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I Escola Superior de Tecnologia de Tomar Sérgio Miguel da Costa Godinho Sistemas para Autoconsumo Relatório de estágio Orientado por: Professor Doutor Jorge Guilherme Instituto Politécnico de Tomar apresentado ao Instituto Politécnico de Tomar para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica Especialização em Controlo e Eletrónica Industrial

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I

Escola Superior de Tecnologia de Tomar

Sérgio Miguel da Costa Godinho

Sistemas para Autoconsumo

Relatório de estágio

Orientado por:

Professor Doutor Jorge Guilherme – Instituto Politécnico de Tomar

apresentado ao Instituto Politécnico de Tomar

para cumprimento dos requisitos necessários

à obtenção do grau de Mestre

em Engenharia Eletrotécnica – Especialização em Controlo e Eletrónica Industrial

III

Dedico este trabalho a todas a pessoas que acreditaram em mim

V

Resumo

Este relatório foi desenvolvido no âmbito da unidade curricular de estágio do

Mestrado em Engenharia Eletrotécnica com especialização em Controlo e Eletrónica

Industrial, demonstra-a atividade desenvolvida como estagiário na empresa CRITICAL

KINETICS, Unip.

As energias renováveis surgiram para melhorar o ambiente pois são uma solução

100% limpa, que reduz as emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa,

reduzindo desta forma a dependência nos recursos fósseis contribuindo para a independência

energética.

Neste relatório está contida toda a informação adquirida em sistemas de

Autoconsumo Fotovoltaico, desde a Análise Consumos, Dimensionamento, Análise Técnica

dos Sistemas de Autoconsumo Fotovoltaico, Análise Técnica, Estudos Económicos-

Financeiros, Orçamentação, até à Montagem destes Sistemas.

Palavras-chave: Autoconsumo Fotovoltaico, Inversores, Módulos Fotovoltaicos, Viabilidade

Económica, Bombagem Solar.

VII

Abstract

This report was developed within the Master Degree in Electrical Engineering, with

specialization in Control and Industrial Electronics, and demonstrates the developed activity

during a traineeship in CRITICAL KINETICS, Unip.

The renewable energies have come up to improve the environment because they are

a 100% clean solution, once it reduces the gases emissions that contribute to the greenhouse

effects and reduces the dependence on fossil fuels, making a major contribution the energy

independence.

In this report there is all the information related to the knowledge acquired in

Photovoltaic Autoconsumption system, through the analysis of customers consumption,

dimensioning of the project, technical analysis of the Photovoltaic Autoconsumption

Systems, economic and financial studies, budgeting and assembling of the systems.

Keywords: Autoconsumption; Photovoltaics; Inverters; Photovoltaic Modules; Economic

Viability, Solar Pumping.

IX

Agradecimentos

Ao meu orientador Professor Jorge Guilherme que me ajudou e apoiou desde o início.

Ao diretor de curso pelos conselhos que me deu.

A todos os meus professores que que me auxiliaram ao longo do meu percurso académico

Ao Engenheiro Hugo Barbosa, CEO da empresa CRITICAL KINETICS pelo apoio e

disponibilidade prestada.

Aos meus amigos que me ajudaram e apoiaram direta e indiretamente, principalmente

aos meus colegas Ana Oliveira, Beatriz Lopes, Bruno Pereira, Carlos Pereira, Cláudio Costa,

Diogo Sucena, Edgar Vieira, Fábio Moreira, Filipe Braz, Juliana Mendes, Nelson Reis, Patrícia

Oliveira, Paula Marques, Ricardo Silvestre, Rui Santos e Tiago Carvalho.

E principalmente à minha família pelo apoio incondicional.

XI

Índice

Resumo ................................................................................................................................. V

Abstract ............................................................................................................................... VII

Agradecimentos ................................................................................................................... IX

Índice ................................................................................................................................... XI

Índice de Figuras ............................................................................................................... XV

Listas de abreviaturas e siglas .......................................................................................... XXI

Listas de símbolos ......................................................................................................... XXIII

1. Introdução ................................................................................................................... 1

2. Apresentação da Empresa ........................................................................................... 3

2.1- Missão ..................................................................................................................... 5

2.2- Visão ....................................................................................................................... 5

2.3- Valores .................................................................................................................... 5

3- Estado da Arte ................................................................................................................... 7

3.1 – História da Tecnologia Fotovoltaica ......................................................................... 7

3.2 – Evolução da Energia Fotovoltaica........................................................................... 13

3.3 – Energia Fotovoltaica em Portugal ........................................................................... 14

4- Autoconsumo Fotovoltaico: Abordagem Tecnológica ................................................... 19

4.1 -O que é um autoconsumo fotovoltaico? .............................................................. 19

4.2 - UPAC (Unidades de Produção Autoconsumo) vs UPP (Unidades de Pequena

Produção) ......................................................................................................................... 19

4.3 -UPAC enquanto sistema isolado ......................................................................... 22

4.3.1-Com armazenamento ........................................................................................... 22

4.3.2-Sem armazenamento ............................................................................................ 23

XII

4.4 -Sistemas híbridos................................................................................................. 23

4.5- UPAC com ligação à RESP ...................................................................................... 24

4.6-Modulos/células solares fotovoltaicas ....................................................................... 25

4.6.1-Modelo equivalente de uma célula fotovoltaica .................................................. 25

4.6.2-Tipo de células fotovoltaicas ............................................................................... 31

4.6.3-Díodos by-pass e díodos de fileira ...................................................................... 39

4.6.4-Efeitos dos sombreamentos nos módulos fotovoltaicos ...................................... 40

4.7-Baterias de acumuladores – constituição e princípio de funcionamento ................... 42

4.7.1-Modelo de funcionamento de uma bateria .......................................................... 42

4.7.2-Acumuladores de chumbo-ácido selados (VRLA – Valve Regulated Lead Acid)

...................................................................................................................................... 44

4.7.3-Baterias de iões de lítio ....................................................................................... 45

4.7.4-Caracteristicas das baterias de acumuladores ...................................................... 45

4.7.5-Precauções na instalação de baterias ................................................................... 47

4.7.6-Manutenção das baterias ..................................................................................... 48

4.8-Regulador de carga .................................................................................................... 48

4.8.1-Tipos de reguladores ........................................................................................... 49

4.9-Inversores DC/AC ..................................................................................................... 51

4.10-Sistemas de monitorização ...................................................................................... 52

4.11-Software para projetar um sistema de autoconsumo ............................................... 54

5- Autoconsumo: Projeto .................................................................................................... 55

5.1-Analise de consumos ................................................................................................. 55

5.2-Dimensionamento ...................................................................................................... 57

5.2.1-Modelação 3D em SketchUp ............................................................................... 64

5.2.2-Dimensionamento do sistema de autoconsumo no PVsyst ................................. 66

5.3-Estudo da viabilidade económica .............................................................................. 73

XIII

6-Bombagem Solar .............................................................................................................. 81

6.1-Dimensionamento bombagem solar ........................................................................... 83

7-Conclusões ....................................................................................................................... 89

8- Referências Bibliográficas .............................................................................................. 91

9-Anexos .............................................................................................................................. 95

XV

Índice de Figuras

Figura 1- Departamentos da Critical Kinetics ....................................................................... 3

Figura 2 - Jöns Jacob Berzelius (1779-1848) [13] ................................................................ 7

Figura 3 – Alexandre Edmond Becquerel (1820-1891) [15] ................................................. 8

Figura 4 - Willoughby Smith (1828-1891) [12] ..................................................................... 8

Figura 5 – William Adams (1836-1915) [17]......................................................................... 9

Figura 6 –Heinrich Hertz (1857-1894)[18] ........................................................................... 9

Figura 7- Wilhelm Hallwachs (1859-1922) [19] ................................................................. 10

Figura 8 – Robert Andrews Millikan (1868-1953) [20] ....................................................... 10

Figura 9-Jan Czochralski (1885-1953) [21] ........................................................................ 11

Figura 10 - Albert Einstein (1879-1955) [22] ...................................................................... 11

Figura 11 – VANGUARD-1 [23] ........................................................................................ 12

Figura 12 – EXPLORER-6 [24] .......................................................................................... 12

Figura 13 – NIMBUS [25]................................................................................................... 13

Figura 14 – Taxa de dependência energética [27] ............................................................... 15

Figura 15 – Irradiação Solar na Europa [29] ....................................................................... 16

Figura 16 - Irradiação em Portugal [30] .............................................................................. 16

Figura 17 – Potência Instalada [31] ..................................................................................... 17

Figura 18 – Produção Anual [31] ........................................................................................ 17

Figura 19 – Central Fotovoltaica da Amareleja [32] ........................................................... 18

Figura 20 – Exemplo de uma UPAC ................................................................................... 20

Figura 21 – Processo relativo ao licenciamento de uma UPAC com potência superior a

1500W [34] .......................................................................................................................... 20

Figura 22 – Exemplo de uma UPP ...................................................................................... 21

Figura 23 – Processo relativo ao licenciamento de uma UPP [34] ..................................... 21

Figura 24 - Sistema fotovoltaico isolado com armazenamento ........................................... 22

Figura 25 – Sistema fotovoltaico isolado sem armazenamento .......................................... 23

Figura 26 – Sistema Híbrido Isolado [35] ........................................................................... 24

Figura 27 – Célula fotovoltaica e modelo equivalente ideal alimentando uma carga Z [37]

............................................................................................................................................. 25

Figura 28-Circuito Equivalente e curva característica da célula sem luz solar [37] ........... 26

XVI

Figura 29 – Descolamento das curvas I-V de uma célula exposta à escuridão [37] ........... 27

Figura 30 - Circuito Equivalente e curva característica da célula irradiada [37] ................ 28

Figura 31 – Curvas I-V, sob condição de incidência de irradiação solar [37] .................... 28

Figura 32 – Circuito equivalente do modele real de uma célula fotovoltaica [37] ............. 30

Figura 33 – Influência da resistência em serie na célula fotovoltaica [37] ......................... 31

Figura 34 – Influência da resistência em paralelo na célula fotovoltaica [37] .................... 31

Figura 35 – Células de silício monocristalino [39] ............................................................. 32

Figura 36 – Células de silício policristalino [39] ................................................................ 32

Figura 37 – Célula de Silício de Amorfo [39] ..................................................................... 33

Figura 38 – Célula fotovoltaica, Painel fotovoltaico e Instalação fotovoltaica [17] ........... 33

Figura 39 – Ligação das células no módulo Fotovoltaico [40] ........................................... 34

Figura 40 – Constituição de um módulo fotovoltaico [37] ................................................. 34

Figura 41 – Modulo fotovoltaico em pormenor [37] .......................................................... 34

Figura 42 – Constituição do módulo fotovoltaico [37] ....................................................... 35

Figura 43 – Ligação interna de um módulo fotovoltaico [37] ............................................ 35

Figura 44 – Curva caraterística da célula fotovoltaica [37] ................................................ 36

Figura 45 – Calculo para o fator de forma [37] ................................................................... 38

Figura 46 – Calculo para o fator de forma [37] ................................................................... 39

Figura 47- Díodo by-pass num módulo fotovoltaico [37] ................................................... 40

Figura 48 – Díodos de by-pass e díodos de fileira [37] ...................................................... 40

Figura 49 – Fileira fotovoltaico com um módulo sombreado [37] ..................................... 41

Figura 50 – Modulo fotovoltaico sombreado com díodos de by-pass [37] ......................... 42

Figura 51 – Circuito equivalente da uma bateria [43] ......................................................... 43

Figura 52 – Bateria de chumbo-ácido selada [41] ............................................................... 44

Figura 53-Bateria AGM [44]............................................................................................... 45

Figura 54 – Bateria de iões de lítio [45] .............................................................................. 45

Figura 55 – Regulador de Carga [46] .................................................................................. 49

Figura 56 – Regulador de carga em serie [41] .................................................................... 50

Figura 57-Regulador de carga em paralelo [41] .................................................................. 51

Figura 58 – Regulador MPPT [41] ...................................................................................... 51

Figura 59 - Inversor Fronius® [48] ..................................................................................... 52

Figura 60 - Sistema de monitorização Solar Log [50] ........................................................ 53

XVII

Figura 61 – Telecontagem da EDP em Excel ...................................................................... 56

Figura 62 – Importação dos valores da telecontagem para a folha desenvolvida pela CK . 57

Figura 63 – Excerto da folha de Excel a ser importada para o software PVsyst ................. 57

Figura 64 – Software de modelação 3D em SketchUp ........................................................ 64

Figura 65 – Georreferenciação do sistema de autoconsumo fotovoltaico ........................... 64

Figura 66 – Modelação do edifício onde vai ser instalado o sistema de autoconsumo

fotovoltaico .......................................................................................................................... 65

Figura 67 – Introdução de valores do Skelion ..................................................................... 65

Figura 68 – Modelo 3D do edifício com a instalação fotovoltaico numa estrutura

complanar ............................................................................................................................ 66

Figura 69 – Georreferenciação no PVsyst ........................................................................... 67

Figura 70 – Inclinação da estrutura dos módulos fotovoltaicos .......................................... 67

Figura 71 – Escolha dos módulos fotovoltaicos e inversores .............................................. 68

Figura 72 – Gráfico do dimensionamento do array ............................................................ 69

Figura 73 – Seleção da secção dos cabos fotovoltaicos ...................................................... 69

Figura 74 – Esquema de ligação do sistema fotovoltaico ................................................... 70

Figura 75 – Escolha das variáveis para o projeto ................................................................ 71

Figura 76 – Consumos e previsões da instalação fotovoltaica ............................................ 72

Figura 77 – Diagrama de perdas do sistema fotovoltaico ................................................... 72

Figura 78 - Seleção da tarifa ................................................................................................ 74

Figura 79 – Gráfico com os consumos ................................................................................ 75

Figura 80 – Representação gráfica do período de retorno de investimento ........................ 76

Figura 81 – Tabela resumo .................................................................................................. 79

Figura 82 - Bomba helicoidal e bomba centrífuga .............................................................. 81

Figura 83 - Disposição do sistema de bombagem solar [53] ............................................... 84

Figura 84 - Escolha do sistema de bombagem .................................................................... 85

Figura 85 – Software COMPASS 3.1 (painel introdução parâmetros) ............................... 85

Figura 86 – Caudal diário e caudal horário ......................................................................... 87

Figura 87 – Médias diárias do sistema de bombagem ......................................................... 87

Figura 88 – Esquema elétrico de ligação dos módulos fotovoltaicos.................................. 88

XIX

Índice de Tabelas

Tabela 1 - UPAC vs UPP [36] ............................................................................................. 21

Tabela 2 - Dados do módulo fotovoltaico [51] ................................................................... 59

Tabela 3 – Dados do inversor Fronius Symo 20.0-3-M de 20kW [52] ............................... 60

Tabela 4 – Input dos valores das variáveis .......................................................................... 73

Tabela 5 – Tabela do ciclo horário (tetra-horário) .............................................................. 74

Tabela 6 – Considerações para o estudo económico-financeiro.......................................... 75

Tabela 7 – Indicadores revelantes para estudo económico-financeiro ................................ 76

Tabela 8 – Valores da tarifa de energia elétrica com base no aumento percentual anual para

os diferentes períodos horários ............................................................................................ 77

Tabela 9 – Valores de energia elétrica utilizados para autoconsumo e poupança mensal .. 78

XXI

Listas de abreviaturas e siglas

AC – Corrente Alternada

AGM – Absorbent Glass Material

AQS - Águas Quentes Sanitárias

CIAF -Curso Intensivo em Autoconsumo Fotovoltaico

CIEG – Índice Económico Geral

CK – Critical Kinetics

CNAF – Congresso Nacional de Autoconsumo Fotovoltaico

CUR – Comercializador de Último Recurso

DC – Corrente Contínua

DC/AC – Corrente Contínua para Corrente Alternada

DC/DC – Corrente Contínua para Corrente Contínua

DGEG - Direção Geral de Energia e Geologia

DOD – Depht of Discharge

DSP – Processo digital de sinal

EDP – Energia de Portugal

Eng.º- Engenheiro

EPIA -European Photovoltaic Industry Association

ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos

XXII

FV – Fotovoltaico

LCOE – Levelizad Cost of Energy

MPPT – Maximum Power Point Tracking

PRIA – Payback com atualização de capital

PV – Photovoltaic

RESP – Rede elétrica de serviço público

ROI – Return on Investment

ORD – Operador da Rede de Distribuição

SEN- Sistema Elétrico Nacional

TIR – Taxa Interna de Rentabilidade

TON – Toneladas

UPAC - Unidades de Produção Autoconsumo

UPP - Unidades de Pequena Produção

VAL – Valor Atualizado Líquido

VRLA – Valve Regulated Lead Acid

VBA – Visual Basic Applications

S. – São

SRUP – Sistema de Registo de Unidades Produção

STC – Standard Test Conditions

3D – Três Dimensões

XXIII

Listas de símbolos

A – Ampere

CdS - Sulfureto de Cádmio

GaAs - Arseneito de Gálio

Ge- Germânio

GW - GigaWatt

I – Corrente

I-V – Relação entre corrente e tensão

kW- kilo Watt

kWh – kilo Watt hora

kWh/mês – kilo Watt hora por mês

kWn – kilo Watt nominal

kWp- kilo Watt pico

MWp – Mega Watt pico

m – metros

mm – milímetros

mm2 – milímetros quadrados

MW-Mega Watt

Pn – Potência nominal

XXIV

Pp – Potência de pico

Si - Silício

U – Tensão

V – Volt

Wp – Watt pico

W/m2 – Watt por metro quadrado

€ - Euro

€/mês – Euro/mês

€/kWh – euro por kilo Watt hora

% -Percentagem

® - Registado

ºC – Graus Celsus

ºK – Graus Kelvin

1

1. Introdução

Na realização deste estágio foi importante possuir conhecimentos sobre energias

renováveis, em especial, sistemas fotovoltaicos. Para melhorar os conhecimentos adquiridos

na disciplina de Geração e Armazenamento de Energia a empresa proporcionou-me

formação, com a participação no curso CIAF que consiste no estudo em sistemas de

autoconsumo com uma duração de 40 horas. Este curso foi importante, já que permitiu

adquirir conhecimento dos vários sistemas de autoconsumo.

Portugal é um país com poucos recursos fósseis, nomeadamente, petróleo, gás natural e

carvão mineral, o preço destes recursos oscilam em função da oferta e da procura dos

mercados.

A dependência energética acentuou-se nos últimos anos, para responder a esta

problemática surge a implementação de energias renováveis, como a Eólica e a Fotovoltaica.

A energia produzida é 100% limpa (no local onde está a ser produzida) e reduz as

emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa. O investimento em energias

renováveis contribui para a independência energética.

A produção descentralizada de energia apresenta, como vantagem geral, o consumo nas

imediações do local da produção, sendo o excedente injetado na RESP para chegar a lugares

mais remotos.

Neste relatório irei descrever dois projetos que realizei na empresa, projetos de energia

fotovoltaica que estão nos capítulos 5 e 6, um de autoconsumo fotovoltaico e o outro de

bombagem solar. Estes dois projetos foram dois dos vários que elaborei ao longo deste

estágio.

3

2. Apresentação da Empresa

A Critical Kinetics Unip., à frente denominada apenas por CK, é uma empresa na área

das energias renováveis, apostando forte na Energia Solar.

A CK tem a sua sede localizada em Torres Novas, tem escritórios espalhados pelo país

em Lisboa, Montemor-o-Velho, Matosinhos e S. Brás de Alportel.

A empresa possui vários departamentos como está demonstrado na seguinte figura 1.

Figura 1- Departamentos da Critical Kinetics

A SMARTPV tem soluções para autoconsumo, oferece uma gama de produtos e

serviços tecnológicos. Este departamento conta com um serviço personalizado que associa

soluções de energia solar fotovoltaica adaptadas a cada cliente [1].

4

A AGRO CK foi concebida para apoiar e apresentar soluções tecnológicas para os

setores da agroindústria. Estes setores da atividade económica podem beneficiar de soluções

tecnológicas com vista a melhorar o desempenho e eficiência dos seus negócios, com

destaque para a utilização das energias renováveis, principalmente com o aproveitamento da

Energia Solar [2].

A CK Solar Academy como o nome indica é uma academia de formação que tem

como objetivo oferecer formação na área Energia Solar, onde se considera que a oferta de

mercado é escassa ou de qualidade insuficiente. A CK Solar Academy leciona em diversos

países de língua portuguesa (Angola, Brasil e Moçambique). Os cursos lecionados são

certificados pela AHPTUS- Academia de Competências. Também este departamento

organiza eventos anuais como o CNAF e a AGROTECNOLÓGICA [3].

O departamento LED 21 é especializado em iluminação, tem como missão satisfazer

as necessidades luminotécnicas de todo o tipo de consumidores, do sector residencial,

serviços ou do sector industrial de uma forma eficiente [4].

O departamento da Mobilidade 21 apresenta uma gama de veículos elétricos amigos

do ambiente, que vão ao encontro das necessidades de mobilidade [5].

CK COMFORT apresenta as melhores soluções de climatização e produção de AQS

de Base Renovável e Convencional [6].

A CK EFFICIENY oferece soluções de Eficiência Energética, serviços de

Certificação Energética e Auditorias Energéticas [7].

A Research & Development é o departamento que aposta no trabalho dos recém-

licenciados, a CK acolhe alunos finalistas, de diversas instituições, possibilitando-lhes um

contacto próximo com a realidade de projeto e obra, promovendo, em simultâneo, condições

para que desenvolvam os seus trabalhos de investigação. A CK tem protocolo com o Instituto

Politécnico de Tomar, Instituto Politécnico de Leiria, Universidade de Lisboa, Instituto

Superior Técnico, Universidade Católica Portuguesa, Escola Profissional de Almada e

Instituto Superior de Engenharia de Coimbra [8].

5

2.1- Missão

As preocupações ambientais, sociais e económicas assumem um papel fundamental

numa sociedade que augura por um desenvolvimento sustentável. Considerando esta

premissa, a CK trabalha diariamente com o objetivo de promover um uso tão racional quanto

possível dos recursos energéticos disponíveis sejam eles finitos ou renováveis. A empresa

foi criada com o objetivo de ser a primeira organização em Portugal a juntar o saber fazer ao

saber ensinar numa área de conhecimento tão específica quanto a da Energia Solar [9].

2.2- Visão

A CK visa conquistar a confiança de todos os seus clientes sendo eles particulares,

empresas e instituições e afirmar-se como entidade reconhecida no mercado de Energia [10].

Ao trabalhar, dia após dia, para construir uma estrutura sólida, que garanta condições

dignas a todos os colaboradores e assim lhes permita alcançar a sua realização profissional

e humana. Quer ser uma empresa conhecida pela vontade de fazer bem, pela disponibilidade

para partilhar oportunidades com outras entidades já instaladas no mercado e crescer em

conjunto com elas [10].

2.3- Valores

Os valores da empresa são a dedicação, inovação, seriedade, profissionalismo,

confiança, respeito, ambição, transparência e lealdade. São estes os valores que a empresa

oferece ao mercado, para criar laços com o cliente [11].

7

3- Estado da Arte

Nestas seções vai-se falar da história e evolução da energia fotovoltaica

3.1 – História da Tecnologia Fotovoltaica

Tudo começa com uma ideia de transformar irradiação solar em energia elétrica.

Em 1817, o químico sueco Jöns Jacob Berzelius descobre o elemento químico do

Selénio [12].

Figura 2 - Jöns Jacob Berzelius (1779-1848) [13]

Em 1839, Alexandre Edmond Becquerel, físico experimental francês, descobriu o

efeito fotovoltaico num eletrólito. Foi o primeiro a observar que placas metálicas, de platina

ou prata mergulhadas num eletrólito, produzem uma diferença de potencial quando expostas

à luz. Embora não reconhecido pela ciência, mesmo sendo o primeiro componente

fotovoltaico criado [13] [14].

8

Figura 3 – Alexandre Edmond Becquerel (1820-1891) [15]

Em 1873, engenheiro eletrotécnico inglês Willoughby Smith descobriu o efeito

fotovoltaico num material semicondutor, o Selénio. Este provou que este material possuía a

propriedade de transformar energia luminosa em energia elétrica. [12].

Figura 4 - Willoughby Smith (1828-1891) [12]

9

Em 1877 o físico e engenheiro William Grylls Adams e Richard Evans Day

construíram a primeira célula fotovoltaica baseada em dois elétrodos de selénio que

produzem corrente elétrica quando expostos à irradiação [16].

Figura 5 – William Adams (1836-1915) [17]

Em 1883 Charles Fritts, um inventor americano, descreveu as primeiras células

solares construídas a partir de “wafers” de Selénio [17].

Heinrich Hertz em 1887 descobriu que a influência da irradiação ultravioleta na

descarga elétrica provoca uma faísca entre dois elétrodos do metal [17].

Figura 6 –Heinrich Hertz (1857-1894)[18]

10

Hallwachs em 1904 descobriu que uma combinação de metais eram sensíveis à luz

[17].

Figura 7- Wilhelm Hallwachs (1859-1922) [19]

Millikan forneceu a prova experimental do efeito fotoelétrico [17].

Figura 8 – Robert Andrews Millikan (1868-1953) [20]

Em 1918 o cientista polaco Czochralski desenvolveu um processo de crescimento de

cristais de Silício a partir de um único cristal [17].

11

Figura 9-Jan Czochralski (1885-1953) [21]

Em 1923 Albert Einstein recebeu o prémio Nobel pelos trabalhos do efeito

fotoelétrico [17].

Figura 10 - Albert Einstein (1879-1955) [22]

Entre 1940 a 1950 desenvolve-se o método Czochralski para obtenção de Silício de

elevado grau de pureza, sob a forma de lingote monocristalino, para fins industriais [17].

Em 1951 foi possível produzir células a partir de um único-cristal de Germânio [17].

12

Em 1954 Gerald Pearson, Robert Fuller e Daryl Chapin procederam à realização

prática da primeira célula solar de Si monocristalino. Também nesse ano Welker fez a

descoberta do efeito fotovoltaico no Arseneito de Gálio (GaAs), e em cristais de Sulfureto

de Cádmio (CdS), por Reynolds e Leies [17].

Em 1956 começaram-se a usar as primeiras aplicações terrestres da conversão

fotovoltaica como as luzes de flash, bóias de navegação ou telecomunicações [17].

Em 1958 na história aeroespacial foi aplicado painéis fotovoltaicos no

VANGUARD-1 que continuaram com o satélite EXPLORER-6, a nave espacial NIMBUS

(1964) com um sistema de 470 Wp, o observatório ORBITING (1966) com 1 kWp e o

satélite OVI-13 (1968), lançado com dois painéis de CdS [17].

Figura 11 – VANGUARD-1 [23]

Figura 12 – EXPLORER-6 [24]

13

Figura 13 – NIMBUS [25]

Em 1959 foram realizadas as primeiras células de Si multicristalino [17].

Em 1963 no Japão, foi instalado num farol um sistema com 242Wp fotovoltaicos (o

maior do mundo desse tempo) [17].

Em 1976 foram fabricadas as primeiras células de Si amorfo [17].

3.2 – Evolução da Energia Fotovoltaica

O grande impulso para o desenvolvimento fotovoltaico veio do petróleo, com a crise

petrolífera de 1973, e o aumento do petróleo em 400%. Com este aumento levou a um forte

investimento em programas de investigação para reduzir o custo de produção das células

solares. A partir daí apareceram ideias inovadoras, como a utilização de novos materiais

[14].

Nos anos 80 e 90 o investimento em programas de financiamento e de demonstração

continuou, para encontrar alternativas aos combustíveis fósseis, para produção de energia

elétrica [14].

14

“Os governos da Alemanha e do Japão foram os primeiros a compreender que a

criação do mercado fotovoltaico não poderia basear-se apenas no desenvolvimento

tecnológico, mas também ser incentivado por meio de incentivos no sentido de criar massa

crítica no mercado. Um estudo financiado pela Comissão Europeia, o MUSIC FM, mostrou

recentemente que, utilizando tecnologia atual melhorada apenas por investigação focada

com resultados previsíveis, uma fábrica de painéis solares com um nível de produção da

ordem dos 500 MW anuais levaria a uma redução dos custos dos painéis solares para valores

competitivos com a eletricidade convencional (1 euro/Wp). Estes resultados vêm confirmar

que esta tecnologia não está longe de se tornar competitiva, e que as economias de escala

são determinantes” [26].

“O apoio político foi aliás o catalisador de um desenvolvimento exponencial, em

1999 o total acumulado de painéis solares atingia 1 GW, para duplicar três anos depois.

Como era esperado, o desenvolvimento tecnológico do fotovoltaico acompanhou esse

crescimento. Em 1998 foi atingida a eficiência de conversão recorde de 24,7% (em

laboratório) com células em silício monocristalino, e em 2005, cientistas do alemão

Fraunhofer Institut for Solar Energy Systems anunciaram uma eficiência superior a 20%

para células em silício multicristalino. Entretanto, com células solares com configurações

mais complexas, as chamadas células em cascata, que consistem na sobreposição de várias

células semicondutoras otimizadas para diferentes comprimentos de onda da irradiação,

permitem já atingir rendimentos de conversão superiores a 34%” [26].

3.3 – Energia Fotovoltaica em Portugal

Portugal é um país com escassos recursos energéticos fósseis, a escassez desses

recursos conduz a uma elevada dependência energética do exterior, nomeadamente das

importações de fontes primárias de origem fóssil. Assim houve um investimento em energias

renováveis, para lutar contra a dependência energética

15

Figura 14 – Taxa de dependência energética [27]

As energias renováveis foram vistas pelo governo português como essenciais no

desenvolvimento económico, energético e social do País, sendo mesmo uma das principais

bandeiras do governo do Eng.º José Sócrates [28].

Hoje, a crise económica e a política de austeridade, em Portugal, retirou às energias

renováveis parte da sua importância no contexto socioeconómico do País. Na verdade, e

apesar de Portugal ser um dos países da Europa com maior exposição solar (como se pode

ser nas figuras 15 e16), ele é somente o 12º do ranking dos maiores produtores de energia

solar na Europa, segundo a EPIA [28].

16

Figura 15 – Irradiação Solar na Europa [29]

Figura 16 - Irradiação em Portugal [30]

17

Figura 17 – Potência Instalada [31]

Figura 18 – Produção Anual [31]

18

Ao observar as figuras 17 e 18 até fevereiro de 2016 pode-se constatar que em

Portugal, a potência instalada em fotovoltaico aumentou de ano para ano, como comprova a

produção anual.

O maior parque de energia fotovoltaica em Portugal e o 133º maior parque do mundo,

está situado na Amareleja, este parque solar tem uma potência 46 MWp [32].

Figura 19 – Central Fotovoltaica da Amareleja [32]

Este parque é composto na sua totalidade por seguidores solares. Estes seguidores

seguem o movimento do sol ao longo do dia aumentado a produção dos módulos

fotovoltaicos. Com este sistema a central consegue um rendimento anual 25 a 40% superior

a um sistema fixo.

19

4- Autoconsumo Fotovoltaico: Abordagem Tecnológica

Nas próximas secções vai-se falar dos sistemas de autoconsumo, como está dividido

os sistemas e a sua tecnologia.

4.1 -O que é um autoconsumo fotovoltaico?

O autoconsumo é a utilização de painéis solares fotovoltaicos para a produção de

energia para consumo próprio com ou sem recurso a baterias.

Os sistemas fotovoltaicos podem ser classificados em três tipos:

-Sistemas isolados ou autónomos com ou sem armazenamento;

-Sistemas híbridos com ligação a mais de uma fonte de energia para além da

fotovoltaica;

-Sistemas fotovoltaicos com ligação à RESP.

Toda a informação sobre a produção de energia destinada ao autoconsumo e à venda

de RESP a partir de recursos renováveis está legislado pelo Decreto-Lei n.º 153/2014, de 20

de outubro.

4.2 - UPAC (Unidades de Produção Autoconsumo) vs UPP (Unidades de

Pequena Produção)

As UPAC produzem para satisfazer necessidades de consumo das instalações a elas

associadas. Pretende-se que uma larga percentagem da energia consumida nas instalações

seja proveniente do sistema fotovoltaico, indo buscar a restante necessidade à RESP. Nas

UPAC pretende-se uma adequação da capacidade de produção ao regime de consumo

existente no local, minimizando a injeção de energia na RESP [33].

No entanto, eventuais excedentes de produção, podem ser injetados na RESP,

evitando o desperdício.

20

Figura 20 – Exemplo de uma UPAC

Figura 21 – Processo relativo ao licenciamento de uma UPAC com potência superior a 1500W [34]

A energia produzida por uma UPP é totalmente injetada na RESP. Neste tipo de

instalação a produção proveniente do sistema fotovoltaico é injetada na totalidade na RESP.

A instalação de consumo associada recebe toda a energia proveniente do respetivo

comercializador. A atribuição da tarifa é baseada em leilão com desconto à tarifa base.

Mantendo os requisitos de produção indexados ao consumo de eletricidade existente na

instalação de consumo associada [35].

21

Figura 22 – Exemplo de uma UPP

Figura 23 – Processo relativo ao licenciamento de uma UPP [34]

Tabela 1 - UPAC vs UPP [36]

22

4.3 -UPAC enquanto sistema isolado

Os sistemas isolados permitem que se tenha energia elétrica em pontos onde por

exemplo não exista RESP. A energia produzida por um sistema fotovoltaico isolado vai ser

utilizada para alimentar a instalação na totalidade.

As UPAC enquanto sistemas isolados, podem ser de dois tipos, com armazenamento

e sem armazenamento.

4.3.1-Com armazenamento

Devido ao facto de o sistema fotovoltaico só gerar energia elétrica nas horas de sol,

caso se pretenda usar energia elétrica fora destas horas tem de existir sistemas de

armazenamento como é o caso das baterias, para além disso salvaguarda também os dias

nublosos ou chuvosos. Estes sistemas requerem um adequado dimensionamento das baterias

e são muito dispendiosos. As baterias são dimensionadas de acordo com a necessidade do

consumidor.

Um sistema isolado com armazenamento é constituído por um conjunto de painéis,

uma ou mais baterias, um regulador de carga e/ou um inversor (o regulador de carga e o

inversor podem estar no mesmo equipamento).

Figura 24 - Sistema fotovoltaico isolado com armazenamento

23

Nestes sistemas a utilização de inversores é imposto pelo tipo de cargas a alimentar,

se por acaso as cargas forem alimentadas em DC, não existe necessidade de colocar inversor,

apenas um regulador de carga, que vai gerir a carga das baterias.

Já existem no mercado, soluções em que o regulador de carga e inversor estão no

mesmo equipamento, este tipo de solução está no entanto limitada pela potência da

instalação.

4.3.2-Sem armazenamento

Estes sistemas são caraterizados pelo facto de só disponibilizarem energia durante as

horas de sol, pelo que, a energia produzida tem de ser logo consumida.

Apesar deste facto estes sistemas podem ser bastante úteis por exemplo em sistemas

de bombagem de água. Estes sistemas são mais baratos, pois não utilizam baterias.

Figura 25 – Sistema fotovoltaico isolado sem armazenamento

4.4 -Sistemas híbridos

Os sistemas híbridos consistem na fusão de sistemas fotovoltaicos com outras fontes

de energia. Estas podem assegurar a carga das baterias ou alimentar a própria instalação, na

ausência de sol. As fontes de energia alternativas podem ser, um aerogerador ou um grupo

gerador a combustível (diesel/gás), ou até com os dois, em último caso pode mesmo ser a

RESP.

24

Estes sistemas têm de estar equipados com sistemas de controlo mais eficientes do

que os isolados, já que tem a necessidade de colocar em funcionamento a “nova” fonte de

energia em funcionamento quando não existe sol.

Figura 26 – Sistema Híbrido Isolado [35]

4.5- UPAC com ligação à RESP

Uma UPAC com ligação à RESP permite que a instalação tenha um sistema

fotovoltaico e ao mesmo tempo esteja ligado à RESP.

Este tipo de sistemas podem dividir-se em sistemas com venda do excedente à rede

ou sem venda do excedente.

No caso de o cliente optar por vender o excedente ao comercializador de energia, a

energia elétrica produzida pelo sistema fotovoltaico é maioritariamente consumida na

instalação sendo o excedente vendido a 0,045€ o kWh atualmente (sendo que este valor é

atualizado anualmente).

No caso do cliente optar por não vender o excedente ou a instalação consegue

absorver toda a energia produzida pelo sistema fotovoltaico ou o excedente é enviado para

a RESP gratuitamente.

25

Este facto torna muito importante o dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos, já

que a potência da UPAC não deve ser superior às necessidades da instalação para que não

haja venda à RESP, ou o Payback do sistema fotovoltaico torna-o pouco atrativo.

4.6-Modulos/células solares fotovoltaicas

4.6.1-Modelo equivalente de uma célula fotovoltaica

O comportamento de uma célula fotovoltaica é equivalente ao de um díodo de junção

PN, na figura 27 está representado uma célula, esta tem o comportamento de uma fonte de

corrente.

Figura 27 – Célula fotovoltaica e modelo equivalente ideal alimentando uma carga Z [37]

𝐼(𝐴) = 𝐼𝐿 − 𝐼𝐷=𝐼𝐿−𝐼𝐷 × (𝑒

𝑉

𝑚×𝑉𝑇 − 1) (Equação 1)

Em que:

𝐼-corrente na carga

𝐼𝐿- fonte de corrente , representa a corrente elétrica gerada pelo feixe de

irradiação luminosa ao atingir a superfície ativa da célula

𝐼𝐷-corrente através do díodo

m- representa o fator de idealidade do díodo

Z – carga

26

O 𝑉𝑇 (potencial térmico) é obtido pela seguinte equação:

𝑉𝑇(𝑉) =

𝑘 × 𝑡

𝑞

(Equação 2)

Em que:

k=1,38×10−23, k é a contante de Boltzman

t é a temperatura da célula (ºK)

q= 1,38×10−23C, é a carga do eletrão

Quando não há irradiação solar incidente na célula fotovoltaica tem o comportamento

representado na figura 28.

Figura 28-Circuito Equivalente e curva característica da célula sem luz solar [37]

A equação 3 diz qual a variação de intensidade da corrente 𝐼𝐷 que se fecha através

do díodo com uma diferença de potencial aos terminais, é a equação de Shocklay:

𝐼𝐷 = 𝐼0 × (𝑒

𝑉

𝑚×𝑉𝑇 − 1) (Equação 3)

Em que:

27

𝐼0 – É a corrente inversa máxima de saturação do díodo;

V – É a tensão aos terminais da célula;

m – É o fator de identidade do díodo (díodo ideal: m=1; díodo real: m>1);

𝑉𝑡 – É designado por potencial térmico

Figura 29 – Descolamento das curvas I-V de uma célula exposta à escuridão [37]

O valor da corrente de saída da célula é dado por:

𝐼𝐷 = 𝐼0 × (𝑒

𝑉

𝑚×𝑉𝑇) (Equação 4)

Ao iluminar a célula, surgirá uma corrente elétrica (𝐼𝐿), gerada pelo efeito

fotoelétrico.

Quando a irradiação solar incide na célula fotovoltaica o díodo tem o comportamento

que está representado na figura 30.

28

Figura 30 - Circuito Equivalente e curva característica da célula irradiada [37]

Quando há irradiação solar, a curva característica do díodo é desviada pela

intensidade de corrente 𝐼𝐿 na direção da polarização inversa como se pode ver na figura 31.

Figura 31 – Curvas I-V, sob condição de incidência de irradiação solar [37]

Quanto maior a intensidade da irradiação solar sobre a célula fotovoltaica, maior é

o deslocamento da curva I-V sobre o eixo de referência.

𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝐿 (Equação 5)

A tensão máxima aos terminais da célula fotovoltaica em circuito aberto é 𝑉𝐶𝐴, em

que:

𝑉𝐶𝐴 = 𝑚 × 𝑉𝑇 × ln (1 +

𝐼𝑆

𝐼0)

(Equação 6)

29

Resumindo, a célula fotovoltaica comporta-se como um díodo quando não há luz

incidente nela, quando a célula está sob a irradiação solar comporta-se como uma fonte de

corrente.

As condições nominais de teste STC, normalizadas para a realização das medidas dos

parâmetros característicos da célula, são estipuladas com condições de referência:

Irradiação incidente: 𝐺𝑟 = 1000𝑊/𝑚2

Temperatura: 𝜃𝑟 = 25 º𝐶 < −> 𝑇𝑟 = 298,16𝐾

A corrente de curto-circuito é função de irradiação incidente, podendo o seu valor ser

calculado da seguinte maneira:

𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝐶𝐶

𝑟 ×𝐺

𝐺𝑟

(Equação 7)

O rendimento é a relação entre a potência de pico e a potência de irradiação incidente:

𝜂𝑟 =

𝑃𝑚𝑎𝑥𝑟

𝐴 × 𝐺𝑟

(Equação 8)

Em que:

A- é a área da célula.

Para outras condições de funcionamento, será:

𝜂 =

𝑃𝑚𝑎𝑥

𝐴 × 𝐺

(Equação 9)

Em que:

G – irradiação solar incidente

4.6.1.1-Modelo real de uma célula fotovoltaica

Na fig. 32 está representado o modelo real de uma célula fotovoltaica.

30

Figura 32 – Circuito equivalente do modele real de uma célula fotovoltaica [37]

Este modelo contém as resistências 𝑅𝑆 e 𝑅𝑃 que estabelecem separadamente as

perdas de tensão e de corrente.

A resistência em série (𝑅𝑆) é a resistência da própria célula, está a representar as

perdas por efeito Joule. Esta resistência que junta a resistência elétrica do material com a

resistência dos contactos metálicos.

A resistência em paralelo (𝑅𝑃) é a resistência do próprio fabrico e que caracteriza as

correntes parasitas que circulam na célula devido às imperfeições da estrutura do material.

Estas duas resistências são responsáveis por baixar a curva de características da

célula solar, também têm ambas influência na redução do fator de forma, assim como valores

muito elevados na resistência série e valores muito baixos na resistência paralelo provocam

uma redução na corrente de curto-circuito e na tensão de circuito aberto.

A corrente que chega à carga é determinada pela seguinte equação:

𝐼 = 𝐼𝐿 − 𝐼𝐷 − 𝐼𝑃 = 𝐼𝐿 − 𝐼0 × (𝑒

𝑉

𝑚×𝑉𝑇 − 1) −𝑉 + 𝑅𝑆 × 𝐼

𝑅𝑃

(Equação 10)

31

Figura 33 – Influência da resistência em serie na célula fotovoltaica [37]

Figura 34 – Influência da resistência em paralelo na célula fotovoltaica [37]

4.6.2-Tipo de células fotovoltaicas

No mercado existem três tipos principais de células fotovoltaicas, conforme o método

de fabricação:

32

Células de silício monocristalino: este tipo de células são feitas de material mais

usado na composição das células fotovoltaicas, com cerca de 60% do mercado. Este tipo de

células apresentam as maiores eficiências. O rendimento máximo atingido em laboratório

ronda os 24% e na prática é cerca de 15% [38].

Figura 35 – Células de silício monocristalino [39]

Células silício policristalino: são produzidas a partir de blocos de silício

obtidos por fusão de bocados de silício puro em moldes especiais, a cota de mercado

é cerca de 30%. Estas células são mais baratas que as de silício monocristalino. A

eficiência, no entanto, cai um pouco em comparação as células de silício

monocristalino (na ordem dos 12% podendo subir até 18% em laboratório) [38].

Figura 36 – Células de silício policristalino [39]

Células de Silício Amorfo: este tipo de célula difere das demais estruturas

cristalinas por apresentar um alto grau de desordem na estrutura dos átomos. Estas

células são obtidas por meio da deposição de camadas muito finas de silício sobre

superfícies de vidro ou metal. O processo de fabricação é mais barato do que o de

33

silício policristalino. O uso de silício amorfo apresenta um rendimento de 13% em

laboratório e na prática tem cerca de 6% [38].

Figura 37 – Célula de Silício de Amorfo [39]

4.6.3.1-Características e constituição dos módulos fotovoltaicos

Na figura 38 temos uma célula, um módulo e uma instalação com vários módulos.

Figura 38 – Célula fotovoltaica, Painel fotovoltaico e Instalação fotovoltaica [17]

O módulo fotovoltaico é formado por uma conexão de varias células fotovoltaicas

em serie e/ou em paralelo que permite adaptar aos níveis de tensão e de corrente.

34

Figura 39 – Ligação das células no módulo Fotovoltaico [40]

Figura 40 – Constituição de um módulo fotovoltaico [37]

Figura 41 – Modulo fotovoltaico em pormenor [37]

35

Figura 42 – Constituição do módulo fotovoltaico [37]

Figura 43 – Ligação interna de um módulo fotovoltaico [37]

Para calcular a intensidade de corrente há que ter o número de células em paralelo:

𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝐶𝐶 𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎 × 𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 (Equação 11)

Para calcular a tensão é necessário saber o número de células em série:

𝑉𝐶𝑂 = 𝑉𝐶𝑂 𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎 × 𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 (Equação 12)

Para o cálculo da potência há que se ter em conta o número de células em série e em

paralelo:

𝑃𝑀á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 = 𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜 × 𝑁𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 × 𝑃𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 (Equação 13)

4.6.3.2-Curvas características das células e módulos fotovoltaicos

A curva caraterística do módulo tem a mesma forma que a das células, como se

pode observar na figura 44:

36

Figura 44 – Curva caraterística da célula fotovoltaica [37]

Ao analisar a curva, verifica-se que a corrente mantém-se constante desde o ponto

0,0 até um determinado valor da resistência da carga, diminuindo depois o valor da corrente.

Ao incidir luz na célula que está desligada na carga, haverá uma tensão de valor

aproximado de 0,6V, possível de ser medida a partir dos contactos que saem da célula. A

corrente de curto-circuito pode ser vista com um shunt entre os contactos com um

amperímetro [41].

Parâmetros característicos de uma célula fotovoltaica [41]:

“-Corrente de curto-circuito (𝐼𝐶𝐶 para U=0): É o valor da corrente máxima

que uma célula pode entregar a uma carga sob determinadas condições de irradiação e

temperatura correspondente a um valor de tensão nula e, consequentemente, potência nula;

-Tensão de circuito aberto (𝑈𝐶𝐶 com I=0):É o máximo valor de tensão que

uma célula pode entregar a uma carga sob determinadas condições de irradiação e de

temperatura, correspondentes a uma circulação de corrente com valor nulo e,

consequentemente, potência nula;

-Potência de pico (𝑃𝑀𝑃𝑃): É o valor máximo de potência que se pode entregar

a uma carga e corresponde ao ponto da curva no qual o produto V x I é máximo;

37

-Corrente a máxima potência (𝐼𝑀𝑃𝑃): É o valor da corrente que é entregue a

uma carga à máxima potência, sob determinadas condições de irradiação e de temperatura.

É utilizada como corrente nominal do mesmo;

-Tensão a máxima potência (𝑈𝑀𝑃𝑃): É o valor da corrente que é entregue à

carga à máxima potência, sob determinadas condições de irradiação e de temperatura. É

utilizada como corrente nominal do mesmo.”

4.6.3.3-Factor de forma e rendimento

O rendimento de uma célula fotovoltaica é o quociente entre a energia fornecida pela

célula e a irradiação solar incidente na célula.

𝜂 =

𝑃𝑚𝑎𝑥

𝐴 × 𝐺

(Equação 14)

Em que:

𝜂-rendimento em %

A-área da célula em 𝑚2

G-irradiação solar incidente por unidade de superfície em 𝑊/𝑚2

Existem fatores que afetam a eficiência de uma célula fotovoltaica, tais como [41]:

“-Perdas causadas pelas resistências internas;

-Perdas de recombinação;

-Eficiência termodinâmica, isto é, no processo de conversão da energia, terá

de se diminuir o valor da tensão para se obter um fluxo de corrente na célula, onde

existirá a denominada perda por efeito Joule que reduz a energia obtida num período

de tempo;

-Perdas por reflexão.”

38

O fator de forma indica a qualidade da célula fotovoltaica e faz comparação entre a

potência máxima obtida, relacionando a tensão e a corrente máxima com a corrente de curto-

circuito e a tensão de circuito aberto, tal como é indicado na seguinte equação [41].

𝐹𝐹 =

𝐼𝑃𝑃𝑀 × 𝑉𝑃𝑃𝑀

𝐼𝐶𝐶 × 𝑉𝑂𝐶

(Equação 15)

Em que:

𝐹𝐹- é o fator de forma

𝐼𝑃𝑃𝑀- Corrente de Maximum Power Point

𝑉𝑃𝑃𝑀- Tensão de Maximum Power Point

𝐼𝐶𝐶-Corrente de Curto-Circuito

𝑉𝑂𝐶-Tensão de Circuito Aberto

Figura 45 – Calculo para o fator de forma [37]

39

Figura 46 – Calculo para o fator de forma [37]

4.6.3.4-Potência de uma célula fotovoltaica e potência produzida por

um módulo fotovoltaico

Para determinar a potência de cada célula fotovoltaica divide-se o valor total da

potência do módulo pelo número de células que constitui o módulo fotovoltaico, obtendo

assim o valor de potência de cada células.

𝑃𝐶É𝐿𝑈𝐿𝐴 =

𝑃𝑀Ó𝐷𝑈𝐿𝑂

𝑁𝐶𝐸𝐿𝑈𝐿𝐴𝑆

(Equação 16)

A energia produzida por um módulo fotovoltaico é determinada através da equação.

𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑃𝑅𝑂𝐷𝑈𝑍𝐼𝐷𝐴 = 𝑃𝑃𝐼𝐶𝑂 × 𝑁º ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 (𝑘𝑊ℎ) (Equação 17)

4.6.3-Díodos by-pass e díodos de fileira

O fabricante mete díodos by-pass nos módulos fotovoltaicos para evitar correntes em

sentido contrário.

40

Figura 47- Díodo by-pass num módulo fotovoltaico [37]

Quando associados vários módulos, quando houver uma avaria num módulo, usam-

se normalmente díodos by-pass em paralelo com o módulo. A sua função é desviar a corrente

produzida para outros módulos, ficando assim inativo. Quando há módulos ligados em

paralelo, são utilizados díodos de fileira para evitar curto-circuitos e correntes inversas entre

fileiras [41].

Figura 48 – Díodos de by-pass e díodos de fileira [37]

4.6.4-Efeitos dos sombreamentos nos módulos fotovoltaicos

As sombras que se formam sobre os painéis fotovoltaicos podem classificar-se em

três categorias [41]:

“-Sombras temporárias, causadas por efeitos tais como folhas que caem, neve,

excrementos de aves, poeiras e partículas de contaminação;

41

-Sombras causadas pela localização da instalação, são as sombras produzidas

pelos edifícios circulantes e outros elementos que o rodeiam.

-Sombras causadas pelo edifício, como por exemplo, as chaminés, antenas,

telecomunicações.

Estes tipos de sombreamento podem ter consequências graves, tanto na eficiência

como na segurança do módulo fotovoltaico.”

Se cair uma folha no módulo fotovoltaico (como está representado na figura 49), em

que uma célula fique totalmente escura, esta passará a estar inversamente polarizada,

atuando como uma carga elétrica e convertendo a energia elétrica em calor. Se a corrente

que atravessa o local for elevada, poderá resultar em um ponto quente. Se houver um

sombreamento em algum módulo ou célula, a fonte de corrente desaparece e esta vai

comportar-se como uma resistência que é atravessada por uma corrente que foi produzida

nos outros módulos, podendo este ficar com um valor de tensão inversa muito elevado e

provocar o aparecimento de um ponto quente no circuito, que pode originar a destruição do

próprio módulo [41].

Figura 49 – Fileira fotovoltaico com um módulo sombreado [37]

Para que não haja pontos quentes, a corrente deve ser desviada da célula através de

uma derivação da corrente. Esta derivação da corrente é alcançada através de um díodo de

by-pass, ligado em anti-paralelo com as células, este impede o aparecimento de tensões

inversas elevadas nas células [41].

42

Figura 50 – Modulo fotovoltaico sombreado com díodos de by-pass [37]

4.7-Baterias de acumuladores – constituição e princípio de funcionamento

As baterias são um elemento importante nos sistemas fotovoltaicos. Permitindo

armazenar energia elétrica.

Existem vários tipos de baterias de acumuladores. As baterias AGM, as VRLA e as

de iões de lítio são utilizadas em sistemas fotovoltaicos.

Os acumuladores são constituídos por diferentes materiais com diferentes

características. Para uma escolha adequada para o sistema que se pretende dimensionar é

preciso conhecer as características dos diferentes tipos de baterias [42].

4.7.1-Modelo de funcionamento de uma bateria

43

Figura 51 – Circuito equivalente da uma bateria [43]

Na figura 51 está representado o esquema elétrico de uma bateria que é compostos

por uma fonte de tensão ideal Vi e por uma resistência Ri, esta resistência possui um

comportamento dinâmico ao longo dos processos de carga e descarga.

Durante a carga, a tensão da bateria:

𝑉𝐵 = 𝑉𝑖 + 𝑅𝑖 × 𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 (Equação 18)

Sendo a corrente de carga da bateria dada por:

𝐼𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 = 𝐼𝐺𝐸𝑅𝐴𝐷𝐴 − 𝐼𝐶𝑂𝑁𝑆𝑈𝑀𝐼𝐷𝐴 (Equação 19)

Para a descarga, vem:

𝑉𝐵 = 𝑉𝑖 − 𝑅𝑖 × 𝐼𝐷𝐸𝑆𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 (Equação 20)

Sendo a corrente de descarga da bateria:

𝐼𝐷𝐸𝑆𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴 = 𝐼𝐶𝑂𝑁𝑆𝑈𝑀𝐼𝐷𝐴 − 𝐼𝐺𝐸𝑅𝐴𝐷𝐴 (Equação 21)

Ao fazer a análise das equações anteriores, pode-se analisar o processo de carga e

descarga de uma bateria:

𝑉𝐵 = 𝑉𝑖 + 𝑅𝑖 × (𝐼𝐺𝐸𝑅𝐴𝐷𝐴 − 𝐼𝐶𝑂𝑁𝑆𝑈𝑀𝐼𝐷𝐴) (Equação 22)

44

4.7.2-Acumuladores de chumbo-ácido selados (VRLA – Valve Regulated Lead

Acid)

Este tipo de baterias é selado possuindo, no entanto, válvulas que permitem a saída

de gases quando a pressão no interior da bateria atinge níveis perigosos [42].

As baterias VLRA apresentam a vantagem de permitir a recombinação dos gases

produzidos durante o seu funcionamento, reduzindo as perdas de água, o que faz com que

não necessitem de manutenção. Possuem maior durabilidade, maiores ciclos de vida (mais

de 1000 ciclos de carga/descarga), inexistência de derrames e são sensíveis a sobrecargas,

necessitando de um controlador de carga adequado [42].

Dentro das baterias VLRA existem duas tecnologias diferentes [42]:

-As baterias de gel em que o ácido se encontra misturado com sílica,

conferindo ao eletrólito a consistência de um gel, o que mantém o eletrólito imóvel

no interior da bateria;

Figura 52 – Bateria de chumbo-ácido selada [41]

-As baterias AGM com separador de microfibras de vidro para envolver o

eletrólito. Este separador absorve o eletrólito o que evita que este se desloque

livremente no interior da bateria.

45

Figura 53-Bateria AGM [44]

4.7.3-Baterias de iões de lítio

Estas baterias são constituídas por um cátodo de lítio, um ânodo de carbono poroso

e um eletrólito composto por sais de lítio num solvente orgânico (solução não aquosa). São

leves e tem um tempo de vida útil elevado. Podem ser carregadas com correntes altas, auto-

descarga relativamente baixa, têm uma manutenção reduzida, requerem um circuito de

proteção, estão sujeitas ao envelhecimento e suportam uma vasta amplitude de temperaturas

de funcionamento [42].

Figura 54 – Bateria de iões de lítio [45]

4.7.4-Caracteristicas das baterias de acumuladores

Esta secção vai-se falar das características das baterias.

46

4.7.4.1-Capacidade

A capacidade das baterias é expressa em ampere-hora (Ah) e representa o valor

teórico de corrente que a bateria é capaz de fornecer durante uma hora de funcionamento a

25ºC. Tem a designação de 𝐶𝑛, em que o índice n indica a hora de descarga, como se pode

ver no secção seguinte (4.7.4.2) [42].

4.7.4.2-Tempo de descarga

Tempo que corresponde à duração típica do processo de descarga da bateria 𝑡𝑛. [42]

A relação direta entre a capacidade e o tempo de descarga da bateria, é expressa por:

𝐶𝑛 = 𝐼𝑛 × 𝑡𝑛 (Equação 23)

4.7.4.3-Densidade energética

Quantidade de energia que uma bateria é capaz de fornecer por unidade de volume,

para uma da taxa de descarga. A densidade energética é expressas em Watt-hora (Wh) [42].

4.7.4.4-Ciclos de vida útil

Representa o número de vezes que uma bateria pode ser carregada e descarregada até

que a sua capacidade de carga não consiga ir além de 80% da capacidade de carga nominal

[42].

4.7.4.5-Taxa de auto-descarga

Quantidade de carga perdida pela bateria, expressa em percentagem, mesmo quando

esta não se encontra em funcionamento [42].

4.7.4.6-Profundidade de descarga (DOD – Depth of Discharge)

Este parâmetro é frequentemente referido por DOD e refere-se à quantidade de carga

retirada da bateria num ciclo típico de funcionamento, expressa em percentagem da

capacidade nominal desta [42].

47

4.7.4.7- Tensão

As baterias de chumbo ácido são definidas por quatro elementos importantes de

tensões na sua operação [41]:

“-Tensão nominal: O valor de tensão nominal para um elemento ou para a

bateria, é definido pelo seguinte eletroquímico utilizado vezes o número de unidades

elementares ligadas em serie. No caso de um elemento de bateria de chumbo-ácido, este

valor é de 2V e no caso de uma bateria de 6 elementos é de 12V.

- Tensão de flutuação: É a tensão aplicada ao banco de baterias para evitar a

auto-descarga. As baterias submetidas à tensão de flutuação correta circula uma corrente

chamada corrente de flutuação, que compensa as perdas devidas às reações da auto-descarga.

-Tensão de carga: A tensão de carga é a tensão que se aplica nos casos em

que há um conjunto de baterias interligadas em série/paralelo (banco de baterias) com

tensões individuais que diferem.

-Tensão final de descarga: É o menor valor de tensão que é permitido a um

elemento da bateria chumbo-ácido atingir durante uma descarga. Normalmente, o valor de

tensão de descarga é de 1,75V/elemento.”

4.7.5-Precauções na instalação de baterias

Quando se efetua uma instalação de baterias tem que se ter em conta as seguintes

preocupações [41]:

“-Instalá-las em locais ventilados;

-Protegê-las das tempestades;

-Revestir os bornes com vaselina para evitar oxidação;

-Evitar que as baterias estejam expostas ao calor excessivo;

48

-Nunca deixar as baterias em locais onde se produzam faíscas ou chamas, isto

porque podem originar explosões devido ao hidrogénio que libertam.”

4.7.6-Manutenção das baterias

Quando se efetua uma manutenção às baterias tem que se fazer sempre os seguintes

passos [41]:

“-Manter limpos os topos das baterias para evitar possíveis curto-circuitos

resultantes da acumulação de pó húmido e de sujidade;

-Conferir se os terminais dos cabos estão bem apertados;

-Conferir o nível do eletrólito. Se necessário abrir as cápsulas de ventilação e

repor o nível máximo de eletrólito com água destilada;

-Medir as tensões do bloco e de cada célula, assim como a densidade do ácido

das células (para a carga máxima, com uma corrente de descarga nula ou aproximadamente

nula);

-Promover uma carga total e intensiva a 2,4V por célula, mantendo a

gaseificação do eletrólito por várias horas (carga de equalização), de forma a misturar a

solução eletrolítica (com exceção das baterias de gel).”

4.8-Regulador de carga

A função dos reguladores de carga é proteger os acumuladores contra as sobrecargas.

Também impede que a bateria continue a receber carga máxima, o que previne que a bateria

se venha a deteriorar por meio de gaseificação ou aquecimento. O regulador previne que a

bateria esteja sujeita a descargas profundas com o objetivo de evitar que se esgote o seu

excesso de carga, provocando uma diminuição da sua capacidade.

49

Figura 55 – Regulador de Carga [46]

Existem 4 parâmetros para os reguladores de carga que são [41]:

“-Tensão de corte de sobrecarga, 𝑉𝑠𝑐, é a tensão máxima que o regulador

permite que a bateria atinja;

-Tensão de recarregamento de carga, 𝑉𝑅𝐶, é o valor de tensão ao qual o

regulador volta a ligar o gerador fotovoltaico à bateria;

-Tensão de descarga profunda, 𝑉𝑆𝐷, da bateria abaixo do qual se interrompe o

abastecimento de eletricidade às cargas de consumo;

-Tensão de recarregamento da descarga,𝑉𝑅𝐷, é o valor de tensão ao qual se

estabelece de novo o consumo à bateria.”

4.8.1-Tipos de reguladores

Os reguladores de carga podem ser do tipo série, paralelo ou shunt e MPPT. A

diferença é como interrompem a corrente.

4.8.1.1-Reguladores série

A indicação de regulador série vem da posição dos interruptores eletrónicos em relação

ao módulo fotovoltaico, sendo que estes se encontram em série. Este tipo de reguladores

50

são constituídos por interruptores de controlo eletrónicos, isolando o módulo fotovoltaico

das baterias quando estas se encontram totalmente carregadas e, desligando as cargas das

baterias quando, durante o processo de descarga, é atingida a profundidade máxima de

descarga admissível [47].

Como se pode ver na figura 56 o interruptor S1 está em série com o módulo

fotovoltaico, quando atinge a tensão de limite da carga máxima, o controlador interrompe

o carregamento das baterias, evitando assim que elas entrem em sobrecarga. O interruptor

S2 está entre a bateria e a carga, evitando a descarga da mesma, cortando o abastecimento

de energia quando se alcança a tensão de corte por descarga profunda.

Figura 56 – Regulador de carga em serie [41]

4.8.1.2-Regulador paralelo ou “shunt”

A sua constituição deste tipo de regulador é semelhante à dos reguladores série, a

diferença está nos interruptores eletrónicos, o interruptor S1 está em paralelo com o módulo

fotovoltaico, e daí a designação paralelo ou shunt. Deste modo, a carga é controlada curto-

circuitando momentaneamente o módulo fotovoltaico, evitando correntes inversas do

mesmo [47].

Este tipo de regulador permite ainda evitar que o módulo funcione como carga durante

a noite, mantendo-o curto-circuitado durante o período noturno [47].

51

Figura 57-Regulador de carga em paralelo [41]

4.8.1.3-Regulador MPPT (Maximum Power Point Tracking)

Este regulador é o mais adequado para sistemas fotovoltaicos em que se pretende tirar

o máximo partido do módulo fotovoltaico.

A função deste regulador é buscar o ponto de potência máxima e impor ao módulo a

tensão correspondente a esse ponto, garantindo assim que o sistema opere sempre, pelo

menos, em torno desse ponto. Estes reguladores têm um conversor DC/DC para ajustar o

valor de tensão e encontre o ponto MPPT [47].

Figura 58 – Regulador MPPT [41]

4.9-Inversores DC/AC

52

O inversor DC/AC é o principal componente de uma instalação fotovoltaica e a sua

principal função é fazer a conversão DC do gerador fotovoltaico em AC.

Estes inversores têm um arranque automático, são seguros, têm uma capacidade de

resistir a picos de potência, são resistentes e podem-se ligar em paralelo com mais inversores.

Os inversores que se utilizam nas UPAC, para entrarem em funcionamento, precisam

de ter a rede elétrica, já que existe uma sincronização com a frequência da rede.

Este facto funciona também como um sistema de segurança, já que no caso de ser

preciso desligar a energia elétrica para, por exemplo, fazer uma manutenção, não existe o

risco de o sistema fotovoltaico ficar a injetar corrente na instalação.

O rendimento de um inversor é dado pela seguinte expressão:

𝜂𝑖𝑛𝑣 =

𝑃𝐴𝐶

(𝑉𝑀𝐴𝑋 × 𝐼𝑀𝐴𝑋)𝐷𝐶=

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝐴𝐶

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝐷𝐶

(Equação 24)

Figura 59 - Inversor Fronius® [48]

4.10-Sistemas de monitorização

Os sistemas de monitorização permitem monitorizar a produção da sua instalação

fotovoltaica. Pode-se comparar, analisar e visualizar todos os dados do sistema de energia

solar fotovoltaica [49].

A monitorização é essencial para poder aproveitar ao máximo o rendimento do

sistema fotovoltaico, bem como detetar antecipadamente eventuais falhas e/ou avarias. A

maioria destes sistemas para além de permitirem visualizar a informação no local, permite

53

monitorizar a instalação através da Internet em qualquer momento e a partir de qualquer

lugar. A informação é constantemente atualizada e visualizada de forma resumida e fácil de

entender. Assim, é possível controlar a produção atual, diária, mensal ou anual, permitindo

avaliar a informação e fazer comparações a longo prazo [49].

Estes sistemas permitem também analisar os consumos da própria instalação, o que

faz com que seja possível saber a quantidade de energia produzida pelo sistema fotovoltaico

que foi consumida localmente e a quantidade de energia que foi para a RESP.

Vantagens da monitorização de energia:

-Controlar a produção do sistema fotovoltaico;

-Alertas caso o sistema deixe de produzir;

-Leitura de consumos de energia;

-Desligar e ligar os seus equipamentos elétricos onde e quando o consumidor

quiser.

A maior parte destes sistemas têm contactos secos que permitem ativar cargas, ou

seja, por exemplo, no caso de não existir interesse em enviar o excedente para a RESP, pode-

se ativar uma determinada carga que vai fazer uso da energia excedente.

Figura 60 - Sistema de monitorização Solar Log [50]

54

4.11-Software para projetar um sistema de autoconsumo

Para dimensionar um sistema autoconsumo existem vários softwares no mercado.

Com estes softwares podem-se dimensionar sistemas isolados, sistemas com ligação à rede

e sistemas de bombagem solar.

Estes softwares trabalham com várias bases de dados que permitem de uma maneira

mais correta e precisa, dimensionar um sistema fotovoltaico, tendo para isso que se escolher

as varias variáveis que podem influenciar o dimensionamento do sistema como é o caso de:

-Características do local onde vai ser projetado o sistema fotovoltaico (desde

a georreferenciação e dados meteorológicos);

-Seleção do módulo fotovoltaico;

-Seleção do inversor

-Configuração do sistema (estrutura de fixação)

-Orientação dos módulos

-Inclinação dos módulos

-Potência instalada

-número de strings

-número de painéis por string

Alguns softwares que permitem fazer este dimensionamento é o PVSYST,

POLYSUN, PVSOL.

55

5- Autoconsumo: Projeto

Quando se projeta um sistema de autoconsumo normalmente são executadas 3

fases:

-Análise de consumos

-Dimensionamento do sistema fotovoltaico

-Estudo da viabilidade económica do projeto

5.1-Analise de consumos

O projeto de um sistema de autoconsumo fotovoltaico começa pela análise dos

consumos energéticos de determinada instalação, esta análise deve ser efetuada tendo como

base um ano de consumos.

A análise dos consumos pode ser feita com base nas faturas de energia elétrica ou

recorrendo à telecontagem.

No primeiro caso a CK desenvolveu em VBA Excel, folhas para fazer a análise dos

consumos. Uma dessas folhas faz a desagregação de faturas, nesta folha inserem-se os

valores que estão nas faturas e automaticamente esses valores vão ser separados por horas,

consoante o tempo que as cargas estão ligadas, (não sendo um método exato é mais correto

do que trabalhar com valores médios).

No segundo caso a CK desenvolveu outra folha que permite importar os dados da

telecontagem que já tem os consumos da instalação separados de hora a hora.

Definitivamente a telecontagem é o método mais exato, pois os consumos são os

reais, de hora a hora, meia em meia hora ou de um quarto em quarto de hora, dependendo

do software que se vai utilizar no dimensionamento do sistema fotovoltaico pode-se escolher

o melhor intervalo de tempo para retirar os consumos.

56

Neste projeto de autoconsumo a análise vai ser feita com acesso à telecontagem.

Pode-se aceder aos dados da telecontagem online e fazer o download, para uma

análise mais correta faz-se o download dos consumos dos últimos 12 meses.

Figura 61 – Telecontagem da EDP em Excel

Obtêm-se 12 ficheiros de Excel com os consumos, cada um correspondente a um mês

do ano. Com estes valores importam-se para o ficheiro Excel desenvolvido pela CK, que

transforma estes 12 ficheiros numa tabela de uma coluna, com 8760 linhas correspondentes

a 8760 horas do ano. Esta nova folha permite-nos analisar os consumos e verificar a potência

fotovoltaica a instalar. Neste caso de estudo chega-se à conclusão que o sistema a

dimensionar seria um sistema de autoconsumo com 115kWp/100kWn.

A potência de pico diz respeito à potência dos módulos fotovoltaicos e a potência

nominal à potência do inversor

Com os dados obtidos (8760 linhas de consumos) pode-se então transformar o

ficheiro Excel num ficheiro CSV para utilizar no software PVsyst (com se pode observar

mais à frente no secção 5.2.2).

57

Figura 62 – Importação dos valores da telecontagem para a folha desenvolvida pela CK

Figura 63 – Excerto da folha de Excel a ser importada para o software PVsyst

5.2-Dimensionamento

Da análise feita na secção anterior chegou-se à potência a instalar para este sistema

de autoconsumo, Pn=100kW e Pp=115kW.

58

A potência de pico deve ser superior em 10% à potência nominal dos inversores para

se garantir que estes operam à sua potência nominal durante mais horas, durante o dia, neste

caso de estudo vai-se optar por uma potência de pico de 115kWp (15% acima da potência

nominal).

Antes de fazer o dimensionamento deve-se analisar as condições de instalação do

local onde se vai instalar o sistema fotovoltaico. Para isso temos de ter em conta algumas

condições, nomeadamente:

-A área disponível para o gerador fotovoltaico;

-Se existem obstáculos e sombreamentos;

-Qual o tipo de terreno ou edifício onde irá ser instalado;

-Se o telhado onde será instalado é plano ou inclinado;

-Se a localização da instalação tem uma boa irradiação solar.

Para ajudar a conciliar todos estes aspetos usa-se um software de desenho 3D,

SketchUp (como se pode observar no secção 5.2.1).

Depois desta análise feita escolhem-se os vários componentes do sistema:

Módulo fotovoltaico;

Inversor;

Estrutura.

Módulo Fotovoltaico

Neste caso escolhem-se módulos de silício policristalino REC® 250PE de 250Wp de

potência cada. Este painel é composto por 60 células policristalinas protegidas por vidro

temperado de 3,2 mm de espessura com tratamento antirreflexo, tem como dimensões 1665

x 991 x 38 mm.

59

Tabela 2 - Dados do módulo fotovoltaico [51]

Para esta potência precisamos de saber o número de painéis que a instalação vai ter:

𝑁º 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑃𝑉 =

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑃𝑖𝑐𝑜

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑃𝑉=

115 × 103

250= 460

(Equação 25)

Como a nossa instalação é num telhado de um edifício, é preciso acomodar os

módulos na superfície do telhado disponível. Para tal calcula-se a largura (L) e o

comprimento (C) associados a cada um deles.

𝐶𝑇𝐸𝐿𝐻𝐴𝐷𝑂 × 𝐿𝑇𝐸𝐿𝐻𝐴𝐷𝑂 = 18,04 𝑚 × 102,61 𝑚

𝐶𝑀Ó𝐿𝑈𝐿𝑂 × 𝐿𝑀Ó𝐷𝑈𝐿𝑂 = 1,665 m × 0,991 m

(Equação 26)

Efetuando a distribuição dos módulos segundo a largura:

𝐿𝑇𝐸𝐿𝐻𝐴𝐷𝑂

𝐿𝑀Ó𝐷𝑈𝐿𝑂

=102,61

0,991= 103,54 ≅ 103 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

(Equação 27)

Efetuando a distribuição dos módulos segundo o comprimento:

𝐶𝑇𝐸𝐿𝐻𝐴𝐷𝑂

𝐶𝑀Ó𝐷𝑈𝐿𝑂

=18,04

1,665= 10,83 ≅ 10 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

(Equação 28)

Da análise das equações anteriores chega-se à quantidade de painéis que se

conseguem colocar no telhado, neste caso:

103 × 10 = 1030 (Equação 29)

Assim conclui-se que se tem espaço suficiente para os 460 módulos fotovoltaico

necessários

60

Inversores

Os inversores escolhidos para este sistema de autoconsumo foram Fronius Symo

20.0-3-M de 20kW de potência. Estes inversores têm uma eficiência de 98.1% e uma

garantia de 2 anos que se pode estender até 7 anos, mediante um registo no site da Fronuius

International.

Para determinar a potência do inversor o valor deverá estar compreendido entre:

0,7 × 𝑃𝑃𝑉 < 𝑃𝐼𝑁𝑉𝐸𝑅𝑆𝑂𝑅 < 1,2 × 𝑃𝑃𝑉 (Equação 30)

Tabela 3 – Dados do inversor Fronius Symo 20.0-3-M de 20kW [52]

Para o número de inversores:

61

𝑁º 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 =

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑁𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟=

100 × 103

20 × 103= 5

(Equação 31)

Para o número máximo de strings ou fileiras é fixado pelo valor máximo de tensão

do sistema, isto é, pelo valor de tensão DC máxima permitida para interligar os módulos

fotovoltaico em série e também pelo valor máximo de tensão à entrada do inversor.

Caso haja uma falha na rede, o inversor dispara e, se estivermos perante um dia com

valores de temperatura muito baixos, a tensão em circuito aberto 𝑉𝑂𝐶 nos módulos

fotovoltaico pode transformar-se num valor alto, na eventualidade de haver um disparo no

lado AC do sistema fotovoltaico. Para resolver este problema limitamos o número de

módulos e o valor máximo de tensão em série dos módulos.

O valor de tensão no módulo fotovoltaico, com um valor de temperatura de -10ºC, é

calculado pela seguinte equação (no caso de faltar dados, pode-se considerar um aumento

de tensão com a temperatura é aproximadamente 14%):

𝑈𝑂𝐶(−10º𝐶) = 1,14 × 𝑉𝑂𝐶(𝐶𝑇𝑆) = 1,14 × 37,4 = 42,636 𝑉 (Equação 32)

Ao associar módulos fotovoltaicos existem algumas limitações:

-Tensão máxima de conexão entre os módulos (1000V);

-Tensão do módulo com uma temperatura de -10ºC;

-Tensão MPP

O número máximo de módulos ligados em série é dado por:

𝑛º𝑀Á𝑋. =

𝑈𝑀Á𝑋 𝐼𝑁𝑉.

𝑈𝑂𝐶(𝑀Ó𝐷𝑈𝐿𝑂−10º𝐶)

=1000

42,636= 23,24 ≅ 23

(Equação 33)

Para calcular o número mínimo de módulos em série tem que se ver a tensão mínima

de funcionamento do inversor. Neste caso 𝑈𝑀𝐼𝑁 𝐼𝑁𝑉. = 200 𝑉.

A tensão mínima de funcionamento ocorre normalmente quando se atinge a

temperatura máxima de funcionamento esperada para 70º C e pode ser calculada pela

62

seguinte equação (no caso de faltar dados, pode-se considerar que o decréscimo da tensão

com a temperatura é aproximadamente 18%):

𝑈𝑀𝑃𝑃(70º𝐶) = 0,82 × 𝑈𝑀𝑃𝑃 = 0,82 × 30,2 = 24,764 𝑉 (Equação 34)

Desta forma o número mínimo de painéis fotovoltaico ligados em série seria de:

𝑛º𝑀𝐼𝑁 =

𝑈𝑀𝐼𝑁 𝐼𝑁𝑉.

𝑈𝑀𝑃𝑃(70º𝐶)=

200

24,764= 8,076 = 8

(Equação 35)

Para calcular o número de string em paralelo tem de se saber a corrente máxima por

string e/ou a corrente máxima do inversor.

𝑛º𝑠𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔 =

𝐼𝑀Á𝑋 𝐼𝑁𝑉.

𝐼𝑃 𝑀Á𝑋

=33

8,3= 3,976 = 3

(Equação 36)

O inversor escolhido, pode ter 3 strings por MPPT.

Sabendo que cada inversor tem dois MPPT, logo cada inversor pode levar 6 strings

(3 por MPPT). Neste caso com 5 inversores permitia a ligação de 30 strings, no entanto da

análise das tensões máximas e mínimas chega-se a um número de 20 strings ou seja 4 strings

por inversor, cada uma com 23 módulos o que perfaz 460 módulos.

No gerador fotovoltaico, cada string de 23 módulos, pode-se calcular:

𝑈𝑂𝐶(−10º𝐶) = 23 × 42,636 = 980,628 𝑉 (Equação 37)

𝑈𝑀𝑃𝑃(70º𝐶) = 23 × 24,764 = 569,572 𝑉 (Equação 38)

Analisando o datasheet do inversor conclui-se que estes valores de tensão estão

dentro dos valores aceitáveis.

Para calcular os cabos das strings temos:

𝐼𝑍 ≥ 1,25 × 𝐼𝐶𝐶 𝐷𝐶 (Equação 39)

63

𝐼 = 𝐼𝑆𝑇𝑅𝐼𝑁𝐺 × 1,25 = 8,86 × 1,25 = 11,075 𝐴

Logo vamos usar na strings um cabo solar de secção 4 𝑚𝑚2 (Cabo solar 2xPV1-F

4mm).

Para dimensionar fusíveis para cada string, temos que calcular a tensão e a corrente.

Primeiro vai ser calculado a tensão

𝑉 = 𝑀 × 1,15 × 𝑉𝑂𝐶 (Equação 40)

Em que:

M-Número de módulos em série em cada string

-VOC – Tensão em circuito aberto

Depois a corrente:

𝐼 = 1,15 × 𝐼𝐶𝐶 × 𝑁𝑠𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔 (Equação 41)

Para o dimensionamento dos seccionadores temos:

𝐼𝑆𝑒𝑐𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑜𝑟𝑒𝑠 ≥ 1,25 × 𝐼𝑐𝑐 𝑃𝑉 ≥ 2 × 1,25 × 8,86 = 22,15𝐴 (Equação 42)

Vai ser usado um disjuntor DC bipolar de 25 A.

Para calcular os cabos DC (ligação do quadro de proteção ao inversor) são

dimensionados da seguinte maneira:

𝐼𝑍 ≥ 1,25 × 𝐼𝐶𝐶 𝐷𝐶

𝐼 = 2 × 𝐼𝑆𝑇𝑅𝐼𝑁𝐺 × 1,25 = 2 × 8,86 × 1,25 = 22,15 𝐴

(Equação 43)

Usamos também um cabo solar de 4 𝑚𝑚2.

64

Em anexo está o esquema elétrico do sistema fotovoltaico dimensionado (Anexo A).

5.2.1-Modelação 3D em SketchUp

Antes de se começar a fazer o dimensionamento é necessário saber se o cliente detêm

infraestruturas que permitam colocar o número de módulos que se prevê utilizar e ao mesmo

tempo, analisar se vão existir sombras que influenciem a produção do sistema fotovoltaico.

Um software que permite fazer isto é o SketchUp é um software de modelação 3D, uma

ferramenta essencial, pois conseguimos fazer a georreferenciação, orientação do sol (luz

solar) e ângulo de inclinação dos módulos fotovoltaicos, como se pode ver nas figuras

64,65,66 e 67.

Figura 64 – Software de modelação 3D em SketchUp

Figura 65 – Georreferenciação do sistema de autoconsumo fotovoltaico

65

Figura 66 – Modelação do edifício onde vai ser instalado o sistema de autoconsumo fotovoltaico

Figura 67 – Introdução de valores do Skelion

Usando uma extensão para o SketchUp, o Skelion, permite escolher o painel

que se vai usar, o ângulo, selecionar a estrutura (triangular ou complanar). Neste caso vai-se

selecionar um módulo fotovoltaico REC 235AE (que apresenta as dimensões do módulos

que se vai utilizar na instalação), numa estrutura complanar.

66

Figura 68 – Modelo 3D do edifício com a instalação fotovoltaico numa estrutura complanar

Depois do modelo 3D estar desenvolvido, verifica-se que existe espaço suficiente

para uma instalação de 115kWp.

5.2.2-Dimensionamento do sistema de autoconsumo no PVsyst

Uma vez que se sabe a potência que se pretende instalar (100kWn/115kWp), assim

como a área que é necessária, a orientação e inclinação, usa-se o software PVsyst para

dimensionar o projeto.

A primeira fase é fazer a georreferenciação. Este passo é importante, pois obtém-se

os dados meteorológicos de um ano de referência (o ano de 1990) que permite fazer uma

simulação o mais próxima da realidade possível.

67

Figura 69 – Georreferenciação no PVsyst

Depois ajusta-se o ângulo de inclinação (tilt) e o ângulo azimute (azimuth) dos

módulos fotovoltaicos. O ângulo azimute é composto entre a direção do módulo fotovoltaico

e o norte geográfico

Figura 70 – Inclinação da estrutura dos módulos fotovoltaicos

68

O passo seguinte é escolher os módulos fotovoltaicos e os inversores. Neste menu é

possível limitar a potência máxima instalada Escolher o número de módulos em serie e o

número de strings.

Figura 71 – Escolha dos módulos fotovoltaicos e inversores

Depois de selecionar o número de painéis e inversores pode-se observar todos os

valores de tensão dos inversores, máximos e mínimos são respeitados, assim como a variação

da tensão do arranjo dos módulos, para diferentes correntes e temperaturas. Neste caso e se

comparando com os cálculos que se efetuaram, verifica-se que os mesmos estão coerentes.

69

Figura 72 – Gráfico do dimensionamento do array

Para o PVsyst fazer a simulação mais precisa, e calcular as perdas ao longo dos

condutores, tem de se selecionar o tipo de condutor a utilizar na instalação, que neste caso

vai ser o alumínio e a secção do condutor para as strings de 4mm2.

Figura 73 – Seleção da secção dos cabos fotovoltaicos

70

A figura seguinte mostra a distribuição dos módulos pelas respetivas strings e pelos

inversores.

Figura 74 – Esquema de ligação do sistema fotovoltaico

Com o sistema devidamente dimensionado e os equipamentos escolhidos, importa-

se o ficheiro Excel csv criado na secção 5.1, este ficheiro contém o consumo energético do

cliente ao longo do ano (8760h do ano).

Com estas escolhas efetuadas e todos as variáveis definidas pode-se simular o

sistema.

O software vai fornecer vários outputs que no caso de se pretender realizar uma

análise financeira utilizando as folhas de Excel desenvolvidas pela CK, é necessário retirar

as seguintes variáveis:

-Necessidades energéticas do consumidor (Load);

-Energia fornecida ao consumidor;

-Energia disponível na saída do inversor;

-Energia injetada na rede;

-Fração solar (EUsed/ELoad);

71

-Performance de relação

-Sistema de produção normalizada;

-Referencia à Energia incidente.

Figura 75 – Escolha das variáveis para o projeto

E por fim o PVsyst faz o relatório, onde se pode verificar todas as variáveis que

definimos ao longo do projeto, desde a inclinação dos módulos fotovoltaicos, as

características dos módulos, características dos inversores, as perdas dos módulos

fotovoltaicos, as necessidades energéticas do consumidor, produção estimada do sistema

como se pode ver na figura seguinte, para além disso devolve um ficheiro excel com os

valores, ao longo de um ano, das variáveis escolhidas.

72

Figura 76 – Consumos e previsões da instalação fotovoltaica

A figura 77 mostra-nos um diagrama de fluxo de energia:

Figura 77 – Diagrama de perdas do sistema fotovoltaico

Em anexo está o relatório gerado pelo PVsyst (Anexo B).

73

5.3-Estudo da viabilidade económica

Com a simulação do PVsyst de seguida utiliza-se a folha VBA Excel também

elaborada pela CK e que permite realizar uma análise económica do sistema.

Esta folha é chamada de ProsumerPV e permite fazer a análise de viabilidade

económica do sistema que se dimensionou.

Para utilizar as folhas excel desenvolvidas pela CK, utiliza-se o ficheiro excel gerado

pelo PVSyst e copiam-se estes para a folha de Inputs_PVsyst da folha ProsumerPV (tabela

seguinte).

Tabela 4 – Input dos valores das variáveis

Com estes dados inseridos introduz-se a potência nominal para o sistema que neste

caso é de 100kW, escolhe-se a potência contratada se é ou não superior a 41,4kW, se existe

venda à rede ou não de energia, escolher os anos que se quer realizar a análise económica e

a seleção da tarifa praticada.

74

Figura 78 - Seleção da tarifa

Com a escolha da tarifa é preciso inserir os valores que o cliente está a pagar em cada

momento. Este cliente tem uma tarifa tetra-horária e devido ao comercializador em causa o

valor pago pela rede de energia já está incluído na tarifa. Como tal, apenas se preenche a

coluna de Energia Ativa (tem que se introduzir os valores das horas de vazio normal, horas

de super vazio, horas de cheia e horas de ponta) e colocar os valores do termo de rede e de

potência na tarifa de horas de ponta (PTHPT). Estes valores são retirados das faturas.

Tabela 5 – Tabela do ciclo horário (tetra-horário)

Ao analisar os consumos e produção de energia para autoconsumo, como os

consumos anuais da instalação foram obtidos da telecontagem da instalação, perspetiva-se

que os resultados sejam muito próximo do esperado. Assim, para uma análise mais realista

do que será o autoconsumo do edifício elaborou-se um gráfico diário, das 00:00 às 23:59,

correspondente ao acumulado dos consumos e energia para autoconsumo para todos os dias

de um ano. Este gráfico corresponde à figura 79.

Hora de Inverno InícioHora de Inverno FinalHora de Verão InícioHora de Verão Final% Inverno % Verão Energia Ativa Redes de EnergiaTarifa PTHPT

0,09220 € 00:00 02:00 00:00 02:00

0,09220 € 06:00 07:00 06:00 07:00

Super Vazio 0,09100 € 02:00 06:00 02:00 06:00 16,67% 16,67% 0,09100 € - €

0,12320 € 07:00 09:30 07:00 09:15

0,12320 € 12:00 18:30 12:15 23:59

0,12320 € 21:00 23:59

0,13220 € 09:30 12:00 09:15 12:15 0,13220 € - €

0,13220 € 18:30 21:00Pontas 20,83% 12,50%

Ciclo Semanal - TETRA-HORARIA - FER, Segunda a Sexta

Cheias 50% 58,33% 0,12320 € - €

0,2325 €

Tarifas(€)

Vazio

Normal 12,50% 12,50% 0,09220 € - €

75

Figura 79 – Gráfico com os consumos

Para realizar uma análise financeira sobre o sistema fotovoltaico em causa

considerou-se os diferentes períodos horários da tarifa tetra horária, pois cada período tem

um valor correspondente.

Este investimento teve ainda em conta outros fatores, como o aumento da energia

elétrica, uma taxa de atualização, a depreciação anual de produção dos painéis fotovoltaicos

e um valor de manutenção anual de todo o sistema fotovoltaico (correspondente a 1% do

valor do investimento inicial). Na tabela seguinte podem verificar-se quais as considerações

tomadas nesta análise económica.

Tabela 6 – Considerações para o estudo económico-financeiro

100

2.00%

Sem IVA 124,627.80 €

1,246.28 €

0.70%

3.20%

Valor de Manutenção Anual

Potência nominal (Kw)

Taxa de atualização

Investimento Inicial

Depreciação Anual Produção

Taxa de Aumento (ERSE) anual

76

A partir do estudo feito e apresentado nas tabelas acima foram obtidos os períodos de

recuperação do investimento (PRI e PRIA), taxa interna de rentabilidade (TIR) e o retorno

de investimento (ROI), apresentados na tabela seguinte.

Tabela 7 – Indicadores revelantes para estudo económico-financeiro

Poupança no primeiro ano (€) 24,470.44

VAL - Valor Atualizado Líquido (€) 468831.88

TIR - Taxa Interna de Rentabilidade (%) 18%

ROI - Retorno de Investimento (€) 3.76

PRIA - Payback com atualização de capital 5 Anos e 6 Meses

LCOE - Levelized Cost of Energy (€/kWh) 0.038

Tarifa Média Evitada (€/kWh) 0.118

Custo por Wp instalado (€) 1.08

Figura 80 – Representação gráfica do período de retorno de investimento

77

Tabela 8 – Valores da tarifa de energia elétrica com base no aumento percentual anual para os diferentes

períodos horários

Anos Vazio Normal Super Vazio Cheias Pontas

0 0,0922 0,091 0,1232 0,1322

1 0,09515 0,09391 0,12714 0,13643

2 0,09820 0,09692 0,13121 0,14080

3 0,10134 0,10002 0,13541 0,14530

4 0,10458 0,10322 0,13974 0,14995

5 0,10793 0,10652 0,14421 0,15475

6 0,11138 0,10993 0,14883 0,15970

7 0,11494 0,11345 0,15359 0,16481

8 0,11862 0,11708 0,15851 0,17009

9 0,12242 0,12083 0,16358 0,17553

10 0,12634 0,12469 0,16881 0,18115

11 0,13038 0,12868 0,17422 0,18694

12 0,13455 0,13280 0,17979 0,19292

13 0,13886 0,13705 0,18554 0,19910

14 0,14330 0,14144 0,19148 0,20547

15 0,14789 0,14596 0,19761 0,21204

16 0,15262 0,15063 0,20393 0,21883

17 0,15750 0,15545 0,21046 0,22583

18 0,16254 0,16043 0,21719 0,23306

19 0,16774 0,16556 0,22414 0,24052

20 0,17311 0,17086 0,23132 0,24821

21 0,17865 0,17633 0,23872 0,25616

22 0,18437 0,18197 0,24636 0,26435

23 0,19027 0,18779 0,25424 0,27281

24 0,19636 0,19380 0,26238 0,28154

25 0,20264 0,20000 0,27077 0,29055

Tarifas após aumento de (ERSE) 3.2%

78

Tabela 9 – Valores de energia elétrica utilizados para autoconsumo e poupança mensal

Autoconsumo de Energia (kWh) Poupança mensalProduzida não

consumida (kWh)Poupança mensal

Total Autoconsumo (kWh/mês)Total Autoconsumo

(€/mês)

Total Venda à

RESP(kWh/mês)

Total Venda à

RESP (€/mês) Janeiro

2065,52 190,44 10,94 0,48 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

1531,01 202,40 317,60 13,87 Ponta

4591,37 565,66 737,85 32,23 Cheias

Fevereiro

2429,63 224,01 179,14 7,84 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

1492,47 197,30 361,19 15,80 Ponta

4875,77 600,69 1130,79 49,46 Cheias

Março

2491,08 229,68 611,23 13,95 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

1662,19 219,74 1476,42 33,69 Ponta

5598,61 689,75 3265,58 74,52 Cheias

Abril

3986,07 367,52 1173,03 16,98 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

2185,44 288,91 2085,45 30,18 Ponta

5879,54 724,36 2838,13 41,07 Cheias

Maio

4567,49 421,12 439,06 17,09 Vazio Normal

0,60 0,05 0,00 0,00 Super Vazio

4351,62 575,28 918,47 35,75 Ponta

9980,59 1229,61 1117,78 43,51 Cheias

Junho

5147,94 474,64 8,26 0,31 Vazio Normal

7,69 0,70 0,00 0,00 Super Vazio

4859,19 642,38 157,68 5,92 Ponta

11754,20 1448,12 138,45 5,20 Cheias

Julho

5297,49 488,43 0,00 0,00 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

5553,34 734,15 11,56 0,53 Ponta

12203,64 1503,49 0,00 0,00 Cheias

Agosto

4870,07 449,02 0,00 0,00 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

5288,70 699,17 0,00 0,00 Ponta

11087,12 1365,93 0,00 0,00 Cheias

Setembro

4300,78 396,53 0,00 0,00 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

4104,71 542,64 0,00 0,00 Ponta

8438,39 1039,61 0,00 0,00 Cheias

Outubro

2674,87 246,62 0,00 0,00 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

3819,30 504,91 2,17 0,10 Ponta

6549,25 806,87 0,00 0,00 Cheias

Novembro

1870,17 172,43 0,00 0,00 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

1920,41 253,88 38,43 1,46 Ponta

5242,06 645,82 72,05 2,73 Cheias

Dezembro

2138,70 197,19 31,71 1,80 Vazio Normal

0,00 0,00 0,00 0,00 Super Vazio

1576,99 208,48 14,08 0,80 Ponta

4053,89 499,44 50,85 2,88 Cheias

Total (kWh) Total (€) Total (kWh) Total (€)

170,45 20.046,99 € 17187,91 448,14 € 24.470,44€

Poupança na Potência de horas de Ponta 3.975,32 €

79

Para a apresentação de proposta ao cliente utilizava-se uma tabela resumo, com todas

as escolhas efetuadas ao longo do projeto e que resume também a parte económica do

projeto:

Figura 81 – Tabela resumo

P Instalada (kWp ) Simulador PVsyst®

P Nominal (kW ) Base de Dados Meteonorm® 6.1

Ciclo/Tarifa Encargo anual original (sem autoconsumo) 95.642,86 €

Período de análise [Anos] 25 Anos

Taxa de atualização de capital 2,00%

Aumento do custo de energia 3,20%

Depreciação da produção anual 0,70%

Comparticipação 0%

Modelo Quantidade Garantia

Paineis Módulo REC250PE 460 12 Investimento Total s/IVA (€) 124627,80

Inversores Fronius Symo 20.0-3-M 5 5 Poupança no primeiro ano (€) 24.470,44

Estrutura Estrutura para fixação de paineis fotovoltaicos apoiados numa estrutura Triangular 0 5 VAL - Valor Atualizado Líquido (€ ) 468831,88

Monotorização Solar-Log 2000 1 2 TIR - Taxa Interna de Rentabilidade (%) 18%

Retorno de Investimento (€) 3,76

Energia comprada à rede (MWh) 40471,4 Payback c/ atualização de capital 5 Anos e 6 Meses

Energia autoconsumida (MWh ) 3921,7 LCOE - Levelized Cost of Energy (€/kWh) 0,038

Energia vendida à rede (MWh ) 395,5 Tarifa Média Evitada (€/kWh) 0,118

Toneladas de Carbono evitadas (Ton ) 2996,1 Custo por Wp instalado (€) 1,08

Performance Ratio - Desempenho do sistema em relação ao máximo teórico (%) 85,3%

Fração Solar - Contributo do sol para os consumos energéticos globais (%) 19,7% Vazio Normal 0,09220 €

Produção Específica no primeiro ano (kWh/kWp) 1632 Super Vazio 0,09100 €

Cheias 0,12320 €

Pontas 0,13220 €

Tarifa em vigor

VISÃO GLOBAL DO PROJETO

Distribuição dos custos Considerações técnico-financeiras

Dados energéticos previstos em 25 Anos

Desempenho Financeiro

13.Semanal com Feriados TETRA-HORARIA

100

115,0

-200000

0

200000

400000

600000

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Break Even

68.452,38 € ; 55%

9.309,52 € ; 8%

15.300,00 € ; 12%

1.565,48 € ; 1%

11.787,08 € ; 10%

17.797,62 € ; 14%

Módulos fotovoltaicos Estrutura de fixação Inversores

Monitorização Cablagens e proteções Projeto e instalação

0

50

100

150

200

250

300

350

KWH

HORAS

Médias Anuais e Dia de Mínimos e MáximosDia de Autoconsumo Máximo Autoconsumo médio Anual Dia de Autoconsumo minimo Dia de consumo Mínimo

Consumo médio Anual Dia de consumo Máximo Produção maxima

80

Ao observar todos os gráficos, tabelas e valores que estão na secção onde é possível

tirar todas as conclusões em relação a este estudo. Esta ferramenta permite fazer uma análise

mais detalhada e perceber qual a potência que se deve instalar para que o sistema fotovoltaico

seja mais rentável.

Assim sendo em cada caso fazia-se mais do que um estudo, para valores de potência

diferentes e no final fazer a escolha da potência que torno o sistema fotovoltaico com um

Payback menor.

Acresce ainda, como fator externo mas não menos importante, o aumento que as

tarifas elétricas têm sofrido nos últimos anos e que se prevê continuarem a sua escalada ao

longo dos próximos anos (mesmo que nesta análise se tenha em conta este fator não se pode

dizer que esteja a ser desenvolvido da melhor maneira dada a imprevisibilidade do custo da

energia elétrica) como tal, ainda se torna mais apetecível economicamente este tipo de

investimento, dado que o fotovoltaico já atingiu a paridade de rede e neste momento

consegue fornecer energia mais barata que o custo de aquisição por parte do cliente, tal como

demonstrado pelo LCOE (custo da energia por kWh produzida pelo sistema ao longo do

tempo de vida do projeto), que neste caso é 0,038 €.

Após a realização deste estudo foi possível averiguar que a poupança energética

alcançada pelo autoconsumo corresponde a uma poupança de 19.7% na fatura anual. Esta

poupança é alcançada considerando os consumos de Janeiro a Dezembro de 2015 totalizando

864,013 MWh e a parcela de autoconsumo, com base na simulação efetuada, 170,45 MWh,

havendo excedente de energia para injetar na rede no valor de 17,187MWh.

Este estudo teve em consideração um aumento anual da energia elétrica de 3,2% (nos

últimos três anos o aumento líquido foi de 32%), uma taxa de atualização de 2% e um valor

de manutenção de 1246,28€ no primeiro ano. No final do primeiro ano de instalação temos

uma poupança de 24470,44 €

. Em termos económicos, o retorno de investimento ocorre no 5º ano e 6 meses de vida

do projeto. Este projeto tem uma TIR de 18% e um ROI de 3,76€.

81

6-Bombagem Solar

O sistema de bombagem solar consiste em aproveitar o sol para retirar água de um

furo, poço ou rio.

Se os sistemas de armazenamento de energia elétrica são caros e com problemas de

manutenção, torna os sistemas de bombagem solar excelentes para utilizar em zonas onde

não existe RESP (e não só).

Aplicar um sistema de bombagem solar onde existe RESP, permite poupar energia

elétrica proveniente da RESP e, por conseguinte, reduz-se a fatura elétrica e recupera-se o

investimento num curto espaço de tempo. Este sistema é usado para explorações agrícolas,

exploração pecuárias, abastecimento de água potável e recirculação de água em piscinas.

A alimentação das bombas pode ser em DC ou AC, dependendo da bomba que se

utiliza. A escolha entre uma bomba DC ou uma bomba AC, depende da quantidade de água

que se necessita e consequentemente a potência da bomba.

Para caudais mais pequenos a escolhe recai nas bombas DC, no entanto para grandes

caudais as bombas AC continuam a ser a escolha mais frequente. Em termos de bombas,

importa distinguir bombas helicoidais de bombas centrífugas.

Figura 82 - Bomba helicoidal e bomba centrífuga

82

As primeiras podem funcionar na vertical desde que se garante que não aspiram

impurezas e conseguem elevar agua a grandes alturas manométricas, enquanto as segundas

com um angulo máximo de 30º em relação à horizontal.

Um sistema de bombagem com bombas AC, precisa de painéis fotovoltaicos,

inversor, bomba AC e variadores de velocidade. As bombas AC precisam do máximo de

energia produzida para funcionar. Dessa forma, faz com que a bomba AC só funcione

quando a potência nominal da bomba estiver disponível no sistema fotovoltaico.

Um sistema com bombas DC precisa de painéis fotovoltaicos, um controlador (em

vez do inversor) e uma bomba DC. As bombas solares de DC, funcionam aproveitando ao

máximo a potência disponível do sol, ou seja são bombas que funcionam em velocidade

variável, por meio da variação de tensão, o que permite utilizar a potência disponibilizada

pelo painel solar naquele instante.

As bombas DC que faz com que a bomba entre em funcionamento mesmo que não

esteja disponível a potência nominal da mesma, tendo um ciclo de funcionamento que se

explica mais à frente.

Com a bombagem solar pode-se alimentar bombas de furo, bombas de superfície,

bombas de piscina. Na secção 6.1, dimensiona-se um sistema de bombagem para aplicação

num furo.

A implementação destes sistemas pode ser em:

- Locais sem RESP;

- Locais com RESP.

Em qualquer umas das situações anteriores, as bombas solares podem ser aplicadas

em sistemas de:

- Rega direta;

- Rega com recurso a depósito.

Nos sistemas de rega direta é necessário um dimensionamento mais pormenorizado

que garanta a pressão mínima necessária no último aspersor do sistema de rega.

83

Nos sistemas de rega com recurso a depósito, já não é necessário esse cuidado já que

o caudal mínimo e pressão não interessam, mas sim chegar ao fim do dia com “X” m3 de

água no deposito.

Nos sistema de bombagem solar a utilização de seguidores solares são mais

vantajosos pois consegue-se mais horas de sol/dia, que permite colocar em funcionamento a

bomba durante mais horas, uma vez que temos a potência nominal da bomba durante mais

horas/dia.

6.1-Dimensionamento bombagem solar

Nesta secção vai-se dimensionar um sistema de bombagem solar DC para aplicar

num furo artesiano. Para um dimensionamento mais preciso é usado o software Compass,

este software é da alemã Lorentz líder e marca de referência em bombagem solar DC.

As bombas DC da Lorentz têm o mesmo funcionamento das bombas trifásicas. As

bombas da marca alemã têm um motor sem escovas com um desfasamento de 120º. O

controlador da bomba controla o funcionamento do sistema e ajusta a tensão de saída em

tempo real em função da variação da intensidade da irradiação, a saída do controlador é feito

por PWM, sendo que o que é aplicado à bomba é o valor médio da tensão da onda quadrada.

A vantagem de utilizar este tipo de software prende-se com o facto de usarem bases

de dados com as condições climatéricas dos últimos 30 anos o que, tirando anos anormais

em termos climatéricos, permite um cálculo muito próximo da realidade.

Para o dimensionamento de um sistema de bombagem existem parâmetros que são

importantes para o mesmo, tais como:

-Local da instalação;

-Inclinação dos módulos fotovoltaicos;

-Comprimento da cablagem elétrica DC;

-Rendimento diário necessário (m3/dia);

84

-Nível de água estático;

-Distância entre o furo e o depósito;

-Meses de utilização/aplicação (rega ou alimentação de animais).

A figura seguinte mostra um sistema de bombagem de furo artesiano com recurso a

depósito.

Figura 83 - Disposição do sistema de bombagem solar [53]

Sabendo estes parâmetros pode-se então proceder ao dimensionamento do sistema,

inicialmente é preciso definir o tipo de sistema que se pretende, furo artesiano, superfície

(poço/rio ou piscinas), ver figura seguinte.

85

Figura 84 - Escolha do sistema de bombagem

Depois de escolher o tipo de sistema, segue-se a introdução de parâmetros, a figura

seguinte mostra o painel para introdução de parâmetros.

Figura 85 – Software COMPASS 3.1 (painel introdução parâmetros)

Neste caso concreto vamos escolher:

86

-Local da instalação;

-Tomar

-Inclinação dos módulos fotovoltaicos;

-30º

-Comprimento da cablagem elétrica DC;

-240m

-Rendimento diário necessário (m3/dia);

-22m3/dia

-Nível de água estático;

-120m

-Distância entre o furo e o depósito;

30m

-Meses de utilização/aplicação.

- Maio a Setembro.

Com os parâmetros introduzidos pode-se simular o sistema de bombagem, o software

vai produzir um relatório com todos os componentes do sistema de bombagem solar, desde

a bomba, número de painéis e sua associação, cabos a utilizar e secção dos tubos.

O relatório comtempla também gráficos com os caudais previsto por dia e por hora.

87

Figura 86 – Caudal diário e caudal horário

O gráfico de cima permite perceber que o caudal diário varia com a disponibilidade

solar ao longo do ano. Da análise do segundo gráfico pode-se verificar o que foi explicado

anteriormente relativamente à utilização da potência disponível no sistema fotovoltaico pela

bomba ser progressivo, o somatório do caudal hora, dá o caudal médio diário.

Os gráficos seguintes permitem analisar os valores médios dos caudais mensais,

comparativamente aos valores médios de energia, irradiação, pluviosidade e temperatura

ambiente.

Figura 87 – Médias diárias do sistema de bombagem

88

Para além dos gráficos anteriores que trazem um valor comercial acrescido, o

software facilita o trabalho do projetista já que devolve o esquema de ligações dos módulos

fotovoltaicos, ver figura seguinte.

Figura 88 – Esquema elétrico de ligação dos módulos fotovoltaicos.

Para o sistema pretendido o software sugere uma bomba PS4000 HR-14HL-2 –D da

Lorentz, com 18 painéis ligados em duas séries de 9 painéis cada, vai permitir ter um caudal

diário de 22m3, tal como se pretendia, as tubagens têm de ter 35mm diâmetro interior para

não existirem perdas de carga, os cabos de alimentação com secção de 8mm2. Este tipo de

dimensionamento com recurso a este software permite fazer varias comparações facilmente,

que em termos comerciais é uma mais valia.

Em anexo está o relatório gerado pelo Compass (Anexo C).

89

7-Conclusões

A elaboração deste relatório representa a conclusão do Mestrado em Engenharia

Eletrotécnica com Especialização em Controlo e Eletrónica Industrial.

Ao longo do período de estágio na Critical Kinetics fui conhecendo os sistemas de

autoconsumo e descobrindo a diferença entre eles. Os fundamentos, ou seja, os sistemas

isolados, ligação à rede e os sistemas híbridos, como os de bombagem solar.

Durante o período de estágio foi possível colocar em prática muitos dos conceitos e

conhecimento que adquiri ao longo de toda a minha formação.

Chegado ao fim deste período levo comigo um vasto conhecimento e a perceção do

que são os sistemas de autoconsumo, toda a sua evolução e as perspetivas de futuro nesta

área do conhecimento

Este estágio também deu para evoluir como profissional, mas também como pessoa.

91

8- Referências Bibliográficas

[1] http://critical-kinetics.pt/Solar-Fotovoltaico/apresentacao-smart-pv.html

[2] http://critical-kinetics.pt/Apresentacao-Agro-CK/apresentacao-agro-ck.html

[3] http://critical-kinetics.pt/CK_SolarAcademy/apresentacao-academy.html

[4] http://critical-kinetics.pt/LED21/apresentacao-iluminacaoled.html

[5] http://critical-kinetics.pt/Mobilidade21/mobilidade-21-apresentacao.html

[6] http://critical-kinetics.pt/apresentacao-ck-comfort.html

[7] http://critical-kinetics.pt/ck-efficiency.html

[8] http://critical-kinetics.pt/Instituicoes-Parceiras/instituicoes-parceiras.html

[9] http://critical-kinetics.pt/A-Empresa/a-empresa.html

[10] http://critical-kinetics.pt/A-Empresa/a-empresa.html

[11] http://critical-kinetics.pt/A-Empresa/a-empresa.html

[12] http://www.wikienergia.pt/~edp/index.php?title=Willoughby_Smith

[13]https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%B6ns_Jacob_Berzelius

[14]Emanuel Dâmaso Rodrigues Brinquete Proença, “A Energia Solar Fotovoltaica em

Portugal”, Instituto Superior Técnico, agosto de 2007

[15] https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Edmond_Becquerel

[16] Miguel C. Brito e João M. Serra, “Células solares para a produção de energia elétrica”,

Departamento de Física da FCUL

92

[17] Padre Himalaya, “Guia da Energia Solar”, “Conversão Fotovoltaica da Energia Solar”,

Ciência Viva

[18] https://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_Hertz

[19] https://en.wikipedia.org/wiki/Wilhelm_Hallwachs

[20] https://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Andrews_Millikan

[21]http://www.nauka.gov.pl/en/the-jan-czochralski-year_1/jan-czochralski-his-life-and-

work.html

[22] https://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Einstein

[23] https://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguard_1

[24]https://pt.wikipedia.org/wiki/Explorer_6

[25] https://en.wikipedia.org/wiki/Nimbus_program

[26] António M. Vallêra, “Meio século de História Fotovoltaica”, Departamento de Física e

Centro de Física da Matéria (CFMC) da FCUL

[27] http://www.apren.pt/fotos/editor2/graficos_com_titulo_03.jpg

[28] http://greensavers.sapo.pt/2013/05/06/10-razoes-para-portugal-investir-na-energia-

solar/

[29]http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/cmaps/eu_cmsaf_opt/PVGIS_EU_201204_publication.

png

[30] http://re.jrc.ec.europa.eu/pvgis/cmaps/eur_old.htm#PT

[31] Direção Geral de Energia e Geologia, “Renováveis, estatísticas rápidas – nº136 –

fevereiro de 2016”

[32] http://www.pvresources.com/en/pvpowerplants/top150pv.php

[33] http://www.energia.pt/pt/fotovoltaico

93

[34] Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, “Enquadramento do

novo regime de Produção Distribuída, Setembro de 2014”

[35]http://critical-kinetics.pt/Unidade-de-Pequena-Producao/unidade-pequena-

producao.html

[36] http://www.futursolutions.pt/docs/EnquadProdDistri.pdf

[37] Prof. Msc. Alex Vilarindo Menezes, “Energia Solar Fotovoltaica”, “Capitulo 2 –

Modelagem matemática”, Universidade Federal do Tocantins

[38] Prof. Mário H. Gomes, “Geração de Energia e Armazenamento, Modulo de Energia

Solar“, Instituto Politécnico de Tomar

[39] Critical Kinetis, “Curso Intensivo Autoconsumo Fotovoltaico”, “Capitulo 6 –

Tecnologia de Células, Módulos e sistemas de Concentração”

[40] https://sites.google.com/site/reeetech/home/photovoltaic

[41] Filipe Alexandre de Sousa Pereira, Manuel Sarmento Oliveira, “Curso Técnico

Instalador de Energia Solar Fotovoltaica”, Publindústria Edições Técnicas 2011

[42] http://paginas.fe.up.pt/~ee03096/index_ficheiros/Page666.htm

[43] Luis Haracio Vera, “Programa Computacional para dimensionamento e Simulação de

Sistemas Fotovoltaicos Autônomos”, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre, junho de 2004

[44] http://www.ccbs-energia.pt/loja/produtos/baterias/agm

[45] http://www.tecnologia.com.pt/2016/02/baterias-ioes-litio-proibidas-viajar-voos-

passageiros/

[46] http://www.steca.com/index.php?Steca-PR-10-30-en

[47] http://paginas.fe.up.pt/~ee03096/index_ficheiros/Page849.htm

94

[48] http://www.fronius.com/cps/rde/xchg/SID-5497B211-

F82FEC06/fronius_international/hs.xsl/83_30415_ENG_HTML.htm#.V3jxe9IrK70

[49] http://www.d-solarsystems.com/#!monitorizao-de-energia/ct27

[50] http://www.solar-log.com/en/products-solutions/solar-log-1200/overview.html

[51] Datasheet REC 250W PE

[52] Datasheet Fronius Symo 20.0-3-M de 20kW

[53] http://www.ffsolar.com/products/pdf/pumps_lorentz_ps_manual_pt.pdf

95

9-Anexos

Anexo A

Esquema elétrico do sistema de autoconsumo fotovoltaico de 100kWn

96

97

Anexo B

Relatório da simulação em PVsyst do sistema de autoconsumo fotovoltaico de

100kWn

98

99

100

101

Anexo C

Relatório da simulação no Compass do sistema de bombagem solar