serendipidade caleidosfrênica

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serendipidade caleidosfrênica Flavio Aoun Sapienza

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ficção que conta a história de uma partícula subatômica esquizofrênica que cresce até se tornar uma pessoa

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  • serendipidade

    caleidosfrnica

    Flavio Aoun Sapienza

  • gratido infinita, incomensurvel e inenarrvel

    minha irm que tanto me ajudou com meus

    vcios e nunca deixou de acreditar nas minhas

    virtudes

    minha me com quem tanto teci conversas a

    respeito da loucura e me fez pensar muito sobre

    estas pginas

    ao meu pai que sempre esteve do meu lado nos

    momentos difceis

    Mariana pelo amor, Letcia pela reflexo e

    Nadya pela dedicao

  • ndice.

    prefcio p.4

    1. no sendo, p.7

    2. sendo seres p.25

    3. sem eira nem beira p.34

    4. amar primeiro p.43

    5. metade partida p.53

    6. deserto p.59

    7. distopia que sente p.73

    8. olhos p.81

    9. ouvidos p.90

    10. boca p.97

    11. nariz p.101

    12. pele p.107

    13. (in)conscincia (ir)real p.114

    14. do nada ao nada p.135

    15. novo tempo p.142

  • prefcio.

    Pr-fcil difcil. Pr-facilitar a entrada de um livro esquizofazer as palavras no palavrer

    das emoes. Serendipidade refere-se s descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por

    acaso, assim como este livro (des)coberto na realizao volitiva da minha mente. Caleidosfrenia a

    juris(dis)juno de tudo o que tem dentro desta mente consciente. Dentro do eu. O eu , por si s,

    juris(dis)junto e atravs de seu juzo junta e disjunta todos os cacos que possui em seu

    caleidoscpio esquizofrnico. Esquizofrenia tambm juno e disjuno, ao mesmo tempo o

    perder e o reencontrar-se com o prprio eu. Perder-se no sentido de afirmar, com tanta certeza, as

    fantasias que lhe circundam ante a torrente de circunvolues que a mente coloca em movimento.

    O encontro acontece porque a parte psictica da mente encontra com a no-psictica e estas

    liberam um nmero gigantesco de informaes com as quais o eu tem de lidar.

    Eu j tive dois surtos psicticos. Esquizofrenia um tipo de psicose. F20.0 o cdigo, na

    classificao internacional das doenas, do tipo paranide de esquizofrenia. O surto causado por

    inmeros motivos. Dentre eles e, aonde eu me encaixo, h uma certa propenso catalisao

    devido ao uso de substncias psicoativas. O ser em surto tem alucinaes e delrios com a

    realidade. Percebe-a de forma paranica e persecutria, como se esta se voltasse totalmente

    contra ele na forma de enxertao de informaes demasiadas destinadas ao eu surtado. Este

    excesso de informao causa um certo aspecto de autismo no eu, pois este recebe inscries de

    sensaes advindas de fora sem poder elabor-ls, devolvendo de forma excritiva um todo de

    aspecto disforme, ilgico.

    A realidade que me vem neste livro um catado de cacos encontrados da literatura

    psicologia, da fsica filosofia. Dentre eles, destacam-se os cacos de Gilles Deleuze e Flix Guattari

    em O Anti-dipo, Sigmund Freud pela psicanlise edipiana, Ronald Laing por seu livro Laos e

    David Cooper pela antipsiquiatria (os esquizofrnicos so os poetas estrangulados de nossa

    poca, diz ele), Fritjof Capra pela teia da vida, Ludwig von Bertalanffy pela teoria dos sistemas,

    Maurice Merleau-Ponty pela sua fenomenologia e Benot Mandelbrot pela geometria fractal.

    Porm, do mesmo ponto por onde se parte destes cacos colados, dilui-se em realidade a descolar a

    juris(dis)juno de suas teorias, adentrando novos e inavegados universos.

    O meu realismo acaba com o meu realismo. Acaba com a minha noo de estar no mundo,

    meu devir real no espao-tempo. Acho que sou menos real quando sinto-me real, afinal, tomo-me

    por real. Que irreal! Tomar-me por algo ou transitar por este algo-eu coisa de outro mundo, que

    loucura! E a loucura quase como um segredo que a gente tem medo de contar ao mundo. O

  • segredo de ser louco. Como ter um segredo que est estampado no seu corpo? O meu corpo se

    veste e fantasia todo para esconder este segredo. Acho que no sou eu quem faz isso, acho que

    o prprio segredo. Ele meio que independente, toma atitudes, de certo modo, sozinho, sem

    consultar-me. um segredo solitrio. No me sinto conversando com ele. Quando dou por mim, j

    nos despedimos. E l vai o segredo de volta pro seu lugar - a no-realidade. O no-real de ser real.

    Se a loucura real porque mora no irreal? Talvez seja s um paradoxo perceptivo. A loucura

    prescreve vivncias surreais e acho que por isso que no plano (ir)real ela no faz sentido.

    Este livro uma incurso sobre o meu eu, sobre a surrealidade (ir)real deste eu. Sejam

    bem-vindos a mim.

    Flavio Aoun Sapienza

  • me desfao nos meus prprios devaneios

    sou aquele que eu nem sei que fui

    e ainda continuo achando algo de mim mesmo

    mas o eu nada no nada que eu mesmo criei

    eu no sou eu

    se fosse somente um eu no seria eu

    se no fosse eu tambm no seria

    ento eu seria quem?

  • 1. no sendo, .

    Radical imagtico, livre rbitro do sentir intento. De tanto andar aprendeu o caminho do

    lar; caminhar e viver do prprio respingo de ar. Ser/ter a tia velha da eterna perseguio dos

    prprios limites; da sua patinao.

    O gelo do inverno toca cada passo de suas extremidades, incio do alongamento das

    autmatas emoes, to reais quanto faca raz, gumes de escolha da sua receita, sua bolha. Meia

    fina, luva cor-de-l-espessa; segunda pele com resqucio de quem se entrega. A vida feita desses

    entre-espaes vazios, relatividade da imutvel mutao. Muda, rege, segue, permuta que cala e

    consente. Apenas limita-se nas janelas expostas de sua mente. Sa da folha, fui ver a torrente.

    Queria saber o sabor das crianas nas ruas, nuas, cruas ainda. Mal acabara de sair do forno, sem

    receita nem nada, a folha branca queria voar, cheia de palavras rodeadas de poesia em sua coroa

    de espinhos. Onde eu moro, todos tem a sua. Prefiro no me apresentar. Joo-sem-nome, se

    proferir. Porm, mal nego a mim mesmo, como ver a outro? Sou apenas projeo espelhada em

    plano unidimensional. Aqui, cada pontinho se parece com estrelas que vagam em matria espacial

    no sabida. Bing! Fez-se luz, poeira do vcuo escondido; dentro se esgueira, mangueira que goteja

    cada gota que sirva de lio a erguer dedo do rabisco jargo.

    Preso. Soltaz-me! J trao linhas diretas e me enrosco por entre o curvar das palavras,

    estmulo em cor reta. No obrigue manter-me ac! Ser possvel que, s de amarrar o eu e mutil-

    lo com seu prprio narcisismo, pode-se assim solt-lo? A interrogao meu primeiro presente.

    Do ponto ao. Subo, dobro direita e findo com um guarda-chuva-ou-sol deste instante, banal

    idade que j no mais se contenta. Infeliz a velha tia que agora sabe rabiscar. Mal deixou seu rastro

    de densa confluncia, bang do segundo badalar. J em tempo posso falar sem a fala desdita do

    adulto a trilhar, mas um balbucio leve e triste, verte a artrite que te/me esquenta ac. A hora

    formulao dbia de bidimensionalidade. Fugidia, primeiro, l preso estava. Interferncia ttil foi a

    que me trouxe ao para dar, instante nico de doao transeunte. Do ponto, tric da gonorrente

    doena mental, corro e ro-me na esperana de caligrafar. No saio, no fujo. Somos agora trs:

    dois pontos, um trao.

    Tempo alm tempo despedao, caco por caco recolho, no estilhao carnificado do novo

    companheiro:

    -oi caco, qual seu nome?

    -joo-sem-nome, eu. seu?

    -trao.

  • E comeamos a brincar, pinar da nossa verte as possibilidades de acoplar escrita uma

    dimenso infinita. 2 a 1 o nosso jogo.

    Colapsos nfitos perto do ponto que luzia, j sei!:

    -luzia meu nome?

    -que nome? luz?

    -luzia?

    -luz! ia!

    O jogo divertido. Sobressaltam palavras, traos, pontos e aes. As sem-nome e luzia. As

    trs em literalidade fatal. O nome no importa, s mente e nega a ao, porm, sem ele, inexiste

    toda nossa vrgula em contraverso. E vincula, lar-a-lar, os sem-nome para brincar.

    Quando dei por mim j exclamvamos e interrogvamos um sem-nmero de seres. Cada

    vez mais os sem-nome juntavam-se gente. Luz e dia, noite escura quase l. Sol e lua das antigas

    manifestaes que estas, em matria de sanes, soam mais leais.

    -vem brincar, nova sem-nome.

    -quando?

    -no importa.

    -quem?

    -sem-nome, pra com isso, vem brincar.

    -nome! nome? nove? cinco?

    -no, sem-nome, so dois s.

    -dois ou duas?

    -sai dessa...sem. o nmero do sem-nmero a brincar tagarelice que te leva para longe

    pelo ar.

    E assim, interrogados e exclamados foram se delimitando. Os interrogados giravam de

    ponta-cabea na cabra cega do viver. Os exclamados, poucos, no sabiam o que e nem como fazer.

    -vou ensinar, assim :

    Por cento, sorriso, ao. s arriscar, pensou luzia. Mas iam mesmo os sem-nome luzir? E

  • fechou-se na finita interrogao do trao que nunca se fecha. Logo outro sem-nome veio ter com

    os mais nomeadamente velhos. E assim fez-se:

    -ei! sem-nome novo, sai daqui, esse espao meu!, disse luz, indo pegar um copo d'gua.

    -o que gua?, pensou luzia experimentando a residncia do novo sem-nome.

    -gua uma das fundamentais partculas da criao universal.

    -desde quando?

    -no sei, no entendo muito deste intento. apenas sei que, em tal momento, deleite de

    desproveito hei de experienciar. que o tempo aqui no se eleva nem se enerva, pois que agora ou

    depois h de me levar a outro lugar.

    Mal sabia o sem-nome que o tempo ficaria ali, preso, solto na nova estrada que lhe fora

    posta. Era tudo muito novo para a velhice da sua existncia. Ponto gua em cima do visco luzidio

    que outrora fez-se estelar. gua ponto em cima da luzidia viscosa que se quer ar, quase como

    uma interferenciptao de pontos a sustentar molculas.

    Risco trao de corda bamba, derruba e levanta o paradoxo da reacepo. Acepta dentro,

    desejo afora de fugir. Preso o novo sem-nome no sabia o que fazer. Pediu ajuda aos dois sem-

    nome de fora. Arguidos pela dvida interrogada, foram logo experienciar a nova questo a nascer,

    prender-se de real sano nas linhas a mover:

    Autmatos. Automticos. Seres intactos e servidos pelo tato. Autogerem-se e

    autorganizam-se das formas que lhes cabem. Presos pelas formadas aes e formataes do

    mundo onde caram. Que cair de outra dimenso desgnio de maior conscientizao.

    Logo viram-se presos tambm. Duas sem-nome, uma criana e uma luz. Criana aquele

    serzinho que autopula, traa e ri o hall de entrada da ingnua inovncia. Brinca e pulula nas

    palavras, quaisquer que sejam elas. No importa as larvas que lhe chamam, bobas, elas

    conclamam e do ateno. A bobeira o fenmeno extra tenro de suas existncias. Esconde por

    debaixo de seus experimentos o desejo nico de serem livres. Liberao da insensatez de suas

    jovens menes. Honrosa a boba, com-sem-nome, inocenta. De crime no feita, de que ento?

    Luz o raio fotomonnico do resplandecente hotel de feixes dinmicos a convergirem em

    espiralada nica de projeo.

  • As trs ainda no se entendiam muito bem. Luz se encontrava exclamada luzidia no espao

    embaixo, acima ou ao meio. Luz luzia e luz de dia relia cada aspecto de sua funo, no

    importando a qual direo fosse seu raio que de soslaio iria refletir. Seus nomes, em contradio,

    no desditavam qualquer posio que ao que nomeado fosse, cravado conceito torpe viria

    adquirir. Mas difcil saber de onde estou. A quem o nome receber negado ser em seu entrever.

    Enciumadas, esgueiradas, afora boba que tinha nome, as outras duas suplicavam:

    -queremos ser negadas!

    -oi? vocs exclam, porque?

    -oi? exclar? que isso?

    -sair do lar. exclamativa ao de sair do lugar comum. ex-lar. exclar.

    Logo aprenderam a falar e a ex-colherem seus nomes. Juntas a boba, bing e vrum viram-se

    diferentes. Luz ia por ali, s e acompanhante. Seu ser delirante era perseguido tal qual a velha tia

    pelas partculas unifundamentadas.

    BANG! Um claro se fez e boba, vrum e bing separaram-se de luz.

    Luz como acordar de um sonho a noite, resplandecer da jovem alvorada. Alumia os versos

    da sorrateira entrada que, no papel, teo por falta de ponta afiada. Juro e brinco na prudncia

    d'um agir pudico. Quero e quero muito! Quero do mundo aquilo que nunca soube se o mundo quis

    de mim. Orgnica ao de dedilhar e brilhar, ouvir marcha-r e a mim, pois faz sol l. Notas

    denotadas da conotao de sentir-se. Ser e rir-se das iluminadas ideias.

    Surpreso sou arrebatado por interferncia de outro sol. Onde ele est? No sei, tento

    desvendar. Temo a faca e o circo em mos. Travisto meus escritos de velho lampio. Nuvens

    nublam como vento que no circunda dentro e adentro, para fora, dentro...quanto mais

    adentro...mais afora penso: como entrar em um ponto, estilhaado ser de encontro? Quem

    matou o ponto e o separou da reta? Reta a luz que fotomonoinicia sua jornada escnscia no cu.

    Seu/meu/nosso expresso trina de conjria ao de preparar o terreno pros que viro. Boba de

    um lado; bing e vrum do outro. Separadas pela luz que irradia sua finitude em si mesma. Das

    outras, outras finitudes, outros irradiam. Infinidade de outrens em questo de expanso. Expandir-

    se da velha e eterna separao. Separar para juntar, eterno paradoxo da contraveno.

    Boba sozinha no teve medo, mas bing e vrum no sabiam o que fazer. Acalantadas de

    sopeto por um fenmeno daqueles, uma exploso separatista! Boba era crescidinha e conhecia a

    velha luz. Bing e vrum, recm-sem-nome, mal haviam nascido e j viam-se sem eixo. Era para

  • estarem juntas de boba.

    -boba, onde voc est?, gritaram as duas.

    -aqui, u!

    -aqui aonde?

    -onde me saltaram.

    -assaltaram-lhe de ns.

    Afinal, contudo e entretanto permaneciam todas no mesmo plano. Eram juntas, mas

    alumiadas. Bo+ba como beab existencial. Acabara de nascer e j se sentia livre e queria,

    ansiosa, experienciar andar na linha outra vez. Porm, a linha no era simplesmente uma escolha

    irrefletida e automtica do colapso espontneo.

    Do outro lado, bing e vrum, desesperadas queriam porque queriam a companhia de boba.

    Boba nada mais era que o fim, um fim em si mesma, utopia da prpria criana em sua ao

    monofottica. Luz a via e havia de lumiar bing e vrum. Bing era o incio, vrum a meia. A meia

    alada do prncipe tato e de solapo findo o simples ato.

    -como podemos te ver, boba?

    -eu que sei? queria mesmo era andar depois no instante lumioso.

    -voc falou? ou ns que escutamos?

    -creio que podemos ouvir-nos umas s outras sem, contudo, nos vermos.

    -mas como pode? como fazemos para retornarmos linha?

    -no sei, mas a linha alumia cada passo que dermos e, a cada direo nova, novo ato

    sentiremos.

    Da cnjuge ao eucntrica para a conjugao nostica. Do eu ao ns. Dos ns ao eu.

    Desatando um por um daqueles que foram por elas mesmas criados. Findo em mim mesma

    refletia luz sobre ou sob ou entre o estado de boba. Diante ou de agora em diante com vocs.

    Vocs so livres, podem fazer o que quiserem. Exclarem-se e interrogarem-se da finitude

    probabilstica que a estilstica de seus nomes faz parecer. Perecibilidade exclamativa de tez ungida

    pela interrogabilidade de serem vivas.

    -ein?

    -an?

    -ah!!!

    Foi ento que, num passe de mgica, boba deu a volta em luz e...?

  • -u, onde esto vocs?

    -aqui! aqui!

    Boba ficou, ento, indignada com seu prprio movimento, fiz bing e vrum sumirem,

    pensou por um instante. No tardou a perceber a mgica que jazia em seu estupor. Sumiram ou

    fantasiaram? Fantasia aquela que representa atravs de figura outra o ponto e o trao em viso,

    sendo tambm mesmo que, em existncia, sem miragem da auto arguio. Estavam as trs

    travestidas de pontos autoexclamados e autointerrogados como em fico prima de suas

    aparies, mas no deixavam de serem jamais suas prprias existncias pontuais.

    Luz, inquieta, no conseguia expressar-se. Apenas luzia e aluzia o instante porttil do nfimo

    colapso. Como ser que mover-se?, pensava, raiava. Sua atitude fora to rpida (em torno de

    300km/s) que parecia mais um feixe a transpirar alegria. Logo, entrar dentro de si tornou-se ddiva

    e, com gritante movimento, vrum e bing quiseram destilar mais da mgica que nem sabiam conter.

    Queriam mais do mundo e mais de si mesmas e de suas possibilidades de movimento. Aps tantas

    interrogaes e exclamaes, vrum, primeiramente, descreveu um mergulho interno em si mesma,

    um movimento narcsico praticantemente.

    Foi a que bing, ilumiada e confusa, tornou desesperar-se:

    -vrum, onde voc foi parar?, indagou.

    -socorro! o que eu fiz? me ajuda, bing!

    -vejo-te esparramada e esticada. como voc fez isso?

    -eucentrada em mim mesma busquei entrar adentrada ao ponto que era.

    -e voc se sente bem?

    -sinto-me estranhada. creio no poder retornar mais ao ponto que era minha morada.

    Boba continuava a saltar diante da luz, repetidas vezes, cada vez mais rpida. Sabia jamais

    poder atingir o nvel vibracional vexatrio da luz, mas emanava energia atravs de seu movimento.

  • Ela sim, l, aparentemente imvel, concentrava-se e dispersava-se na forma de calor. Servia quase

    como alimento para as trs amigas de planto. Explorando seus movimentos e os ressarcindo com

    pitadas de ingenuidade, boba descobriu um salto. Mal esperava ela que fosse chocar-se com bing

    que, em tentativa frustrada de encontrar seu real (ou srreal) eu qual vrum em seu desmovimento

    interno, tambm saltou. Chocaram-se e, de sua subatomizada ao, outra sem-nome apareceu.

    O tempo no passava. Dele mal se ouvira falar a no ser sua ex-inaptido de exercer aqui

    uma funo primeva. Ele era intil. Intil do tempo, intil! A nova sem-nome nadava em si e dava-

    se conta de espremer-se at o bagao para pr-aferir alguns bocejos de algo que, h muito,

    dormia, reluzente falta de despronunciao; em sacro ofcio de palavrer, calou.

    -quem voc? exclamou bing.

    -quem quem?, perguntou boba.

    -quem?

    -quem?!

    -quem!

    -quem.

    -quem...

    E nada de sem-nome pronunciar-se. Vrum, reticente, logo notou sua funo e arguiu:

    -bing, experimente mergulhar em si e veja se algo acontece...

    O mergulho como um mar. Mal nasceram as pequenas gotculas d'gua e, rasas, j se

    viam sob um raio verde escaldante, luz. O raio verde o ltimo raio do pr-do-sol de alguma tarde.

    Na superfcie, o mar azul, quase branquelo e transparecente. Pouco mergulha-se e percebe-se

    sua turva conscincia. Sem muita dificuldade, bing descreveu sua trajetria e riscou-se a si prpria

    como vrum:

  • Vrum, tendo ensinado, aprendeu. Viu-se malevel e afrouxou sua rigidez. Vrum e bing no

    mais conseguiam comunicar-se com sem-nome e boba. Desaceleraram a comunicao e refrearam

    o alimento de seus contatos com os seres de dimenso alheia. No por calnia ou esforo de casta

    superior, mas pura adimensional idade do contato com o submundo das sem-nome. Passaram,

    ento, a explorar seus novos movimentos e descobriram que podiam maleabilizarem-se juntando-

    se. Suas extremidades finitas completaram e complementaram-se. Quanta sincronicidade! Eram,

    agora, unas e tocavam-se e exploravam-se fluxo-traalmente cada qual em sua metade sem

    mesmo saberem qual das duas era a uma.

    Ansiaram tanto por este momento que esticaram-se a si mesmas, ultrapassaram os limites

    de sua tenra existncia, passando do eu-todo simples autocura complexa, transmuta de aes

    caleidosadas nova forma:

    Boba pululava ainda em sua infinita possibilidade de falta de colapso. Sem-nome ainda

    aprendia a andar, saltar, mal sabia como altar-se para (re)criar-se, enquanto boba passeava em sua

    curva probabilstica quntica de incerta vividez. Por mais que quisesse estar com sem-nome, no

    podia auto-no-refletar-se de luz. Luz ia e voltava rapidamente ao seu mesmo lugar.

    no+no=sim

    sim+sim=sim

    sim+no=talvez

    no+sim=talvez

    no/sim=paralaxe

    O paradoxo paraltico que se afigura a desmedida qualicapacidade de manipulangular-se

    por diversas formas distinguindo-as ao balanar do ponto de observao. O observador

  • ativo/passivo e consciente ao colapso diferencioso dependendo da observada ao de onde se

    prostra.

    Enquanto isso vrum e bing cresciam e antecipavam sua prxima (re)unio de finitudes:

    -quem est a?, questionaram as duas sem-nome s interferncias adimensionalizadas que

    no paravam de crescer.

    Entretanto no obtiveram resposta. Vrum e bing cresciam mais e mais e no mais

    mantinham contato com as unas de menes honrosas, nicas em sua terra. nicas e unas. Unidas

    quntica e laalmente por seus estados gmeos: um estmulo a uma sem-nome e a outra logo

    recebia-o de sopeto, imediata temporalmente. Luz espantantava-se com tamanha velocidade de

    suas respostas colapso de primeva qualidade. No tardaram a crescer, as duas curvas tocaram

    sem-nome e boba:

    Sem-nome no soube descrever tamanha contentao. Boba logo a sentira. Sem, ao

    menos, pr-ferirem com palavras, as duas curvas logo expandiriam-se at completarem-se. As

    com-sem-nome, geniosas, aproveitaram o pequeno instante que tinham para sentir a linha. L,

    no se tinha aspecto de curva nem sensao de reta, muito menos questionrios curviretilneos de

    interrogatrios exclamados.

    Era o colapso da unio. Alm-verso, alm-verbo. A linha e o ponto. O ponto e a linha.

  • Mas vrum e bing no continham a si mesmas. A utopia de sarem de si mesmas em tanto de

    si prprias as fazia ss de suas tarefas, porm, inss da existncia colptica de boba e nar. nar

    seu novo sem-nome, disse boba a sem-nome.

    - como um presente que se ganha por experienciar a linha.

    TaO expansivo, movimento sorrateiro de linhas que, como o levar da mo ao nariz,

    tampando a passagem de ar e aspirando narinalmente, expandiram-se. Uma sem-nome adquiriu

    vida, outra sem-nome adquiriu ar. Uma linha e outra enxeram-se e luz ficou no mar a brilhar,

    refletindo todo o brilho de nar.

    TaO foi seu nome, pois luz dividia boba de nar sem que pudessem se ver. A mente atual

    mente a respeito das funes cnjugas, pois ali moravam vrum e bing na mesma curva sem que

    sassem do papel, mas to unas eram, paradoxos astrais de existncia terrena que 1 era seu

    nmero 1 crculo, 1 dimenso, 1 planeta, 1-o-que-quiser. Somente unas, vrum e bing agora

    brincavam de permanecerem estticas, pois sentiam o raio verde que curvilneo em onda alfa

    centauro as tocavam. Esta, sendo onda primeira de contato finda tarde com estrela que guia e

    esguia, indica os caminhos a trilhar.

    A funo beta jazia separada do cruzeiro que o sul apontava. As ondas alfa e beta de

    percepo organizativa vinham-se saudar na mais constante localizao lunar que, em noite

    iluminada, podiam quaisquer ondculas se encontrar. Vibraes de estados conscienciais qual

    juno de ondas e partculas adimensionais em ondculas totais. Beta estado de alerta e ateno

    para com a vida, enquanto alfa passivatividade meditativa. Tenso e relaxamento

    complementam-se em juris(dis)juno positiva. E agora que o sim do sim sabia, sbia boba dizia:

    -vamos separar!, quando em verdade proferia:

    -se a p ergue a terra, juntas a errar.

    Como quem de p tira toda a terra que jazia sobre a ignorncia cadavrica, agora j vira luz

    em findo tnel a entrar pelas duas beiras a lumiar. Azul e branca j se viam, separunidas pela vida.

    Parte e todo j eram unos e assim viam-se vrum e bing; opostas distradas em suas tarefas. As

  • cores que de cores coloriram toda a imensa criao a errar destilaram por cada canto a pintar o

    grandioso quadro enraizado com suas vibraes ondulatrias e fundamentais partculas giratrias.

    Tudo gira e orbita pelo espao-tempo em unio. Bing espao de partcula a colapsar criatividade;

    vrum movimento ativo de onda a eternizar temporalidade.

    Em tentativa de verem-se, boba e nar tentavam novo salto. Mas boba apenas

    superficializava-se conquanto tentava algo anormal ao seu encanto parablico, sua funo

    incertzica.

    Mergulhava no raso como criana que se contm. Contida entre a areia e o mar, brincava e

    pululava as pequeninas ondas entre-cortadas pelos lampejos sujos de areia. To logo nascera do

    mar, ao mar de abertos olhos, olhava.

    -gosto de ver, no me chateia no. gosto da torrente quando no posso lutar contra ela. ela

    s vem e como um mundo a ser explorado, um jogo imagtico de esconde-esconde. eu procuro o

    mundo e ele foge de mim, eu vou e ataco ele com meu desdm de quero mais e ele, de quero

    menos, me entorpece de qumica aterrante.

    No nascer as coisas fluem, o corpo fica fludo e, levemente, boba ia, rala, mais fundo, mas

    espera...ufa! S at as canelas foi ela, pequenina que era. Odor de amarga, amarra a lngua, o

    sabor das canelas subatomizam seu gosto embaixo das furnicagens gustativas. Papilas gustam

    ativas em seu encanto poder. Ver o sol nascer e o azul separar, nesse citar de trocas polares entre

    branco cinzento e azul-mar. O sal j no era refino de puro tempero no meio do adentro ardido de

    suas duas pernas. Entre elas jazia a mais nobre criao das fundamentais partculas em enorme

    proliferao. Brincava ela de criar e, assim, (re)criar toda a universal inveno do observador maior

    em destilada ao.

    Mal nascera boba queria voar, mas aleito materno no podia resguardar. Ansiosa, j,

    necessitava mais que apenas leite. Queria luz. No, porm, a conseguia mirar diretamente.

    Enquanto estava parada em sua funo particular luz no havia, apenas o raso mar. Ao mover-se,

    entretanto, percebia sua sensao, vivia e era com luz uma unidade. Via-a atravs e entre-vis seu

    mover. Deslocava por onde sua incerteza a guiara. Sincronicidade demais as duas juntarem-se

    intensa a mente ao desmembrar.

    Nar, enquanto isso, descobriu-se no mais sozinha. Sentia-se acompanhada e

    acompanhante ante a velha tia suja e a queria largar, dizendo em alto e bom som:

    -saia, velha tia! saia deste lugar!

    -sou delrio de ente a beira-mar, tu hs de me aturar!

    Mas a tia no saa e a saia da tia mal era velha era tambm paga e de mal gosto. E ali estava

  • de compromisso perseguida pelos seus interstcios. Tinha ento tinta em suas mos, no mais

    sujas, sim pintadas de robusta rigidez artstica. Antes mesmo de dizer o que havia dito, a tia velha

    j havia sado.

    A tia velha a iluso da primeira reao aos delrios indelimitados da mente, mentida ao

    descrente de querer ver o que no h de permanente. Mas de impermanncia feita a demncia e

    de seres assim eram feitos os papis. Papis a serem seguidos e desmentidos pela profuso

    aleatria da mente, porquanto reticente.

    Boba refletia, agora, a luz advinda do raso beira-mar. Entrava nas guas como quem bebe

    copo d'gua em dia de sede, rpida, porm sadia, pouco a pouco experienciando o sangue do

    tero materno. Qual sanguessuga que cresce ao suspender-se em seu estado de alerta. V,

    criana, voe e fale da espiralada viso d-ene-e-colocar seu tato no mundo. E assim fez-se.

    Passou, ali, a alimentar-se do trigo e do joio que lhe fora posto, ingnua e inocente de suas

    escolhas. Era mais uma no meio de tantas outras, porm colapsada a sanguessugar a conexo

    cordoda. Assim nasceu sol, o anjo belo dentre os escolhidos para trilhar seu rumo aos cus,

    lmpidos e azuis. Consigo est sua irm gmea, a lua, escondida sob o suborizonte infinito da

    grande bola gua: vrumbing.

    Lua mais tmida, guardi da noite. Sorri suave e possui movimentos ternos, esconde e

    expe, qual grande curadora da sua prpria ex-inexistncia, seu corpo boloso, redondo,

    semioblquo de opes trinas: quase, meia, nunca. Ora lmpido e cheio, ora minguando para um

    quarto ou trs crescentes. Sol mais expansivo. Aparece lumioso no horizonte e tece rajada de

    raio flamejante por toda sua trajetria ultrajante. Vai-e-vem, criana pacienta. E l estavam o dia e

    a noite a acompanhar os dias e as noites de to boba embriognese. Outrora fecundada agora

    dada a alimentar-se e crescer-se qual vrumbing em sua expanso redondilhada. Consome dias e

    noites a tecer e retecer de seus rgos e os invlucros que o compem. Logo chega a atingir adulta

    idade e, ansiosa por alimento, quer de si sair da grande bola materna.

    Quer banhar-se no mar a espoleta criana; nas rasas claras da conscincia ditmica.

  • Me um estado constante de sacro-ofcio em prl do alimento interno. Tudo o que ingere,

    redigere e dirige ao feto prcriado. Grvitas de frmula saturnina, com seus glidos anis a girar.

    Metade saturno, metade jpiter o grande benfico do sistema solar. O primeiro regente de

    capricrnio, sua lua; o segundo de sagitrio, seu sol na diviso da cspide a nascer. A grande bola

    materna zelada, dia-aps-dia, base do alimento amoroso, pelo requintado cu estrelado, dono

    do tempo a trilhar. Passa o tempo como cavalo, seu signo chins a brilhar. E j o cavalo, d'antes

    prata ao mago csmico branco, a me se mata, sangra e abre sua cavidade vaginal espessura de

    um par de ombros mais-kg ao abra-te csamo quadrilabial. Uma das experincias mais traumticas

    da vida, a de acordar de olhos fechados, nascida criana na psmica sombra do humano. Meio

    sapiens, meio homo. Imanncia abaixo e sua irm, transcendente, ao lado, acima e cisma de

    querer saber do logo aleitamento, cime instaurado em poucos minutos de choro existencial. A

    anja lua de estrela d'alva, beta centauri, cruza os ombros do sul e mora ao lado de alfa. e so

    irms; sol e lua, cu e terra, noite e dia, ad infinitum.

    Anjo como interferncia extra dimensionalizada na estrada brotada do cho que anjo sol

    e anja lua, em suas dimenses, vm saudar a recm-nascente com-sem-nome a pontuar . O dia

    reflete o srrio raiar reto ao passo curvo do sorriso lunar que agora se faz. A noite uma criana

    entrando no mar. Serelepe, ingnua, nua, a criana abre os olhos, tocam-lhe a face e umedecem

    sua pele com placenta recm-sada do forno. Ela v ainda cega de enxerga, mas desperta. Acorda

    para a funo vida, relativiza a antessala e adentra outro espao. Toda sada nova entrada.

    Noite e dia alternam-se como fogos de artifcio que bum cat ba bum fazem em ritmo

    acelerado, constncia ainda dbia da fractal idade, segunda dimenso de reles serendipidade,

    nascente iniquidade das instncias oculares a saltarem quaisquer viventes almas dos anjos a

    receptarem-se.

    Boba fora seu movimento e acorda cedo para ver brilhar seu ser na ao luminosa de seus

    saltos, camada-a-camada de fora eltrica. Eis que, em uma de suas tentativas, o estourar dos

    fogos a bidimensiodivisionou.

  • Nar, entrelaada s sensaes de boba, tambm divisionou-se. Duas sem-nome vieram

    ter, cada qual com sua respectiva companheira. Abaixo de luz e da rasa superfcie refletora, boba

    amizada por dos, maga das guas, aqui :

    -aqui?

    -aqui!

    -ah, a est voc, dos.

    -prazer, dos.

    -quo rpida e j tem nome.

    -sou fruto da fruta tua.

    -ah, ? somos frutos agora?

    -agora e sempre, pois temos vida, somos seres dementes.

    E l ficaram, pululando e dedilhando a longa conversa sobre a relata atividade do viver. Ela,

    tal constante paradoxa qual beb que inicia o aprendizado de uma cano, seguindo os poucos

    traos meldicos das primeiras notas a perseguir delirantes rotas de caminhos aos curvares e

    lineares musicais. Deste e desde que se faa o experimento da grande bola materna, j se faz o

    experimento viver, at mesmo antes de nascer.

    a me ser

    a me se

    amanhece,

    tenra.

    Sua primeira palavra caco e mal sabia da vida os catares e apregoares dos cacos

    caleidosfrnicos, revvidos e transvvidos havia ela de relatar. Relato dos cacos, ora advindos do

    divino aos quais viria ajuntar. A vida como um grande quebra-cabea que, aos que no se

    quebram um pouco, no h muita graa em catar os cacos do louco. J aqui a loucura vinha

    cumprimentar, quase sozinha, flutuando leve nar e sua relva vinha, vinho a comemorar. Vizinha

    de nar aquela que vir a ser na era pr-humana, nova agr.

    TaO o invlucro. Dentro de si, sol e dia, lua e noite. Dos e boba, agr e nar, aquela que

  • nunca acaba.

    -narrr!!!

    -arrr...boba.

    -dos!

    -agr?

    Confusas iam l proferindo os nomes de suas recm-chegadas amigas. gua dos da

    extrema pujana e de l saram e nasceram a maior parte de nossas espcies vvidas, rpteis e

    ilianos de devaneios e triptanos. Da juno de vrias bobas com o aparecimento de vrias sem-

    nome pode-se ento vislumbrar um TaO habitado. Primeiro as algoras, algas do aqui-agora, depois

    as primeiras complexas bobas que se podem ter.

    Boba ia e voltava do mar e a mar brincava consigo em avano e retrocesso de marcha-r.

    Faz sol e frio l onde boba brinca, qual bumerangue diverto d'uma dantesca comdia. E ria e ri e ia,

    brincava sem amanh nas geadas dosas potuguesas por onde passara sua primeira infncia.

    ramos cinco: boba (com-sem-nome), Argel, ngela, banguela e falcia. Boba era uma viajante,

    ngela uma calada, Argel um ditador e banguela uma falcia. Banguela e falcia dividiam-se em

    dubiedade de no dimensionalidade a serem unas irms quais siamesas a vivenciar. O resto

    tempero, confeito que enfeita a vida. Falcia enciumava-se a cada direcionamento de boba ao bico

    entumecido do seio materno. Me que era, ngela perdeu uma bola de boba, sangue e placenta,

    pra ganhar duas grandes cheias de leite. Boba mamava, comia e vomitava. Em tenra infncia j

    sentia-se cheia de si e junta gula de seus desejos, na sua vontade grande de comer o mundo. Era

    um ciclo sem fim:

    Gostava muito de verde e azul, fotossnteca boba da ilustre criao ngela-Argelical:

  • Boba refletia e refletia e refletia. Desde o azul do mar at o verde dos habitado pelas algas

    do aqui-agr. Havia de tudo um pouco n'gua quente d'oceano maduro. Uma grande sopa de

    caldos e sais minerais. Boba gostava das letrinhas de macarro flutuante e as mantinha presas no

    caldo at que subissem colher para que formassem palavras em sua boca. Inmeras e nfimas

    eram as possibilidades combinatrias. At que blump cact plof formaram caco. Cacori,

    macaco, cacofli de doracaco. Ela podia entrar entremeio de comeo, meio e fim do jbilo salutar.

    -sade!, disse agr.

    -sade!, respondeu nar.

    E l iam seus argnios, nitrognicos hormnios de boba a estimular. E falava e falava sem

    parar, fosse em ideia de pensamento ou laringe a processar. Palavrolaringoscopia deve ser o nome

    do engatinhar dos fonemas. E a dos mantinha boba imersa nesta imensa viagem, por entre o cu

    azul, sopa de triagens; biagem, uniagem...quantas fossem, quantas queriam.

    E boba juntava e jogava areia pra todo canto, construa e cobiava cartel de castelo, falcia

    e encanto. Formava muralha e dizia:

    -sers forte, fora mura!

    E a mar subia e a areia caa. Argel dizia:

    -faa outro, boba, faa! no desista enquanto tarda!

    E boba fazia, falcia da noite ou do dia. Falcia corria e dos s agitava o moinho de gua.

    Da lama flor de ltus, nascia o forte. E o castelo falava:

    -sou forte, conquanto, continuarei a lutar!

    -vamos, castelo, vamos!, dizia e enfrentava boba o salnico mar.

    Mas o mais que podia o mar emplodia. E tornava a castelar, tornava a levantar. Iam dias e

    semanas se l deixassem boba beira-tal. Mas a sopa esfriava e das palavras j um pequeno ser se

    fazia, juno de monocdulas com policotiledneas martimas. Um vu fino fechava a brilho loura

    boba em seu finito fractal azulado. Do p vieste boba. Ao p, algum dia, outra ndula, retornar.

    Como todos. Entretanto, boba flutuava e fotossintetizava a sopa em sua boca. Era o incio de um

    novo tempo.

  • O TaO da falcia mixava as novidades e tendia tecnologizar as letrinhas, criptografando

    uma-a-uma das que se aprochegavam. Argel era s voz e dedo. Voz aqui e acol, dedo sempre a

    frente. Falcia, tal qual banguela, paradoxavam em desditos vazios de contedo. Boba, fixa em sua

    tarefa, apenas anotava tudo em sua caderneta corprea. Anotaes ora ntegras, ora mdias

    unidades do entorno em questo. H tempos que o tempo no nos visitava, no nos lanava ao

    fractal intento da estadia prxima. O vmito ainda mido vinha bradar o tilintar das taas ao coro

    conjunto da sade:

    -ao bispo de coimbra!

    -sade!, respondiam todos em unssono.

    Na presena da inesgotvel ausncia, terra se fazia junto dos e boba, estacando

    montanha-montanha, morro-a-morro e terra-terra firme como ente passado do n estelar. Nar e

    agr aspiravam toda certeza de um abismo inesgotvel. Expirando, entretanto, civilizao nova de

    rpteis acidulveis. Uma cadeia de sumo expremido de laranja limo. Chovia e o sol vinha trazer

    o anunciado sorriso celestial: arco da cor das ris olhosas. Uma grande pintura, enorme quadro

    complexificado. O ciclo finito dos segundos inesgofactveis de vida trombeteavam sua entrada

    triunfal no reino dos cus. A grvitas pendia para a curvilineao da relatividade espacial.

    -agr, onde est voc?

    -nar?!

    -dos, dos...

    -boba...boba?

    Desesperadas, as pequenas sem-nome no sabiam do que estava acontecendo, vendo o

    retorno da linha. Ela retornava agora curvilinearizada qual um banco montado de areia rente

    verte praieira. J se viam, por ora, um coral dosfilo e uma boba nadante. Agr rentia-se linha

    novamente posta, to posta que luz fez-se cobrir. No de quem cobre com cobre a dourada

    reflexiva a sentir, mas quem reflete e repete a estada de sua forma a subir. Montanha, banco-areia,

    curvnia da clebre chegada. Luz sentia-se amparada, refletada por outrem a experienciar seu

  • aqui-agr de momento finito. Agr logo deixou o desespero de lado e passou a delinear-se

    explorando cada semi-espacinho do entre-espao. A relatividade espacial, implante em incio de

    mutao, fez-se e novo arranjo fora experimentado. Sentiam elas que acol ficariam, cada ser em

    seu espao imutvel: boba, por agr mutvel marinheira; dos, por gua, oxignia; nar, expirante

    nitrogenia argnica; agr, eterna fludica do aqui-agora de nossas imutveis vidas. Sol e lua haviam

    emaranhado-se em uma contnua dana de ora uma, ora outra. Conquanto, TaO de bing e vrum

    em mutabilidade imanntica do espao correlacional. No muito se afastava, via-se a bingvrum

    bola materna de Argel ngela presente de outrora a novo mundo, nova era.

  • 2. sendo seres.

    ...em relao, tudo move, onijetividade orgnica. o funcionamento da cidade. A cidade

    unidimensional das partculas subatmicas.

    Trabalho rapidamente sem horrio para entrar nem sair. Na verdade, h um horrio, com

    certo grau de imprevisibilidade, que rege minhas incidncias e reincidncias em determinados

    locais, mas no desconsidero a possibilidade de transitar por outros meios. Em meu constante

    movimento gero energia. Vivo para isso, inclusive. Isto meu trabalho: mover-me, camada por

    camada em minha realidade. Ora, movo-me mais rpido, ora mais lentamente, gerando menos

    energia. Tenho alguns enlaces qunticos. So nossas formas de se relacionar, redirecionando

    nossos vetores de interesse real. Possumos uma conexo incrvel. Se um de ns estimulado, o

    outro percebe tambm, instantaneamente. A velocidade da luz coisa do passado. Ela demarca

    um ponto limite em uma situao especfica, mas as possibilidades de interrelao universais so

    infinitas. Vivo em um mundo onde tudo muito rpido e o lento s uma concepo de menor

    quantidade de rapidez. H muitas partculas e todas movem-se o tempo todo em todas as direes

    e, frequentemente, chocam-se com as de outro ncleo. Ncleo o centro de convergncia

    eletromagntica, a prefeitura da cidade. La denso e pode pesar mais que a existncia.

    Meu nome boba. Sou s mais uma partcula no meio de tantas outras. Eu no costumo

    ver meus amigos, mas sei que eles esto por a. s vezes nos chocamos e at trocamos energia.

    Nossos vetores se entrelaam e nos comunicamos atravs deles.

    Tudo bing e vrum. O mundo manifesta-se em uma infinidade de TaOs interrelacionados e

    coexistentes. Sistemas de sistemas de sistemas, ad infinitum. Todos abertos. Em sua pequens

    expressiva ou grandiosidade organicista. Organum de paralelos complementares. Contraponto de

    movimentos contrrios consoando suas dissonncias emergentes. A membrana logra ritmo

    impresso. Padres criados. Seguidos. (Re)produzidos. Criador e criatura no seio do imanifesto.

    A eterna viagem de crescer, expandir-se e acoplar-se a outras partculas. Destino traado,

    certo. No h sada, todas vamos para o buraco de minhoca. De to prximos, no percebemos

    nossa distncia expressiva. Um organismo autoregulado de mltiplas manifestaes.

    No sei bem se nasci ou se apareci, surgi, materializei, mentalizei, no sei nem quando

    passei a dar por mim, mas o que sei que no controlo meus impulsos. Gosto desta palavra, ela

    me trz mente a sensao exata do que eu no consigo perceber o que fao. Im no sentido de

    voltar-se pra dentro, perceber o incitar ao movimento bing e o pulsar vrum do prprio movimento,

    a exploso primeva do TaO a iniciar.

  • Bing cria, vrum gera movimento, agr estado e dos e nar so alimentos. Boba juno

    colptica de tudo o que h por manifestar-se. De resto, restam temperos ou necessidades para que

    o sistema continue a fluir.

    Se nos afastarmos do momento inicial/final veremos o incio/fim novamente. tudo uma

    questo de abrir os olhos e olhar, enxergar semioticamente com preciso. Somos como restos de

    cacos de vidro vibratrios juntando-se aos cacos alheios em eterna profuso de juris(dis)juno

    daquilo que buscamos ser. Ao fim, resta apenas a testa meia funesta da aleatria catao daquilo

    que no foi perdido no caminho. E nesta caminhada, no costumamos perceber os cacos catados

    dos outros, mas deles fomos e somos seus restos tambm.

    ngela permanece fiel ao seu estado de apenas sentir as circunvolues inatingidas pelo

    seu ser enquanto Argel destila um sem-nmero de apontamentos futuros em hidrlises

    vociferadas de ares magnticos em negativa retroao. Boba, banguela e falcia trinitam a

    vicissitude de serem dimenses cartesianas da fsica que subjaz nossa existncia id, ego e

    superego. Desempenham aqui, muito bem, seu eu, papai e mame, sendo todas filhas.

    Beira s nove da noite e boba necessita mamar. ngela sai de seu quarto, atravessa alguns

    cmodos e pe-se a preparar, na cozinha, a primeva tentativa notrnica de alimentar boba.

    Calenta o leite na temperatura correta, preenche o vasilhame com o sumo esbranquiado e toma

    boba de colo enquanto banguela e falcia, sem saberem bem quem das duas est no comando,

    iniciam o sinfnico choro. Boba, tomada de colo, enche de gula toda a sacripana sem tardar

    juntamente a estressar-se com a sinfonieta desigual das duas irms. Ego e superego vacilam a

    enxertar em id a ideia errnea de vomitar todo seu eu quando bem-mesmo sabem que seu eu no

    passa de um eu impulsivo e retroativo. Boba, no vacilante, v seu estmago fazer bum cat ba

    bum movimento peristltico de leite afora. A velha tia velha do comer mamar vomitar.

    Id pe-se a comer incessantemente a vida trazendo-a velozmente adentro, porquanto ego

    amamenta seu eu em instantneo nico de ao orgnica. Falcia fica com a parte que lhe cabe,

    sem eira nem beira vocifera vomitadas disformes de contedos falsiformeados.

  • come-se

    antes com

    nariz

    e olhos

    s mente

    depois

    comece

    a boca

    Boba e somente aquilo que lhe cabe frente da linha recm-subida. A criao de uma

    espcie nova em eterno multiplicar-se. O vrum que a bing faltava para que a ao se fizesse

    pulverizada. TaO adapta-se s boas novas e faz de cria ao da nova casa para o novo momento.

    Saltifica nar com sua eterna argonicidade pesticida que nutre e d forma aos pequenos e dbios

    pulmes de boba, banguela e falcia:

    Banguela pequena, esguia, quase um sem-nmero de sem-nome a saltar-lhe a boca. Diz

    que sim, diz que no, balana a cabea e tudo est bom. Identifica-se com Argel, na santidade de

    sua conexo vetorial. Falcia j incha-se mais ao fazer-lhe pictorizao, diz um sem-nome de sem-

    nmero de questes a lhe perturbarem a mente. Boba reflete a respeito da refleta paisagem que

    se lhe corrobora a vista. Luz mais do que quer, aquilo que a tem. O incio da profunda viagem

    martima, eterna sabotadora das experincias mundanas, quer mais, sempre mais. Enerva-se o

    sistema nervoso central ao ver-se submersa em inmeras doss aquferas. Energia pra dar e

    vender se deste contedo fossem feitos os mercados. Lembra-se muito bem da mxima que s diz:

    boba igual a banguela vezes falcia ao quadrado.

    Ao que, ao fundo, deve-se soar que iguais todas so. No alm, muito alm daquele

    travestido que Argel. Dele tem-se poucas, mas ntegras formaes de vidas passadas. Fora

    general de exrcito e subsegundo-tenente da marinha do estouril borrifa-bombas agente. Era de

  • um esquadro que havia trabalhado para que o dia d aquilo que tem que dar. Desde necessrias

    materializantes at conselhos constanteformes a respeito do nada. Sempre em direo ao outro

    nada que sua opinio. Mas nunca deixa de apontar-lhes os apontamentos que lhe ho de

    quebrar a cabea de tanto desapontar cada qual que se arrefecera. Nutria por banguela um amor

    sem igual, qual por falcia tambm. Boba era menos apercebida de seu afeto, conquanto no lhe

    faltasse.

    Boba serpenteava e balbuciava um sem-nmero de novas palavras que ia caando por

    entre os cacos que catava rua abaixo e rua adentro. Sua sopa borbulhante de letrinhas

    esquizofrenizantes mal chegara ao final e j lhe tinham um novo comeo. Podia juntar o que bem

    entedera com o que bem entendesse e lhe atribua um bom-entendido no faltante de sentido

    que destes no se via manifestaes ainda. Simples, fcil e desconexo. Argel intua erro em suas

    questes:

    -no assim que se faz, boba. tem que juntar o que junto com o que se pode juntar. no

    adianta juntar o disjunto com o jurisdisjunto que no vai dar nada, vai sempre parecer aquele

    monte de baboseira abstratal dos polticos partidrios.

    E ele mesmo no via sentido em fazer tal apoio ao movimento anti-partidaricerrado. S de

    citar, j o negava, mesmo em aceite provocao vinda de suas guelras.

    -quero fazer assim, assim vou fazer, so minhas palavras, minhas!

    A travessa boba insistia em querer continuar sua grande cria e ao, seu jogo, sua bradada

    de vociferao. Suas eram as palavras que ali juntara em prl de um sentir quinquidimensional que

    houvera de ser atingido. TaO j sentia sua organicidade em tempos de estipular a tridimenso que

    se mostrara: TaO de tato a audio, ou fato, de para dar faltante. A trina dimenso atingida fora

    etapa principal na vida da criana boba. Nascida havia e presa estava nestas trs unas

    dimensionalizadas ativas tato e, ou fato, auditivo. Que dos fatos ela no ouvia mais nenhum

    desacato, pois que era remanescente perdida no mundo dos desfatuados.

    Tato contato primevo com a vida, da que vem o bing e vrum primordial, o esquenta-

    esquenta de densidade particular para uma imensa exploso jargo afora. O fato daquele que

    olfatiza preenche de ar o argnico ar daquele que se supera e espera adiante uma situao

    austera. Audio era a nutrio de sua direo. Como no podia sentir o gosto nem ver o que lhe

    cercava, boba tateava e cheirava e ouvia os sentidos que lhe faltavam. A terceira dimenso no era

    assim to legal como parecia aos outros seres no to humanos. Era, para boba, uma priso

    tridimensional de sensaes nada convencionais.

    Tateada pelas palavras e buscando palavrear seu tato, boba aprendeu a ler que o mundo

  • no necessitava de olhos para lhe chegar. Lia-o com imensa cautela tateante a experienciar.

    ngela, nos intervalos livre entre-trabalhos de Argel, lhe dedicava tempo adiantando a tarefa da

    escola. Boba rapidamente incorporou os ensinamentos e, em sala de aula, sobrava-lhe tempo ao

    fazer seus ditados. Desdita e dita, boba era craque, pudera a presena do dito Argel em sua vida.

    Ditar era com ela mesma. Ditava tudo, tintin por tintin, e terminava antes que toda a turma. Por

    to rpida habilidade de ditar, findava a bagunar e a correr seus ditados pela sala toda, hiperativa

    psiquiatria de sua mente. Se fosse consultada por um destes grandes ditadores do crebro alheio,

    lhe engoelariam abaixo inmeros percalos qumicos qual droga infantil encapsularizada. Por sorte,

    a sorte da propaganda atual do falso benfico qumico no obtivera fama ainda. Boba ganhava em

    troca umas poucas broncas e conversas com os responsveis educatrios, coordenadores e

    diretores.

    Banguela mal falava nem tinha tanto tato para as prticas sociais como sua irm. Era

    notvel em suas notas e possua poucas amizades, todas muito bem selecionadas e aceites em

    residncia. Falcia tinha notas ruins esforava-se por caminhar na linha com perspectiva de curva

    sobressalteada entre as retas que lhe eram postas.

    Dentre os entrevizes da vida, as trs divertiam-se juntas. Banguela e falcia adoravam

    vestir boba de menino e fazer-lhe o sexo parecer-lhe oposto. As duas cuidavam para que as

    brincadeiras parecessem o mais real possvel. Criavam estrias com grandeosos comeos, meios e

    grand finales como num filme de muita ao que a fico, desde tenra idade, era uma de suas

    preferncias reais.

    A famlia das com-nome e da com-sem-nome boba possua uma casa no litoral e para l

    viajavam por alguns finais de semana a entreter de atividades as crianas. Em temporada,

    chegavam a gastar horas e mais horas a meio fio no trnsito a transitar impacincia pela chegada

    casa. Certa vez Argel lhes havia assustado com uma discusso abrupta dessas entre grandes

    machos alfa no trnsito a descer serra e eis que o carro lhe havia fornicado para cima do outro em

    golpe de suma destreza mostrando-lhe quem era que ditava ali.

    -pai, no faz isso!, gritaram as trs em coro.

    -que desdito Argel, tem crianas no carro! desnecessrio., disse ngela.

    A casa era pastilhada de verde e amarelo e acomodava a todos muito folgadamente, com

    espao para a visita salutar de outras com-nome e com-sem-nome a lhes vir. L, o brinquedo era

    patinar por patin ou patinetelar com tricicletas at aprender a andar. Mas boba j beirava seus 6

    anos e a escola j lhe viera ensinar os passos bsicos do primeiro momento sensrio-motor. Seu

    principal material de explorao mundano eram as extremidades da boca (lngua), braos (mos) e

  • pernas (ps). Com seus trs funcionamentos bem delineados podia pr prova todo mundo sua

    volta. No sentia da boca linguada os sabores que logo viriam enriquecer sua paleta de sensaes,

    mas a quarta dimenso sensrio-temporal j lhe vinha tocar a face.

    O tempo lhe vinha tomar ares de quem quer quase emendar a linha espacial com outra

    relatividade constante. Tempo como enquadratura de momento pisante. Se lhe cravar ante a

    linha tnue de momentos-ps-intentos assim lhe ter uma cartese puntiforme rumo a frente.

    Porm para cada ponto uniforme destes dos quais nos encontramos, encontramos bolhas de sabo

    abertas para cima, baixo ou diagonal de tempos relativos. como um brinquedo de una dimenso

    ante ateno para com os prximos e rumo a onde quiser se lhe tomar para si o seu prprio.

    Tem-se, assim, uma linha com direo certa e suas suspenses cristaboliais infinitas:

    Aprendendo a falar, re-citou, como quem re-cita palavreadas citando-as de alguns ou

    outros poetas adormecidos. Mas mesmo acordada, boba cita. No que suas irms ou seus pais no

    pudessem, mas ela sconscienciava o (re)citar. Era como escolher dentre os inmeros livros que

    ainda leria em sua vida as palavras com que ia pintar seu quebra-cacobea caleidoscpico de

    finitudes ilumiadas a grafar. Precisava de uma srie de personagens. Escolhia-as entre as

    conhecidas que j lhe vinham mente e quelas as quais no lhe vinham, inventava, em tcnica

    simplria do separar e trilhar. Separa os cacos j conhecidos e trilha a juntarear com outras formas

    algures sedimentadas. Verbear, sinonemear, adverbear, aditivo de subnomimetizar, adjunto de

    pronome a quinquidimensionalizar, etc, ad adentrum. E entrar no verbo como adentrar um

    ponto, h necessria cautela e certa volicidade que somente bing e vrum (re)conheciam.

    As duas bing/vrum juntaram suas foras reativas e vieram a tornar-se tal qual

    bing(TaO)vrum de aes antibipartidas. Sabiam conferir e convergir a quem viesse lhes habitar a

    atingir sua mestria em tal caleidosfrenidade. Todos assim no nascem em livre arbtrio, mas sim

    livres em rbitros de sentir e ressentir o intento, converginsendo a traarem da vida um TaO

    palavreado.

    O entre-espao ao qual aderimos para viver a vida como se viessem vrios vizes de

    vidas paralelas s nossas, mas ainda sim sendo nossas. Ao mesmo tempo, boba banguela e

    falcia, assim como Argel ngela e vice-versa. Mas boba, banguela e falcia tambm so prosas

    unificadas da unificao de Argel e ngela, mas nunca s de Argel ou s de ngela. como um

  • quebra-remonta-cabeas ao contrrio, onde tudo o todo e o todo e suas partes conferem ao

    tudo uma vida todificada. Argel e ngela e boba e banguela e falcia so TaO de

    unidimensionalidade dependendo do ngulo pelo qual se quer ver, paralaxe do sim/no a conferir

    angularidade esquizodimensionalizante de aspecto vivaz.

    Tem-se assim uma luz autorefletora que incide em cada personagem ngulo-esfrica a

    esferar-se por toda a esfera bing/vrum auto-refletora, da grande bola me terna que a bola

    planeta onde vivemos. Somos, assim, sendo. Se olhamos para os lados, vemo-nos refletidos

    apenas no que ao lado reflete-se. Se pegarmos um foguete e bum cat ba bum refletarmo-nos

    para fora da bola me, veremos o reflexo unitrio de toda dimensionalidade a refletar-se em um

    nico pontculo. Somos todos bang de bing/vrum a espalhar TaO por toda parte. Somos um, dois e

    trs ao mesmo tempo. Adicionando o tempo, somos quatro, mas a fsica da relatividade temporal

    vem adicionar uma adverbialidade espacial, nossos entre-refluxos espairados por entre os

    espaes cortados de nossa incidncia terrena. Somos cinco, em verdade, ainda que em cacofonia

    pareamos quatro.

    Aos poucos, boba vinha abrir os olhos e saborear de mais do saber da vida. Descoberta

    paladrica do enxergar por entre as lentes de outrem. Ser e saber j confluam de experincias

    quntuplas do anteceder. Faz muito mais sentido termos cinco sentidos que trs. No sei de onde

    inventaram essa histria de que tenhamos a frente, o lado e acima quando, em verdade, temos a

    ns mesmos e a nossos cinco saboreados sentidos. O saber tem o sabor de escanear os eventos

    reais e torn-los sabidos para os aspectos sensveis do corpo. O corpo o lugar de onde no

    podemos fugir. Boba, sabida, sabia que no abandonaria jamais seu aspecto particular, mas podia

    passear por entre as diversas dimenses que se lhe tinham feito em primeira instncia, tato,

    olfato e audio a trinitude do ter, respirar e ouvir para, em seguida saborear e ver paladar e

    viso. Ver apenas ver quando se insere de nica direo o aspecto ttil da viso, mas enxergar

    quando rompida com qualquer forma de especulao segunda. Tem-se que ver das tarefas

    mais complexas, pois temos de ver com os olhos, no com o crebro. Crebro conexo de

    sinapses mltiplas que, a bem depois, chegar a nascer. Permanece imvel ainda, refletando para

    dentro de si apenas a imagtica ao de pensar e ressarcir os sentidos debilitados.

    -mas e o que eu fao com o meu caminhar para frente e para trs, ou quando pulo para

    cima e caio para baixo e quando, em plano de folha, esgueiro-me para o lado e para outro?,

    questionou-se boba a si mesma.

    -ah boba, no invente. quem se importa com estes questionamento?, arguiu Argel.

    -deixe boba questionar, bom que a criana queira saber da vida os saberes., intuiu a

  • inocente ngela, seguida por falcia:

    -boba, vamos brincar de experimentar os sentidos?

    -que brincadeira chata, os sentidos no fazem muito sentido, disse banguela.

    -chega!!! chega de tudo isso! brincar coisa de criana, vocs j so bem crescidinhas, so

    moas j., ditou Argel.

    Ditar no deixar que a no-dita mente saia ditando ditados alheios por ai, impedir que

    se faa, por inveno quntupla, o mistrio dos sentidos primevos, do contato com o mundo nu

    qual ele mesmo . A magia contida neste contato consiste na presena do aqui-agr, como

    somente dos apreendia por nar. No ato de experienciar a gua e o ar, dos e nar, TaO qual,

    bing e vrum, juntam-se em experincia una de toque sensvel. da sensibilidade o movimento uno

    de juntarem-se sem que outro contato pensante ou maante se entreponha. ingenuidade nua e

    crua de fenomenologia trina, quando a tudo se junta sem que nada se adicione, findando por se

    afeccionar apenas o que se tem. Parece ralo, sopa de letras sem juno das mesmas, mas a cada

    pequenina juno d-se significado nico e sentido findo. Finda do fim em si mesmo o significado,

    qual TaO de bing/vrum crescente ou decrescendo. Dependendo do ngulo pelo qual se lana olhar,

    v-se aquilo que se h de pensar:

    -ser o novo bang o bing/vrum angular?, boba abstrateava.

    Da juno de diversos TaO's surgiu a nossa galxia. Somos galxias interiores de expresses

    exteriores, resto de p estelar ao mesmo tempo em que realizamos o bang primevo a cada vez que

    acordamos aps dormir. Despertar dar-mo-nos conta de nossa potencialidade bing/vrum

    irradiante. Podemos e criamos um mundo inteiro ao nos conscientizarmos de nossa vvida

    experincia de vida.

  • Somos planeta bola gua sendo todos bolas mes da instinta criao do que enxergamos e

    vemos nossa volta. Podemos escolher olhar para um lado ou para outro, mas somente e s

    mente pode ver/ouvir e enxergar/escutar. uma questo consciente. De estar nar aqui e agr em

    dos nas atitudes, submerso na luz que viaja distante e ativamente no fazer real. Constri-se o real

    a todo tempo.

    Boba tinha agora das dvidas muitas questes. Dentre elas:

    -como ver e ouvir algo que no est c?

    -isso doena, boba, fuja disso., disse Argel.

    -boba, querida, no v em direo a estas questes, elas so muito delicadas., disse ngela.

    E boba, no contente com suas cinco dimenses terrenas foi querer, de sopeto,

    experimentar o glac do bolo da anjinha torta, o descolamento da realidade, como dizem os

    psiquiatras. Boba sabia que dali, no desligar a realidade, acoplaria-se a ela, de forma que estando

    ligadas s duas boba e realidade s assim poderiam explorar mais de si mesmas.

  • 3. sem eira nem beira.

    ngela havia sado de carro com Argel. Foram ao aeroporto. Ele iria viajar para outro

    estado, trabalhar e dar trabalho pra quem quer que seja trabalhado curar das doenas

    financeiras dos entes contratantes sua funo. Deixado ao vo sobre ir, asfaltava ngela cada

    pisada brusca da acelerante lataria de volta casa. Mal sabia como chegara viva com tanto peso

    inconsciente purgado naquele amontoado de metal que havia cruzado metade da cidade.

    Boba acabara de voltar da escola e encontra ngela na janela a ver a luz, a receber da luz as

    divindades outrora renegadas. Que da sua realidade, apreendida em real idade, s se poderia ter o

    fantasioso. Mas o fantasioso vinha ali realizar seu plano real. Que da fantasia nada vinha-a separar

    da matria, a no ser algumas poucas alucinaes vindas de outro plano, outras dimenses.

    ngela iniciou sua viagem rumo a este mundo pouco praticvel e, em seu momento de conluio

    percebeu-se sozinha e desesperada, angstia de nico ser a entender o que, em veracidade, estava

    por ser digerido. Falava de seus irmos, seus pais outrora mortos, e de um sem-nmero de

    abstraes abatidas pelo momento a surtar. Boba era apenas um vulto em meio ao todo

    devaneado de ngela. Boba era mais uma figura a circundar as volies fantasmativas da

    esquizocrise em questo.

    -se voc no parar, me, eu vou me matar!, gritou boba apontando uma faca a si mesma.

    Boba no sabia como funcionavam essas interferncias de outras dimenses nas cinco

    menes terrenas. Ela mal havia aberto seus pros olhares e palatares para a vida, beirando seus

    12 anos. No se pode incidir contra as inter referncias de outros mundos a fim de encerr-las em

    si mesmas. H, necessariamente, que elabor-las atravs de uma ao sem-nome para que retorne

    adentro de forma estruturada.

    Logo viria o socorro e, Argel que j havia embarcado, retornou rapidamente para prestar

    servios lguma sorte de prestezas ambulatoriais. ngela seria encaminhada para um lar-hospital,

    onde j chegaria a ter sofrido, anteriormente, do mal dos males da loucura, a

    eletroconvulsoterapia que eletrocuciona a mente para que esta venha a funcionar da forma como

    a hegemonia a contrata. Perde-se um nmero xis de paranormalidades para que se restitua a

    mente para que esta atenda s necessrias pungncias da ditadura do pensamento em questo. O

    tratamento a traumatizara em certo grau que ela carregaria consigo, em seu corpo, as lembranas

    inscritivas do fatdico dia.

    As memrias daquele dia e as gritezas e esperniaes experienciadas grafariam, ainda, no

    inconsciente de boba, uma srie de recalques de tresloucadas aes a traumasomatiz-la em sua

  • fase de crescimento. Banguela e falcia preferiram no participar do momento fantasioso das

    desditadas aes loucurais a transitar por entre os vivos. O instante insalubre da recepo dos atos

    insanos foram fortemente entregues pelas sem-nome em matria de necessidade s presses

    tambm entegues cabea de ngela.

    Boba vinha ter com suas irms uma espcie de confraternizao ante a aparecida militncia

    de suas expectativas quanto ao poder voltar-se a si de to horrenda maledicncia vivida. Pediria a

    estas que resguardassem em um calabouo todo trancafiado as memrias e saberes pedidos e

    despedidos do dia cadenciado. Da vista da janela por onde ngela havia tentado atentado, v-se

    um sem-nmero de casinhas envoltas em telhas telhadas e alguns prdios que formam a estrutura

    da cidade em abrigos prximos aos das sem-nome.

    As sem-nome abrigam-se em centros energticos de confluncia calorfica. Qualquer

    movimento que seja feito por uma sem-nome, outra sem-nome, se emaranhada anterior, a sente

    em sua orgnica cidade. A curva incerta das certezas de seus aparecimentos tornam-se apenas

    movimentaes para o todo confluente do tear supremo. O tear da cidade qual rede neuronal de

    interconexo no local. A parte ativa o todo que estimulado e necessrio para o bom

    funcionamento da megalpole. Os afluentes teares que geram a ligao das pequenas metrpoles

    funcionam como entradas por onde as mercadorias so entregues. H sempre algo a ser entregue.

    Desapegar da mercadoria a tarefa das sem-nome para com o sem-nmero de entregas.

    unas tecemos

    volvemos a dana do encher o peito

    alvolos que se laam e prendem

    no suspiro do ar que ora retesa o leito

    d'onde c finda o tear

    dos entes emaranhados lavrando

    e solvendo a substncia lmpida e aquosa

    que toma de perto o balano das costas

    roando-se uma a uma as vrtebras

    a sentirem-se umas tecels

    da entrada e sada de suas entregas

    A teia csmica balana conforme a dana. O som que se ouve diante dos teares o mantra

    primordial entoado pelos tecelos que apenas querem fazer musicar os caminhos que devemos

    trilhar. Ao longe ainda tem-se ouvido a viagem dos poucos a iluminarem-se buscando o lampiar do

    clareamento astral, o convs pelo qual ho de disseminar o grmem da lamparina envolta pelo ar.

  • Uma transmutao dos elementos trinos nitrognio, oxignio e argnio bradam-se em colapso

    do grande bang da criao. S assim a luz poder ser uma nova entrada des-coberta pela trnita

    capacidade do ser de olfatar, ouvir e tatear. Tateamento do palato fenomnico de esgueirar-se pela

    teia com as ferramentas sensitivas que se possui. Aqui, misturam-se seres de diversas dimenses,

    desde os inferiores baseados na altura, largura e comprimento, at os sensveis sensitivos

    orgnicos e os extra-terrenos sensitivos que possuem interferncias de dimenses superiores.

    O tempo frio e solidifica-se na matria que perpassa o ar sob nossos narizes. A

    concreticidade idealista do toque do invisvel indiviso em sistemas abertos de confluncia

    magntica. As trocas de sabor olfatizam o instante primevo do continuum bang. Somos constantes

    de lapsos da incessante criao, TaO da inspita multiplicidade de universos a colapsarem-se.

    O corpo parte do tecido csmico por onde ns, aranhados, aramos o solo por onde se

    pode caminhar. Tecemos e retesamos a forma ltima qual da teia em questo se produz os

    diferentes tipos de movimento. Da ao no-ao, fertilizamos irriquietos o grande

    deslocamento rumo fortuna e perseverana tendendo mutao do infortnio. uma simples

    questo de escolha.

    ngela bem soube o que do surto renegar. Coalhou para dentro de si o passado

    inconsciente das experincias convergentes e a iluminao astral que lhe coubera. O excesso de

    inscrio de real, onde o imaginativo concretiza-se na expiao do bode reativo fora aterrado para

    dentro do inconsciente, coletividindo a experincia com boba. Conjulgao de ao/reao ao que

    do mundo se tira em traumas e tiros certeiros na ancorada basilar a escutar os mnimos lampejos

    areados de beleza. Desta forma, boba havia aprendido o caminho e, ao toque das trombetas,

    quando se quisesse, viria bater as botas para o mundo de l das interferncias sensitivas. Boba

    podia escolher entre a fortuna das experincias terrenas ou o infortnio das interferncias

    angelicais.

    Enquanto isso Argel dilatava as pupilas de falcia e banguela para que as duas a seus passos

    seguissem. Ditava e desditava regras bsicas de convivncia educativa:

    1. comer de boca fechada para no entrar mosca;

    2. defender poltica repressiva para reduo de danos morais;

    3. jogar papel no cho para dar trabalho a quem no tem;

    4. decorar toda a teoria informativa possvel para que se crie inteligncia;

    A partir das 4 dimenses bsicas de sua educao alimentao, poltica, higiene e estudo

    Argel acreditava que se podia criar uma sociedade eficaz e producente nas diversas tarefas em

    torno dos teares. ngela espreitava sua teoria, mas jamais havia dado a mnima importncia ou

  • teria ouvido o que este lhe comunicava. ngela pertencia classe das extre-terrenas de poderes

    interferentes. Via e ouvia um sem-nmero de arguidades dos mundos outros acima de ns. Argel

    permanecia superior em sua prpria viso por transpassar o paradigma vigente das 3 dimenses,

    incorporando a si prprio e educao de banguela e falcia o tempo como parmetro coercitivo.

    O tempo era glido e aproveitado como produo de papel-moeda. Papel-moeda a

    invisvel casta de partculas que produzem dvidas ao mesmo tempo em que produzem consumo.

    Rapidamente o paradoxo dvida/consumo se liquefaz na expectativa de Argel de adquirir para

    banguela e falcia a mais nova boneca da poca. Adquirir uma entrega nova adquirir um valor

    sentimental, sendo as sem-nome, portanto, seres de dinheiros sensveis. Produzir sentimento e

    comprar sentimento uma constante nos grandes centros energticos.

    Nar respirada conquanto o papel produzido. Ainda no h que se pagar pelas nares

    passeantes, mas as doss j foram pegas pela receita fiscal e tarjadas como frmulas patenteadas

    desta. Sua circulao pelo submundo das pequenas vilanias pago e concorre para a promoo de

    uma infinidade de impostos a serem arrecadados. Estes sero desviados para que se possa tornar

    livre a circulao das nares por a. De qualquer forma, no h briga entre elas, visto saberem

    terem nascido em local de raas dimensionalizantes diferentes.

    Nascer como cair em si, mesmo sem saber quando e exatamente se cai na real. Cair na

    real cair no nascer. Real contraproduo de imaginrio. Pode-se produzir imageticamente o real

    na mente, mas a seria mentir; ou pode-se ser criativamente o real consciente da produo

    sensvel e a sim seria viver. Em meio s inmeras cadas de seres nas reais dimenses dos sendo

    eles, boba cantarola para laxe e para c sua cano criativa:

    caio, caiu

    pra onde? foi?

    ningum viu

    t! e agora?

    quer? ter?

    ser diante do ler

    esquizofazer do

    existo, logo, ser

    queima e arde por

    todo o marte do

    mrtir saber,

    ser, querer.

  • prover.

    Boba tem dificuldade em assimilar os ensinamentos de Argel. Sua cabea, at ento, oca

    de mente e mente a que faz de si mentora das energias, pois que, de dimenses superiores dante

    naufragadas faz-se sua transitria ao. At aqui temos das pequenas o contexto da ao/reao e

    da fenomenologia sensitiva. Pode-se escolher 3, 4 ou at 5 dos 5 sentidos em questo e, at ento,

    teremos viventes de dimenses inequnimes transitando pelas mesmas teias csmicas. Tem-se

    tambm a superioridade do surto angelical, ainda no conscientizado, visto esta conscincia

    pertencer aos seres de mente, no mententes. Quem mente no tem mente. Quem no mente

    mentaliza, conscientiza. Por enquanto chamaremos interferncia a colao de sensitivas sensaes

    superiores no plano das inferiores. Tem-se de terreno os 5 sentidos e extra-terrenos suas

    interferncias quntuplas advindas de outro plano.

    As sem-nome no possuem, ainda, dissernimento a respeito da energia que as circunda,

    visto que este dissernimento advm da capacidade consciencial destas. Seu corpo ainda

    constanteforme, sendo assim, imutvel, mentiroso.

    Argel pertence classe dos que se atm presena da disciplinaridade inferior dos fsicos

    mentirosos. Orienta-se pela clssica concepo alta, larga e comprimentativa, ansiando pela

    aquisio, atravs de papel-moeda, do tempo em questo. ngela pertence classe das receptivas

    de interferncias auditivas e visionrias, comum no plano das com-nome. Com-nome sendo

    seres, a mesma coisa que existir, cair na real. Banguela e falcia pertencem classe das

    inconscientes, possuintes, mas no conscienciadas de seu poderio sensitivo. Boba exceo

    vivente e fenomenologicamente sensitiva, com-sem-nomeando. Possui e sabe de sua

    potencialidade medinica sem estar em vias de estimular e treinar sua habilidade.

    Feliz a famlia habita um prdio em bairro bom da megalpole tear principal. Sua rotina

    consiste em escolarizar as 2 com-nome e a com-sem-nome em escola boa da regio. Classe

    mediana o parmetro de papel-moeda aquisitivo da famlia. Famlia representao da criao

    trina, superidego, juno da representao psicanaltica dos papis a serem desempenhados no

    recreio da vida. Fora do recreio todos fazem parte da manivela que gira o tear totalitrio. O tear

    onde todos tecem seus papis e produzem contraproduzindo real. Os com-nome produzem real.

    As sem-nome produzem cordas. Os com-nome utilizam energia para produzirem real. As sem-

    nome produzem energia quando produzem cordas. As sem-nome alimentam o mundo dos com-

    nome. Os com-nome produzem papel-moeda. As sem-nome ligam os diferentes teares atravs dos

    pequenos filamentos cordoais. Os com-nome ligam os teares atravs dos afluentes teares. Todos

    so sistemas abertos de interligao e intercomunicao quntica. As sem-nome trabalham em um

  • frio torrencial. Os com-nome trabalham em temperatura ambiente. A diferena entre elas

    grandiosa, mas seu trabalho permanece interligado. As com-sem-nome trabalham na ligao do

    real com os teares, retecendo as lgicas hegemnicas.

    A famlia de boba reside em um prdio possuinte de uma rea de lazer onde as 3 irms

    podem brincar e divertirem-se com seus grupos isolados de amizades devido a suas capacidades

    diferenciais de expressividade. Boba faz parte das terrveis e altamente hiperativas. Pula, corre e se

    esgueira nos mais inacessveis lugares, sendo conhecida por uma de suas colegas como a ninja da

    gua. A ninja da gua possui a habilidade de controlar a chuva e as correntes fluxoaquferas da

    piscina do prdio. L, em dias de calor, juntam-se todas as crianas e acontece uma verdadeira

    algazarra de profuses energticas.

    Argel e ngela frequentemente recebem reclamaes de artes aprontadas por boba.

    Banguela e falcia permanecem em suas funes binomiais de orientarem e dirigirem os

    sentimentos, brincando brincadeiras menos interferentes na ordem crianal, claros ensinamentos

    de Argel. Alm de seus ensinamentos e dos coletados nas algazarras e mazelas festivas da rea de

    lazer do prdio, boba tambm passa por uma educao formal em sua escola.

    Escola onde se organiza o fluxo de informao. Informao o corpo sem rgos do

    processo formativo. O processo formativo fluxo de represso, engoelamento e no-deglutio. O

    ser em processo formativo passa mal e anseia mastigar. A produo de informao a mquina

    paranoica que enxerta corpo sem rgo nos corpos sem rgos em formao. Alm disso, na

    escola aprende-se depresso e ansiedade, dois pilares fundamentais da concepo de uma

    sociedade (in)feliz. Ansiedade quando se quer experienciar mais do que se pode deglutir, em

    face de uma coexperincia sensvel de diversas direes, a cobrana da escola perante as lies

    faltantes. como uma rede digital que se autoalimenta sem possuir a capacidade necessria de

    processamento. Um loop auto-destrutivo, um bug no programa. A depresso, enquanto inverso,

    apresenta-se num excesso de inscrio volitiva passada, como apego aos sofrimentos j viventes,

    acumulando-os em uma srie de pequenas falhas no descer de uma montanha, onde h

    depresses para cima e depresses para baixo, obstculos aos quais, a gua, quando o ninja a

    lana, passa e perpassa essas depreciativas vivncias de forma homognea. Sua materializao

    objetiva vem em forma de nota, qualitativas letras ou nmeros inmeros que vm trazer mente

    da criana uma tarja depressiva. Ansiar por tarjas melhores tarefa das com-nome.

    Nas diversas incurses de boba pela escola durante sua infncia, ela no conseguia

    aquietar-se em sua cadeira. Muito inteligente, terminava antes sua lio que os demais e

    aproveitava o tempo livre para caminhar e aporrinhar os outros. Fizera, certa vez, reunio com a

  • diretora pedaggica por conta de sua conduta, durante o horrio das aulas. Seu problema, hoje em

    dia, seria digno de patologizao doentia a tomar a irritadia linha das medicaes

    contraprudentes hiperatividade e dficit de ateno. Por sorte, na poca, boba fora tida apenas

    como criana difcil de lidar. Argel, em casa, bronqueava-se e descia-lhe o sarrafo por suas piruetas

    maleducadas e mal tidas como comportamento normalmente aceito em sociedade.

    -heil herr comandante!, provocava boba aos constantes sarrafos.

    Sociedade o grupo que perpassa as relaes teares, a juno coletiva que faz o trabalho

    progredir para que se possa haver vida. Sociedade produz energia vital enquanto colapso de

    ligamento quntico de seus corpos sistemicamente abertos. Boba apanhou de tudo quanto

    nome de sem-nome a tilintar, desde a fivela ardida da cinta da cala de trabalho at o cabo do

    ferro de passar roupa com sua fineza detalhstica na ponta d'onde se via a tomada. Tudo isso viria

    ter, no futuro, uma imensa inscrio no campo do inconsciente, perigo de cuidado para com a

    excrio consciente. Quando no se cuida muito do material que levado ao inconsciente, este

    tende a ser como um arquivo de folhas desorganizadas, ao qual, quando aberto pode gerar certa

    confuso mental por no saber nomear os arquivos no inscritos ou no saber ach-los por

    estarem desnomeados. Nomear educar, dar propsito e propositar a ao, cham-la de algo

    para algo. Existe educao boa e ruim. Nomear s um entremeio.

    A famlia de Argel provinha de uma educao absurdamente conservadora, filhos diretos do

    fascismo e da inocncia interiorana das vilanias. Criado s mazelas dizentes de que leite com

    manga mata a apontadores ditos imperativos, Argel cresceu inseguro e com pouca excrio de

    sentimentos. Transmite, pois, uma incerteza educativa que adquirira de seus pais de to parca

    linhagem. ngela cresceu em famlia fugida da guerra de pas exterior. Chegaram aqui com doena

    e, logo cedo, ngela j se vira sem pai nem me, motivo que a ela serviu como inscrio de

    sentimentos confusos no inconsciente. ngela formula um sem-nmero de frases inventadas e

    pouco lembradas por conta de sua dificuldade de lidar com a memria.

    Boba j se via em sua pr-adolescncia quando foi iniciado o fluxo de troca de escolas. Um

    excesso de sentimentos j a atormentavam e estes refletiam-se em sua vida de forma a

    aumentarem sua ansiedade perante o cotidiano estressante dos no-ensinamentos da escola.

    -vem pra cima, vamos resolver aquela pendncia das brigas dos nossos prdios, vem.

    Boba provocava uma colega de anos mais velha que ela na tentativa de honrar a briga

    gerada em um antigo jogo de futebol com o time do prdio vizinho. Entre tapas e puxes de

    cabelo, ela iria voltar pra casa com a boca toda sangrando e sendo suspensa pelo fato de a escola

    no saber dos problemas exteriores escola que levaram a mesma a exceder o prprio corpo em

  • sua tica para procurar uma briga bvia de ser perdida. Aps este incidente e, por conta do

    recente surto de ngela, a famlia viria mudar-se para a casa da v Maria, uma garantia de que, na

    ausncia das viagens trabalhsticas de Argel, ngela ficasse amparada por uma presena

    responsvel. Com isto, boba seria novamente trocada de escola, assim como suas irms banguela e

    falcia. As duas ltimas possuam mais constncia de comportamentos, por terem uma

    comunicao melhor com o herr comandante da trupe. Boba conversava muito com ngela, o que

    a tornou mais sensvel aos comportasentimentos da mesma, incorporando suas inconstncias mais

    que s de Argel. Argel, todavia, possua poucas destas inconstncias e procurava demonstrar

    poucos sentimentos negativos. Permanecia estoico, acreditando transparecer uma superior

    racionalidade banalidade dos afetos, estes sendo fragilidade da situao em questo. O que ele

    no sabia que os dois, racional e emocional, nunca se largam, permanecem unidos at na mais

    atuante das singelezas da vida. Sempre que se mexe com um, atinge-se, por ora, sem querer ou

    querendo mesmo, o outro. Somos sistemas de ligao calosa dos dois olhos de Hrus. Quando

    abrimos e movemos a um, a no ser que sejamos estrbicos, abrimos e movemos a outro,

    juntamente. Ser estrbico no , tampouco, uma disfuno negativa de seus movimentos, mas

    uma falta de percepo e necessidade de sobreposio de uma das funes. Ser estrbico

    diferente de ser cego de um olho, porm, existem algumas doenas do olhar, como a microftalmia

    pessoas que possuem, fisicamente, perante s influncias psicolgicas, uma somatizao da

    subgerncia funcional de um dos elementos. Subgerncia a incapacidade de gerenciar uma das

    funes diretivas do nosso olhar para com o mundo. Esta forma dual e adoecida de ver o mundo

    fornece duas estradas paralelas separadas pelo tato que se tem com a vida, porm, esquece-se

    que, assim como na geometria, as paralelas ao infinito se encontram, em dimenso outra da que

    temos vivido. A conscincia desta infinita finitude traz mente o paradoxo da no-doena, da no-

    dualidade.

    entre o bem e o mal s h o ser humano

    amador do irreal

    confuso e fatal

    medo

    da prpria discordncia de seu espelho

    narciso do prprio nariz

    palhaator da histria

    meio humano, meio animal

    vive ele entre o bem e o mal

  • Boba sagitariana, nascida sob o sol constelacionrio do hbrido centauro, em pleno vero

    caiu em si da realidade de sua existncia, sem ao menos dar-se pela vida. quente e seca, astuta e

    sapeca. Possui em si a atividade de um vulco em erupo e a volatilidade de um pssaro no

    envergar das asas perante as costas.

    -mame, ser que estou vendo certo ou meus olhos paralelizam a torrente que se finca a

    minha frente?, questionava das diversas interrogaes que a vida lhe propunha.

    -fique tranquila boba, encontrarem-se seus olhos no vo. caso contrrio, teremos de ir ao

    oftalmologista., acalmava-a ngela.

    Maria era a tpica v que fazia tudo para agradar as suas netas. Fazia o bolo de chocolate

    que boba agradava, o bolinho de chuva de que gostava baguela e a gelatina colorida que falcia

    tanto amava. Em casa de Maria as trs viam-se sem muitas diverses, visto que o prdio habitado

    pela v no possua uma comum rea de lazer para socializar as crianas. As brincadeiras teriam de

    serem readaptadas ao pequeno espao em que se encontravam. Boba j beirava seus 15 anos e

    sua nsia em consumir o mundo j aumentara. Todo o extrato torrencial de seus traumas haviam

    sido somatizados no roer das unhas e no coar de suas frieiras nos ps. No entando, Argel, astuto,

    em certo aniversrio da pequena serelepe, lhe presenteara com um violo. Mal sabia que um novo

    e primeiro amor iniciaria-se.

  • 4. amar primeiro.

    Soa o primeiro badalar. O bang primevo de envelope dinmico inicial ascendente, a criao,

    o mantra primordial. Os dedos, ainda trmulos, perpassam cada corda do corpo arredondado do

    instrumento. A vibrao dos diferentes toques unem-se em plano outro de relao plurilateral. As

    sem-nome tecem, em cada fio vibrativo, o som que ao ouvido retornar. O som objetivo produzido

    na produo de real canalizado para o espao auricular onde ser magneticamente sugado para

    o tmpano, um outro instrumento que percebe a vibrao entrante e martela com uma baqueta a

    passagem para a cclea, interpretadora e enviadora de sinais eltricos para o crebro. O crebro

    a caixa que produz real colapsando o ambiente. O corpo aquele que transita pelo real colapsado.

    o primeiro toque toca

    taquicardia o ventre

    em busca outra

    transita e catalisa o entre

    espaa silenciosa

    aurora a saborear

    a relativa bradada

    o instintivo calar

    nas estrelas a fisso

    vibra tudo quanto fuso

    do mundo entrando e fissando

    fundindo e mugindo

    em cada primordial mantra

    silncio do espao a relatar

    entrada, bem-vinda

    do regime sonoro

    sai pelo som os poros

    desintegra pelo ar

    -quem nunca colocou o ouvido no tampo do violo ao tocar no sabe o que beleza, me,

    olha s, experimenta!, exclamava boba ngela.

    O som espectral e fractal em sua unidade. Possui sons primeiros de percepo

    homognea sendo a juno de vrios pequenos e menores sons como as ligaes teares que se

    possui pelas vilanias e cidades das sem-nome. Se o passssemos por um prisma sonoro veramos o

  • dispersar dos diversos harmnicos inferiores, sons principais da paleta auditiva. Em seguida,

    veramos a metrpole dos harmnicos superiores, menos audveis. E mais alm, transpassando

    todo o tear sonoro, a megalpole dos harmnicos aurais, criados pelo nosso crebro para

    complementar a gestalt auditiva.

    As sem-nome tecem cordas, pequenos filamentos gerados com a energia que elas mesmas

    tambm criam. Corda o que d movimento ao mundo e o que traveste de mundo a dana

    csmica de suas relaes. Existem as cordas inferiores, as superiores e as aurais, como j dito. De

    sua relao nascem a consonncia e a dissonncia, nicas at ento. Consonncia quando tudo

    flui para uma direo, quando as entregas chegam todas em ordem harmoniosa e sublime. As

    guas dos rios descem a correnteza e os afluentes se encontram, todos, juntamente nesta

    confluncia, assim gerando consumida sonncia, o consumo de entregas em tempo mesmo de

    seus produtos. Dissonncia quando h certa vontade inexpressa de atropelar levemente o

    processo. As guas se sobressaltam em diversas confluncias outras que no tardam a chegar

    desordenadas ao rio principal, gerando certo amontoamento de entregas filamentais.

    -abaixo consonncia! e dissonncia tambm!, dizem as sem-nome.

    -no queremos mais ser divididas!, repetem elas em tom incisivo.

    Apenas sensorial, na subjetividade aberta de experinciao individual, onissonncia.

    Onijetiva em constructo, esquizide em manifestao. Que da objetividade dialgica expande-se

    para a dialtica da psiqu. Energia no-local.

    necessrio que haja algum para acompanhar todo este processo. As sem-nome cuidam

    das produes e as com-nome das recepes. As com-sem-nome cui