serra circular
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE
FORMAS NA OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR
DEISE DELFINO NUNES
ROSILDA MARIA DE SOUZA
CRICIÚMA, ABRIL 2007
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DEISE DELFINO NUNES
ROSILDA MARIA DE SOUZA
ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE
FORMAS NA OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR
Monografia apresentada como requisito final à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, à Universidade do Extremo Sul Catarinense, Curso de Pós-Graduação (lato sensu) em Engenharia de Segurança do Trabalho.
Orientadora: Prof. Vera Lúcia Duarte do Valle Pereira, Dra. Co-Orientadora: Prof. Simone T. F. Lopes da Costa, M.Sc.
CRICIÚMA, ABRIL 2007
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TERMO DE APROVAÇÃO
DEISE DELFINO NUNES
ROSILDA MARIA DE SOUZA
ANÁLISE DE RISCOS NAS ATIVIDADES DE EXECUÇÃO DE FORMAS NA
OPERAÇÃO COM SERRA CIRCULAR
Monografia apresentada como requisito final à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, à Universidade do Extremo Sul Catarinense.
__________________________________
Prof. Vera Lúcia D. do Valle Pereira, Dra.
Coordenadora do Curso
Banca Examinadora:
__________________________________
Prof. Vera Lúcia D. do Valle Pereira, Dra.
Orientadora
__________________________________
Prof. Simone T. F. Lopes da Costa, M.Sc.
Co-Orientadora
_______________________________________ Prof. Marcelo Fontanella Webster, M.Sc.
CRICIÚMA, ABRIL 2007
3
SUMÁRIO LISTA DE TABELAS..........................................................................................................6 LISTA DE FIGURAS ..........................................................................................................7 LISTA DE SIGLAS..............................................................................................................8 RESUMO..............................................................................................................................9 ABSTRACT........................................................................................................................10 CAPÍTULO I......................................................................................................................11 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................11
1.1 Problemática .............................................................................................................12 1.2 Objetivos ...................................................................................................................12
1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................12 1.2.2 Objetivo Específico.............................................................................................12
1.3 Justificativa...............................................................................................................13 1.4 Metodologia ..............................................................................................................14
1.4.1 Base Filosófica ...................................................................................................14 1.4.2 Método de Pesquisa ............................................................................................14 1.4.3 Caracterização da Pesquisa .................................................................................15
1.4.3.1 Natureza da Pesquisa ............................................................................15 1.4.3.2 Caráter da Pesquisa...............................................................................15 1.4.3.3 Profundidade da Pesquisa .....................................................................16 1.4.3.4 Técnicas da Pesquisa ............................................................................16
1.5 Relevância à Engenharia de Segurança do Trabalho .............................................17 1.6 Limitações .................................................................................................................17 1.7 Estrutura do Trabalho .............................................................................................17
CAPÍTULO II ....................................................................................................................19 2 CONSTRUÇÃO CIVIL ..................................................................................................19
2.1 Característica do setor..............................................................................................19 2.1.1 Desenvolvimento tecnológico da construção civil no Brasil ................................21
2.2 Normatização técnica e certificação de conformidade ............................................23 2.3 Segurança na construção civil ..................................................................................24
2.3.1 Conceitos básicos................................................................................................26 2.3.1.1 Acidente e Quase-acidentes ..................................................................26 2.3.1.2 Condições inseguras e atos inseguros....................................................26 2.3.1.3 Perigo e risco........................................................................................27
2.3.2 Normatização em Segurança e Saúde na Indústria da Construção........................29 2.3.2.1 Norma Regulamentadora No 4 (SESMT) ..............................................30 2.3.2.2 Norma Regulamentadora No 5 (CIPA)..................................................31 2.3.2.3 Norma Regulamentadora No7 (PCMSO)...............................................31 2.3.2.4 Norma Regulamentadora No 9 (PPRA) .................................................32 2.3.2.5 Norma Regulamentadora No 18 (PCMAT) ...........................................32
2.3.3 Estatística do setor da Construção Civil para o estado de Santa Catarina .............33 2.3.4 Por que investir em segurança (custos e responsabilidade social)?.......................38 2.3.5 Ações em segurança e saúde no trabalho na indústria da construção civil ............39
2.4 Sistema de Formas....................................................................................................41 2.4.1 Definições...........................................................................................................41 2.4.2 Características.....................................................................................................42 2.4.3 Classificação dos sistemas de formas para concreto ............................................43
2.4.3.1 Formas para elementos verticais ...........................................................43 2.4.3.2 Formas para elementos horizontais .......................................................46
4
2.4.4 Execução de formas na operação com serra circular............................................47 2.4.4.1 Descrição do Processo de Execução de Formas ....................................47 2.4.4.2 Procedimento de segurança a ser realizado ...........................................48 2.4.4.3 Preparação do Material .........................................................................49 2.4.4.4 Elaboração das Formas .........................................................................49 2.4.4.5 Remoção das Formas............................................................................49 2.4.4.6 Retiradas de Escoras.............................................................................50
2.4.5 Analise dos Riscos dos Serviços de Execução de Formas com Serra Circular......50 2.4.6 Riscos na operação da Serra Circular ..................................................................50 2.4.7 Causas dos riscos na operação da Serra Circular .................................................51 2.4.8 Medidas Preventivas ...........................................................................................51
2.5 Análise de Riscos.......................................................................................................52 2.5.1 Principais técnicas de análise de riscos................................................................52
2.5.1.1 Objetivos das Técnicas de Análise de Riscos ........................................53 2.5.1.2 Aplicação das técnicas de análise de riscos ...........................................54
2.5.2 Técnicas de identificação de perigos ...................................................................54 2.5.2.1 What-if .................................................................................................54 2.5.2.2 Check-list .............................................................................................55
2.5.3 Técnicas de Análise de Riscos ............................................................................55 2.5.3.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) - Preliminary Hazard Analysis (PHA) Também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP)...................55 2.5.3.2 Análise de Operabilidade de Perigos - Hazard and Operability Studies (HAZOP) .........................................................................................................57 2.5.3.3 Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) - Failure Modes and Effects Analysis (FMEA).................................................................................59
2.5.4 Técnicas Avaliação de Riscos .............................................................................62 2.5.4.1 Análise de Árvore de Falhas (AAF) - Fault Tree Analysis (FTA) .........62
CAPÍTULO III...................................................................................................................69 3 ESTUDO DE CASO........................................................................................................69
3.1 Estudo de Caso..........................................................................................................69 3.2 Histórico da Empresa ...............................................................................................71 3.3 Procedimentos Metodológicos ..................................................................................71 3.4 Fluxograma de Execução de Formas .......................................................................72 3.5 Método ......................................................................................................................73
3.5.1 Metodologia de implantação das Técnicas APR e AMFE....................................73 3.6 Serra circular na execução de formas......................................................................74 3.7 Identificação de riscos na serra circular a serem observados in loco .....................74
3.7.1 Retrocesso da madeira ........................................................................................74 3.7.2 Dentes ou videas quebrados ou trincados .........................................................75 3.7.3 Desequilíbrio da Madeira decorrente da própria operação da serra ...................75 3.7.4 Contato acidental das mãos com os dentes da Serra, caso não possua coifa
protetora ..........................................................................................................76 3.7.5 Contato acidental com o disco da serra, no final da operação de serragem, caso
não possua coifa protetora e empurrador ..........................................................76 3.7.6 Contato com o disco da serra na parte inferior (abaixo) da bancada, falta de
proteção nas laterais .........................................................................................77 3.7.7 Falta de organização no canteiro de obras ...........................................................78 3.7.8 Coletor de serragem e suportes de apoio..............................................................78
3.8 Etapas para aplicação da APR.................................................................................79
5
3.9 Aplicação da APR.....................................................................................................80 3.10 Etapas para Aplicação da AMFE...........................................................................81 3.11 Aplicação da AMFE ...............................................................................................81
3.11.1 Abordagem sistêmica........................................................................................82 3.11.2 Componentes da serra circular ..........................................................................83
CAPÍTULO IV...................................................................................................................86 4 Resultados obtidos...........................................................................................................86
4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) ........................................................................86 4.2 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) .......................................................90
CAPÍTULO V.....................................................................................................................94 5 Conclusões e Recomendações para futuros trabalhos ...................................................94
5.1 Conclusões.................................................................................................................94 5.2 A Importância da Engenharia de Segurança do Trabalho .....................................96 5.3 Recomendações para Futuros Trabalhos ................................................................97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................98
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002............ .................................34 Tabela 2 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003..............................................35 Tabela 3 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004..............................................36 Tabela 4 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002 – Edificações diversas.........37 Tabela 5 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003 – Edificações diversas.........37 Tabela 6 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004 – Edificações diversas.........37 Tabela 7 - Modelo de ficha para Análise Preliminar de Riscos................................................56 Tabela 8 - Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR.......................................57 Tabela 9 - Palavras-guia do estudo HAZOP e respectivos desvios..........................................58 Tabela 10 - Modelo de relatório para um estudo HAZOP........................................................59 Tabela 11 - Modelo de Aplicação de uma AMFE....................................................................60 Tabela 12 - Modelo de formulário para AMFE........................................................................62 Tabela 13 - Álgebra booleana e simbologia usada na árvore de falhas....................................66 Tabela 14 - Relacionamento e leis representativas da Álgebra de Boole................................67 Tabela 15 – Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR (adaptada)..................79 Tabela 16 – Grupo de Trabalho................................................................................................80 Tabela 17 - Formulário para AMFE.........................................................................................81 Tabela 18: Análise preliminar de risco do subsistema empilhamento de madeira...................87 Tabela 19: Análise preliminar de risco do subsistema madeira isenta de pregos.....................87 Tabela 20: Análise preliminar de risco do subsistema transporte da madeira a serra.............. 88 Tabela 21: Análise preliminar de risco do subsistema colocação da madeira........................ 88 Tabela 22: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro.......................89 Tabela 23 Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro........................89 Tabela 24: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro.......................90 Tabela 25: Análise de modos de falha e efeitos do disco.........................................................91 Tabela 26: Análise de modos de falha e efeitos da coifa protetora...........................................91 Tabela 27: Análise de modos de falha e efeitos do cutelo divisor............................................92 Tabela 28: Análise de modos de falha e efeitos dos empurradores..........................................92 Tabela 29: Análise de modos de falha e efeitos da chave liga/desliga.....................................93 Tabela 30: Análise de modos de falha e efeitos do aterramento...............................................93
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura fundamental de uma AMFE.....................................................................63 Figura 2 - Simbologia lógica de uma árvore de falha...............................................................65 Figura 3 - Esquema de uma árvore de falhas............................................................................68 Figura 4 - Quadro de áreas do Residencial Jardim di Ébanos...................................................70 Figura 5 - Fluxograma do processo de Execução de Formas....................................................72 Figura 6 - Etapa para implantação APR e AMFE.....................................................................73 Figura 7 - Tábua de pinus com nós e rachaduras......................................................................74 Figura 8 - Serra com dentes ou videas quebrados ou trincados................................................75 Figura 9 - Desequilíbrio da madeira.........................................................................................75 Figura 10 - Contato acidental das mãos com os dentes da Serra .............................................76 Figura 11-Contato acidental com o disco da serra caso não possua coifa protetora ou empurrador................................................................................................................................77 Figura 12 - Contato com o disco da serra na parte inferior da bancada sem proteção nas laterais.......................................................................................................................................77 Figura 13 - Falta de organização e limpeza no canteiro de obras .....................................................78 Figura 14 - Coletor de serragem e suportes de apoio................................................................79 Figura 15 - Processo da Serra circular..................................................................................... 83 Figura 16 - Disco da serra circular............................................................................................83 Figura 17 - Coifa protetora........................................................................................................84 Figura 18 - Cutelo divisor ou Lâmina reparadora.....................................................................84 Figura 19 – Empurradores.........................................................................................................85
8
LISTA DE SIGLAS
AAF - Análise de Árvores de Falhas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas AIDS - - Acquirite Imuno-Deficience Syndrom (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida-SIDA) AMFE - Análise dos Modos de Falhas e Efeitos APP - Análise Preliminar de Perigos APR - Análise Preliminar de Riscos Check List - Lista de Verificações CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas CONMETRO - Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial DRT - Delegacia Regional do Trabalho DSST - Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho EPC - Equipamento de proteção coletiva EPI - Equipamento de proteção individual FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço-- FMEA - Failure Modes and Effects Analysis FMECA - Failure Modes and Criticality Analysis FTA - Fault Tree Analysis FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho HAZOP- Hazard and Operability Studies INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ITQC - Instituto de Tecnologia da Qualidade na Construção NB - Norma Brasileira NR - Norma Regulamentadora MET - Ministérios do Trabalho e Emprego OIT - Organização Internacional do Trabalho OMC - Organização Mundial do Comércio PBQPH - Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil PCMSO - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PHA - Preliminary Hazard Analysis PIB - Produto Interno Bruto PIB PNRAFT - Programa Nacional de Redução de Acidentes Fatais do Trabalho PPA - Plano Plurianual PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SINMETRO - Sistema Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho SST - Segurança e Saúde no Trabalho SST WHAT IF - O que - se
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RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade identificar os riscos na atividade de execução de formas com utilização da serra circular e propor medidas de segurança, através de análises de Análise Preliminar de Riscos (APR) e Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE). A relevância deste segmento implica na necessidade de prevenção de acidentes na operação com serra circular objetivando minimizar os riscos relacionados a segurança e a saúde do trabalhador. A partir da compreensão desses conceitos as autoras apresentam estudo de caso na operação com serra circular da construção civil com o objetivo de evidenciar a importância desta pesquisa.
Palavras-chave: Análise de riscos. Serra circular. Segurança.
10
ABSTRACT
The purpose of this work, is to identify in the concrete forms execution, the risks
involved in the use of circular saw, also, it is proposed, by using Preliminary Risk Analysis
(PRA) and (FMEA) Failure Modes and Effect Analysis. In order to assure safety and health to
the worker in the civil construction segment it is of paramount need to develop means for
circular saw safer operation. By this study and application of risk analysis to a case study of
circular saw in the civil construction sector the authors hope to make come it practices
contribution.
Word-key: Risks Analysis. Circular Saw Machine. Safety.
11
CAPÍTULO I
1 INTRODUÇÃO
No contexto atual, a construção civil é um dos setores que apresenta considerável
crescimento e importância, sendo assim, discute-se muito e com elevado interesse, o
investimento em segurança.
Em função disto abordar-se-á neste trabalho o seguinte tema: Análise de riscos
nas atividades de execução de formas utilizando serra circular. O interesse pelo tema busca
apresentar diretrizes básicas, visando à melhoria continua da segurança do trabalho nesta
atividade. Com o intuito de contribuir para a evolução do setor, a partir da busca pelas
melhores práticas, com a redução dos riscos de acidentes e um melhor desempenho das
equipes e profissionais da construção civil.
Tendo como objetivo, analisar os riscos à segurança do trabalhador nos serviços
executados, para tal tornar-se-á necessário levantar os riscos de cada tipo de serviço
executado no canteiro de obras. Neste, levantar-se-á os riscos na atividade de execução de
formas, mais precisamente, na utilização da serra circular .
Os riscos serão levantados nos serviços executados no Canteiro de Obras do
Residencial Jardim di Ébanos, no qual consta de onze casas geminadas, com área de
983,08m², localizada em Criciúma – SC.
Através de análise prática vivenciada diariamente no canteiro de obras, pretende-
se analisar o procedimento de execução de formas, utilizando serra circular, levantar os riscos
inerentes neste serviço.
Após abordagem no canteiro de obras e diagnóstico dos riscos decorrentes do uso
da serra circular, analisar-se-á as aplicações práticas utilizadas no canteiro de obras para
combater os riscos existentes, verificando também a eficácia das ações.
Para realização destas análises utilizou-se de conhecimentos e experiência como
profissionais atuando na área de Engenheira Civil .
12
1.1 Problemática
Ainda hoje somos desafiados a evitar acidentes todos os dias. Nos canteiros de
obras há riscos a serem neutralizados e controlados. A ênfase neste trabalho será voltada para
os serviços de execução de formas utilizando serra circular, em função disso definimos a
seguinte problemática:
Quais são os riscos de acidentes de trabalho nos serviços de execução de formas
com a utilização da serra circular?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar os riscos de acidentes nos serviços de execução de formas com
utilização serra circular.
1.2.2 Objetivo Específico
Tem-se como objetivo específico:
- Realizar uma revisão bibliográfica com o intuito de estabelecer conceitos,
conhecer a legislação e as normas de segurança relativas aos riscos na
atividade;
- Observar e descrever as atividades dos trabalhadores envolvidos na atividade
de execução de formas;
13
- Utilizar as técnicas de análise de risco para identificar os riscos de maior
incidência.
1.3 Justificativa
Devido à existência dos riscos dentro dos procedimentos dos serviços executados
na construção civil, há a necessidade de identificá-los e criar condições e procedimentos que
aliem segurança do trabalhador e qualidade da obra.
Observando-se a necessidade de analisar os riscos aos trabalhadores envolvidos na
atividade de execução de formas e tendo como premissa que a Engenharia de Segurança do
Trabalho atua na prevenção de acidentes é que se optou por fazer o presente trabalho. Além
de haver preocupação da empresa quanto ao aspecto de oferecer serviços com qualidade e
segurança aos seus empregados.
Propor-se-á nesta monografia, um estudo sobre os riscos inerentes ao trabalho na
atividade de execução de formas, bem como a apresentação e pesquisa de técnicas de análise
de riscos, enfatizando as técnicas Análise Preliminar de Riscos (APR) e Análise dos Modos
de Falha e Efeitos (AMFE). Estas ferramentas serão especificamente utilizadas no estudo de
caso com serra circular.
O estudo das técnicas de análise de riscos se faz necessário porque permite avaliar
detalhadamente um objeto com a finalidade de identificar perigo e avaliar os riscos
associados. O objeto pode ser tanto organização como a área, sistema, processo, atividade ou
operação.
Embora não tenha ocorrido nenhum acidente no canteiro de obras, tem-se a
informação da ocorrência de acidentes em outras obras do setor. Diante disto, considerou-se
importante contribuir nesta área de segurança associando os perigos agregados a serra circular
com as técnicas de análise de riscos de maneira a preveni-los antes que ocorram.
14
1.4 Metodologia
1.4.1 Base Filosófica
Segundo Pacheco Jr e Pereira (2003), o estruturalismo busca estudar o processo
em que as variáveis estão envolvidas e, desse modo, maior importância se dá ao
conhecimento do próprio processo, em detrimento da relação entre variáveis. Para Triviños
(1987), a estrutura é própria de todos os fenômenos, coisas, objetos e sistemas que existem
na realidade. E uma forma interior que caracteriza a existência do objeto. Ela preserva a
unidade que peculiariza a coisa através das conexões estáveis que se estabeleceu entre os
diferentes elementos que a constituem.
1.4.2 Método de Pesquisa
Os métodos utilizados nesta pesquisa foram o dedutivo que, partindo das teorias e
leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares e o descritivo, pois
parte de observações de como são executados os serviços na atividade de execução de formas
com subseqüente descrição o que possibilita conclusões finais sobre o objeto de pesquisa.
O método dedutivo, de acordo com Pacheco Jr e Pereira (2003), é o método que
parte do geral e, a seguir, desce ao particular e com o objetivo de explicar o conteúdo das
premissas de pesquisa.
Segundo Pacheco Jr e Pereira (2003), método descritivo é o processo de raciocínio
em que se parte da premissa de que os fenômenos para serem compreendidos em suas
especificidades devem ser objeto de observação [...].
15
1.4.3 Caracterização da Pesquisa
Serão considerados três aspectos:
- Natureza;
- Caráter;
- Profundidade;
- Técnicas da Pesquisa
1.4.3.1 Natureza da Pesquisa
A abordagem qualitativa foi selecionada como método de pesquisa, tendo em
vista que o estudo tem natureza exploratório-interpretativa, visando a captar através do estudo
de caso dados primários (observações sobre risco com atividade de serra circular) e
secundários (bibliografia), os índices oficiais de ocorrência de acidentes.
1.4.3.2 Caráter da Pesquisa
Conforme Malhotra (2001, p.155), “pesquisa qualitativa é a metodologia de
pesquisa não-estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras que proporciona
insights e compreensão do contexto do problema”.
Segundo Pacheco Junior, W e Pereira, V. L. D. V.(2003), a pesquisa caracteriza-
se por ser exploratória, quando não se conhece muito bem sobre o tema ou fenômeno objeto
de pesquisa e, desse modo buscam-se informações e relações entre os elementos em estudo,
possibilitando obter-se um maior conhecimento.
De acordo com Triviños (1987), são os estudos exploratórios que permitem ao
investigador aumentar sua experiência em torno de determinado problema.
16
1.4.3.3 Profundidade da Pesquisa
O estudo de caso é uma das formas de fazer pesquisa em estudos organizacionais
e gerenciais contribuindo com a essência do tema para aumentar o conhecimento científico
sobre o assunto e relacionar as melhorias e resultados operacionais e estratégicos das
empresas em estudo. Para Yin (2001) “um estudo de caso é uma investigação empírica que
investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto de vida real, especialmente
quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. O estudo de
caso representa uma maneira de se investigar um tópico empírico, através de procedimentos
específicos.
Segundo Triviños (1987), o estudo de caso tem por objetivo aprofundar a
descrição de determinada realidade. No estudo de caso, os resultados são válidos só para o
caso que se estuda, mas fornece o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada
que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de
outras pesquisas.
Para o desenvolvimento do trabalho, inicialmente, proceder-se-á a seleção de
bibliografia de referência para o necessário embasamento teórico dos principais conceitos
relacionados ao tema do trabalho. Após, realizar-se-á uma pesquisa qualitativa baseado em
estudo de caso em uma empresa da construção civil, Construtora Nunes.
1.4.3.4 Técnicas da Pesquisa
As técnicas utilizadas serão:
a) Levantamento bibliográfico de informações disponíveis sobre construção civil;
b) Levantamento técnico-documental e bibliográfico sobre análise de riscos, técnicas
aplicáveis, dados construtivos e especificações técnicas de serra circular; e,
c) Aplicação prática das técnicas de análise de risco APR e AMFE em uma empresa da
construção civil da cidade de Criciúma/SC (estudo de caso).
17
1.5 Relevância à Engenharia de Segurança do Trabalho
A relevância deste trabalho se dá:
- Como referência a novos trabalhos sobre análise de riscos nas atividades de execução
de formas;
- Na prevenção de acidentes na operação com serra circular;
- Este estudo pode servir como diretriz para que outras empresas possam fazer
programas para evitar acidentes de trabalho no serviço analisado.
1.6 Limitações
Este trabalho limitou-se à aplicação de análise de riscos e técnicas existentes da
APR e AMFE no estudo de caso. O objeto desta pesquisa será realizado no Residencial
Jardim di Ébanos, obra da Construtora Nunes – localizada em Criciúma- SC.
1.7 Estrutura do Trabalho
Objetivando situar o leitor nas partes que compõem essa monografia, será
apresentada uma síntese de cada capítulo.
No capítulo I far-se-á uma descrição do que é o trabalho, sua relevância e
limitações.
No capítulo II será feita a revisão bibliográfica, na qual apresentar-se-á uma
exposição sobre Construção Civil, caracterizar a indústria, suas particularidades, uma breve
revisão referente à atividade nos serviços de execução de formas.
No capítulo III far-se-á um histórico da empresa onde será aplicado o estudo de
caso, descrever-se-á como é o serviço de execução de formas, apresentar-se-á em forma de
fluxograma, far-se-á observação do serviço de execução de formas de forma a levantar todos
18
os riscos a que o trabalhador está exposto, e por fim do capitulo 3, será apresentado o
fluxograma do serviço mostrando os riscos de cada etapa.
No capítulo IV serão apresentados os resultados das observações sobre análises de
riscos na atividade de execução de formas com serra circular.
No capítulo V far-se-á uma análise dos dados levantados e recomendações para
melhorar a segurança nas atividades de execução de formas.
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CAPÍTULO II
2 CONSTRUÇÃO CIVIL
2.1 Característica do setor
É incontestável a importância da indústria da construção, principalmente nos
grandes centros urbanos, onde os canteiros de obras são presenças constantes, seja nos
grandes e modernos prédios comerciais, nas moradias, pontes, viadutos, estradas etc., uma
atividade que nas últimas décadas, obteve um desenvolvimento bastante acentuado. O
crescimento do setor da construção não atingiu, no entanto, a todos que nele estão envolvidos:
os seus trabalhadores continuam a levar uma vida de poucas oportunidades e conquistas. Com
baixos salários e precárias condições de trabalho, a indústria da construção lidera as
estatísticas de acidentes de trabalho apresentando inúmeras peculiaridades, envolvendo um
elevado número de riscos, razão pela qual são mais difíceis e complexas as medidas
preventivas. Em cada fase da obra, mesmo com a evolução de técnicas construtivas ao longo
dos anos, predominam técnicas artesanais e a interferência de fatores ambientais como chuva,
umidade, calor, frio, velocidades dos ventos, entre outros. A falta de um efetivo
gerenciamento do ambiente de trabalho, do processo produtivo e de orientação aos
trabalhadores, fez com que inúmeros acidentes de trabalho, principalmente os graves e fatais,
tivessem um significativo aumento em relação a outros ramos de atividades. É importante
ressaltar que a reformulação da Norma Regulamentadora (NR) Nº 18, publicada no Diário
Oficial da União em 07 de julho de 1995, se constituía num mecanismo de constantes avanços
na melhoria das condições de trabalho nos canteiros de obras, o que reforça a necessidade de
se implementar ações integradas na indústria da construção (http:// www.habitare.org.br).
Mesmo sendo a Construção Civil o setor da economia responsável pela criação e
manutenção de grande número de empregos diretos e indiretos no Brasil, o descaso com os
trabalhadores continua gerando elevados índices de acidentes de trabalho. Esses elevados
índices se caracterizam devido a uma série de peculiaridades que acabam tornando as medidas
20
preventivas para acidentes de trabalho muito complexas. Segundo pesquisas, amplamente
divulgadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, a Construção Civil é responsável por
21,55% (FUNDACENTRO, 1981) de todos os acidentes registrados no país. Este elevado
índice deve-se à situação precária, no que diz respeito à higiene, segurança, treinamento e
meio ambiente, que se encontra o setor da Construção Civil.
Essas más condições de higiene e segurança no trabalho existentes nos canteiros
de obra, segundo Saurin (2000, pg. 01), tem sido apontadas com freqüência como um dos
símbolos do atraso tecnológico e gerencial que caracteriza a indústria da construção. Por outro
lado, nos últimos anos tem se observado no país um grande esforço no sentido de modernizar
este setor industrial, principalmente motivado pelo aumento da competição e pelo crescente
grau de exigência de qualidade por parte dos consumidores e produtividade por parte dos
empreendedores.
Os empregados da indústria da construção civil apresentam instabilidade
empregatícia; em épocas de crescimento do setor, são recrutados da zona rural ou de estados
mais pobres sem nenhum treinamento específico e, portanto, sem qualificação profissional
(BARROS JÚNIOR et al., 1990). A baixa qualificação, a elevada rotatividade e o reduzido
investimento por parte das empresas em treinamento e desenvolvimento costumam ser algo
característico dessa indústria (ANDRADE E BASTOS, 1999).
A modernização da indústria da construção civil, com ênfase na gestão da
produção, levou a exigência de maior produtividade e qualidade do produto, fazendo as
empresas passar a se preocupar com os operários, no sentido de treiná-los, capacitá-los e fazê-
los criar vínculos de fidelidade com as mesmas (CORDEIRO e MACHADO, 2002). Os
índices vêm diminuindo com as contribuições da NR18 e das ações desenvolvidas pelos
Comitês Permanentes Regionais sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria
da Construção (CADERNO..., 2003).
Tendo-se, no Brasil, uma grande massa de trabalhadores em situação de
informalidade das relações contratuais, a tendência é elevar-se a subnotificação acidentária, já
importante no país (RIGOTTO, 1998). Essa situação, acrescida do fato de que a população ser
formada ainda por uma grande parcela de pessoas desconhecedoras de seus direitos, faz com
que os trabalhadores acabem admitindo a culpa pelos acidentes de trabalho, não chegando a
procurar atendimento à saúde ou, quando o fazem, omitem o seu problema de saúde como
sendo relacionado ao trabalho.
21
Perante todas estas situações resulta um numeroso conjunto de riscos objetivos e
bastante elevados, que transformam este setor num dos setores de atividade com maiores
probabilidades de ocorrência de acidentes de trabalho, associados à forte precariedade,
rotatividade e prática de subcontratação.
2.1.1 Desenvolvimento tecnológico da construção civil no Brasil
Diante de um país com grande déficit habitacional, a incorporação de meios e
técnicas construtivas voltadas para racionalização, diminuição dos custos e melhoria da
qualidade de uma habitação, são de extrema importância no sentido de sanar, ou, pelo menos
diminuir este déficit. A partir do final da década de 1980, uma nova realidade sócio-
econômica caracteriza a sociedade e a economia mundial. Em meados da década de 1990 é
promulgado o código de defesa do consumir e o governo federal desenvolve políticas mais
efetivas visando à estabilidade econômica. Este quadro político, social e a crise econômica
reduzem significativamente o mercado consumidor. Este fato promove acirrada concorrência
entre as empresas, que passam a investir em eficiência na utilização dos seus recursos e na
qualidade de seus produtos (THOMAZ, 2001). Além disso, força as empresas a buscarem
alternativas no seu modo de produção, a oferecerem produtos mais acessíveis e melhores e
obriga a repensarem sua forma de produzir, visando sua sobrevivência neste mercado.
As indústrias estão estruturadas por meio de cadeias de dependências, com elos
mais fortes ou fracos, dependendo do grau de desenvolvimento e do patamar tecnológico das
unidades que participam desta cadeia, na qual existe um centro hegemônico de todo processo
político e produtivo.
Este centro domina por completo todas as relações entre as partes que compõem a
estrutura. Se uma unidade se torna obsoleta, em relação ao todo, ela será substituída por outra
mais adequada e, provavelmente, desaparecerá do mercado.
Enquanto que nos setores industrializados em geral o poder de decisão está
concentrado na indústria polarizadora, na construção civil ele está pulverizado em vários
segmentos que participam da macro-estrutura produtiva. Esta gama de agentes com interesses
diversos e diferentes graus de desenvolvimento tecnológico, interfere de forma decisiva no
22
produto final do setor (MARTUCCI, 1990), como também, no seu ritmo de modernização
tecnológica, fazendo com que este se dê de forma lenta em relação a outros segmentos
industriais.
A passagem da construção civil do estágio de processo artesanal para o de
indústria de montagem, adquire contornos irreversíveis, apesar das resistências que ainda
sobrevivem. Certas posturas e vícios de comportamento ainda estão por mudar, paralelamente
ao que se refere ao conhecido tripé tecnologia/qualidade/produtividade.
Sinal dos tempos, sete anos atrás se fundava o Instituto de Tecnologia da
Qualidade na Construção (ITQC), mesma época em que um grande número de empresas
brasileiras começou a desaparecer - umas foram incorporadas, outras simplesmente deixaram
de existir, porque não souberam se renovar em tempo hábil. E antes ainda, o Instituto de
Engenharia, se adiantando, já havia deflagrado a discussão em torno do problema, "A criação
do ITQC foi uma das conseqüências da preocupação dos diversos segmentos do setor da
construção civil com sua sobrevivência, lembra o vice-presidente do órgão, profº Vahan
Agopian. “Eles se juntaram e criaram o ITQC, que é apenas um aglomerador, incentivador da
evolução da tecnologia e da qualidade “. O Instituto não executa, apenas levanta o problema,
articula e, principalmente em projetos de âmbito nacional em que trabalham várias
instituições, o ITQC atua como canalizador e integrador de informações, viabilizando
trabalhos e estudos".
Para o professor Vahan, "há muito a ser feito ainda no Brasil pela melhora da
construção civil, uma indústria atípica no mundo inteiro, o que não quer dizer que nossa
indústria seja pior do que a americana, japonesa, ou australiana. Ela é diferente".
Ele concorda que, "quando se fala em qualidade, não existe esse fator isolado, mas
todos os elos da cadeia ficam envolvidos: o material, a execução, a manutenção, a fiscalização
e assim por diante. A construtora tem de interagir com a empreiteira, quando uma construtora
implanta qualidade, ela acaba incentivando toda a corrente produtiva".
É importante ressaltar que a indústria da construção civil está inserida num mundo
interdependente, sofrendo conseqüências de ações que não estão diretamente associados às
decisões tomadas por ela. Por muitos anos, a construção civil ficou adormecida e o mercado
de trabalho sem perspectiva de melhora. Existe, no momento, a confiança de um novo tempo
com perspectivas positivas de desenvolvimento e crescimento. O papel desta indústria está
associado às melhorias da qualidade de vida das pessoas e isto faz com que este papel seja
23
mutável, pois as necessidades humanas são ilimitadas e a inovação tecnológica é uma fonte
renovadora deste movimento (REVISTA ENGENHARIA,1999).
2.2 Normatização técnica e certificação de conformidade
As normas técnicas são um processo de simplificação, pois reduzem a crescente
variedade de procedimentos e produtos. Assim, elas eliminam o desperdício, o retrabalho e
facilitam a troca de informações entre fornecedor e consumidor ou entre clientes internos.
Outra finalidade importante de uma norma técnica é a proteção ao consumidor, especificando
critérios e requisitos que aferem o desempenho do produto/serviço, protegendo assim também
a vida e a saúde.
A normatização e os procedimentos de avaliação da conformidade (em particular
a certificação) são instrumentos que têm se mostrado úteis e extremamente eficientes para
lidar com a questão da segurança numa grande variedade de atividades humanas. Tem-se
como exemplo de sucesso, o processo de normatização estabelecido pela construção civil nos
últimos 15 anos.
Como instrumento, as normas técnicas contribuem em quatro aspectos:
Qualidade: fixando padrões que levam em conta as necessidades e desejos dos usuários;
Produtividade: padronizando produtos, processos e procedimentos;
Tecnologia: consolidando, difundindo e estabelecendo parâmetros consensuais entre
produtores, consumidores e especialistas, colocando os resultados à disposição da sociedade;
Marketing: regulando de forma equilibrada as relações de compra e venda.
O Comitê Brasileiro é responsável pela elaboração das normas técnicas de
componentes, elementos, produtos ou serviços, utilizados na construção civil, abrangendo
seus aspectos referentes ao planejamento, projeto, execução, métodos de ensaio,
armazenamento, transporte, operação, uso e manutenção, e necessidades do usuário,
subdivididas setorialmente.
Além de ser uma meta da empresa, a segurança também é uma obrigação legal,
cabendo ao empregador cumprir a legislação vigente. As Normas Regulamentadoras (NR) no
24
Brasil são normas genéricas que estabelecem os requisitos aos quais todas as indústrias devem
atender, existindo, porém, normas específicas para alguns setores, como é o caso da indústria
da construção.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) se insere no Sistema
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (SINMETRO). A ABNT é o
organismo reconhecido pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (CONMETRO) como o fórum único de normatização no Brasil cuja norma pode
não só ser usada para a defesa do mercado nacional, como também para facilitar o acesso da
empresa brasileira ao mercado internacional.
Geralmente, costuma-se confundir norma com regulamento técnico. A norma é
muito importante, mas costuma ser mencionada apenas após o problema ter ocorrido. Existe
cerca de 34 autoridades federais que podem estabelecer regulamentos técnicos, mas só o
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO)
regulamenta sobre matérias que não estejam incluídas na relação subordinada a essas 34
autoridades federais. Pelo Acordo de Barreiras Técnicas da Organização Mundial do
Comércio (OMC), só podem ser estabelecidos requisitos num regulamento técnico se estes
estiverem de acordo com a norma mundial.
2.3 Segurança na construção civil
Tendo como meta, atingir a melhor qualidade de um processo ou de um produto, é
extremamente necessário um ambiente de trabalho em condições adequadas para o
profissional direcionar toda a sua potencialidade no que está sendo executado. Por esta razão,
Segurança do Trabalho e Qualidade são sinônimos, mas não basta apenas se deter na
qualidade de material empregado e no produto final obtido, deve-se levar em conta também à
qualidade da segurança e da saúde ocupacional dos trabalhadores direta e indiretamente
envolvidos no processo. A falta de um projeto que gerencie a saúde e segurança compromete
a produtividade, a qualidade, os custos, os prazos de entrega, a confiança dos clientes e o
próprio ambiente de trabalho. O gerenciamento da segurança pode levar ao mesmo caminho
da garantia da qualidade. Segurança na construção é um padrão de qualidade que pode ser
determinado no contrato e requerido pelos clientes.
25
Segurança do Trabalho passa a ter importância fundamental para a consecução
dos mais altos índices de qualidade e produtividade. Muitas empresas têm a segurança e a
saúde do trabalhador como estratégia competitiva, buscando diretamente a satisfação dos
trabalhadores, ao mesmo tempo em que priorizam a educação, o treinamento e a motivação
(CARVALHO,1995).
Os métodos de prevenção de acidentes são tão importantes quanto aos métodos
requeridos para o controle da qualidade. Entendemos que os mesmos fatores que ocasionam
acidentes no trabalho podem causar as perdas na produção, bem como problemas de
qualidade e custo. Para evitar e prevenir os acidentes é necessário informar adequadamente o
trabalhador sobre todos os riscos e cuidados. Uma empresa que busca reduzir as chances de
ocorrência de acidentes e diminuir as suas conseqüências deve atentar para três elementos
fundamentais: prevenção de riscos, informação e treinamento dos trabalhadores. Para isto, a
empresa deve elaborar e colocar em prática um Programa de Segurança e Saúde, obedecendo,
rigorosamente, as Normas de Segurança do Trabalho, principalmente, a Norma
Regulamentadora nº 18: “Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção”.
Segundo Lo (1996), num estudo em que analisa a segurança no setor da
construção civil em Hong Kong, a incorporação de elementos de segurança e auditoria de
segurança, na implementação do sistema de gerenciamento da qualidade, através da ISO
9000, tem demonstrado ser uma ferramenta de sucesso na melhoria da segurança ocupacional.
Este ainda realça a identificação de problemas e tomada de ações corretivas como uma
estratégia efetiva para promover a segurança.
Na construção civil, existe uma multiplicidade de fatores de riscos que predispõe
o operário ao acidente, tais como instalações provisórias inadequadas, jornadas de trabalho
prolongadas, a negligencia quanto ao uso ou uso de maneira incorreta do equipamento de
proteção individual (EPI) e a falta do equipamento de proteção coletiva (EPC), outros fatores
que também devem ser considerados são os fatores sócio-econômico, alimentação, formação e
conscientização da mão-de-obra.
Todos esses fatores estão inter-relacionados com a segurança do trabalho e
contribuem para que se tenha um grande número de acidentes de trabalho. Segundo
estatísticas oficiais, publicadas no ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO/00, em 1999
foram registrados 424,137 acidentes de trabalho em todo o país, sendo a indústria da
construção civil um dos setores que apresentou uma freqüência maior de acidentes, perdendo
apenas para a indústria extrativa.
26
2.3.1 Conceitos básicos
2.3.1.1 Acidente e Quase-acidentes
Muitas são as definições de acidente, e variam segundo o enfoque: legal,
prevencionista, ocupacional, estatístico, previdenciário etc. Uma definição abrangente e
genérica apresenta o seguinte enunciado:
“ Acidente é um evento indesejável e inesperado que produz desconforto,
ferimentos, danos, perdas humanas e ou materiais. Um acidente pode mudar totalmente a
rotina e a vida de uma pessoa, modificar sua razão de viver ou colocar em risco seus negócios
e propriedades. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam o acidente não é obra do acaso
e nem da falta de sorte.” (http://bauru.unesp.br/curso_cipa/3_seguranca_do_trabalho/
1_acidentes.htm)
Sob o ponto de vista dos especialistas em Segurança, os acidentes são "causados"
por fatores conhecidos, previsíveis e controláveis. Acidente é uma ocorrência não
programada, inesperada ou não, que interrompe ou interfere no processo normal de uma
atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais
(http://www.areaseg.com/segpedia/).
O incidente crítico é qualquer evento ou ocorrência que, embora com
potencialidade de provocar danos corporais e/ou materiais graves, não manifesta estes danos.
Ou seja, quase acidente é um evento ou ocorrência inesperada, relacionada a um trabalhador
ou a um equipamento, que por pouco deixou de ser um acidente (http://www.areaseg.com/
segpedia/).
2.3.1.2 Condições inseguras e atos inseguros
Milhares podem ser as causas de um simples acidente, entretanto todas elas
podem ser agrupadas em duas categorias: condições inseguras e atos inseguros. De acordo
com a Norma Brasileira (NB) 18 da ABNT existem vários aspectos que decorrem dessas
27
causas. Segundo Piza, (1997), deve-se entender que o acidente sempre ocorre como resultado
da soma de atos e condições inseguras que são oriundos de aspectos psicossociais
denominados fatores pessoais de insegurança.
A condição insegura é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes que
tem como definição as circunstâncias externas de que dependem as pessoas para realizar seu
trabalho que sejam incompatíveis ou contrárias com as normas de segurança e prevenção de
acidentes. Como essas condições estão nos locais de trabalho pode-se deduzir que foram
instaladas por decisão e/ou mau comportamento de pessoas que permitiram o
desenvolvimento de situações de risco àqueles que lá executam suas atividades. Conclui-se,
portanto, que as condições inseguras existentes são, via de regra, geradas por problemas
comportamentais do homem, independente do seu nível hierárquico dentro da empresa. São
exemplos de condições inseguras: instalação elétrica com fios desencapados, máquinas em
estado precário de manutenção, andaime de obras de construção civil feitos com materiais
inadequados.
O Ato Inseguro é um termo técnico utilizado em prevenção de acidentes que,
conforme a escola possui definições diferentes, porém com o mesmo significado. Entendem-
se como ato inseguro todos os procedimentos do homem que contrariem normas de prevenção
de acidentes. As atitudes contrárias aos procedimentos e/ou normas de segurança que o
homem assume podem, ou não, ser deliberadas. Normalmente, quando essas atitudes não são
propositais, o homem deve estar sendo motivado por problemas psicossociais.
Atualmente os termos condição e ato inseguro, em investigações de acidentes, não
são mais utilizados. Os profissionais preferem descrever a condição ou o ato inseguro
cometido, o que facilita, em muito, a análise dos acidentes, ao invés de generalizá-los (PIZA,
1997).
2.3.1.3 Perigo e risco
De Cicco e Fantazzini (1994), define que antes de um estudo específico sobre
riscos e seu gerenciamento, há a necessidade de se definir alguns conceitos básicos, sobre
termos corriqueiramente aceitos. Alberton (1996), compilou os termos básicos mais aceitos
entre os profissionais e estudiosos no assunto.
28
Perigo: Expressa uma exposição relativa a um risco que favorece a sua materialização em
danos. Se existe um risco, face às precauções tomadas, o nível de perigo pode ser baixo ou
alto, e ainda, para riscos iguais podem-se ter diferentes tipos de perigo.
Causa: É a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento catastrófico
resultante da materialização de um risco, provocando danos.
Dano: É a severidade da perda tanto humana, material, ambiental ou financeira. É a
conseqüência da falta de controle sobre um determinado risco. O risco (probabilidade) e o
perigo (exposição) podem manter-se inalterados e mesmo assim existir diferença na gravidade
do dano.
Perda: É o prejuízo sofrido por uma organização sem garantia de ressarcimento através de
seguros ou por outros meios.
Perigo é a possibilidade de sofrer perda, dano físico, dano à propriedade, a
equipamento, dano ao meio ambiente, doenças etc. Situação inerente com capacidade de
causar lesões à saúde das pessoas Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo De
Cicco e Fantazzini (1982) perigo expressa uma exposição relativa a um risco, que favorece a
sua materialização em danos. Dano é a severidade da lesão, ou a perda física, funcional ou
econômica, que podem resultar se o controle sobre o risco é perdido.
Risco é uma possibilidade real ou potencial capaz de causar lesão e/ou morte,
danos ou perdas patrimoniais, interrupção de processo de produção ou de afetar a comunidade
ou o meio ambiente. Uma combinação da probabilidade de que ocorra um acontecimento
perigoso com a gravidade de lesões ou danos à saúde da pessoa, causado por este
acontecimento (OIT), (http://www.areaseg.com/segpedia/).
Para De Cicco e Fantazzini (1982), risco é uma ou mais condições de uma
variável, com o potencial necessário para causar danos. Esses danos podem ser entendidos
como lesões a pessoas, danos a equipamentos ou estruturas, perda de material em processo, ou
redução da capacidade de desempenho de uma função pré-determinada. Havendo um risco,
persistem as possibilidades de efeitos adversos.
29
2.3.2 Normatização em Segurança e Saúde na Indústria da Construção
A segurança do trabalho é uma conquista relativamente recente da sociedade, pois
ela só começou a se desenvolver modernamente, ou como a entendemos hoje, no período
entre as duas grandes guerras mundiais (CRUZ, 1996). Na América do Norte, a legislação
sobre segurança só foi introduzida em 1908, sendo que só a partir dos anos 70 ela se tornou
uma prática comum para todos os integrantes do setor produtivo, já que antes disso ela só era
foco de especialistas, governo e grandes corporações (MARTEL e MOSELHI, 1988).
No Brasil, as leis que começaram a abordar a questão da segurança no trabalho só
surgiram no início dos anos 40. Segundo Lima Jr. (1995), o qual fez um levantamento desta
evolução, o assunto só foi mais bem discutido em 1943 a partir do Capítulo V do Título II da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A primeira grande reformulação deste assunto no
país só ocorreu em 1967, quando se destacou a necessidade de organização das empresas com
a criação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT).
O grande salto qualitativo da legislação brasileira em segurança do trabalho
ocorreu em 1978 com a introdução das vinte e oito normas regulamentadoras (NR) do
Ministério do Trabalho.
Ainda que todas as NR sejam aplicáveis à construção, destaca-se entre elas a NR-
18, visto que é a única específica para o setor. Além das NR, a segurança do trabalho na
construção também é abordada em algumas normas da ABNT, tais como a NBR 5410
(Instalações Elétricas de Baixa Tensão) e a NB- 56 (Segurança nos Andaimes).
A primeira modificação da NR-18 se deu em 1983, tornando-a mais ampla. A
última grande reformulação ocorreu em 1995, quando a norma sofreu uma grande evolução
qualitativa, destacando-se principalmente, a sua elaboração no formato tripartite1. Ao caráter
tripartite somou-se a decisão de que todas as exigências fossem aprovadas de forma
consensual, resolvendo-se, através de concessões das partes, eventuais impasses. Este esforço
foi despendido com o objetivo de desenvolver uma legislação democrática e com isto
aumentar a aceitabilidade da norma por todos os envolvidos na sua implantação.
1 O formato tripartite consiste na discussão e aprovação de legislações através de uma bancada composta por três grupos distintos, sendo um deles o mediador (no caso
brasileiros existe a bancada dos empregados, dos empregadores e do governo, sendo este último o mediador). No Brasil, o formato é do tripartismo paritário, ou seja, cada
uma das três bancadas possui exatamente o mesmo número de integrantes.
30
Entretanto, apesar da nova NR-18 ter sido elaborada e aprovada através destes
mecanismos, nota-se a sua freqüente falta de cumprimento e a persistência de altos índices de
acidentes de trabalho (COSTELLA, 1999).
A seguir será feita uma descrição das normas existentes em segurança e saúde na
Indústria da Construção Civil. As normas aqui descritas podem ser encontradas no endereço
eletrônico(http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./sms/index.html&conteu
do=./sms/seg.html#sesmt).
2.3.2.1 Norma Regulamentadora No 4 (SESMT)
Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT) são mantidos obrigatoriamente, pelas empresas privadas e públicas, os
órgãos públicos da administração direta e indireta e dos Poderes Legislativo e Judiciário, que
possuam empregados registrados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os SESMT
têm a finalidade de promover a saúde e a integridade física do trabalhador no local de
trabalho, sendo que o seu dimensionamento vincula-se a gradação do risco da atividade
principal e ao número total de empregados do estabelecimento constantes na Norma
Regulamentadora de Segurança e Medicina do Trabalho, NR No4. Os SESMT devem manter
entrosamento permanente com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), dela
valendo-se como agente multiplicador, e devem estudar suas observações e solicitações,
propondo soluções corretivas e preventivas, conforme disposto na Norma Regulamentadora,
NR 5.
A empresa é responsável pelo cumprimento da NR4, devendo assegurar, como um
dos meios para concretizar tal responsabilidade, o exercício profissional dos componentes dos
SESMT.
31
2.3.2.2 Norma Regulamentadora No 5 (CIPA)
A CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do
trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho coma a preservação da
vida e a promoção da saúde do trabalhador. A CIPA deve ser composta de representantes do
empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto na Norma
Regulamentadora NR 5.
A CIPA tem como principais atribuições:
- Identificar os riscos do processo do trabalho elaborando um mapa de riscos;
- Elaborar um plano de trabalho com ações preventivas de segurança e saúde
ocupacional;
- Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas
preventivas;
- Verificar os ambientes e condições de trabalho;
- Avaliar o cumprimento das medidas fixadas;
- Colaborar no desenvolvimento do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional
(PCMSO);
- Participar, anualmente, de Campanhas de Prevenção da Síndrome da
Deficiência Imunológica Adquirida (AIDS), em conjunto com a empresa;
- Promover, anualmente, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do
Trabalho (SIPAT).
2.3.2.3 Norma Regulamentadora No7 (PCMSO)
O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no
campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais
Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho. Considera também,
questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o
instrumento clínico-epidemiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho.
32
O programa tem caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos
agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além de
constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos
trabalhadores. Este programa deve ser planejado e implantado com base nos riscos à saúde
dos trabalhadores.
2.3.2.4 Norma Regulamentadora No 9 (PPRA)
A elaboração e implementação do PPRA é obrigatório para todos os empregados e
instituições que admitam trabalhadores como empregados. Este programa visa à preservação
da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham
a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos
recursos naturais. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada
estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos
trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes dos riscos e das
necessidades de controle. Considerando-se como riscos ambientais (para elaboração e
entendimento do PPRA), os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de
exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
2.3.2.5 Norma Regulamentadora No 18 (PCMAT)
O Programa de Condições e Meio Ambiente na Indústria da Construção Civil
(PCMAT) é obrigatório para os estabelecimentos com vinte (20) trabalhadores ou mais,
contemplando nos aspectos dispostos na Norma Regulamentadora (NR18) e outros
dispositivos complementares de segurança. Este programa deve ser elaborado e executado por
profissional legalmente habilitado na área de segurança do trabalho.
33
Os documentos que integram o PCMAT são:
- Memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e
operações;
- Projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas da
execução da obra;
- Especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
- Cronograma da implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT;
- Lay-out inicial do canteiro de obras;
- Programa educativo de prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
O PCMAT deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão regional
do Ministério do Trabalho.
2.3.3 Estatística do setor da Construção Civil para o estado de Santa Catarina
Os dados estatísticos dos acidentes de trabalho relacionados à indústria da
construção civil para o período de 2002 a 2004 no estado de Santa Catarina apresentam-se nas
tabelas 1 a 6. A classificação de atividades de referência é a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE).
34
Tabela 1 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002
Seleções definidas Variável Critério Valor
Ano igual a 2002 Divisão do CNAE igual a 45: Construção UF igual a Santa Catarina
Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores
Classes do CNAE Tx
Mortal
Tx Ac
16a34
Incidência
Inc Ac
Trab
Inc
Incap
Tx
Letal
Inc
Doença
4511:Demolição e Preparação do Terreno 0,00 100,00 12,57 8,38 12,57 0,00 0,00 4512:Perfuração,Fundações Etc para Construção 0,00 72,00 87,87 84,36 84,36 0,00 0,00 4513:Grandes Movimentações de Terra 103,92 45,16 32,22 28,06 33,26 32,26 0,00 4521:Edificações Diversas 34,04 47,10 31,32 28,44 30,49 10,87 0,64 4522:Obras Viárias 0,00 40,28 18,18 16,41 17,42 0,00 0,51 4524:Obras de Urbanização e Paisagismo 0,00 50,00 9,35 9,35 9,35 0,00 0,00 4525:Montagem de Estruturas 597,61 52,17 45,82 41,83 49,80 130,43 1,99 4529:Obras de Outros Tipos 44,15 53,95 33,56 28,70 34,88 13,16 0,00 4532:Construção Distribuição Energia Elétrric 358,69 51,11 80,71 77,12 75,33 44,44 0,00 4533:Construção Redes de Comunicação 41,62 64,62 27,05 22,89 25,39 15,38 0,00 4541:Instalações Elétricas 0,00 55,26 45,77 38,55 46,98 0,00 0,00 4542:Instalações de Ventilação e Refrigeração 569,25 66,67 51,23 45,54 39,85 111,11 5,69 4543:Inst Hidráulicas,Sanitárias,Gás, Incêndio 0,00 66,67 32,51 32,51 32,51 0,00 0,00 4549:Outras Obras de Instalações 0,00 62,50 31,75 23,81 27,78 0,00 3,97 4551:Alvenaria e Reboco 0,00 38,89 41,01 36,45 41,01 0,00 0,00 4552:Impermeabilização e Pintura em Geral 0,00 83,33 19,52 19,52 22,78 0,00 0,00 4559:Outras Obras de Acabamento 0,00 47,45 53,90 46,03 49,18 0,00 0,39 4560:Aluguel de Equip Constr, Com Operários 0,00 0,00 9,53 9,53 9,53 0,00 0,00 4511:Demolição e Preparação do Terreno 0,00 100,00 12,57 8,38 12,57 0,00 0,00 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/
35
Tabela 2 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003
Seleções definidas Variável Critério Valor
Ano igual a 2003 Divisão do CNAE igual a 45: Construção UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores
Classes do CNAE Incidência
Inc Ac
Trab
Inc
Incap
Tx
Mortal
Tx Ac
16a34
Tx
Letal
Inc
Doença
4511:Demolição e Preparação do Terreno 18,41 4,60 18,41 0,00 0,00 0,00 9,20 4512:Perfuração,Fundações Etc para Construção 59,00 55,32 66,38 0,00 75,00 0,00 0,00 4513:Grandes Movimentações de Terra 25,41 25,41 23,20 0,00 47,83 0,00 0,00 4521:Edificações Diversas 24,67 22,02 24,83 23,76 44,94 9,63 0,24 4522:Obras Viárias 15,09 14,01 14,28 26,94 30,36 17,86 0,00 4524:Obras de Urbanização e Paisagismo 601,47 582,07 417,15 0,00 62,90 0,00 0,00 4525:Montagem de Estruturas 28,64 20,05 25,78 0,00 10,00 0,00 0,00 4529:Obras de Outros Tipos 34,33 32,31 30,29 0,00 58,82 0,00 0,00 4532:Construção Distribuição Energia Elétrric 117,06 117,06 44,17 0,00 56,60 0,00 0,00 4533:Construção Redes de Comunicação 59,81 53,52 56,66 314,80 50,00 52,63 0,00 4541:Instalações Elétricas 25,02 22,11 20,30 0,00 69,57 0,00 0,00 4542:Instalações de Ventilação e Refrigeração 39,74 31,05 37,26 0,00 56,25 0,00 3,73 4543:Inst Hidráulicas,Sanitárias,Gás, Incêndio 45,93 32,80 45,93 0,00 71,43 0,00 0,00 4549:Outras Obras de Instalações 50,93 35,26 58,77 391,77 61,54 76,92 0,00 4551:Alvenaria e Reboco 24,58 24,58 31,61 0,00 57,14 0,00 0,00 4552:Impermeabilização e Pintura em Geral 38,49 34,44 38,49 202,60 42,11 52,63 0,00 4559:Outras Obras de Acabamento 24,25 21,22 24,25 0,00 62,50 0,00 0,00 4560:Aluguel de Equip Constr, Com Operários 31,52 28,45 29,60 38,44 50,00 12,20 0,38 4511:Demolição e Preparação do Terreno 58,92 49,10 58,92 0,00 83,33 0,00 0,00 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/
36
Tabela 3 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004
Seleções definidas Variável Critério Valor
Ano igual a 2004 Divisão do CNAE igual a 45: Construção UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores
Classes do CNAE
Tx
Mortal
Incidência
Inc
Incap
Inc Ac
Trab
Tx Ac
16a34
Tx
Letal
Inc
Doença 4511:Demolição e Preparação do Terreno 0,00 50,06 42,91 35,76 0,00 0,00 14,30 4512:Perfuração,Fundações Etc para Construção 0,00 39,41 36,12 32,84 66,67 0,00 3,28 4513:Grandes Movimentações de Terra 0,00 15,02 15,02 14,09 18,75 0,00 0,00 4521:Edificações Diversas 27,22 24,81 25,43 21,51 43,10 10,97 0,43 4522:Obras Viárias 0,00 20,71 21,20 17,75 42,86 0,00 0,25 4524:Obras de Urbanização e Paisagismo 464,75 46,47 41,83 46,47 40,00 100,00 0,00 4531:Construção para Geração Energia Elétrica 0,00 34,42 33,31 33,31 46,77 0,00 0,56 4532:Construção Distribuição Energia Elétrric 0,00 316,55 238,06 290,39 64,46 0,00 10,46 4533:Construção Redes de Comunicação 181,16 61,59 59,78 50,72 38,24 29,41 0,00 4533:Construção Redes de Comunicação 181,16 61,59 59,78 50,72 38,24 29,41 0,00 4541:Instalações Elétricas 0,00 17,90 17,29 14,86 74,58 0,00 0,00 4542:Instalações de Ventilação e Refrigeração 101,68 33,55 31,52 26,44 57,58 30,30 0,00 4543:Inst Hidráulicas,Sanitárias,Gás, Incêndio 0,00 19,79 26,39 19,79 33,33 0,00 0,00 4549:Outras Obras de Instalações 0,00 24,03 34,33 17,16 28,57 0,00 0,00 4551:Alvenaria e Reboco 0,00 31,86 27,88 31,86 50,00 0,00 0,00 4552:Impermeabilização e Pintura em Geral 210,08 65,13 35,71 54,62 32,26 32,26 8,40 4559:Outras Obras de Acabamento 0,00 20,29 20,29 20,29 0,00 0,00 0,00 4560:Aluguel de Equip Constr, Com Operários 43,44 35,62 36,05 31,27 46,34 12,20 0,00 4511:Demolição e Preparação do Terreno 641,03 108,97 108,97 96,15 29,41 58,82 0,00 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/
37
Tabela 4 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2002 – Edificações diversas
Seleções definidas Variável Critério Valor
Ano igual a 2002 Divisão do CNAE igual a 4521: Edificações Diversas UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores UF
TxAc16a34
TxMortal
IncIncap
Incidência
IncAcTrab
TxLetal
IncDoença
Santa Catarina 47,10 34,04 30,49 31,32 28,44 10,87 0,64 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/ Tabela 5 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2003 – Edificações diversas
Seleções definidas Variável Critério Valor
Ano igual a 2003 Divisão do CNAE igual a 4521: Edificações Diversas UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores UF
TxAc16a34
TxMortal
IncIncap
Incidência
IncAcTrab
TxLetal
IncDoença
Santa Catarina 44,94 23,76 24,83 24,67 22,02 9,63 0,24 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/ Tabela 6 Indicadores de Acidente do Trabalho para o ano 2004 – Edificações diversas
Seleções definidas Variável Critério Valor
Ano igual a 2004 Divisão do CNAE igual a 4521:Edificações Diversas UF igual a Santa Catarina Indicadores de Acidente do Trabalho Indicadores de acidente do trabalho, segundo CNAE, dos estabelecimentos localizados nas Unidades da Federação e no Brasil. Indicadores UF
TxAc16a34
TxMortal
IncIncap
Incidência
IncAcTrab
TxLetal
IncDoença
Santa Catarina 43,10 27,22 25,43 24,81 21,51 10,97 0,43 Fonte: http://www.dataprev.gov.br/
38
2.3.4 Por que investir em segurança (custos e responsabilidade social)?
Ao investir em segurança do trabalho, uma empresa, além de cumprir a legislação
trabalhista executando os programas de segurança exigidos por lei, desperta em seus
empregados o "espírito prevencionista", isto é, mantém alerta, de forma espontânea, quanto
aos riscos de acidentes, zelando e respeitando as normas de segurança
(http://coralx.ufsm.br/ctism/perguntasst.html).
De acordo com Diesel et al (2001), o setor da construção civil é um dos mais
importantes do país devido ao seu volume, capital circulante, utilidade dos produtos e
principalmente, pelo significativo número de empregados.
Medeiros e Rodrigues (2002) têm posição semelhante em estudo onde afirmam
que a influência da construção civil em nosso país é bastante significativa, pois além de ser
importante para o desenvolvimento econômico nacional, apresenta-se tecnologicamente com
intensidade crescente, e envolve consigo estruturas sociais, culturais e políticas.
Nesse aspecto não divergem do entendimento que Véras et al (2003), têm
destacando que a construção civil é um forte setor para o desenvolvimento de um país,
impactando a produção, os investimentos, o emprego e o nível geral de preços, devido terem
importante participação no Produto Interno Bruto (PIB), no que concordam Damião (1999) e
Rolim (2004).
Quanto à capacidade de gerar empregos e absorver mão de obra, esse setor
também possui extraordinária capacidade de realização de investimento, contribuindo
sensivelmente para o equilíbrio da balança comercial e na geração de empregos conforme
identificam Damião (1999) e Véras et al (2003).
Uma característica marcante dessa atividade econômica, é que não utiliza o
processo fabril tradicional de produção com seus produtos passando pelos postos de trabalho,
onde então se agrega valor aos mesmos até seu estado final. Na construção civil o produto é
fixo e invariavelmente único, sendo que os postos de trabalho transitam pelo produto
agregando valor.
Quanto às características da mão-de-obra, a construção civil apresenta
características marcantes nos aspectos sexo, origem, escolaridade, qualificação, remuneração,
rotatividade, e sindicalização, aspectos estes que estão diretamente vinculados com os seus
problemas de organização do trabalho.
39
Diversos autores afirmam que essas características definem um perfil da mão-de-
obra, a nível nacional, onde predomina o sexo masculino, a procedência da zona rural, o
analfabetismo, a desqualificação profissional, a baixa remuneração, a alta rotatividade, baixo
índice de sindicalização, precária forma de organização de trabalho (TAIGY, 1994;
DAMIÃO, 1999; VALENÇA, 2003; NÓBREGA, 2004; ROLIM, 2004).
Quanto à função do trabalhador, estudo realizado por Carvalho et al (1998),
identificou que a mão-de-obra, é composta predominantemente por serventes (52,40%),
seguida por pedreiros (21,65%), carpinteiros (13,05%), ferreiros (7,49%).
Com relação à faixa etária, observou-se que tanto entre os serventes como entre os
oficiais, 44% deles têm entre 30 e 40 anos, enquanto que 75% dos encarregados e mestres
estão entre os 40 e 50 anos. Acima dos 50 anos, o percentual é de 7,8%. 84% deles são
casados.
Esse estudo constata que, quanto ao grau de escolaridade, 41% são analfabetos ou
só assinam o nome, 45% têm primário incompleto, apenas 8% concluíram o primário, 4%
secundário incompleto e 2% o secundário completo (CARVALHO et al, 1998).
2.3.5 Ações em segurança e saúde no trabalho na indústria da construção civil
Em 1998, a área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) do Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) foi incorporada como meta mobilizadora da área de trabalho,
com a proposta de redução da taxa de mortalidade dos acidentes de trabalho em 40% até o ano
de 2003 e estabelecendo diversos projetos para o alcance da meta
(http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002).
Com a reorientação, o MTE assume integralmente as ações voltadas para a
redução dos índices de acidentes do trabalho, por meio do Programa Trabalho Seguro e
Saudável do Plano Plurianual (PPA), mantendo a meta mobilizadora. Com o objetivo de
concentrar esforços para o alcance da meta de redução da taxa de mortalidade, a partir de
julho de 2002, mediante a Portaria Interministerial nº 52, envolvendo os Ministérios do
Trabalho e Emprego, Previdência e Assistência Social, Saúde e Meio Ambiente, foi instituído
o Comitê Interministerial Gestor do Programa Nacional de Redução de Acidentes Fatais do
40
Trabalho (PNRAFT), que abrange quatro linhas de ação e dez projetos. Dentre as linhas de
ação tem-se(http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002):
- revisão e reconstrução do modelo de organização do sistema integrado de
segurança e saúde no trabalho;
- potencialização das políticas em segurança e saúde no trabalho;
- implementação de sistema integrado de gestão em segurança e saúde nas
empresas; e,
- aperfeiçoamento e organização de sistemas de informação e de pesquisas de
interesse da área.
Os projetos inseridos neste programa são:
Projeto 1 - reconstrução do modelo de organização do sistema integrado de segurança e saúde
no trabalho;
Projeto 2 - plano de ação integrada para a redução de acidentes e doenças do trabalho;
Projeto 3 - otimização da inspeção nos locais de trabalho;
Projeto 4 - aprimoramento da atenção ao trabalhador acidentado;
Projeto 5 - sistema integrado de gestão em segurança e saúde nos locais de trabalho;
Projeto 6 - programa nacional articulado de campanhas de prevenção de acidentes e doenças
do trabalho;
Projeto 7 - programa nacional de formação e capacitação em segurança e saúde no trabalho;
Projeto 8 - financiamento para melhoria das condições e dos ambientes de trabalho;
Projeto 9 - sistema de informação e pesquisa em segurança e saúde no trabalho; e
Projeto 10 - sistema de notificação de acidentes e doenças do trabalho.
Cabe ressaltar que para o alcance dos resultados obtidos até o ano de 2002, o
Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho (DSST) buscou aliar à forma tradicional de
realizar a inspeção do trabalho, a novas estratégias que possibilitassem ampliar os resultados
alcançados em termos de melhoria das condições de trabalho. Buscou-se, sobretudo, uma ação
coletiva, por grupo de empresas, por setores econômicos, por base geográfica. Todas as novas
ações foram desenvolvidas segundo a lógica do tripartismo. Para que tais estratégias fossem
possíveis, analisaram-se detalhadamente os indicadores de acidentes e doenças do trabalho e,
41
com base neles, desenhou-se a chamada "geografia do risco". Assim, as atuações locais e
regionais tiveram que se adequar a um planejamento que estabelecia melhor o foco principal
de atuação. Visando possibilitar a nova atuação em termos de auditoria, foi preciso investir
bastante em capacitação, não só dos auditores fiscais do trabalho, mas também de
representantes de empregadores e de trabalhadores. Em que pese os resultados do ano de 2002
estarem conforme o esperado, cabe acrescentar que as novas metodologias de atuação
estratégica e coletiva implicarão em uma redução das metas quantitativas para os próximos
anos. Essa redução possibilitará continuar agregando critérios de qualidade. Será preciso
também definir novas metodologias de aferição de metas para possibilitar melhor visualização
dos resultados obtidos.
Atualmente em todo o país, sindicatos de categoria, sindicatos patronais, e
Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), tem programas e ações para prevenção de
acidentes do trabalho (http://www.abrasil.gov.br/avalppa/RelAvalPPA2002).
2.4 Sistema de Formas
A seguir será feita uma descrição sobre sistemas de formas. As descrições de todo
item 2.4 podem ser encontradas no endereço eletrônico (http://www.fundacentro.
gov.br/CTN/ noticias.asp?Cod=316-).
2.4.1 Definições
Formas são moldes provisórios utilizados para executar peças de concreto armado
ou protendido.
A definição de sistema de formas baseia-se na definição de sistema, que, por sua
vez, é entendido como sendo a combinação de um conjunto de peças integradas, atendendo a
42
uma função específica. Portanto, sistema de formas consiste em um conjunto de componentes,
combinados em harmonia, com o objetivo de atender às funções de:
- Moldar o concreto;
- Conter o concreto fresco e sustentá-lo até que tenha resistência suficiente para
se sustentar por si só;
- Proporcionar à superfície do concreto a textura requerida;
- Servir de suporte para o posicionamento da armação, permitindo a colocação
de espaçadores para garantir os cobrimentos;
- Servir de suporte para o posicionamento de elementos das instalações e outros
itens embutidos;
- Servir de estrutura provisória para as atividades de armação e concretagem,
devendo resistir às cargas provenientes do seu peso próprio, além das de
serviço, tais como pessoas, equipamentos e materiais;
- Proteger o concreto novo contra choques mecânicos; e
- Limitar a perda de água do concreto, facilitando a cura.
2.4.2 Características
A madeira foi o primeiro material de construção a ser utilizado tanto em colunas
como em vigas e vergas. Ela apresenta resistência mecânica tanto a esforços de compressão
como aos esforços de tração na flexão. Tem resistência mecânica elevada, superior ao
concreto, com a vantagem do peso próprio reduzido. Resiste excepcionalmente a choques e
esforços dinâmicos: sua resistência permite absorver impactos que romperiam ou
estilhaçariam outros materiais. Apresenta boas características de isolamento térmico e
absorção acústica; seco, é satisfatoriamente dielétrico; tem facilidade de afeiçoamento e
simplicidade de ligações: pode ser trabalhado com ferramentas simples. Tem custo reduzido
de produção, reservas que podem ser renovadas e, quando convenientemente preservado,
perdura em vida útil prolongada à custa de insignificante manutenção. Em seu estado natural,
apresenta uma infinidade de padrões estéticos e decorativos.
43
Dimensionamento (para suportar o peso e a pressão do concreto): Para execução
das formas para moldagem das vigas e pilares de concreto armado, são utilizados tabuas de
pinus, com espessura de 2,5mm, pregadas umas nas outras com prego 17x 27mm, unidas
através de gravatas também da mesma madeira, e posteriormente escoradas com escoras de
eucalipto de 15cm de diâmetro.
2.4.3 Classificação dos sistemas de formas para concreto
Os critérios para dividir os sistemas de formas baseiam-se, primeiramente, no
grupo de elementos estruturais a serem moldados e, em seguida, na modulação dos painéis.
O primeiro critério é adotado pela sua amplitude, dividindo as formas em dois
grandes grupos: um formado por elementos verticais, abrangendo pilares e paredes; e outro,
por elementos horizontais, como vigas, lajes e escadas (estas últimas, apesar de não serem
horizontais, possuem características de execução e solicitações que a encaixam nesse grupo).
O segundo critério é função da divisão existente no mercado de formas: de um
lado, têm-se os sistemas modulares, compostos por módulos pré-fabricados em metal ou
plástico, altamente industrializados e associados ao cimbramento menos intenso, e do outro,
os sistemas tramados, que possuem o vigamento ou travamento na forma de uma trama,
associados a painéis sem padronização dimensional, confeccionados especialmente para uma
determinada utilização e com cimbramento considerável.
2.4.3.1 Formas para elementos verticais
Neste item, descrevem-se os sistemas de formas voltados para pilares e paredes de
concreto armado.
I - Sistema modular
44
Esse sistema é caracterizado pela utilização de painéis modulares que possuem
estruturação própria e são associados através de grampos ou clips. A estruturação pode ser de
aço, alumínio ou plástico, enquanto que o molde pode ser em chapa de compensado, plástico
ou aço.
É um sistema com montagem e desmontagem rápidas e grande durabilidade dos
elementos, inclusive dos moldes, que, em função de terem as bordas protegidas, têm maior
vida útil.
Os painéis possuem diversas dimensões padronizadas, facultando ao construtor a
opção de manuseio e montagem manuais, podendo utilizar elementos menores, ou a utilização
de gruas ou guindastes, adotando painéis maiores ou fazendo uma associação de painéis
pequenos – ganged panels2 .
É um sistema com grande potencial de racionalização; no entanto, para o seu uso
adequado, exige uma coordenação modular da estrutura, pois, apesar da possibilidade de
combinação de painéis de diferentes tamanhos, estes têm dimensões variando de cinco em
cinco cm ou 10 em 10 cm, a depender do fornecedor. Nesse caso, o usual é ajustar-se a
estrutura ao sistema de formas.
É bastante utilizado no exterior, principalmente como molde para paredes de
concreto; apesar disso, no Brasil, o seu uso ainda é limitado por diversos motivos, entre eles: a
falta de coordenação modular nos projetos de edificações, a pequena quantidade de
fornecedores desses sistemas, a falta de planejamento do sistema de formas desde a
concepção arquitetônica e a dificuldade de compatibilização com as formas de vigas.
Diante disso, o potencial de racionalização e redução dos custos, atribuído ao
sistema, só é verificado em poucos casos, fazendo com que o maior investimento no sistema
de formas não seja vantajoso, ainda que algumas construtoras, partindo para executar suas
estruturas de forma racionalizada, planejando e modulando os projetos, estejam tendo sucesso
com o sistema, reduzindo, potencialmente, os prazos e os custos a ela atribuídos.
No caso das formas de pilares e paredes, o sistema tramado consiste na associação
de peças verticais e horizontais, em dois planos paralelos, compondo parte do travamento das
formas. Os elementos que compõem a trama não são necessariamente do mesmo material ou
2 Conjunto de peças longitudinais e transversais que se cruzam.
45
da mesma forma, podendo ser de madeira (bruta ou industrializada) ou metálicos (de aço ou
alumínio).
Esse é o sistema mais usado na construção civil nacional, sendo de domínio da
mão-de-obra. Caracteriza-se pela flexibilidade dimensional, versatilidade e relativa facilidade
para associar-se com formas de vigas e lajes.
De um modo geral, as tramas são de madeira, havendo, ainda, uma grande opção
por vigas de travamento metálicas nos planos mais distantes do molde.
Os painéis podem ser produzidos na obra ou adquiridos de empresas que os
fabricam sob encomenda, caracterizando as formas industrializadas3.
3 O termo formas industrializadas é associado às formas confeccionas em central externa ao canteiro, com o objetivo de racionalizar a sua utilização (referência).
Muitas são as combinações possíveis entre os elementos do sistema, permitindo
ao construtor utilizar peças de diversos fornecedores simultaneamente. Dentro das muitas
possibilidades de associação dos diversos elementos, destacam-se algumas:
- Molde: podem ser utilizadas chapas de madeira compensada (resinada ou plastificada)
ou tábuas;
- Travamento: podem ser utilizados grades de madeira compostas por sarrafos e
pontaletes; sarrafos e pontaletes (não fixados ao molde); vigas de travamento
horizontais ou verticais, de madeira, aço, alumínio ou mistas (vigas sanduíche);
tirantes metálicos (barras de ancoragem com porcas, tensores ou fios de aço
amarrados); sargentos metálicos; gravatas (de madeira, de aço ou mistas) etc.
- Mãos-francesas: podem ser utilizados tábuas, sarrafos ou pontaletes de madeira;
cantoneiras metálicas; escoras metálicas (fixas ou com ajuste de comprimento).
Apesar da versatilidade e do uso mais intenso, esse sistema é muitas vezes
caracterizado como tradicional, com uso intensivo da mão-de-obra, baixa mecanização
(produção essencialmente manual) e com elevados desperdícios de mão-de-obra, material e
tempo. Essa caracterização não é de responsabilidade do sistema em si, que pode
perfeitamente ser utilizado de forma racional, mas sim da forma como tem sido utilizado em
muitas obras, sem planejamentos ou projetos, cabendo a pessoas despreparadas muitas
decisões quanto à sua confecção e montagem.
46
2.4.3.2 Formas para elementos horizontais
Neste item, descrevem-se os sistemas de formas para elementos horizontais.
I - Sistema Modular
Esse sistema é muito semelhante ao aplicado em fôrmas para elementos verticais,
diferindo daquele quanto ao escoramento.
Os painéis podem ser apoiados diretamente nas escoras ou utilizarem vigas
metálicas para transmitir os seus carregamentos às mesmas, podendo ainda utilizar torres
metálicas ao invés de escoras pontuais.
É um sistema com restrições quanto ao uso em estruturas reticuladas, pois a
existência de vigas, na maioria das vezes, induz à necessidade de se fazer arremates, em
virtude da falta de coordenação modular dos vãos. Porém, é bastante interessante para
estruturas com lajes planas, onde pode ser explorada toda a sua rapidez na execução, sem que
haja interferências.
Quando existente, a cabeça descendente, acessório colocado na parte superior da
escora, permite que as lajes sejam desformadas sem que haja necessidade de retirar o
escoramento, facilitando o serviço e restringindo as deformações do concreto novo.
O seu uso no Brasil, apesar de ainda ser pequeno, tem crescido bastante, sendo
usado em lajes planas e, em alguns casos, como suporte para os moldes plásticos de lajes
nervuradas.
II - Sistema Tramado
No caso das lajes, caracteriza-se pela trama composta por vigamento inferior e
superior. As escoras podem ser de madeira (industrializada ou serrada) ou metálicas (de aço
ou alumínio).
No caso das vigas, o sistema tramado é basicamente o único em uso e caracteriza-
se pelos painéis laterais e de fundo estruturados com sarrafos, e pelas diversas formas de
travamento e escoramento. O travamento dos moldes pode ser feito com barras de ancoragem
ou tensores, sarrafos de pressão, gastalhos de madeira, metálicos ou plásticos, mãos-francesas
47
ou garfos de madeira; o escoramento pode ser feito com escoras pontuais com cruzetas, torre
metálica ou garfos de madeira.
É o sistema mais empregado atualmente, sendo versátil e de fácil adaptação às
estruturas reticuladas, situação em que as vigas inibem um melhor aproveitamento de sistemas
modulares. Esse sistema pode ser utilizado como suporte para os moldes das formas para lajes
nervuradas, e o acoplamento e a fixação dos seus diversos elementos permitem a criação de
“mesas voadoras”, que podem ser transportadas entre os pavimentos, sem necessidade de
desmontar o conjunto.
2.4.4 Execução de formas na operação com serra circular
O foco do trabalho é na execução de formas com utilização de serra circular,
baseado nos procedimentos de segurança conforme NR18, item 18.7 a seguir descreve-se
sobre isso.
2.4.4.1 Descrição do Processo de Execução de Formas
Procedimento de execução do serviço (http://www.cidades.gov.br/pbqp-
h/Apresentação.htm)
Os projetos de arquitetura e estrutura devem estar concluídos e, se possível,
providenciar um projeto de forma. O material deve estar disponível, como chapas de
compensado, pontaletes, tábuas etc. A central deve estar montada e equipada.
Os painéis devem ser executados pensando no seu tamanho e peso, de forma a
facilitar a montagem, o transporte e a desforma. Todas as peças devem ser galgadas e os
painéis devem ser estruturados. Recomenda-se que as superfícies de corte sejam planas e
lisas, sem apresentar serrilhas; também é conveniente neste momento identificar os painéis
com uma numeração ou código para facilitar na montagem.
Eventuais furos nos painéis devem ser executados sempre da face interna da
forma em direção à face externa, com broca de aço rápida para madeira.
48
A marcação das posições de cimbramento nas formas facilita o processo de
montagem. Assim, marcam-se nas formas as posições onde serão colocados os seus elementos
de sustentação como garfos simples, garfos com mão-francesa, escoramento e reescoramento.
Recomenda-se que os topos de chapas sejam selados com tinta a óleo ou selante à
base de borracha clorada, tão logo as peças sejam serradas na bancada.
2.4.4.2 Procedimento de segurança a ser realizado
Na execução de serviços de formas com utilização de serra circular essa deve ser
operada por trabalhador qualificado. A serra circular deve ser dotada de mesa estável, com
fechamento de suas faces inferior, anterior e posterior, construída em madeira resistente e de
primeira qualidade, material metálico ou similar de resistência equivalente, sem
irregularidades, com dimensionamento suficiente para a execução das tarefas. Ter a carcaça
do motor aterrada eletricamente. O disco deve ser mantido afiado e travado, devendo ser
substituído quando apresentar trincas, dentes quebrados ou empenamentos. As transmissões
de força mecânica devem estar protegidas obrigatoriamente por anteparos fixos e resistentes,
não podendo ser removidos, em hipótese alguma, durante a execução dos trabalhos. Ser
provida de coifa protetora do disco e cutelo divisor, com identificação do fabricante e ainda
coletor de serragem.
Nas operações de corte de madeira deve ser utilizado dispositivo empurrador e
guia de alinhamento. As lâmpadas de iluminação da carpintaria devem estar protegidas contra
impactos provenientes da projeção de partículas.
A carpintaria deve ter piso resistente, nivelado e antiderrapante, com cobertura
capaz de proteger os trabalhadores contra quedas de materiais e intempéries.
Manter a central de produção constantemente limpa e organizada, removendo as
sobras de material (serragem e pontas de madeira) e verificando o funcionamento e a
conservação de ferramentas e equipamentos.
EPI necessários para execução de trabalhos com serra circular:
- Capacete de proteção;
49
- Óculos de segurança;
- Protetor auricular;
- Respirador purificador de ar;
- Luva de segurança (tipo vaqueta);
- Calçado de segurança.
2.4.4.3 Preparação do Material
As formas devem ser construídas em madeira sólida com superfícies lisas
preferencialmente de pinus ou compensado, livres de pregos, arames etc.
Toda madeira deve receber na superfície de contato com o concreto, tratamento
com desmoldante para facilitar a desforma.
2.4.4.4 Elaboração das Formas
As formas devem ser construídas conforme especificação do projeto e sob
orientação do mestre e engenheiro de obra, depois de construídas, devem ser capazes de
confinar o concreto e moldá-lo nas linhas, dimensões e juntas exigidas, assegurando a perfeita
aparência das superfícies do concreto Além disso, devem possuir resistência suficiente para
suportar a pressão resultante do lançamento e vibração, como também devem ser mantidas
rigidamente em posição, e serem fixadas com firmeza para que não se abram e não permitam
desvios de argamassa nas juntas de construção no momento de se colocar o concreto.
2.4.4.5 Remoção das Formas
As formas devem ser removidas sempre após os prazos necessários sem golpes ou
vibrações excessivas, com toda a garantia de estabilidade e resistência dos elementos
50
estruturais envolvidos. Ou seja, a desforma só se procederá quando a estrutura tiver a
resistência necessária para suportar seu próprio peso e eventuais cargas adicionais.
2.4.4.6 Retiradas de Escoras
Em lajes, a retirada das escoras só pode ocorrer após 21 dias da concretagem, ou
conforme determinação do engenheiro responsável pela obra.
2.4.5 Analise dos Riscos dos Serviços de Execução de Formas com Serra Circular
Segundo Porto, (2000), a noção de risco tem haver com perda ou dano, ou como
sinônimo de perigo. Neste caso adotar-se-á uma concepção abrangente de riscos de interesse à
segurança e saúde dos trabalhadores, significando toda e qualquer possibilidade de que algum
elemento ou circunstância existente num dado processo ou ambiente de trabalho possa causar
dano à saúde, seja através de acidentes, doenças, sofrimento dos trabalhadores ou poluição
ambiental.
2.4.6 Riscos na operação da Serra Circular
Na execução dos trabalhos com utilização da serra circular alguns dos riscos a
seguir relacionados estarão sujeitos a ocorrerem.
a) Ruptura do disco de corte;
b) Contato das mãos com o disco de corte;
c) Emissão de partículas e poeiras;
d) Barulho excessivo;
e) Choque elétrico;
51
f) Principio de incêndio, queimaduras.
2.4.7 Causas dos riscos na operação da Serra Circular
As causas de ocorrerem os riscos relacionados no item 2.4.6 estão a seguir
relacionadas.
a) Disco montado errado, fora de especificações próprias, defeituoso;
b) Ausência ou proteção inadequada, corte de materiais não apropriados;
c) Ausência ou sistema de exaustão inadequado;
d) Serra mal balanceada;
e) Contato com partes energizadas, falta de isolamento e aterramento;
f) Presença de material inflamável.
2.4.8 Medidas Preventivas
Os seguintes procedimentos deverão ser adotados para prevenção de acidentes:
a) Montar disco dentro das especificações e em bom estado;
b) Operação com a máxima atenção, com operador habilitado e materiais específicos para
o corte;
c) Utilização de protetor facial ou óculos de proteção e verificação da existência de
protetor (capa) do disco de corte;
d) Além da obrigatoriedade da utilização do protetor auricular, instalar um dispositivo que
consiste em fixar sobre a mesa um painel, com compensado, paralelamente à lâmina a 1
mm desta;
e) Instalações elétricas adequadas, com aterramento da serra policorte. Proteção das partes
inferiores da bancada da serra elétrica, com calha para depósito do subproduto e também
com comando liga / desliga por meio de botoeira (duplo isolamento);
52
f) Instalação de extintor de incêndio do tipo CO2 próximo à mesa, como medida de prevenção e combate a incêndio; Manutenção do canteiro de obras organizado.
2.5 Análise de Riscos
Embasados no item 2.3.1.3, risco é a probabilidade de ocorrência de um evento
perigoso que cause danos aos trabalhadores ou equipamentos, denominado acidente, cujo
trata-se de um acontecimento inesperado, que vem causar danos, lesões, doenças, ferimentos,
danos humanos ou materiais, danos temporários ou permanentes, a gravidade das
conseqüências dos acidentes é muito variável.
Para efetuar uma analise de riscos é necessário conhecer de maneira plena todo o
processo e de que maneira os trabalhadores executam os serviços ou operam equipamentos,
além disso para manter a imparcialidade da analise de riscos, é fundamental organizar uma
equipe com vários profissionais das diversas áreas e setores que envolvem o processo, sendo
formada por técnicos, engenheiros de projeto e de execução, pessoal de recursos humanos,
engenheiros e técnicos de segurança, etc. A equipe de analise precisa alem de acompanhar e
entender todo o processo, ouvir os trabalhadores, e também, aliar todos os pontos de vistas
para chegar a um consenso e uma visão imparcial, critica e eficaz dos riscos existentes nos
processos analisados. (professores.unisanta.br/valneo/apoio/ tecnicasdeanalisederisco.doc).
2.5.1 Principais técnicas de análise de riscos
Técnicas de análise de riscos nada mais são que métodos capazes de fornecer
elementos concretos que fundamentam um processo de decisão de redução de riscos e perdas.
São metodologias oriundas de duas áreas: engenharia de segurança de sistemas e engenharia
de processos. As técnicas possuem grande generalidade e abrangências, podendo ser aplicadas
a quaisquer situações produtivas (FANTAZZINI, 1994).
53
A seguir serão apresentadas algumas das principais técnicas de análise de riscos. Os
conceitos apresentados tiveram como fonte o site (professores.unisanta.br/
valneo/apoio/tecnicasdeanalisederisco.doc):
- Técnicas de Identificação de perigos
¬ What-if
¬ Check List - Lista de verificações
- Técnicas de Análise de Riscos
¬ APR - Análise Preliminar de Riscos
¬ AMFE - Análise de Modos de Falha e Efeitos
¬ HAZOP - Estudo de Risco e Operabilidade
- Técnicas Avaliação de Riscos
¬ AAF – Análise de Árvore de Falhas
2.5.1.1 Objetivos das Técnicas de Análise de Riscos
O conforto e desenvolvimento trazidos pela industrialização produziram também
um aumento considerável no número de acidentes, ou ainda das anormalidades durante um
processo devido à obsolescência de equipamentos, máquinas cada vez mais sofisticadas etc.
Com a preocupação e a necessidade de dar maior atenção ao ser humano, principal bem de
uma organização, além de buscar uma maior eficiência, nasceram primeiramente o Controle
de Danos, o Controle Total de Perdas e por último a Engenharia de Segurança de Sistemas.
Com o crescimento e necessidade de segurança surgiram às técnicas de análises
de riscos, valiosos instrumentos para a solução de problemas ligados à segurança, portanto, o
54
objetivo de se realizar uma técnica de análise de riscos é permitir um conhecimento detalhado
sobre dos riscos atuais de um objeto (processo, máquina, sistema ou subsistema), e
desencadear um processo de planejamento, construção, operação, e controle apropriado para
minimizar antecipadamente riscos.
A Análise de Riscos consiste no exame sistemático de uma instalação industrial
(projeto ou existente) de sorte a se identificar os riscos presentes no sistema e formar opinião
sobre ocorrências potencialmente perigosas e suas possíveis conseqüências (SOUZA,1995).
O objetivo de se realizar uma técnica de análise de riscos é permitir um conhecimento
detalhado sobre os riscos atuais de um objeto (processo, máquina, sistema ou subsistema), e
desencadear um processo de planejamento, construção, operação, e controle apropriado para
minimizar antecipadamente riscos.
2.5.1.2 Aplicação das técnicas de análise de riscos
Com a difusão dos conceitos de perigo, risco e confiabilidade, as metodologias e
técnicas aplicadas pela segurança de sistemas, inicialmente utilizadas somente nas áreas
militar e espacial, tiveram a partir da década de 70 uma aplicação quase que universal na
solução de problemas de engenharia em geral.
2.5.2 Técnicas de identificação de perigos
2.5.2.1 What-if
Esta é uma técnica de análise qualitativa, com aplicação bastante simples e útil na
detecção de riscos, tanto na fase de processo, projeto ou pré-operacional, e pode ser
utilizada em qualquer estágio da vida de um processo. O objeto do What-If é
proceder à identificação e tratamento de riscos que pode ser testado possíveis
omissões no sistema. (CARDELLA, 1999).Da aplicação do What-if resultam a
elaboração de questões sobre a possibilidade de ocorrência de eventos indesejáveis,
55
bem como a geração de soluções para as possíveis ocorrências de eventos
indesejáveis levantados. O conceito da análise What-if estimula a equipe de análise
de risco a refletir sobre questões que começam com ¨E se...”;” O que aconteceria
se...”; “O que acontece se...” ( professores. unisanta.br/valneo/ apoio/técnicasde
analisederisco.doc).
2.5.2.2 Check-list
Para efetuar o levantamento dos riscos através de um check-list, segundo Souza
(1995), lista-se alguns itens com relevada importância ou lista-se passos dos processos em
analise, após esta etapa elabora-se as conclusões de cada item ou passo do check-list.
Os check-list, são de grande utilidade para checar e vistoriar itens de
procedimentos padronizados sendo estes relacionados a segurança do trabalho ou mesmo para
a manutenção de equipamentos. De acordo com Souza (1995), outra utilização importante se
dá após a analise de outras técnicas de analise de risco, os resultados podem ser transformados
em itens de um check-list para inspeção das atividades ou processo.
Segundo Cardella (1999), a desvantagem da analise se ater ao check-list é que os
itens ou passos não lembrados nos check-list, não serão analisados, ficando comprometida a
analise dependendo da importância no processo do item não lembrado no check-list.
2.5.3 Técnicas de Análise de Riscos
2.5.3.1 Análise Preliminar de Riscos (APR) - Preliminary Hazard Analysis (PHA) Também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP).
A Análise Preliminar de Riscos (APR) teve origem na área militar com aplicação inicial na revisão de sistemas de mísseis. Tem como objetivo determinar os riscos e medidas preventivas antes que um processo, sistema ou produto entrem em sua fase operacional, sendo aplicada na fase de projeto e desenvolvimento. Tudo o que puder ser identificado como risco de acidente ou de doença ocupacional nesta fase deve merecer atenção, para que medidas preventivas adequadas possam ser tomadas e evitar que riscos venham a ser criado nos ambientes de trabalho
56
(ZOCCHIO 2000). Destaca-se na análise de novos sistemas, sistemas de alta tecnologia e/ou pouco conhecidos, ou seja, para casos onde há pouca experiência ou carência de informações na sua operação.
Alberton (1996).
A APR também pode ser útil como: ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas operacionais, revelando aspectos que às vezes passam desapercebidos; em instalações existentes de grandes dimensões; e, quando se quer evitar a utilização de técnicas mais extensas para a priorização de riscos. Esta técnica normalmente é utilizada para análises qualitativas, porém, também pode-se utilizá-la para identificar cenários de acidentes que serão empregados em estudo de análises quantitativas para a obtenção de índices de risco. De Cicco e Fantazzini (1982)
Na tabela 7 apresenta-se o modelo de formulário apresentado no Livro Introdução
a Engenharia de Segurança de Sistemas (De Cicco, Fantazzini, 1994) para a elaboração de
Análise Preliminar de Risco e que foi o utilizado no estudo de caso.
Tabela 7 - Modelo de formulário para Análise Preliminar de Riscos
Análise Preliminar de Riscos
Identificação do Sistema:
Subsistema: Projetista:
Risco Causas Efeitos Categoria do
Risco
Medidas Preventivas ou
Corretivas
Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)
Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), o desenvolvimento de uma APR necessita
dos seguintes procedimentos:
a) Definição do grupo que participará da análise;
b) Subdivisão da instalação em diversos subsistemas;
c) Definição das fronteiras do sistema e de cada subsistema;
d) Determinação dos produtos e atividades com possibilidades de gerar acidentes;
57
e) Realização da APR propriamente dita: preenchimento das planilhas de APR em
reuniões do grupo de análises;
f) Elaboração do relatório final; e,
g) Acompanhamento da implementação das recomendações.
Após a identificação dos cenários de acidentes, estes são classificados de forma
qualitativa segundo sua severidade, conforme identificadas na tabela 8 a seguir.
Tabela 8 – Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR
Categoria Denominação Descrição/Características
I Desprezível A falha não irá resultar em uma degradação maior do sistema, nem irá produzir danos funcionais ou lesões, ou
contribuir com risco ao sistema. II Marginal
(ou Limítrofe) A falha irá degradar os sistema em uma certa extensão,
porém sem envolver danos maiores ou lesões, podendo ser compensada ou controlada adequadamente.
III Crítica A falha irá degradar o sistema causando lesões, danos substanciais, ou irá resultar em um risco inaceitável,
necessitando ações corretivas imediatas. IV Catastrófica A falha irá produzir severa degradação do sistema, resultando
em sua perda total, lesões ou morte. Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)
Esta classificação servirá de parâmetro para as pessoas envolvidas na elaboração
da APR a fazerem uma classificação dos riscos, qualificando-os conforme o seu grau de
intensidade. Os envolvidos deverão priorizar e propor medidas preventivas com o objetivo de
neutralizar os riscos identificados.
2.5.3.2 Análise de Operabilidade de Perigos - Hazard and Operability Studies (HAZOP)
A técnica Hazard and Operability Study (HAZOP) foi desenvolvida pela Imperial Chemical Industries (ICI) no Reino Unido no início de 1970, inicialmente para identificar e avaliar a segurança em plantas de processo e problemas de operabilidade, que embora não perigosos, poderiam comprometer a capacidade da planta para alcançar a produtividade estipulada em projeto. Sua essência é uma revisão dos desenhos dos processos e/ou procedimentos numa série de reuniões,
58
durante a qual, a equipe utiliza um protocolo pré-estabelecido para avaliar metodicamente os significantes desvios da intenção normal do projeto. O estudo de HAZOP é muito indicado antes mesmo da fase de detalhamento e construção do projeto, evitando com isso, que modificações tenham que ser feitas, principalmente, nas instalações já montadas, quando o custo para tal alteração é muito superior aquele de projeto. A Análise de Riscos e Operabilidade – HAZOP é baseada no princípio de que diversos especialistas com diferentes conhecimentos podem interagir de forma criativa e sistemática, identificando uma maior quantidade de cenários em conjunto do que quando trabalhando separadamente. Segundo Alberton (1996), trata-se de uma ferramenta que permite que as pessoas liberem sua imaginação, pensando em todos os modos pelos quais um evento indesejado ou problema operacional possa ocorrer.
Lopes (1998)
Esta técnica é orientada através de um conjunto de “palavras -guias”, que focaliza
os desvios dos parâmetros estabelecidos para o processo ou operação em análise. As palavras-
guias mais comumente utilizadas estão apresentadas na tabela 9.
Tabela 9 – Palavras-guia do estudo HAZOP e respectivos desvios
Palavra-guia Desvio
Nenhum Ausência de fluxo ou fluxo reverso. A completa negação das
intenções do projeto.
Mais Aumento quantitativo de uma propriedade física relevante.
Menos Diminuição quantitativa de uma propriedade física relevante.
Mudanças na
Composição
Alguns componentes em maior ou menor proporção, ou ainda, um
componente faltando.
Componentes a mais Componentes a mais em relação aos que deveriam existir.
Outra condição
Operacional
Partida, parada, funcionamento em carga reduzida, modo
alternativo de operação, manutenção, mudança de catalisador, etc.
Substituição completa.
Fonte: KLETZ (1984)
Na tabela 10 apresenta-se um modelo de relatório para o estudo HAZOP.
59
Tabela 10 – Modelo de relatório para um estudo HAZOP
Palavra-Guia Desvio Causas
Possíveis
Conseqüências Ações
Requeridas
Fonte: KLETZ (1984)
2.5.3.3 Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) - Failure Modes and Effects Analysis (FMEA)
A Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE), também conhecida pela sigla
FMEA (Failure Modes and Effects Analysis), é uma técnica de análise de riscos de uso geral,
detalhada, qualitativa ou quantitativa. Segundo De Cicco (1994), esta técnica permite analisar
as maneiras pelas quais um equipamento, componente ou sistema podem falhar. Permite
também, estimar as taxas de falhas e os efeitos que poderão advir, e, estabelecer as mudanças
que deverão ser feitas para aumentar a probabilidade de que o sistema ou equipamento
funcione satisfatoriamente (DE CICCO e FANTAZZINI 1994).
A AMFE é uma ferramenta poderosa que nasceu dentro da Indústria da
Aeronáutica para buscar a confiabilidade das aeronaves. A AMFE é uma metodologia
sistemática para identificar os modos de falha do sistema para buscar ações pró-ativas para
prevenir a falha ou diminuir seus efeitos. Foi desenvolvido inicialmente para a melhoria da
confiabilidade dos sistemas e também tem sido largamente utilizado para a melhoria dos
processos e da qualidade dos produtos. O objeto da AMFE são os sistemas. O foco são os
componentes e suas falhas (CARDELLA, 1999). Os principais objetivos da AMFE são: uma
revisão sistemática dos modos de falha de um componente para garantir danos mínimos ao
sistema; determinação dos efeitos que tais falhas terão em outros componentes do sistema;
determinação dos componentes cujas falhas teriam efeito crítico na operação do sistema
(falhas de efeito crítico); cálculo de probabilidade de falha de componentes, montagem e
subsistemas, através do uso de componentes com confiabilidade alta, redundâncias no projeto
ou ambos (DE CICCO e FANTAZZINI, 1994).
Geralmente, uma AMFE é utilizada em primeiro lugar de uma forma qualitativa,
quer na revisão sistemática dos modos de falha do componente, na determinação de seus
60
efeitos em outros componentes e ainda na determinação dos componentes cujas falhas têm
efeito crítico na operação do sistema, sempre procurando garantir danos mínimos ao sistema
como um todo. Na maioria das vezes, não são considerados nesta análise os efeitos das falhas
humanas sobre o sistema. Numa etapa seguinte, pode-se aplicar também dados quantitativos,
a fim de se estabelecer uma confiabilidade ou probabilidade de falha do sistema ou
subsistema (ALBERTON,1996).
Conhecido o sistema e suas especificidades, pode-se dar seguimento à análise,
cabendo à empresa idealizar o modelo que melhor se adapte a ela. A tabela 11 mostra
esquematicamente um modelo para aplicação da AMFE.
Tabela 11 – Modelo de Aplicação de uma AMFE
Item
Modo de
Falha
Causa de
Falha
Efeitos: -nos
componentes -no sistema
Categoria de
Risco
Probabilidade de
Ocorrência
Métodos de
Detecção
Ações Possíveis
Fonte: Hammer (1993)
A metodologia da AMFE pode ser aplicada de acordo com a seqüência sugerida
por De Cicco e Fantazzini (1994), conformedescritoaseguir:
a) Dividir o sistema em subsistemas que podem ser efetivamente controlados;
b) Traçar diagramas de blocos funcionais do sistema e subsistemas, para determinar seus
inter-relacionamentos e de seus componentes;
c) Preparar uma listagem dos componentes de cada subsistema e registrar a função
específica de cada um deles;
d) Determinar através da análise de projetos e diagramas, os modos de falha que possam
ocorrer e afetar cada componente. Deverão ser considerados quatro modos de falha:
operação prematura; falha em operar num tempo prescrito; falha em cessar de operar
num tempo prescrito; falha durante a operação;
A probabilidade de falha do sistema ou subsistema será, igual à probabilidade
total de todos os modos de falha. Quando da determinação de probabilidades de acidentes,
61
deverão ser eliminadas todas as taxas de falhas relativas aos modos de falha que não
geram acidentes.
e) Indicar os efeitos de cada falha específica sobre outros componentes do subsistema e
como cada afeta o desempenho total do subsistema em relação à missão do mesmo;
f) Estimar a gravidade de cada falha específica de acordo com as categorias ou classes de
risco, conforme já mencionadas na tabela 8;
A estimativa das taxas de cada falha poderá ser feita,entre outros modos, através
de taxas genéricas desenvolvidas a partir de testes realizados pelos fabricantes dos
componentes; pela comparação com equipamentos ou sistemas similares; com o auxilio de
dados de engenharia.
g) Indicar os métodos de detecção de cada falha específica;
h) Formular possíveis ações de compensação e reparos que podem ser adotadas para
eliminar ou controlar cada falha específica e seus efeitos;
i) Determinar as probabilidades de ocorrência de cada falha específica para possibilitar a
análise quantitativa.
A AMFE é muito eficiente quando aplicada a sistemas mais simples e falhas
singelas. Suas inadequações levaram ao desenvolvimento de outros métodos,tais como a
”Análise de Árvores de Falhas (AAF)”, que a completa e que será abordada no item 2.5.4.1
(DE CICCO e FANTAZZINI, 1994).
Assim como a APR, a AMFE também deve ter um formulário onde serão
efetuados os registros dos componentes, seus modos de falha, meios de detecção,
conseqüências e medidas que poderão ser adotadas para controle de riscos e de emergências.
A tabela 12 a seguir, apresenta um modelo de formulário aplicado na AMFE e o qual será
utilizado no estudo de caso.
62
Tabela 12 - Modelo de formulário para AMFE
Folha Nº: AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data:
Empresa:
Sistema: Elaborada por:
Possíveis Efeitos Componentes Modos
de
Falha Em outros
componentes
No sistema
Categ. de
Risco
Métodos de
Detecção
Ação de
Compensação e
Reparos
Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)
2.5.4 Técnicas Avaliação de Riscos
2.5.4.1 Análise de Árvore de Falhas (AAF) - Fault Tree Analysis (FTA)
A Análise de Árvores de Falhas foi desenvolvida, m 1962, pelos Laboratórios Bell Telephone, a pedido da Força Aérea Americana, para uso no sistema do míssil balístico intercontinental Minuteman. De acordo com Oliveira e Makaron (1987), a AAF é uma técnica dedutiva que permite aos analistas de riscos focar em um acidente particular e fornece um método para determinar as causas deste acidente. A Árvore de Falhas é um modelo gráfico, baseado na aplicação de princípios da Álgebra Booleana (utilização de portas lógicas do tipo “E” ou “OU”), que exibe as várias combinações de falhas de equipamentos e erros humanos que podem resultar na principal falha do sistema de interesse, chamado de evento Topo (ou Top). As combinações seqüenciais destes eventos formam os diversos ramos da árvore.
De Cicco e Fantazzini (1994)
Essa designação se justifica em virtude da utilização desse evento no nível mais alto da árvore de falhas, que tem representação gráfica; os eventos de nível inferior recebem o nome de eventos básicos ou primários, pois é a partir deles que se originam os eventos de nível mais alto. Esse modelo permite aos analistas de riscos focar medidas preventivas ou mitigadoras nas causas básicas e significativas, reduzindo assim, a possibilidade de ocorrência de um acidente. Portanto, é certo supor que a árvore de falhas é um diagrama que mostra a inter-relação lógica entre estas causas básicas e o acidente.
Oliveira e Makaron (1987)
63
Na figura 1 segue a estrutura básica de construção de uma árvore de falhas
sintetizada por De Cicco e Fantazzini (1994).
Figura 1 - Estrutura fundamental de uma AMFE Fonte: Henley e Kumamoto (1981)
De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994), o método da AAF pode ser
desenvolvido através dos seguintes passos:
a) Seleção do evento indesejável ou falha, cuja probabilidade de ocorrência deve ser
determinada;
b) Revisão dos fatores intervenientes, como ambiente, dados de projeto, exigências
do sistema, etc., determinando as condições, eventos particulares ou falhas que
poderiam contribuir para a ocorrência do evento indesejado;
c) É preparada uma árvore, através da diagramação dos eventos contribuintes e
falhas, de modo sistemático, que irá mostrar o inter-relacionamento entre os mesmos
e em relação ao evento topo. O processo se inicia com os eventos que poderiam,
diretamente causar tal fato, formando o primeiro nível. À medida que se retrocede
passo a passo, as combinações de eventos e falhas contribuintes irão sendo
adicionadas. Os diagramas assim preparados são chamados árvore de falhas. O
relacionamento entre os eventos é feito através das comportas lógicas;
64
d) Através de Álgebra Booleana são desenvolvidas as expressões matemáticas
adequadas, representando as entradas das árvores de falhas. Cada comporta lógica tem
implícita uma operação matemática e estas podem ser traduzidas em última análise
por ações de adição ou multiplicação;
e) Determinação da probabilidade de falha de cada componente, ou a probabilidade
de ocorrência de cada condição ou evento presentes na equação simplificada. Esses
dados podem ser obtidos de tabelas específicas, dados dos fabricantes, experiência
anterior, comparação com equipamentos similares, ou ainda obtidos
experimentalmente para o específico sistema em estudo;
f) As probabilidades são aplicadas à expressão simplificada, calculando-se a
probabilidade de ocorrência do evento indesejável investigado.
A AAF não é capaz de levantar dados quantitativos precisos, entretanto, mesmo
sendo aplicada ao seu nível de menor complexidade, a técnica propicia um grande numero de
informações e analise do sistema global, ou analise do processo em questão, fazendo que a
equipe de analistas tenha uma visão clara e real, para posteriormente propor medidas de
atuação para a situação desejada.
Dentre as aplicações da AAF do uso do método de falhas podemos citar: para
determinar a situação mais critica, o evento que mais ocorreu, as falhas irrelevantes, as falhas
de maior importância, identificar elementos que causam contratempos.
A AAF são divididas em subsistemas e analisados de forma independente, passo a
passo.
A simbologia lógica de uma árvore de falhas é descrita na figura 2.
65
Figura 2 - Simbologia lógica de uma árvore de falha Fonte: http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap5/cap5_ane.htm
A tabela 13 transcrito de Hammer (1993), representa algumas das definições de
álgebra booleana associadas aos símbolos usados na análise quantitativa da árvore de falhas.
Em complemento, a tabela 14 apresenta as leis e fundamentos matemáticos da Álgebra de
Boole.
66
Tabela 13 - Álgebra booleana e simbologia usada na árvore de falhas
Módulo Símbolo Explicação Tabela
Verdade
OR (OU)
O módulo OR indica que quando uma ou mais das entradas ou condições determinantes estiverem presentes, a proposição será verdadeira (V) e resultará uma saída. Ao contrário, a proposição será falsa (F) se, e somente se, nenhuma das condições estiver presente
A0011 + B0101
0 (F)
1 (V)
1 (V)
1 (V)
AND (E)
O módulo AND indica que todas as entradas ou condições determinantes devem estar presentes para que uma proposição seja verdadeira (V). Se uma das condições ou entradas estiver faltando, a proposição será falsa (F).
A0011*
B0101
0 (F)
0 (F)
0 (F)
1 (V)
NOR (NOU)
O módulo NOR pode ser considerado um estado NO-OR (NÃO-OU). Indica que, quando uma ou mais entradas estiverem presentes, a proposição será falsa (F) e não haverá saída. Quando nenhuma das entradas estiver presente, resultará uma saída.
A0011 + B0101
1 (V)
0 (F)
0 (F)
0 (F)
NAND (NE)
O módulo NAND indica que, quando uma ou mais das entradas ou condições determinantes não estiverem presentes, a proposição será verdadeira (V) e haverá uma saída. Quando todas as entradas estiverem presentes, a proposição será falsa (F) e não haverá saída.
A0011*
B0101
1 (V)
1 (V)
1 (V)
0 (F)
Fonte: Hammer (1993)
67
Tabela 14 - Relacionamento e leis representativas da Álgebra de Boole
RELACIONAMENTO LEI A . 1 = A
A . 0 = 0
A + 0 = A
A + 1 = 1
Conjuntos complementos ou vazios
(Ac)c = A Lei de involução A . Ac = 0
A + Ac = 1 Relações complementares
A . A = A
A + A = A Leis de idempontência
A . B = B . A
A + B = B + A Leis comutativas
A . (B . C) = (A . B) . C
A + (B + C) = (A + B) + C Leis associativas
A . (B + C) = (A . B) + (A . C)
A + (B . C) = (A + B) . (A + C) Leis distributivas
A . (A + B) = A
A + (A . B) = A Leis de absorção
(A . B)c = Ac + Bc
(A + B)c = Ac . Bc Leis de dualização ( Leis de Morgan)
Fonte: Hammer (1993)
Desta forma, para a árvore de falhas representada na figura 3 as probabilidades
dos eventos, calculadas obedecendo-se às determinações das comportas lógicas, resultam em:
E = A intersec. D
D = B união C
E = A intersec. B união C
P(E) = P(A intersec. B união C)
68
Figura 3 - Esquema de uma árvore de falhas Fonte: http://www.eps.ufsc.br/disserta96/anete/cap5/cap5_ane.htm
69
CAPÍTULO III
3 ESTUDO DE CASO
3.1 Estudo de Caso
Este estudo de caso vem a complementar e aplicar os conhecimentos adquiridos
na pesquisa bibliográfica realizada. Procurou-se buscar um exemplo prático a fim de aplicar
as técnicas de risco APR e AMFE em uma serra circular.
O motivo da escolha da aplicação da APR deve-se ao fato de ser uma análise
preliminar, como o próprio nome já diz uma análise inicial, de partida e de origem qualitativa.
Apesar de seu escopo básico de análise inicial, é muito útil como revisão geral de segurança
em sistemas operacionais revelando aspectos, às vezes, despercebidos (FANTAZZINI, 1994).
Já a AMFE trata-se de uma análise mais detalhada, aplicada diretamente à falha
em equipamentos. Pode ser avaliada quantitativamente também, porém, neste trabalho será
abordado somente o estudo qualitativo. Esta técnica é de grande utilidade para aumentar a
confiabilidade de equipamentos e sistemas através do tratamento de componentes críticos
(FANTAZZINI, 1994).
O objeto do estudo de caso, que é caracterizar e levantar os riscos nos serviços de
execução de formas realizados com serra circular, será realizado na Obra do Residencial
Jardim di Ébanos. Trata-se de um Condomínio Residencial construído na cidade de Criciúma.
O empreendimento foi lançado e está sendo vendido pela própria construtora. A
parceria entre a Construtora e Caixa Econômica Federal permite ao cliente um financiamento
diferenciado, denominado de Imóvel na planta com recursos do FGTS.
O condomínio é composto por 11 Casas Geminadas (denominadas de 1 a 11),
sendo que as casas nº 01, 02 e 07, compostas por 02 pavimentos com área de 71,16m². No
pavimento térreo tem-se: sala de estar/ jantar, cozinha, área de serviço, varada, churrasqueira
e banheiro social, sendo que no pavimento superior tem-se: 02 dormitórios e 01 banheiro.
As casas nº 03, 04, 05, 06, 08, 09, 10 e 11 são compostas também por 02
pavimentos com área de 96,20m². No pavimento térreo tem-se: sala estar/jantar, cozinha, área
70
de serviço, varanda, churrasqueira e banheiro social, sendo que no pavimento superior tem-se:
02 dormitórios, e 01 suíte com sacada.
A área real global construída é de 983,08m², como descrito na figura 4.
Figura 4 - Quadro de áreas do Residencial Jardim di Ébanos Fonte: Construto Nunes, 2006.
Casa nº Área Privada
(m2)
Área Comum
(m2)
Área
Construída
Terreno
(m2)
% Terreno
01 71,16 0,00 71,16 127,01 8,75%
02 71,16 0,00 71,16 91,53 6,30%
03 96,20 0,00 96,20 131,08 9,026%
04 96,20 0,00 96,20 132,66 9,136%
05 96,20 0,00 96,20 132,66 9,136%
06 96,20 0,00 96,20 131,08 9,026%
07 71,16 0,00 71,16 91,53 6,30%
08 96,20 0,00 96,20 132,88 9,15%
09 96,20 0,00 96,20 132,88 9,15%
10 96,20 0,00 96,20 131,08 9,026%
11 96,20 0,00 96,20 217,86 15,00%
Totais 983,08 983,08 1.452,27 100%
- DUGLP�GL�e EDQRV5 HVLGHQFLDO
Rua Juceli Rodrigues
Bairro Jardim Maristela – Criciúma / SC
71
3.2 Histórico da Empresa
A CONSTRUTORA NUNES LTDA, sediada na cidade de Criciúma – Santa
Catarina, é a primeira construtora na cidade a ser certificada pelo Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) nível A.
A empresa atua a 22 anos na área de construção civil. Fundada em maio de 1985,
primeiramente se dedicava apenas a executar obras residenciais. Ao longo dos anos com
significativo crescimento e espírito empreendedor, a empresa conquistou espaço em outros
setores da construção como: edificações, pavimentação, drenagem, terraplenagem,
manutenção, coleta de lixo e limpeza urbana, executando obras e prestando serviços para
órgãos públicos e empresas privadas.
Em dezembro de 2005, a empresa atingiu uma nova meta, que foi a instalação da
Britagem de Seixo em Rio Cedro – Nova Veneza, para comercialização de materiais diversos
de seixo britado (brita, base de brita graduada, base parcialmente britada, seixo bruto rolado,
bica corrida, macadame seco, entre outros).
Atualmente, a empresa presta serviços de limpeza urbana, está construindo o
Residencial Jardim di Ébanos, como também comercializa materiais da britagem de seixo,
contando com cerca de 100 empregados.
3.3 Procedimentos Metodológicos
Os Procedimentos metodológicos para realização deste trabalho constituíram-se
em primeiramente contato e conhecimento da empresa, do empreendimento e do tipo de
serviço analisado. Após este contato foi realizada visita “in loco” ao canteiro de obras do
Residencial jardim di Ébanos, a fim de analisar como era realizado o serviço de execução de
forma e analise técnica do equipamento “se rra circular”.
Posteriormente verificou-se as ocorrências de acidentes, e através das técnicas de
análise de risco foram analisados outros aspectos referentes a ocorrência de acidentes com
trabalho de execução de forma em serra circular.
72
3.4 Fluxograma de Execução de Formas
Na figura 5 pode-se acompanhar o fluxograma do processo da atividade execução
de formas.
Figura 5 - Fluxograma do processo de Execução de Formas Fonte: IT 005 (PBQP-H Construtora Nunes)
Preparar Material
Elaborar Formas
(2)
Inspecionar Atividade
Concretar Estruturas
Aguardar Cura
Do Concreto
Fim
Remover Formas e Escoras
73
3.5 Método
Como método utilizar-se-á as técnicas de analise de risco, aplicadas
respectivamente conforme suas características e metodologias.
3.5.1 Metodologia de implantação das Técnicas APR e AMFE
No estudo de caso foi escolhido o tipo de serviço e o equipamento serra circular,
descreveu-se as atividades e operações envolvidas no processo de execução de forma, como
demonstra a figura 6 em forma de fluxograma.
Figura 6 - Etapa para implantação APR e AMFE. Fonte: Deise Nunes e Rosilda Souza, 2007
(1) Escolha do serviço e do
Equipamento Serra Circular
(2) Estudo do serviço de Execução de Forma
e da Serra Circular
(3) Adaptação dos Formulários para
Aplicação das técnicas
(4) Aplicação da Técnica APR
(5) Aplicação da
Técnica AMFE
(6) Desenvolvimento da Técnica APR
(7) Desenvolvimento da AMFE AMFE AMFE Técnica FMEA
74
3.6 Serra circular na execução de formas
Conforme mencionada anteriormente, a empresa confecciona formas para
execução de concreto armado, através da utilização de serra circular, descrito no item 2.
A Serra Circular de Mesa, é formada por um disco de videa com 32 dentes, uma
coifa protetora, cutelo divisor ou lamina separadora, um motor trifásico de potência 1 HP,
uma polia, uma correia e uma chave de acionamento liga/desliga.
3.7 Identificação de riscos na serra circular a serem observados in loco
Através de Análise “in loco” dos serviços de execução de forma com a utilização
da serra circular, e referencias bibliográfica, identificou-se os riscos preliminares, para
posterior aplicação das técnicas de analise de risco mencionadas anteriormente.
Neste item 3.7, identificar-se-á os itens a serem observados, se há existência ou
não dos riscos identificados na obra objeto deste estudo de caso.
3.7.1 Retrocesso da madeira
O retrocesso da madeira pode ocorrer devido, a nós e rachaduras existentes na
própria madeira, que ficam engalhados na serra.
Figura 7 - Tábua de pinus com nós e rachaduras Fonte: www.saudetrabalho.com.br
75
3.7.2 Dentes ou videas quebrados ou trincados
Os dentes ou videas da serra devem estar em perfeito estado de conservação,
dentes do disco quebrados, trincados ou desafiados, podem engalhar na madeira, fazendo o
operador perder o controle, puxando a mão do mesmo em direção ao disco, interrompendo o
processo normal e ocasionando acidentes.
Figura 8 - Serra com dentes ou videas quebrados ou trincados Fonte: www.saudetrabalho.com.br
3.7.3 Desequilíbrio da Madeira decorrente da própria operação da serra
O desequilíbrio da madeira pode ocorrer através do uso do disco com dentes
quebrados, ou ainda por falha do operador na colocação da madeira na mesa da serra circular.
A tabua de madeira a ser serrada deve ser colocada sobre a mesa da serra alinhada e rente
mesma. O desequilíbrio da madeira pode acarretar: serragem equivocada da madeira, pedaços
de madeira saltando de forma desorganizada, podendo também a madeira engalhar puxando a
mão do operador.
Figura 9 - Desequilíbrio da madeira Fonte: www.saudetrabalho.com.br
3 O desequi l íbr io
das tensõesinternas da
madeiradecorrente da
própr iaoperação das
ser ras ;
--------
76
3.7.4 Contato acidental das mãos com os dentes da Serra, caso não possua coifa protetora
A coifa protetora é um EPC indispensável para o uso da Serra Circular, sem a
mesma o operador fica exposto ao contato direto entre mão, dedos e o disco da serra, tal fato
pode ocasionar acidente mediante qualquer mínimo descuido do operador.
Figura 10 - Contato acidental das mãos com os dentes da Serra Fonte: www.saudetrabalho.com.br
3.7.5 Contato acidental com o disco da serra, no final da operação de serragem, caso não possua coifa protetora e empurrador
O empurrador é utilizado para empurrar a peça de madeira a ser serrada no final
da operação, por se tratar de um pedaço de madeira pequeno, o empurrador evita que o
operário tenha contato direto das mãos aos dentes do disco da serra circular. Por isso no
processo de serragem, no fim da peça a ser serrada é fundamental a utilização de
empurradores.
--------
Contato acidental com a a parte operacional do
disco ( dentes ) em caso de não possuir a
coifa protetora.
77
Figura 11 - Contato acidental com o disco da serra caso não possua coifa protetora e empurrador Fonte: www.saudetrabalho.com.br
3.7.6 Contato com o disco da serra na parte inferior (abaixo) da bancada, falta de proteção nas laterais
Na parte lateral da serra, onde delimita o espaço entre o operador e o
equipamento, se faz necessário uma proteção, que poderá ser executada em chapa de madeira,
madeirite, ou qualquer outro material, a finalidade é proteger o membros inferiores ( perna ,
joelho) do disco da serra circular que gira embaixo da bancada da mesma.
Figura 12 - Contato com o disco da serra na parte inferior da bancada sem proteção nas laterais Fonte: www.saudetrabalho.com.br
Contato com os dentes do disco na parte
infer ior ( embaix o) da bancada por
(falta de fechamento) de proteção nas laterais .
--------
Contato com disco no final da operação de ser ragem, quando as mãos do trabalhador , ao empurrarem a peça se aprox imam dos dentes do disco sem a coifa protetora e o
empurrador , dispos itivo indispensável nesse tipo de operação.
78
3.7.7 Falta de organização no canteiro de obras
A falta de organização no canteiro de obras pode ocasionar acidentes por
tropeções ou quedas, em outros objetos, ferramentas jogadas, ou restos de madeiras
armazenadas ou alocadas em locais indevidos.
Figura 13 - Falta de organização e limpeza no canteiro de obras Fonte: www.saudetrabalho.com.br
3.7.8 Coletor de serragem e suportes de apoio
O primeiro para coletar a serragem formada pela operação de serragem da
madeira e o segundo é utilizado para apoiar peças grandes a serem serradas, evita queda e
desequilíbrio da madeira.
Falta de organiz ação e l impez a, Lay - out mal elaborado
( obstrução com mater iais )
79
Figura 14 - Coletor de serragem e suportes de apoio Fonte: www.saudetrabalho.com.br
3.8 Etapas para aplicação da APR
Para melhor classificar os riscos quanto à gravidade, fez-se uma adaptação das
categorias de severidade para a realidade da empresa. Desta forma, adaptou-se a tabela 2
apresentada no item 2.5.3.1 proposto na tabela 15.
Tabela 15 – Categoria de severidade dos cenários utilizados em APR (adaptada)
Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994), adaptada
Categoria Denominação Descrição/Características
I
Desprezível
- Sem danos ou danos insignificantes aos equipamentos e/ou a propriedade; - Não ocorrem lesões/mortes de trabalhadores e/ou de terceiros; - O máximo que pode ocorrer são casos de primeiros socorros ou tratamento médico menor;
II
Marginal (ou Limítrofe)
- Danos leves aos equipamentos e/ou a propriedade (os danos materiais são controláveis e/ou de baixo custo de reparo); - Lesões leves aos trabalhadores;
III
Crítica
- Danos severos aos equipamentos e/ou a propriedade; - Lesões de gravidade moderada aos trabalhadores (probabilidade remota de morte); - Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em catástrofe;
IV
Catastrófica
- Danos irreparáveis aos equipamentos e/ou a propriedade; - Provoca mortes ou lesões aos trabalhadores.
Suportes de apoio : Quando as peças forem de grande
comprimento, é recomendável a uti l ização de suportes . Estes suportes podem ser cavaletes de madeira e/ou metál ico, conforme figura.
Coletor de serragem : caixa que pode ser construída
de madeir ite , tem a função de sedimentar o pó de ser ra.
80
3.9 Aplicação da APR
Após a escolha da máquina para a realização do estudo de caso, foram seguidas as
etapas abaixo para a aplicação da Análise Preliminar de Riscos (APR):
- Estudo e avaliação dos dados construtivos, englobando os princípios gerais de
funcionamento da serra circular. Observou-se o funcionamento da máquina na qual se
teve a explanação dos operadores e encarregado de processos;
- Preparação de fonte de dados e material de apoio: com as informações obtidas tornou-
se possível dividir a máquina em subsistemas e obter dados suficientes para a
realização das reuniões;
- Realização de reuniões: para a identificação de riscos foram realizadas reuniões com
algumas pessoas da empresa, formando-se um grupo de trabalho com representantes
dos setores envolvidos. Primeiramente, procurou-se explanar o objetivo da aplicação
da técnica e os benefícios que a mesma poderá trazer para a empresa. A seguir,
contando com a participação dos integrantes do grupo, fez-se a adaptação da tabela de
severidade de acordo com a realidade da construtora para posterior aplicação da
técnica e preenchimento dos formulários. Nestas reuniões procurou-se discutir
situações de risco já ocorridas ou que possam vir a ocorrer, bem como, as medidas de
controle pertinentes para evitar que os mesmos ocorram explorando o conhecimento e
experiência deste grupo de trabalho.
Os participantes das reuniões e respectivos cargos estão relacionados na tabela
16.
Tabela 16 – Grupo de Trabalho
Nome Cargo
Deise Delfino Nunes Coordenadora – Engenheira Responsável
Rosilda Maria de Souza Coordenadora
Francisco Vieira Lima Mestre de Obras (experiência 21 anos)
João Eleotério Carpinteiro (experiência 23 anos)
81
3.10 Etapas para Aplicação da AMFE
Para a aplicação da AMFE, uma das primeiras providencia tomada foi a escolha
do formulário com a participação do grupo de trabalho da construtora. Na tabela 17 apresenta-
se o formulário para a aplicação.
Tabela 17 - Formulário para AMFE
Folha Nº: MFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data:
Empresa:
Sistema: Elaborada por:
Possíveis Efeitos Componentes Modos
de
Falha Em outros
componentes
No sistema
Categ. de
Risco
Métodos de
Detecção
Ação de
Compensação e
Reparos
Fonte: De Cicco e Fantazzini (1994)
3.11 Aplicação da AMFE
Para a aplicação desta técnica utilizou-se o seguinte procedimento:
- Realização de reuniões: realizou-se reunião com o grupo de trabalho apresentado na
tabela 10, apresentando-lhes primeiramente a técnica de Análise de Risco FMEA a
ser aplicada;
- Adequação do formulário: na ocasião da reunião, apresentou-se aos integrantes do
grupo o formulário da AMFE para que fosse adequado à realidade da empresa; e,
posterior aplicação da técnica e preenchimento;
82
- Divisão do sistema: apresentou-se a serra circular aos integrantes como sendo o
sistema global, ou seja, o objeto de análise. Em consenso com o grupo, fez-se a
divisão deste sistema (máquina) em componentes;
- Escolha dos componentes a estudar: após escolhido o sistema, procurou-se preparar
uma listagem completa dos componentes, registrando-se, ao mesmo tempo, a função
específica de cada um deles. Os componentes estão descritos e relacionados no item
3.11.2;
- Preenchimento do formulário: nesta etapa questionaram-se os participantes a
respeito dos modos de falha que poderiam ocorrer em cada componente, além de
indicar o efeito e a causa de cada falha, classificando-a quanto à gravidade,
ocorrência e modos de detecção. Exploraram-se também, as medidas possíveis de
serem tomadas para eliminar ou controlar cada falha específica e seus efeitos.
3.11.1 Abordagem sistêmica
Os cuidados necessários para o manuseio de serra circular são indispensáveis para
a redução de acidentes e maior ganho em produtividade. A instalação da serra circular deverá
ser feita em local que restrinja o acesso de pessoas aos operadores especializados e pessoas
autorizadas. Além, das recomendações normais, será considerado o espaço em torno da
máquina, que deverá ser adequado em função das características da madeira a ser trabalhada e
do tipo de operação. As peças devem ser trabalhadas com segurança e não deve existir
interferência com outras operações circunvizinhas. A serra circular deve ser disposta de
maneira a facilitar os trabalhos de inspeção, manutenção e consertos, bem como possibilitar
uma fácil alimentação e retirada de materiais. A figura 15 apresenta o processo da serra
circular.
83
Figura 15 - Processo da Serra circular Fonte:(http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-51824239-serra-circular-profissional-completa-preco-imbativel-aqui-_JM)
3.11.2 Componentes da serra circular
Os componentes estão descritos e relacionados nas figuras 16 a 19.
a) Disco da Serra Circular - Os dentes do disco da serra devem ser mantidos em bom estado,
afiados e travados.
Partes Componentes da Serra Circular
Disco da Serra Circular :Os dentes do disco da Serra devem ser
mantidos em bom es tado, afiados e travadose, não podendo afiá- los , subs ti tui- se o disco.As flanges de aperto do disco devem ter, no
mínimo 1/3 do diâmetro do mesmo.
1
Figura 16 - Disco da serra circular Fonte: www.saudetrabalho.com.br
84
b) Coifa protetora - Evita o contato das mãos, braço ou outra parte do corpo do carpinteiro
com o disco da serra.
2Coifa protetora :
A coifa evita um eventual contato dasmãos e outra parte do corpo do
operador com o disco da Serra.Nunca deve serretirada ou levantada ao operar a serra.
Figura 17 - Coifa protetora Fonte: www.saudetrabalho.com.br
c) Cutelo divisor - Evita o aprisionamento do disco, o que poderia causar o retrocesso da
madeira.
Figura 18 - Cutelo divisor ou Lâmina reparadora Fonte: www.saudetrabalho.com.br
Cutelo Divisor ou Lâmina separadora : O cutelo divisor é uti l iz ado para evitar o
apr is ionamento do disco, o que poder ia causar o retrocesso do mater ial. Para que essa
proteção seja eficaz , é necessár io que alguns procedimentos s ejam devidamente
observados , tais como : a) ter espess ura igual à espessura do disco, b) es tar no mesmo plano
do dis co, com a borda de ataque concentr icamente ao mesmo, dis tanciada
2 a 3 mm; c) ser ins pecionado per iodicamente.
3
85
d) Empurradores - Evita o eventual contato com as mãos na serra, com trabalho em peças
pequenas e no fim da operação.
Figura 19 - Empurradores Fonte: www.saudetrabalho.com.br
e) Chave liga-desliga - Os equipamentos elétricos devem ter o dispositivo liga-desliga, sendo
proibido fazer ligação direta. É a chave que ligará e desligará a máquina. Impedindo que a
mesma seja ativada sem intenção ou por acidente.
f) Aterramento - É a ligação intencional com a terra, isto é, com o solo, que pode ser
considerado um condutor através do qual a corrente elétrica pode fluir, difundindo-se. Toda
instalação ou peça condutora que não faça parte dos circuitos elétricos, mas que,
eventualmente, possa ficar sob tensão, deve ser devidamente aterrada. Neste caso, a corrente
elétrica de fuga seguirá para o ponto de aterramento pelo “condutor terra”, não passando pelo
corpo do trabalhador que toca a sua carcaça. No caso de inexistir o aterramento, se um
trabalhador encostar-se à carcaça da máquina, a corrente elétrica vai passar pelo seu corpo e
causar um choque elétrico. O aterramento da serra circular deve ser feito conforme normas
técnicas recomendadas, utilizando uma haste de cobre.
Empurradores
: Para evitar um eventual contato das mãos do operador com disco da Serra, pr incipalmente
no trabalho com peças pequenas, deve ser uti l izado um dispos itivo empurrador como
elemento intermediár io.
86
CAPÍTULO IV
4 Resultados obtidos
4.1 Análise Preliminar de Riscos (APR)
Para aplicação da teoria proposta, ou seja, aplicação desta técnica de
gerenciamento de risco foi necessário que o grupo de trabalho tivesse alguma noção de riscos.
Para isto, fez-se uma exposição de conceitos, tais como, riscos, acidente, perigo, gravidade
etc, a fim de familiarizar os envolvidos com os termos utilizados na Análise Preliminar de
Risco.
Durante a aplicação desta técnica, coordenou-se o grupo de trabalho de uma forma
sistemática, explorando o conhecimento dos mesmos, para adequar o formulário às reais
necessidades da empresa, bem como, a divisão de subsistemas e seu funcionamento e
preenchimento do formulário. Foram realizados questionamentos a respeito da possibilidade
da ocorrência de acidentes, em cada subsistema, suas possíveis causas e efeitos, além de
discutir medidas preventivas. Abordaram-se todos os tipos de risco possíveis, tais como:
riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes.
A maior dificuldade de consenso foi encontrada na discussão do item referente a
classificação da severidade das hipóteses de acidentes identificadas. Entretanto, ponderando o
propósito das categorias de severidade aplicadas a APR, chegou-se finalmente a um consenso.
Para o preenchimento do formulário destacaram-se os subsistemas pertencentes ao
sistema escolhido. para cada subsistema discutiu-se o risco, as causas e os efeitos, para,
finalmente, decidir as medidas preventivas ou corretivas a serem recomendadas,conforme
apresentado nas tabelas de 18 a 24.
O risco por queda de madeira da pilha está descrito na tabela 18. O
armazenamento inadequado de madeira, não sendo o estoque empilhado em forma de grade,
ordenado por bitola, tipo de madeira e tamanho, a fim de evitar desequilíbrio da pilha quando
forem retiradas algumas peças da mesma e, nem o local apropriado para evitar a ação da água.
No caso de uma pilha desorganizada, simplesmente amontoada, podem desequilibrar outras
87
peças na retirada de uma, podendo essas peças movimentadas sem intenção, caírem ocasionar
acidentes leves ao trabalhador que está retirando as madeiras ou a um terceiro.
Tabela 18: Análise preliminar de risco do subsistema empilhamento de madeira
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Empilhamento de madeira Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do
Risco Medidas Preventivas ou Corretivas
Queda de
madeira da pilha
Madeira
empilhada de forma
inadequada
Acidentes
pessoais leves
II
Empilhar a madeira em forma de
grade, ordenada por bitola.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007.
Pregos existentes na madeira podem provocar cortes e perfurações aos
trabalhadores que movimentarem, transportarem ou serrarem a peças, o ideal é que toda a
madeira reutilizada seja armazenada isenta de pregos. A tabela 19 apresenta a análise
realizada.
Tabela 19: Análise preliminar de risco do subsistema madeira isenta de pregos
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Madeira isenta de pregos Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do
Risco Medidas Preventivas ou Corretivas
Corte e
perfurações
Madeira
com prego
Acidentes
pessoais leves
II
Remover os pregos da madeira antes de empilhá-las.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007.
A tabela 20 apresenta a análise do risco de queda de madeira e atropelamento. O
transporte da madeira deverá ser realizado de forma adequada e com atenção. Peças grandes
devem ser transportadas por mais de uma pessoa equilibrando o peso, o transporte deverá ser
feito com atenção evitando colisões e atropelamentos de pessoas e equipamentos com a
madeira, o canteiro deve estar organizado de maneira que o trabalhador ao transportar a
madeira não tropece em nada.
88
Tabela 20: Análise preliminar de risco do subsistema transporte da madeira a serra
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Transporte da madeira a serra Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do
Risco Medidas Preventivas ou
Corretivas
Queda de madeira
Transporte inadequado
Danos pessoais
leves
II
Treinamento para transporte
de forma adequada.
Atropelamento
Desorganização do canteiro;
Desatenção.
Danos leves a terceiros; Danos a equipamentos.
II
Organização do canteiro.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
Na tabela 21 apresenta-se a análise do risco com a queda e o desequilíbrio de
madeira. No caso de serragem de peças grandes, deverão ser utilizados apoios evitando o
desequilíbrio da madeira. Com o desequilíbrio a peça pode saltar em direções indesejadas,
ocorrer retrocesso da madeira, ou engasgar a madeira no disco, provocando acidentes.
Tabela 21: Análise preliminar de risco do subsistema colocação da madeira
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Colocação de madeira Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do Risco Medidas Preventivas ou
Corretivas
Queda e Desequilíbrio
da madeira
Falta
suporte de apoio para madeiras grandes
Acidentes pessoais
leves
II
Utilizar o suporte de apoio para peças grandes a serem serradas.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
A organização no canteiro é fundamental, para evitar desperdícios de materiais,
mal uso de ferramentas e principalmente evitar acidentes. Ferramentas ou materiais alocados
em “qualquer” lugar, espalhados, ou esquecidos no meio do canteiro, ou em corredores de
passagem de trabalhadores podem ocasionar tropeções e posteriormente acidentes. A remoção
automática do material não mais utilizável no momento do corte ou diariamente é importante
para a organização e condições adequadas ao ambiente de trabalho. Objetos jogados de alturas
também podem provocar acidentes. A tabela 22 apresenta a análise do risco.
89
Tabela 22: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Organização do canteiro Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do
Risco Medidas Preventivas ou Corretivas
Quedas
Falta de
organização; Falta de atenção;
Falta de coletor de serragens
Acidentes
pessoais leves; Danos a
equipamentos
II
Treinamento; Execução layout.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
Na operação da serra circular há resíduos finos resultantes do corte de madeiras,
esses resíduos são irritantes e sua inalação constante poderá levar a doenças graves como o
surgimento de tumores nas vias respiratórias superiores. A análise do risco está descrita na
tabela 23.
Tabela 23 Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Serragem Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria do
Risco Medidas Preventivas ou
Corretivas
Resíduos finos
Poeiras
resultantes do corte da
madeira
doenças nas vias
respiratórias
II
Instalação de dispositivos de aspiração para a retirada dos
resíduos.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
Na tabela 24 apresenta-se a análise de risco em relação à poluição sonora que
poderá causar a perda auditiva ao trabalhador. Para diminuir a intensidade do ruído pode ser
instalado um dispositivo que consiste em fixar sobre a mesa um painel, com compensado,
paralelamente à lâmina a 1 mm desta. As lâminas com maior número de dentes provocam
maior intensidade de ruídos e ainda as com fendas radiais também. As lâminas especiais
(carbono) provocam menor intensidade de ruídos e também são muito mais resistentes,
aumentando a durabilidade. O aumento da espessura da lâmina, do diâmetro dos flanges e a
diminuição da velocidade também favorecem a redução de ruídos. Existem discos com
tratamento acústico que produzem menos ruídos.
90
Tabela 24: Análise preliminar de risco do subsistema organização do canteiro
Análise Preliminar de Riscos Identificação do Sistema: Conjunto Serra circular
Subsistema: Poluição sonora Projetista: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza Risco Causas Efeitos Categoria
do Risco Medidas Preventivas ou
Corretivas
Ruído acima de 85dB (A)
- as turbulências do ar são deslocadas pelas lâminas; - as vibrações do corpo da lâmina gerada pelas turbulências aerodinâmicas; - as vibrações causadas pelo impacto dos dentes sobre o material trabalhado.
Perda auditiva
II
- utilizar protetor auricular; exames audiométricos periódicos; - treinamento sobre o uso correto do EPI; - fiscalização para a efetiva utilização do EPI.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007.
4.2 Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE)
Para a aplicação da AMFE utilizou-se o mesmo grupo de trabalho que participou
da APR. Foram esclarecidos os princípios desta técnica, com a apresentação do formulário
padrão; e, posterior adaptação à realidade da empresa. Também nesta técnica, fez-se a divisão
do sistema (conjunto serra circular), em componentes. Dividiu-se em seis componentes para a
aplicação desta técnica: a) disco; b) coifa protetora; c) cutelo divisor; d) empurradores; e)
chave liga/desliga; f) aterramento.
Para preenchimento do formulário, destacaram-se, então, os componentes
pertencentes ao sistema escolhido. Para cada componente foram discutidos os possíveis
modos de falhas e efeitos. Após, estabeleceu-se a categoria de risco e detecção destes
possíveis modos de falhas, para finalmente, decidir as ações para compensá-los ou repará-los.
Nas tabelas 25 a 30 apresentam-se as análises dos componentes.
Na tabela 25 será analisado o disco da serra circular que devem ser mantidos em
bom estado, afiados e travados e, não podendo afiá-lo, substitui-se o disco. As flanges de
aperto do disco devem ter no mínimo 1/3 do diâmetro do mesmo. O disco da serra circular
mal afiado, mal travado ou com dentes quebrados, provoca o retrocesso da madeira, pois a
madeira engalha dos dentes da serra, puxando a mão do trabalhador para o contato com os
91
dentes do disco da serra provocando lesões variadas. A fim de evitar tais acidentes se faz
necessário revisar e fazer manutenção periódica da serra circular.
Tabela 25: Análise de modos de falha e efeitos do disco
Folha Nº: 01 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007
Empresa: Construtora Nunes
Sistema: Conjunto Serra circular
Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza
Possíveis Efeitos Componentes Modos de Falha Em outro
componente No sistema
Categ de
Risco
Métodos de
Detecção
Ação de Compensação e
Reparos
Disco (a)
Mal afiado; Mal travado; Dentes quebrados
_
Retrocesso da madeira
II
Vistoria
Treinamento; Revisar e fazer manutenção periódica.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
A coifa protetora é um equipamento de proteção coletiva que evita um eventual
contato direto das mãos e outra parte do corpo do operador com o disco da serra circular.
Uma serra circular jamais deverá ser utilizada sem a existência da coifa protetora fixada de
forma correta protegendo o trabalhador de acidentes. Nunca deve ser retirada ou levantada ao
operar a serra. O trabalhador deverá ser treinado para manusear a serra com a coifa protetora e
os devidos cuidados necessários. Sua análise está apresentada na tabela 26.
Tabela 26: Análise de modos de falha e efeitos da coifa protetora
Folha Nº: 02 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007
Empresa: Construtora Nunes
Sistema: Conjunto Serra circular
Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza
Possíveis Efeitos
Componentes
Modos de
Falha Em outro componente
No sistema
Categ.
de Risco
Métodos de
Detecção
Ação de
Compensação e Reparos
Coifa protetora (b)
Inexistência fixação da coifa
_
Contato das mãos do operador com o disco
III
Vistoria
Treinamento; Colocação; Utilizar a serra somente com a coifa protetora.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
Descreve-se a análise do risco com o cutelo divisor na tabela 27. O cutelo divisor
ou lâmina separadora é utilizado para evitar o aprisionamento do disco, o que poderia causar
92
o retrocesso da madeira, direcionando as partes da madeira serrada. Os treinamentos
conscientizando os trabalhadores e a manutenção periódica do equipamento é fundamental.
Tabela 27: Análise de modos de falha e efeitos do cutelo divisor
Folha Nº: 03 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007
Empresa: Construtora Nunes
Sistema: Conjunto Serra circular
Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza
Possíveis Efeitos
Componentes
Modos de
Falha Em outro componente
No sistema
Categ.
de Risco
Métodos
de Detecção
Ação de
Compensação e Reparos
Cutelo divisor (c)
Inexistência fixação
do componente
_
Retrocesso da madeira ;
Aprisionamen-to do disco
II
Vistoria
- treinamento; - ter espessura igual a espessura do disco; - estar no mesmo plano do disco; - ser inspecionado periodicamente.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
Na tabela 28 apresenta-se a análise do risco dos empurradores. Os empurradores
devem ser utilizados como elemento intermediário para evitar um eventual contato das mãos
do operador com o disco da serra, principalmente no trabalho com peças pequenas. A
inexistência dos empurradores, torna o contato das mãos do trabalhador com o disco da serra
circular direto, aumentando muito o risco de acidentes. Esses riscos podem ser combatidos
através de treinamentos buscando despertar a conscientização dos trabalhadores sobre a
importância dos empurradores e os riscos oriundos da falta de utilização dos mesmos.
Tabela 28: Análise de modos de falha e efeitos dos empurradores
Folha Nº: 04 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007
Empresa: Construtora Nunes
Sistema: Conjunto Serra circular
Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza
Possíveis Efeitos
Componentes
Modos de
Falha Em outro componente
No sistema
Capte.
de Risco
Métodos
de Detecção
Ação de
Compensação e Reparos
Empurradores (d)
Inexistência
_
Contato das mãos do operador com o disco
II
Vistoria
Treinamento; Utilizar a serra com empurradores para madeiras pequenas.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
93
A chave liga/desliga evita que a serra seja ligada sem intenção. Caso a serra seja
instalada direto, sem chave de acionamento, o risco de a mesma ser ativada de forma acidental
e sem intenção é grande, podendo provocar acidentes como por exemplo: em pessoas que
estavam fazendo manutenção pensando que o equipamento estava desligado, peças que se
encontravam em cima da bancada serem lançadas para qualquer parte podendo provocar
colisões em terceiros, entre outros. Na tabela 29 está descrito a análise.
Tabela 29: Análise de modos de falha e efeitos da chave liga/desliga
Folha Nº: 05 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007
Empresa: Construtora Nunes
Sistema: Conjunto Serra circular
Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza
Possíveis Efeitos
Componentes
Modos de
Falha Em outro componente
No sistema
Capte.
de Risco
Métodos de
Detecção
Ação de
Compensação e Reparos
Chave
liga/desliga (e)
Inexistência da chave
Danos ao equipamento
Ativar a serra acidental- mente
II
Vistoria
Treinamento; Instalação correta da serra circular.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
Na tabela 30 apresenta-se a análise do aterramento. O aterramento faz parte da
instalação correta da serra, o mesmo evita que o operador leve choques elétricos. São
interessantes neste caso treinamentos orientando a instalação correta da serra circular e
enfatizando os perigos dos choques elétricos, e principalmente vistoriar a serra verificando se
a mesma está aterrada e com todos os EPC necessários para realização do processo com
segurança.
Tabela 30: Análise de modos de falha e efeitos do aterramento
Folha Nº: 06 AMFE Análise de Modos de Falha e Efeitos Data: 14/03/2007
Empresa: Construtora Nunes
Sistema: Conjunto Serra circular
Elaborada por: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza
Possíveis Efeitos
Componentes
Modos de
Falha Em outro componente
No sistema
Capte.
de Risco
Métodos de
Detecção
Ação de
Compensação e Reparos
Aterramento
(f)
falha de aterramento
_
Choques elétricos
III
Vistoria
Treinamento; aterramento da serra circular.
Fonte: Deise D. Nunes e Rosilda M. de Souza, 2007
94
CAPÍTULO V
5 Conclusões e Recomendações para futuros trabalhos
5.1 Conclusões
O desenvolvimento deste trabalho teve como foco a indústria da Construção Civil,
em especifico os serviços de execução de forma com a utilização de serra circular, onde foram
levantados diretamente os riscos que possivelmente podem ocorrer na operação deste
equipamento. Levou-se em consideração diversas condições de trabalho com serra circular a
fim de levantar os riscos, e analisou-se os riscos de acidentes, com e sem uso de EPC na serra
circular, inclusive a impossibilidade de trabalhar sem estes itens.
Através de visitas de campo, na empresa mencionada neste trabalho, foram
analisados todos os procedimentos necessários para execução dos trabalhos com o uso da
serra circular, observou-se o perfil dos trabalhadores, coletou-se dados e trocou-se experiência
com estes mesmos trabalhadores. Enfim, todo o processo foi acompanhado, com o intuito de
levantar todos os possíveis riscos. A partir disso, pode se dizer que objetivo geral deste
trabalho, "identificar os riscos de acidentes nos serviços de execução de formas com a
utilização de serra circular" foi alcançado.
Nesta empresa a serra circular estava equipada com todos os EPC solicitados
pelas normas, neutralizando os possíveis riscos levantados. Na mesma é proibida a utilização
da serra circular, caso todos os equipamentos de segurança necessários não estiverem
instalados, disponíveis e em condições de uso.
Os objetivos específicos foram alcançados após os trabalhadores perceberem a
importância do trabalho e a partir de então contribuírem com suas experiências e
necessidades. Com base na revisão bibliográfica e na experiência profissional, as atividades
dos trabalhadores envolvidos foram observadas e descritas. As técnicas APR e AMFE foram
utilizadas para identificar os riscos que possivelmente pudessem ocorrer. Analisou-se,
também os riscos de cada componente do equipamento, com e sem EPC, e as proporções de
cada risco identificado foram avaliadas.
95
Mediante a aplicação das duas técnicas, comprovou-se os dados esperados, ou
seja, nos resultados da AMFE foram identificados dois cenários de risco crítico, que poderão
acarretar acidentes com danos aos trabalhadores, considerados acidentes graves (Categoria
risco=3). Esta ocorrência foi constatada na utilização da serra circular sem a coifa protetora e
na instalação da mesma sem o aterramento adequado. Concluiu-se que existem medidas
preventivas eficientes que neutralizam os riscos identificados, que são a capacitação e
conscientização dos trabalhadores, a instalação adequada da serra circular com aterramento e
chave liga/desliga, e a sua utilização apenas se dotada de coifa protetora e demais EPI e EPC.
Já nos resultados da aplicação da APR observou-se que não houve a identificação
de nenhum risco catastrófico, sendo que todos foram enquadrados na categoria de gravidade
moderada (categoria risco=2). Estes riscos mesmo que classificados como moderados deverão
ser observados e neutralizados com implementação das medidas corretivas e/ou preventivas
sugeridas.
As técnicas de análise de risco aplicadas foram de suma importância para
diagnosticar os riscos na operação com a serra circular e sugerir medidas para solucioná-los.
Além, de demonstrar os pontos positivos da construtora, como o constatado em relação ao uso
dos EPI (avental de raspa, protetor facial, protetor auricular tipo concha e máscara
descartável) e dos EPC considerados mínimos (cutelo divisor, coifa de proteção e caixa de
coleta de serragem).
Para as autoras é recomendável o desenvolvimento das análises antes da elaboração do
plano de segurança, para que a função prevencionista de um plano seja atendida. A aplicação
desta ferramenta na fase de projeto ou de desenvolvimento de qualquer novo processo,
produto ou sistema na indústria da construção civil é fundamental para que se cumpra o
objetivo de determinar a categoria dos riscos e as medidas preventivas antes da fase
operacional, permitindo revisões de projeto em tempo hábil no sentido de promover maior
segurança para o trabalhador. Com o foco na prevenção, as técnicas de análises poderão
apresentar os seguintes benefícios para a indústria da construção civil: reduzir a gravidade de
eventos indesejados no canteiro de obra; identificar necessidades de treinamentos; detectar as
deficiências e aperfeiçoar os gastos com manutenção; preservar a imagem da construtora;
manter o ambiente de trabalho adequado quanto à segurança e priorizar as tomadas de
decisões dos investimentos necessários em prevenção.
Entende-se que o papel dos especialistas deverá ser priorizar a implantação de
programas de educação básica e de qualificação de trabalhadores, com enfoque na área de
96
segurança e saúde na indústria da construção civil e implementação de programas de
segurança e saúde previstos na legislação (PCMAT, PPRA e PCMSO). Atuar na fase de
projetos, prevendo medidas de segurança .
As empresas deverão elaborar e desenvolver o PCMAT integrado com outros
programas como qualidade, meio ambiente, saúde do trabalhador e saúde no trabalho.
Deverão também observar as diretrizes do Guia de Sistemas de Gestão da OIT, que dá
orientações para integração dos elementos do sistema de gestão na segurança e saúde no
trabalho, na gestão global da empresa,melhorando continuamente a eficácia de SST.
Embasados nos resultados obtidos neste estudo de caso, conclui-se que as técnicas
aplicadas foram eficazes, sendo que as mesmas poderão ser utilizadas, com sucesso, para
identificar os possíveis riscos de acidentes em outros serviços executados na construção civil.
5.2 A Importância da Engenharia de Segurança do Trabalho
A Engenharia de Segurança do Trabalho está diretamente ligada à qualidade dos
serviços executados pela empresa. O que se espera atualmente de uma empresa onde a
qualidade é tão exaltada e valorizada, é que a qualidade seja um conjunto de toda a empresa
incluindo o processo, os produtos e serviços, trabalhadores e colaboradores, unidos por um
sistema de conscientização que traga benefícios e melhoria continua a todos. Esta
implementação de qualidade está diretamente ligada à segurança e saúde do trabalhador que
vem agregar valores a todo sistema, trabalhando principalmente com ações preventivas de
segurança.
Economicamente, a segurança do trabalho é importantíssima. Do ponto de vista
estratégico é fundamental, constatando-se que ações preventivas de segurança são muito mais
viáveis e econômicas que ações corretivas, indenizações por acidentes de trabalho, ou
afastamentos temporários. Sem falar que a ocorrência de um acidente não afeta apenas o
trabalhador acidentado, mas causa impacto e transtornos psicológicos nos demais
trabalhadores da empresa, na família e na sociedade. Segundo Abreu & Cheade (apud Costa,
2004) a "responsabilidade pela vida e saúde no trabalho recai no trinômio estado-empresa-
trabalhador, uma vez que, os efeitos dos acidentes de trabalho, são decorrentes da interação
dos três elementos". Portanto, a segurança do trabalho precisa ser vista como um conjunto de
técnicas, regras e recursos que sejam aplicadas em conjunto com os demais setores da
97
empresa, de modo a prevenir acidentes e doenças ocupacionais, além, é claro, das perdas
materiais, de forma a satisfazer por completo a empresa e seus trabalhadores.
Já em relação a eficiência,eficácia efetividade para a Engenharia de Segurança,
observamos respectivamente que; as exigências estabelecidas perante as analises de risco
devem ser rigorosamente aplicadas, utilizando EPI e EPC, e instalando de forma adequada o
equipamento,a eficácia do sistema está em utilizar o layout do canteiro de obras a favor da
organização e manter o habito de utilização dos equipamentos de segurança através da
conscientização dos funcionários e colaboradores da empresa. Através do gerenciamento e
melhoria continua das ações anteriores a empresa atende com efetividade o sistema,
garantindo o futuro da organização.
5.3 Recomendações para Futuros Trabalhos
Algumas sugestões são apresentadas a seguir, com a intenção de contribuir com
outros trabalhos que possam servir para a melhoria do ambiente laboral de outras empresas, já
que a empresa onde foi realizado o estudo de caso todas as medidas preventivas de segurança
já estão implementadas.
- Implementação das medidas preventivas na APR;
- Implementação das ações recomendadas na AMFE, neutralizando os riscos identificados;
- Aplicação da AMFE para os demais serviços da construção civil.
Mediante implementação das sugestões propostas, a empresa ou seguimento
estará neutralizando o risco de ocorrência de um eventual acidente, ressaltando que é
fundamental os treinamentos e capacitação quanto aos riscos, importância do uso de EPI e
EPC, organização e higiene nos locais de trabalho, a fim de que o trabalhador seja agente
fiscalizador de sua própria segurança.
98
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