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Serialidade e cinema: um fenômeno não tão insólito 1
Fernanda STUCCHI2
Resumo
A serialidade e a repetição têm sido algo recorrente em todos os tipos de arte a partir do
momento em que o homem começou a se expressar artisticamente. No entanto, a
repetição de ideias, assuntos, imagens, etc, colocou em discussão o conceito de
originalidade e exclusividade de uma obra prima, o qual entrou em colapso com o
advento da reprodutibilidade da arte e da cultura de massa. O cinema, arte que já nasceu
fortemente serial, produzindo diferentes tipos de serialidade no decorrer de sua
existência, a partir da década de 70, passa a produzir formas seriais mais espetaculares e
redescobre um nicho a ser explorado. Com a diminuição de expectadores nas salas
cinematográficas no final dos anos 90 e início do século 21, a serialidade foi retomada,
baseando-se muitas vezes em projetos já existentes (livros ou histórias em quadrinhos)
para garantir o sucesso.
Palavras-chave: Serialidade. Arte. Cinema. série. Sequência. Trilogia
Abstract
The seriality and repetition have been recurrent in all types of art from the time that the
man began to express themselves artistically. However, the repetition of ideas, subjects,
images, etc., apperiod discussion the concept of originality and exclusivity of a
masterpiece, which collapsed with the advent of reproducibility of art and mass culture.
The film, art that has risen serial strongly, producing different types of seriality in the
course of its existence, from the 1970s starts to produce more spectacular serial forms
and rediscovers a niche to be explored. With the decrease of viewers in cinemas in the
1 Texto extraído da dissertação de mestrado da autora. Como o texto original e a bibliografia são em
italiano, a autora optou por manter a bibliografia em italiano e traduzir as citações que aparecem no
decorrer do artigo.
2 Graduada em Letras pela FCLAR / UNESP e Mestre pela Università di Bologna em Cinema, Televisão
e Produção Multimídia (mestrado reconhecido pela UFSCar como mestrado em Imagem e Som). E-mail
de contato: [email protected]
late 1990s and early twenty first century, seriality resumed, often relying on existing
projects (books or comic books) to ensure success.
Keywords: Seriality. Art. Cinema. Series. Sequel. Trilogy.
Através da reflexão baseada na leitura de textos da escola de Frankfurt,
(Benjamin; Adorno e Horkeimer), será traçado um esboço sobre a história do percurso
que a serialidade e a repetição, presentes em diferentes tipos de arte, seguiram ao longo
do tempo, modificando conceitos de originalidade e exclusividade das obras primas, até
culminar com seus colapsos através da cultura de massa. Este artigo tem como objetivo
discutir um estado da arte da serialidade a partir de uma análise documental do cinema
contemporâneo, em uma leitura frankfurtiana.
Será elaborada uma análise cinematográfica sob a ótica de uma arte recente que
nasce em tempos nos quais a tecnologia já havia transformado muitos conceitos
artísticos. De tal maneira, serão apresentadas algumas definições das diferentes
tipologias seriais para, então, a partir desse ponto, poder ser feito um aprofundamento
sobre o cinema e sua atual situação, na qual enfrenta alguns sérios problemas que estão
determinando e direcionando a algumas mudanças e tendências.
O interesse recai sobre o cinema comercial, principalmente pela vasta utilização
das formas seriais e pela sua contaminação por outras formas seriais e de
entretenimento. A partir do embasamento teórico fornecido por diferentes autores que
falam sobre repetição e serialidade, deseja-se demonstrar que essa forma possui um
grande poder de atração e fidelização do público e uma grande flexibilidade em adaptar-
se aos mais diversos meios de comunicação, audiovisual ou não.
Arte e serialidade
A questão da originalidade e da singularidade de uma ideia ou de um objeto
permeia toda a história da criação e do desenvolvimento da arte, da literatura e do
entretenimento. Foram realizados muitos estudos para analisar as diversas formas de
manifestações artísticas e culturais (dos vasos de cerâmica aos temas das pinturas dos
quadros, da tragédia grega aos romances de folhetim, das histórias em quadrinho aos
desenhos animados, das séries televisivas às séries cinematográficas) e foi encontrado
com frequência a reutilização e a reprodução de ideias e formatos pré-existentes. Desta
forma, foi colocada em discussão a originalidade e a autoria, assim como o modo como
isso possa determinar a qualidade de uma obra.
Benjamin (2000), no seu famoso ensaio A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica, reflete sobre a importância da arte e as suas várias formas de
expressão, sob a luz da evolução tecnológica da reprodução das obras de arte, que
permitiu uma mudança cultural também na forma de ver a obra e usufruir dela.
Inicialmente a arte era privilégio de uma elite que era a principal financiadora e, ao
mesmo tempo, sua quase exclusiva usufruidora. Basta pensar em todas as obras do
Renascimento que eram financiadas por reis e pela igreja católica, muitas vezes como
objeto ritual e de culto. As obras de arte tinham seus valores vinculados principalmente
pelo fato de serem objetos únicos, ou seja, as suas reproduções não eram capazes de
adicionar nenhum valor à obra. Pelo contrário, diminuíam drasticamente seu valor, visto
que se tratava de uma cópia não assinada pelo artista original.
Mas, enquanto o autêntico preserva toda a sua plena autoridade com
relação à reprodução manual, que em geral vem considerada uma
falsificação, o mesmo não ocorre no que diz respeito à reprodução
técnica [...]. A autenticidade de uma coisa é a quintessência de tudo
aquilo que, desde a sua origem, pode ser transmitido pela tradição,
desde sua duração material até a sua virtude de testemunho histórico.
[...] aquilo que falta na época da reprodutibilidade técnica é a aura da
obra de arte (BENJAMIN, 2000, p. 22-23).
Entre as invenções tecnológicas de reprodução, podemos colocar como a primeira
grande descoberta (na metade de 1400), capaz de revolucionar a história do mundo da
escrita, a prensa de Gutenberg, que levou a realização de alguns importantes fenômenos:
[...] ao mesmo tempo em que fixava definitivamente o texto na sua
fase ‘final’ e dele multiplicava muitas cópias idênticas, ele consolidou
a noção de trabalho autêntico e original, e a ideia conexa de autor
enquanto o único responsável pelo seu conteúdo. Neste processo,
também contribuiu para a estrita separação entre a figura do leitor e
aquela do autor, e a formação paralela de um círculo de autores
profissionais, escritores, leitores profissionais e críticos. Em primeiro
lugar, com a prensa, começa a desaparecer progressivamente o
copista, a figura intermediária que tinha sido por séculos, não raro,
autor ele também e, portanto, induzido a introduzir na cópia suas
ideias e seus comentários. Em segundo lugar, a reprodução do texto
era confiada a pessoas não estudiosas, e isto os eximia do dever de
preservação do texto, deixando-as livre para refletir, analisar e criticar
o texto em si. Finalmente, o livro impresso custava muito menos, era
muito mais manejável que o manuscrito, e então permitia colocar a
leitura entre as atividades particulares do indivíduo (CIOTTI;
RONCAGLIA, 2006, p. 307)
Todos esses fatores têm contribuído para a difusão de textos escritos entre os
diferentes grupos sociais. Então, poder-se-ia dizer que este foi o primeiro passo para a
criação de uma cultura de massa moderna.
De acordo com Benjamin, a chegada da reprodução técnica, cuja primeira forma
realmente revolucionária estabelecida por ele é a invenção da fotografia, causou uma
diminuição da importância do critério de autenticidade na produção artística,
transformando a própria função da arte, que passou de um mero instrumento de culto a
uma atividade destinada ao artístico e político (BENJAMIN, 2000). Para ele, a
fotografia foi, juntamente com o filme, responsável por provocar mudanças, não só no
valor da arte, mas, sobretudo, na forma como a sociedade moderna se relaciona com ela.
Na verdade, se houve uma alteração na função da arte, isto só pôde acontecer depois de
uma transformação da forma como a sociedade a vê e a utiliza.
A reprodutibilidade técnica da obra de arte modifica a relação da
massa com a arte. Uma relação extremamente retrógrada diante de um
Picasso torna-se extremamente progressista diante de um Chaplin. Tal
comportamento progressista se caracteriza pelo fato de que o gosto de
ver e reviver o conecta imediatamente com a atitude do especialista
competente. (BENJAMIN, 2000, p. 38).
A partir do século XIX, a obra de arte passa a tentar ser acessível para as massas.
Por isso a diminuição da importância da pintura, já que pertencente a um tipo de arte de
difícil acesso para as classes mais populares. Isso explica porque as novas artes, como o
cinema e a fotografia, de fácil acesso para as massas, transformaram-se num novo
instrumento artístico tão poderoso. A facilidade de se espalhar por todas as faixas de
público permitiu finalmente a elevação da arte a um valor social que nunca antes tinha
sido alcançado. Neste sentido, a tecnologia e a sua fácil reprodução fizeram com que o
cinema, com grande poder sobre as massas, tornasse-se o meio mais fácil de divulgação
de diferentes tipos de cultura.
Hoje podemos averiguar que o filme encontrou várias formas de expressão: a
tendência mais artística e autoral e a tendência mais comercial. É verdade também que,
às vezes, é possível que essas formas de expressão estejam interligadas. No entanto,
cada tipo de filme é dirigido para diferentes públicos. Mas o fato de um filme ser
comercial não reduz necessariamente a sua qualidade. Aliás, o grande público tem sido
sempre o maior crítico e será ele quem determinará o sucesso ou o fracasso de um filme.
É nesse sentido que a qualidade deve prevalecer sobre a quantidade.
Benjamin fala da reprodução técnica, por meio da qual o cinema foi elevado a
uma das formas mais populares de todos os tempos (BENJAMIN, 2000). Já naquela
época, através da imprensa, tornaram-se de fácil divulgação diferentes tipos de arte
popular como os feuilleton (romances de folhetim), as revistas em quadrinhos, etc.
Esses tipos de literatura serializada foram uma grande descoberta comercial, com a qual
os editores foram capazes de manter o público e, portanto, aumentar as vendas de
jornais, de revistas, etc.
É interessante lembrar o que dizem Adorno e Horkheimer, em seu famoso ensaio
sobre A indústria cultural, sobre a arte burguesa ter sido sempre paga (ADORNO;
HORKHEIMER, 1997). Consequentemente, a única arte que pode ser considerada livre
e universal é aquela da classe baixa. Por isso, a indústria cultural, que tem como
objetivo equiparar arte e lazer, traduz-se na repetição constante de técnicas, formatos,
ideias, para que possamos transformar as pessoas em uma espécie de massa uniforme
pensante (as pessoas não podem pensar de forma diferente das outras, porque todas as
formas de pensamento já são previsíveis e rotuladas antecipadamente). Isso facilita um
melhor domínio por parte dos verdadeiros detentores do poder.
[…] a totalidade da indústria cultural. Esta consiste na repetição. Que
as suas inovações típicas consistam sempre e somente em aperfeiçoar
os processos de reprodução de massa não é realmente um fator
extrínseco ou marginal ao sistema. Em virtude do interesse de
inumeráveis consumidores, tudo é levado para a técnica, e não para os
conteúdos repetidos de forma estereotipada, intimamente esvaziados
de cada significado e já praticamente abandonados. O poder social
adorado pelos expectadores se manifesta mais eficazmente na
onipresença do estereótipo imposto pela técnica do que nas ideologias
velhas e antiquadas que deveriam ser representadas pelos efêmeros
conteúdos. Apesar disso, a indústria cultural permanece sempre a
indústria do divertimento. O seu poder de acomodação e controle
sobre os consumidores é mediado pelo amusement [...] (ADORNO;
HORKEIMER, 1997, p. 144)
Mas também é verdade, como observou Eco, que a serialidade é um fenômeno tão
antigo na literatura, que pode ser encontrado até na Grécia Antiga. De acordo com a
Poética de Aristóteles, é possível descrever o modelo da tragédia grega como um
modelo serial, no qual apenas uma mínima parte foi salva por razões desconhecidas. É
possível que as tragédias gregas fossem escritas seguindo esquemas fixos e temas pré-
escolhidos (ECO, 2001). A partir disso, podemos dizer que o sucesso comercial de
Dickens com os seus romances de folhetim não foi uma grande inovação da literatura
moderna. A redescoberta do sucesso comercial da serialidade é um evento que consegue
ir além dos limites das artes individuais, da literatura, das artes gráficas e até das artes
cinematográficas.
O cinema das origens também deve muito à serialidade. E não só com as
gravações catalogadas em série pelos irmãos Lumière e Méliès. Mas também pela
transposição para o cinema que Louis Feuillade realizou das aventuras de Fantômas,
retomando, em todas as suas formas, a força da serialidade, seja pela transposição para o
cinema de um tipo de literatura que nasceu serial, seja como uma série cinematográfica
que levava à tela o mesmo personagem.
Com o advento da televisão, descobriu-se uma grande variedade de formas de
serialidade, como a soap opera, as novelas, as séries, as minisséries, etc. Com o uso de
diferentes formas de repetição, pode-se assistir a acontecimentos intermináveis de
famílias (The bold and the beautiful) na soap opera e na telenovela, ou pode-se ver
personagens que estão sempre trabalhando para explicar um mistério (Columbo), a
solução de um caso (CSI) ou o diagnóstico de uma doença (Dr. House), seguindo
esquemas fixos. Na verdade, seria simplista demais definir os temas das séries de TV
desta maneira, visto que estamos, especialmente hoje, diante de uma oferta muito ampla
de formatos e gêneros.
A partir do final dos anos 1970, com as mudanças que a New Hollywood gerou no
cinema americano, encontramos no cinema hollywoodiano uma nova tipologia de
séries. Desta vez, produtores e diretores decidem unir filmes de grande sucesso à
fidelidade que a forma serial produz em seu público, já acostumado a esse formato
como, por exemplo, histórias em quadrinhos, com as quais compartilha, muitas vezes, o
mesmo público-alvo, começando a produzir várias séries cinematográficas. A partir de
Star Wars, que foi um marco por diferentes razões na história do cinema, encontramos
outros exemplos, como: O poderoso chefão, De volta para o futuro, Duro de matar,
Rambo, etc. O cinema encontrou nas séries e nas sagas uma maneira de vincular o
público, que tende a fidelizar-se com os personagens já conhecidos e quer continuar a
seguir as suas aventuras.
O sucesso que os quadrinhos sempre alcançaram com o público jovem (o mesmo
público das salas de cinemas) permitiu uma nova onda de adaptação para o cinema de
histórias de seus personagens. Antes do cinema, a TV também descobriu essa fonte de
ideias e adaptou histórias de Batman e Superman. O cinema dos anos 1990 e de 2000
sofreu uma verdadeira invasão de super-heróis: Batman (com diferentes diretores em
suas sequências, por razões comerciais), Spider-man, X-Men, Iron man, duas versões
diferentes do Incrível Hulk, Sin City, V de Vingança. Há muitos exemplos que se
proliferaram na “telona”, a tal ponto que uma editora especializada em quadrinhos, a
Marvel Comics, abriu sua própria produtora, a Marvel Studios, para a transposição de
seus quadrinhos de maior sucesso (X-men, Hulk, Iron man, etc.) para o cinema.
A partir do momento em que se discute sobre a crise do argumento original do
cinema, é interessante pontuar a centralidade que assumiram as ideias baseadas em
outras formas de entretenimento, tais como séries de televisão (Sabrina), da literatura
serial (Harry Potter e O senhor dos anéis), parques de diversões (Piratas do Caribe), e
até mesmo brinquedos (Transformers). Uma característica do cinema comercial atual é
a necessidade de conquistar a atenção do expectador por meio de personagens já
conhecidos por outras formas de entretenimento e deixar o final das histórias em aberto
para uma possível sequência, no caso de um grande sucesso de bilheteria.
Catalogação da serialidade
A repetição e a serialidade de um produto textual ou audiovisual podem ser
classificadas em diversos modos, de acordo com a forma e a estrutura dos seus
episódios e das suas histórias.
Segundo Pescatore, uma síntese entre os termos serialidade e repetição poderia ser:
[...] enquanto no caso da repetição temos que trabalhar com o retorno ou
a reutilização dos elementos já dados e conhecidos, no caso da
serialidade temos, ao invés, uma sucessão de objetos ou, no nosso caso,
uma sucessão de textos. Enquanto uma classe de objetos repetidos
forma uma família ou um grupo, uma classe de objetos seriais forma
uma coleção ou uma numeração (PESCATORE, 2003, p. 53).
Eco sugere uma catalogação da serialidade em um ensaio intitulado A inovação no
serial. A partir deste artigo, é interessante apresentar as definições apresentadas para
esclarecer as diferenças entre as diferentes formas de trilogia (ECO, 2001). As
tipologias que serão apresentadas referem-se em parte àquela definida por Eco no ensaio
acima citado, mas, em parte, foi aprofundada com base no trabalho apresentado no
Congresso da Associação Italiana de Estudos Semióticos, por Daniele Barbieri
(BARBIERI, 1990).
A retomada
Retomada é a continuação de um tema de sucesso, como a sequência
cinematográfica de um filme que tenha feito muito sucesso. O primeiro filme nasce
como um projeto solitário, mas depois de ter tido muito sucesso, por razões comerciais,
decide-se fazer uma continuação. No cinema, transformou-se em uma coisa comum.
Pode-se citar alguns exemplos: Superman, De volta para o futuro, Piratas do Caribe,
etc.
O decalque
Decalque é a reformulação de uma história de sucesso. Muitos filmes de gênero
tendem a ter a mesma história, enquanto mudam apenas os personagens e as
circunstâncias. Como exemplo, podemos citar as comédias românticas onde uma
mulher encontra um homem, eles se apaixonam e acontecem muitas situações antes de
chegar ao final feliz com a união dos dois apaixonados.
O remake é considerado um decalque explícito e anunciado, como é o caso de
Willy Wonka & the chocolate factory, de Mel Stuart (1971) e Charlie and the chocolate
factory, de Tim Burton (2005)3. No caso em que não seja anunciado, pode-se falar de
plágio. Pode-se também falar de reescritura com explícita finalidade interpretativa (Asas
do desejo, Wim Wenders, 1987, e Cidade dos anjos, Brad Siberling, 1998).
A série
A série se refere íntima e exclusivamente à estrutura narrativa. Temos
uma situação fixa e alguns personagens principais determinados, em
torno dos quais circulam personagens secundários que se alternam
para dar a impressão de que a história seguinte é diferente da anterior.
[...] Na série, o expectador acredita apreciar a novidade da história,
quando, na verdade, gosta de recorrer em um esquema narrativo
constante e fica satisfeito de reencontrar um personagem conhecido,
3 Mantive os nomes originais dos filmes, visto que em português acabaram recebendo a mesma tradução:
A fantástica fábrica de chocolate.
com seus tiques, suas frases típicas, suas técnicas para solucionar os
problemas... A série, neste sentido, responde à necessidade infantil,
mas não doentia, de ouvir novamente a mesma história, e sentir-se
confortado pelo retorno ao idêntico, superficialmente disfarçado.
(ECO, 2001, p. 128)
Como exemplo, podemos citar as séries televisivas, as soap opera e as situation
comedy (sitcom) como Dr. House, Sex and the City, CSI, The bold and the beautiful,
Friends, etc. Além disso, podemos identificar diferentes tipos de séries:
- Séries iterativas: é o caso das séries que possuem episódios totalmente autônomos,
sem nenhuma ligação temporal entre um episódio e o outro. São episódios que se
concluem, que não seguem uma linha temporal fixa, isto é, a ordem pode ser invertida
sem nenhuma alteração no sentido. A única coisa que os liga são os protagonistas e a
estrutura narrativa análoga. Alguns exemplos são as séries policiais: As aventuras de
Sherlock Holmes, Miss Marple, de Agatha Christie.
- Séries a espiral: como nas séries iterativas, os episódios são autoconclusivos, mas, ao
contrário dessas, os episódios seguintes recomeçam do ponto onde se concluiu o
episódio anterior, isto é, são ligados por uma continuidade temporal. Como exemplo a
série Dr. House, na qual cada episódio trata de um caso de um paciente, mas,
paralelamente, o desenvolvimento da história dos personagens fixos prevê uma
continuação nos episódios sucessivos.
- Flash-back ou loop: utilizado principalmente como artifício para os super-heróis, que
têm pouco futuro e um passado enorme, permitindo contar infinitas histórias do
personagem no passado, isto é, antes de tornar-se um super-herói, ou quando era
criança, evitando, com isso, o envelhecimento do personagem. Vinte anos após o
enorme sucesso de Star Wars, George Lucas decidiu escrever uma segunda trilogia, a
qual seria incluída antes da trilogia anterior. Trata-se de um caso exemplar de prequel. É
interessante notar que o uso de prequel está se tornando habitual no cinema: como é o
caso de Batman begins e sua sequência, O cavaleiro das trevas, localizados
temporalmente antes da história do primeiro Batman produzido por Tim Burton.
- A série motivada pela figura do ator, que já traz consigo a bagagem dos outros
personagens. Era comum, na Old Hollywood, utilizar atores para interpretar os mesmos
tipos de papéis. Esta estratégia era um modo para conquistar o público, que podia prever
a história do filme pelo conhecimento dos intérpretes. É o caso de John Wayne, Charles
Chaplin, Buster Keaton, etc.
A saga
A saga é uma continuação de acontecimentos que se centralizam na história da
vida de um ou de vários personagens: narra o desenrolar da vida dos personagens,
podendo até mesmo prosseguir contando a vida de outras gerações. Ela mostra o passar
do tempo, o envelhecimento dos personagens. Podemos citar, como tipos de sagas no
cinema, Star Wars (LUCAS, 1977, 1980, 1983, 1999, 2002, 2005, 2015) e O poderoso
chefão (COPPOLA, 1972, 1974, 1990), que contam a história de diferentes gerações de
uma família. Segundo ECO (2001), existem dois tipos de saga:
- em linha contínua, a qual acompanha o personagem do nascimento à sua morte e
prossegue com seu filho, seu neto e assim por diante;
- ad albero (árvore), em que existem diferentes ramificações que não se referem
somente ao personagem principal e a seus descendentes, mas narram também histórias
de enredos paralelos aos quais a atenção poderá ser desviada.
O dialogismo intertextual
Trata-se das citações presentes no interior de um texto que remetem a outros
textos ou a elementos pertencentes à realidade. Pode-se tratar de paródia, homenagem
ou jogo irônico, quando explícitas e conscientes; plágio, quando o autor é consciente,
mas não explícito para o receptor não perceber; citação irônica do topos (que retoma
uma cena já conhecida, mas mudando o final da situação, frustra o expectador e, com
isso, causa comicidade) ou um jogo intertextual ou dialogismo medial, que necessita
de um conhecimento de mundo (extratextual), além dos textos; embalagem de gêneros,
uma sobreposição de textos, onde um gênero conta como um outro é produzido.
No caso das citações intertextuais, é claro que seria melhor que o expectador
tivesse o conhecimento necessário para entender o jogo de intertextualidade que existe
no texto, para entender a sua profundidade sem o risco de parecer uma cena nonsense.
No cinema, é comum o uso do recurso de introduzir indícios mais ou menos explícitos
para homenagear outros filmes ou diretores.
Sequência e trilogia: uma tendência em aumento no cinema
Com o início do novo século, vimos uma tendência não tão nova que mais do que
nunca se afirma no mercado cinematográfico: as sequências e as sagas. Os motivos
parecem ser tantos: a crise de argumentos e, por isso, a multiplicação das mesmas
histórias com os mesmos personagens; estratégias de marketing que querem
conquistar o expectador com produtos seriais para criar fidelização; a transformação
do expectador, já acostumado à televisão desde o seu nascimento, plataforma serial por
excelência; a fuga do expectador das salas cinematográficas agravada do fato de que
ele tenha se tornado mais seletivo na escolha do filme que verá no cinema. Os motivos
são tantos e, ao mesmo tempo, todos contribuem para a transformação do cinema
contemporâneo.
Depois que entramos na era dos filmes blockbuster, seu caráter comercial, que
acompanha o cinema desde os primórdios, tornou-se mais explícito. Mas o papel dos
elementos atrativos tornou-se tão necessário quanto, muitas vezes, insuficiente: a
presença de stars (seja do elenco artístico ou técnico); produto já conhecido pelo
público (histórias em quadrinhos, sequência de filmes); a forte presença de efeitos
especiais; e tantas outras características importantes que ajudam um filme a ter maior
atratividade (música, gênero, história, etc.). Tudo isso parece já não ser mais garantia
suficiente para um sucesso de público. Dessa forma, todas as estratégias que se possam
colocar juntas serão usadas para aumentar a visibilidade do produto.
A campanha de marketing é essencial para valorizar os elementos de atração.
Aliás, será a responsável para levar ao público o conhecimento da existência do filme e
convencê-lo de que os elementos atrativos garantem a qualidade e a satisfação em vê-lo.
Os produtores, que estão sempre à procura de segurança comercial e financeira,
acreditam que o expectador atual, acostumado ao caráter fortemente serializado da TV
(soap opera, telefilme, série TV, telenovela, minissérie, desenho animado) e às diferentes
plataformas para assistir a um filme (pay tv, tv on demand, tv aberta, DVD, home-video,
Internet, Netflix), tornou-se mais seletivo na escolha dos filmes que o levam a uma sala
cinematográfica. Deve estar realmente convencido de que vale a pena pagar o preço do
ingresso. Como os produtos seriais, sobretudo televisivos e histórias em quadrinhos, são
direcionados ao mesmo público referencial do cinema, os filmes seriais transformaram-se
em um recurso muito utilizado para fidelizar seu público.
No entanto, faz-se necessário relembrar que a serialidade no cinema não é um
fenômeno contemporâneo. Como já foi dito, o cinema nasceu serial nos catálogos dos
irmãos Lumière. Na década de 10, seu caráter serial foi marcado com a transposição,
por Feuillade, de romances de folhetim (Fantômas) e tantas outras aventuras que
tiveram até mesmo uma mulher como anti-heroína (Les vampires). A partir do final dos
anos 70, com o sucesso de Star Wars, o cinema foi inundado pela continuação
(sequência) de filmes de sucesso (De volta para o futuro, Duro de matar, etc.). E,
finalmente, no final do século passado, com a volta da segunda trilogia da saga de Star
Wars e o nascimento do fenômeno Matrix, que alimentaram a expectativa dos fãs pelas
suas continuações, tem-se a volta triunfal de uma nova fase serial.
De fato, o início do novo século presenciou a proliferação de filmes concebidos já
com uma visão na sua sequência, baseados, sobretudo, nos super-heróis de histórias em
quadrinhos, isto é, personagens que já nascem serializados como Batman, Spider-man,
X-men, etc.
É interessante notar que muitos filmes atualmente são concebidos como um
projeto único que se divide em mais de um filme. Basta pensar na trilogia de O senhor
dos anéis, na qual os três filmes foram feitos conjuntamente, ou mesmo nos segundo e
terceiro episódios de Matrix e Piratas do Caribe, nos quais o início do episódio seguinte
é a continuação do anterior.
Podemos falar também do interessante retorno de novas sequências de filmes já
serializados no passado: Rambo, Superman, Duro de matar. Filmes cujos protagonistas,
não mais jovens, são novamente levados às telas com intenções claramente comerciais,
já que o público que cresceu assistindo às suas aventuras, apesar de nem sempre ser
considerado um frequentador assíduo das salas cinematográficas, é curioso e nostálgico
em ver mais uma aventura do seu herói de outros tempos.
Uma característica marcante desta moda de filmes seriais é serem baseados em
histórias já conhecidas e amadas pelo público: histórias em quadrinho (Spider-man,
Batman, Superman), livros best-sellers (O senhor dos anéis, Harry Potter), parques
temáticos (Piratas do Caribe). Esta tendência, que na realidade também é uma
característica dos filmes Blockbuster, é justificada pelo público que tende a responder
melhor a um produto que conhece, que já lhe é familiar.
Os efeitos especiais oferecem um espetáculo muito realístico aos fãs de aventuras
e mundos fantásticos, já que tomam vida e se tornam realidade, agindo como ulterior
estímulo para os expectadores que vão para ver os seus super-heróis e as suas histórias
de fantasia serem personificadas no cinema.
Somente graças ao digital se pode chegar àquele realismo tão
necessário com atuantes tão fantásticos. O proliferar de filmes de
super-heróis se deve a isso, mas, para entender a direção que o gênero
tomou, é importante observar que sobreveio também uma grande
mudança de tipo cultural: as histórias em quadrinho pararam de ser
consideradas, à priori, uma leitura para jovens cheios de espinhas ou
de pura distração. (BORDONI; MARINO, 2006, p. 31)
A trilogia cinematográfica é uma forma serial que se está demonstrando muito
eficiente com o passar do tempo. Neste caso, gostaria de falar especificamente da
trilogia no sentido serial, isto é, que usa os mesmo personagens e enredo.
A primeira trilogia considerada importante foi Star Wars, que se transformou em
uma tripla trilogia, já que George Lucas decidiu fazer um prequel e um sequel. Nos
anos 80 e 90, outras trilogias foram realizadas para prolongar a vida de um filme de
sucesso (Rambo, Duro de matar, etc.). Depois de uma aparente pausa dos filmes seriais,
o retorno da segunda trilogia de Star Wars demonstrou o aspecto interessante e
comercialmente frutífero na realização de projetos não baseados somente em um só
filme.
Esta tática é economicamente produtiva visto que muitas vezes se constroem
produtoras especialmente para a realização de um filme. Até a realização de dois filmes
com os custos de produção de um, é um fator decisivo nos projetos mais audaciosos, já
que se reduzem os custos (2 filmes em 1), permitindo uma recuperação econômica mais
veloz.
São sempre mais frequentes as megaproduções que decidem se
concentrar em uma única força tarefa para a realização de mais
episódios da mesma saga [...] E, isto, talvez seja um dos maiores
defeitos das novas sequências que, concentrando os tempos de
produção, propõem histórias suspensas, capazes de ativar um duplo
mecanismo: se, por um lado, realmente a suspensão cria expectativa – e,
portanto, revela-se um bom investimento, ao menos na teoria, para os
sucessivos episódios da saga – por outro lado, dá razão a um certo
desapontamento para o expectador, que se encontra desorientado por
um história que se congela em frente aos seus olhos (RUSSO, 2006, p.
66).
Esta nova estratégia, que se projeta em uma saga tão longa a ponto de poder
dividi-la em mais filmes, determina a perda da força da característica principal da série
de TV em relação ao cinema, isto é, a possibilidade de ser suficientemente longa para
poder aprofundar os personagens e o enredo.
A diferença principal entre uma série e um filme é que uma série tem
mais tempo e menos espaço. Mais tempo porque é composta por uma
sucessão descontínua e potencialmente ilimitada de episódios, menos
espaço porque limitada pelas dimensões reduzidas das telas da
televisão. A narração serial deve, portanto, compensar o déficit
espacial recorrendo a um excesso temporal (TERRONE, 2004, p. 4).
Agora existe a possibilidade de alargar a história de um personagem seja no
tempo (em mais filmes), no espaço, na espera do lançamento da sequência, investindo
em produtos que mantenham vivo o interesse (vídeo game, histórias em quadrinho,
curta-metragem, etc.). Os realizadores do filme, desta forma, descobriram uma forma
para manter o expectador fiel à história e poder trabalhar mais profundamente nos
personagens e no produto. Tornou-se uma particularidade de algumas trilogias
contemporâneas reelaborar a estrutura trágica seguindo o esquema: “o primeiro filme
cria o contexto do personagem, o segundo o excede, o terceiro volta à origem” (DE
BERNARDINIS, 2001, p. 177).
Muitos sustentam que existem maiores possibilidades para uma trilogia de autor
que, com maior liberdade, propõe-se para determinados tipos de filmes, direcionados a
um expectador mais atento e crítico.
Depois do famoso fiasco comercial do sempre mais bobo Batman &
Robin, a extraordinária e, de certa forma, imprevista retomada das
adaptações cinematográficas dos comics americanos se deve à aposta
de arriscar de novo em temáticas adultas e em um jovem autor
ambicioso, como foi no seu tempo Burton: é o consenso do primeiro
X-Men, de Singer, de fato a arreganhar as portas para o fenômeno do
Homem Aranha, confiado a Sam Raimi, e dar início a projetos de
dezenas de outros títulos do mesmo gênero. (BORDONI; MARINO,
2006, p. 31).
A esse ponto, podemos definir as três tipologias características da serialidade pós-
moderna:
- os filmes sequel (sequência), isto é, filmes baseados em uma serialidade iterativa, em
que cada episódio é autoconclusivo em si, mas deixa aberto o final para uma eventual
continuação;
- as séries/sagas projetadas inicialmente como mais de um filme. Em geral, trata-se de
sagas em que a história se desenvolve no tempo, vendo a evolução do personagem.
Trata-se, de qualquer forma, de um ciclo que tem uma conclusão. São frequentes as
trilogias (O senhor dos anéis, Trilogia Bourne);
- os filmes de tipologia múltipla, que começam como filmes autoconclusivos e, depois
do sucesso, decide-se fazer uma continuação que é projetada em duas sequências,
sobretudo para explorar comercialmente a marca que se cria (Piratas do Caribe, X-Men,
Matrix).
Para resumir, este é o quadro que se apresenta no cinema contemporâneo. É
importante sublinhar que as razões comerciais têm um grande peso nas decisões dos
projetos. Mas alguns diretores conseguiram juntar as suas vontades artísticas aos lucros,
como aconteceu com Tarantino, na realização de Kill Bill, em dois episódios no lugar de
um único filme.
Considerações finais
Neste artigo, baseado teoricamente na escola frankfurtiana (BENJAMIN, 2000;
ADORNO e HORKEIMER, 1997) e em outros textos sobre conceitos de serialidade no
cinema (BARBIERI, 1990; DE BERNARDINIS, 2001; ECO, 2001; RUSSO, 2006),
procurou-se delinear uma análise do estado da arte na serialidade do cinema
contemporâneo.
As formas de repetição podem ser encontradas no universo cultural desde os
primeiros rastros de produção artística humana. Obviamente, durante o decorrer da
história cultural, o conceito do que seria uma obra de arte transformou-se. A partir da
evolução tecnológica, a ideia e os valores de uma obra de arte mudaram, evoluíram.
Novos conceitos, como a cultura de massa, passaram a ter importância a ponto de
revolucionar o panorama cultural.
No final do século 18, com o advento do cinematógrafo, descobriu-se um novo
meio poderoso capaz de mudar a ideia de cultura de massa, graças à sua facilidade de
inserção nas diferentes classes sociais. Por isso, desde seu início, o cinema sempre foi
considerado o veículo de divulgação de cultura de massa por excelência.
O cinema nasceu como uma arte serial e apresentou formas diversas de
serialidade em momentos diferentes da sua história. Além da forma serial “clássica”,
que mantém os mesmos personagens, temos aquela estrutural, o decalque. Na era de
ouro de Hollywood (anos 20 a 60), os roteiros dos filmes seguiam esquemas fixos,
mudando somente os personagens e o problema em torno do qual se desenrolava a
narração, mas mantendo basicamente a mesma estrutura.
Portanto, falar de serialidade como algo atual é ingênuo, já que as séries
audiovisuais são também reflexo daquelas presentes em outros meios de comunicação
(como os romances de folhetim, TV, histórias em quadrinho, etc). A forma serial
sempre foi presente em vários tipos de arte e acabou sendo muitas vezes vital para a
conquista do público e, ao mesmo tempo, de espaço suficiente para ampliar seu
desenvolvimento artístico.
Atualmente, o grande interesse que o cinema comercial demonstra pela produção
seriada é baseado principalmente no apelo emocional que essa forma tem sobre o
expectador, permitindo uma maior possibilidade de fidelização de um público e
consequentemente, maiores probabilidades de sucesso e lucro.
Nas últimas décadas, o cinema perdeu muito espaço para outras formas
audiovisuais. É muito simplista classificar o cinema na dicotomia cinema de autor x
cinema comercial. Ele tem diversas facetas e aqui foi abordada apenas uma
característica marcante do cinema comercial atual, que está passando por uma profunda
transformação para tentar sobreviver frente aos grandes desafios que a alta tecnologia e
a mudança comportamental do expectador estão gerando.
Para manter-se atual, o cinema deve dialogar cada vez mais com as outras
mídias disponíveis, como é o caso das histórias em quadrinho, livros, internet. E
atualmente, é nesse campo que o cinema está investindo e se expandindo: na capacidade
de ampliar-se e superar os limites da sua tela, do seu tempo e espaço, podendo alongar o
tempo e a vida de seus produtos através de outras plataformas (videogame, curta-
metragem, site para os fãs, livro, etc.), que paralelamente continuam a alimentar a
história e fomentar a curiosidade de seus fãs, enquanto esperam o lançamento do
próximo filme. Os filmes hoje passaram a ser produtos multimídias alargando ainda
mais a ideia de serialidade.
Estamos diante de uma situação em que tudo se tornou serial. A serialidade
passou a ser o elemento principal das diferentes mídias. Ela está levando ao extremo a
ideia de cultura de massa. Somente resta aguardar as cenas dos próximos capítulos para
entender como será a continuação dessa história.
Referências bibliográficas
ADORNO, T. e HORKEIMER, M. L’industria culturale. In: Dialettica
dell’Illuminismo. Piccola Biblioteca Einaudi: Torino, 1997.
BARBIERI, D. Tempo e serialità. I confini della narratività nel comic book americano
di supereroi. In Convenho La temporalità, XVIII Convenho da Associação Italiana de
Estudos Semióticos, Montecatini, 12-14 de outubro de 1990. Disponível em
<www.danielebarbieri.it/texts/TempoESerialita.pdf.>
BENJAMIN, W. L’opera d’arte nell’epoca della sua riproducibilità tecnica. Piccola
Biblioteca Einaudi: Torino, 2000.
BORDONI, A. e MARINO, M. La cura per Darwin. In: Cineforum 456. Anno 46, n. 6,
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CIOTTI, F. e RONCAGLIA, G. Il mondo digitale. Introduzione ai nuovi media.
Editori Laterza: Roma, 2006.
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americano contemporaneo. Le Mani: Genova, 2001.
ECO, U. L’innovazione nel seriale. In: Sugli specchi e altri saggi. Il segno, la
rappresentazione, l’illusione, l’immagine. Bompiani: Milano, 2001.
PESCATORE, G. I generi come forme seriali, In Anna Antonini (a cura di), Il film e i
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RUSSO, G. Johnny cuore corsaro. In Cineforum 458. Anno 46, n. 8, Ottobre 2006.
TERRONE, E. “Riflessi e spostamenti del discorso cinematografico nelle nuove
narrazione televisive”. In Segnocinema, anno XXIV, n.130, Novembre-Dicembre 2004.
FILMOGRAFIA4
A Fantástica Fábrica de Chocolate. Direção: Mel Stuart. Produção: Stan Margulies,
David L. Wolper. EUA, 1971.
A Fantástica Fábrica de Chocolate. Direção: Tim Burton. Produção: Brad Grey. EUA,
2005.
A identidade Bourne. Direção: Doug Liman. Produção: Doug Liman, Richard N.
Gladstein. EUA/Alemanha/República Checa, 2004.
A supremacia Bourne. Direção: Paul Greengrass. Produção: Frank Marshall. EUA, 2004.
O ultimato Bourne. Direção: Paul Greengrass. Produção: Frank Marshall.
EUA/Alemanha, 2007. 4 Como a maioria dos filmes citados fazem parte de sequências, a autora optou por mantê-los juntos,
levando em consideração o título do primeiro filme.
Asas do desejo. Direção: Wim Wenders. França-Alemanha: Road Movies
Filmproduktion, Argos Films, Westdeutscher Rundfunk (WDR), 1987.
Cidade dos anjos. Direção: Brad Siberling. Produção: Charles Roven. EUA/Alemanha,
1998.
Batman. Direção: Tim Burton. Produção: Prince. EUA/Reino Unido, 1989.
Batman: o retorno. Direção e Produção: Tim Burton. EUA/Reino Unido, 1992.
Batman eternamente. Direção: Joel Schumacher. Produtor: Tim Burton. EUA/Reino
Unido, 1995.
Batman & Robin. Direção: Joel Schumacher. Produção: Sean Slade e Paul Q. Kolderie.
EUA/Reino Unido, 1997.
Batman begins. Direção: Christopher Nolan. Produção: Wally Pfister. EUA, 2005.
Batman: O Cavaleiro das Trevas. Direção: Christopher Nolan. Produção: Jon Peters.
EUA/Reino Unido, 2008.
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Direção e produção: Christopher Nolan.
EUA/UK: Warner Bros., Legendary Pictures, DC Entertainment, 2012.
De volta para o futuro. Direção: Robert Zemeckis. Produção: Bob Gale. EUA. 1985.
De volta para o futuro 2. Direção: Robert Zemeckis. Produção: Bob Gale. EUA. 1989.
De volta para o futuro 3. Direção: Robert Zemeckis. Produção: Bob Gale. EUA. 1990.
Duro de matar. Direção: John McTiernan. Produção: Joel Silver. EUA, 1988.
Duro de matar 2. Direção: Renny Harlin. Produção: Joel Silver. EUA, 1990.
Duro de matar - a vingança. Direção e Produção: John McTiernan. EUA, 1995.
Duro de matar 4.0. Direção: Len Wiseman. Produção: Arnold Rifkin, Bruce Willis, John
McTiernan. EUA, 2007.
Duro de matar – um bom dia para morrer. Direção: John Moore. Produção: Wyck
Godfrey. EUA, 2013.
Fantômas -À l'ombre de la guillotine. Direção: Louis Feuillade. Produção: Romeo
Bosetti. França, 1913.
Fantômas contre Fantômas. Direção: Louis Feuillade. Produção: Romeo Bosetti. França,
1914.
Guerra nas estrelas (Título original: Star Wars: Episode IV - A New Hope). Direção:
George Lucas. Produção: Gary Kurtz. EUA, 1977.
O Império Contra-ataca (Título original: Star Wars: Episode V - The Empire Strikes
Back). Direção: Irvin Kershner. Produção: Gary Kurtz. EUA, 1980.
O Retorno de Jedi (Título original: Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi).
Direção: Richard Marquand. Produção: Howard Kazanjian. EUA, 1983.
Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma. Direção: George Lucas. Produção: Rick
McCallum. EUA, 1999.
Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones. Direção: George Lucas. Produção: Rick
McCallum. EUA, 2002.
Star Wars: Episódio 3 - A Vingança dos Sith. Direção: George Lucas. Produção: Rick
McCallum. EUA, 2005.
Star Wars - O Despertar da Força. Direção: J. J. Abrams. Produção: J. J. Abrams, Bryan
Burk, Kathleen Kennedy. EUA, 2015.
Harry Potter e a pedra filosofal. Direção: Chris Columbus. Produção: David Heyman.
EUA/Reino Unido, 2001.
Harry Potter e a câmera secreta. Direção: Chris Columbus. Produção: David Heyman.
EUA/Reino Unido, 2002.
Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban. Direção: Alfonso Cuarón. Produção: David
Heyman, Chris Columbus, Mark Radcliffe. EUA/Reino Unido, 2004.
Harry Potter e o cálice de fogo. Direção: Mike Newell. Produção: David Heyman.
EUA/Reino Unido, 2005.
Harry Potter e a ordem da Fênix. Direção: David Yates. Produção: David Heyman.
EUA/Reino Unido, 2007.
Harry Potter e o enigma do príncipe. Direção: David Yates. Produção: David Heyman.
EUA/Reino Unido, 2009.
Harry Potter e as relíquias da morte – parte 1. Direção: David Yates. Produção: J. K.
Rowling, David Heyman. EUA/Reino Unido, 2010.
Harry Potter e as relíquias da morte – parte 2. Direção: David Yates. Produção: J. K.
Rowling, David Heyman. EUA/Reino Unido, 2011.
Homem-Aranha. Direção: Sam Raimi. Produção: Ian Bryce, Laura Ziskin. EUA, 2002.
Homem-Aranha 2. Direção: Sam Raimi. Produção: Avi Arad, Laura Ziskin. EUA, 2004.
Homem-Aranha 3. Direção: Sam Raimi. Produção: Avi Arad, Grant Curtis, Laura Ziskin.
EUA, 2007.
O espetacular Homem-Aranha. Direção: Marc Webb. Produção: Avi Arad, Laura Ziskin,
Mattew Tolmach. EUA, 2012.
O espetacular Homem-Aranha 2 – a ameaça di Electro. Direção: Marc Webb.
Produção: Avi Arad, Mattew Tolmach. EUA, 2014.
Homem de Ferro. Direção: Jon Favreau. Produção: Avi Arad, Kevin Feige. EUA, 2008.
Homem de Ferro 2. Direção: Jon Favreau. Produção: Kevin Feige. EUA, 2010.
Homem de Ferro 3. Direção: Shane Black. Produção: Kevin Feige. EUA, 2013.
Hulk. Direção: Ang Lee. Produção: James Schamus, Gale Anne Hurd, Avi Arad. EUA,
2003.
O incrível Hulk. Direção: Louis Leterrier. Produção: Avi Arad, Kevin Feige, Gale Anne
Hurd. EUA, 2008.
Kill Bill - Volume 1. Direção: Quentin Tarantino. Produção: Lawrence Bender. EUA,
2004.
Kill Bill - Volume 2. Direção: Quentin Tarantino. Produção: Quentin Tarantino, Lawrence
Bender. EUA, 2004.
Matrix. Direção: Lana Wachowski, Andy Wachowski. Produção: Joel Silver. EUA, 1999.
Matrix Reloaded. Direção: Lana Wachowski, Andy Wachowski. Produção: Joel Silver.
EUA, 2003.
Matrix Revolutions. Direção: Lana Wachowski, Andy Wachowski. Produção: Joel Silver.
EUA, 2003.
O poderoso chefão. Direção: Francis Ford Coppola. Produção: Albert S. Ruddy. EUA,
1972.
O poderoso chefão 2. Direção: Francis Ford Coppola. Produção: Francis Ford Coppola.
EUA, 1974.
O poderoso chefão 3. Direção: Francis Ford Coppola. Produção: Francis Ford Coppola.
EUA, 1990.
O senhor dos anéis – a sociedade do anel. Direção e produção: Peter Jackson. EUA/Nova
Zelândia, 2001.
O senhor dos anéis – as duas torres. Direção e produção: Peter Jackson. EUA/Nova
Zelândia, 2002.
O senhor dos anéis – o retorno do rei. Direção e produção: Peter Jackson. EUA/Nova
Zelândia, 2003.
Piratas do Caribe – a maldição do pérola negra. Direção: Gore Verbinski. Produção:
Jerry Bruckheimer. EUA, 2003.
Piratas do Caribe – o baú da morte. Direção: Gore Verbinski. Produção: Jerry
Bruckheimer. EUA, 2006.
Piratas do Caribe – no fim do mundo. Direção: Gore Verbinski. Produção: Jerry
Bruckheimer. EUA, 2007.
Piratas do Caribe – navegando em águas misteriosas. Direção: Rob Marshall. Produção:
Jerry Bruckheimer. EUA, 2003.
Rambo – programado para matar. Direção: Ted Kotcheff. Produção: Buzz Feitshans.
EUA, 1983.
Rambo 2 – a missão. Direção: George Pan Cosmatos. Produção: Buzz Feitshans. EUA,
1985.
Rambo 3. Direção: Peter MacDonald. Produção: Buzz Feitshans. EUA, 1988.
Rambo 4. Direção: Sylvester Stallone. Produção: Avi Lerner, Kevin King Templeton, John
Thompson. Alemanha/EUA, 2008.
Sin City – a cidade do pecado. Direção: Frank Miller, Robert Rodriguez, Quentin
Tarantino. Produção: Elizabeth Avellán. EUA, 2005.
Sin City – a dama fatal. Direção e produção: Frank Miller, Robert Rodriguez. EUA, 2005.
Superman – o filme. Direção: Richard Donner. Produção: Pierre Spengler. EUA/Reino
Unido, 1978.
Superman II – a aventura continua. Direção: Richard Lester. Produção: Pierre Spengler.
EUA/Reino Unido, 1980.
Superman III. Direção: Richard Lester. Produção: Pierre Spengler. EUA/Reino Unido,
1983.
Superman IV– em busca da paz. Direção: Sidney J. Furie. Produção: Yoram Globus,
Menahem Golan. EUA/Reino Unido, 1987.
Superman – o retorno. Direção: Bryan Singer. Produção:Gilbert Adler, Jon Peters, Bryan
Singer. EUA/Austrália, 2006.
O homem de aço. Direção: Zack Snyder. Produção: Charles Roven, Christopher Nolan,
Deborah Snyder. EUA/Canadá/Reino Unido, 2013.
Transformers. Direção: Michael Bay. Produção: Lorenzo di Bonaventura, Don Murphy.
EUA, 2007.
Transformers – a vingança dos derrotados. Direção: Michael Bay. Produção: Lorenzo di
Bonaventura, Don Murphy. EUA, 2009.
Transformers – o lado oculto da lua. Direção: Michael Bay. Produção: Lorenzo di
Bonaventura, Don Murphy. EUA, 2011.
Transformers – a era da extinção. Direção: Michael Bay. Produção: Lorenzo di
Bonaventura, Don Murphy. EUA/China, 2014.
V de Vingança. Direção:James McTeigue. Produção: Joel Silver, Lana Wachowski, Andy
Wachowski. EUA, 2005.
X-men – o filme. Direção: Bryan Singer. Produção: Lauren Shuler Donner. EUA, 2000.
X-men 2. Direção: Bryan Singer. Produção: Lauren Shuler Donner. EUA/Canadá, 2003.
X-men – o confronto final. Direção: Brett Ratner. Produção: Lauren Shuler Donner. EUA,
2006.
X-Men Origens: Wolverine. Direção: Gavin Hood. Produção: Lauren Shuler Donner,
Hugh Jackman. EUA, 2009.
X-men – primeira classe. Direção: Matthew Vaughn. Produção: Lauren Shuler Donner,
Simon Kinberg, Bryan Singer. EUA, 2011.
X-men – dias de um futuro esquecido. Direção: Bryan Singer. Produção: Simon Kinberg,
Hutch Parker, Lauren Shuler Donner, Bryan Singer. EUA/Reino Unido, 2014.
SÉRIES DE TV
The bold and the beautiful. Criador:William J. Bell, Lee Philip Bell. Produção:
Bradley Bell. EUA. Soap opera. Ano: 1987 até hoje. 29 temporadas. 7.244 episódios
(até 11 de janeiro).
Columbo. Criador: Richard Levinson, William Link. Produção: Universal Television.
EUA. Série. Ano: 1971-1978 e 1989-1993. 7 e 4 temporadas. 45 e 25 episódios.
CSI: investigação criminal. Criador: Anthony E. Zuiker. Produção: Jerry
Bruckheimer. EUA. Série. Ano: 2000-2015. 15 temporadas. 335 episódios.
Dr. House. Criador: David Shore. Produção: Paul Attanasio. EUA. Série. Ano: 2004-
2012. 8 temporadas. 177 episódios.
Friends. Criador: Kevin S. Bright, Marta Kauffman, David Crane. Produção: NBC.
EUA. Sitcom. Ano: 1994-2004. 10 temporadas. 236 episódios.
Miss Marple. Criador: Agatha Christie. Produção: Chorion, Granada International,
WGBH. Reino Unido. Série. Ano: 2004-2014. 6 temporadas. 23 episódios.
Sabrina, Aprendiz de Feiticeira. Criador: Nell Scovell. Produção: Finishing the Hat
Productions, Hartbreak Films Inc., Viacom Productions. EUA. Sitcom. Ano: 1996-
2003. 7 temporadas. 163 episódios.
Sex and the City. Criador: Darren Star, Karey Kirkpatrick. Produção: HBO. EUA.
Série. Ano: 1998-2004. 6 temporadas. 94 episódios.