serra circular

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE FORMAS NA OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR DEISE DELFINO NUNES ROSILDA MARIA DE SOUZA CRICIÚMA, ABRIL 2007

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE

FORMAS NA OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR

DEISE DELFINO NUNES

ROSILDA MARIA DE SOUZA

CRICIÚMA, ABRIL 2007

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DEISE DELFINO NUNES

ROSILDA MARIA DE SOUZA

ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE

FORMAS NA OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR

Monografia apresentada como requisito final à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, à Universidade do Extremo Sul Catarinense, Curso de Pós-Graduação (lato sensu) em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientadora: Prof. Vera Lúcia Duarte do Valle Pereira, Dra. Co-Orientadora: Prof. Simone T. F. Lopes da Costa, M.Sc.

CRICIÚMA, ABRIL 2007

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TERMO DE APROVAÇÃO

DEISE DELFINO NUNES

ROSILDA MARIA DE SOUZA

ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE FORMAS NA

OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR

Monografia apresentada como requisito final à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, à Universidade do Extremo Sul Catarinense.

__________________________________

Prof. Vera Lúcia D. do Valle Pereira, Dra.

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

__________________________________

Prof. Vera Lúcia D. do Valle Pereira, Dra.

Orientadora

__________________________________

Prof. Simone T. F. Lopes da Costa, M.Sc.

Co-Orientadora

_______________________________________ Prof. Marcelo Fontanella Webster, M.Sc.

CRICIÚMA, ABRIL 2007

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3

SUMÁRIO LISTA DE TABELAS..........................................................................................................6 LISTA DE FIGURAS ..........................................................................................................7 LISTA DE SIGLAS..............................................................................................................8 RESUMO..............................................................................................................................9 ABSTRACT........................................................................................................................10 CAPÍTULO I......................................................................................................................11 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................11

1.1 Problemática .............................................................................................................12 1.2 Objetivos ...................................................................................................................12

1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................12 1.2.2 Objetivo Específico.............................................................................................12

1.3 Justificativa...............................................................................................................13 1.4 Metodologia ..............................................................................................................14

1.4.1 Base Filosófica ...................................................................................................14 1.4.2 Método de Pesquisa ............................................................................................14 1.4.3 Caracterização da Pesquisa .................................................................................15

1.4.3.1 Natureza da Pesquisa ............................................................................15 1.4.3.2 Caráter da Pesquisa...............................................................................15 1.4.3.3 Profundidade da Pesquisa .....................................................................16 1.4.3.4 Técnicas da Pesquisa ............................................................................16

1.5 Relevância à Engenharia de Segurança do Trabalho .............................................17 1.6 Limitações .................................................................................................................17 1.7 Estrutura do Trabalho .............................................................................................17

CAPÍTULO II ....................................................................................................................19 2 CONSTRUÇÃO CIVIL ..................................................................................................19

2.1 Característica do setor..............................................................................................19 2.1.1 Desenvolvimento tecnológico da construção civil no Brasil ................................21

2.2 Normatização técnica e certificação de conformidade ............................................23 2.3 Segurança na construção civil ..................................................................................24

2.3.1 Conceitos básicos................................................................................................26 2.3.1.1 Acidente e Quase-acidentes ..................................................................26 2.3.1.2 Condições inseguras e atos inseguros....................................................26 2.3.1.3 Perigo e risco........................................................................................27

2.3.2 Normatização em Segurança e Saúde na Indústria da Construção........................29 2.3.2.1 Norma Regulamentadora No 4 (SESMT) ..............................................30 2.3.2.2 Norma Regulamentadora No 5 (CIPA)..................................................31 2.3.2.3 Norma Regulamentadora No7 (PCMSO)...............................................31 2.3.2.4 Norma Regulamentadora No 9 (PPRA) .................................................32 2.3.2.5 Norma Regulamentadora No 18 (PCMAT) ...........................................32

2.3.3 Estatística do setor da Construção Civil para o estado de Santa Catarina .............33 2.3.4 Por que investir em segurança (custos e responsabilidade social)?.......................38 2.3.5 Ações em segurança e saúde no trabalho na indústria da construção civil ............39

2.4 Sistema de Formas....................................................................................................41 2.4.1 Definições...........................................................................................................41 2.4.2 Características.....................................................................................................42 2.4.3 Classificação dos sistemas de formas para concreto ............................................43

2.4.3.1 Formas para elementos verticais ...........................................................43 2.4.3.2 Formas para elementos horizontais .......................................................46

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4

2.4.4 Execução de formas na operação com serra circular............................................47 2.4.4.1 Descrição do Processo de Execução de Formas ....................................47 2.4.4.2 Procedimento de segurança a ser realizado ...........................................48 2.4.4.3 Preparação do Material .........................................................................49 2.4.4.4 Elaboração das Formas .........................................................................49 2.4.4.5 Remoção das Formas............................................................................49 2.4.4.6 Retiradas de Escoras.............................................................................50

2.4.5 Analise dos Riscos dos Serviços de Execução de Formas com Serra Circular......50 2.4.6 Riscos na operação da Serra Circular ..................................................................50 2.4.7 Causas dos riscos na operação da Serra Circular .................................................51 2.4.8 Medidas Preventivas ...........................................................................................51

2.5 Análise de Riscos.......................................................................................................52 2.5.1 Principais técnicas de análise de riscos................................................................52

2.5.1.1 Objetivos das Técnicas de Análise de Riscos ........................................53 2.5.1.2 Aplicação das técnicas de análise de riscos ...........................................54

2.5.2 Técnicas de identificação de perigos ...................................................................54 2.5.2.1 What-if .................................................................................................54 2.5.2.2 Check-list .............................................................................................55

2.5.3 Técnicas de Análise de Riscos ............................................................................55 2.5.3.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) - Preliminary Hazard Analysis (PHA) Também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP)...................55 2.5.3.2 Análise de Operabilidade de Perigos - Hazard and Operability Studies (HAZOP) .........................................................................................................57 2.5.3.3 Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) - Failure Modes and Effects Analysis (FMEA).................................................................................59

2.5.4 Técnicas Avaliação de Riscos .............................................................................62 2.5.4.1 Análise de Árvore de Falhas (AAF) - Fault Tree Analysis (FTA) .........62

CAPÍTULO III...................................................................................................................69 3 ESTUDO DE CASO........................................................................................................69

3.1 Estudo de Caso..........................................................................................................69 3.2 Histórico da Empresa ...............................................................................................71 3.3 Procedimentos Metodológicos ..................................................................................71 3.4 Fluxograma de Execução de Formas .......................................................................72 3.5 Método ......................................................................................................................73

3.5.1 Metodologia de implantação das Técnicas APR e AMFE....................................73 3.6 Serra circular na execução de formas......................................................................74 3.7 Identificação de riscos na serra circular a serem observados in loco .....................74

3.7.1 Retrocesso da madeira ........................................................................................74 3.7.2 Dentes ou videas quebrados ou trincados .........................................................75 3.7.3 Desequilíbrio da Madeira decorrente da própria operação da serra ...................75 3.7.4 Contato acidental das mãos com os dentes da Serra, caso não possua coifa

protetora ..........................................................................................................76 3.7.5 Contato acidental com o disco da serra, no final da operação de serragem, caso

não possua coifa protetora e empurrador ..........................................................76 3.7.6 Contato com o disco da serra na parte inferior (abaixo) da bancada, falta de

proteção nas laterais .........................................................................................77 3.7.7 Falta de organização no canteiro de obras ...........................................................78 3.7.8 Coletor de serragem e suportes de apoio..............................................................78

3.8 Etapas para aplicação da APR.................................................................................79

Page 6: Serra circular

5

3.9 Aplicação da APR.....................................................................................................80 3.10 Etapas para Aplicação da AMFE...........................................................................81 3.11 Aplicação da AMFE ...............................................................................................81

3.11.1 Abordagem sistêmica........................................................................................82 3.11.2 Componentes da serra circular ..........................................................................83

CAPÍTULO IV...................................................................................................................86 4 Resultados obtidos...........................................................................................................86

4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) ........................................................................86 4.2 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) .......................................................90

CAPÍTULO V.....................................................................................................................94 5 Conclusões e Recomendações para futuros trabalhos ...................................................94

5.1 Conclusões.................................................................................................................94 5.2 A Importância da Engenharia de Segurança do Trabalho .....................................96 5.3 Recomendações para Futuros Trabalhos ................................................................97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................98

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6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002............ .................................34 Tabela 2 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003..............................................35 Tabela 3 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004..............................................36 Tabela 4 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002 – Edificações diversas.........37 Tabela 5 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003 – Edificações diversas.........37 Tabela 6 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004 – Edificações diversas.........37 Tabela 7 - Modelo de ficha para Análise Preliminar de Riscos................................................56 Tabela 8 - Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR.......................................57 Tabela 9 - Palavras-guia do estudo HAZOP e respectivos desvios..........................................58 Tabela 10 - Modelo de relatório para um estudo HAZOP........................................................59 Tabela 11 - Modelo de Aplicação de uma AMFE....................................................................60 Tabela 12 - Modelo de formulário para AMFE........................................................................62 Tabela 13 - Álgebra booleana e simbologia usada na árvore de falhas....................................66 Tabela 14 - Relacionamento e leis representativas da Álgebra de Boole................................67 Tabela 15 – Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR (adaptada)..................79 Tabela 16 – Grupo de Trabalho................................................................................................80 Tabela 17 - Formulário para AMFE.........................................................................................81 Tabela 18: Análise preliminar de risco do subsistema empilhamento de madeira...................87 Tabela 19: Análise preliminar de risco do subsistema madeira isenta de pregos.....................87 Tabela 20: Análise preliminar de risco do subsistema transporte da madeira a serra.............. 88 Tabela 21: Análise preliminar de risco do subsistema colocação da madeira........................ 88 Tabela 22: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro.......................89 Tabela 23 Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro........................89 Tabela 24: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro.......................90 Tabela 25: Análise de modos de falha e efeitos do disco.........................................................91 Tabela 26: Análise de modos de falha e efeitos da coifa protetora...........................................91 Tabela 27: Análise de modos de falha e efeitos do cutelo divisor............................................92 Tabela 28: Análise de modos de falha e efeitos dos empurradores..........................................92 Tabela 29: Análise de modos de falha e efeitos da chave liga/desliga.....................................93 Tabela 30: Análise de modos de falha e efeitos do aterramento...............................................93

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7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura fundamental de uma AMFE.....................................................................63 Figura 2 - Simbologia lógica de uma árvore de falha...............................................................65 Figura 3 - Esquema de uma árvore de falhas............................................................................68 Figura 4 - Quadro de áreas do Residencial Jardim di Ébanos...................................................70 Figura 5 - Fluxograma do processo de Execução de Formas....................................................72 Figura 6 - Etapa para implantação APR e AMFE.....................................................................73 Figura 7 - Tábua de pinus com nós e rachaduras......................................................................74 Figura 8 - Serra com dentes ou videas quebrados ou trincados................................................75 Figura 9 - Desequilíbrio da madeira.........................................................................................75 Figura 10 - Contato acidental das mãos com os dentes da Serra .............................................76 Figura 11-Contato acidental com o disco da serra caso não possua coifa protetora ou empurrador................................................................................................................................77 Figura 12 - Contato com o disco da serra na parte inferior da bancada sem proteção nas laterais.......................................................................................................................................77 Figura 13 - Falta de organização e limpeza no canteiro de obras .....................................................78 Figura 14 - Coletor de serragem e suportes de apoio................................................................79 Figura 15 - Processo da Serra circular..................................................................................... 83 Figura 16 - Disco da serra circular............................................................................................83 Figura 17 - Coifa protetora........................................................................................................84 Figura 18 - Cutelo divisor ou Lâmina reparadora.....................................................................84 Figura 19 – Empurradores.........................................................................................................85

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8

LISTA DE SIGLAS

AAF - Análise de Árvores de Falhas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AIDS - - Acquirite Imuno-Deficience Syndrom (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida-SIDA) AMFE - Análise dos Modos de Falhas e Efeitos APP - Análise Preliminar de Perigos APR - Análise Preliminar de Riscos Check List - Lista de Verificações CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial DRT - Delegacia Regional do Trabalho DSST - Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho EPC - Equipamento de proteção coletiva EPI - Equipamento de proteção individual FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço-- FMEA - Failure Modes and Effects Analysis FMECA - Failure Modes and Criticality Analysis FTA - Fault Tree Analysis FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho HAZOP- Hazard and Operability Studies INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ITQC - Instituto de Tecnologia da Qualidade na Construção NB - Norma Brasileira NR - Norma Regulamentadora MET - Ministérios do Trabalho e Emprego OIT - Organização Internacional do Trabalho OMC - Organização Mundial do Comércio PBQPH - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil PCMSO - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PHA - Preliminary Hazard Analysis PIB - Produto Interno Bruto PIB PNRAFT - Programa Nacional de Redução de Acidentes Fatais do Trabalho PPA - Plano Plurianual PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho SST - Segurança e Saúde no Trabalho SST WHAT IF - O que - se

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9

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade identificar os riscos na atividade de execução de formas com utilização da serra circular e propor medidas de segurança, através de análises de Análise Preliminar de Riscos (APR) e Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE). A relevância deste segmento implica na necessidade de prevenção de acidentes na operação com serra circular objetivando minimizar os riscos relacionados a segurança e a saúde do trabalhador. A partir da compreensão desses conceitos as autoras apresentam estudo de caso na operação com serra circular da construção civil com o objetivo de evidenciar a importância desta pesquisa.

Palavras-chave: Análise de riscos. Serra circular. Segurança.

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10

ABSTRACT

The purpose of this work, is to identify in the concrete forms execution, the risks

involved in the use of circular saw, also, it is proposed, by using Preliminary Risk Analysis

(PRA) and (FMEA) Failure Modes and Effect Analysis. In order to assure safety and health to

the worker in the civil construction segment it is of paramount need to develop means for

circular saw safer operation. By this study and application of risk analysis to a case study of

circular saw in the civil construction sector the authors hope to make come it practices

contribution.

Word-key: Risks Analysis. Circular Saw Machine. Safety.

Page 12: Serra circular

11

CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

No contexto atual, a construção civil é um dos setores que apresenta considerável

crescimento e importância, sendo assim, discute-se muito e com elevado interesse, o

investimento em segurança.

Em função disto abordar-se-á neste trabalho o seguinte tema: Análise de riscos

nas atividades de execução de formas utilizando serra circular. O interesse pelo tema busca

apresentar diretrizes básicas, visando à melhoria continua da segurança do trabalho nesta

atividade. Com o intuito de contribuir para a evolução do setor, a partir da busca pelas

melhores práticas, com a redução dos riscos de acidentes e um melhor desempenho das

equipes e profissionais da construção civil.

Tendo como objetivo, analisar os riscos à segurança do trabalhador nos serviços

executados, para tal tornar-se-á necessário levantar os riscos de cada tipo de serviço

executado no canteiro de obras. Neste, levantar-se-á os riscos na atividade de execução de

formas, mais precisamente, na utilização da serra circular .

Os riscos serão levantados nos serviços executados no Canteiro de Obras do

Residencial Jardim di Ébanos, no qual consta de onze casas geminadas, com área de

983,08m², localizada em Criciúma – SC.

Através de análise prática vivenciada diariamente no canteiro de obras, pretende-

se analisar o procedimento de execução de formas, utilizando serra circular, levantar os riscos

inerentes neste serviço.

Após abordagem no canteiro de obras e diagnóstico dos riscos decorrentes do uso

da serra circular, analisar-se-á as aplicações práticas utilizadas no canteiro de obras para

combater os riscos existentes, verificando também a eficácia das ações.

Para realização destas análises utilizou-se de conhecimentos e experiência como

profissionais atuando na área de Engenheira Civil .

Page 13: Serra circular

12

1.1 Problemática

Ainda hoje somos desafiados a evitar acidentes todos os dias. Nos canteiros de

obras há riscos a serem neutralizados e controlados. A ênfase neste trabalho será voltada para

os serviços de execução de formas utilizando serra circular, em função disso definimos a

seguinte problemática:

Quais são os riscos de acidentes de trabalho nos serviços de execução de formas

com a utilização da serra circular?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar os riscos de acidentes nos serviços de execução de formas com

utilização serra circular.

1.2.2 Objetivo Específico

Tem-se como objetivo específico:

- Realizar uma revisão bibliográfica com o intuito de estabelecer conceitos,

conhecer a legislação e as normas de segurança relativas aos riscos na

atividade;

- Observar e descrever as atividades dos trabalhadores envolvidos na atividade

de execução de formas;

Page 14: Serra circular

13

- Utilizar as técnicas de análise de risco para identificar os riscos de maior

incidência.

1.3 Justificativa

Devido à existência dos riscos dentro dos procedimentos dos serviços executados

na construção civil, há a necessidade de identificá-los e criar condições e procedimentos que

aliem segurança do trabalhador e qualidade da obra.

Observando-se a necessidade de analisar os riscos aos trabalhadores envolvidos na

atividade de execução de formas e tendo como premissa que a Engenharia de Segurança do

Trabalho atua na prevenção de acidentes é que se optou por fazer o presente trabalho. Além

de haver preocupação da empresa quanto ao aspecto de oferecer serviços com qualidade e

segurança aos seus empregados.

Propor-se-á nesta monografia, um estudo sobre os riscos inerentes ao trabalho na

atividade de execução de formas, bem como a apresentação e pesquisa de técnicas de análise

de riscos, enfatizando as técnicas Análise Preliminar de Riscos (APR) e Análise dos Modos

de Falha e Efeitos (AMFE). Estas ferramentas serão especificamente utilizadas no estudo de

caso com serra circular.

O estudo das técnicas de análise de riscos se faz necessário porque permite avaliar

detalhadamente um objeto com a finalidade de identificar perigo e avaliar os riscos

associados. O objeto pode ser tanto organização como a área, sistema, processo, atividade ou

operação.

Embora não tenha ocorrido nenhum acidente no canteiro de obras, tem-se a

informação da ocorrência de acidentes em outras obras do setor. Diante disto, considerou-se

importante contribuir nesta área de segurança associando os perigos agregados a serra circular

com as técnicas de análise de riscos de maneira a preveni-los antes que ocorram.

Page 15: Serra circular

14

1.4 Metodologia

1.4.1 Base Filosófica

Segundo Pacheco Jr e Pereira (2003), o estruturalismo busca estudar o processo

em que as variáveis estão envolvidas e, desse modo, maior importância se dá ao

conhecimento do próprio processo, em detrimento da relação entre variáveis. Para Triviños

(1987), a estrutura é própria de todos os fenômenos, coisas, objetos e sistemas que existem

na realidade. E uma forma interior que caracteriza a existência do objeto. Ela preserva a

unidade que peculiariza a coisa através das conexões estáveis que se estabeleceu entre os

diferentes elementos que a constituem.

1.4.2 Método de Pesquisa

Os métodos utilizados nesta pesquisa foram o dedutivo que, partindo das teorias e

leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares e o descritivo, pois

parte de observações de como são executados os serviços na atividade de execução de formas

com subseqüente descrição o que possibilita conclusões finais sobre o objeto de pesquisa.

O método dedutivo, de acordo com Pacheco Jr e Pereira (2003), é o método que

parte do geral e, a seguir, desce ao particular e com o objetivo de explicar o conteúdo das

premissas de pesquisa.

Segundo Pacheco Jr e Pereira (2003), método descritivo é o processo de raciocínio

em que se parte da premissa de que os fenômenos para serem compreendidos em suas

especificidades devem ser objeto de observação [...].

Page 16: Serra circular

15

1.4.3 Caracterização da Pesquisa

Serão considerados três aspectos:

- Natureza;

- Caráter;

- Profundidade;

- Técnicas da Pesquisa

1.4.3.1 Natureza da Pesquisa

A abordagem qualitativa foi selecionada como método de pesquisa, tendo em

vista que o estudo tem natureza exploratório-interpretativa, visando a captar através do estudo

de caso dados primários (observações sobre risco com atividade de serra circular) e

secundários (bibliografia), os índices oficiais de ocorrência de acidentes.

1.4.3.2 Caráter da Pesquisa

Conforme Malhotra (2001, p.155), “pesquisa qualitativa é a metodologia de

pesquisa não-estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras que proporciona

insights e compreensão do contexto do problema”.

Segundo Pacheco Junior, W e Pereira, V. L. D. V.(2003), a pesquisa caracteriza-

se por ser exploratória, quando não se conhece muito bem sobre o tema ou fenômeno objeto

de pesquisa e, desse modo buscam-se informações e relações entre os elementos em estudo,

possibilitando obter-se um maior conhecimento.

De acordo com Triviños (1987), são os estudos exploratórios que permitem ao

investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema.

Page 17: Serra circular

16

1.4.3.3 Profundidade da Pesquisa

O estudo de caso é uma das formas de fazer pesquisa em estudos organizacionais

e gerenciais contribuindo com a essência do tema para aumentar o conhecimento científico

sobre o assunto e relacionar as melhorias e resultados operacionais e estratégicos das

empresas em estudo. Para Yin (2001) “um estudo de caso é uma investigação empírica que

investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto de vida real, especialmente

quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. O estudo de

caso representa uma maneira de se investigar um tópico empírico, através de procedimentos

específicos.

Segundo Triviños (1987), o estudo de caso tem por objetivo aprofundar a

descrição de determinada realidade. No estudo de caso, os resultados são válidos só para o

caso que se estuda, mas fornece o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada

que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de

outras pesquisas.

Para o desenvolvimento do trabalho, inicialmente, proceder-se-á a seleção de

bibliografia de referência para o necessário embasamento teórico dos principais conceitos

relacionados ao tema do trabalho. Após, realizar-se-á uma pesquisa qualitativa baseado em

estudo de caso em uma empresa da construção civil, Construtora Nunes.

1.4.3.4 Técnicas da Pesquisa

As técnicas utilizadas serão:

a) Levantamento bibliográfico de informações disponíveis sobre construção civil;

b) Levantamento técnico-documental e bibliográfico sobre análise de riscos, técnicas

aplicáveis, dados construtivos e especificações técnicas de serra circular; e,

c) Aplicação prática das técnicas de análise de risco APR e AMFE em uma empresa da

construção civil da cidade de Criciúma/SC (estudo de caso).

Page 18: Serra circular

17

1.5 Relevância à Engenharia de Segurança do Trabalho

A relevância deste trabalho se dá:

- Como referência a novos trabalhos sobre análise de riscos nas atividades de execução

de formas;

- Na prevenção de acidentes na operação com serra circular;

- Este estudo pode servir como diretriz para que outras empresas possam fazer

programas para evitar acidentes de trabalho no serviço analisado.

1.6 Limitações

Este trabalho limitou-se à aplicação de análise de riscos e técnicas existentes da

APR e AMFE no estudo de caso. O objeto desta pesquisa será realizado no Residencial

Jardim di Ébanos, obra da Construtora Nunes – localizada em Criciúma- SC.

1.7 Estrutura do Trabalho

Objetivando situar o leitor nas partes que compõem essa monografia, será

apresentada uma síntese de cada capítulo.

No capítulo I far-se-á uma descrição do que é o trabalho, sua relevância e

limitações.

No capítulo II será feita a revisão bibliográfica, na qual apresentar-se-á uma

exposição sobre Construção Civil, caracterizar a indústria, suas particularidades, uma breve

revisão referente à atividade nos serviços de execução de formas.

No capítulo III far-se-á um histórico da empresa onde será aplicado o estudo de

caso, descrever-se-á como é o serviço de execução de formas, apresentar-se-á em forma de

fluxograma, far-se-á observação do serviço de execução de formas de forma a levantar todos

Page 19: Serra circular

18

os riscos a que o trabalhador está exposto, e por fim do capitulo 3, será apresentado o

fluxograma do serviço mostrando os riscos de cada etapa.

No capítulo IV serão apresentados os resultados das observações sobre análises de

riscos na atividade de execução de formas com serra circular.

No capítulo V far-se-á uma análise dos dados levantados e recomendações para

melhorar a segurança nas atividades de execução de formas.

Page 20: Serra circular

19

CAPÍTULO II

2 CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 Característica do setor

É incontestável a importância da indústria da construção, principalmente nos

grandes centros urbanos, onde os canteiros de obras são presenças constantes, seja nos

grandes e modernos prédios comerciais, nas moradias, pontes, viadutos, estradas etc., uma

atividade que nas últimas décadas, obteve um desenvolvimento bastante acentuado. O

crescimento do setor da construção não atingiu, no entanto, a todos que nele estão envolvidos:

os seus trabalhadores continuam a levar uma vida de poucas oportunidades e conquistas. Com

baixos salários e precárias condições de trabalho, a indústria da construção lidera as

estatísticas de acidentes de trabalho apresentando inúmeras peculiaridades, envolvendo um

elevado número de riscos, razão pela qual são mais difíceis e complexas as medidas

preventivas. Em cada fase da obra, mesmo com a evolução de técnicas construtivas ao longo

dos anos, predominam técnicas artesanais e a interferência de fatores ambientais como chuva,

umidade, calor, frio, velocidades dos ventos, entre outros. A falta de um efetivo

gerenciamento do ambiente de trabalho, do processo produtivo e de orientação aos

trabalhadores, fez com que inúmeros acidentes de trabalho, principalmente os graves e fatais,

tivessem um significativo aumento em relação a outros ramos de atividades. É importante

ressaltar que a reformulação da Norma Regulamentadora (NR) Nº 18, publicada no Diário

Oficial da União em 07 de julho de 1995, se constituía num mecanismo de constantes avanços

na melhoria das condições de trabalho nos canteiros de obras, o que reforça a necessidade de

se implementar ações integradas na indústria da construção (http:// www.habitare.org.br).

Mesmo sendo a Construção Civil o setor da economia responsável pela criação e

manutenção de grande número de empregos diretos e indiretos no Brasil, o descaso com os

trabalhadores continua gerando elevados índices de acidentes de trabalho. Esses elevados

índices se caracterizam devido a uma série de peculiaridades que acabam tornando as medidas

Page 21: Serra circular

20

preventivas para acidentes de trabalho muito complexas. Segundo pesquisas, amplamente

divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a Construção Civil é responsável por

21,55% (FUNDACENTRO, 1981) de todos os acidentes registrados no país. Este elevado

índice deve-se à situação precária, no que diz respeito à higiene, segurança, treinamento e

meio ambiente, que se encontra o setor da Construção Civil.

Essas más condições de higiene e segurança no trabalho existentes nos canteiros

de obra, segundo Saurin (2000, pg. 01), tem sido apontadas com freqüência como um dos

símbolos do atraso tecnológico e gerencial que caracteriza a indústria da construção. Por outro

lado, nos últimos anos tem se observado no país um grande esforço no sentido de modernizar

este setor industrial, principalmente motivado pelo aumento da competição e pelo crescente

grau de exigência de qualidade por parte dos consumidores e produtividade por parte dos

empreendedores.

Os empregados da indústria da construção civil apresentam instabilidade

empregatícia; em épocas de crescimento do setor, são recrutados da zona rural ou de estados

mais pobres sem nenhum treinamento específico e, portanto, sem qualificação profissional

(BARROS JÚNIOR et al., 1990). A baixa qualificação, a elevada rotatividade e o reduzido

investimento por parte das empresas em treinamento e desenvolvimento costumam ser algo

característico dessa indústria (ANDRADE E BASTOS, 1999).

A modernização da indústria da construção civil, com ênfase na gestão da

produção, levou a exigência de maior produtividade e qualidade do produto, fazendo as

empresas passar a se preocupar com os operários, no sentido de treiná-los, capacitá-los e fazê-

los criar vínculos de fidelidade com as mesmas (CORDEIRO e MACHADO, 2002). Os

índices vêm diminuindo com as contribuições da NR18 e das ações desenvolvidas pelos

Comitês Permanentes Regionais sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria

da Construção (CADERNO..., 2003).

Tendo-se, no Brasil, uma grande massa de trabalhadores em situação de

informalidade das relações contratuais, a tendência é elevar-se a subnotificação acidentária, já

importante no país (RIGOTTO, 1998). Essa situação, acrescida do fato de que a população ser

formada ainda por uma grande parcela de pessoas desconhecedoras de seus direitos, faz com

que os trabalhadores acabem admitindo a culpa pelos acidentes de trabalho, não chegando a

procurar atendimento à saúde ou, quando o fazem, omitem o seu problema de saúde como

sendo relacionado ao trabalho.

Page 22: Serra circular

21

Perante todas estas situações resulta um numeroso conjunto de riscos objetivos e

bastante elevados, que transformam este setor num dos setores de atividade com maiores

probabilidades de ocorrência de acidentes de trabalho, associados à forte precariedade,

rotatividade e prática de subcontratação.

2.1.1 Desenvolvimento tecnológico da construção civil no Brasil

Diante de um país com grande déficit habitacional, a incorporação de meios e

técnicas construtivas voltadas para racionalização, diminuição dos custos e melhoria da

qualidade de uma habitação, são de extrema importância no sentido de sanar, ou, pelo menos

diminuir este déficit. A partir do final da década de 1980, uma nova realidade sócio-

econômica caracteriza a sociedade e a economia mundial. Em meados da década de 1990 é

promulgado o código de defesa do consumir e o governo federal desenvolve políticas mais

efetivas visando à estabilidade econômica. Este quadro político, social e a crise econômica

reduzem significativamente o mercado consumidor. Este fato promove acirrada concorrência

entre as empresas, que passam a investir em eficiência na utilização dos seus recursos e na

qualidade de seus produtos (THOMAZ, 2001). Além disso, força as empresas a buscarem

alternativas no seu modo de produção, a oferecerem produtos mais acessíveis e melhores e

obriga a repensarem sua forma de produzir, visando sua sobrevivência neste mercado.

As indústrias estão estruturadas por meio de cadeias de dependências, com elos

mais fortes ou fracos, dependendo do grau de desenvolvimento e do patamar tecnológico das

unidades que participam desta cadeia, na qual existe um centro hegemônico de todo processo

político e produtivo.

Este centro domina por completo todas as relações entre as partes que compõem a

estrutura. Se uma unidade se torna obsoleta, em relação ao todo, ela será substituída por outra

mais adequada e, provavelmente, desaparecerá do mercado.

Enquanto que nos setores industrializados em geral o poder de decisão está

concentrado na indústria polarizadora, na construção civil ele está pulverizado em vários

segmentos que participam da macro-estrutura produtiva. Esta gama de agentes com interesses

diversos e diferentes graus de desenvolvimento tecnológico, interfere de forma decisiva no

Page 23: Serra circular

22

produto final do setor (MARTUCCI, 1990), como também, no seu ritmo de modernização

tecnológica, fazendo com que este se dê de forma lenta em relação a outros segmentos

industriais.

A passagem da construção civil do estágio de processo artesanal para o de

indústria de montagem, adquire contornos irreversíveis, apesar das resistências que ainda

sobrevivem. Certas posturas e vícios de comportamento ainda estão por mudar, paralelamente

ao que se refere ao conhecido tripé tecnologia/qualidade/produtividade.

Sinal dos tempos, sete anos atrás se fundava o Instituto de Tecnologia da

Qualidade na Construção (ITQC), mesma época em que um grande número de empresas

brasileiras começou a desaparecer - umas foram incorporadas, outras simplesmente deixaram

de existir, porque não souberam se renovar em tempo hábil. E antes ainda, o Instituto de

Engenharia, se adiantando, já havia deflagrado a discussão em torno do problema, "A criação

do ITQC foi uma das conseqüências da preocupação dos diversos segmentos do setor da

construção civil com sua sobrevivência, lembra o vice-presidente do órgão, profº Vahan

Agopian. “Eles se juntaram e criaram o ITQC, que é apenas um aglomerador, incentivador da

evolução da tecnologia e da qualidade “. O Instituto não executa, apenas levanta o problema,

articula e, principalmente em projetos de âmbito nacional em que trabalham várias

instituições, o ITQC atua como canalizador e integrador de informações, viabilizando

trabalhos e estudos".

Para o professor Vahan, "há muito a ser feito ainda no Brasil pela melhora da

construção civil, uma indústria atípica no mundo inteiro, o que não quer dizer que nossa

indústria seja pior do que a americana, japonesa, ou australiana. Ela é diferente".

Ele concorda que, "quando se fala em qualidade, não existe esse fator isolado, mas

todos os elos da cadeia ficam envolvidos: o material, a execução, a manutenção, a fiscalização

e assim por diante. A construtora tem de interagir com a empreiteira, quando uma construtora

implanta qualidade, ela acaba incentivando toda a corrente produtiva".

É importante ressaltar que a indústria da construção civil está inserida num mundo

interdependente, sofrendo conseqüências de ações que não estão diretamente associados às

decisões tomadas por ela. Por muitos anos, a construção civil ficou adormecida e o mercado

de trabalho sem perspectiva de melhora. Existe, no momento, a confiança de um novo tempo

com perspectivas positivas de desenvolvimento e crescimento. O papel desta indústria está

associado às melhorias da qualidade de vida das pessoas e isto faz com que este papel seja

Page 24: Serra circular

23

mutável, pois as necessidades humanas são ilimitadas e a inovação tecnológica é uma fonte

renovadora deste movimento (REVISTA ENGENHARIA,1999).

2.2 Normatização técnica e certificação de conformidade

As normas técnicas são um processo de simplificação, pois reduzem a crescente

variedade de procedimentos e produtos. Assim, elas eliminam o desperdício, o retrabalho e

facilitam a troca de informações entre fornecedor e consumidor ou entre clientes internos.

Outra finalidade importante de uma norma técnica é a proteção ao consumidor, especificando

critérios e requisitos que aferem o desempenho do produto/serviço, protegendo assim também

a vida e a saúde.

A normatização e os procedimentos de avaliação da conformidade (em particular

a certificação) são instrumentos que têm se mostrado úteis e extremamente eficientes para

lidar com a questão da segurança numa grande variedade de atividades humanas. Tem-se

como exemplo de sucesso, o processo de normatização estabelecido pela construção civil nos

últimos 15 anos.

Como instrumento, as normas técnicas contribuem em quatro aspectos:

Qualidade: fixando padrões que levam em conta as necessidades e desejos dos usuários;

Produtividade: padronizando produtos, processos e procedimentos;

Tecnologia: consolidando, difundindo e estabelecendo parâmetros consensuais entre

produtores, consumidores e especialistas, colocando os resultados à disposição da sociedade;

Marketing: regulando de forma equilibrada as relações de compra e venda.

O Comitê Brasileiro é responsável pela elaboração das normas técnicas de

componentes, elementos, produtos ou serviços, utilizados na construção civil, abrangendo

seus aspectos referentes ao planejamento, projeto, execução, métodos de ensaio,

armazenamento, transporte, operação, uso e manutenção, e necessidades do usuário,

subdivididas setorialmente.

Além de ser uma meta da empresa, a segurança também é uma obrigação legal,

cabendo ao empregador cumprir a legislação vigente. As Normas Regulamentadoras (NR) no

Page 25: Serra circular

24

Brasil são normas genéricas que estabelecem os requisitos aos quais todas as indústrias devem

atender, existindo, porém, normas específicas para alguns setores, como é o caso da indústria

da construção.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) se insere no Sistema

Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (SINMETRO). A ABNT é o

organismo reconhecido pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial (CONMETRO) como o fórum único de normatização no Brasil cuja norma pode

não só ser usada para a defesa do mercado nacional, como também para facilitar o acesso da

empresa brasileira ao mercado internacional.

Geralmente, costuma-se confundir norma com regulamento técnico. A norma é

muito importante, mas costuma ser mencionada apenas após o problema ter ocorrido. Existe

cerca de 34 autoridades federais que podem estabelecer regulamentos técnicos, mas só o

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO)

regulamenta sobre matérias que não estejam incluídas na relação subordinada a essas 34

autoridades federais. Pelo Acordo de Barreiras Técnicas da Organização Mundial do

Comércio (OMC), só podem ser estabelecidos requisitos num regulamento técnico se estes

estiverem de acordo com a norma mundial.

2.3 Segurança na construção civil

Tendo como meta, atingir a melhor qualidade de um processo ou de um produto, é

extremamente necessário um ambiente de trabalho em condições adequadas para o

profissional direcionar toda a sua potencialidade no que está sendo executado. Por esta razão,

Segurança do Trabalho e Qualidade são sinônimos, mas não basta apenas se deter na

qualidade de material empregado e no produto final obtido, deve-se levar em conta também à

qualidade da segurança e da saúde ocupacional dos trabalhadores direta e indiretamente

envolvidos no processo. A falta de um projeto que gerencie a saúde e segurança compromete

a produtividade, a qualidade, os custos, os prazos de entrega, a confiança dos clientes e o

próprio ambiente de trabalho. O gerenciamento da segurança pode levar ao mesmo caminho

da garantia da qualidade. Segurança na construção é um padrão de qualidade que pode ser

determinado no contrato e requerido pelos clientes.

Page 26: Serra circular

25

Segurança do Trabalho passa a ter importância fundamental para a consecução

dos mais altos índices de qualidade e produtividade. Muitas empresas têm a segurança e a

saúde do trabalhador como estratégia competitiva, buscando diretamente a satisfação dos

trabalhadores, ao mesmo tempo em que priorizam a educação, o treinamento e a motivação

(CARVALHO,1995).

Os métodos de prevenção de acidentes são tão importantes quanto aos métodos

requeridos para o controle da qualidade. Entendemos que os mesmos fatores que ocasionam

acidentes no trabalho podem causar as perdas na produção, bem como problemas de

qualidade e custo. Para evitar e prevenir os acidentes é necessário informar adequadamente o

trabalhador sobre todos os riscos e cuidados. Uma empresa que busca reduzir as chances de

ocorrência de acidentes e diminuir as suas conseqüências deve atentar para três elementos

fundamentais: prevenção de riscos, informação e treinamento dos trabalhadores. Para isto, a

empresa deve elaborar e colocar em prática um Programa de Segurança e Saúde, obedecendo,

rigorosamente, as Normas de Segurança do Trabalho, principalmente, a Norma

Regulamentadora nº 18: “Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção”.

Segundo Lo (1996), num estudo em que analisa a segurança no setor da

construção civil em Hong Kong, a incorporação de elementos de segurança e auditoria de

segurança, na implementação do sistema de gerenciamento da qualidade, através da ISO

9000, tem demonstrado ser uma ferramenta de sucesso na melhoria da segurança ocupacional.

Este ainda realça a identificação de problemas e tomada de ações corretivas como uma

estratégia efetiva para promover a segurança.

Na construção civil, existe uma multiplicidade de fatores de riscos que predispõe

o operário ao acidente, tais como instalações provisórias inadequadas, jornadas de trabalho

prolongadas, a negligencia quanto ao uso ou uso de maneira incorreta do equipamento de

proteção individual (EPI) e a falta do equipamento de proteção coletiva (EPC), outros fatores

que também devem ser considerados são os fatores sócio-econômico, alimentação, formação e

conscientização da mão-de-obra.

Todos esses fatores estão inter-relacionados com a segurança do trabalho e

contribuem para que se tenha um grande número de acidentes de trabalho. Segundo

estatísticas oficiais, publicadas no ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO/00, em 1999

foram registrados 424,137 acidentes de trabalho em todo o país, sendo a indústria da

construção civil um dos setores que apresentou uma freqüência maior de acidentes, perdendo

apenas para a indústria extrativa.

Page 27: Serra circular

26

2.3.1 Conceitos básicos

2.3.1.1 Acidente e Quase-acidentes

Muitas são as definições de acidente, e variam segundo o enfoque: legal,

prevencionista, ocupacional, estatístico, previdenciário etc. Uma definição abrangente e

genérica apresenta o seguinte enunciado:

“ Acidente é um evento indesejável e inesperado que produz desconforto,

ferimentos, danos, perdas humanas e ou materiais. Um acidente pode mudar totalmente a

rotina e a vida de uma pessoa, modificar sua razão de viver ou colocar em risco seus negócios

e propriedades. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam o acidente não é obra do acaso

e nem da falta de sorte.” (http://bauru.unesp.br/curso_cipa/3_seguranca_do_trabalho/

1_acidentes.htm)

Sob o ponto de vista dos especialistas em Segurança, os acidentes são "causados"

por fatores conhecidos, previsíveis e controláveis. Acidente é uma ocorrência não

programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma

atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais

(http://www.areaseg.com/segpedia/).

O incidente crítico é qualquer evento ou ocorrência que, embora com

potencialidade de provocar danos corporais e/ou materiais graves, não manifesta estes danos.

Ou seja, quase acidente é um evento ou ocorrência inesperada, relacionada a um trabalhador

ou a um equipamento, que por pouco deixou de ser um acidente (http://www.areaseg.com/

segpedia/).

2.3.1.2 Condições inseguras e atos inseguros

Milhares podem ser as causas de um simples acidente, entretanto todas elas

podem ser agrupadas em duas categorias: condições inseguras e atos inseguros. De acordo

com a Norma Brasileira (NB) 18 da ABNT existem vários aspectos que decorrem dessas

Page 28: Serra circular

27

causas. Segundo Piza, (1997), deve-se entender que o acidente sempre ocorre como resultado

da soma de atos e condições inseguras que são oriundos de aspectos psicossociais

denominados fatores pessoais de insegurança.

A condição insegura é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes que

tem como definição as circunstâncias externas de que dependem as pessoas para realizar seu

trabalho que sejam incompatíveis ou contrárias com as normas de segurança e prevenção de

acidentes. Como essas condições estão nos locais de trabalho pode-se deduzir que foram

instaladas por decisão e/ou mau comportamento de pessoas que permitiram o

desenvolvimento de situações de risco àqueles que lá executam suas atividades. Conclui-se,

portanto, que as condições inseguras existentes são, via de regra, geradas por problemas

comportamentais do homem, independente do seu nível hierárquico dentro da empresa. São

exemplos de condições inseguras: instalação elétrica com fios desencapados, máquinas em

estado precário de manutenção, andaime de obras de construção civil feitos com materiais

inadequados.

O Ato Inseguro é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes que,

conforme a escola possui definições diferentes, porém com o mesmo significado. Entendem-

se como ato inseguro todos os procedimentos do homem que contrariem normas de prevenção

de acidentes. As atitudes contrárias aos procedimentos e/ou normas de segurança que o

homem assume podem, ou não, ser deliberadas. Normalmente, quando essas atitudes não são

propositais, o homem deve estar sendo motivado por problemas psicossociais.

Atualmente os termos condição e ato inseguro, em investigações de acidentes, não

são mais utilizados. Os profissionais preferem descrever a condição ou o ato inseguro

cometido, o que facilita, em muito, a análise dos acidentes, ao invés de generalizá-los (PIZA,

1997).

2.3.1.3 Perigo e risco

De Cicco e Fantazzini (1994), define que antes de um estudo específico sobre

riscos e seu gerenciamento, há a necessidade de se definir alguns conceitos básicos, sobre

termos corriqueiramente aceitos. Alberton (1996), compilou os termos básicos mais aceitos

entre os profissionais e estudiosos no assunto.

Page 29: Serra circular

28

Perigo: Expressa uma exposição relativa a um risco que favorece a sua materialização em

danos. Se existe um risco, face às precauções tomadas, o nível de perigo pode ser baixo ou

alto, e ainda, para riscos iguais podem-se ter diferentes tipos de perigo.

Causa: É a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento catastrófico

resultante da materialização de um risco, provocando danos.

Dano: É a severidade da perda tanto humana, material, ambiental ou financeira. É a

conseqüência da falta de controle sobre um determinado risco. O risco (probabilidade) e o

perigo (exposição) podem manter-se inalterados e mesmo assim existir diferença na gravidade

do dano.

Perda: É o prejuízo sofrido por uma organização sem garantia de ressarcimento através de

seguros ou por outros meios.

Perigo é a possibilidade de sofrer perda, dano físico, dano à propriedade, a

equipamento, dano ao meio ambiente, doenças etc. Situação inerente com capacidade de

causar lesões à saúde das pessoas Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo De

Cicco e Fantazzini (1982) perigo expressa uma exposição relativa a um risco, que favorece a

sua materialização em danos. Dano é a severidade da lesão, ou a perda física, funcional ou

econômica, que podem resultar se o controle sobre o risco é perdido.

Risco é uma possibilidade real ou potencial capaz de causar lesão e/ou morte,

danos ou perdas patrimoniais, interrupção de processo de produção ou de afetar a comunidade

ou o meio ambiente. Uma combinação da probabilidade de que ocorra um acontecimento

perigoso com a gravidade de lesões ou danos à saúde da pessoa, causado por este

acontecimento (OIT), (http://www.areaseg.com/segpedia/).

Para De Cicco e Fantazzini (1982), risco é uma ou mais condições de uma

variável, com o potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos

como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em processo, ou

redução da capacidade de desempenho de uma função pré-determinada. Havendo um risco,

persistem as possibilidades de efeitos adversos.

Page 30: Serra circular

29

2.3.2 Normatização em Segurança e Saúde na Indústria da Construção

A segurança do trabalho é uma conquista relativamente recente da sociedade, pois

ela só começou a se desenvolver modernamente, ou como a entendemos hoje, no período

entre as duas grandes guerras mundiais (CRUZ, 1996). Na América do Norte, a legislação

sobre segurança só foi introduzida em 1908, sendo que só a partir dos anos 70 ela se tornou

uma prática comum para todos os integrantes do setor produtivo, já que antes disso ela só era

foco de especialistas, governo e grandes corporações (MARTEL e MOSELHI, 1988).

No Brasil, as leis que começaram a abordar a questão da segurança no trabalho só

surgiram no início dos anos 40. Segundo Lima Jr. (1995), o qual fez um levantamento desta

evolução, o assunto só foi mais bem discutido em 1943 a partir do Capítulo V do Título II da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A primeira grande reformulação deste assunto no

país só ocorreu em 1967, quando se destacou a necessidade de organização das empresas com

a criação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho (SESMT).

O grande salto qualitativo da legislação brasileira em segurança do trabalho

ocorreu em 1978 com a introdução das vinte e oito normas regulamentadoras (NR) do

Ministério do Trabalho.

Ainda que todas as NR sejam aplicáveis à construção, destaca-se entre elas a NR-

18, visto que é a única específica para o setor. Além das NR, a segurança do trabalho na

construção também é abordada em algumas normas da ABNT, tais como a NBR 5410

(Instalações Elétricas de Baixa Tensão) e a NB- 56 (Segurança nos Andaimes).

A primeira modificação da NR-18 se deu em 1983, tornando-a mais ampla. A

última grande reformulação ocorreu em 1995, quando a norma sofreu uma grande evolução

qualitativa, destacando-se principalmente, a sua elaboração no formato tripartite1. Ao caráter

tripartite somou-se a decisão de que todas as exigências fossem aprovadas de forma

consensual, resolvendo-se, através de concessões das partes, eventuais impasses. Este esforço

foi despendido com o objetivo de desenvolver uma legislação democrática e com isto

aumentar a aceitabilidade da norma por todos os envolvidos na sua implantação.

1 O formato tripartite consiste na discussão e aprovação de legislações através de uma bancada composta por três grupos distintos, sendo um deles o mediador (no caso

brasileiros existe a bancada dos empregados, dos empregadores e do governo, sendo este último o mediador). No Brasil, o formato é do tripartismo paritário, ou seja, cada

uma das três bancadas possui exatamente o mesmo número de integrantes.

Page 31: Serra circular

30

Entretanto, apesar da nova NR-18 ter sido elaborada e aprovada através destes

mecanismos, nota-se a sua freqüente falta de cumprimento e a persistência de altos índices de

acidentes de trabalho (COSTELLA, 1999).

A seguir será feita uma descrição das normas existentes em segurança e saúde na

Indústria da Construção Civil. As normas aqui descritas podem ser encontradas no endereço

eletrônico(http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./sms/index.html&conteu

do=./sms/seg.html#sesmt).

2.3.2.1 Norma Regulamentadora No 4 (SESMT)

Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do

Trabalho (SESMT) são mantidos obrigatoriamente, pelas empresas privadas e públicas, os

órgãos públicos da administração direta e indireta e dos Poderes Legislativo e Judiciário, que

possuam empregados registrados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os SESMT

têm a finalidade de promover a saúde e a integridade física do trabalhador no local de

trabalho, sendo que o seu dimensionamento vincula-se a gradação do risco da atividade

principal e ao número total de empregados do estabelecimento constantes na Norma

Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR No4. Os SESMT devem manter

entrosamento permanente com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), dela

valendo-se como agente multiplicador, e devem estudar suas observações e solicitações,

propondo soluções corretivas e preventivas, conforme disposto na Norma Regulamentadora,

NR 5.

A empresa é responsável pelo cumprimento da NR4, devendo assegurar, como um

dos meios para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional dos componentes dos

SESMT.

Page 32: Serra circular

31

2.3.2.2 Norma Regulamentadora No 5 (CIPA)

A CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do

trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho coma a preservação da

vida e a promoção da saúde do trabalhador. A CIPA deve ser composta de representantes do

empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto na Norma

Regulamentadora NR 5.

A CIPA tem como principais atribuições:

- Identificar os riscos do processo do trabalho elaborando um mapa de riscos;

- Elaborar um plano de trabalho com ações preventivas de segurança e saúde

ocupacional;

- Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas

preventivas;

- Verificar os ambientes e condições de trabalho;

- Avaliar o cumprimento das medidas fixadas;

- Colaborar no desenvolvimento do Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional

(PCMSO);

- Participar, anualmente, de Campanhas de Prevenção da Síndrome da

Deficiência Imunológica Adquirida (AIDS), em conjunto com a empresa;

- Promover, anualmente, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do

Trabalho (SIPAT).

2.3.2.3 Norma Regulamentadora No7 (PCMSO)

O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no

campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais

Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho. Considera também,

questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o

instrumento clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho.

Page 33: Serra circular

32

O programa tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos

agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além de

constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos

trabalhadores. Este programa deve ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde

dos trabalhadores.

2.3.2.4 Norma Regulamentadora No 9 (PPRA)

A elaboração e implementação do PPRA é obrigatório para todos os empregados e

instituições que admitam trabalhadores como empregados. Este programa visa à preservação

da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,

avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham

a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos

recursos naturais. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada

estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos

trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes dos riscos e das

necessidades de controle. Considerando-se como riscos ambientais (para elaboração e

entendimento do PPRA), os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes

de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de

exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

2.3.2.5 Norma Regulamentadora No 18 (PCMAT)

O Programa de Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil

(PCMAT) é obrigatório para os estabelecimentos com vinte (20) trabalhadores ou mais,

contemplando nos aspectos dispostos na Norma Regulamentadora (NR18) e outros

dispositivos complementares de segurança. Este programa deve ser elaborado e executado por

profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho.

Page 34: Serra circular

33

Os documentos que integram o PCMAT são:

- Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e

operações;

- Projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas da

execução da obra;

- Especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;

- Cronograma da implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT;

- Lay-out inicial do canteiro de obras;

- Programa educativo de prevenção de acidentes e doenças do trabalho.

O PCMAT deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão regional

do Ministério do Trabalho.

2.3.3 Estatística do setor da Construção Civil para o estado de Santa Catarina

Os dados estatísticos dos acidentes de trabalho relacionados à indústria da

construção civil para o período de 2002 a 2004 no estado de Santa Catarina apresentam-se nas

tabelas 1 a 6. A classificação de atividades de referência é a Classificação Nacional de

Atividades Econômicas (CNAE).

Page 35: Serra circular

34

Tabela 1 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002

Seleções definidas Variável Critério Valor

Ano igual a 2002 Divisão do CNAE igual a 45: Construção UF igual a Santa Catarina

Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores

Classes do CNAE Tx

Mortal

Tx Ac

16a34

Incidência

Inc Ac

Trab

Inc

Incap

Tx

Letal

Inc

Doença

4511:Demolição e Preparação do Terreno 0,00 100,00 12,57 8,38 12,57 0,00 0,00 4512:Perfuração,Fundações Etc para Construção 0,00 72,00 87,87 84,36 84,36 0,00 0,00 4513:Grandes Movimentações de Terra 103,92 45,16 32,22 28,06 33,26 32,26 0,00 4521:Edificações Diversas 34,04 47,10 31,32 28,44 30,49 10,87 0,64 4522:Obras Viárias 0,00 40,28 18,18 16,41 17,42 0,00 0,51 4524:Obras de Urbanização e Paisagismo 0,00 50,00 9,35 9,35 9,35 0,00 0,00 4525:Montagem de Estruturas 597,61 52,17 45,82 41,83 49,80 130,43 1,99 4529:Obras de Outros Tipos 44,15 53,95 33,56 28,70 34,88 13,16 0,00 4532:Construção Distribuição Energia Elétrric 358,69 51,11 80,71 77,12 75,33 44,44 0,00 4533:Construção Redes de Comunicação 41,62 64,62 27,05 22,89 25,39 15,38 0,00 4541:Instalações Elétricas 0,00 55,26 45,77 38,55 46,98 0,00 0,00 4542:Instalações de Ventilação e Refrigeração 569,25 66,67 51,23 45,54 39,85 111,11 5,69 4543:Inst Hidráulicas,Sanitárias,Gás, Incêndio 0,00 66,67 32,51 32,51 32,51 0,00 0,00 4549:Outras Obras de Instalações 0,00 62,50 31,75 23,81 27,78 0,00 3,97 4551:Alvenaria e Reboco 0,00 38,89 41,01 36,45 41,01 0,00 0,00 4552:Impermeabilização e Pintura em Geral 0,00 83,33 19,52 19,52 22,78 0,00 0,00 4559:Outras Obras de Acabamento 0,00 47,45 53,90 46,03 49,18 0,00 0,39 4560:Aluguel de Equip Constr, Com Operários 0,00 0,00 9,53 9,53 9,53 0,00 0,00 4511:Demolição e Preparação do Terreno 0,00 100,00 12,57 8,38 12,57 0,00 0,00 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/

Page 36: Serra circular

35

Tabela 2 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003

Seleções definidas Variável Critério Valor

Ano igual a 2003 Divisão do CNAE igual a 45: Construção UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores

Classes do CNAE Incidência

Inc Ac

Trab

Inc

Incap

Tx

Mortal

Tx Ac

16a34

Tx

Letal

Inc

Doença

4511:Demolição e Preparação do Terreno 18,41 4,60 18,41 0,00 0,00 0,00 9,20 4512:Perfuração,Fundações Etc para Construção 59,00 55,32 66,38 0,00 75,00 0,00 0,00 4513:Grandes Movimentações de Terra 25,41 25,41 23,20 0,00 47,83 0,00 0,00 4521:Edificações Diversas 24,67 22,02 24,83 23,76 44,94 9,63 0,24 4522:Obras Viárias 15,09 14,01 14,28 26,94 30,36 17,86 0,00 4524:Obras de Urbanização e Paisagismo 601,47 582,07 417,15 0,00 62,90 0,00 0,00 4525:Montagem de Estruturas 28,64 20,05 25,78 0,00 10,00 0,00 0,00 4529:Obras de Outros Tipos 34,33 32,31 30,29 0,00 58,82 0,00 0,00 4532:Construção Distribuição Energia Elétrric 117,06 117,06 44,17 0,00 56,60 0,00 0,00 4533:Construção Redes de Comunicação 59,81 53,52 56,66 314,80 50,00 52,63 0,00 4541:Instalações Elétricas 25,02 22,11 20,30 0,00 69,57 0,00 0,00 4542:Instalações de Ventilação e Refrigeração 39,74 31,05 37,26 0,00 56,25 0,00 3,73 4543:Inst Hidráulicas,Sanitárias,Gás, Incêndio 45,93 32,80 45,93 0,00 71,43 0,00 0,00 4549:Outras Obras de Instalações 50,93 35,26 58,77 391,77 61,54 76,92 0,00 4551:Alvenaria e Reboco 24,58 24,58 31,61 0,00 57,14 0,00 0,00 4552:Impermeabilização e Pintura em Geral 38,49 34,44 38,49 202,60 42,11 52,63 0,00 4559:Outras Obras de Acabamento 24,25 21,22 24,25 0,00 62,50 0,00 0,00 4560:Aluguel de Equip Constr, Com Operários 31,52 28,45 29,60 38,44 50,00 12,20 0,38 4511:Demolição e Preparação do Terreno 58,92 49,10 58,92 0,00 83,33 0,00 0,00 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/

Page 37: Serra circular

36

Tabela 3 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004

Seleções definidas Variável Critério Valor

Ano igual a 2004 Divisão do CNAE igual a 45: Construção UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores

Classes do CNAE

Tx

Mortal

Incidência

Inc

Incap

Inc Ac

Trab

Tx Ac

16a34

Tx

Letal

Inc

Doença 4511:Demolição e Preparação do Terreno 0,00 50,06 42,91 35,76 0,00 0,00 14,30 4512:Perfuração,Fundações Etc para Construção 0,00 39,41 36,12 32,84 66,67 0,00 3,28 4513:Grandes Movimentações de Terra 0,00 15,02 15,02 14,09 18,75 0,00 0,00 4521:Edificações Diversas 27,22 24,81 25,43 21,51 43,10 10,97 0,43 4522:Obras Viárias 0,00 20,71 21,20 17,75 42,86 0,00 0,25 4524:Obras de Urbanização e Paisagismo 464,75 46,47 41,83 46,47 40,00 100,00 0,00 4531:Construção para Geração Energia Elétrica 0,00 34,42 33,31 33,31 46,77 0,00 0,56 4532:Construção Distribuição Energia Elétrric 0,00 316,55 238,06 290,39 64,46 0,00 10,46 4533:Construção Redes de Comunicação 181,16 61,59 59,78 50,72 38,24 29,41 0,00 4533:Construção Redes de Comunicação 181,16 61,59 59,78 50,72 38,24 29,41 0,00 4541:Instalações Elétricas 0,00 17,90 17,29 14,86 74,58 0,00 0,00 4542:Instalações de Ventilação e Refrigeração 101,68 33,55 31,52 26,44 57,58 30,30 0,00 4543:Inst Hidráulicas,Sanitárias,Gás, Incêndio 0,00 19,79 26,39 19,79 33,33 0,00 0,00 4549:Outras Obras de Instalações 0,00 24,03 34,33 17,16 28,57 0,00 0,00 4551:Alvenaria e Reboco 0,00 31,86 27,88 31,86 50,00 0,00 0,00 4552:Impermeabilização e Pintura em Geral 210,08 65,13 35,71 54,62 32,26 32,26 8,40 4559:Outras Obras de Acabamento 0,00 20,29 20,29 20,29 0,00 0,00 0,00 4560:Aluguel de Equip Constr, Com Operários 43,44 35,62 36,05 31,27 46,34 12,20 0,00 4511:Demolição e Preparação do Terreno 641,03 108,97 108,97 96,15 29,41 58,82 0,00 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/

Page 38: Serra circular

37

Tabela 4 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002 – Edificações diversas

Seleções definidas Variável Critério Valor

Ano igual a 2002 Divisão do CNAE igual a 4521: Edificações Diversas UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores UF

TxAc16a34

TxMortal

IncIncap

Incidência

IncAcTrab

TxLetal

IncDoença

Santa Catarina 47,10 34,04 30,49 31,32 28,44 10,87 0,64 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/ Tabela 5 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003 – Edificações diversas

Seleções definidas Variável Critério Valor

Ano igual a 2003 Divisão do CNAE igual a 4521: Edificações Diversas UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores UF

TxAc16a34

TxMortal

IncIncap

Incidência

IncAcTrab

TxLetal

IncDoença

Santa Catarina 44,94 23,76 24,83 24,67 22,02 9,63 0,24 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/ Tabela 6 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004 – Edificações diversas

Seleções definidas Variável Critério Valor

Ano igual a 2004 Divisão do CNAE igual a 4521:Edificações Diversas UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores UF

TxAc16a34

TxMortal

IncIncap

Incidência

IncAcTrab

TxLetal

IncDoença

Santa Catarina 43,10 27,22 25,43 24,81 21,51 10,97 0,43 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/

Page 39: Serra circular

38

2.3.4 Por que investir em segurança (custos e responsabilidade social)?

Ao investir em segurança do trabalho, uma empresa, além de cumprir a legislação

trabalhista executando os programas de segurança exigidos por lei, desperta em seus

empregados o "espírito prevencionista", isto é, mantém alerta, de forma espontânea, quanto

aos riscos de acidentes, zelando e respeitando as normas de segurança

(http://coralx.ufsm.br/ctism/perguntasst.html).

De acordo com Diesel et al (2001), o setor da construção civil é um dos mais

importantes do país devido ao seu volume, capital circulante, utilidade dos produtos e

principalmente, pelo significativo número de empregados.

Medeiros e Rodrigues (2002) têm posição semelhante em estudo onde afirmam

que a influência da construção civil em nosso país é bastante significativa, pois além de ser

importante para o desenvolvimento econômico nacional, apresenta-se tecnologicamente com

intensidade crescente, e envolve consigo estruturas sociais, culturais e políticas.

Nesse aspecto não divergem do entendimento que Véras et al (2003), têm

destacando que a construção civil é um forte setor para o desenvolvimento de um país,

impactando a produção, os investimentos, o emprego e o nível geral de preços, devido terem

importante participação no Produto Interno Bruto (PIB), no que concordam Damião (1999) e

Rolim (2004).

Quanto à capacidade de gerar empregos e absorver mão de obra, esse setor

também possui extraordinária capacidade de realização de investimento, contribuindo

sensivelmente para o equilíbrio da balança comercial e na geração de empregos conforme

identificam Damião (1999) e Véras et al (2003).

Uma característica marcante dessa atividade econômica, é que não utiliza o

processo fabril tradicional de produção com seus produtos passando pelos postos de trabalho,

onde então se agrega valor aos mesmos até seu estado final. Na construção civil o produto é

fixo e invariavelmente único, sendo que os postos de trabalho transitam pelo produto

agregando valor.

Quanto às características da mão-de-obra, a construção civil apresenta

características marcantes nos aspectos sexo, origem, escolaridade, qualificação, remuneração,

rotatividade, e sindicalização, aspectos estes que estão diretamente vinculados com os seus

problemas de organização do trabalho.

Page 40: Serra circular

39

Diversos autores afirmam que essas características definem um perfil da mão-de-

obra, a nível nacional, onde predomina o sexo masculino, a procedência da zona rural, o

analfabetismo, a desqualificação profissional, a baixa remuneração, a alta rotatividade, baixo

índice de sindicalização, precária forma de organização de trabalho (TAIGY, 1994;

DAMIÃO, 1999; VALENÇA, 2003; NÓBREGA, 2004; ROLIM, 2004).

Quanto à função do trabalhador, estudo realizado por Carvalho et al (1998),

identificou que a mão-de-obra, é composta predominantemente por serventes (52,40%),

seguida por pedreiros (21,65%), carpinteiros (13,05%), ferreiros (7,49%).

Com relação à faixa etária, observou-se que tanto entre os serventes como entre os

oficiais, 44% deles têm entre 30 e 40 anos, enquanto que 75% dos encarregados e mestres

estão entre os 40 e 50 anos. Acima dos 50 anos, o percentual é de 7,8%. 84% deles são

casados.

Esse estudo constata que, quanto ao grau de escolaridade, 41% são analfabetos ou

só assinam o nome, 45% têm primário incompleto, apenas 8% concluíram o primário, 4%

secundário incompleto e 2% o secundário completo (CARVALHO et al, 1998).

2.3.5 Ações em segurança e saúde no trabalho na indústria da construção civil

Em 1998, a área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) do Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE) foi incorporada como meta mobilizadora da área de trabalho,

com a proposta de redução da taxa de mortalidade dos acidentes de trabalho em 40% até o ano

de 2003 e estabelecendo diversos projetos para o alcance da meta

(http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002).

Com a reorientação, o MTE assume integralmente as ações voltadas para a

redução dos índices de acidentes do trabalho, por meio do Programa Trabalho Seguro e

Saudável do Plano Plurianual (PPA), mantendo a meta mobilizadora. Com o objetivo de

concentrar esforços para o alcance da meta de redução da taxa de mortalidade, a partir de

julho de 2002, mediante a Portaria Interministerial nº 52, envolvendo os Ministérios do

Trabalho e Emprego, Previdência e Assistência Social, Saúde e Meio Ambiente, foi instituído

o Comitê Interministerial Gestor do Programa Nacional de Redução de Acidentes Fatais do

Page 41: Serra circular

40

Trabalho (PNRAFT), que abrange quatro linhas de ação e dez projetos. Dentre as linhas de

ação tem-se(http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002):

- revisão e reconstrução do modelo de organização do sistema integrado de

segurança e saúde no trabalho;

- potencialização das políticas em segurança e saúde no trabalho;

- implementação de sistema integrado de gestão em segurança e saúde nas

empresas; e,

- aperfeiçoamento e organização de sistemas de informação e de pesquisas de

interesse da área.

Os projetos inseridos neste programa são:

Projeto 1 - reconstrução do modelo de organização do sistema integrado de segurança e saúde

no trabalho;

Projeto 2 - plano de ação integrada para a redução de acidentes e doenças do trabalho;

Projeto 3 - otimização da inspeção nos locais de trabalho;

Projeto 4 - aprimoramento da atenção ao trabalhador acidentado;

Projeto 5 - sistema integrado de gestão em segurança e saúde nos locais de trabalho;

Projeto 6 - programa nacional articulado de campanhas de prevenção de acidentes e doenças

do trabalho;

Projeto 7 - programa nacional de formação e capacitação em segurança e saúde no trabalho;

Projeto 8 - financiamento para melhoria das condições e dos ambientes de trabalho;

Projeto 9 - sistema de informação e pesquisa em segurança e saúde no trabalho; e

Projeto 10 - sistema de notificação de acidentes e doenças do trabalho.

Cabe ressaltar que para o alcance dos resultados obtidos até o ano de 2002, o

Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho (DSST) buscou aliar à forma tradicional de

realizar a inspeção do trabalho, a novas estratégias que possibilitassem ampliar os resultados

alcançados em termos de melhoria das condições de trabalho. Buscou-se, sobretudo, uma ação

coletiva, por grupo de empresas, por setores econômicos, por base geográfica. Todas as novas

ações foram desenvolvidas segundo a lógica do tripartismo. Para que tais estratégias fossem

possíveis, analisaram-se detalhadamente os indicadores de acidentes e doenças do trabalho e,

Page 42: Serra circular

41

com base neles, desenhou-se a chamada "geografia do risco". Assim, as atuações locais e

regionais tiveram que se adequar a um planejamento que estabelecia melhor o foco principal

de atuação. Visando possibilitar a nova atuação em termos de auditoria, foi preciso investir

bastante em capacitação, não só dos auditores fiscais do trabalho, mas também de

representantes de empregadores e de trabalhadores. Em que pese os resultados do ano de 2002

estarem conforme o esperado, cabe acrescentar que as novas metodologias de atuação

estratégica e coletiva implicarão em uma redução das metas quantitativas para os próximos

anos. Essa redução possibilitará continuar agregando critérios de qualidade. Será preciso

também definir novas metodologias de aferição de metas para possibilitar melhor visualização

dos resultados obtidos.

Atualmente em todo o país, sindicatos de categoria, sindicatos patronais, e

Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e

Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), tem programas e ações para prevenção de

acidentes do trabalho (http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002).

2.4 Sistema de Formas

A seguir será feita uma descrição sobre sistemas de formas. As descrições de todo

item 2.4 podem ser encontradas no endereço eletrônico (http://www.fundacentro.

gov.br/CTN/ noticias.asp?Cod=316-).

2.4.1 Definições

Formas são moldes provisórios utilizados para executar peças de concreto armado

ou protendido.

A definição de sistema de formas baseia-se na definição de sistema, que, por sua

vez, é entendido como sendo a combinação de um conjunto de peças integradas, atendendo a

Page 43: Serra circular

42

uma função específica. Portanto, sistema de formas consiste em um conjunto de componentes,

combinados em harmonia, com o objetivo de atender às funções de:

- Moldar o concreto;

- Conter o concreto fresco e sustentá-lo até que tenha resistência suficiente para

se sustentar por si só;

- Proporcionar à superfície do concreto a textura requerida;

- Servir de suporte para o posicionamento da armação, permitindo a colocação

de espaçadores para garantir os cobrimentos;

- Servir de suporte para o posicionamento de elementos das instalações e outros

itens embutidos;

- Servir de estrutura provisória para as atividades de armação e concretagem,

devendo resistir às cargas provenientes do seu peso próprio, além das de

serviço, tais como pessoas, equipamentos e materiais;

- Proteger o concreto novo contra choques mecânicos; e

- Limitar a perda de água do concreto, facilitando a cura.

2.4.2 Características

A madeira foi o primeiro material de construção a ser utilizado tanto em colunas

como em vigas e vergas. Ela apresenta resistência mecânica tanto a esforços de compressão

como aos esforços de tração na flexão. Tem resistência mecânica elevada, superior ao

concreto, com a vantagem do peso próprio reduzido. Resiste excepcionalmente a choques e

esforços dinâmicos: sua resistência permite absorver impactos que romperiam ou

estilhaçariam outros materiais. Apresenta boas características de isolamento térmico e

absorção acústica; seco, é satisfatoriamente dielétrico; tem facilidade de afeiçoamento e

simplicidade de ligações: pode ser trabalhado com ferramentas simples. Tem custo reduzido

de produção, reservas que podem ser renovadas e, quando convenientemente preservado,

perdura em vida útil prolongada à custa de insignificante manutenção. Em seu estado natural,

apresenta uma infinidade de padrões estéticos e decorativos.

Page 44: Serra circular

43

Dimensionamento (para suportar o peso e a pressão do concreto): Para execução

das formas para moldagem das vigas e pilares de concreto armado, são utilizados tabuas de

pinus, com espessura de 2,5mm, pregadas umas nas outras com prego 17x 27mm, unidas

através de gravatas também da mesma madeira, e posteriormente escoradas com escoras de

eucalipto de 15cm de diâmetro.

2.4.3 Classificação dos sistemas de formas para concreto

Os critérios para dividir os sistemas de formas baseiam-se, primeiramente, no

grupo de elementos estruturais a serem moldados e, em seguida, na modulação dos painéis.

O primeiro critério é adotado pela sua amplitude, dividindo as formas em dois

grandes grupos: um formado por elementos verticais, abrangendo pilares e paredes; e outro,

por elementos horizontais, como vigas, lajes e escadas (estas últimas, apesar de não serem

horizontais, possuem características de execução e solicitações que a encaixam nesse grupo).

O segundo critério é função da divisão existente no mercado de formas: de um

lado, têm-se os sistemas modulares, compostos por módulos pré-fabricados em metal ou

plástico, altamente industrializados e associados ao cimbramento menos intenso, e do outro,

os sistemas tramados, que possuem o vigamento ou travamento na forma de uma trama,

associados a painéis sem padronização dimensional, confeccionados especialmente para uma

determinada utilização e com cimbramento considerável.

2.4.3.1 Formas para elementos verticais

Neste item, descrevem-se os sistemas de formas voltados para pilares e paredes de

concreto armado.

I - Sistema modular

Page 45: Serra circular

44

Esse sistema é caracterizado pela utilização de painéis modulares que possuem

estruturação própria e são associados através de grampos ou clips. A estruturação pode ser de

aço, alumínio ou plástico, enquanto que o molde pode ser em chapa de compensado, plástico

ou aço.

É um sistema com montagem e desmontagem rápidas e grande durabilidade dos

elementos, inclusive dos moldes, que, em função de terem as bordas protegidas, têm maior

vida útil.

Os painéis possuem diversas dimensões padronizadas, facultando ao construtor a

opção de manuseio e montagem manuais, podendo utilizar elementos menores, ou a utilização

de gruas ou guindastes, adotando painéis maiores ou fazendo uma associação de painéis

pequenos – ganged panels2 .

É um sistema com grande potencial de racionalização; no entanto, para o seu uso

adequado, exige uma coordenação modular da estrutura, pois, apesar da possibilidade de

combinação de painéis de diferentes tamanhos, estes têm dimensões variando de cinco em

cinco cm ou 10 em 10 cm, a depender do fornecedor. Nesse caso, o usual é ajustar-se a

estrutura ao sistema de formas.

É bastante utilizado no exterior, principalmente como molde para paredes de

concreto; apesar disso, no Brasil, o seu uso ainda é limitado por diversos motivos, entre eles: a

falta de coordenação modular nos projetos de edificações, a pequena quantidade de

fornecedores desses sistemas, a falta de planejamento do sistema de formas desde a

concepção arquitetônica e a dificuldade de compatibilização com as formas de vigas.

Diante disso, o potencial de racionalização e redução dos custos, atribuído ao

sistema, só é verificado em poucos casos, fazendo com que o maior investimento no sistema

de formas não seja vantajoso, ainda que algumas construtoras, partindo para executar suas

estruturas de forma racionalizada, planejando e modulando os projetos, estejam tendo sucesso

com o sistema, reduzindo, potencialmente, os prazos e os custos a ela atribuídos.

No caso das formas de pilares e paredes, o sistema tramado consiste na associação

de peças verticais e horizontais, em dois planos paralelos, compondo parte do travamento das

formas. Os elementos que compõem a trama não são necessariamente do mesmo material ou

2 Conjunto de peças longitudinais e transversais que se cruzam.

Page 46: Serra circular

45

da mesma forma, podendo ser de madeira (bruta ou industrializada) ou metálicos (de aço ou

alumínio).

Esse é o sistema mais usado na construção civil nacional, sendo de domínio da

mão-de-obra. Caracteriza-se pela flexibilidade dimensional, versatilidade e relativa facilidade

para associar-se com formas de vigas e lajes.

De um modo geral, as tramas são de madeira, havendo, ainda, uma grande opção

por vigas de travamento metálicas nos planos mais distantes do molde.

Os painéis podem ser produzidos na obra ou adquiridos de empresas que os

fabricam sob encomenda, caracterizando as formas industrializadas3.

3 O termo formas industrializadas é associado às formas confeccionas em central externa ao canteiro, com o objetivo de racionalizar a sua utilização (referência).

Muitas são as combinações possíveis entre os elementos do sistema, permitindo

ao construtor utilizar peças de diversos fornecedores simultaneamente. Dentro das muitas

possibilidades de associação dos diversos elementos, destacam-se algumas:

- Molde: podem ser utilizadas chapas de madeira compensada (resinada ou plastificada)

ou tábuas;

- Travamento: podem ser utilizados grades de madeira compostas por sarrafos e

pontaletes; sarrafos e pontaletes (não fixados ao molde); vigas de travamento

horizontais ou verticais, de madeira, aço, alumínio ou mistas (vigas sanduíche);

tirantes metálicos (barras de ancoragem com porcas, tensores ou fios de aço

amarrados); sargentos metálicos; gravatas (de madeira, de aço ou mistas) etc.

- Mãos-francesas: podem ser utilizados tábuas, sarrafos ou pontaletes de madeira;

cantoneiras metálicas; escoras metálicas (fixas ou com ajuste de comprimento).

Apesar da versatilidade e do uso mais intenso, esse sistema é muitas vezes

caracterizado como tradicional, com uso intensivo da mão-de-obra, baixa mecanização

(produção essencialmente manual) e com elevados desperdícios de mão-de-obra, material e

tempo. Essa caracterização não é de responsabilidade do sistema em si, que pode

perfeitamente ser utilizado de forma racional, mas sim da forma como tem sido utilizado em

muitas obras, sem planejamentos ou projetos, cabendo a pessoas despreparadas muitas

decisões quanto à sua confecção e montagem.

Page 47: Serra circular

46

2.4.3.2 Formas para elementos horizontais

Neste item, descrevem-se os sistemas de formas para elementos horizontais.

I - Sistema Modular

Esse sistema é muito semelhante ao aplicado em fôrmas para elementos verticais,

diferindo daquele quanto ao escoramento.

Os painéis podem ser apoiados diretamente nas escoras ou utilizarem vigas

metálicas para transmitir os seus carregamentos às mesmas, podendo ainda utilizar torres

metálicas ao invés de escoras pontuais.

É um sistema com restrições quanto ao uso em estruturas reticuladas, pois a

existência de vigas, na maioria das vezes, induz à necessidade de se fazer arremates, em

virtude da falta de coordenação modular dos vãos. Porém, é bastante interessante para

estruturas com lajes planas, onde pode ser explorada toda a sua rapidez na execução, sem que

haja interferências.

Quando existente, a cabeça descendente, acessório colocado na parte superior da

escora, permite que as lajes sejam desformadas sem que haja necessidade de retirar o

escoramento, facilitando o serviço e restringindo as deformações do concreto novo.

O seu uso no Brasil, apesar de ainda ser pequeno, tem crescido bastante, sendo

usado em lajes planas e, em alguns casos, como suporte para os moldes plásticos de lajes

nervuradas.

II - Sistema Tramado

No caso das lajes, caracteriza-se pela trama composta por vigamento inferior e

superior. As escoras podem ser de madeira (industrializada ou serrada) ou metálicas (de aço

ou alumínio).

No caso das vigas, o sistema tramado é basicamente o único em uso e caracteriza-

se pelos painéis laterais e de fundo estruturados com sarrafos, e pelas diversas formas de

travamento e escoramento. O travamento dos moldes pode ser feito com barras de ancoragem

ou tensores, sarrafos de pressão, gastalhos de madeira, metálicos ou plásticos, mãos-francesas

Page 48: Serra circular

47

ou garfos de madeira; o escoramento pode ser feito com escoras pontuais com cruzetas, torre

metálica ou garfos de madeira.

É o sistema mais empregado atualmente, sendo versátil e de fácil adaptação às

estruturas reticuladas, situação em que as vigas inibem um melhor aproveitamento de sistemas

modulares. Esse sistema pode ser utilizado como suporte para os moldes das formas para lajes

nervuradas, e o acoplamento e a fixação dos seus diversos elementos permitem a criação de

“mesas voadoras”, que podem ser transportadas entre os pavimentos, sem necessidade de

desmontar o conjunto.

2.4.4 Execução de formas na operação com serra circular

O foco do trabalho é na execução de formas com utilização de serra circular,

baseado nos procedimentos de segurança conforme NR18, item 18.7 a seguir descreve-se

sobre isso.

2.4.4.1 Descrição do Processo de Execução de Formas

Procedimento de execução do serviço (http://www.cidades.gov.br/pbqp-

h/Apresentação.htm)

Os projetos de arquitetura e estrutura devem estar concluídos e, se possível,

providenciar um projeto de forma. O material deve estar disponível, como chapas de

compensado, pontaletes, tábuas etc. A central deve estar montada e equipada.

Os painéis devem ser executados pensando no seu tamanho e peso, de forma a

facilitar a montagem, o transporte e a desforma. Todas as peças devem ser galgadas e os

painéis devem ser estruturados. Recomenda-se que as superfícies de corte sejam planas e

lisas, sem apresentar serrilhas; também é conveniente neste momento identificar os painéis

com uma numeração ou código para facilitar na montagem.

Eventuais furos nos painéis devem ser executados sempre da face interna da

forma em direção à face externa, com broca de aço rápida para madeira.

Page 49: Serra circular

48

A marcação das posições de cimbramento nas formas facilita o processo de

montagem. Assim, marcam-se nas formas as posições onde serão colocados os seus elementos

de sustentação como garfos simples, garfos com mão-francesa, escoramento e reescoramento.

Recomenda-se que os topos de chapas sejam selados com tinta a óleo ou selante à

base de borracha clorada, tão logo as peças sejam serradas na bancada.

2.4.4.2 Procedimento de segurança a ser realizado

Na execução de serviços de formas com utilização de serra circular essa deve ser

operada por trabalhador qualificado. A serra circular deve ser dotada de mesa estável, com

fechamento de suas faces inferior, anterior e posterior, construída em madeira resistente e de

primeira qualidade, material metálico ou similar de resistência equivalente, sem

irregularidades, com dimensionamento suficiente para a execução das tarefas. Ter a carcaça

do motor aterrada eletricamente. O disco deve ser mantido afiado e travado, devendo ser

substituído quando apresentar trincas, dentes quebrados ou empenamentos. As transmissões

de força mecânica devem estar protegidas obrigatoriamente por anteparos fixos e resistentes,

não podendo ser removidos, em hipótese alguma, durante a execução dos trabalhos. Ser

provida de coifa protetora do disco e cutelo divisor, com identificação do fabricante e ainda

coletor de serragem.

Nas operações de corte de madeira deve ser utilizado dispositivo empurrador e

guia de alinhamento. As lâmpadas de iluminação da carpintaria devem estar protegidas contra

impactos provenientes da projeção de partículas.

A carpintaria deve ter piso resistente, nivelado e antiderrapante, com cobertura

capaz de proteger os trabalhadores contra quedas de materiais e intempéries.

Manter a central de produção constantemente limpa e organizada, removendo as

sobras de material (serragem e pontas de madeira) e verificando o funcionamento e a

conservação de ferramentas e equipamentos.

EPI necessários para execução de trabalhos com serra circular:

- Capacete de proteção;

Page 50: Serra circular

49

- Óculos de segurança;

- Protetor auricular;

- Respirador purificador de ar;

- Luva de segurança (tipo vaqueta);

- Calçado de segurança.

2.4.4.3 Preparação do Material

As formas devem ser construídas em madeira sólida com superfícies lisas

preferencialmente de pinus ou compensado, livres de pregos, arames etc.

Toda madeira deve receber na superfície de contato com o concreto, tratamento

com desmoldante para facilitar a desforma.

2.4.4.4 Elaboração das Formas

As formas devem ser construídas conforme especificação do projeto e sob

orientação do mestre e engenheiro de obra, depois de construídas, devem ser capazes de

confinar o concreto e moldá-lo nas linhas, dimensões e juntas exigidas, assegurando a perfeita

aparência das superfícies do concreto Além disso, devem possuir resistência suficiente para

suportar a pressão resultante do lançamento e vibração, como também devem ser mantidas

rigidamente em posição, e serem fixadas com firmeza para que não se abram e não permitam

desvios de argamassa nas juntas de construção no momento de se colocar o concreto.

2.4.4.5 Remoção das Formas

As formas devem ser removidas sempre após os prazos necessários sem golpes ou

vibrações excessivas, com toda a garantia de estabilidade e resistência dos elementos

Page 51: Serra circular

50

estruturais envolvidos. Ou seja, a desforma só se procederá quando a estrutura tiver a

resistência necessária para suportar seu próprio peso e eventuais cargas adicionais.

2.4.4.6 Retiradas de Escoras

Em lajes, a retirada das escoras só pode ocorrer após 21 dias da concretagem, ou

conforme determinação do engenheiro responsável pela obra.

2.4.5 Analise dos Riscos dos Serviços de Execução de Formas com Serra Circular

Segundo Porto, (2000), a noção de risco tem haver com perda ou dano, ou como

sinônimo de perigo. Neste caso adotar-se-á uma concepção abrangente de riscos de interesse à

segurança e saúde dos trabalhadores, significando toda e qualquer possibilidade de que algum

elemento ou circunstância existente num dado processo ou ambiente de trabalho possa causar

dano à saúde, seja através de acidentes, doenças, sofrimento dos trabalhadores ou poluição

ambiental.

2.4.6 Riscos na operação da Serra Circular

Na execução dos trabalhos com utilização da serra circular alguns dos riscos a

seguir relacionados estarão sujeitos a ocorrerem.

a) Ruptura do disco de corte;

b) Contato das mãos com o disco de corte;

c) Emissão de partículas e poeiras;

d) Barulho excessivo;

e) Choque elétrico;

Page 52: Serra circular

51

f) Principio de incêndio, queimaduras.

2.4.7 Causas dos riscos na operação da Serra Circular

As causas de ocorrerem os riscos relacionados no item 2.4.6 estão a seguir

relacionadas.

a) Disco montado errado, fora de especificações próprias, defeituoso;

b) Ausência ou proteção inadequada, corte de materiais não apropriados;

c) Ausência ou sistema de exaustão inadequado;

d) Serra mal balanceada;

e) Contato com partes energizadas, falta de isolamento e aterramento;

f) Presença de material inflamável.

2.4.8 Medidas Preventivas

Os seguintes procedimentos deverão ser adotados para prevenção de acidentes:

a) Montar disco dentro das especificações e em bom estado;

b) Operação com a máxima atenção, com operador habilitado e materiais específicos para

o corte;

c) Utilização de protetor facial ou óculos de proteção e verificação da existência de

protetor (capa) do disco de corte;

d) Além da obrigatoriedade da utilização do protetor auricular, instalar um dispositivo que

consiste em fixar sobre a mesa um painel, com compensado, paralelamente à lâmina a 1

mm desta;

e) Instalações elétricas adequadas, com aterramento da serra policorte. Proteção das partes

inferiores da bancada da serra elétrica, com calha para depósito do subproduto e também

com comando liga / desliga por meio de botoeira (duplo isolamento);

Page 53: Serra circular

52

f) Instalação de extintor de incêndio do tipo CO2 próximo à mesa, como medida de prevenção e combate a incêndio; Manutenção do canteiro de obras organizado.

2.5 Análise de Riscos

Embasados no item 2.3.1.3, risco é a probabilidade de ocorrência de um evento

perigoso que cause danos aos trabalhadores ou equipamentos, denominado acidente, cujo

trata-se de um acontecimento inesperado, que vem causar danos, lesões, doenças, ferimentos,

danos humanos ou materiais, danos temporários ou permanentes, a gravidade das

conseqüências dos acidentes é muito variável.

Para efetuar uma analise de riscos é necessário conhecer de maneira plena todo o

processo e de que maneira os trabalhadores executam os serviços ou operam equipamentos,

além disso para manter a imparcialidade da analise de riscos, é fundamental organizar uma

equipe com vários profissionais das diversas áreas e setores que envolvem o processo, sendo

formada por técnicos, engenheiros de projeto e de execução, pessoal de recursos humanos,

engenheiros e técnicos de segurança, etc. A equipe de analise precisa alem de acompanhar e

entender todo o processo, ouvir os trabalhadores, e também, aliar todos os pontos de vistas

para chegar a um consenso e uma visão imparcial, critica e eficaz dos riscos existentes nos

processos analisados. (professores.unisanta.br/valneo/apoio/ tecnicasdeanalisederisco.doc).

2.5.1 Principais técnicas de análise de riscos

Técnicas de análise de riscos nada mais são que métodos capazes de fornecer

elementos concretos que fundamentam um processo de decisão de redução de riscos e perdas.

São metodologias oriundas de duas áreas: engenharia de segurança de sistemas e engenharia

de processos. As técnicas possuem grande generalidade e abrangências, podendo ser aplicadas

a quaisquer situações produtivas (FANTAZZINI, 1994).

Page 54: Serra circular

53

A seguir serão apresentadas algumas das principais técnicas de análise de riscos. Os

conceitos apresentados tiveram como fonte o site (professores.unisanta.br/

valneo/apoio/tecnicasdeanalisederisco.doc):

- Técnicas de Identificação de perigos

¬ What-if

¬ Check List - Lista de verificações

- Técnicas de Análise de Riscos

¬ APR - Análise Preliminar de Riscos

¬ AMFE - Análise de Modos de Falha e Efeitos

¬ HAZOP - Estudo de Risco e Operabilidade

- Técnicas Avaliação de Riscos

¬ AAF – Análise de Árvore de Falhas

2.5.1.1 Objetivos das Técnicas de Análise de Riscos

O conforto e desenvolvimento trazidos pela industrialização produziram também

um aumento considerável no número de acidentes, ou ainda das anormalidades durante um

processo devido à obsolescência de equipamentos, máquinas cada vez mais sofisticadas etc.

Com a preocupação e a necessidade de dar maior atenção ao ser humano, principal bem de

uma organização, além de buscar uma maior eficiência, nasceram primeiramente o Controle

de Danos, o Controle Total de Perdas e por último a Engenharia de Segurança de Sistemas.

Com o crescimento e necessidade de segurança surgiram às técnicas de análises

de riscos, valiosos instrumentos para a solução de problemas ligados à segurança, portanto, o

Page 55: Serra circular

54

objetivo de se realizar uma técnica de análise de riscos é permitir um conhecimento detalhado

sobre dos riscos atuais de um objeto (processo, máquina, sistema ou subsistema), e

desencadear um processo de planejamento, construção, operação, e controle apropriado para

minimizar antecipadamente riscos.

A Análise de Riscos consiste no exame sistemático de uma instalação industrial

(projeto ou existente) de sorte a se identificar os riscos presentes no sistema e formar opinião

sobre ocorrências potencialmente perigosas e suas possíveis conseqüências (SOUZA,1995).

O objetivo de se realizar uma técnica de análise de riscos é permitir um conhecimento

detalhado sobre os riscos atuais de um objeto (processo, máquina, sistema ou subsistema), e

desencadear um processo de planejamento, construção, operação, e controle apropriado para

minimizar antecipadamente riscos.

2.5.1.2 Aplicação das técnicas de análise de riscos

Com a difusão dos conceitos de perigo, risco e confiabilidade, as metodologias e

técnicas aplicadas pela segurança de sistemas, inicialmente utilizadas somente nas áreas

militar e espacial, tiveram a partir da década de 70 uma aplicação quase que universal na

solução de problemas de engenharia em geral.

2.5.2 Técnicas de identificação de perigos

2.5.2.1 What-if

Esta é uma técnica de análise qualitativa, com aplicação bastante simples e útil na

detecção de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, e pode ser

utilizada em qualquer estágio da vida de um processo. O objeto do What-If é

proceder à identificação e tratamento de riscos que pode ser testado possíveis

omissões no sistema. (CARDELLA, 1999).Da aplicação do What-if resultam a

elaboração de questões sobre a possibilidade de ocorrência de eventos indesejáveis,

Page 56: Serra circular

55

bem como a geração de soluções para as possíveis ocorrências de eventos

indesejáveis levantados. O conceito da análise What-if estimula a equipe de análise

de risco a refletir sobre questões que começam com ¨E se...”;” O que aconteceria

se...”; “O que acontece se...” ( professores. unisanta.br/valneo/ apoio/técnicasde

analisederisco.doc).

2.5.2.2 Check-list

Para efetuar o levantamento dos riscos através de um check-list, segundo Souza

(1995), lista-se alguns itens com relevada importância ou lista-se passos dos processos em

analise, após esta etapa elabora-se as conclusões de cada item ou passo do check-list.

Os check-list, são de grande utilidade para checar e vistoriar itens de

procedimentos padronizados sendo estes relacionados a segurança do trabalho ou mesmo para

a manutenção de equipamentos. De acordo com Souza (1995), outra utilização importante se

dá após a analise de outras técnicas de analise de risco, os resultados podem ser transformados

em itens de um check-list para inspeção das atividades ou processo.

Segundo Cardella (1999), a desvantagem da analise se ater ao check-list é que os

itens ou passos não lembrados nos check-list, não serão analisados, ficando comprometida a

analise dependendo da importância no processo do item não lembrado no check-list.

2.5.3 Técnicas de Análise de Riscos

2.5.3.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) - Preliminary Hazard Analysis (PHA) Também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP).

A Análise Preliminar de Riscos (APR) teve origem na área militar com aplicação inicial na revisão de sistemas de mísseis. Tem como objetivo determinar os riscos e medidas preventivas antes que um processo, sistema ou produto entrem em sua fase operacional, sendo aplicada na fase de projeto e desenvolvimento. Tudo o que puder ser identificado como risco de acidente ou de doença ocupacional nesta fase deve merecer atenção, para que medidas preventivas adequadas possam ser tomadas e evitar que riscos venham a ser criado nos ambientes de trabalho

Page 57: Serra circular

56

(ZOCCHIO 2000). Destaca-se na análise de novos sistemas, sistemas de alta tecnologia e/ou pouco conhecidos, ou seja, para casos onde há pouca experiência ou carência de informações na sua operação.

Alberton (1996).

A APR também pode ser útil como: ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas operacionais, revelando aspectos que às vezes passam desapercebidos; em instalações existentes de grandes dimensões; e, quando se quer evitar a utilização de técnicas mais extensas para a priorização de riscos. Esta técnica normalmente é utilizada para análises qualitativas, porém, também pode-se utilizá-la para identificar cenários de acidentes que serão empregados em estudo de análises quantitativas para a obtenção de índices de risco. De Cicco e Fantazzini (1982)

Na tabela 7 apresenta-se o modelo de formulário apresentado no Livro Introdução

a Engenharia de Segurança de Sistemas (De Cicco, Fantazzini, 1994) para a elaboração de

Análise Preliminar de Risco e que foi o utilizado no estudo de caso.

Tabela 7 - Modelo de formulário para Análise Preliminar de Riscos

Análise Preliminar de Riscos

Identificação do Sistema:

Subsistema: Projetista:

Risco Causas Efeitos Categoria do

Risco

Medidas Preventivas ou

Corretivas

Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)

Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), o desenvolvimento de uma APR necessita

dos seguintes procedimentos:

a) Definição do grupo que participará da análise;

b) Subdivisão da instalação em diversos subsistemas;

c) Definição das fronteiras do sistema e de cada subsistema;

d) Determinação dos produtos e atividades com possibilidades de gerar acidentes;

Page 58: Serra circular

57

e) Realização da APR propriamente dita: preenchimento das planilhas de APR em

reuniões do grupo de análises;

f) Elaboração do relatório final; e,

g) Acompanhamento da implementação das recomendações.

Após a identificação dos cenários de acidentes, estes são classificados de forma

qualitativa segundo sua severidade, conforme identificadas na tabela 8 a seguir.

Tabela 8 – Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR

Categoria Denominação Descrição/Características

I Desprezível A falha não irá resultar em uma degradação maior do sistema, nem irá produzir danos funcionais ou lesões, ou

contribuir com risco ao sistema. II Marginal

(ou Limítrofe) A falha irá degradar os sistema em uma certa extensão,

porém sem envolver danos maiores ou lesões, podendo ser compensada ou controlada adequadamente.

III Crítica A falha irá degradar o sistema causando lesões, danos substanciais, ou irá resultar em um risco inaceitável,

necessitando ações corretivas imediatas. IV Catastrófica A falha irá produzir severa degradação do sistema, resultando

em sua perda total, lesões ou morte. Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)

Esta classificação servirá de parâmetro para as pessoas envolvidas na elaboração

da APR a fazerem uma classificação dos riscos, qualificando-os conforme o seu grau de

intensidade. Os envolvidos deverão priorizar e propor medidas preventivas com o objetivo de

neutralizar os riscos identificados.

2.5.3.2 Análise de Operabilidade de Perigos - Hazard and Operability Studies (HAZOP)

A técnica Hazard and Operability Study (HAZOP) foi desenvolvida pela Imperial Chemical Industries (ICI) no Reino Unido no início de 1970, inicialmente para identificar e avaliar a segurança em plantas de processo e problemas de operabilidade, que embora não perigosos, poderiam comprometer a capacidade da planta para alcançar a produtividade estipulada em projeto. Sua essência é uma revisão dos desenhos dos processos e/ou procedimentos numa série de reuniões,

Page 59: Serra circular

58

durante a qual, a equipe utiliza um protocolo pré-estabelecido para avaliar metodicamente os significantes desvios da intenção normal do projeto. O estudo de HAZOP é muito indicado antes mesmo da fase de detalhamento e construção do projeto, evitando com isso, que modificações tenham que ser feitas, principalmente, nas instalações já montadas, quando o custo para tal alteração é muito superior aquele de projeto. A Análise de Riscos e Operabilidade – HAZOP é baseada no princípio de que diversos especialistas com diferentes conhecimentos podem interagir de forma criativa e sistemática, identificando uma maior quantidade de cenários em conjunto do que quando trabalhando separadamente. Segundo Alberton (1996), trata-se de uma ferramenta que permite que as pessoas liberem sua imaginação, pensando em todos os modos pelos quais um evento indesejado ou problema operacional possa ocorrer.

Lopes (1998)

Esta técnica é orientada através de um conjunto de “palavras -guias”, que focaliza

os desvios dos parâmetros estabelecidos para o processo ou operação em análise. As palavras-

guias mais comumente utilizadas estão apresentadas na tabela 9.

Tabela 9 – Palavras-guia do estudo HAZOP e respectivos desvios

Palavra-guia Desvio

Nenhum Ausência de fluxo ou fluxo reverso. A completa negação das

intenções do projeto.

Mais Aumento quantitativo de uma propriedade física relevante.

Menos Diminuição quantitativa de uma propriedade física relevante.

Mudanças na

Composição

Alguns componentes em maior ou menor proporção, ou ainda, um

componente faltando.

Componentes a mais Componentes a mais em relação aos que deveriam existir.

Outra condição

Operacional

Partida, parada, funcionamento em carga reduzida, modo

alternativo de operação, manutenção, mudança de catalisador, etc.

Substituição completa.

Fonte: KLETZ (1984)

Na tabela 10 apresenta-se um modelo de relatório para o estudo HAZOP.

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Tabela 10 – Modelo de relatório para um estudo HAZOP

Palavra-Guia Desvio Causas

Possíveis

Conseqüências Ações

Requeridas

Fonte: KLETZ (1984)

2.5.3.3 Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) - Failure Modes and Effects Analysis (FMEA)

A Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE), também conhecida pela sigla

FMEA (Failure Modes and Effects Analysis), é uma técnica de análise de riscos de uso geral,

detalhada, qualitativa ou quantitativa. Segundo De Cicco (1994), esta técnica permite analisar

as maneiras pelas quais um equipamento, componente ou sistema podem falhar. Permite

também, estimar as taxas de falhas e os efeitos que poderão advir, e, estabelecer as mudanças

que deverão ser feitas para aumentar a probabilidade de que o sistema ou equipamento

funcione satisfatoriamente (DE CICCO e FANTAZZINI 1994).

A AMFE é uma ferramenta poderosa que nasceu dentro da Indústria da

Aeronáutica para buscar a confiabilidade das aeronaves. A AMFE é uma metodologia

sistemática para identificar os modos de falha do sistema para buscar ações pró-ativas para

prevenir a falha ou diminuir seus efeitos. Foi desenvolvido inicialmente para a melhoria da

confiabilidade dos sistemas e também tem sido largamente utilizado para a melhoria dos

processos e da qualidade dos produtos. O objeto da AMFE são os sistemas. O foco são os

componentes e suas falhas (CARDELLA, 1999). Os principais objetivos da AMFE são: uma

revisão sistemática dos modos de falha de um componente para garantir danos mínimos ao

sistema; determinação dos efeitos que tais falhas terão em outros componentes do sistema;

determinação dos componentes cujas falhas teriam efeito crítico na operação do sistema

(falhas de efeito crítico); cálculo de probabilidade de falha de componentes, montagem e

subsistemas, através do uso de componentes com confiabilidade alta, redundâncias no projeto

ou ambos (DE CICCO e FANTAZZINI, 1994).

Geralmente, uma AMFE é utilizada em primeiro lugar de uma forma qualitativa,

quer na revisão sistemática dos modos de falha do componente, na determinação de seus

Page 61: Serra circular

60

efeitos em outros componentes e ainda na determinação dos componentes cujas falhas têm

efeito crítico na operação do sistema, sempre procurando garantir danos mínimos ao sistema

como um todo. Na maioria das vezes, não são considerados nesta análise os efeitos das falhas

humanas sobre o sistema. Numa etapa seguinte, pode-se aplicar também dados quantitativos,

a fim de se estabelecer uma confiabilidade ou probabilidade de falha do sistema ou

subsistema (ALBERTON,1996).

Conhecido o sistema e suas especificidades, pode-se dar seguimento à análise,

cabendo à empresa idealizar o modelo que melhor se adapte a ela. A tabela 11 mostra

esquematicamente um modelo para aplicação da AMFE.

Tabela 11 – Modelo de Aplicação de uma AMFE

Item

Modo de

Falha

Causa de

Falha

Efeitos: -nos

componentes -no sistema

Categoria de

Risco

Probabilidade de

Ocorrência

Métodos de

Detecção

Ações Possíveis

Fonte: Hammer (1993)

A metodologia da AMFE pode ser aplicada de acordo com a seqüência sugerida

por De Cicco e Fantazzini (1994), conformedescritoaseguir:

a) Dividir o sistema em subsistemas que podem ser efetivamente controlados;

b) Traçar diagramas de blocos funcionais do sistema e subsistemas, para determinar seus

inter-relacionamentos e de seus componentes;

c) Preparar uma listagem dos componentes de cada subsistema e registrar a função

específica de cada um deles;

d) Determinar através da análise de projetos e diagramas, os modos de falha que possam

ocorrer e afetar cada componente. Deverão ser considerados quatro modos de falha:

operação prematura; falha em operar num tempo prescrito; falha em cessar de operar

num tempo prescrito; falha durante a operação;

A probabilidade de falha do sistema ou subsistema será, igual à probabilidade

total de todos os modos de falha. Quando da determinação de probabilidades de acidentes,

Page 62: Serra circular

61

deverão ser eliminadas todas as taxas de falhas relativas aos modos de falha que não

geram acidentes.

e) Indicar os efeitos de cada falha específica sobre outros componentes do subsistema e

como cada afeta o desempenho total do subsistema em relação à missão do mesmo;

f) Estimar a gravidade de cada falha específica de acordo com as categorias ou classes de

risco, conforme já mencionadas na tabela 8;

A estimativa das taxas de cada falha poderá ser feita,entre outros modos, através

de taxas genéricas desenvolvidas a partir de testes realizados pelos fabricantes dos

componentes; pela comparação com equipamentos ou sistemas similares; com o auxilio de

dados de engenharia.

g) Indicar os métodos de detecção de cada falha específica;

h) Formular possíveis ações de compensação e reparos que podem ser adotadas para

eliminar ou controlar cada falha específica e seus efeitos;

i) Determinar as probabilidades de ocorrência de cada falha específica para possibilitar a

análise quantitativa.

A AMFE é muito eficiente quando aplicada a sistemas mais simples e falhas

singelas. Suas inadequações levaram ao desenvolvimento de outros métodos,tais como a

”Análise de Árvores de Falhas (AAF)”, que a completa e que será abordada no item 2.5.4.1

(DE CICCO e FANTAZZINI, 1994).

Assim como a APR, a AMFE também deve ter um formulário onde serão

efetuados os registros dos componentes, seus modos de falha, meios de detecção,

conseqüências e medidas que poderão ser adotadas para controle de riscos e de emergências.

A tabela 12 a seguir, apresenta um modelo de formulário aplicado na AMFE e o qual será

utilizado no estudo de caso.

Page 63: Serra circular

62

Tabela 12 - Modelo de formulário para AMFE

Folha Nº: AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data:

Empresa:

Sistema: Elaborada por:

Possíveis Efeitos Componentes Modos

de

Falha Em outros

componentes

No sistema

Categ. de

Risco

Métodos de

Detecção

Ação de

Compensação e

Reparos

Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)

2.5.4 Técnicas Avaliação de Riscos

2.5.4.1 Análise de Árvore de Falhas (AAF) - Fault Tree Analysis (FTA)

A Análise de Árvores de Falhas foi desenvolvida, m 1962, pelos Laboratórios Bell Telephone, a pedido da Força Aérea Americana, para uso no sistema do míssil balístico intercontinental Minuteman. De acordo com Oliveira e Makaron (1987), a AAF é uma técnica dedutiva que permite aos analistas de riscos focar em um acidente particular e fornece um método para determinar as causas deste acidente. A Árvore de Falhas é um modelo gráfico, baseado na aplicação de princípios da Álgebra Booleana (utilização de portas lógicas do tipo “E” ou “OU”), que exibe as várias combinações de falhas de equipamentos e erros humanos que podem resultar na principal falha do sistema de interesse, chamado de evento Topo (ou Top). As combinações seqüenciais destes eventos formam os diversos ramos da árvore.

De Cicco e Fantazzini (1994)

Essa designação se justifica em virtude da utilização desse evento no nível mais alto da árvore de falhas, que tem representação gráfica; os eventos de nível inferior recebem o nome de eventos básicos ou primários, pois é a partir deles que se originam os eventos de nível mais alto. Esse modelo permite aos analistas de riscos focar medidas preventivas ou mitigadoras nas causas básicas e significativas, reduzindo assim, a possibilidade de ocorrência de um acidente. Portanto, é certo supor que a árvore de falhas é um diagrama que mostra a inter-relação lógica entre estas causas básicas e o acidente.

Oliveira e Makaron (1987)

Page 64: Serra circular

63

Na figura 1 segue a estrutura básica de construção de uma árvore de falhas

sintetizada por De Cicco e Fantazzini (1994).

Figura 1 - Estrutura fundamental de uma AMFE Fonte: Henley e Kumamoto (1981)

De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994), o método da AAF pode ser

desenvolvido através dos seguintes passos:

a) Seleção do evento indesejável ou falha, cuja probabilidade de ocorrência deve ser

determinada;

b) Revisão dos fatores intervenientes, como ambiente, dados de projeto, exigências

do sistema, etc., determinando as condições, eventos particulares ou falhas que

poderiam contribuir para a ocorrência do evento indesejado;

c) É preparada uma árvore, através da diagramação dos eventos contribuintes e

falhas, de modo sistemático, que irá mostrar o inter-relacionamento entre os mesmos

e em relação ao evento topo. O processo se inicia com os eventos que poderiam,

diretamente causar tal fato, formando o primeiro nível. À medida que se retrocede

passo a passo, as combinações de eventos e falhas contribuintes irão sendo

adicionadas. Os diagramas assim preparados são chamados árvore de falhas. O

relacionamento entre os eventos é feito através das comportas lógicas;

Page 65: Serra circular

64

d) Através de Álgebra Booleana são desenvolvidas as expressões matemáticas

adequadas, representando as entradas das árvores de falhas. Cada comporta lógica tem

implícita uma operação matemática e estas podem ser traduzidas em última análise

por ações de adição ou multiplicação;

e) Determinação da probabilidade de falha de cada componente, ou a probabilidade

de ocorrência de cada condição ou evento presentes na equação simplificada. Esses

dados podem ser obtidos de tabelas específicas, dados dos fabricantes, experiência

anterior, comparação com equipamentos similares, ou ainda obtidos

experimentalmente para o específico sistema em estudo;

f) As probabilidades são aplicadas à expressão simplificada, calculando-se a

probabilidade de ocorrência do evento indesejável investigado.

A AAF não é capaz de levantar dados quantitativos precisos, entretanto, mesmo

sendo aplicada ao seu nível de menor complexidade, a técnica propicia um grande numero de

informações e analise do sistema global, ou analise do processo em questão, fazendo que a

equipe de analistas tenha uma visão clara e real, para posteriormente propor medidas de

atuação para a situação desejada.

Dentre as aplicações da AAF do uso do método de falhas podemos citar: para

determinar a situação mais critica, o evento que mais ocorreu, as falhas irrelevantes, as falhas

de maior importância, identificar elementos que causam contratempos.

A AAF são divididas em subsistemas e analisados de forma independente, passo a

passo.

A simbologia lógica de uma árvore de falhas é descrita na figura 2.

Page 66: Serra circular

65

Figura 2 - Simbologia lógica de uma árvore de falha Fonte: http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap5/cap5_ane.htm

A tabela 13 transcrito de Hammer (1993), representa algumas das definições de

álgebra booleana associadas aos símbolos usados na análise quantitativa da árvore de falhas.

Em complemento, a tabela 14 apresenta as leis e fundamentos matemáticos da Álgebra de

Boole.

Page 67: Serra circular

66

Tabela 13 - Álgebra booleana e simbologia usada na árvore de falhas

Módulo Símbolo Explicação Tabela

Verdade

OR (OU)

O módulo OR indica que quando uma ou mais das entradas ou condições determinantes estiverem presentes, a proposição será verdadeira (V) e resultará uma saída. Ao contrário, a proposição será falsa (F) se, e somente se, nenhuma das condições estiver presente

A0011 + B0101

0 (F)

1 (V)

1 (V)

1 (V)

AND (E)

O módulo AND indica que todas as entradas ou condições determinantes devem estar presentes para que uma proposição seja verdadeira (V). Se uma das condições ou entradas estiver faltando, a proposição será falsa (F).

A0011*

B0101

0 (F)

0 (F)

0 (F)

1 (V)

NOR (NOU)

O módulo NOR pode ser considerado um estado NO-OR (NÃO-OU). Indica que, quando uma ou mais entradas estiverem presentes, a proposição será falsa (F) e não haverá saída. Quando nenhuma das entradas estiver presente, resultará uma saída.

A0011 + B0101

1 (V)

0 (F)

0 (F)

0 (F)

NAND (NE)

O módulo NAND indica que, quando uma ou mais das entradas ou condições determinantes não estiverem presentes, a proposição será verdadeira (V) e haverá uma saída. Quando todas as entradas estiverem presentes, a proposição será falsa (F) e não haverá saída.

A0011*

B0101

1 (V)

1 (V)

1 (V)

0 (F)

Fonte: Hammer (1993)

Page 68: Serra circular

67

Tabela 14 - Relacionamento e leis representativas da Álgebra de Boole

RELACIONAMENTO LEI A . 1 = A

A . 0 = 0

A + 0 = A

A + 1 = 1

Conjuntos complementos ou vazios

(Ac)c = A Lei de involução A . Ac = 0

A + Ac = 1 Relações complementares

A . A = A

A + A = A Leis de idempontência

A . B = B . A

A + B = B + A Leis comutativas

A . (B . C) = (A . B) . C

A + (B + C) = (A + B) + C Leis associativas

A . (B + C) = (A . B) + (A . C)

A + (B . C) = (A + B) . (A + C) Leis distributivas

A . (A + B) = A

A + (A . B) = A Leis de absorção

(A . B)c = Ac + Bc

(A + B)c = Ac . Bc Leis de dualização ( Leis de Morgan)

Fonte: Hammer (1993)

Desta forma, para a árvore de falhas representada na figura 3 as probabilidades

dos eventos, calculadas obedecendo-se às determinações das comportas lógicas, resultam em:

E = A intersec. D

D = B união C

E = A intersec. B união C

P(E) = P(A intersec. B união C)

Page 69: Serra circular

68

Figura 3 - Esquema de uma árvore de falhas Fonte: http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap5/cap5_ane.htm

Page 70: Serra circular

69

CAPÍTULO III

3 ESTUDO DE CASO

3.1 Estudo de Caso

Este estudo de caso vem a complementar e aplicar os conhecimentos adquiridos

na pesquisa bibliográfica realizada. Procurou-se buscar um exemplo prático a fim de aplicar

as técnicas de risco APR e AMFE em uma serra circular.

O motivo da escolha da aplicação da APR deve-se ao fato de ser uma análise

preliminar, como o próprio nome já diz uma análise inicial, de partida e de origem qualitativa.

Apesar de seu escopo básico de análise inicial, é muito útil como revisão geral de segurança

em sistemas operacionais revelando aspectos, às vezes, despercebidos (FANTAZZINI, 1994).

Já a AMFE trata-se de uma análise mais detalhada, aplicada diretamente à falha

em equipamentos. Pode ser avaliada quantitativamente também, porém, neste trabalho será

abordado somente o estudo qualitativo. Esta técnica é de grande utilidade para aumentar a

confiabilidade de equipamentos e sistemas através do tratamento de componentes críticos

(FANTAZZINI, 1994).

O objeto do estudo de caso, que é caracterizar e levantar os riscos nos serviços de

execução de formas realizados com serra circular, será realizado na Obra do Residencial

Jardim di Ébanos. Trata-se de um Condomínio Residencial construído na cidade de Criciúma.

O empreendimento foi lançado e está sendo vendido pela própria construtora. A

parceria entre a Construtora e Caixa Econômica Federal permite ao cliente um financiamento

diferenciado, denominado de Imóvel na planta com recursos do FGTS.

O condomínio é composto por 11 Casas Geminadas (denominadas de 1 a 11),

sendo que as casas nº 01, 02 e 07, compostas por 02 pavimentos com área de 71,16m². No

pavimento térreo tem-se: sala de estar/ jantar, cozinha, área de serviço, varada, churrasqueira

e banheiro social, sendo que no pavimento superior tem-se: 02 dormitórios e 01 banheiro.

As casas nº 03, 04, 05, 06, 08, 09, 10 e 11 são compostas também por 02

pavimentos com área de 96,20m². No pavimento térreo tem-se: sala estar/jantar, cozinha, área

Page 71: Serra circular

70

de serviço, varanda, churrasqueira e banheiro social, sendo que no pavimento superior tem-se:

02 dormitórios, e 01 suíte com sacada.

A área real global construída é de 983,08m², como descrito na figura 4.

Figura 4 - Quadro de áreas do Residencial Jardim di Ébanos Fonte: Construto Nunes, 2006.

Casa nº Área Privada

(m2)

Área Comum

(m2)

Área

Construída

Terreno

(m2)

% Terreno

01 71,16 0,00 71,16 127,01 8,75%

02 71,16 0,00 71,16 91,53 6,30%

03 96,20 0,00 96,20 131,08 9,026%

04 96,20 0,00 96,20 132,66 9,136%

05 96,20 0,00 96,20 132,66 9,136%

06 96,20 0,00 96,20 131,08 9,026%

07 71,16 0,00 71,16 91,53 6,30%

08 96,20 0,00 96,20 132,88 9,15%

09 96,20 0,00 96,20 132,88 9,15%

10 96,20 0,00 96,20 131,08 9,026%

11 96,20 0,00 96,20 217,86 15,00%

Totais 983,08 983,08 1.452,27 100%

- DUGLP�GL�e EDQRV5 HVLGHQFLDO

Rua Juceli Rodrigues

Bairro Jardim Maristela – Criciúma / SC

Page 72: Serra circular

71

3.2 Histórico da Empresa

A CONSTRUTORA NUNES LTDA, sediada na cidade de Criciúma – Santa

Catarina, é a primeira construtora na cidade a ser certificada pelo Programa Brasileiro de

Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) nível A.

A empresa atua a 22 anos na área de construção civil. Fundada em maio de 1985,

primeiramente se dedicava apenas a executar obras residenciais. Ao longo dos anos com

significativo crescimento e espírito empreendedor, a empresa conquistou espaço em outros

setores da construção como: edificações, pavimentação, drenagem, terraplenagem,

manutenção, coleta de lixo e limpeza urbana, executando obras e prestando serviços para

órgãos públicos e empresas privadas.

Em dezembro de 2005, a empresa atingiu uma nova meta, que foi a instalação da

Britagem de Seixo em Rio Cedro – Nova Veneza, para comercialização de materiais diversos

de seixo britado (brita, base de brita graduada, base parcialmente britada, seixo bruto rolado,

bica corrida, macadame seco, entre outros).

Atualmente, a empresa presta serviços de limpeza urbana, está construindo o

Residencial Jardim di Ébanos, como também comercializa materiais da britagem de seixo,

contando com cerca de 100 empregados.

3.3 Procedimentos Metodológicos

Os Procedimentos metodológicos para realização deste trabalho constituíram-se

em primeiramente contato e conhecimento da empresa, do empreendimento e do tipo de

serviço analisado. Após este contato foi realizada visita “in loco” ao canteiro de obras do

Residencial jardim di Ébanos, a fim de analisar como era realizado o serviço de execução de

forma e analise técnica do equipamento “se rra circular”.

Posteriormente verificou-se as ocorrências de acidentes, e através das técnicas de

análise de risco foram analisados outros aspectos referentes a ocorrência de acidentes com

trabalho de execução de forma em serra circular.

Page 73: Serra circular

72

3.4 Fluxograma de Execução de Formas

Na figura 5 pode-se acompanhar o fluxograma do processo da atividade execução

de formas.

Figura 5 - Fluxograma do processo de Execução de Formas Fonte: IT 005 (PBQP-H Construtora Nunes)

Preparar Material

Elaborar Formas

(2)

Inspecionar Atividade

Concretar Estruturas

Aguardar Cura

Do Concreto

Fim

Remover Formas e Escoras

Page 74: Serra circular

73

3.5 Método

Como método utilizar-se-á as técnicas de analise de risco, aplicadas

respectivamente conforme suas características e metodologias.

3.5.1 Metodologia de implantação das Técnicas APR e AMFE

No estudo de caso foi escolhido o tipo de serviço e o equipamento serra circular,

descreveu-se as atividades e operações envolvidas no processo de execução de forma, como

demonstra a figura 6 em forma de fluxograma.

Figura 6 - Etapa para implantação APR e AMFE. Fonte: Deise Nunes e Rosilda Souza, 2007

(1) Escolha do serviço e do

Equipamento Serra Circular

(2) Estudo do serviço de Execução de Forma

e da Serra Circular

(3) Adaptação dos Formulários para

Aplicação das técnicas

(4) Aplicação da Técnica APR

(5) Aplicação da

Técnica AMFE

(6) Desenvolvimento da Técnica APR

(7) Desenvolvimento da AMFE AMFE AMFE Técnica FMEA

Page 75: Serra circular

74

3.6 Serra circular na execução de formas

Conforme mencionada anteriormente, a empresa confecciona formas para

execução de concreto armado, através da utilização de serra circular, descrito no item 2.

A Serra Circular de Mesa, é formada por um disco de videa com 32 dentes, uma

coifa protetora, cutelo divisor ou lamina separadora, um motor trifásico de potência 1 HP,

uma polia, uma correia e uma chave de acionamento liga/desliga.

3.7 Identificação de riscos na serra circular a serem observados in loco

Através de Análise “in loco” dos serviços de execução de forma com a utilização

da serra circular, e referencias bibliográfica, identificou-se os riscos preliminares, para

posterior aplicação das técnicas de analise de risco mencionadas anteriormente.

Neste item 3.7, identificar-se-á os itens a serem observados, se há existência ou

não dos riscos identificados na obra objeto deste estudo de caso.

3.7.1 Retrocesso da madeira

O retrocesso da madeira pode ocorrer devido, a nós e rachaduras existentes na

própria madeira, que ficam engalhados na serra.

Figura 7 - Tábua de pinus com nós e rachaduras Fonte: www.saudetrabalho.com.br

Page 76: Serra circular

75

3.7.2 Dentes ou videas quebrados ou trincados

Os dentes ou videas da serra devem estar em perfeito estado de conservação,

dentes do disco quebrados, trincados ou desafiados, podem engalhar na madeira, fazendo o

operador perder o controle, puxando a mão do mesmo em direção ao disco, interrompendo o

processo normal e ocasionando acidentes.

Figura 8 - Serra com dentes ou videas quebrados ou trincados Fonte: www.saudetrabalho.com.br

3.7.3 Desequilíbrio da Madeira decorrente da própria operação da serra

O desequilíbrio da madeira pode ocorrer através do uso do disco com dentes

quebrados, ou ainda por falha do operador na colocação da madeira na mesa da serra circular.

A tabua de madeira a ser serrada deve ser colocada sobre a mesa da serra alinhada e rente

mesma. O desequilíbrio da madeira pode acarretar: serragem equivocada da madeira, pedaços

de madeira saltando de forma desorganizada, podendo também a madeira engalhar puxando a

mão do operador.

Figura 9 - Desequilíbrio da madeira Fonte: www.saudetrabalho.com.br

3 O desequi l íbr io

das tensõesinternas da

madeiradecorrente da

própr iaoperação das

ser ras ;

--------

Page 77: Serra circular

76

3.7.4 Contato acidental das mãos com os dentes da Serra, caso não possua coifa protetora

A coifa protetora é um EPC indispensável para o uso da Serra Circular, sem a

mesma o operador fica exposto ao contato direto entre mão, dedos e o disco da serra, tal fato

pode ocasionar acidente mediante qualquer mínimo descuido do operador.

Figura 10 - Contato acidental das mãos com os dentes da Serra Fonte: www.saudetrabalho.com.br

3.7.5 Contato acidental com o disco da serra, no final da operação de serragem, caso não possua coifa protetora e empurrador

O empurrador é utilizado para empurrar a peça de madeira a ser serrada no final

da operação, por se tratar de um pedaço de madeira pequeno, o empurrador evita que o

operário tenha contato direto das mãos aos dentes do disco da serra circular. Por isso no

processo de serragem, no fim da peça a ser serrada é fundamental a utilização de

empurradores.

--------

Contato acidental com a a parte operacional do

disco ( dentes ) em caso de não possuir a

coifa protetora.

Page 78: Serra circular

77

Figura 11 - Contato acidental com o disco da serra caso não possua coifa protetora e empurrador Fonte: www.saudetrabalho.com.br

3.7.6 Contato com o disco da serra na parte inferior (abaixo) da bancada, falta de proteção nas laterais

Na parte lateral da serra, onde delimita o espaço entre o operador e o

equipamento, se faz necessário uma proteção, que poderá ser executada em chapa de madeira,

madeirite, ou qualquer outro material, a finalidade é proteger o membros inferiores ( perna ,

joelho) do disco da serra circular que gira embaixo da bancada da mesma.

Figura 12 - Contato com o disco da serra na parte inferior da bancada sem proteção nas laterais Fonte: www.saudetrabalho.com.br

Contato com os dentes do disco na parte

infer ior ( embaix o) da bancada por

(falta de fechamento) de proteção nas laterais .

--------

Contato com disco no final da operação de ser ragem, quando as mãos do trabalhador , ao empurrarem a peça se aprox imam dos dentes do disco sem a coifa protetora e o

empurrador , dispos itivo indispensável nesse tipo de operação.

Page 79: Serra circular

78

3.7.7 Falta de organização no canteiro de obras

A falta de organização no canteiro de obras pode ocasionar acidentes por

tropeções ou quedas, em outros objetos, ferramentas jogadas, ou restos de madeiras

armazenadas ou alocadas em locais indevidos.

Figura 13 - Falta de organização e limpeza no canteiro de obras Fonte: www.saudetrabalho.com.br

3.7.8 Coletor de serragem e suportes de apoio

O primeiro para coletar a serragem formada pela operação de serragem da

madeira e o segundo é utilizado para apoiar peças grandes a serem serradas, evita queda e

desequilíbrio da madeira.

Falta de organiz ação e l impez a, Lay - out mal elaborado

( obstrução com mater iais )

Page 80: Serra circular

79

Figura 14 - Coletor de serragem e suportes de apoio Fonte: www.saudetrabalho.com.br

3.8 Etapas para aplicação da APR

Para melhor classificar os riscos quanto à gravidade, fez-se uma adaptação das

categorias de severidade para a realidade da empresa. Desta forma, adaptou-se a tabela 2

apresentada no item 2.5.3.1 proposto na tabela 15.

Tabela 15 – Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR (adaptada)

Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994), adaptada

Categoria Denominação Descrição/Características

I

Desprezível

- Sem danos ou danos insignificantes aos equipamentos e/ou a propriedade; - Não ocorrem lesões/mortes de trabalhadores e/ou de terceiros; - O máximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros ou tratamento médico menor;

II

Marginal (ou Limítrofe)

- Danos leves aos equipamentos e/ou a propriedade (os danos materiais são controláveis e/ou de baixo custo de reparo); - Lesões leves aos trabalhadores;

III

Crítica

- Danos severos aos equipamentos e/ou a propriedade; - Lesões de gravidade moderada aos trabalhadores (probabilidade remota de morte); - Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em catástrofe;

IV

Catastrófica

- Danos irreparáveis aos equipamentos e/ou a propriedade; - Provoca mortes ou lesões aos trabalhadores.

Suportes de apoio : Quando as peças forem de grande

comprimento, é recomendável a uti l ização de suportes . Estes suportes podem ser cavaletes de madeira e/ou metál ico, conforme figura.

Coletor de serragem : caixa que pode ser construída

de madeir ite , tem a função de sedimentar o pó de ser ra.

Page 81: Serra circular

80

3.9 Aplicação da APR

Após a escolha da máquina para a realização do estudo de caso, foram seguidas as

etapas abaixo para a aplicação da Análise Preliminar de Riscos (APR):

- Estudo e avaliação dos dados construtivos, englobando os princípios gerais de

funcionamento da serra circular. Observou-se o funcionamento da máquina na qual se

teve a explanação dos operadores e encarregado de processos;

- Preparação de fonte de dados e material de apoio: com as informações obtidas tornou-

se possível dividir a máquina em subsistemas e obter dados suficientes para a

realização das reuniões;

- Realização de reuniões: para a identificação de riscos foram realizadas reuniões com

algumas pessoas da empresa, formando-se um grupo de trabalho com representantes

dos setores envolvidos. Primeiramente, procurou-se explanar o objetivo da aplicação

da técnica e os benefícios que a mesma poderá trazer para a empresa. A seguir,

contando com a participação dos integrantes do grupo, fez-se a adaptação da tabela de

severidade de acordo com a realidade da construtora para posterior aplicação da

técnica e preenchimento dos formulários. Nestas reuniões procurou-se discutir

situações de risco já ocorridas ou que possam vir a ocorrer, bem como, as medidas de

controle pertinentes para evitar que os mesmos ocorram explorando o conhecimento e

experiência deste grupo de trabalho.

Os participantes das reuniões e respectivos cargos estão relacionados na tabela

16.

Tabela 16 – Grupo de Trabalho

Nome Cargo

Deise Delfino Nunes Coordenadora – Engenheira Responsável

Rosilda Maria de Souza Coordenadora

Francisco Vieira Lima Mestre de Obras (experiência 21 anos)

João Eleotério Carpinteiro (experiência 23 anos)

Page 82: Serra circular

81

3.10 Etapas para Aplicação da AMFE

Para a aplicação da AMFE, uma das primeiras providencia tomada foi a escolha

do formulário com a participação do grupo de trabalho da construtora. Na tabela 17 apresenta-

se o formulário para a aplicação.

Tabela 17 - Formulário para AMFE

Folha Nº: MFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data:

Empresa:

Sistema: Elaborada por:

Possíveis Efeitos Componentes Modos

de

Falha Em outros

componentes

No sistema

Categ. de

Risco

Métodos de

Detecção

Ação de

Compensação e

Reparos

Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)

3.11 Aplicação da AMFE

Para a aplicação desta técnica utilizou-se o seguinte procedimento:

- Realização de reuniões: realizou-se reunião com o grupo de trabalho apresentado na

tabela 10, apresentando-lhes primeiramente a técnica de Análise de Risco FMEA a

ser aplicada;

- Adequação do formulário: na ocasião da reunião, apresentou-se aos integrantes do

grupo o formulário da AMFE para que fosse adequado à realidade da empresa; e,

posterior aplicação da técnica e preenchimento;

Page 83: Serra circular

82

- Divisão do sistema: apresentou-se a serra circular aos integrantes como sendo o

sistema global, ou seja, o objeto de análise. Em consenso com o grupo, fez-se a

divisão deste sistema (máquina) em componentes;

- Escolha dos componentes a estudar: após escolhido o sistema, procurou-se preparar

uma listagem completa dos componentes, registrando-se, ao mesmo tempo, a função

específica de cada um deles. Os componentes estão descritos e relacionados no item

3.11.2;

- Preenchimento do formulário: nesta etapa questionaram-se os participantes a

respeito dos modos de falha que poderiam ocorrer em cada componente, além de

indicar o efeito e a causa de cada falha, classificando-a quanto à gravidade,

ocorrência e modos de detecção. Exploraram-se também, as medidas possíveis de

serem tomadas para eliminar ou controlar cada falha específica e seus efeitos.

3.11.1 Abordagem sistêmica

Os cuidados necessários para o manuseio de serra circular são indispensáveis para

a redução de acidentes e maior ganho em produtividade. A instalação da serra circular deverá

ser feita em local que restrinja o acesso de pessoas aos operadores especializados e pessoas

autorizadas. Além, das recomendações normais, será considerado o espaço em torno da

máquina, que deverá ser adequado em função das características da madeira a ser trabalhada e

do tipo de operação. As peças devem ser trabalhadas com segurança e não deve existir

interferência com outras operações circunvizinhas. A serra circular deve ser disposta de

maneira a facilitar os trabalhos de inspeção, manutenção e consertos, bem como possibilitar

uma fácil alimentação e retirada de materiais. A figura 15 apresenta o processo da serra

circular.

Page 84: Serra circular

83

Figura 15 - Processo da Serra circular Fonte:(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-51824239-serra-circular-profissional-completa-preco-imbativel-aqui-_JM)

3.11.2 Componentes da serra circular

Os componentes estão descritos e relacionados nas figuras 16 a 19.

a) Disco da Serra Circular - Os dentes do disco da serra devem ser mantidos em bom estado,

afiados e travados.

Partes Componentes da Serra Circular

Disco da Serra Circular :Os dentes do disco da Serra devem ser

mantidos em bom es tado, afiados e travadose, não podendo afiá- los , subs ti tui- se o disco.As flanges de aperto do disco devem ter, no

mínimo 1/3 do diâmetro do mesmo.

1

Figura 16 - Disco da serra circular Fonte: www.saudetrabalho.com.br

Page 85: Serra circular

84

b) Coifa protetora - Evita o contato das mãos, braço ou outra parte do corpo do carpinteiro

com o disco da serra.

2Coifa protetora :

A coifa evita um eventual contato dasmãos e outra parte do corpo do

operador com o disco da Serra.Nunca deve serretirada ou levantada ao operar a serra.

Figura 17 - Coifa protetora Fonte: www.saudetrabalho.com.br

c) Cutelo divisor - Evita o aprisionamento do disco, o que poderia causar o retrocesso da

madeira.

Figura 18 - Cutelo divisor ou Lâmina reparadora Fonte: www.saudetrabalho.com.br

Cutelo Divisor ou Lâmina separadora : O cutelo divisor é uti l iz ado para evitar o

apr is ionamento do disco, o que poder ia causar o retrocesso do mater ial. Para que essa

proteção seja eficaz , é necessár io que alguns procedimentos s ejam devidamente

observados , tais como : a) ter espess ura igual à espessura do disco, b) es tar no mesmo plano

do dis co, com a borda de ataque concentr icamente ao mesmo, dis tanciada

2 a 3 mm; c) ser ins pecionado per iodicamente.

3

Page 86: Serra circular

85

d) Empurradores - Evita o eventual contato com as mãos na serra, com trabalho em peças

pequenas e no fim da operação.

Figura 19 - Empurradores Fonte: www.saudetrabalho.com.br

e) Chave liga-desliga - Os equipamentos elétricos devem ter o dispositivo liga-desliga, sendo

proibido fazer ligação direta. É a chave que ligará e desligará a máquina. Impedindo que a

mesma seja ativada sem intenção ou por acidente.

f) Aterramento - É a ligação intencional com a terra, isto é, com o solo, que pode ser

considerado um condutor através do qual a corrente elétrica pode fluir, difundindo-se. Toda

instalação ou peça condutora que não faça parte dos circuitos elétricos, mas que,

eventualmente, possa ficar sob tensão, deve ser devidamente aterrada. Neste caso, a corrente

elétrica de fuga seguirá para o ponto de aterramento pelo “condutor terra”, não passando pelo

corpo do trabalhador que toca a sua carcaça. No caso de inexistir o aterramento, se um

trabalhador encostar-se à carcaça da máquina, a corrente elétrica vai passar pelo seu corpo e

causar um choque elétrico. O aterramento da serra circular deve ser feito conforme normas

técnicas recomendadas, utilizando uma haste de cobre.

Empurradores

: Para evitar um eventual contato das mãos do operador com disco da Serra, pr incipalmente

no trabalho com peças pequenas, deve ser uti l izado um dispos itivo empurrador como

elemento intermediár io.

Page 87: Serra circular

86

CAPÍTULO IV

4 Resultados obtidos

4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR)

Para aplicação da teoria proposta, ou seja, aplicação desta técnica de

gerenciamento de risco foi necessário que o grupo de trabalho tivesse alguma noção de riscos.

Para isto, fez-se uma exposição de conceitos, tais como, riscos, acidente, perigo, gravidade

etc, a fim de familiarizar os envolvidos com os termos utilizados na Análise Preliminar de

Risco.

Durante a aplicação desta técnica, coordenou-se o grupo de trabalho de uma forma

sistemática, explorando o conhecimento dos mesmos, para adequar o formulário às reais

necessidades da empresa, bem como, a divisão de subsistemas e seu funcionamento e

preenchimento do formulário. Foram realizados questionamentos a respeito da possibilidade

da ocorrência de acidentes, em cada subsistema, suas possíveis causas e efeitos, além de

discutir medidas preventivas. Abordaram-se todos os tipos de risco possíveis, tais como:

riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes.

A maior dificuldade de consenso foi encontrada na discussão do item referente a

classificação da severidade das hipóteses de acidentes identificadas. Entretanto, ponderando o

propósito das categorias de severidade aplicadas a APR, chegou-se finalmente a um consenso.

Para o preenchimento do formulário destacaram-se os subsistemas pertencentes ao

sistema escolhido. para cada subsistema discutiu-se o risco, as causas e os efeitos, para,

finalmente, decidir as medidas preventivas ou corretivas a serem recomendadas,conforme

apresentado nas tabelas de 18 a 24.

O risco por queda de madeira da pilha está descrito na tabela 18. O

armazenamento inadequado de madeira, não sendo o estoque empilhado em forma de grade,

ordenado por bitola, tipo de madeira e tamanho, a fim de evitar desequilíbrio da pilha quando

forem retiradas algumas peças da mesma e, nem o local apropriado para evitar a ação da água.

No caso de uma pilha desorganizada, simplesmente amontoada, podem desequilibrar outras

Page 88: Serra circular

87

peças na retirada de uma, podendo essas peças movimentadas sem intenção, caírem ocasionar

acidentes leves ao trabalhador que está retirando as madeiras ou a um terceiro.

Tabela 18: Análise preliminar de risco do subsistema empilhamento de madeira

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Empilhamento de madeira Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do

Risco Medidas Preventivas ou Corretivas

Queda de

madeira da pilha

Madeira

empilhada de forma

inadequada

Acidentes

pessoais leves

II

Empilhar a madeira em forma de

grade, ordenada por bitola.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007.

Pregos existentes na madeira podem provocar cortes e perfurações aos

trabalhadores que movimentarem, transportarem ou serrarem a peças, o ideal é que toda a

madeira reutilizada seja armazenada isenta de pregos. A tabela 19 apresenta a análise

realizada.

Tabela 19: Análise preliminar de risco do subsistema madeira isenta de pregos

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Madeira isenta de pregos Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do

Risco Medidas Preventivas ou Corretivas

Corte e

perfurações

Madeira

com prego

Acidentes

pessoais leves

II

Remover os pregos da madeira antes de empilhá-las.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007.

A tabela 20 apresenta a análise do risco de queda de madeira e atropelamento. O

transporte da madeira deverá ser realizado de forma adequada e com atenção. Peças grandes

devem ser transportadas por mais de uma pessoa equilibrando o peso, o transporte deverá ser

feito com atenção evitando colisões e atropelamentos de pessoas e equipamentos com a

madeira, o canteiro deve estar organizado de maneira que o trabalhador ao transportar a

madeira não tropece em nada.

Page 89: Serra circular

88

Tabela 20: Análise preliminar de risco do subsistema transporte da madeira a serra

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Transporte da madeira a serra Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do

Risco Medidas Preventivas ou

Corretivas

Queda de madeira

Transporte inadequado

Danos pessoais

leves

II

Treinamento para transporte

de forma adequada.

Atropelamento

Desorganização do canteiro;

Desatenção.

Danos leves a terceiros; Danos a equipamentos.

II

Organização do canteiro.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Na tabela 21 apresenta-se a análise do risco com a queda e o desequilíbrio de

madeira. No caso de serragem de peças grandes, deverão ser utilizados apoios evitando o

desequilíbrio da madeira. Com o desequilíbrio a peça pode saltar em direções indesejadas,

ocorrer retrocesso da madeira, ou engasgar a madeira no disco, provocando acidentes.

Tabela 21: Análise preliminar de risco do subsistema colocação da madeira

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Colocação de madeira Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do Risco Medidas Preventivas ou

Corretivas

Queda e Desequilíbrio

da madeira

Falta

suporte de apoio para madeiras grandes

Acidentes pessoais

leves

II

Utilizar o suporte de apoio para peças grandes a serem serradas.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

A organização no canteiro é fundamental, para evitar desperdícios de materiais,

mal uso de ferramentas e principalmente evitar acidentes. Ferramentas ou materiais alocados

em “qualquer” lugar, espalhados, ou esquecidos no meio do canteiro, ou em corredores de

passagem de trabalhadores podem ocasionar tropeções e posteriormente acidentes. A remoção

automática do material não mais utilizável no momento do corte ou diariamente é importante

para a organização e condições adequadas ao ambiente de trabalho. Objetos jogados de alturas

também podem provocar acidentes. A tabela 22 apresenta a análise do risco.

Page 90: Serra circular

89

Tabela 22: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Organização do canteiro Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do

Risco Medidas Preventivas ou Corretivas

Quedas

Falta de

organização; Falta de atenção;

Falta de coletor de serragens

Acidentes

pessoais leves; Danos a

equipamentos

II

Treinamento; Execução layout.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Na operação da serra circular há resíduos finos resultantes do corte de madeiras,

esses resíduos são irritantes e sua inalação constante poderá levar a doenças graves como o

surgimento de tumores nas vias respiratórias superiores. A análise do risco está descrita na

tabela 23.

Tabela 23 Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Serragem Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do

Risco Medidas Preventivas ou

Corretivas

Resíduos finos

Poeiras

resultantes do corte da

madeira

doenças nas vias

respiratórias

II

Instalação de dispositivos de aspiração para a retirada dos

resíduos.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Na tabela 24 apresenta-se a análise de risco em relação à poluição sonora que

poderá causar a perda auditiva ao trabalhador. Para diminuir a intensidade do ruído pode ser

instalado um dispositivo que consiste em fixar sobre a mesa um painel, com compensado,

paralelamente à lâmina a 1 mm desta. As lâminas com maior número de dentes provocam

maior intensidade de ruídos e ainda as com fendas radiais também. As lâminas especiais

(carbono) provocam menor intensidade de ruídos e também são muito mais resistentes,

aumentando a durabilidade. O aumento da espessura da lâmina, do diâmetro dos flanges e a

diminuição da velocidade também favorecem a redução de ruídos. Existem discos com

tratamento acústico que produzem menos ruídos.

Page 91: Serra circular

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Tabela 24: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro

Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular

Subsistema: Poluição sonora Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria

do Risco Medidas Preventivas ou

Corretivas

Ruído acima de 85dB (A)

- as turbulências do ar são deslocadas pelas lâminas; - as vibrações do corpo da lâmina gerada pelas turbulências aerodinâmicas; - as vibrações causadas pelo impacto dos dentes sobre o material trabalhado.

Perda auditiva

II

- utilizar protetor auricular; exames audiométricos periódicos; - treinamento sobre o uso correto do EPI; - fiscalização para a efetiva utilização do EPI.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007.

4.2 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE)

Para a aplicação da AMFE utilizou-se o mesmo grupo de trabalho que participou

da APR. Foram esclarecidos os princípios desta técnica, com a apresentação do formulário

padrão; e, posterior adaptação à realidade da empresa. Também nesta técnica, fez-se a divisão

do sistema (conjunto serra circular), em componentes. Dividiu-se em seis componentes para a

aplicação desta técnica: a) disco; b) coifa protetora; c) cutelo divisor; d) empurradores; e)

chave liga/desliga; f) aterramento.

Para preenchimento do formulário, destacaram-se, então, os componentes

pertencentes ao sistema escolhido. Para cada componente foram discutidos os possíveis

modos de falhas e efeitos. Após, estabeleceu-se a categoria de risco e detecção destes

possíveis modos de falhas, para finalmente, decidir as ações para compensá-los ou repará-los.

Nas tabelas 25 a 30 apresentam-se as análises dos componentes.

Na tabela 25 será analisado o disco da serra circular que devem ser mantidos em

bom estado, afiados e travados e, não podendo afiá-lo, substitui-se o disco. As flanges de

aperto do disco devem ter no mínimo 1/3 do diâmetro do mesmo. O disco da serra circular

mal afiado, mal travado ou com dentes quebrados, provoca o retrocesso da madeira, pois a

madeira engalha dos dentes da serra, puxando a mão do trabalhador para o contato com os

Page 92: Serra circular

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dentes do disco da serra provocando lesões variadas. A fim de evitar tais acidentes se faz

necessário revisar e fazer manutenção periódica da serra circular.

Tabela 25: Análise de modos de falha e efeitos do disco

Folha Nº: 01 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007

Empresa: Construtora Nunes

Sistema: Conjunto Serra circular

Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza

Possíveis Efeitos Componentes Modos de Falha Em outro

componente No sistema

Categ de

Risco

Métodos de

Detecção

Ação de Compensação e

Reparos

Disco (a)

Mal afiado; Mal travado; Dentes quebrados

_

Retrocesso da madeira

II

Vistoria

Treinamento; Revisar e fazer manutenção periódica.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

A coifa protetora é um equipamento de proteção coletiva que evita um eventual

contato direto das mãos e outra parte do corpo do operador com o disco da serra circular.

Uma serra circular jamais deverá ser utilizada sem a existência da coifa protetora fixada de

forma correta protegendo o trabalhador de acidentes. Nunca deve ser retirada ou levantada ao

operar a serra. O trabalhador deverá ser treinado para manusear a serra com a coifa protetora e

os devidos cuidados necessários. Sua análise está apresentada na tabela 26.

Tabela 26: Análise de modos de falha e efeitos da coifa protetora

Folha Nº: 02 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007

Empresa: Construtora Nunes

Sistema: Conjunto Serra circular

Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza

Possíveis Efeitos

Componentes

Modos de

Falha Em outro componente

No sistema

Categ.

de Risco

Métodos de

Detecção

Ação de

Compensação e Reparos

Coifa protetora (b)

Inexistência fixação da coifa

_

Contato das mãos do operador com o disco

III

Vistoria

Treinamento; Colocação; Utilizar a serra somente com a coifa protetora.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Descreve-se a análise do risco com o cutelo divisor na tabela 27. O cutelo divisor

ou lâmina separadora é utilizado para evitar o aprisionamento do disco, o que poderia causar

Page 93: Serra circular

92

o retrocesso da madeira, direcionando as partes da madeira serrada. Os treinamentos

conscientizando os trabalhadores e a manutenção periódica do equipamento é fundamental.

Tabela 27: Análise de modos de falha e efeitos do cutelo divisor

Folha Nº: 03 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007

Empresa: Construtora Nunes

Sistema: Conjunto Serra circular

Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza

Possíveis Efeitos

Componentes

Modos de

Falha Em outro componente

No sistema

Categ.

de Risco

Métodos

de Detecção

Ação de

Compensação e Reparos

Cutelo divisor (c)

Inexistência fixação

do componente

_

Retrocesso da madeira ;

Aprisionamen-to do disco

II

Vistoria

- treinamento; - ter espessura igual a espessura do disco; - estar no mesmo plano do disco; - ser inspecionado periodicamente.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Na tabela 28 apresenta-se a análise do risco dos empurradores. Os empurradores

devem ser utilizados como elemento intermediário para evitar um eventual contato das mãos

do operador com o disco da serra, principalmente no trabalho com peças pequenas. A

inexistência dos empurradores, torna o contato das mãos do trabalhador com o disco da serra

circular direto, aumentando muito o risco de acidentes. Esses riscos podem ser combatidos

através de treinamentos buscando despertar a conscientização dos trabalhadores sobre a

importância dos empurradores e os riscos oriundos da falta de utilização dos mesmos.

Tabela 28: Análise de modos de falha e efeitos dos empurradores

Folha Nº: 04 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007

Empresa: Construtora Nunes

Sistema: Conjunto Serra circular

Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza

Possíveis Efeitos

Componentes

Modos de

Falha Em outro componente

No sistema

Capte.

de Risco

Métodos

de Detecção

Ação de

Compensação e Reparos

Empurradores (d)

Inexistência

_

Contato das mãos do operador com o disco

II

Vistoria

Treinamento; Utilizar a serra com empurradores para madeiras pequenas.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Page 94: Serra circular

93

A chave liga/desliga evita que a serra seja ligada sem intenção. Caso a serra seja

instalada direto, sem chave de acionamento, o risco de a mesma ser ativada de forma acidental

e sem intenção é grande, podendo provocar acidentes como por exemplo: em pessoas que

estavam fazendo manutenção pensando que o equipamento estava desligado, peças que se

encontravam em cima da bancada serem lançadas para qualquer parte podendo provocar

colisões em terceiros, entre outros. Na tabela 29 está descrito a análise.

Tabela 29: Análise de modos de falha e efeitos da chave liga/desliga

Folha Nº: 05 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007

Empresa: Construtora Nunes

Sistema: Conjunto Serra circular

Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza

Possíveis Efeitos

Componentes

Modos de

Falha Em outro componente

No sistema

Capte.

de Risco

Métodos de

Detecção

Ação de

Compensação e Reparos

Chave

liga/desliga (e)

Inexistência da chave

Danos ao equipamento

Ativar a serra acidental- mente

II

Vistoria

Treinamento; Instalação correta da serra circular.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Na tabela 30 apresenta-se a análise do aterramento. O aterramento faz parte da

instalação correta da serra, o mesmo evita que o operador leve choques elétricos. São

interessantes neste caso treinamentos orientando a instalação correta da serra circular e

enfatizando os perigos dos choques elétricos, e principalmente vistoriar a serra verificando se

a mesma está aterrada e com todos os EPC necessários para realização do processo com

segurança.

Tabela 30: Análise de modos de falha e efeitos do aterramento

Folha Nº: 06 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007

Empresa: Construtora Nunes

Sistema: Conjunto Serra circular

Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza

Possíveis Efeitos

Componentes

Modos de

Falha Em outro componente

No sistema

Capte.

de Risco

Métodos de

Detecção

Ação de

Compensação e Reparos

Aterramento

(f)

falha de aterramento

_

Choques elétricos

III

Vistoria

Treinamento; aterramento da serra circular.

Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007

Page 95: Serra circular

94

CAPÍTULO V

5 Conclusões e Recomendações para futuros trabalhos

5.1 Conclusões

O desenvolvimento deste trabalho teve como foco a indústria da Construção Civil,

em especifico os serviços de execução de forma com a utilização de serra circular, onde foram

levantados diretamente os riscos que possivelmente podem ocorrer na operação deste

equipamento. Levou-se em consideração diversas condições de trabalho com serra circular a

fim de levantar os riscos, e analisou-se os riscos de acidentes, com e sem uso de EPC na serra

circular, inclusive a impossibilidade de trabalhar sem estes itens.

Através de visitas de campo, na empresa mencionada neste trabalho, foram

analisados todos os procedimentos necessários para execução dos trabalhos com o uso da

serra circular, observou-se o perfil dos trabalhadores, coletou-se dados e trocou-se experiência

com estes mesmos trabalhadores. Enfim, todo o processo foi acompanhado, com o intuito de

levantar todos os possíveis riscos. A partir disso, pode se dizer que objetivo geral deste

trabalho, "identificar os riscos de acidentes nos serviços de execução de formas com a

utilização de serra circular" foi alcançado.

Nesta empresa a serra circular estava equipada com todos os EPC solicitados

pelas normas, neutralizando os possíveis riscos levantados. Na mesma é proibida a utilização

da serra circular, caso todos os equipamentos de segurança necessários não estiverem

instalados, disponíveis e em condições de uso.

Os objetivos específicos foram alcançados após os trabalhadores perceberem a

importância do trabalho e a partir de então contribuírem com suas experiências e

necessidades. Com base na revisão bibliográfica e na experiência profissional, as atividades

dos trabalhadores envolvidos foram observadas e descritas. As técnicas APR e AMFE foram

utilizadas para identificar os riscos que possivelmente pudessem ocorrer. Analisou-se,

também os riscos de cada componente do equipamento, com e sem EPC, e as proporções de

cada risco identificado foram avaliadas.

Page 96: Serra circular

95

Mediante a aplicação das duas técnicas, comprovou-se os dados esperados, ou

seja, nos resultados da AMFE foram identificados dois cenários de risco crítico, que poderão

acarretar acidentes com danos aos trabalhadores, considerados acidentes graves (Categoria

risco=3). Esta ocorrência foi constatada na utilização da serra circular sem a coifa protetora e

na instalação da mesma sem o aterramento adequado. Concluiu-se que existem medidas

preventivas eficientes que neutralizam os riscos identificados, que são a capacitação e

conscientização dos trabalhadores, a instalação adequada da serra circular com aterramento e

chave liga/desliga, e a sua utilização apenas se dotada de coifa protetora e demais EPI e EPC.

Já nos resultados da aplicação da APR observou-se que não houve a identificação

de nenhum risco catastrófico, sendo que todos foram enquadrados na categoria de gravidade

moderada (categoria risco=2). Estes riscos mesmo que classificados como moderados deverão

ser observados e neutralizados com implementação das medidas corretivas e/ou preventivas

sugeridas.

As técnicas de análise de risco aplicadas foram de suma importância para

diagnosticar os riscos na operação com a serra circular e sugerir medidas para solucioná-los.

Além, de demonstrar os pontos positivos da construtora, como o constatado em relação ao uso

dos EPI (avental de raspa, protetor facial, protetor auricular tipo concha e máscara

descartável) e dos EPC considerados mínimos (cutelo divisor, coifa de proteção e caixa de

coleta de serragem).

Para as autoras é recomendável o desenvolvimento das análises antes da elaboração do

plano de segurança, para que a função prevencionista de um plano seja atendida. A aplicação

desta ferramenta na fase de projeto ou de desenvolvimento de qualquer novo processo,

produto ou sistema na indústria da construção civil é fundamental para que se cumpra o

objetivo de determinar a categoria dos riscos e as medidas preventivas antes da fase

operacional, permitindo revisões de projeto em tempo hábil no sentido de promover maior

segurança para o trabalhador. Com o foco na prevenção, as técnicas de análises poderão

apresentar os seguintes benefícios para a indústria da construção civil: reduzir a gravidade de

eventos indesejados no canteiro de obra; identificar necessidades de treinamentos; detectar as

deficiências e aperfeiçoar os gastos com manutenção; preservar a imagem da construtora;

manter o ambiente de trabalho adequado quanto à segurança e priorizar as tomadas de

decisões dos investimentos necessários em prevenção.

Entende-se que o papel dos especialistas deverá ser priorizar a implantação de

programas de educação básica e de qualificação de trabalhadores, com enfoque na área de

Page 97: Serra circular

96

segurança e saúde na indústria da construção civil e implementação de programas de

segurança e saúde previstos na legislação (PCMAT, PPRA e PCMSO). Atuar na fase de

projetos, prevendo medidas de segurança .

As empresas deverão elaborar e desenvolver o PCMAT integrado com outros

programas como qualidade, meio ambiente, saúde do trabalhador e saúde no trabalho.

Deverão também observar as diretrizes do Guia de Sistemas de Gestão da OIT, que dá

orientações para integração dos elementos do sistema de gestão na segurança e saúde no

trabalho, na gestão global da empresa,melhorando continuamente a eficácia de SST.

Embasados nos resultados obtidos neste estudo de caso, conclui-se que as técnicas

aplicadas foram eficazes, sendo que as mesmas poderão ser utilizadas, com sucesso, para

identificar os possíveis riscos de acidentes em outros serviços executados na construção civil.

5.2 A Importância da Engenharia de Segurança do Trabalho

A Engenharia de Segurança do Trabalho está diretamente ligada à qualidade dos

serviços executados pela empresa. O que se espera atualmente de uma empresa onde a

qualidade é tão exaltada e valorizada, é que a qualidade seja um conjunto de toda a empresa

incluindo o processo, os produtos e serviços, trabalhadores e colaboradores, unidos por um

sistema de conscientização que traga benefícios e melhoria continua a todos. Esta

implementação de qualidade está diretamente ligada à segurança e saúde do trabalhador que

vem agregar valores a todo sistema, trabalhando principalmente com ações preventivas de

segurança.

Economicamente, a segurança do trabalho é importantíssima. Do ponto de vista

estratégico é fundamental, constatando-se que ações preventivas de segurança são muito mais

viáveis e econômicas que ações corretivas, indenizações por acidentes de trabalho, ou

afastamentos temporários. Sem falar que a ocorrência de um acidente não afeta apenas o

trabalhador acidentado, mas causa impacto e transtornos psicológicos nos demais

trabalhadores da empresa, na família e na sociedade. Segundo Abreu & Cheade (apud Costa,

2004) a "responsabilidade pela vida e saúde no trabalho recai no trinômio estado-empresa-

trabalhador, uma vez que, os efeitos dos acidentes de trabalho, são decorrentes da interação

dos três elementos". Portanto, a segurança do trabalho precisa ser vista como um conjunto de

técnicas, regras e recursos que sejam aplicadas em conjunto com os demais setores da

Page 98: Serra circular

97

empresa, de modo a prevenir acidentes e doenças ocupacionais, além, é claro, das perdas

materiais, de forma a satisfazer por completo a empresa e seus trabalhadores.

Já em relação a eficiência,eficácia efetividade para a Engenharia de Segurança,

observamos respectivamente que; as exigências estabelecidas perante as analises de risco

devem ser rigorosamente aplicadas, utilizando EPI e EPC, e instalando de forma adequada o

equipamento,a eficácia do sistema está em utilizar o layout do canteiro de obras a favor da

organização e manter o habito de utilização dos equipamentos de segurança através da

conscientização dos funcionários e colaboradores da empresa. Através do gerenciamento e

melhoria continua das ações anteriores a empresa atende com efetividade o sistema,

garantindo o futuro da organização.

5.3 Recomendações para Futuros Trabalhos

Algumas sugestões são apresentadas a seguir, com a intenção de contribuir com

outros trabalhos que possam servir para a melhoria do ambiente laboral de outras empresas, já

que a empresa onde foi realizado o estudo de caso todas as medidas preventivas de segurança

já estão implementadas.

- Implementação das medidas preventivas na APR;

- Implementação das ações recomendadas na AMFE, neutralizando os riscos identificados;

- Aplicação da AMFE para os demais serviços da construção civil.

Mediante implementação das sugestões propostas, a empresa ou seguimento

estará neutralizando o risco de ocorrência de um eventual acidente, ressaltando que é

fundamental os treinamentos e capacitação quanto aos riscos, importância do uso de EPI e

EPC, organização e higiene nos locais de trabalho, a fim de que o trabalhador seja agente

fiscalizador de sua própria segurança.

Page 99: Serra circular

98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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