de distribuição, não tendo

sido constatados descumprimentos dos limites estabelecidos pela Portaria MS 2.914/2011.

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA – OUTUBRO/2016

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5.3. Fatos levantados quanto ao Atendimento ao Público

A agência de atendimento de Extrema está localizada em área central do Município, na Rua

Tárcio José Benedito de Carvalho, nº 69 (praça do Japão), e possui infraestrutura adequada

para atendimento dos consumidores.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não constatou-se, a partir da inspeção in loco, entrevistas realizadas e análises documentais,

a ocorrência, no momento da fiscalização, de intermitência no abastecimento ou

descumprimento dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 2.914/2011 do

Ministério da Saúde. Apesar disso, os registros verificados não comprovam a realização das

análises mínimas para controle da qualidade da água (cumprimento do plano de amostragem)

exigidas pelos anexos XII e XIII dessa portaria. Constatou-se também que não é cumprida a

frequência mínima de inspeção dos reservatórios exigida pela Resolução nº 40/2013 da

ARSAE-MG. Além disso, tendo sido constatados descumprimentos dos padrões de

potabilidade em inspeções realizadas nos reservatórios RAP-10 e RAP-12, não há registro de

tomada de medidas para desinfecção dos reservatórios ou da realização de recoletas para

verificação do atendimento aos padrões de potabilidade, fatos muito graves do ponto de vista

da proteção sanitária do sistema e garantia da qualidade da água distribuída para consumo

humano. Outro fato grave constatado foi o de que o REL-5 possui abertura em sua tampa que

permite a entrada de água de chuva e contaminantes no reservatório, tendo sido constatada

também vulnerabilidade do RAP-13, fato que demanda especial atenção em vista dos

vandalismos já ocorridos na área dessa unidade.

O índice de perdas do sistema – cerca de 173 L/(lig.*dia) – é considerado adequado à

realidade do estado. Todavia, foram constatados vazamentos em registros localizados nos

Boosters BST-1 e BST-5, além de demora no atendimento de parte significativa das

reclamações de vazamento de água efetuadas por usuários, sendo recomendável que o

Prestador de Serviços envide esforços no sentido de combater as perdas de água do sistema.

O volume de reservação geral do sistema é superior ao mínimo usualmente praticado.

Verificou-se também que o Prestador está descumprindo os limites estabelecidos pela

Portaria de outorga de captação no Rio Jaguari.

O sistema é dotado de Croqui, Cadastro de rede e plano de emergência e contingência,

importantes instrumentos de gestão e operação. Solicita-se ao prestador o envio à ARSAE-

MG de esclarecimento a respeito das paralisações emergencial e programada realizadas em

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA – OUTUBRO/2016

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outubro de 2015, descrevendo quais foram as medidas de comunicação aos usuários

adotadas e encaminhando documentação comprobatória dessas medidas. Destaca-se ainda

a obrigação do Prestador de Serviços em reparar eventuais danos causados e utilizar sistema

para a identificação de uso atípico, nos termos da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG.

Apesar de estabelecer obrigações para o Prestador de serviços, o contrato de concessão

existente não estabelece metas físicas para os serviços concedidos, sendo recomendada a

pactuação de metas de expansão, qualidade e eficiência dos serviços, nos termos do artigo

11 da lei federal nº 11.445/2007. Ressalta-se ainda a importância do Plano Municipal de

Saneamento Básico (PMSB), instrumento que permite planejar as ações e definir as

prioridades do Município sobre o tema, além de ser pré-requisito para a obtenção de recursos

setoriais. O PMSB foi estabelecido pela Lei nº 11.445/2007, marco regulatório do saneamento

no país, e deve ser atualizado a cada 4 anos.

No capítulo a seguir, são apresentadas as constatações e não-conformidades relativas à

prestação dos serviços de abastecimento de água na sede municipal, seguidas do respectivo

relatório fotográfico.

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA – OUTUBRO/2016 13/22

7. CONSTATAÇÕES E NÃO CONFORMIDADES

CONSTATAÇÕES NÃO CONFORMIDADES

C1: Controle da qualidade da água

A frequência de análises do parâmetro turbidez na rede de distribuição não atende ao mínimo exigido pela Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da saúde.

NC1: O Prestador de Serviços está descumprindo os Artigo 4º, caput e §4°, e 12 do Anexo I da Resolução Normativa ARSAE-MG nº 40, de 2013, Além do Artigo 41 da Portaria 2.914/2011 do Ministério da saúde. Tais artigos se encontram transcritos abaixo:

“Art. 4° O prestador deverá assegurar o suprimento de água potável de forma contínua, garantindo sua disponibilidade durante as vinte e quatro horas do dia.”. (...)

§ 4° O prestador deverá manter controle integral e sistemático da qualidade da água distribuída para consumo humano, em especial o Plano de Segurança da Água, conforme exigências da Portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde.”

“Art. 12 O prestador controlará, de acordo com Portaria n° 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde, a qualidade e a potabilidade da água por ele distribuída para consumo humano com a finalidade de mantê-las nos padrões e níveis estabelecidos. (...)”

Portaria MS 2.914/2011

“Art. 41. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água de sistema e solução

alternativa coletiva de abastecimento de água para consumo humano devem elaborar e

submeter para análise da autoridade municipal de saúde pública, o plano de amostragem

de cada sistema e solução, respeitando os planos mínimos de amostragem expressos

nos Anexos XI, XII, XIII e XIV. (...)

§ 3º Em todas as amostras coletadas para análises microbiológicas, deve ser efetuada

medição de turbidez e de cloro residual livre ou de outro composto residual ativo, caso o

agente desinfetante utilizado não seja o cloro. (...)””

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA – OUTUBRO/2016 14/22

C2: REL 5

O reservatório possuía abertura em sua tampa, permitindo a entrada de água de chuva e contaminantes (Fotos 7 e 8)

NC2: O Prestador de Serviços está descumprindo o Artigo 9º do Anexo I da Resolução Normativa ARSAE-MG nº 40, de 2013, o qual encontra-se transcrito abaixo:

“Art. 9º O prestador deverá manter os reservatórios de distribuição e acumulação

devidamente trancados e as aberturas de ventilação devem impedir a entrada de água

de chuva e de contaminantes.”

C3: RAP 13

A escada do reservatório se estende até próximo ao chão e não há proteção que impeça o acesso de pessoas não autorizadas ao topo do reservatório (Foto 10)

NC3: O Prestador de Serviços está descumprindo o Artigo 8º, §4° do Anexo I da Resolução Normativa ARSAE-MG nº 40, de 2013, o qual encontra-se transcrito abaixo:

“Art. 8° O prestador de serviços executará, de forma constante, a conservação e a

manutenção dos sistemas públicos de abastecimento de água e de esgotamento

sanitário, mantendo-os em condições adequadas de operação, segurança e limpeza,

obedecendo às normas e aos procedimentos técnicos pertinentes. (...)

§ 4° O prestador deverá adotar medidas de segurança e de prevenção de acidentes, bem

como medidas adequadas de proteção no sentido de restringir o acesso de pessoa não

autorizada às unidades operacionais. (...)”

C4: Inspeção dos reservatórios

A frequência de inspeção dos reservatórios não atende à frequência mínima exigida pela Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG

Apesar de constatado descumprimento dos padrões de potabilidade em amostras dos reservatórios RAP-10 e RAP-12 em Agosto/2015, não foi realizada a lavagem dos reservatórios nem recoleta de amostras.

NC4: O Prestador de Serviços está descumprindo o Artigo 10 do Anexo I da Resolução Normativa ARSAE-MG nº 40, de 2013, o qual encontra-se transcrito abaixo:

“Art. 10 O prestador realizará inspeção sanitária e análises específicas nos reservatórios

de distribuição e acumulação, no mínimo a cada 3 (três) meses, para identificar a

necessidade de manutenção e limpeza.

Parágrafo único. Identificada a necessidade, será realizada a limpeza e desinfecção

imediata do reservatório, com registro obrigatório da intervenção.”

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA SEDE MUNICIPAL DE EXTREMA – OUTUBRO/2016

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8. RECOMENDAÇÕES

1 – Tomar providência quanto às constatações mencionadas no capítulo 7 deste relatório a

fim de atender à Resolução Normativa ARSAE-MG n°040/2013.

2 – Adequar a jornada diária de captação no Rio Jaguari ao limite estabelecido na Portaria de

outorga, respeitando os demais parâmetros determinados por esse documento.

3 – Enviar à ARSAE-MG comprovação fotográfica da instalação de conjunto Moto-bomba

reserva no Booster 8.

4 – Envidar esforços no sentido de minimizar as perdas de água do sistema

5 – Enviar à ARSAE-MG esclarecimento a respeito das paralisações emergencial e

programada realizadas em outubro de 2015, descrevendo quais foram as medidas de

comunicação aos usuários adotadas e encaminhando documentação comprobatória dessas

medidas.

6 – Pactuar, junto ao Poder Concedente, metas de expansão, qualidade e eficiência dos

serviços, nos termos do artigo 11 da lei federal 11.445/2007, e encaminhar à ARSAE-MG

cópia do documento que formaliza tal pactuação.

9. AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DA ARSAE-MG

____________________________

Maurício de Faria Soares MASP: 1.255.452-3

____________________________

Fellipe Moreira Silva MASP: 1.371.340-9

Belo Horizonte, Outubro de 2016.

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APÊNDICE A. REGISTROS FOTOGRÁFICOS

Foto 1. Filtros da ETA CDI Foto 2. Vazamento no registro de um

dos filtros da ETA Jaguari

Foto 3. Vazamento no registro de um dos filtros da ETA Jaguari.

Foto 4. Vazamento em registro localizado na área do BST-1

Foto 5. Vazamento em registro localizado na área do BST-5

Foto 6. Booster 8 sem CMB reserva instalado.

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Foto 7. Reservatório elevado 5 Foto 8. Buraco na tampa do REL-5 (C2)

Foto 9. RAP-13. O portão da unidade foi arrancado e foram cavados drenos no interior da cerca.

Foto 10. Destaque para a escada do RAP-13 que se estende até próximo ao chão. (C3)

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ANEXO I. Croquis do Sistema de Abastecimento de água

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ANEXO II. Descrição técnica do SAA

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