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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA EEL/USP MARCOS DIEGO PEREIRA SANTANA SEPARAÇÃO DO AZEÓTROPO THF-ÁGUA POR PRESSURE SWING DISTILLATION: SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO Lorena 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP

MARCOS DIEGO PEREIRA SANTANA

SEPARAÇÃO DO AZEÓTROPO THF-ÁGUA POR PRESSURE

SWING DISTILLATION: SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO

Lorena 2012

MARCOS DIEGO PEREIRA SANTANA

Separação do azeótropo THF-água por Pressure

Swing Distillation: simulação e otimização

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola de Engenharia de

Lorena da Universidade de São Paulo

como requisito parcial para obtenção do

título de Engenheiro Químico

Área de Concentração: Modelagem e

Simulação de Processos

Orientador: Prof. Dr. Félix Monteiro Pereira

Lorena 2012

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer

meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que

citada a fonte.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Félix Monteiro Pereira por ter acreditado na proposta de

desenvolvimento da monografia e pelo suporte durante a execução para atingir o

resultado final.

À engenheira química Beatriz Cassens, pela ajuda na proposição do tema e

pelo apoio durante a realização do trabalho.

Aos funcionários da biblioteca do campus I da EEL, Joel Santana e Regina

Horta, pelos treinamentos sobre pesquisa bibliográfica e apoio na busca de

artigos, que foram de suma importância para a concretização deste trabalho.

À Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo, por todo

conhecimento adquirido durante o período da graduação.

Para os crentes, Deus é o princípio. Para os cientistas

é o fim de todos os seus pensamentos.

Max Planck

RESUMO

SANTANA, M. D. P. Separação do azeótropo THF-água por pressure swing

distillation: simulação e otimização. 2012. 48 f. Trabalho de Conclusão de

Curso - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2012.

Misturas que apresentam comportamento não ideal são frequentemente

encontradas nas indústrias químicas. A separação dessas misturas em seus

componentes puros, no entanto, não pode ser realizada por destilação

convencional. Este trabalho tem o objetivo investigar, por meio de simulação

computacional, a separação da mistura THF-água utilizando o processo chamado

pressure swing distillation ou PSD, para obtenção de THF puro. A mistura THF-

água apresenta um azeótropo de mínimo ponto de ebulição em 83% (mol de

THF). Atualmente, os processos convencionais fazem uso da adição de solventes

como agentes de separação, que em muitas vezes, são tóxicos e ou danosos ao

meio ambiente. A técnica por PSD baseia-se na sensibilidade dos azeótropos à

mudança de pressão e utiliza duas colunas de destilação operando em diferentes

pressões. As simulações foram realizadas no software comercial Aspen Hysys,

utilizando os modelos termodinâmicos de Wilson para a fase líquida e de Peng

Robinson para a fase vapor. Foi observada uma alteração na composição

azeotrópica com o aumento da pressão, o que possibilitou obter THF com 99,99

% de pureza. Após a convergência do processo proposto, aplicou-se a

metodologia do planejamento fatorial que indicou as variáveis “razão de refluxo” e

“número de pratos” da segunda coluna como as variáveis que possuem maior

significância no consumo energético total do processo. O modelo obtido no

planejamento fatorial foi otimizado através de um algorítimo genético que

convergiu nos limites adotados neste estudo.

Palavras-chave: destilação, pressure swing distillation, sensitive distillation,

mistura azeotrópica, THF-água, simulação de processos, otimização.

ABSTRACT

SANTANA, M. D. P. Separation of THF-water azeotrope by pressure swing

distillation: simulation and optimization. 2012. 48 f. Trabalho de conclusão de

curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2012.

Mixtures that exhibit nonideal behavior are often found in chemical

industries. The separation of these mixtures into their pure components can not be

achieved by conventional distillation. This study aims to investigate, through

simulation, the separation of the THF-water mixture using a process called

pressure swing distillation or PSD, to obtain pure THF. The THF-water mixture

contains a minimum boiling point azeotrope with 83% (mol of THF). Currently,

conventional processes use the addition of solvents as separating agents, which

are often toxic or harmful to the environment. The PSD process is based on the

pressure sensitivity of azeotropes and uses two distillation columns operating at

different pressures. The simulations were performed on Aspen Hysys software,

using the Wilson thermodynamic model for the liquid phase and Peng-Robinson to

the vapor phase. It was found a change in azeotropic composition with increasing

pressure, which allowed obtaining THF with 99.99% purity. After the convergence

of the proposed process, it was applied the methodology of factorial design of

experiments which has indicated that the variables "reflux ratio" and "number of

plates" of the second column are the variables that have significance in the overall

energy consumption of the process. The model obtained in the factorial design

was optimized using a genetic algorithm that converged in the limits adopted in

this study

Keywords: pressure swing distillation, sensitive distillation, azeotropic mixture,

THF-water, process simulation, optimization.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Processo Pressure Swing Distillation. Fonte: Knapp e Doherty (1992). ............ 21

Figura 2: Diagramas de equilíbrio líquido-vapor: (a) diagrama Txy. (b) diagrama xy.

Fonte: Luyben (2006). ..................................................................................................... 24

Figura 3: Diagramas de equilíbrio líquido-vapor - não idealidade. Fonte: Luyben (2006). 25

Figura 4: Azeotropia sistema binário. (a) azeótropo de mínimo ponto de ebulição. (b)

azeótropo de máximo ponto de ebulição. Fonte: Perry, Green e Maloney (1997)........... 26

Figura 5: Coluna de destilação em corte transversal. Fonte: Barcza (2012). ................... 27

Figura 6: Diagrama de equilíbrio líquido-vapor da mistura THF-água em diferentes

pressões. Fonte: Lee et al. (2011). .................................................................................. 31

Figura 7: Sensibilidade da mistura THF- água a variação da pressão. Dados gerados no

Hysys. ............................................................................................................................. 36

Figura 8: Fluxograma do processo de separação da mistura THF-água por PSD. ......... 37

Figura 9: Probabilidade normal dos efeitos padronizados em p=0,05. ............................. 40

Figura 10: Probabilidade normal dos efeitos padronizados em p=0,05. .......................... 41

Figura 11: Ordem de significância dos fatores pelo gráfico de Pareto. ............................ 42

Figura 12: Distribuição dos resíduos. .............................................................................. 42

Figura 13: Normalidade dos resíduos. ............................................................................. 43

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Exemplos de misturas azeotrópicas binárias sensíveis a pressão (HORSLEY,

1952). .............................................................................................................................. 18

Tabela 2 - Especificações da alimentação da primeira coluna. ....................................... 32

Tabela 3 - Especificações iniciais de design para as duas colunas. ................................ 33

Tabela 4 - Definição dos fatores avaliados. .................................................................... 33

Tabela 5 - Níveis das variáveis no planejamento fatorial. ................................................ 34

Tabela 6 - Composições molares dos produtos de topo e fundo das duas colunas de

destilação ........................................................................................................................ 37

Tabela 7 - Matriz de planejamento fatorial completo com 5 fatores. ............................... 38

Tabela 8 - Resultados da regressão pelo planejamento fatorial com todas as variáveis

codificadas. ..................................................................................................................... 39

Tabela 9 - ANOVA para o planejamento fatorial com todas as variáveis codificadas. ..... 40

Tabela 10 - Resultados da regressão pelo planejamento fatorial com as variáveis

significativas codificadas. ................................................................................................ 41

Tabela 11 - ANOVA para o planejamento fatorial com as variáveis significativas

codificadas. ..................................................................................................................... 41

Tabela 12- Resultados da otimização pelo algorítimo genético. ...................................... 44

LISTA DE SIGLAS

THF Tetraidrofurano

PSD Pressure swing distillation

MEK Metil-etil-cetona

IHIPSD Internally heat integrated pressure swing distillation

ELV Equilíbrio líquido-vapor

LISTA DE SÍMBOLOS

ºC Graus Celsius

kPa Pressão em quilopascal

mmHg Pressão em milímetros de mercúrio

bar Pressão em bar

F Vazão de alimentação bruta

Fi Vazão de alimentação i

Pi Pressão na coluna i

Bi Vazão produto de fundo da coluna i

Di Vazão de destilado coluna i

Li Vazão produto de topo na coluna i

i Pressão de vapor do componente i

i Volatilidade relativa entre os componentes i e j

i Fração molar do componente i na fase vapor

i Fração molar do componente i na fase líquida

Pressão parcial do componente i

Pressão total

Pressão em atmosferas

T Temperatura

i Coeficiente de atividade do componente i

Variáveis desconhecidas

Desvio Padrão

Grau de liberdade

k Número de equações independentes

Valores codificados para os pontos axiais

Número de pontos fatoriais

RRi Razão refluxo na coluna i

NPi Número de pratos na coluna i

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13

2. REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 16

2.1. Predição da azeotropia e o efeito da pressão no equilíbrio líquido-vapor 16

2.2. Pressure Swing Distillation ....................................................................... 17

2.2.1. Princípio de separação por PSD ....................................................... 20

2.3. Fundamentos do processo de destilação ................................................. 21

2.3.1. Pressão de vapor .............................................................................. 22

2.3.2. Volatilidade Relativa .......................................................................... 22

2.3.3. O equilíbrio líquido-vapor (ELV) ........................................................ 23

2.3.4. A destilação ....................................................................................... 27

2.3.5. Grau de liberdade. ............................................................................. 28

2.4. Processo de otimização ........................................................................... 29

2.4.1. A metodologia do planejamento fatorial ............................................ 29

3. METODOLOGIA ............................................................................................ 31

3.1. Introdução ................................................................................................ 31

3.2. Procedimento para a simulação ............................................................... 31

3.4. Procedimento para otimização ................................................................. 33

3.4.1. O planejamento fatorial ..................................................................... 33

3.4.2. Algorítimo genético: Otimização ........................................................ 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 36

4.1 Sensibilidade da composição azeotrópica à variação de pressão ........... 36

4.2. Processo de Simulação ........................................................................... 36

4.3. Processo de Otimização .......................................................................... 37

5. CONCLUSÕES .............................................................................................. 45

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 46

13

1. INTRODUÇÃO

A separação de misturas azeotrópicas homogêneas é uma operação

comum na indústria química e conhecer as composições e temperaturas de cada

azeótropo é fundamental para o design de colunas de destilação

(WASYLKIEWICZ; KOBYLKA; CASTILLO, 2003). A presença de um azeótropo,

entretanto, limita a separação por destilação convencional devido às composições

da fase vapor e da fase líquida serem iguais1.

Em face a este problema, vários métodos conhecidos visam a quebra do

azeótropo a fim de obter os componentes puros. Dentre estes processos,

destaca-se a destilação azeotrópica por ser o processo mais empregado devido

ao seu baixo custo. Faz uso da adição de um solvente como agente de separação

à mistura, formando um terceiro azeótropo com um ou mais componentes que

altera as volatilidades relativas favorecendo a separação. Um clássico exemplo de

separação por meio deste processo é a produção de etanol anidro (MULIA-SOTO;

FLORES, 2011). Também muito utilizada, a destilação extrativa envolve a adição

de um terceiro componente (solvente). Neste caso os componentes são miscíveis

entre si e o objetivo é alterar a volatilidade relativa dos componentes da mistura

inicial para que se possa proceder à separação (LIGERO, 1999). Estes processos

necessitam da adição de substâncias danosas ao meio ambiente, em geral

solventes como por exemplo, o benzeno e o ciclohexano e que requerem um

gasto energético adicional para a recuperação destes agentes. Por outro lado, a

destilação extrativa salina pode alterar as atividades dos componentes voláteis

por meio da adição de um sal para a separação da mistura original. Entretanto, a

adição de um sal torna o equilíbrio líquido-vapor mais complexo

(VASCONCELOS, 1999). Métodos recentes como a separação por peneiras

moleculares e membranas, apesar de apresentarem grande eficiência, são de

difícil implementação em escala industrial devido às questões operacionais

(MULIA-SOTO; FLORES, 2011). Portanto, torna-se clara a necessidade do

desenvolvimento de processos alternativos aos existentes que, além de serem

ecologicamente aceitáveis, devem ser energeticamente econômicos e

financeiramente viáveis.

1 Este fato faz com que o azeótropo se comporte como componente puro (WASYLKIEWICZ; KOBYLKA;

CASTILLO, 2003).

14

Uma grande vantagem nos processos de separação é a alteração do

equilíbrio líquido-vapor com a mudança da pressão de algumas misturas

azeotrópicas (MUÑOZ et al., 2006), uma vez que não há necessidade da

utilização de agentes de separação. O uso de mudança de pressão na separação

de misturas azeotrópicas já é conhecido em aplicações para separação de

misturas como THF-água, acetonitrila-água, metanol-metiletilcetona, acetona-

metanol entre outras. A técnica de mudança de pressão pode envolver tanto uma

como duas colunas. O uso de duas colunas é chamado de Pressure Swing

Distillation2 (PSD) (FRANK, 1997).

Este trabalho teve como finalidade comprovar a sensibilidade da

composição azeotrópica formada pela mistura de tetrahidrofurano (THF) e água à

variação de pressão e a possível separação por meio do processo PSD, utilizando

simulador comercial Aspen Hysys. Para o estabelecimento do fluxograma inicial

do processo, foram utilizadas as especificações de alimentação e das colunas de

destilação publicadas por Lee et al. (2011). Um segundo objetivo do trabalho foi

determinar quais variáveis são importantes para o consumo energético do

processo aplicando a metodologia de otimização multivariada utilizando

planejamento fatorial, diferenciando-se do trabalho de Lee et al. (2011) que

realizou a otimização univariada, ou seja, variando uma única variável por vez

fixando todas as outras. A otimização multivariada permite avaliar

simultaneamente o efeito de um grande número de variáveis, a partir de um

número reduzido de ensaios experimentais (ZAMORA; MORAIS; NAGATA, 2004).

O THF é um éter cíclico usado como solvente na produção de tintas,

adesivos, tintas de impressão, produtos farmacêuticos, etc. É também um

intermediário químico e monômero. É obtido na forma de soluções aquosas e

para ser comercialmente atrativo, deve ser desidratado para atingir 99,9% de

pureza (em mol THF) (GÓMEZ; GIL, 2009). A mistura THF-água apresenta um

azeótropo de mínimo ponto de ebulição em 83% (mol de THF).

Devido à necessidade crescente de otimizar as condições operacionais e

os equipamentos de plantas químicas visando à redução dos custos tanto da

energia necessária quanto capital de implantação, a simulação de processos

tornou-se uma ferramenta de fundamental importância (MEIRELLES et al., 2007)

2 Termo na língua inglesa. Não foi encontrada tradução.

15

O uso de simuladores comerciais de processos no desenvolvimento do trabalho

se deve ao amplo banco de dados para propriedades físicas e parâmetros dos

modelos de equilíbrio, aos algoritmos robustos para o cálculo de diversas

operações unitárias e fácil visualização dos resultados. O Hysys é uma

poderosa ferramenta de simulação de processos pertinentes à engenharia

química, possuindo uma excelente capacidade de modelagem integrando tanto

modelos dinâmicos quanto modelos no estado estacionário.

16

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Predição da azeotropia e o efeito da pressão no equilíbrio líquido-

vapor

Segundo Horsley3 (1973 apud FRANK,1997, p. 57), a tendência de uma

mistura binária de formar um azeótropo depende de dois fatores: (1) da diferença

das temperaturas de ebulição entre os componentes da mistura, (2) do grau de

aproximação (ou afastamento) da idealidade. Quanto mais próximas forem as

temperaturas de ebulição e menos ideal for a mistura, maior a probabilidade de se

formar um azeótropo.

Knapp (1991) afirma que antes de explorar o efeito da pressão em misturas

azeotrópicas homogêneas, é essencial saber o número, a temperatura de

ebulição e a composição de todos os azeotrópos a uma pressão nominal

(usualmente atmosférica) e como estes parâmetros mudam em função da

variação de pressão. Para obtenção destes dados, desenvolveu um método

baseado na teoria da bifurcação 4 para prever o aparecimento ou o

desaparecimento de azeótropos e o efeito da pressão sobre estes. Esta teoria

mostra as condições para que um azeótropo binário homogêneo possa

apresentar bifurcação. Martin5 (1975 apud KNAPP, 1991, p. 3) derivou simples

relações baseadas no coeficiente de atividade em infinitas diluições e nas

pressões de vapor dos componentes puros para prever se uma mistura poderia

formar um azeótropo e qual a composição. Horsley e Nutting (1972) elaboraram

um método gráfico para a predição do aparecimento ou desaparecimento de

pontos azeotrópicos e o efeito da pressão na composição e na temperatura de

ebulição. Neste método, é plotado um gráfico do logarítimo da pressão de vapor

em função do inverso da temperatura. As curvas geradas geram uma reta e como

por definição azeótropos possuem pressões de vapor maiores ou menores que os

componentes puros, a curva da pressão de vapor sempre estará acima ou abaixo

das curvas dos componentes puros, indicando a presença do azeótropo. Este

3 HORSLEY, L. H. Azeotropic Data III. Advances in Chemistry Series, v. 116, 1973.

4 A pressão onde um azeótropo aparece ou desaparece é chamada de “bifurcação”. A análise tem a

vantagem de ser independente do modelo usado para o equilíbrio líquido-vapor. 5 MARTIN, G. Q. Guide to predicting azeotropes. Hydrocarbon Process, v. 40, p. 241-246, 1975.

17

método foi aplicado com sucesso para misturas como metanol-metiletil cetona

(MEK), metanol-acetona, água-n-propanol e água-etanol.

É conhecido que a alteração da pressão de um sistema pode alterar o

equilíbrio líquido-vapor de uma mistura azeotrópica homogênea, alterando-se

assim sua composição6 (MUÑOZ et al., 2006; FRANK, 1997). Roscoe e Dittmar7

(1859 apud KNAPP, 1991,p. 5; LEE et al., 2011, p. 591) foram os primeiros a

verificar que a composição de um azeótropo varia com a pressão. Lewis (1928) foi

o primeiro a explorar esta propriedade para separar misturas azeotrópicas por

destilação. A mudança de pressão pode alterar as volatilidades dos componentes

favorecendo a separação (FRANK, 1997). A intensidade do efeito da pressão

depende da mistura a ser destilada (WASYLKIEWICZ; KOBYLKA; CASTILLO,

2003).

2.2. Pressure Swing Distillation

Pressure swing distillation ou PSD consiste em duas colunas de destilação

operando a diferentes pressões (KNAPP; DOHERTY, 1992). De acordo com

Repke, Florian e Klein (2005), este processo pode ser empregado para separação

de misturas azeotrópicas homogêneas e já é conhecido para separação de

misturas como THF-água, acetonitrila-água, metanol-metiletilcetona, e acetona-

metanol. A técnica de mudança de pressão pode envolver tanto uma como duas

colunas. O uso de uma única coluna é conhecido como Pressure Sensitive

Distillation, enquanto que processo envolvendo duas colunas é chamado de

pressure swing distillation (FRANK, 1997). A Tabela 1 apresenta exemplos de

misturas binárias que formam azeótropos sensíveis à pressão e teoricamente

podem ser separados por PSD.

6 Para um número de misturas homogêneas binárias que formam um azeótropo sensíveis à pressão, o

azeótropo desaparece a uma pressão suficientemente baixa ou alta. 7 ROSCOE, H. E., DITTMAR, W. On the absorption of hydrochloric acid and ammonia in water. Journal of

Chemical Society, v. 12, p. 128-151, 1859.

18

Tabela 1 - Exemplos de misturas azeotrópicas binárias sensíveis a pressão (HORSLEY, 1952).

Componente Componente

Dióxido de Carbono / Etileno

Ácido hidroclorídrico / Água

Água / Ácido fórmico

Água / Acetonitrila

Água / Ácido acrílico

Água / Acetona

Água / Óxido de propileno

Água / Acetato de metila

Água / Ácido propiônico

Água / 2-metoxi-etanol

Água / Etanol

Água / MEK (Metil-etil-cetona)

Água / Tetrahidrofurano (THF)

Tetracloreto de carbono / Etanol

Tetracloreto de carbono / Acetato de etila

Tetracloreto de carbono / Benzeno

Metanol / Acetona

Metanol / Metil-etil-cetona (MEK)

Metanol / Metil-propil-cetona

Metanol / Acetato de metila

Metanol / Acetato de etila

Metanol / Benzeno

Metilamina / Trimetilamina

Etanol / Dioxano

Etanol / Benzeno

Etanol/ Heptano

Etanol / Metil-etil-cetona (MEK)

Etanol / Metil-n-propil-cetona

Dimetilamina / Trimetilamina

Isopropanol / Benzeno

Propanol / Benzeno

Propanol / Ciclohexano

Propanol / Metil-n-propil-cetona

Metil-etil-cetona (MEK) / Benzeno

Metil-etil-cetona (MEK) / Ciclohexano

Metil-etil-cetona (MEK) / 2-propanol

Alcool Isobutílico / Benzeno

Benzeno / Ciclohexano

Benzeno / Hexano

Fenol / Acetato de butila

Anilina / Octano

Cálculos conduzidos por Black (1980) demonstraram que o azeótropo

formado pela mistura etanol-água8 desaparece à pressões abaixo de 11,5 kPa (86

mmHg), confirmando sua sensibilidade à variação de pressão e a possibilidade

da separação dos componentes por PSD. No entanto, foi concluído que a

desidratação da mistura por este processo a fim de se produzir etanol anidro não

é viável devido à elevadas razões de refluxo e ao grande número de pratos

requeridos, além da necessidade de um diâmetro excessivo na coluna para a

separação completa devido a elevados custos. Mulia-Soto e Flores (2011)

propuseram um processo PSD termicamente integrado internamente (IHIPSD)

para a separação da mistura etanol-água a fim de se obter etanol anidro. O

8 A mistura etanol-água forma um azeótropo de mínimo ponto de ebulição com composição molar de

89,4% de etanol, temperatura de ebulição 78,2°C a pressão atmosférica (KUMAR; SINGH; PRASAD, 2010).

19

sistema é composto por uma única coluna dividida em duas seções: alta e baixa

pressão (cada seção equivalendo a uma coluna no esquema do PSD

convencional). Devido a integração térmica, há transferência de calor entre as

seções eliminando a necessidade de um refervedor na seção de baixa pressão e

de um condensador na seção a alta pressão, reduzindo assim o gasto energético.

Os resultados da simulação indicaram que a separação da mistura etanol-água é

praticável no esquema proposto, atingindo alta pureza de etanol.

Lee et al. (2011) avaliou a separação da mistura THF-água utilizando PSD

por meio de simulação computacional. Foi empregada uma coluna operando a

pressão de 1 bar (baixa pressão) e outra operando à 7 bar (alta pressão). Utilizou-

se o modelo de Wilson para estimar o coeficiente de atividade da fase líquida e a

equação de Peng Robinson para a estimativa do coeficiente de fugacide para a

fase vapor. Inicialmente foi fixado o número de pratos 9 em 25 e o prato de

alimentação para cada coluna. O objetivo foi avaliar o consumo energético do

processo (para se obter THF com 99,99% de pureza) em função da localização

do prato de alimentação e da taxa de recilclo de destilado para a primeira coluna.

Após a aplicação de um processo de otimização foi possível diminuir a quantidade

de calor em 4,02%. Hamad e Dunn (2002), aplicaram um processo de

optimização do sistema THF-água para se obter o menor gasto energético. Os

parâmentros de otimização analisados consideraram primeiramente uma

estratégia local de integração energética, para desenvolver potenciais condições

de operação do sistema PSD. E por fim, foi aplicada uma estratégia global

envolvendo toda a planta. Com essas estratégias a redução no gasto energético

chegou a 60%.

Muñoz et al. (2006) simulou o processo de separação dos componentes de

uma mistura composta por alcool isobutílico (52% molar) e acetato de isobutila

(42% molar) por pressure swing distillation para uma planta com capacidade de

12000 ton/ano. A simulação foi realizada através dos softwares comerciais Distil

para análise de sensibilidade a pressão, utilizando o modelo termodinâmico

UNIQUAC, e Hysys para a simulação do processo. Os resultados foram

comparados com dados obtidos na simulação do processo de destilação extrativa

usando n-butil-propionato como agente de separação. Foi concluído que para a

9 Incluindo o condensador e o refervedor.

20

capacidade desejada, o processo por PSD é mais atrativo que a destilação

extrativa.

Repke, Florian e Klein, (2005) simularam o processo de separação da

mistura acetonitrila-água utilizando PSD. Foi adotado o modelo de Wilson para a

estimativa do coeficiente de atividade da fase líquida e considerado a fase vapor

como ideal. Os dados da simulação foram validados em laboratório, por meio de

experimentos no estado estacionário e mostraram que o processo pode ser

operado de maneira estável mesmo quando um distúrbio na composição de

alimentação é aplicado.

Knapp e Doherty (1992) estudaram um novo modelo de PSD para

separação de misturas azeotrópicas insensíveis à variação de pressão. A técnica

utiliza a adição de um agente de separação na coluna de destilção. Foram

avaliadas a separação das mistura etanol-água utilizando acetona, e a mistura

acetona- metanol utilizando MEK. Alguns fenômenos foram observados nos

processos estudados, como por exemplo, dois designs para a coluna de alta

pressão no sistema etanol-água-acetona, cada um com diferentes números de

pratos. Para o sistema acetona-metanol-MEK, a volatilidade relativa entre a

acetona e metanol foi revertida fazendo o metanol o componente mais volátil.

Também foi observado que esta separação se tornou mais fácil com o aumento

da pressão.

2.2.1. Princípio de separação por PSD

Um esquema do processo PSD é apresentado na Figura 1. Para uma

mistura binária que constitui um azeótropo homogêneo de mínimo ponto de

ebulição, a alimentação bruta (F) é misturada com a corrente de reciclo

proveniente da coluna 2 formando a corrente de alimentação (F1) para a coluna 1

à pressão P1. Como a composição de F1 esta á direita do azeótropo à pressão P1,

o componente A puro (B1) é obtido no fundo da coluna 1 e uma mistura próxima

da composição do azeótropo à pressão P1 é obtido no destilado (D1). A corrente

D1 passa então é bombeada à pressão P2, passando a ser a alimentação da

21

coluna 2 (F2). A composição de F2 está à esquerda do azeótropo à pressão P2 e

assim é obtido o componente B puro (B2) no fundo da coluna 2 e uma corrente de

composição próxima a do azeótropo à pressão P2 (D2) é obtida no topo e

reciclada para a coluna 1.

2.3. Fundamentos do processo de destilação

Antes da abordagem da separação de misturas azeotrópicas por meio de

mudança de pressão, será apresentado uma breve revisão dos conceitos de

propriedades físicas e da teoria de equilíbrio líquido-vapor. O aprofundamento

Figura 1: Processo Pressure Swing Distillation. Fonte: Knapp e Doherty (1992).

22

dos conceitos apresentados não faz parte do escopo deste trabalho, podendo ser

realizado na literatura clássica dos livros de engenharia. O pleno conhecimento

destes conceitos é essencial para análise, design e controle de colunas de

destilação.

2.3.1. Pressão de vapor

Luyben (2006) define pressão de vapor como a pressão exercida por um

componente puro em uma determinada temperatura quando ambas as fases

líquida e vapor estão presentes. É uma propriedade física de um composto

químico puro que depende somente da temperatura. Outra grandeza relacionada,

a pressão de saturação, é a pressão à qual uma substância pura entra em

ebulição a uma determinada temperatura (KORETSKY, 2007). A relação entre Pv

e T é geralmente ajustada a equação de Antoine:

Na Equação (2.1), A, B e C são constantes para cada componente puro.

Seus valores dependem das unidades utilizadas para pressão de vapor e

temperatura. Esta equação ajusta-se aos dados experimentais de pressões de

vapor para cada componente.

2.3.2. Volatilidade Relativa

Um conceito importante envolvido no processo de destilação é o de

volatilidade relativa, muito usado para representar dados de equilíbrio líquido-

vapor. Volatilidade relativa é a razão entre os valores da fração molar na fase

vapor dividida pela fração molar na fase líquida de dois componentes (Equação

3.2), ou seja, mensura o quão um componente é mais volátil que o outro. Por

exemplo, a volatilidade do composto 1 em relação ao composto 2 é dada por:

(2.1)

(2.2)

23

(2.3)

(2.4)

(2.5)

(2.7)

(2.8)

Quanto maior a volatilidade relativa , mais fácil será a separação. Em

sistemas binários, a volatilidade relativa entre o componente mais volátil e o

menos volátil pode ser usada para se obter uma relação entre composição na

fase líquida e na fase vapor:

2.3.3. O equilíbrio líquido-vapor (ELV)

2.3.3.1. Misturas binárias ideais

As misturas que apresentam comportamento ideal (gás e líquido ideais)

seguem a lei de Raoult, que determina que a pressão parcial de um componente

da mistura é igual ao produto entre pressão de vapor e a fração molar do

componente (Equação 2.4).

Para um sistema binário composto pela substâncias 1 e 2, onde ambos os

componentes são voláteis, então:

A pressão total do sistema, é dada por:

A Equação 2.8 relaciona a pressão total do sistema com a composição

molar do componente 1 na fase líquida. Observa-se uma função linear entre e

.

(2.6)

24

(2.9)

A pressão total também pode ser expressa em termos de a fração molar

da fase vapor:

Usando os valores de e , obtemos:

2.3.3.2. Diagramas de equilíbrio líquido-vapor

Usando a Equação 2.10 pode-se construir o diagrama de equilíbrio liquido-

vapor para uma mistura binária a temperatura constante ou pressão constante.

Existem dois tipos de diagramas de equilíbrio líquido-vapor para um sistema

binário. O primeiro é o diagrama de “temperatura (ou pressão) vs x e y - (Txy ou

Pxy)” onde x representa a fração molar na fase líquida e y a fração molar na fase

vapor. O segundo é a variação da composição fração molar da fase vapor em

função da composição da fase líquida. A Figura 2 apresenta os dois tipos de

diagramas convenientes para análise de um sistema de destilação de uma

mistura binária.

(2.10)

Figura 2: Diagramas de equilíbrio líquido-vapor: (a) diagrama Txy. (b) diagrama xy. Fonte: Luyben (2006).

Vapor sat.

Líquido sat.

Tem

pera

tura

Composição (a)

Fra

ção

mo

lar

va

po

r (y

)

Fração molar líquido (x) (b)

25

A idealidade ocorre somente quando os componentes são similares. Para

estas misturas, a diferença de volatilidade entre os componentes é suficiente para

que a adição de calor possibilite a separação por destilação convencional

(LIGERO, 1999).

2.3.3.3. Misturas não ideais

Sistemas reais raramente seguem a Lei de Raoult (KORETSKY, 2007). Se

os componentes não são similares, o comportamento não ideal ocorre. Nestes

casos, a curva de equilíbrio fica muito próxima da linha da diagonal, devido a

baixa volatilidade relativa entre os componentes, ou mesmo cruza esta linha

quando ocorre um ponto de azeotropia no sistema como mostra a Figura 3 . Em

ambos os casos as misturas são classificadas como não ideais (VASCONCELOS,

1999). Portanto, uma mistura azeotrópica ocorre quando a composição da fase

líquida é igual a composição da fase vapor para um determinado ponto na curva

de equilíbrio.

A relação fundamental de composição entre as fases vapor e líquida no

equilíbrio pode ser expressa em termos da pressão total no sistema, da pressão

de vapor de cada componente puro e do coeficiente de atividade de cada

componente na mistura de acordo com a Equação 2.11:

Tem

pera

tura

Composição

Fra

ção

mo

lar

va

po

r (y

)

Fração molar líquido (x)

Figura 3: Diagramas de equilíbrio líquido-vapor - não idealidade. Fonte: Luyben (2006).

(2.11)

26

Em sistemas que apresentam comportamento ideal, o coeficiente de

atividade, , é igual a unidade e a Equação 2.11 simplifica-se para a lei de Raoult.

Quando a mistura azeotrópica apresenta temperatura de ebulição menor

que a de seus componentes puros, o sistema é denominado de mínimo ponto de

ebulição (Figura 4a). Analogamente, quando apresenta temperatura de ebulição

maior que de seus componentes puros, é chamado de máximo ponto de ebulição

(Figura 4b).

Figura 4: Azeotropia sistema binário. (a) azeótropo de mínimo ponto de ebulição. (b ) azeótropo de máximo ponto de ebulição. Fonte: Perry, Green e Maloney (1997).

27

Misturas de componentes cujos pontos de ebulição diferem mais que

aproximadamente 30oC geralmente não exibem azeotropismo, mesmo se um

grande desvio da lei de Raoult estiver presente (PERRY; GREEN; MALONEY,

1997).

2.3.4. A destilação

Operação unitária usada para separar os componentes de uma solução

líquida que depende da distribuição dos compostos entre uma fase vapor e uma

fase líquida. O requisito básico para separar os compostos por destilação consiste

em que, a composição do vapor seja diferente da composição do líquido com o

Figura 5: Coluna de destilação em corte transversal. Fonte: Barcza (2012).

Vapor para o

condensador

Líquido para o

refervedor

28

qual está em equilíbrio, no pondo de ebulição deste último. O equipamento

utilizado na destilação consiste em uma torre ou coluna, cujo interior é dotado de

pratos ou bandejas (Figura 5). O líquido desce por gravidade da parte superior e

entra em contato com o vapor que sobe da parte inferior da coluna. Devido a

troca de calor, ocorre a vaporização do líquido descendente enquanto o líquido

ascendente se vaporiza. Este processo ocorre em cada prato até atingir o

equilíbrio. O vapor ascendente é gerado pelo refervedor localizado no fundo da

coluna. No topo, o vapor flui para um condensador e parte do condensado é

retirado como produto de topo e o restante refluxado para a coluna. A relação

entre as vazões de líquido que retorna para a coluna e de produto de topo é

denominada razão de refluxo, dada pela Equação 2.12.

2.3.5. Grau de liberdade.

Para processos de separação, a solução de design é possível se o número

de equações independentes for igual ao número de variáveis.

onde representa a quantidade de variáveis desconhecidas envolvidas no

processo em consideração, é o número de equações independentes que

relacionam as variáveis desconhecidas, e é o número de variáveis de design

usualmente denominado como grau de liberdade. É o número de variáveis que se

deve especificar para definição uma única operação (solução) do processo.

As variáveis que devem ser consideradas em processos de separação

são:

a. Frações molares das correntes

b. Temperatura

c. Pressão

d. Taxa de fluxo

(2.12)

(2.13)

29

e. Variáveis de repetição

As três primeiras são variáveis intensivas, enquanto que a quarta é uma

variável extensiva. A quinta não é intensiva nem extensiva, mas é um único grau

de liberdade que o projetista utiliza para especificar a frequência que que um

elemento particular é repetido na unidade (PERRY; GREEN; MALONEY, 1997).

2.4. Processo de otimização

2.4.1. A metodologia do planejamento fatorial

Um experimento é um procedimento no qual as alterações propositais são

feitas nas variáveis de entrada de um processo ou sistema, de modo que se

possa avaliar as possíveis alterações sofridas pelas variáveis respostas, como

também as razões de suas alterações. Segundo Vasconcelos (1999), a

otimização de processos de separação normalmente é feita variando-se uma

variável de cada vez, o que não é uma técnica adequada visto que não se

considera o efeito de interação entre as variáveis.

Experimentos fatoriais são experimentos que investigam os efeitos de

duas ou mais variáveis ou fatores na resposta de um processo. Estimar os efeitos

de vários fatores na resposta de um processo com um número mínimo de

experimentos é crucial para otimização. O planejamento fatorial em dois níveis

consiste em se selecionar dois níveis para cada variável independente e efetuar

as corridas para todas as combinações possíveis. Os níveis são denominados

como nível “alto” e nível “baixo” e os valores codificados são +1 e -1,

respectivamente. A partir do planejamento fatorial pode-se propor um modelo

linear ou um modelo quadrático para ajuste dos dados. Para o modelo linear,

basta-se fazer as combinações dos níveis alto e baixo de cada variável. Para k

variáveis independentes, são necessários 2k simulações.

Para processos onde existem muitos fatores, as corridas levam tempo para

serem executadas. Uma alternativa para reduzir ainda mais o número de corridas

é o planejamento fatorial fracional. Fazendo-se um planejamento fatorial meia-

30

(2.14)

(2.15)

fração, serão necessárias apenas metade das corridas que seriam feitas no

planejamento completo em dois níveis. No planejamento completo são calculados

os efeitos principais (primeira ordem) e de ordens superiores até a ordem que

corresponde ao número de variáveis.

A estratégia de análise supõe que a resposta possa ser representada por

uma função polinomial dos fatores controláveis . Entre os modelos

possíveis estão:

a. O modelo linear:

b. O modelo quadrático:

A validade do modelo é feita através da análise de variância (ANOVA).

31

3. METODOLOGIA

3.1. Introdução

Os métodos utilizados para obtenção dos resultados serão apresentados

em duas seções. A primeira seção mostra os procedimentos utilizados para a

etapa de conversão da simulação considerando o processo proposto seguindo as

especificações de pureza para cada coluna. Nesta etapa, as especificações das

correntes de alimentação e as variáveis de design das colunas foram propostas

por Lee et al. (2011), não atentando-se para condições ótimas de operação. Em

seguida, é apresentada seção que trata da otimização de forma a se obter o

menor consumo energético no processo.

3.2. Procedimento para a simulação

O primeiro passo para a simulação foi a análise do diagrama de equilíbrio

do sistema THF-água (Figura 6) para determinação das pressões a serem

utilizadas. Este diagrama foi obtido por Lee et al. (2011), e mostra o

Figura 6: Diagrama de equilíbrio líquido-vapor da mistura THF-água em diferentes pressões.

Fonte: Lee et al. (2011).

1 bar ------ 7 bar

32

comportamento do equilíbrio em duas pressões distintas, 1 bar (100 kPa) e 7 bar

(700 kPa), utilizando os modelos termodinâmicos de Wilson e Peng-Robinson

para as fases líquida e vapor respectivamente. O ponto E indicado no diagrama

representa a alimentação no estágio intermediário da primeira coluna. Como esta

coluna opera a pressão próxima da atmosférica, a distribuição da composição

segue a linha cheia, obtendo água pura como produto de fundo (ponto B) e uma

mistura próxima da composição azeotrópica no topo ( ponto A). Se o destilado for

pressurizado à pressão de 7 bar, o equilíbrio passa a seguir a linha tracejada. O

produto de topo da primeira coluna alimenta o estágio intermediário da segunda

coluna. Assim, uma mistura com composição próxima a azeotrópica a 7 bar é

obtida no topo da segunda coluna (ponto C), sendo reciclada para a primeira

coluna e THF puro é obtido como produto de fundo (ponto D).

A partir da análise do diagrama verifíca-se a sensibilidade do azeótropo à

variação de pressão e por consequência a possibilidade de separação por PSD.

Partiu-se então para a simulação propriamente dita utilizando o simulador

comercial Aspen Hysys versão 3.2. Ao iniciar a simulação no ambiente do Hysys

devem ser definidos os componentes utilizados, no caso deste trabalho uma

mistura composta por THF e água, utilizando os mesmos modelos

termodinâmicos propostos por Lee et al. (2011). Posteriormente, partiu-se para a

simulação, onde todas as correntes e equipamentos foram definidos para

construção do processo. As especificações da corrente de alimentação e os

parâmetros iniciais de design do processo são descritos nas Tabela 2 e 3

respectivamente, e também foram baseados no trabalho de Lee et al. (2011).

Tabela 2 - Especificações da alimentação da primeira coluna.

Variável Unidade Especificação

Temperatura ºC 25

Pressão kPa 101,3

Fluxo molar total kmol.h-1

100

Composição THF mol 50%

33

Tabela 3 - Especificações iniciais de design para as duas colunas.

Parâmetro Unidade C1 C2

Número de pratos teóricos 25 25

Eficiência em cada prato % 100 100

Razão de refluxo 0,4 0,4

Posição prato alimentação 13 14

Pressão condensador kPa 100 700

Fração THF (fundo) mol 0,0001 0,9999

Fração H2O (fundo) mol 0,9999 0,0001

3.4. Procedimento para otimização

3.4.1. O planejamento fatorial

Para o processo de otimização foi proposto primeiramente um

planejamento fatorial completo composto por 5 fatores em dois níveis, totalizando

32 corridas. O planejamento foi realizado com o software Minitab.

As Tabelas 4 e 5 mostram todas as variáveis avaliadas e os níveis

adotados, respectivamente.

Tabela 4 - Definição dos fatores avaliados.

Coluna Variável Representação

C1 Razão de refluxo RR1

Número de pratos NP1

C2 Razão de refluxo RR2

Número de pratos NP2

C1 Temperatura Alimentação TA1

Tabela 5 - Níveis das variáveis no planejamento fatorial.

Variável Níveis

-1 0 1

RR1 0,36 0,55 0,74

NP1 16 20 24

RR2 0,36 0,55 0,74

NP2 16 20 24

TA1 46,7 62,5 78,3

As faixas de estudo deste trabalho foram definidas baseadas nos valores

encontrados por Lee et al. (2011). A fim de estudo para avaliação da influência

dos fatores, a posição do prato de alimentação foi considerada sempre na metade

das colunas (NP / 2) devido a dificuldade da manipulação desta variável para o

planejamento fatorial. Por exemplo, haveria de se excluir algumas corridas onde

as combinações de nível baixo para número de pratos e nível alto para a posição

da alimentação. Essa adoção é baseada no trabalho de Hamad e Dunn (2002)

onde foi demonstrado que o prato de alimentação não tem influência significativa

no consumo energético total. A avaliação dos parâmetros significantes foi

realizada no próprio Minitab.

3.4.2. Algorítimo genético: Otimização

A partir dos coeficientes gerados no planejamento fatorial, foi realizada a

otimização utilizando algorítimo genético para a busca das melhores condições de

operação do processo. Os algoritmos genéticos diferem dos métodos tradicionais

de busca e otimização, principalmente em quatro aspectos:

1. Trabalham com uma codificação do conjunto de parâmetros e não com os

próprios parâmetros.

2. Trabalham com uma população e não com um único ponto.

3. Utilizam informações de custo ou recompensa e não derivadas ou outro

conhecimento auxiliar.

4. Utilizam regras de transição probabilísticas e não determinísticas.

35

O algorítimo foi realizado no software aberto Scilab composto por 200

gerações, e com uma população de 100 indivíduos.

36

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Sensibilidade da composição azeotrópica à variação de pressão

O gráfico mostrado na Figura 7 avalia a sensibilidade da composição

azeotrópica da mistura THF-água à variação da pressão obtida na simulação. Os

resultados estão coerentes com aqueles encontrados por Lee et al. (2011) e

Hamad e Dunn (2002).

Figura 7: Sensibilidade da mistura THF- água à variação da pressão. Dados gerados no Hysys.

Observa-se que a fração molar de THF no ponto azeotrópico diminui com o

aumento da pressão. Portanto, comprova-se a sensibilidade do azeótropo à

variação da pressão e assim, a possibilidade de aplicar o processo PSD à

mistura a fim de separá-la em seus componentes puros.

4.2. Processo de Simulação

O fluxograma completo para o processo e as composições molares dos

0,68

0,70

0,72

0,74

0,76

0,78

0,80

0,82

0,84

0 200 400 600 800

Co

mp

os

içã

o a

zeo

tró

pic

a d

e T

HF

Pressão (kPa)

37

componentes de cada coluna obtidas na simulação podem ser vistos na Figura 8

e na Tabela 6 respectivamente.

Figura 8: Fluxograma do processo de separação da mistura THF-água por PSD obtidos no Hysys.

Tabela 6 - Composições molares dos produtos de topo e fundo das duas colunas de destilação

Componente Coluna C1 Coluna C2

D1 B1 D2 B2

THF 0,8267 0,0001 0,7433 0,9999

H2O 0,1763 0,9999 0,2547 0,0001

Pode-se observar que as composições molares dos produtos de topo e de

fundo ocorreram de acordo com a teoria de equilíbrio, onde na primeira coluna

obteve-se o destilado com composição azeotrópica e um produto de fundo

composto de água praticamente pura. Na segunda coluna, como predito pela

teoria de separação, ocorreu a inversão no processo obtendo-se um destilado

com composição próxima da azeotrópica e THF puro como produto de fundo.

Assim, conclui-se que a simulação convergiu de acordo com o esperado e

favoreceu a separação da mistura a fim de se obter THF puro.

4.3. Processo de Otimização

A Tabela 7 mostra a matriz obtida no planejamento fatorial realizado no

Minitab, com 32 corridas e seguindo os níveis estipulados na Tabela 5. A partir

desse planejamento, pode-se definir quais parâmetros apresentam influência

significativa no consumo energético total do processo estudado. Essa análise foi

realizada por meio de dados gráficos gerados no próprio Minitab.

38

Tabela 7 - Matriz de planejamento fatorial completo com 5 fatores.

Corrida RR1 NP1 RR2 NP2 TA1 Energia (kJ / h)

1 -1 -1 -1 -1 -1 2,547E+07

2 1 -1 -1 -1 -1 2,634E+07

3 -1 1 -1 -1 -1 2,489E+07

4 1 1 -1 -1 -1 2,496E+07

5 -1 -1 1 -1 -1 2,020E+07

6 1 -1 1 -1 -1 2,119E+07

7 -1 1 1 -1 -1 2,016E+07

8 1 1 1 -1 -1 2,090E+07

9 -1 -1 -1 1 -1 1,233E+07

10 1 -1 -1 1 -1 1,326E+07

11 -1 1 -1 1 -1 1,211E+07

12 1 1 -1 1 -1 1,300E+07

13 -1 -1 1 1 -1 1,152E+07

14 1 -1 1 1 -1 1,225E+07

15 -1 1 1 1 -1 1,131E+07

16 1 1 1 1 -1 1,204E+07

17 -1 -1 -1 -1 1 2,560E+07

18 1 -1 -1 -1 1 2,690E+07

19 -1 1 -1 -1 1 2,463E+07

20 1 1 -1 -1 1 2,542E+07

21 -1 -1 1 -1 1 2,050E+07

22 1 -1 1 -1 1 2,138E+07

23 -1 1 1 -1 1 2,010E+07

24 1 1 1 -1 1 2,099E+07

25 -1 -1 -1 1 1 1,221E+07

26 1 -1 -1 1 1 1,341E+07

27 -1 1 -1 1 1 1,222E+07

28 1 1 -1 1 1 1,294E+07

29 -1 -1 1 1 1 1,168E+07

30 1 -1 1 1 1 1,241E+07

31 -1 1 1 1 1 1,137E+07

32 1 1 1 1 1 1,208E+07

A Tabela 8 apresenta os resultados da regressão dos dados obtidos no

planejamento fatorial no Minitab. Um método para a determinação da significância

do efeito de uma fator na resposta é comparar os valores de “p” dos fatores

(visualizado na coluna P da tabela) com o nível de significância, normalmente

considera-se o nível de significância α = 0.05 (este nível é utilizado para

comparação na tabela).

39

Tabela 8 - Resultados da regressão pelo planejamento fatorial com todas as variáveis codificadas.

Termo Efeito Coef. DP t P Observação

Constante 17679013 32380 545,98 0,000

RR1 789755 394877 32380 12,20 0,000

NP1 -359107 -179553 32380 5,55 0,000

RR2 -2846936 -1423468 32380 43,96 0,000

NP2 -10958106 -5479053 32380 169,21 0,000

TA1 190877 95439 32380 2,95 0,006

RR1*NP1 -72484 -36242 32380 1,12 0,272 Não significativo

RR1*RR2 3758 1879 32380 0,06 0,954 Não significativo

RR1*NP2 -41929 -20965 32380 0,65 0,522 Não significativo

RR1*TA1 172432 86216 32380 2,66 0,012

NP1*RR2 120292 60146 32380 1,86 0,073 Não significativo

NP1*NP2 246179 123089 32380 3,80 0,001

NP1*TA1 -79204 -39602 32380 1,22 0,231 Não significativo

RR2*NP2 2080725 1040363 32380 32,13 0,000

RR2*TA1 -64000 -32000 32380 0,99 0,331 Não significativo

NP2*TA1 -25115 -12558 32380 0,39 0,701 Não significativo

RR1*NP1*RR2 19972 9986 32380 0,31 0,760 Não significativo

RR1*NP1*NP2 131807 65903 32380 2,04 0,050

RR1*NP1*TA1 -4098 -2049 32380 0,06 0,950 Não significativo

RR1*RR2*NP2 -10569 -5285 32380 0,16 0,871 Não significativo

RR1*RR2*TA1 -170908 -85454 32380 2,64 0,013

RR1*NP2*TA1 -41982 -20991 32380 0,65 0,522 Não significativo

NP1*RR2*NP2 -225845 -112922 32380 3,49 0,001

NP1*RR2*TA1 45776 22888 32380 0,71 0,485 Não significativo

NP1*NP2*TA1 -24730 -12365 32380 0,38 0,705 Não significativo

RR2*NP2*TA1 -26157 -13079 32380 0,40 0,689 Não significativo

RR1*NP1*RR2*NP2 -85723 -42861 32380 1,32 0,195 Não significativo

RR1*NP1*RR2*TA1 28255 14127 32380 0,44 0,666 Não significativo

RR1*NP1*NP2*TA1 -158391 -79196 32380 2,45 0,020

RR1*RR2*NP2*TA1 48516 24258 32380 0,75 0,459 Não significativo

NP1*RR2*NP2*TA1 49994 24997 32380 0,77 0,446 Não significativo

RR1*NP1*RR2*NP2*TA1 126098 63049 32380 1,95 0,061 Não significativo

40

Assim, observa-se na Tabela 8, que alguns fatores não apresentam efeitos

significativos pois os valores de “P” são maiores que o nível de referência

(P<0,05) e, portanto, devem ser desprezados. A Tabela 9 apresenta a análise da

variância ANOVA para o planejamento fatorial com todas as variáveis codificadas.

Tabela 9 - ANOVA para o planejamento fatorial com todas as variáveis codificadas.

Fonte GL Soma Quad. Média Quad. F P

Efeitos Principais 5 2,06359.10

15 4,12718

.10

14 6150,57 0,000

Inter. 2ªordem 10 7,12360 .10

13 7,12360

.10

12 106,16 0,000

Inter. 3ªordem 10 1,65232.10

12 1,65232

.10

11 2,46 0,027

Inter. 4ªordem 5 6,09404.10

11 1,21881

.10

11 1,82 0,139

Inter. 5ªordem 1 2,54410.10

11 2,54410

.10

11 3,79 0,061

Erro residual 31 2,08017.10

11 6,71023

.10

10

Total 63 2,13942.10

15

R²=0,9990; R²ajust.=0,9980; S=259041.

Os coeficientes gerados para o modelo obtiveram um ajuste de 99,80%,

sendo as interações de até a terceira ordem significantes para o modelo.

A Figura 9 apresenta a curva de distribuição de probabilidades

normalizadas para a determinação da significância dos fatores na resposta. Os

pontos em vermelho no gráfico indicam que estes valores possuem alguma

influência na resposta, e quanto mais longe o ponto estiver da linha azul, mais

significativo é o fator no nível de 95% de confiança.

Figura 9: Probabilidade normal dos efeitos padronizados em p=0,05.

41

Realizou-se então a análise somente para os fatores que apresentaram

significância. Os resultados obtidos na regressão são apresentados nas Tabela

10 e 11 a seguir, e na Figura 10.

Tabela 10 - Resultados da regressão pelo planejamento fatorial com as variáveis significativas codificadas.

Termo Efeito Coef. DP t P

Constante 17679013 39049 452,74 0,000

RR1 789755 394877 39049 10,11 0,000

NP1 -359107 -179553 39049 4,60 0,000

RR2 -2846936 -1423468 39049 36,45 0,000

NP2 -10958106 -5479053 39049 140,31 0,000

TA1 190877 95439 39049 2,44 0,018

RR1*TA1 172432 86216 39049 2,21 0,032

RR2*NP2 2080725 1040363 39049 26,64 0,000

NP1*RR2*NP2 -225845 -112922 39049 -2,89 0,006

Tabela 11 - ANOVA para o planejamento fatorial com as variáveis significativas codificadas.

Fonte GL Soma Quad. Média Quad. F P

EfeitosPrincipais 5 2,06359.10

15 4,12718

.10

14 4229,13 0,000

Inter.2ªordem 2 6,97464.10

13 3,48732

.10

13 357,35 0,000

Inter.3ªordem 1 8,16094.10

11 8,16094

.10

11 8,36 0,006

ErroResidual 54 5,26981.10

12 9,75892

.10

10

Total 63 2,13942.10

15

R²=0,9975; R²ajust.=0,9971; S=312393.

Figura 10: Probabilidade normal dos efeitos padronizados em p=0,05.

42

Com a exclusão dos fatores não significativos da Tabela 8, obteve-se um

bom ajuste do modelo aos dados experimentais (ajuste de 99,71%), o que

possibilita a utilização do modelo ajustado na etapa de otimização do processo.

Figura 11: Ordem de significância dos fatores pelo gráfico de Pareto.

O diagrama de Pareto mostrado na Figura 11, indica que o fator NP2

possui o maior efeito no consumo energético do processo no nível de confiança

de 95%, seguido pelo fator RR2 e da interação entre NP2 e RR2.

Figura 12: Distribuição dos resíduos.

O gráfico de dispersão dos resíduos apresentado na Figura 12 indica

normalidade, pois os resíduos parecem estar aleatóriamente distribuídos entre os

43

(2.14)

intervalos -1 e 1. No gráfico de probabilidade normal versus resíduos (Figura 13),

a normalidade é identificada quando os pontos seguem uma reta, o que ocorre

neste caso. Pode-se pressupor assim que os resíduos seguem uma distribuição

normal.

Figura 13: Normalidade dos resíduos.

Com base nos resultados apresentados na Tabela 10, o modelo a ser

otimizado a fim de minimizar o consumo de energia, pode ser representado

Equação 2.14:

As simulações do algorítimo genético para os fatores analisados podem ser

vistas na Tabela 12. O consumo energético mínimo obtido foi de 11120280 kJ/h

(ou 1,1x107 kJ/h), o que se aproxima do valor mínimo mostrado na

Tabela 7 (1,13x107 kJ/h) validando assim a metodologia empregada.

Energia (kJ/h) = (1767901 ± 39049) + (394877.RR1 ± 39049) –

(179553.NP1 ± 39049) – (1423468.RR2 ± 39049) –

(5479053.NP2 ± 39049) + (95439.TA1 ± 39049) +

(86216.RR1.TA1 ± 39049) + (1040363.RR2.NP2 ±

39049) – (112922.NP1.NP2 ± 39049)

44

Tabela 12- Resultados da otimização pelo algorítimo genético.

Fator Valor codificado Valor real

RR1 -1.0 0,36

NP1 1.0 24

RR2 1.0 0,74

NP2 1.0 24

TA1 -1.0 46,7

Porém, observa-se a ocorrência de convergência nos limites empregados

na simulação no Hysys. Isso indica que o ponto ótimo das variáveis estudas pode

estar além dos limites adotados neste trabalho. Um posterior estudo pode ter

como objetivo expandir estes limites para verificação do ponto ótimo de operação

do processo.

Analisando os ótimos de operação dentro dos limites adotados da Tabela

12, conclui-se que os valores tem coerência quando se trata do processo de

destilação. O consumo de energia em uma coluna destilação é diretamente

proporcional a taxa de refluxo na coluna. Este fato condiz com o resultado obtido

onde a razão de refluxo da coluna C1 obteve o ponto ótimo no limite inferior

adotado. Com relação ao número de pratos, as duas colunas obtiveram o ponto

ótimo no limite máximo, ou seja, quando há maior facilidade de separação entre

os componentes, reduzindo o consumo energético. Já para a razão de refluxo da

coluna C2, obteve-se o valor máximo do limite empregado. Isto pode ser

justificado pelo fato de se desejar ter o máximo de THF puro no fundo na coluna

C2. A temperatura de alimentação não tem influência significativa no processo,

assim resultou na temperatura mínima.

45

5. CONCLUSÕES

O presente trabalho possibilitou a obtenção das seguintes conclusões:

os resultados obtidos na simulação são condizentes aos reportados

em literatura, obtendo-se THF praticamente puro. Isso indica a possibilidade da

utilização do processo de separação por pressure swing distillation na separação

da mistura THF-água, como uma alternativa aos processos convencionais como a

destilação azeotrópica e a destilação extrativa por não fazer o uso de solventes

como agentes de separação;

os resultados obtidos a partir do planejamento fatorial mostraram

uma forte influência da razão de reciclo e do número de pratos na segunda coluna

sobre o consumo energético total;

o modelo proposto se ajustou bem aos dados simulados (coeficiente

de ajuste maior que 99%), o que possibilitou a otimização dos parâmetros a fim

de minimizar o consumo energético;

os resultados da otimização, utilizando algorítimo genético,

convergiram para um mínimo consumo de energia exatamente nos limites

adotados na simulação, indicando que o ponto ótimo deve estar além destes

limites.

Como trabalho futuro, na otimização deste processo, pode-se realizar

estudos além dos limites empregados neste trabalho a fim se obter a configuração

que forneça o mínimo consumo de energia.

46

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