[sermão] o testemunho de abraão sobre justificação pela fé
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Autor: M.Sc. Hugo HoffmannTRANSCRIPT
Sermão baseado no livro “Romanos: Comentário Bíblico Homilético” (CPB, 2011, p. 72-74)
Hugo Dias Hoffmann Santos, M.Sc. |17 de maio de 2013 Página 1
SERMÃO: O TESTEMUNHO DE ABRAÃO SOBRE A JUSTIFICAÇÃO
Texto: Romanos 4:1-5
Tema: Justificação pela fé
Objetivo: Compreender que “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças,
como trapo da imundícia” (Isaías 64:6).
Proposição: Abraão nos ensina como alcançar a justiça de Deus: mediante a fé.
INTRODUÇÃO
Contexto: A palavra “justificação” ocorre somente 4 vezes (ARA) em toda Bíblia e todas
elas estão na epístola de Paulo aos Romanos, embora seu conceito esteja
disseminado em toda Palavra de Deus. No original em grego esta palavra é
(lit. absolvição).
Paulo utiliza dois exemplos do Antigo Testamento (Abraão e Davi) para provar os
dois ensinos que pretende comunicar:
1. A justificação é pela fé.
2. A lei não foi anulada.
Consideraremos aqui apenas o testemunho de Abraão sobre a justificação e para
compreendermos melhor o assunto a ser tratado, precisamos recorrer ao
contexto:
“Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei. [...] Anulamos, pois, a lei
pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a
lei.” (Romanos 3:28, 31).
ARGUMENTAÇÃO
I. O TESTEMUNHO DE ABRAÃO SOBRE A JUSTIFICAÇÃO
A) Não foi justificado pelas obras
1. Depois de afirmar que pela fé confirmamos a lei, Paulo pergunta:
“Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a
carne?” (Romanos 4:1)
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É o mesmo que dizer: “Nosso pai Abraão, obediente à lei como era, foi justificado pelas
obras da lei, como parece ser o caso, ou pela fé?
“Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar,
porém não diante de Deus.” (Romanos 4:2)
2. Moisés comprova, usando as próprias palavras de Deus sobre Abraão, que o pai da
fé obedeceu a todos os mandamentos de Yahweh:
“Porque Abraão obedeceu à Minha palavra e guardou os Meus
mandados, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis.”
(Gênesis 26:5)
3. “Pois, que diz a Escritura?” (v. 3). Quando se trata de um assunto tão sério como a
justificação do pecador, unicamente a Palavra de Deus tem a verdade sobre este
assunto.
B) Ele creu em Deus
1. Paulo cita Gênesis 15:6 em resposta à sua própria pergunta sobre qual era a opinião
da Bíblia sobre Abraão:
“E creu ele no SENHOR [lit. Yahweh], e foi-lhe imputado isto por
justiça.” (Gênesis 15:6)
2. Por que Paulo não citou Gênesis 26:5 que falava das “obras da lei” de Abraão ao
invés de ter citado Gênesis 15:6? Pelo simples fato que em nenhuma parte do Antigo
Testamento alguém foi justificado por Deus por obediência aos mandamentos.
3. Em Gênesis 15:6, a palavra traduzida em português por “creu” (ARA, ARC), em
hebraico é e, no contexto envolvido, indica segurança de receber algo como
certo. Quando analisamos o contexto do texto fica ainda mais fácil compreendê-lo:
1. Deus aparece a Abraão em visão e promete ser o seu escudo e galardão
(Gn 15:1).
2. Abraão pede um filho a Deus e justifica seu pedido (Gn 15:2-3).
3. A palavra do SENHOR veio a Abraão novamente e disse ele geraria um
filho (Gn 15:4).
4. Deus faz Abraão olhar para o céu e contar as estrelas e promete ser
assim a sua descendência (Gn 15:6).
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5. Imediatamente, o relato inspirado afirma que Abraão creu, ou seja, ele
teve como certo que receberia o que Deus prometeu (Gn 15:6).
4. Mais do que atender ao pedido isolado de um velho viajante, a promessa de Deus a
Abraão envolvia a vinda do Messias em cumprimento do plano da redenção. Sobre a
descendência prometida a Abraão, Paulo afirma:
“Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não
diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de
um só: E ao teu descendente, que é Cristo.” (Gálatas 3:16).
C) O salário de um trabalhador não é um presente
1. Abraão recebeu o evangelho e creu em Cristo, por isso foi justificado. Caso tivesse
sido justificado pelas obras, a justificação teria sido produto de seu próprio esforço,
como o salário pelo qual trabalha o trabalhador.
2. O salário do trabalhador é o pagamento de uma dívida do patrão para com ele por
causa do trabalho realizado. Não um presente.
3. Nós não somos pecadores porque pecamos, nós pecamos porque somos pecadores
(Rm 3:23) e o único salário que devemos receber por causa de nossa transgressão é a
morte (Rm 6:23). Quem nos diz que somos transgressores? A lei de Deus (Rm 3:20).
D) A justificação pela fé não é um pagamento
1. A justificação não é um pagamento, é um presente, por isso tem que ser concedida
pela fé. Por isso Paulo afirma:
“Sendo justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que
há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no
Seu sangue, para demonstrar a justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos.” (Romanos 3:24-25).
2. A Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico-Grego (p. 1180) faz o interessante
comentário:
“A justificação é um termo legal que significa remoção da culpa (a
sujeição à punição) do pecador. Ela não significa tornar alguém santo
internamente, mas declarar que as exigências da justiça foram
satisfeitas. Sendo assim, não há base para condenação (Rm 8:1). Nem
mesmo a obediência à lei pode justificar alguém diante de Deus,
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explica Paulo, porque a própria natureza da lei deseja provar a cada
pessoa que ela é pecadora e merece punição. Assim, o propósito da
lei é levar as pessoas a renunciar às suas próprias justiças e confiar
na imputação da justiça de Cristo como a única base para a aceitação
na presença de Deus.”
3. Quando tratamos do assunto sobre justificação pela fé não temos como fugir do
assunto lei de Deus. Com relação a isso, existem dois extremos:
ANTINOMIANOS: Afirmam que não precisamos mais obedecer aos
mandamentos de Deus, pois nós não estamos mais debaixo da lei e sim da
graça (Rm 6:14). Contudo, “estar debaixo da lei” significa ser condenado
pela lei, diante de Deus, o que não ocorre com aqueles que tem a fé em
Jesus (Rm 8:1).
Perceba a sequência racional que existe nos textos do apóstolo amado,
João, que expressam claros ensinos que a graça nos move a obediência:
Jesus disse: “Se Me amais, guardareis os Meus
mandamentos.” (João 14:15).
“O amor procede de Deus e todo aquele que ama é nascido de
Deus e conhece a Deus.” (1 João 4:7).
“Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do
pecado.” (1 João 3:9).
“Ora, sabemos que O temos conhecido por isto: se guardamos
os Seus mandamentos. Aquele que diz: Eu O conheço e não
guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a
verdade.” (1 João 2:3-4).
LEGALISTAS: Afirmam que “os que praticam a lei hão de ser justificados”
(Rm 2:13). Contudo, se esquecem que o verso 15 afirma: “estes mostram a
norma da lei gravada no seu coração” (Rm 2:15).
Hebreus 8:10 afirma que Yahweh imprimiu Sua lei em nossa mente e a
escreveu em nossos corações. E isto faz parte da aliança que Ele possui
com Seu povo através do sacrifício expiatório de Jesus na cruz do calvário
e do ministério Sumo Sacerdotal de Cristo no santuário celestial.
2 Coríntios 3:2-3 diz que somos “carta de Cristo”, escrita não com tinta,
mas pelo Espírito Santo. Foi o Espírito Santo que fez o serviço de Hebreus
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8:10 em nós, por isso está escrito:
“Agora, porém, libertados da [condenação] lei, estamos
mortos para aquilo a que estávamos sujeitos [a punição, a
morte], de modo que servimos em novidade de espírito e
não na caducidade da letra [legalismo].” (Romanos 7:6).
Em consequência disso, Paulo afirma:
“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou
da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:2).
CONCLUSÃO
Equilibradamente, Ellen G. White faz o seguinte comentário:
“Conquanto tenhamos de estar em harmonia com a lei de Deus, não somos
salvos pelas obras da lei; contudo, não podemos ser salvos sem
obediência. A lei é a norma pela qual é avaliada o caráter. Mas não
podemos absolutamente guardar os mandamentos de Deus sem a graça
regeneradora de Cristo. Só Jesus pode purificar-nos de todo pecado. Ele
não nos salva pela lei, nem nos salvará na desobediência à lei.” (Fé e
Obras, p. 85.3)
Precisamos compreender e viver:
1. A justificação é somente pela fé em Cristo Jesus e pelo que Ele fez; não pelo
que eu faço ou deixo de fazer.
2. A lei condena, aponta os nossos pecados e traz culpa. Ela que não é a culpada
por sermos pecadores, nós somos, por isso a lei de Deus é santa, justa, e boa
(Rm 7:12).
3. Só a justiça de Cristo remove a culpa da condenação da lei que recai sobre nós.
4. Sem a graça de Jesus não existe obediência a os mandamentos de Deus,
inclusive o Sábado.
5. Sem o novo nascimento (o batismo do Espírito Santo), onde o poder da graça de
Cristo é aplicado poderosamente em nossas vidas, continuaremos presos na
areia movediça do legalismo em que vivemos.